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Prescrição e

Treinamento do
Futebol
e
Futsal
Prof. Ubiratan Silva Alves

Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Ubiratan Silva Alves

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.


Núcleo de Educação a Distância. ALVES, Ubiratan Silva.

Prescrição e Treinamento do Futebol e Futsal. Ubiratan Silva Alves. Indaial -


SC: Arqué, 2022.

244p.

ISBN 978-65-5466-206-2
ISBN Digital 978-65-5466-202-4

“Graduação - EaD”.
1. Futebol 2. Futsal 3. Fisiologia

CDD 796.33
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Bem-vindo à discussão que faremos a respeito de uma
modalidade esportiva que pode ser considerada a mais conhecida em todo o planeta:
o futebol. Vale ressaltar que um dos eventos com mais quantidade de mídia existentes
no planeta é o Campeonato Mundial de Futebol disputado de quatro em quatro anos
sob comando da Fifa (Fédération Internationale de Football Association – Federação
Internacional de Futebol). Esse grande acontecimento seduz as sociedades a, muitas
vezes, pararem suas atividades para acompanhar os jogos pela televisão, rádio, internet
ou ao vivo nos estádios.

Curiosamente, o futebol já teve o poder de parar uma guerra, demonstrando sua


grande força e capacidade, talvez nunca imaginadas. O fato ocorreu no ano de 1969, na
Nigéria, um país localizado no continente africano que, à época, vivia um grande conflito
conhecido como Guerra de Biafra, causando muitas mortes, e que teve a duração entre
os anos de 1967 e 1970. O nome dessa guerra faz alusão à região do Biafra, no sudeste da
Nigéria, que havia se emancipado e passou a sofrer grande represália e muita repressão
por parte do governo nigeriano.

A equipe de futebol do Santos Futebol Clube, nesse mesmo período, tinha em


seu elenco Pelé e outros craques da bola. Fazia, constantemente, excursões pelo mundo
com o intuito de arrecadar receita e manter seus jogadores em atividade no clube.

Numa dessas viagens do Santos FC à África, no mesmo período que o referido


continente estava em guerra, o plantel recebeu um convite para fazer um jogo amistoso
na Nigéria, contra uma seleção da região do centro-oeste daquele país. Vale ressaltar
que esse jogo não estava na programação de jogos da equipe do Santos, que havia
encerrado suas participações na África com um jogo em Moçambique, na cidade de
Lourenço Marques (hoje Maputo).

A delegação do time brasileiro aceitou o convite e acabou se deslocando para a


cidade de Benin, na Nigéria, mais especificamente no estádio de Benin City. Entretanto,
acredita-se que ninguém do plantel santista estava sabendo dos fatos sobre a guerra
que estaria acontecendo no país.

Para que a equipe do Santos chegasse ao estádio, seria necessário e


imprescindível que ocorresse um cessar fogo, a fim de que o elenco tivesse tranquilidade
para chegar ao local e fazer o jogo. Nesse cenário foi que tudo aconteceu. O conflito
foi temporariamente interrompido para que a população local pudesse ver Pelé e seus
colegas em campo.

O jogo ocorreu sem maiores transtornos e terminou com a vitória do Santos


pelo placar de 2x1. Todavia, após o término do jogo, das comemorações e saudações
ao plantel santista, a guerra voltou a acontecer, tendo como estimativa um número de
mortes perto de 2 milhões.

Além desse fato, essa modalidade esportiva faz parte da vida de muitos
brasileiros, seja como atleta, praticante, fã, espectador, telespectador, torcedor,
dirigente, árbitro, comerciante ou outra qualquer função que se envolva com o futebol.

Muitas relações são estabelecidas e criadas entre as sociedades e o futebol,


fazendo dessa modalidade esportiva uma das mais praticadas e acompanhadas por
todo o planeta, em especial no Brasil, que tem uma relação emocional e afetiva muito
grande com essa prática.

O Brasil tem, em sua história, muitos momentos e eventos que se inter-


relacionam com o futebol, principalmente em campeonatos regionais, nacionais e, em
especial, no grande evento da modalidade que é o Campeonato Mundial de Futebol.

Inúmeros são os jogadores que praticaram ou praticam essa modalidade


esportiva e que se tornam grandes figuras públicas, seja dentro do próprio futebol (como
técnicos, dirigentes ou afins), seja na vida política ou social do nosso país.

Tão importante quanto as relações emocionais, sociais e humanas que se


estabelecem com o futebol são as relações específicas e particulares da própria
modalidade, como, por exemplo, as regras, os materiais, os estádios, os eventos, as
técnicas individuais, as táticas coletivas, a preparação física, dentre tantos outros.

Neste livro didático, vamos conhecer várias particularidades do futebol, assim


divididas:

Na Unidade 1, abordaremos o treinamento esportivo dividido em especificidades,


como a iniciação esportiva e a especialização precoce, as bases gerais do treinamento
esportivo e os ciclos e periodização.

Na Unidade 2, o foco será destinado às discussões sobre as habilidades técnicas


individuais subdivididas nas capacidades físicas e habilidades motoras do futebol/futsal,
nas habilidades técnicas individuais do futebol/futsal e no treinamento das habilidades
técnicas de cada uma das modalidades.

A Unidade 3 fará um estudo das habilidades táticas, ou seja, as táticas de jogo


no futebol e no futsal, bem como o treinamento dessas táticas de jogo.

Desejamos a você uma excelente leitura e um bom aprendizado!

Prof. Ubiratan Silva Alves


GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
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interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
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apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
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Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
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seus estudos com um material atualizado e de qualidade.

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Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - TREINAMENTO ESPORTIVO.............................................................................. 1

TÓPICO 1 - INICIAÇÃO ESPORTIVA/ESPECIALIZAÇÃO.......................................................3


1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 ESPORTE.............................................................................................................................4
2.1 RELAÇÕES E FASES............................................................................................................................... 4
2.2 ABRANGÊNCIA DO ESPORTE MODERNO E FUTEBOL...................................................................7
2.3 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DO ESPORTE..................................................................................... 10
2.4 ESPORTE E MODALIDADES ESPORTIVAS...................................................................................... 11
2.4.1 Divisões das modalidades esportivas....................................................................................12
2.5 MODALIDADES ESPORTIVAS: PARTICULARIDADES E TREINAMENTOS................................ 14
2.6 INICIAÇÃO ESPORTIVA....................................................................................................................... 16
2.6.1 A iniciação esportiva no futebol/futsal.................................................................................20
2.6.2 Propostas práticas para o futebol/futsal............................................................................22
2.7 ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA..........................................................................................................22
RESUMO DO TÓPICO 1..........................................................................................................27
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 28

TÓPICO 2 - BASES GERAIS DO TREINAMENTO ESPORTIVO............................................. 31


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 31
2 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO.................................................................. 34
2.1 PROPOSTAS DO TREINAMENTO NO FUTEBOL/FUTSAL............................................................ 40
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 42
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 43

TÓPICO 3 - CICLOS E PERIODIZAÇÃO.................................................................................47


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................47
2 PERIODIZAÇÃO................................................................................................................. 48
2.1 PERIODIZAÇÃO: MODELOS.................................................................................................................49
3 CICLOS.............................................................................................................................. 50
4 REFLEXÕES ACERCA DO TREINAMENTO ESPORTIVO................................................... 55
4.1 RENDIMENTO ESPORTIVO..................................................................................................................56
5 PERIODIZAÇÃO NO FUTEBOL E NO FUTSAL................................................................... 58
LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................................................. 61
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................70

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................73

UNIDADE 2 — HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS....................................................... 81

TÓPICO 1 — CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO FUTEBOL/FUTSAL........ 83


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 83
2 ALGUNS ESPORTES COM PREDOMINÂNCIA DO USO DOS PÉS..................................... 83
2.1 FUTEBOL DE SALÃO............................................................................................................................83
2.2 FUTEVÔLEI........................................................................................................................................... 84
2.3 BEACH SOCCER ..................................................................................................................................85
2.4 FUTEBOL SOCIETY..............................................................................................................................85
3 FUTEBOL E FUTSAL.......................................................................................................... 86
3.1 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS....................................................................87
3.2 CAPACIDADES FÍSICAS: TIPOS........................................................................................................89
3.2.1 Agilidade.......................................................................................................................................89
3.2.2 Coordenação motora................................................................................................................89
3.2.3 Descontração.............................................................................................................................90
3.2.4 Endurance orgânica (resistência)......................................................................................... 91
3.2.5 Equilíbrio......................................................................................................................................92
3.2.6 Flexibilidade................................................................................................................................92
3.2.7 Força.............................................................................................................................................94
3.2.8 Ritmo............................................................................................................................................95
3.2.9 Tempo de reação ou velocidade de reação........................................................................95
3.2.10 Velocidade.................................................................................................................................96
3.3 HABILIDADES MOTORAS: CONCEITOS........................................................................................... 97
3.3.1 Habilidades motoras: tipos.......................................................................................................98
4 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO FUTEBOL/FUTSAL................99
4.1 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO FUTEBOL........................................100
4.2 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO FUTSAL.............................................................102
5 TESTES ENVOLVENDO CAPACIDADES FÍSICAS........................................................... 104
5.1 TESTE DE AGILIDADE........................................................................................................................105
5.2 TESTE DE COORDENAÇÃO MOTORA............................................................................................105
5.3 TESTE DE DESCONTRAÇÃO............................................................................................................105
5.4 TESTE DE ENDURANCE ORGÂNICA (RESISTÊNCIA).................................................................105
5.5 TESTE DE EQUILÍBRIO......................................................................................................................106
5.6 TESTE DE FLEXIBILIDADE...............................................................................................................106
5.7 TESTE DE FORÇA...............................................................................................................................106
5.8 TESTE DE RITMO................................................................................................................................106
5.9 TESTE DE TEMPO DE REAÇÃO OU VELOCIDADE DE REAÇÃO...............................................106
5.10 TESTE DE VELOCIDADE.................................................................................................................. 107
6 TESTES UTILIZADOS NO FUTEBOL................................................................................107
6.1 TESTE YOYO TEST LEVEL 1 E LEVEL 2.......................................................................................... 107
6.2 TESTE RUNNING AEROBIC SPRINT TEST (RAST)......................................................................108
6.3 TESTE DE 50 METROS EM VELOCIDADE.....................................................................................108
6.4 TESTE DE DESLOCAMENTO EM T EM Y.......................................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................109
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 110

TÓPICO 2 - HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS DO FUTEBOL/FUTSAL.................. 113


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 113
2 HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS NO FUTEBOL/FUTSAL................................... 116
2.1 DOMÍNIO DE BOLA...............................................................................................................................116
2.2 CONTROLE DE BOLA.......................................................................................................................... 117
2.3 PASSE....................................................................................................................................................118
2.3.1 A superfície de contato da bola com o pé..........................................................................119
2.3.2 A localização da bola..............................................................................................................120
2.3.3 Execuções com a cabeça.....................................................................................................120
2.3.4 Distância....................................................................................................................................120
2.3.5 Trajetória da bola.....................................................................................................................120
2.3.6 Altura...........................................................................................................................................121
2.3.7 Espaço de jogo..........................................................................................................................121
2.4 CHUTE...................................................................................................................................................121
2.5 CONDUÇÃO DE BOLA....................................................................................................................... 122
2.6 DRIBLE OU FINTA.............................................................................................................................. 123
2.7 GOLEIRO............................................................................................................................................... 125
2.7.1 Controle de bola ou defesa (ação de entrar em contato com a bola)......................... 125
2.7.2 Arremesso (ação de enviar a bola a um companheiro).................................................. 126
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................128
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................129

TÓPICO 3 - TREINAMENTO DAS HABILIDADES TÉCNICAS..........................................................133


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................133
2 TREINAMENTO ESPORTIVO............................................................................................134
2.1 DOMÍNIO DE BOLA E CONTROLE DE BOLA.................................................................................. 136
2.2 PASSE................................................................................................................................................... 137
2.3 CHUTE..................................................................................................................................................138
2.4 CONDUÇÃO DE BOLA....................................................................................................................... 139
2.5 DRIBLE OU FINTA.............................................................................................................................. 139
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................ 141
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................ 147
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................148

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 151

UNIDADE 3 — HABILIDADES TÁTICAS...............................................................................155

TÓPICO 1 — TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL.................................................................... 157


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 157
2 CONCEITOS SOBRE SISTEMA DE JOGO E TÁTICA DE JOGO........................................158
3 OS SISTEMAS DE JOGO NO FUTEBOL............................................................................160
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE JOGO NO FUTEBOL...........................................................161
3.2 SISTEMAS DE JOGO NO FUTEBOL MODERNO...........................................................................168
3.2.1 O sistema de jogo 4×3×3........................................................................................................ 169
3.2.2 O sistema de jogo 4×4×2....................................................................................................... 172
3.2.3 O sistema de jogo 3×5×2....................................................................................................... 175
3.3 SISTEMAS DE JOGO MODERNOS...................................................................................................177
3.3.1 O sistema de jogo 3×4×3........................................................................................................ 178
3.3.2 O sistema de jogo 4×5×1........................................................................................................ 178
3.3.3 O sistema de jogo 3×6×1....................................................................................................... 179
4 ANÁLISE DE DESEMPENHO............................................................................................180
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................182
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................183

TÓPICO 2 - TÁTICAS DE JOGO NO FUTSAL.......................................................................187


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................187
2 A ORIGEM DO FUTEBOL DE SALÃO.................................................................................188
2.1 A ORIGEM DO FUTEBOL DE SALÃO: VERSÃO URUGUAIA........................................................188
2.2 A ORIGEM DO FUTEBOL DE SALÃO: VERSÃO BRASILEIRA.....................................................190
2.3 O FUTEBOL DE SALÃO.....................................................................................................................190
3 A CRIAÇÃO DO FUTSAL...................................................................................................192
4 OS SISTEMAS DE JOGO NO FUTSAL..............................................................................194
4.1 PRINCÍPIOS TÁTICOS......................................................................................................................... 197
4.1.1 Táticas de ataque...................................................................................................................... 199
4.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE JOGO NO FUTSAL.......................................................199
4.2.1 Sistema de jogo 2×2................................................................................................................ 199
4.2.2 Sistema de jogo 2×1×1............................................................................................................201
4.2.3 Sistema de jogo 1×2×1........................................................................................................... 202
4.2.4 Sistema de jogo 3×1 ou 1×3................................................................................................. 203
4.2.5 Sistema de jogo 4×0, 0×4 ou quatro em linha................................................................ 204
4.2.6 Sistema de jogo 1×2×2, 3×2, 2×3, 1×4 ou “casinha”....................................................... 206
RESUMO DO TÓPICO 2....................................................................................................... 209
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................210

TÓPICO 3 - TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO.........................................................213


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................213
2 PRINCÍPIOS TÁTICOS DO TREINAMENTO......................................................................214
2.1 RELAÇÕES ESPACIAIS E NUMÉRICAS.......................................................................................... 214
2.2 CONCEITOS ATITUDINAIS DEFENSIVOS E OFENSIVOS............................................................ 215
2.3 DESEQUILÍBRIO DA ORGANIZAÇÃO ADVERSÁRIA.................................................................... 215
2.4 COBERTURAS: OFENSIVA E DEFENSIVA..................................................................................... 216
2.4.1 Cobertura ofensiva................................................................................................................... 216
2.4.2 COBERTURA DEFENSIVA....................................................................................................... 217
3 TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL................................................... 217
3.1 MÉTODOS DE ENSINO DAS TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL................................................. 219
4 TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO NO FUTSAL.................................................... 222
4.1 TREINAMENTO DAS TÁTICAS OFENSIVAS NO FUTSAL............................................................ 224
4.2 TREINAMENTO DAS TÁTICAS DEFENSIVAS NO FUTSAL........................................................ 225
4.2.1 Treinamento das táticas defensivas no futsal com marcação individual................. 225
4.2.2 Treinamento das táticas defensivas no futsal com marcação por zona.................. 226
4.2.3 Treinamento das táticas defensivas no futsal com marcação mista........................227
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................... 228
RESUMO DO TÓPICO 3....................................................................................................... 233
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 234

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 237
UNIDADE 1 -

TREINAMENTO
ESPORTIVO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender os caminhos da iniciação esportiva;

• conhecer as teorias do treinamento esportivo;

• conhecer práticas de ciclo e periodização;

• reconhecer treinamentos físicos do futebol e do futsal.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INICIAÇÃO ESPORTIVA/ESPECIALIZAÇÃO


TÓPICO 2 – BASES GERAIS DO TREINAMENTO ESPORTIVO
TÓPICO 3 – CICLOS E PERIODIZAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
INICIAÇÃO ESPORTIVA/ESPECIALIZAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Guardadas as devidas proporções, pode-se inferir que as primeiras raízes do
esporte ocorreram na vida primitiva dos humanos, na qual as atividades corporais eram
utilizadas para a manutenção da própria vida, como, por exemplo, as caminhadas, a
caça, a natação, a defesa e possíveis momentos de lazer, como é o caso da dança, como
aponta Lyra Filho (1973).

Em Tubino (2005), encontra-se uma afirmação: quando o homem deixou de ser


nômade e passou a sofrer ataques em suas terras, criou como uma das possibilidades de
resolver esse problema o chamado agrupamento, que deu origem às primeiras nações e
à ideia de atividade física, em que estariam incluídas as práticas com objetivos higienistas
no oriente e a ginástica grega com caráter educativo e preparatório para a guerra.

Pereira (1980) acrescenta a essa ideia a necessidade do homem de se


movimentar e o fascínio que tem pelo jogo, do qual é necessário entendimento para
correlacioná-lo com o próprio esporte.

A Grécia pode ser considerada, conforme Pereira (1980), a primeira sociedade


organizada que teve grande apropriação da cultura esportiva. Os espartanos eram belicistas
e adoravam exercícios corporais. Já os atenienses, tidos como intelectuais, decifravam os
jogos esportivos como parte da cultura, da religião e meio educacional. Em grande medida,
os gregos utilizam o esporte e as atividades corporais como meio de formação para os
jovens que tinham início aos seis anos de idade com práticas de ginástica.

Figura 1 – Esporte na Grécia antiga

Fonte: https://bit.ly/3MnY69qAcesso em: 10 set. 2022.

3
O termo esporte, de acordo com Tubino (2005), tem sua origem no século
XIV, quando os marinheiros que trabalhavam em navios atracados aos portos saíam
da região portuária para praticar atividades físicas. Essa atividade era conhecida como
“desportar” – sair do porto. Desde aquela época, as práticas esportivas eram utilizadas
pelos marinheiros como um meio de manutenção à saúde, bem como um momento
de lazer, terapêutico, pois acreditava-se que a vida em alto mar poderia causar muito
estresse aos tripulantes de um navio.

A própria palavra apresenta origem no antigo francês “disport”, sendo que a


palavra “sport” teve seu primeiro registro na Grã-Bretanha, no século XV. Entretanto, na
passagem do século XVIII, o termo incorporou seu sentido mais atual, que se consolidou
quando se configurou o campo esportivo conhecido atualmente, como nos mostra
Bourdieu (1983).

Ainda em Tubino (2005), vê-se que, no início do século XVIII, o termo esporte foi
usado para indicar atividades relacionadas ao divertimento, especialmente realizadas
no campo e com animais, como, por exemplo, as corridas de cavalo, a caça e a pesca.
Essas atividades tinham características claramente designadas com componente de
status e distinção que efetivamente não era acessível a todas as pessoas. Ainda nesse
mesmo século, ocorre uma grande estruturação do esporte, que fica marcado por uma
ideia de racionalidade e ingressa num mercado, ainda embrionário, do segmento do
entretenimento.

2 ESPORTE
Ingressando no século XIX, Tubino (2005) destaca que surge uma nova
interpretação da palavra “sport”, brotando o termo “sporting”, que irá fazer conexões com
o chamado estilo de vida, indicando um delineamento para uma possível construção
conceitual nova, ainda que a palavra utilizada seja a mesma.

2.1 RELAÇÕES E FASES


Diante disso, pode-se considerar a Inglaterra como o primeiro país protagonista
que tentou manter muito de seu caráter original, mas sempre tendo aberturas para
possíveis adequações às diferentes particularidades de cada região.

Melo (2010) apresenta um modelo chamado de heurístico, no qual apresenta


o desenvolvimento e a estruturação do campo esportivo através dos tempos,
dividido em fases. Para o autor, esse modelo permite compreender, de modo global, o
desenvolvimento do esporte no mundo, ressaltando que as transformações não foram
lineares, não são excludentes e visualizadas a partir das realidades temporais e locais.

4
Segundo o mesmo autor, a primeira fase que ocorreu na primeira metade
do século XIX acontece uma nova estruturação e sistematização das práticas,
especialmente, nas escolas públicas inglesas. Percebe-se que a primeira prática
esportiva organizada em nível moderno foi caracterizada pela utilização de animais,
como, por exemplo os cavalos, estabelecendo na zona urbana relações com as
tradições da zona rural. Essa prática ainda se alicerçava nos hábitos da aristocracia,
ou seja, tentando adequar antigos costumes a um novo modelo de organização social.
Nesse período, o esporte se relacionava de modo bastante incisivo à ideia de diversão
gratuita, melhor estruturada visando a um possível mercado nos seus arredores, tendo
a perspectiva da noção de competição já praticamente estabelecida.

ATENÇÃO
Com relação à competição, Tubino (2005) ressalta ser a principal
bandeira do desporto, pois, segundo o autor, onde houver esporte deve
haver disputa. Pereira (1980) acrescenta a esta questão afirmando que
a competição se origina de uma versão mais agressiva do jogo.

Na segunda fase, de acordo com Melo (2010), que ocorreu na segunda metade
do século XIX, observa-se um grande aumento de práticas em que o próprio movimento
humano é o elemento central. Inicia-se um combate aos chamados jogos de azar e
diferentes tipos de apostas. A modalidade esportiva do remo tem grande destaque
nessa fase, além da natação, do atletismo e das lutas, que passam a ser regidas por um
processo de incorporação de regras e do simbolismo dito moderno. Soma-se, ainda,
situações de desafio, de superação associadas a questões relacionadas à higiene e à
saúde. As questões relacionadas à racionalização se explicitam não apenas no que tange
à coordenação das entidades e instituições organizadoras das práticas, mas também no
enfoque para o desenvolvimento de técnicas corporais que vislumbram a obtenção de
melhores resultados que passam a ser sistematicamente registrados. Nessa fase, ainda
se detecta um aumento considerável da presença, na prática esportiva, do público
feminino. O sentido de divertimento relacionado ao esporte ainda se manteve, ainda
que com uma sombra mais explícita de uma base moral. A questão da competição
permanece muito destacada, relacionando-se diretamente às noções de produção e
trabalho.

Na terceira fase, mostrada por Melo (2010), que ocorreu no final do século
XIX, o esporte já figura inteiramente mergulhado no novo contexto sociocultural,
prospectando relações com as principais ideias de consumo e espetáculo. Na sequência,
o fenômeno do esporte se aproxima e passa a fazer uso de componentes tecnológicos
que, explicitamente, representavam o progresso e a velocidade com que as sociedades
estavam se desenvolvendo. Os desafios esportivos apresentados aos seres humanos
pareciam não demonstrar tanta grandiosidade quanto ao tamanho das possibilidades

5
que a utilização dos equipamentos tecnológicos apresentava. Anteriormente, registrar
o tempo, por exemplo, era algo bastante significativo, e isso se torna algo cada vez
mais valorizado, principalmente, no que tange à criação e ao aperfeiçoamento de
instrumentos, em especial os cronômetros, que habilitam os usuários a terem uma
precisão cada vez maior do componente tempo, passando a ser identificado como fator
de sucesso e de meta a ser batida. O desenvolvimento, a criação e a utilização das novas
tecnologias para serem utilizadas no esporte expandiram a estruturação e o alcance da
cultura de massa, promovendo a chamada nova excitabilidade pública, o que suscitou
o surgimento de novos comportamentos sociais, principalmente em relação à ideia de
diversão, que passa a ser vislumbrada pela noção de espetáculo.

A quarta fase, que ocorreu na transição dos séculos XIX e XX, apresenta uma alta
melhora na prática e na organização das modalidades esportivas, em especial as coletivas,
conforme Melo (2010). Se antes a estruturação dessas modalidades estava na esfera das
escolas públicas, agora a criação em locais fora de instituições escolares, como é o caso
do basquetebol (criado em 1891) e do voleibol (criado em 1895) nas ACMs – Associações
Cristãs de Moços –, bem como a organização dessas atividades, facilitaram a sua
inserção em outros segmentos da sociedade, tornado viável a popularização das práticas
esportivas. Esse contexto favoreceu o maior envolvimento de pessoas dos mais variados
grupos sociais. No caso do futebol, por exemplo, foi incorporado por indivíduos da classe
operária. Constata-se, nessa fase, que a prática esportiva com fins de divertimento se
massifica e é somada à diversificação de interesses e da lógica comercial, internalizando
o caráter competitivo e da superação de resultados relacionados à internacionalização e à
construção de identidades nacionais pertinentes ao esporte. A partir daí, a ideia da prática
esportiva amadora perde espaço para a profissionalização das atividades, não apenas dos
atletas, mas também de treinadores e dirigentes, além de outros profissionais que passam
a integrar esse complexo mundo do esporte.

IMPORTANTE
A ACM, Associação Cristã de moços, surgiu na Inglaterra, em 1844, por iniciativa do então
jovem George Williams, no período da Revolução Industrial, e trazia como objetivos
primordiais o de buscar a cooperação dos jovens cristãos para "difundir o Reino de
Deus" entre os outros jovens, além de promover reuniões espirituais entre os demais
estabelecimentos de Londres. Esse movimento surgiu da necessidade desses jovens de
fazerem reflexões sobre o mundo em que viviam, discutirem problemas sociais, bem como
entenderem as transformações que estavam ocorrendo. Após a criação, a entidade se
espalhou rapidamente pelo mundo. Atualmente, a ACM está instalada em 123 países,
com mais de 14 mil sedes, e alcança mais de 64 milhões de pessoas, contabilizando mais
de 919 mil voluntários. Todas as ACMs espalhadas pelo mundo estão sob a orientação e
direção da Aliança Mundial das ACMs, localizada em Genebra – Suíça. No Brasil,
a ACM chegou em 1893 por uma iniciativa de Myron August Clark, que funda
a ACM São Paulo e, posteriormente, no mesmo ano, funda a ACM do Rio de
Janeiro. Vale a pena conferir de modo mais aprofundado essa história
com outras interessantes informações no site oficial da Associação.
Disponível em: http://www.ymca.org.br. Acesso em: 25 ago. 2022.

6
Figura 2 – Logomarca da ACM

Fonte: Disponível em: https://www.relatorioacmsaopaulo.org/ Acesso em: 10 set. 2022.

A quinta fase, mostrada por Melo (2010), ocorreu na transição dos séculos XX e
XXI a partir dos desdobramentos das fases anteriores e apresenta o nascimento de várias
modalidades esportivas. As ferramentas tecnológicas passam a fazer parte cada vez mais
marcante nas práticas esportivas, efetivando o jogar por meio de simulações e situações
criadas nas telas dos diferentes equipamentos. Esse cenário possibilita uma grande reflexão
que gera muitas discussões acerca da utilização dos jogos eletrônicos como sendo ou não
práticas esportivas a partir de uma observação da participação quase que sem movimentos
corporais completos, apenas com a utilização dos membros superiores, em especial as mãos,
e da visão. Essas conversas têm desdobramentos a partir da criação de jogos eletrônicos da
plataforma Wii, que promovem a possibilidade de movimentos corporais associados àqueles
que são apresentados nas diferentes telas. O esporte é um evento que, a cada momento
histórico, terá uma definição e conceituação associada ao contexto temporal, e que vai
sempre ser modificada e analisada por pessoas e grupos diferentes.

2.2 ABRANGÊNCIA DO ESPORTE MODERNO E FUTEBOL


Não é incomum ouvirmos dizer que o esporte é uma grande ferramenta
educacional e pode tirar crianças e jovens da criminalidade, projeta pessoas do
anonimato para o estrelato, pode ser um meio de inclusão social, traz benefícios em
nível de saúde a uma sociedade e pode estreitar laços familiares e/ou profissionais.

Praticamente em qualquer segmento da sociedade é possível vislumbrar a


presença do esporte. Esse fenômeno, “uma das maiores invenções sociais que os seres
humanos realizaram sem o planejar” (ELIAS; DUNNING, 1992, p. 243), produz grandes
impactos nas sociedades atuais e se tornou um dos principais meios de criação de
excitação agradável, sendo um bom meio de identificação coletiva.

Kunz (2006) reforça essa ideia indicando que o esporte é, em todas as sociedades
atuais, um fenômeno extremamente importante, e que indivíduos se deparam com esse
elemento a todo momento em diferentes locais, ainda que não sejam praticantes. Esse
panorama vem causando influências cada vez maiores sobre nossa chamada cultura
de movimento, que vai além das questões simplesmente dos conteúdos desenvolvidos
nas escolas em aulas de Educação Física.

7
A expressão "esporte moderno" demarca diferenças dessa prática para
as sociedades ditas antigas e tradicionais. Em primeira instância, ocorre uma
autonomização do campo esportivo em relação a outros campos sociais (religiosos,
rituais) que aparecem a partir da constituição de locais específicos para essas práticas,
como, por exemplo, os estádios, ginásios e outros. Em segunda instância, surge a
secularização, ou seja, desvínculo da prática esportiva de rituais religiosos onde as
práticas passam a acontecer de modo independente de questões religiosas. Por fim, na
terceira questão, o esporte moderno prega uma igualdade formal de chances entre os
jogadores, distante da prática antiga em rituais que explicitavam as diferenças entre os
indivíduos, principalmente no âmbito social.

Assim, o esporte moderno, autonomizado, caracteriza-se por ter espaços


próprios criados para esse fim e, nas regras, postula uma igualdade entre os jogadores,
anulando diferenças sociais que possam existir. Nessas regras, não existem mais
interesses situacionais nem tampouco tradições locais, sendo prevalecente o potencial
universal. A prática passa a ter tempo regrado, calendário próprio, sensível ao mundo
social, mídia, trabalho e lazer.

Autores como Martins e Altmann (2007) mostram que a primeira atividade com
as características específicas do esporte moderno apareceu na Inglaterra, no século XVIII
e início do século XIX. Trata-se da caça à raposa, que se tornou altamente especializada,
tendo organizações e convenções próprias para decisões.

Para Bracht (2011), o esporte moderno tem suas referências a partir de uma
prática essencialmente competitiva, diferente daquela que existia na metade do século
XIX nas escolas da Inglaterra que, pedagogicamente, não se restringia à competição.
Para o autor, o esporte moderno, foi resultado de uma mudança dos elementos da
cultura corporal do movimento das classes populares e burguesas da Inglaterra, como
os jogos populares, que contavam com diversos jogos com bola.

Ainda no âmbito escolar, existiu um grande incentivador das práticas esportivas: o


pedagogo inglês Thomas Arnold, diretor do colégio de Rúgbi na Inglaterra, à época. Arnold
implementou as atividades físicas da burguesia no ambiente educacional instigando os alunos
a formularem regras e códigos próprios, tendo como base a concepção de jogo honesto (fair
play) com objetivo de semear a formação moral e o prazer daqueles que jogavam. A principal
meta do pedagogo era minimizar o tradicionalismo pedagógico britânico incentivando a
prática dos jogos populares nas escolas públicas. Esse movimento foi chamado de "revolução
esportiva", conforme mostram Tubino (1987, 2005) e Pereira (1980).

O esporte se constitui como um espaço único, com características específicas,


tendo seu desmembramento em diferentes formas de manifestação e, por isso, não
é devido apontar a existência de vários esportes, mas, sim, a existência de várias
modalidades esportivas. As práticas esportivas têm características flexíveis, como, por
exemplo, o ambiente e o significado da prática, tendo também outras características
não flexíveis, como, por exemplo, a história e a competição.

8
Uma das modalidades esportivas, considerada, atualmente, como uma das mais
populares no mundo, é o futebol. Ainda que o futebol possa ser identificado em diferentes
práticas que se assemelham, principalmente no que tange ao contato dos pés com a
bola, como, por exemplo, o futebol de salão, o futsal, o futevôlei, o beach soccer, futebol
society, sepaktakraw, dentre outras, a prática nos gramados (seja de grama natural ou
artificial) atrai a atenção de inúmeras pessoas por todas as partes do mundo.

Nessa modalidade esportiva, acontece um dos maiores eventos do planeta que,


de quatro em quatro anos, mobiliza uma legião de pessoas para trabalharem ou para
acompanharem os jogos: o Campeonato Mundial de Futebol.

Figura 3 – Taça da Copa do Mundo de Futebol da FIFA

Fonte: https://bit.ly/3EzylAT. Acesso em: 10 set. 2022.

DICA
Muitas obras foram escritas com a temática futebol. Em especial, destacam-se alguns
livros que fazem relações muito interessantes dessa modalidade com a história de países,
grupos e clubes.

- Negro, macumba e futebol. Autor: Anatol Rosenfeld. Ano de publicação: 2001. Editora
perspectiva. ISBN: 8527300621.

- Vencer ou Morrer: Futebol, Geopolítica e Identidade Nacional. Autor: Gilberto Agostino.


Ano de publicação: 2002. Editora Mauad. ISBN: 8574780685.

- Como o futebol explica o mundo: um olhar inesperado sobre a globalização. Autor: Franklin
Foer. Ano de publicação: 2005. Editora: Jorge Zahar. ISBN 8571108390.

- O negro no futebol brasileiro. Autor: Mario Filho. Epitácio Brunet, José


Mauro Firmo, Édison Carneiro, João Máximo, Francisco Carlos Teixeira
da Silva (contribuintes). Ano de publicação da 5ª edição: 2010. Editora
Mauad. ISBN: 8574780960.

- As Relações étnico-raciais e o Futebol do Rio de Janeiro: Mitos,


Discriminação e Mobilidade Social. Autor: José Jairo Vieira. Ano de
publicação: 2017. Editora Mauad. ISBN: 8574787485.

9
2.3 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DO ESPORTE
O esporte tem sido historicamente estudado por muitos autores a partir de
muitos olhares, o que faz dele um excelente palco de reflexões.

Esse fenômeno, de acordo com a Carta Internacional de Educação Física e


Esporte, publicada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco, 1978), é considerado um direito de todos e por isso deve ser entendido
pela sua enorme abrangência.

Metheny (1968) define o esporte como uma organização de ações efetivas com
o propósito de fazer algo se mover no espaço. Ainda que isso seja genérico, cada forma
de esporte é caracterizada por seu próprio conjunto de regras, seu tipo particular de
ações, sua terminologia significativa e seu próprio corpo de praticantes.

Já Lüschen (1972) amplia a definição, afirmando ser uma ação social


institucionalizada, convencionalmente regrada, que se desenvolve com base lúdica, em
forma de competição entre duas ou mais partes oponentes ou contra a natureza, cujo
objetivo é, por meio da comparação de desempenhos, designar o vencedor ou registrar
um recorde; seu resultado é determinado pela habilidade ou estratégia do participante
e é para este gratificante tanto intrínseca quanto extrinsecamente.

No Brasil, Barbanti (1994) faz uma comparação de três ações, atividade física,
exercício físico e esporte, a fim de melhorar os possíveis entendimentos. Segundo o
autor, atividade física no sentido mais restrito é todo movimento corporal produzido
pelos músculos esqueléticos, provocando gasto energético acima dos níveis de repouso.
Exercício físico é uma sequência planejada de movimentos repetitivos, sistemáticos,
com fins de melhora de rendimento. Por fim, baseando-se na sociologia, ele caracteriza
o esporte como uma atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforço físico
vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos cuja
participação é motivada pela combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos.

O esporte é um fenômeno sociocultural extremamente importante desde o


início desse século (PAES, 2006) e está entre as manifestações culturais do homem
que podem ser desenvolvidas nas aulas de Educação Física Escolar.

O fenômeno do esporte não existe apenas ligado ao alto rendimento, mas


também em práticas educacionais, terapêuticas, de recreação e lazer.

Na proposta de Tubino (2005), observa-se que esse fenômeno, que, segundo


o autor, fomenta a paz, pode ser praticado com finalidades ou objetivos distintos: a
educação, o lazer ou o rendimento.

No âmbito da educação, o esporte pode ser um dos meios mais efetivos na


formação de jovens, sendo muito importante no desenvolvimento de suas personalidades
10
e nos seus processos de emancipação, além de um caminho essencial para o exercício
pleno da cidadania no futuro individual dos alunos. Nessa relação entre o esporte e a
escola, Piccolo e Moreira (2012, p. 20) enfatizam que: “ensinar o conhecimento sobre
o esporte é função da escola, assim como proporcionar práticas prazerosas que se
traduzam em aprendizagens significativas”.

Com o objetivo de lazer, o esporte ocorre no princípio do prazer lúdico, que tem
como finalidade o bem-estar social dos seus praticantes e está intimamente ligado ao tempo
livre, acontecendo em espaços não comprometidos com as obrigações da vida diária. Os
principais propósitos dessa vertente são a descontração, a diversão, o desenvolvimento
pessoal e o relacionamento entre as pessoas. Na prática, com esse objetivo de lazer, os
participantes entram num estado chamado de “fluxo” (ALVES, 2002). Quando isso acontece,
os participantes não sentem cansaço, frio, calor, fome, sede ou qualquer outra sensação
que os faria interromper a prática, pois ficam extremamente envolvidos e absortos.

Quando o esporte está voltado ao desempenho ou ao rendimento os propósitos,


quase sempre gira em torno de novos êxitos esportivos, de recordes, da vitória sobre
os adversários, da hegemonia etc. Ressalta-se que, nessa linha de esporte, existem
códigos e regras preestabelecidas pelas instituições organizadoras de cada modalidade
esportiva. É essa manifestação social que propicia o espetáculo esportivo, que, por sua
vez, traz a tendência de transformar o esporte em mercadoria veiculada pelos meios
de comunicação de massa. Nessa prática, é importante lembrar que não são todos os
indivíduos que têm o rol de habilidades e capacidades desenvolvidas para executá-la.

2.4 ESPORTE E MODALIDADES ESPORTIVAS


É necessário entender que o fenômeno do esporte se difere da modalidade
esportiva que pode ser considerada como uma atividade física sujeita a determinados
regulamentos e que, geralmente, visa à competição entre os participantes. Algumas
modalidades são praticadas com o uso de veículos ou outras máquinas, e não exigem
tanto a realização de esforço excessivo, sendo mais importante, nesses casos, a destreza
e a concentração do que o exercício físico. De modo geral, as modalidades esportivas
divertem e entretêm, compondo um fenômeno sociocultural que envolve prática
voluntária, contribuindo para a formação e desenvolvimento físico, intelectual, social,
emocional e psíquico dos envolvidos, podendo, ainda, servir de meio para inclusão social.

ATENÇÃO
O esporte é um grande fenômeno que existe espalhado por todas as
partes do nosso planeta que é expresso através das manifestações
chamadas de modalidades esportivas, efetivamente as diferentes
práticas utilizadas pelo ser humano.

11
Futebol, futebol de salão, futsal, voleibol, basquetebol, handebol e boxe, por
exemplo, são manifestações esportivas praticadas de acordo com o ambiente em que
estão inseridas e, por isso, a denominação de modalidades esportivas cabe para essa
designação (MARQUES, 2007).

Figura 4 – Esportistas em diferentes modalidades esportivas

Fonte: https://brasil.cambly.com/esportes-em-ingles/. Acesso em: 10 set. 2022.

Em sua essência, uma modalidade esportiva começa a ser praticada sofrendo


influências diretas de alguns fatores que permeiam os diferentes aspectos, como os
políticos, os geográficos, os culturais, os sociais, os econômicos, entre outros. Sabe-
se, contudo, que a finalidade da criação da prática, na maioria das vezes, não era a de
torná-la uma modalidade esportiva, mas, sim, de aproveitar as condições que existiam
nas diferentes regiões para a prática de uma atividade como forma de treinamento, de
lazer ou de recreação. A sistematização e a divulgação dessas atividades transformam-
nas em modalidades esportivas (ALVES; BELO 2020).

2.4.1 Divisões das modalidades esportivas


Pode-se dividir as modalidades esportivas como coletivas, que são caracterizadas
por se desenvolverem em grupo e essencialmente por momentos de ataque e momentos
de defesa, em que se estruturam na disputa duas equipes com enfoque na organização
técnico e tática de acordo com as regras preestabelecidas institucionalmente; e as
individuais, que têm como principal característica em sua prática a individualidade,
ou seja, o sujeito está sozinho nas ações e depende basicamente de si mesmo para
alcançar seus objetivos de acordo com as regras preestabelecidas institucionalmente.

Tanto nos esportes coletivos quanto nos esportes individuais, as práticas podem
ocorrer de modo institucional ou de modo não institucional, que, para Alves e Bello
(2020), se diferenciam por conta das instituições que organizam as práticas. Enquanto
as práticas institucionais são orientadas pelas rígidas regras oferecidas pelas instituições

12
oficiais (ligas, federações, confederações, associações etc.) que organizam sua prática
em relação a espaços e materiais, as práticas não institucionais se organizam de acordo
com os diferentes grupos, com a disponibilidade de espaços e materiais existentes além
do interesse e dos gostos dos envolvidos.

Em Alves e Bello (2020) encontram-se outras divisões que também podem ser
feitas das modalidades esportivas, como, por exemplo:
• Quanto à ação motora. Podem ser:
º Cíclicas: apresentam uniformidade e repetição quanto à execução dos gestos
motores. Exemplos: ciclismo, corridas.
º Acíclicas: apresentam uma quebra no ciclo de execução dos gestos motores.
Exemplos: lutas, tênis.
• Quanto à divisão por categorias. Podem ser:
º Por idade: por exemplo, de 11 a 12 anos.
º Por peso: por exemplo, de 50 a 55 quilogramas.
º Por faixa ou cordão: por exemplo, faixa azul, faixa preta.
• Quanto ao nível dos praticantes. Podem ser divididas em:
º Principiantes: aqueles que iniciam a prática da modali­dade independentemente
da idade.
º Não confirmados: aqueles que treinam ou praticam a modalidade, mas não se
dedicam exclusivamente a essa atuação, tendo outra atividade profissional.
º Confirmados: aqueles que praticam a modalidade, dedicam-se a ela com
exclusividade e podem se tornar profissionais.

O futsal tem, em nível de competições, de acordo com o site da Confederação


Brasileira de Futsal (http://www.cbfs.com.br/) divisão de seus campeonatos regionais a
partir de idades assim discriminadas:
• Homens iniciação – Sub 7 / Sub 8 / Sub 9 / Sub 10.
• Homens base – Sub 12 / Sub 14 / Sub 16 / Sub 18.
• Homens maiores – Sub 20 / Acima de 20 / Acima de 40.
• Mulheres base – Sub 13 / Sub 15 / Sub 17.
• Mulheres maiores – Sub 20 / Acima de 21.

No caso do futebol, de acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (https://


www.cbf.com.br/) as divisões em nível de competição acontecem da seguinte maneira
em relação à idade dos participantes:
• Homens – Sub 11 / Sub 13 / Sub 15 / Sub 17 / Sub 20 / Acima de 20.
• Mulheres – Sub 14 / Sub 15 / Sub 17 / Sub 20 / Acima de 20.

As pessoas que organizam e dirigem em nível mundial as modalidades esportivas


do futebol e do futsal pertencem à mesma entidade, a FIFA. Essa instituição tem em seus
quadros funcionais grupos de pesquisadores e estudiosos de cada uma das modalidades,
que propõem constantemente mudanças de regras, materiais e espaços, a fim de torná-
las mais atrativas e consequentemente mais praticadas pelo mundo. Historicamente, o
futebol já sofreu várias mudanças de regras, sendo a que a mais discutida tem relação

13
com a regra 11, que trata do impedimento. No caso do futsal, os estudos caminham para
aumentar a possibilidade de fazer gols e, assim, atrair mais espectadores.

2.5 MODALIDADES ESPORTIVAS: PARTICULARIDADES E


TREINAMENTOS
Cada modalidade esportiva é caracterizada, basicamente, por técnicas e táticas
que o praticante usa durante o transcorrer da atividade. Somam-se às técnicas e às
táticas as regras, espaços e materiais peculiares a cada uma.

A técnica pode ser definida como o domínio das ações motoras que são
permitidas na prática de cada modalidade esportiva de modo eficiente. É evidente que
essa ação motora não depende exclusivamente do aspecto motor do indivíduo, pois os
aspectos emocionais, sociais e cognitivos fazem parte de uma boa execução gestual de
determinado movimento.

Com base nas ciências sociais e humanas, Mauss (1974) apresenta a noção
de técnica corporal como sendo todas as formas de uso do corpo criadas pelos seres
humanos em sociedade ao longo do tempo. Técnica, de acordo com o autor, é um ato
tradicional e eficaz que não existe e nem haverá sua transmissão se não houver tradição.
As técnicas corporais “são os gestos simbólicos que são, ao mesmo tempo, gestos reais
e fisicamente eficazes” MAUSS, 2001, p. 115).

De acordo com o mesmo autor, os gestos esportivos devem ser vistos não apenas
por uma perspectiva mecânica, mas como sendo “fatos sociais totais”, envolvendo as
dimensões biológica, psicológica e sociológica. Os fatos sociais são fatos tradicionais, e
segundo Mauss (2001, p. 114) “são técnicos, estéticos, econômicos, morfológicos”.

O treinamento de uma técnica, seja em qualquer modalidade esportiva, se faz


necessário para que seja utilizada de forma eficiente quando solicitada durante um jogo,
competição ou combate.

Figura 5 – Treinamento esportivo

Fonte: https://bit.ly/3Et7giT. Acesso em: 10 set. 2022.

14
A expectativa do treinamento de uma técnica esportiva, seja do futsal ou do
futebol, que, em grande medida, são bastante semelhantes, prevê que o planejamento
seja feito por meio de exercícios com repetições dos gestos concomitantemente às
possíveis correções. É importante que a execução dos gestos na prática dos exercícios
planejados tenha a perspectiva de maior proximidade possível das situações reais do
jogo. Essas atividades podem identificar alguns talentos individuais que vão contribuir
no momento da organização das atividades coletivas, ou seja, no treinamento das
táticas. O talento individual de um atleta pode favorecer um melhor entrosamento da
equipe como um todo (PRAÇA; GRECO, 2020).

Para definir a tática de jogo, vamos entender primeiro o que é sistema de jogo,
que é a distribuição ordenada dos jogadores em quadra/campo. Assim, tática de jogo
é definida como as movimentações dos jogadores de acordo com o sistema de jogo.
A tática é um conjunto de comportamentos e movimentações individuais que servem
para utilizar de forma ótima as próprias características individuais dentro do coletivo.

Uma obra intitulada Atlas do Esporte no Brasil (COSTA, 2005) apresenta uma
lista com muitas modalidades esportivas, que podem ser olímpicas ou não. Entre as
modalidades esportivas olímpicas, destacam-se: atletismo, badminton, beisebol,
basquete, boxe, break dance canoagem (slalom), canoagem (velocidade), ciclismo
(estrada), ciclismo (mountain bike), ciclismo (pista), escalada, esgrima, futebol, ginástica
(artística), ginástica (rítmica desportiva), ginástica (trampolim acrobático), handebol,
hipismo (adestramento), hipismo (concurso completo de equitação), hipismo (saltos),
hóquei na grama, judô, caratê, levantamento de peso, lutas (livre e greco-romana),
natação, natação sincronizada, pentatlo moderno, polo aquático, remo, saltos
ornamentais, skate, softbol, surf, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tiro, tiro com arco,
triatlo, vela, voleibol, voleibol de praia.

Entre as modalidades esportivas não olímpicas, destacam-se: acqua ride,


acrobacia aérea, aeromodelismo, arvorismo, automobilismo, balonismo, bike trials,
bocha, bossa ball, pesca, bodyboard, boia-cross, boliche, bungee jump, canionismo,
canoa havaiana, capoeira, carrovelismo, corrida de aventura, corrida de orientação,
culturismo e musculação, disco frisbee, enduro a pé, esqui aquático, flag football,
frescobol, futebol americano, futsal, halterofilismo, hóquei sobre patins, jet ski, jiu-
jitsu, kabaddi, kart, kitesurfe, kung fu, luta de braço, mergulho, motociclismo, paintball,
paraquedismo, patinação artística, prancha à vela, punhobol, rafting, rapel, rugby,
sandboard, skimboard, sepaktakraw, rally, squash, tamboréu, tchoukball, tiroleza,
trekking, turfe, ultraleve, voo livre, wakeboard, xadrez, zorbing.

15
Figura 6 – Modalidades esportivas

Fonte: https://bit.ly/3RO5WKn. Acesso em: 10 set. 2022.

Diante desses conceitos, as práticas esportivas são caracterizadas a partir do


momento que um indivíduo tem contato com uma modalidade esportiva e pode, ou não,
chegar a uma especialização dessa prática.

2.6 INICIAÇÃO ESPORTIVA


A iniciação esportiva, de acordo com Vidal (2006), pode ser entendida como uma
atividade física que oferece ao indivíduo inúmeras possibilidades motoras e vivências no
processo de aprendizagem de muitos jogos e modalidades esportivas, buscando desenvolver
as capacidades e habilidades humanas nas dimensões motoras, cultural, social, cognitiva
e afetiva. A autora ressalta que um indivíduo que teve uma iniciação ruim e não teve uma
preparação adequada, provavelmente não terá sucesso no esporte de alto rendimento.

Em Barbanti (1979), o conceito de iniciação esportiva está descrito como a fase


inicial de todo treinamento esportivo, com uma preparação generalizada para que as
crianças possam colher experiências motoras em várias atividades, tendo sugerido
como idade ideal de início dos oito aos nove anos a fim de poder, na idade adulta, colher
bons resultados.

Para Nunomura, Carrara e Tsukamoto (2010) , a iniciação é uma etapa de


formação generalizada, com o objetivo de ampliação do acervo motor da criança, que
deve ocorrer por meio de estimulação e prazer na prática.

O conceito ampliado de Kunz (2006) destaca que a iniciação esportiva visa


promover o desenvolvimento corporal, psíquico e social, possibilitando o reconhecimento
de capacidades individuais próprias para ampliar a vivência de experiências e meios que
promovam a autovalorização e melhora da autoestima.

Somado às propostas de Kunz (2006), Ferreira (2008) destaca que, além da


aquisição de níveis mínimos de desenvolvimento das qualidades físicas, psíquicas e
motoras, o objetivo da iniciação esportiva deve prever que a criança seja capaz de
exercer domínio sobre as técnicas corporais básicas para que, assim, possa iniciar o
aprendizado de diferentes técnicas específicas de uma modalidade esportiva.
16
A iniciação esportiva deve ocorrer o mais cedo possível e ser diversificada,
proporcionando para a criança o conhecimento de diferentes modalidades esportivas,
lembra Paes (2006), sendo que a prática do esporte, desde o período da iniciação,
pode proporcionar inúmeros benefícios à criança, enfatizando que, mais importante do
que formar atletas, é a finalidade da iniciação esportiva, contribuir para a formação do
cidadão, que eventualmente poderá ou não ser atleta.

O objetivo da iniciação esportiva, para Balbino (2001), é o de preparar a criança


para ser um potencial atleta de alto rendimento na vida adulta, o que corresponde a
uma pequena parcela daqueles que iniciam nos esportes.

A partir dessa contextualização, pode-se perceber que, para que ocorra a


iniciação esportiva, seja em qual modalidade esportiva for, é imprescindível que o sujeito
tome gosto pela prática e sinta prazer, a fim de tornar aqueles períodos de treinamento
em momentos de alegria e satisfação.

Quanto mais agradável for a relação do praticante com a modalidade esportiva com
a qual está envolvido, maiores serão as possibilidades de incorporação dos treinamentos
de modo mais frequente, bem como das possíveis melhoras no que tange aos aspectos
técnicos individuais e, consequentemente, aos aspectos táticos coletivos.

Em se tratando de iniciação esportiva, considera-se como sendo o período


em que um indivíduo começa a aprender e a praticar de forma específica e planejada
uma modalidade esportiva. Ressalta-se que a iniciação esportiva não exclusivamente
acontece com crianças, pois qualquer indivíduo pode ter seu primeiro contato com
alguma modalidade esportiva, ainda que não seja criança, ou seja, em qualquer idade.

No caso de crianças, Santana (2004) sugere ser um período em que uma criança
inicia a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, tendo como
objetivo imediato o de oferecer continuidade ao seu desenvolvimento de forma integral,
não implicando competições regulares.

Nos estudos de Almeida (1996), encontra-se a iniciação esportiva dividida


em três estágios: iniciação desportiva, aperfeiçoamento desportivo e introdução ao
treinamento.

O primeiro estágio ocorre entre oito e nove anos e tem como objetivo a
aquisição de habilidades motoras, destrezas específicas e globais, com atividades
básicas de movimentos somadas a jogos pré-desportivos, pois, para Almeida (1996),
nessa faixa de idade a criança está apta para a aprendizagem inicial das modalidades
esportivas, mas não para as modalidades coletivas com caráter de competição. Por isso,
a atração que a criança sente pelas práticas esportivas está no prazer da atividade em
si, e não pela competitividade. As propostas para as crianças deveriam ser pautadas
num planejamento motivador, enfatizando atividades recreativas, na busca de um
aprendizado objetivo, eficiente e pouco monótono. O autor sugere que se deva oferecer

17
às crianças um grande número de oportunidades para o desenvolvimento das mais
variadas formas de habilidades, instrumentalizando-a com atividades motoras que
poderão ser utilizadas em diversas modalidades esportivas.

No segundo estágio encontrado em Almeida (1996), na fase do aperfeiçoamento


desportivo, crianças estão numa idade entre 10 e 11 anos e já experimentam e participam
plenamente de ações baseadas na cooperação e colaboração. A partir desse cenário,
o jogo assume um aspecto sociodesportivo em que os participantes interagem entre
si com papéis bem definidos, tendo como objetivo introduzir elementos técnicos
fundamentais, táticas gerais e regras por meio de jogos educativos e atividades com
regras. O autor ressalta que essa fase é muito propícia para que haja aprendizado e,
por isso, as atividades devem ampliar o repertório de movimentos dos fundamentos
básicos das diversas modalidades esportivas. Soma-se, ainda, a possibilidade de
instrumentalizar as crianças com elementos psicossociais que permitam a socialização
e as ações cooperativas por meio de jogos e brincadeiras.

No último estágio, Almeida (1996) afirma ser a introdução ao treinamento aquela


em que a criança com idade entre 12 e 13 anos tem a possibilidade de alcançar bom
desenvolvimento de suas capacidades intelectuais e físicas e, por isso, o objetivo dessa fase
é o aperfeiçoamento das técnicas individuais, dos sistemas táticos, somados à aquisição das
qualidades físicas usadas nas modalidades esportivas. As propostas devem ter como meta
o aperfeiçoamento das qualidades físicas, das técnicas individuais e das táticas (individuais
e coletivas) das diversas modalidades esportivas, que pode acontecer por meio de uma
organização da preparação física e de práticas esportivas (jogos), oferecendo oportunidades
para o desenvolvimento corporal e para a melhoria do desempenho individual. As atividades
devem ser adequadas e diversificadas (motivadoras) vislumbrando uma aprendizagem
individualizada, dentro do grupo, permitindo-lhes solucionar conflitos em coletivos.

Figura 7 – Iniciação esportiva

Fonte: https://bit.ly/3RQfTHj. Acesso em: 10 set. 2022.

Bento (1989) também sugere três etapas na iniciação esportiva, enfatizando a


existência de uma abordagem chamada de “estruturação e construção progressiva do
rendimento” que deve ser ajustada aos níveis de desenvolvimento das crianças. As três
etapas se dividem em:

18
• Formação motora geral de base (entre 7/8 e 9/10 anos).
• Treino das bases (ou fundamentos) do rendimento (entre 9/10 e 11/12 anos).
• Treino estruturado do rendimento (12/13 anos).

A iniciação esportiva, levando-se em consideração questões relacionadas à


idade biológica, a idade cronológica e à idade escolar, na perspectiva de Oliveira e Paes
(2004), divide-se em três fases:

Outros autores, Pinni e Carazzatto (2005) sugerem que a iniciação esportiva da


criança deve obedecer a duas fases distintas: geral e especializada. Na iniciação geral,
que deve ocorrer entre os 2 e os 12 anos de idade, o principal objetivo deve ser o da
formação e da preparação do organismo a esforços posteriores, o desenvolvimento das
qualidades físicas básicas e o contato com os fundamentos das diferentes modalidades
esportivas, e não deve existir enfoque nos eventos de competição. A outra fase, segundo
os autores, é a chamada especialização esportiva, que deve ocorrer entre os 12 e os 14
anos de idade com a utilização específica de técnicas, gestos e táticas das modalidades.

A iniciação esportiva, a partir da perspectiva de Capitanio (2003), deve ser


organizada de modo bastante criterioso e cuidadoso no sentido de não valorizar demais
os resultados atléticos que poderiam deixar de lado alguns enfoques educacionais que
a prática esportiva pode oferecer. A autora ressalta que a principal abordagem na fase
da iniciação esportiva não deve ser nas habilidades motoras e técnicas específicas,
mas, sim, na ampliação das possibilidades para diferentes estímulos com ênfase no
desenvolvimento e no crescimento físico, fisiológico, motor, cognitivo, afetivo-social e a
aprendizagem motora.

Uma estratégia extremamente importante a ser utilizada nessa fase de


atividades com iniciantes é a possível relação existente com os pais/responsáveis,
que pode ser positiva ou negativa. Hellstedt (1990) sugere que existem três tipos de
envolvimento dos pais/responsáveis nessa fase. O primeiro envolvimento é denominado
de “subenvolvimento”, em que acontece um pequeno comprometimento emocional,
financeiro ou funcional dos pais/responsáveis que efetivamente não comparecem a
jogos ou treinamentos e não têm contato com o treinador. O outro tipo de envolvimento
é chamado de moderado, com características de suporte mais firme dos pais/
responsáveis em relação a orientações e metas possíveis, somadas ao apoio financeiro.
O último tipo de envolvimento é o “superenvolvimento” em que os pais/responsáveis
não conseguem separar os desejos pessoais como os desejos do filho sendo que esse
sentimento atrapalha mais do que ajuda o desenvolvimento do iniciante.

Ratificando esses tipos de envolvimento, Filgueira (2005) afirma que, muitas


vezes, técnicos e pais/responsáveis colocam seus objetivos acima dos objetivos do
iniciante estando mais interessados em ver a criança jogar bem, ganhar jogos, ser
campeã, receber troféus e medalhas do que com o próprio aprendizado e formação
daquele iniciante.

19
Se faz necessário apoio e incentivo dos pais/responsáveis com perspectivas no
bem-estar da criança e tendo cuidado para não pressionar nas escolhas, favorecendo o
desenvolvimento e aprimoramento no tempo adequado com respeito aos limites e erros
concretizando as práticas com prazer (MUTTI, 2003).

Além da enorme importância do professor de Educação Física nesse processo,


que deve ter organizações planejadas e adequadas das atividades, fica explícita a
necessidade da utilização de uma grande variedade de movimentos relacionados às
modalidades esportivas, sempre respeitando os estágios de maturação do aluno, como
nos mostra Hellstedt (1990). Seguindo tais ideias, evita-se que o aluno se especialize
em apenas um esporte ou em apenas uma pequena parcela de movimentos, o que
caracterizaria uma especialização esportiva precoce.

INTERESSANTE
Não existe uma idade mínima ou máxima para que um indivíduo faça
seu primeiro contato com uma modalidade esportiva. O importante
é que haja supervisão de um profissional de Educação Física que fará
possíveis adequações e adaptações a fim de que essa prática se torne
agradável e prazerosa.

2.6.1 A iniciação esportiva no futebol/futsal


Ao tratar da iniciação esportiva no futebol, vislumbra-se uma fase na qual o
iniciante construa experiências positivas e diversificadas a fim de dar continuidade às
atividades. Para que se descubra um talento esportivo, é necessário fazer relações entre
as práticas sustentadas e estruturadas (quantidade e qualidade das práticas) a fim de
que esse indivíduo possa melhorar seu desempenho, conforme mostra Garganta (2009).

Por se tratarem de modalidades esportivas coletivas, tanto no futebol quanto


no futsal o desenvolvimento é tido como sendo multifatorial, aponta Franchini (2001),
ou seja, devem-se considerar diferentes variáveis, dentre elas a tática, a técnica,
os aspectos físicos, psicológicos (como motivação para a prática, aderência ao
treinamento, autocontrole, autoconfiança e foco de atenção) e sociais (suporte da
família, relacionamentos afetivos, acesso ao treinamento, aspectos econômicos,
culturais e identitários).

A diversidade é fundamental no início dos treinamentos do futebol/futsal,


sendo importante oferecer ao iniciante quantidades grandes de propostas práticas em
detrimento da qualidade, visto que é importante a criação da bagagem motora que será
utilizada para vida toda.

20
ATENÇÃO
Bagagem motora ou acervo motor, para Guzman (2009), é o acúmulo de
saberes práticos e as experiências motoras que um ser humano vivenciou
e incorporou a partir de suas práticas feitas, especialmente nos primeiros
anos de vida. Essa bagagem, quando bem ampla e diversificada, facilita a
possibilidade do indivíduo em resolver problemas motores.

Ainda que a detecção de talentos seja extremamente importante no processo


de trabalho com o futebol/futsal, se faz necessário perceber quais cenários são os mais
adequados para que esses talentos descobertos possam se desenvolver.

Todo o processo que envolve a organização da iniciação esportiva no futebol/


futsal deve ser qualificado e adequado com a aproximação dos iniciantes a boas práticas
e a contextos qualificantes que possam potencializar o desenvolvimento desses
indivíduos, auxiliando-os no crescimento a partir da base do futebol.

O cenário dessa iniciação passa pelas escolinhas de futebol, projetos sociais ou


clubes, principalmente na Educação Básica.

Figura 8 – Escolinha de futebol

Fonte: https://bit.ly/3Ey6n8Q. Acesso em: 10 set. 2022.

Esses locais deveriam investir na qualificação de seus profissionais de Educação


Física, bem como nos espaços e materiais adequados e seguros para trabalhos mais
eficientes com essas modalidades.

As metodologias utilizadas nesse período de iniciação devem ser adequadas


a esse tipo de treinamento, encaixando-se a estrutura física desses indivíduos,
respeitando todos os processos de crescimento e desenvolvimento humanos. Soma-
se, ainda, a participação em competições, que deve acontecer como mais um meio de
aprendizado, oferecendo situações e experiências muito ricas nesses eventos, e não
apenas como simples cobrança de bons resultados.

21
É fundamental que essa fase de treinamentos vislumbre um trabalho para um
período bem longo, seduzindo o iniciante para que realmente tenha aderência e prazer
nas atividades, fazendo com que se fixe nos treinamentos por um extenso prazo, tendo
a competição e a formatação de equipes, nessa fase, como ferramentas de trabalho, e
não apenas como base e principal objetivo.

2.6.2 Propostas práticas para o futebol/futsal


As modalidades em questão têm muitas proximidades, não apenas não ações
táticas, mas principalmente nas questões técnicas. Diante disso, pelo caráter coletivo
de ambas as modalidades esportivas, os treinamentos feitos a partir de propostas de
campo reduzido têm surtido bons resultados, especialmente no período de iniciação.

A criação do chamado “futebol/futsal” adaptado, em que o profissional de


Educação Física vai organizar pequenos jogos e desafios que trabalhem as técnicas
das modalidades, deve ser utilizada em diferentes formatos, tamanhos e regras, sendo
imprescindível observar e organizar a chamada progressão metodológica.

Nessa progressão, iniciam-se as atividades, por exemplo, com situações de


enfrentamento e disputas. No caso do futebol, entre três jogadores (3X3), aumentando-se
gradativamente até chegar ao 11X11. No caso do futsal, desde o 1X1 até se chegar ao 5X5.

Essas atividades devem estimular a relação com a bola e a capacidade técnica


individual, a quantidade e a qualidade nas interações, a tomada de decisões, dentre
outros fatores que são fundamentais nesses treinamentos.

As propostas podem oferecer situações como mudanças no tamanho do campo,


no tamanho e no número de bolas, na estruturação do espaço de confronto, no tamanho
e no número de traves (balizas), no número de jogadores, dentre outras alterações.

2.7 ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA


A iniciação esportiva, desde cedo, favorece a possibilidade de tornar indivíduos
adultos que também pratiquem atividades físicas ou esportivas de modo regular.
Entretanto, a iniciação esportiva não necessariamente deve obrigar a criança a chegar
na prática esportiva de alto rendimento, ainda que, para se atingir essa etapa da prática
esportiva, ou seja, de alto rendimento, é importante que as experiências motoras e
as oferecidas na própria iniciação esportiva sejam positivas, muito bem planejadas,
obedecendo princípios científicos.

É certo que o fenômeno do esporte sofre influência direta das mídias, somada
à grande oferta de competições, favorecendo, assim, um cenário esportivo cada vez

22
mais especializado que, consequentemente, passou a definir algumas exigências no
que tange à preparação esportiva, estimulando a especialização precoce, na qual há
expectativa de se obter resultados rápidos, em se tratando de vitórias e conquistas,
favorecendo o abandono das bases teóricas relacionadas ao período mais adequado em
que deve ocorrer a especialização esportiva, ressalta Silva, Fernandes e Celani (2001 ) .

Por outro lado, Nunomura, Carrara e Tsukamoto (2010) ressaltam que essa
atitude é contrária às necessidades da criança, em especial do ponto de vista motor,
considerando a importância da variedade de experiências na fase de iniciação,
principalmente para ampliar o acervo motor e estar apta a escolher uma modalidade
para se dedicar.

A especialização precoce, a partir de Brasil (2004), se define como sendo uma


prática intensa, sistematizada e regular de crianças e jovens, anterior às possíveis
idades consideradas normais. Esse cenário explicita que essa especialização precoce
tem seu referencial na utilização de sistemas de treino inadequados ou, ainda, utilização
de sistemas de treino que devem ser propostos para adultos. Esse trabalho de iniciação,
quando feito de modo precoce, preconiza a utilização de cargas de treino muito altas
e intensas a fim de possibilitar rápidos ganhos e melhoras, sejam físicas ou técnicas,
que invariavelmente podem levar o indivíduo a um esgotamento prematuro, dificultando
posteriormente o seu próprio desenvolvimento e rendimento.

Nas pesquisas e publicações de Tani (2002, p. 144), a respeito da temática


relacionada ao processo de desenvolvimento motor de crianças, o autor ressalta que:

Sob o ponto de vista de estudos do desenvolvimento infantil,


pode-se afirmar que existem evidências suficientes para
uma tomada de decisão coerente e consequente sobre o
melhor momento da iniciação esportiva. Se respeitadas
as características de desenvolvimento motor, cognitivo,
afetivo, social e moral das crianças, a iniciação esportiva,
com pequenas variações, dependendo das especificidades
da modalidade, deve ocorrer no final da segunda infância, ou
seja, entre 10 e 12 anos de idade.

Por outro lado, Weineck (1991) tem a crença de que, para um atleta chegar ao
alto nível de rendimento esportivo, é inevitável que a especialização esportiva aconteça
no tempo certo. O autor ressalta que o ideal é promover essa especialização o mais
tarde possível, a fim de que o indivíduo se desenvolva de modo integral. Para isso,
Weineck (1991) sinaliza a importância de se conhecer a especificidade e o potencial de
cada indivíduo, respeitando, assim, seus limites e dificuldades.

Existe uma enorme dificuldade em se determinar se a especialização esportiva precoce


é positiva ou negativa, pois isso depende dos objetivos que os profissionais envolvidos traçam
para o atleta, afirmam Golomazov e Shirva (1996). Os autores sugerem que, se a especialização
precoce pretende formar um jovem jogador de futebol ou um atleta de handebol, por exemplo,
os treinamentos intensivos e específicos podem se tornar danosos.

23
Figura 9 – Especialização precoce

Fonte: https://bit.ly/3EvJwuw. Acesso em: 10 set. 2022.

Outro entrave possível de acontecer na especialização esportiva precoce pode


estar muito além dos problemas específicos relacionados apenas ao desenvolvimento
físico e motor de uma criança, assinala Kunz (2006). Uma formação no ambiente escolar
deficitária, com redução na participação em brincadeiras e jogos do mundo infantil,
considerada pelo autor indispensável para o desenvolvimento da personalidade na
infância, pode afetar negativamente o futuro dessa criança.

O cenário esportivo sinaliza para uma tendência dos profissionais envolvidos com
essas crianças que praticam esporte de diminuir a idade de iniciação esportiva, reforça
Silva, Fernandes e Celani (2001 ). Esse panorama, conforme Vidal (2006), transforma a
criança num objeto, numa mercadoria, digna de planejamento, investimento estratégico
e capital humano envolvido que pode ser encontrado nas chamadas escolinhas de
iniciação esportiva. Nem todas têm claro o objetivo da iniciação.

O capital humano envolvido nesse contexto, como técnicos, professores e


dirigentes, além das empresas especializadas que comercializam diferentes produtos
relacionados ao esporte, somados aos familiares que demonstram certa pressão na
obtenção de resultados, sucesso e status, desconsideram os aspectos biológicos, físicos,
motores, emocionais, sociais, dentre outros que cercam a criança, complementam
Darido e Farinha (1995).

Pode haver uma confusão conceitual de entendimento entre a iniciação


esportiva e a especialização esportiva precoce, nos mostra Moreira (2003). Enquanto
a iniciação esportiva pode acontecer em qualquer idade, em qualquer fase da vida,
a especialização precoce não se faz necessária ocorrer de modo categórico, pois o
futuro esportivo de uma criança depende, além da compreensão desses termos, das
intervenções efetivas coerentes nas atividades práticas.

24
A obtenção de bons resultados com a especialização esportiva depende de
uma boa formação nas etapas anteriores, lembrando que essa etapa tem como objetivo
preparar o atleta para resultados e competições de alto nível, como reforça Barbanti (1979).

Em algumas modalidades esportivas, o desempenho elevado depende de uma


especialização esportiva orientada e oportuna, propõe Weineck (2003). O autor ressalta
que alguns atletas que iniciaram a vida esportiva de modo tardio demonstram perfis de
desempenho mais diversos. Por outro lado, algumas modalidades esportivas ditas mais
sofisticadas, que exigem dos atletas altos índices de coordenação motora e grande nível
de aprimoramento técnico, tiveram o início de especialização esportiva mais cedo.

A especialização esportiva não deve ser uma meta a ser alcançada a qualquer
custo quando se iniciam atividades esportivas com indivíduos, sejam crianças ou não.
A especialização esportiva deve ser vista como uma possível etapa, mas não como
condição, pois depende de vários fatores, principalmente na vontade e no desejo do
próprio praticante.

Os profissionais envolvidos com a iniciação esportiva e com a especialização


esportiva devem sempre estar atentos às pesquisas científicas que mostram
metodologias de trabalho bem como comportamentos e resultados daqueles que
praticam esportes, para que, assim, possam fazer bons planejamentos e adequar seus
objetivos aos objetivos dos próprios praticantes.

Algumas evidências nos processos de especialização precoce podem ser vistas,


por exemplo, em De Rose Jr. (2009), quando explica que a competitividade desenvolvida
em adolescentes e jovens nos eventos esportivos e treinamentos sistematizados
aplicados precocemente pode trazer efeitos negativos no que tange ao desenvolvimento
da personalidade desses iniciantes.

Outros autores, como Brito, Fonseca e Rolim (2004), acrescentam a esse


fenômeno que a conquista de títulos não vai definir se o trabalho desenvolvido pelos
profissionais envolvidos teve sucesso na formação dos jovens.

O que se pode perceber, segundo Allen e Howe (1998), é que, em muitos


casos, essa especialização precoce decorre da necessidade de alguns profissionais
evidenciarem seus trabalhos com tais proezas, sendo que seus treinamentos visam a
resultados no curto prazo em detrimento do desenvolvimento integral do iniciante para
a vida toda.

Vale ressaltar que esse treinamento intenso, de acordo com Almodóvar


(2017), pode resultar tanto em adaptações positivas, que são as melhores respostas
na performance esportiva, quanto negativas, que estão relacionadas ao excessivo
treinamento físico que pode resultar em consequências muitas vezes desastrosas.

25
Isso acontece pois, muitas vezes, os iniciantes não possuem um desenvolvimento
total da estrutura musculoesquelética durante o processo de iniciação esportiva, e o
volume de treino, os movimentos explosivos e repetitivos são as principais causas de
lesões apresentadas em Mann et al. (2010).

Corroborando com essas evidências, McClelland (2016) garante que a


especialização precoce pode favorecer ao iniciante a possibilidade de atingir um alto
nível de performance física quando for mais velho e, por outro lado, pode conduzir ao
aumento de lesões nas práticas esportivas.

Nesse cenário, Almeida e Souza (2016) asseguram que é indispensável que o


desempenho técnico não tenha prioridade acima do desenvolvimento físico e cognitivo
do iniciante nesse processo de iniciação esportiva.

DICA
Afonso Antonio Machado organizou uma obra que discute as questões
relacionadas à especialização precoce a partir da Psicologia. Vale a pena
conferir. Livro: Especialização Esportiva precoce: perspectivas atuais da
psicologia do esporte. Editora Fontoura, 2019. Disponível em: https://
www.google.com.br/books/edition/Especializa%C3%A7%C3%A3o_
esportiva_precoce/shXCDwAAQBAJ?hl=pt-BR&gbpv=0.

26
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Conhecimentos sobre o fenômeno do esporte. Este fenômeno, de certa forma, faz


parte e está inserido em todas as sociedades no mundo e, de modo geral, exerce
muitas influências.

• Diferenças entre esporte e modalidades esportivas. O fenômeno esporte está


distribuído e efetivado nas diferentes modalidades esportivas, como é o caso do
futebol e do futsal.

• Conceitos e entendimentos da iniciação esportiva. A iniciação esportiva pode


acontecer em qualquer idade.

• Conceitos e entendimentos da especialização esportiva. A especialização esportiva


se efetiva quando um sujeito passa a praticar uma modalidade esportiva de modo
regular, contínuo e aprofundado. Deve acontecer com muito cuidado, principalmente
com crianças.

27
AUTOATIVIDADE
1 O esporte pode ser considerado um grande fenômeno mundial que está presente em
praticamente todas as sociedades, é uma das grandes criações do homem. O esporte
tem o poder de causar modificações em várias instâncias nas diferentes sociedades.
Quando se pensa em esporte moderno, este se diferencia das práticas esportivas nas
sociedades antigas e tradicionais por conta de três quesitos. Quais são eles?

a) ( ) A autonomização do campo esportivo a partir da construção de espaços próprios


de práticas; o desvínculo da prática com os chamados rituais religiosos; a chance
igual de vitória entre os participantes no que tange às regras valerem para
qualquer um.
b) ( ) A utilização de aparelhos tecnológicos conectados à eletricidade; a participação
de pessoas de diferentes religiões; a aceitação das mulheres, principalmente em
se tratando de modalidades esportivas individuais.
c) ( ) A presença de animas domesticados que participam efetivamente das
modalidades esportivas; a aceitação do uso de anabolizantes para fins de
melhores resultados; a exclusão de arbitragem para decidir casos duvidosos.
d) ( ) A existência de modalidades esportivas com equipes mistas, ou seja, homens e
mulheres na mesma equipe; a utilização de uniformes com cores escuras para
fins de divulgação nas mídias; a participação efetiva de torcedores em alguns
momentos dos jogos, principalmente de futebol.

2 O fenômeno do esporte pode ser considerado como um espaço único que tem
algumas características bastante peculiares. O desmembramento do esporte
acontece por meio das chamadas modalidades esportivas, o que implica dizer que
existem várias modalidades esportivas e não vários esportes. Cada modalidade
esportiva tem características próprias relacionadas ao local, material, regras,
significado, dentre outras. Com base nessas questões relacionadas ao esporte e às
modalidades esportivas, analise as sentenças a seguir:

I- O fenômeno do esporte existe nos segmentos da terapia, recreação, lazer, educação


e performance.
II- Cada modalidade esportiva tem suas principais características nas técnicas (gesto
individual) e nas táticas (ações coletivas).
III- As modalidades esportivas podem ser coletivas (grupos), individuais (sozinho),
mistas (ora em grupo, ora individual).

Assinale a alternativa CORRETA:

28
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.

3 A Iniciação esportiva pode ser considerada a primeira fase ou, ainda, o primeiro
momento de contato de um indivíduo com uma modalidade esportiva, ou seja,
independe da idade. De acordo com os principais conceitos sugeridos por autores
relacionados à temática iniciação esportiva, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) A iniciação esportiva é tida como sendo uma etapa de formação generalizada, com
o objetivo de ampliação do acervo motor do praticante que deve ocorrer por meio
de estimulação e prazer na prática.
( ) A iniciação esportiva visa promover o desenvolvimento corporal no aspecto
exclusivamente físico e motor, vislumbrando melhorar as capacidades físicas e
motoras individuais, sem se preocupar com outros aspectos do ser humano.
( ) A iniciação esportiva deve acontecer na vida de um ser humano de modo tardio,
com pouca diversidade, a fim de que o mais cedo possível o indivíduo comece a se
especializar numa modalidade e, assim, possa colher bons resultados.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – F – F.
b) ( ) V – F – F.
c) ( ) V – V – F.
d) ( ) F – V – V.

4 A temática da iniciação esportiva vem sendo amplamente discutida e estudada por


vários autores que sugerem possibilidades de intervenção nesta etapa do esporte,
bem como possibilidades diferentes de atuação. Faça uma dissertação sobre esta
temática sob a ótica dos autores que a discutem.

5 O fenômeno da iniciação esportiva pode ter início em qualquer idade, pois trata do
primeiro contato de um indivíduo com uma modalidade esportiva e o fenômeno da
especialização precoce, que trata de aumentar cargas de treinamento esportivo em
indivíduos que possivelmente não estejam preparados em nível físico e emocional para
suportarem as pressões do esporte de rendimento, tem sido alvo de muitas discussões
e encaminhamentos na área das ciências dos esportes. Disserte sobre essas temáticas
apresentando como se percebe cada uma destas fases dentro do esporte.

29
30
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
BASES GERAIS DO TREINAMENTO
ESPORTIVO

1 INTRODUÇÃO
A Educação Física é uma área de intervenção profissional regulamentada pela Lei
nº 9696, de 1º de setembro de 1998 (BRASIL, 1998), que dispõe sobre a regulamentação
da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos
Regionais de Educação Física.

O Artigo 1o diz que “o exercício das atividades de Educação Física e a designação


de Profissional de Educação Física é prerrogativa dos profissionais regularmente
registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física.”

Para que um profissional possa ter registro no conselho de Educação Física,


existem três possibilidades de acordo com o referido artigo (BRASIL, 1998):

I - os possuidores de diploma obtido em curso de Educação Física,


oficialmente autorizado ou reconhecido no Brasil;
II - os possuidores de diploma em Educação Física expedido por
instituição de ensino superior estrangeira, revalidado na forma da
legislação em vigor;
III - os que, até a data do início da vigência desta Lei, tenham
comprovadamente exercido atividades próprias dos Profissionais de
Educação Física, nos termos a serem estabelecidos pelo Conselho
Federal de Educação Física.

No caso desta terceira possibilidade, existem os profissionais chamados


de provisionados, que merecem um entendimento. Vale lembrar que o profissional
“provisionado” não é “provisório”. Na área da Educação Física, não existe registro
provisório, ou seja, ou o profissional tem registro efetivo ou não tem registro.

A obtenção do registro de provisionado depende de comprovação oficial de


exercício da atividade por, no mínimo, três anos antes da data de 2 de setembro de 1998,
ou seja, quando a Lei nº 9.696/98 foi publicada no Diário Oficial da União. De acordo
com o estabelecido pela Resolução nº 45 (CONFEF, s.d.), comprova-se o exercício da
profissão de três maneiras:

• Carteira de trabalho, devidamente assinada;


• Contrato de trabalho, devidamente registrado em cartório;
• Documento público oficial do exercício profissional.

31
Somada a essa documentação, o solicitante deverá, obrigatoriamente, indicar
uma atividade principal, própria de Profissional de Educação Física, com a identificação
explícita da modalidade e especificidade (Art. 4º) e assinar, no ato da solicitação da
inscrição, um termo em que se compromete a respeitar todas as Resoluções do Conselho
Federal de Educação Física e demais atos emanados dos Crefs.

Após a tramitação e a análise da documentação apresentada pelo solicitante


para obter o registro, o Cref, julgando como verídica, vai conceder o registro provisionado,
exclusivamente explicitando no documento aquela intervenção previamente indicada
pelo solicitante. A cédula do provisionado tem a cor vermelha e habilita o portador a
desenvolver as atividades profissionais para as quais foi credenciado.

A lei assegura o exercício da profissão àquelas pessoas que, antes da


regulamentação, já a exerciam. Esses têm direito adquirido, de acordo com a legislação
anterior, nos moldes do que já faziam, desde que se inscrevam no respectivo Conselho
Profissional.

Constitucionalmente, a fixação de exigências para registro profissional e


consequente restrição ao exercício de determinadas profissões são ditadas pelo
interesse público. Vale ressaltar que a regulamentação de uma profissão busca preservar
a vida, a saúde, a liberdade, a honra e a segurança do trabalhador que a exerce ou da
coletividade que dela necessita.

Fica claro, então, que, para profissões regulamentadas, a formação acadêmica


é uma exigência, tendo a habilitação profissional, ou seja, o registro profissional, uma
forma de preservar esses valores.

A partir da regulamentação, vem a fiscalização delegada pela União aos


Conselhos Profissionais, que devem orientar e punir pessoas que estejam fazendo
exercício ilegal da profissão.

Nesse caso, os conselhos são órgãos de representação, normatização,


disciplina, defesa e fiscalização dos Profissionais de Educação Física, bem como das
Pessoas Jurídicas prestadoras de serviços nas áreas de atividades físicas, desportivas
e similares, em prol da sociedade, atuando, ainda, como órgão consultivo.

Na legislação que regulamentou a profissão do profissional de Educação Física,


em seu artigo 3º, constam as atividades que competem a esse profissional. São elas:
coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar
e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de
auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de
equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e
pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto.

32
ATENÇÃO
Nesse rol de atividades está expressa a atividade de “realizar treinamentos
especializados”, ou seja, a organização, o planejamento, a prescrição, a apli-
cação e a avaliação dos treinamentos esportivos são prerrogativa exclusiva
dos profissionais de Educação Física.

A Resolução do Confef nº 046/2002 dispõe sobre a Intervenção do


Profissional de Educação Física e suas respectivas competências, definindo, assim, os
campos de atuação profissional, e resolve, em seu artigo 1º, algumas prerrogativas do
profissional de Educação Física, assim apresentadas (CONFEF, s.d., s.p.)

O Profissional de Educação Física é especialista em atividades


físicas, nas suas diversas manifestações – ginásticas, exercícios
físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças,
atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer,
recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga,
exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras
práticas corporais –, tendo como propósito prestar serviços que
favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo
para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de
desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários,
visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da
consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção
de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação
de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da
autonomia, da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da
integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio
ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança,
qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.

Figura 10 – Profissional de Educação Física

Fonte: http://confef.org.br/confef/comunicacao/boletim/1646. Acesso em: 10 set. 2022.

A formação em Educação Física, para Tani (2008), configura-se como uma área
profissional academicamente orientada, em que o exercício profissional pressupõe uma
formação de nível superior. Nas profissões regulamentadas, os conselhos de classe

33
são responsáveis por fiscalizar o exercício da profissão em consonância com normas
estabelecidas pelos órgãos competentes, como é o caso da Educação Física. Segundo o
mesmo autor, as profissões se originam para oferecer à sociedade especialistas capazes
de oferecer serviços em áreas nas quais as pessoas não possuem competência para
solucionar os problemas por conta própria e para atender a necessidades sociais.

A sociedade como um todo precisa ficar atenta a essa legislação, e não cometer
o erro de contratar um profissional para exercer funções relacionadas ao treinamento
esportivo que não tenha habilitação para desempenhar tal função.

2 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO


Independentemente da etapa que o sujeito está envolvido em práticas
esportivas, seja na iniciação, na especialização ou no treinamento propriamente dito, é
necessário que os profissionais envolvidos nesses procedimentos conheçam as bases
gerais do treinamento esportivo a fim de poder organizar e planejar as atividades com
objetivo de obter melhores resultados.

As bases gerais do treinamento esportivo, em grande medida, suscitam situações


que devem englobar a melhora do rendimento esportivo, tendo como principais pontos
a maximização do desempenho das capacidades motoras e o desenvolvimento de
ferramentas adequadas para a avaliação, prescrição e monitoramento das cargas utilizadas
durante o processo de treinamento, ressaltam Tavares, Laurentino e Tricoli (2016).

Os mesmos autores acrescentam que a prescrição do treinamento objetiva a


discussão e a apresentação de diferentes possibilidades no que tange à manipulação
das variáveis de organização das cargas de treinamento (volume, intensidade, frequência
semanal, densidade, dentre outras) para cada período desse treinamento. Para que
um atleta obtenha sucesso em suas competições esportivas, faz-se necessária a
organização do processo de treinamento para diferentes capacidades motoras (força,
flexibilidade, potência, resistência aeróbia).

Nas questões relacionadas ao treinamento esportivo, encontram-se alguns


princípios apresentados por Tubino (1984), Dantas (1995) e Gomes da Costa (1996) que
se inter-relacionam em todas as suas aplicações. São oito, assim descritos e detalhados:

1 Princípio da Individualidade Biológica

A individualidade biológica pode ser considerada o fenômeno que mostra a


variabilidade entre indivíduos da mesma espécie, demonstrando que, ainda que sejam
da mesma espécie, não existem sujeitos iguais entre si. No caso dos seres humanos,
cada um tem uma estrutura física e psíquica própria, sinalizando para melhores
resultados quando se organizar treinamentos de modo individualizado porque, assim,

34
corresponderiam às características e necessidades de cada indivíduo. No caso de
treinamentos em grupos, aqueles que forem mais homogêneos podem facilitar o
planejamento das atividades.

2 Princípio da Adaptação

A adaptação é um dos principais fatores da sobrevivência de diferentes espécies


no nosso planeta. As adaptações biológicas são consideradas mudanças funcionais
e estruturais nos sistemas do corpo humano. No caso das práticas esportivas, essas
adaptações organizam alterações de órgãos e sistemas funcionais, ou seja, uma
reorganização orgânica e funcional do organismo diante das exigências internas e
externas para facilitar a realização das tarefas esportivas. As adaptações representam
a melhora da condição interna de uma capacidade que existe em todos os níveis
hierárquicos do corpo. Vale ressaltar que tanto a adaptação quanto a capacidade de
adaptação fazem parte da evolução das espécies, caracterizando um grande referencial
para a manutenção da vida. A capacidade de adaptação ou adaptabilidade é o que se
conceitua como sendo a diferente assimilação dos estímulos a partir da mesma qualidade
e quantidade de exercícios ou carga de treinamento, e é atribuída à correlação sujeito/
ambiente, o que inclui a predisposição hereditária e sua expressão (genética). Nesse
quesito das adaptações, é importante reconhecer que são reversíveis e, por isso, devem
estar sendo frequentemente revalidadas.

Em propostas de treinamento esportivo, os estímulos oferecidos aos praticantes


dividem-se em:

• estímulos débeis – não acarretam consequências;


• estímulos médios – apenas excitam;
• estímulos médios para fortes – provocam adaptações;
• estímulos muito fortes – causam danos.

Um bom referencial de identificação de adaptabilidade de um indivíduo frente


a uma atividade é a chamada homeostase, um equilíbrio mantido entre os sistemas
constitutivos do organismo durante as atividades.

3 Princípio da Sobrecarga

Durante um treinamento, existe o chamado período de assimilação, ou seja,


quando as possíveis mudanças ocorridas a partir dos treinos se incorporam após um
cenário de adaptações. Tubino (1984) apresenta fases nesse processo. A primeira
acontece quando há uma recomposição das energias perdidas, chamada de período
de restauração, onde acontece a chegada a um mesmo nível de energia anterior ao
estímulo. Na segunda fase, chamada de período de restauração ampliada, o corpo
terá uma maior fonte de energia para outros novos estímulos. O autor ressalta que os
estímulos mais fortes devem sempre ser aplicados ao final do processo de assimilação
compensatória, efetivamente quando houver uma maior amplitude do período de

35
restauração ampliada para que seja elevado o limite de adaptação do sujeito. Tubino
(1984) ainda acrescenta que, nesse princípio da sobrecarga, existem variáveis que
devem ser levadas em consideração, como, por exemplo, o volume (quantidade) e a
intensidade (qualidade). Quem planeja um treino levando em conta esse princípio deve
ter atenção ao definir a sobrecarga, respeitando as necessidades e anseios do indivíduo,
mas, principalmente, os limites éticos desses treinamentos.

4 Princípio da Continuidade

O princípio da continuidade está relacionado diretamente ao princípio da


adaptação, visto que a continuidade dos treinamentos, em longo prazo, é fundamental
para as diversas adaptações sofridas pelo organismo. Para esse princípio Tubino
(1984) enfatiza que uma boa condição atlética será alcançada depois de alguns anos
contínuos de treinamento, e que tem influência significativa das preparações anteriores
oferecidas ao indivíduo. O autor acrescenta que, para esse princípio, se faz necessária
a sistematização do trabalho sem interrupção, com intervenção compacta de todas as
variáveis interatuantes, ou seja, não se deve permitir interrupções durante esse período.
Vale ressaltar que a continuidade do treinamento permite ao treinador manter todas as
fases planejadas.

5 Princípio da Interdependência Volume-Intensidade

O princípio da interdependência está relacionado diretamente ao princípio da


sobrecarga, já que o aumento das cargas de trabalho é um dos fatores fundamentais
que incidem na melhora da performance do indivíduo, principalmente quando se foca
no volume e na intensidade das atividades. Tubino (1984) enfatiza que bons resultados
obtidos por atletas de alto rendimento se sustentam diante de uma grande quantidade
(volume) e uma alta qualificação (intensidade). Essas duas variáveis devem estar
alinhadas às diferentes fases de treinamento a partir da interdependência. O mesmo
autor acrescenta que, em grande parte dos treinamentos, quando se aumenta uma
dessas variáveis, ocorre a diminuição da outra. A partir desse cenário, o autor sugere que
o treinador não deve arriscar em seus planejamentos, nem tampouco colocar o indivíduo
em risco e, para isso, deve observar, de modo claro, a relação de interdependência
existente entre o volume e a intensidade do trabalho.

Somados aos princípios apresentados por Tubino (1984), Estélio Dantas inclui o
Princípio da Especificidade (DANTAS, 1995).

6 Princípio da Especificidade

Dantas (1995) indica que esse princípio confere, em seu ponto essencial, a
questão de que um treinamento físico/esportivo deve ter em seu principal foco a
premissa da performance esportiva no que tange à qualidade física presente, ao principal
sistema energético, ao segmento corporal vigente e às coordenações psicomotoras que
serão utilizadas. Para o autor, o princípio da especificidade recai sobre o princípio da

36
individualidade biológica que vai estabelecer certos limites individuais no que se refere
à capacidade de transferência. O autor acrescenta que esse princípio vai conjecturar
os aspectos metabólicos e neuromusculares, sugerindo que os treinamentos devem
acontecer além dos sistemas energético e cardiorrespiratório ligados às particularidades
da modalidade esportiva em questão, aproximando-se ao máximo dos gestos motores
específicos. Dantas (1995) ratifica que o treinamento na fase próxima à competição tem
que ser categoricamente específico à modalidade esportiva trabalhada. Com relação aos
aspectos neuromusculares, deve-se pressupor que os gestos esportivos específicos da
modalidade em questão estejam completamente aprendidos, a fim de que, nesse período
do treinamento, não haja necessidade de se criar coordenações neuromusculares, mas,
sim, apenas recordar dos movimentos incorporados e assimilados para que possam
ser eficientemente executados. A especificidade da execução de um movimento está
vinculada à memória do gesto motor ocorrida nos treinamentos e, por isso, esse princípio
tem uma ligação com os gestos motores específicos de cada modalidade esportiva, bem
como o treinamento realizado para o aprendizado e o desenvolvimento desses gestos.

Marcelo Gomes da Costa, em seus estudos, apresenta mais dois princípios do


treinamento esportivo. São eles: o Princípio da Variabilidade e o Princípio da Saúde
(GOMES DA COSTA, 1996).

7 Princípio da Variabilidade

Esse princípio também é conhecido como o Princípio da Generalidade, pois tem


seus principais fundamentos na proposta do Treinamento Total, do desenvolvimento
global de um indivíduo, ou seja, o mais completo possível. Gomes da Costa (1996) sugere
que um treinamento esportivo deve utilizar a maior quantidade de variações possíveis,
pois, segundo o autor, quanto mais variados forem os estímulos (desde que em
conformidade com todos os conceitos de segurança e eficiência que regem a atividade)
as possibilidades de se conseguir uma alta performance aumentam. Esse princípio
favorece a diminuição da possibilidade de fatores desestimulantes, visto que haverá
foco na motivação e na possibilidade de criação de novas técnicas de treinamento,
estratégias e táticas, somadas, ainda, a novos gestos específicos. A partir desse cenário,
ressalta-se que esse princípio tem, como um de seus principais alicerces, a criatividade
do treinador e do atleta.

8 Princípio da Saúde

Para o autor, esse princípio está diretamente ligado a um dos principais objetivos
das práticas de atividades físicas, que é a obtenção da saúde. Por isso, Gomes da Costa
(1996) destaca que esse princípio está alicerçado na chamada interdisciplinaridade, em
que várias áreas devem estar conectadas para um bom resultado. O autor ressalta que,
nas práticas de atividades físicas, atualmente, existem objetivos claros de manutenção
da saúde, bem como aquelas práticas que têm como objetivo a alta performance, sendo
essas possíveis causadoras de malefícios ao praticante devido à busca sem medida dos
resultados, muitas vezes, sem compromisso ético e científico. Muitas vezes, as pessoas

37
colocam suas vidas em risco, praticando, por exemplo, esportes extremamente radicais
(sem segurança), ultrapassando limites conhecidos anteriormente.

DICA
As discussões acerca do conceito de saúde estão presentes neste link.
Vale a pena conferir!
https://www.almg.gov.br/export/sites/default/acompanhe/eventos/
hotsites/2016/encontro_internacional_saude/documentos/textos_
referencia/00_palavra_dos_organizadores.pdf.

Partindo do pressuposto de que cada princípio, visto de modo isolado, possui seu
valor e função próprios, a integração e a inter-relação entre eles têm uma importância
imensa. Assim, cada princípio se torna bem maior se associado, e com o conhecimento e
a aplicação de todos os princípios, se torna possível realizar um treinamento ideal e eficaz.
Somados aos princípios discutidos, os treinadores devem ter conhecimentos específicos
das modalidades trabalhadas, bem como outros conhecimentos que, juntos, darão suporte
para a eficiência e a eficácia de um bom treinamento. Vale lembrar que a atualização em
todas essas informações por meio do contato com artigos científicos e livros da temática
devem fazer parte constante da vida profissional de treinadores esportivos.

Outro importante autor na temática do treinamento esportivo é Antonio Carlos


Gomes (2009) que, na sua obra, apresenta os princípios pedagógicos da preparação
desportiva mostrados em primeira instância como princípios pedagógicos gerais, que
se associam aos princípios didáticos, incidindo na pedagogia geral. O autor nomeia
esses conhecimentos aplicados referentes às regras do ensino e da educação como
uma possibilidade também de se ter as denominações dos princípios da consciência
e da atividade, ou, ainda, da intuitividade e da acessibilidade, do caráter sistemático.
Nesse sentido, os princípios desse gênero devem refletir regras universais do ensino e
da educação que acompanham a preparação de um atleta.

O mesmo autor, sustentado em Matveev (1991), acrescenta princípios existentes


na teoria e na metodologia da Educação Física, a fim de garantir o caráter constante
nos processos da disciplina, como, por exemplo, as alternâncias sistemáticas de cargas
de treinamento, os organizados intervalos de descanso, o real aumento das influências
do treinamento, além da construção cíclica dos sistemas de treinos conjugados com a
orientação adaptável aos diferentes objetivos estabelecidos e a adequação dos períodos
de desenvolvimento físico/motor de cada sujeito.

38
Figura 11 – Treinamento esportivo

Fonte: https://caeladventure.com.br/2021/06/26/principios-do-treinamento-esportivo/.
Acesso em: 10 set. 2022.

Outros princípios elencados por Gomes (2009) se intitulam como princípios especiais
da preparação do desportista. Eles dizem respeito à junção e ao condicionamento mútuo dos
fatores de preparação que exercem influência nas alterações dos sistemas do organismo do
atleta em razão do resultado do treinamento e do grau de preparação em geral.

Tanto o futsal quanto o futebol são modalidades esportivas consideradas


intermitentes, com exigências físicas variadas e, por isso, os princípios do treinamento
esportivo, quanto se trata dessas modalidades esportivas, deve ter destaque na busca
constante de equilíbrio entre as exigências das capacidades físicas.

DICA
Existem alguns artigos que discutem de modo diferenciado e
aprofundado a temática dos princípios do treinamento esportivo, e
podem ser acessados através nos links a seguir:
https://efdeportes.com/efd121/os-principios-do-treinamento-
esportivo-conceitos-definicoes.htm;
https://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/58791/34625;
https://www.academia.edu/40503147/ARTIGO_DE_REVIS%C3%83O_
PRINC%C3%8DPIOS_DO_TREINAMENTO_DESPORTIVO_E_
MUSCULA%C3%87%C3%83O. Acessos em: 25 ago. 2022.

39
2.1 PROPOSTAS DO TREINAMENTO NO FUTEBOL/FUTSAL
O treinamento esportivo do futebol/futsal pode ser organizado a partir de duas
vertentes, segundo Bayer (1994). Uma vertente se refere ao método tradicional, ou seja,
as atividades vão decompor os elementos (fragmentação) nos quais a memorização
e a repetição permitem moldar o indivíduo ao modelo referencial do gesto técnico
dito correto. Para o mesmo autor, a outra vertente apresenta métodos dito ativos, ou
seja, as propostas levam em consideração interesses e gostos dos iniciantes a partir
de situações vivenciadas que vão solicitar que os participantes tenham iniciativa. Vai,
ainda, favorecer a imaginação e proporcionar situações de reflexão para que, assim,
possam adquirir bagagem a fim de solucionar problemas que vão surgir durante um
jogo, visto que ambas as modalidades apresentam situações imprevisíveis.

Nessa segunda vertente, Bayer (1994) indica a chamada pedagogia das


situações, que deve promover aos participantes condições de cooperação com os
companheiros, favorecendo a integração do coletivo, fazendo oposição aos adversários,
mostrando possibilidades de percepção em diferentes situações do próprio jogo, que
vão interferir nas possíveis tomadas de decisão, elaborando uma “solução mental”, para
que, posteriormente, se efetive em soluções motoras, buscando resolver os problemas
que surgem com ações mais rápidas, principalmente no que tange às interceptações e
antecipações diante das movimentações dos adversários.

Nas ideias de Garganta (1998), as vertentes podem ser a mecanicista ou a


combinação de jogos. Na mecanicista, a proposta é centrada na execução do gesto
técnico, na qual se faz uma decomposição do jogo nas diferentes ações individuais (no
caso do futebol/futsal, o passe, o chute, o drible, a finta, a condução de bola, o controle
de bola e o domínio de bola). Esses gestos individuais devem ser treinados, aprimorados
e especializados, tendo como possíveis consequências uma ação em jogo pouco
criativa com comportamentos estereotipados. Soma-se, ainda, uma baixa condição de
se resolver problemas na compreensão do jogo, além de leituras deficientes do ponto
de vista tático. Na abordagem da combinação de jogos, o autor sugere o treinamento
das táticas por intermédio dos jogos condicionados, voltados para o todo, nos quais
as relações das partes são fundamentais para a compreensão do jogo, facilitando o
processo de aprendizagem da técnica. Nesse caso, o jogo é decomposto em unidades
funcionais sistemáticas de complexidade crescente, nas quais os princípios regulam a
aprendizagem. As ações técnicas são desenvolvidas com base nas ações táticas, de
forma orientada e provocada.

Outra proposta para o treinamento do futebol/futsal é a de Greco e Benda


(2001), que indicam a chamada "pedagogia das intenções", na qual os gestos individuais
são trabalhados em situações representadas por exercícios nos seus parâmetros
particulares de execução e aplicação. Os autores empregam o método chamado de
situacional, em que as situações de jogo do tipo 1x1, 2x2, 3x3 (no futsal) ou 1x1, 2x1, 2x2,
3x3, 4x4 (no futebol), vão servir para o aperfeiçoamento técnico-tático aliado à melhora
física, contribuindo para os comportamentos táticos posteriores.
40
Nessa fase de treinamento, o foco das intervenções pedagógicas deve facilitar
a compreensão das lógicas dos jogos, sejam pequenos, médios ou grandes. Facilitar a
ação não significa dar a resposta pronta, mas, sim, ajudar os indivíduos a construírem
conhecimentos relativos às intervenções no jogo. Por isso, o ensino isolado da técnica
ou de movimentos físicos descontextualizados deve ser significativo quanto ao ganho
de aprendizagem, sendo que essa aprendizagem não pode ser associada somente às
capacidades técnicas ou físicas, mas, sim, à amplitude do contexto do jogo.

Figura 12 – Treinamento em futebol

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/bolas-coragem-colhoes-campo-8567620/.
Acesso em: 10 set. 2022.

41
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Conhecimentos sobre a área da Educação Física. A Educação Física é uma área


de intervenção profissional regulamentada e, por isso necessita, de profissionais
registrados para o desenvolvimento de suas atividades.

• Competências do profissional de Educação Física. O profissional de Educação Física


regulamentado é o único que legalmente pode desenvolver atividades nas diversas
manifestações físicas.

• Conceitos do treinamento esportivo. O treinamento esportivo só pode ser planejado


e desenvolvido por profissionais de Educação Física habilitados, pois é um processo
extremamente complexo que relaciona os exercícios físicos e as especificidades da
modalidade esportiva a ser treinada.

• Princípios do treinamento esportivo. Os princípios do treinamento esportivo são:


Princípio da Individualidade Biológica; da Adaptação; da Sobrecarga; da Continuidade/
Reversibilidade; e Interdependência, Volume x Intensidade.

42
AUTOATIVIDADE
1 Um dos princípios do treinamento esportivo apresentado por Gomes (2009) trata da
preparação do atleta e diz respeito à união do condicionamento físico concomitante
aos fatores de preparação que exercem influência nas alterações dos sistemas
do organismo do esportista diante do resultado desse treinamento e do grau de
preparação em geral. No caso das modalidades esportivas do futsal e do futebol,
identifica-se serem intermitentes com exigências físicas variadas tendo, nos
princípios do treinamento esportivo, uma busca constante. Que busca é essa?

Fonte: GOMES, A. C. Treinamento desportivo: estruturação


e periodização. 2ª ed.; Porto Alegre: Artmed, 2009.

a) ( ) Pelo equilíbrio entre as exigências das diferentes capacidades físicas.


b) ( ) Pelo foco nas exigências psíquicas dos atletas.
c) ( ) Pelo processo de transformação emocional dos atletas.
d) ( ) Pelo condicionamento cognitivo do esportista.

2 Quando se estuda o treinamento esportivo, autores como Tubino (1984), Dantas


(1995) e Gomes da Costa (1996) apresentam os princípios que fazem parte dessas
atividades. Dentre os princípios sugeridos pelos autores, encontra-se o princípio da
adaptação, que faz uma analogia com a vida das espécies, considerando-se como
um dos fatores da sobrevivência mais importantes para nossas vidas, sendo que
essas adaptações podem ser biológicas, ou seja, mudanças funcionais e estruturais
nos sistemas do nosso corpo. No treinamento esportivo, essas adaptações a partir de
alterações de órgãos e sistemas funcionais promovem uma reorganização orgânica
e funcional do organismo por conta da realização dos exercícios físicos exigidos num
treinamento. Com relação aos estímulos organizados pelo profissional de Educação
Física ao planejar um treinamento esportivo que vai viabilizar adaptações corporais,
este podem existir em diferentes intensidades. De acordo com os principais
conceitos sugeridos por autores relacionados aos estímulos organizados no princípio
da adaptação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas

Fonte: TUBINO, M. J. G. Metodologia científica do


treinamento desportivo. 3. ed. São Paulo: Ibrasa, 1984.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 3ª ed.; Rio
de Janeiro: Shape, 1995.

GOMES DA COSTA, M. Ginástica localizada. Rio de Janeiro:


Editora Sprint, 1996.

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( ) Estímulos débeis – acarretam consequências.
( ) Estímulos médios – apenas excitam.
( ) Estímulos médios para fortes – provocam adaptações.
( ) Estímulos muito fortes – não causam danos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – V – F.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – V – V – V.

3 O princípio da sobrecarga, também muito importante nos treinamentos esportivos,


apresenta um período chamado de assimilação, que consiste nas mudanças que vão
ocorrer no corpo humano, bem como as adaptações sofridas a partir dos exercícios
que podem também ser divididas em fases. Com base nas questões relacionadas ao
princípio da sobrecarga, analise as sentenças a seguir:

I- A primeira fase é também chamada de período de restauração, em que o sujeito vai


chegar a um mesmo nível de energia existente na fase anterior ao estímulo executado.
II- A segunda fase é também chamada de período de restauração ampliada, em que o
sujeito terá uma maior fonte de energia para outros novos estímulos.
III- Os estímulos mais pesados devem sempre ser aplicados no início do treinamento, no
qual o sujeito terá uma menor amplitude do período de restauração ampliada para
que seja diminuído o limite de adaptação.
IV- Nesse princípio da sobrecarga, as variáveis do volume (quantidade) e a da intensidade
(qualidade) devem ser descartadas, importando apenas a potência e a velocidade na
execução dos exercícios.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.


b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.

4 Um dos princípios mais relevantes quando se relacionam as questões de treinamento


esportivo com os seres humanos é o princípio da saúde, ou seja, as práticas de
atividades ou esportivas, sejam com objetivos de rendimento ou não, devem sempre
estar alicerçadas nos fundamentos das organizações saudáveis aos praticantes, tanto
nos quesitos físicos e fisiológicos quanto emocionais e psicológicos. Disserte sobre
esse princípio da saúde apresentado as principais ideias relacionadas a essa temática.

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5 O estudo dos princípios do treinamento esportivo pode ser feito de modo isolado, ou
seja, cada princípio independente tem seu valor e suas funções particulares somados
a uma percepção holística, em que cada princípio, por meio da integração e da inter-
relação, passam a ter uma importância potencializada. Nesse sentido, cada princípio
se torna bem maior quando associado a um ou a outros princípios, o que indica que,
utilizando-se do conhecimento e da aplicação de todos os princípios, torna-se possível
realizar um treinamento mais eficiente. Vale lembrar que, além do conhecimento
dos princípios do treinamento, os profissionais de Educação Física necessitam ter
conhecimentos específicos da modalidade esportiva que será trabalhada. A partir
desse cenário, apresentam-se os princípios pedagógicos da preparação desportiva,
os princípios existentes na teoria e na metodologia da Educação Física e os princípios
especiais da preparação do desportista. Disserte sobre esses princípios com as
principais propostas de seus autores.

45
46
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
CICLOS E PERIODIZAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Historicamente, a partir da segunda década do século XX, encontram-se as
primeiras discussões sobre a temática da periodização construídas pelo russo Kotov.
Posteriormente, na década de 1950, Lev Matvéiev atualizou e fez aprofundamentos
nesses conhecimentos, estruturando alguns fundamentos teóricos do sistema de treino
(SILVA, 1998).

Na visão de Fleck e Kraemer (1999), a periodização do treinamento desportivo tem


suas raízes com atletas que praticavam levantamento de peso na Europa Oriental com
intenção de alterar as rotinas de treinamento, tendo objetivo de melhorar a recuperação
e, consequentemente, terem melhores resultados nos quesitos de força e potência.

Figura 13 – Levantamento de peso

Fonte: https://bit.ly/3RUyGkJ. Acesso em: 10 set. 2022.

O principal fundamento da organização de uma periodização tem base na


chamada síndrome de adaptação geral de Selye, que explica como o corpo de um
indivíduo reage diante de uma situação de estresse. O autor, o fisiologista Hans Selye,
em 1936, apresentou os processos fisiológicos ocorridos no corpo humano quando existe
alguma coisa no ambiente que nos oprime, que ultrapassa limites ou excede a capacidade
individual de se controlar. Essa síndrome apresenta três tipos de adaptação do corpo a
partir de alguma exigência que, nos treinamentos físicos, são os exercícios propostos.

A primeira fase é chamada de choque, em que o indivíduo terá contato com um


novo estímulo de treinamento, e podem aparecer dores ou desconfortos, diminuindo o
desempenho. Na segunda fase de adaptação ao estímulo, o indivíduo passa a se adaptar
e, assim, terá aumento em seu desempenho. A última fase é a do cansaço, em que o
indivíduo já se adaptou ao estímulo e, por isso, não acontecerão mais adaptações. Os
autores ressaltam que, nessa última fase, é provável que o desempenho não se altere,
tendo, ainda, a possibilidade de tê-lo diminuído.

47
2 PERIODIZAÇÃO
Em nível conceitual, a partir de autores como Tubino (1984), Matvéiev (1986),
Zakharov & Gomes (1992), Bompa (1994) e Silva (1997), a periodização pode ser
entendida como uma forma sistemática de organizar temporadas de um atleta, ainda
que seja amador, podendo ser profissional, com objetivo de melhorar a sua performance
e alcançar metas, sendo que os objetivos, via de regra, deverão ser previamente
instituídos e constantemente avaliados a partir das métricas estabelecidas.

Silva (1998) ratifica e acrescenta essa definição dizendo que a periodização


se constitui como sendo a divisão de uma temporada de preparação em diferentes
períodos e etapas de treinos com objetivos, orientações e características peculiares, o
que demanda ter procedimentos e orientações de treinos específicos e bem definidos.
Para o autor, a periodização é uma das etapas mais importantes do planejamento de
um treinamento esportivo, pois vai influenciar de maneira categórica na organização, na
estruturação dos treinos e, consequentemente, nos resultados.

Essa organização da periodização tem relação direta e, deve ser organizada, a


partir dos diferentes calendários de competição existentes nas diferentes modalidades
esportivas, por conta das exigências físicas relacionadas à adaptação do corpo do atleta,
somadas as especificidades de cada modalidade esportiva, principalmente no que
tange aos gestos técnicos, materiais e regras que precisam ser conhecidas, acatadas e
respeitadas nos períodos de preparação.

O mesmo autor, Silva (1998), acrescenta a esse cenário as possíveis


interferências que podem ocorrer relacionadas às condições climáticas de cada região
onde acontecerão os treinos, bem como das regiões onde acontecerão as competições.

Vale ressaltar que, quando não existe a periodização planejada para um


treinamento, pode ocorrer de um atleta treinar em períodos que deveria descansar,
aumentar cargas em períodos que deveria diminuir e incorrer no erro de chegar próximo a
uma competição em estado de estafa ou despreparo, pela desorganização da periodização.

As atividades na periodização possibilitam que haja controle do processo da


forma esportiva do atleta que, para Matvéiev (1986), é o estado de ótima preparação
para que se obtenha bons resultados, ou seja, é o melhor estado possível de um atleta.
Essa forma esportiva é caracterizada como sendo a unidade harmoniosa de todos
os elementos da capacidade ótima do atleta, que são os físicos, técnicos, táticos e
psíquicos. O mesmo autor enfatiza que apenas com a presença de todos os elementos
citados é possível afirmar que um atleta está em boa forma. A partir dessa perspectiva,
os profissionais responsáveis pela elaboração da periodização devem sempre aplicar
cargas de treino apropriadas, administrar as etapas da forma do atleta, viabilizando
ter coincidência entre o período de resultados elevados com o período das grandes
competições elencadas.

48
Diante disso, Silva (1997) endossa que a periodização do treinamento desportivo
tem como intenção organizar e orientar o processo de preparação física/esportiva de
um indivíduo, a fim de que a melhor forma atlética possível de ser alcançada incida
no período de competição ou das competições previstas numa temporada. Para esse
autor, a organização de um treino deve estar sistematizada num ciclo que deve ser
dividido em três períodos: preparação, competição e transição, correspondentes às três
fases da forma atlética, que são: aquisição, manutenção e perda temporária.

O primeiro período, o de preparação, deve ser dividido em duas etapas: a básica


e a específica, que corresponde à fase em que o atleta deverá adquirir conjecturas
da forma atlética a fim de desenvolver condições necessárias para uma participação
esportiva positiva, aponta Silva (1997). No período de competição, no qual o atleta,
via de regra, deverá estar em boa forma atlética, os melhores resultados devem ser
esperados. Para o período de transição, faz-se necessário que o treinador administre a
possível queda da forma atlética, a fim de estar preparado para que, na sequência dos
treinamentos, o atleta adquira novas formas atléticas em patamares mais elevados.

Ainda nessa temática relacionada ao tipo de periodização, Matvéiev (1986)


apresenta ciclos que podem ser semestrais e/ou anuais. Para o autor, algumas
modalidades esportivas que têm alta exigência da capacidade física de resistência,
deveria se embasar numa periodização simples, ou seja, um ciclo anual, pois os melhores
resultados serão buscados apenas num período. Já para modalidades esportivas
que se utilizam predominantemente de capacidades físicas de força e velocidade, os
planejamentos deveriam acontecer nos ciclos semestrais, ou seja, na periodização dupla,
na qual se necessitaria de melhores resultados em mais de um período do ano. Uma
terceira possibilidade levantada pelo autor é a periodização tripla, predominantemente
utilizada com atletas mais jovens ou em formação, pois ainda não têm estrutura rígida
suficiente para suportar cargas muito elevadas de treinamento.

2.1 PERIODIZAÇÃO: MODELOS


Existem alguns modelos de periodização que podem ser utilizados em
treinamentos esportivos de acordo com a modalidade esportiva em questão, o(s)
atleta(s), o período, as competições, o tempo hábil, dentre outros fatores.

Modelo clássico

Proposto por Matveev (1991) na década de 1950. Esse russo sugere um trabalho
dividido em três fases: preparatória, competitiva e de transição.

Na fase preparatória, que pode durar de três a quatro meses, ciclos semestrais,
cinco a sete meses, e ciclos anuais, o treinamento objetiva uma melhor forma física
geral do atleta, focando os objetivos nas capacidades físicas de força, resistência e
agilidade somadas aos treinamentos específicos da modalidade esportiva em questão.
49
Na fase competitiva, que pode durar de um mês e meio a dois meses, com
possibilidade de se estender até quatro ou cinco meses, se propõe um aumento na
intensidade e no volume dos treinamentos a fim de atingir seu pico, vislumbrando a
estabilização para o período das competições.

Na fase de transição, que pode durar de três a quatro semanas, com possibilidade
de se estender até seis semanas, a proposta é organizar um período de recuperação
com diminuição da intensidade e da quantidade dos treinamentos.

Modelo modular

A maior ênfase dos treinamentos nesse modelo proposto por Vorobjev (1970 apud
TSCHIENE, 1985), é o treino específico com foco no objetivo do próprio indivíduo, seja
relacionando a uma modalidade esportiva ou treinamentos feitos em academias de ginástica.

Modelo pendular

O modelo pendular foi proposto por Arosiev e Kalinin como uma adaptação
ao de Matveev, apresentado por autores como Dias (2016) e Marques Junior (2011),
sugerindo que, nesse modelo, a divisão não vai acontecer em fases, mas, sim, em
diversos microciclos. A partir da definição do ciclo, haverá um revezamento entre a
preparação geral e a preparação específica, o que, suspostamente, vai garantir uma
condição positiva durante todo o ano de treinamento.

Modelo de periodização em blocos

Nesse modelo de periodização, trabalham-se as técnicas e as táticas específicas


da modalidade em questão, além das habilidades motoras e capacidades físicas gerais,
concomitantemente. No primeiro momento, trabalha-se com as competências físicas.
Posteriormente, trabalha-se com as habilidades competitivas, e na última etapa, que
são as competições, todas as capacidades e habilidades devem ser reforçadas.

Modelo ondulatório

Nesse modelo, utilizam-se vários estímulos, alterando-se a carga e a intensidade


de modo contínuo, o que vai influenciar diretamente nos tipos de exercícios propostos.
Esse modelo é muito utilizado em treinamentos de musculação, onde os resultados do
indivíduo aparecerão de forma mais rápida.

3 CICLOS
Ao se tratar de questões relacionadas a ciclo de treinamento, autores como
Zakharov e Gomes (1992) e Matvéiev (1986) partem do princípio de que o corpo humano
funciona a partir de duas esferas: a aptidão física (força e habilidade) e a fadiga (cansaço

50
e desgaste). Cada ser humano tem um metabolismo que trabalha de forma particular
e diferente dos demais indivíduos, tanto no que tange às necessidades distintas de
estimulação quanto de recuperação. A partir disso, entende-se que cada corpo
humano tem um tempo distinto dos demais para possíveis respostas e adaptações
aos treinamentos físicos. Nesse sentido, os ciclos de treinamento são organizados
e planejados para oferecer a cada indivíduo um treinamento personalizado para que
possa buscar e, possivelmente, alcançar, de modo eficiente, os melhores resultados.

O treinamento organizado em ciclos trabalha com o corpo do indivíduo de


forma sistemática e organizada, a partir da oferta de estímulos programados e pausas
adequadas, para que possa haver o restabelecimento fisiológico e muscular. Nesse
sistema de treino, o atleta vai descansar quando for necessário e ter energia armazenada
suficiente para dar o máximo possível na execução das tarefas em seus treinos.

No início de um trabalho de periodização, em que o profissional de Educação


Física irá organizar os ciclos de treinamento, devem ser definidos de modo claro os
prazos e períodos, bem como os objetivos que, via de regra, devem ser atingíveis. Na
fase de planejamento, é imprescindível que o profissional de Educação Física tenha
acesso e conheça todas as características do atleta e suas condições físicas e clínicas
que possam interferir no planejamento. A partir dessas informações, decidir-se-á em
quanto tempo acontecerá cada período dos ciclos.

Os ciclos são divididos em macrociclo, mesociclo e microciclo, assim apresentados:

O macrociclo consiste num planejamento de treinos em longo prazo, ou seja,


no período total, que pode ser semestral, anual, bianual ou ciclo olímpico com duração
de quatro anos. Nesse segmento, deve-se ter claro quais são as principais competições
de que o atleta ou a equipe irá participar, podendo haver modificações ou adaptações
caso haja alguma intercorrência nesse período, como, por exemplo, uma lesão ou o
cancelamento/adiamento de uma competição.

O mesociclo é o conjunto de microciclos. Esse é o agrupamento de treinos


com menor tempo, sendo composto de uma até quatro semanas de treino. Caso essa
periodização se estenda por seis semanas, será chamada de microciclo extensivo. Via
de regra, cada mesociclo pode ter de 1 a 12 microciclos.

DICA
O mesociclo pode ser estudado de modo mais aprofundado no link
que leva a um artigo a respeito desta temática: https://www.scielo.br/j/
rbce/a/wj6bgJxzrSdFGyDPs78WKQv/?lang=pt.

51
Esse segmento do mesociclo tem várias fases, assim elencadas: Período de
Base, Período Pré-competitivo, Período Competitivo e Período de Transição (ZAKHAROV;
GOMES 1992).

O Período de Base dura, em média, de quatro a dez semanas, podendo variar de


acordo com o nível de respostas do atleta, bem como dos objetivos traçados. É nesse
período que o profissional de Educação Física deve desenvolver no atleta as capacidades
físicas básicas e gerais, como, por exemplo, na corrida, em que se deve desenvolver a
capacidade aeróbia. No período de base irão ocorrer as principais adaptações fisiológicas
ao treinamento aeróbico, que são o aumento do número de fibras de contração lenta,
que são as predominantemente utilizadas no treinamento aeróbico; maior irrigação da
musculatura ativa com melhor fornecimento de oxigênio e nutrientes, maior remoção
de metabólitos; aumento dos estoques energéticos (glicogênio muscular e hepático);
maior utilização da gordura como fonte energética, poupando o glicogênio; aumento
da cavidade interna do coração e hipertrofia das paredes cardíacas que economizarão
o trabalho cardíaco; aumento do número de hemácias, responsáveis pelo transporte de
oxigênio. Nessa fase, os treinamentos devem iniciar com baixa intensidade e volume
tendo progressivamente um aumento planejado.

O Período Pré-competitivo é o momento em que o profissional de Educação


Física organiza as atividades com tarefas especificas que serão exigências na modalidade
esportiva em questão. Nessa fase, deve ocorrer o aumento da intensidade e da duração
do treinamento, que pode ser compreendido entre seis e dez semanas. Existem outras
adaptações que vão acontecer no organismo, como, por exemplo, o aumento da
tolerância com intensidades mais elevadas; a maior tolerância a concentrações mais
elevadas de lactato sem perda de desempenho; melhora na velocidade de remoção do
lactato; e aumento da utilização do glicogênio como fonte energética.

Um período bem importante nessa fase pré-competitiva, apresentado por


Mujika e Padilla (2000a; 2000b) é chamado de polimento ou tappering. Nesse período,
há uma redução de carga de trabalho com o objetivo de diminuir o estresse fisiológico
e psicológico no período pré-competição e atingir níveis de desempenho ótimos. Os
autores ressaltam que essa redução da carga pode gerar insegurança nos atletas, visto
que estavam acostumados com grande volume e intensidade nos treinamentos.

Os autores apresentam algumas condições que fazem com que esse período de
polimento seja efetivo:
• Deve-se seguir a programação de treinamento anterior, visto que foi programada
com a existência desse período, sendo que o maior ou menor estresse fisiológico terá
efeito direto na eficácia do polimento.
• Deve haver redução na frequência de treinamento em relação ao volume para que
possa haver uma recuperação e otimização do desempenho.
• Esse período exige descanso, não obstante exige também treinamentos, pois se
não acontecer desse modo, pode haver a recuperação, mas, em contrapartida, não
haverá condicionamento.

52
O Período Competitivo deve levar em consideração a recuperação do atleta em
relação à alta carga de treino que aconteceu no Período Pré-competitivo, a fim de deixar
o atleta pronto para a competição. O nome que se dá a essa situação é "polimento", com
uma diminuição progressiva e rápida do volume e da intensidade dos treinos. Outro
detalhe que deve ser levado em conta nessa fase é a completa recuperação entre as
competições, não podendo fazer com que o atleta perca o melhor da sua forma.

O Período de Transição tem uma duração média de duas a quatro semanas


em que o atleta não deve parar por completo as atividades, tendo como possibilidade
praticar outras modalidades esportivas diferentes das suas para que o condicionamento
físico adquirido não tenha uma redução muito alta. Ressalta-se que, além das questões
físicas a serem recuperadas, os aspectos emocionais também devem ser levados em
consideração no que tange à recuperação.

O microciclo é considerado como sendo a menor unidade da periodização


e, por isso, pode ter um tempo de duração que varia entre uma e quatro semanas,
ressaltando que a soma dos microciclos é considerada mesociclo. Nessa fase, os
objetivos são de curto prazo, sendo conquistados praticamente em cada sessão de
treinamento, tendo como foco as correções em nível de postura, bem como a melhora
de algum gesto técnico específico da modalidade esportiva em questão. O profissional
de Educação Física, nessa fase, deve se atentar para ajustes da intensidade e a da
quantidade de sessões de treinos conforme a capacidade individual do atleta e a sua
evolução adquirida em cada sessão.

De modo resumido, o macrociclo tem por característica principal ser o maior


objetivo do trabalho definido pelo profissional de Educação Física antes de se iniciar os
treinamentos. Já os mesociclos têm como característica principal a busca por objetivos
mais específicos, como, por exemplo, a capacidade física de resistência aeróbica.
Os microciclos, ou seja, os menores períodos, são organizados a partir de exercícios
direcionados e peculiares para se atingir um objetivo, como, por exemplo, a pliometria.

Em se tratando de futebol e futsal, Frade (2014) mostra que o macrociclo é visto


como o trabalho completo, ou seja, chegar ao final da temporada, sendo, por exemplo,
campeões, ou não rebaixados de divisão.

No mesociclo, o mesmo autor sugere que pode haver conteúdos distintos, ainda
que sejam opostos, desde que tenham certa interação lógica. A ideia é a de fragmentar
as atividades em pequenas propostas, distribuindo no tempo disponível, promovendo
uma evolução da complexidade e assimilação dos gestos pelos atletas.

Por fim, o microciclo, de acordo com Frade (2014), deve ser organizado com
a ideia completa do jogo e do desenvolvimento do jogador, visto que as demandas
no Brasil são quase sempre semanais. É importante que se distribua as atividades de
maneira equilibrada ao longo da semana de treinamento.

53
DICA
A história das discussões e da evolução das pesquisas relacionadas
à periodização esportiva pode ser melhor entendida a partir deste
artigo, encontrado neste link: http://revistas.ut.edu.co/index.php/
edufisica/article/view/1910/1669.

Outra classificação encontrada em autores como Bompa (1994), Silva (1998) e


Forteza de La Rosa (2001), relacionada aos ciclos, é assim descrita:

Ciclo Básico
Dura de quatro a oito semanas, sendo que o trabalho é iniciado com aquecimento,
atividades relacionadas à aprendizagem motora e sobrecargas de peso. Nesse ciclo, o
número de repetições varia e as séries são estabelecidas de acordo com as necessidades
e condições físicas do atleta, tendo um aumento de carga após o quarto treino.

Ciclo Adaptativo
Dura de quatro a oito semanas, tendo uma intensificação do treino das
capacidades físicas de resistência muscular e resistência cardiovascular, introduzindo
atividades específicas das capacidades físicas de força e velocidade. Nesse ciclo,
recomenda-se trabalhos em forma de circuitos, objetivando otimizar a resistência
muscular e a capacidade cardiorrespiratória.

Ciclo Específico
Dura de quatro a doze semanas, tendo o trabalho feito com uma quantidade de
repetições e sobrecargas necessárias para o objetivo específico, ou seja, o trabalho de
hipertrofia é diferente do trabalho de força.

Ciclo de Transição
Dura de uma a quatro semanas, tendo como principal intenção a manutenção
do corpo numa perspectiva de treinamento mínimo posterior ao período de treinamento
longo já executado com o mesmo objetivo. Nesse ciclo, prevalece a estabilização para que
o corpo do atleta não se acomode, pois deve haver desafios com reajuste da capacidade
física de força para que haja uma sólida construção e manutenção da massa muscular.

Ciclo Readaptativo
Dura de uma a quatro semanas, tendo o foco no recondicionamento físico,
principalmente quando houve abandono temporário dos treinamentos.

Em se tratando de futebol e futsal, Silva (1998) destaca que todos esses


planejamentos e programações terão inúmeras variáveis influenciando as atividades,
sendo que a que teria maior destaque seria o calendário das competições de que a
equipe participará.

54
4 REFLEXÕES ACERCA DO TREINAMENTO ESPORTIVO
Uma das principais temáticas relacionadas às possíveis estratégias de
organização do treinamento esportivo focam no entendimento e na compreensão
das variações dos estímulos oferecidos em um treinamento e as suas relações com o
aumento do desempenho das capacidades motoras e do rendimento físico-esportivo.
Os efeitos que ocorrem a partir dos diferentes modelos dependem, em grande medida,
da duração dos períodos do treinamento somadas às características dos sujeitos que
estão treinando, o que enfatiza a ideia de que a organização do processo de treinamento
determina o rendimento físico-esportivo nas mais diferentes modalidades esportivas.

Outro segmento dentro do treinamento esportivo que deve ser levado em


consideração quando se pensa nesse planejamento é a avaliação do desempenho.
Essa avaliação tem como principal enfoque o desenvolvimento de métodos a fim de
identificar especificamente como o desempenho esportivo e atlético sofre influência das
capacidades motoras (BACURAU et al. 2009; MILANEZ et al. 2011; DE SOUZA et al. 2011).

Diante disso, a escolha e a utilização dos testes de desempenho para


capacidades motoras, como, por exemplo, o teste de 1RM, teste de salto vertical, teste
de velocidade das ações motoras, dentre outros, dependem da validade dos resultados
e, principalmente, da precisão em reproduzir o desempenho observado em situações
reais que vão acontecer durante a prática das modalidades esportivas.

Esse cenário sugere que os profissionais atuantes nessas atividades utilizem


recursos alternativos, como sistemas de vídeos e softwares, que são tecnologias com
grande consistência e sensibilidade no que tange à verificação das mudanças no
desempenho que foram obtidas por meio do treinamento planejado e efetivado (MIARKA
et al., 2012; KIRK; HURST; ATKINS, 2014). Os autores ressaltam que o uso desses recursos
tecnológicos, associados aos testes de desempenho, têm que ter relação direta com
as características de esforço físico e motor que cada modalidade esportiva suscita.
A partir daí, é evidente que os protocolos de avaliação apresentarão relações diretas
entre as adaptações fisiológicas e motoras promovidas pelo treinamento esportivo e o
desempenho nas modalidades esportivas (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010; NUNES
et al., 2011) favorecendo a ampliação da compreensão das alterações que os atletas
apresentam associadas ao processo de treinamento esportivo.

Outros aspectos do treinamento esportivo que devem ser considerados


relevantes são o controle e o monitoramento das cargas de treinamento a serem utilizadas
a partir do planejamento, que têm como principal objetivo auxiliar na organização e nos
ajustes aos estímulos de cargas aplicadas durante o processo de treinamento esportivo,
o que é chamado de “dose-resposta”.

No caso do monitoramento das cargas de treinamento, o principal objetivo


é minimizar eventuais limitações que podem vir a ocorrer durante as sessões do
treinamento esportivo, a fim de que se evite uma prescrição das variáveis de volume,
55
intensidade e densidade com incoerências diante da demanda fisiológica, somadas
às mudanças no desempenho que são conferidas pelo processo de treinamento
(IMPELLIZZERI et al., 2005; MOREIRA et al., 2012).

Juntamente com os testes de desempenho e o uso dos parâmetros fisiológicos,


pode-se, ainda, utilizar ferramentas como recordatórios, questionários e escalas para
quantificação das cargas de treinamento (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010; NUNES et al.,
2011; KIRK; HURST; ATKINS, 2014). A partir disso, o monitoramento a ser feito das cargas de
treinamento pode contribuir de modo positivo na organização do processo de treinamento,
pois vai oferecer subsídios para auxiliar a interpretação das respostas dos atletas em relação
às cargas de treinamento utilizadas durante o próprio processo de treinamento.

As estratégias específicas ao desenvolvimento das capacidades motoras


também têm sido temáticas de muitas reflexões na área do treinamento esportivo, ou
seja, como aplicar diferentes métodos para o desenvolvimento isolado das capacidades
condicionantes – força, capacidade aeróbia/anaeróbia, potência muscular – e das
capacidades coordenativas – equilíbrio dinâmico, tempo de reação e agilidade. Tanto
as capacidades condicionantes como as coordenativas podem ser executadas
constantemente, a fim de encaixar em algum momento da sessão de treinamento
esportivo que pode ser no aquecimento, no conteúdo principal da sessão ou, ainda, na volta
à calma. Há também a utilização desses parâmetros no processo efetivo do treinamento
que pode ocorrer na preparação geral, na preparação específica, na pré-competição, na
competição ou na transição. Vale ressaltar que esses procedimentos são mais pertinentes
para a utilização de alguma estratégia que possa contribuir em melhorar o desempenho
dessas capacidades e, consequentemente, aperfeiçoar o rendimento na prática esportiva
(BACURAU et al., 2009; LAMAS et al., 2010; DE SOUZA et al., 2011).

Em grande escala, os aspectos teóricos que vão dar fundamento às teorias


relacionadas ao treinamento esportivo visam capacitar o profissional de Educação
Física tanto em nível acadêmico quanto em nível profissional, a fim de que seja capaz de
criar estratégias para que suas possíveis intervenções profissionais sejam mais efetivas,
mais eficientes e mais coerentes com as necessidades dos praticantes das diferentes
modalidades esportivas, sejam em nível amador ou no alto rendimento.

4.1 RENDIMENTO ESPORTIVO


Uma das importantes capacidades que devem ser consideradas quando se
discute o treinamento esportivo na vertente do alto rendimento é a capacidade chamada
de biotipológica. Autores como Benda e Greco (2001) sugerem que essa capacidade está
dividida em capacidade constitucional fenótipo e capacidade constitucional genótipo.
No caso da capacidade constitucional fenótipo, os autores sugerem ser a responsável
pelo potencial ou pela evolução das capacidades envolvidas no fenótipo, o que inclui
tanto o desenvolvimento da capacidade de adaptação ao esforço e das habilidades

56
esportivas como, também, a extensão da capacidade de aprendizagem do indivíduo. Na
capacidade constitucional genótipo, os mesmos autores apontam que é a responsável
pelo potencial do atleta, o que inclui alguns fatores como a composição corporal, o
biótipo, a estatura máxima esperada, a força máxima possível e o percentual de fibras
musculares dos diferentes tipos.

Na perspectiva de Dantas (1995), deve-se considerar um indivíduo a partir da


junção do genótipo e do fenótipo que vão dar origem à soma de todas as especificidades
que irão compor as características de cada um. O autor acrescenta, ainda, que o genótipo
deve ser compreendido como uma carga genética que será transmitida para um
indivíduo, determinando, assim, vários fatores pessoais. Já com relação aos potenciais,
Dantas (1995) sinaliza que são determinados geneticamente, mas que as capacidades
físicas e as habilidades motoras são frutos do fenótipo.

Em se tratando de alcançar metas no esporte, ou seja, ser um campeão, Dantas


(1995) enfatiza que, para isso, esse indivíduo teria de ter nascido com o que ele chama
de “dom da natureza”. Em sua vida, os especialistas deveriam aproveitar de modo
amplo esse dom, desenvolvendo-o em suas máximas possibilidades, utilizando-se de
treinamentos bem planejados.

Figura 14 – Esporte e rendimento

Fonte:https://bit.ly/3EtfGqu. Acesso em: 10 set. 2022.

Esse contexto reforça sempre mais a ideia de que, ainda que um indivíduo tenha
características genéticas diferenciadas no que tange ao desenvolvimento de potenciais
relacionados às modalidades esportivas, dependem diretamente da participação
em treinamentos com muito esforço, periodicidade, disciplina, empenho, trabalho,
incentivos financeiros e técnicos. Associado a esses fatores, deve-se enaltecer de modo
bem incisivo a importância fundamental do profissional de Educação Física por meio de
seus planejamentos, intervenções, ações, criações, recriações e adaptações, para que
se obtenha o maior sucesso de um atleta ou de uma equipe.

57
Não se pode deixar de lado uma questão muito importante nessa contextualização,
que são as tentativas de manipulações das características genéticas, do genótipo de atletas,
por meio, principalmente, dos ideais da eugenia, no decorrer do século XX. Não obstante,
em qualquer campo de discussões e reflexões sempre irá ter espaço para um alerta em
relação a essas tentativas de manipulação e violação do corpo, da integridade e dos direitos
de todo ser humano.

5 PERIODIZAÇÃO NO FUTEBOL E NO FUTSAL


Uma das principais características a serem refletidas quando se pensa
no planejamento de treinamentos para modalidades esportivas são as próprias
características da modalidade, ou seja, gestos técnicos, regras, material, espaços,
equipamentos. Soma-se, ainda, os períodos específicos das competições ou dos jogos.

O futebol, desde sua internacionalização, passa constantemente por evoluções


técnicas e táticas, ressaltando que é uma das modalidades esportivas com características
bastante peculiares em se tratando de uma prática intermitente.

Um dos grandes técnicos de futebol, o português José Mourinho, em uma de


suas palestras, no ano de 2001, definiu a periodização como sendo um aspecto particular
da programação de uma equipe relacionada com a distribuição no tempo disponível
de forma regular, dos comportamentos táticos desenvolvidos num jogo, das atitudes e
gestos técnicos individuais dos atletas e suas influências no âmbito coletivo, somadas
as adaptações de cada jogador e da equipe nos níveis técnicos, físicos, cognitivos e
psicológicos. Para Mourinho, a periodização é uma divisão cronológica da preparação
em períodos dispostos estrategicamente, com objetivos bem definidos e específicos
para cada período de preparação. Assim, possibilita-se uma maior otimização de cada
um dos tópicos da preparação.

Relembrando o que já foi discutido anteriormente, a periodização se divide em


três grandes períodos: o preparatório, o competitivo e o transitório, como nos mostra
Weineck (2000).

Em se tratando de futebol e futsal, no período preparatório, os treinamentos


visam à preparação para a competição, sendo necessário, inicialmente, se fazer uma
análise diagnóstica dos jogadores para que se possa, de modo profundo, conhecer as
características individuais de cada atleta. Posteriormente, é necessário que o profissional de
Educação Física conheça e analise as competições que a equipe irá disputar na temporada.
Finalmente, deve conhecer as condições para a efetivação dos treinamentos, ou seja,
recursos materiais e humanos oferecidos pelo clube.

58
Figura 15 – Periodização no futebol

Fonte: https://bit.ly/3rJJmYT. Acesso em: 10 set. 2022.

Neste período, é possível dividir as atividades em algumas etapas, assim


apresentadas por Mourinho (2001):

• Análise diagnóstica. Nessa etapa, o profissional de Educação Física deve fazer um


grande levantamento das características individuais dos atletas que estão no grupo,
principalmente conhecendo quem são, como são, como agem, quais as condições
físicas e quais as características técnicas.
• Montagem do cronograma de trabalho. Nessa etapa, se definirá, a partir do
calendário de competições, quais serão as datas e períodos de treinamentos somados
ao conteúdo específico de atividades que serão desenvolvidas em cada uma das
etapas dessa preparação.
• Definição dos objetivos. Nessa etapa, esse importante tópico irá ilustrar quais
parâmetros que serão priorizados nessa preparação.
• Definição dos conteúdos a serem desenvolvidos. Depois se ter os dados da
análise diagnóstica, deve-se definir quais serão os conteúdos a ser treinados, sempre
dando ênfase ao trabalho de desenvolvimento das valências físicas, técnicas e táticas
que porventura estejam fora dos patamares considerados mínimos exigidos para que
se possa ter bons resultados.
• Planificação dos treinamentos. Nessa etapa, é feita uma reunião com todos os
tópicos anteriores e se dá início à preparação propriamente dita da equipe.
• Distribuição de cargas de trabalho. Nessa etapa, organiza-se a distribuição das
cargas de trabalho que será feita através dos macrociclos, mesociclos, microciclos e,
ainda, com possíveis sessões individuais de treinamentos específicos.
• Avaliações fisiológicas e técnicas. Essa etapa ocorre durante todo o período
preparatório, onde se faz um acompanhamento do desenvolvimento de cada atleta
e da equipe por meio de avaliações fisiológicas e técnicas, obtendo resultados que
apontem para dados sobre os estágios de desenvolvimento dos atletas.
• Execução. Nessa etapa, acontece a efetivação de todo o planejamento, onde
todos os membros da comissão técnica devem ter controle e conhecimento do
desenvolvimento das atividades a fim de que se evite erros e imprevistos que possam
vir a prejudicar o bom andamento da preparação.

59
No período competitivo, acontecem os treinamentos, ao mesmo tempo em que
se está competindo, tendo como prioridade a obtenção dos melhores resultados. Nesse
período, os treinamentos devem focar nas especificidades do futebol, dando ênfase ao
trabalho das técnicas individuais e táticas coletivas, diminuindo o trabalho exclusivamente
físico. Os treinamentos físicos vão acontecer apenas para manutenção da base adquirida
no período de preparação. Vale ressaltar que, nesse período, aumenta muito o desgaste
físico e emocional dos atletas, principalmente pela quantidade de jogos e viagens, o que
sugere a introdução de sessões de treinamento regenerativas, que devem ser organizadas
com os profissionais da comissão técnica, em especial o profissional de Educação Física
(organizador da programação e execução das sessões), o fisiologista (responsável pelo
controle da fadiga muscular dos atletas por meio de testes fisiológicos, como controle
de acidose e lactato muscular), o nutricionista (responsável pela reposição correta
dos nutrientes perdidos pelo desgaste físico) e o psicólogo (responsável pelo auxilio no
equilíbrio das emoções). Cada um na sua especialidade deve contribuir nesse momento tão
importante da periodização.

No período transitório, diminui-se a carga de treinamento se preparando para a


próxima temporada, em que o atleta vai iniciar a recuperação do desgaste que os períodos
anteriores causaram. Nesse período, pretende-se evitar o chamado “overtraining” (que ocorre
quando um atleta participa e executa mais treinamentos do que seu corpo está preparado)
e, consequentemente, possíveis lesões. Na transição, as atividades devem ser desenvolvidas
com cargas reduzidas, vislumbrando também o período de férias. Vale ressaltar que o descanso
é uma peça fundamental na preparação física e técnica de um atleta. É nesse período que a
comissão técnica vai iniciar a planificação para a próxima temporada.

Em se tratando de iniciação esportiva, a periodização no futebol/futsal vai dar


um grande referencial para os profissionais de Educação Física no que tange à amplitude
das atividades a serem organizadas, bem como os principais objetivos, que devem ser
predominantemente voltados para o desenvolvimento global do iniciante (SILVA, 1997).

O mesmo autor enfatiza que, no alto rendimento do futebol/futsal, é imprescindível


que haja a periodização dos treinamentos, correndo-se o risco de não atingir bons resultados
caso o planejamento não esteja de acordo com as reais condições da equipe, dos espaços,
materiais e calendário.

DICA
No futebol de outros países, existe também uma grande preocupação
e muitos estudos e pesquisas acerca da periodização no futebol. O
texto que se encontra neste link mostra um pouco da periodização
existente em clubes de futebol de Portugal. Vale a pena
aprofundar os estudos! Disponível em: https://www.scielo.br/j/
rbefe/a/XyrCPPLHjD63jB6Pv3Bv5mj/?format=pdf&lang=pt.

60
LEITURA
COMPLEMENTAR
TREINAMENTO ESPORTIVO: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO
SOBRE SUAS BASES CIENTÍFICAS

Wanderson Pereira Lima


José dos Reis Júnior
João Pedro Barbosa Bandeira

Resumo: o presente estudo tem como objetivo central apresentar uma discussão sobre
o treinamento esportivo, enfatizando suas bases científicas. Este trabalho foi realizado
mediante estudo bibliográfico em livros e artigos científicos especializados na área de
Educação Física. Como resultados desses estudos foram apresentadas as principais
características que constituem os princípios do treinamento esportivo, avaliação e
controle, bem como, aspectos da iniciação a competição, ressaltando o treinamento
de força para jovens, adultos e atletas. Conclui-se que trabalhar, objetivando a efetiva
melhoria no desempenho esportivo da atleta e do não atleta, deve-se enfatizar o
conhecimento científico, enfatizando a amplitude da área do treinamento esportivo,
havendo assim mútua relação entre seus elementos básicos.

Palavras-chave: Treinamento esportivo. Conhecimento científico. Saúde.

1 INTRODUÇÃO

Ao elaborar uma discussão, enfatizando o treinamento esportivo, torna-


se necessário ressaltar que o mesmo, data de uma longa história e que mediante o
decorrer dos tempos foi se aprimorando, desenvolvendo e consolidando como uma área
do conhecimento científico.

Desde a Antiguidade, com os jogos olímpicos, até a Idade Moderna, com o


culto ao corpo, no período pós-Idade Média, e, na contemporaneidade, com o status
científico, a preocupação com a saúde, com o corpo sadio, o esporte e o treinamento
sempre foram aspectos de destaque na sociedade.

De acordo com Böhme (2003), treinamento é um processo de ações complexas


que tem como características: conteúdos, objetivos, métodos, organização e realização.
Tais características com o intuito de trabalhar o atleta para que ele esteja em sua melhor
forma durante as competições.

61
Portanto, este artigo tem como objetivo central apresentar uma discussão
sobre o treinamento esportivo, elucidando alguns de seus vários aspectos científicos,
que contribuem com a evolução do desempenho esportivo do atleta e também de
indivíduos que não são atletas, mas praticam esportes como forma de manter a saúde
e o bem-estar. Importante destacar que o presente estudo também tem o intuito de
contribuir com a pesquisa e a formação de profissionais da área da Educação Física.

2 DESENVOLVIMENTO

O presente estudo foi realizado mediante a revisão bibliográfica em livros e


artigos científicos na área da Educação Física. O material encontrado foi estudado e
analisado objetivando dar um suporte científico ao tema proposto.

2.1 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO

Os Princípios do Treinamento Esportivo, segundo Dantas (1995), são os aspectos


cuja observância irá diferenciar o trabalho feito, à base de ensaios e erros, do trabalho
científico. São eles: Princípio da Individualidade Biológica; da Adaptação; da Sobrecarga;
da Continuidade/Reversibilidade; e Interdependência, Volume x Intensidade. Cada qual
com suas particularidades, todavia constata-se suas mútuas relações.

O Princípio da Individualidade Biológica, como o nome já descreve, enfatiza que


cada ser humano é único, constituído por genótipo e fenótipo. O genótipo faz referência
à carga genética transmitida à pessoa, ou seja, sua composição corporal, biotipo, altura
máxima esperada, capacidades motoras e possível percentual de tipos de fibras musculares.
O fenótipo versa sobre os fatores externos que modificam as características do indivíduo/
atleta, somado ao indivíduo a partir do momento de seu nascimento, responsável por aspectos
como habilidades motoras e esportivas. Destaca-se, nesse princípio, a individualização do
treinamento, por grupos ou pessoas (DANTAS, 1995; TUBINO, 1984).

Existem, portanto, questões biológicas e sociais que influenciam no


desenvolvimento do indivíduo, seja ele atleta ou não. No caso do treinamento esportivo,
os atletas recebem treinamentos específicos para cada área de sua atuação, por
mais que seja uma equipe de voleibol, por exemplo, existem diferentes funções que
necessitam ser trabalhas de modo diferenciado e esse trabalho é observado mediante
aspectos principalmente genéticos como: altura, tipo de fibra, entre outros.

O Princípio da Adaptação está relacionado às diferentes capacidades de


adaptação, mediante estímulos advindos dos exercícios e cargas de treinamento. Por
exemplo:Estímulo – Organismo – Adaptação (DANTAS, 1995; TUBINO, 1984). Importante
destacar que o estímulo deve ser trabalhado de acordo com as capacidades ideais dos
atletas. Portanto, vinculado a homeostase, sendo que o atleta necessita se adaptar
ao treinamento, ou seja, todo estímulo provoca a característica de adaptação. Sem
adaptação não há evolução e assim não há sobrevivência.

62
Esse princípio ressalta a importância de se saber dosar os diferentes estímulos
que são exercidos sobre os atletas. Tais dosagens representam, de modo informal,
acostumar o indivíduo à carga do treinamento de modo progressivo, evitando lesões, de
modo que se faz necessária a correta prescrição do exercício.

Como precaução é necessário que o estímulo seja trabalho de modo crescente,


ou seja, do mais leve e moderado para o mais pesado e intenso. Pois assim, pode
desenvolver a melhoria e evolução do rendimento. Já a falta de estímulo acarreta a
estagnação e a não evolução no desempenho, enquanto o estímulo excessivo provoca
lesões, como já dito, havendo assim, a má adaptação do indivíduo ao processo de
treinamento. O desempenho, portanto, é o resultado de muitos anos de treinamento
adequado, sistematizado, científico, havendo a necessidade de o treinamento induzir
adaptações que melhorem o desempenho do indivíduo/atleta.

O Princípio da Sobrecarga diz respeito à supercompensação, que é a capacidade


do organismo de restituir as energias gastas no treinamento, preparando-se para uma
nova etapa de treino (TUBINO, 1984). A sobrecarga refere-se à observação de que um
sistema ou tecido necessita receber uma quantidade além de carga de exercícios, para
que de fato ocorra os efeitos do treinamento (DANTAS, 1995; TUBINO, 1984).

As mudanças funcionais ocorrem somente quando as cargas de treinamento


são suficientes para causar ativações no sistema biofisiológico, como por exemplo, é o
caso da hipertrofia ou o emagrecimento. Assim sendo, o aumento de volume, no caso
do princípio da sobrecarga é relacionada à quantidade ou duração de cada sessão de
treinamento. A intensidade está relacionada ao aumento da velocidade de execução ou
diminuição da quantidade de recuperação, por fim, a variação dos exercícios diz respeito
à ordem de execução e mudança de metodologia dos treinos.

Portanto, quando se fala de volume e intensidade, assunto que será destacado


mais adiante, está se referindo também e, sobretudo, à sobrecarga do treinamento.

O Princípio da Continuidade/Reversibilidade ressalta que as modificações


induzidas pelo treinamento são passageiras. As características adquiridas por meio do
treino perdem-se e retornam aos limites pré-treinamento após período de inatividade.
Portanto, há sempre a necessidade de manutenção do treinamento, em níveis contínuos,
para a manutençãode um estado de treinamento mais elevado (DANTAS, 1995).

Estes princípios estão nitidamente relacionados à Adaptação e a Sobrecarga.


Dois aspectos fundamentais definem o princípio da continuidade: a interrupção e a
duração do treinamento, prevendo a regularidade da prática do treinamento para o
desenvolvimento das capacidades motoras em relação a saúde e ao esporte.

O Princípio da Interdependência refere-se ao Volume x Intensidade. Baseando-


se assim, na boa adequação de ambos. Como regra geral de segurança, propõem-se

63
trabalhar primeiramente maior volume e, no decorrer do treinamento, ir aumentando
a intensidade. O volume é importante para manter a estabilidade do rendimento, já a
intensidade é importante para o aumento do rendimento.

O Volume refere-se à quantidade de treinamento, relacionada ao número de


repetições, tempo de corrida, dias/semanas/meses de treinamento. A intensidade, diz
respeito à qualidade do treinamento, manipulação de cargas, intervalos de repouso,
velocidade da execução. Um organismo submetido ao trabalho muito intenso, somente
poderá executá-lo em um curto espaço de tempo, e quando há um aumento desse
espaço de tempo, é necessário diminuir a intensidade, valendo-se do pressuposto
de que o importante é trabalhar de modo seguro, pesado e ideal. Desse modo, se a
intensidade aumenta, o volume diminui e se o volume aumenta a intensidade diminui.

O Princípio da Especificidade está relacionado com o princípio da Individualidade


Biológica, em um treinamento de alto nível. Portanto, o treinamento deve evidenciar as
capacidades especificas do esporte praticado, mas também as particularidades dos atletas.

Enfim, com a exposição sobre os princípios do treinamento, que estão


intrinsecamente relacionados uns aos outros, é imprescindível saber avaliar e controlar
os níveis de treinamento e cargas, objetivando sempre a evolução do desempenho, de
modo que não acarrete lesões nos atletas.

2.2 AVALIAÇÃO E CONTROLE

A avaliação é um aspecto muito importante para o efetivo desempenho do atleta.


Ela compreende o diagnóstico das capacidades motoras envolvidas na modalidade
esportiva alvo, se possível em condições que simulem a prática da atividade. Essas
capacidades motoras, dizem respeito à força, à flexibilidade, à potência e à agilidade. Todas
elas utilizadas, porém, em algumas modalidades esportivas, algumas são mais específicas
que as outras. O importante é saber reconhecê-las e trabalhá-las adequadamente, para
tanto o primeiro passo é a avaliação (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

Entre os métodos de avaliação, encontram-se os testes, com seus protocolos


sistematizados, visando aumentar a produtividade e os resultados, detectando, mesmo
que sejam pequenas, alterações que ao final podem provocar grandes diferenças no
desempenho. Por exemplo, além de protocolos, muito se tem utilizado vídeos para
descrever melhor as capacidades motoras, principalmente em modalidades como:
futebol, basquetebol, voleibol, entre outras.

Por se tratar de filmagens, os avanços tecnológicos permitem, hoje, avaliações


mais completas, com outras variáveis para a compreensão do desempenho. Por exemplo,
o uso de plataformas para verificar e quantificar, mediante cálculos matemáticos,
avaliar diferentes modelos de treinamento da mecânica do movimento, enfatizando
as diferentes forças internas: velocidade angular das articulações e sincronia dos
movimentos em geral.

64
Outro exemplo é o uso de biopsias e da biologia molecular, objetivando avaliar o
nível e o tipo de treinamento que está mais efetivo e gerando importantes adaptações
e modificações positivas agudas e crônicas no organismo. Para, assim, haver o controle
correto do treinamento.

O controle de treinamento diz respeito à prescrição do exercício, em uma


relação de estímulo-resposta. Desse modo a resposta está associada à mudança e/ou
alteração de um parâmetro fisiológico, decorrente da carga de treinamento, ou seja, pelo
estímulo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

Técnicos, preparadores físicos e cientistas têm buscado determinar parâmetros


que sejam capazes de controlar a carga de treinamento, visando alterações positivas
físicas e fisiológicas no desempenho esportivo. Como exemplo, pode ser citada a
avaliação de oxigênio, concentração sanguínea de lactato, frequência cardíaca,
percepção subjetiva do esforço. Cada qual com suas contribuições e limitações.

Determinar uma sessão de exercícios no organismo é muito importante,


considerando a rotina de treinamento dos atletas, buscando evitar o excesso de treino,
ou o esforço além do limite, minimizando a ocorrência de lesões.

Como exemplo, pode-se considerar um profissional que atua com basquetebol,


este sendo preparador físico de uma equipe, deve realizar seu treinamento de forma
progressiva, organizando e planejando o desenvolvimento das capacidades físicas,
sendo que na fase inicial de treinamento é importante fortalecer todas as estruturas do
organismo humano: orgânica, anatômica e fisiológica.

Para um trabalho de resistência, o preparador físico pode utilizar de exercícios


para potencializar o funcionamento do sistema cardiovascular para posteriores cargas
exigidas pelo ritmo de jogo do basquetebol, utilizando, por exemplo, treinamento
intervalado, corridas,exercícios técnicos com bola e sem bola, mas sempre com atenção
à capacidade cardiorrespiratória.

A flexibilidade e o treinamento de força são condições necessárias para melhores


execuções de quaisquer movimentos em vários esportes, não somente do basquetebol,
podeme devem ser inseridos de forma generalizada desde a iniciação esportiva, partindo
de estímulos médios para serem aumentados de pouco a pouco, de acordo com as
experiências vividas no trabalho com peso nas fases anteriores, ressaltando sempre
as fundamentais contribuições do processo de avaliação e controle dos treinamentos.
Portanto, ao tratar do trabalho de requisitos motores a serem desenvolvidos desde
a iniciação esportiva, fala-se de especificidades e evolução das capacidades físicas,
biológicas e psicológicas do indivíduo ao longo de tempo de treinamento.

65
2.3 DA INICIAÇÃO À COMPETIÇÃO: O TREINAMENTO DE FORÇA PARA JOVENS, ADULTOS
E ATLETAS

Para Powers e Howley (2000) o treinamento de força tem o objetivo de provocar


adaptações na musculatura esquelética através de sobrecargas. Esta sobrecarga,
normalmente está relacionada a uma determinada porcentagem de uma repetição
máxima, que se caracteriza pela maior carga que o indivíduo consegue realizar na
realização de determinado exercício.

Destarte, a força muscular refere-se à força que um musculo pode gerar e é


comumente expressa como uma repetição máxima (1RM). Já a resistência muscular se
refereà capacidade de realização de contrações repetidas contra uma carga submáxima
(POWERS e HOWLEY, 2000). Em relação aos jovens e adultos, os objetivos são diferentes,
bem como métodos a serem organizados e realizados. Entendendo suas dificuldades e
possibilidades de melhoras, de acordo com o processo de treinamento, valoriza-se e
se reconhece aspectos biofisiológicos e psicossociais desses indivíduos, principalmente
de jovens, evitando o treinamento precoce, pulando fases de seu desenvolvimento.

Desse modo, é necessário ir além de reconhecer esses princípios do treinamento,


deve-se tomar cuidado para não pular etapas e trabalhar os exageros do treinamento
precoce em relação aos jovens. Essas etapas, dizem respeito ao próprio desenvolvimento
natural do indivíduo, ressaltando fatores biofisiológicos e psicossociais. Como método
de valorizar esses aspectos do desenvolvimento do indivíduo/jovem/atleta, o lúdico é
fundamental, pois a partir do mesmo é possível estimular e desenvolver os requisitos
motores e cognitivos dos praticantes.

Em relação aos adultos, devem-se enfatizar os princípios do treinamento,


principalmente da adaptação e da sobrecarga. Pois, estes em suas mútuas relações,
referem-se à capacidade adaptativa do indivíduo frente aos estímulos proporcionados
pelos exercícios e cargas, ou seja, Estímulo, Organismo, Adaptação (DANTAS, 1995;
TUBINO 1984), comojá enfatizado anteriormente.

No treinamento de força para atletas, além dos princípios treinamento, a periodização


do treinamento deve vista e desenvolvida com atenção, havendo a compreensão de todo
o tempo em que se pretende trabalhar com esse atleta. De acordo com Bompa (2001),
periodização é o período, porção e divisão do tempo em pequenos segmentos mais
fáceis de controlar, a fim de propiciar o desempenho máximo nas competições. É dividido
em microciclo (menor estrutura do treinamento), mesociclo (conjunto de microciclos)
e macrociclo (maior estrutura do treinamento, mensal, anual e plurianual). Portanto, a
periodização é fundamental na fase de transição do atleta, da iniciação à competição;
destacando-se, assim, a correta avaliação e controle do treinamento.

Para se trabalhar o treinamento, como exemplo, podem ser citados anilhas,


halteres, aparelhos de academia, peso corporal, elásticos (teraband e garrotes).
Portanto, o treinamento de força tem uma ampla utilização em aspectos relacionados

66
à saúde, qualidade de vida, estética, tratamento de patologias, prevenção de doenças e
lesões, treinamento de atletas de alto rendimento, melhoria na parte funcional (idosos).

A classificação da ação muscular é dividida em Isométrica, que são exercícios


quepromovem contrações musculares, porém não executam movimentos, normalmente
utilizada para manutenção da postura, funcionalmente estabilizando as articulações, e
a Isotônica, que também promovem contrações musculares, no entanto proporciona-
se movimento corporal, destacando a fase concêntrica e a fase excêntrica, muito
utilizada para o desenvolvimento do volume muscular, potência e resistência muscular.
Importante ressaltar que estas caraterísticaspodem ser utilizadas para jovens, adultos e
atletas, porém considerando suas especificidades.

A musculação melhora o desempenho de qualquer atleta. Quanto mais fibras


musculares, mais rápida a ação do Sistema Nervoso Central e melhor o desempenho de
vencerresistências em qualquer atleta.

A preparação de alto rendimento5 é indicada a ser iniciada após, o terceiro


ano de treinamento, em pessoas que não são atletas, e, geralmente só começa após
o quinto ano. Músculos treinados representa mais oxigênio por que, de acordo com
MCardle, Katch, Katch (2016) há: maior teor de mioglobina; maior número e tamanho
de mitocôndrias; maior atividade e concentração de enzima; e maior capacidade de
oxidação de gordura.

Em relação ao trabalho aeróbico, pode-se dizer que quanto maior a base


aeróbica, maior o condicionamento do atleta. Quanto mais trabalha as valências físicas
da aptidão física, maior o condicionamento do atleta e o volume máximo de oxigênio.

Portanto, o treinamento aeróbico Aumento da densidade capilar, aumento


do volume sanguíneo, em fase de crescimento (aumento da caixa torácica, volume
pulmonar e capacidade de difusão de O2), a melhoria geral da resistência implica maior
resistência às infecções, ao calor, ao frio.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constata-se que existe uma mútua relação entre os princípios do treinamento


esportivo, enfatizando-se que o caráter científico visa trabalhar os principais requisitos
motores do indivíduo, sendo atleta ou não, no intuito de desenvolver a melhor
capacidade biofisiológica do mesmo para um bom desempenho em competições ou
para desempenhar suas atividades diárias com saúde e bem-estar.

Ao se trabalhar objetivando a efetiva melhoria no desempenho esportivo deve-


se enfatizar o conhecimento científico, ressaltando a amplitude da área do treinamento
esportivo,fazendo, assim, relação intrínseca entre avaliação e controle do treinamento,
com seus outros aspectos fundamentais e científicos. Enfim, como o próprio nome
elucida, este é um estudo introdutório na área do treinamento esportivo e do exercício

67
físico. Desse modo, indica-se a investigação, estudo e publicação de novos trabalhos
que discorram sobre essa área tão importante para a formação do profissional de
Educação Física, tendo sempre como base os conhecimentos científicos.

Fonte: https://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/58791. Acesso em: 30 jun. 2022.

68
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos da periodização. A periodização de um treinamento esportivo consiste na


sistematização das atividades de um atleta ou de uma equipe durante uma temporada
de competições.

• Modelos de periodização. Os principais modelos de periodização são o clássico, o


modular, o pendular, em blocos e o ondulatório.

• Conceitos dos ciclos no treinamento esportivo, em especial do futebol/futsal. Os


ciclos organizados para um treinamento esportivo são divididos em macrociclo,
mesociclo e microciclo, determinados efetivamente por quanto tempo cada um vai
ser desenvolvido.

• O planejamento do treinamento esportivo no futebol/futsal. No futebol e no futsal,


a organização do treinamento está diretamente ligada a três grandes períodos: o
preparatório, o competitivo e o transitório.

69
AUTOATIVIDADE
1 A periodização se divide em três grandes períodos: o preparatório, o competitivo e o
transitório. No caso do futebol, o período preparatório vislumbra uma preparação para
a competição que se faz a partir de uma análise diagnóstica dos jogadores, a fim de
conhecê-los de modo mais aprofundado, conhecendo as características individuais. No
próximo momento, os profissionais devem se atentar ao calendário de competições a
serem disputadas, bem como as possíveis condições que terão para desenvolver seus
treinamentos no que se refere a espaços, materiais e pessoal. Com base nas questões
relacionadas às etapas do período preparatório a serem desenvolvidas, analise as
sentenças a seguir:

I- A análise diagnóstica deve ser feita a partir de um levantamento das características


individuais dos familiares dos atletas da equipe em relação às condições físicas e técnicas.
II- A elaboração do cronograma de trabalho deve ser feita a partir do conhecimento do
calendário das competições dos anos anteriores, bem como dos locais em que ocorrerão
as disputas;
III- A definição dos objetivos deve ser feita com intuito de ilustrar os parâmetros a serem
utilizados na preparação.
IV- A definição dos conteúdos a serem desenvolvidos deve ser feita com a definição dos
conteúdos a serem treinados, no que tange a valências físicas, técnicas e táticas.
V- A planificação dos treinamentos deve ser feita a partir das informações obtidas em
todos os outros tópicos, dando início efetivo aos trabalhos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II, III e V estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, IV e V estão corretas.
d) ( ) As sentenças III, IV e V estão corretas.

2 Estudos apontam que a periodização do treinamento desportivo parece ter suas


raízes oriundas do treinamento com atletas na Europa Ocidental que praticavam
levantamento de peso. O principal objetivo dessa proposta era modificar as
extenuantes rotinas de treinamento, objetivando uma melhor recuperação do atleta
para que pudesse obter melhores resultados, principalmente nas valências de força
e potência. A base fundamental da periodização está na desejada síndrome de
adaptação geral proposta por Hans Selye, em 1936, que tenta se explicar as reações
do corpo a partir de situações de estresse. A síndrome da adaptação geral proporciona
três tipos diferentes de adaptação do corpo que acontecem diante das exigências do
treinamento físico. Como elas são descritas?

70
a) ( ) A primeira fase é chamada de choque, na qual o indivíduo terá contato com uma
carga de choques elétricos e podem aparecer dores ou desconfortos, diminuindo
o desempenho. A segunda fase é chamada de reclusão, na qual o indivíduo
passa a ficar recluso, sem contato com ninguém. A terceira fase é chamada de
abstinência, na qual o indivíduo não deve fazer absolutamente nada.
b) ( ) A primeira fase é chamada de distanciamento, na qual o indivíduo não terá contato
com nenhum outro atleta. A segunda fase é chamada de abertura, na qual o indivíduo
passa a ter contato com grandes multidões. A terceira fase é chamada de descanso,
na qual o indivíduo deve ficar dormindo na maior parte do dia.
c) ( ) A primeira fase é chamada de gelada, na qual o indivíduo terá contato com
locais de baixa temperatura. A segunda fase é chamada de quente, na qual o
indivíduo terá contato com locais de alta temperatura. A terceira fase é chamada
de contraste, na qual o indivíduo terá contato, num momento, com temperaturas
geladas, e, imediatamente, colocado a altas temperaturas.
d) ( ) A primeira fase é chamada de choque, na qual o indivíduo terá contato com
um novo estímulo de treinamento e podem aparecer dores ou desconfortos,
diminuindo o desempenho. A segunda fase é chamada de adaptação ao
estímulo, na qual o indivíduo passa a se adaptar e, assim, terá aumento em seu
desempenho. A terceira fase é chamada de cansaço, na qual o indivíduo já se
adaptou ao estímulo e, por isso, não acontecerão mais adaptações.

3 Outra maneira de se dividir os períodos do treinamento esportivo também pode ser


apresentada por meio de pequenos momentos de tempo que levam o nome de ciclos.
Conforme estudos e pesquisas dentro dessa área, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) O ciclo conhecido como básico tem duração que varia entre quatro e oito semanas,
tendo as atividades iniciadas com aquecimento seguidas de atividades especificas
relacionadas a aprendizagem motora e sobrecargas de peso. Nesse ciclo, o número
de repetições varia, e as séries são estabelecidas de acordo com as necessidades e
condições físicas do atleta, tendo um aumento de carga após o quarto treino.
( ) O ciclo conhecido como adaptativo tem duração que varia entre quatro e oito
semanas, intensificando o treino nas capacidades físicas de resistência muscular e
resistência cardiovascular somadas ao posterior trabalho com as capacidades físicas
de força e velocidade. Nesse ciclo, recomenda-se trabalhos em forma de circuitos,
objetivando otimizar a resistência muscular e a capacidade cardiorrespiratória.
( ) O ciclo conhecido como específico tem duração que varia entre quatro e 12
semanas, tendo a quantidade de repetições e sobrecargas organizadas a partir dos
adversários relacionadas ao objetivo específico planejado, ou seja, o trabalho de
hipertrofia é igual ao trabalho de força.
( ) O ciclo conhecido como transição tem duração que varia entre uma e quatro
semanas, tendo a manutenção do corpo como foco principal numa perspectiva
de treinamento mínimo posterior ao período de treinamento longo que já ocorreu.

71
Pretende-se que aconteça uma estabilização com fins de não acomodar o corpo,
sugerindo desafios com reajuste da capacidade física de força para que haja uma
sólida construção e manutenção da massa muscular.
( ) O ciclo conhecido como readaptativo tem duração que varia de uma a quatro
semanas, tendo o foco no recondicionamento físico e num ganho excessivo de
peso total do corpo, bem como perda de líquidos, a fim de que seja possível reiniciar
os treinamentos num nível elevado de energia.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – F – F.
b) (   ) V – V – F – V – F.
c) (   ) F – V – F – V – F.
d) (   ) F – V – V – F – V.

4 A periodização de um treinamento desportivo tem como principal premissa organizar e


orientar o processo de preparação física/esportiva de um sujeito, atleta ou não, para que
obtenha a melhor forma possível que seu corpo possa atingir. No caso de atletas, espera-
se que essa melhor forma aconteça no período de competição ou das competições
previstas nos calendários existentes. Via de regra, a organização da periodização de
um treinamento esportivo precisa ser organizada e sistematizada num ciclo que pode
ser dividido em três períodos: preparação, competição e transição. Disserte sobre esses
períodos mostrando as características e as peculiaridades de cada um.

5 A periodização pode ser apresentada por meio de ciclos que podem ser semestrais
e/ou anuais. Vale ressaltar que algumas modalidades esportivas que têm grande
solicitação da capacidade física de resistência devem organizar uma periodização
simples, um ciclo anual, em que os melhores resultados deverão ser alcançados
apenas em um período. As modalidades esportivas que têm grande solicitação nas
capacidades físicas de força e velocidade devem organizar seus planejamentos em
ciclos semestrais, na chamada de dupla, em que os melhores resultados devem ser
alcançados em mais de um período do ano. Existe, ainda, a periodização chamada
de tripla, que deve ser utilizada em atletas mais jovens, em formações que ainda não
possuem estrutura rígida suficiente para aguentar cargas elevadas de treinamento.
De acordo com a modalidade esportiva em que se está fazendo a periodização,
as características do atleta ou do grupo de atletas, do calendário de competições
e do tempo disponível para os treinamentos, existem alguns modelos que podem
ser utilizados. Disserte sobre esses modelos de periodização existentes na literatura
mostrando as particularidades de cada um.

72
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79
80
UNIDADE 2 —

HABILIDADES TÉCNICAS
INDIVIDUAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as capacidades físicas e as habilidades motoras envolvidas no futebol/futsal;

• reconhecer procedimentos para o treinamento das capacidades físicas e das


habilidades motoras envolvidas no futebol/futsal;

• entender a aplicação e o uso das habilidades técnicas individuais no treinamento


coletivo do futebol/futsal;

• compreender testes de avaliação física e técnica no futebol/futsal.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO FUTEBOL/FUTSAL


TÓPICO 2 – HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS DO FUTEBOL/FUTSAL
TÓPICO 3 – TREINAMENTO DAS HABILIDADES TÉCNICAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

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UNIDADE 2!

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82
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES
MOTORAS DO FUTEBOL/FUTSAL

1 INTRODUÇÃO
Quando se fala, escreve ou discute questões relacionadas ao futebol, deve-se
ter à mesa que tal prática tem alguns desmembramentos em várias outras modalidades
esportivas com gestos bem parecidos, ou seja, a utilização de bola com predominância
de contato com membros inferiores, especialmente os pés.

Neste tópico, trataremos, especificamente, do futebol de campo e do futsal.


Não obstante, destaca-se que existem muitos adeptos espalhados pelo mundo que
praticam futebol de salão, futevôlei, beach soccer, futebol society, entre outros, com
muitas semelhanças em nível de gestos motores. Cada uma dessas modalidades
esportivas tem algumas especificidades que merecem ser destacadas, por se tratar de
modalidades que fazem uso predominante dos pés.

Aliás, essa predominância do uso dos pés no futebol, segundo Duarte (1994),
justifica a grande aceitação dessa modalidade no Brasil tendo como base as práticas
da capoeira, a qual tem suas raízes no nosso país e faz uso constante dos pés em
suas ações, migrando e incorporando esses gestos para a prática do futebol, de modo
bastante enfático.

2 ALGUNS ESPORTES COM PREDOMINÂNCIA DO USO


DOS PÉS
A seguir, conheceremos as particularidades das seguintes modalidades
esportivas que apresentam como predominância o uso dos pés: futebol de salão,
futevôlei, beach soccer e futebol society.

2.1 FUTEBOL DE SALÃO


O futebol de salão tem seu berço na Associação Cristã de Moços (ACM), na
década de 1930, criado para que amantes do futebol pudessem praticá-lo dentro de
espaços fechados, por conta das baixas temperaturas, no Uruguai. A bola e a cobrança
do arremesso lateral e do escanteio com as mãos são características peculiares dessa
modalidade esportiva.

83
Figura 1 – Futebol de Salão antigamente

Fonte: https://bit.ly/3fN6uTp. Acesso em: 10 set. 2022.

DICA
Alves e Vieira (2022) escreveram um capítulo para o livro Aspectos
pedagógicos e socioculturais da educação física e do esporte sobre a
história e a diferença entre essas duas modalidades esportivas. Vale a
pena conferir: https://bit.ly/3RT87ME

2.2 FUTEVÔLEI
Curiosamente, essa modalidade foi criada, em meados da década de 1960,
como uma tentativa de burlar uma lei estabelecida nas praias do Rio de Janeiro, que
não permitia a prática do futebol, por questões de segurança e importunação de
banhistas, mais especificamente, a proibição estava relacionada a modalidades que não
utilizassem redes tampouco espaços seguramente delimitados. Os apaixonados pelo
futebol de praia passaram a usar as redes de voleibol, permitidas à época, para jogar
futebol. Nasceu, então, um jogo que tem predominância das habilidades técnicas do
futebol, com características de regras do voleibol.

Figura 2 – Futevôlei

Fonte: https://bit.ly/3rMC1Yp. Acesso em: 10 set. 2022.

84
DICA
O site da Confederação Brasileira de futevôlei e a do futevôlei carioca
trazem mais informações sobre essa modalidade: https://cbfv.com.br/ e
http://www.futevolei.com.br/.

2.3 BEACH SOCCER


Modalidade que tem suas primeiras aparições, em 1993, em jogos exibidos pela
TV aberta na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, criada como mais uma opção de
lazer e entretenimento, com jogadas consideradas extremamente bonitas de se ver.
Essa modalidade esportiva é bem parecida com o futebol de salão e o futsal, inclusive no
número de jogadores por equipe, mas é praticada em campo de areia, com dimensões
maiores, cuja partida é dividida em três períodos de 12 minutos.

Figura 3 – Beach soccer

Fonte: https://bit.ly/3eliewf. Acesso em: 10 set. 2022.

DICA
O site da Confederação Brasileira de Beach Soccer traz mais informações
sobre essa modalidade: https://www.cbsb.com.br/.

2.4 FUTEBOL SOCIETY


Essa modalidade esportiva é também conhecida como futebol 7 justamente por
ter em uma equipe 7 jogadores sendo um destes o goleiro. Esse futebol é praticado em
um campo menor do que o campo do futebol de campo. O tempo de jogo é dividido em
dois períodos de 25 minutos cada. A meta do goleiro é menor do que a meta do futebol
de campo. As demais regras também são bem parecidas com as do futebol de campo.

85
Figura 4 – Futebol society

Fonte: https://bit.ly/3RRhz3d. Acesso em: 10 set. 2022.

DICA
O site da Confederação Brasileira de Futebol 7 Society traz mais
informações sobre essa modalidade: https://cbf7s.com.br/.

3 FUTEBOL E FUTSAL
O futebol é uma modalidade esportiva que tem suspeitas de raízes na China, no
ano de 3000 a.C., com práticas semelhantes encontradas no Egito e na Grécia. Em se
tratando de futebol moderno, as raízes são inglesas, em vários colégios entre os anos
de 1810 e 1840, cada qual com suas regras próprias que, depois, foram uniformizadas.

Figura 5 – Futebol

Fonte: https://bit.ly/3rNBIN6. Acesso em: 10 set. 2022.

86
DICA
Vale a pena conferir o artigo, a seguir, que mostra uma discussão bastante
interessante sobre a história do futebol, fazendo relações com questões
políticas: https://bit.ly/3elmLPh.

Já o futsal é uma modalidade esportiva que tem suas raízes desenvolvidas a


partir de estudos ocorridos pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), no final da
década de 1980, para que pudesse concorrer com o Futebol de Salão. Atualmente, a
bola, a cobrança do arremesso lateral e do escanteio com os pés são características
peculiares dessa modalidade esportiva.

Independentemente da modalidade esportiva que tenha relações próximas, no


que tange ao gesto motor, com o futebol de campo ou futsal, todas as modalidades
esportivas fazem uso das capacidades físicas e das habilidades motoras em suas
práticas dos jogos de modo bem amplo; para isso, é necessário um bom conhecimento
acerca dessas temáticas, no sentido de apreciar, reconhecer, entender e, assim, poder
organizar atividades e treinos para o desenvolvimento e o aprimoramento de cada uma
delas, seja de modo isolado ou em conjunto.

Figura 6 – Futsal

Fonte: https://bit.ly/3RRFHD0. Acesso em: 10 set. 2022.

3.1 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS


Antes de especificar as capacidades físicas e as habilidades motoras do futebol/
futsal, é necessário um entendimento mais detalhado de cada um desses termos.
Assim, a base da discussão das capacidades físicas foi feita a partir das obras de Tubino
(1984), Åstrand e Rodahl (1986), Weineck (1986), Tubino e Moreira (2003), Dantas (2005),
McArdle, Katch e Katch (2016).

87
O termo capacidade física sofre alguma modificação, de acordo com o
referencial adotado em nível de estudo, também denominado como qualidade física ou,
ainda, valência física. Em todos os casos, independentemente da terminologia utilizada,
vale lembrar que algumas dessas capacidades são inatas, congênitas, ou seja, nascem
com cada indivíduo, podendo ser treinadas e aperfeiçoadas. Já outras são adquiridas e
desenvolvidas, podendo sofrer influências do meio ambiente e ser definidas como todo
atributo físico treinável em um organismo humano, ou seja, todas as qualidades físicas
motoras passíveis de treinamento (WEINECK, 1986).

As capacidades físicas são qualidades próprias de cada indivíduo e,


correspondente essencialmente à parte física corporal do movimento podendo ser
aprimoradas a partir de atividades físicas ou treinamentos físicos específicos (TUBINO;
MOREIRA, 2003; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

Em grande medida, Tubino (1984) aponta que as capacidades físicas determinam


o desempenho motor de um indivíduo e que, para melhorar esse desempenho motor
na prática de uma modalidade esportiva ou em alguma atividade ou exercício físico, é
necessário organizar treinamentos físicos, com exercícios específicos que visem a focar
a melhora de alguma dessas capacidades ou mais de uma delas.

Tubino (1984) ainda salienta que, por se tratar de um componente que está
intimamente ligado à herança genética, o treinamento das capacidades físicas
estabelece um limite determinado pelos próprios genes que formam o ser humano
e que, consequentemente, não podem ser superados com o treinamento físico. Por
exemplo, um ser humano não conseguirá fazer uma corrida em uma velocidade de 300
km/h por mais que participe de algum tipo de treinamento físico específico para isso.

As melhores respostas motoras que os seres humanos darão aos estímulos


a serem apresentados na sua vida diária ou na prática de alguma atividade física ou
esportiva estão distribuídas pelas capacidades físicas (DANTAS, 2005).

Quando se abordam as capacidades físicas, vale ressaltar que as condições físicas


são apresentadas por um indivíduo associadas ao desenvolvimento de uma determinada
atividade física ou ação motora. Quando um indivíduo tem algum tipo de carência ou
deficiência em alguma capacidade física, provavelmente, terá dificuldade em participar
de algum tipo de manifestação de diferentes culturas de movimento, até porque é por
meio das capacidades físicas que os indivíduos conseguem executar diferentes ações
motoras, sejam simples ou complexas. Um ser humano pode ser mais veloz, mais forte
ou mais flexível que outro a partir de suas origens, ou seja, de acordo com a sua carga
hereditária somada ao tipo de atividade e de treinamento físico que participa durante a
vida (TUBINO, 1984; WEINECK, 1986; DANTAS, 2005; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

As capacidades físicas podem ser identificadas como sendo condicionais ou


coordenativas (DANTAS, 2005). Enquanto as condicionantes estão relacionadas com os
processos de obtenção de energia, as coordenativas relacionam-se, fundamentalmente,
com os processos de controle do movimento dependentes do sistema nervoso central.

88
Figura 7 – Capacidades físicas

Fonte: https://bit.ly/3fTfCWF. Acesso em: 10 set. 2022.

3.2 CAPACIDADES FÍSICAS: TIPOS


É importante entendermos as definições e as especificidades de cada uma das
capacidades físicas dos seres humanos, conforme Tubino e Moreira (2003), as quais
serão apresentadas em ordem alfabética.

3.2.1 Agilidade
Capacidade física que permite uma mudança rápida de direção do corpo no
menor tempo possível, tentando se manter em equilíbrio. Essa capacidade física está
intimamente ligada às capacidades físicas de flexibilidade, equilíbrio e força, estando
presente na maioria das modalidades esportivas, exceto, por exemplo, corridas de curta
distância, do tipo 100 metros rasos.

No futebol, podemos exemplificar a partir de um jogador, com ou sem a bola,


que se desloca em várias direções, com mudanças de sentido para se desvencilhar do
adversário e, assim, usar sua agilidade.

3.2.2 Coordenação motora


Essa capacidade física também é conhecida como destreza ou qualidade de
sinergia, que permite uma ação ótima dos diversos grupos musculares na realização
de uma sequência de movimentos com máxima eficiência e economia de energia.
A coordenação motora permite ao indivíduo assumir a consciência e a execução de
movimentos, levando-o à integração progressiva de aquisições motoras. Não apenas
nas práticas que envolvem modalidades esportivas, a coordenação motora está
presente em todas as ações e gestos motores humanos, o que nos leva a perceber
que não existe um indivíduo que não tenha coordenação motora, mas que apresenta
dificuldades em realizar determinada tarefa motora, o que não significa ausência total
dessa capacidade física.

89
A coordenação motora pode ser identificada como fina ou grossa (ampla).

• Coordenação motora fina envolve uma pequena quantidade de músculos e pequenos


grupos musculares, em conjunto com articulações de pequeno porte, para que o
indivíduo, efetivamente, consiga executar uma ação dita mais delicada e precisa que,
geralmente, é feita com as mãos ou pés. Por exemplo: a escrita e o desenho.
• Coordenação motora grossa (ampla) envolve uma grande quantidade de músculos e grandes
grupos musculares, em conjunto com as articulações de médio ou grande porte, para que o
indivíduo, efetivamente, consiga executar uma ação. Por exemplo: as corridas e os saltos.

No futebol, um exemplo seria um jogador, em suas ações de domínio e controle


de bola, invariavelmente, fazer uso de sua coordenação motora para essas ações.

3.2.3 Descontração
Compreendida como um fenômeno neuromuscular, resultante de uma redução
de tensão na musculatura esquelética, é a capacidade física que permite que grupos
musculares se descontraiam, a fim de que se execute algum ato motor específico. A
descontração é fundamental para a eficiência mecânica de alguns gestos motores,
relacionados a algumas modalidades esportivas, permitindo ao indivíduo executar
ações com um máximo de economia energética. Pode ser de dois tipos:

• Descontração total ou relaxamento total: tipo de descontração que está, intimamente,


ligado a processos psicológicos, em que a mente do indivíduo é considerada a
principal variável para o desenvolvimento dessa capacidade. Nessa descontração,
o relaxamento da musculatura esquelética acontece em nível global e, geralmente,
pode ser desenvolvida durante a última etapa de um treinamento.
• Descontração diferencial: tipo de descontração que acontece nos grupos musculares
que não são exigidos durante uma atividade, ou seja, o músculo agonista realiza o
trabalho, ao mesmo tempo que o músculo antagonista deve estar descontraído.
Essa ação depende, primordialmente, de uma conscientização motora ampla e
aprofundada, favorecendo, assim, uma economia energética, eficiência motora e
aperfeiçoamento da coordenação.

O trabalho com essa capacidade física tem como objetivo possibilitar uma
compensação das articulações e dos músculos, exigida nos esforços realizados em
alguma prática de modalidade esportiva ou treinamento físico, a fim proporcionar
equilíbrio harmônico entre os esforços e a recuperação. Esse trabalho não visa apenas a
otimizar o desempenho, mas também a proteger o indivíduo de possíveis lesões.

Como exemplo, no futebol, podemos citar um jogador que, após executar algum tipo
de movimento em velocidade ou de longa duração, irá utilizar um tempo sem ações bruscas,
para que possa se recuperar em nível musculoarticular e, assim, novamente, entrar em ação.

90
3.2.4 Endurance orgânica (resistência)
É a capacidade física que permite a realização de exercícios prolongados com
esforço contínuo em intensidade fraca ou média. A endurance caracteriza-se pela
realização de atividades aeróbias e que consegue suportar por um bom tempo a fadiga
resultante da atividade, tendo recuperação rápida. Pode ser resistência orgânica aeróbia
e anaeróbia, que, por sua vez, pode ser láctica ou aláctica.

• Resistência aeróbia: é definida como uma qualidade física que permite a um indivíduo
sustentar, por um período, uma atividade física, relativamente, generalizada em
condições aeróbias, isto é, nos limites do equilíbrio fisiológico denominado steady
state. Trata-se do período longo de uma atividade nos limites do equilíbrio de oxigênio.
O desenvolvimento da capacidade aeróbia de um indivíduo promove melhora da
capacidade funcional do coração, aumento da capacidade muscular de queimar
açúcares e gorduras, melhora no transporte de oxigênio (O2), aumento dos glóbulos
vermelhos (número), redução da massa corporal e da frequência cardíaca (FC) de
repouso. Considera-se também, como resistência geral, estamina. Estabelecem-
se cargas em torno de 60% a 80% da máxima, e o estudo na fisiologia tem sido
amplamente discutido. Sua fonte energética é chamada de glicogênio.
• Resistência anaeróbia aláctica: qualidade física que permite sustentar, durante o
maior tempo possível, uma atividade física em condições anaeróbias. O termo aláctico
aparece conforme o exercício muito intenso, tem a duração de, aproximadamente, até
10 segundos, o que já está se tornando discutível e estudado em laboratórios, pois se
acredita que alguns atletas treinados suportem mais tempo. Os exercícios por curtos
períodos, até 60 segundos, dependem essencialmente da adenosina trifosfato (ATP),
gerada pelos sistemas de energia anaeróbia imediata. Provoca fadiga bioquímica e
neuromuscular.
• Resistência anaeróbia láctica: qualidade física que permite sustentar o maior tempo
possível de uma atividade física em condições anaeróbias, com tempo superior ao
exercício anaeróbio aláctico, no qual, para sustentação de 3 a 5 minutos, se aumenta
a quantidade de energia gerada pela glicólise. Várias repetições causam um acúmulo
de lactato, resultando em nível de ácido láctico mais alto.
• Resistência muscular localizada (resistência de força): é uma qualidade física
que permite realizar, em um maior tempo possível, a repetição de determinado
movimento com a mesma eficiência. É indicado no treinamento de musculação
isotônico ou isocinético, no intervalado, no circuito e, até mesmo, na musculação
isométrica. Permite a continuação do esforço, tanto em condições aeróbias quanto
anaeróbias. Tem uma relação direta com a duração do esforço com grupos musculares
determinados, sugerindo-se uma duração de esforço mínima de 15 repetições.
Provoca fadiga periférica (circulatória e motriz) e também a nervosa.

Um exemplo, no futebol, seria um jogador que, durante um jogo, fará uso dessa
capacidade, tanto nas ações que têm um tempo longo de duração, nas trocas de passes,
quanto aquelas com tempo menor, mas com alta velocidade, em lançamentos.

91
3.2.5 Equilíbrio
É a capacidade física conseguida por uma combinação de ações musculares,
com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da
gravidade, ou seja, o controle do corpo em relação ao seu centro de gravidade. Pode ser
de três tipos: dinâmico, estático e recuperado.

• Estático: conseguido em determinada posição e usado, sobretudo, em esportes


como saltos ornamentais e ginástica artística.
• Dinâmico: alcançado em movimento, dependendo do dinamismo dos processos nervosos.
Pode ser trabalhado com os fundamentos técnicos das modalidades esportivas.
• Recuperado: considerado na recuperação do equilíbrio em uma posição qualquer.
Pode ser evidenciado nos saltos e em esportes como voleibol, basquetebol, handebol,
futebol e futsal.

Como exemplo, no futebol, podemos citar um jogador, em um jogo de futebol,


que está em constante desequilíbrio, principalmente por conta dos contatos com a bola
acontecerem predominantemente com os pés, sendo estes que irão possibilitá-lo de se
deslocar. Assim, o equilíbrio, a todo momento do jogo, inclusive quando o jogador não
está se movimentando, utilizará essa capacidade física.

3.2.6 Flexibilidade
Permite executar movimentos com grande amplitude, em diferentes partes
do corpo, que pode ser medida em unidades angulares ou lineares e que depende da
mobilidade articular e da elasticidade muscular. Essa capacidade física condiciona
a capacidade funcional de as articulações se movimentarem nos limites ideais de
determinadas ações. Vale ressaltar que as estruturas e a composição corporal das
pessoas do sexo feminino permitem que sejam mais flexíveis do que as pessoas do
sexo masculino. A flexibilidade é a responsável pela ação voluntária de um movimento
de amplitude angular máxima, nos limites morfológicos, sendo parte de um conteúdo
de treinamento específico, que depende de fatores genéticos, ambientais, sexo,
temperatura, idade e horário.

A flexibilidade pode ser observada de acordo com a sua abrangência, sendo


dividida em:

• Flexibilidade geral: observada em todos os movimentos de uma pessoa englobando


as suas articulações.
• Flexibilidade específica: refere-se a um ou alguns movimentos realizados em
determinadas articulações.

92
Outra maneira de se observar a flexibilidade é a partir da quantidade de
articulações envolvidas na ação:

• Flexibilidade simples: quando a ação articular envolve apenas uma única articulação.
• Flexibilidade composta: quando o movimento envolve mais de uma articulação.

Existem diferentes formas de se trabalhar com a flexibilidade:

• Flexibilidade balística: com a ajuda de um companheiro, faz-se a execução de


movimentos rápidos e explosivos.
• Flexibilidade estática: mais facilmente mensurável, pode ser atingido o limite máximo
de forma lenta e gradual.
• Flexibilidade dinâmica: expressa pela máxima amplitude de movimento obtida pelos
músculos de forma rápida. É a mais habitual, encontrada nas atividades físicas.

Ainda são conhecidas as técnicas de trabalho pelo método Scientific Stretching


for Sports (3S) e a facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP). Para Ferreira da Silva et
al. (2012), a chamada Scientific Stretching for Sports é uma modificação da técnica de FNP
de treinos de flexibilidade e tem se mostrado muito eficaz para treinos do alongamento.

No caso do método Scientific Stretching for Sports (3S), são descritas as fases de:

• mobilização do segmento corporal até o seu limite de amplitude;


• realização de uma contração isométrica máxima durante 8 segundos;
• aplicação de força externa no movimento além do limite original, durante o
relaxamento da musculatura após a contração.

DICA
Em relação ao método 3S, o seguinte artigo científico apresenta um
estudo sobre a aplicação desse método: https://portalatlanticaeditora.
com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/547.

No caso da FNP, esta tem como base a filosofia de que todo indivíduo possui um
potencial inexplorado, que deve ser estimulado e utilizado para a sua reabilitação, o qual
se fundamenta em cinco pilares:

• Considerar a pessoa como um todo: utiliza-se todo o corpo da pessoa durante a


atividade, não direcionando as condutas apenas a um segmento corporal.
• Abordagem positiva: devem-se iniciar as atividades utilizando os pontos positivos do
indivíduo, destacando, assim, suas qualidades e capacidades, não causando dores
ou fadiga, mas utilizando um tratamento indireto.

93
• Mobilização de reservas: busca-se a prescrição correta de repetições, atividades
domiciliares, variar posições e exercícios, de acordo com as características individuais
do indivíduo.
• Aprendizado e controle motor: segue-se com princípios fisiológicos de aprendizagem
e controles motores durante todas as atividades.
• Abordagem funcional: utilizam-se os conceitos da Classificação Internacional de
Funcionalidade (CIF), tendo as propostas direcionadas para a realização de tarefas
funcionais que sejam de interesse do indivíduo.

INTERESSANTE
O termo articulação também é conhecido, popularmente, com a
nomenclatura de “junta” supondo ser a região do corpo que faz a união
ou a junção de diferentes partes do corpo.

Exemplo no futebol: um jogador usará essa capacidade física praticamente


em todo momento que necessitar entrar em contato com a bola, pois a amplitude
articular (predominantemente dos membros inferiores) estará presente, favorecendo,
assim, sua aproximação a bola. O goleiro, especificamente, em suas ações defensivas
(predominantemente dos membros superiores), utiliza a flexibilidade, viabilizando
aumentar a sua área de atuação e de contato com a bola para executar boas defesas.

3.2.7 Força
É a capacidade física que permite deslocar um objeto, o corpo de um parceiro ou o
próprio corpo, por meio da contração de um músculo ou de um grupo muscular, produzindo
tensão suficiente para vencer uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou elevar.

A força pode ser dividida em três tipos:

• Força dinâmica: é a força executada por membros em movimento ou suportando o


peso do corpo em movimentos repetidos. Também pode ser chamada de força em
movimento, conhecida, ainda, pelas nomenclaturas de máxima, pura ou isotônica.
A força dinâmica pode ser dividida em força absoluta, força relativa e força de
resistência, dividida em aeróbica e anaeróbica:
º Força absoluta é aquela considerada no valor máximo, que pode desenvolver uma
pessoa, em determinado movimento.
º Força relativa é aquela considerada como o quociente entre a força absoluta e o
peso corporal da pessoa.
º Força de resistência é aquela considerada pela vitória sobre o cansaço após um
certo tempo de contrações, ou seja, suportar a fadiga.

94
- Força de resistência aeróbia é aquela que ocorre com a presença de
suficiente provisão de oxigênio.
- Força de resistência anaeróbia é aquela que ocorre com a ausência de
provisão de oxigênio.
• Força estática: é a força que produz calor, mas não ocorre em forma de movimento,
sendo também chamada de força isométrica. Essa força é medida pelo tempo que
uma pessoa pode permanecer em uma situação de contração isométrica, suportando
determinada carga.
• Força explosiva: é a força exercida com o máximo de energia em um ato explosivo,
sendo o produto da força pela velocidade (P = F × V), presente na maioria das
modalidades esportivas.

No futebol, podemos citar, como exemplo, um jogador que irá usar a força
nas situações em que necessitar: chegar ao local onde está a bola, aproximar-se do
adversário para marcação e fazer chutes; no caso do goleiro, nas defesas e nas jogadas
de reposição de bola.

3.2.8 Ritmo
É a capacidade física que envolve um encadeamento de tempo, dinâmico-
energético, aliado a uma mudança de tensão e repouso, ou seja, uma variação
regular de repetições periódicas. Essa capacidade é expressa pela compreensão,
acumulação e interpretação de estruturas temporais e dinâmicas pretendidas ou
contidas na evolução de um movimento. Cada pessoa possui o seu ritmo, sendo
essa capacidade física, intimamente, ligada ao sistema nervoso, pois a cadência
é regulada pelo automatismo respiratório aliado à frequência e à amplitude de
movimento. Assim, é importante que cada indivíduo respeite o ritmo do outro. Está
presente em todas as modalidades esportivas.

No futebol, um jogador durante o jogo entrará no ritmo da partida, que pode


ser alto ou baixo, dependendo de algumas variáveis. É importante que o jogador esteja
preparado durante o jogo, para aumentar ou diminuir o ritmo de suas ações e das
jogadas da equipe.

3.2.9 Tempo de reação ou velocidade de reação


É a capacidade física que demonstra a velocidade em que cada indivíduo irá
reagir diante de um estímulo, o qual pode ser visual, auditivo ou tátil sinestésico. Muitas
vezes, essa capacidade física é chamada de maneira inadequada de “reflexo”. Vale
ressaltar que o reflexo é um movimento humano que independe da nossa vontade e
não é treinável, diferentemente das capacidades físicas que são consideradas atributos
treináveis pelos seres humanos. Essa capacidade física está intimamente ligada ao

95
sistema nervoso central e pode ser apreciada, de modo claro, nas modalidades esportivas
que fazem uso de bola. Essa capacidade física pode ser identificada em três tipos:

• Simples: quando existe um estímulo para iniciar o movimento.


• Complexo: quando existe um implemento (por exemplo, a bola) em que o atleta deve
iniciar o movimento.
• Complexo por escolha: quando existe, além do implemento, uma tomada de decisão
perante um adversário.

No futebol, por exemplo, um jogador a todo momento terá que fazer escolhas,
opções e, consequentemente, fará uso da sua velocidade de reação, de seu tempo de
reação. Quanto maior for a velocidade de reação e menor o tempo de reação, maior a
possibilidade de êxito do jogador diante de um estímulo. A cada jogada de uma partida,
surgirá um estímulo, com o qual o jogador irá se deparar e, assim, tomar decisões.
Quanto mais treinado, em nível gestual, estiver o atleta, melhores serão executadas
as suas decisões.

3.2.10 Velocidade
É a capacidade física que permite realizar alguns tipos de movimentos no
menor tempo possível, com a melhor qualidade ou, ainda, executar uma sucessão
rápida de gestos em uma intensidade máxima e um mínimo de tempo. Essa capacidade
física depende de aspectos como aptidão, desenvolvimento de aprendizagem, fatores
sensório-cognitivos e psicológicos, fatores neurais e fatores músculo-tendinosos.

A velocidade pode ser classificada da seguinte maneira:

• Velocidade de deslocamento: é a capacidade máxima que um indivíduo pode se


deslocar de um ponto a outro e que depende, em grande medida, do dinamismo e dos
processos nervosos que atuam sobre o sistema motor, somados à própria frequência
e à amplitude dos movimentos de cada um.
• Velocidade de impulsão: é a capacidade de mover os membros superiores ou
membros inferiores o mais rápido possível, especialmente, em saltos dependentes
da própria força de impulsão de cada indivíduo.

Por exemplo, no futebol, um jogador deverá ter uma velocidade adequada ao


momento do jogo e, principalmente, à ação que irá executar. Muitas vezes, precisará
executar seus movimentos em uma velocidade alta e, em outras momentos, deverá
diminuir a velocidade, de acordo com as circunstâncias do jogo.

96
3.3 HABILIDADES MOTORAS: CONCEITOS
A base da discussão das habilidades motoras foi feita a partir das obras de Tani,
Kokubun e Manoel (1998), Magill (2000), Schimidt e Wrisberg (2001), Malina e Bouchard
(2002), Barbanti (2003; 2005) e Gallahue (2008).

Para Magill (2000), habilidade motora é definida como atos ou tarefas que requerem
movimentos e devem ser aprendidos, a fim de serem executados de modo eficiente. Já
em Tani, Kokubun e Manoel (1998), o conceito de habilidade motora está relacionado à
capacidade de realizar movimentos com eficiência ou à habilidade que envolve movimentos
voluntários do corpo ou membros para atingir um determinado objetivo.

A classificação das habilidades motoras, apresentada em Barbanti (2005),


divide tais habilidades em precisão do movimento, organização do movimento ou
previsibilidade do ambiente.

• Precisão de movimento: quesito que está relacionado às habilidades motoras grossas,


que necessitam de menor precisão na execução dos movimentos e que envolvem
a participação de grandes grupos musculares; e às habilidades motoras finas, que
necessitam de maior precisão e, consequentemente, maior controle, o que envolve
pequenos grupos musculares ou apenas de músculos isolados.
• Previsibilidade do ambiente: quesito que está relacionado às habilidades motoras
fechadas, ocorrendo a partir de um ambiente previsível, no qual os movimentos
podem ser organizados de modo antecipado, pois, via de regra, o ambiente não
sofrerá alteração durante a utilização da habilidade motora; e às habilidades motoras
abertas, que são executadas a partir de ambientes considerados instáveis ou
imprevisíveis, ou seja, sofrem alterações durante a utilização da habilidade motora,
colocando o sujeito diante de possibilidades que, talvez, ele não havia previsto.
• Organização do movimento: quesito que está relacionado à habilidade motora
discreta, que possui fases bem definidas de início e de fim; à habilidade motora
seriada, que é constituída por várias habilidades discretas que são executadas de
modo integrado; às habilidades motoras contínuas, que têm suas demarcações,
início e fim, determinadas por fatores relacionados ao ambiente.

A habilidade considerada como geral é aquela que vem dominar movimentos


complicados, conhecer novas práticas e assim poder fazer adaptações a novas
situações. A ideia é a de possibilitar uma boa organização da melhor forma possível
de uma composição complexa de algum movimento, fazendo com que as partes do
corpo que a compõe sejam coordenadas entre si permitindo que estas partes operem
de modo adequado na expressão dos movimentos.

As habilidades motoras são tidas, por Magill (2000), como qualquer tarefa
motora, seja simples ou complexa que, por intermédio de algum exercício físico, passa
a ser realizada com maior grau de qualidade, podendo chegar à automatização. As

97
habilidades motoras podem estar relacionadas diretamente a um gesto técnico de
alguma modalidade esportiva ou, simplesmente, a uma ação relativa às tarefas diárias
do ser humano. Sobre as principais características das habilidades motoras:

• têm um determinado propósito;


• são executadas de modo voluntário;
• requerem movimentos corporais e/ou movimentos dos seus segmentos;
• devem que ser aprendidas.

As habilidades motoras, em grande escala, expressam as capacidades físicas


de modo complexo, podendo ser modificadas, a partir de práticas e exercícios físicos, e
suportadas por várias capacidades.

Uma das características das habilidades motoras são relativas aos movimentos
denominados de finos ou amplos. No caso dos movimentos finos, caracterizam-se por
requererem precisão e destreza, sendo executados por uma pequena musculatura, em
especial das mãos/pés e dedos. Já os movimentos amplos utilizam o corpo todo ou
grandes segmentos principais do corpo. Diante disso, enfatiza-se que muitas tarefas
motoras são executadas a partir de ambos os movimentos.

3.3.1 Habilidades motoras: tipos


É importante sabermos os tipos e as especificidades de cada uma das habilidades
motoras utilizadas pelos seres humanos.

Figura 8 – Habilidades motoras

Fonte: https://bit.ly/3RTicsY. Acesso em: 10 set. 2022.

98
• Habilidades motoras de locomoção: fazem referência às ações motoras que irão
mover o corpo através do espaço, ou seja, transportar em uma direção vertical ou
horizontal de um ponto para o outro. Os principais exemplos das habilidades motoras
de locomoção são andar, correr, saltar, saltitar, entre outras (MALINA; BOUCHARD,
2002; GALLAHUE, 2008).
• Habilidades motoras de manipulação: fazem referência às ações motoras que
irão propiciar o contato do corpo com algum objeto, implemento ou ainda o corpo
de outra pessoa. Essas habilidades motoras envolvem o manejo ou o manuseio de
peças ou de terceiros que vislumbram projetar estimativas de trajetória, distância e
velocidade. O uso dessas habilidades motoras está diretamente alicerçado pelo uso
das habilidades motoras de locomoção e estabilização. Os principais exemplos das
habilidades motoras de manipulação são arremessar, lançar, chutar, bater, rebater,
receber, agarrar, entre outras (TANI; KOKUBUN; MANOEL, 1998).
• Habilidades motoras de equilíbrio ou estabilização: fazem referência às ações
motoras que permitem que o sujeito se mantenha em equilíbrio, estabilizado em relação
à força da gravidade. Vale ressaltar que a estabilidade é um elemento fundamental do
aprendizado do deslocamento, da locomoção, porque todo movimento humano, via
de regra, suscita um bom equilíbrio. Os principais exemplos das habilidades motoras
de equilíbrio ou estabilização são rolar, girar, flexionar, apoiar, entre outras (TANI;
KOKUBUN; MANOEL, 1998; GALLAHUE, 2008).

4 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO


FUTEBOL/FUTSAL
Em se tratando de capacidades físicas e habilidades motoras evidenciadas
no futebol e no futsal, existem algumas diferenças, essencialmente, no que tange às
particularidades de cada modalidade esportiva nas questões relacionadas ao tempo de
jogo e a algumas regras. Especificamente em relação à maioria dos gestos técnicos
individuais de ambas as modalidades, as capacidades físicas utilizadas são bem
semelhantes e, em relação as habilidades motoras, praticamente as mesmas.

DICA
O artigo Características do futebol e do futsal: implicações para o
treinamento de adolescentes e adultos jovens discute semelhanças e
diferenças da prática do futebol e do futsal. Vale a pena conferir: https://
efdeportes.com/efd127/caracteristicas-do-futebol-e-do-futsal.htm.

99
4.1 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO
FUTEBOL
No caso do futebol, o campo de jogo varia com medidas de comprimento, no
mínimo, de 64 m × 100 m e no máximo 75 m × 100 m. Oficialmente, a FIFA (em seu
site oficial) determina que os campos devem ter comprimento entre 90 m e 120 m e
largura entre 45 m e 90 m. Dependendo do evento e da idade, os organizadores podem
diminuir essas medidas, para atender às especificidades das diferentes idades, porém
sem nenhuma padronização internacional. Além dessas medidas, o jogo tem duração
de dois tempos de 45 minutos, totalizando 90 minutos (mais os possíveis tempos de
acréscimo).

O futebol é uma das modalidades esportivas com características bastante


variadas em relação ao esforço físico requerido, principalmente com relação à posição
que o jogador irá desempenhar, o adversário, o momento do jogo e do campeonato,
o placar, entre outras nuances, até porque essa modalidade apresenta características
peculiares em cada movimento de cada um dos jogadores (LOPES; BELOZO, 2017).

Por se tratar de uma modalidade esportiva intermitente e que carrega constantes


mudanças de intensidade e ações, somadas à imprevisibilidade dos acontecimentos, os
atletas devem estar preparados para agir e reagir aos mais diferentes estímulos com
a maior eficiência, sustenta Barbanti (1996; 1997). Corroborando com essa ideia, Reilly
(1997) garante que a maioria das atividades relacionadas com o futebol, no caso de alto
rendimento, pode ser considerada com intensidade submáxima.

Conforme vimos, o tempo de um jogo do futebol é de 90 minutos (mais os


possíveis tempos de acréscimo) e, por isso, as pesquisas de Reilly, Bangsbo e Franks
(2000) indicaram que a principal via metabólica, em um jogo de alto rendimento, é a
via aeróbica, tendo respostas metabólicas semelhantes às encontradas na capacidade
física de endurance orgânica ou resistência, e enfatizaram que a maioria dos movimentos
dos jogadores em campo acontece sem a bola.

Ainda em relação à resistência, segundo Peres (1996), aparece diversos


deslocamentos com muitas variações em uma partida de futebol, ainda que sendo
muitas caminhadas e trotes. Por isso, sugere-se o treino da capacidade de resistência
aeróbica nos jogadores, visto que, durante os 90 minutos regulamentares de jogo,
existirão deslocamentos de alta intensidade, como aqueles com acelerações em
pequenas distâncias. Nessa capacidade física, indica-se a sua importância para o
desempenho de uma boa performance durante todo o jogo.

Já a velocidade é necessária para percorrer as distâncias curtas o mais rápido


possível, o que ratifica a importância da ligação entre as capacidades para o bom
desempenho no jogo, em especial, a velocidade e a agilidade.

100
No que tange ao deslocamento de um jogador pelo campo de jogo no futebol,
detectou-se que a intensidade das ações, durante o jogo, pode ser determinada pela
distância percorrida que, segundo Reilly (1997) e Reilly, Bangsbo e Franks (2000), tem,
em média, uma distância entre oito e 12 quilômetros, podendo chegar até 11 quilômetros,
conforme Martin (2002) e Helgerud et al. (2001). Diante desse cenário, Martin (2002) define
o futebol como uma modalidade esportiva de endurance com intensidade alternada.

Figura 9 – Capacidades físicas e habilidades motoras no futebol

Fonte: https://bit.ly/3eisOnP. Acesso em: 10 set. 2022.

Cada posição de um jogador, em uma equipe de futebol, desempenha um


papel específico dentro do jogo. Para cada posição, algumas capacidades físicas ficam
mais evidenciadas, sendo apresentadas por alguns autores, como Melo (1997) e, mais
atualmente, Greco et al. (2018), como:

• Goleiro: força explosiva, flexibilidade, equilíbrio, resistência muscular localizada e


velocidade de reação.
• Laterais: força explosiva, resistência e coordenação.
• Zagueiros: força, impulsão, equilíbrio, velocidade de reação e agilidade.
• Meio-campo: resistência, coordenação, recuperação e velocidade.
• Atacantes: velocidade, agilidade, equilíbrio e força explosiva.

De modo geral, as características encontradas em um jogo de futebol, no que


tange aos gestos técnicos, às ações motoras de cada jogador, autores, como Garcia,
Muiño e Teleña (1977), sugerem que essa modalidade exige do atleta, com relação
aos aspectos relacionados às capacidades físicas, muita resistência, velocidade,
agilidade e força. Somadas a essas capacidades físicas que, para Kunze (1987), são
consideradas princípios decisivos, acrescenta-se a utilização das capacidades físicas
de agilidade e flexibilidade.

Outros autores, como Schmid e Alejo (2002), sustentam a ideia de que o futebol
requer do jogador muita força, potência, velocidade, agilidade e resistência. Não obstante,
ainda destacam que, dessas capacidades, a mais importante é a velocidade, pois uma equipe
com jogadores que tenham muita velocidade pode mudar o resultado de uma partida.

101
No caso das habilidades motoras utilizadas no futebol, observa-se que os
três tipos têm uso constante dos jogadores durante um jogo. Entre as ações dos
jogadores de futebol predominantemente explicitadas durante um jogo, destacam-
se as habilidades motoras de locomoção, em especial as ações de andar e correr; as
habilidades motoras de manipulação, sobretudo o chute; as habilidades motoras de
equilíbrio ou estabilização, principalmente as quedas.

4.2 CAPACIDADES FÍSICAS E HABILIDADES MOTORAS DO FUTSAL


No caso do futsal, tem-se um campo de jogo com medidas de comprimento de
40 m e de largura 20 m. Além dessas medidas, o jogo é desenvolvido em dois tempos
de 20 minutos cada, com um total de 40 minutos, ressaltando-se que, cada vez que a
bola estiver fora de jogo, o cronômetro é pausado.

Diante desse cenário do futsal, Alvarez et al. (2008) e Medina et al. (2002)
sinalizam que, durante um jogo, os esforços considerados de alta intensidade são
utilizados em um curto período, tendo alternância com períodos de baixa intensidade, o
que sugere uma demanda metabólica nos três sistemas energéticos: aeróbio, anaeróbio
láctico e anaeróbio aláctico.

A quadra de futsal tem uma medida que impede grandes deslocamentos e, por
isso, a capacidade física de agilidade, associada à potência, fica bastante evidenciada,
podendo ser consideradas muito importantes e decisivas nas ações dos jogadores
durante uma partida.

O futsal moderno apresenta uma grande rotatividade nas ações dos jogadores
no que tange às posições em quadra, inclusive o goleiro, que, muitas vezes, atua
como jogador de linha. Diante disso, diferentemente do futebol de campo, as posições
assumidas pelos jogadores podem ser consideradas apenas representações teóricas,
pois o constante rodízio entre eles, pelos espaços da quadra, propicia exigências físicas
praticamente semelhantes (ALVES; BELLO, 2020).

Algumas pesquisas, entre elas MacLaren et al. (1988), Molinuevo e Ortega


(1989), Araújo, Andrade e Figueira Júnior (1995), Moreno (2001) e Medina et al. (2002),
apontam que, em um jogo de futsal, os atletas permanecem com valores elevados
de FC em grande parte do tempo, o que indica que essa modalidade esportiva tem
um elevado componente anaeróbio, requisitando entre 85 e 90% da FC máxima. Os
autores ainda ressaltam que o componente aeróbio também tem uma participação
relativamente importante, sobretudo nos momentos pausados de um jogo, favorecendo
a recuperação dos esforços, o que permite que o jogador se mantenha com altos níveis
de desempenho anaeróbio em um intervalo de tempo maior. Durante uma partida de
futsal, as pesquisas mostraram que um jogador percorre, em média, 6 km.

102
No futsal, as capacidades físicas, estudadas em Moura et al. (2018) e Bello (1998),
mostram que os jogadores de futsal utilizam, praticamente, todas as capacidades físicas
em um jogo, com predominância em algumas, conforme apresentado nesses estudos.

A resistência aeróbia será muito solicitada, visto que, em um jogo de futsal, o tempo
é dividido em duas etapas de 20 minutos, com o cronômetro sendo pausado no caso da bola
fora de jogo. O tempo médio total de uma partida, incluindo o intervalo, gira em torno de 62
minutos, ou seja, em média, o atleta fica envolvido no evento por mais de 1 hora (BELLO, 1998).

A resistência anaeróbia aláctica se faz presente nas ações e nas movimentações,


durante a partida, que acontecem predominantemente em distâncias entre 5 e 20 metros
(BELLO, 1998).

A potência aparece nas ações técnicas específicas do gesto motor referente ao


futsal, que podem ser os chutes, os arremessos do goleiro, os passes e os cabeceios.

O ritmo se caracteriza pelo aspecto coletivo de sua praticidade e, conforme


Moura et al. (2018), em especial na execução dos padrões de movimentação, nas
diferentes táticas de jogo e nas manobras, sendo que essa capacidade está diretamente
ligada ao momento casual de um jogo.

Para Bello (1998), a agilidade surge nas ações individuais em que o jogador
faz mudanças rápidas de direção, objetivando-se desmarcar ou manter a bola sob o
domínio, tentando obter vantagem em seus atos.

O tempo de reação, ou a velocidade de reação, é fundamental, principalmente


em se tratando das ações dos goleiros no momento em que devem optar por qual o
melhor gesto ou posicionamento para exercer sua defesa (BELLO, 1998). Os jogadores
de linha também devem decidir, rapidamente, qual ação devem executar, bem como
qual o melhor local para se posicionarem em uma determinada jogada.

A força será bastante explicitada na melhora da potência, em especial nos chutes


e em deslocamentos rápidos. Vale ressaltar, segundo Moura et al. (2018), que a força
depende diretamente da velocidade utilizada pelo atleta ao executar determinada ação.

A velocidade está presente tanto nas ações ofensivas quanto defensivas,


vislumbrando executar gestos e movimentos no menor tempo possível, com a máxima
eficiência. O jogo de futsal, conforme Bello (1998), é disputado em uma alta velocidade,
sobretudo nas situações de contra-ataque.

De modo geral, as características encontradas em um jogo de futsal, no que


tange aos gestos técnicos e às ações motoras de cada jogador, sugerem que essa
modalidade exige do atleta, nos aspectos relacionados às capacidades físicas, muita
agilidade, velocidade, bastante resistência e força. No caso do goleiro, a capacidade física
da flexibilidade também tem grande predominância (MOURA et al., 2018; BELLO, 1998).

103
Figura 10 – Capacidades físicas e habilidades motoras no futsal

Fonte: https://bit.ly/3CMKmSk. Acesso em: 10 set. 2022.

As habilidades motoras utilizadas no futsal, tal qual no futebol, demonstram que,


durante um jogo, três tipos têm uso constante: as habilidades motoras de locomoção
(em especial, as ações de andar e correr), as habilidades motoras de manipulação
(principalmente o chute) e as habilidades motoras de equilíbrio ou estabilização (em
especial, as quedas), as quais se destacam entre as ações dos jogadores de futsal e têm
grande predominância durante um jogo.

DICA
Existem artigos que discutem relações das capacidades físicas com futsal
e podem ser acessados pelos links a seguir:
https://bit.ly/3CpOYwi.
https://m.efdeportes.com/articulo.php?id=352.
https://bit.ly/3RRw47i.

5 TESTES ENVOLVENDO CAPACIDADES FÍSICAS


Existem alguns testes físicos específicos que podem ser usados para mensurar
os índices das diferentes capacidades físicas. Esses testes são importantes no início dos
trabalhos, para identificar o nível de cada atleta no início dos treinamentos, e, depois,
periodicamente repetir os testes, a fim de verificar possíveis evoluções e, talvez, fazer
mudanças nos planejamentos.

104
Figura 11 – Testes físicos

Fonte: https://8ef35e1c67.cbaul-cdnwnd.com/9077503813822025096ac409f1fcedf3/
200000910-1b67f1c61d/Resist.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

5.1 TESTE DE AGILIDADE


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de agilidade é
chamado de teste de “Shuttle Run” ou corrida de ir e vir, em que o indivíduo terá que
percorrer uma distância de, aproximadamente, 9,14 m entre duas linhas, conduzindo um
pequeno taco de madeira e repetindo essa tarefa.

5.2 TESTE DE COORDENAÇÃO MOTORA


Um teste que pode ser utilizado, para medir a capacidade física de coordenação
motora, é o chamado teste de “Dedo Nariz”, no qual o indivíduo, com o ombro em
abdução de 90° e cotovelo estendido, terá que levar a ponta do dedo indicador até a
ponta de seu nariz.

5.3 TESTE DE DESCONTRAÇÃO


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de descontração
é o teste de amplitude de movimento das costas passivo, em que o indivíduo deve estar
na posição de decúbito ventral, tendo a pelve em contato com o chão, bem como a mão
no chão. O indivíduo deve fazer a elevação do dorso até o máximo que conseguir com
ação dos braços.

5.4 TESTE DE ENDURANCE ORGÂNICA (RESISTÊNCIA)


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de endurance
orgânica (resistência) é chamado de teste abdominal, ou ainda teste apoio de frente, no
qual o indivíduo deve executar o máximo de repetições do exercício abdominal ou do
exercício de flexão de membro superior no tempo de um minuto.

105
5.5 TESTE DE EQUILÍBRIO
Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de equilíbrio é o
chamado “sentado para de pé” ou ainda teste de equilíbrio estático na posição “semi-
tandem” (na qual o indivíduo deve ficar em pé, próximo a uma cadeira ou mesa, com um
pé na frente do outro, sendo que os dedos dos pés de trás devem tocar levemente o
calcanhar do pé que está à frente).

Nesse teste, o indivíduo deve se levantar e se sentar de uma cadeira, por um


determinado número de vezes, estando na posição semi-tandem, para registrar o tempo
de permanência nessa posição sem a perda de equilíbrio.

5.6 TESTE DE FLEXIBILIDADE


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de flexibilidade é
o “Banco de Wells”, no qual o indivíduo deve estar descalço, sentar-se em frente à base
da caixa, com as pernas estendidas e unidas, colocando uma das mãos sobre a outra
e elevando os braços à vertical. Nessa posição, o indivíduo deve inclinar o corpo para a
frente e alcançar, com as pontas dos dedos das mãos, o mais longe possível sobre uma
régua graduada, colocada acima da caixa. Esse movimento deve ser feito sem flexionar
os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço (insistências).

5.7 TESTE DE FORÇA


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de força é o “1
RM”, em que é realizada uma repetição máxima (1 RM), ou seja, o indivíduo deve fazer o
deslocamento da máxima quantia de peso em apenas uma repetição do exercício.

5.8 TESTE DE RITMO


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de ritmo é o
“teste de componentes rítmico-musicais”, no qual o indivíduo deve andar pelo corredor
de um octógono, realizando uma volta completa, de acordo com as estruturas rítmico-
musicais, fornecidas por uma música ao fundo, sendo que o seu deslocamento deve
acontecer de maneira contínua e sem paradas.

5.9 TESTE DE TEMPO DE REAÇÃO OU VELOCIDADE DE REAÇÃO


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de tempo de
reação ou a velocidade de reação é a cronometria mental, em que o indivíduo deve

106
responder, o mais rapidamente possível, a um estímulo recebido, que pode ser por meio
de visão, audição, olfato, paladar ou tato. Esse teste mede a rapidez com que o órgão
do sentido recebe a informação e envia para o cérebro, que processa as informações
recebidas e, consequentemente, retorna uma resposta para uma ação a ser executada.

5.10 TESTE DE VELOCIDADE


Um teste que pode ser utilizado para medir a capacidade física de velocidade
é o de 20 metros ou 40 metros, no qual o indivíduo deve se deslocar, correr, na maior
velocidade possível em uma distância que pode ser de 20 ou 40 metros, a fim de que
atinja a meta no menor tempo possível, para que, assim, seja possível mensurar a
capacidade de aceleração e a velocidade do indivíduo.

6 TESTES UTILIZADOS NO FUTEBOL


Especificamente no caso do futebol, existem alguns testes utilizados para
identificar alguns dados relacionados às capacidades físicas evidenciadas na modalidade.

6.1 TESTE YOYO TEST LEVEL 1 E LEVEL 2


O Yo-Yo test é um teste de ida e volta, que tem característica intermitente, ou
seja, bem próxima das ações em um jogo de futebol. O teste consiste na realização de
dois percursos em um espaço, previamente, demarcado de 20 m, com uma área de
descanso de 5 m. O Yo-Yo test é ritmado por sinais sonoros, que, progressivamente,
aumentam. Para iniciar o teste, o atleta deve-se deslocar de uma marca à outra (20
m de ida) e depois voltar (mais 20 m); ao completar esse percurso, ele terá 10 ou 5
segundos de descanso, conforme o nível de aplicação. A velocidade, determinada
pelo ritmo do áudio, é progressivamente aumentada em cada estágio, e o atleta deve
chegar ao outro ponto antes do sinal sonoro, que indica o recomeço do teste. A sessão
é finalizada quando o atleta não consegue alcançar duas marcas seguidas ou é incapaz
de fazer o deslocamento, devido ao cansaço físico.

O teste possui dois níveis de aplicação. No nível 1, a velocidade de deslocamento


inicia-se em 10 km/h e o período de recuperação é de 10 segundos, com um tempo
estimado de 6 a 20 minutos de duração. Já no nível 2, a velocidade inicial de deslocamento
é de 13 km/h e o período de recuperação é de 5 segundos, com um tempo de duração
estimado em 2 a 10 minutos. O indivíduo avaliado deve realizar o maior número de
deslocamentos dentro do protocolo de estímulos sonoros, sendo o volume de oxigênio
máximo (VO2máx) estimado com base na distância total percorrida pelo atleta.

107
6.2 TESTE RUNNING AEROBIC SPRINT TEST (RAST)
O Running Anaerobic Sprint Test (RAST) é um teste utilizado para mensurar a
potência anaeróbia em jogadores de futebol e consiste na realização de seis sprints
máximos em uma trajetória de 35 m, sendo cada sprint sucedido por 10 segundos de
recuperação passiva.

6.3 TESTE DE 50 METROS EM VELOCIDADE


O teste de 50 metros é considerado um teste máximo, visto que deve ser feito
pelo indivíduo em sua máxima velocidade, tendo que ultrapassar a faixa determinada de
final de percurso também em máxima velocidade. Na posição de saída, o indivíduo deve
estar com afastamento anteroposterior das pernas e com o pé da frente o mais próximo
possível da faixa de largada.

6.4 TESTE DE DESLOCAMENTO EM T EM Y


O teste sugere a execução dos movimentos para três principais direções e tem
como objetivo uma avaliação mais apurada do Star Excursion Balance Test (SEBT). O
equipamento é composto por uma base fixa de madeira de 5 cm de altura, contendo três
hastes nas seguintes posições: anterior, posterolateral e posteromedial. As duas hastes
posteriores são separadas por um ângulo de 90 graus e em relação com a anterior em
um ângulo de 135 graus. Cada haste conta com uma base móvel de madeira, todas da
mesma altura, na qual serão movimentadas pelo membro inferior contralateral apoiado.
Para a execução do teste, os indivíduos devem estar sem nenhum calçado e com roupa
leve, a fim de permitir a mobilidade de membros inferiores (MMII).

108
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos e tipos de capacidades físicas dos seres humanos, qualidades que


cada indivíduo possui e que estão diretamente ligados à parte física corporal do
movimento. São elas: agilidade, coordenação motora, descontração, resistência,
equilíbrio, flexibilidade, força, ritmo, velocidade de reação e velocidade.

• Conceitos e tipos de habilidades motoras dos seres humanos, que são as ações
motoras humanas aprendidas que ajudam a solucionar problemas motores. Podem
ser de locomoção, de manipulação e de estabilização.

• Capacidades físicas e habilidades motoras utilizadas no futebol e no futsal:


praticamente todas as capacidades físicas são utilizadas no futebol e no futsal, mas
com a predominância da velocidade de reação e da resistência. No caso do futebol e
das modalidades que utilizam implemento (bola), a habilidade motora de manipulação
tem grande utilização, ainda que as demais sempre aparecem.

• Testes para avaliar as capacidades físicas dos seres humanos: os testes físicos são
de fundamental importância no planejamento de treinamentos esportivos e, por isso,
devem ser bem selecionados e utilizados antes, durante e após a temporada.

109
AUTOATIVIDADE
1 O futebol de salão e o futsal são duas modalidades esportivas consideradas bem
parecidas, por suas características relacionadas à quadra em que ocorre o jogo,
aos gestos técnicos e à própria mecânica do jogo. Entretanto, é certo que elas são
diferentes em vários aspectos. Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A origem do futebol de salão tem raízes na FIFA e a do futsal, na Associação


Cristã de Moços (ACM).
b) ( ) A origem do futebol de salão tem raízes na Associação Cristã de Moços (ACM) e
a do futsal, na FIFA.
c) ( ) A origem do futebol de salão tem raízes nas escolas inglesas e a do futsal, nos
morros do Rio de Janeiro.
d) ( ) A origem do futebol de salão tem raízes em organizações não governamentais
(ONGs) internacionais de direitos humanos e a do futsal, nas penitenciárias dos
Estados Unidos da América.

2 O termo “capacidade física” também é conhecido como qualidade física ou valência


física, consideradas inatas ou congênitas, que podem ser treinadas e aperfeiçoadas.
Essas capacidades físicas correspondem, essencialmente, à parte física corporal
do movimento humano e são determinantes quanto ao desempenho motor de um
indivíduo. Com base nas reflexões acerca das capacidades físicas dos seres humanos,
analise as sentenças a seguir:

I- As respostas motoras mais eficientes que cada ser humano oferecerá diante dos
diferentes estímulos apresentados no cotidiano ou, ainda, em práticas físicas e
esportivas são evidenciadas nas capacidades físicas.
II- A explicitação da falha, por parte de um indivíduo, em alguma capacidade física,
suscitará dificuldade na sua participação em algum tipo de manifestação intelectual,
pois as capacidades físicas invocam toda a produção intelectual de um ser humano.
III- As capacidades físicas estão fortemente ligadas a uma herança genética, tendo o
treinamento dessas capacidades alguns limites, determinados pelos próprios genes
que cada indivíduo possui, não podendo ser alteradas.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.


b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.

110
3 Uma das capacidades físicas mais utilizadas no futebol e no futsal, além de outras tantas
modalidades esportivas, é a endurance orgânica ou resistência. Essa capacidade física
admite que um indivíduo realize exercícios físicos ou ações motoras de modo estendido,
tendo esforço contínuo, podendo ser em intensidade baixa ou média. A endurance ou
resistência é evidenciada pela possibilidade que um indivíduo tem de realizar atividades
físicas, suportando, por tempo considerável, a fadiga que a própria atividade promoveu,
somada a uma possível recuperação em um curto espaço de tempo. Essa resistência
orgânica pode ser aeróbia e anaeróbia, além de poder ser láctica ou aláctica. De acordo
com as características da capacidade física de endurance ou resistência, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A resistência muscular localizada também é conhecida como resistência de


velocidade, que permite realizar atividades físicas/esportivas e exercícios físicos
em uma alta velocidade, repetindo movimentos bem rápidos. Essa capacidade tem
muita importância nas atividades esportivas com predominância intelectual, como o
xadrez, que necessita de movimentos isotônicos, isocinéticos e isométricos. Essas
atividades nunca provocam fadiga periférica, mas, sim, fadiga no sistema nervoso.
( ) A resistência anaeróbia aláctica permite que um indivíduo sustente suas ações
motoras pelo maior tempo possível, pois o termo aláctico demonstra que o exercício
é muito intenso, com tempo de duração em torno de 10 segundos, podendo ser
estendido de acordo com o nível de treinamento de cada indivíduo. As atividades
físicas, que se estendem por um tempo de até 1 minuto, dependendo da adenosina
trifosfato (ATP), que é concebida nos sistemas de energia anaeróbia imediata,
provocam a chamada fadiga bioquímica e neuromuscular.
( ) A resistência anaeróbia láctica permite que um indivíduo sustente as suas
atividades físicas no maior tempo possível em condições anaeróbias, ou seja, em
um tempo para sustentação que pode variar entre 3 e 5 minutos e aumentar a
quantidade de energia motivada pela glicólise. Nesses casos, especificamente, a
quantidade elevada de repetições de um exercício causa acúmulo de lactato e,
consequentemente, aumenta o nível de ácido láctico.
( ) A resistência aeróbia oferece a possibilidade de o indivíduo sustentar suas ações
físicas por um longo período, chegando a um estado de equilíbrio chamado de
steady state, no qual ocorrem limites do equilíbrio de oxigênio. Essa capacidade
física oferece melhoria da capacidade funcional do coração, aumento da
capacidade muscular para queimar açúcares e gorduras, melhora no transporte de
oxigênio, aumento do número de glóbulos vermelhos, redução da massa corporal e
da frequência cardíaca (FC) de repouso, tendo o glicogênio como fonte energética.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) V – V – V – V.

111
4 Tanto no futebol quanto no futsal, por conta das especificidades dessas modalidades
esportivas, bem como da mecânica existente entre os jogadores de uma equipe
durante uma partida, as capacidades físicas de agilidade e velocidade têm grande
expressão quando se trata de um jogo. Disserte sobre as capacidades físicas, os
conceitos e as relações com essas modalidades.

5 As habilidades motoras podem ser definidas como atos ou tarefas que requerem
movimentos a serem aprendidos, a fim de serem executados de modo eficiente, ou,
ainda, demonstram ser a capacidade de realizar movimentos com eficiência ou a
habilidade que envolve movimentos voluntários do corpo ou membros para atingir
um determinado objetivo. No caso da habilidade considerada geral, trata-se daquela
que vem dominar movimentos complicados, conhecer novas práticas e, assim,
poder realizar adaptações a novas situações. Vale ressaltar que, por intermédio de
algum exercício físico, as habilidades motoras passam a ser feitas com maior grau
de qualidade, podendo chegar à automatização. As habilidades motoras, em grande
escala, expressam as capacidades físicas de modo complexo. Disserte sobre os três
diferentes tipos de habilidades motoras.

112
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS DO
FUTEBOL/FUTSAL

1 INTRODUÇÃO
Alves e Bello (2020) definem fundamentos, ações individuais ou habilidades
técnicas individuais de uma modalidade esportiva como as diferentes possibilidades de
atuação e intervenção no jogo. Os autores ressaltam que essas ações são viabilizadas
por meio dos gestos motores particulares em cada modalidade esportiva, de acordo com
a especificidade da prática, as regras, o material, entre outros. Essas ações são também
conhecidas apenas como técnicas, definidas como o domínio das ações motoras que
são permitidas na prática de cada modalidade esportiva de modo eficiente.

Para Greco e Benda (2007), a definição de técnica sugere a concretização de


respostas para a solução de tarefas ou problemas motores, sendo a técnica individual
entendida como a representação de todo um repertório de gestos próprios da
especialidade esportiva empregada. As técnicas individuais que aparecem durante um
jogo, para Voser, Guimarães e Ribeiro (2006), são adaptadas às condições e às situações
do próprio jogo, somadas às características de cada jogador que utilizará, da maneira
mais perfeita e econômica, o gesto para alcançar o triunfo no jogo.

Essas habilidades técnicas individuais são reconhecidas pela forma racional, ideal
e eficiente, baseada na biomecânica e correspondente a uma sequência de movimentos
realizada corretamente de determinado gesto, que faz parte de todo o suporte que um
indivíduo necessita ter para participar, de modo efetivo, em uma modalidade esportiva
(BARBANTI, 2003). Assim, para a realização de uma boa técnica, segundo Barbanti
(2003), é necessário que o movimento seja executado com coordenação, precisão,
ritmo, leveza, facilidade e que alcance seus objetivos, ressaltando-se que, para que
esses fundamentos sejam executados de modo mais competente, necessitam, antes
de mais nada, ser aprendidos e, posteriormente, treinados.

A técnica ou o gesto específico de uma modalidade esportiva é considerado,


por Paoli e Grasseli (2003), uma particularidade de cada modalidade esportiva, tanto nos
quesitos sobre os aspectos individuais quanto nos aspectos coletivos. Essa técnica, quando
realizada de modo adequado, proporciona uma atuação motora de melhor qualidade,
possibilitando, ao esportista, uma ação mais objetiva e econômica. Esses autores tratam o
domínio da técnica como um requisito extremamente importante para um bom raciocínio
e desempenho tático, ou seja, um jogador tecnicamente eficiente pode visualizar melhor o
posicionamento dos seus companheiros e dos adversários, tomando decisões mais rápidas
e adequadas nas diferentes situações que aparecerão durante uma disputa.

113
Nessa mesma linha, Frisselli e Mantovani (1999) destacam que a execução
correta de uma habilidade técnica individual, em uma modalidade esportiva, é essencial
e concorre diretamente no resultado de um jogo.

Em se tratando de aprendizagem das habilidades técnicas individuais, o American


Sport Education Program (2000) sugere que o profissional de Educação Física, em suas
ações pedagógicas, deve nomear cada gesto, explicando e esclarecendo, ao esportista,
o porquê daquele aprendizado, bem como ratificar a importância em reproduzir,
corretamente, aquele fundamento nos treinamentos. O programa ainda sugere que o
treinador deve demonstrar o gesto técnico, ajudando os participantes nas suas ações,
sempre que for necessário fazer algum tipo de correção. Essa demonstração parece ser
uma das partes mais importantes do treinamento, em especial com crianças e jovens,
visto que muitos desses indivíduos, talvez, nunca tenham visto ou experimentado
algum desses fundamentos.

Corrobora essa ideia Fernandes (2004), ao indicar que os esportistas aprendem


melhor quando recebem uma breve explicação da técnica acompanhada de uma
demonstração, acrescentando que os estágios iniciais de treinamento representam a
grande base de todo o processo que contribuirá para formação de um futuro jogador.
No início dos trabalhos, o profissional de Educação Física deve proporcionar e oferecer
contínuo envolvimento no próprio jogo, por meio das ações gestuais dos fundamentos,
o que, possivelmente, irá despertar a criatividade nos participantes.

Figura 12 – Habilidades técnicas individuais no futebol/futsal

Fonte: https://pixabay.com/images/id-1019776/. Acesso em: 10 set. 2022.

Todas as vezes que um esportista for executar um gesto motor ou uma habilidade
técnica individual durante a sua participação nas ações, inevitavelmente, percorrerá
três fases, segundo Alves e Bello (2020):

• Fase de preparação: é a etapa em que o executante se concentra e elabora um


esquema motor para a ação que irá realizar.

114
• Fase de ação: é a principal fase, e o executante operacionaliza aquilo que estava
predeterminado por ele na fase anterior.
• Fase final: é a fase em que termina a execução do gesto.

ATENÇÃO
Barbanti (2003) afirma que, em aprendizagem motora, esquema é o
conjunto de regras formado pela obtenção da informação de experiências
de movimentos relacionados, que incluem o princípio do movimento
subjacente para essa classe de respostas. Pode ser ainda um esboço,
um plano ou um programa.

Ao abordar questões relacionadas aos treinamentos de fundamentos, ações


individuais ou habilidades técnicas individuais de uma modalidade esportiva, Bompa
(2002) propõe fases de aprendizagem distribuídas em quatro estágios:

• Estágio de iniciação: deve ter baixa intensidade e ênfase no divertimento, com foco
dado ao desenvolvimento geral no esporte, e não apenas no desempenho de uma
modalidade esportiva tendo o treinamento variado e momentos de divertimento.
• Estágio de formação esportiva: deve haver um aumento moderado na intensidade
das propostas, enfatizando o desenvolvimento de aptidões e de habilidades motoras,
sem focar, de modo específico, em questões relacionadas ao desempenho e a vitórias.
• Estágio de especialização: deve acontecer com mudanças mais relevantes nos
treinamentos, sendo o volume e a intensidade planejados de modo a evitar lesões,
e os esportistas, por sua vez, passam a ter maior tolerância às exigências dos
treinamentos e das competições.
• Estágio de alto desempenho: é o resultado da boa elaboração dos planejamentos das
fases anteriores, tendo sempre, como bases, os princípios sólidos de desenvolvimento
através das ciências.

Para esses procedimentos em atividades em que haja treinamento para


desenvolvimento e aprimoramento dos fundamentos, ações individuais ou habilidades
técnicas individuais de uma modalidade esportiva, Carravetta (2001) afirma que os
esportistas são diferentes entre si, o que implica a necessidade de o profissional de
Educação Física organizar e planejar diferentes tipos de intervenção nos processos de
aprendizagem, a fim de possibilitar obter melhores rendimentos.

No caminho relacionado ao processo da preparação da técnica, durante a fase de


aquisição do elemento, de forma rudimentar, o fundamento, segundo Frisselli e Mantovani
(1999), deve ser treinado analiticamente e, depois, passar para uma ação global.

115
2 HABILIDADES TÉCNICAS INDIVIDUAIS NO FUTEBOL/
FUTSAL
Por se tratar de modalidades com características bastante semelhantes, no que
tange aos fundamentos, às ações individuais ou às habilidades técnicas individuais, o
futebol e o futsal se assemelham muito nesse quesito, ainda que a bola, o campo de
jogo e algumas regras sejam diferentes.

Muitos autores, como Carravetta (2001), Melo (2002), Paoli e Grasseli (2003),
Tenroller (2004), Costa (2007), Voser (2019), Alves e Bello (2020), apresentam como
principais ações individuais do futebol e do futsal: o domínio de bola, o controle de bola,
o passe, o chute, a condução de bola, o drible ou a finta, e goleiro.

2.1 DOMÍNIO DE BOLA


É a ação de interceptar ou ir ao encontro da bola, fazendo que ela fique em
posse do esportista ou que consiga realizar algum movimento, por meio de um ou mais
contatos com a bola, a qual poderá ter procedência de um companheiro ou de um
adversário. Os tipos de domínio estão relacionados às diferentes partes do corpo que a
bola irá entrar em contato, podendo ser: cabeça, ombro, peito, abdome, coxa ou pé. Vale
ressaltar que o goleiro pode utilizar as mãos dentro de sua área de meta.

O esportista deve escolher com qual parte do corpo fará o domínio da bola, a
partir de uma observação de sua altura e velocidade. Para ter um bom domínio de bola,
é imprescindível que o indivíduo esteja em equilíbrio. No caso do futebol e do futsal, as
partes do corpo que estão em constante desequilíbrio são os pés, visto que mantêm as
ações de deslocamento e, predominantemente, o contato com a bola.

Dessa maneira, a parte do corpo que melhor pode auxiliar as ações de manutenção
do estado de equilíbrio são os membros superiores. Por isso, os profissionais de Educação
Física que pretendem desenvolver atividades e treinamentos para trabalhar o domínio
de bola no futebol e no futsal devem levar em conta o equilíbrio e, consequentemente,
as atividades relacionadas com os membros superiores.

INTERESSANTE
Em se tratando de domínio de bola, cabe destacarmos o termo desarme,
considerado um ótimo recurso dos jogadores de defesa que tentam
abordar o adversário, para tirar o seu domínio de bola. Essa ação pode
ocorrer tanto em situações diretas contra o adversário como em modo
de antecipação, ou seja, antes que a bola chegue ao oponente.

116
Esse fundamento, essa ação individual ou habilidade técnica individual é usada
a todo momento em um jogo de futebol/futsal, especialmente quando o jogador busca
contato com a bola e, por isso, pode ser considerada tanto defensiva quanto ofensiva.

2.2 CONTROLE DE BOLA


É a ação de manter a bola em contato com alguma parte do corpo, sendo
considerado controle de bola o exato momento em que a bola toca qualquer parte do
corpo ou se assim permanecer, podendo ter procedência de um companheiro ou de um
adversário. Os tipos do controle de bola estão relacionados às diferentes superfícies que
mantêm o contato com a bola e podem ser: cabeça, ombro, peito, abdome, coxa ou pé.
É importante ressaltarmos que o goleiro ainda pode utilizar as mãos para controle de
bola, desde que esteja dentro da sua área de meta. No caso específico do futebol e do
futsal, o pé exerce preferência nesse tipo de ação.

INTERESSANTE
Em relação aos fundamentos de domínio e controle de bola, ações
individuais ou habilidades técnicas individuais, sempre que o esportista
estiver com o controle da bola, ele estará com o domínio da bola, embora
nem sempre, quando estiver com o domínio da bola, tenha o seu
controle. No momento em que o indivíduo tem contato com a bola para
interceptá-la e entrar em domínio, ele tem o controle no instante em que
toca a bola. De modo resumido, o controle é a efetivação do domínio,
enquanto este se efetiva quando se faz o controle.

Um bom exemplo, para o entendimento desses dois termos, são as “pedaladas”,


ou seja, a ação de um jogador de futebol ou futsal quando passa um pé por cima da
bola e, posteriormente, passa o outro pé, em movimentos sincronizados (ALVES; BELLO,
2020). Durante a execução das pedaladas, ou seja, quando o jogador passa seus pés por
cima da bola sem tocá-la, não se pode afirmar se ele está ou não com o domínio de bola,
pois é necessário ver o que irá acontecer após o término das “pedaladas”: caso o jogador
consiga entrar em contato com a bola, efetiva-se o domínio, mas, se ele não entrar em
contato com a bola após as pedaladas, pode-se dizer que ele perdeu o domínio.

117
ATENÇÃO
As superfícies de contato são tidas como o local ou a região do corpo que entra ou está em
contato com a bola, de maneira voluntária ou não, podendo ser divididas em:

• Grande ou de precisão: regiões que promovem maior segurança e direção


na bola. Por exemplo: peitoral, parte interna do pé, coxa, testa.
• Pequena ou de velocidade: regiões que promovem uma potência mais
elevada. Por exemplo: bico do pé, peito ou dorso do pé.

A utilização dessas regiões do corpo está diretamente ligada à situação


específica do jogo. Cabe aos profissionais aumentarem, ao máximo, o
número de vivências e possibilidades de todas as regiões do corpo, a fim
de que o esportista possa optar por aquela que for mais eficiente para
o momento. O grande repertório motor é responsável pelas diferentes
formas de ações e de contatos. Quanto mais participações em atividades
diferenciadas e que utilizem todas as partes do corpo, maior será o recurso e
o desempenho em situações momentâneas do jogo.

Esse fundamento, essa ação individual ou habilidade técnica individual é usada


a todo momento de um jogo de futebol/futsal, especialmente quando o jogador busca
contato com a bola para executar alguma ação e, por isso, pode ser considerada tanto
defensiva quanto ofensiva.

2.3 PASSE
É a ação de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a bola para um companheiro,
para um espaço vazio ou para lugar nenhum. Existe, no futebol e no futsal, o termo
assistência, que se caracteriza por ser um passe que deixa o companheiro em totais
condições de fazer um gol.

ATENÇÃO
O termo espaço vazio foi utilizado pelo ex-técnico da seleção brasileira
de futebol Claudio Coutinho como um “ponto futuro”, que prevê o
encontro da bola com o jogador em um local projetado por aquele que
executou o passe. No caso do “lugar nenhum”, entende-se ser a ação
realizada quando um jogador quer se livrar rápido da bola, sobretudo
em uma situação de perigo para a sua meta; assim, executa-se um
passe para fora do campo de jogo, preferencialmente para uma direção
afastada de sua meta.

118
Ao analisarmos o gesto técnico do passe (com o pé) no futebol ou no futsal, é
importante conhecermos a nomenclatura utilizada em relação aos pés do esportista.
O pé que faz o contato com a bola, no ato da ação, é chamado de “pé de chute”, “pé
de passe” ou “pé de contato”, e o pé que não faz contato com a bola no ato da ação é
chamado de “pé de apoio”.

ATENÇÃO
O pé de apoio, na execução de um chute, tem importância,
praticamente, igual ao pé de chute e deve ser posicionado de acordo
com o objetivo do passe (com o pé). O pé de apoio pode estar
posicionado atrás, ao lado ou à frente da bola.

O passe pode ser executado com qualquer parte do corpo: pé, cabeça, ombro,
abdome, coxa, joelho e, raramente, costas, e, no caso do futebol, os jogadores podem
usar os membros superiores na cobrança do arremesso lateral. Além disso, em ambas as
modalidades esportivas, o goleiro pode usar os membros superiores, desde que dentro
de sua área de meta.

Destaca-se que a predominância do passe é feita com os pés e com a cabeça.


Por isso, vale a pena analisarmos esses gestos de maneira mais específica. No caso dos
pés, é possível compreendermos o passe conforme os parâmetros apresentados a seguir.

2.3.1 A superfície de contato da bola com o pé


Para facilitar essa análise, podemos visualizar o pé como uma caixa de caixa de
sapatos, tendo, portanto, seis possíveis diferentes superfícies de contato:

• a parte lateral interna (condução, chapa ou chapado);


• a parte lateral externa (trivela, três dedos, desviado);
• a parte superior (dorso, peito do pé);
• a parte inferior (sola ou solado);
• a parte anterior (bico, bicanca, bicuda ou dedão), a qual pode ser distinguida de duas
maneiras: encoberta ou cobertura (quando o tempo de contato do pé na bola é longo,
favorecendo uma direção mais eficiente e uma menor velocidade na ação) e o cavado
ou cavadinho (quando o tempo de contato do pé na bola é curto, desfavorecendo
uma direção mais eficiente e favorecendo uma velocidade maior na ação) – ambas
proporcionam uma trajetória parabólica na bola;
• a parte posterior (calcanhar/osso calcâneo), distinguida de duas maneiras: o calcanhar
paralelo (em que o pé de apoio fica ao lado do pé de contato com a bola) e o calcanhar
cruzado (em que o pé de apoio se cruza com o pé de chute).

119
2.3.2 A localização da bola
• Voleio: o executante entra em contato com a bola, lo­calizada acima da altura do solo,
sem que ela entre em contato com o chão.
• Semivoleio (bate-pronto, bola de tempo): o executante entra em contato com a bola,
localizada acima da altura do solo, imediatamente após o contato dela com o chão.

2.3.3 Execuções com a cabeça


Deve-se ressaltar que o cabeceio pode ser tanto defensivo quanto ofensivo. O
gesto é defensivo quando o esportista age para proteger ou resguardar a sua própria
meta, e ofensivo quando o esportista entra em contato com a bola, a fim de facilitar
ações de ataque ou endereçá-la diretamente ao gol adversário. Ainda, em relação ao
gesto com a cabeça ou caixa craniana, para efeito de análise das ações do futsal, pode
ser dividida em (PAULSEN; WASCHKE, 2012):

• parte anterior (testa/osso frontal);


• parte superior (osso parietal);
• parte posterior (nuca/osso occipital);
• parte lateral (direita ou esquerda/osso temporal).

2.3.4 Distância
A distância entre o executante e seu “alvo” (que pode ser um companheiro, um
espaço vazio/ponto futuro ou lugar nenhum):

• curto (no caso do futebol, entre 1 e 15 metros e, no futsal, entre 1 e 3 metros);


• médio (no caso do futebol, entre 16 e 40 metros e, no futsal, entre 4 e 9 metros);
• longo (no caso do futebol, entre 41 e 90 metros e, no futsal, entre 10 e 20 metros);
• muito longo (também chamado de lançamento; no caso do futebol, mais de 90
metros e, no futsal, mais de 20 metros).

2.3.5 Trajetória da bola


A trajetória da bola (a partir do momento que a bola perde contato com aquele
que fez o passe):

• retilínea (o deslocamento da bola representa uma linha reta);


• curvilínea (o deslocamento da bola representa uma linha curva);
• parabólica (o deslocamento da bola representa uma linha parabólica).

120
2.3.6 Altura
A altura da bola em relação ao solo (a partir do momento que a bola perde o
contato com o jogador que fez o passe):

• rasteiro (o deslocamento da bola está em contato com o chão do campo de jogo);


• meia altura (o deslocamento da bola está acima do chão do campo de jogo, em uma
altura entre 1 e 3 metros);
• alto (o deslocamento da bola está acima do chão do campo de jogo, em uma altura
maior do que 3 metros).

2.3.7 Espaço de jogo


O espaço de jogo entre o executante e seu “alvo” (que pode ser um companheiro,
um espaço vazio/ponto futuro ou lugar nenhum):

• diagonal (o deslocamento da bola representa uma linha diagonal em relação às linhas


laterais dentro do retângulo do campo de jogo);
• lateral (o deslocamento da bola representa uma linha perpendicular em relação às
linhas laterais dentro do retângulo do campo de jogo);
• paralelo (o deslocamento da bola representa uma linha paralela em relação às linhas
laterais dentro do retângulo do campo de jogo).

2.4 CHUTE
É a ação de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a bola com o objetivo de acertar
a meta adversária. O chute tem, como único e exclusivo objetivo, o gol adversário, sendo
executado exclusivamente com o pé. O último contato do pé com a bola antes de entrar
na meta também é conhecido como finalização.

ATENÇÃO
No meio esportivo, é muito comum escutarmos o termo “chutão”, que se refere a
uma ação em que o jogador impulsiona a bola para qualquer lugar, afastando-a
de um local perigoso, por exemplo, da sua área de meta. Entretanto, esse
termo fica descaracterizado, pois o objetivo do jogador, nesse caso, não
foi atingir a meta adversária. Dessa forma, nessa situação, o jogador
teria executado um “passão” (termo completamente impopular), pois o
seu objetivo seria um local distante de sua área. Em outras modalidades
esportivas, como o basquete e o handebol, chute pode referir-se a um ato
feito com as mãos. No futebol e no futsal, entende-se que o chute é executado
apenas com os pés. Diante disso, as características explicativas do chute
aproximam-se das características do passe, quando executado com os pés.

121
Pode-se estudar o chute de modo semelhante ao realizado nas análises sobre
o passe quanto:

• à superfície de contato da bola com o pé: para facilitar essa análise, pode-se visualizar
um pé como uma caixa de sapatos, tendo, portanto, seis possíveis diferentes
superfícies de contato:
º a parte lateral interna (condução, chapa ou chapado);
º a parte lateral externa (trivela, três dedos, desviado);
º a parte superior (dorso, peito do pé);
º a parte inferior (sola ou solado);
º a parte anterior (bico, bicanca, bicuda ou dedão), que pode ser distinguida de
duas maneiras: encoberta ou cobertura (quando o tempo de contato do pé na
bola é longo, favorecendo uma direção mais eficiente e uma menor velocidade na
ação) e o cavado ou cavadinho (quando o tempo de contato do pé na bola é curto,
desfavorecendo uma direção mais eficiente e favorecendo uma velocidade maior
na ação) – ambas proporcionam uma trajetória parabólica na bola;
º a parte posterior (calcanhar/osso calcâneo), distinguida de duas maneiras: o
calcanhar paralelo (em que o pé de apoio fica ao lado do pé de contato com a bola)
e o calcanhar cruzado (em que o pé de apoio se cruza com o pé de chute).
• à localização da bola:
º voleio: o executante entra em contato com a bola, lo­calizada acima da altura do
solo, sem que ela entre em contato com o chão;
º semivoleio (bate-pronto, bola de tempo): o executante entra em contato com a bola,
localizada acima da altura do solo, imediatamente após o contato dela com o chão.

IMPORTANTE
A famosa “bicicleta” (imortalizada por Leônidas da Silva, conhecido como
Diamante Negro) pode ser considerada um chute ou passe (dependendo
do objetivo de quem executa) de peito de pé ou simples e de voleio.

Esse fundamento, essa ação individual ou habilidade técnica individual é usada,


principalmente, nas ações ofensivas, quando o jogador tentará construir as jogadas de
ataque. O passe também é bastante utilizado na criação das jogadas nas saídas de bola
da defesa para o meio-campo e o campo de ataque.

2.5 CONDUÇÃO DE BOLA


É a ação de carregar, transportar, dirigir, guiar ou acompanhar a bola de um
ponto a outro do campo de jogo. A condução de bola, normalmente, é executada com
o pé. No entanto, nada impede que a bola seja conduzida com outras partes do corpo,

122
como a cabeça, a coxa, o ombro etc. A condução de bola, quando executada com os
pés, pode ser descrita de acordo com o local de contato do pé com a bola:

• parte lateral interna;


• parte lateral externa;
• parte superior;
• parte inferior;
• parte anterior;
• parte posterior.

Outra possível análise da condução de bola pode ser feita a partir da trajetória
que o esportista irá traçar em seu deslocamento:

• retilínea – o deslocamento do esportista com a bola representa uma linha reta;


• curvilínea – o deslocamento do esportista com a bola representa uma linha curva.

Ainda, podemos analisar a condução a partir da direção que o esportista irá


traçar em seu deslocamento:

• para a frente (em direção à meta adversária);


• para trás (em direção a sua própria meta);
• para o(s) lado(s) (em direção às linhas laterais do campo de jogo);
• com mudanças (em direções variadas).

Além disso, pode ser analisada com base na velocidade do deslocamento que o
esportista irá exercer em seu deslocamento:

• rápida (velocidade intensa);


• lenta (velocidade reduzida);
• progressiva (velocidade em aumento);
• regressiva (velocidade em diminuição).

Esse fundamento, essa ação individual ou habilidade técnica individual é


utilizada, essencialmente, nas ações ofensivas, quando o jogador tentará, em posse de
bola, ocupar espaços do campo/quadra, a fim de organizar um bom ataque.

2.6 DRIBLE OU FINTA


É a ação de se desvencilhar, enganar, iludir, ultrapassar um ou mais adversários.
No conceito de drible, cabe o complemento “com” o domínio ou o controle de bola e, no
caso da finta, cabe o complemento “sem” o domínio ou controle de bola. Os dribles e as
fintas (ressaltando-se que o que os diferencia é a presença ou ausência da bola) podem
ser descritos como:

123
• Simples: acontecem com mudanças curtas e rápidas de direção, podendo ser para a
frente, para trás, para a direita ou para a esquerda (slalon), quando o jogador fingirá
ir em uma direção, mas optará por outra (especificamente no futsal, também é
conhecido como gato, “dar o gato”).
• Com giro: são ações em que o jogador executa uma rotação, com o seu corpo, de 90,
180, 270 ou de 360 graus diante do seu adversário, tentando “dar-lhe as costas”, para
dificultar a ação de interceptação.
• De criação: são as ações diferentes das já citadas, ou seja, aquelas em que o jogador
se destaca pela inovação do movimento, apresentando uma nova forma. Destacam-
se: “elástico”, “pedaladas”, “chapéu”, “carretilha”, “da vaca”, “rolinho”, entre outros que
são considerados dribles, pois necessitam da presença da bola.

ATENÇÃO
É difícil conceber uma finta de criação, mas vale lembrar que é previsto
que aconteça, até porque nunca se deve duvidar da genialidade e das
surpresas que os jogadores de futebol e de futsal podem executar,
especialmente os brasileiros.

• Corta-luz: é considerado um drible e uma finta (dependendo de quem é o indivíduo


analisado durante a execução), sendo mais comum a presença de, pelo menos, dois
companheiros da mesma equipe para executar essa ação – um com a posse de bola
(portanto, executando um drible) e outro sem a bola (executando uma finta). Assim,
o jogador sem a posse de bola tenta ficar à frente de um ou mais adversários, a fim
de bloquear e atrapalhar a visão dele(s), com o objetivo de facilitar a ação do seu
companheiro que está com a posse de bola. Esse bloqueio pode ser feito por um ou
mais jogadores. É possível também que o corta-luz seja executado “utilizando” um
adversário na ação, ou seja, o jogador percebe que existe algum posicionamento
inadequado dos adversários e faz com que eles se atrapalhem, para que possa manter
a posse de bola. Nesse caso, como foi feito por um único sujeito com o domínio da
bola, pode-se dizer que ocorreu um drible do tipo corta-luz.

IMPORTANTE
As execuções de um drible ou uma finta assemelham-se à prática da capoeira, um
jogo, comumente, praticado no Brasil e dele originário, que propicia ao praticante a
utilização das “gingas”, da “malandragem”. Em razão da predominância do uso dos
membros inferiores na capoeira, os brasileiros tornam-se jogadores diferencia-
dos quando se observa a maneira pela qual executam esses gestos técnicos.
Atualmente, o drible e a finta são ações com muito valor no futebol europeu,
o que faz com que muitos atletas brasileiros sejam contratados por esses
clubes, por causa de suas facilidades na execução desses fundamentos.

124
Esse fundamento, essa ação individual ou habilidade técnica individual é
utilizada, essencialmente, nas ações ofensivas, em que o jogador tentará, no caso do
drible, em posse de bola, superar a marcação de um adversário, conquistando espaços
no campo/quadra; na finta, o jogador tentará, nesse caso, sem a posse de bola, superar
a marcação e conquistar espaços no campo/quadra, a fim de viabilizar a recepção da
bola ou ainda abrir espaços para seus companheiros de equipe.

Figura 13 – Condução de bola, passe, chute, cabeçada no futebol/futsal

Fonte: https://bit.ly/3erxKGL. Acesso em: 10 set. 2022.

2.7 GOLEIRO
O único jogador, tanto no futebol quanto no futsal, que tem prerrogativas
específicas em relação às regras do jogo é o goleiro. Diante dessas peculiaridades, existem
alguns gestos, fundamentos, ações individuais ou habilidades técnicas individuais
executadas pelos goleiros que podem ser analisadas, conforme discutido a seguir.

2.7.1 Controle de bola ou defesa (ação de entrar em contato


com a bola)
• Parada da bola que rola pelo chão: ação de deter a bola quando ela está em contato
com o solo.
• Parada da bola à meia altura: ação de deter a bola quando ela está na altura da cintura.
• Parada da bola alta: ação de deter a bola quando ela está acima da linha da cintura.
• Mergulho: ação de deter a bola quando estiver em desequilíbrio. Esse tipo de ação
pode ser em direção ao solo ou não.
• Amortecimento da bola: ação de conter a bola sem perda de contato, ou seja, sem
espalmar ou rebater deixando-a próxima ao corpo.

125
2.7.2 Arremesso (ação de enviar a bola a um companheiro)
• Com as mãos: pode ser executado com uma ou com as duas mãos e, dependendo do
objetivo, podendo ser curto, médio ou longo, de acordo com a distância do local que
o goleiro deseja que a bola alcance.
• Com os pés: o arremesso assemelha-se ao chute ou ao passe e pode ter como
objetivos um companheiro, um espaço vazio/ponto futuro, lugar nenhum (passe) ou
o gol adversário (chute).
• Colocação no gol (posição tomada pelo goleiro próximo a sua meta).

Quando um goleiro se posicionar para entrar em ação, durante uma jogada, ou


para ficar em constante ação, durante o jogo, necessariamente, ele estará envolvido por
alguns quesitos que dependem de sua intervenção:

• Atenção: quando vislumbra as ações gerais que estão acontecendo no jogo.


• Olhar a bola: quando vislumbra as ações específicas das trajetórias que a bola percorre
no campo de jogo e, possivelmente, a trajetória que irá seguir.
• Deslocamento: ações de movimentação, executadas em função da circulação da
bola no transcorrer do jogo.
• Saída de gol que pode ser:
º defensiva (ações com a intenção de diminuir o espaço e a visão do adversário em
relação a sua meta);
º ofensiva (ações com a intenção de participar da movimentação da equipe,

com a finalidade de atacar o adversário e, no caso do futsal, com o objetivo de
acrescentar um jogador a mais, atacando e buscando um desequilíbrio defensivo
do adversário).
• Orientações: ações verbais que o goleiro destaca, a fim de ajudar o posicionamento
dos seus companheiros em determinadas situações. Essas verbalizações acontecem
porque o goleiro se encontra em uma posição privilegiada em relação aos outros
participantes do jogo.

Existem ainda outras intervenções que o goleiro pode executar, como:

• Rebater: ação de rechaçar a bola, fazendo com que ela permaneça em jogo. Pode ser
executada, predominantemente, com o(s) punho(s) ou a(s) palma(s) da(s) mão(s) ou
com outra parte qualquer do corpo.
• Desviar: ação de alterar a trajetória da bola, com a intenção de direcioná-la para fora de
uma das quatro linhas da quadra de jogo. Pode ser executada, predominantemente,
com o(s) punho(s) ou a(s) palma(s) da(s) mão(s) ou com outra parte qualquer do corpo.

126
IMPORTANTE
Em razão das mudanças nas regras do jogo de futsal,
atualmente, os goleiros, além de exercerem funções específicas
de defesa da meta, também executam praticamente todas as
ações que os jogadores de linha, visto que, em grande parte
das equipes, utiliza-se o goleiro fora de sua área de meta.
Algumas equipes usam o jogador de linha como goleiro, para
atuar em situações do jogo nas quais há uma busca rápida
por um resultado positivo. Quando isso ocorre, são inúmeras
movimentações e situações de posicionamento na quadra,
para que a equipe que executa o ataque possa contar,
estrategicamente, com um jogador de linha a mais, no caso,
o “falso” goleiro.
No caso do futebol, muitas equipes têm optado por uma saída de
bola com tiro de meta ou reposição da bola em jogo pelo goleiro
com as mãos, próximo à grande área do goleiro, o que implica a
sua participação efetiva, especialmente em ações de passe.

ATENÇÃO
TREINAMENTO DO GOLEIRO
A ação do goleiro está diretamente ligada a sua capacidade
de reconhecer, de forma rápida, as informações ambientais
e, assim, planejar a ação mais adequada e acionar os grupos
musculares responsáveis para executar uma ação rápida
e precisa, em um ambiente de constantes modificações. O
treinamento do goleiro deve, então, se aproximar, ao máximo,
das características do jogo, sendo que a sua organização
deve simular o ambiente, com ocorrências que provoquem
mecanismos de associação às diferentes situações do jogo. Os
treinamentos devem proporcionar ao goleiro o maior número
de vivências tático-técnicas em todos os aspectos, a fim de que
ele consiga dominar o que deve fazer, quando fazer, como
fazer e onde fazer cada ação.

Figura 14 – Goleiro no futebol/futsal

Fonte: https://bit.ly/3T0am2g. Acesso em: 10 set. 2022.

127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos e interpretações das habilidades técnicas individuais do futebol e do futsal:


as habilidades técnicas individuais são gestos característicos de cada modalidade
esportiva e, em se tratando de futebol e futsal, existem muitas semelhanças, no que
diz respeito a essas ações, ainda que a bola utilizada em cada uma das modalidades
seja diferente.

• Fases para a execução das habilidades técnicas individuais do futebol e do futsal:


para que a execução de uma habilidade técnica individual, no futebol ou no futsal,
seja realizada de modo satisfatório, o indivíduo, necessariamente, percorrerá três
fases: a fase de preparação; a fase de ação e a fase final.

• Habilidades técnicas individuais específicas no futebol: domínio de bola, controle de


bola, passe, chute, drible, finta, condução de bola. Há, ainda, algumas técnicas que
são específicas do goleiro.

• Habilidades técnicas individuais específicas no futsal: domínio de bola, controle de


bola, passe, chute, drible, finta, condução de bola. Há, ainda, algumas técnicas que
são específicas do goleiro.

128
AUTOATIVIDADE
1 Gestos, fundamentos ou habilidades técnicas individuais podem ser vistos e
reconhecidos pela forma racional, ideal e eficiente, baseada na biomecânica e
correspondente a uma sequência de movimentos realizada corretamente de
determinado gesto, que faz parte de todo o suporte que um indivíduo necessita ter
para participar, de modo efetivo, em uma modalidade esportiva. Além disso, esses
movimentos têm particularidades relacionadas a uma modalidade esportiva, tanto
nos aspectos individuais quanto nos coletivos, visto que, quando executada de modo
adequado, proporciona uma atuação motora de melhor qualidade, possibilitando,
ao esportista, uma ação mais objetiva e econômica. Soma-se, ainda, o fato de que
o domínio do gesto, fundamento ou habilidade técnica é parte de um contexto
extremamente importante para um bom raciocínio e desempenho tático, ou seja, um
esportista, tecnicamente, eficiente pode visualizar melhor o posicionamento dos seus
companheiros e dos adversários, tomando decisões mais rápidas e adequadas nas
diferentes situações durante uma disputa. Diante do exposto, para a realização de
um bom gesto, fundamento ou habilidade técnica, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita intensidade, volume, força e velocidade,
a fim de alcançar os objetivos, sendo que a melhora desses movimentos acontece a
partir de estudos científicos.
b) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita calma, segurança, concentração
e flexibilidade, a fim de alcançar os objetivos, sendo que a melhora desses
movimentos acontece a partir de estudos empíricos.
c) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita coordenação, precisão, ritmo
e leveza, a fim de alcançar os objetivos, pois a melhora desses movimentos
acontece a partir de treinamentos.
d) ( ) O indivíduo deve executar a ação com muita ética, amor, carinho e dedicação, a
fim alcançar os objetivos, uma vez que a melhora desses movimentos acontece
a partir do descanso orientado.

2 Nas diferentes situações em que o esportista executa um gesto, um fundamento


ou uma habilidade técnica individual, ocorrem três fases: a fase de preparação
(quando o executante se concentra e elabora um esquema motor para a ação a
ser realizada), a fase de ação (a principal fase, quando o executante operacionaliza
aquilo que foi predeterminado na fase anterior) e a fase final (em que termina a
execução do gesto). Nessa temática, existem também as fases de aprendizagem,
pelas quais os indivíduos devem ser submetidos durante o treinamento. Com
base nas reflexões sobre a aprendizagem de gestos, fundamentos ou habilidades
técnicas individuais, relacionadas com os estágios das fases de aprendizagem,
analise as sentenças a seguir:

129
I- Estágio de iniciação: deve ter baixa intensidade e ênfase no resultado, com foco ao
desenvolvimento específico no esporte, apenas no desempenho de uma modalidade
esportiva, tendo o treinamento variado e momentos de competição.
II- Estágio de formação esportiva: deve haver um aumento moderado na intensidade das
propostas, enfatizando o desenvolvimento de aptidões e de habilidades motoras, sem
focar, de modo específico, em questões relacionadas ao desempenho e a vitórias.
III- Estágio de especialização: deve acontecer com mudanças mais relevantes nos
treinamentos, sendo o volume e a intensidade planejados de modo a evitar lesões,
e os esportistas, por sua vez, passam a ter maior tolerância às exigências dos
treinamentos e das competições.
IV- Estágio de alto desempenho: deve acontecer como resultado da boa elaboração
dos planejamentos das fases anteriores, tendo sempre, como bases, os princípios
sólidos de desenvolvimento através das ciências.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão incorretas.

3 No futebol e no futsal, a função do goleiro permite algumas situações durante o jogo


que só cabem a esse jogador, que possui prerrogativas específicas em relação às
regras do jogo, podendo, por exemplo, fazer uso das mãos para entrar em contato
com a bola dentro da área de sua meta. A partir dessas particularidades, os goleiros
executam algumas ações específicas. Classifique V para as sentenças verdadeiras e
F para as falsas:

( ) Arremesso: ação de enviar a bola para fora do campo de jogo.


( ) Atenção: ações gerais que acontecem depois do jogo.
( ) Controle de bola ou defesa: ação de entrar em contato com a bola.
( ) Deslocamento: ações de movimentação.
( ) Desviar: ação de manter a trajetória da bola.
( ) Olhar a bola: ação específica durante a trajetória da bola.
( ) Orientações: ações verbais.
( ) Rebater: ação de reter a bola.
( ) Saída de gol: defensiva ou ofensiva.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – F – V – V – F – V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F – F – V – V – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – F – F – V – F – F.
d) ( ) V – F – F – V – V – V – F – F – F.

130
4 Tanto no futebol quanto no futsal, o passe e o chute têm o mesmo conceito. Enquanto
o passe, que pode ser executado com qualquer parte do corpo, é definido como a ação
de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a bola para um companheiro, para um espaço
vazio ou para lugar nenhum, o chute é a ação de tocar, enviar, deslocar ou empurrar a
bola com o objetivo de acertar a meta adversária, essencialmente, executado com os
dois pés, pois ambos participam da ação – o pé de apoio (que não entra em contato
com a bola) e o pé de chute (que entra em contato com a bola). Percebe-se, então,
que a principal diferença entre o passe e o chute, no futebol e no futsal, é o seu
objetivo. Vale ressaltar que quem determina o objetivo do gesto, do fundamento ou
da habilidade técnica individual é o sujeito que o executa. Ao analisar as diferentes
possibilidades de se executar um passe (com os pés) ou um chute, identifica-se o
local onde a bola entra em contato com as diferentes partes do pé. A partir dessa
contextualização, disserte sobre os diferentes locais de contato da bola com o pé,
para se executar um passe ou um chute, tanto no futebol quanto no futsal.

5 Entre os gestos, os fundamentos ou as habilidades técnicas individuais que


trazem mais emoção para os praticantes e para aqueles que assistem e apreciam
tanto o futebol quanto o futsal, estão os dribles e as fintas. O conceito desses
dois fundamentos é praticamente o mesmo, sendo descritos como a ação de se
desvencilhar, enganar, iludir, ultrapassar um ou mais adversários. A diferença entre
essas duas ações é que, no caso do drible, há a posse de bola e, na finta, não há a
posse de bola. Nesse contexto, disserte sobre os diferentes tipos de dribles e fintas
que podem ser utilizados por jogadores de futebol e de futsal.

131
132
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
TREINAMENTO DAS HABILIDADES TÉCNICAS

1 INTRODUÇÃO
De modo geral, treinamento se refere à organização de atividades e/ou ações
com objetivo de melhorar algum tipo de comportamento, conhecimento, atividade,
aspecto, relações, sistema, ação ou atitude, relacionado a um indivíduo ou a um grupo
de indivíduos. O conceito de treinamento, via de regra, está quase sempre associado ao
universo dos esportes, das modalidades esportivas e das competições.

Não obstante, treinar significa desenvolver alguma habilidade que desejamos


possuir ou ainda melhorar alguma habilidade que já possuímos. Diante disso, o
treinamento não cabe, exclusivamente, para bons desempenhos físicos, mas também
para melhoras de desempenhos intelectuais e emocionais. Por isso, no caso de práticas
físicas, encontra-se o termo treinamento personalizado, essencialmente, organizado
por um profissional de Educação Física, chamado de personal trainer, que se refere
ao planejamento de atividades para uma única pessoa, de acordo com objetivos
preestabelecidos (SANCHES, 2006).

Para que um indivíduo melhore a sua performance, seja no aspecto físico ou


não, é necessário que faça exercícios, preferencialmente, relacionados aos aspectos
que gostaria de melhorar. Por isso, repetir a execução do exercício ou da tarefa aprimora
e prepara o indivíduo para utilizar, de modo eficiente, as ações outrora treinadas.

Autores, como Kanaane e Ortigoso (2018), sugerem que um treinamento deve ser
planejado com propostas nas quais o indivíduo, que será treinado, será exposto, de modo
repetido, a situações em que o aspecto a ser desenvolvido será utilizado. Vale ressaltar
que a repetição proporcionará, ao executante, mais experiência e, consequentemente,
maior lapidação das habilidades trabalhadas.

Ainda, Kanaane e Ortigoso (2018) acrescentam que, em conjunto com


as discussões acerca de treinamento, pode-se trazer também o conceito de
desenvolvimento. O treinamento comumente acontece em um período mais restrito e
espera-se que o resultado seja mais rápido, diferentemente do desenvolvimento, que
tem uma perspectiva a longo prazo, preconizando a aquisição de novas habilidades,
diferenciando-se, assim, as pessoas envolvidas.

Em uma perspectiva de bons resultados oriundos dos treinamentos, Chiavenato


(1999) afirma que esse é um processo cíclico e contínuo, sugerindo que seja desenvolvido
em quatro etapas:

133
• Diagnóstico: é o levantamento de dados a partir de indicadores.
• Desenho: é a elaboração do programa em conformidade com o diagnóstico.
• Implementação: é a aplicação e a condução do programa elaborado.
• Avaliação: é a etapa final, em que se os resultados serão verificados.

Figura 15 – Treinamento técnico no futebol

Fonte: https://bit.ly/3rT4o7f. Acesso em: 10 set. 2022.

2 TREINAMENTO ESPORTIVO
A especificidade do treinamento esportivo, ou seja, relacionado a algum tipo de
exercício físico ou alguma modalidade esportiva através de seus gestos, fundamentos ou
habilidades técnicas individuais, caracteriza-se pelo processo repetitivo e sistemático,
composto de exercícios progressivos que visam ao aperfeiçoamento do desempenho,
ou seja, é uma atividade organizada e sistematizada de aperfeiçoamento físico, nos seus
aspectos morfológicos e funcionais, que, em consequência, influenciarão diretamente
a capacidade de execução de gestos, fundamentos ou habilidades técnicas individuais
que envolvam possíveis demandas motoras, as quais podem ser esportivas ou não
(BARBANTI; TRICOLI; UGRINOWITSCH, 2004).

No nível didático, os estudos relacionados ao treinamento físico-esportivo


compreendem quatro grandes áreas: avaliação do treinamento, controle do treinamento,
modelos de organização da carga de treinamento e desenvolvimento das capacidades
motoras, sendo que o entendimento dessas áreas, por parte dos profissionais de
Educação Física, propiciará a maximização do rendimento físico-esportivo dos atletas,
pois as exigências do esporte moderno faz com que esses atletas estejam mais
predispostos a lesões e estados de sobretreinamento, em que o rendimento esportivo
será afetado de modo negativo.

De acordo com Frisselli e Mantovani (1999), a aquisição e o desenvolvimento


da técnica, relacionada aos fundamentos do futebol, passam por uma série de fases,
as quais são denominadas de treinamento técnico, que, por sua vez, é definido como a
aprendizagem, o aperfeiçoamento ou o desenvolvimento de um fundamento do futebol.

134
Ao organizar as atividades que serão desenvolvidas, para que se efetive o
treinamento das habilidades técnicas individuais do futebol, os profissionais de Educação
Física, com os outros profissionais que devem fazer parte da equipe multidisciplinar,
levam em conta vários fatores, entre eles:

• fase do treinamento (iniciação, aperfeiçoamento, performance);


• características do grupo de atletas;
• disponibilidade de espaços e materiais;
• tempo para execução dos treinamentos;
• período em que ocorrerão os treinamentos, pensando no calendário de competições.

A partir desse cenário inicial, o treinamento específico de cada um dos gestos,


fundamentos ou habilidades técnicas individuais do futebol e do futsal deve ser
conhecido, entendido e transformado em propostas práticas, a fim de aprimorar cada um
destes movimentos. A ideia destes treinamentos e que o esportista consiga incorporar as
técnicas da maneira mais eficiente e assim tenha possibilidade de utilizar da melhor forma
quando for solicitado nas diferentes situações que vão acontecer durante um jogo.

IMPORTANTE
Para encontrar possíveis erros nas execuções dos gestos, fundamentos ou habilidades
técnicas individuais de um jogador durante uma partida de futebol/futsal ou,
ainda, encontrar falhas nas movimentações coletivas, pode-se utilizar uma
ferramenta chamada de escalte (scout) que fará os registros de tudo que
acontece durante um jogo, tanto para uso da equipe multidisciplinar
como de jornalistas esportivos. Inicialmente, as informações eram
coletas manualmente e preenchidas com lápis e caneta. Hoje,
existem vários programas e softwares para automatizar as análises
e, assim, fornecer os dados, de forma mais rápida e precisa, para
que os profissionais que utilizam esses dados tenham facilidade na
organização do trabalho técnico e tático dos jogadores nas equipes.
Essa ferramenta oferece, além dos dados de um jogo, vídeos dos lances,
que permitem visualizar os principais erros e acertos de cada jogador e
da equipe como um todo. A partir dessas informações, é possível analisar
diferentes jogos e comparar os dados maneira rápida e eficaz.

As discussões práticas de gestos, fundamentos ou habilidades técnicas


individuais do futebol e do futsal serão apresentadas a partir das obras de Alves e Bello
(2020), Pérez Sánchez, Peres dos Santos e Solano (2020), Voser (2019), Lopes e Belozo
(2017), Arruda e Bolaños (2010), Melo (2006; 2001) e Carravetta (2001).

Para o desenvolvimento de gestos, fundamentos ou habilidades técnicas


individuais no futebol/futsal, sugere-se a utilização do método de “parte X todo” ou
método parcial, apresentado por Tenroller e Merino (2006), que sugere que o aprendizado
seja focado na execução das técnicas de modo correto, a partir das repetições em
135
diferentes exercícios, pequenos jogos ou desafios para que, posteriormente, se possa
executar o gesto, fundamento ou habilidade técnica individual da maneira mais eficiente
durante o jogo e, assim, obter melhores resultados. Esse método viabiliza um maior
detalhamento da execução buscando a maneira mais correta, podendo fazer as devidas
correções, quando necessárias. O treinamento com base nesse método se torna
efetivamente individualizado.

2.1 DOMÍNIO DE BOLA E CONTROLE DE BOLA


Para trabalhar esses gestos técnicos, sugere-se uma atividade bem comum aos
praticantes do futebol e do futsal: as “embaixadinhas”. Essa atividade consiste em fazer
diferentes contatos na bola, seja com o pé ou com outras partes do corpo (com exceção
dos membros superiores), fazendo com que a bola se mantenha no alto, ou seja, sem
encostar no chão. Ainda que a execução das embaixadinhas, efetivamente, pouco
seja utilizada em um jogo, as ações e a movimentação que envolvem essa atividade
desenvolve vários aspectos técnicos em um esportista.

A execução das “embaixadinhas” pode ser feita tanto individualmente como


com um ou mais companheiros, o que aumenta o grau de dificuldade. Essa atividade
não necessita de um espaço muito elaborado, mas, sim, uma bola.

Partindo-se do pressuposto de que, para executar um bom domínio de bola,


o esportista deve estar em equilíbrio e, tanto no futebol quanto no futsal, a regra não
permite que o jogador utilize o contato dos membros superiores com a bola (exceto o
goleiro, dentro de sua área de meta), a parte do corpo que predomina, nas ações de
equilíbrio dos jogadores de linha no futebol e no futsal, são os membros superiores.
Diante disso, vale ressaltar que, para executar bons domínios de bola no futebol e no
futsal, deve-se trabalhar atividades que utilizem os membros superiores, para que se
desenvolvam posições corporais equilibradas. Para isso, propõe-se um jogo chamado
de “Birabol”, com as regras e o funcionamento descritos a seguir:

• O jogo é desenvolvido em uma quadra de futsal ou em um campo de futebol,


imaginando-as sem linhas demarcatórias.
• A bola pode ser de futebol, de futsal ou outra qualquer disponível.
• Formam-se duas equipes, que podem variar em número de jogadores, de acordo
com o local.
• O objetivo do jogo é fazer gol na meta adversária.
• A regra básica é não permitir o contato dos membros inferiores com a bola (essa regra
possibilita o uso dos membros superiores para ter posicionamentos, movimentações
e colocações adequados, com finalidade de desenvolver um bom equilíbrio e, como
consequência, um bom domínio de bola).
• O jogador com a posse de bola pode fazer o que quiser com ela: correr, quicar, lançar
e qualquer coisa que evite o contato da bola com os membros inferiores (caso algum

136
jogador toque a bola com os membros inferiores intencionalmente, será punido com
a perda da posse de bola para a equipe adversária).
• Para que o adversário “roube” a bola de quem tem posse, deve apenas tocar com as
mãos em qualquer parte do corpo daquele que está com a bola e, assim, o jogador
que estava com a posse de bola deve aguardar pelo primeiro lançamento ou passe
daquele que a “roubou” (essa situação assemelha-se a uma cobrança de falta e
o cobrador, nesse momento, não poderá ser tocado, mas também não poderá se
deslocar com a bola antes de executar o passe).
• O gol deve ser feito, exclusivamente, com a cabeça, sendo que o jogador não pode
lançar a bola para que ele mesmo a cabeceie para o gol.
• Nesse jogo, não há utilização das linhas demarcatórias, tampouco de goleiros, pois
todos os jogadores têm basicamente as mesmas funções, podendo, de acordo com
a determinação dos grupos, montar as suas estratégias.
• O jogo pode ser desenvolvido por tempo ou por um número de gols predeterminado.

2.2 PASSE
Para trabalhar esse gesto técnico, é necessário organizar o local, a fim de
que a ação atinja um objetivo estabelecido, ou seja, um alvo que pode ser fixo ou em
movimento (no caso do ponto futuro). O treinamento do passe pode ser feito com a
bola parada ou com a bola em movimento. O passe, em grande medida, é feito com os
pés, mas nada impede que se faça com as mãos (goleiro dentro da área de meta ou
arremesso lateral no futebol), com a cabeça, com o peito, com o joelho, com a coxa ou
com o ombro.

É importante, na organização da execução de um passe, quando for executado


com os pés, a colocação do pé de apoio, que pode estar posicionado atrás, ao lado ou à
frente da bola, dependendo de qual região o pé terá contato com a bola.

Caso o jogador esteja sozinho, a proposta é que ele encontre uma parede e faça
deslocamentos paralelos a esse muro, executando toques que serão direcionados em
uma trajetória diagonal, fazendo com que seu toque na parede incida no anteparo com
um ângulo de mais ou menos 45 graus e retorne a ele nesse mesmo ângulo, porém em
um local um pouco mais à frente de onde se iniciou a atividade.

Caso o jogador esteja com um companheiro, a proposta é que façam


deslocamentos pelo campo de jogo, endereçando passes, efetivamente, ao companheiro
posicionado e também executando passes em locais diferentes de onde o companheiro
está, sugerindo o “ponto futuro” ou espaço vazio, o que favorece deslocamentos e
encontros do jogador com a bola.

Quando o treinamento de passe for feito com as outras partes do corpo, é


importante ter dois jogadores, para que um deles realize os lançamentos da bola com

137
as mãos em direção a diferentes partes do corpo do outro (cabeça, peito, joelho, coxa
e ombro), predispondo um objetivo para o qual a bola deverá ser enviada após o passe,
que pode ser um alvo fixo (no caso, seria um suposto companheiro) ou um espaço vazio,
ponto futuro.

2.3 CHUTE
Para trabalhar esse gesto técnico, é necessário que o jogador se atente à meta,
ao gol, que é o objetivo do chute. Ainda que o alvo esteja parado, fixo, em uma situação
de jogo, na maioria das vezes, existirá o goleiro, cuja função é tentar impedir que esse
chute se transforme em gol. O treinamento de chute pode ser feito com a bola parada ou
com a bola em movimento. O chute, via de regra, é executado com os pés. É importante
ter, na organização da execução de um chute, a colocação do pé de apoio, que pode
estar posicionado atrás, ao lado ou à frente da bola, dependendo de qual região o pé
terá contato com a bola.

O treinamento do chute, quando for feito com a bola parada (por exemplo,
em uma situação de cobrança de falta em um jogo), pode ser desenvolvido de modo
solitário, ou seja, o esportista colocará a bola em locais variados do campo de jogo e,
repetidas vezes, tentará acertar o alvo, no caso a meta.

Ainda sozinho, no caso de treinar o chute com a bola em movimento, é possível


que o esportista toque a bola em direção a um aparato (parede ou muro) e, quando a
bola retornar, fazer o chute em direção à meta.

No caso de termos duas ou mais pessoas treinando chutes, sugere-se a


utilização de um jogo chamado “chutegol”, que tem as seguintes regras:

• O objetivo é executar chutes com a bola em movimento.


• Pode-se usar a meta (gol) ou uma parede (desde que demarcado o alvo).
• Forma-se uma fila, na qual o primeiro da fila executará o primeiro chute com a bola
parada em uma distância combinada previamente.
• A bola deve entrar e sair da meta ou bater no alvo localizado na parede.
• O objetivo desse primeiro chute é fazer com que a bola entre e saia da meta; no caso
da parede, deve bater no alvo demarcado.
• O segundo da fila deverá chutar com apenas um único contato com a bola, assim
como os demais colegas, sucessivamente, um depois do outro.
• No caso de o jogo ser feito em uma meta, após o chute, o “chutador” estará
desclassificado se:
º a bola acertar a trave ou o travessão sem que entre no gol;
º a bola entrar na meta, mas não sair do gol, ou seja, a bola permanecer dentro do gol;
º a bola ficar presa em algum local dentro da meta, por exemplo, na rede ou nos
ferros que compõe a trave;

138
º o “chutador” entrar em contato com a bola pela segunda vez antes de outro
participante o fazer;
º a bola furar a rede.
• No caso de o jogo ser feito em uma parede, após o chute, o “chutador” estará
desclassificado se:
º a bola não acertar no espaço demarcado;
º o “chutador” entrar em contato com a bola pela segunda vez antes de outro
participante o fazer.
• Caso haja erros e desclassificação de algum participante, o jogo será reiniciado com
um chute do mesmo local previamente acordado.
• Caso a bola toque em algum participante que não tenha feito essa intervenção na
sua vez de atuação, ele também estará desclassificado.
• Vence o jogo o último jogador que permanecer sem cometer nenhuma infração.

2.4 CONDUÇÃO DE BOLA


Para trabalhar esse gesto técnico, é necessário ter um espaço relativamente
amplo e semelhante ao campo de jogo, no quesito de terreno, pois o deslocamento da
bola será diferenciado, de acordo com o local por onde se deslocar. A ideia é promover
situações em que o esportista conduza a bola em diferentes direções e sentidos, com
as diferentes partes dos pés.

Esse treinamento pode ser feito tanto individualmente como com dois ou
mais companheiros. No caso de ser realizado sozinho, o esportista conduzirá a bola
em diferentes sentidos e direções, com diferentes velocidades, de acordo com as suas
próprias orientações. No caso de treinos em grupos, é possível que um dos envolvidos
monte um caminho a ser seguido pelos demais colegas, com algumas dificuldades, que
podem ser obstáculos, mudanças de sentidos e direções previamente determinadas,
com aumento ou diminuição da velocidade.

Outra possibilidade é que, enquanto um esportista conduz a bola, o outro


oferecerá tarefas a serem cumpridas (podem ser verbais ou visuais). Por exemplo:
“carregue a bola para o lado direito”, “agora para trás”, “agora com o pé esquerdo para o
lado”, “mais rápido”, “mais devagar”, e assim por diante.

2.5 DRIBLE OU FINTA


Para trabalhar esses gestos técnicos, é importante que as propostas contemplem
situações em que o esportista esteja com a bola (drible) ou sem a bola (finta). Se o esportista
estiver sozinho, pode-se criar um circuito, no qual ele fará deslocamentos com a bola ou sem
a bola e, além disso, em cada obstáculo, ele deve executar um tipo de ação. Por exemplo,
no cone, ele deve executar um drible/finta simples e, na cadeira, um drible/finta com giro.

139
No caso de treinos em grupos, pode-se sugerir que os indivíduos andem ou
corram pelo espaço, com ou sem a bola, sendo que um dos membros do grupo deve
sugerir, em determinado momento, qual drible/finta quer que os seus colegas executem.

Figura 16 – Treinamento técnico no futsal

Fonte: https://www.guarapuava.pr.gov.br/noticias/pela-1a-vez-guarapuava-tera-equipe-feminina-de-fut-
sal-sub-20-disputando-a-liga-nacional/. Acesso em: 10 set. 2022.

140
LEITURA
COMPLEMENTAR
VELOCIDADE E FORÇA EM JOGADORES DE FUTEBOL:
ANÁLISE EXPLORATÓRIA

Fabrício Henrique Ferreira Do Nascimento


Vinicius Pereira Urbano
Paulo Henrique Barbosa
Anderson Martelli
Idico Luiz Pellegrinotti

INTRODUÇÃO

O Brasil é um país em que o desporto predominante é o futebol e isso está em


nosso cotidiano através das conversas, discussões e vínculos de amizades. Geralmente,
não é dado muito valor em outros assuntos e acontecimentos importantes em nosso
território, como exemplo as eleições em comparação ao futebol (FERREIRA, 2011).

Entretanto, a mesma população não possui, na sua maioria, o conhecimento


geral desse esporte, não acompanhando os treinamentos pelo qual o jogador do seu
time de coração passa durante a semana para estar em plenas condições de estar em
campo, logo, não reconhecendo a importância de um treino bem realizado.

Nas correlações do futebol com a cultura, lazer e integração social, aparece


o futebol na esfera profissional, em que congrega profissionais de todos os campos
científicos e tecnológicos. O futebol de campo é uma atividade complexa, que exige do
jogador o desenvolvimento de diversas capacidades físicas, motoras e psíquicas. O grau
de desenvolvimento das capacidades físicas no futebol é fator determinante do nível
desportivo do jogador (BALIKIAN et al., 2002).

Nesse contexto, está a preparação do esportista profissional que inspira muitos


cuidados, pois sua atuação exige nos jogos competitivos esforços que atingem com
constância ações próximas dos limites físicos. Com a preocupação de proteger a
integridade física do futebolista, os profissionais da comissão técnica, com exclusividade
os preparadores físicos, estão constantemente em contato com as pesquisas que
apontam melhores protocolos e metodologias na aplicação de esforços repetitivos que
favoreçam a melhoria da performance.

Kunrath et al. (2016) relatam que o futebol é um esporte em que na maior


parte de uma temporada são disputados vários campeonatos simultâneos, dificultando

141
a organização de período ideal de preparação periodizada das capacidades físicas
essenciais. Entre as preocupações da comissão técnica em relação ao desempenho,
situa-se a força muscular e a velocidade de movimento como fatores primordiais para
a eficácia do jogador.

Basso e Farias (2019) classificam a força explosiva como um fator de suma


importância para o futebol, uma vez que, por se tratar de um esporte dinâmico, é necessário
que o jogador possua um bom nível dessa capacidade para se ter sucesso em uma jogada
dentro de campo, destacando, como exemplo, uma disputa do cabeceio pelo alto.

Atualmente, há uma real preocupação com treinamento e a busca em aprimorar


as capacidades físicas dos atletas que levem para maior desempenho técnico e tático
durante um jogo. Nesse sentido, as capacidades físicas de velocidade e força muscular
no treinamento de futebolista têm despertado um grande interesse na preparação física
das equipes de alto nível nacional e internacional. Assim, o presente estudo objetiva
demonstrar uma análise exploratória com ênfase ao treinamento das capacidades de
velocidade e força no futebol e seus efeitos na performance atlética.

METODOLOGIA

Para a realização do trabalho, foram selecionados estudos em diferentes bancos


de dados. A partir dos artigos selecionados foi feita uma análise qualitativa dos artigos e,
posteriormente, foi dado início à discussão dos dados obtidos.

Para a composição da presente revisão, foi realizado um levantamento


bibliográfico nas bases de dados Scielo, Bireme, Medline, Pubmede biblioteca
institucional de artigos científicos publicados entre os anos de entre 2002 e 2019,
utilizando como descritores isolados ou em combinação em inglês e português: futebol;
treinamento, velocidade; força muscular; assim como consultas de livros acadêmicos,
para complementação das informações.

Para seleção do material, efetuaram-se três etapas, conforme descrito por Martelli
(2013). A primeira foi caracterizada pela pesquisa do material que compreendeu entre os
meses de janeiro a outubro de 2019 com a seleção de 39 trabalhos. A segunda, leitura
dos títulos e resumos dos trabalhos, visando a uma maior aproximação e conhecimento
com o tema. Após essa seleção, buscaram-se os textos que se encontravam disponíveis
na íntegra, totalizando 21 trabalhos, sendo estes, inclusos na revisão.

Como critérios de inclusão dos artigos, analisaram-se a procedência da revista


e indexação, estudos que apresentassem dados referentes ao tema proposto. Como
critério de exclusão, utilizou-se referência incompleta e informações desacreditadas,
já que essa pesquisa visa a revisar os conhecimentos atualizados sobre o tema.
Não obstante, as diretrizes e os ditames associados à propriedade intelectual foram
rigorosamente observados.

142
RESULTADOS

Foi realizada uma investigação focada em apresentar e discutir os achados da


literatura referentes ao treinamento das capacidades de velocidade e força no futebol e
seus efeitos na performance atlética.

Os treinamentos de velocidade são importantes, pois é uma capacidade


considerada decisiva nas jogadas e nos deslocamentos em campo. Segundo Dias
et al. (2016), o atleta realiza corridas de alta intensidade em cerca de apenas 8% do
tempo de uma partida e menos de 1% desse tempo é gasto com sprints de velocidade
máxima, nos quais o jogador percorre menos de 15 metros, tendo o predomínio de
seu metabolismo anaeróbio alático. Entretanto, ainda segundo os autores, embora
esse número ações seja pequeno, mesmo assim, representam ações que podem
ser decisivas para o resultado de uma partida, estando presente em situações tanto
de ofensivas como defensivas. Os autores realizaram estudo com atletas do futebol
feminino durante a pré-temporada, a fim de avaliar os efeitos do treinamento físico na
composição corporal e em sprints repetidos das jogadoras. Os treinamentos aplicados
consistiram principalmente em sessões treinamentos técnicos e táticos, priorizando a
potência muscular, sendo realizados durante sete semanas. Os resultados apontaram
melhoras no tempo de sprints e redução da fadiga.

Corroborando sobre a importância do treino de potência, Berbet (2019) afirma


que a força explosiva de membros inferiores é importante para a realização das ações
de jogo no futebol, já que os atacantes e os zagueiros apresentaram bons resultados no
Sargent jump test (SJT), levando sucesso em uma jogada para posse da bola, corrida de
velocidade para um cruzamento ou ainda para um rápido contra-ataque. Essas relações
são fundamentais para uma forte correlação entre a habilidade nos saltos verticais com
a habilidade em executar sprints curtos em jogadores de futebol de nível competitivo.

Com referência ao treinamento de velocidade, Pasquarelli et al. (2009)


fizeram uma revisão relatando estudos que aplicaram a treinamentos de velocidade e
compararam seus dados de estudo com 154 atletas que treinaram sprints. Nos estudos
comparativos relatados, houve semelhanças com seus dados, quando comparados nas
distâncias de 10, 20, 30 e 40 metros, embora encontrando pesquisas que pontavam
diferenças significantes ao do autor, em virtude do número da amostra, nível competitivo,
mas, pode-se afirmar que o trabalho de sprints melhora o desempenho nas velocidades
estudadas.

Treinamentos de saltos e agilidade são indicadores importantes do desempenho


na capacidade velocidade; assim, Gonçalves e Navarro (2017) aplicaram em 20 jogadores
de futsal na categoria estudantil, subdivididos em dois grupos: A e B onde A treinou
força explosiva durante 8 semanas e no teste após treinamento observaram melhora no
teste de velocidade em relação ao B que não fez o treinamento. Isso também ocorreu no
estudo de Campos (2013), que aplicou programas voltados à velocidade.

143
Uma tendência de treinamento que vem surgindo para melhorar as capacidades
de força muscular e velocidade é o treino pliométrico, que, segundo Moura (2005),
pode ser definida como um conjunto de exercícios que têm como objetivo aumento na
capacidade do músculo em armazenar e reutilizar energia elástica, além de aumentar
sua potencialização reflexa e mecânica.

Utsch, Guerra e Porcaro (2009) realizaram treinamento pliométrico durante


oito semanas; os atletas foram divididos em dois grupos, para participarem dos treinos,
sendo um grupo na grama e outro na areia. Os resultados não apontaram melhora
significante na velocidade e na força de membros inferiores entre os grupos. O mesmo
acontecendo com o estudo de Flavio, Oliveira e Souza (2018) que aplicaram programa
de velocidade. Os estudos apontam para forte indicação do treinamento de velocidade
para jogadores de futebol tendo em vista a característica do jogo de futebol em que
as mais efetivas ações são feitas em espaço curto e com alta velocidade. Após o fim
das 8 semanas de treinamento, foi possível verificar melhorias na força e velocidade
de membros inferiores nos jogadores da amostra. Segundo (Kawauchi et al., 2009), tal
melhoria foi devido a ajustes neurais motores, os quais foram estimulados pelo uso de
faixas elásticas nos treinamentos.

A observação da força muscular, segundo vetor pesquisado neste estudo em


jogadores de futebol, partiu do desempenho dos goleiros que treinavam muitos saltos
e apresentavam bom desempenho na capacidade velocidade. Nesse sentido, Gomes
(2011) realizou treinamentos de força muscular para verificar possíveis ganhos em saltos
horizontais e verticais em goleiros com idade de 15 e 16 anos. Antes e após o período de
treinamento foram aplicados testes de salto vertical e horizontal, logo, ao fim do estudo
foram constatados ganhos de cerca de 9 centímetros em relação ao salto horizontal e 7
centímetros em relação ao salto vertical desses goleiros.

Bussi et al. (2017) realizaram treinamentos de força em atletas da categoria sub


20 que não possuíam experiência nesse tipo específico de treino em um período de doze
semanas, com objetivo de observar os possíveis ganhos de massa muscular dos atletas.
Foram aplicadas 24 sessões de treinamento alternando treinamento para hipertrofia e
para força muscular, após as 24 sessões observaram que houve melhora significante no
teste de 10 RM, resultado que aponta para melhores desempenhos durante uma partida.

Gomes e Souza (2009) retratam, em seu estudo, treinamento de meio


agachamento, realizado três vezes por semana, durante oito semanas, consistindo em
quatro séries de cinco repetições e com 85% de 1RM. Os resultados evidenciaram um
aumento de 52%, de 161kg para 215 kg. Esse programa de treinamento também possibilitou
melhoras nos sprints de 10 e 40 m respectivamente. A conclusão do trabalho indica que a
aplicação do treinamento de força deve ser com cargas acima de 75% de 1RM.

Entretanto, a literatura também apresenta estudos paradoxais, como Bulgarelli


et al. (2019), que realizaram treinamentos de força com atletas profissionais que
apresentavam um histórico de anos de treinamento, concluíram que 5 semanas de

144
treinamento não foram o suficiente para apresentar resultados significativos quanto
a capacidade de força explosiva desses atletas. Nesse estudo, fica evidenciado que a
carga de treinamento de força aplicada durante a fase de preparação no grupo avaliado
foi ineficaz para a produção do aumento da capacidade de força explosiva. Boa parte do
treinamento aplicado, 69,31%, teve ênfase em outras capacidades físicas, fazendo com
que os resultados obtidos, através do teste de força, não apresentassem melhora após
cinco semanas no período preparatório.

Segundo Pinto et al. (2017), o treinamento de força vem sendo mais aplicado
pelos preparadores físicos pelo fato de o futebol se encontrar em um processo de
mudança quanto as próprias características do jogo em si, tendo por sua vez novos
objetivos para se alcançar durante uma partida, com base no mesmo, as situações
de jogo que podem caracterizar o comprometimento dessa capacidade são: contatos
com bola, corridas, saltos, mudanças de direções, nos giros, nas fintas, disputas com o
adversário, entre outras diversas ações.

As posições dos jogadores em campo e suas funções são relevantes e Pinto


et al. (2017) relatam o estudo de Fahey (2014), afirmando que cada atividade física tem
sua especificidade durante o jogo; com isso, é correto encadear um treinamento para a
capacidade força sem fugir do objetivo que o atleta e sua posição no esporte exigem.

Silva, Campos e Miguel (2018) realizaram um estudo, em que submeteram


testes de força explosiva em crianças com idade de 13 anos, as quais 21 alunos dos
42 avaliados realizam aulas de futebol em uma escolinha, e os outros 21 participam
apenas de aulas de educação física escolar. Para verificar a força explosiva dos alunos
avaliados aplicaram teste de salto horizontal. Os resultados indicaram que os indivíduos
pertencentes ao grupo não praticantes de futebol saltaram em média 1,49±0,17 metros
de distância, sendo que a maior parte dos avaliados apresentaram níveis de força
de membros inferiores abaixo do esperado para idade. Quanto ao grupo praticante,
a distância média saltada foi de 1,61±0,14 metros, sendo a maior parte dos avaliados
classificados com nível bom de força muscular de membro inferior. Com base nesses
resultados, os autores afirmam que o desenvolvimento de força em membros inferiores
em adolescentes está diretamente relacionado a estímulos físicos, sendo que o
treinamento em escolinhas de futebol pode promover tais estímulos.

Silva, Campos e Miguel (2018) ainda relatam que é necessária a realização de


mais estudos, que podem ser realizados uma série de outras maneiras de se aplicar
treinamento de força com objetivo de determinar o quanto estes treinamentos podem
estar influenciando no desempenho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A popularidade da prática do futebol, no Brasil, fica bem evidenciada quando


se trata do amor do brasileiro pelo esporte. Sendo um esporte populoso, tornou-
se uma prática bem competitiva no âmbito profissional. Este estudo apontou que os

145
treinamentos para as capacidades de velocidade e de força muscular em jogadores de
futebol são vistas como as mais relevantes, junto aos treinamentos técnicos e táticos.

Nesse sentido, a literatura consultada sobre o tema desperta o olhar mais atento
dos profissionais ligados à preparação física de jogadores para essas duas capacidades,
recomendando que os treinamentos táticos e técnicos sejam acompanhados das
capacidades de sprinters e saltos, para influenciarem a capacidade de ações nos contra-
ataques, velocidade de reação nos saltos para cabeceios, chutes e passes em movimento.

Fonte: adaptada de NASCIMENTO, F. H. F. et al. Velocidade e força em jogadores de futebol: análise


exploratória. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 2, p. 8371-8379, fev. 2020. Disponível em: https://
brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/7049/6184. Acesso em: 30 jul. 2022.

146
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos e interpretações sobre treinamento, o qual é visto como uma atividade


organizada que tem por objetivo aprimorar algum tipo de comportamento,
conhecimento, atividade, aspecto, relações, sistema, ação ou atitude que pode ser
relacionado a um indivíduo ou a um grupo de indivíduos.

• Conceitos e interpretações específicas sobre treinamento esportivo, o qual está


associado ao universo dos esportes, das modalidades esportivas e das competições,
e foca o planejamento em atividades específicas as particularidades de uma
modalidade esportiva.

• Conhecimento de diferentes áreas do treinamento esportivo, que compreende muito


mais do que apenas questões físicas ou motoras, passando pelas áreas de avaliação
do treinamento; controle do treinamento; modelos de organização da carga de
treinamento e desenvolvimento das capacidades motoras.

• Treinamento das habilidades técnicas individuais no futebol e futsal: o desenvolvimento


das habilidades técnicas individuais no futebol/futsal pode acontecer a partir dos
métodos de “parte X todo” ou método parcial.

147
AUTOATIVIDADE
1 Nas questões relacionadas ao treinamento esportivo, especificamente, encontram-
se processos repetitivos e sistemáticos, compostos por exercícios progressivos que
visam ao aperfeiçoamento do desempenho. Sobre como o treinamento esportivo é
considerado, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Trata-se de uma atividade organizada e sistematizada de aperfeiçoamento


mental, nos seus aspectos intrínsecos e extrínsecos, que, em consequência,
influenciarão diretamente a capacidade de execução das relações interpessoais
e intrapessoais que envolvam possíveis demandas motoras relacionadas a uma
modalidade esportiva.
b) ( ) Trata-se de uma atividade organizada e sistematizada de relaxamento corporal,
nos seus aspectos musculares e articulares, que, em consequência, influenciarão
diretamente a capacidade de flexibilidade de gestos, fundamentos ou habilidades
técnicas individuais que envolvam possíveis demandas nas atividades rítmicas.
c) ( ) Trata-se de uma atividade organizada e sistematizada de aperfeiçoamento
físico, nos seus aspectos morfológicos e funcionais, que, em consequência,
influenciarão diretamente a capacidade de execução de gestos, fundamentos
ou habilidades técnicas individuais que envolvam possíveis demandas motoras,
as quais podem ser esportivas ou não.
d) ( ) Trata-se de uma atividade organizada e sistematizada de aperfeiçoamento
motor, nos seus aspectos finos e grossos, que, em consequência, jamais irão
influenciar diretamente as demais capacidades físicas do ser humano ou as
habilidades técnicas individuais que envolvam possíveis demandas motoras ou
não relativas à vida diária.

2 Em nível conceitual, o termo treinamento faz referência a uma organização de


atividades e/ou ações que objetiva melhorar algum tipo de comportamento,
conhecimento, atividade, aspecto, relações, sistema, ação ou atitude, relacionado
a um indivíduo ou a um grupo de indivíduos. Por isso, treinar significa desenvolver
alguma habilidade que desejamos possuir ou, ainda, melhorar alguma habilidade
que já possuímos. Os treinamentos são eventos cíclicos e contínuos, que ocorrem
em diferentes etapas. Com base nas reflexões acerca dessa temática, analise as
sentenças a seguir:

I- A etapa de diagnóstico é a hipótese de dados, por meio de discussões.


II- A etapa de desenho é a elaboração do programa sem relação com o diagnóstico.
III- A etapa de implementação é a aplicação e a condução do programa elaborado.
IV- A etapa de avaliação é a etapa final, em que se os resultados serão verificados.

148
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão incorretas.


b) ( ) Somente a sentença III está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença IV está correta.

3 A condução de bola é um gesto técnico fundamental aos esportistas em um jogo


de futebol ou futsal e, para treinar esse fundamento, a principal ideia é promover
situações em que o esportista conduza a bola em diferentes direções e sentidos, com
as diferentes partes dos pés, o que pode ser realizado individualmente ou em grupo.
De acordo com os entendimentos dessa habilidade técnica individual, classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Quando um esportista treina a condução de bola sozinho, ele conduzirá a bola por
diferentes sentidos e direções, com diferentes velocidades, de acordo com as suas
próprias orientações.
( ) Quando um esportista treina a condução de bola em grupo, um colega pode montar
um caminho a ser seguido por todos com alguns obstáculos, mudanças de sentidos
e direções, com aumento ou diminuição da velocidade.
( ) Quando um esportista treina a condução de bola em grupo, um colega oferecerá
tarefas a serem cumpridas, que podem ser verbais ou visuais (por exemplo, “carregue
a bola para o lado esquerdo”, “carregue a bola para trás” etc.).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) V – V – V.
d) ( ) V – V – F.

4 Entre as habilidades técnicas individuais mais importantes, no futebol e no futsal, estão o


domínio e o controle de bola, que fazem relação direta com ações que envolvem o contato
com a bola, necessitando de um bom equilíbrio incorporado para a sua eficiência. Para se
manter em equilíbrio, o esportista deve manter bom uso dos membros superiores, visto que
os membros inferiores estarão em desequilíbrio, para realizar deslocamentos e contatos
com a bola. Descreva algum jogo que envolva esses gestos no futebol ou no futsal.

5 O chute é um dos gestos mais utilizados no futebol e no futsal, pois compreende


o momento que uma jogada termina com a possibilidade de se fazer um gol. O
treinamento de chute pode ser feito com a bola parada ou em movimento e, via de
regra, é executado com os pés. É importante ter, na organização da execução de
um chute, a colocação do pé de apoio, que pode estar posicionado atrás, ao lado
ou à frente da bola, dependendo de qual região o pé terá contato com a bola. O
treinamento do chute pode ser organizado com a bola em movimento. Descreva
algum jogo que envolva esse contexto no futebol ou futsal.
149
150
REFERÊNCIAS
ALVAREZ, J. C.; SOTO, V. M.; BARBERO-ALVAREZ, V.; GRANDA-VERA, J. Match analysis
and heart rate of futsal players during competition. Journal of Sports Sciences, v. 26,
n. 1, p. 63-73, 2008.

ALVES, U. S.; BELLO, N. Futsal: conceitos modernos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2020.

ALVES, U. S.; VIEIRA, S. L. S. Futebol de salão e futsal: origens diferentes, objetivos comuns.
In: SILVA, C. L. da (org.). Aspectos pedagógicos e socioculturais da educação física e
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154
UNIDADE 3 —

HABILIDADES TÁTICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as diferentes táticas do futebol;

• conhecer as diferentes táticas do futsal;

• entender as formas de treinamento tático do futebol;

• entender as formas de treinamento tático do futsal.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL


TÓPICO 2 – TÁTICAS DE JOGO NO FUTSAL
TÓPICO 3 – TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

155
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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156
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL

1 INTRODUÇÃO
O futebol é um dos eventos mais assistidos em todo o planeta e, em se tratando
de competições, a Copa do mundo de futebol tem atraído olhares por todos os cantos do
mundo, uma vez que o jogo da final e o de abertura apresentam audiências muito altas.

Esse grande número de espectadores e fãs da modalidade enveredam por


grandes quantidades de discussões, publicações e reflexões acerca dos mais variados
temas relacionados ao futebol. Diante disso, é imprescindível destacar as diferentes
maneiras de conceituar e analisar, tanto os gestos técnicos individuais quanto as ações
coletivas, que podem ser chamadas de táticas de jogo.

A principal diferença, no que tange às questões relacionadas a técnica individual,


gestos, fundamentos, ações individuais ou habilidades técnicas individuais, relativas à
tática, está, justamente, na quantidade de envolvidos; enquanto a técnica trata de cada
jogador de modo isolado, individualmente, a tática tem a perspectiva de vislumbrar a
equipe, ou parte da equipe, sempre dois ou mais jogadores.

Figura 1 – Campo de futebol

Fonte: https://bit.ly/3D1Fnx4. Acesso em: 10 set. 2022.

No caso do futebol, muito além da evolução dos equipamentos dos atletas, da


forma como se organiza a preparação física e dos tipos de gramados, aconteceram
também muitas mudanças com relação às táticas do jogo.

A atenção dos treinadores e dos membros das equipes técnicas passa a ser
a posição e os diferentes e possíveis posicionamentos dentro do campo de jogo, em
uma tentativa de criar e planejar estratégias ativas e alternativas, principalmente
relacionando-as aos diferentes adversários, ao tipo de campeonato, à posição na tabela
e ao local do jogo, a fim de alcançar as tão desejadas vitórias.

157
Uma das principais primícias da montagem e da organização das táticas de jogos
no futebol é desestruturar a equipe adversária, organizando as diferentes possibilidades
de atingir os pontos mais fracos do seu adversário, utilizando os pontos mais fortes da
própria equipe; logo, é fundamental que o treinador estude, de modo aprofundado, as
equipes adversárias antes dos jogos.

Para que isso aconteça, de modo eficiente e efetivo, cabe ao treinador conhecer
individualmente seus jogadores em nível técnico, com o objetivo de poder utilizar essas
características individuais, da melhor maneira possível, de forma coletiva.

A preparação da equipe em nível tático, antes de uma partida, pressupõe


conhecer e estruturar o posicionamento dos jogadores, a fim de ocupar os melhores
espaços e setores do campo de jogo, tanto em condições de posse de bola quanto em
condições de não posse de bola.

Via de regra, nessa modalidade esportiva coletiva, a importância da técnica é


muito grande, mas perde quase todo o sentido se a utilização dessa técnica estiver em
desacordo com as ações e as funções coletivas treinadas.

2 CONCEITOS SOBRE SISTEMA DE JOGO E TÁTICA DE JOGO


Em se tratando de futebol e de futsal, os conceitos relacionados a essas
temáticas são bem parecidos.

Como ações coletivas, Alves e Bello (2020) entendem ser as movimentações


ordenadas, preestabelecidas e treinadas, que são desenvolvidas para aproveitar, da maneira
mais eficiente, o potencial individual de cada esportista dentro do grupo. Esse aproveitamento
está relacionado à intervenção e à participação no campo de jogo de forma coletiva.

As ações coletivas de uma equipe dependem diretamente dos conhecimentos


técnicos de cada um dos jogadores que o treinador tem disponíveis, somados a seus
conhecimentos táticos, ousadia e criatividade, que servem para associar e organizar as
habilidades técnicas individuais de cada atleta com as possíveis utilizações dentro do
grupo durante uma partida.

Alves e Bello (2020) ressaltam que as ações coletivas só terão sucesso e eficácia
se estiverem adequadas às características e aos potenciais de cada jogador. Essas
ações são a efetiva utilização das técnicas individuais durante o jogo ou, ainda, um
conjunto de comportamentos e de movimentações individuais que deve ser utilizado,
da melhor forma possível, no âmbito coletivo.

Outro autor que discute o tema tática é Fernandes (2004), que sugere
estruturá-la em componentes de atividades intelectuais, psíquicas e físicas, podendo

158
ser dividida em: tática individual ofensiva, tática individual defensiva, tática de bola
parada, condições externas, tática de posição, tática de jogo coletivo e sistemas táticos.

Para Bauer e Uberle (1988), o êxito no desempenho tático depende de algumas


capacidades:

• capacidades sensoriais: visão central e periférica, sentido espacial e sentido cinestésico;


• capacidades cognitivas: inteligência de jogo, adaptação e de aprendizagem;
• capacidades psíquicas: segurança própria, equilíbrio, tranquilidade e resistência
diante do estresse.

Além disso, alguns fatores podem influenciar diretamente na tática de jogo


construída para uma equipe, como o tipo de adversário, as condições técnicas da própria
equipe, a condição física dos jogadores, os aspectos psicológicos temporais, as situações
ocorridas durante a partida (gols de vantagem ou de desvantagem, expulsão, posicionamento
no campo de jogo), regulamento da competição, entre outros (BAUER; UBERLE, 1988).

Um conceito importante, nessa temática, é o de sistema de jogo. Drubscky


(2003) usa o termo “sistema tático” para definir o sistema de jogo, afirmando ser o
conjunto das táticas que determina as ações e as características de uma equipe, ou seja,
é a ideia de jogo chamada de desenho tático, esquematizações, variações, posturas,
sistemas de marcação, detalhes táticos e estilos de jogo. O sistema de jogo é definido
pelas numerações, distribuídas como 4×4×2, 3×5×2, 4×3×3, entre outros.

Outro conceito de sistema de jogo é apresentado por Luxbacher (1996),


que se refere à organização coletiva dos dez jogadores de linha. Para o autor, as
responsabilidades individuais dos jogadores e o papel que cada um tem se difere de um
sistema para outro. Por isso, o jogador se encaixa em sistemas diferentes com papéis
diferentes, de acordo com cada sistema de jogo. De modo geral, o sistema de jogo
define o papel de cada jogador na equipe.

Figura 2 – Sistemas táticos no futebol

Fonte: https://bit.ly/3rZrUQ6. Acesso em: 10 set. 2022.

159
Borsari (1989) define sistema de jogo como um esquema de distribuição dos
jogadores pelo campo de jogo, que procura atender às necessidades de proteção e
defesa da meta, somadas à ocupação do meio-campo e às necessidades de atacar
a meta adversária, objetivando fazer gols. Já em Melo (1999), sistema de jogo é uma
forma de distribuição dos jogadores no terreno de jogo, de forma que possa ocupar, de
maneira racional, todos os setores do campo.

Bem próximo a essas definições, Paoli e Grasseli (2003) ressaltam que o sistema
de jogo é a posição tomada por uma equipe dentro do campo de jogo, ou seja, a distribuição
dos jogadores com a finalidade de ocupar, racionalmente, todos os setores do campo.
Dessa forma, a distribuição dos jogadores pode ser dividida em grupos: o grupo da linha
defensiva, o da linha média e o da linha ofensiva (PAOLI; GRASSELI, 2003).

No entendimento de Alves e Bello (2020), o sistema de jogo é a forma de atuação


da equipe quando se trata da distribuição ordenada dos jogadores dentro do campo de
jogo. É o desenho formado pelos jogadores no campo, como se fosse a pintura de um
“quadro”, com vista superior do campo. A tática de jogo é tida como as movimentações
planejadas dos jogadores dentro do sistema de jogo, que podem ser ofensivas ou
defensivas, dependendo da situação e do momento do jogo (ALVES; BELLO, 2020).

A tática é o “desenho” em movimento, como um vídeo ou um filme daquilo que


pode ser possível acontecer; por ser um jogo de muita movimentação, a tática pode ser
mudada durante uma partida, em busca de melhores desempenhos e performances, de
acordo com o momento do jogo ou alguma situação ocorrida com um jogador.

Unzelte (2002) corrobora e traz a origem da palavra tática: do grego taktike, que
significa “a arte de manobrar tropas”. Assim, tática é vista como um conjunto de ações
para otimizar o potencial da equipe no campo de jogo.

Outro autor que apresenta o conceito de tática é Borsari (1989), que sugere ser a
utilização prática e produtiva dos jogadores, para funções defensivas e ofensivas, tendo
entrosamento em possíveis variações dentro do jogo, ou seja, todas as ações coletivas,
realizadas durante o jogo, são consideradas táticas, com exceção das ações individuais,
demonstradas pelas habilidades técnicas individuais, como um passe, um chute, um
drible, uma finta ou uma condução de bola.

A partir desses autores, entende-se que o sistema de jogo é uma perspectiva


inicial daquilo que poderá ser vislumbrado a partir de táticas.

3 OS SISTEMAS DE JOGO NO FUTEBOL


A seguir, discutiremos a evolução histórica dos sistemas de jogo no futebol e os
sistemas de jogo no futebol moderno, sendo estes divididos em 4×3×3, 4×4×2, 3×5×2 e
outros sistemas como 3×4×3, 4×5×1 e 3×6×1.

160
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE JOGO NO FUTEBOL
O formato do futebol moderno teve suas raízes na Inglaterra, por volta de 1823,
quando se estabeleceu o número fixado de jogadores, por equipe, dentro do campo de
jogo, em 11. Nessa época, ainda com muita influência das regras do rugby, o futebol
passava por muitas instabilidades técnicas e táticas (GIULIANOTTI, 2002; LEAL, 2000).

A partir da regulamentação da modalidade, em 1863, o futebol tinha nove


regras e, no sistema de jogo, os jogadores faziam suas intervenções de modo quase
que intuitivo, sem ordem, com claras intenções apenas de atacar e fazer gols. Nesse
contexto, todos os jogadores ficavam o tempo todo correndo atrás da bola, em especial
no campo de ataque, próximo à meta adversária (LEAL, 2000).

Esse sistema, com perspectivas essencialmente de ataque, foi chamado de


1×1×1×8, cuja distribuição era o goleiro, um zagueiro, um médio e oito atacantes (SANTOS
FILHO, 2002; UNZELTE, 2002).

Figura 3 – Sistema tático 1×1×1×8

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci1.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

As regras da modalidade esportiva podem ser consideradas o principal fator


desencadeador das mudanças e das adaptações dos sistemas táticos, como nos
mostram Melo (1999) e Godoi e Cardoso (1986).

Segundo Melo (1999), naquela época, não havia marcação nas linhas do campo
de jogo nem tampouco as traves, mas apenas quatro bandeirinhas para apontar os
limites do campo e ainda dois postes que tinham a função de metas.

Nesse cenário, percebeu-se que o sistema de jogo 1×1×1×8 deixava muitas


partes do campo vazias e desocupadas, o que suscitou que um dos jogadores de
ataque jogasse mais recuado na linha média, a fim de reforçar mais o setor do meio-
campo. Para Leal (2000), esse fato pode ter ocorrido porque ainda que, com um
número elevado de atacantes, nem todas as chances de fazer o gol eram efetivadas,

161
possivelmente, devido à falta de qualidade técnica de alguns atacantes, que, por
vezes, atrapalhavam os companheiros.

Desse modo, os escoceses decidiram recuar dois jogadores que ficavam à frente,
sendo um zagueiro e um meio-campista. Desenha-se, então, uma nova configuração,
tendo um zagueiro à frente do goleiro e um meio-campista com funções de ligar a
defesa ao ataque. Esse sistema ficou conhecido como 1×2×8.

Os escoceses modificaram novamente o sistema de jogo e, em uma partida


contra a Inglaterra, em 1872, recuaram mais dois jogadores do ataque, criando um
quadrado em frente do goleiro, o que viabilizou que a equipe da Escócia não levasse
gols e, assim, o jogo terminou com placar de 0×0. O sistema adotado pelos escoceses
foi chamado de 1×2×2×6 (MELO, 1999).

Figura 4 – Sistema tático 1×2×2×6

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci2.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

A partir dessa configuração apresentada pelos escoceses, Frisselli e Mantovani


(1999) destacam que os treinadores iniciam um processo de equilíbrio entre os jogadores
de defesa e os de ataque. Surgiu, então, o sistema clássico do futebol, chamado de
“Piramidal”, composto por um goleiro, dois zagueiros, três médios e cinco atacantes,
com um desenho distribuído em 1×2×3×5. Nesse sistema, segundo autores como Melo
(1999) e Santos Filho (2002), cada jogador incorpora uma função mais específica, ou
seja, os jogadores da frente atacavam em linha, o que facilitava a ação dos defensores,
visto que a lei do impedimento ainda exigia, pelo menos, três defensores mais próximos
da linha de fundo, para dar condição de jogo para um atacante.

162
Figura 5 – Sistema tático 1×2×3×5 – Piramidal

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci3.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

A partir de uma nova alteração na lei do impedimento, que impôs que apenas
dois jogadores devem estar mais próximos da linha de fundo, para dar condição de jogo
a um atacante, os treinadores fizeram novas configurações em seus sistemas de jogo
(MELO, 1999; SANTOS FILHO, 2002). Considera-se uma radical mudança o sistema de
jogo chamado de WM, apresentado por Herbert Chapman, à época, técnico do Arsenal,
da Inglaterra, em 1925.

Figura 6 – Sistema tático WM

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci4.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

Essa mudança na regra, de três para dois jogadores quanto à condição de


jogo ao atacante, facilitou o trabalho das equipes no campo de ataque, aumentando
a agressividade na busca pelo gol, pois poderiam colocar um atacante próximo ao
penúltimo jogador da equipe de defesa, visto que o último seria, obviamente, o goleiro.

A partir desse cenário, Chapman propôs colocar um maior reforço para sua
equipe no campo de defesa, trocando a função do jogador no meio de campo pela
função de um terceiro zagueiro, ficando à frente dos dois zagueiros da sua equipe,
posicionado mais próximo ao centro do campo.

163
O sistema proposto por Chapman fez muito sucesso, tanto que sua equipe, o
Arsenal, conquistou três títulos consecutivos da Liga Inglesa (1933, 1934 e 1935), tendo a
seguinte distribuição de seus jogadores em campo: o goleiro, uma linha de três zagueiros
na defesa, dois jogadores no meio de campo, dois meio-atacantes centralizados, um
ponta direita e um ponta esquerda, viabilizando jogadas com o centroavante. Conforme
Frisselli e Mantovani (1999), a partir da implementação do sistema de jogo WM, as
equipes introduziram, em seus sistemas de defesa, a chamada marcação individual,
diferentemente da antiga marcação por zona.

Os mesmos autores sinalizam que, com a evolução técnica e física das equipes,
o sistema WM sofre alterações e passa a ser chamado de Sistema Diagonal, o qual
foi utilizado pelas equipes brasileiras até 1958, tendo como marca os três zagueiros
jogando com maior liberdade e os meio-campistas recuando um pouco mais. Esse
sistema passa a ser identificado como 4×2×4, com os jogadores do meio de campo e da
defesa movimentando-se em ambos os espaços do campo de jogo.

Figura 7 – Sistema tático 4×2×4

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci5.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

A partir do sistema 4×2×4, a identificação da distribuição numérica dos jogadores


em campo não mais se apresentou com a identificação da posição do goleiro, sendo
esse sistema definido com a distribuição de dois zagueiros centrais, dois laterais, dois
meio-campistas e quatro atacantes (BANGSBO; PEITERSEN, 2000).

No maior evento do futebol mundial, a Copa do mundo, que ocorre a cada 4


anos, é possível identificar grandes novidades, com inúmeras mudanças táticas nas
equipes dos diferentes países. Em 1958, na Copa do mundo, realizada na Suécia, a
Hungria trouxe um sistema de jogo que consistia na distribuição de quatro defensores,
dois meio-campistas e quatro atacantes, ou seja, 4×2×4.

Nessa mesma Copa, o Brasil apresentou uma mistura do sistema diagonal


com esse sistema da Hungria, reforçando o seu sistema defensivo, que apresentava
um quadrado no meio do campo, tendo dois jogadores à frente do goleiro, um meio-

164
campista recuado e o outro avançado. Essa seleção tinha ainda dois centroavantes, que
jogavam bem mais avançados que os dois ponteiros. Na busca de manter equilibrado
o espaço da defesa com o do ataque, os brasileiros tinham dois meio-campistas mais
recuados em relação aos zagueiros, estando à disposição para casos de necessidade
(FRISSELLI; MANTOVANI, 1999).

No mundial seguinte, que aconteceu no Chile, em 1962, o Sistema WM havia


acabado, pois todas as seleções apresentavam um sistema que tinha um reforço no
meio para a defesa (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). Nessa Copa, o Brasil reforçou o meio-
campo e apresentou o sistema 4×3×3, no qual as posições, previamente determinadas,
estavam cada vez menos incorporadas. Com esse aumento do número de jogadores no
meio-campo de dois para três, chegando, às vezes, a quatro, surge um sistema misto
de defesa com a aparição de zagueiros e meio-campistas com habilidades técnicas
individuais mais explicitadas.

Figura 8 – Sistema tático 4×3×3

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci6.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

Na Copa do mundo do México, em 1970, o Brasil foi campeão utilizando o sistema


4×3×3, tendo os jogadores brasileiros distribuídos com o goleiro, quatro zagueiros (dois
laterais e dois centrais), três jogadores no meio de campo (um com a função de dar
cobertura para a defesa e dois com a função de armação e conclusão das jogadas) e
três jogadores no ataque (um em cada ponta do campo e um centroavante) (FRISSELLI;
MANTOVANI, 1999).

Já a Copa da Alemanha, de 1974, apresentou para o mundo a seleção holandesa,


apelidada de laranja mecânica, pela cor de sua camisa e pela distribuição tática de seus
jogadores em campo, conhecida como Carrossel Holandês, sob o comando do técnico
Rinus Michels. A Holanda, que seria vice-campeã dessa Copa, apresentou uma grande
rotatividade de seus jogadores, praticamente, por todos os setores do campo, muitas
vezes, os defensores deixando sua zona de defesa para apoiar a zona de ataque ou,
ainda, armando jogadas, conforme Melo (1999).

165
O time base da seleção holandesa tinha, em seu plantel, os seguintes jogadores
que fizeram história no futebol e são lembrados, nominalmente, até hoje: Jan Jongbloed,
Ruud Krol, Arie Haan, Wim Rijsbergen, Wim Suurbier, Van Hanegem, Johan Neeskens,
Wim Jansen, Rob Rensenbrink, Johan Cruijff e Johnny Rep.

Destaque para Johan Cruijff que, após parar de jogar futebol, em 1984, se tornou
um grande técnico, conquistando vários títulos, até 2016, ano em que faleceu.

Figura 9 – Sistema tático: carrossel holandês

Fonte: https://efdeportes.com/efd195/futebol-obrigado-carrossel-holandes.htm. Acesso em: 10 set. 2022.

NOTA
No início dos anos 1990, no Brasil, o técnico Oswaldo Alvarez (conhecido como Vadão,
falecido em 2020) foi o precursor de um sistema de jogo, analogamente
parecido com o Carrossel Holandês, chamado de Carrossel Caipira, que foi
utilizado na equipe do Mogi Mirim, de São Paulo, e tinha como principal
característica a alta velocidade na saída de bola, somada à grande
consciência tática, permitindo aos jogadores não guardarem posições
fixas. O técnico rompeu com os tradicionais pontas (direita e
esquerda) e introduziu o inesperado elemento surpresa, vindo
de trás. Os principais jogadores protagonistas desse sistema de
jogo foram Rivaldo, Leto e Válber, que, com muita versatilidade
para entender o pensamento do treinador, passaram a atuar de
maneira diferente daquela que estavam acostumados.

166
DICA
Sugerimos um documentário que mostra, de modo mais aprofundado, o
Carrossel Caipira. Assista: https://youtu.be/GD1WNc29UrY.

Em 1982, na Copa do Mundo da Espanha, segundo Melo (1999), aconteceu nos


sistemas de jogo uma alta concentração de jogadores no meio de campo, tendo o recuo
de um e, às vezes, de dois atacantes, gerando vários desequilíbrios entre o campo de
defesa e o de ataque. Nessa Copa, grande parte das seleções utilizou o sistema 4×4×2,
introduzindo uma figura chamada de líbero. O autor ressalta que as caraterísticas dos
atacantes, nesse sistema, eram diferentes daquelas apresentadas por atacantes em
outros sistemas, pelo fato de terem que ajudar as ações de marcação.

Figura 10 – Sistema tático 4×4×2

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci7.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

NOTA
O termo líbero é originário da língua italiana libero, que significa livre.
Normalmente, esse jogador se posiciona atrás da linha de zagueiros,
tentando preencher os espaços deixados por eles. Por ficar “livre”, quando
a equipe estiver sendo atacada, o jogador deve participar da marcação e,
quando com a posse de bola, ele pode se deslocar e se movimentar por
qualquer setor do campo, auxiliando a troca de passes e a armação de
jogadas de ataque. O seu posicionamento, em grande medida, é à frente
da sua área de meta em uma posição bem centralizada.

No campeonato europeu de seleções, em 1984, a Dinamarca trouxe uma


novidade em relação ao seu sistema de jogo, por sua distribuição em três zagueiros,
dois alas, três jogadores no meio de campo e dois atacantes, chamada de 3×5×2, que
ainda sofria variações para um sistema mais defensivo chamado de 5×3×2.

167
Figura 11 – Sistema tático 3×5×2

Fonte: http://www.efdeportes.com/efd123/capaci8.jpg. Acesso em: 10 set. 2022.

Na Copa do mundo do México, em 1986, a Argentina sagrou-se campeã


utilizando esse sistema de jogo, 3×5×2. Nessa formação argentina, a equipe jogou com
três zagueiros (um deles jogando atrás dos outros, a fim de fazer a cobertura de toda
a zaga – líbero), cinco meio-campistas (dois alas com a função de fazer as jogadas
pelas laterais do campo e três jogadores mais centralizados) e dois atacantes (que se
movimentavam o tempo todo, para confundir a defesa adversária).

Nos Estados Unidos, em 1994, o sistema de jogo que levou a seleção brasileira
ao tetracampeonato mundial foi o 4×4×2, também utilizado por outros países, assim
como algumas seleções fizeram uso do sistema 4×5×1, que teve, na Copa seguinte,
em 1998, na França, uma excelente performance pela seleção da Noruega. Este último
sistema mostra um goleiro, quatro defensores (dois zagueiros no meio da área e dois
laterais), cinco meio-campistas e apenas um atacante, o que facilita a função da defesa,
que sempre estará posicionada para ganhar a bola, principalmente quando estiver alta,
como ressalta Melo (1999).

Em 2002, na Copa do mundo realizada na Coreia do Sul e no Japão, a seleção


brasileira se sagrou pentacampeão mundial jogando com o sistema 3×5×2, cuja
distribuição foi feita com três zagueiros, dois alas, três meias e dois atacantes, ou seja,
um sistema considerado bastante defensivo.

3.2 SISTEMAS DE JOGO NO FUTEBOL MODERNO


Alguns sistemas de jogo, no futebol, são considerados a base dos sistemas
mais utilizados atualmente. Emílio (2004) cita que os sistemas 4×3×3, 4×4×2 e 3×5×2
deram origem às mais diversas variações de posicionamentos existentes no futebol.

168
3.2.1 O sistema de jogo 4×3×3
Esse sistema de jogo surgiu a partir do sistema de jogo 4×2×4, que foi utilizado
pela seleção brasileira na Copa de 1962. O sistema 4×3×3 foi incorporado, pela nossa
seleção, a partir da Copa de 1970, quando a preocupação era preencher totalmente
todos os espaços e setores do campo.

Borsari (1989) mostra que, nesse sistema 4×3×3, a distribuição dos jogadores
é feita com quatro defensores (dois zagueiros e dois laterais), três jogadores de meio-
campo (dois volantes e um meia de ligação) e três atacantes. A ideia, segundo o autor, é
ter uma definição defensiva bem clara nesse sistema, para viabilizar ações dos laterais
no sentido longitudinal.

A evolução da preparação física dos jogadores foi essencial para o sucesso desse
sistema de jogo. Os atacantes começam a participar de modo efetivo na marcação,
os meio-campistas conseguem alternar ações defensivas com ações ofensivas e os
defensores têm um pouco mais de autonomia para deixar o setor de defesa e ir ao
campo de ataque. Essas condições físicas melhoradas dos atletas facilitaram, em
grande medida, que pudessem ocupar todos os setores do campo, expondo cada vez
mais as condições técnicas de cada um.

Em se tratando do goleiro, Deshors (1998) ressalta o importante papel,


predominantemente, defensivo, no qual irá interceptar bolas endereçadas a sua meta.
Não obstante, salienta que, por estar em uma posição privilegiada em relação aos
outros jogadores, no que tange à visão geral do campo, o goleiro deve orientar, de modo
bastante incisivo, os posicionamentos de seus companheiros de equipe.

Quando se trata da defesa, no sistema 4×3×3, de acordo com Capinussú e Reis


(2004), os dois laterais têm funções tanto defensivas como ofensivas, essencialmente,
por terem de ocupar os espaços compreendidos nas laterais do campo. No caso das
funções defensivas, há a necessidade de marcação dos laterais da equipe adversária,
somada às coberturas dos meio-campistas da sua equipe. Já no caso das ações
ofensivas, devem apoiar o ataque pelas laterais do campo, o que, muitas vezes, pode
iniciar os contra-ataques, por isso a importância de levarem a bola o mais próximo da
linha de fundo da equipe adversária, para realizarem cruzamentos na área ou, ainda, a
inverterem a jogada, de um lado do campo para o outro lado.

Capinussú e Reis (2004) enfatizam também a necessidade de alternar o avanço


dos laterais ao ataque, ou seja, quando um lateral avança, o outro recua, e vice-versa.
Esses jogadores, chamados de laterais, também são os principais responsáveis pela
cobrança dos arremessos laterais, predominantemente no lado do campo em que estão
disponibilizados, como mostra Leal (2000).

169
Ainda, na distribuição defensiva, os zagueiros têm funções nomeadamente
defensivas, conforme Melo (1999) e Capinussú e Reis (2004), ainda que, eventualmente,
tenham ações ofensivas, sobretudo quando em bolas paradas, faltas ou escanteios, ou,
ainda, em alguma jogada ensaiada anteriormente, para aproveitar alguma situação pontual
do jogo. Os zagueiros que, em grande medida, têm estatura elevada, são aproveitados em
jogadas aéreas (bolas altas), para fazerem cabeceios. Nas funções defensivas, podem
fazer marcações individuais dos atacantes, desde que tenham um companheiro de
equipe em uma posição atrás deles, para o caso de esse zagueiro sofrer um drible.

Os laterais e os meio-campistas também auxiliam em alguns momentos do


jogo, fazendo esse recuo atrás do zagueiro (essa situação é chamada de sobra). Outro
papel que pode ser ofertado aos zagueiros é organizar a saída de bola do campo de
defesa para o meio de campo e, posteriormente, ao campo de ataque.

O setor do meio de campo, no sistema 4×3×3, é composto por dois volantes e um


jogador que é chamado de meia de ligação. Os volantes têm funções tanto defensivas
quanto ofensivas, ainda que predominem as ações defensivas, pois esse setor, nesse
sistema, conta com três jogadores, sublinha Borsari (1989). A marcação, exercida pelos
volantes, normalmente, é individual para com os meias de ligação da equipe adversária.
Aos volantes, também são atribuídas funções de auxiliar os zagueiros e os laterais nos
momentos de marcação, principalmente quando um desses jogadores se envereda ao
campo de ataque, fazendo a chamada cobertura.

NOTA
O meia de ligação é o jogador que atua, principalmente, na zona
do meio de campo e tem como principal função criar as jogadas de
ataque, podendo atuar tanto pelo lado direito, esquerdo ou mesmo
pelo centro do campo. Por conta dessas funções, têm uma habilidade
técnica individual bastante desenvolvida e são, comumente, chamados
de “cérebros” da equipe.

Para as funções ofensivas, esses volantes dão suporte ao meia de ligação,


posicionando-se na cobertura de seu companheiro de equipe, via de regra, para
recuperar a bola, chamada de “segunda bola” ou rebote, que acontece no caso de seus
companheiros de ataque perderem a posse de bola.

Ainda, em relação a esse setor do campo, Capinussú e Reis (2004) revelam que
os volantes e o meia de ligação contribuem, de modo direto, na ligação da bola do setor
defensivo para o de meio de campo e ataque, sendo que, muitas vezes, essa bola pode
chegar com ampla possibilidade de gol. Outra importante função dos jogadores desse
setor é finalizar as jogadas, sobretudo aquelas criadas por eles ou pelos atacantes.
Esse tipo de ação, em que o volante ou o meia de ligação penetra na área adversária, é

170
conhecido como “facão”. Os autores ainda acrescentam que os jogadores desse setor
devem ter um excelente domínio e controle de bola, um bom passe e uma ampla visão
de jogo, o que facilitará todas as suas ações, tanto ofensivas quanto defensivas.

NOTA
O “facão”, no futebol, é uma jogada que tem como característica principal uma
corrida em alta velocidade de um jogador, que tenta receber uma bola em
condições de fazer um chute e, consequentemente, o gol. Essa corrida é feita
em diagonal às linhas laterais do campo no sentido para dentro do campo.

O setor de ataque, no sistema 4×3×3, é composto por três jogadores com


funções, fundamentalmente, ofensivas, tendo seus posicionamentos no campo de
ataque com um jogador centralizado e um jogador em cada um dos lados do campo.
Esses atacantes, para Deshors (1998), têm, como principal missão, fazer gols e, para
isso, devem buscar a bola, a partir do meio de campo, e fazer jogadas individuais (dribles
e condução de bola), possibilitando chutes ao gol. As funções defensivas desses
jogadores se restringem a uma marcação na saída de bola da equipe adversária.

As condições físicas dos atletas, quando colocados nesse sistema de jogo,


favorecem aqueles que têm possibilidades de exercer múltiplas funções, mas, por outro
lado, deixam de lado jogadores mais limitados a uma única função. Justamente, por
conta dessa possibilidade de um atleta atuar em mais de uma função, o desenho desse
sistema não ficou tão rígido em sua distribuição dentro de campo.

A partir desse cenário, percebe-se que o sistema 4×3×3 tem algumas


características, que merecem ser destacadas:

• atacantes têm pouca participação no setor defensivo;


• equilíbrio nos setores do campo quanto ao número de jogadores;
• geralmente, os atletas da defesa ficam em menor número atrás da linha da bola;
• obriga o adversário a ficar grande parte do tempo da saída de bola no setor defensivo;
• ocupação ampla do setor de ataque;
• permite inúmeras flexibilizações;
• permite que haja bastante espaço a ser ocupado pelos laterais e pelos meio-campistas.

De modo geral, esse sistema tem uma boa definição defensiva, que acontece
com a aproximação deste setor com o de meio de campo, o que possibilita muitas ações e
movimentações dos laterais. Ainda, permite muitas variações que podem ser feitas de acordo
com as características do grupo de jogadores, bem como do momento específico do jogo,
em relação ao placar ou ao tempo. Uma boa efetivação da utilização desse sistema de jogo,
segundo Borsari (1989), acontece se a equipe jogar de um modo chamado de “compactado”.

171
Figura 12 – Sistema tático 4×3×3 – variações

Fonte: http://futeboltatico.blogspot.com/2008/04/4-3-3.html. Acesso em: 10 set. 2022.

3.2.2 O sistema de jogo 4×4×2


A distribuição dos jogadores em campo, no sistema 4×4×2, apresenta quatro
defensores (dois zagueiros e dois laterais), quatro jogadores de meio-campo (dois
volantes e dois meias de ligação) e dois atacantes, cono mostra Leal (2000).

O primeiro jogador de defesa, o goleiro, tem função, essencialmente, defensiva e


deve, segundo Deshors (1998), aproveitar sua posição, com ampla visão do campo todo,
para fazer orientações em relação a posicionamentos e movimentações da sua equipe.

No caso dos demais defensores, os laterais têm funções defensivas e ofensivas,


por conta de seus posicionamentos nas laterais do campo. As funções defensivas se
apresentam com a marcação dos laterais da equipe adversária, além de coberturas
defensivas dos seus volantes e dos zagueiros.

Nas funções ofensivas, os laterais devem apoiar o ataque na própria região


da lateral do campo, favorecendo, ainda, possibilidades da organização de contra-
ataques, jogadas na linha de fundo para efetivar cruzamentos na grande área da equipe
adversária, podendo também fazer inversões da bola de uma lateral do campo para
outra. Nessas ações ofensivas, ressalta-se que, quando um lateral apoia o ataque, o
outro lateral deve estar posicionado para ajudar a defesa, e vice-versa. Além disso, tanto

172
no setor defensivo quanto no setor ofensivo, os laterais são os principais responsáveis
pelas cobranças de arremessos laterais (LEAL, 2000; CAPINUSSÚ; REIS, 2004).

Os dois zagueiros, nesse sistema de jogo, se posicionam um pela direta e


outro pela esquerda, com funções, primordialmente, defensivas, ainda que existam
possibilidades de ações ofensivas, notadamente, geradas a partir de jogadas ensaiadas
ou oriundas de bolas paradas, como faltas ou escanteios, a fim de aproveitar a estatura
elevada que grande parte dos zagueiros possui. A marcação desses zagueiros nos
atacantes adversários, via de regra, ocorre de modo individual, podendo ter auxílio para
cobertura dos laterais e dos meio-campistas. Muitas vezes, esses zagueiros também
iniciam a saída de bola da defesa em direção ao meio de campo, para que, assim, possa
chegar ao ataque (MELO, 1999).

Os jogadores, posicionados no meio de campo desse sistema, se dividem


em dois volantes e dois meias de ligação. No caso dos dois volantes, estes têm
funções defensivas e ofensivas, porém com as funções defensivas predominando,
principalmente, em marcações individuais dos meio-campistas da equipe adversária.
Soma-se a essa função de marcação individual uma contribuição com o auxílio de
marcação na cobertura dos zagueiros ou dos laterais, quando um destes parte para o
campo de ataque em alguma jogada ofensiva. Esses volantes, em funções ofensivas,
auxiliam os laterais e os meias de ligação, ainda que a principal função ofensiva dos dois
volantes seja fazer a ligação entre o setor de defesa e o setor de ataque, ou seja, receber
a bola da defesa e entregá-la ao ataque, tendo ainda, em algumas vezes, a possibilidade
de entrar no setor de ataque com um elemento a mais, chamado de “homem surpresa”,
contra a equipe adversária (LEAL, 2000).

Ainda, no setor do meio de campo, junto aos volantes, esse sistema apresenta
dois meias de ligação, que são os principais responsáveis por fazer a ligação da bola do
setor defensivo para o de ataque. Defensivamente, os meias de ligação devem fazer a
marcação dos volantes adversários, quando estes têm a posse de bola, em situação de
saída de bola. Ofensivamente, os meias de ligação têm um papel essencial, com base na
possibilidade de entregar a bola aos atacantes e ainda de fazer a finalização de algumas
jogadas de ataque. Uma característica bem marcante dos meias de ligação, segundo
Deshors (1998), é o fato de serem extremamente habilidosos, no que se refere aos
fundamentos individuais do futebol, com um toque de bola conhecido como “refinado”.

NOTA
O “toque refinado” na bola de futebol é considerado aquele toque em que o
jogador consegue fazer passes, chutes, lançamentos e cruzamentos com uma
mínima ou quase nenhuma possibilidade de erro, ou seja, o toque refinado,
normalmente, é feito por jogadores muito bem treinados, que atingem, em
grande medida, seus objetivos na execução desses fundamentos.

173
Esse setor de meio de campo é o local onde acontecem algumas variações
desse sistema de jogo, efetivamente, pelo posicionamento dos meias, os quais indicam
mudanças em algumas funções dos demais jogadores da equipe (DRUBSCKY, 2003).
Nesse setor, que conta com quatro jogadores, é possível que a distribuição de funções
ocorra das seguintes maneiras:

• um volante, dois meias de armação e um meio atacante;


• um volante, um meia de armação e dois meio atacantes;
• dois volantes, um meia de armação e um meio atacante;
• dois volantes e dois meias de ligação.

NOTA
Curiosamente, o setor de meio de campo desse sistema jogo ficou
conhecido como “diamante”, pois a distribuição desses jogadores
parece formar a figura com o formato dessa pedra.

No setor de ataque, esse sistema conta com dois atacantes, que têm funções,
predominantemente, ofensivas, devendo ser efetivadas na concretização em gols,
sendo que, para isso, devem buscar e receber a bola em grande parte do setor do meio
de campo, mas ainda com pequenas possibilidades de receber do setor defensivo.
Esses atacantes também são responsáveis, em se tratando de ações defensivas, por
oferecer o primeiro combate na marcação da saída de bola da equipe adversária, como
enfatiza Deshors (1998).

NOTA
A dupla de atacantes é composta por um atacante considerado mais fixo,
mais centralizado, que, normalmente, é aquele que faz os gols, e outro
que atua pelas pontas, cuja característica é ser mais veloz, possibilitando
fazer “assistências” ao colega de equipe. No caso do termo “assistência”,
é considerado como o último toque, o passe final antes da conclusão da
jogada para fazer o gol.

A partir desse cenário, percebe-se que esse sistema tem algumas características
que merecem ser destacadas, segundo Paoli e Grasseli (2003), como:

• propicia, conforme variações táticas, confundir a marcação adversária;


• favorece o bloqueio defensivo e do meio-campo;
• promove as ultrapassagens pelas faixas laterais e centrais do campo pelos atacantes;

174
• limita as possibilidades ofensivas, visto que só há dois atacantes;
• aumenta o espaço no setor defensivo da equipe adversária, onde se iniciam as jogadas.

Figura 13 – Sistema tático 4×4×2 – variações

Fonte: https://bit.ly/3D4wpiD. Acesso em: 10 set. 2022.

3.2.3 O sistema de jogo 3×5×2


Sistema tático que, de acordo com Leal (2000), se apresenta em campo com a
distribuição dos jogadores: três zagueiros, cinco jogadores no meio de campo (dois alas,
sendo um pela direita e outro pela esquerda; um volante; e dois meias de ligação) e dois
atacantes.

As principais orientações, em relação à marcação, à ação e ao posicionamento


dos jogadores, normalmente, parte do goleiro que, segundo Deshors (1998), além de
executar as defesas e grande parte das reposições de bola em tiros de meta, deve
aproveitar a ampla visão que sua colocação em campo propicia para fazer alguns
ajustes, relacionados à tomada de posição de seus companheiros.

Na parte defensiva, os três zagueiros, no sistema 3×5×2, têm diferentes


posições. Dois deles estarão posicionados para fazer algum tipo de marcação individual
nos atacantes adversários, e o outro zagueiro, também conhecido como líbero, deve se
posicionar na sobra da jogada, sem ter nenhum adversário específico para marcar. O líbero

175
deve estar sempre atento, para que, em qualquer situação, como um dos outros dois
zagueiros receber um drible, possa fazer a cobertura e tentar evitar o avanço do adversário.

Ainda que as funções dos três zagueiros, nesse sistema de jogo, sejam defensivas,
eles também auxiliam na saída de bola da defesa para o meio de campo, podendo ser
solicitados para participar de ações ofensivas, geradas a partir de bolas paradas, como
faltas ou escanteios, quando a bola poderá ser alçada dentro da área adversária, a fim
de que esses zagueiros possam fazer cabeceios, visto que, normalmente, têm estatura
elevada, como indicam Leal (2000) e Capinussú e Reis (2004). O líbero também tem
muita liberdade para se deslocar por vários setores do campo, contribuindo com as
ações ofensivas e na organização das jogadas.

O setor do meio de campo, posicionado nesse sistema, disponibiliza dois


jogadores, chamados de alas, sendo um atuando pelo lado direito do campo e outro, pelo
lado esquerdo, além do volante e dos dois meias de ligação, conforme Deshors (1998).
Os alas são os jogadores que irão apoiar as ações ofensivas, pontualmente, utilizando
os lados do campo, sobretudo no campo de ataque, tentando fazer cruzamentos para
dentro da área adversária, além de auxiliarem os meias de ligação nas jogadas ofensivas.

Nas funções defensivas, os alas devem fazer a marcação dos laterais e dos
meias de ligação da equipe adversária, quando esta tem a posse de bola, auxiliando
os volantes da sua equipe nas marcações nos setores de meio de campo e defensivo,
contribuindo com os três zagueiros principalmente nas jogadas de maior velocidade da
equipe adversária (LEAL, 2000).

As funções defensivas do volante se sobressaem das funções ofensivas, pois,


dos cinco jogadores no meio de campo, ele é o escolhido para fazer a marcação dos
adversários nesse setor, podendo, por vezes, ser individual, de um adversário mais
habilidoso, e também a cobertura dos alas e dos zagueiros, quando estes abandonam seus
respectivos setores, visando ao campo adversário (DESHORS, 1998). Ofensivamente, os
volantes auxiliam os meias de ligação, a fim de favorecer a chegada da bola no setor de
meio de campo, vinda do setor de defesa. Os meias de ligação, por sua vez, nas funções
ofensivas, possibilitam que a bola saia do meio de campo e chegue ao ataque, com o
objetivo de abastecer os atacantes para finalizarem ao gol. Nas funções defensivas,
esses meias de ligação fazem a marcação dos volantes da equipe adversária em posse
de bola, quando eles estiverem organizando jogadas de ataque. Por terem funções de
criação e de organização de jogadas de ataque, Deshors (1998) e Leal (2000) destacam
que esses jogadores são bastante habilidosos, no que tange às técnicas individuais.

A principal função dos atacantes, nesse sistema 3×5×2, é concluir as jogadas


e fazer gols, como afirma Deshors (1998). Para efetivar essa missão, eles devem se
posicionar, de modo a estarem prontos para receber a bola, assim como, muitas vezes,
se deslocar próximos ao meio de campo, para buscar a bola. Defensivamente, são os
jogadores que dão o primeiro combate na saída de bola do adversário.

176
A partir desse cenário, percebe-se que o sistema 3×5×2 tem algumas
características, segundo Paoli e Grasseli (2003), que merecem ser destacadas:

• versatilidade para articular as jogadas de ataque;


• estabilidade defensiva elevada, pelo número de zagueiros (três);
• dificulta a articulação das jogadas da equipe adversária, pelo número elevado de
jogadores no setor de meio de campo (cinco);
• permite segurança nas ações de ataque, pois conta com cinco jogadores no meio de
campo mais dois atacantes, totalizando sete jogadores;
• dependendo do sistema da equipe adversária, a cobertura do líbero fica dificultada;
• dependendo do sistema da equipe adversária, se apresentar três atacantes, isso deixará
a defesa sempre em marcação do tipo um contra um, sem a possibilidade de sobra.

Figura 14 – Sistema tático 3×5×2 – variações

Fonte: https://bit.ly/3VzuFVL. Acesso em: 10 set. 2022.

3.3 SISTEMAS DE JOGO MODERNOS


Com a evolução dos materiais, do piso do campo de jogo e da preparação física,
o futebol, ao longo dos tempos, tem aumentado muito a velocidade do jogo.

Esse cenário suscitou muitos treinadores a fazerem alterações, adaptações e


mudanças nos sistemas de jogo existentes, a fim de tentar aproveitar, da melhor maneira
possível, as características dos atletas, dos equipamentos e dos espaços do campo.

177
3.3.1 O sistema de jogo 3×4×3
O sistema de jogo 3×4×3, conforme Leal (2000), surge na década de 1990,
sendo uma variação do sistema de jogo 4×3×3, que fora muito utilizado pelas equipes da
Holanda, tendo como um bom exemplo desse uso a equipe do Ajax. A ideia da variação
foi aumentar o número de jogadores no meio de campo, abrindo mão dos dois jogadores
laterais e mantendo um dos jogadores de defesa com funções de líbero. Esse meio de
campo é organizado a partir de um volante, dois meias e um meia articulador que irão
abastecer o ataque, formado por três jogadores, sendo um centroavante e dois pontas.

NOTA
O meia articulador, no futebol, é considerado o jogador que joga pelo
setor do meio de campo, fazendo a armação das jogadas, articulando os
setores do campo e tendo como principal intenção levar a bola do setor
de defesa para o setor de ataque. Uma das principais características
desse jogador é a velocidade no pensamento e na ação, viabilizando
situações inesperadas para seus adversários, que, muitas vezes, são
surpreendidos com suas rápidas jogadas.

Figura 15 – Sistema tático 3×4×3 – moderno

Fonte: https://bit.ly/3ScbzlI. Acesso em: 10 set. 2022.

3.3.2 O sistema de jogo 4×5×1


O sistema de jogo 4×5×1 foi utilizado, pela primeira vez, na Copa do mundo da
França, em 1998, e tudo indica ter sido uma variação do sistema de jogo 4×4×2, no qual a
ideia era recuar um dos dois atacantes, para tentar fazer com que o setor do meio de campo
levasse vantagem. O principal idealizador do sistema de jogo 4×5×1 foi o norueguês Egil
Olsen. No Brasil, o técnico Lula Pereira, em 2001, nas poucas partidas em que comandou
o time do América, de Minas Gerais, utilizou o 4×5×1, segundo Drubscky (2003).

178
O maior êxito da utilização desse sistema foi feito pela seleção francesa, em
2006, na Copa do mundo, realizada na Alemanha, quando ela se sagrou vice-campeã,
perdendo a final para a Itália. Nesse evento, o sistema foi organizado com uma linha de
quatro jogadores na defesa (quatro zagueiros ou dois zagueiros e dois laterais), cinco
jogadores no meio de campo (dois volantes, sendo um de marcação e outro ofensivo,
um meia articulador, dois alas/pontas ajudando no ataque) e um centroavante.

Figura 16 – Sistema tático 4×5×1 – moderno

Fonte: https://bit.ly/3VDb6Mw. Acesso em: 10 set.2022.

3.3.3 O sistema de jogo 3×6×1


O sistema de jogo 3×6×1, provavelmente, é uma variação do sistema de jogo 3×5×2,
em que o treinador aciona o recuo de mais um homem para o setor do meio de campo
(PARREIRA, 2005). O pioneiro a implantar esse sistema foi o treinador argentino Marcelo
Bielsa, que estava à frente da seleção da Argentina nas eliminatórias sul-americanas para
a Copa de 2002. Entretanto, nos jogos da Copa, a seleção Argentina não obteve sucesso.
Após 2002, esse sistema passou a ser utilizado por vários treinadores, que optaram por
jogar com apenas um atacante, seja no sistema 4×5×1 ou 3×6×1, até mesmo por alguns
times do campeonato brasileiro, em 2006. A organização dos jogadores nesse sistema
conta: no setor de defesa, com três zagueiros (dois de marcação e um líbero); no setor de
meio de campo, seis jogadores (com dois volantes, dois alas e dois meias ou três volantes
e três meias); e, no setor de ataque, um centroavante.

NOTA
O técnico argentino Marcelo Bielsa é apelidado, no mundo do futebol,
de “el loco” (o louco), justamente pela sua criatividade e ousadia em
organizar equipes com sistemas não muito tradicionais.

179
Figura 17 – Sistema tático 3×6×1 – moderno

Fonte: https://bit.ly/3D76Pd2. Acesso em: 10 set. 2022.

4 ANÁLISE DE DESEMPENHO
Um dos instrumentos utilizados, atualmente, no futebol e no futsal, para avaliar
as questões relacionadas às táticas de jogo é a análise de desempenho, que auxilia a
comissão técnica, em especial os treinadores, a entender, de modo efetivo e real, as
ações de cada jogador e da equipe em campo.

Autores, como Carling, Reilly e Williams (2008), Glazier (2010), Volossovitch e


Ferreira (2013), sugerem que a análise de desempenho é uma área de conhecimento
relacionada às Ciências do Esporte, que utiliza a coleta de dados e de informações
registradas no próprio ambiente de jogo e de treino, visando a analisar e entender,
de modo aprofundado, os diferentes aspectos que podem influenciar o rendimento
individual de cada jogador, bem como da equipe como um todo, identificando os fatores
associados ao sucesso esportivo, com a finalidade de qualificar essa prática esportiva.

O olhar científico, para dados da prática esportiva que antes eram informais,
tem favorecido um enorme avanço para o entendimento do jogo, que traz inúmeras
contribuições para o desenvolvimento das modalidades esportivas, em especial o
futebol e o futsal.

A partir desse cenário, Pedreño (2018), Gómez-Ruano (2017) e Ventura


(2013) ressaltam que, com o aumento da tecnologia e da constante qualificação dos
profissionais dessa área, as equipes e os jogadores têm se preparado cada vez melhor,
na busca de melhores resultados e, por isso, muitos clubes, em especial aqueles de alto
rendimento com poder aquisitivo elevado, passaram a investir em departamentos que
organizam essas análises.

Surge, nesse cenário, a figura do analista de desempenho, que, segundo Gama


et al. (2017), Sánchez (2018) e Vázquez (2012), a partir da necessidade de se obterem
dados qualificados das equipes com a alta competitividade existente tanto no futebol

180
quanto no futsal, passou a ganhar espaço, sendo integrada nas comissões técnicas dos
clubes, especialmente no cenário do esporte profissional.

Figura 18 – Analista de desempenho

Fonte: https://bit.ly/3s4mNOB. Acesso em: 10 set. 2022.

Em relação às análises, propriamente ditas, Hughes e Bartlett (2002) e Barreira


(2013) apresentam cinco formas mais comuns:

• Análise tática: refere-se às interações comportamentais que tentam explicar os


pontos fortes e fracos da equipe em um jogo.
• Análise técnica: seleciona as ações técnicas predeterminadas e as respectivas
eficiência e eficácia produzida.
• Análise do movimento: identificação dos indicadores fisiológicos e biomecânicos, do
trabalho produzido e do gasto energético dos jogadores.
• Desenvolvimento de bases e modelação: reconhecimento dos parâmetros do
desempenho esportivo (físico, técnico, tático e psicológico), com o intuito de predizer
a evolução do desempenho, seja no treino ou em competição.
• Formação de treinadores e de jogadores: aplicação do conhecimento adquirido do
jogo para o desenvolvimento de treinadores e jogadores.

181
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos sobre sistemas de jogo, isto é, o conjunto das táticas de uma equipe que
apresenta as possíveis movimentações de cada jogador dentro do campo de jogo.
Em grande medida, o sistema de jogo de uma equipe não varia, mas, sim, as táticas.

• Conceitos sobre táticas de jogo, pois cada jogador, em uma equipe, exerce
determinadas funções e executa algumas movimentações planejadas que irão
acontecer dentro do sistema de jogo escolhido, podendo variar durante todo o jogo.

• Principais sistemas de jogo utilizados no futebol: no futebol, que mudaram ao longo


da história, especialmente por conta da mudança de regras, além da evolução
dos treinamentos físicos e dos materiais. O primeiro sistema de jogo conhecido
historicamente é o 1×1×1×8 e, com as evoluções, surgiram o piramidal, o WM e os mais
recentes 4×2×4, 4×3×3, 4×4×2, 3×5×2, 5×3×2.

• Características dos principais sistemas de jogo utilizados no futebol – atualmente, os


principais sistemas são: o sistema 4×3×3, que tem a definição defensiva bem clara,
viabilizando ações dos laterais; o sistema 4×4×2, que apresenta uma defesa e um
meio de campo bem povoado, o que propicia abastecer os atacantes; e o sistema
3×5×2, que tem menos jogadores na defesa, mas mais jogadores no meio de campo,
com a figura do líbero, que exerce várias funções em diferentes partes do campo.

182
AUTOATIVIDADE
1 Com a evolução prática do futebol, no que tange a equipamentos, espaços e
preparação física, ou seja, a ciência, as equipes multidisciplinares, que atuam nessa
modalidade esportiva, concentram seus planejamentos e organizações na posição de
cada jogador, no posicionamento de cada jogador, com o intuito de criar estratégias e
possibilidades de vencer os jogos. A eficiência e a efetividade desse tipo de trabalho
estão diretamente ligadas ao conhecimento prévio que a equipe multidisciplinar tem
que ter de cada um de seus jogadores, de modo individualizado, em nível técnico,
físico, emocional e mental, para que possa utilizar as caraterísticas, da melhor maneira
possível, dentro do coletivo, ou seja, no time. Surge, então, a preparação em nível
tático, ou seja, como utilizar as características de cada jogador, para montar a melhor
distribuição dos jogadores dentro do campo de jogo. Vale ressaltar que a execução
correta das habilidades técnicas individuais de uma modalidade esportiva, por parte
dos jogadores, é muito importante, mas não terá nenhum sentido se a efetivação
dessa habilidade técnica individual acontecer durante o jogo, em desacordo das
ações coletivas. Sobre o principal objetivo da organização tática de uma equipe de
futebol é, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Desestruturar a equipe adversária, tentando atingir os seus pontos fracos e


utilizando os pontos fortes de sua equipe.
b) ( ) Desorganizar o próprio sistema defensivo, fazendo com que o setor de meio de
campo e o setor ofensivo possam atuar de modo isolado.
c) ( ) Utilizar o goleiro da equipe adversária, tentando atingir o gol, principalmente com
bolas altas, a partir de faltas ou escanteios.
d) ( ) Reestruturar a equipe adversária, tentando atingir os seus pontos fortes e
utilizando os pontos fracos de sua equipe.

2 As ações coletivas, no futebol, são vistas como movimentações ordenadas,


preestabelecidas e treinadas para aproveitar, de maneira mais eficiente, as
características individuais dos jogadores de uma equipe em relação a suas ações,
de forma coletiva. A organização das ações coletivas depende dos conhecimentos
técnicos de cada jogador, aliados à criatividade do técnico que irá utilizar essas
características da melhor maneira possível. Essas organizações coletivas só terão
êxitos se estiverem adequadas às características e aos potenciais de cada jogador,
que não se resumem à parte física, mas também à parte emocional e cognitiva.
Existem vários conceitos relacionados a essa temática coletiva, identificada como
sistema de jogo. Com base nas reflexões acerca das ações coletivas no futebol,
analise os conceitos sobre sistemas de jogo apresentados a seguir:

183
I- Sistema de jogo que pode ser considerado o conjunto das táticas que determinam
as ações e as características de uma equipe, ou seja, a ideia do jogo chamada de
desenho tático, esquematizações, variações, posturas, sistemas de marcação,
detalhes táticos e estilos de jogo.
II- Sistema de jogo que pode ser considerado a organização coletiva dos dez jogadores
de linha, sendo que as responsabilidades de cada jogador e o papel que cada um
tem se difere de um sistema para outro, o que implica que um jogador se encaixe
em sistemas diferentes.
III- Sistema de jogo pode ser considerado um esquema de distribuição dos jogadores
pelo campo de jogo, que procura atender às necessidades defensivas da ocupação
do meio-campo e da viabilidade de atacar a meta adversária, objetivando fazer gols.
IV- Sistema de jogo que pode ser considerado uma forma de distribuição dos jogadores
no terreno de jogo, a fim de poder ocupar, de maneira racional, todos os setores do
campo, a fim de, exclusivamente, fazer uso de jogadas com a bola parada.
V- Sistema de jogo que pode ser considerado uma posição tomada pela equipe
dentro do campo de jogo, ou seja, a distribuição dos jogadores com a finalidade
de ocupar, racionalmente, todos os setores do campo: a linha defensiva, a linha
média e a linha ofensiva.
VI- Sistema de jogo que pode ser considerado uma forma de atuação da equipe, quando
se trata da distribuição desordenada dos adversários dentro da área de meta, ou
seja, é o rascunho formado pelos jogadores na lousa.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e III estão incorretas.


b) ( ) As sentenças II e IV estão incorretas.
c) ( ) As sentenças III e V estão incorretas.
d) ( ) As sentenças IV e VI estão incorretas.

3 Os sistemas de jogo modernos no futebol iniciam sua organização a partir da


efetivação dos jogadores no setor ofensivo e, assim, surge o sistema de jogo 1×1×1×8.
Com as mudanças ocorridas nas regras do jogo esse sistema sofre alteração e passa a
ser praticado com a configuração 1×2×8. Outras modificações estruturais nas equipes
fazem com que apareça o sistema denominado de 1×2×2×6. A partir daí, foi criado
o sistema de jogo clássico do futebol, chamado de “Piramidal”, distribuído como
1×2×3×5. Um grande marco na organização dos sistemas de jogo foi a mudança da lei
do impedimento, que favoreceu o nascimento do sistema de jogo chamado de WM, o
qual, posteriormente, sofreu adaptações e transformações, passando a ser conhecido
como Sistema Diagonal. Nas Copas do mundo, surgem novidades relacionadas ao
futebol e, em grande medida, nos sistemas de jogo. De acordo com os sistemas de
jogo apresentados nas Copas do mundo, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:

184
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada no Chile, o Brasil apresentou um sistema de
jogo definido como 4×3×2×1.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada no México, pela primeira vez, o Brasil
apresentou um sistema de jogo definido como 4×3×2×1.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada na Alemanha, a Holanda apresentou um
sistema de jogo definido Carrossel Holandês.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada no México, pela segunda vez, a Argentina
apresentou o sistema de jogo 3×5×2.
( ) Na Copa do mundo de futebol realizada nos Estados Árabes Unidos, o Brasil utilizou
o sistema de jogo 4×4×2.
( ) Na Copa do mundo de futebol de 2002, realizada no Japão e na Coreia, o Brasil
utilizou o sistema de jogo 3×5×2.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – F –V – V – F – V.
b) ( ) V – F – F – F –V – V.
c) ( ) F – V – V – V –V – F.
d) ( ) V – V – V – F – F – F.

4 Historicamente construídos, modificados e alterados, alguns sistemas de jogo


servem de base para a organização de outros sistemas. Os sistemas considerados
como base são: 4×3×3, 4×4×2 e 3×5×2. Apresente o sistema 4×3×3, a distribuição dos
jogadores e as suas principais características.

5 Em se tratando da distribuição dos jogadores no campo de jogo, o futebol apresenta


alguns termos relacionados às funções dos jogadores em campo, entre eles o líbero
e o meia de ligação, e às ações, como o facão e o toque refinado. Apresente as
definições desses quatro termos.

185
186
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
TÁTICAS DE JOGO NO FUTSAL

1 INTRODUÇÃO
No Brasil, há algum tempo, o futsal é a modalidade esportiva considerada mais
praticada em território nacional. Ainda que essa prática aconteça nos âmbitos do alto
rendimento e recreativo, é no âmbito escolar, mais precisamente nas aulas de Educação
Física, que tem tido grande utilização por parte dos alunos em formação da educação
básica (ALVES; BELLO, 2020).

A Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS), entidade organizadora


do futsal, em nível nacional, mostra que existem, no país, 315 mil atletas filiados às 27
federações estaduais, contando com cerca de 3.500 clubes e associações cadastradas
nessas entidades (COB, 2022). Esses atletas são chamados de cadastrados ou federados,
embora ainda haja aqueles praticantes não cadastrados em instituições oficiais.

O futsal é uma modalidade esportiva de prática acessível, independentemente


das condições individuais de habilidade motora, biótipo, local ou material. Por isso, no
Brasil, há uma estimativa de praticantes que ultrapassa os 45 milhões, entre homens e
mulheres, principalmente pelo fato de ser uma modalidade que faz parte do currículo
de Educação Física de quase todas as escolas da educação básica (CRISTALDO, 2022).

Figura 19 – Quadra de Futsal

Fonte: https://bit.ly/3ERFQDE. Acesso em: 10 set. 2022.

Historicamente, o Brasil conta, ainda, com muitas participações em eventos


mundiais dessa modalidade, conquistando muitos títulos, o que a torna cada vez mais
assistida e com grande facilidade de difusão e divulgação.

Muitos brasileiros estão envolvidos com o futsal em nível de competição de


alto rendimento em vários países do mundo, não apenas como atletas, mas como
187
treinadores, preparadores físicos, dirigentes e outras possíveis funções em equipes
multidisciplinares. Soma-se, ainda, a esses dados o fato de que algumas seleções de
outros países, sobretudo da Europa e da Ásia, propõem que os atletas brasileiros se
naturalizem em suas nações, a fim de comporem suas equipes nacionais nos eventos
internacionais (DILASCIO, 2016; KALSING, 2008; LNF, 2018; TEDESCO, 2014).

Para entendermos os sistemas de jogo e as táticas do futsal, é importante


conhecermos a história da criação dessa modalidade, para deixar claro o entendimento
das organizações das equipes.

2 A ORIGEM DO FUTEBOL DE SALÃO


As várias pesquisas relacionadas à criação do futebol de salão ainda não podem,
categoricamente, confirmar o país de origem dessa modalidade esportiva, ou seja, se
nasceu no Uruguai ou no Brasil.

A partir dessa dúvida, muitos autores, como Apolo (1995), Figueiredo (1996),
Lucena (1994), Teixeira Júnior (1996) e Zilles (1987), apresentam suas versões, fazendo
ponderações e reflexões acerca dessa paternidade do futebol de salão.

Essas discussões têm seu início nos anos 1930 e 1940, mais especificamente
na Associação Cristã de Moços (ACM), que promovia, com seus professores e
treinadores, intercâmbios internacionais, a fim de que cada um pudesse compartilhar
os conhecimentos de suas atividades e conhecer as atividades que os demais colegas
desenvolviam em seus países.

2.1 A ORIGEM DO FUTEBOL DE SALÃO: VERSÃO URUGUAIA


Segundo depoimentos dos professores que tinham vínculos com as ACMs, no
início da década de 1930, em Montevidéu, no Uruguai, com a visita de colegas da ACM
do Brasil, os brasileiros constataram que alunos locais praticavam futebol em quadras
cobertas de basquete como atividade recreativa, sem nenhuma regra específica,
tampouco limite para o número de participantes, o que dependeria do número de
alunos disponíveis no momento da atividade (ZILLES, 1987; LUCENA, 1994; APOLO,
1995; FIGUEIREDO, 1996; TEIXEIRA JÚNIOR, 1996).

Nesse período histórico, segundo Lucena (1994) e Figueiredo (1996), o futebol


de campo estava em grande ascensão e divulgação em nível mundial, em particular no
Uruguai, que acabara de se consagrar bicampeão nos Jogos Olímpicos de Paris (1924)
e Amsterdã (1928). A equipe uruguaia ficaria, então, conhecida como Celeste Olímpica
(“celeste” por ter o azul na cor de sua camisa e “olímpica”, pelos feitos alcançados nos
Jogos Olímpicos).

188
Esses fatos contribuíram, em grande medida, para que os habitantes daquele
país quisessem, de alguma forma, praticar futebol. Entretanto, como aquela região é
bastante fria, em nível de temperatura, Zilles (1987) ressalta que muitos aficionados pelo
futebol resolveram jogar em espaços cobertos (no caso, as quadras de basquete da
ACM), para minimizar o frio.

A promoção da prática do futebol, dentro dos ginásios uruguaios, foi iniciada


pelo professor Juan Carlos Ceriani, que nomeou a atividade como indoor football.
Ceriani, conforme Apolo (1995) e Figueiredo (1996), escreveu as primeiras regras
dessa nova modalidade esportiva em 1933, cujos principais fundamentos se basearam
no futebol de campo, no basquetebol e no handebol, principalmente as questões
relacionadas ao tempo de jogo, à validação dos gols, à ação do goleiro e ao número de
jogadores por equipe.

Um dos brasileiros, que viu a prática do futebol nos ginásios cobertos da ACM do
Uruguai, foi Habib Maphuz, que trouxe a ideia para a ACM de São Paulo (ZILLES, 1987).
Maphuz criou o primeiro regulamento dessa modalidade no início da década de 1950 e
ainda se tornou presidente da Federação Paulista de Futebol de Salão.

Esse cenário ecoou, em nível mundial, e fez com que a Federação Internacional
de Futebol (FIFA, sigla do francês Fédération Internationale de Football Association)
presenteasse o Uruguai como o primeiro país a sediar o primeiro campeonato mundial
de futebol, em 1930, segundo Lucena (1994). Nessa primeira Copa do mundo, o próprio
Uruguai sagrou-se campeão, enquanto o Brasil teve apenas uma participação discreta,
terminando na sexta colocação.

Nesse contexto, parece ser o Uruguai o país que criou o futebol de salão.

Figura 20 – Futebol de salão

Fonte: https://bit.ly/3VGbo55. Acesso em: 10 set. 2022.

189
2.2 A ORIGEM DO FUTEBOL DE SALÃO: VERSÃO BRASILEIRA
Segundo depoimentos dos professores que tinham vínculos com as ACMs, no
início da década de 1930, há relatos de que os alunos da ACM de São Paulo iniciaram a
prática do futebol nos salões de festas, nas quadras de basquete e nas quadras de hóquei
sobre patins daquela associação. A prática ocorria com a utilização de pequenos gols
da modalidade esportiva de hóquei sobre patins, tendo um caráter predominantemente
recreativo (ZILLES, 1987; LUCENA, 1994; APOLO, 1995; FIGUEIREDO, 1996; TEIXEIRA
JÚNIOR, 1996).

Nesse período, o Brasil passou a ter muitos adeptos da prática do futebol do


campo, o que levou a uma escassez de espaços oficiais adequados para realizar os
jogos, segundo Zilles (1987). Vale ressaltar que a cidade de São Paulo, nesse período,
teve um grande aumento da população, vinda de outros Estados, em busca de
melhores condições de vida. Além disso, a cidade passou por um grande processo de
industrialização, passando a ocupar alguns espaços públicos para a construção de
moradias aos recém-chegados e, em consequência disso, os chamados campos de
várzea deixaram de existir.

De maneira quase que inevitável, as pessoas que gostavam de jogar futebol


passaram a realizá-los em locais fechados, conforme Lucena (1994). No início, os grupos
se organizavam com seis ou sete jogadores em cada equipe e as regras combinadas
permitiam utilizar as paredes dos ginásios ou dos salões de festas para tocar a bola.

Segundo Voser, Guimarães e Ribeiro (2006), Ferreira (1994) e Tolussi (1986),


Roger Grain publicou, em 1936, as regras do esporte na Revista de Educação Física e,
na década de 1940, os associados da ACM de São Paulo começaram a praticar, de modo
efetivo, a nova modalidade. A prática dessa modalidade, rapidamente, fez tanto sucesso
que já estava presente nas escolas e em clubes sociais (FERREIRA, 1994; SAAD, 1997).
Nesse contexto, o futebol de salão parece ter origem no Brasil.

Nesse contexto, parece ser o Brasil o país que criou o futebol de salão.

2.3 O FUTEBOL DE SALÃO


No início da década de 1950, essa modalidade espalhou-se pelo Brasil, mais
precisamente, pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, e ganhou o nome de futebol
de salão, sendo a pioneira das organizações das primeiras federações estaduais a
Federação Metropolitana de Futebol de Salão (atual Federação de Futebol de Salão do
Estado do Rio de Janeiro), fundada em 1954, com sede no América Futebol Clube. Na
sequência, foram fundadas as federações Paulista (em 1955), a Gaúcha, a Cearense e
a Paranaense (em 1956).

190
Posteriormente, foi criada a Confederação Sul-Americana de Futebol de Salão
(CSFS), em 1969, e em nível mundial, em 25 de julho de 1971, foi fundada a Federação
Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), no Rio de Janeiro, tendo o brasileiro João
Havelange como seu primeiro presidente.

Mais tarde, em 1979, a sede da Federação Cearense viria a ser a sede da CBFS,
tendo como seu primeiro presidente Aécio de Borba Vasconcelos.

Por outro lado, o Uruguai organizou a prática dessa modalidade somente em


1965, quando criou a primeira entidade oficial, a Federação Uruguaia de Futebol de Salão.

O professor da ACM de São Paulo, Habib Maphuz, no início dos anos 1950,
participou da elaboração das normas para a prática de várias modalidades esportivas
dentro das ACMs, sendo uma delas o futebol de salão, que deveria ser jogado em
quadras. Consequentemente, o professor Habib, em parceria com Luiz Gonzaga de
Oliveira Fernandes, elaborou o primeiro livro de regras do futebol de salão, editado para
o mundo em 1956.

As primeiras bolas usadas eram de serragem, crina vegetal ou cortiça granulada,


que, por pularem muito, com frequência, saiam da quadra de jogo, o que dificultava o
andamento da partida. Dessa forma, as bolas tiveram seu tamanho diminuído e o peso
aumentado, o que levou o futebol de salão a ser chamado de “esporte da bola pesada”.

Tentando finalizar essa questão da criação, em 1971, no Congresso da FIFUSA,


a então responsável pela gestão mundial da modalidade, aprovou, no Art. 15 de seu
estatuto, a origem das regras do jogo no Brasil, considerado o legítimo criador do futebol
de salão. Ressalta-se, ainda, diante desse fato que, na aprovação desse estatuto, o
presidente da Federação Uruguaia de Futebol de Salão, na época, Felipe Ramón
Figueroa, esteve presente para aceitar o estatuto.

Existem, ainda, alguns tópicos que merecem ser levados em conta, ao


abordarmos a temática da criação dessa modalidade esportiva. O Brasil é o maior
vencedor de torneios internacionais e tem, comprovadamente, até os dias de hoje, os
melhores atletas e técnicos do planeta no futsal. Atualmente, é, ainda, a modalidade
mais praticada no território nacional. Em contrapartida, o Uruguai não tem tradição
nenhuma nessa modalidade, não tem atletas nem técnicos de renome internacional, e
o futsal não é a modalidade mais praticada entre seus habitantes.

Possivelmente, acredita-se que a ideia de se jogar futebol em quadras fechadas


deve ter tido suas origens em solo uruguaio. Não obstante, o futebol de salão, como
modalidade esportiva organizada, parece ter todas as suas raízes em solo brasileiro,
visto que foi aqui que ocorreu a regulamentação e a difusão da prática, para além do
território nacional.

191
3 A CRIAÇÃO DO FUTSAL
Para entendermos a origem do futsal, é importante, inicialmente, conhecermos
as instituições organizadoras das modalidades esportivas relacionadas ao futebol e ao
futebol de salão.

A FIFA, cuja fundação ocorreu em 21 de maio de 1904, é a entidade maior do


futebol em nível mundial. Os países fundadores dessa entidade foram França, Bélgica,
Espanha, Suíça, Holanda, Suécia e Dinamarca – posteriormente, Inglaterra, Alemanha,
Áustria e Itália passaram a compor esse grupo de países. Essa federação foi criada
com a finalidade de organizar, comandar, institucionalizar e divulgar o futebol em nível
mundial, tendo sua sede, até os dias de hoje, na Suíça.

A FIFUSA, cuja fundação ocorreu em 25 de julho de 1971, tem a finalidade de


organizar, comandar, institucionalizar e divulgar o futebol de salão em nível mundial.
Os países fundadores dessa entidade foram Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru,
Uruguai e Portugal. A primeira cidade-sede da FIFUSA foi o Rio de Janeiro, sendo
transferida para São Paulo em 1980 (MENDES, 2016).

A CBFS, cuja fundação ocorreu em 15 de junho de 1979, no Rio de Janeiro, teve


como Estados fundadores Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Sergipe,
Amazonas, Pernambuco, Maranhão, Bahia, Paraíba, Mato Grosso, Brasília, Acre, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Amapá, Alagoas
e Goiás. Surgiu, concomitantemente, com a extinção da Confederação Brasileira de
Desportos (CBD). A primeira diretoria da CBFS teve, como presidente, Aécio de Borba
Vasconcelos, e a cidade de Fortaleza, capital do Ceará, foi escolhida para sediar a
entidade.

O crescimento do futebol de salão foi mais rápido do que o previsto, o que levou
os dirigentes da FIFA a darem atenção especial a esse crescimento (FONSECA, 2007).

No início da década de 1980, houve uma tentativa de aproximação entre os


dois dirigentes brasileiros, João Havelange e Januário D’Alécio, que comandavam,
respectivamente, a FIFA e a FIFUSA. Por vários motivos, que envolviam os comandos
das entidades, não foi possível tornar viável um acordo, sobretudo porque uma das
intenções da FIFA era tornar o futebol de salão uma modalidade integrante, o que foi,
prontamente, rechaçado pelos comandantes da FIFUSA (FONSECA, 2007).

Tentando equacionar esse entrave, a FIFA criou uma modalidade nomeada de


fut-five (futebol de cinco – uma mistura do futebol com o futebol de salão: quadra de
futebol de salão, bola de futebol), que tinha, como objetivo, disputar a preferência e o
constante crescimento do futebol de salão (ALVES; BELO, 2020).

Enquanto isso, nos Estados Unidos, era praticada uma modalidade denominada
indoor soccer (futebol de ginásio fechado), reforçando a característica dos norte-
192
americanos de não copiar nada. Esse jogo tem muitos aspectos do futebol de salão,
porém é considerado um pouco mais violento, como ressaltam Alves e Belo (2020).

A FIFA organizou o Primeiro Mundial de Fut-Five, em 1989, na Holanda, sem


muito sucesso. Após essa tentativa, organizou-se, no Brasil, o Segundo Mundial,
também pouco assistido. Acredita-se que essa falta de sucesso tenha relação direta
com o tamanho e o peso da bola, o que não permitia que a ela ficasse muito tempo em
jogo, desmotivando, assim, os espectadores e os próprios praticantes.

No início de 1989, reuniram-se, em Zurique (Suíça), as comissões da FIFUSA e


da FIFA para tentar chegar a um acordo. Foi criada uma Comissão de Integração, cuja
maior finalidade era discutir a unificação do futebol de salão (FIFUSA) com o fut-five
da FIFA. Em continuidade às discussões de um possível acordo entre FIFA e FIFUSA,
Januário D’Alécio, presidente da FIFUSA na época, pediu afastamento da presidência.
Esse fato foi precedido pelo desligamento da CBFS na FIFUSA, o que levou o futebol de
salão brasileiro a fazer parte do quadro da FIFA, e, por isso, dois brasileiros se tornaram
imediatamente membros dela: Januário D’Alécio e Álvaro Mello, nomes que compõem
o quadro de estudiosos que visam a melhorar a divulgação da modalidade, a fim de
disseminá-la pelo mundo (FONSECA, 2007).

Em março de 1989, em uma nova reunião, decidiu-se que a modalidade passaria


a ser comandada, em âmbito mundial, por uma comissão permanente da FIFA, que,
mudando um de seus artigos, oficializou o nome da modalidade para futsal.

Segundo Fonseca (2007), no ano seguinte, em São Paulo, 19 países afiliados


da FIFUSA aprovaram sua extinção, nomeando a FIFA como o órgão máximo do futsal,
em nível mundial. Ainda assim, alguns contratempos continuaram a acontecer nesse
período, o que culminou, em maio de 1990, com o afastamento oficial do Brasil da
FIFUSA, em carta do presidente da CBFS, Aécio de Borba Vasconcelos, àquela entidade,
com o aval das 26 federações filiadas à CBFS.

Liderados pelo Paraguai, algumas Federações Nacionais da América do Sul


se reuniram e, em 1990, criaram a Confederação Pan-Americana de Futebol de Salão
(PANAFUTSAL), mantendo as regras originais da modalidade. As aproximações com a
FIFA não aconteceram e, então, esse grupo criou uma entidade de caráter mundial, em
2002, a Associação Mundial de Futsal (AMF), que organizou campeonatos mundiais nos
formatos da modalidade original. O Brasil é filiado a essa entidade e participa desses
campeonatos mundiais de seleções com participação discreta (MENDES, 2016).

Após vários estudos dentro da FIFA, além das mudanças em algumas regras
do jogo, resolveu-se adotar o nome futsal para a modalidade, pois essa nomenclatura
teria facilidade de pronúncia em todas as partes do mundo, sobretudo no Oriente
(SARDINHA, 2021).

193
Além do nome, outras mudanças no jogo marcaram essa transformação, por
exemplo, a quadra, o tamanho e o peso da bola, o arremesso lateral, que passou a ser
cobrado com os pés, e a utilização dos goleiros fora da área de meta (SARDINHA, 2021).

Um dos principais focos de adaptação, que facilitou a divulgação e a difusão


do futsal, em especial na Europa, foi o uso das mesmas metragens da quadra de
handebol, modalidade intensamente praticada naquele continente. Isso fez com que
não houvesse a necessidade de se demarcarem novas linhas nos ginásios europeus,
pois, praticamente, todas as linhas do futsal sobrepunham-se às linhas do handebol, e
vice-versa (ALVES; BELO, 2020).

O romantismo do futebol de salão estava evidenciado, segundo algumas


pessoas ligadas à modalidade, na habilidade individual de atletas e praticantes. Com
as mudanças ocorridas nas regras do jogo, a modalidade passou a ter predominância
coletiva, o que, para alguns aficionados do futebol, fez com que perdesse o seu brilho.
O jogo passa a ter um número de gols maior, tornando-o, desse modo, mais veloz, mais
estudado quanto à elaboração e à utilização de táticas, princi­palmente as oriundas do
basquete, e mais atraente aos espectadores (ALVES; BELO, 2020).

Em 1989, houve um campeonato mundial, com sede nos Países Baixos, vencido
pelo Brasil. Em 1992, após esse acordo entre as entidades ter sido firmado, foi realizado
o Campeonato Mundial, com sede em Hong Kong, que teve o Brasil como campeão e os
Estados Unidos como vice. Esse evento, segundo Alves e Belo (2020), teve uma grande
força de público e divulgação, o que promoveu uma enorme busca de patrocinadores.

A partir dessas informações, é importante entender que futebol de salão é


uma modalidade esportiva e futsal é outra modalidade. Ainda que tenham muitas
semelhanças em vários quesitos, são diferentes (ALVES; BELO, 2020). Ambas existem
e têm praticantes espalhados pelo mundo, mas, como a FIFA tem grande força
econômica, o futsal tem tido cada vez mais aceitação, divulgação e captação de
participantes por todo o mundo.

4 OS SISTEMAS DE JOGO NO FUTSAL


Quando se pensa em táticas de jogo no futsal, é importante frisar a importância
que esse tipo de organização tem para um bom desempenho de uma equipe. Muitas
vezes, é divulgado que o sucesso de uma equipe acontece por conta das ações de seu
treinador, o qual faz uso de todos os seus conhecimentos, associados aos conhecimentos
de seu grupo de jogadores, para montar as táticas de jogo que a sua equipe irá utilizar
durante uma partida.

A tática de jogo e o sistema tático de jogo no futsal têm conceitos bastantes


semelhantes às tática de jogo e ao sistema tático de jogo no futebol.

194
Em grande medida, o sistema de jogo no futsal é a distribuição posicional dos
jogadores na quadra, e a tática de jogo corresponde às possíveis movimentações que
esses jogadores poderão executar dentro daquilo que o sistema permite fazer durante
uma partida (ALVES; BELLO, 2020).

No futsal, é muito comum ver equipes atuando com sistema de jogo que
permitem inúmeras variações nas movimentações, nos posicionamentos e nas funções
de seus jogadores, o que faz essa modalidade esportiva ser extremamente versátil.

Todas as possíveis alterações nas movimentações, nos posicionamentos e nas


funções dos jogadores em quadra dependem muito das características dos jogadores,
das características da equipe adversária, do momento do jogo, do placar do jogo, entre
outras variáveis que existem durante um jogo de futsal, conforme Alves e Belo (2020).

Desde a organização das regras da modalidade e da internacionalização, a partir


de Mutti (2003), Melo e Melo (2006), e Navarro e Almeida (2008), o futsal apresenta, na
quadra, duas equipes de cinco jogadores, distribuídos em:

• Goleiro: é o jogador que tem o privilégio de poder usar as mãos dentro da sua área
penal. Este jogador pode sair de sua área penal e atuar como jogador de linha,
passando, assim, a ter as mesmas regras dos demais atletas. Sua principal função
é a de defender a sua meta, sendo ainda possível contribuir diretamente em ações
ofensivas. O goleiro é o responsável pela chamada cobrança do arremesso de meta.

NOTA
O arremesso de meta, no futsal, se difere do tiro de meta do futebol. No
futsal, essa ação é feita com a(s) mão(s) e, no futebol, com os pés. No futsal,
é feita exclusivamente pelo goleiro. No futebol, qualquer jogador pode
fazer. No futsal, o goleiro pode executar esse arremesso de qualquer
lugar, desde que dentro de sua área penal. No futebol, a cobrança
do tiro de meta deve ser feita de dentro da área de meta. No futsal,
a bola entra em jogo assim que sair das mãos do goleiro e, no
futebol, a bola entra em jogo assim que for tocada pelo jogador
executante. Tanto no futsal quanto no futebol essa ação acontece
quando a bola atravessar inteiramente a linha de fundo da quadra
ou do campo de jogo, pelo alto ou pelo solo, após ter sido tocada ou
jogada pela última vez por um jogador da equipe adversária.

195
• Fixo: é o jogador que, na maioria das vezes, é o último elemento da defesa antes
do goleiro, colocando-se em posicionamento bastante recuado em relação ao seu
ataque. Esse jogador faz muitas movimentações, a fim de proteger a sua meta e
deve ser um bom marcador, principalmente em se tratando de marcação individual.
Ele deve ser um bom comunicador, pois está à frente do goleiro e, por isso, também
tem uma visão ampla da quadra de jogo, o que favorece organizar posicionamentos e
ações de seus companheiros. O fixo também participa do início das jogadas e auxilia
os alas, tanto nas questões defensivas quanto nas ofensivas.
• Alas: são os jogadores que utilizam as laterais da quadra para fazer suas ações tanto
ofensivas quanto defensivas. Esses jogadores são aqueles que fazem a ligação da
bola da meia quadra de defesa para a meia quadra de ataque e, por isso, devem
ser velozes e com boa agilidade. Nas ações defensivas, os alas devem contribuir
na contenção de ações ofensivas da equipe adversária nesse setor da quadra. Nas
ações ofensivas, devem organizar as jogadas para que a bola chegue ao pivô. Por ter
o formato de um retângulo, a quadra de futsal tem duas laterais, que são ocupadas
pelos alas direito e esquerdo.
• Pivô: é o jogador que se posiciona de modo mais avançado da quadra, geralmente, na
meia quadra de ataque. Esse jogador é responsável por fazer a finalização das jogadas,
que, em grande medida, devem ser concluídas em gol através de seus chutes. O pivô
deve ter um chute bastante forte e ter um bom domínio e controle de bola, visto que,
muitas vezes, atua de costas para o gol adversário e necessita fazer uma rotação,
a fim de se posicionar de frente e, assim, poder fazer a conclusão das jogadas. No
quesito defensivo, o pivô tem um papel importante no posicionamento no meio da
quadra, para poder ajudar na marcação da saída de bola da equipe adversária.

Figura 21 – Jogadores de futsal em quadra

Fonte: https://bit.ly/3ER3TT6. Acesso em: 10 set. 2022.

196
A partir dessa distribuição dos jogadores e das regras atuais que vigoram na prática
do futsal, ressalta-se que essa modalidade esportiva exige um raciocínio, extremamente,
rápido de seus jogadores, no que tange as suas intervenções, além de se ter uma condição
atlética bem elevada, visto que a dinâmica de jogo, atualmente, é de altíssima velocidade.

O jogo de futsal, no segmento do alto rendimento, passou a ficar muito


explicitado nas ações táticas coletivas, não apenas daquelas oriundas da bola parada,
mas, principalmente, das organizações de jogadas a partir da bola em movimento, em
que os treinadores têm papel fundamental na organização tática de suas equipes.

Esse tipo de organização é considerado, muitas vezes, como algo robotizado


e mecânico, impedindo que o jogador possa ousar em suas ações que não estejam
predeterminadas. Por isso, exalta-se, cada vez mais, a figura do treinador, que deve
planejar as ações de sua equipe, de acordo com o grupo que tem, considerando o tipo
de campeonato, a tabela de jogos, o momento do jogo, o placar, entre outros quesitos
envolvidos, o que o torna um estrategista que irá tentar duelar, taticamente, com o
técnico da equipe adversária.

Atualmente, nessas organizações táticas das equipes, identifica-se a


versatilidade que envolve todos os jogadores, incluindo o goleiro, que participa das
constantes variações táticas que o treinador colocará em prática durante um jogo.
As equipes de futsal têm jogadores que desenvolveram a capacidade de atuar,
praticamente, em todas as posições da quadra independentemente do sistema utilizado,
o que demonstra a enorme complexidade tática que essa modalidade atingiu.

4.1 PRINCÍPIOS TÁTICOS


Em um jogo de futsal, Souza (2002) afirma que a atuação de um jogador está
fortemente condicionada pelo modo como ele percebe e compreende o jogo, para
melhor coordenar as suas intervenções.

Garganta (2002) acrescenta que um jogador, durante o jogo, deve saber o que
fazer, a fim de poder resolver o problema que virá posteriormente a sua ação. Visto
que as decisões, durante um jogo, via de regra, segundo Souza (2002), são táticas,
pressupõe-se uma atitude cognitiva do jogador para que possa reconhecer, orientar-se
e regular suas intervenções. O mesmo autor complementa essa ideia afirmando que as
decisões que um jogador toma, com ou sem a bola, seja de modo individual ou coletivo,
fazem parte do conceito de tática.

Diante disso, Costa et al. (2009a) apresentam a forma de entendimento da


tática que concede relevância a todas as movimentações dos jogadores norteadas pelos
princípios táticos que, de acordo com Teodorescu (1984), são as normas de base, segundo
as quais os jogadores coordenam as suas ações durante as fases ofensivas e defensivas.

197
Figura 22 – Princípios táticos do futsal

Fonte: Kumahara (2008, p. 19)

Os princípios táticos podem ser divididos em princípios gerais e específicos


ou fundamentais, conforme os estudos de Queiroz (1983), Teodorescu (1984), Castelo
(1994), Garganta e Pinto (1994), e Costa (2010).

Os princípios táticos gerais preveem o equilíbrio ou o desequilíbrio de situações


de igualdade, superioridade ou inferioridade numérica, tendo relações espaciais e
numéricas, entre os jogadores da mesma equipe e da equipe adversária, especialmente
nas zonas de disputa da bola.

Os princípios específicos representam um conjunto de regras que orientam as


ações dos jogadores e da equipe em duas fases do jogo: defensiva ou ofensiva, tendo
como principal objetivo criar desequilíbrios na organização da equipe adversária.

Na fase ofensiva, observam-se os seguintes princípios:

• a penetração;
• a cobertura ofensiva;
• a mobilidade;
• o espaço.

Na fase defensiva, observam-se os seguintes princípios:

• a contenção;
• a cobertura defensiva;
• o equilíbrio;
• a concentração.

198
4.1.1 Táticas de ataque
Ao discutir o ataque no futebol ou no futsal, Castelo (1999) define, como forma
geral de organização das dinâmicas dos jogadores no setor de ataque, métodos de jogo
ofensivo (MJO), os quais têm origem em Portugal, com três formas fundamentais:

• Contra-ataque: é uma ação tática que acontece durante a transição ofensiva, em


especial quando se recupera a posse de bola, devendo a equipe chegar o mais rápido
possível ao campo do adversário, sem dar chances para que haja recomposição da
defesa. As principais condutas são: rápida transição; alta velocidade da bola; poucos
jogadores; e contato com a bola.
• Ataque rápido: é uma ação tática que acontece quando a equipe adversária está
organizada na sua zona de defesa. As principais condutas são: circulação da bola
em profundidade, com passes rápidos entre poucos jogadores; realização rápida do
ataque; e elevação do ritmo de jogo.
• Ataque posicional: é uma ação tática que acontece de modo mais lento, ou seja, há
uma construção mais demorada, por meio de desmarcações de apoio, coberturas
ofensivas e passes curtos. As principais condutas são: a bola circula mais pelas
laterais do que em profundidade; alto gasto de tempo; vários jogadores fazem parte
do grande número de passes para essa organização.

4.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS DE JOGO NO FUTSAL


Historicamente, o futebol de salão, por ter regras diferentes do futsal,
apresentava alguns sistemas de jogo, que tinha que aproveitar, da melhor maneira, as
restrições das regras, entre elas, a proibição do goleiro de sair da sua área penal, sob
a possibilidade de penalização, além da proibição de se fazer gol dentro da área penal.

Com as mudanças das regras, bem como da organização da nova modalidade, o


futsal, os sistemas táticos passaram também a ser organizados a partir desse referencial. As
regras do futsal permitem, por exemplo, que o goleiro saía da sua área penal para participar
do jogo com os pés, assim como a legitimação de se fazer gol dentro da área penal, e a
cobrança do arremesso lateral, que passou a ser cobrado com os pés, entre outras regras.

4.2.1 Sistema de jogo 2×2


Um dos primeiros sistemas de jogo utilizados no futsal, quando se trata de
categorias de base, foi o 2×2, como afirma Apolo (2004), principalmente por oferecer
equilíbrio entre a defesa e o ataque. Segundo esse autor, esse sistema de jogo é
considerado pioneiro da modalidade e originou-se no futebol de salão na década de
1950, sendo organizado com dois jogadores na defesa (um fixo e um dos alas, que pode
ser o direito ou o esquerdo) e dois jogadores no ataque (o pivô e o outro ala).

199
Ainda que a dupla de jogadores seja orientada a ficar mais avançada (no ataque)
ou mais recuada (na defesa), as funções desses jogadores devem ser mais flexíveis,
uma vez que a dupla atacantes deve ajudar a defesa e a dupla da defesa, o ataque, visto
que grande parte das equipes de futsal organiza seu ataque e sua defesa com, pelo
menos, três jogadores.

Uma crítica, em relação a esse sistema de jogo, é feita por Mutti (2003), que
afirma que existem poucas opções de jogadas, por conta da colocação em quadra dos
jogadores, pois ambos os setores, de defesa e de ataque, ficam carentes e deficientes,
no que tange a ter apoio.

O sistema de jogo 2×2 é ótimo para se trabalhar com equipes em fase de


iniciação, pois permite uma fácil assimilação dos posicionamentos em quadra, bem como
da identificação dos setores. Esse sistema favorece um grande equilíbrio da equipe, no
que tange à relação do setor defensivo com o ofensivo, além de propiciar que ambos os
setores tenham, em todo momento do jogo, ao menos um jogador posicionado. Por outro
lado, esse sistema restringe a movimentação e a criatividade dos jogadores, podendo-se
tornar deficitário no setor defensivo, caso os atacantes se restrinjam a atacar, ou deficitário
no setor ofensivo, caso os defensores se restrinjam a defender.

NOTA
A distribuição dos jogadores em quadra, no sistema 2×2, representa
o desenho de um “caixote”, formato pelo qual esse sistema também é
conhecido, assim como por “quadrado”.

Figura 23 – Sistema tático 2×2

Fonte: https://bit.ly/3yOXRhQ. Acesso em: 10 set. 2022.

200
4.2.2 Sistema de jogo 2×1×1
Sistema que pode ser considerado uma variação do sistema de jogo 2×2,
organizado com dois jogadores na defesa (um fixo e um dos alas que pode ser o direito
ou o esquerdo), um jogador pelo meio (um dos alas, que pode ser o direito ou o esquerdo)
e um jogador no ataque (pivô), conforme mostra Mutti (2003).

O jogador posicionado no ataque deve fazer uma marcação ofensiva,


pressionando os adversários que estão com a posse da bola, em constante deslocamento
de um lado para o outro da quadra. Nesse caso, a equipe com a posse de bola sofre alta
pressão desse atacante, induzindo-a a sair da zona de defesa para a zona de ataque. O
jogador, que se posiciona próximo ao meio da quadra, fará a orientação das possíveis
trocas de marcação, sendo responsável por acompanhar o adversário que se desloca
da defesa para o ataque.

É um sistema, razoavelmente, simples de ser utilizado, não apenas no setor


defensivo, mas também no setor ofensivo, o que sugere ser adotado por equipes nas
categorias de base (MUTTI, 2003).

Nas equipes de futsal de alto rendimento, esse sistema faz parte da organização
dos jogadores, principalmente nas jogadas de saída de bola, e tem a intenção de
enganar a marcação que, porventura, seja de “pressão” do adversário, visto que há,
nesse sistema, uma aproximação maior de um dos jogadores de frente, em relação aos
jogadores de defesa.

NOTA
A chamada marcação de “pressão” é aquela em que os jogadores da
equipe que estão sem a posse de bola ficam bem próximos, encostados,
aos jogadores da equipe que tem a posse de bola. A ideia dessa marcação
é provocar um erro da equipe que está com a posse de bola, induzindo
que essa equipe utilize o goleiro, pois todos os jogadores de linha estão
marcados, para fazer um lançamento ou sair jogando sozinho, quando o
lance não for um arremesso de meta.

201
Figura 24 – Sistema tático 2×1×1

Fonte: https://bit.ly/3TalKc3. Acesso em: 10 set. 2022.

4.2.3 Sistema de jogo 1×2×1


Sistema que também pode ser considerado uma variação do sistema de jogo
2×2, apresentando maiores características de posicionamento com jogadores no setor
da metade da quadra (MUTTI, 2003).

Sua organização, em quadra, acontece no setor defensivo, com um jogador (o


fixo) no setor da metade da quadra, dois jogadores próximos à linha que divide ao meio (o
ala direito e ala esquerdo) e, no setor de ataque, um jogador (o pivô), sugere Apolo (2004).

Essa distribuição dos jogadores em quadra fica bem parecida com a figura
geométrica do losango, o que distancia, tanto o fixo quanto o pivô, dos jogadores que
se concentram na metade da quadra, nesse caso, os alas. Esse posicionamento dos
jogadores facilita a reposição de bola do goleiro, principalmente no arremesso de meta,
em que terá duas opções (os alas), para fazer essa reposição (MUTTI, 2003; APOLO, 2004).

A utilização do sistema de jogo 1×2×1 favorece o bloqueio de ações no setor


de meio de quadra, próximo à linha central, visto que, nesse local, terá dois jogadores,
os alas (APOLO, 2004). Esses alas também podem ser utilizados para uma marcação
chamada de “meia pressão” com trocas, ou seja, sem aproximar-se da meia quadra de
ataque, posicionados, estrategicamente, para evitar organizações do adversário, a partir
desse setor, facilitando a marcação do pivô no acompanhamento da saída de bola da
outra equipe, como destaca Mutti (2003).

Esse autor afirma que tal cenário indica um acompanhamento dos adversários
que se deslocam em direção à meia quadra de ataque na saída de bola, pelos alas que
já estão posicionados para acompanhar essas movimentações.

202
Por outro lado, esse sistema cria alguns espaços que facilita a troca de passes
da equipe adversária, principalmente na meia quadra defensiva até a linha central o que
obriga o pivô acompanhar os diferentes deslocamentos da bola entre a troca de passes
dos adversários desgastando-o fisicamente (MUTTI, 2003; APOLO, 2004).

Figura 25 – Sistema tático 1×2×1

Fonte: adaptada de https://www.cienciadabola.com.br/blog/sistemas-taticos-ofensivos-futsal.


Acesso em: 10 set. 2022.

4.2.4 Sistema de jogo 3×1 ou 1×3


Sistema também conhecido como “diamante” (por sua distribuição dos
jogadores em quadra se aproximar da figura de um diamante), é considerado um dos
mais utilizados pelas equipes de futsal e, segundo Saad e Costa (2001), é organizado
com três jogadores na defesa (dois alas – um direito e um esquerdo – e um fixo –
centralizado) e um jogador no ataque (pivô). Nessa distribuição dos jogadores, esse
sistema se torna mais defensivo.

Essa mesma distribuição e organização dos jogadores, nesse sistema, segundo


os mesmos autores, pode tornar esse sistema mais ofensivo quando os alas, em vez de
ficarem na meia quadra de defesa, atuam na predominância da meia quadra de ataque,
ou seja, deixando o ataque com três jogadores (dois alas mais o pivô) e a defesa apenas
com um jogador (fixo). Nesse caso, o sistema passa ser conhecido como 1×3.

Os alas, especificamente, atuam tanto na marcação dos adversários quanto nas


saídas de bola ao ataque (SAAD; COSTA, 2001). Para que haja essa variação de enfoque
desse sistema, no setor defensivo ou setor ofensivo, é imprescindível ressaltar a importância
da preparação física dos atletas, a fim de que consigam efetivar essas movimentações
com alta velocidade durante um jogo, como comenta Saad e Costa (2001).

203
Para Mutti (2003), esse sistema tem uma alta complexidade em sua organização,
visto que três dos quatro jogadores de linha (ora os dois alas e o fixo, ora os dois alas e
o pivô) atuam na mesma região da quadra, o que viabiliza a possibilidade de combinar
algumas variações e trocas de posições durante as jogadas.

Em grande medida, segundo Mutti (2003), os treinadores que usam esse


sistema de jogo planejam muitas trocas de passes, com muitas trocas de posições, no
sentido de manter e facilitar a criação de jogadas ofensivas.

Figura 26 – Sistema tático 3×1

Fonte: https://bit.ly/3s65rkn. Acesso em: 10 set. 2022.

4.2.5 Sistema de jogo 4×0, 0×4 ou quatro em linha


Sistema que pode ser considerado o mais utilizado, atualmente, nas equipes
de alto rendimento. O sistema 4×0 ou quatro em linha necessita, efetivamente,
de jogadores que tenham um alto nível, no que se refere a gestos, fundamentos ou
habilidades técnicas individuais, que devem ser realizados de modo preciso, associado
ao grau elevado de preparação física a ser solicitado durante todo o transcorrer de uma
partida (SAAD; COSTA, 2001; MUTTI, 2003; APOLO, 2004).

Desse modo, a organização dos jogadores em quadra, nesse sistema, propõe que
os quatro jogadores de linha façam movimentações simultâneas por todos os setores da
quadra, ocupando, assim, todos os espaços, em uma troca constante de posições.

Esse tipo de troca e de movimentação pelos vários setores da quadra permite


que haja várias opções para trocas de passes, infiltrações, fintas, dribles e grande
quantidade de oportunidades para conclusão e finalização de uma jogada de ataque
(MUTTI, 2003).

204
NOTA
A infiltração, no futsal, é considerada a ação de um jogador na busca
de um espaço que possibilite receber a bola em uma situação mais
vantajosa, em relação à defesa, a fim de que ele possa tentar se beneficiar
da recepção do passe e concluir a jogada com uma finalização ao gol.

Quando uma equipe utiliza esse sistema de jogo, terá a possibilidade de


promover uma maior dinâmica na movimentação dos atletas, o que pode viabilizar
maiores chances de chegar ao gol adversário (SAAD; COSTA, 2001).

Os autores ainda ressaltam que a equipe que se defende do sistema de jogo 4×0
ou quatro em linha sempre terá grande dificuldade em organizar, de maneira efetiva, a
marcação, pois a movimentação constante e a rápida troca de posições e de setores dos
jogadores em condições de ataque desestabilizam as defesas, principalmente quando
um jogador consegue fazer uma infiltração e recebe uma bola próxima ao gol.

A bola, nesse sistema de jogo, segundo Mutti (2003), está em alta velocidade, a
partir da promoção de passes rápidos dos jogadores que se movimentam pela quadra,
o que faz com que, tanto a equipe que ataca quanto a equipe que se defende, tenha
um grande desgaste físico, visto que, praticamente, não existem momentos de pausa
enquanto a bola está em jogo.

Ainda, para Mutti (2003), partindo-se do pressuposto de que a equipe na


organização em quadra do 4×0 ou quatro em linha deve ter jogadores com gestos,
fundamentos ou habilidades técnicas individuais bem treinados, o tempo de posse de
bola dessa equipe é muito grande, o que favorece o aumento de oportunidades para
finalizar as jogadas em gol.

Quando uma equipe se dispõe a fazer uma marcação sob pressão, a equipe
pressionada, ao usar o sistema de jogo 4×0 ou quatro em linha, terá grandes chances de
se desvencilhar dessa marcação, pois a velocidade, nos deslocamentos dos jogadores
para se colocarem em posição de receber a bola, dificulta os marcadores da equipe
que faz uso da marcação sob pressão, no sentido de acompanharem o tempo todo os
adversários em suas movimentações em alta velocidade (SAAD; COSTA, 2001).

Para que uma equipe utilize esse sistema de jogo, é imprescindível que, segundo
Saad e Costa (2001), além de serem incorporados, em um nível elevado, os gestos,
os fundamentos ou as habilidades técnicas individuais, os jogadores devem ter uma
percepção e um reconhecimento espacial da quadra muito bem interiorizado, a fim de
que possam se deslocar, para receber passes e, assim, efetivar as jogadas com maiores
possibilidades de fazer o gol.

205
Ainda, nessa perspectiva geográfica e espacial da quadra, esse sistema só
terá eficiência se a quadra tiver as dimensões oficiais, ou seja, 20 m × 40 m, pois os
jogadores da equipe adversária terão extrema dificuldade em realizar coberturas das
movimentações nos espaços vazios gerados pelas infiltrações. Os autores ainda falam
que o ponto forte desse sistema está no espaço defensivo deixado pelos jogadores da
equipe adversária (SAAD; COSTA, 2001). Ainda que a movimentação tenha sua origem
na meia quadra defensiva, esse sistema é considerado altamente ofensivo, identificado
pela progressão gradual dos jogadores do setor defensivo para o meio da quadra e,
posteriormente, para o setor ofensivo.

Esse sistema ainda permite uma variação do 4×0 para o chamado 0×4, tornando-o
mais ofensivo. Nesse caso, os jogadores, em vez de iniciarem as movimentações e as
trocas de posições no setor defensivo, já iniciam essas circulações no setor ofensivo.
Esse cenário reverencia o aumento da exigência física e técnica e, por isso, é utilizado
mais perto do final do jogo em uma situação de placar desfavorável, por exemplo,
quando a equipe precisa fazer algum gol para sair de um empate ou tentar vencer o
jogo quando o placar está em igualdade. É evidente que, nessa tomada de posições
em 0×4, o setor defensivo fica extremamente vulnerável, no que tange à viabilidade de
sofrer gols (SAAD; COSTA, 2001; MUTTI, 2003).

Figura 27 – Sistema tático 4×0

Fonte: https://bit.ly/3TD7oAN. Acesso em: 10 set. 2022.

4.2.6 Sistema de jogo 1×2×2, 3×2, 2×3, 1×4 ou “casinha”


O sistema de jogo 1×2×2, 3×2, 2×3, 1×4 ou “casinha” foi elaborado e criado a partir da
possibilidade de as regras atuais do futsal permitirem que o goleiro possa jogar com os pés
fora de sua área penal, o que permite perceber que, tal qual no futebol de campo, as mudanças
nas regras do jogo promovem possibilidades de criar sistemas de jogo (SAAD, 2005).

206
Esse sistema, de acordo com Saad (2005), conta com a participação efetiva do
goleiro na construção e na efetivação das jogadas e, por isso, é chamado de “goleiro
linha”, uma vez que ele participará das movimentações fora de sua área penal.

Além do goleiro em posição fora da área penal, Saad (2005) informa que esse
sistema é organizado com dois jogadores próximos à linha central, dispostos um em
cada lado da quadra, e dois jogadores de frente, sendo um do lado direito e outro do
lado esquerdo da quadra.

Essa distribuição dos jogadores pela quadra suscita a formação de um


pentágono, que tem um desenho bem parecido com o de uma “casinha”, sendo também
conhecido por esse nome, acrescenta Saad (2005).

NOTA
O “goleiro linha” é uma figura criada a partir da utilização de alguns
sistemas de jogo, em que o goleiro, muitas vezes, é substituído por um
jogador de linha, para exercer algumas funções de jogador de linha,
em vez de se restringir a ficar dentro da área penal, fazendo defesas e
podendo utilizar as mãos para executar essas defesas.

Tal qual o sistema de jogo 4×0 ou quatro em linha, o sistema de jogo 1×2×2,
3×2, 2×3, 1×4 ou “casinha” é utilizado, geralmente, pelas equipes quando estão em
desvantagem no placar, precisando fazer gols para igualar o resultado, sair de um
empate ou, ainda, quando o treinador opta por manter a posse de bola com sua equipe
por um tempo maior, passando a bola, rapidamente, em todos os setores da quadra,
tentando fazer com que a equipe adversária sofra um maior desgaste físico por ficar, a
todo custo, conseguir a posse de bola (BALZANO, 2018).

A principal vantagem gerada pelas equipes que utilizam esse sistema de jogo é
a superioridade numérica disponibilizada nos setores da quadra, ou seja, a equipe que
utiliza o sistema de jogo 1×2×2, 3×2, 2×3, 1×4 ou “casinha” terá cinco jogadores de linha
contra quatro jogadores de linha da equipe adversária, o que indica uma possibilidade
de ficar mais tempo com a posse de bola, aumentado, assim, as chances de finalizações
das jogadas.

Por outro lado, a retirada do goleiro de sua área penal fica muito mais exposta
e vulnerável a sofrer gols, principalmente de média e longa distância, caso os seus
jogadores de linha percam a posse de bola (SAAD, 2005).

Essa situação da substituição do goleiro regular por um jogador de linha,


que transforma o goleiro no chamado “goleiro linha”, para Saad (2005), pode trazer

207
resultados ruins, tanto no que tange à distância desse “goleiro linha” das suas traves de
meta quanto na baixa condição técnica de executar ações específicas de um goleiro, no
sentido das técnicas e dos gestos de defesas.

Atualmente, os goleiros regulares têm passado por treinamentos específicos de


gestos, fundamentos ou habilidades técnicas individuais dos jogadores de linha, a fim
de poderem, durante uma partida, ser utilizados nessas funções sem a necessidade de
substituição por um jogador de linha (BALZANO, 2018; SAAD, 2005).

NOTA
O “goleiro linha”, nesse sistema de jogo, pode estar posicionado tanto
na meia quadra de defesa quanto na meia quadra de ataque. As regras
atuais do futsal restringem a posse de bola do goleiro, na meia quadra de
defesa, pois ele não pode receber a bola mais de uma vez, além de não
poder permanecer com a posse de bola por mais de 4 segundos. No caso
de estar no setor de ataque, ou seja, na meia quadra de ataque, pode ser
acionado quantas vezes for requerido e fica passível das mesmas regras
de um jogador de linha.

Figura 28 – Sistema tático 1×2×2 – casinha

Fonte: adaptada de https://bit.ly/3Td6qve. Acesso em: 10 set. 2022.

208
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Posições dos jogadores de futsal: as posições estão apresentadas, em especial,


pelo local da quadra onde os jogadores de futsal desenvolvem suas ações. São elas:
goleiro, fixo, alas e pivô.

• As funções dos jogadores de futsal: o goleiro pode usar as mãos dentro da sua
área penal, sendo a sua principal função defender a sua meta, além de contribuir
em ações ofensivas; o fixo é o último elemento da defesa antes do goleiro e fica
bastante recuado em relação ao ataque; os alas utilizam as laterais da quadra para
suas investidas ofensivas e defensivas; e o pivô fica mais avançado na meia quadra
de ataque e faz finalizações.

• Os principais sistemas táticos do futsal são: o sistema 2×2, que mantém o equilíbrio
entre a defesa e o ataque; o sistema 2×1×1, que sugere um meia para armação; o
sistema 1×2×1, que propõe mais jogadores no meio, tanto para atacar quanto para
defender; o sistema 3×1, em que predomina ser mais defensivo; o sistema 4×0, que
propõe rodízio de posição entre os jogadores; e o sistema casinha, que coloca o
goleiro fora da área penal, para atuar como jogador de linha.

• Variações dos sistemas táticos do futsal: todos os sistemas de jogo podem variar e se
tornar mais ofensivos ou mais defensivos, de acordo com o posicionamento tático de
cada jogador. Caso o posicionamento dos jogadores seja mais próximo à meia quadra
de defesa, o sistema fica mais defensivo e, caso o posicionamento seja mais próximo
à meia quadra de ataque, o sistema fica mais ofensivo.

209
AUTOATIVIDADE
1 O futebol de salão tem suas raízes nas décadas de 1930 e 1940, diferentemente do
futsal, que inicia, oficialmente, suas práticas no final da década de 1980. Sobre o
futsal, é certo que sua organização tem início a partir da FIFA, enquanto o futebol de
salão inicia suas atividades, de modo grosseiro, nas Associações Cristãs de Moços
(ACMs). De acordo com algumas pesquisas (não conclusivas), existem duas versões
sobre esse início da prática do futebol de salão nas ACMs. Sobre essas versões que
apresentam as raízes do futebol de salão, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O futebol de salão sempre existiu no Uruguai bem antes da década de 1930,


o que levou o país a ter uma excelente equipe de futebol de campo, a qual se
consagrou bicampeã nos Jogos Olímpicos de Paris (1924) e Amsterdã (1928),
tendo o apelido de Tocha Olímpica. Assim, os jogadores de futebol começaram
a jogar futebol nas ruas e nos antigos cinemas de Montevidéu, o que levou a
população a comprar mais bolas da modalidade.
b) ( ) O futebol de salão é uma adaptação que os brasileiros fizeram do antigo futebol
de várzea que se jogava à beira dos rios. Na década de 1940, com as grandes
enchentes, principalmente dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo, as equipes
de futebol de campo passaram a praticar o jogo em cima das pontes, dando
início à criação da nova modalidade, que iria ser chamada de “futebol suspenso”
e, posteriormente, de futebol de salão.
c) ( ) O Brasil foi selecionado para ser a sede do primeiro encontro de grandes
jogadores e técnicos de futebol do mundo na década de 1930. Esse encontro foi
promovido pela FIFA e contou com grandes nomes da modalidade que queriam,
além de discutir sobre futebol, também jogá-lo. Por isso, depois das reuniões, os
jogadores tiravam as mesas e as cadeiras dos salões e faziam pequenos jogos,
dando início à criação do futebol de salão.
d) ( ) O futebol de campo era muito praticado no Uruguai na década de 1930,
principalmente por conta do time daquele país ter se consagrado bicampeão nos
Jogos Olímpicos de Paris (1924) e Amsterdã (1928), tendo o apelido de Celeste
Olímpica (“celeste” por ter o azul na cor de sua camisa e “olímpica”, pelos feitos
alcançados nos Jogos Olímpicos). Assim, os apaixonados pelo futebol começaram
a jogar partidas em ginásios cobertos de basquete, por conta do frio local.

2 Existem várias instituições, em nível local, nacional e mundial, que organizam


e comandam as modalidades esportivas. No caso do futsal, atualmente, em nível
mundial, o maior comando está sob a responsabilidade da FIFA, criada em 21 de
maio de 1904, com sede, até os dias de hoje, na Suíça, cujos objetivos são organizar,
comandar, institucionalizar e divulgar o futebol, tendo passado a cuidar do futsal a
partir do final da década de 1980. Com base nas reflexões históricas sobre o comando
do futsal e do futebol de salão, em todos os níveis, analise as sentenças a seguir:

210
I- A primeira instituição, criada para organizar, comandar, institucionalizar e divulgar o
futebol de salão, em nível mundial, foi a Federação Internacional de Futebol de Salão
(FIFUSA), fundada no dia 25 de julho de 1971 e tendo como primeira cidade-sede o
Rio de Janeiro.
II- A Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) data a sua fundação em 15 de
junho de 1989, no Mato Grosso do Sul. Os estados fundadores foram Mato Grosso do
Sul, Tocantins, Acre, Brasília, Sergipe, Piauí, Roraima e Rondônia, tendo sua primeira
sede em Campo Grande.
III- A FIFA e a FIFUSA tentaram conversar sobre o comando do futebol de salão em
2015, antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, a fim de tornar o futsal
uma modalidade esportiva olímpica. A conversa não teve resultado positivo.
IV- A FIFA, no final da década de 1980, promoveu a organização de uma modalidade
esportiva chamada de fut-five (futebol de cinco – uma mistura do futebol com o
futebol de salão: quadra de futebol de salão, bola de futebol).
V- No início de 1989, a FIFUSA e a FIFA criaram uma Comissão de Integração, para discutir
a unificação do futebol de salão (FIFUSA) com o fut-five da FIFA, chegando, enfim, a
um acordo, tendo Januário D’Alécio e Álvaro Mello como estudiosos do grupo.
VI- No final do ano de 1999, o futsal passa a ser comandado, em nível mundial, pela
FIFUSA, que passa a deter todos os direitos de transmissão e organização de
campeonatos nacionais e mundiais até os dias atuais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, IV e V estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, V e VI estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, III e V estão incorretas.

3 As equipes de futsal e de futebol de salão, em grande medida, distribuem os


seus jogadores em quadra divididos por algumas funções, sendo muito comum
identificar essas posições a partir dos diferentes sistemas de jogo utilizados, os
quais permitem muitas variações em relação, principalmente, às movimentações.
Essas movimentações e posicionamentos dependem, sobretudo, das características
individuais dos jogadores futsal. As principais funções e posições dessa modalidade
podem ser definidas como: goleiro, fixo, alas e pivô. Classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Goleiro: é o jogador que tem o privilégio de poder usar as mãos dentro da sua área
penal. Pode sair de sua área penal e atuar como jogador de linha, passando, assim,
a ter as mesmas regras dos demais atletas. Sua principal função é defender a
sua meta, podendo, ainda, contribuir diretamente em ações ofensivas. O goleiro é
responsável pela chamada cobrança do arremesso de meta.
( ) Fixo: é o jogador que, na maioria das vezes, é o primeiro elemento do ataque antes
do ala, colocando-se em posicionamento bastante recuado em relação ao seu
ataque. Esse jogador faz muitas movimentações, a fim de proteger a sua meta, e

211
deve ser um bom marcador, principalmente em se tratando de marcação coletiva.
Deve ser um bom comunicador, pois está à frente do ala e, por isso, também tem
uma visão ampla da quadra de jogo, o que favorece organizar posicionamentos
e ações de seus adversários. Também participa do início das jogadas e auxilia o
goleiro tanto nas questões defensivas quanto nas ofensivas.
( ) Alas: são os jogadores que utilizam as laterais da quadra para fazer suas ações, tanto
ofensivas quanto defensivas. São os jogadores que fazem a ligação da bola da meia
quadra de defesa para a meia quadra de ataque e, por isso, devem ser velozes e com
boa agilidade. Nas ações defensivas, devem contribuir na contenção de ações ofensivas
da equipe adversária nesse setor da quadra. Nas ações ofensivas, devem organizar as
jogadas, para que a bola chegue ao pivô. Por ter o formato de um retângulo, a quadra
de futsal tem duas laterais, que são ocupadas pelos alas direito e esquerdo.
( ) Pivô: é o jogador que se posiciona de modo mais avançado da quadra, geralmente, na
meia quadra de ataque. Esse jogador é responsável por fazer a finalização das jogadas,
que, em grande medida, devem ser concluídas em gol, a partir de seus chutes. O pivô
deve ter um chute bastante forte e um bom domínio e controle de bola, visto que,
muitas vezes, atua de costas para o gol adversário e necessita fazer uma rotação,
a fim de se posicionar de frente e, assim, poder fazer a conclusão das jogadas. No
quesito defensivo, o pivô tem um papel importante no posicionamento no meio da
quadra, para poder ajudar na marcação da saída de bola da equipe adversária.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – F.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – F – F – V.

4 Ainda que o futebol de salão tenha algumas regras diferentes do futsal, muitos
sistemas táticos de jogo dessas modalidades podem ter suas principais construções
e adaptações a partir do sistema considerado pioneiro, que é o 2×2. Esse sistema, a
princípio, oferece um bom equilíbrio entre a defesa e o ataque, e é tido como base
de organização de vários outros sistemas. Apresente as principais características do
sistema de jogo 2×2.

5 No futsal moderno, um dos sistemas que tem sido mais utilizado pelas equipes de
alto rendimento é o 4×0 ou quatro em linha. Esse sistema, invariavelmente, necessita
que os jogadores tenham um padrão de gestos, fundamentos ou habilidades técnicas
individuais muito altos, que serão somados ao elevado padrão de condição física
adquirido na preparação física dessas equipes atualmente. Apresente as principais
características do sistema de jogo 4×0 ou quatro em linha.

212
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO

1 INTRODUÇÃO
O treinamento das táticas de jogo, tanto no futebol quanto no futsal, parte
do pressuposto de que a organização das atividades deve atender às expectativas
potenciais dos jogadores, bem como às criações do treinador.

O planejamento deve ser feito a partir das características individuais de cada


jogador, associadas às pretensões vislumbradas pelo treinador, ou seja, a equipe
multidisciplinar de trabalho tem que identificar as particularidades de cada jogador,
tanto as qualidades quanto as deficiências, e, assim, programar as posições e as
movimentações que podem ser aplicadas durante um jogo.

A escolha dos sistemas de jogo e das táticas a serem utilizadas pelas equipes
depende muito desses fatores e, por isso, vale ressaltar que não existe um sistema
tático mais eficiente que outro ou, ainda, que não existe um esquema de jogo ideal, pois,
segundo Santos Filho (2002), todos os sistemas podem ser eficientes, desde que bem
treinados, tendo pontos positivos e negativos. O autor ainda lembra que, se um sistema
deu certo, quando aplicado em um jogo contra um determinado adversário, poderá dar
errado em outro jogo com um adversário diferente.

Figura 29 – Planejamento do treinamento tático

Fonte: https://bit.ly/3yWMd4z. Acesso em: 10 set. 2022.

Além disso, o nível de compreensão tática dos jogadores, que vai muito além das
ações físicas e técnicas individuais, também deve ser levado em conta para a escolha
do sistema de jogo e das táticas, pois, caso os jogadores não entendam o que precisa
ser feito, provavelmente, o sistema e as táticas não terão bons resultados.

Em grande medida, os sistemas de jogo sugeridos com muitos detalhes,


sobretudo quando as variações e movimentações, comumente, têm tido fracasso, em
especial quando aplicados nos treinamentos de crianças em início de trabalho.

213
Os sistemas de jogo e as táticas no futebol e no futsal devem vislumbrar certo
equilíbrio entre os setores do campo/quadra, em se tratando de defesa, meio de campo/
quadra e ataque, visto que esse equilíbrio não depende, exclusivamente, do número de
jogadores em cada área do campo, mas, sim, da disposição e da distribuição aliadas à
compactação e à obediência tática.

Ainda que o treinamento tático e a organização tática sejam muito importantes para
um bom desempenho coletivo, o treinador, sempre que possível, deve oferecer liberdade
aos jogadores, a fim de que possam criar e improvisar movimentações, posicionamentos e
jogadas que, talvez, não foram treinadas. Vale ressaltar que a rigidez de um sistema tático
pode, muitas vezes, ser a própria causa de ineficiência de uma equipe.

2 PRINCÍPIOS TÁTICOS DO TREINAMENTO


A principal ideia, na organização de treinamentos táticos de uma equipe de
futebol ou de futsal, é organizar um conjunto de agentes, em interação, que cooperam
com objetivos e comportamentos comuns, buscando criar ordem e estabilidade no contexto
de desordem e instabilidade que acontece durante um jogo.

Nessas atividades, deve-se prever situações em que os jogadores, tanto


em ações coletivas quanto em ações individuais, busquem uma melhor ocupação
espacial do campo jogo.

Diante disso, autores, como Garganta e Pinto (1994), sugerem que os princípios
táticos formam um conjunto de normas comportamentais sobre o jogo, que proporciona,
aos jogadores, a possibilidade de atingirem, rapidamente, soluções táticas para os
problemas advindos da situação que defrontam. Outros autores, como Worthington (1974),
Hainaut e Benoit (1979), Queiroz (1983), Bayer (1994), Castelo (1999) e Costa et al. (2010),
organizam princípios que regem os treinamentos táticos, conforme descrito a seguir.

2.1 RELAÇÕES ESPACIAIS E NUMÉRICAS


Os princípios gerais se pautam nas relações espaciais e numéricas entre os
jogadores da equipe e os adversários, nas zonas de disputa pela bola, são:

• não permitir a inferioridade numérica;


• evitar a igualdade numérica;
• procurar criar a superioridade numérica.

214
2.2 CONCEITOS ATITUDINAIS DEFENSIVOS E OFENSIVOS
Os princípios operacionais são relacionados a conceitos atitudinais para as duas
fases do jogo, sendo:

• Defensivos:
º anular as situações de finalização;
º recuperar a bola;
º impedir a progressão do adversário;
º proteger a meta;
º reduzir o espaço de jogo adversário.
• Ofensivos:
º conservar a bola;
º construir ações ofensivas;
º progredir pelo campo de jogo adversário;
º criar situações de finalização;
º finalizar à meta adversária.

2.3 DESEQUILÍBRIO DA ORGANIZAÇÃO ADVERSÁRIA


Os princípios fundamentais sugerem a possibilidade de desequilibrar a
organização da equipe adversária e estabilizar a própria organização nos aspectos
defensivo ou ofensivo:

• Defensivos:
º contenção;
º cobertura defensiva;
º equilíbrio;
º concentração;
º unidade.
• Ofensivos:
º penetração;
º mobilidade;
º cobertura ofensiva;
º espaço;
º unidade.

215
Figura 30 – Organização do treinamento tático

Fonte: https://bit.ly/3yPRTgU. Acesso em: 10 set. 2022.

Queiroz (1983), Garganta e Oliveira (1996) e Casarin et al. (2011) acrescentam


princípios relacionados ao modelo de jogo, que se caracterizam como padrões de ação
tática, de intencionalidades e regularidades, em que os jogadores se manifestam em
diferentes medidas, a partir dos diferentes cenários do jogo, sempre obedecendo às
ideias de jogo do treinador, em todos os níveis do jogo, seja individual, grupal, setorial,
intersetorial ou coletivo.

2.4 COBERTURAS: OFENSIVA E DEFENSIVA


Partindo-se do pressuposto de que o tempo de posse de bola individual de um
jogador de futebol, durante um jogo, é pequeno, no tempo em que este não tiver a posse
de bola, invariavelmente, deve fazer as chamadas coberturas, que podem ser ofensivas
ou defensivas, conforme Belozo e Lopes (2017).

2.4.1 Cobertura ofensiva


Consideram-se as ações de apoio ao jogador que está com a posse de bola.
Inicialmente na história do futebol, essas coberturas aconteciam pelo jogador sem a
posse de bola que tentava recuperá-la, caso aquele que estivesse com a posse de bola,
perdê-la. O princípio da cobertura ofensiva é de que o jogador sem a bola auxilie a
progressão do jogador com a bola (COSTA et al. 2009a).

A partir do entendimento de que se chega mais facilmente ao gol adversário,


trocando passes, em vez de conduzir a bola, individualmente, os mesmos autores
mostram que as coberturas ofensivas evoluíram.
216
Nessa cobertura ofensiva, segundo Müller, Costa e Garganta (2018), a ideia
é manter a posse de bola o maior tempo possível, ampliando as possibilidades de se
chegar ao gol adversário, por meio da ocupação de espaços e avanços em direção a
meta contrária.

Uma perspectiva dessa cobertura, segundo esses autores, é criar superioridade


numérica nos setores do campo onde a bola estiver em disputa. Outras perspectivas
são as de possibilitar as tabelas, as triangulações ou, ainda, fazer pressão.

2.4.2 COBERTURA DEFENSIVA


O principal objetivo da cobertura defensiva é impedir a progressão da equipe
adversária, diminuindo, ao máximo, as ações ofensivas, segundo Costa et al. (2009a;
2009b). Esses autores ainda acrescentam que, nessa cobertura, a equipe deve criar
obstáculos para o adversário que tiver a posse de bola, além de criar superioridade
numérica e comportamental.

A marcação, que, historicamente, era para ser individual, se transforma em uma


marcação setorizada, em que cada jogador é responsável por um setor do campo de
jogo, como ressaltam Belozo e Lopes (2017).

A ideia dessa cobertura é fechar os espaços na região próxima àquele jogador


que tem a posse de bola, sem a necessidade de se fazer uma marcação individual
(COSTA et al., 2009a; 2009b). Nesse tipo de ação defensiva, muitas vezes, quem rouba
a bola é o jogador que está fazendo a cobertura, e não necessariamente o jogador de
contensão (COSTA et al., 2009a; 2009b).

Com a evolução técnica e física dos jogadores, as ações coletivas passam a


predominar no futebol e no futsal, tendo a superioridade numérica um objetivo regular,
além do alto grau de comunicação que deve haver de modo constante (MÜLLER; COSTA;
GARGANTA, 2018).

3 TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL


Entre as ferramentas mais eficientes, a serem utilizadas para o treinamento das
táticas no futebol, estão os chamados pequenos jogos e os jogos para desenvolver a
inteligência tática, nos quais o treinador deve utilizar todos os recursos de aprendizagem,
como uma apresentação verbal ou visual (campo magnético, quadro branco, lousa,
fotos, vídeos, transparência etc.) e também a demonstração no campo.

Partindo do conceito de tática, apresentado por Teoldo, Guilherme e Garganta


(2015), que afirmam ser a gestão do espaço, acrescentando o conceito de Greco (2006),

217
sugerindo ser a capacidade de solucionar problemas e tomar decisões durante o jogo, o
treinamento tático, a partir de Praça e Greco (2020), pode ser definido como o processo
pedagógico que deve construir e organizar oportunidades de aprendizagem, com
objetivo de melhorar a capacidade de tomada de decisão do indivíduo em diferentes
situações do jogo.

Esses autores ressaltam que treinamentos táticos, no futebol, devem seguir


uma lógica progressiva, ou seja, partir das atividades simples para as complexas. Nessa
perspectiva, quanto maior a complexidade da atividade, maior será a chance de erro,
e isso deve ser levado em conta no processo a longo prazo, uma vez que os membros
da equipe multidisciplinar devem definir objetivos e metas de cada uma das atividades,
com a percepção dessa relação entre o nível de dificuldade e a possível taxa de erro que
poderá acontecer.

Os pequenos jogos, utilizados nos treinamentos táticos do futebol, têm


demonstrado uma expressiva melhora, no que tange à tomada de decisão dos atletas
diante de situações ocorridas em um jogo (PRÁXEDES et al., 2019). Desse modo, esse tipo
de atividade apresenta situações e contextos muito próximos àqueles que acontecem
em um jogo real e, assim, produzem respostas mais rápidas e uma sensível redução do
tempo de reação em um ambiente de jogo.

A variabilidade da prática, segundo os autores, invariavelmente, levará o


indivíduo a novas descobertas e diferentes soluções para os problemas ditos táticos, que
exigem algumas respostas motoras e, por isso, essas atividades levam os participantes
a comportamentos adaptativos e grandes melhoras da performance.

Os jogos para desenvolver a inteligência tática são jogos coletivos, criados com
alterações de regras, que, segundo Balzano (2007), não têm tanta exigência quanto
à execução perfeita da habilidade técnica individual, mas que permite a vivência e a
experimentação dessas habilidades de forma implícita. A ideia é fazer com que o sujeito
tenha interesse em participar das atividades, sem que haja obrigatoriedade, induzindo-o
ao aprendizado coletivo do jogo, que deve ser praticado com prazer, em detrimento das
longas repetições de exercícios específicos. Esses jogos podem trazer vários benefícios
aos participantes, que devem manter uma concepção positiva do esporte, incorporando
o hábito regular da prática de atividades físicas para toda a vida.

Bompa (2002) divide o trabalho tático em quatro níveis, referindo-se à progressão


do treinamento, os quais fazem relação direta com a periodização, estabelecendo
um planejamento integrado entre os aspectos físicos, fisiológicos, técnicos, táticos,
emocionais e psicológicos.

No nível 1, o autor ressalta que o objetivo é introduzir o trabalho de futebol, o


trabalho de campo e a relação com a bola, sendo empregado no início da preparação,
quando o volume do condicionamento físico é alto, tendo um objetivo mais geral, sem

218
muitos detalhes táticos aprofundados. A introdução aos sistemas táticos e às táticas de
jogo é desenvolvida e trabalhada de modo bem generalista, tendo, sim, exercícios com
baixa intensidade, baixa duração e pausa longa (BOMPA, 2002).

No nível 2, a exigência física, aliada ao trabalho com bola, aos sistemas táticos
e às táticas propostos, começam a aparecer de modo mais intenso e com mais
especificidade. Os exercícios são desenvolvidos com baixa e média intensidade, baixa e
média duração e com pausa média e longa (BOMPA, 2002).

No nível 3, o trabalho com bola passa a ser mais intenso e acontece como
complemento do trabalho de condicionamento físico. O trabalho tático é bem específico
e todas as variantes são empregadas nessa etapa. Os exercícios são desenvolvidos com
alta intensidade, média e alta duração, pausa curta e média (BOMPA, 2002).

No nível 4, por ser a última etapa, deve-se fazer uma verificação de todo o
treinamento executado, ou seja, com a participação em jogos amistosos e oficiais, é
possível verificar o resultado do total dos treinamentos. Os exercícios são desenvolvidos
com altíssima intensidade, com alta duração e, praticamente, sem pausa (BOMPA, 2002).

Em cada nível de trabalho, segundo Bompa (2002), o treinador e o preparador físico


devem planejar os exercícios de acordo com a periodização dos treinamentos. Assim, os
exercícios devem ser aplicados com objetivos que vão muito além do condicionamento
físico, devendo atingir questões técnicas e táticas concomitantemente, bem como o
aprendizado que cada jogador deve incorporar sobre o jogo de modo coletivo. Ressalta-
se que a individualidade e a técnica gestual devem ser respeitadas, mas o objetivo
comum, em conjunto, deve ser a prioridade.

O cenário existente no futebol moderno impõe, para as equipes, ter jogadores


altamente competitivos, em que um bom condicionamento físico é condição fundamental
para o desenvolvimento das outras capacidades que serão potencializadas, para se ter
uma equipe com um bom padrão de jogo, com organização e disciplina.

Todas as questões e os objetivos individuais e coletivos só terão grande


efetividade caso os trabalhos tenham sido iniciados, de modo organizado, a partir das
categorias de base. Ainda que se pense nas categorias de base como uma fase de
atividades mais gerais, o treinamento tático deve fazer parte das atividades sempre
aliado ao treinamento físico e ao aprimoramento das habilidades técnicas individuais.

3.1 MÉTODOS DE ENSINO DAS TÁTICAS DE JOGO NO FUTEBOL


Existem diferentes maneiras de treinar as táticas do futebol, com destaque para
o método situacional e o método analítico (SILVA; GRECO, 2009).

219
No método situacional, o indivíduo deve adquirir uma capacidade geral,
relacionada ao jogo, propriamente dito, a partir de situações possíveis da própria
realidade de jogo (KRÖGER; ROTH, 2002). A principal ideia desse método, de acordo
com Greco (1998), é desenvolver a competência do jogador em solucionar os problemas
motores específicos de uma modalidade esportiva, com base no desenvolvimento de
suas capacidades coordenativas e técnico-motoras.

Por isso, os objetivos são, primeiramente, de formar um jogador inteligente, que


pense e analise as situações de jogo, antes de tomar a decisão do que deve fazer e,
posteriormente, de contribuir para formação de situações com flexíveis automatismos de
movimentos ideais, otimização dos programas motores, aprimoramento da capacidade
de variar, combinar e adaptar o comportamento motor na execução da técnica durante
um jogo, como destacam Matta e Greco (1996) e Greco (1998).

Para Giacomini (2007), esse método destaca o desenvolvimento da compreensão


tática, somado aos processos cognitivos relacionados à tomada de decisão, evitando
um grande desgaste existente no processo de ensino das técnicas e possibilitando a
construção do conhecimento chamado de tático-técnico.

Autores, como Greco e Chagas (1992), Graça e Oliveira (1994), Greco (1998) e
Tomazelli (2010), destacam que o método situacional é organizado a partir de jogadas
básicas, extraídas de situações de jogo envolvendo comportamentos individuais e
coletivos, tendo grande proximidade com as ações do jogo competitivo formal, relacionadas
ao aprendizado das habilidades técnicas por meio de resolução de problemas.

Greco (1998) afirma que as situações ou as estruturas funcionais desse método


possibilitam o indivíduo confrontar as reais situações de jogo, sendo os planejamentos
feitos a partir de situações problemas, que podem ser formadas por um ou mais jogadores,
os quais irão desenvolver em situações reais de jogo, tanto no âmbito defensivo quanto
no âmbito ofensivo.

Esse modelo faz relação direta com o conhecimento processual, obtido durante
as práticas dos jogadores, conforme Rezende (2008), sendo o desenvolvimento da
capacidade de jogo reforçado nas diferentes práticas, propostas em diferentes situações
possíveis de ocorrerem no próprio jogo, como explica Greco (1998).

Na utilização desse sistema de trabalho, entra, em destaque, o sistema de


memória humano, que incide na recordação e no reconhecimento de fatos que estão
interligados ao sistema de recepção, transmissão e elaboração de informação. Segundo
Greco (1998), os mecanismos de memória, de recordação e de reconhecimento
são ativados de acordo com as situações de jogo que aparecerão, enaltecendo
o desenvolvimento das capacidades cognitivas do jogador, como a percepção, a
antecipação e tomada de decisão.

220
A utilização do método situacional permite criar um ambiente de aprendizagem,
no qual os participantes compreenderão o significado de suas ações e intervenções,
incorporando a capacidade tática ao mesmo tempo em que desenvolverão capacidades
técnicas (GRAÇA; MESQUITA, 2002).

Em grande medida, a variação do uso desse método acontece, de acordo com


Greco (1998), nas seguintes questões:

• quanto aos jogadores – aumentando ou diminuindo o número;


• quanto ao espaço – aumentando ou diminuindo o mesmo;
• quanto à forma de definição de jogo.

No método analítico, Coutinho e Silva (2009) enfatizam que a característica inicial


é a divisão para a aprendizagem das partes de cada modalidade esportiva, seguida da
união dessas partes, finalizando com o jogo propriamente dito. Silva (2007) acrescenta
que esse método fragmenta o jogo, a partir da máxima que se deve aprender para jogar,
otimizando, assim, os gestos técnicos.

Greco (2001) comenta que esse método apresenta uma organização de


exercícios em série, com a finalidade da prática do jogo ou, ainda, de obter êxito na
própria ação técnica. Garganta (2002) complementa que esse método tem privilegiado
o treinamento do gesto técnico, com um retardo relativo à abordagem do jogo, o que
acontecerá apenas quando os gestos tiverem eficiência e eficácia reconhecidas.

Quanto ao mecanismo de execução do gesto técnico, verifica-se que possui


alta evidência, pela repetição sistematizada dos exercícios, que possibilita certo domínio
da ação, critica Gama Filho (2001). Não obstante, esses procedimentos podem gerar
deficiências no processo de tomada de decisão e na motivação daqueles que participam
desse tipo de treinamento.

De modo geral, o método analítico tem, como base, a fragmentação dos diversos
quesitos que fazem parte do processo de ensino e são exercitados de modo isolado,
sendo, posteriormente, integrados nas situações reais do jogo (DUARTE, 2006).

Os princípios desse método, de acordo com Rezende (2008), são:

• Seguir a lógica da progressão do simples para o mais complexo, evoluindo o grau de


dificuldade dos exercícios durante o treinamento.
• As oportunidades de repetição devem ser suficientes para contribuir para movimentos
automatizados.
• A correção dos erros pelos professores deverá ser adequada, evitando vícios técnicos.

221
4 TREINAMENTO DAS TÁTICAS DE JOGO NO FUTSAL
Em se tratando de treinamento tático do futsal, Costa (2003) sugere três tipos:
o método parcial, o método global e o método misto.

O método parcial consiste no ensino da modalidade dividida em partes, ou seja,


cada habilidade técnica individual trabalhada em etapas, de modo a vislumbrar que, ao
final dessa etapa da aprendizagem, seja possível agrupar esses gestos técnicos individuais
em um único conjunto, ou seja, o próprio jogo efetivamente de futsal (COSTA, 2003).

No método global, Costa (2003) salienta que a ideia é desenvolver e proporcionar


o aprendizado dessa modalidade esportiva, por meio da participação efetiva no
próprio jogo de futsal. O ensino da habilidade técnica individual acontecerá a partir de
participações no jogo.

O método misto, para Costa (2003), viabiliza as práticas de exercícios que


envolvem as habilidades técnicas individuais de modo isolado, associadas a uma
iniciação ao próprio jogo, que misturará o método global e o método parcial.

Uma das possíveis atividades que desenvolvem aspectos táticos nos jogadores,
apresentada por Durães e Souza (2014), é a divisão da quadra em setores:

• quatro retângulos na quadra toda;


• quatro triângulos na quadra toda;
• dois retângulos na quadra toda;
• dois triângulos na quadra toda;
• dois retângulos na defesa e um retângulo no ataque;
• dois retângulos na direita e um retângulo na esquerda;
• dois retângulos na esquerda e um retângulo na direita.

Nessas divisões da quadra em figuras geométricas, o treinador distribui os


jogadores em cada setor, podendo fazer diferentes movimentações, como variações,
flutuações, coberturas e infiltrações, que podem ser incorporadas como ações a serem
utilizadas nos jogos.

Outros autores, como Graça e Oliveira (1998), apresentam como formas de


trabalhar as táticas do futsal:

• Forma centrada nas técnicas: o aprendizado deve acontecer a partir do ensino das
técnicas analíticas para o jogo formal, decompondo a modalidade em elementos
técnicos individuais, como o passe, o chute, a condução de bola etc., sugerindo uma
hierarquização dessas técnicas. Via de regra, essa forma de ensino pode gerar um
jogo mecanizado e pouco criativo, tendo, por parte dos indivíduos, comportamentos
estereotipados, que irão suscitar problemas na compreensão do jogo completo.

222
• Forma centrada no jogo formal: o aprendizado deve acontecer a partir da utilização
exclusiva do jogo formal, ou seja, não se faz nenhum condicionamento, tampouco
decomposição das habilidades técnicas individuais, sendo que estas, possivelmente,
aparecerão como resposta às demandas que o jogo irá apresentar. Via de regra,
essa forma de ensino pode produzir indivíduos mais criativos, ainda que com base
no individualismo e no virtuosismo técnico que será contrastado com uma anarquia
tática, com soluções motoras variadas, tendo várias lacunas táticas e ações coletivas,
aparentemente, descoordenadas.
• Forma centrada em jogos condicionados: o aprendizado deve acontecer com a
organização do jogo, para situações particulares, sendo feita uma decomposição em
unidades funcionais, tendo preparação sistemática com complexidade crescente,
sendo que os princípios do jogo, em si, farão a regulação das atividades. Via de
regra, essa forma propiciará que as técnicas devem aparecer em função das táticas,
acontecendo de maneira orientada e provocada. A ênfase será dada à inteligência
tática, com uma correta interpretação e aplicação dos princípios do jogo, favorecendo
a viabilização da técnica e da criatividade nas ações do próprio jogo.

De acordo com Costa (2003), os tipos de jogos condicionados são: jogos


técnicos, recreativos, táticos de ataque, táticos de defesa, com vantagem e desvantagem
numérica e para funções específicas.

Santana (2004) ressalta que essas práticas são fundamentais para o


desenvolvimento dos jogadores, pois têm características competitivas, envolvendo
regras aceitas pelo grupo, permeadas pela tensão e pelo prazer, em que a fantasia se
mistura à realidade.

Os jogos condicionados, para Balzano (2007), têm como objetivo desenvolver


situações específicas da modalidade, nas quais o treinador deve criar alternativas, tendo
como finalidade repetir as possíveis situações por diversas vezes. Nesse treinamento, o
indivíduo deve executar e, consequentemente, aprender os objetivos propostos aliados
à prática do próprio jogo em suas relações, como situações de ataque, defesa, contra-
ataque, habilidades técnicas individuais, regras, entre outras.

Segundo o autor, esses jogos vislumbram estimular os indivíduos a


desenvolverem a inteligência tática, a técnica individual, a noção de regras, a autonomia,
a responsabilidade, o poder e a tomada de decisão, a resolução dos problemas e a
criatividade, de maneira dinâmica, motivadora e criativa.

Balzano (2007) acrescenta que o jogo condicionado permite ao indivíduo utilizar


sua criatividade, considerada a verdadeira arte mostrada em uma modalidade esportiva.
Além disso, isso estimula os jogadores a participarem de modo mais incisivo, visto que,
nesses jogos, a todo momento, treinam-se os gestos motores, jogando em situações
com pressão de um adversário bem próximo da situação real de um jogo formal. Essa
atividade prática integrará os participantes com o que estão fazendo, levando-os a
pensar, comprovar, trabalhar, ousar, lembrar, experimentar, criar e absorver.

223
4.1 TREINAMENTO DAS TÁTICAS OFENSIVAS NO FUTSAL
No treinamento das táticas ofensivas, é importante entender que essas ações
podem ser realizadas a partir de investidas individuais ou coletivas, sendo que as
individuais não podem, de maneira nenhuma, atrapalhar o desenvolvimento das ações
coletivas. Por isso, Lozano (1995) alerta que as atitudes individuais dentro do jogo são
muito bem-vindas, mas devem ser realizadas com o consentimento do treinador, a
fim de que não aconteçam muitas interferências no posicionamento tático da equipe
durante o jogo. A colocação dos jogadores em quadra tem um posicionamento dito
básico, que poderá ser quebrado com alguma ação individual criativa, que deve sempre
respeitar as normas lógicas de equilíbrio posicional.

Figura 31 – Comportamentos táticos ofensivos

Fonte: CONMEBOL (2022, p. 18-19)

Balzano (2007) apresenta os princípios táticos individuais de ataque,


apresentados em ordem alfabética:

• Aproximar-se do companheiro e da bola.


• Deslocar-se constantemente.
• Diminuir o tempo de decisão em uma jogada.
• Enfatizar as tabelas com trocas rápidas de passe.
• Favorecer a entrada do atacante na linha de passe.
• Fazer bloqueios.
• Fugir do campo de visão do defensor.

224
• Movimentar-se atrás da linha de marcação do adversário.
• Oferecer “corta luz”.
• Proteger a bola (parede).
• Tentar de ações individuais criativas.
• Ultrapassar por trás e pela frente do companheiro.

4.2 TREINAMENTO DAS TÁTICAS DEFENSIVAS NO FUTSAL


O treinamento das táticas defensivas, para Apolo (2004), se configuram
eminentemente com a distribuição dos jogadores em quadra com principal objetivo de
anular as ações referentes ao ataque da equipe adversária.

Ainda que o sistema defensivo de uma equipe possa variar, no decorrer da


mesma partida, ou, ainda, de um jogo para outro, segundo Fonseca (2007), a essência do
sistema defensivo se fundamenta na constante busca de adaptação às características
do ataque adversário, uma vez que as movimentações dos jogadores devem enfatizar
a recuperação da posse de bola. Para o autor, toda a movimentação e posicionamento
estão relacionados à forma como os espaços da quadra são ocupados pelos jogadores,
a intensidade da marcação, as movimentações e a efetivação das coberturas que,
assim, caracterizarão os diferentes tipos de sistemas de defesa que têm, como maior
finalidade, neutralizar as ações ofensivas.

4.2.1 Treinamento das táticas defensivas no futsal com


marcação individual
A marcação individual se caracteriza pela responsabilidade individual de um
jogador da equipe defensiva em inutilizar as ações de um jogador da equipe atacante,
ou seja, um defensor marca um atacante.

O posicionamento e a distribuição dos jogadores da equipe que se defende


será organizado em função dos jogadores da equipe que está no ataque, sendo que a
marcação individual pode ocorrer sob pressão ou sob meia pressão.

No caso da marcação individual sob pressão, o defensor acompanhará o


atacante por todos os setores da quadra, tentando evitar que o adversário receba a
bola. No caso da marcação individual sob meia pressão, o defensor só irá se aproximar
do atacante que receber ou que estiver com a posse de bola, evitando a aproximação
dos atacantes que não estão com a posse de bola. Uma importante ação, nesse tipo de
marcação, é a cobertura dos companheiros de equipe de defesa, que farão o combate
naqueles atacantes que estão com a posse de bola, como reforça Mutti (2003).

225
O treinamento desse tipo de marcação pode ser feito com exercícios, em que um
jogador tem que acompanhar outro jogador por diferentes espaços da quadra. As brincadeiras
e os jogos de pegador (ou pega-pega) são bem utilizados para essas movimentações.

NOTA
Existem vários tipos de brincadeiras de pegador (ou pega-pega). A mais
comum é aquela em que, em um grupo, um indivíduo é escolhido,
aleatoriamente, para ser o pegador e que deve encostar a mão em
algum colega que deverá tentar fugir. Caso o pegador consiga encostar
a mão em alguém, ou seja, pegar outro colega, o que tiver sido pego
passa a ser o pegador.

4.2.2 Treinamento das táticas defensivas no futsal com


marcação por zona
A marcação por zona se caracteriza pela atribuição de um setor da quadra para
cada jogador, ou seja, divide-se a quadra em zonas, sendo cada jogador defensivo
responsável por ocupar e defender uma região, conforme sinaliza Mutti (2003).

Uma das principais características desse tipo de marcação, para o mesmo


autor, é o posicionamento que deve acontecer sempre atrás da linha da bola, ou seja, os
defensores sempre devem olhar a bola de frente. A ideia desse posicionamento é poder
fazer trocas constantes de regiões, esperando que haja um erro na troca de passes do
adversário e, assim, roubar a bola e partir para o ataque (SAAD; COSTA, 2001).

Segundo Bayer (1994), nesse tipo de marcação, o posicionamento dos


defensores ocorre em função do deslocamento da bola imposto pela equipe atacante e
é, por isso, que ocorrem trocas constantes de marcação e de setor.

Normalmente, para esse tipo de marcação, a equipe defensora divide a quadra


em três corredores, sendo que cada um dos jogadores é responsável por um dos
corredores e o quarto jogador fica responsável pelas possíveis coberturas que venham
a ser necessárias. Existe também a possibilidade de se dividir a quadra em quatro
quadrados, sendo que, nesse caso, cada um dos jogadores da equipe defensiva deve
ocupar um desses locais.

O treinamento desse tipo de marcação pode ser feito com exercícios em que
se divide a quadra em setores, colocando cada jogador em um setor e, ao comando do
treinador, fazendo trocas de setores, o que favorece possíveis coberturas.

226
4.2.3 Treinamento das táticas defensivas no futsal com
marcação mista
A marcação mista se caracteriza por se a combinação da marcação individual
com a marcação por zona. Neste tipo de marcação alguns jogadores da equipe defensiva
fazem a marcação individual a um ou mais jogadores da equipe atacante e os demais se
mantem ocupando os setores tentando evitar a construção dos ataques (MUTTI, 2003).

Para que uma equipe faça esse tipo de marcação, Mutti (2003) sugere que é
fundamental que a inteligência tática esteja altamente desenvolvida, pois as mudanças
de posições, setores, coberturas e antecipações ocorrem em uma velocidade muito alta e,
para isso, o treinamento dessas movimentações é a grande base de sucesso da marcação
mista. Ressalta-se a utilização desse tipo de marcação ocorre, especialmente, em equipes
de alto rendimento, não sendo aconselhada para equipes em início de trabalho.

O treinamento desse tipo de marcação pode ser feito por meio da construção
de jogos reduzidos, limitando-se a alguns espaços da quadra, para que sejam realizadas
as movimentações de ataque e, consequentemente, as movimentações defensivas
(SAAD; COSTA, 2001).

Figura 32 – Comportamentos táticos defensivos

Fonte: CONMEBOL (2022, p. 20-21)

227
LEITURA
COMPLEMENTAR
EVOLUÇÃO DOS ESQUEMAS TÁTICOS NO FUTEBOL

Claudio Emmanuel Simões de Almeida


Vinicius Tonon Lauria
Cristiano de Lima

HISTÓRIA DO FUTEBOL

O futebol ou as atividades que se assemelham à modalidade que conhecemos


hoje, possuem traços que remetem aos séculos II e III a.C. Na antiga China, um jogo
chamado Cuju consistia em lançar uma bola com os pés para uma pequena rede. Cerca
de cinco ou seis séculos depois, a arte cerimonial kemari, que tinha como objetivo
manter a bola no ar ao passá-la para outros jogadores, era muito popular no Japão.
No berço da civilização na Grécia Antiga, surgiu a primeira versão com adversários,
onde jogadores, podendo usar pés e mãos, tinham que carregar uma bola para trás da
linha no fundo do campo inimigo o episkyros. Em Roma, podemos destacar a chamada
harpastum, juntamente com diversas modalidades esportivas com bola no continente
europeu, como o soule, o calcio fiorentino e o “futebol medieval”, nome que servia de
sinônimo para qualquer jogo que vilas inglesas praticavam carregando ou chutando
uma bola (VERMINNEM, 2013).

Os jogos de bola com os pés, que antecederam o futebol atual, cobriram um


período de muitos séculos e podem ser divididos em cinco fases principais: a primeira é a
fase das origens aos vários tipos rudimentares de futebol praticados na antiguidade por
povos da Ásia, América pré-colombiana e Europa; a segunda compreende a Idade Média
e Renascença, em que antecedentes mais próximos do futebol atual se desenvolveram
na Inglaterra, França e Itália, no século XVII; a terceira marca um longo período de
transição, até o esporte ser introduzido nas escolas públicas inglesas dos séculos XVII
e XIX; a quarta assinala o nascimento do futebol moderno, em uma taberna londrina
(The Freemason’s Arms, na rua Great Queen, em Londres), a 26 de outubro de 1863; e
a quinta vem com a internacionalização do esporte até os dias de hoje (SOUTO, 2014).

Mesmo não considerando certas teorias antropológicas desprovidas de


fundamento científico, segundo as quais um futebol incipiente teria sido praticado já na
pré-história. Souto (2014) afirma que o homem se sentiu atraído a brincar com objetos
esféricos em épocas remotas, desenvolvendo jogos que podem ser considerados
precursores do futebol atual. Achados arqueológicos permitem dizer que um jogo de
bola praticado com o pé, já era conhecido no Egito e na Babilônia há séculos. Segundo

228
o mesmo autor, tal jogo tinha caráter religioso onde a bola simbolizava o sol para os
egípcios, a lua, para os babilônios, ou ainda maus espíritos que os jovens, em certas
festividades, procuravam afugentar golpeando com os pés uma bexiga de boi inflada de
ar, para os povos asiáticos (SOUTO, 2014).

INÍCIO DA CONCEPÇÃO TÁTICA

A primeira informação, encontrada na história, relativa a posicionamento de


jogadores em determinado campo, para uma partida de futebol, vem da Itália, datada
de 17 de fevereiro de 1529, na cidade de Florença, em Piazza Santa Croce, quando dois
grupos, cada qual formado por 27 jogadores, resolvem tirar suas diferenças políticas
em uma partida de “Gioco de calcio”. A necessidade de vencer obrigou as equipes a
se organizarem taticamente. A disposição utilizada pelos dois grupos indicava que 15
jogadores atuariam no ataque, cinco jogadores no meio de campo e sete jogadores
na defesa, dos quais três mais recuados. Não existia uma estratégia, de modo que
todos atacavam e defendiam, contudo o número de 11 jogadores usado atualmente foi
utilizado, pela primeira vez, em 1860, na Inglaterra. Naquela época, o futebol ainda não
possuía regras definidas e durante sua partida era bastante confundido com as regras
do “Rugby” (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999).

Em 29 de outubro de 1863, o futebol foi regulamentado e surgiram as primeiras


nove regras. O sistema utilizado era o 1-1-8. Assim, um zagueiro e um meio-campista,
com obrigações defensivas, e no ataque oito jogadores (MELO, 1999; FRISSELI, 1999;
LEAL, 2000; DRUBSCKY, 2003; CRIVELLENTI, 2005; BARBIERI, 2009).

Essas regras, bem como a determinação da quantidade de jogadores, surgiram


para que o futebol fosse disciplinado e, sobretudo, diferenciado de outras modalidades que
nasciam e também fazia uso dos pés como caracterização de esporte (DRUBSCKY, 2003).

TÁTICA

A tática, de acordo com Greco (1992), envolve processos cognitivos e exige alto
grau de concentração e capacidade de raciocínio rápido, por parte dos atletas. Algumas
variáveis implicam o entendimento desse conceito de relevante importância no futebol
e nos esportes em geral. Como o sistema de jogo, tem-se a distribuição dos jogadores
em campo para o início de uma partida, além de compreender a formação básica, que
tem por objetivo preencher todos os espaços do campo de modo uniforme (FRISELLI,
1999; BANGSBO; PEITERSEN, 2003). Deve-se definir o sistema básico da equipe, treinar
toda a dinâmica do sistema e variações possíveis (EMÍLIO, 2004).

A estratégia determina o posicionamento e a movimentação de cada atleta


durante a partida, tanto associada à visão individual quanto coletiva (BANGSBO;
PEITERSEN, 2003), enquanto a tática de jogo entende-se como a ação que determina
a maneira de ataque e defesa, sendo dividida em tática individual ou tática coletiva,

229
ocorrendo com a bola em movimento, ou seja, todos os movimentos realizados pelos
jogadores durante a partida, que tem a função de surpreender ou frustrar as ações e
tentativas do adversário (FRISELLI, 1999).

MUDANÇAS AO LONGO DO TEMPO

As mudanças na parte tática do futebol continuaram ao longo dos anos


seguintes, e, em 30 de setembro de 1872, os escoceses marcaram uma partida contra
a seleção da Inglaterra e naquela ocasião, para preencher mais os espaços do campo
e impedir o ataque inglês, os escoceses recuaram mais dois jogadores do ataque, e o
novo desenho tático, mostrava em campo formava um quadrado na frente do goleiro.
Essa inovação no sistema de jogo ajudou os escoceses a não sofrerem gol dos ingleses,
que na época, era uma equipe temida. Com a defesa reforçada, ocorria, então, o primeiro
0×0 da história do futebol. Esse sistema ficou conhecido como 2-2-6 (MELO, 1999).

A partir do sucesso do sistema tático utilizado pela Escócia, os técnicos iniciaram


a busca por um maior equilíbrio entre a defesa e o ataque, desta forma, surgiria o sistema
“Clássico ou Piramidal”, formado por um goleiro, dois zagueiros, três meio-campistas e
cinco atacantes (2-3-5), sobretudo, nessa época, a função de cada jogador começou a
se tornar mais específica (VENDITE, 2004).

Muitas mudanças táticas só ocorreram em decorrência da criação de novas


regras e da mudança de algumas já existentes. Houve uma mudança, em 1925 que
obrigou as equipes a evoluírem na construção de seus sistemas táticos, que foi a regra
do impedimento (VENDITE, 2004). Essa regra dizia que um jogador, para ter “condição
de jogo” (situação que permite a continuidade da jogada na forma da regra), teria que
haver dois jogadores mais próximos à linha de fundo do que o atacante, de modo que
as equipes foram obrigadas a reforçar a defesa e passaram a utilizar três zagueiros,
um sistema que é muito utilizado em muitas equipes pelo mundo e até nos dias de
hoje. Anteriormente a essa mudança, a regra exigia que houvesse três jogadores mais
próximos à linha de fundo que o atacante (VENDITE, 2004; MELO, 1999; TEIXEIRA, 2010).

Com o surgimento dessa nova regra do impedimento, o inglês Herbert Chapman,


então treinador do Arsenal, time da Inglaterra, criou o sistema WM, que perdurou por,
aproximadamente, 30 anos como o principal esquema de jogo no mundo. Com esse
sistema, começou também a marcação individual, já que, no anterior, a marcação era
feita por zona (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999).

Ainda, nos anos de 1940, surgiria a formação 4-2-4, que seria usada, pelo Brasil,
na Copa do Mundo de 1958, porém o sistema WM permaneceu sendo um dos mais
utilizados mundialmente até sofrer modificações, por volta do ano de 1958, tornando-se
de vez o sistema 4-2-4 ou sistema diagonal, em que os jogadores, denominados meio-
campistas, oscilavam na defesa e no ataque (VENDITE, 2004).

230
Em 1962, o sistema WM estava em decadência e o 4-2-4 já era pouco utilizado e
perdeu ainda mais espaço com o surgimento do sistema 4-3-3. O posicionamento e suas
obrigações em campo tornavam-se cada vez mais sujeitas a definições previamente
determinadas, o que abria espaço para as improvisações ao longo dos jogos (FRISSELLI;
MANTOVANI, 1999).

A maior inovação e revolução, em se tratando de tática do futebol, foi, em 1974,


na Copa do Mundo de Futebol na Alemanha Ocidental. O treinador da seleção holandesa,
Rinus Michels, havia perdido seus dois zagueiros antes da competição, então, teve de
colocar dois volantes na função. Outro problema do treinador é que existia pressão
de torcedores de Amsterdã e Feyenoord para que atletas dos seus clubes fossem a
maioria no time, então, o treinador convocou um goleiro-líbero de um time pequeno de
Amsterdã; logo, o treinador aproximou o time, que compactado jogava apenas em um
curto espaço, pois tanto “abafaria” os ataques adversários com uma marcação de oito
atletas e iria em progressão ao gol adversário. Sobretudo os jogadores não guardavam
posição, quando qualquer atleta estava com a posse da bola, seus companheiros giravam
em torno dele, foi daí que surgiu o termo “Carrossel Holandês”. O time simplesmente
arrasou os adversários, liderados pelo incrível treinador de futebol Cruyff, chegou à final
contra a Alemanha, marcando um gol sem deixar o time rival tocar na bola, mas acabou
perdendo, e nunca mais se viu o “Carrossel Holandês” (CAVALCANTI, 2013).

Em constante mudança, devido à evolução na preparação física, o 4-3-3


começou a dividir espaço com o sistema 4-4-2 e suas variações, que se caracterizavam
por maior preenchimento no meio de campo, já com visão de posse de bola (MELO, 1999).
Esse sistema contava com dois meio-campistas armadores e apenas dois atacantes
responsáveis pelas finalizações das jogadas. No entanto, essa mudança aproximou os
meio-campistas da área adversária e estes jogadores precisavam de características
físicas e técnicas específicas para o desempenho das funções de armação e conclusão
das jogadas. Esse sistema começou a surgir em 1982 (MELO, 1999).

Já, na Copa Europeia de Seleções (Eurocopa), em 1984, a seleção da Dinamarca


inovou seu sistema de jogo e disputou a competição com um sistema composto por
três zagueiros, dois alas (antigos laterais), três jogadores no meio-campo e mais dois
atacantes. Essa novidade no seu sistema de jogo ficou conhecida como 3-5-2, tendo
uma possibilidade de variação defensiva para o 5-3-2.

Os anos de 1990 ficaram marcados pela ausência do futebol arte jogados nos
anos de 1980, sobretudo pela necessidade da forte marcação e aumento da velocidade
das partidas. No início dos anos de 1990, novamente, os técnicos de futebol começaram
alternativas de jogar, motivados pela vontade de aprimorar o sistema defensivo. Com
isso, a organização dos times com três defensores posicionados em triângulo, cinco
jogadores no meio de campo – dois atuando como alas, pelas pontas – e somente
dois atacantes passou a ser utilizada. Dessa forma, tendo a Europa como origem, o
sistema 3-5-2 apareceu como um sistema consistente defensivamente, em função do
posicionamento dos três defensores, e eficiente ofensivamente, uma vez que os alas se

231
juntavam aos atacantes e a um dos centro campistas para a elaboração de jogadas de
ataque (MELO, 1999; GIULIANOTTI, 2002).

Algumas variações de propostas de jogo foram introduzidas em diferentes


partes do mundo, como o 3-6-1, mas a base estrutural permaneceu a mesma. Nessa
transição, podemos destacar o ano de 1994, marcado pela vitória da seleção brasileira
na Copa do Mundo de futebol, sediada pelos Estados Unidos da América, consolidando
a imposição do futebol de resultado (MELO, 1999).

Nos dias de hoje, fala-se muito em 4-1-4-1, que é uma variação do 4-3-3 e
ganhou muitos títulos com o Barcelona, do técnico Guardiola, e a seleção da Espanha,
que utilizava a base do time de Barcelona e o mesmo esquema tático, que pode ser
mais ofensivo ou defensivo, dependendo das peças que se tem para armar o time, só
não pode causar espanto ou escárnio, porque não é nenhuma novidade, já que o Brasil
do técnico Telê Santana, na copa do mundo de 1982, da Espanha, utilizava esse sistema
com variação para um 4-2-3-1, que, aliás, o Flamengo do técnico Claudio Coutinho de
1981/1982 também usava com maestria, que, independentemente do sistema tático
imposto da época, se preocupavam com o belo futebol praticado e o resultado em
segundo plano (BETING, 2015).

CONCLUSÃO

Cada sistema tático nasceu para tentar superar um sistema já existente, a princípio,
era puro ataque e a verdadeira evolução se deu a partir de 1925, depois da mudança
na regra do impedimento; a partir desse momento, ocorreram as maiores mudanças no
conceito de tática e suas variações, e que, com o passar do tempo, foi necessária a maior
adaptação dos atletas, por causa da intensidade que foi aplicada no futebol.

A evolução da condição física dos atletas permitiu uma maior versatilidade,


deixando o jogo mais dinâmico e, justamente por causa desse dinamismo, o futebol
está cada vez mais dependente da força física e da velocidade dos jogadores. E isso irá
refletir nas opções relativas ao sistema tático.

A partir de todos os sistemas e suas variações, hoje, existe uma derivação


grande e dentro de uma mesma partida, uma equipe pode utilizar mais de um esquema
para tentar vencer seu adversário; partindo do pressuposto de que destruir é mais fácil
do que criar e que a maioria dos sistemas utilizados nos dias de hoje são defensivos.
Conclui-se, portanto, que os sistemas de jogo tiveram muitas alterações durante o
seu processo, mas que empobreceram o futebol na questão do espetáculo e que, nos
últimos anos, o futebol não tem apresentado quase nenhuma novidade em relação aos
sistemas de jogo; o que nos resta são variações de sistemas já consagrados no futebol.

Fonte: adaptada de ALMEIDA, C. M. S.; LAURIA, V. T.; LIMA, C. Evolução dos esquemas táticos no futebol. Revela
– Revista Eletrônica Acadêmica Interinstitucional, ano IX, n. XX, jul. 2016. Disponível em: http://www.
fals.com.br/revela/revela027/edicoesanteriores/ed20/Claudio_ef_3.pdf. Acesso em: 5 ago. 2022.

232
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Treinamento das táticas de jogo no futebol: organização dos treinamentos das


táticas de jogo no futebol deve respeitar as características de cada jogador; um bom
meio, para isso, é a utilização dos pequenos jogos e dos jogos para desenvolver a
inteligência tática.

• Treinamento das táticas de jogo no futsal: a organização dos treinamentos das


táticas de jogo no futsal deve respeitar as características de cada jogador e pode ser
desenvolvida com base no método parcial, no método global ou no método misto.

• Treinamento das táticas ofensivas: no futebol e no futsal, o planejamento deve


compreender atividades que contenham tanto ações individuais quanto ações coletivas.

• Para o treinamento das táticas ofensivas, no futebol e no futsal, o planejamento deve


compreender atividades que contenham ações de marcação individual, ações de
marcação setorial e ações de marcação mista.

233
AUTOATIVIDADE
1 Quando se pensa em treinamento das táticas de jogo, seja no futebol ou no futsal,
o profissional responsável deve fazer os projetos usando muita criatividade, aliada
às características físicas, técnicas e psicológicas de cada um dos atletas. Para que
isso ocorra, o treinador, em conjunto com a equipe multidisciplinar, deve identificar
essas características e, assim, fazer os planejamentos. Diante desse cenário, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) Não existe um sistema tático que pode ser considerado mais eficiente que outro
nem mesmo um esquema de jogo ideal, visto que muitos fatores irão influenciar
a escolha do sistema.
b) ( ) O melhor sistema tático a ser escolhido é sempre aquele utilizado pela equipe no
último jogo em que houve desempenho favorável, com placar a favor.
c) ( ) Não existe apenas um sistema tático ideal, existem pelo mesmo dois sistemas
ideais para cada equipe, e cabe ao treinador optar por um deles antes do início
de cada jogo.
d) ( ) O melhor sistema tático deve ser aquele utilizado pela equipe adversária, que
obteve resultado favorável em algum jogo, pois será bem incorporado com
bons resultados.

2 Os treinamentos coletivos, efetivados nas modalidades de futebol e de futsal, devem


ir muito além apenas do nível de compreensão tática dos jogadores, sendo somada
aos aspectos físicos, técnicos e emocionais, entre outros aspectos. Todo esse
conjunto de dados deve ser levado em conta pelo treinador, para definir e escolher
o melhor esquema tático da equipe, visto que o entendimento de posicionamentos,
movimentações e coberturas é fundamental para o sucesso dessa opção. Com base
nas reflexões acerca dessa temática, analise as sentenças a seguir:

I- Os sistemas táticos, no futebol ou no futsal, jamais devem vislumbrar equilíbrio entre


os setores do campo/quadra, pois o setor de ataque sempre terá prioridade.
II- Os sistemas táticos, no futebol ou no futsal, que são organizados com muitos
detalhes em relação às variações e às movimentações, quase sempre trazem grande
sucesso para a equipe.
III- Os sistemas táticos, no futebol ou no futsal, não necessariamente estarão em
equilíbrio quando existir uma distribuição equilibrada de jogadores nos setores do
campo/quadra.
IV- Os sistemas táticos, no futebol ou no futsal, devem ser muito bem treinados, mas devem
oferecer certa liberdade aos jogadores, para usarem a sua criatividade e ousadia.

234
Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e III estão incorretas.


b) ( ) As sentenças II e IV estão incorretas.
c) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

3 O treinamento tático é muito importante e fundamental para que haja sucesso em


equipes de futebol/futsal. Esse tipo de treinamento deve ser organizado desde as
categorias de base e, inevitavelmente, acompanhará os treinadores e os jogadores
por todo período em que se estiverem planejando treinamentos esportivos nessas
modalidades. As atividades devem ocorrer de modo progressivo, fazendo sempre
as relações com a periodização e estabelecendo um planejamento para integrar
aspectos físicos, fisiológicos, técnicos, táticos, emocionais e psicológicos. De acordo
com os entendimentos em relação aos níveis de treinamento, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Nível 1: o objetivo é introduzir o trabalho de futebol/futsal, o trabalho de campo/


quadra e a relação com a bola, sendo empregado no início da preparação, quando o
volume do condicionamento físico é alto, tendo um objetivo mais geral, sem muitos
detalhes táticos aprofundados, ou seja, de modo generalista.
( ) Nível 2: aumenta-se a intensidade das atividades com predominância física, aliada
às especificidades do trabalho com bola e aos sistemas táticos e às táticas. No
treinamento, os exercícios são desenvolvidos com baixa e média intensidade, baixa
e média duração e com pausa média e longa.
( ) Nível 3: o trabalho com bola passa a ser menos intenso e acontece como prioridade
do trabalho de condicionamento físico. O trabalho tático é bem menos específico
e todas as variantes são empregadas nas etapas anteriores. Os exercícios passam
a acontecer com pequena intensidade, média e baixa duração, com pausa curta e
longa.
( ) Nível 4: considerada a última etapa, deve-se fazer uma verificação de todo o
treinamento executado, com a participação em jogos amistosos e oficiais, sendo
possível verificar se os treinamentos surtiram ou não efeito. No treinamento, os
exercícios são desenvolvidos com altíssima intensidade, com alta duração e quase
sem pausa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – F.

235
4 Existem várias possibilidades de se desenvolver treinamentos táticos no futebol,
com destaque para os pequenos jogos e os jogos para desenvolver a inteligência
tática. Descreva como podem ser feitas essas duas propostas para o treinamento
tático no futebol.

5 Existem várias possibilidades de se desenvolver treinamentos táticos no futsal. Os


tipos mais utilizados utilizam, como base, o método parcial, o método global e o
método misto. Apresente como se desenvolvem os treinamentos táticos de futsal a
partir desses três tipos.

236
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