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“Todos os direitos reservados ao Banco Bradesco S.A., sendo proibida a reprodução total ou
parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei nº.
9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184, do Código Penal. ”

CPA 10 - Certificação Profissional Anbima

Módulo 2
Ética, Regulamentação e Análise do Perfil do Investidor
(15% a 20% do exame)

Departamento de Recursos Humanos - UNIBRAD

Dúvidas: 4240.certifica@bradesco.com.br

“Este documento foi classificado pelo Departamento de Recursos Humanos / UniBrad e o acesso está autorizado,
exclusivamente, aos funcionários da organização Bradesco. Propriedade do Bradesco. ”

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Versão 6.0

CPA 10 - Certificação Profissional Anbima - Módulo 2 Pág.

2. Ética, Regulamentação e Análise do Perfil do Investidor. ................................... 4


2.1 Códigos de Regulação e Melhores Práticas da ANBIMA ................................... 4
2.1.1 Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para os Fundos de
Investimentos ................................................................................................................ 4
2.1.1.1 Propósito e abrangência (Cap. I) ....................................................................... 4
2.1.1.2 Princípios gerais (Cap. II) .................................................................................. 5
2.1.1.3 Documentos e informações dos fundos: Anexo I – Fundos de
Investimento .................................................................................................................. 6
2.1.1.4 Documentos e informações dos Fundos de Investimento (Cap. V) ................... 6
2.1.1.5 Publicidade e divulgação de material técnico (Cap.VI) ..................................... 7
2.1.1.6 Marcação a Mercado – MAM – Código de Fundos de Investimento
(Cap. VII) ....................................................................................................................... 7
2.1.1.7 Serviços: Administração, Gestão e Distribuição de Fundos de
Investimento (Cap. IX, X e XI do Código de Fundos) .................................................... 8
2.1.1.8 Dever de verificar a adequação de investimentos recomendados -
Suitability (Cap. XII)....................................................................................................... 8
2.1.2 Código de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo........................... 9
2.1.2.1 Propósito e abrangência (Cap. I) ....................................................................... 9
2.1.2.2 Princípios gerais (Cap. II) .................................................................................. 9
2.1.2.3 Exigências mínimas (Cap. III) ............................................................................ 9
2.1.2.4 Da publicidade e divulgação dos produtos de investimento (Cap. IV) ............... 10
2.1.2.5 Dever de verificar a adequação ao perfil do investidor – API (cap. VI) ............. 10
2.2 Prevenção contra a Lavagem de Dinheiro .......................................................... 10
2.2.1 Conceito de lavagem de dinheiro. Legislação ...................................................... 10
2.2.2 Clientes/investidores ............................................................................................ 11
2.2.2.1 Ações preventivas: princípio do “conheça seu cliente” ...................................... 11
2.2.2.1.1 Função do cadastro e implicações de um cadastro desatualizado e
análise da capacidade financeira do cliente .................................................................. 11
2.2.2.1.2 O princípio “conheça seu cliente” como forma de proteção da
instituição financeira e do profissional ........................................................................... 11
2.2.2.2 Identificação e registros de operações .............................................................. 11
2.2.3 Operações suspeitas ............................................................................................ 13
2.2.3.1 Caracterização .................................................................................................. 13
2.2.3.2 Obrigatoriedade de comunicação e controle – Instituições, empresas e
autoridades competentes .............................................................................................. 13

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2.2.4 Responsabilidades administrativas e legais. Entidades e pessoas físicas


sujeitas à lei e à regulamentação .................................................................................. 14
2.2.5 Crime de lavagem de dinheiro .............................................................................. 17
2.2.5.1 Responsabilidades e corresponsabilidades ...................................................... 17
2.3 Ética na venda ....................................................................................................... 18
2.3.1 Venda casada: conceito ....................................................................................... 18
2.3.2 Restrições ao investidor: idade, horizonte de investimento, conhecimento
do produto e tolerância ao risco .................................................................................... 18
2.4 Análise do Perfil do Investidor ............................................................................. 19
2.4.1 Instrução Normativa CVM 539 – dever de verificação da adequação dos
produtos, serviços e operações ao perfil do cliente (suitability. Finalidade e para
quem se aplica a regra. ................................................................................................. 19
2.4.1.1 Abrangência; perfil do cliente; categoria de produtos; vedações e
obrigações; regras, proced. e controles internos; atualizações e dispensas ................. 19
2.4.2 Adequação de produtos em função do perfil do investidor ................................... 22
Exercícios .................................................................................................................... 23

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2. Ética, Regulamentação e Análise do Perfil do Investidor.

2.1 Códigos de Regulação e Melhores Práticas da ANBIMA

2.1.1 Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para os


Fundos de Investimento

Neste tópico você conhecerá na integra as orientações que deverão ser seguidas
pelas Instituições Participantes da ANBIMA no que se refere às atividades
relacionadas a Fundos de Investimento.

2.1.1.1 Propósito e Abrangência (Cap. I)


O objetivo deste Código é estabelecer parâmetros pelos quais as atividades das
Instituições Participantes abaixo definidas, relacionadas à constituição e funcionamento
de fundos de investimento devem se orientar, visando, principalmente, a estabelecer:

I. A concorrência leal;
II. A padronização de seus procedimentos;
III. A maior qualidade e disponibilidade de informações sobre Fundos de
Investimento, especialmente por meio do envio de dados pelas Instituições
Participantes à ANBIMA; e
IV. A elevação dos padrões fiduciários e a promoção das melhores práticas do
mercado.

A observância dos princípios e regras deste Código será obrigatória para as


Instituições filiadas à ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais, bem como as instituições que, embora não associadas,
expressamente aderirem a este Código mediante a assinatura do competente termo de
adesão, observados, em ambos os casos, os procedimentos descritos abaixo.

- As Instituições Participantes estão sujeitas às disposições tratadas no presente


Código caso desempenhem uma ou mais das seguintes atividades:

V. Administração de Fundos de Investimento;


VI. Gestão de carteira de Fundos de Investimento;
VII. Consultoria de Fundos de Investimento;
VIII. Distribuição de cotas de Fundos de Investimento;
IX. Tesouraria de Fundos de Investimento;
X. Controle de ativos de Fundos de Investimento;
XI. Controle do passivo de Fundos de Investimento; e
XII. Custódia de ativos de Fundos de Investimento.

O Código não se sobrepõe à legislação e regulamentação vigentes, ainda que venham


a ser editadas normas, após o início de sua vigência, que sejam contrárias às
disposições ora trazidas. Caso haja contradição entre regras estabelecidas no Código e
normas legais ou regulamentares, a respectiva disposição deste Código deverá ser
desconsiderada, sem prejuízo das demais regras neste contidas.

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2.1.1.2 Princípios gerais (Cap. II)

As Instituições Participantes devem observar, na esfera de suas atribuições e


responsabilidades em relação aos Fundos de Investimento, as seguintes regras de
regulação e melhores práticas:

I. Desempenhar suas atribuições buscando atender aos objetivos descritos nos


documentos do Fundo de Investimento, observada a regulamentação aplicável a
cada tipo de Fundo, bem como a promoção e divulgação de informações a eles
relacionadas de forma transparente, inclusive no que diz respeito à remuneração por
seus serviços, visando sempre ao fácil e correto entendimento por parte dos
investidores;

II. Cumprir todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de sua


atividade, o cuidado que toda pessoa prudente diligente costuma dispensar à
administração de seus próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou
irregularidades que venham a ser cometidas durante o período em que prestarem
algum dos serviços vistos deste Código;

III. Evitar práticas que posam ferir a relação fiduciária mantida com os cotistas dos
Fundos de Investimento; e

IV. Evitar práticas que posam vir a prejudicar a indústria de Fundos de Investimento e
seus participantes, especialmente no que tange aos deveres e direitos relacionados
às atribuições específicas de cada uma das Instituições Participantes,
estabelecidas em contratos, regulamentos e na legislação vigente.

Entende-se por relação fiduciária relação de confiança e lealdade que se estabelece


entre os cotistas dos Fundos de Investimento e a Instituição Participante, no momento
em que é confiada à mesma prestação de serviço para qual foi contratada.

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2.1.1.3 Documentos e informações dos fundos: Anexo I - Fundos de


Investimento

O Anexo I trata dos documentos a serem elaborados pelo administrador dos fundos
regidos pela Instrução Normativa 555 (chamados também “fundos 555”). Entre as
mudanças do Novo Código de Fundos está a eliminação da exigência da elaboração
do Prospecto e a inclusão do Formulário de Informações Complementares, para os
fundos regulados pela IN 555 da CVM. A classificação dos fundos conforme a IN 555
da CVM é abordada no módulo 5, item 5.7:

I. Formulário de Informações Complementares (“formulário”): contém as principais


características do fundo e as informações relevantes ao investidor;
II. Regulamento do fundo 555 (“regulamento”): é a base legal do fundo
III. Comprovante de pagamento da taxa de registro; e
IV. Formulário de cadastro.

Estes documentos serão abordados em detalhe no capítulo 5- Fundos, item 5.4.4.

2.1.1.4 Documentos e informações dos Fundos de Investimento (Cap.


V)
As instituições financeiras devem disponibilizar aos investidores, quando de seu
ingresso nos Fundos de Investimento, os documentos relacionados a cada tipo de
fundo.

Os documentos deverão conter as principais características do Fundo de Investimento:


- Políticas de investimento;
- Riscos envolvidos;
- Direitos e responsabilidades dos cotistas.

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2.1.1.5 Publicidade e divulgação de material técnico (Cap.VI)

A divulgação de material publicitário, técnico ou propaganda institucional deve


obedecer às disposições trazidas pela legislação e às diretrizes expedidas pela
ANBIMA, e é de responsabilidade de quem o divulga. A ANBIMA estabeleceu diretrizes
para publicidade, que devem ser seguidas pelas Instituições Participantes.
Citamos aqui os principais avisos que devem constar no material de divulgação.
Existem outros avisos, em casos específicos.

Selo ANBIMA
obrigatório*

Leia formulário de
Fundos não contam
informações
com garantia do
complementares e
administrador, do
gestor nem do FGC. regulamento antes
de investir

Rentabilidade Rentabilidade
divulgada não é passada não é
líquida de garantia de
impostos rentabilidade futura

*Veja os dizeres do selo ANBIMA:

A PRESENTE INSTITUIÇÃO ADERIU AO CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E


MELHORES PRÁTICAS PARA OS FUNDOS DE INVESTIMENTO.

2.1.1.6 Marcação a Mercado - MAM: Código de Fundos de


Investimento (Cap. VII)

As Instituições Participantes devem adotar a Marcação a Mercado (“MaM”) no registro


dos ativos financeiros, conforme definidos pela regulamentação da CVM em vigor,
componentes das carteiras dos Fundos de Investimento que administrem.

A MaM consiste em registrar todos os ativos, para efeito de valorização e cálculo de


cotas dos Fundos de Investimento, pelos respectivos preços negociados no mercado
em casos de ativos líquidos ou, quando este preço não é observável, por uma
estimativa adequada de preço que o ativo teria em uma eventual negociação feita no
mercado.

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A MaM tem como principal objetivo evitar a transferência de riqueza entre os cotistas
dos Fundos de Investimento, além de dar maior transparência aos riscos embutidos
nas posições, uma vez que as oscilações de mercado dos preços dos ativos, ou dos
fatores determinantes destes, estarão refletidas nas cotas, melhorando assim a
comparabilidade entre suas performances.

Todas as instituições administradoras devem ter um manual detalhado sobre marcação


a mercado registrado na ANBIMA. Não há obrigatoriedade da publicação completa do
manual no site, sendo obrigatória apenas uma versão simplificada do mesmo.

A Marcação a Mercado (MaM) é de responsabilidade do ADMINISTRADOR.


Seu principal objetivo é evitar a transferência de riqueza entre os cotistas.

2.1.1.7 Serviços: Administração, Gestão e Distribuição de Fundos de


Investimento (Cap. IX, X e XI do Código de Fundos)

Veja, no quadro a seguir, quem faz o que na indústria de fundos de investimento.

ADMINISTRADOR GESTOR DISTRIBUIDOR


• Responsável pelo • Implementa a política de • No varejo, os gerentes
conjunto de serviços investimento (decisões de relacionamento
relacionados direta ou de compra e venda de realizam a distribuição de
indiretamente ao ativos). cotas, com a
funcionamento e responsabilidade de
manutenção do Fundo. • Deve estar devidamente cadastrar o cliente e
autorizado pela CVM realizar o processo de
• Contrata os prestadores para o exercício da suitability, ou seja de
de serviços habilitados atividade. ofertar ao cliente o
para as atividades produto adequado ao
previstas (gestão, seu perfil.
tesouraria, controle de • O site do distribuidor
ativos, controle do deve ter seção exclusiva
passivo, custódia e sobre os Fundos de
auditoria, dentre outras). Investimento por elas
distribuídos.

2.1.1.8 Dever de verificar a adequação de investimentos


recomendados - Suitability (Cap. XII)

Suitability é o processo de coleta de informações que permite a verificação da


adequação dos investimentos pretendidos pelo investidor com o seu perfil de
investimentos (“Análise do Perfil do Investidor”).

Caso seja verificada divergência entre o perfil identificado e a efetiva composição da


carteira pretendida/detida pelo cliente, deverão ser estabelecidos procedimentos, junto
ao cliente, para tratamento de tal divergência. Ampliaremos estes conceitos no item
2.4.

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O processo de suitability é de responsabilidade do distribuidor

2.1.2 Código de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo

2.1.2.1 Propósito e Abrangência (Cap. I)

O Código estabelece os parâmetros relativos à distribuição de produtos de


investimento no varejo, visando:
- Manutenção de elevados padrões éticos;
- Transparência no relacionamento com investidores;
- Estimular o adequado funcionamento da atividade de Distribuição de Produtos de
Investimento no Varejo;
- Qualificação das instituições participantes e seus profissionais.

Produtos de Investimento sujeitos a esse código: todos os valores mobiliários e ativos


financeiros regulados pela Comissão de Valores Mobiliários e/ou pelo Banco Central do
Brasil, respectivamente. Não são considerados Produtos de investimentos, para fins
deste Código, a Caderneta de Poupança e os Fundos de Investimento de Previdência
Complementar Aberta e Fechada.

2.1.2.2 Princípios gerais (Cap. II)


As instituições participantes devem respeitar os seguintes princípios:
- Adotar práticas visando à transparência no relacionamento com o investidor;
- Cumprir com suas obrigações, sendo prudente e diligente no exercício da sua
atividade;
- Realizar análise prévia e criteriosa quando contratar serviços de terceiros; e
- Evitar práticas que possam prejudicar o mercado de Distribuição de Produtos
de Investimento no Varejo.

A atividade de distribuição de produtos de investimento no varejo compreende:


- A oferta do produto
- A prestação adequada de informações aos investidores
- O controle e manutenção de registros requeridos na regulamentação de Prevenção
ao Crime de Lavagem de Dinheiro (item 2.2 deste módulo)
- O atendimento aos requisitos do API (suitability).

2.1.2.3 Exigências mínimas (Cap. III)


Para desempenhar sua atividade, as instituições participantes devem, no mínimo:
- Estar habilitadas para distribuir os produtos, conforme a legislação em vigor;
- Designar profissional responsável pela observação das regras do código;
- Possuir profissionais certificados para a distribuição dos produtos, conforme Código
de Certificação ANBIMA e política interna de capacitação destes profissionais;
- Possuir Código de Ética;
- Disponibilizar políticas de investimentos pessoais para empregados e colaboradores;

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- Possuir política de segurança da informação e manual que contenha a metodologia


para a aplicação do processo de suitability.

2.1.2.4 Da publicidade e divulgação dos produtos de investimento


(Cap. IV)
A divulgação de publicidade deve obedecer às normas do Código de Varejo, bem como
as diretrizes específicas de determinados produtos (por exemplo, o Código de Fundos).
Todo o material publicitário é de responsabilidade da instituição financeira. A ANBIMA
poderá analisar os materiais a partir de denúncias formuladas por instituições
participantes.

2.1.2.5 Dever de verificar a adequação ao perfil do investidor – API


(cap. VI)
As instituições devem adotar procedimentos formais, estabelecidos por critérios
próprios, e controles que possibilitem a verificação da adequação dos investimentos ao
perfil do investidor.

2.2 Prevenção contra a Lavagem de Dinheiro

O crime de lavagem de dinheiro caracteriza-se por um conjunto de operações


comerciais ou financeiras que buscam a incorporação na economia de cada país,
de modo transitório ou permanente, de recursos, bens e valores de origem ilícita e
que se desenvolvem por meio de um processo dinâmico que envolve,
teoricamente, três fases independentes que, com frequência, ocorrem
simultaneamente.

Fonte: COAF – www.coaf.gov.br

2.2.1 Conceito de lavagem de dinheiro. Legislação

Conceito: Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,


movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal.

Pena: Reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa (abordada no item 2.3.4 -


responsabilidade administrativa).
Legislação
Lei 9.613/98
Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores e a
prevenção da utilização do sistema financeiro para estes ilícitos.
Cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, no âmbito do Ministério
da Fazenda, com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber,
examinar e identificar as ocorrências suspeitas do crime de lavagem de dinheiro.

Circular Bacen 3.461/09 (alterada pela Circular Bacen 3.839/17)


Consolida as regras sobre os procedimentos a serem adotados na prevenção e
combate às atividades relacionadas com os crimes previstos na Lei nº 9.613.
Introduz, dentre outros itens, alguns novos conceitos:
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- Cliente permanente (o correntista do banco, por exemplo);


- Cliente eventual (aquele que eventualmente utiliza algum serviço do banco), e
- Pessoas Politicamente Expostas (agentes públicos, seus familiares e
representantes, que desempenham ou tenham desempenhado cargos públicos
relevantes).

Carta Circular Bacen 3.542/12


Divulga relação de operações e situações que podem configurar indícios de ocorrência
dos crimes de lavagem de dinheiro, passíveis de comunicação ao COAF.

2.2.2 Clientes/investidores
2.2.2.1 Ações preventivas: princípio do “conheça seu cliente”

2.2.2.1.1 Função do cadastro e implicações de um cadastro


desatualizado e análise da capacidade financeira do cliente
O procedimento de Conheça seu Cliente (Know your Customer) fundamenta-se no
cadastramento, manutenção e acompanhamento das informações referentes aos
clientes. É através do cadastro que as instituições financeiras conseguem analisar a
capacidade financeira do cliente, portanto é essencial providenciar a sua atualização,
não só como ferramenta de desenvolvimento de negócios, como também na prevenção
do crime de lavagem de dinheiro.

2.2.2.1.2 O princípio “conheça seu cliente” como forma de proteção


da instituição financeira e do profissional

As Instituições Financeiras devem comunicar aos órgãos responsáveis qualquer indício


de lavagem de dinheiro identificado. A iniciativa de comunicação parte do profissional,
que tem contato direto com o Cliente e sua respectiva movimentação de recursos.
Mantendo os dados atualizados e realizando a comunicação aos órgãos competentes,
tanto a instituição financeira como os profissionais estão protegidos perante a lei,
ficando isentos de corresponsabilidades, pois a lei garante que as comunicações de
boa-fé não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

2.2.2.2 Identificação e registros de operações

Registros de Serviços Financeiros e Operações Financeiras


 As instituições referidas na lei devem manter registros de todos os serviços
financeiros prestados e de todas as operações financeiras realizadas com os clientes
ou em seu nome.

 No caso de movimentação de recursos por clientes permanentes, os registros


devem conter informações consolidadas que permitam verificar:
I. A compatibilidade entre a movimentação de recursos e a atividade econômica e
capacidade financeira do cliente;
II. A origem dos recursos movimentados;
III. Os beneficiários finais das movimentações.
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As Instituições devem requerer de seus clientes e dos sacadores não clientes


comunicação prévia, com, no mínimo, três dias úteis de antecedência, dos saques e
pagamentos em espécie de valor igual ou superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais).

 O sistema de registro deve permitir a identificação:

I - Das operações que, realizadas com uma mesma pessoa, conglomerado financeiro
ou grupo, em um mesmo mês calendário, superem, por instituição ou entidade, em seu
conjunto, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

II - Das operações que, por sua habitualidade, valor ou forma, configurem artifício que
objetive burlar os mecanismos de identificação, controle e registro.

III - Das operações referentes ao acolhimento em depósitos de Transferência


Eletrônica Disponível (TED), de cheque, cheque administrativo, cheque ordem de
pagamento e outros documentos compensáveis de mesma natureza, e à liquidação de
cheques depositados em outra instituição financeira;

IV - Das emissões de cheque administrativo, de cheque ordem de pagamento, de


ordem de pagamento, de Documento de Crédito (DOC), de TED e de outros
instrumentos de transferência de recursos, quando de valor superior a R$ 1.000,00
(Um mil reais).

V - Emissão ou recarga de valores em um ou mais cartões pré-pagos, em montante


acumulado igual ou superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ou o equivalente em
moeda estrangeira, no mês calendário;

VI - Emissão ou recarga de valores em cartão pré-pago que apresente indícios de


ocultação ou dissimulação da natureza, da origem, da localização, da disposição, da
movimentação ou da propriedade de bens, direitos e valores.

VII - Depósito em espécie, saque em espécie, saque em espécie por meio de cartão
pré-pago ou pedido de provisionamento para saque, de valor igual ou superior a
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais);

VIII - Depósito em espécie, saque em espécie, saque em espécie por meio de cartão
pré-pago ou pedido de provisionamento para saque, que apresente indícios de
ocultação ou dissimulação da natureza, da origem, da localização, da disposição, da
movimentação ou da propriedade de bens, direitos e valores;

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IX - Emissão de cheque administrativo, TED ou de qualquer outro instrumento de


transferência de fundos contra pagamento em espécie, de valor igual ou superior a
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Manutenção de Informações e Registros


As informações e registros de que trata a circular 3.461/09 devem ser mantidos e
conservados durante os seguintes períodos mínimos, contados a partir do primeiro dia
do ano seguinte ao do término do relacionamento com o cliente permanente ou da
conclusão das operações:

I - 10 (dez) anos, para as informações e registros de operações de transferência de


recursos;

II - 5 (cinco) anos, para as informações e registros de todos os serviços financeiros


prestados e de todas as operações financeiras realizadas com os clientes ou em seu
nome; da emissão ou recarga de valores em um ou mais cartões pré-pagos; e das
operações em espécie, saque em espécie por meio de cartão pré-pago ou pedido de
provisionamento para saque; e

III - 5 (cinco) anos, para as informações cadastrais de seus clientes permanentes,


eventuais, do proprietário e do destinatário dos recursos envolvidos na operação ou
serviço financeiro.

 As informações cadastrais de seus clientes permanentes devem ser mantidas e


conservadas juntamente com o nome da pessoa incumbida da atualização cadastral, o
nome do gerente responsável pela conferência e confirmação das informações
prestadas e a data de início do relacionamento com o cliente permanente.

2.2.3 Operações Suspeitas


2.2.3.1 Caracterização
Caracterizam-se como operações suspeitas aquelas cujas características, valores,
formas de realização e instrumentos utilizados, e que pela falta de fundamento
econômico ou legal, possam indicar a existência de crime ou com ele relacionar-se.

2.2.3.2 Obrigatoriedade de comunicação e controle – Instituições,


empresas e autoridades competentes

As pessoas referidas no item 2.2.4:

I - Dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções


emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos
crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;

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II - Deverão comunicar ao COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras,


abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se
refira a informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a proposta ou realização:

a) De todas as transações referidas na lei, acompanhadas da identificação de que trata


o inciso I do mesmo item; e

b) Das operações referidas no inciso I (acima);

III - Deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade (por


exemplo, o BACEN para os Bancos) ou, na sua falta, ao COAF, na periodicidade,
forma e condições por eles estabelecidas, a não ocorrência de propostas, transações
ou operações passíveis de serem comunicadas nos termos do inciso II (acima).

 As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I (acima),


elaborarão relação de operações que, por suas características, no que se referem às
partes envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta
de fundamento econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista.

 As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo, não


acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

Veja o quadro abaixo:

Entidade Comunicação ao órgão competente


Instituição Financeira / Banco BACEN que comunica ao COAF

Funcionário Órgão competente na sua Instituição Financeira

Obs.: No Brasil, o organismo responsável para disciplinar e aplicar penas


administrativas é o COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras tem a finalidade de


disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as
ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas nessa Lei, sem prejuízo da
competência de outros órgãos e entidades.

2.2.4 Responsabilidades administrativas e legais. Entidades e


pessoas físicas sujeitas à lei e à regulamentação

Da Responsabilidade Administrativa

Às pessoas referidas no art. 9º (acima), bem como aos administradores das pessoas
jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações previstas nos artigos. 10 e 11 da Lei

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9613 serão aplicadas, cumulativamente ou não, pelas autoridades competentes, as


seguintes sanções:

I. Advertência;

II. Multa pecuniária variável não superior:

a. Ao dobro do valor da operação;

b. Ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela


realização da operação; ou

c. Ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);


III. Inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de
administrador das pessoas jurídicas que será aplicada quando forem verificadas
infrações graves quanto ao cumprimento das obrigações constantes desta Lei ou
quando ocorrer reincidência específica, devidamente caracterizada em
transgressões anteriormente punidas com multa.

IV. Cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou


funcionamento. A cassação da autorização será aplicada nos casos de reincidência
específica de infrações anteriormente punidas com a pena prevista.

Entidades e pessoas físicas sujeitas à lei e à regulamentação

 Sujeitam-se às obrigações da referida lei, as pessoas físicas e jurídicas que


tenham em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória,
cumulativamente ou não:

I. A captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em


moeda nacional ou estrangeira;
II. A compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou
instrumento cambial;
III. A custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou
administração de títulos ou valores mobiliários.

Sujeitam-se às mesmas obrigações:


I – As bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de
negociação do mercado de balcão organizado;

II - As seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência


complementar ou de capitalização;

III - As administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como


as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;

IV - As administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio


eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;

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exclusivamente, aos funcionários da organização Bradesco. Propriedade do Bradesco. ”

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INTERNA

V - As empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial


(factoring);

VI - As sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis,


imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição,
mediante sorteio ou método assemelhado;

VII - As filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer


das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;

VIII - As demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão


regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;

IX - As pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil


como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionarias ou por qualquer forma
representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades
referidas neste artigo;
X - As pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou
compra e venda de imóveis;

XI - As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos,


objetos de arte e antiguidades.

XII - As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor
intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande
volume de recursos em espécie;

XIII - As juntas comerciais e os registros públicos;

XIV - As pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços
de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de
qualquer natureza, em operações:
a. De compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou
industriais ou participações societárias de qualquer natureza;
b. De gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;
c. De abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento
ou de valores mobiliários;
d. De criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza,
fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas;
e. Financeiras, societárias ou imobiliárias; e
f. De alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a
atividades desportivas ou artísticas profissionais;

XV - Pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação,


comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas,
artistas ou feiras, exposições ou eventos similares;

XVI - As empresas de transporte e guarda de valores;

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XVII - As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem
rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; e

XVIII - As dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio
de sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.

2.2.5 Crime de lavagem de dinheiro


Segue resumo do material do COAF sobre as fases do crime (www.coaf.gov.br):
Para disfarçar os lucros ilícitos sem comprometer os envolvidos, a lavagem de dinheiro
realiza-se por meio de um processo dinâmico
que requer:
1) Primeiro, o distanciamento dos
fundos de sua origem, evitando uma
associação direta deles com o crime; fase
chamada de COLOCAÇÃO.
2) Segundo, o disfarce de suas
várias movimentações para dificultar o
rastreamento desses recursos; fase
chamada de OCULTAÇÃO ou
ESTRATIFICAÇÃO ou DISSIMULAÇÃO.
3) Terceiro, a disponibilização do
dinheiro novamente para os criminosos
depois de ter sido suficientemente
movimentado no ciclo de lavagem e poder
ser considerado "limpo"; fase chamada de
INTEGRAÇÃO.
Com frequência, estas três etapas ocorrem simultaneamente.

2.2.5.1 Responsabilidades e corresponsabilidades

A lei 9.613 prevê pena de reclusão de três a dez anos além de multa, aplicável a quem
ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
infração penal.
A pena se aplica também a quem:
a) converte bens obtidos de forma ilícita em ativos lícitos;
b) adquire, recebe, troca, negocia, guarda, movimenta ou transfere bens ilícitos;
c) importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros;
d) utiliza na sua atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores
provenientes de infração penal;
d) participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua
atividade principal ou secundária é dirigida à prática do crime previsto nesta lei.

Além das instituições financeiras, existem diversas outras atividades sujeitas às


obrigações da lei. O comércio de objetos de arte e antiguidades, por exemplo, é
considerado atividade passível de ser utilizada por criminosos e, portanto, deverá
obedecer às disposições de identificação, registro e comunicação já mencionadas

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exclusivamente, aos funcionários da organização Bradesco. Propriedade do Bradesco. ”

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2.3 Ética na venda

2.3.1 Venda casada: conceito

Vamos analisar inicialmente o Código de Defesa ao Consumidor.

PRATICAS ABUSIVAS

É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

I – Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro


produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

A lei menciona: “é vedado condicionar o fornecimento de produtos ou serviços ao


fornecimento de outro”, isto é, quando um fornecedor coloca um produto no mercado
ou oferece um serviço, não pode vincular sua venda ou prestação à aquisição ou à
contratação de outro produto ou serviços.
Isso significa que essa prática é considerada abusiva e pode ser matéria de discussão
judicial. Igualmente é proibido ao fornecedor obrigar o consumidor a adquirir um
número determinado de produtos ou serviços, sem justa causa, pois isso caracterizará
a prática abusiva.

Dessa forma, o fornecedor não poderá oferecer um produto ou serviço impondo como
condição ao consumidor que este adquira outro: a chamada venda casada. Podemos
citar um exemplo de uma operação de crédito que, se condicionada obrigatoriamente à
aquisição de um determinado produto, caracteriza-se como uma venda casada.

Na venda casada o condicionamento prioriza, vicia e contamina a venda, obrigando ao


Cliente a adquirir um produto qualquer, independentemente de sua predisposição em
adquiri-lo.

2.3.2 Restrições ao investidor: idade, horizonte de investimento,


conhecimento do produto e tolerância ao risco

Outros aspectos devem ser observados quando oferecemos um produto de


investimento ao Cliente. É fundamental conhecer o Cliente para que ofertarmos um
produto de acordo com as suas necessidades. Ofertar produtos que não atendem a
necessidade do Cliente compromete a imagem da instituição financeira envolvida.
Alguns exemplos de cuidados que devemos tomar:

 Observar que a idade faz parte do perfil do Cliente. Existem produtos de longo prazo
sendo mais adequados para Clientes jovens e de meia idade. A idade e a fase
financeira são fatores importantes a serem considerados pelo profissional ao
recomendar o produto mais adequado à necessidade do Cliente.

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 Verificar o prazo que o Cliente pode ficar sem necessitar realizar saques, adequando
a eventual carência dos produtos de investimento.
 Alertar sobre os impostos vigentes (IR, IOF) e suas variações em relação ao tipo de
investimento e prazos (renda fixa, variável, carência, taxas de administração etc.).
 Orientar quanto aos valores mínimos para o investimento, aportes, resgate parcial e
permanência mínima no fundo de investimento.
 Atentar para o perfil do investidor: jamais oferecer produtos de alto risco a
investidores que não possuam esse perfil e vice-versa.
 Lembrar que, se você ainda não conhece o Cliente, deve fazer perguntas para saber
sua opinião sobre risco, prazo do investimento, valor disponível, previsões para
utilização do investimento para geração de renda a curto, médio e longo prazo.
 Atentar também para regras especiais de investimento: por exemplo, aportes
adicionais sem a exigência de carência.
 Verificar o prazo que o investidor está disposto a ficar “dentro” do investimento, ou
seja, qual a disponibilidade de tempo para os recursos investidos.
 Verificar a real tolerância ao risco do investidor, ou seja, se está disposto a correr
risco ou não com o capital investido.

Atenção: Sempre observar que o Cliente deve receber o maior número possível de
informações a fim de conhecer todas as restrições, vantagens, riscos e tarifas
envolvidas em relação ao investimento escolhido.

2.4 Análise do Perfil do Investidor

A Análise do Perfil do Investidor (API) é o dever de verificar a adequação do fundo de


investimento recomendado ao perfil do investidor.

2.4.1 Instrução Normativa CVM 539 – dever de verificação da


adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do cliente
(suitability. Finalidade e para quem se aplica a regra.

2.4.1.1 Abrangência; perfil do cliente; categoria de produtos;


vedações e obrigações; regras, procedimentos e controles internos;
atualizações e dispensas
As “pessoas habilitadas”, ou seja as pessoas que podem atuar como integrantes do
sistema de distribuição e os consultores de valores mobiliários, não podem recomendar
produtos, realizar operações ou prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao
perfil do cliente.
As regras previstas são aplicáveis às recomendações de produtos ou serviços,
direcionadas a clientes específicos, realizadas mediante contato pessoal ou com o
uso de qualquer meio de comunicação, seja sob forma oral, escrita, eletrônica ou
pela rede mundial de computadores. E devem ser adotadas para o cliente titular da
aplicação.
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Perfil do cliente

As pessoas habilitadas devem verificar se:

I – O produto, serviço ou operação é adequado aos objetivos de investimento do


cliente. Para isso devem analisar:
– O período em que o cliente deseja manter o investimento;
– As preferências declaradas do cliente quanto à assunção de riscos; e
– As finalidades do investimento.

II – A situação financeira do cliente é compatível com o produto, serviço ou operação; e


para isso devem analisar:
– O valor das receitas regulares declaradas pelo cliente;
– O valor e os ativos que compõem o patrimônio do cliente; e
– A necessidade futura de recursos declarada pelo cliente.

III – o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos


relacionados ao produto, serviço ou operação. E para isso devem analisar:
– Os tipos de produtos, serviços e operações com os quais o cliente tem
familiaridade;
– A natureza, o volume e a frequência das operações já realizadas pelo cliente no
mercado de valores mobiliários, bem como o período em que tais operações foram
realizadas; e
– A formação acadêmica e a experiência profissional do cliente (não se aplica a
pessoa jurídica).

No cumprimento do dever previsto, as pessoas habilitadas devem considerar os custos


diretos e indiretos associados aos produtos, serviços ou operações, abstendo-se de
recomendar aqueles que, isoladamente ou em conjunto, impliquem custos excessivos e
inadequados ao perfil do cliente.

Também se deve avaliar e classificar o cliente em categorias de perfil de risco


previamente estabelecidas.

Vedações e obrigações

É vedado às pessoas habilitadas recomendar produtos ou serviços ao cliente quando:

I. O perfil do cliente não seja adequado ao produto ou serviço;

II. Não sejam obtidas as informações que permitam a identificação do perfil do cliente;
ou
III. As informações relativas ao perfil do cliente não estejam atualizadas.
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Quando o cliente ordenar a realização de operações nas situações previstas acima, as


pessoas habilitadas devem, antes da primeira operação com a categoria de valor
mobiliário:
I. Alertar o cliente acerca da ausência ou desatualização de perfil ou da sua
inadequação, com a indicação das causas da divergência; e

II. Obter declaração expressa do cliente de que está ciente da ausência,


desatualização ou inadequação de perfil.

Controles internos
Devem ser estabelecidas regras, procedimentos e controles internos que permitam o
pleno cumprimento do exposto acima.

Atualizações e dispensas
- As informações do perfil dos clientes devem ser atualizadas em intervalos não
superiores a 24 meses.
- As categorias de produtos devem ser analisadas e reclassificadas em intervalos não
superiores a 24 meses.
- Se o cliente for integrante do sistema de distribuição, companhia seguradora,
sociedade de capitalização, fundo de pensão, fundo de previdência, fundo de
investimento, investidor não residente, investidor qualificado, administrador de carteira,
analista ou consultor de valores mobiliários autorizado pela CVM, não há
obrigatoriedade de verificação da adequação. Lembramos que a definição destes
investidores não faz parte do programa da sua prova.

A ANBIMA estabelece que a elaboração da API – Análise do Perfil do Investidor é


OBRIGATÓRIA para todos os fundos destinados ao varejo* e também para os
seguintes produtos de investimentos: títulos públicos, ações, derivativos, certificados
de depósitos bancários (CDBs,) cédulas de crédito bancário (CCBs), debêntures, letras
de crédito imobiliário (LCI), letras de crédito do agronegócio (LCA), letras financeiras**,
letras hipotecárias** e operações compromissadas.
*Veremos, no módulo 5-Fundos, que existe uma exceção a esta regra. Verifique item
5.7.
**Letras financeiras e letras hipotecárias não fazem parte do programa da sua prova.

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2.4.2 Adequação de produtos em função do perfil do investidor

É necessário analisar e classificar as categorias de produtos, identificando as


características que possam afetar sua adequação ao perfil do cliente.

Na análise e classificação das categorias de produtos devem ser considerados, no


mínimo:

I. Os riscos associados ao produto e seus ativos subjacentes;

II. O perfil dos emissores e prestadores de serviços associados ao produto;

III. A existência de garantias; e

IV. Os prazos de carência.

Uma vez respondida a API, os bancos têm um leque de opções que poderão oferecer
ao cliente, respeitando o seu perfil. Caso o cliente opte por um produto não adequado
para o seu perfil, o investidor deverá reconhecer por escrito que está ciente do risco de
um investimento que contraria seu perfil e que decidiu por conta própria fazer tal
aplicação – mesmo tendo sido alertado sobre os perigos.

Na visão da CVM, o banco poderá, a seu critério, recusar-se a vender um produto


inadequado para o cliente, mesmo que este assuma a responsabilidade sobre os riscos
da operação.

Chegamos ao fim do Módulo 2. Responda às questões a seguir e lembre-se de que


você pode contar com o apoio do Departamento de Recursos Humanos - UniBrad no
esclarecimento de dúvidas.

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Exercícios

1. Em relação aos serviços de um Fundo de Investimento:


I. O distribuidor tem a responsabilidade da suitability.
II. O gestor tem a responsabilidade da MaM.
III. O administrador tem a responsabilidade de contratar os prestadores de
serviços.
É correto o que se afirma apenas em:
a. I, II e III.
b. I e II.
c. II e III.
d. I e III.

2. Conforme o Código de Varejo, você, gerente de relacionamento de uma


agência bancária, tem as seguintes obrigações ao ofertar um produto de
investimento a seu cliente:
I. Prestar informações adequadas e esclarecer as dúvidas do cliente
II. Aplicar a API e verificar a adequação do produto ao perfil do cliente.
III. Observar as diretrizes da legislação sobre o Crime de Lavagem de Dinheiro.
É correto o que se afirma apenas em:
a. I e II.
b. II e III.
c. I e III.
d. I, II e III.

3. João, cliente novo da agência, lhe pede orientação para investir R$ 100 mil
oriundos de uma venda de imóvel na praia. Você, gerente, deverá:
a. Obter informações que lhe permitam entender a situação do cliente, seu momento
de vida e sua tolerância ao risco antes de oferecer qualquer produto.
b. Oferecer produtos de previdência, que valem pontos no seu ranking, e que são
adequados para todos os perfis e todos os prazos.
c. Não se pronunciar nem dar assessoria, pois a decisão é dele.
d. Oferecer o fundo de investimento que teve rentabilidade maior nos últimos 12
meses. .

4. Sua cliente quer aplicar recursos em um produto agressivo, entretanto o perfil


dela no API é conservador. Você, gerente:
a. Autoriza a aplicação sem problemas, pois a decisão é da cliente.
b. Não autoriza a aplicação, explicando que este produto é apenas para investidores
agressivos, e direciona para um produto conservador.
c. Alerta a cliente sobre o risco envolvido, e obtém uma declaração por escrito de que
foi alertada desse risco, antes de efetuar a aplicação.
d. Não autoriza a aplicação, alegando que a CVM não permite que investidores
conservadores façam investimentos agressivos.

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5. Assinale as pessoas sujeitas às obrigações da Lei 9.613.


I. Administradora de cartão de crédito.
II. Administradora de consórcios.
III. Administradora de recursos de terceiros.
IV. Administradora de shopping centers.
V. Imobiliárias.
É correto o que se afirma apenas em:
a. I, IV e V.
b. II, III e IV.
c. I, III, IV e V.
d. I, II, III e V.

6. Qual é o principal objetivo da Marcação a Mercado?


a. Não permitir a desvalorização das cotas do fundo de investimento em relação ao
IPC (Índice de Preços ao Consumidor).
b. Evitar a transferência de riqueza entre os diversos cotistas dos fundos.
c. Equiparar o desempenho de um determinado Fundo de Investimento aos principais
benchmarks (indicadores) do mercado.
d. Evitar a oscilação de valores das cotas do fundo.

7. Como podemos definir a lavagem de dinheiro:


a. Apenas transação proveniente de crime ligado ao tráfico, inclusive a sonegação
fiscal, em que o capital adquirido ilicitamente torna-se lícito, através de várias
sobreposições objetivando a não localização da origem do capital.
b. Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
infração penal.
c. Apenas transações provenientes de crime de sonegação fiscal (caixa dois), em que
o capital adquirido ilicitamente torna-se lícito em três fases: colocação, ocultação e
integração.
d. Todas estão às alternativas estão incorretas.

8. Como forma de prevenção à lavagem de dinheiro:


a. Devemos manter atualizadas as informações cadastrais sobre Clientes.
b. Devemos verificar a compatibilidade entre movimentação de recursos, atividade
econômica e capacidade financeira do Cliente.
c. Devemos considerar a necessidade de existência de sistemas de controles internos
adequados para identificar ilícitos da espécie.
d. Todas estão corretas.

9. Em qual norma se pode enquadrar a venda casada?


a. Lei do Colarinho Branco.
b. Lei da Lavagem de Dinheiro.
c. Carta Circular 3.098 do Banco Central.
d. Código de Defesa do Consumidor.

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10. Microempresário com faturamento médio de R$ 10.000/mês está há uma


semana recebendo depósitos em espécie de R$ 9.900,00 de diversas agências
bancárias em diferentes praças, e emitindo TED por valores vultosos.
a. A operação é suspeita do Crime de Lavagem e deve ser informada ao COAF
imediatamente.
b. A operação é normal, mas deve ser registrada internamente, avisando o cliente.
c. O gerente deve aguardar mais uns dias para ter certeza que a operação é suspeita.
d. O gerente deve aproveitar a boa fase do cliente e vender algum produto do banco
(seguro, previdência, título de capitalização).

Gabarito: 1D,2D,3A,4C,5D,6B,7B,8D,9D,10A.

Atualizado em janeiro de 2018

CPA 10 Certificação Profissional anbima - Módulo 2


Validade Indeterminada
4240 – Departamento de Recursos Humanos - UniBrad
Escola Negócios (11) 3684.5332
Antonia Clarice de Oliveira (antonic.oliveira@bradesco.com.br)
Público alvo: Agências Varejo
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