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24º Encontro Nacional de Conservação Rodoviária (ENACOR)

47ª Reunião Anual de Pavimentação (RAPv)

ESTUDO DE EQUIVALÊNCIA ENTRE MACADAME SECO E RACHÃO

PRISCILA ROSA PIZUTTI 1; & MELISSA MIDORI YAMADA2

RESUMO
Presente em grande quantidade das obras de pavimentação na região sul do Brasil, o Macadame Seco é uma
composição de materiais que integram um serviço utilizado em sub-bases e reforços de subleito. A execução do
Macadame Seco se dá com a aplicação de uma camada de bloqueio, seguida do agregado graúdo, enchimento com
faixa granulométrica específica, e finalizado com compactação de rolo liso vibratório e abertura ao tráfego. Este
trabalho trata-se do estudo de caso de uma obra do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Paraná, que liga
os municípios São Mateus do Sul e Irati, na rodovia PR-364, em que o Rachão foi o serviço previsto em projeto para
constituir a camada de reforço do subleito. Ao iniciar as obras, constatou-se presença de folhelho pirobetuminoso, não
sendo possível prosseguir com as soluções indicadas em alguns locais no projeto executivo. Com o intuito de reduzir os
custos e a consequente necessidade de aditivo de valores em obra, verificou-se a possibilidade de substituir o Rachão
com travamento em bica corrida por Macadame Seco. Foram realizados comparativos de referenciais teóricos das
normativas do órgão, seguidos de simulações mecanísticas e finalizado o estudo com aplicação em trecho de segmento
experimental e avaliadas as deflexões no topo das camadas. Verificou-se que os dois serviços são similares e que 50 cm
em Macadame Seco se equivalem a 60 cm de Rachão com travamento em bica corrida.

PALAVRAS-CHAVE: macadame seco, rachão, reforço do subleito, deflexão.

ABSTRACT

Present in a large number of paving works in the southern region of Brazil, Macadam is a composition of materials that
integrate a service used in sub-bases and subgrade reinforcements. The Macadam is executed with the application of a
blocking layer, followed by the coarse aggregate, filling with a specific granulometric range, and finished with
vibrating smooth roller compaction and opening to traffic. This work present the study of a work by the Department of
Roads and Highways of the State of Paraná, which connects the municipalities of São Mateus do Sul and Irati, on the
state road PR-364, in which Rachão was alternative to form the subgrade reinforcement layer. At the beggining of the
work, the presence of pyrobuminous shale was observed, and it was not possible to proceed with the solutions
indicated. In order to reduce costs and the consequent need to add values at work, it was possible to replace the Rachão
with bica corrida locking by Macadam. Comparatives of theoretical references of the regulations of the agency were
carried out, followed by mechanistic simulations and finalized the study with application in a stretch of experimental
segment and evaluated the deflections at the top of the layers. It was found that the two services are similar and that 50
cm in Macadam is equivalent to 60 cm in Rachão with locking in bica corrida.

KEY WORDS: macadam, reinforcement of subgrade, deflection.

1
Consórcio Supervisor Strata-Proes lotada no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná,
Av. Iguaçu 420 - Rebouças, Curitiba - PR, 80230-020. E-mail: priscilapizutti@der.pr.gov.br
2
Consórcio Supervisor Strata-Proes lotada no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná,
Av. Iguaçu 420 - Rebouças, Curitiba - PR, 80230-020. E-mail: melissayamada@der.pr.gov.br
INTRODUÇÃO

Quando um subleito apresenta condições de baixa resistência ao cisalhamento em consequência dos


esforços de compressão é indicada a execução de camada sob este subleito com material de
melhores condições de suporte, capaz de absorver as tensões solicitantes e, consequentemente,
reduzir as espessuras dos materiais mais nobres de sub-base e base (BALBO, 2007).
A utilização de reforço para o subleito indica que o pavimento terá elevadas espessuras em função
de possuir um subleito de baixa qualidade ou ainda por se tratar de um pavimento que sofrerá ação
de um tráfego elevado (PINTO e PREUSSLER, 2010).
Conhecer os processos geológicos de uma região é uma ferramenta essencial para o projetista
definir soluções para problemas como a baixa capacidade de suporte do subleito. O uso de reforço
no subleito visa garantir a eficiência na execução do serviço de sub-base, mantendo o suporte
necessário para o tráfego pesado de obra que o subleito existente não atinge em suas condições
naturais em que foram encontradas. Até que a próxima camada seja executada, a superfície deve ser
mantida em condições de uso e, caso sofra com a ação das intempéries, seja feita nova compactação
da camada. (RODRIGUES, 2020).
Dentre os materiais que podem ser empregados como reforço do subleito estão os solos ou camadas
granulares. Como exemplo, um serviço amplamente utilizado é o emprego de material granular com
diâmetro acima de 60 mm, popularmente denominado rachão ou pedra-de-mão. Como vantagem,
seu uso propicia a redução de deformação permanente (BERNUCCI, et al, 2008).
O rachão pode ser utilizado tanto como reforço do subleito como sub-base, sendo constituído de
agregado obtido de britagem primária, sendo preenchido com material de granulometria inferior
(ARTERIS, 2021).
Macadame Seco (MS) é uma composição de materiais que integram um serviço utilizado em sub-
bases e reforços de subleito. A execução do MS se dá com a aplicação de uma camada de bloqueio,
seguida do agregado graúdo, enchimento com faixa granulométrica específica, e finalizado com
compactação de rolo liso vibratório e abertura ao tráfego (DER-PR, 2005)
Oliveira et. Al (2000) afirmam que desde a década de 1970 o MS é constantemente adotado nas
obras rodoviárias no sul do país, sendo que a partir da década de 1990, o DER-SC (atualmente
Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade do Estado de Santa Catarina) passou a fazer uso como
material de base.
O manual de Execução de Serviços do DER-PR indica que, no Paraná, o MS passou a ser
empregado no ano de 1976, sendo que estes trechos apresentaram bom desempenho com o passar
dos anos. Apesar de difundida sua utilização, não foram desenvolvidas novas metodologias de
controle tecnológico.

OBJETIVO

Este estudo de caso tem por objetivo a comparação e resultado dos experimentos realizados na obra
de implantação da PR-364 em um segmento que faz ligação entre os municípios de São Mateus do
Sul e Irati, na região dos Campos Gerais do Estado do Paraná.
O projeto executivo, datado de 2013, previa as seguintes soluções em função do CBR:
• Nos locais onde as sondagens indicaram CBR menor que 3% haverá a substituição por areia
até onde a sondagem indicar melhor suporte;
• Para um subleito com CBR entre 3% a 6%, estava previsto um rebaixo de 60 cm preenchido
com rachão;
• Para uma resistência do subleito de 6% a 9%, estava previsto um rebaixo de 30cm
preenchido com rachão;
• Para um subleito com CBR maior ou igual a 9%, foram previstas duas camadas de 15 cm de
brita graduada, que seriam suficientes para receber e distribuir as compressões advindas do
revestimento protegendo assim o subleito, não necessitando reforço.
Para os locais com CBR inferior a 9%, a base e sub-base é composta de BGS. A solução com CBR
maior ou igual a 9% era composta de base de BGS e sub-base de MS. Ao iniciar a execução da
obra, a construtora realizou mapeamento de todo o trecho e constatou que o material presente no
subleito se trata de folhelho pirobetuminoso.
O folhelho é uma rocha sedimentar, formada por argila e silte. Tem como característica a facilidade
de se segmentar, pois é composta por lâminas paralelas em baixas espessuras (DNIT, 2021).
No início do trecho, no município de São Mateus do Sul, está instalada a Unidade de
Industrialização do Xisto (SIX), sobre uma das maiores reservas mundiais de xisto, ou folhelho
pirobetuminoso
Devido às características de fratura do material, ao realizar os ensaios laboratoriais de
caracterização e compactação não foi possível atingir o suporte do subleito adequado para emprego
das soluções de pavimentação pré-estabelecidas em projeto. Assim sendo, para manter os
parâmetros de projeto, foi obrigatória a adoção da solução a favor da segurança, que lançava mão
da estrutura com 60 cm de rachão.
Para a execução da camada de rachão foi necessária a inclusão do item de travamento com material
de granolumetria mais fina, pois somente o rachão não trazia a possibilidade de estabilização para
que a próxima camada fosse executada.
Como o Macadame Seco orçado baseado no projeto não seria utilizado, pois o CBR não foi
atingido, foi proposta a realização de teste de equivalência entre serviços, para evitar alterações
significativas nas quantidades de serviços inicialmente contratados.

METODOLOGIA

Considerando os problemas encontrados ao longo da execução da obra, foi realizado o estudo


comparativo entre as soluções para a tomada de decisão em relação aos materiais a serem utilizados
na execução do contrato.
O processo envolveu as etapas de (i) avaliação dos materiais; (ii) análise quanto às especificações
de serviços (iii) análise quanto ao dimensionamento e (iv) verificação in loco (trecho experimental).

Materiais

Nesta pesquisa utilizaram-se os agregados minerais (macadame, brita 1, brita 0 e pó de pedra)


obtidos da extração de uma pedreira localizada dentro do trecho de obra, pertencente a Triunfo
Construtora.
De acordo com o Manual de Execução do DER-PR podem ser adotados materiais com
características diferentes da Especificação de Serviço do órgão, desde que justificada tecnicamente.
Esta premissa se dá para todas as etapas do Macadame Seco.

Métodos
Foram avaliadas as similaridades entre os dois materiais com base nos referenciais teóricos,
especificações de serviço, parâmetros de dimensionamento e verificação em campo dos resultados.
As especificações de serviço que basearam as análises foram as do DER-PR. Outro referencial foi o
Manual de Execução de Serviços Rodoviários, também do DER-PR.
Para a verificação mecanística, foi utilizado o software Elsym5. Este é um dos softwares mais
utilizados, pois tem uso simples, além de possibilitar a inserção de até dez cargas em diversos
pontos da superfície do pavimento (PINTO & PREUSSLER, 2010). Quanto maior a quantidade de
pontos de análise no Elsym 5, maior será a precisão dos resultados, sendo que a metodologia é mais
adequada para avaliação dos deslocamentos do que para as tensões (MEDINA & MOTTA, 2015).
Foram avaliadas as deflexões atuantes através da viga Benkelman, com base no método de ensaio
preconizado no documento DNER-ME 024/94.

Análise quanto às especificações

Em um primeiro momento foram analisadas as especificações de serviço de ambos os materiais,


sendo que para a execução do serviço de rebaixo em Rachão devem ser seguidas as recomendações
constantes na ES-P 02/05, em que são indicados os seguintes procedimentos:
• Preparo da superfície;
• Lançamento do agregado graúdo, com diâmetro máximo de 5”;
• Travamento com material de enchimento, sem faixa granulométrica pré-definida;
• Compactação.
A execução do serviço de Macadame Seco é regida pela ES-P 03/05, composta pelas seguintes
etapas:
• Preparo da superfície;
• Execução da camada de bloqueio, com agregado no diâmetro máximo de 1”;
• Lançamento do agregado graúdo, com diâmetro entre 2” e 5”;
• Travamento com material de enchimento, devendo atender uma faixa granulométrica
constante na especificação que vai da faixa I até V, com agregado no diâmetro máximo de 1”;
• Compactação.
Os agregados graúdos de ambos os serviços são provenientes da britagem primária (pedra pulmão)
de rocha sã.
Os serviços são similares, porém o Macadame Seco possui mais etapas e maior rigor quanto ao
controle tecnológico, havendo parâmetros de granulometria para todos os materiais empregados,
tornando a camada mais uniforme. A execução da camada de bloqueio impede o agulhamento do
agregado graúdo no subleito, auxiliando posteriormente no travamento e compactação.
Além das indicações citadas, o manual de Execução de Serviços Rodoviários do DER/PR
recomenda a abertura do tráfego sobre o Macadame Seco para que a compactação seja mais eficaz.
Outra diferença é a finalização, que no caso do rachão a deficiência de finos deve ser corrigida, ao
passo que no Macadame Seco tanto a deficiência quanto o excesso de finos é tratado.
A espessura da camada individual acabada do Macadame Seco deve situar-se entre 12 e 20 cm.

Análise quanto ao dimensionamento

O projeto executivo considerou o dimensionamento do pavimento pelo método empírico do DNER


e fez verificações mecanísticas. Foram fornecidos os parâmetros deflectométricos de campo,
juntamente com a memória de cálculo. O material macadame seco era previsto em uma das
soluções da projetista, por este motivo, quando foram fornecidos os dados para a verificação de tais
parâmetros, haviam parâmetros para todos os materiais, conforme apresentado na tabela 1.
A análise mecanística faz uso das características específicas de cada material, sendo que no caso de
pavimentos flexíveis, recomenda-se que os materiais mais nobres componham as camadas
superiores, ou seja, quanto mais nobre o material, maior seu módulo de resiliência e,
consequentemente, melhor desempenho estrutural para o pavimento.
Como pode-se observar no quadro acima, o módulo de resiliência do Macadame Seco já se mostra
superior ao do Rachão, subentendendo-se que, com a mesma espessura de 60 cm, o Macadame
Seco atenderá aos valores admissíveis.
Foram utilizados os parâmetros supracitados no software Elsym5, mesmo utilizado pelo projetista,
para avaliar a possibilidade de substituir o Rachão por Macadame Seco com espessura inferior à
solução inicial de 60 cm.
Como esta solução foi a adotada para trechos com CBR variando de 3 à 6%, apesar do projetista
utilizar 600 kgf/cm², para esta análise adotou-se o CBR médio da solução de 4,5%, que representa
em módulo de resiliência, com a expressão de Heukelon e Klomp (E = 100 x CBR), 450 kgf/cm².
As espessuras das demais camadas foram mantidas e verificada a seguinte estrutura:

Tabela 1. Parâmetros de entrada Elsym5 (AUTOR, 2022)


Camada Espessura (cm) E (kgf/cm²) μ
CBUQ Faixa C 5 24000 0,30
CBUQ Faixa B 5 24000 0,30
BGS 15 3000 0,35
BGS 15 3000 0,35
Macadame 40 ou 50 4000 0,35
Solo ∞ 450 0,40

Além dos dados elencados na Tabela 1, outro parâmetro de entrada é a configuração do


carregamento e os pontos de análise. Para esta análise adotou-se um eixo padrão rodoviário, simples
com rodas duplas, com um espaçamento de 34 cm entre pneus, pressão de 5,60 kgf/cm2 (80 psi) e
carga aplicada em cada pneu de 20,50 kN.
Os pontos de análise são definidos para cada configuração de espessura para as alternativas
testadas, sendo que o eixo de referência toma como datum a superfície do pavimento acabado em
direção ao subleito. O eixo X refere-se à seção do carregamento, o eixo Y trata do segmento e o
eixo Z são as camadas.
No eixo Y, primeiramente é analisada a deflexão no topo da camada de rolamento (no ponto de
início do eixo em 0 cm), também é avaliada a deformação horizontal de tração na fibra inferior do
revestimento (0,01 cm dentro da camada de revestimento, para este caso 9,99 cm) e finalmente
verifica-se a deformação vertical de compressão no topo subleito (0,01 cm dentro do subleito, para
este caso 80,01 ou 90,01 cm).
Para o eixo X a verificação se dá em 0, 17 e 34 cm.
O software apresenta para todos os pontos de análise e aplicação de cargas as deflexões, tensões e
deformações. Para a deflexão da superfície e deformação no subleito verifica-se as condições
encontradas em Z, já para a tração do revestimento são analisadas as informações dos eixos X e Y.
Para esta verificação foram utilizados modelos constantes na IP-DE-P00/001 do DER/SP, com base
no número N de projeto (NUSACE = 1,21 x 107 e NAASHTO 3,57 x 106).

Tabela 2. Resultados Elsym5 (AUTOR, 2022)


Atuante
Parâmetros Modelo adotado Admissível Espessura MS
40 cm 50 cm
Deflexão recuperável no topo da camada DNER ‐ PRO 11/79 58,00 60,10 57,50
de rolamento (0,01 mm)
Deformação horizontal de tração FHWA (1976) 2,73E-04 2,39E-04 2,39E-02
máxima na fibra inferior do revestimento
(mm/mm)
Deformação vertical de compressão Dormon & Metcalf 3,78E-04 2,22E-04 1,85E-04
máxima no topo do subleito (mm/mm) (Shell, 1965)
Verifica-se com a análise mecanística que o pavimento com o rebaixo em Macadame Seco na
espessura de 40 cm não será suficiente para absorver as deflexões no topo do revestimento, porém
com 50 cm este parâmetro será atendido.
Dentre os critérios de Aceitação e Rejeição dos serviços previstos nas especificações do DER-PR a
deflexão é a ferramenta de comparação para esta pesquisa, conforme apresentado a seguir:
• X – ks < valor mínimo ou X + ks > valor máximo de projeto: não conformidade
• X – ks < valor mínimo ou X + ks > valor máximo de projeto: não conformidade
Sendo:

Onde
Xi = valores individuais
X = média da amostra
s = desvio padrão
k = adotado o valor 1,25
n = número de determinações

Anteriormente, os limites de deflexão fornecidos pelo projetista foram os seguintes:

Tabela 3. Parâmetros de deflexão admissível do projeto executivo (Projeto Executivo, 2013)

Espessura
Camada Material Deflexão admissível
(cm)
CBUQ Faixa C 5 56,0
Revestimento
CBUQ Faixa B 5 63,0
Base BGS 15 67,0
Sub-base BGS 15 76,0
Reforço do Subleito Rachão 60 92,0
Subleito Solo - 149,0

Com esta nova configuração de pavimento apresentada, as deflexões admissíveis a serem atendidas
no topo de cada camada a ser executada passam a ser:

Tabela 4. Parâmetros de deflexão admissível do presente estudo (AUTOR, 2013)

Espessura
Camada Material Deflexão admissível
(cm)
CBUQ Faixa C 5 57,5
Revestimento
CBUQ Faixa B 5 63,9
Base BGS 15 66,5
Sub-base BGS 15 69,3
Reforço do Subleito Macadame 50 75,1
Subleito Solo - 199,0
Verificação in loco

Com base nos parâmetros de dimensionamento apresentados foi realizado um segmento


experimental com o objetivo de verificar in loco o atendimento à deflexão no topo do reforço do
subleito.
A Coordenadoria de Pesquisa e Desenvolvimento, juntamente com a Gerenciadora, Fiscalização e
Supervisão do DER/PR, acompanhou a execução de todo o trecho experimental, em que foram
verificadas as deflexões no topo da camada de Macadame Seco com as espessuras de 40 cm, 50 cm
e 60 cm.
Cabe ressaltar que os rebaixos executados em rachão até o período de análise na obra atenderam ao
parâmetro fornecido pelo projetista de deflexão admissível no subleito, de 92x10-2 mm, desta forma
a maneira utilizada como comparação foi a deflexão, ou seja, qual a espessura necessária de
Macadame Seco para atender à deflexão máxima admissível, prevista pelo projetista após a
execução do rebaixo de 60 cm de rachão.
Os serviços atenderam todos os procedimentos constantes nas especificações e a executora forneceu
todos os ensaios dos materiais, que foram acompanhados pela supervisora.
Executou-se o preparo da superfície, a camada de bloqueio, seguida da distribuição do agregado
graúdo, o enchimento com o objetivo de realizar o travamento da camada e finalizando a
compactação com rolo liso vibratório, conforme especificação.
Quanto à espessura máxima da camada individual, para a verificação em 40 cm foram executadas
duas camadas de 20 cm e, posteriormente a aferição da deflexão nesta cota, no mesmo local foi
executado mais 20 cm de camada para atingir os 60 cm e ser realizada a verificação da deflexão
nesta cota também.
Para atingir a espessura de 50 cm, foram executadas duas camadas de 25 cm, excedendo-se os 20
cm previstos na especificação. Entretanto, ao abrir poços de inspeção no trecho foi possível
observar o completo travamento da camada, não havendo danos à sua uniformidade, tornando o
válida a execução do serviço.

Na sequência são apresentadas imagens de algumas das etapas executadas:

Figura 1. Superfície do subleito regularizada e dreno longitudinal executado (DER/PR, 2021).


Figura 2. Execução da camada de bloqueio e lançamento do agregado graúdo (DER/PR, 2021).

Figura 3. Lançamento do material de enchimento e compactação da camada completa (DER/PR, 2021).

Figura 4. Aferição da deflexão com Viga Benkelman e abertura de poço de inspeção (DER/PR, 2021).
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme previsto, após a execução de segmento experimental, foram obtidos os seguintes


resultados através da viga Benkelman, logo após a compactação da camada, no dia 20 de agosto de
2021:

Tabela 5. Resultados da viga Benkelman logo após a execução do serviço (AUTOR, 2021)
Espessura (cm) 40 50 60
Deflexão média (x10-2mm) 85,22 76,80 63,34
Desvio padrão 30,56 30,35 21,21
Deflexão característica (x10-2mm) 123,4 114,7 89,9
Não
Resultado Não conformidade Conformidade
conformidade

A especificação de serviço do DER-PR ES-P 03/05 cita a necessidade da abertura do tráfego de


maneira controlada e direcionada, em que a superfície é mantida umedecida.
Após 5 dias da execução do serviço, na data de 25 de agosto de 2021, foi realizado novo
levantamento das deflexões.
O segmento ficou aberto ao tráfego de obra, exposto a intempéries e foi umedecido, conforme
indicado na especificação de serviço.

Tabela 6. Resultados da viga Benkelman logo após 5 dias da execução do serviço (AUTOR, 2021)
Espessura (cm) 40 50 60
-2
Deflexão média (x10 mm) 71,5 54,6 47
Desvio padrão 27,4 10,2 11,8
-2
Deflexão característica (x10 mm) 105,7 67,4 61,7
Resultado Não conformidade Conformidade Conformidade

Verifica-se que com 40 cm não foi possível a camada de Macadame Seco absorver todos os
esforços provenientes do eixo padrão rodoviário, não fornecendo o suporte necessário ao subleito,
conforme já verificado anteriormente na análise mecanística.
Na espessura de 50 cm foi obtida a deflexão característica de 67,4x10-2 mm, que atende tanto ao
projetista com 92x10-2 mm quanto à nova análise de 75,1x10-2 mm.
Como já esperado, para a camada de 60 cm a deflexão também foi atendida.

CONCLUSÃO

O serviço de Macadame Seco pode ser considerado equivalente ou superior ao serviço de Rachão
com travamento, já que se verificou que 50 cm de Macadame Seco se equivale, tanto teoricamente
como in situ, a 60 cm de Rachão com travamento.
O Rachão com travamento possui menos etapas executivas e menor rigor de controle tecnológico,
já o Macadame Seco, por ser necessário atender aos parâmetros de granulometria, faz com que a
camada se torne mais uniforme em todo o segmento. A existência da camada de bloqueio também
faz um grande diferencial, evitando o agulhamento dos materiais no subleito, auxiliando na
uniformidade da camada.
Após a abertura ao tráfego de obra, constatou-se que para a camada atingir a deflexão admissível
necessária para a aceitação do serviço foi necessário aguardar o prazo de acomodação do
travamento para que a camada fosse estabilizada. Após esse prazo, houve redução de 41% da
deflexão na camada de 50 cm e 27% na camada de 60 cm. Para este estudo, o prazo de 5 dias foi
suficiente para atingir a deflexão necessária.
Verifica-se que pode haver um ganho em 10 cm de material apenas pelo ponto de vista da deflexão
para o macadame seco, com a abertura ao tráfego de obra, além da exposição às intempéries.
Considerando que as especificações de serviço do DER/PR encontram-se em revisão, estas e outras
observações serão levadas para que possam subsidiar as discussões acerca da especificação de
serviço de MS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2021.

BALBO, T. JOSÉ. Pavimentação Asfáltica. 3ª ed. Oficina de Textos, 2007.

BATISTA; Marcio Batista de Amorim. Contrato 00063/2013, Execução do Projeto de


Engenharia para Pavimentação da Rodovia PR-364. Paraná. Concresolo Engenharia. 2013.

BERNUCCI, Leidi Bariani et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros.
Rio de Janeiro: Petrobras; ABEDA, 2008.

MEDINA, J.; MOTTA, L.M.G., Mecânica dos Pavimentos. 3a ed., Editora Interciência, Rio de
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OLIVEIRA, A., PITTA, D.M., TRICHÊS, G. Avaliação do comportamento mecânico da


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PINTO, S.; PREUSSLER, E., Pavimentação Rodoviária: Conceitos fundamentais sobre


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RODRIGUES, R.M., Engenharia de Pavimentos – parte 1. 1ª ed., Padda Comunicação, Porto


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de Janeiro. 2021.

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