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(ATRAVÉS DA TRILHA SONORA DISPONIBILIZADA, ADAPTAR CURTAS


PASSAGENS NO DESENVOLVIMENTO DA PEÇA) TEATRO = MUSICAL

A PILULA FALANTE

PERSONAGENS:

LEA = EMÍLIA (Boneca de Pano)


BIA = NARIZINHO
LEO = PEDRINHO (Primo de Narizinho)
DONA BENTA (Avó de Narizinho e Pedrinho)
MAE = ANASTÁCIA (Criada)
PAI = DOUTOR CARAMUJO
SAPO
DOUTOR CARAMUJO: -
SIRIGUEJO

Ato 1
NARRAÇÃO

A história do sítio do picapau amarelo se mistura com a história da implantação


da televisão no Brasil. Criado pelo escritor brasileiro Monteiro Lobato, o "Sítio do
Picapau Amarelo" surgiu através de seu primeiro livro infantil "A menina do narizinho
arrebitado", de 1920. Na série de livros, os personagens vivenciam estórias fantasiosas
no sítio "Picapau Amarelo", pertencente à Dona Benta, avó de um casal de crianças:
Pedrinho e Narizinho. Esta última, dona de uma boneca de pano "Emília" que ganha
vida ao ter contato com um pó mágico.
          Entre 1952 e 1962, a série foi adaptada pela escritora Tatiana Belinky e
transmitida ao vivo pela TV Tupi e, logo após, pela TV cultura ainda nessa última
década. Milhares de crianças teriam, com isso um maior contato com essa clássica obra
de Lobato através da exibição de episódios que transmitiriam singularidades de
personagens de nossa cultura brasileira.
É assim que apresentamos a história de nossa personagem principal: Bia. Pois, com
a compra de um aparelho de televisão na época teria para sempre sua história marcada
por esse seriado.

(BIA BRINCANDO COM SEUS COLEGAS DE REPENTE CHEGA SEU PAI COM
UMA TELEVISÃO NOVA. TODOS FICAM ADMIRADOS, ATÉ QUE ENCONTRA
NA PROGRAMAÇÃO DA TELEVISÃO O PROGRAMA DO SÍTIO DO PICA-PAU
AMARELO TRANSMITINDO O EPISÓDIO DA PÍLULA FALANTE. ADMIRADA,
DEPOIS DE SER MUITO TARDE BIA VAI DORMIR E COMEÇA A TER UM
SONHO INESQUECÍVEL EM QUE ELA PROTAGONIZA SER NARIZINHO E
TODOS OS SEUS COLEGAS DO INÍCIO DA PEÇA SE TRANSFORMA EM UM
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DOS PERSONAGENS DO PROGRAMA. BIA TINHA UMA IRMÃ, LEA.


TODAVIA, DIFERENTE DAS OUTRAS CRIANÇAS ELA ERA MUDA)

Ato 2
NARIZINHO: - Vamos, vamos Emília (LEA)... Temos que nos apressar! O quanto antes
chegarmos, melhor. Afinal, daqui até o reino das águas claras é uma boa caminhada. Anda
Emília, apresse-se! Vamos...
PEDRINHO: - Pra onde vão com tanta pressa?
NARIZINHO: - Vamos para o Reino das Águas Claras!
PEDRINHO: - Pro Reino das Águas Claras?
NARIZINHO: - É. Doutor Caramujo nos espera.
PEDRINHO: - Que vão fazer lá?
NARIZINHO: - Vou te contar mais antes tem que me prometer que irá guardar segredo.
PEDRINHO: - Não direi nada. Palavra de escoteiro!
NARIZINHO: - Vou levar Emília ao doutor Caramujo. É que ele tem uma pílula milagrosa.
PEDRINHO: - Pílula milagrosa?
NARIZINHO: - É. É uma pílula falante.
PEDRINHO: - Pílula falante?
NARIZINHO: - Assim que a Emília tomar esta pílula, como num passe de mágica, ela irá falar.
PEDRINHO: - Como isso é possível?
NARIZINHO: - É só usar a imaginação! Quando aprendemos a ouvir o coração e desejamos o
bem. Todos nossos sonhos podem se realizar. Agora vamos Emília... Ah! Não esqueça
Pedrinho... Guarde o segredo. (sai)
PEDRINHO: - Ih! Quando a vovó Benta souber... Hum! Bem que Narizinho podia ter deixado eu
ir. Eu as defenderia com meu estilingue. Ah! Devi ser uma aventura e tanto. Bem melhor do
que tirar o gorro do Saci! (sai)
(No Reino das Águas Claras)
DOUTOR CARAMUJO: - Por mil tubarões! Isto não é possível! Como pode ser?
NARIZINHO: - O que há doutor Caramujo?
DOUTOR CARAMUJO: - O que há? O que há? É ai que está... Não há.
NARIZINHO: - Não compreendo.
DOUTOR CARAMUJO: - Há! É que encontrei meu deposito de medicamentos raros saqueado.
Veja! Furtaram todas as pílulas deste recipiente. Todas!
NARIZINHO: - Que maçada!
DOUTOR CARAMUJO: - Isto me tira do sério! Não sabe como...
NARIZINHO: - Mas será que o senhor não poderia fabricar outras?
DOUTOR CARAMUJO: - Fabricar outras?
NARIZINHO: - Se quiser posso lhe ajudar... O senhor tem a formula, não tem?
DOUTOR CARAMUJO: - Impossível minha menina! Só quem tinha a formula era o boticário, o
senhor Besouro que já morreu.
NARIZINHO: - Então está formula existe e deve está guardada em algum lugar. Podemos
organizar uma busca. Posso pedir ajuda do Pedrinho, do Rabicó e também do Visconde se
Sabugosa.
DOUTOR CARAMUJO: - Infelizmente não será possível. O boticário nunca revelou a formula.
Quando morreu levou com ele o segredo.
NARIZINHO: - Ah, Que pena! E agora? Que farei? Pobre Emília!
DOUTOR CARAMUJO: - Só restava um cento de mil destas pílulas que comprei dos herdeiros.
NARIZINHO: - Pobre Emília! Tinha tanto a esperança de ouvi-la falar.
DOUTOR CARAMUJO: - O miserável ladrão só deixou uma.
NARIZINHO: - Que boa notícia! Então com esta pílula a Emilia poderá falar.
DOUTOR CARAMUJO: - É imprópria para curar a Emília.
NARIZINHO: - Mas por quê?
DOUTOR CARAMUJO: - Por que a que ficou não é a pílula falante.
NARIZINHO: - Ah! Que pena! E agora?
DOUTOR CARAMUJO: - Agora só há um jeito.
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NARIZINHO: - Qual?
DOUTOR CARAMUJO: - Fazendo uma certa operação. Abrindo a garganta da boneca Emília e
colocando dentro uma falinha. (Pega uma faca e começa amolar)
NARIZINHO: - E não é perigoso?
DOUTOR CARAMUJO: - Não, não, não... Tudo providenciado. Siriguejo?
SIRIGUEJO: - Doutor?
DOUTOR CARAMUJO: - Traga a experiência... (Houve o barulho do papagaio se debatendo)
NARIZINHO: - Que barulho foi esse doutor?
DOUTOR CARAMUJO: - Não se assuste minha menina. É o papagaio que vem vindo...
NARIZINHO: - Papagaio? Mas que papagaio? Que vai fazer com este papagaio?
DOUTOR CARAMUJO: - É que como não temos mais as pílulas falantes. Mandei capturar um
papagaio falador. Assim posso extrair a falinha dele para por na sua boneca.
NARIZINHO: - Não. Isto não! Ó papagaio é um ser vivo. E não devemos matar! Não está certo.
Vovó me ensinou a respeita a natureza e os animais. 
DOUTOR CARAMUJO: - Mas não deseja que a boneca fale?
NARIZINHO: - Não desta forma. Não podemos sacrificar o pobre papagaio. Assim não quero!
Prefiro que a Emília fique muda.
SIRIGUEJO: - Doutor, aqui esta a ave...
PAPAGAIO: - Socorro! Socorro!
SIRIGUEJO: - Não adianta resistir. Está dominada sua ave escandalosa.
PAPAGAIO: - Solte-me! Solte-me... Seu brutamonte!
SIRIGUEJO: - Devo amarra-lhe o bico doutor Caramujo? 
NARIZINHO: - Parem! Deixe-o em paz! Não admito que judiem dele.
PAPAGAIO: - Obrigado menina. Me solte!
SIRIGUEJO: - Hei! Calminha aí. (Amarra o bico do papagaio)
NARIZINHO: - Solte-o. Onde já se viu... Maltratar uma pobre ave! Sabia que a maioria destas
aves está em extinção? Graça a ação covarde de homens como você. Deveria se envergonhar.
(Desamarra o papagaio)
PAPAGAIO: - Obrigado menina!
NARIZINHO: - Meu nome é Lúcia, mas todos me chamam de Narizinho. (Música de Narizinho)
PAPAGAIO: - Bravo! Que bela voz. E obrigado por me defender.
NARIZINHO: - Não precisa agradecer. Apenas fiz o que é certo. Agora vá e continue enfeitado
a nossa floresta com sua beleza!
PAPAGAIO: - Adeus Narizinho! Adeus! (Voa. Siriguejo sai)
NARIZINHO: - Adeus! E sempre que puder nos faça uma visita no Sítio do Pica Pau Amarelo!
DOUTOR CARAMUJO: - Agora estamos sem pílulas, sem papagaio... Não há mais o que ser
feito para curar a mudez de sua boneca Emília.
NARIZINHO: - Posso tentar o pó de pirlimpimpim!
DOUTOR CARAMUJO: - O pó mágico de pirlimpimpim não serve para esta finalidade.
SIRIGUEJO: - Doutor! Doutor... 
DOUTOR CARAMUJO: - Sim? Calma... Respire. Isto! Agora fale.
SIRIGUEJO: - Achamos um suspeito de saquear seu estoque de pílulas.
DOUTOR CARAMUJO: - Verdade? Então o que está esperando... Traga-o.
SIRIGUEJO: - Sim senhor doutor! (Sai)
DOUTOR CARAMUJO: - Enfim uma nova esperança!
NARIZINHO: - Tomara!
SIRIGUEJO: - Aqui está o suspeito.
NARIZINHO: - É um sapo.
SIRIGUEJO: - Olhe a barriga dele.
NARIZINHO: - Está estufada.
DOUTOR CARAMUJO: - Vamos vê o que tem aqui. 
SIRIGUEJO: - É muito suspeito douto!
DOUTOR CARAMUJO: - Parece que andou comendo mais que devia! Ou será o que não
devia?
SAPO: - Sou inocente doutor!
DOUTOR CARAMUJO: - Como é que é?
NARIZINHO: - Um sapo que fala?
SAPO: - Digo: Crock, crock!
SIRIGUEJO: - Não adianta disfarçar... Sabemos que fala.
DOUTOR CARAMUJO: - O que tem a dizer em sua defesa, nobre senhor sapo?
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SAPO: - Sou inocente! Juro que sou! É só uma indigestão este estufa mento em minha barriga.
DOUTOR CARAMUJO: - E o que engoliu?
SAPO: - Não se ao certo.
DOUTOR CARAMUJO: - Então vamos examinar e descobrir o que lhe causou tamanha
indigestão. (Retira do sapo um saquinho com pílulas)
NARIZINHO: - Veja! São pílulas.
DOUTOR CARAMUJO: - Algumas de minhas raras pílulas.
NARIZINHO: - Como foram parar na barriga dele?
DOUTOR CARAMUJO: - Não desconfia? Até que enfim reencontrei minhas pílulas. Sem elas
eu estaria arruinado! Não mais me aceitariam como médico oficial da corte.
NARIZINHO: - Então, agora podemos curar a Emília doutor Caramujo?
DOUTOR CARAMUJO: - Claro! Agora sim. Temos as pílulas falantes! Mas antes, preciso
medicar este sapo comilão e deixá-lo em repouso. Engula. (dar uma pílula) Leve-o Siriguejo. E
olho nele. (Siriguejo sai com o sapo) Traga Emília aqui.
NARIZINHO: - Vem Emília...
DOUTOR CARAMUJO: - Abra a boca. (Emilia faz pirraça)
NARIZINHO: - Vamos Emília, abra. (Emilia faz pirraça)
DOUTOR CARAMUJO: - Abra... (Emilia faz pirraça)
NARIZINHO: - Abra a boca! (zangada. Dar um beliscão, Emília abre o doutor enfia a pílula)
DOUTOR CARAMUJO: - Engula! (Emília engole. Música da Emília)
EMÍLIA: - Ah! Que gosto horrível de sapo na minha boca!Vamos, vamos, vamos... Tirem esse
barrigudo daqui! Há! Que horror! Precisam redecorar este lugar. Achei a decoração deste
consultório muito cafona! 
NARIZINHO: - Emília?
EMÍLIA: - Passei a vida inteira muda. Agora que posso falar me repreende? Eu hein! Só estou
dando a minha opinião. Quer saber? Estou tão feliz que sinto ate vontade de cantar... (Cantar
um trecho de ópera)
NARIZINHO: - Não há um a pílula mais fraca doutor Caramujo? Quem sabe assim ela não fala
menos.
DOUTOR CARAMUJO: - Não se preocupe Narizinho. Não será preciso. Deixe-a falar ate
cansar. Depois de algumas horas de falação, sossega e fica como toda gente.
NARIZINHO: - Ih! Até lá então...
DOUTOR CARAMUJO: - Isto é fala recolhida.
EMÍLIA: - Oh, doutor cara de coruja...
NARIZINHO: - Doutor Caramujo Emília.
EMÍLIA: - Doutor cara de coruja, corujussima, aproveitou teu beslitão e me empurrou aquela
pírula.
NARIZINHO: - É belisccão. E não é pírula, é pílula.
DOUTOR CARAMUJO: - Com o tempo ela ajusta a fala.
DONA BENTA: - Narizinho...
NARIZINHO: - É a Vovó Benta chamando! Precisamos voltar. Até logo doutor Caramujo.
Vamos Emília... 
EMÍLIA: - Mas já? Ainda não disse tudo que penso...
NARIZINHO: - Não seja indelicada Emília. Se despeça do doutor...
EMÍLIA: - Tchau! Cara de coruja!
NARIZINHO: - Emília. Tchau doutor! Muito obrigada! (segura a mão de Emília e tira um
pozinho) Pirlimpimpim! 
DOUTOR CARAMUJO: - Foi um prazer! (saem)
DONA BENTA: - Por onde andava? Já estava preocupada.
EMÍLIA: - A culpa é dela, dona Benta. Narizinho me fez ficar por horas na companhia daquele
doutor cara de coruja.
DONA BENTA: - (Assustada) Mas como é possível? Emília está falando.
EMÍLIA: - Grande coisa!
NARIZINHO: - Emília.
DONA BENTA: - Como pode ser isso? Anastácia! Anastácia... Corra aqui. Venha vê este
fenômeno!
ANASTÁCIA: - Que é sinhá?
DONA BENTA: - A boneca de Narizinho está falando.
ANASTÁCIA: - (rir) Impossível sinhá!
DONA BENTA: - Não... Não é. Ouvi.
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ANASTÁCIA: - Agora seja! Impressão sua sinhá. Onde já se viu uma boneca de pano que fala
de verdade?
DONA BENTA: - Estou dizendo!
ANASTÁCIA: - É coisa de narizinho. Tá magando da senhora. Só o que faltava! Uma boneca
falante no Sítio do Pica Pau Amarelo.
EMÍLIA: - É isso mesmo! Uma boneca falente bem aqui. E bem falente!
ANASTÁCIA: - Minha Nossa Senhora! Que isso?
EMÍLIA: - Falo sim. E hei de falar ainda mais! Eu não falava por que era muda, mas o doutor
cara de coruja me deu uma pequena pílula que engoli e vou falar pra sempre.
ANASTÁCIA: - Uai! Que diacho é isso? Não é que fala mesmo! Fala que nem gente! Credo!
(benze) O mundo está perdido! Até parece assombração. (passa mal)
PEDRINHO: - Então Emília esta falando! Que legal! Narizinho então você conseguiu. Deixa só
o Visconde Sabugosa saber disso!
ANASTÁCIA: - Estou até sentindo um troço.
DONA BENTA: - Calma Anastácia. Deve haver uma explicação para este fenômeno.
NARIZINHO: - Tudo isso graças a pílula falante que o doutor Caramujo deu a Emília.
EMÍLIA: - É. Agora eu falo!
NARIZINHO: - E como.
EMÍLIA: - Também canto. Querem ouvi?
NARIZINHO: - Melhor não.
ANASTÁCIA: - Sinhá... Não estou muito bem.
DONA BENTA: - É melhor tomar um chá. Quer saber vou com você. Também preciso de um
chazinho!
EMÍLIA: - Quer ouvi a música que aprendi? (Narizinho tapa os ouvidos e sai)
(Todos entram e cantam a música Lindo Balão Azul)

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