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Paul Claval é considerado um dos maiores geógrafos da atualidade e que contribuiu e contribui

muito para os estudos de Geografia Cultural. Um de seus livros chama-se a Geografia Cultural
e foi publicado em português no ano de 1999. O autor divide esta obra em quatro partes.
Acredito que ele faz dessa forma, pois precisamos de uma construção e maturidade sobre o
tema Geografia Cultural que vai desenvolvendo a partir da ordem cronológica dos capítulos
estabelecidos. Além desses quatro grandes grupos divididos em capítulos, cada capítulo possui
tópicos e sub-tópicos além de esquemas e imagens que enriquecem o texto e o entendimento
do leitor.

A primeira seção é chamada gênese e evolução das interpretações culturais na geografia é


uma parte pequena com apenas com apenas dois capítulos e não utilizamos destes para
apresentação de seminário. Como resumo desse início do livro é retomado sobre os
primórdios da geografia cultural, os primeiros estudos tanto na Alemanha como depois com
Carl Sauer no EUA. Carl Sauer inclusive foi um autor que trouxe grandes contribuições para a
construção do termo Geografia Cultural e o estudamos anteriormente em nossa disciplina.
Como toda área dentro de um grande campo da ciência, a Geografia Cultural também passou
por algumas crises, amadurecimentos e renovação.

Continuando com a próxima parte cultura, vida social e domínio do espaço começa com os
aspectos de transmissão de conhecimentos de vida, regras da sociedade e o papel das
instituições ou indivíduos como construtores e mediadores da cultura e as análises sobre os
diferentes tipos de cultura. O que mais me despertou nesses capítulos foram as instituições
que são apresentadas sendo a primeira a família, depois a comunidade e religião e como que
acrescendo a individualidade dos sujeitos é possível ter diferentes culturas existindo dentro de
mesmas instituições.

A terceira sessão é INTITULADA CULTURA, MEIO E PAISAGEM e no inicio nos relembra os


primeiros questionamentos atribuídos inclusive a geografia humana, de se inserir em um
determinado espaço e saber reconhece-lo, se orientar e deslocar nele, além de trabalhar a
territorialidade nas diferentes culturas. Trás ainda a tecnologia como ferramenta de alteração
das relações dos grupos com o ambiente, as mediações nas formas de produções e
reproduções do espaço e de suas histórias com abordagens e discussões mais recentes da
geografia cultural. Tem um capítulo somente voltado para alimentação e a relação com a
cultura que a meu ver é fantástico visto que quando ouvimos a palavra cultura uma das
primeiras coisas que nos vem à mente é a alimentação típica de um determinado grupo. O que
é bacana para refletir também é como a palavra agricultura também é uma cultura além do
sentido literal do cultivo.

A última parte do livro chama-se uma geo-história da cultura e como o próprio nome diz
apresenta uma história da Geografia Cultural. Apresenta um esquema de evolução das
civilizações até chegar às influencias da contemporaneidade com a globalização, pós-
modernidade e o renascimento de nacionalismos e fundamentalismos. Dessa forma
estabeleceu-se uma divisão e repartição do mundo em áreas que elevam a modernização e a
ocidentalização onde só é mais valorizado e tido como cultura oficial o que se encaixa nos ditos
padrões brancos e eurocêntricos. Tudo fora esse padrão é olhado como o outro, o diferente,
quando na verdade foi a partir dessas culturas dos povos tradicionais que tudo se originou e
evoluiu. Ocorreu assim uma transição cultural e é estabelecido os novos desafios do século
sobre Geografia Cultural para finalizar o livro.

Vale a pena lembrar que não apresentamos esse último capítulo da sessão quatro em nosso
seminário e o interessante é que diante de toda a exposição dos capítulos anteriores cada
pessoa da sala pode chegar a conclusões diferentes e que não necessariamente vão de
encontro como o modo conclusivo que o autor apresenta. Em minha opinião ele faz leituras
superficiais sobre os diversos assuntos que aborda com posicionamentos e conceitos
romantizados e de certa forma utópicos. Isso pode se dar pelo fato de ser um livro considerado
introdutório para a Geografia Cultural necessitando de outras obras para maior
aprofundamento em cada um dos temas apontados nos capítulos. Ou, a outra leitura que eu e
faço é que Paul Claval está nessa posição de privilégio como homem, branco e europeu tendo
sua cultura como oficial e seus estudos legitimados por causa da ocidentalização evidente.
Termino com o questionamento de outras possibilidades de Geografias Culturais apresentadas
por autores populares, de comunidades tradicionais e até mesmo fora dos padrões e do
sistema acadêmico. Nada melhor do que alguém que vive a cultura diariamente para ser
referência no assunto e poder falar de suas experiências sem ter sua voz apagada por
interpretações de outras pessoas sem propriedade para falar sobre isso.

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