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Treinamento do
Futebol
e
Futsal
Prof. Ubiratan Silva Alves
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Ubiratan Silva Alves
244p.
ISBN 978-65-5466-206-2
ISBN Digital 978-65-5466-202-4
“Graduação - EaD”.
1. Futebol 2. Futsal 3. Fisiologia
CDD 796.33
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Bem-vindo à discussão que faremos a respeito de uma
modalidade esportiva que pode ser considerada a mais conhecida em todo o planeta:
o futebol. Vale ressaltar que um dos eventos com mais quantidade de mídia existentes
no planeta é o Campeonato Mundial de Futebol disputado de quatro em quatro anos
sob comando da Fifa (Fédération Internationale de Football Association – Federação
Internacional de Futebol). Esse grande acontecimento seduz as sociedades a, muitas
vezes, pararem suas atividades para acompanhar os jogos pela televisão, rádio, internet
ou ao vivo nos estádios.
Além desse fato, essa modalidade esportiva faz parte da vida de muitos
brasileiros, seja como atleta, praticante, fã, espectador, telespectador, torcedor,
dirigente, árbitro, comerciante ou outra qualquer função que se envolva com o futebol.
QR CODE
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dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
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ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................73
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 151
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 237
UNIDADE 1 -
TREINAMENTO
ESPORTIVO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
INICIAÇÃO ESPORTIVA/ESPECIALIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Guardadas as devidas proporções, pode-se inferir que as primeiras raízes do
esporte ocorreram na vida primitiva dos humanos, na qual as atividades corporais eram
utilizadas para a manutenção da própria vida, como, por exemplo, as caminhadas, a
caça, a natação, a defesa e possíveis momentos de lazer, como é o caso da dança, como
aponta Lyra Filho (1973).
3
O termo esporte, de acordo com Tubino (2005), tem sua origem no século
XIV, quando os marinheiros que trabalhavam em navios atracados aos portos saíam
da região portuária para praticar atividades físicas. Essa atividade era conhecida como
“desportar” – sair do porto. Desde aquela época, as práticas esportivas eram utilizadas
pelos marinheiros como um meio de manutenção à saúde, bem como um momento
de lazer, terapêutico, pois acreditava-se que a vida em alto mar poderia causar muito
estresse aos tripulantes de um navio.
Ainda em Tubino (2005), vê-se que, no início do século XVIII, o termo esporte foi
usado para indicar atividades relacionadas ao divertimento, especialmente realizadas
no campo e com animais, como, por exemplo, as corridas de cavalo, a caça e a pesca.
Essas atividades tinham características claramente designadas com componente de
status e distinção que efetivamente não era acessível a todas as pessoas. Ainda nesse
mesmo século, ocorre uma grande estruturação do esporte, que fica marcado por uma
ideia de racionalidade e ingressa num mercado, ainda embrionário, do segmento do
entretenimento.
2 ESPORTE
Ingressando no século XIX, Tubino (2005) destaca que surge uma nova
interpretação da palavra “sport”, brotando o termo “sporting”, que irá fazer conexões com
o chamado estilo de vida, indicando um delineamento para uma possível construção
conceitual nova, ainda que a palavra utilizada seja a mesma.
4
Segundo o mesmo autor, a primeira fase que ocorreu na primeira metade
do século XIX acontece uma nova estruturação e sistematização das práticas,
especialmente, nas escolas públicas inglesas. Percebe-se que a primeira prática
esportiva organizada em nível moderno foi caracterizada pela utilização de animais,
como, por exemplo os cavalos, estabelecendo na zona urbana relações com as
tradições da zona rural. Essa prática ainda se alicerçava nos hábitos da aristocracia,
ou seja, tentando adequar antigos costumes a um novo modelo de organização social.
Nesse período, o esporte se relacionava de modo bastante incisivo à ideia de diversão
gratuita, melhor estruturada visando a um possível mercado nos seus arredores, tendo
a perspectiva da noção de competição já praticamente estabelecida.
ATENÇÃO
Com relação à competição, Tubino (2005) ressalta ser a principal
bandeira do desporto, pois, segundo o autor, onde houver esporte deve
haver disputa. Pereira (1980) acrescenta a esta questão afirmando que
a competição se origina de uma versão mais agressiva do jogo.
Na segunda fase, de acordo com Melo (2010), que ocorreu na segunda metade
do século XIX, observa-se um grande aumento de práticas em que o próprio movimento
humano é o elemento central. Inicia-se um combate aos chamados jogos de azar e
diferentes tipos de apostas. A modalidade esportiva do remo tem grande destaque
nessa fase, além da natação, do atletismo e das lutas, que passam a ser regidas por um
processo de incorporação de regras e do simbolismo dito moderno. Soma-se, ainda,
situações de desafio, de superação associadas a questões relacionadas à higiene e à
saúde. As questões relacionadas à racionalização se explicitam não apenas no que tange
à coordenação das entidades e instituições organizadoras das práticas, mas também no
enfoque para o desenvolvimento de técnicas corporais que vislumbram a obtenção de
melhores resultados que passam a ser sistematicamente registrados. Nessa fase, ainda
se detecta um aumento considerável da presença, na prática esportiva, do público
feminino. O sentido de divertimento relacionado ao esporte ainda se manteve, ainda
que com uma sombra mais explícita de uma base moral. A questão da competição
permanece muito destacada, relacionando-se diretamente às noções de produção e
trabalho.
Na terceira fase, mostrada por Melo (2010), que ocorreu no final do século
XIX, o esporte já figura inteiramente mergulhado no novo contexto sociocultural,
prospectando relações com as principais ideias de consumo e espetáculo. Na sequência,
o fenômeno do esporte se aproxima e passa a fazer uso de componentes tecnológicos
que, explicitamente, representavam o progresso e a velocidade com que as sociedades
estavam se desenvolvendo. Os desafios esportivos apresentados aos seres humanos
pareciam não demonstrar tanta grandiosidade quanto ao tamanho das possibilidades
5
que a utilização dos equipamentos tecnológicos apresentava. Anteriormente, registrar
o tempo, por exemplo, era algo bastante significativo, e isso se torna algo cada vez
mais valorizado, principalmente, no que tange à criação e ao aperfeiçoamento de
instrumentos, em especial os cronômetros, que habilitam os usuários a terem uma
precisão cada vez maior do componente tempo, passando a ser identificado como fator
de sucesso e de meta a ser batida. O desenvolvimento, a criação e a utilização das novas
tecnologias para serem utilizadas no esporte expandiram a estruturação e o alcance da
cultura de massa, promovendo a chamada nova excitabilidade pública, o que suscitou
o surgimento de novos comportamentos sociais, principalmente em relação à ideia de
diversão, que passa a ser vislumbrada pela noção de espetáculo.
A quarta fase, que ocorreu na transição dos séculos XIX e XX, apresenta uma alta
melhora na prática e na organização das modalidades esportivas, em especial as coletivas,
conforme Melo (2010). Se antes a estruturação dessas modalidades estava na esfera das
escolas públicas, agora a criação em locais fora de instituições escolares, como é o caso
do basquetebol (criado em 1891) e do voleibol (criado em 1895) nas ACMs – Associações
Cristãs de Moços –, bem como a organização dessas atividades, facilitaram a sua
inserção em outros segmentos da sociedade, tornado viável a popularização das práticas
esportivas. Esse contexto favoreceu o maior envolvimento de pessoas dos mais variados
grupos sociais. No caso do futebol, por exemplo, foi incorporado por indivíduos da classe
operária. Constata-se, nessa fase, que a prática esportiva com fins de divertimento se
massifica e é somada à diversificação de interesses e da lógica comercial, internalizando
o caráter competitivo e da superação de resultados relacionados à internacionalização e à
construção de identidades nacionais pertinentes ao esporte. A partir daí, a ideia da prática
esportiva amadora perde espaço para a profissionalização das atividades, não apenas dos
atletas, mas também de treinadores e dirigentes, além de outros profissionais que passam
a integrar esse complexo mundo do esporte.
IMPORTANTE
A ACM, Associação Cristã de moços, surgiu na Inglaterra, em 1844, por iniciativa do então
jovem George Williams, no período da Revolução Industrial, e trazia como objetivos
primordiais o de buscar a cooperação dos jovens cristãos para "difundir o Reino de
Deus" entre os outros jovens, além de promover reuniões espirituais entre os demais
estabelecimentos de Londres. Esse movimento surgiu da necessidade desses jovens de
fazerem reflexões sobre o mundo em que viviam, discutirem problemas sociais, bem como
entenderem as transformações que estavam ocorrendo. Após a criação, a entidade se
espalhou rapidamente pelo mundo. Atualmente, a ACM está instalada em 123 países,
com mais de 14 mil sedes, e alcança mais de 64 milhões de pessoas, contabilizando mais
de 919 mil voluntários. Todas as ACMs espalhadas pelo mundo estão sob a orientação e
direção da Aliança Mundial das ACMs, localizada em Genebra – Suíça. No Brasil,
a ACM chegou em 1893 por uma iniciativa de Myron August Clark, que funda
a ACM São Paulo e, posteriormente, no mesmo ano, funda a ACM do Rio de
Janeiro. Vale a pena conferir de modo mais aprofundado essa história
com outras interessantes informações no site oficial da Associação.
Disponível em: http://www.ymca.org.br. Acesso em: 25 ago. 2022.
6
Figura 2 – Logomarca da ACM
A quinta fase, mostrada por Melo (2010), ocorreu na transição dos séculos XX e
XXI a partir dos desdobramentos das fases anteriores e apresenta o nascimento de várias
modalidades esportivas. As ferramentas tecnológicas passam a fazer parte cada vez mais
marcante nas práticas esportivas, efetivando o jogar por meio de simulações e situações
criadas nas telas dos diferentes equipamentos. Esse cenário possibilita uma grande reflexão
que gera muitas discussões acerca da utilização dos jogos eletrônicos como sendo ou não
práticas esportivas a partir de uma observação da participação quase que sem movimentos
corporais completos, apenas com a utilização dos membros superiores, em especial as mãos,
e da visão. Essas conversas têm desdobramentos a partir da criação de jogos eletrônicos da
plataforma Wii, que promovem a possibilidade de movimentos corporais associados àqueles
que são apresentados nas diferentes telas. O esporte é um evento que, a cada momento
histórico, terá uma definição e conceituação associada ao contexto temporal, e que vai
sempre ser modificada e analisada por pessoas e grupos diferentes.
Kunz (2006) reforça essa ideia indicando que o esporte é, em todas as sociedades
atuais, um fenômeno extremamente importante, e que indivíduos se deparam com esse
elemento a todo momento em diferentes locais, ainda que não sejam praticantes. Esse
panorama vem causando influências cada vez maiores sobre nossa chamada cultura
de movimento, que vai além das questões simplesmente dos conteúdos desenvolvidos
nas escolas em aulas de Educação Física.
7
A expressão "esporte moderno" demarca diferenças dessa prática para
as sociedades ditas antigas e tradicionais. Em primeira instância, ocorre uma
autonomização do campo esportivo em relação a outros campos sociais (religiosos,
rituais) que aparecem a partir da constituição de locais específicos para essas práticas,
como, por exemplo, os estádios, ginásios e outros. Em segunda instância, surge a
secularização, ou seja, desvínculo da prática esportiva de rituais religiosos onde as
práticas passam a acontecer de modo independente de questões religiosas. Por fim, na
terceira questão, o esporte moderno prega uma igualdade formal de chances entre os
jogadores, distante da prática antiga em rituais que explicitavam as diferenças entre os
indivíduos, principalmente no âmbito social.
Autores como Martins e Altmann (2007) mostram que a primeira atividade com
as características específicas do esporte moderno apareceu na Inglaterra, no século XVIII
e início do século XIX. Trata-se da caça à raposa, que se tornou altamente especializada,
tendo organizações e convenções próprias para decisões.
Para Bracht (2011), o esporte moderno tem suas referências a partir de uma
prática essencialmente competitiva, diferente daquela que existia na metade do século
XIX nas escolas da Inglaterra que, pedagogicamente, não se restringia à competição.
Para o autor, o esporte moderno, foi resultado de uma mudança dos elementos da
cultura corporal do movimento das classes populares e burguesas da Inglaterra, como
os jogos populares, que contavam com diversos jogos com bola.
8
Uma das modalidades esportivas, considerada, atualmente, como uma das mais
populares no mundo, é o futebol. Ainda que o futebol possa ser identificado em diferentes
práticas que se assemelham, principalmente no que tange ao contato dos pés com a
bola, como, por exemplo, o futebol de salão, o futsal, o futevôlei, o beach soccer, futebol
society, sepaktakraw, dentre outras, a prática nos gramados (seja de grama natural ou
artificial) atrai a atenção de inúmeras pessoas por todas as partes do mundo.
DICA
Muitas obras foram escritas com a temática futebol. Em especial, destacam-se alguns
livros que fazem relações muito interessantes dessa modalidade com a história de países,
grupos e clubes.
- Negro, macumba e futebol. Autor: Anatol Rosenfeld. Ano de publicação: 2001. Editora
perspectiva. ISBN: 8527300621.
- Como o futebol explica o mundo: um olhar inesperado sobre a globalização. Autor: Franklin
Foer. Ano de publicação: 2005. Editora: Jorge Zahar. ISBN 8571108390.
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2.3 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DO ESPORTE
O esporte tem sido historicamente estudado por muitos autores a partir de
muitos olhares, o que faz dele um excelente palco de reflexões.
Metheny (1968) define o esporte como uma organização de ações efetivas com
o propósito de fazer algo se mover no espaço. Ainda que isso seja genérico, cada forma
de esporte é caracterizada por seu próprio conjunto de regras, seu tipo particular de
ações, sua terminologia significativa e seu próprio corpo de praticantes.
No Brasil, Barbanti (1994) faz uma comparação de três ações, atividade física,
exercício físico e esporte, a fim de melhorar os possíveis entendimentos. Segundo o
autor, atividade física no sentido mais restrito é todo movimento corporal produzido
pelos músculos esqueléticos, provocando gasto energético acima dos níveis de repouso.
Exercício físico é uma sequência planejada de movimentos repetitivos, sistemáticos,
com fins de melhora de rendimento. Por fim, baseando-se na sociologia, ele caracteriza
o esporte como uma atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforço físico
vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos cuja
participação é motivada pela combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos.
Com o objetivo de lazer, o esporte ocorre no princípio do prazer lúdico, que tem
como finalidade o bem-estar social dos seus praticantes e está intimamente ligado ao tempo
livre, acontecendo em espaços não comprometidos com as obrigações da vida diária. Os
principais propósitos dessa vertente são a descontração, a diversão, o desenvolvimento
pessoal e o relacionamento entre as pessoas. Na prática, com esse objetivo de lazer, os
participantes entram num estado chamado de “fluxo” (ALVES, 2002). Quando isso acontece,
os participantes não sentem cansaço, frio, calor, fome, sede ou qualquer outra sensação
que os faria interromper a prática, pois ficam extremamente envolvidos e absortos.
ATENÇÃO
O esporte é um grande fenômeno que existe espalhado por todas as
partes do nosso planeta que é expresso através das manifestações
chamadas de modalidades esportivas, efetivamente as diferentes
práticas utilizadas pelo ser humano.
11
Futebol, futebol de salão, futsal, voleibol, basquetebol, handebol e boxe, por
exemplo, são manifestações esportivas praticadas de acordo com o ambiente em que
estão inseridas e, por isso, a denominação de modalidades esportivas cabe para essa
designação (MARQUES, 2007).
Tanto nos esportes coletivos quanto nos esportes individuais, as práticas podem
ocorrer de modo institucional ou de modo não institucional, que, para Alves e Bello
(2020), se diferenciam por conta das instituições que organizam as práticas. Enquanto
as práticas institucionais são orientadas pelas rígidas regras oferecidas pelas instituições
12
oficiais (ligas, federações, confederações, associações etc.) que organizam sua prática
em relação a espaços e materiais, as práticas não institucionais se organizam de acordo
com os diferentes grupos, com a disponibilidade de espaços e materiais existentes além
do interesse e dos gostos dos envolvidos.
Em Alves e Bello (2020) encontram-se outras divisões que também podem ser
feitas das modalidades esportivas, como, por exemplo:
• Quanto à ação motora. Podem ser:
º Cíclicas: apresentam uniformidade e repetição quanto à execução dos gestos
motores. Exemplos: ciclismo, corridas.
º Acíclicas: apresentam uma quebra no ciclo de execução dos gestos motores.
Exemplos: lutas, tênis.
• Quanto à divisão por categorias. Podem ser:
º Por idade: por exemplo, de 11 a 12 anos.
º Por peso: por exemplo, de 50 a 55 quilogramas.
º Por faixa ou cordão: por exemplo, faixa azul, faixa preta.
• Quanto ao nível dos praticantes. Podem ser divididas em:
º Principiantes: aqueles que iniciam a prática da modalidade independentemente
da idade.
º Não confirmados: aqueles que treinam ou praticam a modalidade, mas não se
dedicam exclusivamente a essa atuação, tendo outra atividade profissional.
º Confirmados: aqueles que praticam a modalidade, dedicam-se a ela com
exclusividade e podem se tornar profissionais.
13
com a regra 11, que trata do impedimento. No caso do futsal, os estudos caminham para
aumentar a possibilidade de fazer gols e, assim, atrair mais espectadores.
A técnica pode ser definida como o domínio das ações motoras que são
permitidas na prática de cada modalidade esportiva de modo eficiente. É evidente que
essa ação motora não depende exclusivamente do aspecto motor do indivíduo, pois os
aspectos emocionais, sociais e cognitivos fazem parte de uma boa execução gestual de
determinado movimento.
Com base nas ciências sociais e humanas, Mauss (1974) apresenta a noção
de técnica corporal como sendo todas as formas de uso do corpo criadas pelos seres
humanos em sociedade ao longo do tempo. Técnica, de acordo com o autor, é um ato
tradicional e eficaz que não existe e nem haverá sua transmissão se não houver tradição.
As técnicas corporais “são os gestos simbólicos que são, ao mesmo tempo, gestos reais
e fisicamente eficazes” MAUSS, 2001, p. 115).
De acordo com o mesmo autor, os gestos esportivos devem ser vistos não apenas
por uma perspectiva mecânica, mas como sendo “fatos sociais totais”, envolvendo as
dimensões biológica, psicológica e sociológica. Os fatos sociais são fatos tradicionais, e
segundo Mauss (2001, p. 114) “são técnicos, estéticos, econômicos, morfológicos”.
14
A expectativa do treinamento de uma técnica esportiva, seja do futsal ou do
futebol, que, em grande medida, são bastante semelhantes, prevê que o planejamento
seja feito por meio de exercícios com repetições dos gestos concomitantemente às
possíveis correções. É importante que a execução dos gestos na prática dos exercícios
planejados tenha a perspectiva de maior proximidade possível das situações reais do
jogo. Essas atividades podem identificar alguns talentos individuais que vão contribuir
no momento da organização das atividades coletivas, ou seja, no treinamento das
táticas. O talento individual de um atleta pode favorecer um melhor entrosamento da
equipe como um todo (PRAÇA; GRECO, 2020).
Para definir a tática de jogo, vamos entender primeiro o que é sistema de jogo,
que é a distribuição ordenada dos jogadores em quadra/campo. Assim, tática de jogo
é definida como as movimentações dos jogadores de acordo com o sistema de jogo.
A tática é um conjunto de comportamentos e movimentações individuais que servem
para utilizar de forma ótima as próprias características individuais dentro do coletivo.
Uma obra intitulada Atlas do Esporte no Brasil (COSTA, 2005) apresenta uma
lista com muitas modalidades esportivas, que podem ser olímpicas ou não. Entre as
modalidades esportivas olímpicas, destacam-se: atletismo, badminton, beisebol,
basquete, boxe, break dance canoagem (slalom), canoagem (velocidade), ciclismo
(estrada), ciclismo (mountain bike), ciclismo (pista), escalada, esgrima, futebol, ginástica
(artística), ginástica (rítmica desportiva), ginástica (trampolim acrobático), handebol,
hipismo (adestramento), hipismo (concurso completo de equitação), hipismo (saltos),
hóquei na grama, judô, caratê, levantamento de peso, lutas (livre e greco-romana),
natação, natação sincronizada, pentatlo moderno, polo aquático, remo, saltos
ornamentais, skate, softbol, surf, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tiro, tiro com arco,
triatlo, vela, voleibol, voleibol de praia.
15
Figura 6 – Modalidades esportivas
Quanto mais agradável for a relação do praticante com a modalidade esportiva com
a qual está envolvido, maiores serão as possibilidades de incorporação dos treinamentos
de modo mais frequente, bem como das possíveis melhoras no que tange aos aspectos
técnicos individuais e, consequentemente, aos aspectos táticos coletivos.
No caso de crianças, Santana (2004) sugere ser um período em que uma criança
inicia a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, tendo como
objetivo imediato o de oferecer continuidade ao seu desenvolvimento de forma integral,
não implicando competições regulares.
O primeiro estágio ocorre entre oito e nove anos e tem como objetivo a
aquisição de habilidades motoras, destrezas específicas e globais, com atividades
básicas de movimentos somadas a jogos pré-desportivos, pois, para Almeida (1996),
nessa faixa de idade a criança está apta para a aprendizagem inicial das modalidades
esportivas, mas não para as modalidades coletivas com caráter de competição. Por isso,
a atração que a criança sente pelas práticas esportivas está no prazer da atividade em
si, e não pela competitividade. As propostas para as crianças deveriam ser pautadas
num planejamento motivador, enfatizando atividades recreativas, na busca de um
aprendizado objetivo, eficiente e pouco monótono. O autor sugere que se deva oferecer
17
às crianças um grande número de oportunidades para o desenvolvimento das mais
variadas formas de habilidades, instrumentalizando-a com atividades motoras que
poderão ser utilizadas em diversas modalidades esportivas.
18
• Formação motora geral de base (entre 7/8 e 9/10 anos).
• Treino das bases (ou fundamentos) do rendimento (entre 9/10 e 11/12 anos).
• Treino estruturado do rendimento (12/13 anos).
19
Se faz necessário apoio e incentivo dos pais/responsáveis com perspectivas no
bem-estar da criança e tendo cuidado para não pressionar nas escolhas, favorecendo o
desenvolvimento e aprimoramento no tempo adequado com respeito aos limites e erros
concretizando as práticas com prazer (MUTTI, 2003).
INTERESSANTE
Não existe uma idade mínima ou máxima para que um indivíduo faça
seu primeiro contato com uma modalidade esportiva. O importante
é que haja supervisão de um profissional de Educação Física que fará
possíveis adequações e adaptações a fim de que essa prática se torne
agradável e prazerosa.
20
ATENÇÃO
Bagagem motora ou acervo motor, para Guzman (2009), é o acúmulo de
saberes práticos e as experiências motoras que um ser humano vivenciou
e incorporou a partir de suas práticas feitas, especialmente nos primeiros
anos de vida. Essa bagagem, quando bem ampla e diversificada, facilita a
possibilidade do indivíduo em resolver problemas motores.
21
É fundamental que essa fase de treinamentos vislumbre um trabalho para um
período bem longo, seduzindo o iniciante para que realmente tenha aderência e prazer
nas atividades, fazendo com que se fixe nos treinamentos por um extenso prazo, tendo
a competição e a formatação de equipes, nessa fase, como ferramentas de trabalho, e
não apenas como base e principal objetivo.
É certo que o fenômeno do esporte sofre influência direta das mídias, somada
à grande oferta de competições, favorecendo, assim, um cenário esportivo cada vez
22
mais especializado que, consequentemente, passou a definir algumas exigências no
que tange à preparação esportiva, estimulando a especialização precoce, na qual há
expectativa de se obter resultados rápidos, em se tratando de vitórias e conquistas,
favorecendo o abandono das bases teóricas relacionadas ao período mais adequado em
que deve ocorrer a especialização esportiva, ressalta Silva, Fernandes e Celani (2001 ) .
Por outro lado, Nunomura, Carrara e Tsukamoto (2010) ressaltam que essa
atitude é contrária às necessidades da criança, em especial do ponto de vista motor,
considerando a importância da variedade de experiências na fase de iniciação,
principalmente para ampliar o acervo motor e estar apta a escolher uma modalidade
para se dedicar.
Por outro lado, Weineck (1991) tem a crença de que, para um atleta chegar ao
alto nível de rendimento esportivo, é inevitável que a especialização esportiva aconteça
no tempo certo. O autor ressalta que o ideal é promover essa especialização o mais
tarde possível, a fim de que o indivíduo se desenvolva de modo integral. Para isso,
Weineck (1991) sinaliza a importância de se conhecer a especificidade e o potencial de
cada indivíduo, respeitando, assim, seus limites e dificuldades.
23
Figura 9 – Especialização precoce
O cenário esportivo sinaliza para uma tendência dos profissionais envolvidos com
essas crianças que praticam esporte de diminuir a idade de iniciação esportiva, reforça
Silva, Fernandes e Celani (2001 ). Esse panorama, conforme Vidal (2006), transforma a
criança num objeto, numa mercadoria, digna de planejamento, investimento estratégico
e capital humano envolvido que pode ser encontrado nas chamadas escolinhas de
iniciação esportiva. Nem todas têm claro o objetivo da iniciação.
24
A obtenção de bons resultados com a especialização esportiva depende de
uma boa formação nas etapas anteriores, lembrando que essa etapa tem como objetivo
preparar o atleta para resultados e competições de alto nível, como reforça Barbanti (1979).
A especialização esportiva não deve ser uma meta a ser alcançada a qualquer
custo quando se iniciam atividades esportivas com indivíduos, sejam crianças ou não.
A especialização esportiva deve ser vista como uma possível etapa, mas não como
condição, pois depende de vários fatores, principalmente na vontade e no desejo do
próprio praticante.
25
Isso acontece pois, muitas vezes, os iniciantes não possuem um desenvolvimento
total da estrutura musculoesquelética durante o processo de iniciação esportiva, e o
volume de treino, os movimentos explosivos e repetitivos são as principais causas de
lesões apresentadas em Mann et al. (2010).
DICA
Afonso Antonio Machado organizou uma obra que discute as questões
relacionadas à especialização precoce a partir da Psicologia. Vale a pena
conferir. Livro: Especialização Esportiva precoce: perspectivas atuais da
psicologia do esporte. Editora Fontoura, 2019. Disponível em: https://
www.google.com.br/books/edition/Especializa%C3%A7%C3%A3o_
esportiva_precoce/shXCDwAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=0.
26
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
27
AUTOATIVIDADE
1 O esporte pode ser considerado um grande fenômeno mundial que está presente em
praticamente todas as sociedades, é uma das grandes criações do homem. O esporte
tem o poder de causar modificações em várias instâncias nas diferentes sociedades.
Quando se pensa em esporte moderno, este se diferencia das práticas esportivas nas
sociedades antigas e tradicionais por conta de três quesitos. Quais são eles?
2 O fenômeno do esporte pode ser considerado como um espaço único que tem
algumas características bastante peculiares. O desmembramento do esporte
acontece por meio das chamadas modalidades esportivas, o que implica dizer que
existem várias modalidades esportivas e não vários esportes. Cada modalidade
esportiva tem características próprias relacionadas ao local, material, regras,
significado, dentre outras. Com base nessas questões relacionadas ao esporte e às
modalidades esportivas, analise as sentenças a seguir:
28
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
3 A Iniciação esportiva pode ser considerada a primeira fase ou, ainda, o primeiro
momento de contato de um indivíduo com uma modalidade esportiva, ou seja,
independe da idade. De acordo com os principais conceitos sugeridos por autores
relacionados à temática iniciação esportiva, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
( ) A iniciação esportiva é tida como sendo uma etapa de formação generalizada, com
o objetivo de ampliação do acervo motor do praticante que deve ocorrer por meio
de estimulação e prazer na prática.
( ) A iniciação esportiva visa promover o desenvolvimento corporal no aspecto
exclusivamente físico e motor, vislumbrando melhorar as capacidades físicas e
motoras individuais, sem se preocupar com outros aspectos do ser humano.
( ) A iniciação esportiva deve acontecer na vida de um ser humano de modo tardio,
com pouca diversidade, a fim de que o mais cedo possível o indivíduo comece a se
especializar numa modalidade e, assim, possa colher bons resultados.
a) ( ) F – F – F.
b) ( ) V – F – F.
c) ( ) V – V – F.
d) ( ) F – V – V.
5 O fenômeno da iniciação esportiva pode ter início em qualquer idade, pois trata do
primeiro contato de um indivíduo com uma modalidade esportiva e o fenômeno da
especialização precoce, que trata de aumentar cargas de treinamento esportivo em
indivíduos que possivelmente não estejam preparados em nível físico e emocional para
suportarem as pressões do esporte de rendimento, tem sido alvo de muitas discussões
e encaminhamentos na área das ciências dos esportes. Disserte sobre essas temáticas
apresentando como se percebe cada uma destas fases dentro do esporte.
29
30
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
BASES GERAIS DO TREINAMENTO
ESPORTIVO
1 INTRODUÇÃO
A Educação Física é uma área de intervenção profissional regulamentada pela Lei
nº 9696, de 1º de setembro de 1998 (BRASIL, 1998), que dispõe sobre a regulamentação
da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos
Regionais de Educação Física.
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Somada a essa documentação, o solicitante deverá, obrigatoriamente, indicar
uma atividade principal, própria de Profissional de Educação Física, com a identificação
explícita da modalidade e especificidade (Art. 4º) e assinar, no ato da solicitação da
inscrição, um termo em que se compromete a respeitar todas as Resoluções do Conselho
Federal de Educação Física e demais atos emanados dos Crefs.
32
ATENÇÃO
Nesse rol de atividades está expressa a atividade de “realizar treinamentos
especializados”, ou seja, a organização, o planejamento, a prescrição, a apli-
cação e a avaliação dos treinamentos esportivos são prerrogativa exclusiva
dos profissionais de Educação Física.
A formação em Educação Física, para Tani (2008), configura-se como uma área
profissional academicamente orientada, em que o exercício profissional pressupõe uma
formação de nível superior. Nas profissões regulamentadas, os conselhos de classe
33
são responsáveis por fiscalizar o exercício da profissão em consonância com normas
estabelecidas pelos órgãos competentes, como é o caso da Educação Física. Segundo o
mesmo autor, as profissões se originam para oferecer à sociedade especialistas capazes
de oferecer serviços em áreas nas quais as pessoas não possuem competência para
solucionar os problemas por conta própria e para atender a necessidades sociais.
A sociedade como um todo precisa ficar atenta a essa legislação, e não cometer
o erro de contratar um profissional para exercer funções relacionadas ao treinamento
esportivo que não tenha habilitação para desempenhar tal função.
34
corresponderiam às características e necessidades de cada indivíduo. No caso de
treinamentos em grupos, aqueles que forem mais homogêneos podem facilitar o
planejamento das atividades.
2 Princípio da Adaptação
3 Princípio da Sobrecarga
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restauração ampliada para que seja elevado o limite de adaptação do sujeito. Tubino
(1984) ainda acrescenta que, nesse princípio da sobrecarga, existem variáveis que
devem ser levadas em consideração, como, por exemplo, o volume (quantidade) e a
intensidade (qualidade). Quem planeja um treino levando em conta esse princípio deve
ter atenção ao definir a sobrecarga, respeitando as necessidades e anseios do indivíduo,
mas, principalmente, os limites éticos desses treinamentos.
4 Princípio da Continuidade
Somados aos princípios apresentados por Tubino (1984), Estélio Dantas inclui o
Princípio da Especificidade (DANTAS, 1995).
6 Princípio da Especificidade
Dantas (1995) indica que esse princípio confere, em seu ponto essencial, a
questão de que um treinamento físico/esportivo deve ter em seu principal foco a
premissa da performance esportiva no que tange à qualidade física presente, ao principal
sistema energético, ao segmento corporal vigente e às coordenações psicomotoras que
serão utilizadas. Para o autor, o princípio da especificidade recai sobre o princípio da
36
individualidade biológica que vai estabelecer certos limites individuais no que se refere
à capacidade de transferência. O autor acrescenta que esse princípio vai conjecturar
os aspectos metabólicos e neuromusculares, sugerindo que os treinamentos devem
acontecer além dos sistemas energético e cardiorrespiratório ligados às particularidades
da modalidade esportiva em questão, aproximando-se ao máximo dos gestos motores
específicos. Dantas (1995) ratifica que o treinamento na fase próxima à competição tem
que ser categoricamente específico à modalidade esportiva trabalhada. Com relação aos
aspectos neuromusculares, deve-se pressupor que os gestos esportivos específicos da
modalidade em questão estejam completamente aprendidos, a fim de que, nesse período
do treinamento, não haja necessidade de se criar coordenações neuromusculares, mas,
sim, apenas recordar dos movimentos incorporados e assimilados para que possam
ser eficientemente executados. A especificidade da execução de um movimento está
vinculada à memória do gesto motor ocorrida nos treinamentos e, por isso, esse princípio
tem uma ligação com os gestos motores específicos de cada modalidade esportiva, bem
como o treinamento realizado para o aprendizado e o desenvolvimento desses gestos.
7 Princípio da Variabilidade
8 Princípio da Saúde
Para o autor, esse princípio está diretamente ligado a um dos principais objetivos
das práticas de atividades físicas, que é a obtenção da saúde. Por isso, Gomes da Costa
(1996) destaca que esse princípio está alicerçado na chamada interdisciplinaridade, em
que várias áreas devem estar conectadas para um bom resultado. O autor ressalta que,
nas práticas de atividades físicas, atualmente, existem objetivos claros de manutenção
da saúde, bem como aquelas práticas que têm como objetivo a alta performance, sendo
essas possíveis causadoras de malefícios ao praticante devido à busca sem medida dos
resultados, muitas vezes, sem compromisso ético e científico. Muitas vezes, as pessoas
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colocam suas vidas em risco, praticando, por exemplo, esportes extremamente radicais
(sem segurança), ultrapassando limites conhecidos anteriormente.
DICA
As discussões acerca do conceito de saúde estão presentes neste link.
Vale a pena conferir!
https://www.almg.gov.br/export/sites/default/acompanhe/eventos/
hotsites/2016/encontro_internacional_saude/documentos/textos_
referencia/00_palavra_dos_organizadores.pdf.
Partindo do pressuposto de que cada princípio, visto de modo isolado, possui seu
valor e função próprios, a integração e a inter-relação entre eles têm uma importância
imensa. Assim, cada princípio se torna bem maior se associado, e com o conhecimento e
a aplicação de todos os princípios, se torna possível realizar um treinamento ideal e eficaz.
Somados aos princípios discutidos, os treinadores devem ter conhecimentos específicos
das modalidades trabalhadas, bem como outros conhecimentos que, juntos, darão suporte
para a eficiência e a eficácia de um bom treinamento. Vale lembrar que a atualização em
todas essas informações por meio do contato com artigos científicos e livros da temática
devem fazer parte constante da vida profissional de treinadores esportivos.
38
Figura 11 – Treinamento esportivo
Fonte: https://caeladventure.com.br/2021/06/26/principios-do-treinamento-esportivo/.
Acesso em: 10 set. 2022.
Outros princípios elencados por Gomes (2009) se intitulam como princípios especiais
da preparação do desportista. Eles dizem respeito à junção e ao condicionamento mútuo dos
fatores de preparação que exercem influência nas alterações dos sistemas do organismo do
atleta em razão do resultado do treinamento e do grau de preparação em geral.
DICA
Existem alguns artigos que discutem de modo diferenciado e
aprofundado a temática dos princípios do treinamento esportivo, e
podem ser acessados através nos links a seguir:
https://efdeportes.com/efd121/os-principios-do-treinamento-
esportivo-conceitos-definicoes.htm;
https://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/58791/34625;
https://www.academia.edu/40503147/ARTIGO_DE_REVIS%C3%83O_
PRINC%C3%8DPIOS_DO_TREINAMENTO_DESPORTIVO_E_
MUSCULA%C3%87%C3%83O. Acessos em: 25 ago. 2022.
39
2.1 PROPOSTAS DO TREINAMENTO NO FUTEBOL/FUTSAL
O treinamento esportivo do futebol/futsal pode ser organizado a partir de duas
vertentes, segundo Bayer (1994). Uma vertente se refere ao método tradicional, ou seja,
as atividades vão decompor os elementos (fragmentação) nos quais a memorização
e a repetição permitem moldar o indivíduo ao modelo referencial do gesto técnico
dito correto. Para o mesmo autor, a outra vertente apresenta métodos dito ativos, ou
seja, as propostas levam em consideração interesses e gostos dos iniciantes a partir
de situações vivenciadas que vão solicitar que os participantes tenham iniciativa. Vai,
ainda, favorecer a imaginação e proporcionar situações de reflexão para que, assim,
possam adquirir bagagem a fim de solucionar problemas que vão surgir durante um
jogo, visto que ambas as modalidades apresentam situações imprevisíveis.
Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/bolas-coragem-colhoes-campo-8567620/.
Acesso em: 10 set. 2022.
41
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
42
AUTOATIVIDADE
1 Um dos princípios do treinamento esportivo apresentado por Gomes (2009) trata da
preparação do atleta e diz respeito à união do condicionamento físico concomitante
aos fatores de preparação que exercem influência nas alterações dos sistemas
do organismo do esportista diante do resultado desse treinamento e do grau de
preparação em geral. No caso das modalidades esportivas do futsal e do futebol,
identifica-se serem intermitentes com exigências físicas variadas tendo, nos
princípios do treinamento esportivo, uma busca constante. Que busca é essa?
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( ) Estímulos débeis – acarretam consequências.
( ) Estímulos médios – apenas excitam.
( ) Estímulos médios para fortes – provocam adaptações.
( ) Estímulos muito fortes – não causam danos.
a) ( ) F – V – V – F.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – V – V – V.
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5 O estudo dos princípios do treinamento esportivo pode ser feito de modo isolado, ou
seja, cada princípio independente tem seu valor e suas funções particulares somados
a uma percepção holística, em que cada princípio, por meio da integração e da inter-
relação, passam a ter uma importância potencializada. Nesse sentido, cada princípio
se torna bem maior quando associado a um ou a outros princípios, o que indica que,
utilizando-se do conhecimento e da aplicação de todos os princípios, torna-se possível
realizar um treinamento mais eficiente. Vale lembrar que, além do conhecimento
dos princípios do treinamento, os profissionais de Educação Física necessitam ter
conhecimentos específicos da modalidade esportiva que será trabalhada. A partir
desse cenário, apresentam-se os princípios pedagógicos da preparação desportiva,
os princípios existentes na teoria e na metodologia da Educação Física e os princípios
especiais da preparação do desportista. Disserte sobre esses princípios com as
principais propostas de seus autores.
45
46
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
CICLOS E PERIODIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Historicamente, a partir da segunda década do século XX, encontram-se as
primeiras discussões sobre a temática da periodização construídas pelo russo Kotov.
Posteriormente, na década de 1950, Lev Matvéiev atualizou e fez aprofundamentos
nesses conhecimentos, estruturando alguns fundamentos teóricos do sistema de treino
(SILVA, 1998).
47
2 PERIODIZAÇÃO
Em nível conceitual, a partir de autores como Tubino (1984), Matvéiev (1986),
Zakharov & Gomes (1992), Bompa (1994) e Silva (1997), a periodização pode ser
entendida como uma forma sistemática de organizar temporadas de um atleta, ainda
que seja amador, podendo ser profissional, com objetivo de melhorar a sua performance
e alcançar metas, sendo que os objetivos, via de regra, deverão ser previamente
instituídos e constantemente avaliados a partir das métricas estabelecidas.
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Diante disso, Silva (1997) endossa que a periodização do treinamento desportivo
tem como intenção organizar e orientar o processo de preparação física/esportiva de
um indivíduo, a fim de que a melhor forma atlética possível de ser alcançada incida
no período de competição ou das competições previstas numa temporada. Para esse
autor, a organização de um treino deve estar sistematizada num ciclo que deve ser
dividido em três períodos: preparação, competição e transição, correspondentes às três
fases da forma atlética, que são: aquisição, manutenção e perda temporária.
Modelo clássico
Proposto por Matveev (1991) na década de 1950. Esse russo sugere um trabalho
dividido em três fases: preparatória, competitiva e de transição.
Na fase preparatória, que pode durar de três a quatro meses, ciclos semestrais,
cinco a sete meses, e ciclos anuais, o treinamento objetiva uma melhor forma física
geral do atleta, focando os objetivos nas capacidades físicas de força, resistência e
agilidade somadas aos treinamentos específicos da modalidade esportiva em questão.
49
Na fase competitiva, que pode durar de um mês e meio a dois meses, com
possibilidade de se estender até quatro ou cinco meses, se propõe um aumento na
intensidade e no volume dos treinamentos a fim de atingir seu pico, vislumbrando a
estabilização para o período das competições.
Na fase de transição, que pode durar de três a quatro semanas, com possibilidade
de se estender até seis semanas, a proposta é organizar um período de recuperação
com diminuição da intensidade e da quantidade dos treinamentos.
Modelo modular
A maior ênfase dos treinamentos nesse modelo proposto por Vorobjev (1970 apud
TSCHIENE, 1985), é o treino específico com foco no objetivo do próprio indivíduo, seja
relacionando a uma modalidade esportiva ou treinamentos feitos em academias de ginástica.
Modelo pendular
O modelo pendular foi proposto por Arosiev e Kalinin como uma adaptação
ao de Matveev, apresentado por autores como Dias (2016) e Marques Junior (2011),
sugerindo que, nesse modelo, a divisão não vai acontecer em fases, mas, sim, em
diversos microciclos. A partir da definição do ciclo, haverá um revezamento entre a
preparação geral e a preparação específica, o que, suspostamente, vai garantir uma
condição positiva durante todo o ano de treinamento.
Modelo ondulatório
3 CICLOS
Ao se tratar de questões relacionadas a ciclo de treinamento, autores como
Zakharov e Gomes (1992) e Matvéiev (1986) partem do princípio de que o corpo humano
funciona a partir de duas esferas: a aptidão física (força e habilidade) e a fadiga (cansaço
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e desgaste). Cada ser humano tem um metabolismo que trabalha de forma particular
e diferente dos demais indivíduos, tanto no que tange às necessidades distintas de
estimulação quanto de recuperação. A partir disso, entende-se que cada corpo
humano tem um tempo distinto dos demais para possíveis respostas e adaptações
aos treinamentos físicos. Nesse sentido, os ciclos de treinamento são organizados
e planejados para oferecer a cada indivíduo um treinamento personalizado para que
possa buscar e, possivelmente, alcançar, de modo eficiente, os melhores resultados.
DICA
O mesociclo pode ser estudado de modo mais aprofundado no link
que leva a um artigo a respeito desta temática: https://www.scielo.br/j/
rbce/a/wj6bgJxzrSdFGyDPs78WKQv/?lang=pt.
51
Esse segmento do mesociclo tem várias fases, assim elencadas: Período de
Base, Período Pré-competitivo, Período Competitivo e Período de Transição (ZAKHAROV;
GOMES 1992).
Os autores apresentam algumas condições que fazem com que esse período de
polimento seja efetivo:
• Deve-se seguir a programação de treinamento anterior, visto que foi programada
com a existência desse período, sendo que o maior ou menor estresse fisiológico terá
efeito direto na eficácia do polimento.
• Deve haver redução na frequência de treinamento em relação ao volume para que
possa haver uma recuperação e otimização do desempenho.
• Esse período exige descanso, não obstante exige também treinamentos, pois se
não acontecer desse modo, pode haver a recuperação, mas, em contrapartida, não
haverá condicionamento.
52
O Período Competitivo deve levar em consideração a recuperação do atleta em
relação à alta carga de treino que aconteceu no Período Pré-competitivo, a fim de deixar
o atleta pronto para a competição. O nome que se dá a essa situação é "polimento", com
uma diminuição progressiva e rápida do volume e da intensidade dos treinos. Outro
detalhe que deve ser levado em conta nessa fase é a completa recuperação entre as
competições, não podendo fazer com que o atleta perca o melhor da sua forma.
No mesociclo, o mesmo autor sugere que pode haver conteúdos distintos, ainda
que sejam opostos, desde que tenham certa interação lógica. A ideia é a de fragmentar
as atividades em pequenas propostas, distribuindo no tempo disponível, promovendo
uma evolução da complexidade e assimilação dos gestos pelos atletas.
Por fim, o microciclo, de acordo com Frade (2014), deve ser organizado com
a ideia completa do jogo e do desenvolvimento do jogador, visto que as demandas
no Brasil são quase sempre semanais. É importante que se distribua as atividades de
maneira equilibrada ao longo da semana de treinamento.
53
DICA
A história das discussões e da evolução das pesquisas relacionadas
à periodização esportiva pode ser melhor entendida a partir deste
artigo, encontrado neste link: http://revistas.ut.edu.co/index.php/
edufisica/article/view/1910/1669.
Ciclo Básico
Dura de quatro a oito semanas, sendo que o trabalho é iniciado com aquecimento,
atividades relacionadas à aprendizagem motora e sobrecargas de peso. Nesse ciclo, o
número de repetições varia e as séries são estabelecidas de acordo com as necessidades
e condições físicas do atleta, tendo um aumento de carga após o quarto treino.
Ciclo Adaptativo
Dura de quatro a oito semanas, tendo uma intensificação do treino das
capacidades físicas de resistência muscular e resistência cardiovascular, introduzindo
atividades específicas das capacidades físicas de força e velocidade. Nesse ciclo,
recomenda-se trabalhos em forma de circuitos, objetivando otimizar a resistência
muscular e a capacidade cardiorrespiratória.
Ciclo Específico
Dura de quatro a doze semanas, tendo o trabalho feito com uma quantidade de
repetições e sobrecargas necessárias para o objetivo específico, ou seja, o trabalho de
hipertrofia é diferente do trabalho de força.
Ciclo de Transição
Dura de uma a quatro semanas, tendo como principal intenção a manutenção
do corpo numa perspectiva de treinamento mínimo posterior ao período de treinamento
longo já executado com o mesmo objetivo. Nesse ciclo, prevalece a estabilização para que
o corpo do atleta não se acomode, pois deve haver desafios com reajuste da capacidade
física de força para que haja uma sólida construção e manutenção da massa muscular.
Ciclo Readaptativo
Dura de uma a quatro semanas, tendo o foco no recondicionamento físico,
principalmente quando houve abandono temporário dos treinamentos.
54
4 REFLEXÕES ACERCA DO TREINAMENTO ESPORTIVO
Uma das principais temáticas relacionadas às possíveis estratégias de
organização do treinamento esportivo focam no entendimento e na compreensão
das variações dos estímulos oferecidos em um treinamento e as suas relações com o
aumento do desempenho das capacidades motoras e do rendimento físico-esportivo.
Os efeitos que ocorrem a partir dos diferentes modelos dependem, em grande medida,
da duração dos períodos do treinamento somadas às características dos sujeitos que
estão treinando, o que enfatiza a ideia de que a organização do processo de treinamento
determina o rendimento físico-esportivo nas mais diferentes modalidades esportivas.
56
esportivas como, também, a extensão da capacidade de aprendizagem do indivíduo. Na
capacidade constitucional genótipo, os mesmos autores apontam que é a responsável
pelo potencial do atleta, o que inclui alguns fatores como a composição corporal, o
biótipo, a estatura máxima esperada, a força máxima possível e o percentual de fibras
musculares dos diferentes tipos.
Esse contexto reforça sempre mais a ideia de que, ainda que um indivíduo tenha
características genéticas diferenciadas no que tange ao desenvolvimento de potenciais
relacionados às modalidades esportivas, dependem diretamente da participação
em treinamentos com muito esforço, periodicidade, disciplina, empenho, trabalho,
incentivos financeiros e técnicos. Associado a esses fatores, deve-se enaltecer de modo
bem incisivo a importância fundamental do profissional de Educação Física por meio de
seus planejamentos, intervenções, ações, criações, recriações e adaptações, para que
se obtenha o maior sucesso de um atleta ou de uma equipe.
57
Não se pode deixar de lado uma questão muito importante nessa contextualização,
que são as tentativas de manipulações das características genéticas, do genótipo de atletas,
por meio, principalmente, dos ideais da eugenia, no decorrer do século XX. Não obstante,
em qualquer campo de discussões e reflexões sempre irá ter espaço para um alerta em
relação a essas tentativas de manipulação e violação do corpo, da integridade e dos direitos
de todo ser humano.
58
Figura 15 – Periodização no futebol
59
No período competitivo, acontecem os treinamentos, ao mesmo tempo em que
se está competindo, tendo como prioridade a obtenção dos melhores resultados. Nesse
período, os treinamentos devem focar nas especificidades do futebol, dando ênfase ao
trabalho das técnicas individuais e táticas coletivas, diminuindo o trabalho exclusivamente
físico. Os treinamentos físicos vão acontecer apenas para manutenção da base adquirida
no período de preparação. Vale ressaltar que, nesse período, aumenta muito o desgaste
físico e emocional dos atletas, principalmente pela quantidade de jogos e viagens, o que
sugere a introdução de sessões de treinamento regenerativas, que devem ser organizadas
com os profissionais da comissão técnica, em especial o profissional de Educação Física
(organizador da programação e execução das sessões), o fisiologista (responsável pelo
controle da fadiga muscular dos atletas por meio de testes fisiológicos, como controle
de acidose e lactato muscular), o nutricionista (responsável pela reposição correta
dos nutrientes perdidos pelo desgaste físico) e o psicólogo (responsável pelo auxilio no
equilíbrio das emoções). Cada um na sua especialidade deve contribuir nesse momento tão
importante da periodização.
DICA
No futebol de outros países, existe também uma grande preocupação
e muitos estudos e pesquisas acerca da periodização no futebol. O
texto que se encontra neste link mostra um pouco da periodização
existente em clubes de futebol de Portugal. Vale a pena
aprofundar os estudos! Disponível em: https://www.scielo.br/j/
rbefe/a/XyrCPPLHjD63jB6Pv3Bv5mj/?format=pdf&lang=pt.
60
LEITURA
COMPLEMENTAR
TREINAMENTO ESPORTIVO: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO
SOBRE SUAS BASES CIENTÍFICAS
Resumo: o presente estudo tem como objetivo central apresentar uma discussão sobre
o treinamento esportivo, enfatizando suas bases científicas. Este trabalho foi realizado
mediante estudo bibliográfico em livros e artigos científicos especializados na área de
Educação Física. Como resultados desses estudos foram apresentadas as principais
características que constituem os princípios do treinamento esportivo, avaliação e
controle, bem como, aspectos da iniciação a competição, ressaltando o treinamento
de força para jovens, adultos e atletas. Conclui-se que trabalhar, objetivando a efetiva
melhoria no desempenho esportivo da atleta e do não atleta, deve-se enfatizar o
conhecimento científico, enfatizando a amplitude da área do treinamento esportivo,
havendo assim mútua relação entre seus elementos básicos.
1 INTRODUÇÃO
61
Portanto, este artigo tem como objetivo central apresentar uma discussão
sobre o treinamento esportivo, elucidando alguns de seus vários aspectos científicos,
que contribuem com a evolução do desempenho esportivo do atleta e também de
indivíduos que não são atletas, mas praticam esportes como forma de manter a saúde
e o bem-estar. Importante destacar que o presente estudo também tem o intuito de
contribuir com a pesquisa e a formação de profissionais da área da Educação Física.
2 DESENVOLVIMENTO
62
Esse princípio ressalta a importância de se saber dosar os diferentes estímulos
que são exercidos sobre os atletas. Tais dosagens representam, de modo informal,
acostumar o indivíduo à carga do treinamento de modo progressivo, evitando lesões, de
modo que se faz necessária a correta prescrição do exercício.
63
trabalhar primeiramente maior volume e, no decorrer do treinamento, ir aumentando
a intensidade. O volume é importante para manter a estabilidade do rendimento, já a
intensidade é importante para o aumento do rendimento.
64
Outro exemplo é o uso de biopsias e da biologia molecular, objetivando avaliar o
nível e o tipo de treinamento que está mais efetivo e gerando importantes adaptações
e modificações positivas agudas e crônicas no organismo. Para, assim, haver o controle
correto do treinamento.
65
2.3 DA INICIAÇÃO À COMPETIÇÃO: O TREINAMENTO DE FORÇA PARA JOVENS, ADULTOS
E ATLETAS
66
à saúde, qualidade de vida, estética, tratamento de patologias, prevenção de doenças e
lesões, treinamento de atletas de alto rendimento, melhoria na parte funcional (idosos).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
67
físico. Desse modo, indica-se a investigação, estudo e publicação de novos trabalhos
que discorram sobre essa área tão importante para a formação do profissional de
Educação Física, tendo sempre como base os conhecimentos científicos.
68
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
69
AUTOATIVIDADE
1 A periodização se divide em três grandes períodos: o preparatório, o competitivo e o
transitório. No caso do futebol, o período preparatório vislumbra uma preparação para
a competição que se faz a partir de uma análise diagnóstica dos jogadores, a fim de
conhecê-los de modo mais aprofundado, conhecendo as características individuais. No
próximo momento, os profissionais devem se atentar ao calendário de competições a
serem disputadas, bem como as possíveis condições que terão para desenvolver seus
treinamentos no que se refere a espaços, materiais e pessoal. Com base nas questões
relacionadas às etapas do período preparatório a serem desenvolvidas, analise as
sentenças a seguir:
70
a) ( ) A primeira fase é chamada de choque, na qual o indivíduo terá contato com uma
carga de choques elétricos e podem aparecer dores ou desconfortos, diminuindo
o desempenho. A segunda fase é chamada de reclusão, na qual o indivíduo
passa a ficar recluso, sem contato com ninguém. A terceira fase é chamada de
abstinência, na qual o indivíduo não deve fazer absolutamente nada.
b) ( ) A primeira fase é chamada de distanciamento, na qual o indivíduo não terá contato
com nenhum outro atleta. A segunda fase é chamada de abertura, na qual o indivíduo
passa a ter contato com grandes multidões. A terceira fase é chamada de descanso,
na qual o indivíduo deve ficar dormindo na maior parte do dia.
c) ( ) A primeira fase é chamada de gelada, na qual o indivíduo terá contato com
locais de baixa temperatura. A segunda fase é chamada de quente, na qual o
indivíduo terá contato com locais de alta temperatura. A terceira fase é chamada
de contraste, na qual o indivíduo terá contato, num momento, com temperaturas
geladas, e, imediatamente, colocado a altas temperaturas.
d) ( ) A primeira fase é chamada de choque, na qual o indivíduo terá contato com
um novo estímulo de treinamento e podem aparecer dores ou desconfortos,
diminuindo o desempenho. A segunda fase é chamada de adaptação ao
estímulo, na qual o indivíduo passa a se adaptar e, assim, terá aumento em seu
desempenho. A terceira fase é chamada de cansaço, na qual o indivíduo já se
adaptou ao estímulo e, por isso, não acontecerão mais adaptações.
( ) O ciclo conhecido como básico tem duração que varia entre quatro e oito semanas,
tendo as atividades iniciadas com aquecimento seguidas de atividades especificas
relacionadas a aprendizagem motora e sobrecargas de peso. Nesse ciclo, o número
de repetições varia, e as séries são estabelecidas de acordo com as necessidades e
condições físicas do atleta, tendo um aumento de carga após o quarto treino.
( ) O ciclo conhecido como adaptativo tem duração que varia entre quatro e oito
semanas, intensificando o treino nas capacidades físicas de resistência muscular e
resistência cardiovascular somadas ao posterior trabalho com as capacidades físicas
de força e velocidade. Nesse ciclo, recomenda-se trabalhos em forma de circuitos,
objetivando otimizar a resistência muscular e a capacidade cardiorrespiratória.
( ) O ciclo conhecido como específico tem duração que varia entre quatro e 12
semanas, tendo a quantidade de repetições e sobrecargas organizadas a partir dos
adversários relacionadas ao objetivo específico planejado, ou seja, o trabalho de
hipertrofia é igual ao trabalho de força.
( ) O ciclo conhecido como transição tem duração que varia entre uma e quatro
semanas, tendo a manutenção do corpo como foco principal numa perspectiva
de treinamento mínimo posterior ao período de treinamento longo que já ocorreu.
71
Pretende-se que aconteça uma estabilização com fins de não acomodar o corpo,
sugerindo desafios com reajuste da capacidade física de força para que haja uma
sólida construção e manutenção da massa muscular.
( ) O ciclo conhecido como readaptativo tem duração que varia de uma a quatro
semanas, tendo o foco no recondicionamento físico e num ganho excessivo de
peso total do corpo, bem como perda de líquidos, a fim de que seja possível reiniciar
os treinamentos num nível elevado de energia.
a) ( ) V – F – V – F – F.
b) ( ) V – V – F – V – F.
c) ( ) F – V – F – V – F.
d) ( ) F – V – V – F – V.
5 A periodização pode ser apresentada por meio de ciclos que podem ser semestrais
e/ou anuais. Vale ressaltar que algumas modalidades esportivas que têm grande
solicitação da capacidade física de resistência devem organizar uma periodização
simples, um ciclo anual, em que os melhores resultados deverão ser alcançados
apenas em um período. As modalidades esportivas que têm grande solicitação nas
capacidades físicas de força e velocidade devem organizar seus planejamentos em
ciclos semestrais, na chamada de dupla, em que os melhores resultados devem ser
alcançados em mais de um período do ano. Existe, ainda, a periodização chamada
de tripla, que deve ser utilizada em atletas mais jovens, em formações que ainda não
possuem estrutura rígida suficiente para aguentar cargas elevadas de treinamento.
De acordo com a modalidade esportiva em que se está fazendo a periodização,
as características do atleta ou do grupo de atletas, do calendário de competições
e do tempo disponível para os treinamentos, existem alguns modelos que podem
ser utilizados. Disserte sobre esses modelos de periodização existentes na literatura
mostrando as particularidades de cada um.
72
REFERÊNCIAS
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perceived competence and satisfaction. Journal of Sport & Exercise Psychology,
Champaign, v. 20, p. 280-299, 1998. Disponível em: https://dspace.stir.ac.uk/
bitstream/1893/8939/1/AllenandHowe_JSEP_1998.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
ALVES, U. S.; BELLO JUNIOR, N. Futsal: conceitos modernos. 2. ed. São Paulo: Phorte,
2020.
BACURAU, R. F. P et al. Acute effect of a ballistic and a static stretching exercise bout on
flexibility and maximal strength. The Journal of Strength & Conditioning Research,
v. 23, n. 1, p. 304-308, 2009.
73
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BRACHT, V. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 4. ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011.
BRITO, N.; FONSECA, A. M.; ROLIM, R. Os melhores atletas nos escalões de formação
serão igualmente os melhores atletas no escalão sénior? Análise centrada nos rankings
femininos das diferentes disciplinas do Atletismo ao longo das últimas duas décadas
em Portugal. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 4, n. 1, p. 17-
28, 2004. Disponível em: https://rpcd.fade.up.pt/_arquivo/artigos_soltos/vol.4_nr.1/
Nelson_Brito.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
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DE SOUZA, E. O. et al. The acute effects of varying strength exercises bouts on 5 km
running. Journal of sports science & medicine, v. 10, n. 3, p. 565, 2011.
DIAS, H.; ZANETTI, M.; FIGUEIRA JUNIOR, A.; MARIN, D.; MONTENEGRO, C.; CARNEIRO, Y.,
POLITO, L. Evolução histórica da periodização esportiva. Revista Corpoconsciência,
v. 20, n. 1, p. 67-79, 2016.
GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA,
J. (eds). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 3. ed. Lisboa: Universidade do
Porto, 1998.
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GUZMAN, J. L. C.; CORTEZ, L. A.; ROMERO, V. A. Jogos pré-desportivos: iniciação ao
desporto. México: Trillas, 2009.
KIRK, C.; HURST, Howard T.; ATKINS, S. Measuring the Workload of Mixed Martial Arts
using Accelerometry, Time Motion Analysis and Lactate. International Journal of
Performance Analysis in Sport, v. 15, n. 1, p. 359-370, 2014.
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1973.
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percepção subjetiva do esforço da sessão é um método confiável? Rev. Educ. Fís., v.
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TANI, G. Área de conhecimento e intervenção profissional da profissão academicamente
orientada. Pesquisa em comportamento motor: a intervenção profissional em
perspectiva. São Paulo: EFP/EEFEUSP, 2008.
79
80
UNIDADE 2 —
HABILIDADES TÉCNICAS
INDIVIDUAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
81
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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82
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES
MOTORAS DO FUTEBOL/FUTSAL
1 INTRODUÇÃO
Quando se fala, escreve ou discute questões relacionadas ao futebol, deve-se
ter à mesa que tal prática tem alguns desmembramentos em várias outras modalidades
esportivas com gestos bem parecidos, ou seja, a utilização de bola com predominância
de contato com membros inferiores, especialmente os pés.
Aliás, essa predominância do uso dos pés no futebol, segundo Duarte (1994),
justifica a grande aceitação dessa modalidade no Brasil tendo como base as práticas
da capoeira, a qual tem suas raízes no nosso país e faz uso constante dos pés em
suas ações, migrando e incorporando esses gestos para a prática do futebol, de modo
bastante enfático.
83
Figura 1 – Futebol de Salão antigamente
DICA
Alves e Vieira (2022) escreveram um capítulo para o livro Aspectos
pedagógicos e socioculturais da educação física e do esporte sobre a
história e a diferença entre essas duas modalidades esportivas. Vale a
pena conferir: https://bit.ly/3RT87ME
2.2 FUTEVÔLEI
Curiosamente, essa modalidade foi criada, em meados da década de 1960,
como uma tentativa de burlar uma lei estabelecida nas praias do Rio de Janeiro, que
não permitia a prática do futebol, por questões de segurança e importunação de
banhistas, mais especificamente, a proibição estava relacionada a modalidades que não
utilizassem redes tampouco espaços seguramente delimitados. Os apaixonados pelo
futebol de praia passaram a usar as redes de voleibol, permitidas à época, para jogar
futebol. Nasceu, então, um jogo que tem predominância das habilidades técnicas do
futebol, com características de regras do voleibol.
Figura 2 – Futevôlei
84
DICA
O site da Confederação Brasileira de futevôlei e a do futevôlei carioca
trazem mais informações sobre essa modalidade: https://cbfv.com.br/ e
http://www.futevolei.com.br/.
DICA
O site da Confederação Brasileira de Beach Soccer traz mais informações
sobre essa modalidade: https://www.cbsb.com.br/.
85
Figura 4 – Futebol society
DICA
O site da Confederação Brasileira de Futebol 7 Society traz mais
informações sobre essa modalidade: https://cbf7s.com.br/.
3 FUTEBOL E FUTSAL
O futebol é uma modalidade esportiva que tem suspeitas de raízes na China, no
ano de 3000 a.C., com práticas semelhantes encontradas no Egito e na Grécia. Em se
tratando de futebol moderno, as raízes são inglesas, em vários colégios entre os anos
de 1810 e 1840, cada qual com suas regras próprias que, depois, foram uniformizadas.
Figura 5 – Futebol
86
DICA
Vale a pena conferir o artigo, a seguir, que mostra uma discussão bastante
interessante sobre a história do futebol, fazendo relações com questões
políticas: https://bit.ly/3elmLPh.
Figura 6 – Futsal
87
O termo capacidade física sofre alguma modificação, de acordo com o
referencial adotado em nível de estudo, também denominado como qualidade física ou,
ainda, valência física. Em todos os casos, independentemente da terminologia utilizada,
vale lembrar que algumas dessas capacidades são inatas, congênitas, ou seja, nascem
com cada indivíduo, podendo ser treinadas e aperfeiçoadas. Já outras são adquiridas e
desenvolvidas, podendo sofrer influências do meio ambiente e ser definidas como todo
atributo físico treinável em um organismo humano, ou seja, todas as qualidades físicas
motoras passíveis de treinamento (WEINECK, 1986).
Tubino (1984) ainda salienta que, por se tratar de um componente que está
intimamente ligado à herança genética, o treinamento das capacidades físicas
estabelece um limite determinado pelos próprios genes que formam o ser humano
e que, consequentemente, não podem ser superados com o treinamento físico. Por
exemplo, um ser humano não conseguirá fazer uma corrida em uma velocidade de 300
km/h por mais que participe de algum tipo de treinamento físico específico para isso.
88
Figura 7 – Capacidades físicas
3.2.1 Agilidade
Capacidade física que permite uma mudança rápida de direção do corpo no
menor tempo possível, tentando se manter em equilíbrio. Essa capacidade física está
intimamente ligada às capacidades físicas de flexibilidade, equilíbrio e força, estando
presente na maioria das modalidades esportivas, exceto, por exemplo, corridas de curta
distância, do tipo 100 metros rasos.
89
A coordenação motora pode ser identificada como fina ou grossa (ampla).
3.2.3 Descontração
Compreendida como um fenômeno neuromuscular, resultante de uma redução
de tensão na musculatura esquelética, é a capacidade física que permite que grupos
musculares se descontraiam, a fim de que se execute algum ato motor específico. A
descontração é fundamental para a eficiência mecânica de alguns gestos motores,
relacionados a algumas modalidades esportivas, permitindo ao indivíduo executar
ações com um máximo de economia energética. Pode ser de dois tipos:
O trabalho com essa capacidade física tem como objetivo possibilitar uma
compensação das articulações e dos músculos, exigida nos esforços realizados em
alguma prática de modalidade esportiva ou treinamento físico, a fim proporcionar
equilíbrio harmônico entre os esforços e a recuperação. Esse trabalho não visa apenas a
otimizar o desempenho, mas também a proteger o indivíduo de possíveis lesões.
Como exemplo, no futebol, podemos citar um jogador que, após executar algum tipo
de movimento em velocidade ou de longa duração, irá utilizar um tempo sem ações bruscas,
para que possa se recuperar em nível musculoarticular e, assim, novamente, entrar em ação.
90
3.2.4 Endurance orgânica (resistência)
É a capacidade física que permite a realização de exercícios prolongados com
esforço contínuo em intensidade fraca ou média. A endurance caracteriza-se pela
realização de atividades aeróbias e que consegue suportar por um bom tempo a fadiga
resultante da atividade, tendo recuperação rápida. Pode ser resistência orgânica aeróbia
e anaeróbia, que, por sua vez, pode ser láctica ou aláctica.
• Resistência aeróbia: é definida como uma qualidade física que permite a um indivíduo
sustentar, por um período, uma atividade física, relativamente, generalizada em
condições aeróbias, isto é, nos limites do equilíbrio fisiológico denominado steady
state. Trata-se do período longo de uma atividade nos limites do equilíbrio de oxigênio.
O desenvolvimento da capacidade aeróbia de um indivíduo promove melhora da
capacidade funcional do coração, aumento da capacidade muscular de queimar
açúcares e gorduras, melhora no transporte de oxigênio (O2), aumento dos glóbulos
vermelhos (número), redução da massa corporal e da frequência cardíaca (FC) de
repouso. Considera-se também, como resistência geral, estamina. Estabelecem-
se cargas em torno de 60% a 80% da máxima, e o estudo na fisiologia tem sido
amplamente discutido. Sua fonte energética é chamada de glicogênio.
• Resistência anaeróbia aláctica: qualidade física que permite sustentar, durante o
maior tempo possível, uma atividade física em condições anaeróbias. O termo aláctico
aparece conforme o exercício muito intenso, tem a duração de, aproximadamente, até
10 segundos, o que já está se tornando discutível e estudado em laboratórios, pois se
acredita que alguns atletas treinados suportem mais tempo. Os exercícios por curtos
períodos, até 60 segundos, dependem essencialmente da adenosina trifosfato (ATP),
gerada pelos sistemas de energia anaeróbia imediata. Provoca fadiga bioquímica e
neuromuscular.
• Resistência anaeróbia láctica: qualidade física que permite sustentar o maior tempo
possível de uma atividade física em condições anaeróbias, com tempo superior ao
exercício anaeróbio aláctico, no qual, para sustentação de 3 a 5 minutos, se aumenta
a quantidade de energia gerada pela glicólise. Várias repetições causam um acúmulo
de lactato, resultando em nível de ácido láctico mais alto.
• Resistência muscular localizada (resistência de força): é uma qualidade física
que permite realizar, em um maior tempo possível, a repetição de determinado
movimento com a mesma eficiência. É indicado no treinamento de musculação
isotônico ou isocinético, no intervalado, no circuito e, até mesmo, na musculação
isométrica. Permite a continuação do esforço, tanto em condições aeróbias quanto
anaeróbias. Tem uma relação direta com a duração do esforço com grupos musculares
determinados, sugerindo-se uma duração de esforço mínima de 15 repetições.
Provoca fadiga periférica (circulatória e motriz) e também a nervosa.
Um exemplo, no futebol, seria um jogador que, durante um jogo, fará uso dessa
capacidade, tanto nas ações que têm um tempo longo de duração, nas trocas de passes,
quanto aquelas com tempo menor, mas com alta velocidade, em lançamentos.
91
3.2.5 Equilíbrio
É a capacidade física conseguida por uma combinação de ações musculares,
com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da
gravidade, ou seja, o controle do corpo em relação ao seu centro de gravidade. Pode ser
de três tipos: dinâmico, estático e recuperado.
3.2.6 Flexibilidade
Permite executar movimentos com grande amplitude, em diferentes partes
do corpo, que pode ser medida em unidades angulares ou lineares e que depende da
mobilidade articular e da elasticidade muscular. Essa capacidade física condiciona
a capacidade funcional de as articulações se movimentarem nos limites ideais de
determinadas ações. Vale ressaltar que as estruturas e a composição corporal das
pessoas do sexo feminino permitem que sejam mais flexíveis do que as pessoas do
sexo masculino. A flexibilidade é a responsável pela ação voluntária de um movimento
de amplitude angular máxima, nos limites morfológicos, sendo parte de um conteúdo
de treinamento específico, que depende de fatores genéticos, ambientais, sexo,
temperatura, idade e horário.
92
Outra maneira de se observar a flexibilidade é a partir da quantidade de
articulações envolvidas na ação:
• Flexibilidade simples: quando a ação articular envolve apenas uma única articulação.
• Flexibilidade composta: quando o movimento envolve mais de uma articulação.
No caso do método Scientific Stretching for Sports (3S), são descritas as fases de:
DICA
Em relação ao método 3S, o seguinte artigo científico apresenta um
estudo sobre a aplicação desse método: https://portalatlanticaeditora.
com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/547.
No caso da FNP, esta tem como base a filosofia de que todo indivíduo possui um
potencial inexplorado, que deve ser estimulado e utilizado para a sua reabilitação, o qual
se fundamenta em cinco pilares:
93
• Mobilização de reservas: busca-se a prescrição correta de repetições, atividades
domiciliares, variar posições e exercícios, de acordo com as características individuais
do indivíduo.
• Aprendizado e controle motor: segue-se com princípios fisiológicos de aprendizagem
e controles motores durante todas as atividades.
• Abordagem funcional: utilizam-se os conceitos da Classificação Internacional de
Funcionalidade (CIF), tendo as propostas direcionadas para a realização de tarefas
funcionais que sejam de interesse do indivíduo.
INTERESSANTE
O termo articulação também é conhecido, popularmente, com a
nomenclatura de “junta” supondo ser a região do corpo que faz a união
ou a junção de diferentes partes do corpo.
3.2.7 Força
É a capacidade física que permite deslocar um objeto, o corpo de um parceiro ou o
próprio corpo, por meio da contração de um músculo ou de um grupo muscular, produzindo
tensão suficiente para vencer uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou elevar.
94
- Força de resistência aeróbia é aquela que ocorre com a presença de
suficiente provisão de oxigênio.
- Força de resistência anaeróbia é aquela que ocorre com a ausência de
provisão de oxigênio.
• Força estática: é a força que produz calor, mas não ocorre em forma de movimento,
sendo também chamada de força isométrica. Essa força é medida pelo tempo que
uma pessoa pode permanecer em uma situação de contração isométrica, suportando
determinada carga.
• Força explosiva: é a força exercida com o máximo de energia em um ato explosivo,
sendo o produto da força pela velocidade (P = F × V), presente na maioria das
modalidades esportivas.
No futebol, podemos citar, como exemplo, um jogador que irá usar a força
nas situações em que necessitar: chegar ao local onde está a bola, aproximar-se do
adversário para marcação e fazer chutes; no caso do goleiro, nas defesas e nas jogadas
de reposição de bola.
3.2.8 Ritmo
É a capacidade física que envolve um encadeamento de tempo, dinâmico-
energético, aliado a uma mudança de tensão e repouso, ou seja, uma variação
regular de repetições periódicas. Essa capacidade é expressa pela compreensão,
acumulação e interpretação de estruturas temporais e dinâmicas pretendidas ou
contidas na evolução de um movimento. Cada pessoa possui o seu ritmo, sendo
essa capacidade física, intimamente, ligada ao sistema nervoso, pois a cadência
é regulada pelo automatismo respiratório aliado à frequência e à amplitude de
movimento. Assim, é importante que cada indivíduo respeite o ritmo do outro. Está
presente em todas as modalidades esportivas.
95
sistema nervoso central e pode ser apreciada, de modo claro, nas modalidades esportivas
que fazem uso de bola. Essa capacidade física pode ser identificada em três tipos:
No futebol, por exemplo, um jogador a todo momento terá que fazer escolhas,
opções e, consequentemente, fará uso da sua velocidade de reação, de seu tempo de
reação. Quanto maior for a velocidade de reação e menor o tempo de reação, maior a
possibilidade de êxito do jogador diante de um estímulo. A cada jogada de uma partida,
surgirá um estímulo, com o qual o jogador irá se deparar e, assim, tomar decisões.
Quanto mais treinado, em nível gestual, estiver o atleta, melhores serão executadas
as suas decisões.
3.2.10 Velocidade
É a capacidade física que permite realizar alguns tipos de movimentos no
menor tempo possível, com a melhor qualidade ou, ainda, executar uma sucessão
rápida de gestos em uma intensidade máxima e um mínimo de tempo. Essa capacidade
física depende de aspectos como aptidão, desenvolvimento de aprendizagem, fatores
sensório-cognitivos e psicológicos, fatores neurais e fatores músculo-tendinosos.
96
3.3 HABILIDADES MOTORAS: CONCEITOS
A base da discussão das habilidades motoras foi feita a partir das obras de Tani,
Kokubun e Manoel (1998), Magill (2000), Schimidt e Wrisberg (2001), Malina e Bouchard
(2002), Barbanti (2003; 2005) e Gallahue (2008).
Para Magill (2000), habilidade motora é definida como atos ou tarefas que requerem
movimentos e devem ser aprendidos, a fim de serem executados de modo eficiente. Já
em Tani, Kokubun e Manoel (1998), o conceito de habilidade motora está relacionado à
capacidade de realizar movimentos com eficiência ou à habilidade que envolve movimentos
voluntários do corpo ou membros para atingir um determinado objetivo.
As habilidades motoras são tidas, por Magill (2000), como qualquer tarefa
motora, seja simples ou complexa que, por intermédio de algum exercício físico, passa
a ser realizada com maior grau de qualidade, podendo chegar à automatização. As
97
habilidades motoras podem estar relacionadas diretamente a um gesto técnico de
alguma modalidade esportiva ou, simplesmente, a uma ação relativa às tarefas diárias
do ser humano. Sobre as principais características das habilidades motoras:
Uma das características das habilidades motoras são relativas aos movimentos
denominados de finos ou amplos. No caso dos movimentos finos, caracterizam-se por
requererem precisão e destreza, sendo executados por uma pequena musculatura, em
especial das mãos/pés e dedos. Já os movimentos amplos utilizam o corpo todo ou
grandes segmentos principais do corpo. Diante disso, enfatiza-se que muitas tarefas
motoras são executadas a partir de ambos os movimentos.
98
• Habilidades motoras de locomoção: fazem referência às ações motoras que irão
mover o corpo através do espaço, ou seja, transportar em uma direção vertical ou
horizontal de um ponto para o outro. Os principais exemplos das habilidades motoras
de locomoção são andar, correr, saltar, saltitar, entre outras (MALINA; BOUCHARD,
2002; GALLAHUE, 2008).
• Habilidades motoras de manipulação: fazem referência às ações motoras que
irão propiciar o contato do corpo com algum objeto, implemento ou ainda o corpo
de outra pessoa. Essas habilidades motoras envolvem o manejo ou o manuseio de
peças ou de terceiros que vislumbram projetar estimativas de trajetória, distância e
velocidade. O uso dessas habilidades motoras está diretamente alicerçado pelo uso
das habilidades motoras de locomoção e estabilização. Os principais exemplos das
habilidades motoras de manipulação são arremessar, lançar, chutar, bater, rebater,
receber, agarrar, entre outras (TANI; KOKUBUN; MANOEL, 1998).
• Habilidades motoras de equilíbrio ou estabilização: fazem referência às ações
motoras que permitem que o sujeito se mantenha em equilíbrio, estabilizado em relação
à força da gravidade. Vale ressaltar que a estabilidade é um elemento fundamental do
aprendizado do deslocamento, da locomoção, porque todo movimento humano, via
de regra, suscita um bom equilíbrio. Os principais exemplos das habilidades motoras
de equilíbrio ou estabilização são rolar, girar, flexionar, apoiar, entre outras (TANI;
KOKUBUN; MANOEL, 1998; GALLAHUE, 2008).
DICA
O artigo Características do futebol e do futsal: implicações para o
treinamento de adolescentes e adultos jovens discute semelhanças e
diferenças da prática do futebol e do futsal. Vale a pena conferir: https://
efdeportes.com/efd127/caracteristicas-do-futebol-e-do-futsal.htm.
99
4.1 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO
FUTEBOL
No caso do futebol, o campo de jogo varia com medidas de comprimento, no
mínimo, de 64 m × 100 m e no máximo 75 m × 100 m. Oficialmente, a FIFA (em seu
site oficial) determina que os campos devem ter comprimento entre 90 m e 120 m e
largura entre 45 m e 90 m. Dependendo do evento e da idade, os organizadores podem
diminuir essas medidas, para atender às especificidades das diferentes idades, porém
sem nenhuma padronização internacional. Além dessas medidas, o jogo tem duração
de dois tempos de 45 minutos, totalizando 90 minutos (mais os possíveis tempos de
acréscimo).
100
No que tange ao deslocamento de um jogador pelo campo de jogo no futebol,
detectou-se que a intensidade das ações, durante o jogo, pode ser determinada pela
distância percorrida que, segundo Reilly (1997) e Reilly, Bangsbo e Franks (2000), tem,
em média, uma distância entre oito e 12 quilômetros, podendo chegar até 11 quilômetros,
conforme Martin (2002) e Helgerud et al. (2001). Diante desse cenário, Martin (2002) define
o futebol como uma modalidade esportiva de endurance com intensidade alternada.
Outros autores, como Schmid e Alejo (2002), sustentam a ideia de que o futebol
requer do jogador muita força, potência, velocidade, agilidade e resistência. Não obstante,
ainda destacam que, dessas capacidades, a mais importante é a velocidade, pois uma equipe
com jogadores que tenham muita velocidade pode mudar o resultado de uma partida.
101
No caso das habilidades motoras utilizadas no futebol, observa-se que os
três tipos têm uso constante dos jogadores durante um jogo. Entre as ações dos
jogadores de futebol predominantemente explicitadas durante um jogo, destacam-
se as habilidades motoras de locomoção, em especial as ações de andar e correr; as
habilidades motoras de manipulação, sobretudo o chute; as habilidades motoras de
equilíbrio ou estabilização, principalmente as quedas.
Diante desse cenário do futsal, Alvarez et al. (2008) e Medina et al. (2002)
sinalizam que, durante um jogo, os esforços considerados de alta intensidade são
utilizados em um curto período, tendo alternância com períodos de baixa intensidade, o
que sugere uma demanda metabólica nos três sistemas energéticos: aeróbio, anaeróbio
láctico e anaeróbio aláctico.
A quadra de futsal tem uma medida que impede grandes deslocamentos e, por
isso, a capacidade física de agilidade, associada à potência, fica bastante evidenciada,
podendo ser consideradas muito importantes e decisivas nas ações dos jogadores
durante uma partida.
O futsal moderno apresenta uma grande rotatividade nas ações dos jogadores
no que tange às posições em quadra, inclusive o goleiro, que, muitas vezes, atua
como jogador de linha. Diante disso, diferentemente do futebol de campo, as posições
assumidas pelos jogadores podem ser consideradas apenas representações teóricas,
pois o constante rodízio entre eles, pelos espaços da quadra, propicia exigências físicas
praticamente semelhantes (ALVES; BELLO, 2020).
102
No futsal, as capacidades físicas, estudadas em Moura et al. (2018) e Bello (1998),
mostram que os jogadores de futsal utilizam, praticamente, todas as capacidades físicas
em um jogo, com predominância em algumas, conforme apresentado nesses estudos.
A resistência aeróbia será muito solicitada, visto que, em um jogo de futsal, o tempo
é dividido em duas etapas de 20 minutos, com o cronômetro sendo pausado no caso da bola
fora de jogo. O tempo médio total de uma partida, incluindo o intervalo, gira em torno de 62
minutos, ou seja, em média, o atleta fica envolvido no evento por mais de 1 hora (BELLO, 1998).
Para Bello (1998), a agilidade surge nas ações individuais em que o jogador
faz mudanças rápidas de direção, objetivando-se desmarcar ou manter a bola sob o
domínio, tentando obter vantagem em seus atos.
103
Figura 10 – Capacidades físicas e habilidades motoras no futsal
DICA
Existem artigos que discutem relações das capacidades físicas com futsal
e podem ser acessados pelos links a seguir:
https://bit.ly/3CpOYwi.
https://m.efdeportes.com/articulo.php?id=352.
https://bit.ly/3RRw47i.
104
Figura 11 – Testes físicos
Fonte: https://8ef35e1c67.cbaul-cdnwnd.com/9077503813822025096ac409f1fcedf3/
200000910-1b67f1c61d/Resist.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.
105
5.5 TESTE DE EQUILÍBRIO
Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de equilíbrio é o
chamado “sentado para de pé” ou ainda teste de equilíbrio estático na posição “semi-
tandem” (na qual o indivíduo deve ficar em pé, próximo a uma cadeira ou mesa, com um
pé na frente do outro, sendo que os dedos dos pés de trás devem tocar levemente o
calcanhar do pé que está à frente).
106
responder, o mais rapidamente possível, a um estímulo recebido, que pode ser por meio
de visão, audição, olfato, paladar ou tato. Esse teste mede a rapidez com que o órgão
do sentido recebe a informação e envia para o cérebro, que processa as informações
recebidas e, consequentemente, retorna uma resposta para uma ação a ser executada.
107
6.2 TESTE RUNNING AEROBIC SPRINT TEST (RAST)
O Running Anaerobic Sprint Test (RAST) é um teste utilizado para mensurar a
potência anaeróbia em jogadores de futebol e consiste na realização de seis sprints
máximos em uma trajetória de 35 m, sendo cada sprint sucedido por 10 segundos de
recuperação passiva.
108
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Conceitos e tipos de habilidades motoras dos seres humanos, que são as ações
motoras humanas aprendidas que ajudam a solucionar problemas motores. Podem
ser de locomoção, de manipulação e de estabilização.
• Testes para avaliar as capacidades físicas dos seres humanos: os testes físicos são
de fundamental importância no planejamento de treinamentos esportivos e, por isso,
devem ser bem selecionados e utilizados antes, durante e após a temporada.
109
AUTOATIVIDADE
1 O futebol de salão e o futsal são duas modalidades esportivas consideradas bem
parecidas, por suas características relacionadas à quadra em que ocorre o jogo,
aos gestos técnicos e à própria mecânica do jogo. Entretanto, é certo que elas são
diferentes em vários aspectos. Assinale a alternativa CORRETA:
I- As respostas motoras mais eficientes que cada ser humano oferecerá diante dos
diferentes estímulos apresentados no cotidiano ou, ainda, em práticas físicas e
esportivas são evidenciadas nas capacidades físicas.
II- A explicitação da falha, por parte de um indivíduo, em alguma capacidade física,
suscitará dificuldade na sua participação em algum tipo de manifestação intelectual,
pois as capacidades físicas invocam toda a produção intelectual de um ser humano.
III- As capacidades físicas estão fortemente ligadas a uma herança genética, tendo o
treinamento dessas capacidades alguns limites, determinados pelos próprios genes
que cada indivíduo possui, não podendo ser alteradas.
110
3 Uma das capacidades físicas mais utilizadas no futebol e no futsal, além de outras tantas
modalidades esportivas, é a endurance orgânica ou resistência. Essa capacidade física
admite que um indivíduo realize exercícios físicos ou ações motoras de modo estendido,
tendo esforço contínuo, podendo ser em intensidade baixa ou média. A endurance ou
resistência é evidenciada pela possibilidade que um indivíduo tem de realizar atividades
físicas, suportando, por tempo considerável, a fadiga que a própria atividade promoveu,
somada a uma possível recuperação em um curto espaço de tempo. Essa resistência
orgânica pode ser aeróbia e anaeróbia, além de poder ser láctica ou aláctica. De acordo
com as características da capacidade física de endurance ou resistência, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) V – V – V – V.
111
4 Tanto no futebol quanto no futsal, por conta das especificidades dessas modalidades
esportivas, bem como da mecânica existente entre os jogadores de uma equipe
durante uma partida, as capacidades físicas de agilidade e velocidade têm grande
expressão quando se trata de um jogo. Disserte sobre as capacidades físicas, os
conceitos e as relações com essas modalidades.
5 As habilidades motoras podem ser definidas como atos ou tarefas que requerem
movimentos a serem aprendidos, a fim de serem executados de modo eficiente, ou,
ainda, demonstram ser a capacidade de realizar movimentos com eficiência ou a
habilidade que envolve movimentos voluntários do corpo ou membros para atingir
um determinado objetivo. No caso da habilidade considerada geral, trata-se daquela
que vem dominar movimentos complicados, conhecer novas práticas e, assim,
poder realizar adaptações a novas situações. Vale ressaltar que, por intermédio de
algum exercício físico, as habilidades motoras passam a ser feitas com maior grau
de qualidade, podendo chegar à automatização. As habilidades motoras, em grande
escala, expressam as capacidades físicas de modo complexo. Disserte sobre os três
diferentes tipos de habilidades motoras.
112
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS DO
FUTEBOL/FUTSAL
1 INTRODUÇÃO
Alves e Bello (2020) definem fundamentos, ações individuais ou habilidades
técnicas individuais de uma modalidade esportiva como as diferentes possibilidades de
atuação e intervenção no jogo. Os autores ressaltam que essas ações são viabilizadas
por meio dos gestos motores particulares em cada modalidade esportiva, de acordo com
a especificidade da prática, as regras, o material, entre outros. Essas ações são também
conhecidas apenas como técnicas, definidas como o domínio das ações motoras que
são permitidas na prática de cada modalidade esportiva de modo eficiente.
Essas habilidades técnicas individuais são reconhecidas pela forma racional, ideal
e eficiente, baseada na biomecânica e correspondente a uma sequência de movimentos
realizada corretamente de determinado gesto, que faz parte de todo o suporte que um
indivíduo necessita ter para participar, de modo efetivo, em uma modalidade esportiva
(BARBANTI, 2003). Assim, para a realização de uma boa técnica, segundo Barbanti
(2003), é necessário que o movimento seja executado com coordenação, precisão,
ritmo, leveza, facilidade e que alcance seus objetivos, ressaltando-se que, para que
esses fundamentos sejam executados de modo mais competente, necessitam, antes
de mais nada, ser aprendidos e, posteriormente, treinados.
113
Nessa mesma linha, Frisselli e Mantovani (1999) destacam que a execução
correta de uma habilidade técnica individual, em uma modalidade esportiva, é essencial
e concorre diretamente no resultado de um jogo.
Todas as vezes que um esportista for executar um gesto motor ou uma habilidade
técnica individual durante a sua participação nas ações, inevitavelmente, percorrerá
três fases, segundo Alves e Bello (2020):
114
• Fase de ação: é a principal fase, e o executante operacionaliza aquilo que estava
predeterminado por ele na fase anterior.
• Fase final: é a fase em que termina a execução do gesto.
ATENÇÃO
Barbanti (2003) afirma que, em aprendizagem motora, esquema é o
conjunto de regras formado pela obtenção da informação de experiências
de movimentos relacionados, que incluem o princípio do movimento
subjacente para essa classe de respostas. Pode ser ainda um esboço,
um plano ou um programa.
• Estágio de iniciação: deve ter baixa intensidade e ênfase no divertimento, com foco
dado ao desenvolvimento geral no esporte, e não apenas no desempenho de uma
modalidade esportiva tendo o treinamento variado e momentos de divertimento.
• Estágio de formação esportiva: deve haver um aumento moderado na intensidade
das propostas, enfatizando o desenvolvimento de aptidões e de habilidades motoras,
sem focar, de modo específico, em questões relacionadas ao desempenho e a vitórias.
• Estágio de especialização: deve acontecer com mudanças mais relevantes nos
treinamentos, sendo o volume e a intensidade planejados de modo a evitar lesões,
e os esportistas, por sua vez, passam a ter maior tolerância às exigências dos
treinamentos e das competições.
• Estágio de alto desempenho: é o resultado da boa elaboração dos planejamentos das
fases anteriores, tendo sempre, como bases, os princípios sólidos de desenvolvimento
através das ciências.
115
2 HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS NO FUTEBOL/
FUTSAL
Por se tratar de modalidades com características bastante semelhantes, no que
tange aos fundamentos, às ações individuais ou às habilidades técnicas individuais, o
futebol e o futsal se assemelham muito nesse quesito, ainda que a bola, o campo de
jogo e algumas regras sejam diferentes.
Muitos autores, como Carravetta (2001), Melo (2002), Paoli e Grasseli (2003),
Tenroller (2004), Costa (2007), Voser (2019), Alves e Bello (2020), apresentam como
principais ações individuais do futebol e do futsal: o domínio de bola, o controle de bola,
o passe, o chute, a condução de bola, o drible ou a finta, e goleiro.
O esportista deve escolher com qual parte do corpo fará o domínio da bola, a
partir de uma observação de sua altura e velocidade. Para ter um bom domínio de bola,
é imprescindível que o indivíduo esteja em equilíbrio. No caso do futebol e do futsal, as
partes do corpo que estão em constante desequilíbrio são os pés, visto que mantêm as
ações de deslocamento e, predominantemente, o contato com a bola.
Dessa maneira, a parte do corpo que melhor pode auxiliar as ações de manutenção
do estado de equilíbrio são os membros superiores. Por isso, os profissionais de Educação
Física que pretendem desenvolver atividades e treinamentos para trabalhar o domínio
de bola no futebol e no futsal devem levar em conta o equilíbrio e, consequentemente,
as atividades relacionadas com os membros superiores.
INTERESSANTE
Em se tratando de domínio de bola, cabe destacarmos o termo desarme,
considerado um ótimo recurso dos jogadores de defesa que tentam
abordar o adversário, para tirar o seu domínio de bola. Essa ação pode
ocorrer tanto em situações diretas contra o adversário como em modo
de antecipação, ou seja, antes que a bola chegue ao oponente.
116
Esse fundamento, essa ação individual ou habilidade técnica individual é usada
a todo momento em um jogo de futebol/futsal, especialmente quando o jogador busca
contato com a bola e, por isso, pode ser considerada tanto defensiva quanto ofensiva.
INTERESSANTE
Em relação aos fundamentos de domínio e controle de bola, ações
individuais ou habilidades técnicas individuais, sempre que o esportista
estiver com o controle da bola, ele estará com o domínio da bola, embora
nem sempre, quando estiver com o domínio da bola, tenha o seu
controle. No momento em que o indivíduo tem contato com a bola para
interceptá-la e entrar em domínio, ele tem o controle no instante em que
toca a bola. De modo resumido, o controle é a efetivação do domínio,
enquanto este se efetiva quando se faz o controle.
117
ATENÇÃO
As superfícies de contato são tidas como o local ou a região do corpo que entra ou está em
contato com a bola, de maneira voluntária ou não, podendo ser divididas em:
2.3 PASSE
É a ação de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a bola para um companheiro,
para um espaço vazio ou para lugar nenhum. Existe, no futebol e no futsal, o termo
assistência, que se caracteriza por ser um passe que deixa o companheiro em totais
condições de fazer um gol.
ATENÇÃO
O termo espaço vazio foi utilizado pelo ex-técnico da seleção brasileira
de futebol Claudio Coutinho como um “ponto futuro”, que prevê o
encontro da bola com o jogador em um local projetado por aquele que
executou o passe. No caso do “lugar nenhum”, entende-se ser a ação
realizada quando um jogador quer se livrar rápido da bola, sobretudo
em uma situação de perigo para a sua meta; assim, executa-se um
passe para fora do campo de jogo, preferencialmente para uma direção
afastada de sua meta.
118
Ao analisarmos o gesto técnico do passe (com o pé) no futebol ou no futsal, é
importante conhecermos a nomenclatura utilizada em relação aos pés do esportista.
O pé que faz o contato com a bola, no ato da ação, é chamado de “pé de chute”, “pé
de passe” ou “pé de contato”, e o pé que não faz contato com a bola no ato da ação é
chamado de “pé de apoio”.
ATENÇÃO
O pé de apoio, na execução de um chute, tem importância,
praticamente, igual ao pé de chute e deve ser posicionado de acordo
com o objetivo do passe (com o pé). O pé de apoio pode estar
posicionado atrás, ao lado ou à frente da bola.
O passe pode ser executado com qualquer parte do corpo: pé, cabeça, ombro,
abdome, coxa, joelho e, raramente, costas, e, no caso do futebol, os jogadores podem
usar os membros superiores na cobrança do arremesso lateral. Além disso, em ambas as
modalidades esportivas, o goleiro pode usar os membros superiores, desde que dentro
de sua área de meta.
119
2.3.2 A localização da bola
• Voleio: o executante entra em contato com a bola, localizada acima da altura do solo,
sem que ela entre em contato com o chão.
• Semivoleio (bate-pronto, bola de tempo): o executante entra em contato com a bola,
localizada acima da altura do solo, imediatamente após o contato dela com o chão.
2.3.4 Distância
A distância entre o executante e seu “alvo” (que pode ser um companheiro, um
espaço vazio/ponto futuro ou lugar nenhum):
120
2.3.6 Altura
A altura da bola em relação ao solo (a partir do momento que a bola perde o
contato com o jogador que fez o passe):
2.4 CHUTE
É a ação de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a bola com o objetivo de acertar
a meta adversária. O chute tem, como único e exclusivo objetivo, o gol adversário, sendo
executado exclusivamente com o pé. O último contato do pé com a bola antes de entrar
na meta também é conhecido como finalização.
ATENÇÃO
No meio esportivo, é muito comum escutarmos o termo “chutão”, que se refere a
uma ação em que o jogador impulsiona a bola para qualquer lugar, afastando-a
de um local perigoso, por exemplo, da sua área de meta. Entretanto, esse
termo fica descaracterizado, pois o objetivo do jogador, nesse caso, não
foi atingir a meta adversária. Dessa forma, nessa situação, o jogador
teria executado um “passão” (termo completamente impopular), pois o
seu objetivo seria um local distante de sua área. Em outras modalidades
esportivas, como o basquete e o handebol, chute pode referir-se a um ato
feito com as mãos. No futebol e no futsal, entende-se que o chute é executado
apenas com os pés. Diante disso, as características explicativas do chute
aproximam-se das características do passe, quando executado com os pés.
121
Pode-se estudar o chute de modo semelhante ao realizado nas análises sobre
o passe quanto:
• à superfície de contato da bola com o pé: para facilitar essa análise, pode-se visualizar
um pé como uma caixa de sapatos, tendo, portanto, seis possíveis diferentes
superfícies de contato:
º a parte lateral interna (condução, chapa ou chapado);
º a parte lateral externa (trivela, três dedos, desviado);
º a parte superior (dorso, peito do pé);
º a parte inferior (sola ou solado);
º a parte anterior (bico, bicanca, bicuda ou dedão), que pode ser distinguida de
duas maneiras: encoberta ou cobertura (quando o tempo de contato do pé na
bola é longo, favorecendo uma direção mais eficiente e uma menor velocidade na
ação) e o cavado ou cavadinho (quando o tempo de contato do pé na bola é curto,
desfavorecendo uma direção mais eficiente e favorecendo uma velocidade maior
na ação) – ambas proporcionam uma trajetória parabólica na bola;
º a parte posterior (calcanhar/osso calcâneo), distinguida de duas maneiras: o
calcanhar paralelo (em que o pé de apoio fica ao lado do pé de contato com a bola)
e o calcanhar cruzado (em que o pé de apoio se cruza com o pé de chute).
• à localização da bola:
º voleio: o executante entra em contato com a bola, localizada acima da altura do
solo, sem que ela entre em contato com o chão;
º semivoleio (bate-pronto, bola de tempo): o executante entra em contato com a bola,
localizada acima da altura do solo, imediatamente após o contato dela com o chão.
IMPORTANTE
A famosa “bicicleta” (imortalizada por Leônidas da Silva, conhecido como
Diamante Negro) pode ser considerada um chute ou passe (dependendo
do objetivo de quem executa) de peito de pé ou simples e de voleio.
122
como a cabeça, a coxa, o ombro etc. A condução de bola, quando executada com os
pés, pode ser descrita de acordo com o local de contato do pé com a bola:
Outra possível análise da condução de bola pode ser feita a partir da trajetória
que o esportista irá traçar em seu deslocamento:
Além disso, pode ser analisada com base na velocidade do deslocamento que o
esportista irá exercer em seu deslocamento:
123
• Simples: acontecem com mudanças curtas e rápidas de direção, podendo ser para a
frente, para trás, para a direita ou para a esquerda (slalon), quando o jogador fingirá
ir em uma direção, mas optará por outra (especificamente no futsal, também é
conhecido como gato, “dar o gato”).
• Com giro: são ações em que o jogador executa uma rotação, com o seu corpo, de 90,
180, 270 ou de 360 graus diante do seu adversário, tentando “dar-lhe as costas”, para
dificultar a ação de interceptação.
• De criação: são as ações diferentes das já citadas, ou seja, aquelas em que o jogador
se destaca pela inovação do movimento, apresentando uma nova forma. Destacam-
se: “elástico”, “pedaladas”, “chapéu”, “carretilha”, “da vaca”, “rolinho”, entre outros que
são considerados dribles, pois necessitam da presença da bola.
ATENÇÃO
É difícil conceber uma finta de criação, mas vale lembrar que é previsto
que aconteça, até porque nunca se deve duvidar da genialidade e das
surpresas que os jogadores de futebol e de futsal podem executar,
especialmente os brasileiros.
IMPORTANTE
As execuções de um drible ou uma finta assemelham-se à prática da capoeira, um
jogo, comumente, praticado no Brasil e dele originário, que propicia ao praticante a
utilização das “gingas”, da “malandragem”. Em razão da predominância do uso dos
membros inferiores na capoeira, os brasileiros tornam-se jogadores diferencia-
dos quando se observa a maneira pela qual executam esses gestos técnicos.
Atualmente, o drible e a finta são ações com muito valor no futebol europeu,
o que faz com que muitos atletas brasileiros sejam contratados por esses
clubes, por causa de suas facilidades na execução desses fundamentos.
124
Esse fundamento, essa ação individual ou habilidade técnica individual é
utilizada, essencialmente, nas ações ofensivas, em que o jogador tentará, no caso do
drible, em posse de bola, superar a marcação de um adversário, conquistando espaços
no campo/quadra; na finta, o jogador tentará, nesse caso, sem a posse de bola, superar
a marcação e conquistar espaços no campo/quadra, a fim de viabilizar a recepção da
bola ou ainda abrir espaços para seus companheiros de equipe.
2.7 GOLEIRO
O único jogador, tanto no futebol quanto no futsal, que tem prerrogativas
específicas em relação às regras do jogo é o goleiro. Diante dessas peculiaridades, existem
alguns gestos, fundamentos, ações individuais ou habilidades técnicas individuais
executadas pelos goleiros que podem ser analisadas, conforme discutido a seguir.
125
2.7.2 Arremesso (ação de enviar a bola a um companheiro)
• Com as mãos: pode ser executado com uma ou com as duas mãos e, dependendo do
objetivo, podendo ser curto, médio ou longo, de acordo com a distância do local que
o goleiro deseja que a bola alcance.
• Com os pés: o arremesso assemelha-se ao chute ou ao passe e pode ter como
objetivos um companheiro, um espaço vazio/ponto futuro, lugar nenhum (passe) ou
o gol adversário (chute).
• Colocação no gol (posição tomada pelo goleiro próximo a sua meta).
• Rebater: ação de rechaçar a bola, fazendo com que ela permaneça em jogo. Pode ser
executada, predominantemente, com o(s) punho(s) ou a(s) palma(s) da(s) mão(s) ou
com outra parte qualquer do corpo.
• Desviar: ação de alterar a trajetória da bola, com a intenção de direcioná-la para fora de
uma das quatro linhas da quadra de jogo. Pode ser executada, predominantemente,
com o(s) punho(s) ou a(s) palma(s) da(s) mão(s) ou com outra parte qualquer do corpo.
126
IMPORTANTE
Em razão das mudanças nas regras do jogo de futsal,
atualmente, os goleiros, além de exercerem funções específicas
de defesa da meta, também executam praticamente todas as
ações que os jogadores de linha, visto que, em grande parte
das equipes, utiliza-se o goleiro fora de sua área de meta.
Algumas equipes usam o jogador de linha como goleiro, para
atuar em situações do jogo nas quais há uma busca rápida
por um resultado positivo. Quando isso ocorre, são inúmeras
movimentações e situações de posicionamento na quadra,
para que a equipe que executa o ataque possa contar,
estrategicamente, com um jogador de linha a mais, no caso,
o “falso” goleiro.
No caso do futebol, muitas equipes têm optado por uma saída de
bola com tiro de meta ou reposição da bola em jogo pelo goleiro
com as mãos, próximo à grande área do goleiro, o que implica a
sua participação efetiva, especialmente em ações de passe.
ATENÇÃO
TREINAMENTO DO GOLEIRO
A ação do goleiro está diretamente ligada a sua capacidade
de reconhecer, de forma rápida, as informações ambientais
e, assim, planejar a ação mais adequada e acionar os grupos
musculares responsáveis para executar uma ação rápida
e precisa, em um ambiente de constantes modificações. O
treinamento do goleiro deve, então, se aproximar, ao máximo,
das características do jogo, sendo que a sua organização
deve simular o ambiente, com ocorrências que provoquem
mecanismos de associação às diferentes situações do jogo. Os
treinamentos devem proporcionar ao goleiro o maior número
de vivências tático-técnicas em todos os aspectos, a fim de que
ele consiga dominar o que deve fazer, quando fazer, como
fazer e onde fazer cada ação.
127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
128
AUTOATIVIDADE
1 Gestos, fundamentos ou habilidades técnicas individuais podem ser vistos e
reconhecidos pela forma racional, ideal e eficiente, baseada na biomecânica e
correspondente a uma sequência de movimentos realizada corretamente de
determinado gesto, que faz parte de todo o suporte que um indivíduo necessita ter
para participar, de modo efetivo, em uma modalidade esportiva. Além disso, esses
movimentos têm particularidades relacionadas a uma modalidade esportiva, tanto
nos aspectos individuais quanto nos coletivos, visto que, quando executada de modo
adequado, proporciona uma atuação motora de melhor qualidade, possibilitando,
ao esportista, uma ação mais objetiva e econômica. Soma-se, ainda, o fato de que
o domínio do gesto, fundamento ou habilidade técnica é parte de um contexto
extremamente importante para um bom raciocínio e desempenho tático, ou seja, um
esportista, tecnicamente, eficiente pode visualizar melhor o posicionamento dos seus
companheiros e dos adversários, tomando decisões mais rápidas e adequadas nas
diferentes situações durante uma disputa. Diante do exposto, para a realização de
um bom gesto, fundamento ou habilidade técnica, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita intensidade, volume, força e velocidade,
a fim de alcançar os objetivos, sendo que a melhora desses movimentos acontece a
partir de estudos científicos.
b) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita calma, segurança, concentração
e flexibilidade, a fim de alcançar os objetivos, sendo que a melhora desses
movimentos acontece a partir de estudos empíricos.
c) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita coordenação, precisão, ritmo
e leveza, a fim de alcançar os objetivos, pois a melhora desses movimentos
acontece a partir de treinamentos.
d) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita ética, amor, carinho e dedicação, a
fim alcançar os objetivos, uma vez que a melhora desses movimentos acontece
a partir do descanso orientado.
129
I- Estágio de iniciação: deve ter baixa intensidade e ênfase no resultado, com foco ao
desenvolvimento específico no esporte, apenas no desempenho de uma modalidade
esportiva, tendo o treinamento variado e momentos de competição.
II- Estágio de formação esportiva: deve haver um aumento moderado na intensidade das
propostas, enfatizando o desenvolvimento de aptidões e de habilidades motoras, sem
focar, de modo específico, em questões relacionadas ao desempenho e a vitórias.
III- Estágio de especialização: deve acontecer com mudanças mais relevantes nos
treinamentos, sendo o volume e a intensidade planejados de modo a evitar lesões,
e os esportistas, por sua vez, passam a ter maior tolerância às exigências dos
treinamentos e das competições.
IV- Estágio de alto desempenho: deve acontecer como resultado da boa elaboração
dos planejamentos das fases anteriores, tendo sempre, como bases, os princípios
sólidos de desenvolvimento através das ciências.
a) ( ) F – F – V – V – F – V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F – F – V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – F – F – V – F – F.
d) ( ) V – F – F – V – V – V – F – F – F.
130
4 Tanto no futebol quanto no futsal, o passe e o chute têm o mesmo conceito. Enquanto
o passe, que pode ser executado com qualquer parte do corpo, é definido como a ação
de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a bola para um companheiro, para um espaço
vazio ou para lugar nenhum, o chute é a ação de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a
bola com o objetivo de acertar a meta adversária, essencialmente, executado com os
dois pés, pois ambos participam da ação – o pé de apoio (que não entra em contato
com a bola) e o pé de chute (que entra em contato com a bola). Percebe-se, então,
que a principal diferença entre o passe e o chute, no futebol e no futsal, é o seu
objetivo. Vale ressaltar que quem determina o objetivo do gesto, do fundamento ou
da habilidade técnica individual é o sujeito que o executa. Ao analisar as diferentes
possibilidades de se executar um passe (com os pés) ou um chute, identifica-se o
local onde a bola entra em contato com as diferentes partes do pé. A partir dessa
contextualização, disserte sobre os diferentes locais de contato da bola com o pé,
para se executar um passe ou um chute, tanto no futebol quanto no futsal.
131
132
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
TREINAMENTO DAS HABILIDADES TÉCNICAS
1 INTRODUÇÃO
De modo geral, treinamento se refere à organização de atividades e/ou ações
com objetivo de melhorar algum tipo de comportamento, conhecimento, atividade,
aspecto, relações, sistema, ação ou atitude, relacionado a um indivíduo ou a um grupo
de indivíduos. O conceito de treinamento, via de regra, está quase sempre associado ao
universo dos esportes, das modalidades esportivas e das competições.
Autores, como Kanaane e Ortigoso (2018), sugerem que um treinamento deve ser
planejado com propostas nas quais o indivíduo, que será treinado, será exposto, de modo
repetido, a situações em que o aspecto a ser desenvolvido será utilizado. Vale ressaltar
que a repetição proporcionará, ao executante, mais experiência e, consequentemente,
maior lapidação das habilidades trabalhadas.
133
• Diagnóstico: é o levantamento de dados a partir de indicadores.
• Desenho: é a elaboração do programa em conformidade com o diagnóstico.
• Implementação: é a aplicação e a condução do programa elaborado.
• Avaliação: é a etapa final, em que se os resultados serão verificados.
2 TREINAMENTO ESPORTIVO
A especificidade do treinamento esportivo, ou seja, relacionado a algum tipo de
exercício físico ou alguma modalidade esportiva através de seus gestos, fundamentos ou
habilidades técnicas individuais, caracteriza-se pelo processo repetitivo e sistemático,
composto de exercícios progressivos que visam ao aperfeiçoamento do desempenho,
ou seja, é uma atividade organizada e sistematizada de aperfeiçoamento físico, nos seus
aspectos morfológicos e funcionais, que, em consequência, influenciarão diretamente
a capacidade de execução de gestos, fundamentos ou habilidades técnicas individuais
que envolvam possíveis demandas motoras, as quais podem ser esportivas ou não
(BARBANTI; TRICOLI; UGRINOWITSCH, 2004).
134
Ao organizar as atividades que serão desenvolvidas, para que se efetive o
treinamento das habilidades técnicas individuais do futebol, os profissionais de Educação
Física, com os outros profissionais que devem fazer parte da equipe multidisciplinar,
levam em conta vários fatores, entre eles:
IMPORTANTE
Para encontrar possíveis erros nas execuções dos gestos, fundamentos ou habilidades
técnicas individuais de um jogador durante uma partida de futebol/futsal ou,
ainda, encontrar falhas nas movimentações coletivas, pode-se utilizar uma
ferramenta chamada de escalte (scout) que fará os registros de tudo que
acontece durante um jogo, tanto para uso da equipe multidisciplinar
como de jornalistas esportivos. Inicialmente, as informações eram
coletas manualmente e preenchidas com lápis e caneta. Hoje,
existem vários programas e softwares para automatizar as análises
e, assim, fornecer os dados, de forma mais rápida e precisa, para
que os profissionais que utilizam esses dados tenham facilidade na
organização do trabalho técnico e tático dos jogadores nas equipes.
Essa ferramenta oferece, além dos dados de um jogo, vídeos dos lances,
que permitem visualizar os principais erros e acertos de cada jogador e
da equipe como um todo. A partir dessas informações, é possível analisar
diferentes jogos e comparar os dados maneira rápida e eficaz.
136
jogador toque a bola com os membros inferiores intencionalmente, será punido com
a perda da posse de bola para a equipe adversária).
• Para que o adversário “roube” a bola de quem tem posse, deve apenas tocar com as
mãos em qualquer parte do corpo daquele que está com a bola e, assim, o jogador
que estava com a posse de bola deve aguardar pelo primeiro lançamento ou passe
daquele que a “roubou” (essa situação assemelha-se a uma cobrança de falta e
o cobrador, nesse momento, não poderá ser tocado, mas também não poderá se
deslocar com a bola antes de executar o passe).
• O gol deve ser feito, exclusivamente, com a cabeça, sendo que o jogador não pode
lançar a bola para que ele mesmo a cabeceie para o gol.
• Nesse jogo, não há utilização das linhas demarcatórias, tampouco de goleiros, pois
todos os jogadores têm basicamente as mesmas funções, podendo, de acordo com
a determinação dos grupos, montar as suas estratégias.
• O jogo pode ser desenvolvido por tempo ou por um número de gols predeterminado.
2.2 PASSE
Para trabalhar esse gesto técnico, é necessário organizar o local, a fim de
que a ação atinja um objetivo estabelecido, ou seja, um alvo que pode ser fixo ou em
movimento (no caso do ponto futuro). O treinamento do passe pode ser feito com a
bola parada ou com a bola em movimento. O passe, em grande medida, é feito com os
pés, mas nada impede que se faça com as mãos (goleiro dentro da área de meta ou
arremesso lateral no futebol), com a cabeça, com o peito, com o joelho, com a coxa ou
com o ombro.
Caso o jogador esteja sozinho, a proposta é que ele encontre uma parede e faça
deslocamentos paralelos a esse muro, executando toques que serão direcionados em
uma trajetória diagonal, fazendo com que seu toque na parede incida no anteparo com
um ângulo de mais ou menos 45 graus e retorne a ele nesse mesmo ângulo, porém em
um local um pouco mais à frente de onde se iniciou a atividade.
137
as mãos em direção a diferentes partes do corpo do outro (cabeça, peito, joelho, coxa
e ombro), predispondo um objetivo para o qual a bola deverá ser enviada após o passe,
que pode ser um alvo fixo (no caso, seria um suposto companheiro) ou um espaço vazio,
ponto futuro.
2.3 CHUTE
Para trabalhar esse gesto técnico, é necessário que o jogador se atente à meta,
ao gol, que é o objetivo do chute. Ainda que o alvo esteja parado, fixo, em uma situação
de jogo, na maioria das vezes, existirá o goleiro, cuja função é tentar impedir que esse
chute se transforme em gol. O treinamento de chute pode ser feito com a bola parada ou
com a bola em movimento. O chute, via de regra, é executado com os pés. É importante
ter, na organização da execução de um chute, a colocação do pé de apoio, que pode
estar posicionado atrás, ao lado ou à frente da bola, dependendo de qual região o pé
terá contato com a bola.
O treinamento do chute, quando for feito com a bola parada (por exemplo,
em uma situação de cobrança de falta em um jogo), pode ser desenvolvido de modo
solitário, ou seja, o esportista colocará a bola em locais variados do campo de jogo e,
repetidas vezes, tentará acertar o alvo, no caso a meta.
138
º o “chutador” entrar em contato com a bola pela segunda vez antes de outro
participante o fazer;
º a bola furar a rede.
• No caso de o jogo ser feito em uma parede, após o chute, o “chutador” estará
desclassificado se:
º a bola não acertar no espaço demarcado;
º o “chutador” entrar em contato com a bola pela segunda vez antes de outro
participante o fazer.
• Caso haja erros e desclassificação de algum participante, o jogo será reiniciado com
um chute do mesmo local previamente acordado.
• Caso a bola toque em algum participante que não tenha feito essa intervenção na
sua vez de atuação, ele também estará desclassificado.
• Vence o jogo o último jogador que permanecer sem cometer nenhuma infração.
Esse treinamento pode ser feito tanto individualmente como com dois ou
mais companheiros. No caso de ser realizado sozinho, o esportista conduzirá a bola
em diferentes sentidos e direções, com diferentes velocidades, de acordo com as suas
próprias orientações. No caso de treinos em grupos, é possível que um dos envolvidos
monte um caminho a ser seguido pelos demais colegas, com algumas dificuldades, que
podem ser obstáculos, mudanças de sentidos e direções previamente determinadas,
com aumento ou diminuição da velocidade.
139
No caso de treinos em grupos, pode-se sugerir que os indivíduos andem ou
corram pelo espaço, com ou sem a bola, sendo que um dos membros do grupo deve
sugerir, em determinado momento, qual drible/finta quer que os seus colegas executem.
Fonte: https://www.guarapuava.pr.gov.br/noticias/pela-1a-vez-guarapuava-tera-equipe-feminina-de-fut-
sal-sub-20-disputando-a-liga-nacional/. Acesso em: 10 set. 2022.
140
LEITURA
COMPLEMENTAR
VELOCIDADE E FORÇA EM JOGADORES DE FUTEBOL:
ANÁLISE EXPLORATÓRIA
INTRODUÇÃO
141
a organização de período ideal de preparação periodizada das capacidades físicas
essenciais. Entre as preocupações da comissão técnica em relação ao desempenho,
situa-se a força muscular e a velocidade de movimento como fatores primordiais para
a eficácia do jogador.
METODOLOGIA
Para seleção do material, efetuaram-se três etapas, conforme descrito por Martelli
(2013). A primeira foi caracterizada pela pesquisa do material que compreendeu entre os
meses de janeiro a outubro de 2019 com a seleção de 39 trabalhos. A segunda, leitura
dos títulos e resumos dos trabalhos, visando a uma maior aproximação e conhecimento
com o tema. Após essa seleção, buscaram-se os textos que se encontravam disponíveis
na íntegra, totalizando 21 trabalhos, sendo estes, inclusos na revisão.
142
RESULTADOS
143
Uma tendência de treinamento que vem surgindo para melhorar as capacidades
de força muscular e velocidade é o treino pliométrico, que, segundo Moura (2005),
pode ser definida como um conjunto de exercícios que têm como objetivo aumento na
capacidade do músculo em armazenar e reutilizar energia elástica, além de aumentar
sua potencialização reflexa e mecânica.
144
treinamento não foram o suficiente para apresentar resultados significativos quanto
a capacidade de força explosiva desses atletas. Nesse estudo, fica evidenciado que a
carga de treinamento de força aplicada durante a fase de preparação no grupo avaliado
foi ineficaz para a produção do aumento da capacidade de força explosiva. Boa parte do
treinamento aplicado, 69,31%, teve ênfase em outras capacidades físicas, fazendo com
que os resultados obtidos, através do teste de força, não apresentassem melhora após
cinco semanas no período preparatório.
Segundo Pinto et al. (2017), o treinamento de força vem sendo mais aplicado
pelos preparadores físicos pelo fato de o futebol se encontrar em um processo de
mudança quanto as próprias características do jogo em si, tendo por sua vez novos
objetivos para se alcançar durante uma partida, com base no mesmo, as situações
de jogo que podem caracterizar o comprometimento dessa capacidade são: contatos
com bola, corridas, saltos, mudanças de direções, nos giros, nas fintas, disputas com o
adversário, entre outras diversas ações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
145
treinamentos para as capacidades de velocidade e de força muscular em jogadores de
futebol são vistas como as mais relevantes, junto aos treinamentos técnicos e táticos.
Nesse sentido, a literatura consultada sobre o tema desperta o olhar mais atento
dos profissionais ligados à preparação física de jogadores para essas duas capacidades,
recomendando que os treinamentos táticos e técnicos sejam acompanhados das
capacidades de sprinters e saltos, para influenciarem a capacidade de ações nos contra-
ataques, velocidade de reação nos saltos para cabeceios, chutes e passes em movimento.
146
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
147
AUTOATIVIDADE
1 Nas questões relacionadas ao treinamento esportivo, especificamente, encontram-
se processos repetitivos e sistemáticos, compostos por exercícios progressivos que
visam ao aperfeiçoamento do desempenho. Sobre como o treinamento esportivo é
considerado, assinale a alternativa CORRETA:
148
Assinale a alternativa CORRETA:
( ) Quando um esportista treina a condução de bola sozinho, ele conduzirá a bola por
diferentes sentidos e direções, com diferentes velocidades, de acordo com as suas
próprias orientações.
( ) Quando um esportista treina a condução de bola em grupo, um colega pode montar
um caminho a ser seguido por todos com alguns obstáculos, mudanças de sentidos
e direções, com aumento ou diminuição da velocidade.
( ) Quando um esportista treina a condução de bola em grupo, um colega oferecerá
tarefas a serem cumpridas, que podem ser verbais ou visuais (por exemplo, “carregue
a bola para o lado esquerdo”, “carregue a bola para trás” etc.).
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) V – V – V.
d) ( ) V – V – F.
ALVES, U. S.; BELLO, N. Futsal: conceitos modernos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2020.
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MELO, R. S. Trabalhos técnicos para futebol. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
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VOSER, R. Futsal: princípios técnicos e táticos. 5. ed. Canoas: Editora da Ulbra, 2019.
HABILIDADES TÁTICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
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155
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UNIDADE 3!
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156
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL
1 INTRODUÇÃO
O futebol é um dos eventos mais assistidos em todo o planeta e, em se tratando
de competições, a Copa do mundo de futebol tem atraído olhares por todos os cantos do
mundo, uma vez que o jogo da final e o de abertura apresentam audiências muito altas.
A atenção dos treinadores e dos membros das equipes técnicas passa a ser
a posição e os diferentes e possíveis posicionamentos dentro do campo de jogo, em
uma tentativa de criar e planejar estratégias ativas e alternativas, principalmente
relacionando-as aos diferentes adversários, ao tipo de campeonato, à posição na tabela
e ao local do jogo, a fim de alcançar as tão desejadas vitórias.
157
Uma das principais primícias da montagem e da organização das táticas de jogos
no futebol é desestruturar a equipe adversária, organizando as diferentes possibilidades
de atingir os pontos mais fracos do seu adversário, utilizando os pontos mais fortes da
própria equipe; logo, é fundamental que o treinador estude, de modo aprofundado, as
equipes adversárias antes dos jogos.
Para que isso aconteça, de modo eficiente e efetivo, cabe ao treinador conhecer
individualmente seus jogadores em nível técnico, com o objetivo de poder utilizar essas
características individuais, da melhor maneira possível, de forma coletiva.
Alves e Bello (2020) ressaltam que as ações coletivas só terão sucesso e eficácia
se estiverem adequadas às características e aos potenciais de cada jogador. Essas
ações são a efetiva utilização das técnicas individuais durante o jogo ou, ainda, um
conjunto de comportamentos e de movimentações individuais que deve ser utilizado,
da melhor forma possível, no âmbito coletivo.
Outro autor que discute o tema tática é Fernandes (2004), que sugere
estruturá-la em componentes de atividades intelectuais, psíquicas e físicas, podendo
158
ser dividida em: tática individual ofensiva, tática individual defensiva, tática de bola
parada, condições externas, tática de posição, tática de jogo coletivo e sistemas táticos.
159
Borsari (1989) define sistema de jogo como um esquema de distribuição dos
jogadores pelo campo de jogo, que procura atender às necessidades de proteção e
defesa da meta, somadas à ocupação do meio-campo e às necessidades de atacar
a meta adversária, objetivando fazer gols. Já em Melo (1999), sistema de jogo é uma
forma de distribuição dos jogadores no terreno de jogo, de forma que possa ocupar, de
maneira racional, todos os setores do campo.
Bem próximo a essas definições, Paoli e Grasseli (2003) ressaltam que o sistema
de jogo é a posição tomada por uma equipe dentro do campo de jogo, ou seja, a distribuição
dos jogadores com a finalidade de ocupar, racionalmente, todos os setores do campo.
Dessa forma, a distribuição dos jogadores pode ser dividida em grupos: o grupo da linha
defensiva, o da linha média e o da linha ofensiva (PAOLI; GRASSELI, 2003).
Unzelte (2002) corrobora e traz a origem da palavra tática: do grego taktike, que
significa “a arte de manobrar tropas”. Assim, tática é vista como um conjunto de ações
para otimizar o potencial da equipe no campo de jogo.
Outro autor que apresenta o conceito de tática é Borsari (1989), que sugere ser a
utilização prática e produtiva dos jogadores, para funções defensivas e ofensivas, tendo
entrosamento em possíveis variações dentro do jogo, ou seja, todas as ações coletivas,
realizadas durante o jogo, são consideradas táticas, com exceção das ações individuais,
demonstradas pelas habilidades técnicas individuais, como um passe, um chute, um
drible, uma finta ou uma condução de bola.
160
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE JOGO NO FUTEBOL
O formato do futebol moderno teve suas raízes na Inglaterra, por volta de 1823,
quando se estabeleceu o número fixado de jogadores, por equipe, dentro do campo de
jogo, em 11. Nessa época, ainda com muita influência das regras do rugby, o futebol
passava por muitas instabilidades técnicas e táticas (GIULIANOTTI, 2002; LEAL, 2000).
Segundo Melo (1999), naquela época, não havia marcação nas linhas do campo
de jogo nem tampouco as traves, mas apenas quatro bandeirinhas para apontar os
limites do campo e ainda dois postes que tinham a função de metas.
161
possivelmente, devido à falta de qualidade técnica de alguns atacantes, que, por
vezes, atrapalhavam os companheiros.
Desse modo, os escoceses decidiram recuar dois jogadores que ficavam à frente,
sendo um zagueiro e um meio-campista. Desenha-se, então, uma nova configuração,
tendo um zagueiro à frente do goleiro e um meio-campista com funções de ligar a
defesa ao ataque. Esse sistema ficou conhecido como 1×2×8.
162
Figura 5 – Sistema tático 1×2×3×5 – Piramidal
A partir de uma nova alteração na lei do impedimento, que impôs que apenas
dois jogadores devem estar mais próximos da linha de fundo, para dar condição de jogo
a um atacante, os treinadores fizeram novas configurações em seus sistemas de jogo
(MELO, 1999; SANTOS FILHO, 2002). Considera-se uma radical mudança o sistema de
jogo chamado de WM, apresentado por Herbert Chapman, à época, técnico do Arsenal,
da Inglaterra, em 1925.
A partir desse cenário, Chapman propôs colocar um maior reforço para sua
equipe no campo de defesa, trocando a função do jogador no meio de campo pela
função de um terceiro zagueiro, ficando à frente dos dois zagueiros da sua equipe,
posicionado mais próximo ao centro do campo.
163
O sistema proposto por Chapman fez muito sucesso, tanto que sua equipe, o
Arsenal, conquistou três títulos consecutivos da Liga Inglesa (1933, 1934 e 1935), tendo a
seguinte distribuição de seus jogadores em campo: o goleiro, uma linha de três zagueiros
na defesa, dois jogadores no meio de campo, dois meio-atacantes centralizados, um
ponta direita e um ponta esquerda, viabilizando jogadas com o centroavante. Conforme
Frisselli e Mantovani (1999), a partir da implementação do sistema de jogo WM, as
equipes introduziram, em seus sistemas de defesa, a chamada marcação individual,
diferentemente da antiga marcação por zona.
Os mesmos autores sinalizam que, com a evolução técnica e física das equipes,
o sistema WM sofre alterações e passa a ser chamado de Sistema Diagonal, o qual
foi utilizado pelas equipes brasileiras até 1958, tendo como marca os três zagueiros
jogando com maior liberdade e os meio-campistas recuando um pouco mais. Esse
sistema passa a ser identificado como 4×2×4, com os jogadores do meio de campo e da
defesa movimentando-se em ambos os espaços do campo de jogo.
164
campista recuado e o outro avançado. Essa seleção tinha ainda dois centroavantes, que
jogavam bem mais avançados que os dois ponteiros. Na busca de manter equilibrado
o espaço da defesa com o do ataque, os brasileiros tinham dois meio-campistas mais
recuados em relação aos zagueiros, estando à disposição para casos de necessidade
(FRISSELLI; MANTOVANI, 1999).
165
O time base da seleção holandesa tinha, em seu plantel, os seguintes jogadores
que fizeram história no futebol e são lembrados, nominalmente, até hoje: Jan Jongbloed,
Ruud Krol, Arie Haan, Wim Rijsbergen, Wim Suurbier, Van Hanegem, Johan Neeskens,
Wim Jansen, Rob Rensenbrink, Johan Cruijff e Johnny Rep.
Destaque para Johan Cruijff que, após parar de jogar futebol, em 1984, se tornou
um grande técnico, conquistando vários títulos, até 2016, ano em que faleceu.
NOTA
No início dos anos 1990, no Brasil, o técnico Oswaldo Alvarez (conhecido como Vadão,
falecido em 2020) foi o precursor de um sistema de jogo, analogamente
parecido com o Carrossel Holandês, chamado de Carrossel Caipira, que foi
utilizado na equipe do Mogi Mirim, de São Paulo, e tinha como principal
característica a alta velocidade na saída de bola, somada à grande
consciência tática, permitindo aos jogadores não guardarem posições
fixas. O técnico rompeu com os tradicionais pontas (direita e
esquerda) e introduziu o inesperado elemento surpresa, vindo
de trás. Os principais jogadores protagonistas desse sistema de
jogo foram Rivaldo, Leto e Válber, que, com muita versatilidade
para entender o pensamento do treinador, passaram a atuar de
maneira diferente daquela que estavam acostumados.
166
DICA
Sugerimos um documentário que mostra, de modo mais aprofundado, o
Carrossel Caipira. Assista: https://youtu.be/GD1WNc29UrY.
NOTA
O termo líbero é originário da língua italiana libero, que significa livre.
Normalmente, esse jogador se posiciona atrás da linha de zagueiros,
tentando preencher os espaços deixados por eles. Por ficar “livre”, quando
a equipe estiver sendo atacada, o jogador deve participar da marcação e,
quando com a posse de bola, ele pode se deslocar e se movimentar por
qualquer setor do campo, auxiliando a troca de passes e a armação de
jogadas de ataque. O seu posicionamento, em grande medida, é à frente
da sua área de meta em uma posição bem centralizada.
167
Figura 11 – Sistema tático 3×5×2
Nos Estados Unidos, em 1994, o sistema de jogo que levou a seleção brasileira
ao tetracampeonato mundial foi o 4×4×2, também utilizado por outros países, assim
como algumas seleções fizeram uso do sistema 4×5×1, que teve, na Copa seguinte,
em 1998, na França, uma excelente performance pela seleção da Noruega. Este último
sistema mostra um goleiro, quatro defensores (dois zagueiros no meio da área e dois
laterais), cinco meio-campistas e apenas um atacante, o que facilita a função da defesa,
que sempre estará posicionada para ganhar a bola, principalmente quando estiver alta,
como ressalta Melo (1999).
168
3.2.1 O sistema de jogo 4×3×3
Esse sistema de jogo surgiu a partir do sistema de jogo 4×2×4, que foi utilizado
pela seleção brasileira na Copa de 1962. O sistema 4×3×3 foi incorporado, pela nossa
seleção, a partir da Copa de 1970, quando a preocupação era preencher totalmente
todos os espaços e setores do campo.
Borsari (1989) mostra que, nesse sistema 4×3×3, a distribuição dos jogadores
é feita com quatro defensores (dois zagueiros e dois laterais), três jogadores de meio-
campo (dois volantes e um meia de ligação) e três atacantes. A ideia, segundo o autor, é
ter uma definição defensiva bem clara nesse sistema, para viabilizar ações dos laterais
no sentido longitudinal.
A evolução da preparação física dos jogadores foi essencial para o sucesso desse
sistema de jogo. Os atacantes começam a participar de modo efetivo na marcação,
os meio-campistas conseguem alternar ações defensivas com ações ofensivas e os
defensores têm um pouco mais de autonomia para deixar o setor de defesa e ir ao
campo de ataque. Essas condições físicas melhoradas dos atletas facilitaram, em
grande medida, que pudessem ocupar todos os setores do campo, expondo cada vez
mais as condições técnicas de cada um.
169
Ainda, na distribuição defensiva, os zagueiros têm funções nomeadamente
defensivas, conforme Melo (1999) e Capinussú e Reis (2004), ainda que, eventualmente,
tenham ações ofensivas, sobretudo quando em bolas paradas, faltas ou escanteios, ou,
ainda, em alguma jogada ensaiada anteriormente, para aproveitar alguma situação pontual
do jogo. Os zagueiros que, em grande medida, têm estatura elevada, são aproveitados em
jogadas aéreas (bolas altas), para fazerem cabeceios. Nas funções defensivas, podem
fazer marcações individuais dos atacantes, desde que tenham um companheiro de
equipe em uma posição atrás deles, para o caso de esse zagueiro sofrer um drible.
NOTA
O meia de ligação é o jogador que atua, principalmente, na zona
do meio de campo e tem como principal função criar as jogadas de
ataque, podendo atuar tanto pelo lado direito, esquerdo ou mesmo
pelo centro do campo. Por conta dessas funções, têm uma habilidade
técnica individual bastante desenvolvida e são, comumente, chamados
de “cérebros” da equipe.
Ainda, em relação a esse setor do campo, Capinussú e Reis (2004) revelam que
os volantes e o meia de ligação contribuem, de modo direto, na ligação da bola do setor
defensivo para o de meio de campo e ataque, sendo que, muitas vezes, essa bola pode
chegar com ampla possibilidade de gol. Outra importante função dos jogadores desse
setor é finalizar as jogadas, sobretudo aquelas criadas por eles ou pelos atacantes.
Esse tipo de ação, em que o volante ou o meia de ligação penetra na área adversária, é
170
conhecido como “facão”. Os autores ainda acrescentam que os jogadores desse setor
devem ter um excelente domínio e controle de bola, um bom passe e uma ampla visão
de jogo, o que facilitará todas as suas ações, tanto ofensivas quanto defensivas.
NOTA
O “facão”, no futebol, é uma jogada que tem como característica principal uma
corrida em alta velocidade de um jogador, que tenta receber uma bola em
condições de fazer um chute e, consequentemente, o gol. Essa corrida é feita
em diagonal às linhas laterais do campo no sentido para dentro do campo.
De modo geral, esse sistema tem uma boa definição defensiva, que acontece
com a aproximação deste setor com o de meio de campo, o que possibilita muitas ações e
movimentações dos laterais. Ainda, permite muitas variações que podem ser feitas de acordo
com as características do grupo de jogadores, bem como do momento específico do jogo,
em relação ao placar ou ao tempo. Uma boa efetivação da utilização desse sistema de jogo,
segundo Borsari (1989), acontece se a equipe jogar de um modo chamado de “compactado”.
171
Figura 12 – Sistema tático 4×3×3 – variações
172
no setor defensivo quanto no setor ofensivo, os laterais são os principais responsáveis
pelas cobranças de arremessos laterais (LEAL, 2000; CAPINUSSÚ; REIS, 2004).
Ainda, no setor do meio de campo, junto aos volantes, esse sistema apresenta
dois meias de ligação, que são os principais responsáveis por fazer a ligação da bola do
setor defensivo para o de ataque. Defensivamente, os meias de ligação devem fazer a
marcação dos volantes adversários, quando estes têm a posse de bola, em situação de
saída de bola. Ofensivamente, os meias de ligação têm um papel essencial, com base na
possibilidade de entregar a bola aos atacantes e ainda de fazer a finalização de algumas
jogadas de ataque. Uma característica bem marcante dos meias de ligação, segundo
Deshors (1998), é o fato de serem extremamente habilidosos, no que se refere aos
fundamentos individuais do futebol, com um toque de bola conhecido como “refinado”.
NOTA
O “toque refinado” na bola de futebol é considerado aquele toque em que o
jogador consegue fazer passes, chutes, lançamentos e cruzamentos com uma
mínima ou quase nenhuma possibilidade de erro, ou seja, o toque refinado,
normalmente, é feito por jogadores muito bem treinados, que atingem, em
grande medida, seus objetivos na execução desses fundamentos.
173
Esse setor de meio de campo é o local onde acontecem algumas variações
desse sistema de jogo, efetivamente, pelo posicionamento dos meias, os quais indicam
mudanças em algumas funções dos demais jogadores da equipe (DRUBSCKY, 2003).
Nesse setor, que conta com quatro jogadores, é possível que a distribuição de funções
ocorra das seguintes maneiras:
NOTA
Curiosamente, o setor de meio de campo desse sistema jogo ficou
conhecido como “diamante”, pois a distribuição desses jogadores
parece formar a figura com o formato dessa pedra.
No setor de ataque, esse sistema conta com dois atacantes, que têm funções,
predominantemente, ofensivas, devendo ser efetivadas na concretização em gols,
sendo que, para isso, devem buscar e receber a bola em grande parte do setor do meio
de campo, mas ainda com pequenas possibilidades de receber do setor defensivo.
Esses atacantes também são responsáveis, em se tratando de ações defensivas, por
oferecer o primeiro combate na marcação da saída de bola da equipe adversária, como
enfatiza Deshors (1998).
NOTA
A dupla de atacantes é composta por um atacante considerado mais fixo,
mais centralizado, que, normalmente, é aquele que faz os gols, e outro
que atua pelas pontas, cuja característica é ser mais veloz, possibilitando
fazer “assistências” ao colega de equipe. No caso do termo “assistência”,
é considerado como o último toque, o passe final antes da conclusão da
jogada para fazer o gol.
A partir desse cenário, percebe-se que esse sistema tem algumas características
que merecem ser destacadas, segundo Paoli e Grasseli (2003), como:
174
• limita as possibilidades ofensivas, visto que só há dois atacantes;
• aumenta o espaço no setor defensivo da equipe adversária, onde se iniciam as jogadas.
175
deve estar sempre atento, para que, em qualquer situação, como um dos outros dois
zagueiros receber um drible, possa fazer a cobertura e tentar evitar o avanço do adversário.
Ainda que as funções dos três zagueiros, nesse sistema de jogo, sejam defensivas,
eles também auxiliam na saída de bola da defesa para o meio de campo, podendo ser
solicitados para participar de ações ofensivas, geradas a partir de bolas paradas, como
faltas ou escanteios, quando a bola poderá ser alçada dentro da área adversária, a fim
de que esses zagueiros possam fazer cabeceios, visto que, normalmente, têm estatura
elevada, como indicam Leal (2000) e Capinussú e Reis (2004). O líbero também tem
muita liberdade para se deslocar por vários setores do campo, contribuindo com as
ações ofensivas e na organização das jogadas.
Nas funções defensivas, os alas devem fazer a marcação dos laterais e dos
meias de ligação da equipe adversária, quando esta tem a posse de bola, auxiliando
os volantes da sua equipe nas marcações nos setores de meio de campo e defensivo,
contribuindo com os três zagueiros principalmente nas jogadas de maior velocidade da
equipe adversária (LEAL, 2000).
176
A partir desse cenário, percebe-se que o sistema 3×5×2 tem algumas
características, segundo Paoli e Grasseli (2003), que merecem ser destacadas:
177
3.3.1 O sistema de jogo 3×4×3
O sistema de jogo 3×4×3, conforme Leal (2000), surge na década de 1990,
sendo uma variação do sistema de jogo 4×3×3, que fora muito utilizado pelas equipes da
Holanda, tendo como um bom exemplo desse uso a equipe do Ajax. A ideia da variação
foi aumentar o número de jogadores no meio de campo, abrindo mão dos dois jogadores
laterais e mantendo um dos jogadores de defesa com funções de líbero. Esse meio de
campo é organizado a partir de um volante, dois meias e um meia articulador que irão
abastecer o ataque, formado por três jogadores, sendo um centroavante e dois pontas.
NOTA
O meia articulador, no futebol, é considerado o jogador que joga pelo
setor do meio de campo, fazendo a armação das jogadas, articulando os
setores do campo e tendo como principal intenção levar a bola do setor
de defesa para o setor de ataque. Uma das principais características
desse jogador é a velocidade no pensamento e na ação, viabilizando
situações inesperadas para seus adversários, que, muitas vezes, são
surpreendidos com suas rápidas jogadas.
178
O maior êxito da utilização desse sistema foi feito pela seleção francesa, em
2006, na Copa do mundo, realizada na Alemanha, quando ela se sagrou vice-campeã,
perdendo a final para a Itália. Nesse evento, o sistema foi organizado com uma linha de
quatro jogadores na defesa (quatro zagueiros ou dois zagueiros e dois laterais), cinco
jogadores no meio de campo (dois volantes, sendo um de marcação e outro ofensivo,
um meia articulador, dois alas/pontas ajudando no ataque) e um centroavante.
NOTA
O técnico argentino Marcelo Bielsa é apelidado, no mundo do futebol,
de “el loco” (o louco), justamente pela sua criatividade e ousadia em
organizar equipes com sistemas não muito tradicionais.
179
Figura 17 – Sistema tático 3×6×1 – moderno
4 ANÁLISE DE DESEMPENHO
Um dos instrumentos utilizados, atualmente, no futebol e no futsal, para avaliar
as questões relacionadas às táticas de jogo é a análise de desempenho, que auxilia a
comissão técnica, em especial os treinadores, a entender, de modo efetivo e real, as
ações de cada jogador e da equipe em campo.
O olhar científico, para dados da prática esportiva que antes eram informais,
tem favorecido um enorme avanço para o entendimento do jogo, que traz inúmeras
contribuições para o desenvolvimento das modalidades esportivas, em especial o
futebol e o futsal.
180
quanto no futsal, passou a ganhar espaço, sendo integrada nas comissões técnicas dos
clubes, especialmente no cenário do esporte profissional.
181
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Conceitos sobre sistemas de jogo, isto é, o conjunto das táticas de uma equipe que
apresenta as possíveis movimentações de cada jogador dentro do campo de jogo.
Em grande medida, o sistema de jogo de uma equipe não varia, mas, sim, as táticas.
• Conceitos sobre táticas de jogo, pois cada jogador, em uma equipe, exerce
determinadas funções e executa algumas movimentações planejadas que irão
acontecer dentro do sistema de jogo escolhido, podendo variar durante todo o jogo.
182
AUTOATIVIDADE
1 Com a evolução prática do futebol, no que tange a equipamentos, espaços e
preparação física, ou seja, a ciência, as equipes multidisciplinares, que atuam nessa
modalidade esportiva, concentram seus planejamentos e organizações na posição de
cada jogador, no posicionamento de cada jogador, com o intuito de criar estratégias e
possibilidades de vencer os jogos. A eficiência e a efetividade desse tipo de trabalho
estão diretamente ligadas ao conhecimento prévio que a equipe multidisciplinar tem
que ter de cada um de seus jogadores, de modo individualizado, em nível técnico,
físico, emocional e mental, para que possa utilizar as caraterísticas, da melhor maneira
possível, dentro do coletivo, ou seja, no time. Surge, então, a preparação em nível
tático, ou seja, como utilizar as características de cada jogador, para montar a melhor
distribuição dos jogadores dentro do campo de jogo. Vale ressaltar que a execução
correta das habilidades técnicas individuais de uma modalidade esportiva, por parte
dos jogadores, é muito importante, mas não terá nenhum sentido se a efetivação
dessa habilidade técnica individual acontecer durante o jogo, em desacordo das
ações coletivas. Sobre o principal objetivo da organização tática de uma equipe de
futebol é, assinale a alternativa CORRETA:
183
I- Sistema de jogo que pode ser considerado o conjunto das táticas que determinam
as ações e as características de uma equipe, ou seja, a ideia do jogo chamada de
desenho tático, esquematizações, variações, posturas, sistemas de marcação,
detalhes táticos e estilos de jogo.
II- Sistema de jogo que pode ser considerado a organização coletiva dos dez jogadores
de linha, sendo que as responsabilidades de cada jogador e o papel que cada um
tem se difere de um sistema para outro, o que implica que um jogador se encaixe
em sistemas diferentes.
III- Sistema de jogo pode ser considerado um esquema de distribuição dos jogadores
pelo campo de jogo, que procura atender às necessidades defensivas da ocupação
do meio-campo e da viabilidade de atacar a meta adversária, objetivando fazer gols.
IV- Sistema de jogo que pode ser considerado uma forma de distribuição dos jogadores
no terreno de jogo, a fim de poder ocupar, de maneira racional, todos os setores do
campo, a fim de, exclusivamente, fazer uso de jogadas com a bola parada.
V- Sistema de jogo que pode ser considerado uma posição tomada pela equipe
dentro do campo de jogo, ou seja, a distribuição dos jogadores com a finalidade
de ocupar, racionalmente, todos os setores do campo: a linha defensiva, a linha
média e a linha ofensiva.
VI- Sistema de jogo que pode ser considerado uma forma de atuação da equipe, quando
se trata da distribuição desordenada dos adversários dentro da área de meta, ou
seja, é o rascunho formado pelos jogadores na lousa.
184
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada no Chile, o Brasil apresentou um sistema de
jogo definido como 4×3×2×1.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada no México, pela primeira vez, o Brasil
apresentou um sistema de jogo definido como 4×3×2×1.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada na Alemanha, a Holanda apresentou um
sistema de jogo definido Carrossel Holandês.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada no México, pela segunda vez, a Argentina
apresentou o sistema de jogo 3×5×2.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada nos Estados Árabes Unidos, o Brasil utilizou
o sistema de jogo 4×4×2.
( ) Na Copa do mundo de futebol de 2002, realizada no Japão e na Coreia, o Brasil
utilizou o sistema de jogo 3×5×2.
a) ( ) F – F –V – V – F – V.
b) ( ) V – F – F – F –V – V.
c) ( ) F – V – V – V –V – F.
d) ( ) V – V – V – F – F – F.
185
186
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
TÁTICAS DE JOGO NO FUTSAL
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, há algum tempo, o futsal é a modalidade esportiva considerada mais
praticada em território nacional. Ainda que essa prática aconteça nos âmbitos do alto
rendimento e recreativo, é no âmbito escolar, mais precisamente nas aulas de Educação
Física, que tem tido grande utilização por parte dos alunos em formação da educação
básica (ALVES; BELLO, 2020).
A partir dessa dúvida, muitos autores, como Apolo (1995), Figueiredo (1996),
Lucena (1994), Teixeira Júnior (1996) e Zilles (1987), apresentam suas versões, fazendo
ponderações e reflexões acerca dessa paternidade do futebol de salão.
Essas discussões têm seu início nos anos 1930 e 1940, mais especificamente
na Associação Cristã de Moços (ACM), que promovia, com seus professores e
treinadores, intercâmbios internacionais, a fim de que cada um pudesse compartilhar
os conhecimentos de suas atividades e conhecer as atividades que os demais colegas
desenvolviam em seus países.
188
Esses fatos contribuíram, em grande medida, para que os habitantes daquele
país quisessem, de alguma forma, praticar futebol. Entretanto, como aquela região é
bastante fria, em nível de temperatura, Zilles (1987) ressalta que muitos aficionados pelo
futebol resolveram jogar em espaços cobertos (no caso, as quadras de basquete da
ACM), para minimizar o frio.
Um dos brasileiros, que viu a prática do futebol nos ginásios cobertos da ACM do
Uruguai, foi Habib Maphuz, que trouxe a ideia para a ACM de São Paulo (ZILLES, 1987).
Maphuz criou o primeiro regulamento dessa modalidade no início da década de 1950 e
ainda se tornou presidente da Federação Paulista de Futebol de Salão.
Esse cenário ecoou, em nível mundial, e fez com que a Federação Internacional
de Futebol (FIFA, sigla do francês Fédération Internationale de Football Association)
presenteasse o Uruguai como o primeiro país a sediar o primeiro campeonato mundial
de futebol, em 1930, segundo Lucena (1994). Nessa primeira Copa do mundo, o próprio
Uruguai sagrou-se campeão, enquanto o Brasil teve apenas uma participação discreta,
terminando na sexta colocação.
Nesse contexto, parece ser o Uruguai o país que criou o futebol de salão.
189
2.2 A ORIGEM DO FUTEBOL DE SALÃO: VERSÃO BRASILEIRA
Segundo depoimentos dos professores que tinham vínculos com as ACMs, no
início da década de 1930, há relatos de que os alunos da ACM de São Paulo iniciaram a
prática do futebol nos salões de festas, nas quadras de basquete e nas quadras de hóquei
sobre patins daquela associação. A prática ocorria com a utilização de pequenos gols
da modalidade esportiva de hóquei sobre patins, tendo um caráter predominantemente
recreativo (ZILLES, 1987; LUCENA, 1994; APOLO, 1995; FIGUEIREDO, 1996; TEIXEIRA
JÚNIOR, 1996).
Nesse contexto, parece ser o Brasil o país que criou o futebol de salão.
190
Posteriormente, foi criada a Confederação Sul-Americana de Futebol de Salão
(CSFS), em 1969, e em nível mundial, em 25 de julho de 1971, foi fundada a Federação
Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), no Rio de Janeiro, tendo o brasileiro João
Havelange como seu primeiro presidente.
Mais tarde, em 1979, a sede da Federação Cearense viria a ser a sede da CBFS,
tendo como seu primeiro presidente Aécio de Borba Vasconcelos.
O professor da ACM de São Paulo, Habib Maphuz, no início dos anos 1950,
participou da elaboração das normas para a prática de várias modalidades esportivas
dentro das ACMs, sendo uma delas o futebol de salão, que deveria ser jogado em
quadras. Consequentemente, o professor Habib, em parceria com Luiz Gonzaga de
Oliveira Fernandes, elaborou o primeiro livro de regras do futebol de salão, editado para
o mundo em 1956.
191
3 A CRIAÇÃO DO FUTSAL
Para entendermos a origem do futsal, é importante, inicialmente, conhecermos
as instituições organizadoras das modalidades esportivas relacionadas ao futebol e ao
futebol de salão.
O crescimento do futebol de salão foi mais rápido do que o previsto, o que levou
os dirigentes da FIFA a darem atenção especial a esse crescimento (FONSECA, 2007).
Enquanto isso, nos Estados Unidos, era praticada uma modalidade denominada
indoor soccer (futebol de ginásio fechado), reforçando a característica dos norte-
192
americanos de não copiar nada. Esse jogo tem muitos aspectos do futebol de salão,
porém é considerado um pouco mais violento, como ressaltam Alves e Belo (2020).
Após vários estudos dentro da FIFA, além das mudanças em algumas regras
do jogo, resolveu-se adotar o nome futsal para a modalidade, pois essa nomenclatura
teria facilidade de pronúncia em todas as partes do mundo, sobretudo no Oriente
(SARDINHA, 2021).
193
Além do nome, outras mudanças no jogo marcaram essa transformação, por
exemplo, a quadra, o tamanho e o peso da bola, o arremesso lateral, que passou a ser
cobrado com os pés, e a utilização dos goleiros fora da área de meta (SARDINHA, 2021).
Em 1989, houve um campeonato mundial, com sede nos Países Baixos, vencido
pelo Brasil. Em 1992, após esse acordo entre as entidades ter sido firmado, foi realizado
o Campeonato Mundial, com sede em Hong Kong, que teve o Brasil como campeão e os
Estados Unidos como vice. Esse evento, segundo Alves e Belo (2020), teve uma grande
força de público e divulgação, o que promoveu uma enorme busca de patrocinadores.
194
Em grande medida, o sistema de jogo no futsal é a distribuição posicional dos
jogadores na quadra, e a tática de jogo corresponde às possíveis movimentações que
esses jogadores poderão executar dentro daquilo que o sistema permite fazer durante
uma partida (ALVES; BELLO, 2020).
No futsal, é muito comum ver equipes atuando com sistema de jogo que
permitem inúmeras variações nas movimentações, nos posicionamentos e nas funções
de seus jogadores, o que faz essa modalidade esportiva ser extremamente versátil.
• Goleiro: é o jogador que tem o privilégio de poder usar as mãos dentro da sua área
penal. Este jogador pode sair de sua área penal e atuar como jogador de linha,
passando, assim, a ter as mesmas regras dos demais atletas. Sua principal função
é a de defender a sua meta, sendo ainda possível contribuir diretamente em ações
ofensivas. O goleiro é o responsável pela chamada cobrança do arremesso de meta.
NOTA
O arremesso de meta, no futsal, se difere do tiro de meta do futebol. No
futsal, essa ação é feita com a(s) mão(s) e, no futebol, com os pés. No futsal,
é feita exclusivamente pelo goleiro. No futebol, qualquer jogador pode
fazer. No futsal, o goleiro pode executar esse arremesso de qualquer
lugar, desde que dentro de sua área penal. No futebol, a cobrança
do tiro de meta deve ser feita de dentro da área de meta. No futsal,
a bola entra em jogo assim que sair das mãos do goleiro e, no
futebol, a bola entra em jogo assim que for tocada pelo jogador
executante. Tanto no futsal quanto no futebol essa ação acontece
quando a bola atravessar inteiramente a linha de fundo da quadra
ou do campo de jogo, pelo alto ou pelo solo, após ter sido tocada ou
jogada pela última vez por um jogador da equipe adversária.
195
• Fixo: é o jogador que, na maioria das vezes, é o último elemento da defesa antes
do goleiro, colocando-se em posicionamento bastante recuado em relação ao seu
ataque. Esse jogador faz muitas movimentações, a fim de proteger a sua meta e
deve ser um bom marcador, principalmente em se tratando de marcação individual.
Ele deve ser um bom comunicador, pois está à frente do goleiro e, por isso, também
tem uma visão ampla da quadra de jogo, o que favorece organizar posicionamentos e
ações de seus companheiros. O fixo também participa do início das jogadas e auxilia
os alas, tanto nas questões defensivas quanto nas ofensivas.
• Alas: são os jogadores que utilizam as laterais da quadra para fazer suas ações tanto
ofensivas quanto defensivas. Esses jogadores são aqueles que fazem a ligação da
bola da meia quadra de defesa para a meia quadra de ataque e, por isso, devem
ser velozes e com boa agilidade. Nas ações defensivas, os alas devem contribuir
na contenção de ações ofensivas da equipe adversária nesse setor da quadra. Nas
ações ofensivas, devem organizar as jogadas para que a bola chegue ao pivô. Por ter
o formato de um retângulo, a quadra de futsal tem duas laterais, que são ocupadas
pelos alas direito e esquerdo.
• Pivô: é o jogador que se posiciona de modo mais avançado da quadra, geralmente, na
meia quadra de ataque. Esse jogador é responsável por fazer a finalização das jogadas,
que, em grande medida, devem ser concluídas em gol através de seus chutes. O pivô
deve ter um chute bastante forte e ter um bom domínio e controle de bola, visto que,
muitas vezes, atua de costas para o gol adversário e necessita fazer uma rotação,
a fim de se posicionar de frente e, assim, poder fazer a conclusão das jogadas. No
quesito defensivo, o pivô tem um papel importante no posicionamento no meio da
quadra, para poder ajudar na marcação da saída de bola da equipe adversária.
196
A partir dessa distribuição dos jogadores e das regras atuais que vigoram na prática
do futsal, ressalta-se que essa modalidade esportiva exige um raciocínio, extremamente,
rápido de seus jogadores, no que tange as suas intervenções, além de se ter uma condição
atlética bem elevada, visto que a dinâmica de jogo, atualmente, é de altíssima velocidade.
Garganta (2002) acrescenta que um jogador, durante o jogo, deve saber o que
fazer, a fim de poder resolver o problema que virá posteriormente a sua ação. Visto
que as decisões, durante um jogo, via de regra, segundo Souza (2002), são táticas,
pressupõe-se uma atitude cognitiva do jogador para que possa reconhecer, orientar-se
e regular suas intervenções. O mesmo autor complementa essa ideia afirmando que as
decisões que um jogador toma, com ou sem a bola, seja de modo individual ou coletivo,
fazem parte do conceito de tática.
197
Figura 22 – Princípios táticos do futsal
• a penetração;
• a cobertura ofensiva;
• a mobilidade;
• o espaço.
• a contenção;
• a cobertura defensiva;
• o equilíbrio;
• a concentração.
198
4.1.1 Táticas de ataque
Ao discutir o ataque no futebol ou no futsal, Castelo (1999) define, como forma
geral de organização das dinâmicas dos jogadores no setor de ataque, métodos de jogo
ofensivo (MJO), os quais têm origem em Portugal, com três formas fundamentais:
199
Ainda que a dupla de jogadores seja orientada a ficar mais avançada (no ataque)
ou mais recuada (na defesa), as funções desses jogadores devem ser mais flexíveis,
uma vez que a dupla atacantes deve ajudar a defesa e a dupla da defesa, o ataque, visto
que grande parte das equipes de futsal organiza seu ataque e sua defesa com, pelo
menos, três jogadores.
Uma crítica, em relação a esse sistema de jogo, é feita por Mutti (2003), que
afirma que existem poucas opções de jogadas, por conta da colocação em quadra dos
jogadores, pois ambos os setores, de defesa e de ataque, ficam carentes e deficientes,
no que tange a ter apoio.
NOTA
A distribuição dos jogadores em quadra, no sistema 2×2, representa
o desenho de um “caixote”, formato pelo qual esse sistema também é
conhecido, assim como por “quadrado”.
200
4.2.2 Sistema de jogo 2×1×1
Sistema que pode ser considerado uma variação do sistema de jogo 2×2,
organizado com dois jogadores na defesa (um fixo e um dos alas que pode ser o direito
ou o esquerdo), um jogador pelo meio (um dos alas, que pode ser o direito ou o esquerdo)
e um jogador no ataque (pivô), conforme mostra Mutti (2003).
Nas equipes de futsal de alto rendimento, esse sistema faz parte da organização
dos jogadores, principalmente nas jogadas de saída de bola, e tem a intenção de
enganar a marcação que, porventura, seja de “pressão” do adversário, visto que há,
nesse sistema, uma aproximação maior de um dos jogadores de frente, em relação aos
jogadores de defesa.
NOTA
A chamada marcação de “pressão” é aquela em que os jogadores da
equipe que estão sem a posse de bola ficam bem próximos, encostados,
aos jogadores da equipe que tem a posse de bola. A ideia dessa marcação
é provocar um erro da equipe que está com a posse de bola, induzindo
que essa equipe utilize o goleiro, pois todos os jogadores de linha estão
marcados, para fazer um lançamento ou sair jogando sozinho, quando o
lance não for um arremesso de meta.
201
Figura 24 – Sistema tático 2×1×1
Essa distribuição dos jogadores em quadra fica bem parecida com a figura
geométrica do losango, o que distancia, tanto o fixo quanto o pivô, dos jogadores que
se concentram na metade da quadra, nesse caso, os alas. Esse posicionamento dos
jogadores facilita a reposição de bola do goleiro, principalmente no arremesso de meta,
em que terá duas opções (os alas), para fazer essa reposição (MUTTI, 2003; APOLO, 2004).
Esse autor afirma que tal cenário indica um acompanhamento dos adversários
que se deslocam em direção à meia quadra de ataque na saída de bola, pelos alas que
já estão posicionados para acompanhar essas movimentações.
202
Por outro lado, esse sistema cria alguns espaços que facilita a troca de passes
da equipe adversária, principalmente na meia quadra defensiva até a linha central o que
obriga o pivô acompanhar os diferentes deslocamentos da bola entre a troca de passes
dos adversários desgastando-o fisicamente (MUTTI, 2003; APOLO, 2004).
203
Para Mutti (2003), esse sistema tem uma alta complexidade em sua organização,
visto que três dos quatro jogadores de linha (ora os dois alas e o fixo, ora os dois alas e
o pivô) atuam na mesma região da quadra, o que viabiliza a possibilidade de combinar
algumas variações e trocas de posições durante as jogadas.
Desse modo, a organização dos jogadores em quadra, nesse sistema, propõe que
os quatro jogadores de linha façam movimentações simultâneas por todos os setores da
quadra, ocupando, assim, todos os espaços, em uma troca constante de posições.
204
NOTA
A infiltração, no futsal, é considerada a ação de um jogador na busca
de um espaço que possibilite receber a bola em uma situação mais
vantajosa, em relação à defesa, a fim de que ele possa tentar se beneficiar
da recepção do passe e concluir a jogada com uma finalização ao gol.
Os autores ainda ressaltam que a equipe que se defende do sistema de jogo 4×0
ou quatro em linha sempre terá grande dificuldade em organizar, de maneira efetiva, a
marcação, pois a movimentação constante e a rápida troca de posições e de setores dos
jogadores em condições de ataque desestabilizam as defesas, principalmente quando
um jogador consegue fazer uma infiltração e recebe uma bola próxima ao gol.
A bola, nesse sistema de jogo, segundo Mutti (2003), está em alta velocidade, a
partir da promoção de passes rápidos dos jogadores que se movimentam pela quadra,
o que faz com que, tanto a equipe que ataca quanto a equipe que se defende, tenha
um grande desgaste físico, visto que, praticamente, não existem momentos de pausa
enquanto a bola está em jogo.
Quando uma equipe se dispõe a fazer uma marcação sob pressão, a equipe
pressionada, ao usar o sistema de jogo 4×0 ou quatro em linha, terá grandes chances de
se desvencilhar dessa marcação, pois a velocidade, nos deslocamentos dos jogadores
para se colocarem em posição de receber a bola, dificulta os marcadores da equipe
que faz uso da marcação sob pressão, no sentido de acompanharem o tempo todo os
adversários em suas movimentações em alta velocidade (SAAD; COSTA, 2001).
Para que uma equipe utilize esse sistema de jogo, é imprescindível que, segundo
Saad e Costa (2001), além de serem incorporados, em um nível elevado, os gestos,
os fundamentos ou as habilidades técnicas individuais, os jogadores devem ter uma
percepção e um reconhecimento espacial da quadra muito bem interiorizado, a fim de
que possam se deslocar, para receber passes e, assim, efetivar as jogadas com maiores
possibilidades de fazer o gol.
205
Ainda, nessa perspectiva geográfica e espacial da quadra, esse sistema só
terá eficiência se a quadra tiver as dimensões oficiais, ou seja, 20 m × 40 m, pois os
jogadores da equipe adversária terão extrema dificuldade em realizar coberturas das
movimentações nos espaços vazios gerados pelas infiltrações. Os autores ainda falam
que o ponto forte desse sistema está no espaço defensivo deixado pelos jogadores da
equipe adversária (SAAD; COSTA, 2001). Ainda que a movimentação tenha sua origem
na meia quadra defensiva, esse sistema é considerado altamente ofensivo, identificado
pela progressão gradual dos jogadores do setor defensivo para o meio da quadra e,
posteriormente, para o setor ofensivo.
Esse sistema ainda permite uma variação do 4×0 para o chamado 0×4, tornando-o
mais ofensivo. Nesse caso, os jogadores, em vez de iniciarem as movimentações e as
trocas de posições no setor defensivo, já iniciam essas circulações no setor ofensivo.
Esse cenário reverencia o aumento da exigência física e técnica e, por isso, é utilizado
mais perto do final do jogo em uma situação de placar desfavorável, por exemplo,
quando a equipe precisa fazer algum gol para sair de um empate ou tentar vencer o
jogo quando o placar está em igualdade. É evidente que, nessa tomada de posições
em 0×4, o setor defensivo fica extremamente vulnerável, no que tange à viabilidade de
sofrer gols (SAAD; COSTA, 2001; MUTTI, 2003).
206
Esse sistema, de acordo com Saad (2005), conta com a participação efetiva do
goleiro na construção e na efetivação das jogadas e, por isso, é chamado de “goleiro
linha”, uma vez que ele participará das movimentações fora de sua área penal.
Além do goleiro em posição fora da área penal, Saad (2005) informa que esse
sistema é organizado com dois jogadores próximos à linha central, dispostos um em
cada lado da quadra, e dois jogadores de frente, sendo um do lado direito e outro do
lado esquerdo da quadra.
NOTA
O “goleiro linha” é uma figura criada a partir da utilização de alguns
sistemas de jogo, em que o goleiro, muitas vezes, é substituído por um
jogador de linha, para exercer algumas funções de jogador de linha,
em vez de se restringir a ficar dentro da área penal, fazendo defesas e
podendo utilizar as mãos para executar essas defesas.
Tal qual o sistema de jogo 4×0 ou quatro em linha, o sistema de jogo 1×2×2,
3×2, 2×3, 1×4 ou “casinha” é utilizado, geralmente, pelas equipes quando estão em
desvantagem no placar, precisando fazer gols para igualar o resultado, sair de um
empate ou, ainda, quando o treinador opta por manter a posse de bola com sua equipe
por um tempo maior, passando a bola, rapidamente, em todos os setores da quadra,
tentando fazer com que a equipe adversária sofra um maior desgaste físico por ficar, a
todo custo, conseguir a posse de bola (BALZANO, 2018).
A principal vantagem gerada pelas equipes que utilizam esse sistema de jogo é
a superioridade numérica disponibilizada nos setores da quadra, ou seja, a equipe que
utiliza o sistema de jogo 1×2×2, 3×2, 2×3, 1×4 ou “casinha” terá cinco jogadores de linha
contra quatro jogadores de linha da equipe adversária, o que indica uma possibilidade
de ficar mais tempo com a posse de bola, aumentado, assim, as chances de finalizações
das jogadas.
Por outro lado, a retirada do goleiro de sua área penal fica muito mais exposta
e vulnerável a sofrer gols, principalmente de média e longa distância, caso os seus
jogadores de linha percam a posse de bola (SAAD, 2005).
207
resultados ruins, tanto no que tange à distância desse “goleiro linha” das suas traves de
meta quanto na baixa condição técnica de executar ações específicas de um goleiro, no
sentido das técnicas e dos gestos de defesas.
NOTA
O “goleiro linha”, nesse sistema de jogo, pode estar posicionado tanto
na meia quadra de defesa quanto na meia quadra de ataque. As regras
atuais do futsal restringem a posse de bola do goleiro, na meia quadra de
defesa, pois ele não pode receber a bola mais de uma vez, além de não
poder permanecer com a posse de bola por mais de 4 segundos. No caso
de estar no setor de ataque, ou seja, na meia quadra de ataque, pode ser
acionado quantas vezes for requerido e fica passível das mesmas regras
de um jogador de linha.
208
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• As funções dos jogadores de futsal: o goleiro pode usar as mãos dentro da sua
área penal, sendo a sua principal função defender a sua meta, além de contribuir
em ações ofensivas; o fixo é o último elemento da defesa antes do goleiro e fica
bastante recuado em relação ao ataque; os alas utilizam as laterais da quadra para
suas investidas ofensivas e defensivas; e o pivô fica mais avançado na meia quadra
de ataque e faz finalizações.
• Os principais sistemas táticos do futsal são: o sistema 2×2, que mantém o equilíbrio
entre a defesa e o ataque; o sistema 2×1×1, que sugere um meia para armação; o
sistema 1×2×1, que propõe mais jogadores no meio, tanto para atacar quanto para
defender; o sistema 3×1, em que predomina ser mais defensivo; o sistema 4×0, que
propõe rodízio de posição entre os jogadores; e o sistema casinha, que coloca o
goleiro fora da área penal, para atuar como jogador de linha.
• Variações dos sistemas táticos do futsal: todos os sistemas de jogo podem variar e se
tornar mais ofensivos ou mais defensivos, de acordo com o posicionamento tático de
cada jogador. Caso o posicionamento dos jogadores seja mais próximo à meia quadra
de defesa, o sistema fica mais defensivo e, caso o posicionamento seja mais próximo
à meia quadra de ataque, o sistema fica mais ofensivo.
209
AUTOATIVIDADE
1 O futebol de salão tem suas raízes nas décadas de 1930 e 1940, diferentemente do
futsal, que inicia, oficialmente, suas práticas no final da década de 1980. Sobre o
futsal, é certo que sua organização tem início a partir da FIFA, enquanto o futebol de
salão inicia suas atividades, de modo grosseiro, nas Associações Cristãs de Moços
(ACMs). De acordo com algumas pesquisas (não conclusivas), existem duas versões
sobre esse início da prática do futebol de salão nas ACMs. Sobre essas versões que
apresentam as raízes do futebol de salão, assinale a alternativa CORRETA:
210
I- A primeira instituição, criada para organizar, comandar, institucionalizar e divulgar o
futebol de salão, em nível mundial, foi a Federação Internacional de Futebol de Salão
(FIFUSA), fundada no dia 25 de julho de 1971 e tendo como primeira cidade-sede o
Rio de Janeiro.
II- A Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) data a sua fundação em 15 de
junho de 1989, no Mato Grosso do Sul. Os estados fundadores foram Mato Grosso do
Sul, Tocantins, Acre, Brasília, Sergipe, Piauí, Roraima e Rondônia, tendo sua primeira
sede em Campo Grande.
III- A FIFA e a FIFUSA tentaram conversar sobre o comando do futebol de salão em
2015, antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, a fim de tornar o futsal
uma modalidade esportiva olímpica. A conversa não teve resultado positivo.
IV- A FIFA, no final da década de 1980, promoveu a organização de uma modalidade
esportiva chamada de fut-five (futebol de cinco – uma mistura do futebol com o
futebol de salão: quadra de futebol de salão, bola de futebol).
V- No início de 1989, a FIFUSA e a FIFA criaram uma Comissão de Integração, para discutir
a unificação do futebol de salão (FIFUSA) com o fut-five da FIFA, chegando, enfim, a
um acordo, tendo Januário D’Alécio e Álvaro Mello como estudiosos do grupo.
VI- No final do ano de 1999, o futsal passa a ser comandado, em nível mundial, pela
FIFUSA, que passa a deter todos os direitos de transmissão e organização de
campeonatos nacionais e mundiais até os dias atuais.
( ) Goleiro: é o jogador que tem o privilégio de poder usar as mãos dentro da sua área
penal. Pode sair de sua área penal e atuar como jogador de linha, passando, assim,
a ter as mesmas regras dos demais atletas. Sua principal função é defender a
sua meta, podendo, ainda, contribuir diretamente em ações ofensivas. O goleiro é
responsável pela chamada cobrança do arremesso de meta.
( ) Fixo: é o jogador que, na maioria das vezes, é o primeiro elemento do ataque antes
do ala, colocando-se em posicionamento bastante recuado em relação ao seu
ataque. Esse jogador faz muitas movimentações, a fim de proteger a sua meta, e
211
deve ser um bom marcador, principalmente em se tratando de marcação coletiva.
Deve ser um bom comunicador, pois está à frente do ala e, por isso, também tem
uma visão ampla da quadra de jogo, o que favorece organizar posicionamentos
e ações de seus adversários. Também participa do início das jogadas e auxilia o
goleiro tanto nas questões defensivas quanto nas ofensivas.
( ) Alas: são os jogadores que utilizam as laterais da quadra para fazer suas ações, tanto
ofensivas quanto defensivas. São os jogadores que fazem a ligação da bola da meia
quadra de defesa para a meia quadra de ataque e, por isso, devem ser velozes e com
boa agilidade. Nas ações defensivas, devem contribuir na contenção de ações ofensivas
da equipe adversária nesse setor da quadra. Nas ações ofensivas, devem organizar as
jogadas, para que a bola chegue ao pivô. Por ter o formato de um retângulo, a quadra
de futsal tem duas laterais, que são ocupadas pelos alas direito e esquerdo.
( ) Pivô: é o jogador que se posiciona de modo mais avançado da quadra, geralmente, na
meia quadra de ataque. Esse jogador é responsável por fazer a finalização das jogadas,
que, em grande medida, devem ser concluídas em gol, a partir de seus chutes. O pivô
deve ter um chute bastante forte e um bom domínio e controle de bola, visto que,
muitas vezes, atua de costas para o gol adversário e necessita fazer uma rotação,
a fim de se posicionar de frente e, assim, poder fazer a conclusão das jogadas. No
quesito defensivo, o pivô tem um papel importante no posicionamento no meio da
quadra, para poder ajudar na marcação da saída de bola da equipe adversária.
a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – F.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – F – F – V.
4 Ainda que o futebol de salão tenha algumas regras diferentes do futsal, muitos
sistemas táticos de jogo dessas modalidades podem ter suas principais construções
e adaptações a partir do sistema considerado pioneiro, que é o 2×2. Esse sistema, a
princípio, oferece um bom equilíbrio entre a defesa e o ataque, e é tido como base
de organização de vários outros sistemas. Apresente as principais características do
sistema de jogo 2×2.
5 No futsal moderno, um dos sistemas que tem sido mais utilizado pelas equipes de
alto rendimento é o 4×0 ou quatro em linha. Esse sistema, invariavelmente, necessita
que os jogadores tenham um padrão de gestos, fundamentos ou habilidades técnicas
individuais muito altos, que serão somados ao elevado padrão de condição física
adquirido na preparação física dessas equipes atualmente. Apresente as principais
características do sistema de jogo 4×0 ou quatro em linha.
212
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO
1 INTRODUÇÃO
O treinamento das táticas de jogo, tanto no futebol quanto no futsal, parte
do pressuposto de que a organização das atividades deve atender às expectativas
potenciais dos jogadores, bem como às criações do treinador.
A escolha dos sistemas de jogo e das táticas a serem utilizadas pelas equipes
depende muito desses fatores e, por isso, vale ressaltar que não existe um sistema
tático mais eficiente que outro ou, ainda, que não existe um esquema de jogo ideal, pois,
segundo Santos Filho (2002), todos os sistemas podem ser eficientes, desde que bem
treinados, tendo pontos positivos e negativos. O autor ainda lembra que, se um sistema
deu certo, quando aplicado em um jogo contra um determinado adversário, poderá dar
errado em outro jogo com um adversário diferente.
Além disso, o nível de compreensão tática dos jogadores, que vai muito além das
ações físicas e técnicas individuais, também deve ser levado em conta para a escolha
do sistema de jogo e das táticas, pois, caso os jogadores não entendam o que precisa
ser feito, provavelmente, o sistema e as táticas não terão bons resultados.
213
Os sistemas de jogo e as táticas no futebol e no futsal devem vislumbrar certo
equilíbrio entre os setores do campo/quadra, em se tratando de defesa, meio de campo/
quadra e ataque, visto que esse equilíbrio não depende, exclusivamente, do número de
jogadores em cada área do campo, mas, sim, da disposição e da distribuição aliadas à
compactação e à obediência tática.
Ainda que o treinamento tático e a organização tática sejam muito importantes para
um bom desempenho coletivo, o treinador, sempre que possível, deve oferecer liberdade
aos jogadores, a fim de que possam criar e improvisar movimentações, posicionamentos e
jogadas que, talvez, não foram treinadas. Vale ressaltar que a rigidez de um sistema tático
pode, muitas vezes, ser a própria causa de ineficiência de uma equipe.
Diante disso, autores, como Garganta e Pinto (1994), sugerem que os princípios
táticos formam um conjunto de normas comportamentais sobre o jogo, que proporciona,
aos jogadores, a possibilidade de atingirem, rapidamente, soluções táticas para os
problemas advindos da situação que defrontam. Outros autores, como Worthington (1974),
Hainaut e Benoit (1979), Queiroz (1983), Bayer (1994), Castelo (1999) e Costa et al. (2010),
organizam princípios que regem os treinamentos táticos, conforme descrito a seguir.
214
2.2 CONCEITOS ATITUDINAIS DEFENSIVOS E OFENSIVOS
Os princípios operacionais são relacionados a conceitos atitudinais para as duas
fases do jogo, sendo:
• Defensivos:
º anular as situações de finalização;
º recuperar a bola;
º impedir a progressão do adversário;
º proteger a meta;
º reduzir o espaço de jogo adversário.
• Ofensivos:
º conservar a bola;
º construir ações ofensivas;
º progredir pelo campo de jogo adversário;
º criar situações de finalização;
º finalizar à meta adversária.
• Defensivos:
º contenção;
º cobertura defensiva;
º equilíbrio;
º concentração;
º unidade.
• Ofensivos:
º penetração;
º mobilidade;
º cobertura ofensiva;
º espaço;
º unidade.
215
Figura 30 – Organização do treinamento tático
217
sugerindo ser a capacidade de solucionar problemas e tomar decisões durante o jogo, o
treinamento tático, a partir de Praça e Greco (2020), pode ser definido como o processo
pedagógico que deve construir e organizar oportunidades de aprendizagem, com
objetivo de melhorar a capacidade de tomada de decisão do indivíduo em diferentes
situações do jogo.
Os jogos para desenvolver a inteligência tática são jogos coletivos, criados com
alterações de regras, que, segundo Balzano (2007), não têm tanta exigência quanto
à execução perfeita da habilidade técnica individual, mas que permite a vivência e a
experimentação dessas habilidades de forma implícita. A ideia é fazer com que o sujeito
tenha interesse em participar das atividades, sem que haja obrigatoriedade, induzindo-o
ao aprendizado coletivo do jogo, que deve ser praticado com prazer, em detrimento das
longas repetições de exercícios específicos. Esses jogos podem trazer vários benefícios
aos participantes, que devem manter uma concepção positiva do esporte, incorporando
o hábito regular da prática de atividades físicas para toda a vida.
218
muitos detalhes táticos aprofundados. A introdução aos sistemas táticos e às táticas de
jogo é desenvolvida e trabalhada de modo bem generalista, tendo, sim, exercícios com
baixa intensidade, baixa duração e pausa longa (BOMPA, 2002).
No nível 2, a exigência física, aliada ao trabalho com bola, aos sistemas táticos
e às táticas propostos, começam a aparecer de modo mais intenso e com mais
especificidade. Os exercícios são desenvolvidos com baixa e média intensidade, baixa e
média duração e com pausa média e longa (BOMPA, 2002).
No nível 3, o trabalho com bola passa a ser mais intenso e acontece como
complemento do trabalho de condicionamento físico. O trabalho tático é bem específico
e todas as variantes são empregadas nessa etapa. Os exercícios são desenvolvidos com
alta intensidade, média e alta duração, pausa curta e média (BOMPA, 2002).
No nível 4, por ser a última etapa, deve-se fazer uma verificação de todo o
treinamento executado, ou seja, com a participação em jogos amistosos e oficiais, é
possível verificar o resultado do total dos treinamentos. Os exercícios são desenvolvidos
com altíssima intensidade, com alta duração e, praticamente, sem pausa (BOMPA, 2002).
219
No método situacional, o indivíduo deve adquirir uma capacidade geral,
relacionada ao jogo, propriamente dito, a partir de situações possíveis da própria
realidade de jogo (KRÖGER; ROTH, 2002). A principal ideia desse método, de acordo
com Greco (1998), é desenvolver a competência do jogador em solucionar os problemas
motores específicos de uma modalidade esportiva, com base no desenvolvimento de
suas capacidades coordenativas e técnico-motoras.
Autores, como Greco e Chagas (1992), Graça e Oliveira (1994), Greco (1998) e
Tomazelli (2010), destacam que o método situacional é organizado a partir de jogadas
básicas, extraídas de situações de jogo envolvendo comportamentos individuais e
coletivos, tendo grande proximidade com as ações do jogo competitivo formal, relacionadas
ao aprendizado das habilidades técnicas por meio de resolução de problemas.
Esse modelo faz relação direta com o conhecimento processual, obtido durante
as práticas dos jogadores, conforme Rezende (2008), sendo o desenvolvimento da
capacidade de jogo reforçado nas diferentes práticas, propostas em diferentes situações
possíveis de ocorrerem no próprio jogo, como explica Greco (1998).
220
A utilização do método situacional permite criar um ambiente de aprendizagem,
no qual os participantes compreenderão o significado de suas ações e intervenções,
incorporando a capacidade tática ao mesmo tempo em que desenvolverão capacidades
técnicas (GRAÇA; MESQUITA, 2002).
De modo geral, o método analítico tem, como base, a fragmentação dos diversos
quesitos que fazem parte do processo de ensino e são exercitados de modo isolado,
sendo, posteriormente, integrados nas situações reais do jogo (DUARTE, 2006).
221
4 TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO NO FUTSAL
Em se tratando de treinamento tático do futsal, Costa (2003) sugere três tipos:
o método parcial, o método global e o método misto.
Uma das possíveis atividades que desenvolvem aspectos táticos nos jogadores,
apresentada por Durães e Souza (2014), é a divisão da quadra em setores:
• Forma centrada nas técnicas: o aprendizado deve acontecer a partir do ensino das
técnicas analíticas para o jogo formal, decompondo a modalidade em elementos
técnicos individuais, como o passe, o chute, a condução de bola etc., sugerindo uma
hierarquização dessas técnicas. Via de regra, essa forma de ensino pode gerar um
jogo mecanizado e pouco criativo, tendo, por parte dos indivíduos, comportamentos
estereotipados, que irão suscitar problemas na compreensão do jogo completo.
222
• Forma centrada no jogo formal: o aprendizado deve acontecer a partir da utilização
exclusiva do jogo formal, ou seja, não se faz nenhum condicionamento, tampouco
decomposição das habilidades técnicas individuais, sendo que estas, possivelmente,
aparecerão como resposta às demandas que o jogo irá apresentar. Via de regra,
essa forma de ensino pode produzir indivíduos mais criativos, ainda que com base
no individualismo e no virtuosismo técnico que será contrastado com uma anarquia
tática, com soluções motoras variadas, tendo várias lacunas táticas e ações coletivas,
aparentemente, descoordenadas.
• Forma centrada em jogos condicionados: o aprendizado deve acontecer com a
organização do jogo, para situações particulares, sendo feita uma decomposição em
unidades funcionais, tendo preparação sistemática com complexidade crescente,
sendo que os princípios do jogo, em si, farão a regulação das atividades. Via de
regra, essa forma propiciará que as técnicas devem aparecer em função das táticas,
acontecendo de maneira orientada e provocada. A ênfase será dada à inteligência
tática, com uma correta interpretação e aplicação dos princípios do jogo, favorecendo
a viabilização da técnica e da criatividade nas ações do próprio jogo.
223
4.1 TREINAMENTO DAS TÁTICAS OFENSIVAS NO FUTSAL
No treinamento das táticas ofensivas, é importante entender que essas ações
podem ser realizadas a partir de investidas individuais ou coletivas, sendo que as
individuais não podem, de maneira nenhuma, atrapalhar o desenvolvimento das ações
coletivas. Por isso, Lozano (1995) alerta que as atitudes individuais dentro do jogo são
muito bem-vindas, mas devem ser realizadas com o consentimento do treinador, a
fim de que não aconteçam muitas interferências no posicionamento tático da equipe
durante o jogo. A colocação dos jogadores em quadra tem um posicionamento dito
básico, que poderá ser quebrado com alguma ação individual criativa, que deve sempre
respeitar as normas lógicas de equilíbrio posicional.
224
• Movimentar-se atrás da linha de marcação do adversário.
• Oferecer “corta luz”.
• Proteger a bola (parede).
• Tentar de ações individuais criativas.
• Ultrapassar por trás e pela frente do companheiro.
225
O treinamento desse tipo de marcação pode ser feito com exercícios, em que um
jogador tem que acompanhar outro jogador por diferentes espaços da quadra. As brincadeiras
e os jogos de pegador (ou pega-pega) são bem utilizados para essas movimentações.
NOTA
Existem vários tipos de brincadeiras de pegador (ou pega-pega). A mais
comum é aquela em que, em um grupo, um indivíduo é escolhido,
aleatoriamente, para ser o pegador e que deve encostar a mão em
algum colega que deverá tentar fugir. Caso o pegador consiga encostar
a mão em alguém, ou seja, pegar outro colega, o que tiver sido pego
passa a ser o pegador.
O treinamento desse tipo de marcação pode ser feito com exercícios em que
se divide a quadra em setores, colocando cada jogador em um setor e, ao comando do
treinador, fazendo trocas de setores, o que favorece possíveis coberturas.
226
4.2.3 Treinamento das táticas defensivas no futsal com
marcação mista
A marcação mista se caracteriza por se a combinação da marcação individual
com a marcação por zona. Neste tipo de marcação alguns jogadores da equipe defensiva
fazem a marcação individual a um ou mais jogadores da equipe atacante e os demais se
mantem ocupando os setores tentando evitar a construção dos ataques (MUTTI, 2003).
Para que uma equipe faça esse tipo de marcação, Mutti (2003) sugere que é
fundamental que a inteligência tática esteja altamente desenvolvida, pois as mudanças
de posições, setores, coberturas e antecipações ocorrem em uma velocidade muito alta e,
para isso, o treinamento dessas movimentações é a grande base de sucesso da marcação
mista. Ressalta-se a utilização desse tipo de marcação ocorre, especialmente, em equipes
de alto rendimento, não sendo aconselhada para equipes em início de trabalho.
O treinamento desse tipo de marcação pode ser feito por meio da construção
de jogos reduzidos, limitando-se a alguns espaços da quadra, para que sejam realizadas
as movimentações de ataque e, consequentemente, as movimentações defensivas
(SAAD; COSTA, 2001).
227
LEITURA
COMPLEMENTAR
EVOLUÇÃO DOS ESQUEMAS TÁTICOS NO FUTEBOL
HISTÓRIA DO FUTEBOL
228
o mesmo autor, tal jogo tinha caráter religioso onde a bola simbolizava o sol para os
egípcios, a lua, para os babilônios, ou ainda maus espíritos que os jovens, em certas
festividades, procuravam afugentar golpeando com os pés uma bexiga de boi inflada de
ar, para os povos asiáticos (SOUTO, 2014).
TÁTICA
A tática, de acordo com Greco (1992), envolve processos cognitivos e exige alto
grau de concentração e capacidade de raciocínio rápido, por parte dos atletas. Algumas
variáveis implicam o entendimento desse conceito de relevante importância no futebol
e nos esportes em geral. Como o sistema de jogo, tem-se a distribuição dos jogadores
em campo para o início de uma partida, além de compreender a formação básica, que
tem por objetivo preencher todos os espaços do campo de modo uniforme (FRISELLI,
1999; BANGSBO; PEITERSEN, 2003). Deve-se definir o sistema básico da equipe, treinar
toda a dinâmica do sistema e variações possíveis (EMÍLIO, 2004).
229
ocorrendo com a bola em movimento, ou seja, todos os movimentos realizados pelos
jogadores durante a partida, que tem a função de surpreender ou frustrar as ações e
tentativas do adversário (FRISELLI, 1999).
Ainda, nos anos de 1940, surgiria a formação 4-2-4, que seria usada, pelo Brasil,
na Copa do Mundo de 1958, porém o sistema WM permaneceu sendo um dos mais
utilizados mundialmente até sofrer modificações, por volta do ano de 1958, tornando-se
de vez o sistema 4-2-4 ou sistema diagonal, em que os jogadores, denominados meio-
campistas, oscilavam na defesa e no ataque (VENDITE, 2004).
230
Em 1962, o sistema WM estava em decadência e o 4-2-4 já era pouco utilizado e
perdeu ainda mais espaço com o surgimento do sistema 4-3-3. O posicionamento e suas
obrigações em campo tornavam-se cada vez mais sujeitas a definições previamente
determinadas, o que abria espaço para as improvisações ao longo dos jogos (FRISSELLI;
MANTOVANI, 1999).
Os anos de 1990 ficaram marcados pela ausência do futebol arte jogados nos
anos de 1980, sobretudo pela necessidade da forte marcação e aumento da velocidade
das partidas. No início dos anos de 1990, novamente, os técnicos de futebol começaram
alternativas de jogar, motivados pela vontade de aprimorar o sistema defensivo. Com
isso, a organização dos times com três defensores posicionados em triângulo, cinco
jogadores no meio de campo – dois atuando como alas, pelas pontas – e somente
dois atacantes passou a ser utilizada. Dessa forma, tendo a Europa como origem, o
sistema 3-5-2 apareceu como um sistema consistente defensivamente, em função do
posicionamento dos três defensores, e eficiente ofensivamente, uma vez que os alas se
231
juntavam aos atacantes e a um dos centro campistas para a elaboração de jogadas de
ataque (MELO, 1999; GIULIANOTTI, 2002).
Nos dias de hoje, fala-se muito em 4-1-4-1, que é uma variação do 4-3-3 e
ganhou muitos títulos com o Barcelona, do técnico Guardiola, e a seleção da Espanha,
que utilizava a base do time de Barcelona e o mesmo esquema tático, que pode ser
mais ofensivo ou defensivo, dependendo das peças que se tem para armar o time, só
não pode causar espanto ou escárnio, porque não é nenhuma novidade, já que o Brasil
do técnico Telê Santana, na copa do mundo de 1982, da Espanha, utilizava esse sistema
com variação para um 4-2-3-1, que, aliás, o Flamengo do técnico Claudio Coutinho de
1981/1982 também usava com maestria, que, independentemente do sistema tático
imposto da época, se preocupavam com o belo futebol praticado e o resultado em
segundo plano (BETING, 2015).
CONCLUSÃO
Cada sistema tático nasceu para tentar superar um sistema já existente, a princípio,
era puro ataque e a verdadeira evolução se deu a partir de 1925, depois da mudança
na regra do impedimento; a partir desse momento, ocorreram as maiores mudanças no
conceito de tática e suas variações, e que, com o passar do tempo, foi necessária a maior
adaptação dos atletas, por causa da intensidade que foi aplicada no futebol.
Fonte: adaptada de ALMEIDA, C. M. S.; LAURIA, V. T.; LIMA, C. Evolução dos esquemas táticos no futebol. Revela
– Revista Eletrônica Acadêmica Interinstitucional, ano IX, n. XX, jul. 2016. Disponível em: http://www.
fals.com.br/revela/revela027/edicoesanteriores/ed20/Claudio_ef_3.pdf. Acesso em: 5 ago. 2022.
232
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
233
AUTOATIVIDADE
1 Quando se pensa em treinamento das táticas de jogo, seja no futebol ou no futsal,
o profissional responsável deve fazer os projetos usando muita criatividade, aliada
às características físicas, técnicas e psicológicas de cada um dos atletas. Para que
isso ocorra, o treinador, em conjunto com a equipe multidisciplinar, deve identificar
essas características e, assim, fazer os planejamentos. Diante desse cenário, assinale
a alternativa CORRETA:
a) ( ) Não existe um sistema tático que pode ser considerado mais eficiente que outro
nem mesmo um esquema de jogo ideal, visto que muitos fatores irão influenciar
a escolha do sistema.
b) ( ) O melhor sistema tático a ser escolhido é sempre aquele utilizado pela equipe no
último jogo em que houve desempenho favorável, com placar a favor.
c) ( ) Não existe apenas um sistema tático ideal, existem pelo mesmo dois sistemas
ideais para cada equipe, e cabe ao treinador optar por um deles antes do início
de cada jogo.
d) ( ) O melhor sistema tático deve ser aquele utilizado pela equipe adversária, que
obteve resultado favorável em algum jogo, pois será bem incorporado com
bons resultados.
234
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – F.
235
4 Existem várias possibilidades de se desenvolver treinamentos táticos no futebol,
com destaque para os pequenos jogos e os jogos para desenvolver a inteligência
tática. Descreva como podem ser feitas essas duas propostas para o treinamento
tático no futebol.
236
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