Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ABSTRACT: The concept of Green Supply Chain Management (GSCM) has become widely
disseminated in academia and in the corporate environment, presenting the proposal of thinking
about Supply Chain Management from an eco-sustainable perspective that aims at the economic
optimization of resources and the reuse of its by-products. It is therefore necessary to recognize
the current state of the art on the subject and its best practices. The objective of this study is to
identify the main practices in GSCM adopted by companies in case studies produced between
2010 and 2019. The results identified practices in eight areas: green manufacturing; green
design; reverse logistic; Waste Management; green shopping; green marketing; relationship with
consumers and suppliers and environmental innovation.
Keywords: Green Supply Chain Management. Supply Chain Management. Literature review.
Case studies. GSCM practices.
1 Graduando do curso de Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia (FEB) da Universidade Estadual Paulista
campus de Bauru. E-mail: jg_marcato@hotmail.com.
2 Graduando do curso de Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia (FEB) da Universidade Estadual Paulista
campus de Bauru. E-mail: themersoares@gmail.com.
3 Graduando do curso de Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia (FEB) da Universidade Estadual Paulista
campus de Bauru. E-mail: rapou2@hotmail.com.
4 Graduando do curso de Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia (FEB) da Universidade Estadual Paulista
campus de Bauru. E-mail: rflbmoreno@gmail.com.
Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020 201
João Guilherme Marcato • Themer Miralha Soares • Rafael Zampieri Krambek • Rafael Bellotti Moreno
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
202 Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020
Práticas de Green Supply Chain Management: uma revisão conceitual de múltiplos estudos de caso
Srivastava (2007) identificou três áreas de atuação da GSCM em sua revisão da literatura
de estudos produzidos entre 1980 e 2005: a manufatura verde; o design verde e as operações
verdes. A primeira refere-se às iniciativas que visam à economia de recursos, eliminação de
desperdícios e incremento de produtividade ao passo que a segunda, ao design sustentável de
produtos e processos que visa à eliminação de materiais nocivos ao meio ambiente. A terceira,
finalmente, abarca a logística reversa e a gestão de resíduos.
Enquanto a logística reversa refere-se ao processo de planejamento, implementação e
controle dos fluxos de materiais e informações do ponto de consumo até o ponto de origem, com
o objetivo de recapturar valor ou realizar descarte adequado, a gestão de resíduos é o processo
de tratamento das sobras dos processos produtivos, geralmente prejudiciais ao meio ambiente e
à sociedade (SRIVASTAVA, 2007).
Oliveira et al. (2018), também em uma revisão do Estado da Arte sobre GSCM entre 2006
e 2016, reiteraram as áreas de atuação supracitadas, bem como adicionaram quatro novas: as
compras verdes; o marketing verde; o relacionamento com os consumidores e fornecedores e
a inovação ambiental. A prática das compras verdes está relacionada à compra de materiais
considerados amigáveis ao meio ambiente e à notificação da redução dos impactos ambientais
aos compradores, enquanto que o marketing verde relaciona as ações estratégicas e táticas do
setor às questões ambientais.
O relacionamento com os consumidores e fornecedores, por sua vez, refere-se ao conjunto
de ações marcadas pela colaboração, desenvolvimento e conscientização ambiental entre
organização e clientes desde a fase do projeto do produto até o transporte deste aos pontos de
distribuição e posterior retorno no fluxo reverso. A inovação ambiental, por fim, refere-se à prática
de esverdear os processos produtivos, visando minimizar efeitos nocivos ao meio ambiente e
maximizar os desempenhos operacional e financeiro (OLIVEIRA et al., 2018).
3 MÉTODO
Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020 203
João Guilherme Marcato • Themer Miralha Soares • Rafael Zampieri Krambek • Rafael Bellotti Moreno
Uma vez definida a pergunta, determinou-se que SciELO e ScienceDirect seriam as bases
de dados consultadas na fase de identificação, cuja escolha se deu devido à amplitude e visibilidade
de ambas, que abarcam em seus catálogos estudos nacionais e internacionais, bem como ao rigor
dos critérios de avaliação dos periódicos indexados e à utilização, em especial, do ScienceDirect
na geração de indicadores internacionais de produção científica (ORTIZ; ORTIZ; SILVA, 2002).
O período de pesquisa nas bases supracitadas ocorreu na primeira quinzena de maio de
2020. Para a SciELO, digitou-se no buscador ((green supply chain management) AND (practices))
e se selecionaram todos os índices. Para o período de publicação, assinalaram-se todas as opções
compreendidas entre 2010 e 2019 ao passo que se assinalou a opção “artigos” para o tipo de literatura.
Para a ScienceDirect, digitou-se no buscador ((green supply chain management) AND
(practices)) e se selecionaram as categorias título (title), resumo (abstract) e palavras-chave
do autor (author-specified keywords). O limite de tempo imposto foi de 2010-2019 e o tipo de
publicação selecionado (article type) foi o artigo de pesquisa (research articles), excluindo-se,
assim, artigos de revisão (review articles).
O emprego do operador booleano AND tem como objetivo identificar estudos que
considerem a temática deste estudo, isto é, as práticas adotadas no âmbito da GSCM. A pesquisa
resultou em uma amostra de 210 publicações, sendo 16 da SciELO e 194 delas da ScienceDirect.
Tais resultados foram exportados em formato RIS e, com o auxílio do software EndNote
X7, criou-se um banco de dados, utilizado na etapa de avaliação, na qual se realizou a leitura do
abstract de cada artigo encontrado. Para ser elegível, este precisava preencher dois requisitos:
(a) ser um estudo de caso e (b) abordar pelo menos um dos tópicos apontados por Srivastava
(2007) e Oliveira et al. (2018) como práticas de GSCM, a saber: (i) Manufatura Verde; (ii) Design
Verde; (iii) Logística Reversa; (iv) Gestão de Resíduos; (v) Compras Verdes; (vi) Marketing Verde;
(vii) Relacionamento com consumidores e fornecedores e (viii) Inovação Ambiental.
Ressalta-se que o processo de análise adotado, conforme Soares e Souza (2019), confere
a este trabalho características de reprodutibilidade por outros pesquisadores associadas a um
elevado grau de singularidade, dado que um dos critérios de seleção dos artigos envolveu a
leitura e interpretação pessoal dos resumos das publicações encontradas.
Os 39 artigos resultantes desta etapa foram sumarizados nas práticas de GSCM
apresentadas anteriormente e podem ser consultados no capítulo das referências do presente
estudo. Ressalta-se que, devido à interrelação e abrangência das práticas, alguns dos estudos
de caso encontrados foram classificados simultaneamente em mais de uma delas. A fase de
interpretação será abordada no próximo capítulo, que trata dos resultados obtidos.
4 RESULTADOS
A análise dos 39 artigos selecionados permitiu identificar oito práticas de GSCM adotadas
por empresas em nível global, reiterando, assim, a classificação destas ações nos estudos
desenvolvidos por Srivastava (2007) e Oliveira et al. (2018): manufatura verde; design verde;
logística reversa; gestão de resíduos; compras verdes; marketing verde; relacionamento com
consumidores e fornecedores e inovação ambiental. Os resultados encontrados para cada uma
delas encontram-se descritos nos tópicos apresentados na sequência.
A área de manufatura verde mostrou forte correspondência com técnicas para redução do
consumo de energia e de materiais virgens durante os processos produtivos de uma organização,
bem como técnicas de reciclagem e reutilização de matéria-prima (OLIVEIRA NETO et al., 2015;
MANGLA; KUMAR; BARUA, 2015; SETH; REHMAN; SHRIVASTAKA, 2018).
O estudo desenvolvido por Mangla, Kumar e Barua (2015) em uma cadeia de suprimentos
fabricante de polímeros indiana, por exemplo, identificou o impacto positivo da adoção desta
prática tanto em nível operacional, com a redução do desperdício de insumos, quanto em nível
estratégico, em especial, naquilo que se refere à gestão de riscos que, segundo os autores,
devem ser priorizados segundo seu impacto sobre a GSCM.
Identificou-se, também, que este conceito envolve os processos presentes ao longo de
toda a cadeia de suprimentos, dado que ao término do uso pelo cliente final, o produto pode voltar
ao início da cadeia produtiva e reiniciar o ciclo (ALVES; NASCIMENTO, 2014; TIPPAYAWONG;
TIWARATREEWIT; SOPADANG, 2015; SELLITTO; HERMANN, 2016; SILVA et al., 2018).
204 Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020
Práticas de Green Supply Chain Management: uma revisão conceitual de múltiplos estudos de caso
No Brasil, Alves e Nascimento (2014) apontam que a prática da manufatura verde ainda
é incipiente. Em um estudo de caso que envolveu a entrevista de estudiosos deste assunto em
âmbito nacional, foi demonstrado que os principais motivos para o atraso brasileiro deve-se,
entre outros aspectos, à falta de pressão do mercado consumidor por atitudes ambientalmente
corretas e também à falta de uma legislação rígida que inspire o desenvolvimento acelerado das
técnicas de GSCM (ALVES; NASCIMENTO, 2014).
Silva et al. (2018) intensificam os estudos sobre barreiras de implementação de GSCM ao
desenvolver um estudo de caso focado na indústria automotiva. Os autores conseguiram destacar
treze barreiras, sendo a principal delas os custos decorrentes da implementação, seguida de
fatores como falta de conhecimento técnico e falta de integração entre os stakeholders – os
autores explicam que se torna complexo atender às demandas de todos os agentes envolvidos
na cadeia de suprimentos (SILVA et al., 2018).
A prática do design verde, também referido como Ecodesign nos estudos de caso analisados,
busca compreender como as decisões de design afetam a compatibilidade do produto com o meio
ambiente, bem como prolongar seu ciclo de vida e minimizar a geração de resíduos durante o
processo de fabricação (AZEVEDO; CARVALHO; MACHADO, 2011; KHOR; UDIN, 2013; SELLITTO;
HERMANN, 2016; MAURICIO; JABBOUR, 2017; SELLITTO et al., 2019). Identificou-se, também, o
envolvimento dos centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e parceria com o cliente e esta
prática (TSENG et al., 2013; WANG; HOU; LIN, 2013; ARANTES; JABBOUR; JABBOUR, 2014).
O estudo desenvolvido por Azevedo, Carvalho e Machado (2011), ao analisar cinco
empresas localizadas em posições distintas de uma cadeia de suprimentos do setor automotivo
português sob a perspectiva das práticas de GSCM, identificou que as ações de design verde
na amostra analisada estão relacionadas ao desenvolvimento de produtos e embalagens
ambientalmente sustentáveis, destacando que a colaboração dos consumidores e fornecedores
neste processo é fundamental.
Após analisarem múltiplas cadeias de suprimentos asiáticas, Tseng et al. (2013) concluíram
que esta prática apresenta forte teor estratégico e sinergia com ações de inovação ambiental,
como o desenvolvimento de novas tecnologias verdes para os processos produtivos. Além disso,
os autores identificaram o impacto dela sobre a gestão da produção, como a redução do tempo
de transporte e a integração holística dos estoques (TSENG et al., 2013).
Reiterando o exposto, Khor e Udin (2013), por sua vez, identificaram que o emprego desta prática
nos elos de cadeias de indústrias eletroeletrônicas da Malásia maximizou o valor agregado de seus
produtos em estoque e minimizou desperdícios de materiais, contribuindo para a adoção de práticas
de logística reversa. Sellitto et al. (2019), ao analisarem quatro cadeias de suprimentos de empresas
de calçados, identificaram que houve maior alinhamento estratégico e preocupação ambiental entre os
elos daquelas em que as práticas de Ecodesign se encontravam melhor disseminadas.
Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020 205
João Guilherme Marcato • Themer Miralha Soares • Rafael Zampieri Krambek • Rafael Bellotti Moreno
UDIN, 2013; MAFINI; LOURY-OKUMBA, 2018). O estudo de Eltayeb, Zailani e Ramayah (2011),
por exemplo, identificou que a adoção desta prática promoveu a redução dos custos de um grupo
constituído por indústrias malasianas de diversos setores que possuíam certificação ISO 14001.
Como demonstrado por Mafini e Loury-Okoumba (2018), a adoção de técnicas de logística reversa por
pequenas e médias empresas (PME’s) africanas implicou em melhorias de desempenho produtivo.
Agyemang et al. (2018), por fim, ao analisarem uma cadeia de suprimentos africana
responsável pela extração, transporte e manufatura de produtos à base de caju, identificaram as
seguintes barreiras para a adoção da logística reversa sob a perspectiva dos stakeholders: a não
integração entre os elos; a ausência de sistemas de informação integrada e de rastreio; a incerteza
quanto ao retorno financeiro e a fraca firmeza de propósito da alta direção das organizações,
sendo estas duas últimas apontadas, também, no estudo desenvolvido por Muchaendepi et al.
(2019) que analisou 40 indústrias do setor de mineração.
A prática das compras verdes caracterizou-se pelo seguinte conjunto de ações: a extração e
aquisição de matéria-prima que minimizem os impactos ambientais (TSENG; CHIU, 2013; WANG; HOU;
LIN, 2013; MAURICIO; JABBOUR, 2017); o estabelecimento de padrões para compra de materiais que não
contenham substâncias proibidas junto aos fornecedores, cuja seleção se pauta na Restriction of Hazardous
Substances Directive – RoHS e em certificações ISO (AZEVEDO; CARVALHO; MACHADO, 2011;
206 Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020
Práticas de Green Supply Chain Management: uma revisão conceitual de múltiplos estudos de caso
ARANTES; JABBOUR; JABBOUR, 2014); a realização de auditorias junto aos fornecedores (JABBOUR;
FRASCARELI; JABBOUR, 2015); e a adoção de embalagens e rotulagem verdes, que permitem comunicar
aos consumidores que eles estão adquirindo bens cuja produção minimizou os impactos ambientais,
relacionando-se, assim, às práticas comunicacionais de marketing verde (MEDEIROS; RIBEIRO;
CORTIMIGLIA, 2016; SCUR; BARBOSA, 2017; MARCO-FERREIRA; JABBOUR, 2019).
O estudo de Medeiros, Ribeiro e Cortimiglia (2016) desenvolvido junto a empresas dos
setores automotivos e moveleiro identificou que o valor agregado aos produtos verdes aumenta a
disposição dos consumidores a pagar, em média, 10% a mais por eles. Corroborando com o exposto,
Scur e Barbosa (2017), ao analisarem cadeias de suprimentos de indústrias de eletrodomésticos,
concluíram que o número de vendas de tais produtos aumentou após a adoção de selos que
informavam aos consumidores que a gestão de resíduos delas minimizava os impactos ambientais.
Os autores também identificaram maior propensão a adotar esta prática naquelas organizações
que possuíam certificação ISO 14001 (SCUR; BARBOSA, 2017).
Quanto às barreiras a sua adoção, finalmente, Zhu, Sarkis e Lai (2015) desenvolveram um estudo
de caso junto a fornecedores de um conjunto de empresas chinesas responsáveis pela remanufatura de
peças para caminhões e identificaram que as principais barreiras para adoção de padrões de compras
verdes estão relacionadas à falta de suporte financeiro e investimento tecnológico e à necessidade de
desenvolvimento de conscientização ambiental entre os elos que constituem a cadeia.
Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020 207
João Guilherme Marcato • Themer Miralha Soares • Rafael Zampieri Krambek • Rafael Bellotti Moreno
Aquelas relacionadas aos fornecedores, por sua vez, envolvem os processos de seleção
por meio de critérios, como a certificação ISO 14001, a colaboração para gerir o fluxo reverso
de materiais e armazenamento (CANIELS; GEHRSITZ; SAMEJIN, 2013; ZHU; SARKIS; LAI,
2015) e o compartilhamento de responsabilidades, encorajando-os a adotar práticas ambientais
sustentáveis que ajudem a aprimorar seu desempenho competitivo (VILLANUEVA-PONCE et al.,
2015; ZHU; GENG; SARKIS, 2016).
O estudo de caso desenvolvido por Caniels, Gehrsitz e Samejin (2013) considerou 54
organizações alemãs do setor automotivo a fim de determinar os critérios para a seleção de
fornecedores no processo de construção de uma GSC. Os resultados demonstraram que, para
pequenas empresas, a capacidade destes em colaborar com a gestão do fluxo reverso de
materiais e atender às necessidades dos consumidores são preponderantes. Para as grandes
empresas, por sua vez, além de tais fatores, a exigência de uma certificação ambiental torna-se
outro critério relevante (CANIELS; GEHRSITZ; SAMEJIN, 2013).
Zhu, Geng e Sarkis (2016) analisaram empresas chinesas de manufatura e concluíram que a
adoção de práticas ambientais por seus fornecedores está relacionada a ações menos coercitivas por
parte das empresas focais, isto é, quanto menor for a pressão coercitiva e maior a colaboração entre
os elos, maior é a tendência de que os primeiros adotem posturas proativas em relação ao modo
como conduzem suas atividades em relação ao meio ambiente. Além disso, os autores apontam que
o uso de indicadores de desempenho ambiental de forma voluntária auxilia a disseminar as práticas
de Gestão Ambiental ao longo de toda a cadeia (ZHU; GENG; SARKIS, 2016).
208 Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020
Práticas de Green Supply Chain Management: uma revisão conceitual de múltiplos estudos de caso
Moori, Shibao e Santos (2018) que relacionam a tecnologia como um elo importante entre as
técnicas de GSCM e a performance ambiental de organizações do setor químico brasileiro.
O estudo de caso de Sellitto e Hermann (2016), realizado com quatro empresas de uma
cadeia de suprimentos da indústria de pêssegos de Pelotas/RS, aponta o aspecto de inovação
como uma das prioridades para as empresas estudadas. Os autores relacionam à categoria
de “inovação” técnicas como o Ecodesign, com projetos que visam melhorias de desempenho
dos produtos e/ou redução do consumo energético e de materiais (SELLITTO; HERMANN).
As conclusões evidenciadas por Sellitto e Hermann (2016) encontram consonância com os
resultados de Mauricio e Jabbour (2017) quanto ao fato de “desenvolvimento de produtos/
processos ecologicamente responsáveis” ser um FCS para a implantação de GSCM.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente estudo era identificar as principais práticas de GSCM adotadas por
empresas em estudos de caso produzidos entre 2010 e 2019, respondendo, assim, a pergunta
de pesquisa apresentada no capítulo introdutório. Revisando estudos nacionais e internacionais,
identificaram-se oito práticas adotadas por organizações ao redor do mundo, quais sejam:
manufatura verde; design verde; logística reversa; gestão de resíduos; compras verdes; marketing
verde; relacionamento com consumidores e fornecedores e inovação ambiental. Portanto, pode-
se concluir que tal objetivo foi alcançado.
No campo acadêmico, este estudo contribui para atualizar e ampliar as discussões acerca
das práticas de GSCM apresentadas na literatura, relacionando-as a estudos de caso aplicados
ao meio industrial. Espera-se que os resultados encontrados possam contribuir também para o
amadurecimento do conceito de Gestão Ambiental corporativa entre todos os elos que constituem
a rede de suprimentos, bem como para a propagação das barreiras que precisarão ser superadas
e das vantagens competitivas oriundas de sua adoção.
No campo gerencial, este contribui ao apresentar uma visão holística das principais
práticas de GCSM que empresas localizadas ao redor do mundo têm empregado ao longo da
última década, servindo de benchmarking para organizações que desejam adotar práticas verdes
em sua cadeia de suprimentos ou que estão enfrentando dificuldades em sua implementação.
Quanto às limitações, podem-se destacar: a quantidade de base de dados consultada –
somente duas; o tipo de estudo buscado – utilizaram-se somente estudos de caso, excluindo-se,
assim, trabalhos teóricos ou conceituais, tais como revisões da literatura e modelos avaliados
por meio de Modelagem de Equações Estruturais (MEE), DEMATEL ou Lógica Fuzzy e o período
das publicações considerado – restrito à última década.
Futuros estudos devem englobar mais bases de dados em seu escopo, como a Web of
Science e ampliar o período de buscas das publicações considerado, de forma a identificar, por
exemplo, as principais práticas de GSCM adotadas por empresas desde o início do século XXI,
bem como investigar qual é o setor industrial em que elas são mais utilizadas, os países que
mais se valem delas e as barreiras a serem superadas para sua adoção. Deve-se quantificar,
também, quais são os principais autores da área e os periódicos mais recorrentes sobre o tema.
Novos estudos, por fim, podem ser realizados a partir de estudos de campo com
organizações localizadas no país, em especial, com PME’s, para verificar sua situação em relação
ao conhecimento e uso de técnicas de GSCM, bem como verificar se existe relacionamento entre
o emergente conceito de Economia Circular e tais técnicas.
REFERÊNCIAS
AGYEMANG, M.; ZHU, Q.; ADZANYO, M.; ANTARCIUC, E.; ZHAO, S. Evaluating barriers to
green supply chain redesign and implementation in the West Africa cashew industry. Resources,
Conservation and Recycling, v. 136, p. 209-222, 2018.
ALVES, A.P.F.; NASCIMENTO, L.F.M.D. Green Supply Chain: a protagonist or a supporting role
in Brazil? Revista de Administração de Empresas, v. 54, n. 5, p. 510-520, 2014.
ARANTES, A.F.; JABBOUR, A.B.L.S.; JABBOUR, C.J.C. Adoção de práticas de Green Supply
Chain Management: mecanismos de indução e a importância das empresas focais. Production,
v. 24, n. 4, p. 725-734, 2014.
AYRES, R.U.; KNEESE, A.V. Production, consumption, and externalities. The American
Economic Review, v. 59, n. 3, p. 282–297, 1969.
Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020 209
João Guilherme Marcato • Themer Miralha Soares • Rafael Zampieri Krambek • Rafael Bellotti Moreno
AZEVEDO, S.G.; CARVALHO, H.; MACHADO, V.C. The influence of green practices on supply
chain performance: A case study approach. Transportation Research Part E: Logistics and
Transportation Review, v. 47, n. 6, p. 850-871, 2011.
BRINDLEY, C.; OXBORROW, L. Aligning the sustainable supply chain to green supply needs: a
case study. Industrial Marketing Management, v. 43, n. 1, p. 45-55, 2014.
CANIELS, M.J.M.; GEHRSITZ, M.H.; SEMEJIN, J. Participation of suppliers in greening supply
chains: An empirical analysis of German automotive suppliers. Journal of Purchasing and
Supply Management, v. 19, n. 3, p. 134-143, 2013.
CHAKRABORTY, S. Concise Chronological road map of evolving green supply chain management
concepts: a review. Journal of Supply Chain Management, v. 3, n. 4, p. 7-25, 2010.
CHAN; H.K.; HE, H.; WANG, W.Y.C. Green marketing and its impacts on supply chain management
in industrial markets. Industrial Marketing Management, v. 41, n. 4, p. 557-562, 2012.
DAMERT, M.; FENG, Y.; ZHU, Q.; BAUMGARTNER, R.J. Motivating low-carbon initiatives among
suppliers: the role of risk and opportunity perception. Resources, Conservation and Recycling,
v. 136, p. 276-286, 2018.
ELTAYEB, T.K.; ZAILANI, S.; RAMAYAH, T. Green supply chain initiatives among certified
companies in Malaysia and environmental sustainability: Investigating the outcomes. Resources,
Conservation and Recycling, v. 55, n. 5, p. 495-506, 2011.
FAHIMNIA, B.; SARKIS, J.; DEHGHANIAN, F.; BANIHASHEMI, N. RAHMAN, S. The impact of
carbon pricing on a closed-loop supply chain: an Australian case study. Journal of Cleaner
Production, v. 59, n. 15, p. 210-225, 2013.
FROSCH, R.A.; GALLOPOULOS, N.E. Strategies for manufacturing. Scientific American, v. 9,
p. 144–152, 1989.
GOVINDAN, K.; AZEVEDO, S.G.; CARVALHO, H.; MACHADO, V.C. Impact of supply chain
management practices on sustainability. Journal of Cleaner Production, v. 85, p. 212-225, 2014.
HARTMAN, J.; MOELLER, S. Chain liability in multitier supply chains? Responsibility attributions for
unsustainable supplier behavior. Journal of Operations Management, v. 32, n. 5, p. 281-294, 2014.
JABBOUR, A.B.L.S.; FRASCARELI, F.C.O.; JABBOUR, C.J.C. Green supply chain management
and firms’ performance: Understanding potential relationships and the role of green sourcing and
some other green practices. Resources, Conservation and Recycling, v. 66, p. 13-28, 2015.
JABBOUR, A.B.L.S.; SOUZA, C.L. Opportunities and challenges for dealing with barriers to the
adoption of green supply chain management practices: guidelines based on multiple-case studies
in Brazil. Gestão & Produção, v. 22, n. 2, p. 295-310, 2015.
JABBOUR, A.B.L.S.; VAZQUEZ-BRUST, D.; JABBOUR, C.J.C.; LATAN, H. Green supply chain
practices and environmental performance in Brazil: Survey, case studies, and implication for B2B.
Industrial Marketing Management, v. 66, p. 13-28, 2017.
JAYARAM, J.; AVITTATHUR, B. Green supply chains: A perspective from an emerging economy.
International Journal of Production Economics, v. 164, p. 234-244, 2015.
KHAN, K.S.; KUNZ, R.; KLEIJNEN, R.; ANTES, G. Five steps to conducting a systematic review.
Journal of the Royal Society of Medicine, v. 96, p. 118-121, 2003.
KHOR, S.K.; UDIN, Z.M. Reverse logistics in Malaysia: Investigating the effect of green product design
and resource commitment. Resources, Conservation and Recycling, v. 81, p. 71-80, 2013.
KIM, J.; YOUN, S.; ROH, J. Green supply chain management orientation and firm performance:
evidence from South Korea. International Journal of Services and Operations Management,
v. 8, n. 3, p. 283-304, 2011.
LAMBERT, D.; POHLEN, T.L. Supply chain metrics. The International Journal of Logistics
Management, v. 12, n. 1, p. 1-19, 2001.
LAMBERT, D.M. Costumer relationship management as a business process. Journal of Business
& Industrial Marketing, v. 25, n. 1, p. 4-17, 2010.
LUN, Y.H.V.; LAI, K.H.; WONG, C.W.Y.; CHENG, T.C.E. Research in shipping and transport
logistics. International Journal of Shipping and Transport Logistics, v. 3, n. 1, p. 1–5, 2011.
MANGLA, S.K.; KUMAR, P.; BARUA, M.K. Prioritizing the responses to manage risks in Green
Supply Chain: an Indian plastic manufacturer perspective. Sustainable Production and
Consumption, v. 1, n. 1, p. 67-86, 2015.
MAFINI, C.; LOURY-OKOUMBA, W.V. Extending green supply chain management activities to
manufacturing small and medium enterprises in a developing economy. South African Journal
of Economic and Management Sciences, v. 21, n. 1, p. 1-12, 2018.
MARCO-FERREIRA, A.; JABBOUR, C.J.C. Relating maturity levels in environmental management
210 Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020
Práticas de Green Supply Chain Management: uma revisão conceitual de múltiplos estudos de caso
by adopting Green Supply Chain Management practices: theoretical convergence and multiple
case study. Gestão & Produção, v. 26, n. 1, 2019.
MAURICIO, A.L.; JABBOUR, A.B.L.S. Critical success factors for GSCM adoption: case studies
in the automotive battery industry. Gestão & Produção, v. 24, n. 1, p. 78-94, 2017.
MEDEIROS, J.F.D.; RIBEIRO, J.L.D.; CORTIMIGLIA, M.N. Influence of perceived value on
purchasing decision of green products in Brazil. Journal of Cleaner Production, v. 110, n. 1, p.
158-169, 2016.
MIN, H.; ZHOU, G. Supply chain modeling: past, present and future. Computers and Industrial
Engineering, v. 43, p. 231-249, 2002.
MOORI, R.G.; SHIBAO, F.Y.; SANTOS, M.R. dos. Role of technology in the environmental performance
of the Brazilian chemical industry. Revista de Administração Mackenzie, v. 19, n. 1, 2018.
MUCHAENDEPI, W.; MBOWA, C.; KANYEPE, J.; MUTINGI, M. Challenges faced by the
mining sector in implementing sustainable supply chain management in Zimbabwe. Procedia
Manufacturing, v. 33, p. 493-500, 2019.
OLIVEIRA, U.R. da; ESPINDOLA, L.S.; SILVA, I.R. da; SILVA, I.N. da; ROCHA, H.M. A
systematic literature review on green supply chain management: Research implications and
future perspectives. Journal of Cleaner Production, v. 187, p. 537-561, 2018.
OLIVEIRA NETO, G.C. de; GODINHO FILHO, M.; GANGA, G.M.D.; NAAS, I.A.; VENDRAMETTO,
O. Principles and tools on cleaner production: An exploratory study in Brazilian companies.
Gestão & Produção, v. 22, n. 2, p. 326-344, 2015.
ORTIZ, L.C.; ORTIZ, W.A.; SILVA, S.L. Ferramentas alternativas para monitoramento e mapeamento
automatizado do conhecimento. Ciência da Informação, v. 31, n. 3, p. 66-76, 2002.
RAO; P.; HOLT, D. Do green supply chains lead to competitiveness and economic performance?
International Journal of Operations & Production Management, v. 25, n. 9, p. 898-916, 2005.
SARKIS, J. Supply chain management and environmentally conscious design and manufacturing.
International Journal of Environmentally Conscious Design and Manufacturing, n. 4, v. 2,
p. 43–52, 1995.
SARKIS, J.; ZHU, Q.; LAI, K.H. An organizational theoretic review of green supply chain
management literature. International Journal of Production Economics, v. 130, p. 1-15, 2011.
SCUR, G.; BARBOSA, M.E. Green supply chain management practices: Multiple case studies in
the Brazilian home appliance industry. Journal of Cleaner Production, v. 141, n. 10, p. 1293-
1302, 2017.
SEHNEM, S.; OLIVEIRA, G.P. Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde: uma Análise da Relação
Fornecedor e Agroindústria de uma Empresa do Sul do Brasil. Brazilian Business Review, v.
13, n. 6, p. 163-196, 2016.
SELLITTO, M.A.; HERMANN, F.F. Prioritization of green practices in GSCM: case study with
companies of peach industry. Gestão & Produção, v. 23, n. 4, p. 871-886, 2016.
SELLITTO, M.A.; HERMANN, F.F.; BLEZS JR., A.E.; BARBOSA-PÓVOA, A.P. Describing and
organizing green practices in the context of Green Supply Chain Management: Case studies.
Resources, Conservation and Recycling, v. 145, p. 1-10, 2019.
SETH, D.; REHMAN, M.A.; SHRIVASTAKA, R.L. Green Manufacturing Drivers and their
relationship for small and medium (SME) and large industries. Journal of Cleaner Production,
v. 198, n. 10, p. 1381-1405, 2018.
SILVA, F.C. da; SHIBAO; F.Y.; BARBIERI, J.C.; LIBRANTZ, A.F.H.; SANTOS, M.R. dos. Barriers
to Green Supply Chain Management in the automotive industry. Revista de Administração de
Empresas, v. 58, n. 2, p. 149-162, 2018.
SLAMAN, M.; HADDARA, M. How Green Can the Lettuce Be? A Case Study on Greening
Initiatives in Supply Chains and Sustainable ERP Systems. Procedia Computer Science, v.
164, p. 79-85, 2019.
SOARES, T.M.; SOUZA, F.B. Planejamento estratégico à luz da teoria das restrições. In:
SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO–SIMPEP, 26., 2019, Bauru/SP. Anais... Bauru, 2019.
SRIVASTAVA, S.K. Green supply-chain management: A state-of-the art literature review.
International Journal of Management Reviews, v. 9, n. 1, p. 53-80, 2007.
STERN, M.O.; AYRES, R.U.; SAXTON, J.C. Tax strategies for industrial pollution abatement.
IEEE Transactions on Systems Man and Cybernetics, v. 6, n. 3, p. 588–603, 1973.
TIPPAYAWONG, K.Y.; TIWARATREEWIT, T.; SOPADANG, A. Positive Influence of Green Supply
Chain Operations on Thai Electronic Firms’ Performance. Procedia Engineering, v. 118, p. 683-
690, 2015.
Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020 211
João Guilherme Marcato • Themer Miralha Soares • Rafael Zampieri Krambek • Rafael Bellotti Moreno
TSENG, M.L.; CHIU, A.S.F.; Evaluating firm’s green supply chain management in linguistics
preferences. Journal of Cleaner Production, v. 40, p. 22-31, 2013.
TSENG, M.L.; CHIU, A.S.F.; TAN, R.R.; SIRIBAN-MALANG, A.B. Sustainable consumption
and production for Asia: sustainability through green design and practice. Journal of Cleaner
Production, v. 40, p. 1-5, 2013.
VILLANUEVA-PONCE, R.; AVELAR-SOSA, L.; ALVARADO-INIESTA, A.; CRUZ-SANCHÉZ, V.G.
The green supplier selection as key element in a supply chain: A review of cases studies. DYNA,
v. 92, n. 184, p. 36-45, 2015.
WANG, J.; HOU, C.C.; LIN, P.C. Two-phase assessment for the environmental impacts from
offset lithographic printing on color-box packaging. Journal of Cleaner Production, v. 53, p.
129-137, 2013.
ZAMPESE, E.R.S.; MOORI, O.G.; CALDEIRA, A. Green marketing as a mediator between supply
chain management and organizational performance. Revista de Administração Mackenzie, v.
17, n. 3, p. 183-211, 2016.
ZHU, Q.; SARKIS, J.; LAI; K.H. Supply chain-based barriers for truck-engine remanufacturing in China.
Transportation Research Part E: Logistics and Transportation Review, v. 74, p. 94-108, 2015.
ZHU, Q.; GENG, Y.; SARKIS, J. Shifting Chinese Organizational responses to evolving green
pressures. Ecological Economics, v. 121, p. 65-74, 2016.
212 Revista de Ciência e Tecnologia Fatec Lins - Ano VI - Vol. VI - (2): Julho/Dezembro 2020