Você está na página 1de 122

agenda 21

agenda
catarinense

21
catarinense
O Desenvolvimento
Sustentável em Santa Catarina
Pior não é a exclusão social,
A desigualdade de renda,
A falta de qualificação das pessoas,
A fome.

Pior não é a violência,


A falta de justiça,
A degradação ambiental.

Pior é a conivência com tudo isso.


Pior é o silêncio dos que sabem.

Quebre o silêncio!
Documento Oficial

O Desenvolvimento Sustentável em Santa Catarina

Março de 2004
1° FASE

COORDENAÇÃO
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
CARLOS HOLTHAUSEN e ROBSON ÁVILA WOLLF

2º FASE

COORDENAÇÃO
Secretário de Estado do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente - SDS
BRAULIO CÉSAR DA ROCHA BARBOSA

Diretor de Administração da SDS


VITOR HUGO MEDEIROS

COORDENAÇÃO TÉCNICA
Gerente de Monitoramento Hídrico da Diretoria de Recursos Hídricos - SDS
GIAMPAOLO B. MARCHESINI

SUBCOORDENADOR TÉCNICO
Gerente de Drenagem Urbana, Água e Esgoto da Diretoria de Saneamento - SDS
MARCELL KARAM

REVISÃO
ÁLVARO JUNQUEIRA
COMISSÃO EXECUTIVA AMPLIADA

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Instituto LARUS – Pesquisa, Proteção e Educação Ambiental

Associação Brasileira de Recursos Hídricos Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina

Associação Catarinense de Aqüicultura Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina

Associação Catarinense de Desenvolvimento Social Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão

Associação Cultural AÚ – Entidade Afro-brasileira Secretaria de Estado da Infra-Estrutura

Companhia Integrada de Desenvolvimento Santa Catarina Turismo - SANTUR


Agrícola de Santa Catarina
Secretaria de Estado de Agricultura e Política Rural
Conselho Regional de Biologia
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social,
Centro Universitário de Jaraguá do Sul Urbano e Meio Ambiente

Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Saúde

Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Secretaria de Estado da Educação e Inovação

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão
de Santa Catarina
Sociedade Catarinense de Direitos Humanos
Federação das Indústrias de Santa Catarina
Universidade do Extremo Sul Catarinense
Federação das Associações Comerciais e Industriais
de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina

Fundação do Meio Ambiente - FATMA Universidade da Região de Joinville

Fundação Municipal do Meio Ambiente - FLORAM Universidade do Oeste de Santa Catarina

Fundação Nova Vida Universidade do Vale do Itajaí


ASSUNTOS E INSTITUIÇÕES COORDENADORAS

INFRA-ESTRUTURA E COOPERAÇÃO ENTRE DIREITOS HUMANOS


AS REGIÕES DO ESTADO Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e
Integração ao Mercosul RESPEITO ÀS MINORIAS
Sociedade Catarinense de Direitos Humanos
MUDANÇA DO PADRÃO DE CONSUMO E PRODUÇÃO
Universidade do Oeste de Santa Catarina PROTEÇÃO À INFÂNCIA, À ADOLESCÊNCIA E AO IDOSO
Fundação Vida
INDÚSTRIA
Federação das Indústrias de Santa Catarina ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS
Associação Catarinense de Aqüicultura
COMÉRCIO
Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina AUTORIDADES LOCAIS
Centro Universitário de Jaraguá do Sul
SERVIÇOS
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina MEIO AMBIENTE
Fundação do Meio Ambiente
TURISMO
Santa Catarina Turismo SA QUALIDADE DO AR
Universidade do Extremo Sul Catarinense
AGRICULTURA E PESCA
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e Agricultura QUALIDADE, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Universidade Federal de Santa Catarina RECURSOS NATURAIS E DIVERSIDADE BIOLÓGICA
Conselho Regional de Biologia
BIOTECNOLOGIA
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de RECURSOS HÍDRICOS
Santa Catarina Associação Brasileira de Recursos Hídricos

INCLUSÃO E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS RECURSOS FLORESTAIS


Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social e da Família Universidade da Região de Joinville

DEMOGRAFIA E CIDADES ECOSSISTEMAS


Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina Universidade do Vale do Itajaí

SAÚDE PRODUTOS AGROQUÍMICOS


Secretaria de Estado da Saúde Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO RESÍDUOS SÓLIDOS E ESGOTOS


Secretaria de Estado da Educação e do Desporto Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
"Nossas terras estão ermas, e as poucas que temos roteado são mal cultiva-
das, porque o são por braços indolentes e forçados; nossas numerosas minas, por
falta de trabalhadores ativos e instruídos, estão desconhecidas ou mal aproveita-
das; nossas preciosas matas vão desaparecendo, vítimas do fogo e do machado
da ignorância e do egoísmo; nossos montes e encostas vão-se escalvando diaria-
mente, e com o andar do tempo faltarão as chuvas fecundantes, que favorecem a
vegetação e alimentam nossas fontes e rios, sem o que o nosso belo Brasil, em
menos de dois séculos, ficará reduzido aos páramos e desertos da Líbia. Virá
então esse dia, terrível e fatal, em que a ultrajada natureza se ache vingada de
tantos erros e crimes cometidos".
Este texto foi escrito em 1823 por um dos primeiros ecologistas do mundo, o
nosso patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, um homem
muito à frente de seu tempo. À frente até de alguns altos dirigentes que, em pleno
século 21, ainda não alcançaram a profundidade das suas idéias oitocentistas.
Infelizmente, contra todas as evidências da gravidade do problema ambi-
ental, ainda há líderes mundiais que preferem procurar água em Marte a com-
prometer-se com o Protocolo de Kioto e com a água da Terra. Como se fosse
possível construir um cosmoduto para trazer água marciana depois de esgotadas
as nossas reservas!
A palavra japonesa JIJI é a junção de dois ideogramas. Separados, signifi-
cam tempo e ocasião; juntos, representam o conceito de movimento do mundo,
tendência de desenvolvimento mundial. Para os gregos antigos, a arte de agir no
momento certo era chamada de KAIRÓS – o sentido de ocasião, que é a marca
dos grandes líderes.
Fiéis à herança de José Bonifácio, atentos às tendências de desenvolvi-
mento mundial e conscientes de que a hora de agir é esta, estamos publicando e
disponibilizando este árduo e profícuo trabalho, iniciado em 5 de junho de
2000 e agora concluído.
Que esta Agenda 21 Catarinense desminta a profecia do nosso patriarca,
sendo um divisor de águas e um marco no desenvolvimento sustentado deste
Estado, talhado para ser exemplo e paradigma em todos os setores.

Luiz Henrique da Silveira


Governador do Estado de Santa Catarina
Num tempo em que importantes líderes mundiais agem como Epimeteu,
o imprudente irmão de Prometeu que abriu a caixa de Pandora, mais do que
nunca são importantes as ações afirmativas em sentido contrário.
Com o lançamento deste Documento Oficial da Agenda 21 Catarinense,
estamos fazendo a nossa parte, dando a resposta que nos é possível, mas, ainda
assim, maiúscula e afirmativa, contra a imprudência dos insensatos e arrogantes.
Mais do que nunca é fundamental revelar a insustentável mediocridade
dos impérios que se recusam a enxergar um universo cada vez mais pluriverso,
interdependente, holístico. Um recado que, há exatos 150 anos, o grande Chefe
Seatle já havia dado a outro insensato de igual jaez.
Comemorando a coincidência desse sesquicentenário, parece oportuno
reproduzir as mais importantes passagens dessa que é uma das mais belas peças
da oratória ambientalista.
“Todas as coisas compartilham o mesmo sopro”.
“Há uma ligação em tudo.O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra”.
“O homem não tramou o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus
fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo”.
“Sabemos que o homem branco (...) rapta da terra aquilo que seria de
seus filhos” (...) “Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto”.
“Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o
fim da vida e o início da sobrevivência”.
Felizmente, o ser humano tem uma natureza quântica, capaz de gerar sempre
novas oportunidades e alternativas. Mas o tempo histórico corre contra nós, numa
contagem regressiva acelerada. Ou assumimos a nossa responsabilidade de guardiões
do equilíbrio sistêmico, estabelecendo uma relação benfazeja com a natureza, ou a
degradação das relações socioambientais acarretarão mais e mais pobreza, marginali-
dade, exclusão e guerras pelo domínio de recursos cada vez mais escassos.
Com este documento, estamos cumprindo o nosso papel de despertar cons-
ciências e fomentar grupos que elaborem alternativas e acumulem energia para
que, se ou quando a crise chegar, existam propostas que permitam desviar a
humanidade de um colapso civilizatório.

Bráulio César da Rocha Barbosa


Secretário de Estado do Desenvolvimento Social,
Urbano e Meio Ambiente
O objetivo fundamental, primordial da Agenda 21 é a obtenção da susten-
tabilidade planetária, o mais depressa possível. Contudo o que significa esta tal
sustentabilidade, o que é esse paradigma chamado Desenvolvimento Sustentá-
vel? Sabemos que é algo que ainda estamos construindo, dentro das pessoas e
através da busca da compreensão do que é nosso planeta. Necessitamos ter uma
visão sistêmica, unitária para nos aproximarmos desta possibilidade e assim
mantermos as chances de sobrevivência na Terra.
A Agenda 21 Catarinense é o nosso plano para a busca desse objetivo,
embora não se configure numa receita pronta, que pode ser utilizada em todos
os casos e em todos os momentos, nela temos um rumo, a determinação de que
precisamos discutir permanentemente o desenvolvimento sustentável que nos
cabe. Também não temos certeza que esta seja a garantia da sobrevivência do
planeta e da vida sobre ele. Por mais otimistas que sejamos não podemos garan-
tir que o Desenvolvimento Sustentável se configure na verdadeira fórmula para
a salvação da Terra, mas é o que temos agora e, até que tenhamos algo melhor,
deve ser a nossa luta.
A Agenda 21 será efetiva quando todos os indivíduos estiverem devida-
mente sensibilizados com a filosofia do Desenvolvimento Sustentável, e traba-
lharem em uníssono para garantir a vida sobre a Terra. É uma utopia, pode ser,
mas também é a nossa luta. Neste sentido, precisamos trabalhar difundindo a
idéia do Desenvolvimento Sustentável para que cada município a adote, cada
bairro, cada instituição, e assim aumentemos as possibilidades de que esta filoso-
fia sensibilize o maior número possível de cidadãos.
Aqui está, um documento discutido e elaborado numa parceria entre socieda-
de e governo e que almejamos que se torne um balizador das políticas públicas.

Giampaolo B. Marchesini
Coordenador técnico da Agenda 21 Catarinense
SUMÁRIO

Introdução..............................................................................................................14

O Estado de Santa Catarina....................................................................................16

Apresentação do Processo......................................................................................18

Objetivos da Agenda 21 Catarinense.......................................................................19

Mecanismos de Implementação..............................................................................19

SEÇÃO A
Sustentabilidade do Desenvolvimento.................................................................21

INFRA-ESTRUTURA E COOPERAÇÃO ENTRE AS REGIÕES DO ESTADO...............22

MUDANÇA DO PADRÃO DE CONSUMO E PRODUÇÃO.........................................26

INDÚSTRIA.............................................................................................................29

COMÉRCIO............................................................................................................33

SERVIÇOS..............................................................................................................36

TURISMO...............................................................................................................40

AGRICULTURA E PESCA.......................................................................................44

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO...................................................................47

BIOTECNOLOGIA...................................................................................................51

SEÇÃO B
Sustentabilidade Social e Político-Institucional..................................................55

INCLUSÃO E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS......................................56

DEMOGRAFIA E CIDADES.....................................................................................60
SAÚDE.....................................................................................................................64

EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO....................................................................69

DIREITOS HUMANOS.............................................................................................74

RESPEITO ÀS MINORIAS.......................................................................................77

PROTEÇÃO À INFÂNCIA, À ADOLESCÊNCIA E AO IDOSO.....................................80

ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS...........................................................83

AUTORIDADES LOCAIS.........................................................................................86

SEÇÃO C
Sustentabilidade Geo-Ambiental..........................................................................89

MEIO AMBIENTE.....................................................................................................90

QUALIDADE DO AR.................................................................................................93

QUALIDADE, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO...........................................................96

RECURSOS NATURAIS E DIVERSIDADE BIOLOGICA............................................99

RECURSOS HÍDRICOS..........................................................................................102

RECURSOS FLORESTAIS......................................................................................105

ECOSSISTEMAS....................................................................................................108

PRODUTOS AGROQUÍMICOS..............................................................................111

RESÍDUOS SÓLIDOS E ESGOTOS.........................................................................114

Participantes do Processo......................................................................................117
INTRODUÇÃO

Em sua caminhada sobre Terra, o ser ANO ACONTECIMENTOS


humano sempre dependeu dos “recursos naturais”
SÉCULO XIX
que ela oferece. Desde a ação de alimentar-se até
1869 Ernst Haeckel, propõe o vocábulo “ecologia” para os
a ação da mais alta tecnologia. estudos das relações entre as espécies e seu ambiente
O ser humano demorou muito tempo até 1872 Criação do primeiro parque nacional do mundo “Yellowstone”, USA
chegar ao desenvolvimento que atingiu hoje. E
todo esse desenvolvimento está diretamente SÉCULO XX
vinculado à utilização dos recursos que encontra 1947 Funda-se na Suíça a UICN- União Internacional para a
Conservação da Natureza
em seu meio ambiente. 1952 Acidente de poluição do ar em Londres provoca a morte
Por um longo período, não houve grande de 1600 pessoas
preocupação com a destruição e/ ou reposição
desses recursos. A preocupação aberta com Anos 60
estas questões aparece somente nas últimas 1962 Publicação da “Primavera Silenciosa”
por Rachel Carlson
décadas, muito após a Revolução Industrial,
1965 É utilizada a expressão “Educação Ambiental”
chegando hoje, quase ao desespero. (Enviromental Education) na “Conferência de Educação”
Como Resultado de toda esta exploração, da Universidade de Keele, Grã-Bretanha
no século XX, teve início grande movimento na 1966 Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos -
tentativa de reverter ou minimizar o quadro de Assembléia Geral da ONU
degradação. Este fato levou a sociedade a repensar 1968 Fundação do Clube de Roma
1968 Manifestações de Maio de 68 na França
seu comportamento e a buscar soluções para
continuar se desenvolvendo sem destruir o Anos 70
ambiente. 1972 Publicação do Relatório “Os Limites do Crescimento” -
Alguns momentos foram importantes nesta Clube de Roma
caminhada, como por exemplo: 1972 Conferência de Estocolmo - Discussão do
Desenvolvimento e Ambiente, Conceito de Ecodesenvolvimento.
Recomendação 96 Educação e Meio Ambiente
1973 Registro Mundial de Programas em Educação Ambiental -USA
1974 Seminário de Educação Ambiental em Jammi, Finlândia -
Reconhece a Educação Ambiental como educação
integral e permanente
1975 Congresso de Belgrado - Carta de Belgrado estabelece as
metas e princípios da Educação Ambiental
1975 Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA
1976 Reunião Subregional de Educação Ambiental para o ensino
Secundário Chosica Peru. Questões ambientais na América Latina estão
ligadas às necessidades de sobrevivência e aos direitos humanos.

14
1976 Congresso de Educação Ambiental Brasarville, África, 1990 ONU Declara o ano 1990 Ano Internacional do Meio Ambiente.
reconhece que a pobreza é o maior problema ambiental. 1991 Reuniões preparatórias da Rio 92.
1977 Conferência de Tbilisi - Geórgia, estabelece os princípios 1992 Conferencia sobre o Meio Ambiente e o
orientadores da Educação Ambiental e remarca seu caráter Desenvolvimento, UNCED, Rio/92 - Criação da Agenda 21
interdisciplinar, critico, ético e transformador. Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis
1979 Encontro Regional de Educação Ambiental para América FORUN das ONG’s - compromissos da sociedade civil
Latina em San José, Costa Rica. com a Educação Ambiental e o Meio Ambiente.
Carta Brasileira de Educação Ambiental. Aponta as
Anos 80 necessidades de capacitação na área. MEC.
1980 Seminário Regional Europeu sobre Educação Ambiental, para 1993 Congresso Sul-americano continuidade Eco/92 -
Europa e América do Norte. Argentina
Assinala a importância do intercâmbio de informações e 1993 Conferência dos Direitos Humanos. Viena.
experiências. 1994 Conferência Mundial da População. Cairo
1980 Seminário Regional sobre Educação Ambiental nos Estados Árabes, 1994 I Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental.
Manama, Bahrein. UNESCO _ PNUMA. Guadalajara, México.
1980 Primeira Conferência Asiática sobre Educação Ambiental, em 1995 Conferência para o Desenvolvimento Social. Copenhague
Nova Delhi, Índia Criação de um ambiente econômico-político-social-
1987 Divulgação do Relatório da Comissão Brundtland, Nosso cultural e jurídico que permita o desenvolvimento social.
Futuro Comum. 1995 Conferência Mundial da Mulher / Pequim
1987 Congresso Internacional da UNESCO - PNUMA sobre 1995 Conferência Mundial do Clima. Berlim
Educação e Formação Ambiental - Moscou. Realiza a 1996 Conferência Habitat II Istambul.
avaliação dos avanços desde Tbilisi , reafirma os 1997 II Congresso Ibero-americano de EA . Junho Guadalajara,
princípios de Educação Ambiental e assinala a México.
importância e necessidade da pesquisa, e da formação 1997 Conferência sobre Educação Ambiental em Nova Delhi.
em Educação Ambiental. 1997 Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e
1988 Declaração de Caracas. ORPAL - PNUMA, Sobre Gestão Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a
Ambiental em América Sustentabilidade,Thessaloniki, Grécia.
Denuncia a necessidade de mudar o modelo de
desenvolvimento. Como resultado da Conferência sobre Meio
1989 Primeiro Seminário sobre materiais para a Educação
Ambienta. ORLEAC - UNESCO - PIEA.
Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992,
Santiago, Chile. cinco documentos foram elaborados, dentre os quais a
1989 Declaração de HAIA, preparatório da RIO 92, aponta a Agenda 21, onde os países membros comprometem-se em
importância da cooperação internacional nas questões pautar suas políticas econômicas, sociais e ambientais pelo
ambientais. princípio do desenvolvimento sustentável.
É portanto com este compromisso que o Documento
Anos 90
1990 Conferência Mundial sobre Ensino para Todos, Satisfação Oficial da Agenda 21 de Santa Catarina foi elaborado. Daqui
das Necessidades Básicas de Aprendizagem, Jomtien, para frente a luta é pela sua plena implementação, num
Tailândia. Destaca o conceito de Analfabetismo Ambiental processo contínuo.

15
O ESTADO DE SANTA CATARINA

A efetiva ocupação do ter-


ritório catarinense - hoje com
95.483 Km_ - foi iniciada pelos
vicentinos em São Francisco do
Sul, no ano de 1658. Depois foi a
vez de Florianópolis, no ano de
1673, e de Laguna, no ano de
1682. No século seguinte, foram
os açorianos, que continuaram
a colonização do nosso litoral,
marcando fortemente a história
e a cultura catarinenses.
Posteriormente, como
conseqüência dos caminhos de
vaqueiros, foi a vez da ocupação
do planalto catarinense, com Lages,
no ano de 1766, vindo em seguida
São Joaquim, Curitibanos e Mafra, to-
dos ligados ao ciclo do gado.
A colonização européia, inicia-
da no século XIX, logo após a nossa inde-
pendência - com os colonos alemães se esta-
belecendo em São Pedro de Alcântara, próximo
ao litoral de Florianópolis - consolida-se a partir de
1850, com o povoamento imigrante ao longo dos vales
dos rios Itajaí-Açú, Itajaí-Mirim e Itapocú, dando origem às
cidades de Blumenau, Brusque e Joinville.
Em 1836, são os italianos que aportam em Santa Ca-

16
tarina, estabelecendo-se no interior a partir de 1875 e desenvolven- za o solo para produção de culturas diversificadas e de subsistên-
do as cidades de São João Batista, Rodeio, Ascurra e Nova Veneza no cia. A pesca, principalmente artesanal, tem seu peso na formação
sul do Estado. da economia regional, mas o turismo se consolidado como a ativi-
O meio oeste catarinense tem seu território definido e coloni- dade mais importante.
zado a partir da implantação da ferrovia São Paulo – Rio Grande, em A colonização bem sucedida e organizada, nas regiões do Vale
1910, marca forte da região, juntamente com a sua celebrada Guerra do Itajaí e Nordeste, resultaram em grandes centros urbanos, com um
do Contestado, de cunho político-religioso. parque industrial diversificado, onde predominam os ramos metal-
Atualmente, a população residente do Estado de Santa Catarina mecânico, têxtil e plástico.
está em torno de 5,5 milhões de habitantes e vem crescendo a uma Na região Sul do Estado, são as atividades ligadas à extração do
taxa média próxima de 1,4% ao ano, com uma densidade demográfica carvão mineral e à produção de revestimentos cerâmicos, e, mais re-
de 51,0 habitantes/km2. cente, também, as indústrias de confecções têxteis e calçadistas.
Com médias concentrações populacionais urbanas, o Estado No Planalto Catarinense, mantendo forte ligação com as suas
catarinense tem bem distribuída a população por todo o seu territó- origens econômicas, localizam-se a criação de bovinos e a extração de
rio. Apenas oito cidades alcançam mais de 100 mil habitantes, e as madeira e erva-mate.Também, recentemente, estão as lavouras de fru-
nossas três maiores cidades - Florianópolis, Joinville e Blumenau – não tas e os ramos industriais de madeira, mobiliário, papel e celulose.
atingem os 500 mil habitantes cada uma. Do Meio Oeste ao Extremo Oeste a atividade principal é a agro-
O Estado de Santa Catarina ocupa a sétima posição na forma- indústria, com o abate e processamento de matérias-primas de origem
ção do Produto Interno Bruto Brasileiro.A renda per capita dos catari- animal - suínos e aves – atividade apoiada pelas lavouras, com a forte
nenses está acima de R$ 6 mil, e o nosso crescimento econômico vem produção de grãos.
se mantendo superior à média brasileira. O Estado de Santa Catarina tem 293 municípios, espalhados por
Pela diversidade e riqueza de seu patrimônio natural, pela es- 10 regiões hidrográficas, um vasto planalto e duas serras - Geral e a do
trutura fundiária - onde predomina a pequena propriedade familiar Mar. Originalmente, cobria-se pela Mata Atlântica, está posto sobre a
rural - pela forma de ocupação territorial e pela rica formação étnica, esponja do aqüífero Guarani, desfruta de extenso litoral com dunas, res-
o Estado de Santa Catarina foi ao longo dos anos forjando um modelo tingas e belas praias, tocando quase 10,6 mil km2 de área oceânica.
próprio e diferenciado de socioeconomia. Santa Catarina, com o seu expressivo patrimônio natural, com
Suas modernas atividades econômicas trazem a estrutura da sua riqueza étnica, necessita e merece um forte e definido processo
antiga ocupação e colonização. de balizamento do desenvolvimento e da conservação ambiental. San-
O litoral catarinense, com uma estrutura minifundiária, utili- ta Catarina necessita e merece uma forte e respeitada Agenda 21.

17
APRESENTAÇÃO DO PROCESSO

Iniciado no dia 5 de junho de 2000 com a assinatura do se manterem ocupadas fora do mercado, valorizando atividades
Protocolo de Intenções pelo Governo do Estado de Santa Catarina não competitivas, mas socialmente interessantes.
e representantes da iniciativa privada e do Terceiro Setor , o pro- Neste documento são discutidos 27 assuntos, que vão des-
cesso de construção da Agenda 21 Catarinense continuou, sem de o comércio e a indústria, passando pela educação e o respeito
interrupções, até o dia 10 de outubro de 2002, ocasião em que às minorias, até a ciência, tecnologia e inovação, entre outros. Cada
170 representantes da sociedade organizada catarinense, reunidos um deles descreve os desafios, obstáculos e premissas da sua res-
no 1º Seminário Estadual, aprovaram o Documento Preliminar da pectiva sustentabilidade. Em seguida, são apresentadas estratégia
Agenda 21 Catarinense. e propostas de cada assunto, cuja implementação ficará a cargo
Este documento traz a síntese de 1.600 propostas e estra- daqueles que tenham responsabilidade e dignidade em suas ações
tégias obtidas em 10 seminários regionais, realizados entre os cotidianas.
dias 7 de fevereiro e 18 de julho de 2002, nas regiões hidrográfi-
cas do estado de Santa Catarina, com a presença de mais de 1.200
pessoas. Todas essas propostas foram sistematizadas num docu- COORDENAÇÃO DA COMISSÃO EXECUTIVA AMPLIADA
mento preliminar, no Seminário Estadual de outubro de 2002. A Fone (48) 229-3790
partir daí, este documento preliminar da Agenda 21 Catarinense Fax(48)229-3782
foi distribuído para todo o Estado (5.000 exemplares), para que e-mail: planhid@sds.sc.gov.br
novamente fosse analisado e recebêssemos novas sugestões. Fei-
to isto obtivemos o documento oficial no 2º Seminário Estadual,
em outubro de 2003.
O processo da Agenda 21 Catarinense, cujo objetivo é bali-
zar o desenvolvimento sustentável no estado, também deseja des-
pertar soluções novas a problemas antigos, como, por exemplo, o
persistente desemprego. No Brasil, e na maior parte dos países,
uma faixa expressiva da população mantêm-se permanentemente
excluída do trabalho. Pela posição adotada há mais de 200 anos,
após a Revolução Industrial, com o aumento da produção usando
as regras e valores do mercado, a solução para o pleno emprego
tem ficado cada vez mais distante. O número de excluídos conti-
nua a subir devido à crescente automação da produção e dos ser-
viços e pelo sofisticado desenvolvimento tecnológico.
Discutir estes fatos, e propor uma valorização das pessoas
que estão ou desejam estar fora das regras e valores do mercado,
pode ser a novidade a ser implementada em Santa Catarina. Na
Europa, a sociedade começa a pagar, literalmente, para as pessoas

18
OBJETIVOS DA AGENDA 21 CATARINENSE MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Objetivo Geral A Agenda 21 Catarinense é um documento elaborado


em consenso pela sociedade organizada do Estado de Santa
Oferecer diretrizes para o desenvolvimento susten- Catarina. A sua implementação deve ficar sob a responsabi-
tável do Estado de Santa Catarina, visando satisfazer as ne- lidade desta mesma sociedade.
cessidades da população. Parceiro da iniciativa privada e do terceiro setor no
processo de elaboração da Agenda 21 Catarinense, o poder
Objetivos Específicos executivo do Estado, juntamente com o legislativo e o judi-
ciário, deverá ser também o agente que desencadeará o pro-
Realizar diagnóstico socioeconômico e ambiental, cesso de implementação com esses mesmos agentes.
visando a proposição de ações dentro de estratégias que Os mecanismos de implementação das estratégias e
envolvam o setor público, o setor privado e o terceiro se- propostas da Agenda 21 Catarinense devem ser construí-
tor de organização social. dos a partir de uma decisiva posição governamental, que
Formular propostas que visem incluir a população poderá criar a Comissão Permanente da Agenda 21 Catari-
catarinense no rumo da tecnologia da informação, para que nense e de Desenvolvimento Sustentável do Estado de San-
não fique à margem da era do conhecimento, o século XXI. ta Catarina.
Superar a fase do crescimento econômico com de- Os que assumirem a tarefa de implementação devem,
gradação ambiental, pela utilização mais eficiente das ma- a cada estratégia e a cada proposta, fazer um projeto de
térias-primas e dos insumos produtivos. implementação, definindo, entre outras variáveis, os atores
Encaminhar modificações no padrão de consumos a serem envolvidos, as ações com suas respectivas metas
das pessoas, concomitantemente a mudanças no padrão que devem ser materializadas em ordem prioritária, o volu-
de produção e de prestação de serviços. me de recursos necessários com origem e destinos claros,
Superar as condições negativas do mercado priva- além de prazos para alcançar as metas estipuladas.
tista, fazendo dele um fator capaz de promover, também, o Precedendo a implementação propriamente dita, faz-
desenvolvimento humano, distribuindo renda, socializan- se necessário um trabalho de divulgação e conscientização
do o conhecimento e erradicando a pobreza. da sociedade organizada e da população em geral.
Valorizar a proteção ambiental pela sustentabilida- Durante o processo de implementação, seria reco-
de dos ecossistemas. mendável a criação de um Selo de Desenvolvimento Sus-
Fazer da justiça social e da democracia metas tentável, credenciando as instituições participantes da im-
permanentes. plementação com o mérito do processo e implicando indi-
retamente o consumidor final.

19
SEÇÃO

A Sustentabilidade do Desenvolvimento
21
1 INFRA-ESTRUTURA E COOPERAÇÃO
ENTRE AS REGIÕES DO ESTADO

Desafios

A construção da sustentabilidade é particularmente complexa e difícil na gestão da infra-


estrutura e da cooperação entre as regiões do estado de Santa Catarina. São muitos os atores envol-
vidos, desde os governos federal, estaduais e municipais, os empresários, as universidades, até as
organizações não-governamentais. Os interesses dos representantes da sociedade organizada são, na
maioria das vezes, conflitantes e até mesmo contraditórios.A tudo isso, deve-se agregar a diversidade
de cenários econômicos e sociais ao longo dos 95.442,9 km2 do território catarinense.
A construção do desenvolvimento sustentável - que passa pela implementação da infra-
Integrar o estrutura e da cooperação entre as diversas regiões – alicerçada no crescimento econômico e na
planejamento dos
integração político-social da população, exige mudanças na ótica das autoridades que detêm o
sistemas viários
poder decisório e na cultura das pessoas envolvidas com a questão.
regionais, buscando
O desafio, assim colocado, exige a implantação de infra-estrutura de transportes, energia e
tecnologias
adequadas de
comunicação, visando à modernização e à integração das regiões catarinenses, bem como a aber-
pavimentação que tura de novos eixos de desenvolvimento, para a redução das desigualdades regionais e a ocupa-
minimizem a agressão ção de espaços geográficos. Exige, ainda, a busca de recursos e a superação de disputas políticas,
ao meio ambiente. onde quase sempre são desprezados os componentes da integração regional e da cooperação
entre municípios.
As Associações de Municípios, que funcionam de maneira técnica, suprapartidária e contri-
buem para a implantação de Regiões Metropolitanas e Agências de Desenvolvimento Regional,
têm o desafio de sair da visão particular para a da expansão coletiva, possibilitando a participação
integrada de todas as regiões no processo de desenvolvimento do Estado.
Para as agências reguladoras setoriais, o desafio é induzir investimentos do setor público e
privado para projetos de infra-estrutura que ajudem a eliminar as desigualdades regionais, favore-
cendo comunidades menos desenvolvidas.
Nos setores de energia e de comunicações, os marcos regulatórios acham-se muito mais

22
avançados e desenvolvidos, estando já implantados e em operação, mas nem sempre foram conce-
bidos considerando as questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável.
O desafio fica por conta da necessidade de incluir estudos prévios de uma agenda específi-
ca para a formulação e aperfeiçoamento do marco regulatório dos diversos setores e atores envol-
vidos, levando em conta a sustentabilidade, a cooperação e integração entre as regiões do Estado.

Premissas

Parceria no planejamento, na operação e na fiscalização dos serviços de infra-estrutura,


envolvendo todos os atores sociais - agentes econômicos e instituições diversas – é a premissa
básica, pois pressupõe a articulação entre os rumos das políticas macroeconômicas.
A definição dos eixos de desenvolvimento, como a malha viária, projetos energéticos, de
telecomunicações, de transporte intermodal, rodoviário, ferroviário, fluvial, portos e demais ações
infra-estruturais, envolvendo as representações locais e comunitárias - que serão direta ou indire-
tamente afetadas por essas macrodecisões - é outra premissa.
O fortalecimento dos municípios deve ser buscado para os objetivos da sustentabilidade,
que só podem ser alcançados mediante a participação da ação local em todas as decisões que
envolvem a utilização de bens e serviços econômicos e de recursos naturais.
A ampliação da responsabilidade ecológica, a capacidade dos atores sociais de identificar a inter-
dependência entre os fenômenos e aceitar os princípios de co-responsabilidade na gestão dos recursos
e dos ecossistemas compartilhados, como ar, oceanos, florestas e bacias hidrográficas.
A busca da eficiência energética, implicando a redução dos níveis de desperdícios no con-
sumo, sobretudo de combustíveis fósseis, e a busca de diminuição significativa na produção e no
uso de produtos não-recicláveis.
Gerar condições de financiamento para iniciativas locais na concepção e na implantação de
pequenos projetos de infra-estrutura, que representem economia de energia, uso de fontes novas
e renováveis, com menor nível de agressão ao meio ambiente e de utilização de recursos naturais.
Essas premissas recomendam a ampliação e o fortalecimento da ação local, com ênfase na parti-
cipação da sociedade civil em todas as circunstâncias que envolvam o interesse público e a sustentabi-
lidade das políticas públicas, em especial no que se refere à infra-estrutura e à integração.

Obstáculos

A inexistência de política de longo e médio prazos para balizar o planejamento e a implan-


tação da infra-estrutura, visando a cooperação entre as regiões.

23
A não participação do governo estadual na formulação dos marcos regulatórios da infra-
estrutura, que poderia contribuir para uma política estadual consistente, visando à integração e
cooperação entre as regiões.
Inexistência de metodologias que possibilitem a adoção de decisões integradas de política
energética, ambiental e econômica, com vistas ao desenvolvimento sustentável, considerando ava-
liações de impacto ambiental.
Insuficiência de pesquisas, desenvolvimento, transferência e uso de tecnologias e práti-
cas para sistemas energéticos ambientalmente saudáveis, inclusive sistemas energéticos novos
e renováveis.
Recursos reduzidos para investimento na modernização da infra-estrutura, visando uma maior
cooperação e integração entre as regiões.
Dificuldades na realização de parcerias envolvendo atores sociais, agentes econômicos e institui-
ções diversas, com coordenação mais articulada para a administração dos conflitos e contradições.
Além da crise econômica, a inexistência de comprometimento dos diversos segmentos da
sociedade com as discussões, visando às fases de planejamento, operação e fiscalização dos servi-
ços de infra-estrutura.

Estratégia

O planejamento da infra-estrutura física e de serviços no Estado de Santa Catarina, bem


como sua expansão e melhoramento, deve levar em consideração o objetivo prioritário de inte-
grar fisicamente as diversas regiões do Estado, fortalecendo a produção, o comércio e os serviços
locais, tornando-os competitivos no relacionamento com os demais estados da federação e com os
outros países.

Propostas

Criar um banco de dados, inclusive pela via do geoprocessamento, visando sustentar as


ações de planejamento, implantação e gestão de obras e serviços.
Fazer com que a concepção, planejamento, implantação e operação de projetos sejam com-
patíveis com a potencialidade e fragilidade do meio físico, levando em conta o zoneamento ecoló-
gico-econômico do território de implantação dos mesmos.
Recuperar e ampliar a infra-estrutura de transporte ferroviário para escoamento da produ-
ção catarinense, fazendo a sua integração com o transporte rodoviário e hidroviário, interligando
o Estado aos seus vizinhos e a região Oeste aos portos catarinenses.

24
Viabilizar projetos de ligação ferroviária entre o Atlântico e o Pacifico, atendendo às deman-
das de logística de transporte de carga e passageiros.
Integrar o planejamento dos sistemas viários regionais, buscando tecnologias adequadas de
pavimentação que minimizem a agressão ao meio ambiente.
Estabelecer políticas e estratégias que possibilitem a universalização do acesso às tecnolo-
gias de informação, como internet, telefonia, televisão e rádio.
Implantar malha aeroviária no Estado, instalando novos aeroportos, ampliando e melhoran-
do os existentes e internacionalizando os localizados na fronteira, visando a integração do Estado
com os países do Cone Sul.

25
2 MUDANÇA DO PADRÃO DE
CONSUMO E PRODUÇÃO

Desafios

Alterar o padrão de consumo e de produção é, talvez, o maior desafio da sustentabilidade


do sistema produtivo capitalista e, por conseqüência, da saúde ambiental do planeta como um
todo. O desperdício, motivado pela insaciabilidade do consumo humano individualizado e pela
acomodação ao lucro fácil e sem responsabilidade social dos empreendimentos produtivos, deve
ser enfrentado pela sociedade organizada como forma de reverter a degradação ambiental dos
ecossistemas da Terra.
O sistema capitalista, que predomina na sociedade moderna, seguidamente analisado em
Incentivar a produção
diagnósticos que indicam a insustentabilidade de seus processos produtivos, pela utilização ex-
de bens e a oferta de
cessiva de recursos naturais ou pelo uso de recursos escassos, tais como água e energia, e pela
serviços
geração de dejetos - especialmente resíduos tóxicos - compromete a qualidade do ambiente e
ambientalmente
sustentáveis, de
deve ser reformulado, procurando eliminar o custo ambiental da produção, através do desenvol-
forma a gerar vimento de tecnologias alternativas.
mudança no Alterar os padrões de produção e de consumo social e ambientalmente insustentáveis, quer em
comportamento da nível local, nacional ou internacional, incorporando e adotando propostas sustentáveis, com diretrizes
sociedade de de planejamento e gestão ambiental, deve ser o caminho a ser seguido pelos catarinenses.
consumo. O desafio deste assunto - Mudança no padrão de consumo e produção – inclui a proposição de
políticas de estímulo e promoção ao consumo sustentável e às transformações no sistema produtivo,
nos mais variados ramos da atividade econômica, objetivando a redução das desigualdades sociais e
assimilando uma ética que contemple a responsabilidade ambiental do cidadão produtor e consumidor.

Premissas

O consumo sustentável tem com premissa básica a utilização da natureza para satisfazer as necessi-
dades da população e promover o desenvolvimento humano por meio de serviços e produtos que econo-

26
mizem, na maior medida possível, os recursos naturais, que evitem a produção de dejetos e a emissão de
poluentes, que assegurem o equilíbrio do ecossistema e as condições de vida às gerações futuras.
Utilizar de forma definitiva a pesquisa científica, geradora de inovação tecnológica, desen-
volvida nas universidades e organismos públicos e privados, promovendo um grande esforço no
aumento da produção do conhecimento científico e tecnológico – processos e produtos – e trans-
ferindo-os aos setores produtivos do Estado, é outra premissa geradora de mudanças.
Fazer crescer a incipiente - para não dizer inexistente - contribuição da iniciativa privada ao
financiamento de atividades de investigação científica, de base tecnológica e de inovação.
A incorporação de tecnologias sustentáveis aos processos produtivos, do ponto de vista
social e ambiental, é um aspecto fundamental da sociedade ecológica. Para tanto, é necessário um
compromisso de reciprocidade entre setores produtivos - indústrias, empresas comerciais, presta-
doras de serviços, empreendimentos de socioeconomia - tais como cooperativas e associações - e
as universidades e centros de pesquisa, a fim de encontrar soluções para os problemas de susten-
tabilidade dos processos produtivos e, sobretudo, favorecer a equidade social.
Fazer do direito à informação uma das premissas do consumo sustentável, uma vez que a
informação favorece a tomada de consciência do consumidor sobre as conseqüências do consu-
mo que não adota critérios. Ao decidir-se pela utilização de um produto ou serviço, o consumidor
tem direito de saber qual é sua origem, conhecer o processo de produção – matéria-prima e ou-
tros recursos naturais utilizados, geração de rejeitos e resíduos tóxicos -, as características da mão-
de-obra - situações de risco ao trabalhador, penosidade, trabalho infantil, insalubridade e garantia
de direitos sociais - e a destinação dos dejetos após o consumo - embalagens e descartes.

Obstáculos

Um dos obstáculos à mudança é o predomínio de tecnologias antigas, ultrapassadas, insus-


tentáveis nos processos produtivos, aliado ao pouco investimento em pesquisas para se desenvol-
ver novas tecnologias.
Outro obstáculo é o baixo índice de transferência de tecnologia dos centros de pesquisa ao
setor produtivo.
A forte desigualdade social e a falta de políticas de distribuição de renda, aliado à insuficiên-
cia de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento humano e social.
A falta de informação, consciência ecológica e organização dos consumidores, assim como
o pouco controle dos efeitos ambientais de produtos e processos.
A prevalência dos interesses econômicos imediatos e desconsideração dos custos ambien-
tais dos processos produtivos.

27
A exclusão social relacionada com padrões de consumo, além daquela operada pela con-
centração de renda, produzidas, ambas, pela massificação do consumo, que não respeita as dife-
renças pessoais e culturais, é outro importante obstáculo à mudança.
A pressão da mídia para o consumismo, que afeta psicológica e economicamente as famíli-
as, interferindo na saúde das pessoas.

Estratégia

A mudança do padrão de consumo e produção será alcançada através do convencimento -


via informação, num processo de conscientização de médio e longo prazos - sobre os benefícios
aos empreendedores e sobre o reconhecimento social dos consumidores que alteram a postura,
selecionando produtos e serviços sustentáveis.

Propostas

Adequar a legislação, fazendo avançar o direito do consumidor, de forma a incentivar o


consumo sustentável, propiciando às pessoas o efetivo controle da qualidade dos produtos e dos
serviços ofertados.
Incluir noções de consumo e produção sustentável como tema transversal nas escolas de
educação básica e profissional.
Incentivar a produção de bens e a oferta de serviços ambientalmente sustentáveis, de forma
a gerar mudança no comportamento da sociedade de consumo.
Incentivar as empresas para que desenvolvam tecnologias limpas, agregando valor ambien-
tal ao produto final.
Incentivar o consumo de produtos certificados, através de campanhas educativas.

28
3 INDÚSTRIA

Desafios

O maior desafio enfrentado hoje pelas empresas industriais é de como manter e melhorar a
sua vantagem competitiva em mercados cada vez mais globalizados e, concomitantemente, aten-
der aos princípios do desenvolvimento sustentável.
Para atingir uma vantagem competitiva global, a administração da empresa deve olhar além
das soluções de curto prazo, focadas apenas no lucro e na diminuição de custos, comprometendo-
se com uma visão menos reducionista e cartesiana do meio onde opera, incluindo as variáveis
sócioambientais como parte do seu planejamento estratégico.
Fortalecer a Ter empresas rentáveis e prósperas, com proprietários e investidores satisfeitos, mantendo
vocação industrial os empregos gerados e a economia em crescimento, implica em balancear as considerações eco-
empreendedora, nômicas e ambientais em bases locais, nacionais e globais.
valorizando as
O modo como as organizações respondem a esses desafios terá um grande impacto nas suas
potencialidades
operações. Se elas optarem por serem ambientalmente responsáveis, serão provavelmente mais
regionais e
incentivando a
atrativas aos olhos dos investidores e agentes de financiamento. Encontrarão uma maior aceitação
criação de de seus produtos e serviços e obterão maior apoio comunitário e governamental.
incubadoras Como resultado, tornar-se-ão empresas de vida longa e crescimento econômico ajustado
empresariais. às novas demandas da sociedade. Negligenciar o meio ambiente significa um risco de ficar desa-
tualizado no contexto do mercado, que hoje tende a identificar muito mais a conduta e o com-
portamento da empresa face às exigências ambientais do que a exclusividade da marca, muitas
vezes histórica e desatrelada das mudanças em curso. Esse descuido, normalmente, leva a mídia
a promover publicidade negativa e os agentes governamentais a negarem ou retirarem licenças
ambientais e outros requisitos legais de funcionamento. Agregue-se, ainda, à lista, o desgaste de
repercussões negativas provenientes de multas e processos penais, caros ao caixa e à imagem
da organização.
Basicamente, as organizações dispõem de quatro formas de responder aos desafios do de-

29
senvolvimento sustentável e da busca da vantagem competitiva:
A primeira é agir sobre as questões de natureza ambiental de forma reativa, ou seja, quando
os problemas ocorrem.
A segunda é cumprir com as exigências legais.
A terceira é praticar uma gestão ambiental consistente, em que as ações são tomadas depois
de considerados seus impactos no meio ambiente.
A quarta é perseguir o desenvolvimento sustentável, isto é, adotar ações que tragam efeitos
benéficos de longo prazo à economia, ao meio ambiente e à sociedade.
As organizações que adotarem as duas últimas estratégias serão capazes não apenas
de prevenir problemas antes que estes ocorram. Poderão, também, encontrar novas oportu-
nidades para atender um mercado em crescimento para os produtos e serviços ambiental-
mente corretos e identificar formas de diminuir custos por meio da revitalização do proces-
so industrial, reduzindo o consumo de água e energia e melhorando a utilização dos recur-
sos naturais. Tudo isso as auxiliará a competir de forma mais efetiva no mercado e aumentar
o seu lucro potencial.
Organizações que se contentem somente com as duas primeiras estratégias poderão se
encontrar em um mercado cada vez menor, correndo sério risco de serem ultrapassadas pelos
competidores ambientalmente responsáveis.

Premissas

Para contribuir com o sucesso do desenvolvimento sustentável industrial, deve ser conside-
rada a utilização de recursos naturais não-renováveis a um ritmo estabelecido em função da dispo-
nibilidade de recursos alternativos, utilização de recursos renováveis a taxas limitadas à sua capa-
cidade de regeneração natural ou artificial, disposição e dispersão dos resíduos industriais limita-
das de acordo com a capacidade de assimilação dos ecossistemas, de modo a prevenir impactos
irreversíveis nos sistemas fundamentais de manutenção da vida.
A aplicação do enfoque preventivo, que pressupõe a adoção de medidas que permitam
prevenir a degradação ambiental e eliminar suas causas, afastando assim a ameaça de deterioração
grave ou irreversível.
A concepção de procedimentos para prevenir acidentes, reduzindo-se, desta forma, os ris-
cos e as perdas potenciais associadas a acidentes e situações de emergência ambientais.
A prevenção da poluição na fonte, isto é, minimizar os danos ambientais causados nos pro-
cessos de fabricação e produção, ao invés de tratá-los uma vez já gerados.
A minimização do consumo de recursos naturais e também dos resíduos gerados por unidade de

30
produção, assegurando, assim, uma utilização eficiente dos meios de produção e dos recursos naturais.
A certeza de que todos os setores da sociedade tenham a possibilidade de participar do
processo de industrialização, beneficiar-se da riqueza gerada por meio das atividades industriais e
aplicar os mesmos princípios de eqüidade às pessoas de ambos os sexos e para as gerações pre-
sente e futuras.

Obstáculos

As principais barreiras enfrentadas para alcançar o desenvolvimento sustentável industrial


pleno incluem lacunas ou insuficiência em termos de informação, escassez de infra-estrutura cien-
tífica, tecnológica e de inovação.
Entre as carências de informação cabe citar a limitação dos dados disponíveis sobre a natu-
reza e magnitude da degradação ambiental - indicadores confiáveis sobre o esgotamento dos re-
cursos naturais, contaminação do ar, da água e do solo.
As pequenas e médias empresas possuem acesso limitado à informação e carecem de pesso-
al qualificado e do capital necessários para utilizar processos de produção mais limpa.
Outro obstáculo é a dificuldade de compreensão das causas imediatas e fundamentais da
degradação ambiental e, portanto, dos meios para a sua remediação, bem como a precária quanti-
ficação das perdas econômicas resultantes da degradação ambiental.
A insuficiência de capacidade institucional, especialmente a aptidão para executar e coor-
denar os programas, assim como a escassez de pessoal qualificado, geram graves problemas no
âmbito governamental. A indústria, mesmo quando realmente está engajada no investimento em
tecnologias limpas, depara-se com limitações financeiras. A escassez de capital e o seu elevado
custo, devido à taxa de juros, podem impedir a adoção ou importação destas tecnologias, mesmo
quando estas são plenamente justificáveis do ponto de vista econômico.
Como parte da globalização, inúmeros requisitos ambientais estão em definição, acarretan-
do custos associados ao produto, processo ou instalação. Trata-se de um evento transformador,
que exige consciência e intensa participação dos setores produtivos e demais segmentos da soci-
edade. Nesse processo, deve considerar-se que as medidas de conservação ambiental podem gerar
para o mercado, intencional ou inadvertidamente, efeitos semelhantes às barreiras não-tarifárias,
podendo comprometer o nosso desenvolvimento. Por outro lado, a inserção da variável ambiental
na produção pode também sinalizar oportunidades para produtos ecologicamente adequados,
nicho no qual Santa Catarina pode posicionar-se de forma bastante promissora, principalmente
por sua peculiar biodiversidade, riqueza mineral e cultural.

31
Estratégia

Fundamentar a atuação dos empreendedores industriais catarinenses, no sentido de aumen-


tar a produção e exportação de bens, com responsabilidade social e ambiental, adotando cada vez
mais rapidamente os avanços científicos, tecnológicos e de inovação obtidos pelas instituições de
pesquisas estaduais, nacionais e estrangeiras.

Propostas

Fazer a reforma tributária, promovendo a diminuição de tributos e o aumento da base tributária.


Estimular a utilização de recursos disponíveis do setor público e privado para o incentivo à
pesquisa de tecnologias e inovações, aproximando os centros de pesquisas das empresas interes-
sadas, visando aumentar a qualidade dos produtos catarinenses e o respeito ao ambiente, para
atender as exigências do mercado globalizado.
Criar linhas de crédito diferenciado para aquisição de tecnologias limpas e de equipamen-
tos antipoluentes, principalmente para as micros, pequenas e médias empresas.
Rever as políticas públicas de qualificação profissional, com a participação das instituições pro-
fissionais, com ênfase no desenvolvimento da conscientização ambiental e da responsabilidade social.
Fortalecer a vocação industrial empreendedora, valorizando as potencialidades regionais e
incentivando a criação de incubadoras empresariais.
Implantar uma dinâmica maior ao processo de obtenção de licenciamento ambiental, des-
burocratizando as etapas e unificando os sistemas de inspeção e certificação de produtos.
Estimular e apoiar a adequada gestão dos recursos naturais, dos dejetos, rejeitos e resíduos
junto aos fornecedores de matéria-prima e prestadores de serviços, abrangendo toda a cadeia
produtiva da indústria catarinense.

32
4 COMÉRCIO

Desafios

No mundo moderno, as inter-relações de mercado devem ser processadas com clareza e


rapidez, tornando cada vez mais impessoal o tratamento que se dispensa ao consumidor, como se
verifica atualmente com o comércio eletrônico.
O comércio é o setor que mais emprega e mais gera impostos em Santa Catarina. Com a agilidade
imposta pelas novas tecnologias de comunicação e com a competição agressiva da globalização, o
desafio do comércio é obter, cada vez mais, competitividade e busca de tecnologias operacionais mais
eficientes e criativas, fazendo com que o consumidor tenha maior satisfação na sua aquisição.
Orientar o consumidor Outro desafio é desenvolver um esforço de parceria entre fornecedores e estabelecimentos
sobre os efeitos
comerciais, para ultrapassar as dificuldades de acesso aos mercados, criando os meios e oportuni-
colaterais indesejáveis
dades para melhorar as condições de vida do cidadão catarinense.
da utilização dos
Também, desenvolver boas condições de trabalho aos empregados do comércio e praticar
produtos
disponibilizados no
preços justos ao consumidor são desafios permanentes.
mercado, mostrando as O comércio tem um papel relevante no desestímulo e na eliminação de produtos ambientalmente e
vantagens de produtos socialmente incorretos, através de ações efetivas que dificultem a comercialização destes produtos, obrigan-
ambientalmente do a indústria a promover melhorias ambientais, que, por sua vez, economizam insumos, racionalizam o
certificados. processo produtivo, com aproveitamento de resíduos, levando o produto final a ganhar em competitividade.
As regulações e normas ambientais, exigidas pelo mercado internacional, têm o desafio de
serem vistas pelo empreendedor do comércio como valioso instrumento de promoção e de estí-
mulo à competitividade dos bens vendidos.

Premissas

O desenvolvimento empresarial do setor terciário, de forma específica o comércio de bens,


está vinculado a que se progrida no caminho da modernidade, criando nas empresas a necessida-

33
de de aprimoramento, pela utilização de tecnologia e inovação disponíveis no mercado.
Tornar o setor maduro, seja ele grande, médio, pequeno ou micro, para a compreensão das
novas técnicas e adoção de novos mecanismos de aperfeiçoamento das atividades.
Deixar de lado formas empíricas de administrar, reportando-se, ainda que de forma simples,
a um processo de gerenciamento adequado, formalizado em processo de continuidade da ativida-
de, a fim de não haver perecimento precoce, como ocorre com muita freqüência.
A vida empresarial deverá ser sustentada por mecanismos que permitam detectar as ten-
dências a serem seguidas pelo segmento.
A interação harmoniosa entre o comércio e o meio ambiente deve ser outra premissa, ado-
tando estratégias de desenvolvimento sustentável.
As considerações ambientais devem ser consideradas especialmente na forma com as em-
presas catarinenses nutrem suas relações com os consumidores, fornecedores, empregados, inves-
tidores, comunidades locais e meios de comunicação

Obstáculos

Os altos juros praticados pelos agentes financeiros são inibidores de um crescimento orgâ-
nico, especialmente daqueles empreendimentos considerados pequenos, que não podem supor-
tar ônus financeiro em suas atividades empresariais.
Na ordem conjuntural, a carga tributária nacional é muita alta se cotejada com a de outros
países, como também os encargos de natureza social que incidem sobre a folha de pagamento.
Dificuldade no aprimoramento dos métodos e processos aplicados na consecução dos ne-
gócios empresariais, para que se possam alcançar melhores resultados.
A falta de cultura dos consumidores por produtos inofensivos ao meio ambiente tam-
bém representa obstáculo ao desenvolvimento de uma consciência empresarial com relação à
necessidade de ações efetivas de interação harmoniosa entre o comércio e o desenvolvimen-
to sustentável.
Poucos são os empresários que têm visão do papel relevante do comércio no desestímulo e
eliminação da fabricação de produtos que sejam ambientalmente não recomendáveis e socialmen-
te inconvenientes.
A inexistência de parceria entre fornecedores e estabelecimentos comerciais dificulta a
dinâmica de acesso aos mercados de produtos ambientalmente corretos e impõe barreiras às
empresas que vêem as regulações e normas ambientais como custos operacionais e não como
investimentos.

34
Estratégia

Obter o crescimento do volume de bens comercializados, fazendo com que esse crescimen-
to seja exercitado pela oferta diversificada e de qualidade, com a diminuição da carga tributária
estadual sobre produtos básicos, concomitante ao aumento da carga tributária sobre produtos
supérfluos, simplificando as operações de fiscalização de tributos e valorizando o empreendedor
ambientalmente consciente.

Propostas

Fomentar a criação de empresas de comércio exterior que comercializem, preferencial-


mente, produtos de fontes renováveis.
Buscar mecanismos de planejamento para avaliar o mercado e orientar a implantação de
novas empresas comerciais, envolvendo o poder público, as entidades representativas do comér-
cio e as instituições de capacitação.
Orientar o consumidor sobre os efeitos colaterais indesejáveis da utilização dos produtos
disponibilizados no mercado, mostrando as vantagens de produtos ambientalmente certificados.
Rever a carga tributária das micros, pequenas e médias empresas comerciais, no sentido de esti-
mular o seu desenvolvimento sustentável, possibilitando a criação de mecanismos de proteção ao setor.

35
5 SERVIÇOS

Desafios

Nas últimas décadas, o crescimento do setor de serviços tem sido acentuado na maioria dos
países, inclusive aqueles em desenvolvimento, pois a base de demanda desse setor repousa em
pessoas com necessidades e recursos financeiros disponíveis.
Segundo o IBGE, o setor de serviços representa 58,3% do PIB brasileiro, absorvendo 57,2%
da mão-de-obra disponível no mercado. Em Santa Catarina, este setor responde por 40,1% do pes-
soal ocupado no mercado de trabalho, sendo que o comércio e indústrias catarinenses ocupam,
juntos, 59,9%. O setor ainda é composto por 37,7% de empresas formais, enquanto o comércio
Disponibilizar responde por 43% e a indústria, por 19,3%.
programa de
Ocorre que o setor de serviços tem absorvido grande parte dos trabalhadores que migram
capacitação
de outros setores, especialmente o industrial. Isso se deve ao fato de que países em desenvolvi-
profissional que
mento, ao implantarem a inovação tecnológica e a gestão moderna em suas empresas, acabam
atenda às novas
demandas do excluindo uma boa parte dos trabalhadores com baixa qualificação profissional e escolaridade.
mercado Outros fatores, ainda, contribuem para o aumento desse contingente de pessoas disponí-
globalizado. veis para o mercado de trabalho, como o crescimento vegetativo da população, a ampliação da
expectativa de vida e a redução da mortalidade infantil. Entretanto, tais fatores também levam à
busca de mais serviços para serem produzidos e consumidos, ocasionando o crescimento do setor
de serviços como um todo.
O grande desafio deste setor nos países em desenvolvimento será, com certeza, ajudar a
vencer o desemprego. É de se prever, nos próximos anos, uma situação caracterizada pelo aumen-
to do desemprego industrial e público. Em compensação, haverá grande aumento do setor de
serviços. Ocorre que é sobretudo nessas atividades que se concentra grande parte da informaliza-
ção observada na população ativa.
Ao se analisar o mercado informal no Estado, o setor de serviços concentra 51% das empre-
sas, seguido pelo comércio com 42% e a indústria com 7%. Por outro lado, a alta taxa de desempre-

36
go para as camadas da população com baixa escolaridade, que migram para o setor de serviço e o
mercado informal, ameaça seu desenvolvimento devido à baixa qualidade do serviço ofertado.
Serviços não podem ser estocados, geralmente são produzidos e consumidos ao mesmo
tempo. Isso pode significar que não existe uma segunda chance para causar uma boa impressão ao
cliente. Serviços são intangíveis, isto é, são experiências que o cliente vivencia, enquanto os pro-
dutos são coisas que podem ser possuídas. Além disso, há a necessidade da presença do cliente ou
um bem de sua propriedade para que o serviço possa ser efetivamente prestado. Com isso, o
trabalhador acaba se tornando o recurso mais importante para o sucesso da organização.
A qualidade do serviço prestado, com vistas a atender as necessidades e expectativas dos
clientes, traduz-se numa forma de gestão que, em primeiro lugar, valorize a qualificação das pesso-
as, ofereça serviços personalizados, agregando valor. A empresa do setor de serviços que buscar o
aprimoramento desses spectos terá como resultado maior fidelização de clientes. Portanto, a qua-
lidade é um importante elemento para definir um serviço ofertado. E é com base nesse critério
que um consumidor estabelece a diferenciação entre uma empresa e seus concorrentes.
Em mercados altamente competitivos, onde existe uma grande quantidade de fornecedores, os
clientes terão maiores opções, aumentando em muito o seu nível de exigência. Dessa forma, a qualidade
dos serviços prestados (e isso pressupõe, entre outras coisas, mão-de-obra capacitada e qualificada) é
ferramenta imprescindível para agregação de valor, permitindo a sua sustentabilidade.
Analisando-se o porte das empresas brasileiras atuantes no setor de serviços encontramos a
seguinte divisão: microempresas = 87,18%; empresas de pequeno porte = 10,25%; empresas de
médio porte = 1,24%; e empresas de grande porte = 1,33.
O setor de serviços em Santa Catarina é composto por 98,8% de micro e pequenas empre-
sas, absorvendo 46,9% da mão-de-obra formal.
Percebe-se, dessa forma, que as micros e pequenas empresas são de fundamental importân-
cia para a consolidação do setor de serviços. Significa dizer que o desenvolvimento desse setor
deverá estar voltado para a solução de questões como a dificuldade de acesso ao crédito, falta de
gestão empresarial, produtos e serviços com baixo valor agregado e, até mesmo, a falta de políti-
cas públicas adequadas. Esses tornam-se os desafios para o setor de serviços e também para aque-
les que necessitam de financiamento para iniciar seu próprio negócio.

Premissas

A globalização do comércio, a abertura generalizada dos mercados, a aceleração do progres-


so tecnológico e a intensificação da competitividade exigem do Estado e dos agentes econômicos
uma mudança substancial de atitude e alterações profundas na cultura empresarial.

37
É importante nessa atual conjuntura, marcada por profundas transformações na estrutura
produtiva e nas relações de produção, a alternativa oferecida pelas micros e pequenas empresas
do setor de serviços, especialmente quanto à geração de empregos, contribuindo significativa-
mente para desconcentrar a renda, bem como absorver amplos contingentes migratórios libera-
dos por outros setores da economia. E, ante o acelerado processo de automação industrial, que a
cada ano elimina centenas de milhares de postos de trabalho, viabiliza a reciclagem de trabalhado-
res, oferecendo-lhes novas perspectivas de progresso.
Entretanto, o problema não se restringe somente ao desemprego ou a quantidade de traba-
lho disponível, mas está intimamente ligado à qualidade dos postos de trabalho. Essa é uma das
conseqüências da informalidade, entendida como a soma dos autônomos, dos empregados sem
carteira e dos não-remunerados.
Nenhum segmento contribuiu mais para a pobreza brasileira do que o setor informal. Cerca de
51,3% dos pobres estão em famílias chefiadas por informais. Os chefes desempregados contribuem
com apenas 5,4%. Isto quer dizer que o grande gerador de pobres não é o desemprego, mas a informa-
lidade. Pessoas que têm trabalho, mas não ganham o suficiente para sustentar suas famílias.
O desenvolvimento sustentável vai muito além do crescimento econômico, embora este seja um
pré-requisito fundamental para seu alcance. Inclui dimensões como liberdade de expressão e direito às
diversas formas de dignidade nas relações sociais, associadas a um mínimo de acesso a bens e serviços
disponíveis a outros grupos populacionais ou a outros membros de seu grupo.
O descompasso no setor econômico está entre o crescimento da produtividade e do empre-
go. Essa arritmia constitui uma das mais importantes questões das economias em processo de
inserção competitiva globalizada. Aumentar a produtividade para ganhar competitividade e elevar
o nível e a qualidade dos empregos gerados. Só a sustentabilidade do desenvolvimento econômico
pode assegurar o alcance simultâneo desses dois objetivos.

Obstáculos

Embora unanimemente considerado um dos pilares de sustentação do setor de serviços, em


função de seu número, abrangência e capilaridade, o segmento das micros e pequenas empresas
ainda carece de estudos e levantamento sistemático de dados e informações que permitam conhe-
cer com precisão todo o seu diversificado universo.
Com o conhecimento existente, não é difícil detectar os problemas enfrentados pelo setor
de serviços. A informalidade, agregando o heterogêneo grupo de trabalhadores autônomos (aque-
les que não têm simultaneamente nem patrão nem empregados, de acordo com a definição usual
dada pelas pesquisas domiciliares do IBGE), lado a lado com os empregados sem carteira e os sem-

38
remuneração, talvez esconda mais do que revele, contribuindo para a produção de empregos de
baixa qualidade. A própria estrutura de custos e benefícios associados à legislação trabalhista e
previdenciária levam à informalidade como modalidade de evasão fiscal.
Nesse aspecto, a burocracia e os custos que ela acarreta são fatores preponderantes para inibir o
processo de constituição e legalização de empresas no Brasil e em Santa Catarina. O que se observa é a
permanente exacerbação de obrigações, centralismo e autoritarismo, que são impostos ao empreende-
dor de serviços que queira iniciar um negócio ou sair do chamado mercado informal.
A baixa capacitação da mão-de-obra, bem como sua alta rotatividade, principalmente nas
micro e pequenas empresas, também constituem-se num obstáculo, sendo essa qualificação essen-
cial para que ocorra o aumento da produtividade da economia.
A taxa de mortalidade das micros e pequenas empresas no primeiro ano de atividade, inclu-
sive do setor de serviços, é de até 61%. No segundo ano, esse número eleva-se para até 68%,
passando para até 73% no terceiro período do empreendimento, segundo pesquisa de mortalida-
de realizada pelo SEBRAE.
Cabe ainda salientar que o acesso ao crédito do sistema financeiro tradicional tem sido uma
dificuldade também para empresas do setor. As razões dessa exclusão se devem à cultura dos
bancos de enfatizar o financiamento para grandes investimentos, em detrimento dos pequenos
empreendimentos.

Estratégia

Organizar as atividades do setor de serviços, objetivando aumentar a sua competitividade,


com ênfase na qualificação de seus trabalhadores, na revisão da legislação e na viabilização finan-
ceira dos negócios.

Propostas

Mobilizar recursos e viabilizar créditos, assistência técnica e gerencial, especialmente às


micro, pequenas e médias empresas, formais ou informais, às cooperativas e outras formas associ-
ativas de produção de serviços.
Desburocratizar os processos de constituição e legalização de empresas, fazendo com que
o registro de empresas seja unificado, tornando-os simultâneos nos níveis federal, estadual e muni-
cipal, apresentando apenas um único conjunto de documentos.
Disponibilizar programa de capacitação profissional que atenda às novas demandas do
mercado globalizado.

39
6 TURISMO

Desafios

Turismo é essencialmente uma atividade humana e apresenta uma íntima ligação com o
meio ambiente. Este segmento tem apresentado os melhores índices de emprego e trabalho, fa-
zendo o crescimento econômico de regiões pobres e alcançado melhorias na distribuição de ren-
da. Quando bem planejado, o turismo atende às necessidades ambientais.
Nos últimos tempos, a atividade turística em geral vem passando por uma grande trans-
formação, oriunda da constatação de que o chamado turismo de massa tem provocado o super
dimensionamento dos equipamentos receptivos, sem proporcionar a rentabilidade econômi-
Elaborar um plano ca esperada e deixando um prejuízo incalculável para o meio ambiente natural, bem como
estadual de
danos culturais para as comunidades locais. Uma vez que o meio ambiente constitui a chama-
desenvolvimento
da “matéria- prima” da atividade turística, o grande desafio está exclusivamente ligado à sua
integrado de turismo
sustentável, pautado
conservação.
na realidade de cada Chegar ao equilíbrio entre as necessidades econômicas e um desenvolvimento turístico,
região, com projetos que prime pela valorização da vida, através da valorização das comunidades envolvidas e da con-
operacionais servação do meio ambiente, não é um trabalho fácil, uma vez que tal ideal depende de iniciativas
exeqüíveis, levando conjuntas entre instituições privadas e poder público. Essas iniciativas só serão viáveis se nortea-
em conta a das por um planejamento da atividade, desenvolvido não só pelo trade turístico e pelos órgão
diversidade ambiental públicos ligados ao turismo, mas que envolva também as comunidades locais.
e étnico-cultural do O potencial turístico do Estado de Santa Catarina se explica pela diversidade cultural e
Estado. de ecossistema presentes nas diferentes regiões de seu território. Em contrapartida, fica claro,
diante do desafio global da atividade turística, que o Estado necessita de medidas que bus-
quem o amplo desenvolvimento do turismo, buscando não apenas o crescimento econômico,
mas que tenham como objetivo principal a preservação dessas belezas naturais e a qualidade
de vida da população.

40
Premissas

Sendo o desenvolvimento sustentável aquele que satisfaz as necessidades presentes sem


comprometer a possibilidade de satisfação das gerações futuras, a sua incorporação pela atividade
turística exige que se leve em conta os danos ecológicos, a interferência na cultura local e as
necessidades econômicas de longo prazo.
As premissas para o desenvolvimento sustentável do turismo têm as seguintes dimensões:
sustentabilidade social, na qual o turismo deve buscar a criação de empregos que permitam uma
renda adequada para a satisfação das necessidades básicas; sustentabilidade econômica, com in-
vestimentos públicos e privados em manejo eficiente de recursos e criatividade, com a participa-
ção das empresas nos custos ambientais; sustentabilidade ecológica, que leva o turismo a se desenvol-
ver em harmonia com o meio ambiente, respeitando os ciclos ecológicos dos ecossistemas; sustentabi-
lidade espacial, com melhor distribuição territorial do desenvolvimento do turismo, evitando a sazona-
lidade e as concentrações em determinadas regiões; sustentabilidade cultural, conduzindo o turismo a
buscar no seu planejamento soluções para cada local e cultura em particular.
Para que isso ocorra é primordial o planejamento holístico e a criação de estratégias visan-
do preservar processos ecológicos essenciais, proteger o patrimônio humano e a biodiversidade,
buscar um tipo de crescimento que permita a produtividade sustentável a médio e longo prazos
para as gerações futuras.
O Turismo é o segmento que apresenta os melhores índices de emprego e trabalho, com
as maiores possibilidades de distribuição de renda, a possibilidade de desenvolvimento e cresci-
mento econômico das regiões mais pobres e, se bem planejado, é aquele que melhor cuida do
meio ambiente.
Planejamento turístico não se refere, especificamente, à divulgação e ao crescimento do
setor. Deve ser integrado a processos participativos mais amplos, a fim de promover determinadas
metas de melhorias.
Desenvolvimento do turismo deve ser parte das estratégias de planejamento sustentável de
uma região, estado ou nação. Esse planejamento, para que consiga os maiores benefícios possíveis,
deve envolver a população local, o governo e o trade turístico.

Obstáculos

A dificuldade de materialização de parcerias, visando ações conjuntas entre o setor público


e a iniciativa privada, tem sido o maior obstáculo ao desenvolvimento turístico em Santa Catarina.
Os interesses econômicos de curto prazo, sobrepostos à conservação ambiental e ao desen-

41
volvimento sóciocultural local, são outros obstáculo ao desenvolvimento sustentável, à rentabili-
dade de longo prazo e a um duradouro ciclo de vida dos produtos turísticos.
Outro obstáculo pode ser relacionado ao excesso de produtos turísticos disponíveis no
mercado global. A reprodução de modelos de destinações turísticas concorrentes aumenta o pro-
blema inerente ao próprio produto turístico, que é o fato de este ser facilmente substituível.
A falta de identidade e de desenvolvimento do produto turístico Santa Catarina, de forma
diferenciada, cria a característica do Estado ser ‘mais uma opção’ em termos de turismo dentro do
território nacional.
Soma-se à diversidade de destinos a serem visitados a questão climática, que causa gran-
de impacto no fluxo de turistas para Santa Catarina, prejudicando a atividade turística por
meio de sua própria sazonalidade, já que a grande demanda ocorre durante a temporada de
verão, consumindo o produto ‘sol e mar’, que encontra um alto grau de concorrência no turis-
mo em âmbito nacional.
A falta de integração entre poder público e iniciativa privada, em conjunto com o excesso
de oferta da indústria turística brasileira, dificulta a criação de roteiros turísticos integrados entre
cidades localizadas em um mesmo entorno, que seriam ideais para o desenvolvimento turístico
sustentado, uma vez que esse tipo de posicionamento no mercado possibilita a distribuição de
turistas por diversos atrativos, espalhados por municípios diferentes e próximos, amenizando o
impacto ambiental em uma só localidade e promovendo distribuição da renda.

Estratégia

Tratar o turismo como variável do desenvolvimento econômico, planejando o seu cresci-


mento de médio e longo prazos, em parceria entre o poder publico e a iniciativa privada, envol-
vendo a sociedade organizada local, qualificando o trabalhador e capacitando o empreendedor,
incentivando alternativas de superação da sazonalidade e usando a marca Santa Catarina.

Propostas

Sensibilizar a sociedade organizada para a vocação turística do Estado, divulgando inventá-


rio turístico e mapas de produtos turísticos.
Elaborar um plano estadual de desenvolvimento integrado de turismo sustentável, pautado
na realidade de cada região, com projetos operacionais exeqüíveis, levando em conta a diversida-
de ambiental e étnico-cultural do Estado.
Criar identidade regional – marca - para facilitar a divulgação e incentivar o turismo, tendo

42
como foco a história local.
Promover parcerias entre as instituições ligadas ao setor turístico, visando à educação con-
tinuada, capacitação e treinamento da mão-de-obra envolvida com o turismo.
Incentivar a iniciativa privada a investir em equipamentos e atrativos turísticos, disponibili-
zando crédito financeiro desburocratizado e com juros baixos para o turismo rural e ecoturismo.
Incentivar os municípios a um melhor gerenciamento de seu potencial turístico, estimulan-
do o turismo durante todo o ano.
Desenvolver na comunidade, por meio da educação ambiental, programas de sensibiliza-
ção para a manutenção da qualidade do meio local.

43
7 AGRICULTURA E PESCA

Desafios

A agricultura, segundo dados do Instituto Cepa, tem crescido em valores absolutos, mas está
perdendo posição relativa. Caiu de 18,5% do PIB, em 1985, para 12,8%, em 1997.
A pecuária catarinense cresceu 7,4% em 1999, principalmente devido à expansão da avicul-
tura, que apresentou um crescimento da ordem de 10%. Dentre os fatores que estimularam a
atividade estão as exportações, beneficiadas pela desvalorização cambial, ampliação do mercado
interno, melhor aproveitamento da capacidade ociosa e do aumento da produtividade. Já o cresci-
mento da suinocultura foi decorrente do amadurecimento dos investimentos realizados, à amplia-
Possibilitar a ção do rebanho e ao aumento da produtividade.
participação da
A bovinocultura está, progressivamente, perdendo espaço para as lavouras, embora a
sociedade na definição
atividade leiteira continue crescendo e seus atores tenham investido em um sistema produti-
das políticas agrícola e
vo mais eficiente.
de pesca, para
desenvolver a cadeia Em 1999, os grãos apresentaram um crescimento abaixo da expectativa, devido a proble-
produtiva, incentivando mas climáticos, e as frutas apresentaram um bom desempenho. A rizicultura e a produção de
a diversificação de banana têm destaque nacional pela crescente produtividade e qualidade resultantes dos investi-
produtos e uso de mentos tecnológicos realizados.
tecnologias Os dados acima demonstram o potencial da agricultura catarinense, baseada na agricultura
sustentáveis. familiar e diversificada. No entanto, eles não refletem a situação econômico-financeira individual
dos produtores rurais.
Forma-se, assim, o desafio de conciliar o bom desempenho global do setor com o aumento
da renda do produtor individualizado, reduzindo, principalmente, a falta de apoio ao desenvolvi-
mento da agricultura familiar.
Na pesca, o desafio é manter as atividades artesanais, que propiciam renda, ainda que mínima, às
famílias de aglomerados habitacionais isolados. Outro desafio é preservar o nível de disponibilidade do
pescado em mares costeiros, apoiando as atividades de mais larga escala em mar aberto.

44
Premissas

Desenvolver a agricultura familiar para enfrentar os desafios da sustentabilidade agrícola,


fazendo com que sirva de instrumento de inclusão social e redução das desigualdades sociais.
Preservar o modelo catarinense de agricultura familiar, com acesso ao desenvolvimento de
tecnologias e práticas de produção agrícola que aumentem a produtividade, evitem a degradação
ambiental e aumentem a diversidade biológica.
Estimular a reestruturação do sistema de planejamento, implementação e monitoramento
de programas e planos para a obtenção da ampliação da base genética das principais culturas.
Ampliar a diversidade genética disponível aos produtores, fortalecendo a capacidade de desenvol-
ver novas culturas e variedades que sejam adaptadas a ambientes locais. Explorar e promover o
uso de culturas sub-utilizadas e capazes de promover a expansão territorial da diversidade genéti-
ca e a redução da vulnerabilidade das culturas.
A agricultura catarinense deve ser baseada no fomento a práticas agrícolas sustentáveis,
como o policultivo - fusão da produção animal e vegetal, rotação de culturas, consorciação, práti-
cas de conservação e recuperação de solos, adubação verde, adubação orgânica, valorização dos
dejetos e resíduos do meio rural e sua transformação em energia e fertilizante, plantio direto sem
herbicidas, uso de biofertilizantes, manejo integrado e controle biológico de pragas.
A conservação e recuperação dos solos devem ser incorporadas à cultura do agricultor
catarinense de forma que a adoção de práticas de manejo do solo e de nutrição de plantas dêem
ênfase à reciclagem de resíduos para o aumento de biomassa, crescendo a atividade biológica, a
manutenção da água, da estrutura do solo, da retenção de nutrientes.
Promover a capacitação cientifica tecnológica e cultural das famílias rurais, com ênfase na
agricultura familiar.

Obstáculos

Pouco envolvimento dos produtores rurais no estabelecimento da política agrícola catari-


nense, deixando o setor sem linhas de créditos especiais para o plantio, investimentos em tecno-
logia e manejo sustentável.
Inexistência de estratégias para fortalecimento da competitividade da agricultura familiar.
Falta de mecanismos que proporcionem a agregação de valor à agricultura catarinense e à
produção orgânica e suas variações, como a agroecologia e a permacultura, dificultando a comer-
cialização dos produtos da agropecuária catarinense.
As difíceis condições de acesso do produtor rural ao tratamento da sua saúde e de seus

45
familiares, que têm impedido a melhoria da qualidade de vida no campo e dificultado o aumento
da produtividade do setor.
Inexistência de estratégia eficiente para ampliar a base genética das principais culturas e
para fortalecer a capacidade de desenvolver variedades adaptadas à região e reduzir a vulnerabili-
dade das culturas de modo geral.

Estratégia

Fazer com que o setor primário da economia do Estado - agricultura, pecuária, suinocultura,
avicultura, piscicultura, carcinicultura, apicultura, fruticultura, floricultura e as atividades extrativas do
carvão e das florestas –, setor por excelência desenvolvido a partir da propriedade minifundiária e do
trabalho familiar rural, cresça cada vez mais organizado em sistemas associativistas, cooperativistas e de
agrupamento da produção, implementando e fomentando a ciência, tecnologia e inovação disponíveis,
visando atender à demanda local e de exportação, com sustentabilidade ambiental.

Propostas

Integrar os mecanismos que agregam valor e otimizam a comercialização de produtos agro-


pecuários e do mar, incluindo a certificação de produtos agroecológicos, orgânicos, artesanais e
agroindustriais.
Tornar expressivo, no meio rural, o acesso à formação profissional formal e informal, ao conheci-
mento ecológico, à sustentabilidade agrícola, à educação ambiental e à capacitação gerencial.
Possibilitar a participação da sociedade na definição das políticas agrícola e de pesca, para desen-
volver a cadeia produtiva, incentivando a diversificação de produtos e uso de tecnologias sustentáveis.
Fomentar a formação, implantação e divulgação de agroindústrias associativas nas micror-
regiões por aptidão produtiva, criando, inclusive, equipes nos municípios que assessorem desde o
estudo de mercado até a comercialização.
Fomentar o desenvolvimento da oceanografia pesqueira e da tecnologia de pesca, da bio-
tecnologia marinha e das tecnologias de base biológica, ampliando o mercado para os produtos
catarinenses e a oferta de empregos.
Fomentar a melhoria do manejo e gestão das atividades agropecuárias, com a valorização
dos dejetos e sua transformação em energia e fertilizantes, agregando valor à propriedade rural
com a recuperação e a preservação ambiental.

46
8 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Desafios

Para se ter a dimensão dos desafios em Ciência, Tecnologia e Inovação, é preciso com-
preender o significado destes termos. Etimologicamente, ciência significa sabedoria, conheci-
mento. Com os extraordinários avanços científicos, é necessário refletir sobre uma nova com-
preensão da ciência, mudando a maneira fragmentada de analisar o universo, a natureza, os
recursos naturais, o ser humano e a sociedade, para um modelo sistêmico, onde os sistemas
biológico, físico-químico e social-humano interajam entre si de forma relacional, sendo intra-
inter-dependentes.
Incentivar a pesquisa
A tecnologia é conceituada como o conjunto ordenado de todos os conhecimentos cientí-
e desenvolvimento da
ficos, empíricos, intuitivos e gerenciais requeridos para desenhar, produzir, distribuir, comerci-
química fina -
alizar e utilizar bens e serviços. Inclui tanto conhecimentos teóricos como práticos, meios físicos,
matéria-prima para as
indústrias
know-how, métodos e procedimentos produtivos, gerenciais e organizacionais.
farmacêutica e de Da inovação tecnológica pode-se dizer que envolve aspectos de criação e concepção
defensivos agrícolas - de idéias, buscando sua interação social, estimulando e objetivando o conceito de valor por
praticamente meio da agregação, de modo a gerar um incremento e um diferencial competitivo para o
inexistente no país. seu ambiente.
Os desafios para se construir e desenvolver Ciência, Tecnologia e Inovação baseada na sus-
tentabilidade multidimensional e capaz de gerar benefícios relevantes para a sociedade, são:
- construir uma Ciência,Tecnologia e Inovação que considere, conjuntamente, as dimensões
de sustentabilidade, com base nas potencialidades regionais, protegendo o meio ambiente, melho-
rando a qualidade de vida das pessoas de todas as classes e garantindo o bem-estar da sociedade.
- substituir o sistema de aprendizado tecnológico passivo ou mimético por um siste-
ma ativo - dialógico, ref lexivo, em rede -, de modo a estabelecer um sistema de inovação
tecnológica.
Promover uma estratégia competitiva para o desenvolvimento regional sustentável, com

47
melhoria da produtividade e das condições econômicas, sociais e ambientais de todos os atores
envolvidos nas várias cadeias produtivas.
Aprimorar e fortalecer os mecanismos de transferência de tecnologia da academia para o
setor produtivo, assim como estabelecer processos de interação criativa entre empresários, pes-
quisadores, educadores e educandos.
Estimular o desenvolvimento de uma ciência-cidadã, que busque diminuir as desigualda-
des sociais e amplie a inclusão social das pessoas desfavorecidas da sociedade.
Promover a interação da Ciência, Tecnologia e Inovação com a sociedade, não consideran-
do-as como independentes e isoladas.
Assumirem - empresários, cientistas, pesquisadores, educadores, técnicos, governantes, polí-
ticos, formadores de opinião e tomadores de decisão - a co-responsabilidade e o comprometimen-
to socioambiental com a Ciência, Tecnologia e Inovação.

Premissas

Sustentabilidade multidimensional do desenvolvimento e da sociedade, considerando as-


pectos sociais, ecológicos, econômicos, espaciais, culturais, políticos e institucionais.
Concepção sistêmica - não-fragmentada - e dinâmica do meio ambiente, entendido como
sendo o conjunto das intra-inter-relações entre os sistemas físico-químico, biológico e social-hu-
mano, ou seja, a interação ser humano/sociedade/natureza.
Solidariedade com as gerações presentes – sincrônica - e futuras - diacrônica.
Co-responsabilidade e comprometimento socioambiental com a Ciência, Tecnologia e Ino-
vação da parte de empresários, cientistas, pesquisadores, técnicos, educadores e governantes, vol-
tados para o bem comum humano e da natureza.
Ética multidimensional, comprometida com o direito à vida, direitos humanos, democracia,
liberdade, fraternidade, solidariedade, justiça e paz.
Compreensão da não-neutralidade axiológica da Ciência, Tecnologia e Inovação, entenden-
do-as como não isentas de valor.
Educação como base do desenvolvimento.

Obstáculos

O principal obstáculo a ser vencido para se alcançar a sustentabilidade está focado na de-
sarticulação dos setores de Ciência,Tecnologia e Inovação em relação ao compromisso de assegu-
rar a manutenção de um estilo de desenvolvimento e de sociedade sustentáveis.

48
Desvinculação entre a cultura tecnológica e a cultura humanística, com amplo predomínio
da primeira e marginalização desta última.
Forte ênfase na disciplinariedade - fragmentação dos saberes - e fraca capacitação, mobiliza-
ção e planejamento de atividades voltadas para a multi, inter e transdisciplinaridade - religação e
complementação dos saberes.
Manutenção e reprodução de sistema de aprendizado tecnológico passivo ou mimético.
Fraco entrosamento e comunicação entre as instituições de pesquisa e o setor produtivo.
Predomínio de um sistema de competitividade baseado em baixos salários e na degrada-
ção ambiental.
Descomprometimento das empresas, órgãos, instituições, produtores e consumidores gera-
dores de resíduos com relação à proteção ambiental.

Estratégia

Promover, estimular e difundir a Ciência, Tecnologia e Informação, através de qualifica-


ção das pessoas, em todos os níveis, de modo a garantir o fomento à pesquisa e ao desenvolvi-
mento regional, envolvendo a sociedade organizada, levando em consideração as dimensões
de sustentabilidade.

Propostas

Estabelecer uma política estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação que contemple a sus-
tentabilidade multidimensional e a inclusão social, através de:
- incentivo à responsabilidade socioambiental por parte de pesquisadores, cientistas, técni-
cos, empresas públicas e privadas e comunidade local, buscando o bem comum humano e da
natureza, pautados na ética
- estratégias que estimulem organismos públicos e privados a investirem em pesquisas para
o desenvolvimento de novos produtos ambientalmente corretos
- transformações institucionais, superando os desafios, integrando a pesquisa aos sistemas
produtivos e ao cotidiano da sociedade catarinense através de redes de difusão
- inclusão nos currículos do ensino fundamental, médio, de graduação e pós-graduação de
temas sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade
Estimular os arranjos institucionais para promoção dos sistemas locais de inovação,
como incubadoras de empresas, centros de inovação, parques tecnológicos e pólos de desen-
volvimento regional, buscando a sinergia dos agentes na superação dos gargalos tecnológicos

49
das cadeias produtivas.
Estimular pesquisas focadas na superação de doenças endêmicas, no manejo sustentável da
biodiversidade e sua preservação, nas questões de biotecnologia e recursos genéticos e na viabili-
dade técnica e econômica de fontes alternativas de energia, eólica, solar e biomassa.
Otimizar a cooperação internacional, facilitando o acesso dos pesquisadores aos principais
centros de excelência.
Incentivar a pesquisa e desenvolvimento da química fina - matéria-prima para as indústrias
farmacêutica e de defensivos agrícolas - praticamente inexistente no país.
Fomentar o desenvolvimento tecnológico e pesquisa em aqüicultura.
Incentivar e desenvolver tecnologias voltadas à produção agro-ecológica e orgânica.

50
9 BIOTECNOLOGIA

Desafios

O cenário de fusões de empresas transnacionais envolvidas com transgênicos, está transfor-


mando o negócio agrícola, que era relativamente livre e desorganizado, em um oligopólio, onde o
agricultor poderá perder sua última liberdade - o controle sobre as sementes - ficando dependente
de todos os insumos agrícolas.
Isto acarretará uma maior dependência dos agricultores, especialmente dos pequenos pro-
dutores, ao sistema internacional de commodities. A dependência dos agricultores para com estes
cultivares inclui, em casos como milho, algodão e soja Roudup Ready, o uso de herbicida com
Exigir dos órgãos
formulação específica, geralmente vendido pelo proprietário da semente.
públicos a fiscalização
O desafio ao estado de Santa Catarina, diante de tais circunstâncias, é aumentar os investi-
das atividades na área
biotecnológica,
mentos em educação e em ciência e tecnologia, para não se tornar cativo de outros estados brasi-
assegurando que os leiros e de países do primeiro mundo.
produtos gerados levem Os produtos transgênicos englobam microrganismos, animais e plantas. Devido às peculia-
em consideração a ridades e aos diferentes usos e tecnologias de produção, eles se encontram em distintas situações.
saúde, o meio ambiente Outros microrganismos mais eficientes na fermentação alcoólica, na produção de queijos
e a qualidade de vida, ou mesmo para degradar poluentes já foram desenvolvidos e estão sendo utilizados em outros
com a criação de um países. Vacinas estão sendo produzidas por microrganismos transgênicos
programa estadual para A transgenia em animais domésticos está ainda incipiente. Contudo, em países como a Aus-
o desenvolvimento e trália, já há rebanhos de animais transgênicos de cujo leite é excretado um ou mais produtos de
difusão da importância farmacológica (hormônios e proteínas). Com a purificação destes produtos do leite,
biotecnologia.
espera-se riscos reduzidos para a espécie humana e mesmo ao ambiente.
Já os animais transformados com genes humanos destinados à produção de órgãos para
xenotransplantes, como é o caso de suínos, estão sendo alvo de inúmeras discussões, não só do
ponto de vista ético, mas também biológico.
Neste campo específico, o desafio ainda é o de acompanhar esse desenvolvimento e, tam-

51
bém, investir em pesquisa para tornar-se capaz de absorver o progresso alcançado e proteger sua
população de eventuais efeitos colaterais.

Premissas

A natureza interdisciplinar da biotecnologia é o resultado direto das inter-relações existen-


tes entre uma grande variedade de fenômenos relacionados às áreas de microbiologia, engenharia
química, bioquímica, química e biologia molecular.
O cultivo de plantas transgênicas e o consumo humano e animal dos produtos derivados
destas plantas é um evento recente, revestindo-se de interesse, impactos e conflitos múltiplos,
constituindo-se num dos temas que predominam nas discussões científicas, éticas, sociais, econô-
micas e políticas neste início de século XXI.
A humanidade contemporânea cultiva ou colhe para o consumo apenas cerca de 7 mil
plantas, de um total de cerca de 30 mil plantas comestíveis conhecidas. Mais da metade do aporte
de energia alimentar do mundo vem exclusivamente de três cereais: trigo, arroz e milho.
A perda da diversidade genética ameaça a segurança alimentar da humanidade, submetida
aos riscos de novas pragas agrícolas, capazes de abalar amplos sistemas de colheita, antes de se
descobrirem os remédios. O impacto social no Terceiro Mundo pode ser ainda mais devastador, se
considerarmos a possibilidade de transposição espacial das unidades produtivas de produtos tro-
picais de grande aceitação nos mercados industrializados.
Diante de tal cenário, diversas questões emergem no debate sobre uma política de Ciência
e Tecnologia comprometida com a sustentabilidade agrícola.
A primeira, refere-se à capacidade do poder público de regulamentar o uso das sementes
geneticamente modificadas, legitimadas pelo mercado global. A segunda questão é a ausência de
qualquer posição definida pela comunidade científica e tecnológica a respeito da introdução das
sementes geneticamente modificadas, num quadro em que é urgente que a sociedade venha a ser
informada sobre os riscos potenciais da incorporação de semente transgênica na agricultura, nos
ecossistemas e na saúde dos consumidores.
As premissas, assim propostas, materializam-se na abordagem e no aprofundamento de al-
guns aspectos mais relevantes sobre o tema, envolvendo a questão da segurança alimentar dos
produtos transgênicos utilizados como alimentos, os aspectos econômicos e sociais, possíveis
conflitos e a necessidade do aperfeiçoamento do arcabouço legal.
Desta forma, a premissa básica é a adoção do princípio da precaução, que se constitui
numa alternativa de proteção à vida.

52
Obstáculos

Embora as biotecnologias tenham avançado enormemente nos últimos anos, ainda não po-
demos afirmar que dominamos completamente estas tecnologias.
Mesmo os melhores testes e controles que hoje estão disponíveis não podem detectar todas
as possíveis inconveniências, pois ainda não se sabe como fazer todas as perguntas necessárias
para desenvolver os testes e controles.
A principal ameaça à espécie humana decorre de possíveis efeitos provocados pelo consu-
mo de alimentos oriundos de plantas transgênicas. Já para o ambiente, um conjunto de efeitos
pode alterar em diferentes graus um ecossistema. A expectativa da maioria dos cientistas é a de
que a maioria dos produtos transgênicos não cause mal à saúde humana e cause um impacto
reduzido no ambiente. Contudo, alguns poderão ser prejudiciais, como foi o caso das plantas que
receberam um gene da castanha do Pará, o que provocou um aumento da alergenicidade. Portanto,
o impacto de um transgene no ambiente e na saúde humana deve ser criteriosamente avaliado, via
análise de risco, antes do cultivo e consumo em massa. Como risco é tecnicamente a probabilida-
de de um evento danoso multiplicado pelo dano causado, se o dano é grande, mesmo uma baixa
probabilidade pode significar um risco inaceitável.
A ameaça à diversidade biológica decorre da liberação de Organismo Geneticamente Modi-
ficado (OGM) devido às propriedades do transgene ou de sua transferência e expressão em outras
espécies. A adição de um novo genótipo num ecossistema pode proporcionar vários efeitos inde-
sejáveis, como causar danos a espécies não-alvo - como o deslocamento ou eliminação de espécies
não domesticadas -, contaminar o solo ou os mananciais de água - com toxinas -, disseminar genes
para outros organismos - gerando superpragas ou plantas daninhas e poluição genética - e afetar a
reciclagem de nutrientes e energia.

Estratégia

Fazer da biotecnologia o caminho científico capaz de moldar as expectativas humanas de


duração da vida e de solução para as questões ligadas à saúde, ao meio ambiente e à carência
alimentar, tanto para as atuais como para as futuras gerações, tomando precauções para proteger
os ecossistemas e as pessoas de efeitos colaterais indesejáveis, levando em consideração a susten-
tabilidade da biosfera.

53
Propostas

Conduzir a engenharia genética, visando a transformação de plantas, animais e microrganis-


mos, isolando genes de interesse para a saúde humana, agricultura e indústria.
Desenvolver uma agropecuária mais saudável através de: a) seleção de plantas mais eficientes na
absorção de nutrientes, na defesa contra patogenos e pragas e com melhor qualidade nutricional; b)
vacinas e defensivos naturais para o controle de endo e ectoparasitas nos animais domésticos, bem
como outros insumos que aumentem a sustentabilidade do sistema produtivo; c) criação de bioinsetici-
das e outros produtos naturais para o controle de pragas e doenças das plantas.
Estimular pesquisas, visando o desenvolvimento de produtos industriais a partir de plantas, utili-
zando seus compostos secundários para o desenvolvimento das indústrias bio e petroquímicas.
Promover pesquisas com microorganismos geneticamente modificados, visando usá-los na
produção de proteínas, hormônios de crescimento, interferons, vacinas, na fermentação láctea e
na degradação de poluentes.
Exigir dos órgãos públicos a fiscalização das atividades na área biotecnológica, assegurando
que os produtos gerados levem em consideração a saúde, o meio ambiente e a qualidade de vida,
com a criação de um programa estadual para o desenvolvimento e difusão da biotecnologia.
Incentivar, nas instituições de pesquisa e ensino, a criação de bancos de germoplasma, vi-
sando a conservação da biodiversidade, evitando a erosão genética.

54
SEÇÃO

B Sustentabilidade Social e Político-Institucional


55
1 INCLUSÃO E REDUÇÃO DAS
DESIGUALDADES SOCIAIS

Desafios

O principal desafio a ser vencido para a promoção da inclusão social é a construção de uma
sociedade mais igualitária, com uma repartição democrática dos benefícios e prejuízos das ativi-
dades socioeconômicas.
Os últimos dois séculos produziram mais ciência, tecnologia e inovações do que em
toda a história da humanidade. Isso, de fato, melhorou a qualidade de vida das pessoas, contu-
do, esse benefício atingiu somente uma pequena parte da população e elevou muito a concen-
tração de renda.
Identificar e
Nesta perspectiva, o desafio é o de desenhar uma nova configuração de sustentabilidade
cadastrar pessoas e
como interface entre as políticas econômicas e sociais, atendendo a determinação da Constitui-
comunidades
carentes para
ção Federal de 1988, que introduziu uma nova forma de gestão a partir da descentralização técni-
integrá-las ao meio co-política, administrativa e financeira.
social da cidade. Mais ainda, procurar, com uma mudança de perspectiva, a superação do atual modelo redu-
cionista, incluindo a precaução, a participação social e a cooperação, elaborando um novo modelo
decisório, um novo modelo de sociedade.
Implementar este marco como princípio básico da afirmação de instâncias deliberativas de
co-gestão e participação de todos os setores da sociedade na formulação, implementação e con-
trole social das políticas públicas, pode vir a ser um poderoso instrumento para a redução das
desigualdades sociais.
Face ao grande volume de demandas sociais, às crises fiscal e econômica, além da política
do estado mínimo, o Estado, nas condições atuais, já não responde adequadamente à sociedade.
Portanto, a participação social, ou seja, a ampliação da interlocução do poder público com a soci-
edade, em suas várias formas de organização, pode sinalizar uma nova forma de busca de soluções
para as questões socioeconômicas e ambientais.
A inclusão, para a redução das desigualdades sociais, tem como último desafio a integração

56
de políticas, rompendo com as práticas comuns de soluções pontuais, ou programas periódicos,
passando a ser colocada como parâmetro determinante de programas, projetos e ações da socie-
dade organizada como um todo, isto é, como objetivo de governos, da iniciativa privada e do
terceiro setor, visando resolver os problemas políticos, sociais, ambientais e econômicos, com
vistas à elevação efetiva da qualidade de vida da população em geral.

Premissas

A sociedade brasileira, ao longo de seu processo histórico, caracterizou-se pela passagem da


economia agroexportadora colonial para uma nova ordem econômica industrial tardia, incorpo-
rando alguns segmentos da sociedade à cidadania, mas reafirmando as desigualdades sociais.
O desenvolvimento industrial resultou em mudanças não muito significativas na configuração da
pirâmide social, aumentando as discrepâncias regionais. A premissa da desigualdade social brasileira
pode ser construída conjugando-se a herança histórica com novos paradigmas do desenvolvimento.
Os preconceitos e a desqualificação social, expressas nas relações interétnicas, de gênero
ou classe social, que atingem negros, índios, mulheres, trabalhadores rurais, pescadores, sem teto,
sem terra, populações de rua, crianças e adolescentes em situação de risco, portadores de neces-
sidades especiais, homossexuais e imigrantes, são fruto de classificações politicamente produzi-
das e socialmente excludentes.
A solução do estado de pobreza não deve ser buscada pelo atendimento às necessidades
individuais, mas pelo crescente apoio a iniciativas coletivas de organização. Por esse caminho,
espera-se o resgate das condições materiais e a criação de mecanismos de participação, com o
desenvolvimento do saber profissional, da mobilização e da organização social.
Na atual conjuntura nacional e internacional, não basta a criação de estratégias de geração
de renda, sem que se dê, através de programas bem estruturados, administrativa e financeiramen-
te, as condições para o sucesso do empreendimento, num mercado cada vez mais competitivo e
marcado pelas exigências de qualidade ambiental dos produtos elaborados.
A sociedade mundial está se defrontando com o fenômeno do desemprego estrutural. A
indústria e o setor público estão criando cada vez menor número de empregos estáveis e o siste-
ma produtivo não tem oferecido à força de trabalho oportunidades suficientes de inserção em
atividades permanentes.
A forte competição econômica internacional, aliada à especulação financeira, delineada a
partir da década de 80, incorporou ao crescimento novas tecnologias de produção, novas formas
de gestão e organização do trabalho, adequadas a um mercado globalizado. A reestruturação tec-
nológica e organizacional em andamento nos setores produtivos e de serviços elimina postos de

57
trabalho, reduzindo custos e maximizando lucros, ao mesmo tempo em que requer trabalhadores
multifuncionais com maior grau de qualificação.
No estado de Santa Catarina, onde grande parte da população economicamente ativa está
inserida no setor informal e um expressivo número de famílias vive em situação de vulnerabilida-
de social, é mister o desenvolvimento de ações locais que integrem os diferentes setores, do públi-
co ao terceiro setor, visando transformar esta realidade de exclusão, a partir do pressuposto do
desenvolvimento sustentável como instrumento de afirmação da cidadania.

Obstáculos

Limitação de políticas sociais de geração de renda, que priorizem e fortaleçam iniciativas


coletivas e venham a atender às demandas de natureza social e do mercado, com aproveitamento
e preservação dos recursos naturais.
Dificuldades culturais – cultura da centralização -, que impedem o crescimento e desenvol-
vimento da educação, inviabilizando a organização social e a participação nas decisões de cons-
trução de uma política de desenvolvimento sustentável.
Modelo centralizador de renda.
Indefinição de propostas e políticas públicas, a partir de áreas centrais que incluam ques-
tões relacionadas com o desenvolvimento humano, tais como: sustentabilidade regionalizada, ges-
tão dos recursos naturais e ambientais, planos diretores, constituição dos direitos do cidadão,
qualidade de vida.
Práticas assistencialistas, clientelísticas que favorecem grupos e interesses específicos.

Estratégia

Adotar políticas públicas - consensadas entre as partes interessadas - que tenham o claro
objetivo de aumentar o número de pessoas ocupadas na economia formal, informal e alternativa,
pela promoção da educação formal, não formal e informal, favorecendo iniciativas do empreende-
dor individual ou associado.

Propostas

Estabelecer parcerias para implementação de ações e programas de inclusão social e com-


bate à pobreza, gerando trabalho e renda, buscando a construção da cidadania e o desenvolvi-
mento social.

58
Desenvolver, a partir do conhecimento da realidade local, políticas públicas de geração de
renda que priorizem e fortaleçam iniciativas coletivas e individuais e venham atender às deman-
das de natureza social e do mercado, com aproveitamento dos recursos naturais de forma susten-
tável, estimulando a criação de cooperativas setoriais.
Identificar e cadastrar pessoas e comunidades carentes para integrá-las ao meio social da cidade.
Exigir do setor público a inclusão social, via políticas públicas de saneamento básico - abasteci-
mento de água, coleta e tratamento de esgoto, lixo e drenagem urbana - e de habitação popular.
Facilitar o acesso aos serviços básicos de saúde, educação e habitação, para atender as reais
necessidades locais.
Fazer com que o planejamento urbano contemple o desenvolvimento de projetos, criando
espaços públicos para cultura, lazer e esporte nos bairros e periferias.

59
2 DEMOGRAFIA E CIDADES

Desafios

Pensar a sustentabilidade como processo é um desafio que exige a presença e a aplicação de


critérios, onde se reconheçam valores, atitudes, institucionalidades, instrumentos e ações sustentáveis.
Proceder ao fortalecimento de paradigmas da sustentabilidade e sua pertinência para lidar
com a especificidade da cidade. Fazer crescer a necessidade de selecionar critérios, estratégias e
indicadores para ancorar a formulação, monitorar a implementação e avaliar os resultados das
políticas urbanas em bases sustentáveis. A discussão sobre quais estratégias devem ser considera-
das prioritárias não pode deixar de remeter aos objetivos macro do desenvolvimento sustentável
Fazer com que as
em qualquer das escalas consideradas - nacional, estadual ou local.
cidades promovam o
As dimensões em que se dá o processo de construção social do desenvolvimento sustentá-
desenvolvimento
descentralizado, de
vel aparecem ora isoladas ora de forma combinada nas várias dinâmicas.
forma homogênea, O desafio completa-se ao se introduzir a sustentabilidade ecológica para implementação.
aproximando o local Base física do processo de crescimento, ela tem como objetivos a conservação e o uso racional do
de moradia das estoque de recursos naturais, incorporados às atividades produtivas.
pessoas dos serviços A sustentabilidade ambiental, que é relacionada à capacidade de suporte dos ecossistemas,
e das oportunidades com sua possibilidade de absorver ou se recuperar das agressões derivadas da ação humana - ação
de trabalho, antrópica -, implicando um equilíbrio entre as taxas de emissão e/ou produção de resíduos e as
objetivando superar as taxas de absorção e/ou regeneração da base natural de recursos.
diferenças bairro/ A sustentabilidade demográfica, que revela os limites da capacidade de suporte de determi-
centro e rural/urbana.
nado território e de sua base de recursos, implica em cotejar os cenários ou tendências de cresci-
mento econômico com as taxas demográficas, sua composição etária e os contingentes de popu-
lação economicamente ativa esperados.
A sustentabilidade institucional, traduzida pela necessidade de criar e fortalecer enge-
nharias institucionais e/ou instituições cujo desenho e aparato já levem em conta critérios de
sustentabilidade.

60
A sustentabilidade ecológica e ambiental é desafiada pelos limites de consumo, e isto está
diretamente condicionado ao quantitativo e à dinâmica demográfica, ao mesmo tempo em que se
relaciona ao modo de vida urbano, em suas qualidades e quantidades, cuja cultura de consumo
glamuriza valores não compatíveis com a capacidade de fornecimento da natureza.
A sustentabilidade demográfica apresenta um desafio de origem que requer pensar a ques-
tão sob diversas óticas, inclusive a ética religiosa.
Por fim, o desafio da sustentabilidade institucional remete ao papel do Estado e demais
instituições associadas, no tocante a pensar e buscar soluções de base e operacionais para os
problemas presentes na sociedade.

Premissas

A primeira premissa é crescer sem destruir. O desenvolvimento sustentável implica no cres-


cimento de emprego, produtividade, nível de renda, capital - produtivo, humano e social -, informa-
ção, conhecimento e educação, bem como na diminuição da contaminação, desperdício e pobre-
za, estabelecendo o postulado da indissociabilidade entre a problemática social e a problemática
ambiental urbana.
A segunda premissa trata de incentivar a inovação e a disseminação das boas práticas, tor-
nando concreta a utopia das cidades sustentáveis, deixando em segundo plano as estratégias miti-
gadoras. Equilibrar a inovação com a valorização das práticas urbanas que apresentem componen-
tes de sustentabilidade.
O fortalecimento da democracia é a terceira premissa. Sem democracia não há sustentabi-
lidade. O fortalecimento de todos os meios democráticos, principalmente aqueles afetos à ges-
tão urbana. Essa recomendação tem duplo efeito: o de desenvolver a cidadania ativa e o de
aperfeiçoar instituições.
A gestão integrada e participativa. Essa premissa depende radicalmente da reestruturação
significativa dos sistemas de gestão, de modo a permitir o planejamento intersetorial e a imple-
mentação de programas conjuntos. A gestão participativa, além de propiciar o aporte de recursos
técnicos, institucionais e financeiros dos demais setores - mercado, setor público não-governa-
mental e comunitário -, amplia a responsabilidade ecológica da sociedade.
A afirmação da eficácia da ação local para promover desenvolvimento, preservar os recur-
sos naturais e a manutenção da qualidade de vida das comunidades urbanas. Essa afirmação passa
pelo princípio da autonomia e da descentralização das instâncias decisórias e dos serviços, forta-
lecendo a localidade e a gestão comunitária.
Outra premissa da demografia e das cidades refere-se à necessidade de mudança de enfoque

61
nas políticas de desenvolvimento e de conservação do ambiente urbano, sobretudo no que con-
cerne aos assentamentos informais ou irregulares e às atividades industriais. Essa mudança deve
ser operada com a substituição paulatina dos instrumentos punitivos pelos instrumentos de in-
centivo, sempre que for cabível.
A última premissa trata da informação para a tomada de decisão, onde o conhecimento e a
informação são chaves para aumentar a consciência da população sobre as questões relativas à
demografia e cidades.

Obstáculos

O comportamento demográfico do estado de Santa Catarina continua revelando taxas aci-


ma dos padrões das áreas desenvolvidas, contribuindo para promover desacertos verticais e hori-
zontais nos processos sociais que se dão no espaço, incluindo a acentuação da problemática urba-
na – falta de infra-estrutura básica, drenagem e saneamento ambiental, resíduos sólidos, falta de
emprego e renda, transporte e trânsito, carência acentuada nas áreas de saúde e habitação e ges-
tão urbana.
A sustentabilidade das cidades é também dificultada pela migração de trabalhadores/agri-
cultores rurais, criando em suas periferias verdadeiros bairros ilegais cuja população é apenas
desruralizada e não propriamente urbanizada, isto é, não desfrutando de todos os direitos da
cidadania. A competição pela criação de empregos industriais tem levado prefeituras a renuncia-
rem à cobrança de impostos, agravando seu desequilíbrio orçamentário e impedindo-as de reali-
zar expansões de infra-estrutura e custeio de serviços essenciais, no campo da saúde, do sanea-
mento e da educação.
As cidades pequenas têm sofrido perda de população por migração em virtude de seu atra-
so comparativo, de carências da rede de ensino, dos escassos serviços de saúde oferecidos, do
pouco apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar e da inexistência de empregos rurais não-
agrícolas.

Estratégia

Propiciar informações sobre a situação social, econômica, cultural e ambiental à sociedade


organizada do estado de Santa Catarina, admitindo que a cidade é o lugar de convergência natural
dos grupos humanos, no qual deve ser exercitada a condição plena de democracia, de igualdade
relativa e de liberdade com responsabilidade, regulado o uso e a ocupação do solo, promovendo o
ordenamento do território.

62
Propostas

Utilizar novas figuras jurídicas, tais como a urbanização consorciada e as modalidades de


transferência do potencial construtivo, visando à disponibilização de terra urbana para habitações
de interesse social.
Promover a regularização fundiária de áreas e assentamentos informais e de loteamentos
irregulares, assegurando a função social da propriedade, as condições de sustentabilidade social,
econômica e ambiental da habitação e o direito de acesso à moradia adequada para todos.
Promover a descentralização das políticas públicas ambientais e urbanas conduzidas no
Estado, acompanhando a delegação de funções da necessária transferência de recursos, conside-
rando que compete ao município a gestão democrática da cidade sustentável.
Estabelecer base de dados, de intercâmbio e de acesso a informações sobre todos os muni-
cípios do Estado, com geo-processamento nos níveis estadual e municipal para a produção de
mapas e cadastros fundiários e ambientais municipais e microrregionais.
Fazer com que as cidades promovam o desenvolvimento descentralizado, de forma homo-
gênea, aproximando o local de moradia das pessoas dos serviços e das oportunidades de trabalho,
objetivando superar as diferenças bairro/centro e rural/urbana.
Fazer com que as cidades garantam a mobilidade das pessoas e dos produtos, de forma
segura e humanizada, priorizando o pedestre e o transporte coletivo com qualidade, garantindo as
condições estruturais dos espaços e dos instrumentos e equipamentos urbanos.
Garantir, no plano diretor, espaços públicos e privados para a prática de atividades esporti-
vas e de lazer; buscando a melhoria da qualidade de vida.

63
3 SAÚDE

Desafios

O maior desafio da Saúde é a prática de seus preceitos fundamentais, definidos na legisla-


ção nacional e na Constituição do estado de Santa Catarina – artigo 153 e parágrafo único -, que
define a saúde como “direito de todos e dever do Estado”, garantida mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
O direito à saúde implica os seguintes princípios fundamentais: I - Trabalho digno, educa-
ção, alimentação, saneamento, moradia, transporte e lazer; II - Informação sobre o risco de doença
Efetivar um
e morte, bem como a promoção e recuperação da saúde.
planejamento
No que se refere ao atendimento da população, um dos desafios é a formação de centros de
integrado para a
melhoria da gestão e referência, especialmente no meio rural, com recursos técnicos e de pessoal que ofereçam resolu-
mudança de visão, tividade aos problemas de média e de alta complexidade para a população catarinense. Porém, o
focando-a na maior de todos os desafios ainda se refere à implementação de centros de assistência básica efici-
implementação de entes, ou seja, Postos de Saúde eficientes, para se romper com o problema da cultura médica atual.
centros de Tornar auto-sustentáveis os hospitais que atendam aproximadamente 85% da clientela pelo
assistência básica Sistema Único de Saúde, é outra questão de difícil solução.
eficientes – Postos de O estado de Santa Catarina, atualmente com uma população de 5.028.339 habitantes e uma
Saúde com serviços densidade demográfica de 51,95 hab/km_, tem necessidade de crescimento de sua estrutura física para
de qualidade. atender de forma pública e gratuita as pessoas que demandam proteção e cura de suas doenças.
A sua rede hospitalar, pública e privada, carece de equipamentos modernos especializados,
medicamentos e de pessoal mais bem treinado.
O sistema de descentralização, com as regionais de saúde, embora promissor, com suas
unidades de tratamento, tem o desafio de fazer crescer a quantidade de unidades hospitalares,
postos de atendimento, laboratórios, desenvolver programas preventivos, aumentar o número de
médicos especialistas, principalmente no interior, fazer crescer o número de leitos, manter a fun-

64
cionalidade dos serviços, destinando recursos financeiros compatíveis com as necessidades. Há
ainda, como um dos maiores desafios, o de se investir na construção de uma rede básica capaz de
mudar a visão das pessoas, migrando da idéia de assistencialismo para a da promoção da saúde.
Cabe refletir, também, sobre a formação de um número cada vez maior de médicos especialistas,
que acabam aprendendo que o paciente não é a soma das várias partes que o compõem.
Planejar e implementar programas de educação preventiva para a saúde e de atendimento
familiar, com médicos e enfermeiros qualificados, procurando desenvolver uma medicina pre-
ventiva em mais larga escala para diminuir a medicina curativa, além de manter a vigilância epi-
demiológica.
Nesse contexto, o paradigma de vigilância em saúde requer um modelo de atenção para o
SUS que se apóie nos princípios da universalidade, integralidade, eqüidade e descentralização das
ações de saúde, bem como o controle social.
Baseados nesses princípios, os serviços de saúde devem se organizar de forma a garantir o
acolhimento dos usuários e promover a vigilância em saúde, instituindo novas práticas de atenção
à saúde e readequação de seus processos de trabalho.
Em relação à vigilância laboratorial, apresentam-se como desafios: a reestruturação da rede
de laboratórios de saúde Pública, coordenada pelo LACEN, e a estruturação da Rede Estadual de
Laboratórios de Saúde Pública.

Premissas

O desenvolvimento do plano regional de investimentos terá que levar em consideração a


igualdade no atendimento da população desassistida em média e alta complexidade, visando ga-
rantir uma substancial melhoria da sua saúde. Há, também, que se repensar a possibilidade de
investir num novo modelo de gestão, que priorize os investimentos na promoção da saúde, ou
seja, na implementação de centros de assistência básica eficientes – Postos de Saúde com serviços
de qualidade.
Seguir os preceitos constitucionais que asseguram a toda a população do estado de Santa
Catarina o acesso aos serviços de saúde, visando à melhoria da sua qualidade de vida.
A saúde preventiva deve ser a base que pode promover alterações significativas no compor-
tamento do tratamento universal e igualitário.
A efetivação de uma Rede de Laboratórios deve ser estruturada no âmbito estadual, de for-
ma hierarquizada e regionalizada, atendendo à demanda de exames de média e de alta complexi-
dade, vinculados à biologia médica, bem como de produtos e meio ambiente (água de consumo
humano), possibilitando respostas efetivas às ações de vigilância em saúde.

65
Obstáculos

Os parcos recursos para atender de forma igualitária e para suprir de equipamentos e pes-
soal especializado e preparado para o atendimento geral da população, sempre foi, e continua
sendo, o principal obstáculo ao pleno atendimento da saúde dos catarinenses.
Baixos salários e pagamentos inadequados aos profissionais da saúde, relativamente às
consultas e procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde, dificuldades técnicas e fi-
nanceiras para qualificação de profissionais da saúde, dificuldades de aplicabilidade de princípi-
os de humanização.
Segundo dados da ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde, a população tem utilizado o
sistema para obter informações referentes aos serviços de Saúde, mas não tem capacidade de
analisar melhor os serviços por falta de estudos.
Num mundo cada vez mais globalizado, o acesso democrático e universal à informação é o
primeiro obstáculo a ser vencido pelo setor. Citamos também outros obstáculos, como: pessoas
não qualificadas nos hospitais de pequeno porte, falta de recursos financeiros, falta de recursos
materiais, falta de manutenção da rede de saúde, inexistência de política salarial, dificuldades
gerenciais, burocracia dos serviços e do atendimento humano nos hospitais e falta de programas
de saúde preventiva.
Ainda em relação à implementação do SUS, percebe-se que este tem se deparado com muitos
problemas e, devido a isso, muitas vezes se apresenta de forma fragmentada. Várias são as razões para
tais dificuldades. Em relação à rede LACEN, identificamos como obstáculos: o sucateamento da rede, a
não informatização da rede de laboratórios, a ausência de autonomia e a fragilidade das ações de contro-
le e avaliação do Sistema de Saúde, especificamente da rede de laboratórios LACEN.
Em síntese, dos vários obstáculos dois são considerados os maiores ao sucesso da saúde: a
falta de recursos financeiros e a falta de um planejamento adequado e sensato, em todos os níveis.
Acreditamos que o SUS é, de todos os sistemas de saúde no Brasil e no mundo, o mais audacioso e
próximo do ideal, quando garante o acesso universal e gratuito. Porém, carece de falta planeja-
mento e integração das ações para vir a ser um serviço de qualidade.

Estratégia

A melhoria no nível de saúde da população do estado de Santa Catarina só será alcançada


por programas e ações que visem a prevenção das doenças e das situações epidemiológicas em
geral, adotando o princípio de que o pré-natal e a alimentação da gestante, entre outras ações, dão
início ao processo de vida saudável do adulto, e de que a educação e a assistência direta à família

66
são as vias mais rápidas e seguras de obter resultados positivos neste setor.
Para responder ao modelo de atenção proposto pelo SUS deve-se enfrentar as atuais neces-
sidades da rede LACEN, quais sejam:
a) Em relação ao sucateamento da rede, deve-se traçar estratégias que visem a possibilidade
de construção, reforma e ampliação dos laboratórios; a aquisição de equipamentos; a contratação
de serviços de manutenção preventiva e corretiva; a implementação de um sistema de qualidade;
a contratação de recursos humanos qualificados; a implementação de um processo de educação
permanente; a implantação de um Plano de Cargos, Carreira e Salários; e a implantação de um
Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos nos Serviços de Saúde.
b) Quanto à não informatização da Rede, as estratégias são: implantação de um programa de
informatização; definição de áreas de investimentos e financiamentos; capacitação de pessoal; e
adequação de espaço físico.
c) Em relação à ausência de autonomia, as estratégias deveriam ser: sensibilização dos ges-
tores, visando a criação de um ambiente propício à discussão; discussão, elaboração e aprovação
de lei específica; criação de dotação orçamentária; estabelecimento de critérios de descentraliza-
ção orçamentária; estruturação do LACEN em relação ao modelo de gestão proposto; e capacita-
ção de pessoal.
Um das estratégias prioritárias é a efetivação de planejamento integrado, visando a melho-
ria da gestão e a mudança de visão voltada à implementação de centros de assistência básica
eficientes – Postos de Saúde -, com serviços de qualidade.

Propostas

Desenvolver os programas de pré-natal em melhores condições, treinando nos municípios


as pessoas envolvidas, e promover uma melhor articulação entre as instâncias que cuidam da
bolsa alimentação.
Dotar os hospitais públicos de equipamentos, principalmente na área de assistência ventila-
tória, salas cirúrgicas e diagnósticos por imagem.
Planejar e construir casa de apoio para pais e acompanhantes de crianças e adolescentes
hospitalizados e recuperar o ambiente da região de abrangência hospitalar, fazendo com que se-
jam construídos parques ecológicos e de diversões nas proximidades.
Planejar a política pública de saúde a partir de programas de vigilância epidemiológica e
sanitária, com pleno controle de doenças transmissíveis, protegendo os grupos vulneráveis, como
mulheres, crianças, idosos e pobres, e priorizando a saúde preventiva, atendimento familiar e saú-
de no trabalho.

67
Suprir a carência de especialistas em determinadas doenças, fato comum a várias regiões do
Estado, visando o atendimento à domicílio, além do tratamento em instituições de saúde ou outros
centros e implantar o transporte aéreo em caso de urgência.
Desenvolver a medicina natural alternativa, coordenada por universidades ou especialistas
da comunidade, usando plantas medicinais cultivadas pelas comunidades interessadas.
Fazer investimentos na área médica para atendimento neurológico, exames oftalmológicos
e de atendimento fonoaudiológico, dentário, psicólógico - itinerante e gratuito - para crianças e
adolescentes em idade escolar.
Desenvolver programas de educação com vistas à melhoria da higiene pessoal.
Estabelecer um diagnóstico (avaliação do atual modelo do Sistema de Saúde) sobre as reais
necessidades da rede LACEN e, a partir daí, criar e implementar um novo modelo de gestão inte-
grada para a prestação de serviços de qualidade à população catarinense.
Realizar estudos epidemiológicos e de demanda reprimida (diagnóstico da real situação da
saúde no estado), visando orientar o planejamento das ações.
Efetivar um planejamento integrado para a melhoria da gestão e mudança de visão, focan-
do-a na implementação de centros de assistência básica eficientes – Postos de Saúde com servi-
ços de qualidade.
Estimular a formação de médicos generalistas, em detrimento dos especialistas, otimizando
os recursos públicos.
Priorizar o atendimento à rede de assistência básica junto aos municípios.
Integrar as ações do meio acadêmico (universidades em geral, especialmente as públicas)
com a SES – Secretaria de Estado da Saúde, para efetivação de programas de capacitação e forma-
ção de profissionais para atendimento no setor de saúde pública.

68
4 EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO

Desafios

A educação e a qualificação não são apenas necessidades econômicas, mas constituem-se,


também, em direitos fundamentais e inalienáveis do ser humano. Este direito pode ser garantido pela
educação formal, em todos os níveis de ensino, e pela educação não formal e informal, com base nos
princípios éticos de liberdade, igualdade, diversidade, participação, tolerância e solidariedade.
Investir na educação das pessoas, tornando-as capazes de exprimir, afirmar e desenvolver o
seu potencial humano - feito de individualidade, construtividade, criatividade, sentido de respon-
sabilidade, de comunidade e de solidariedade – é o desafio permanente que perpassa o conjunto
Possibilitar, até o ano de
de significados sobre a realidade, capaz de permitir a responsabilidade de uns pelos outros.
2004, o acesso das
escolas às novas
Enquanto desafio, há que se pensar na idéia de construção da educação para um futuro sustentá-
tecnologias, inclusive sua vel com base em um novo modelo de planejamento transdisciplinar, a ser aplicado à área da educação
informatização, com formal e não formal, que levará em conta a capacidade de Ser, Conviver, Conhecer e Fazer.
multimídia e internet, Para isso, é necessário formar e capacitar professores, ter escolas em boas condições ambi-
inclusive com dotação entais para todos, criar uma didática de alta qualidade, ter materiais adequados para os alunos,
orçamentária para a sua construir uma abordagem contemporânea para a educação na visão de sustentabilidade, ter um
manutenção, porque currículo conectado aos desafios dos novos tempos, estabelecer uma conexão adequada entre
precisamos investir numa escola e vida e garantir um processo que assegure o acesso das pessoas.
escola pública de Com a crise do atual paradigma educacional, há que se aliar à educação para um futuro
qualidade, aumentando, sustentável a idéia de construção de uma cultura para a sustentabilidade. A problemática socioe-
dessa maneira, as vagas
conômica e ambiental e a falta de perspectiva dos jovens em relação à educação e ao futuro são
para toda a clientela
fatores concorrentes para a não solução dos problemas existenciais desta geração, criando um
existente.
cenário de desesperança, redundante em alienação e violência.
Reforça-se, neste contexto, o desafio da educação de adultos e da educação não formal, tão
importantes quanto a educação formal na promoção da compreensão e na conscientização sobre
a idéia de sustentabilidade.

69
O desafio da conquista do desenvolvimento sustentável neste século exige mudanças signi-
ficativas de valores, crenças e atitudes. Diante de nossa diversidade cultural, faz-se necessário
estabelecer o diálogo entre os saberes populares, os saberes tradicionais e os saberes científicos,
visando a mudança de cultura em direção ao desenvolvimento sustentável.
Aliado à idéia da educação para um futuro sustentável e da construção de uma cultura para
a sustentabilidade, o desporto, nesta dimensão, tem como desafio fazer com que seja visto como
uma ação de forte potencial social, econômico, político, educacional, ambiental, cultural, agrega-
dor e possibilitador da participação de todos, independente de cor, raça, política partidária, reli-
gião, sexo ou idade. Cada componente dos sistemas esportivos deve assumir suas responsabilida-
des e incorporar idéias, princípios e valores essenciais à melhoria da qualidade de vida e do pro-
cesso de desenvolvimento esportivo catarinense, na visão de sustentabilidade.
O universo que envolve o desporto, do aprender a pensar sistemicamente, a reelaborar fins
e objetivos, a redefinir conhecimentos, a interagir com outras áreas que tenham como objeto o
desenvolvimento humano, cria possibilidades de se ter metodologias efetivas que garantam o aten-
dimento das necessidades e aspirações da população catarinense.
A visão de sustentabilidade do desporto encontra amparo na necessidade de mudança do
enfoque tradicional do desporto de rendimento em direção ao de lazer esportivo e de recreação,
com a destinação de espaços públicos e privados para sua prática, visando a sua preservação.
Neste século, o desafio do Desenvolvimento Sustentável em relação à Cultura é valorizar as
manifestações culturais e facilitar o acesso das pessoas aos eventos culturais.

Premissas

A estruturação de um novo paradigma da sustentabilidade, que associe a idéia de se consti-


tuir a escola como um dos agentes de desenvolvimento sustentável, possibilitando o enfrentamen-
to pedagógico das novas implicações epistêmicas e metodológicas, que permitem a incorporação
da idéia de rede, de valorização das diferenças, de identificação do padrão que liga, de planejamen-
to de ações conjuntas e de formulação de estratégias qualificadas com as pessoas, passando, tam-
bém, pela idéia da construção da individualidade no Ser, Conviver, Conhecer e Fazer.
Isso será alcançado pela abertura da escola formal em direção à sociedade civil, abertura
em direção à produção de um novo conhecimento, abertura em direção à redefinição de valores
que regem a sua própria existência, abertura em direção à meta da universalidade e abertura em
direção ao espaço-tempo cibernético.
A idéia inovadora, ao trazer consigo a incerteza e o medo de romper com velhas estruturas,
requer a adoção dos princípios de distinguir, e não de separar ou disjuntar; de associar e interligar,

70
e não de reduzir ou isolar; de complexificar, e não de simplificar, pois estes são necessários para a
compreensão da educação para um futuro sustentável, da cultura para a sustentabilidade, do des-
porto na visão da sustentabilidade.
Refletir sobre a educação, como um movimento tão complexo, onde ainda não há consenso
sobre sua episteme, é a principal premissa da educação. Neste sentido, é necessário envolver
todos os setores da sociedade no planejamento de uma educação que atenda às suas aspirações e
necessidades, visando a solução da problemática contemporânea que afeta seu cotidiano.
Para a cultura, a premissa básica é a de inserir - através do diálogo entre os saberes popula-
res, os saberes tradicionais e os saberes científicos - os movimentos, atividades e ações da cultura
popular num contexto mais amplo, onde possa obter apoio da sociedade organizada para a sua
valorização como postura identificatória de grupos tradicionais.
No desporto, há que se repensar a postura da mídia, visando alcançar o desejo das popula-
ções locais, com a prática do desporto, recreação e lazer esportivo e a sua utilização como ferra-
menta de agregação sócio-ambiental.
Para a cultura, outra das premissas básicas é a de torná-la integrante ativa do processo de forma-
ção das pessoas, inserindo-a no contexto das atividades valorizadas como proposta profissional.

Obstáculos

Um dos obstáculos à educação de qualidade está na ausência de formação humana nos


currículos de cursos superiores.
A baixa auto-estima dos profissionais da educação é, de modo geral, outro obstáculo, que se
sustenta permanentemente na ausência de capacitação inicial e na falta de identidade cultural
com a escola onde atuam.
A necessidade de capacitação dos gestores escolares com formação humana, para melhor
qualificação no tratamento das relações interpessoais de trabalho com as comunidades escolares,
e as escolas sem identidade cultural, impossibilitando o diálogo entre os saberes populares, tradi-
cionais e científicos.
As condições ambientais inadequadas nas escolas constituem outro obstáculo, assim como
a didática inadequada às exigências de mudanças do novo paradigma e à mudança de foco no
planejamento integrado para revisão dos currículos escolares, além da falta de livros, softwares,
programas e outros materiais pedagógicos.
Dificuldade de acesso e de permanência de 100% das pessoas nas escolas de Educação
Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Profissional, Educação de Jovens e Adultos
e Ensino Superior. A exclusão dos alunos das escolas por questões econômicas em detrimento de

71
uma educação de qualidade é outro dos grandes obstáculos.
Na cultura, um dos maiores obstáculos é a falta de investimento e de reconhecimento do
valor de suas manifestações para ajudar na solução de problemas sociais.
Quanto ao desporto, o obstáculo maior é a indefinição de políticas públicas claras de espor-
te, recreação e lazer esportivo, a falta de estrutura física e de gestão e políticas de preparação de
talentos que atuam no segmento esportivo.

Estratégia

A estratégia para o sucesso da cultura no Estado de Santa Catarina deve basear-se na sua
adoção como elemento formador do caráter e integrante indispensável ao resgate da dignidade.
O sucesso da educação, da cultura e do desporto, no estado de Santa Catarina, só será alcan-
çando em conjunto com a sociedade organizada, diminuindo gradualmente os entraves de ordem
legal e burocrática ao desenvolvimento de ações e atividades voltadas aos propósitos, anseios e
desejos de saber e de realização pessoal dos catarinenses, promovendo o aumento do índice de
escolaridade da população em todos os níveis de ensino formal e informal e implementando o
apoio financeiro à cultura, ao desporto, ao lazer esportivo e à recreação.

Propostas

Implementar um Programa Institucional de Avaliação, mediante a criação de um Comitê de


Avaliação, paritário - governo, setor privado e terceiro setor -, para inovar a administração e a
formação dos profissionais da Educação em todos o níveis de ensino, objetivando a formação
continuada, voltada à abordagem contemporânea na visão da sustentabilidade, onde o currículo
passa a se conectar aos desafios dos novos tempos, de forma a cumprir a base legal da Educação,
disposta na Lei Nº 9.394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação - e Lei Nº 9.597/1999 - Lei da
Política Nacional de Educação Ambiental.
Integrar a escola à comunidade, facilitando a convivência dos pais com esta instituição,
incentivando a iniciativa privada na formação de parcerias com o poder público, visando o apoio
a projetos educacionais, de cultura e de desporto, como também o desenvolvimento de Cursos de
Educação Profissional que atendam às necessidades locais.
Adequar as escolas às condições ergonômicas ideais, analisando e resolvendo os problemas
de espaço e de estrutura física, de mobiliário e equipamentos.
Democratizar o ensino e a informação pela descentralização regional das universidades
públicas e privadas e pela disseminação do ensino à distância, flexibilizando a participação do

72
aluno na escolha de disciplinas que deseja cursar.
Valorizar e revitalizar, via municípios, as manifestações da cultura popular, de preservação
do patrimônio histórico-cultural e ambiental, garantindo, também, espaços públicos e privados
para o lazer e a prática desportiva.
Possibilitar, até o ano de 2004, o acesso das escolas às novas tecnologias, inclusive sua
informatização, com multimídia e internet, inclusive com dotação orçamentária para a sua manu-
tenção, porque precisamos investir numa escola pública de qualidade, aumentando, dessa manei-
ra, as vagas para toda a clientela existente.
Cumprir o disposto na Lei 9.795/1999 no que tange à abertura de espaço para projetos
interdisciplinares e seu investimento na Educação Ambiental para escolas públicas.
Fazer com que, até o ano de 2004, 10% das matrículas nas redes de ensino privadas sejam
garantidas para estudantes de baixa renda ou sem renda mensal.
Implantar programas de formação, reciclagem e adequação de talentos para a devida atua-
ção nos segmentos do setor desportivo, referindo-se principalmente à recreação e lazer, com o
estabelecimento de políticas públicas definidas.
O sucesso da cultura depende da inclusão de conhecimentos relativos a ela nos currículos esco-
lares dos cursos superiores e sua regulamentação como área ativa de desempenho profissional.

73
5 DIREITOS HUMANOS

Conhecimento da Situação Existente

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, pela


Assembléia Geral das Nações Unidas, é um marco histórico na defesa da dignidade. Nela estão
expostos os princípios de Direitos Humanos como proteção, tolerância, respeito, dignidade, auste-
ridade, amor, paz, solidariedade, entre outros, prevendo a proteção dos direitos individuais e cole-
tivos, civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.
Esses princípios foram protegidos pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo
5º. Os princípios de Direitos Humanos se destinam a todas as pessoas, independentemente
Erradicar da administração
de nacionalidade, idade, cor, sexo, opção sexual ou qualquer outra forma que possa gerar
estadual as normas
discriminatórias ou que
discriminação.
caracterizem abuso de poder Na Agenda 21 Catarinense, com o intuito de trabalhar de forma mais específica diversos
do Estado contra os temas, foi realizada a seguinte divisão: Direitos Humanos, Respeito às Minorias, Crianças, Adoles-
cidadãos, desburocratizando centes e Idosos. O que não significa dizer que os dois últimos não dizem respeito aos Direitos
o serviço público de modo Humanos, até porque meio ambiente também é Direito Humano.
geral e criando mecanismos Deste modo, ao assunto denominado Direitos Humanos ficou reservada a questão relacio-
externos de controle do nada à conscientização para a cultura dos Direitos Humanos e a propagação dos conceitos relati-
Poder Judiciário, evitando a vos a estes, aos direitos relativos à documentação básica necessária às atividades da vida civil e
morosidade de suas ações. segurança pública.
Como parte de um contexto nacional, o estado de Santa Catarina vive a plenitude da demo-
cracia e das liberdades constitucionais. No entanto, muitas conquistas ainda estão por ser obtidas,
no sentido da cidadania e da diminuição do desrespeito aos direitos das pessoas.
A burocracia estatal é um dos problemas a ser enfrentado, a morosidade da justiça e as
dificuldades inerentes à pobreza, que discriminam as pessoas na obtenção de seus direitos, como
também a falta de escolaridade e informação da população.

74
Desafios

Os Direitos Humanos têm como principal desafio à realização de sua plenitude a coopera-
ção entre pessoas e instituições.
Outro desafio está na educação da população, pois sem ela até o entendimento do que seja
Direito fica prejudicado.
A discriminação e a igualdade de direitos também têm que ser enfrentados para a plenitude
dos direitos humanos.
A informação das pessoas sobre os seus direitos tem de ser desenvolvida.
Desenvolvimento da capacidade institucional é outra questão que merece consideração.
A participação, de forma articulada, do terceiro setor, voluntariado e entidades de ensino,
dentre outras, na busca de soluções e, acima de tudo, ações, é outro desafio.

Estratégia

A plenitude dos Direitos Humanos, no estado de Santa Catarina, será alcançada pela divulga-
ção, de forma sistemática, dos direitos e deveres das pessoas, pelo fortalecimento das instituições
encarregadas de assegurar a democracia, a liberdade e a cidadania, dando dinâmica e rapidez às
ações do Poder Judiciário, e pelo crescimento da educação sistemática, em todos os níveis, da
população, sem discriminação econômica.

Propostas

Erradicar da administração estadual as normas discriminatórias ou que caracterizem


abuso de poder do Estado contra os cidadãos, desburocratizando o serviço público de modo
geral e criando mecanismos externos de controle do Poder Judiciário, evitando a morosidade
de suas ações.
Criar um Fundo Estadual de Contribuições Voluntárias, com o objetivo de viabilizar a execu-
ção de projetos comunitários voltados à democracia, à liberdade, à cidadania, à proteção dos Direi-
tos Humanos e à difusão da informação para acesso aos direitos civis, políticos, sociais e culturais.
Criar a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Outorgados e Delegados, com ampla
participação dos segmentos sociais, com o objetivo básico de regulamentar os serviços e a
defesa do consumidor.
Elaborar e implementar programa estadual de combate à violência contra a mulher e criar
Casas de Abrigo voltadas às mulheres vítimas de violência.

75
Garantir programas de combate ao racismo de classe, de gênero, da inteligência e à
xenofobia.
Viabilizar parcerias entre o Estado e o setor privado, com participação de organizações
não-governamentais e lideranças da comunidade, visando atender às necessidades da popula-
ção sobre educação, violência, exploração sexual infantil e juvenil, drogas, gravidez precoce e
delinqüência.
Reavaliar a legislação trabalhista na questão do emprego para menores, abrindo a pos-
sibilidade de, pela ocupação do menor, recuperar a sua auto-estima e promover a sua inser-
ção social.

76
6 RESPEITO ÀS MINORIAS

Conhecimento da Situação Existente

A organização dos chamados grupos menos favorecidos tem por finalidade proporcionar
união, força política e de articulação aos mesmos. A identificação de grupos de mulheres, afro-
descendentes, pessoas com orientações sexuais distintas do modelo hegemônico - como homos-
sexuais, bissexuais e transexuais -, portadores de necessidades especiais, índios, presos e egressos
do sistema prisional - que sofrem pressões e discriminações muito similares -, formam sua organi-
zação de reivindicação de respeito.
Em Santa Catarina, informações de 1996 dão conta de que 49,98% da população são de
Assegurar aos povos
indígenas o direito à
mulheres e que 15,53% dos chefes de família são mulheres. O nível de escolaridade da população
educação escolar que é baixo e o número de pessoas sem instrução é maior entre as mulheres. Em contrapartida, são as
reconheça e respeite seus mulheres que mais freqüentam os cursos de alfabetização de adulto.
sistemas educativos, O analfabetismo entre os afro-descendentes brasileiros chega a ser o dobro do observado entre os
processos e metodologias brancos.A expectativa de vida da população branca é de 65 anos e a da população negra é de 59 anos.
próprios de O acesso de afro-descendentes ao trabalho é mais limitado, com salários menores e discri-
aprendizagem, suas minação no processo de seleção. Os homossexuais, bissexuais, transgêneros e transexuais, muitas
línguas e conhecimentos vezes têm de esconder a sua preferência sexual para não sofrerem represálias. Em relação às mu-
tradicionais. lheres, elas recebem menos do que os homens exercendo a mesma função.
Entre índios e egressos do sistema prisional há discriminação tanto nas escolas, quanto no
trabalho. Há alguns programas de educação para os presos, mas são incipientes e não os preparam
para o mercado de trabalho.
A mulher, apesar de uma certa relação de igualdade no âmbito familiar, ainda sofre de vio-
lência doméstica. O aumento de denúncias pode demonstrar uma mudança de postura diante
dessa situação. Apesar de ter o direito de votar e ser votada, a representação política da mulher
ainda é ínfima.
Outros segmentos da sociedade, antes excluídos inclusive das reclamações, passam a se

77
organizar através de grupos, associações de bairros e movimentos. É o caso dos moradores de
favelas e bairros pobres e dos trabalhadores rurais.
Com essa organização, suas reivindicações tomam corpo, coerência, determinação e publi-
cidade. A luta da trabalhadora rural é reconhecida, a legislação de punição ao racismo e a discus-
são de ações afirmativas são exercitadas.
Desde a Constituição de 1988, a luta pelos Direitos Humanos e o reconhecimento dos gru-
pos minoritários consolidou-se entre nós, privilegiando o princípio da igualdade entre todas as
pessoas, independente de raça, credo, cor, idade e sexo.
Aqui, os conceitos de igualdade material e formal tornam-se importantes. A igualdade for-
mal diz respeito a uma igualdade absoluta, onde não são observadas diferenças naturais, culturais
e sociais de cada ser humano. Todos devem ser tratados igualmente. Essa é uma visão ultrapassada
do direito de igualdade, enraizado nos princípios de igualdade idealizados pela Revolução France-
sa. Já a igualdade material, protegida pela Constituição e por todos os estudiosos do Direito, diz
respeito à máxima de tratar desigualmente os desiguais e respeitar as diferenças.

Desafios

Apesar das mudanças ocorridas nos últimos anos, é importante que se assuma a discrimina-
ção existente, para que haja realmente a adoção de políticas públicas no sentido de minimizar as
desigualdades sociais, raciais e sexuais.
O racismo e a discriminação são manifestações de uma sociedade que hierarquiza em fun-
ção de diferenças sociais, de cor e outras. O racismo, não raro, se manifesta escondido, camuflado
pela infundada crença de que, na verdade, o único problema existente é o econômico, ou seja, que
o afro-descendente não tem possibilidade de ascensão social ou reconhecimento na sociedade
simplesmente em virtude de ser pobre, e não em decorrência de sua raça.
A discriminação pode ser direta ou indireta. A primeira diz respeito a atos expressos, regras
claras. Ocorrem através de proibições e distinções ou tratamento desigual. A segunda se manifesta
quando o ato de discriminar não é expresso através de palavras, mas de atos. É conhecido como
racismo velado ou racismo cordial. O racismo velado é a forma mais comum de racismo entre nós,
e a mais difícil de combater, uma vez que, por não ser expresso, se torna, na prática, mais compli-
cado de caracterizar ou tipificar.
O que a sociedade precisa é de uma verdadeira modificação da cultura de discriminação
que ainda vivemos. E isso passa por processos de conscientização, com políticas públicas que
envolvam todos os setores da sociedade, fomentando o princípio da igualdade e propiciando a
luta pelo exercício da cidadania.

78
Estratégia

O respeito aos grupos minoritários, no estado de Santa Catarina, será alcançado pelo pleno
exercício da cidadania e pela oferta de oportunidades iguais na educação e na economia, pautadas
na liberdade dos empreendedores, exercitada com responsabilidade social, a partir da idéia de
que o desrespeito existe e não pode mais ser tolerado.

Propostas

Criar conselho de direitos representativos das minorias sociais e grupos de situação mais vulne-
rável, como mulheres, crianças, idosos, portadores de necessidades especiais e homossexuais.
Assegurar aos povos indígenas o direito à educação escolar que reconheça e respeite seus
sistemas educativos, processos e metodologias próprios de aprendizagem, suas línguas e conheci-
mentos tradicionais.
Promover a adequação arquitetônica nas construções urbanas e nos meios de transporte
coletivos para o uso confortável das pessoas portadoras de necessidades especiais.
Garantir o exercício dos direitos sexuais reprodutivos e contraceptivos das mulheres por
meio de ações integradas no âmbito do governo e da sociedade civil.
Estabelecer centros especializados para o atendimento das pessoas portadoras de necessi-
dades especiais.
Garantir o atendimento clínico, terapêutico e de exames clínicos complementares das pes-
soas em situação prisional.
Criar programas e campanhas que visem o combate à violência contra a mulher, a criança e
o adolescente.

79
7 PROTEÇÃO À INFÂNCIA, À
ADOLESCÊNCIA E AO IDOSO

Conhecimento da Situação Existente

Inúmeras pesquisas e denúncias vêm demonstrando o aumento, nos últimos anos, de crian-
ças e adolescentes inseridos na prostituição infantil, explorados no trabalho, vítimas de abuso
sexual, de violência doméstica e de drogas.
Até pouco tempo, as políticas públicas para enfrentar essa problemática situavam-se em
uma dimensão específica e pontual, com ações dirigidas a crianças nos primeiros anos de vida,
visando o desenvolvimento em múltiplas dimensões de saúde, nutrição e educação e dos aspectos
emocionais, cognitivos, sociais e intelectuais.
Elaborar plano
estadual e incentivar a
A sobrevivência e os cuidados infantis adquirem diferentes formatos, segundo os padrões
elaboração de planos culturais das comunidades onde vivem as crianças. Há algumas características comuns que contri-
municipais de buem decisivamente para o desenvolvimento da criança. Entre elas estão o ambiente familiar, os
proteção aos direitos estímulos que essas crianças recebem ao longo dos anos, a idade e a escolaridade dos pais, o
da criança e do aleitamento materno e as vacinas.
adolescente, por meio Saídas desta fase, algumas crianças passam a conviver com uma realidade social dramática,
de parcerias entre o que impõe a tarefa árdua e injusta do trabalho infantil.
setor público, o setor O combate à exploração do trabalho infantil no mundo vem sendo conduzido pela utiliza-
privado e o terceiro ção de dois instrumentos básicos: as leis trabalhistas e a educação.
setor da organização Dentro do aspecto legal, o Estatuto da Criança e do Adolescente tem como base três princí-
social catarinense.
pios fundamentais: descentralização, participação e mobilização.
Na estratégia de descentralização está a criação dos Conselhos de Direitos da Criança e do
Adolescente e dos Conselhos Tutelares em níveis municipal, estadual e federal, que têm a função
de formular e controlar a implementação das políticas sociais voltadas para a proteção da criança
e do adolescente.
A Constituição brasileira estabelece que “é dever da família, da sociedade e do Estado asse-
gurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,

80
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convi-
vência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimina-
ção, exploração, violência, crueldade e opressão e que o Estado promoverá programas de assistên-
cia integral à saúde da criança e do adolescente”.
Na questão do idoso, está demonstrado o forte crescimento no número de pessoas com
mais de 65 anos. Em 1996, eles já eram 5,4% do total da população do país. Estamos passando por
um processo de transição do que diz respeito às faixas etárias, com mais de 8,4 milhões de idosos
brasileiros. As razões para esse crescimento encontram-se na queda da taxa de fecundidade da
população brasileira e na redução da mortalidade.
Assim como no País, o estado de Santa Catarina tem um povo caminhando para a maturida-
de. Sua população aos poucos está envelhecendo, resultado do declínio da mortalidade e da nata-
lidade, com um aumento da faixa etária superior a 65 anos e uma diminuição relativa da faixa
etária jovem, de pessoas com menos de 20 anos.
O envelhecimento populacional é uma realidade. Em Santa Catarina, o número de pessoas
idosas cresce aceleradamente. Em 1999, o total da população do Estado com mais de 65 anos foi
estimado pelo IBGE em 384.298 pessoas.
Para o estado de Santa Catarina, a Política Estadual do Idoso - Lei Estadual nº11.436, de 07
de junho de 1999 - veio reconhecer a importância deste segmento populacional, pois definiu
princípios, diretrizes e responsabilidades assegurando direitos sociais aos mesmos.
Assim, as ações voltadas a essa parcela da população devem cumprir o que preconiza a
Política Nacional do Idoso e envolver as organizações governamentais e não-governamentais com
atuação no Estado, no sentido de oferecer uma forma digna de vida a todos os idosos, implemen-
tado programas que realmente atendam suas necessidades biopsicossociais e espirituais.

Desafios

Não cumprimento da legislação existente, falta de articulação interinstitucional e assisten-


cialismo, são os principais desafios.
Não disponibilidade de informações precisas, atualizadas e desagregadas por setores, regi-
ões e grupos sociais específicos.
Conferir prioridade ao aumento de capacidades e à mudança de mentalidades, tanto no
nível do Estado como da sociedade civil, orientando-se pelos princípios da dignidade.
Conjugar esforços nas mais distintas escalas e com os objetivos mais diversos, em uma
permanente aprendizagem, parece ser a única via para combater a indiferença e alcançar os
significados profundos dos valores presentes nos conceitos de democracia, tolerância, solidarie-

81
dade e compromisso individual e social.
Implementação do Sistema de Informações que permita a divulgação da política, dos servi-
ços oferecidos, dos planos e programas em cada nível de governo.

Estratégia

A proteção da criança, do adolescente e do idoso, dar-se-á, no estado de Santa Catarina,


através da responsabilidade social da população economicamente ativa organizada, a partir da
solidariedade, voluntariedade e racionalidade econômica, social e de segurança.

Propostas

Elaborar plano estadual e incentivar a elaboração de planos municipais de proteção aos


direitos da criança e do adolescente, por meio de parcerias entre o setor público, o setor privado
e o terceiro setor da organização social catarinense.
Manter e aprimorar programas de capacitação de profissionais encarregados da execução
da política de promoção e defesa de direitos da criança e do adolescente.
Incentivar programas de integração da criança e do adolescente à família e à comunidade e
de guarda, tutela e adoção de crianças e adolescentes, órfãos ou abandonados.
Priorizar programas que privilegiem a aplicação de medidas sócioeducativas não privativas
de liberdade para adolescentes autores de ato infracional.
Desenvolver e apoiar programas de escolarização e atividades laborativas para pessoas ido-
sas, de eliminação da discriminação nos locais de trabalho e de inserção dessas pessoas no merca-
do de trabalho.
Apoiar a criação e o funcionamento de centros de convivência para pessoas idosas, garan-
tindo a assistência preferencial médica e odontológica e fornecimento de remédios aos carentes.
Ampliar e divulgar os programas de erradicação do trabalho infantil e dos programas pelo
fim da violência doméstica.

82
8 ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS

Conhecimento da Situação Existente

O Estado, cada vez mais, perde a sua capacidade de atender às necessidades da população
e de atuar em todos os setores de interesse público. A presença e a ação efetiva do Terceiro
Setor, com as organizações da sociedade civil de interesse público, as organizações não-governa-
mentais e demais formas associativistas do setor, pode ajudar nas tarefas onde seja própria a sua
presença, fazendo o trabalho considerado socialmente relevante. No País existem em torno de
250 mil organizações da sociedade civil de interesse público, que empregam aproximadamente
1,5 milhão de pessoas.
Fortalecer as
As organizações da sociedade civil de interesse público reivindicam igualdade social, me-
organizações não-
governamentais com
lhoria do meio ambiente e crescimento cultural. Elas representam a necessidade de participação
gerenciamento da sociedade organizada no processo de evolução do Estado moderno.
profissional, As entidades do Terceiro Setor, organizações não-governamentais, associações, fundações,
definindo a missão, entidades de assistência social atuam na educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, ciên-
metas e objetivos a cia e tecnologia.
serem atingidos por A diversidade de objetivos faz com que as instituições do Terceiro Setor tenham as mais
cada uma delas, de diversas características, espelhando exatamente a diversidade de necessidades da sociedade.
forma que o esforço Com espontaneidade e diversidade, com suas estruturas ágeis e flexíveis, com capacidade
do voluntariado possa de improvisação e resposta rápida, as organizações não-governamentais são modernas, não neces-
ser recompensado sariamente inseridas em modelos pré- determinados, por isso mesmo não têm obrigação de inte-
com a divulgação de
grar e hierarquizar uma visão sistêmica pré-definida.
resultados.
A imensa maioria das organizações do Terceiro Setor desenvolve um trabalho sério e não
usa dinheiro público. Muitas se mantêm pela solidariedade do povo, pelo dinamismo da sociedade
organizada, obtendo financiamentos de projetos em parceria com empresas, Estado e instituições
não-governamentais internacionais, além de captação de recursos via comercialização de produ-
tos, serviços e parcerias com administradoras de cartão de crédito.

83
A existência das organizações da sociedade civil de interesse público é uma realidade cuja
base sólida de participação social deve alavancar novos rumos para a grande distância existente
entre o Estado e a sociedade.

Desafios

Existem ainda obstáculos burocráticos de toda ordem ao reconhecimento institucional, di-


ficultando a celebração e execução de convênios e abolindo ou reduzindo incentivos, dos quais
sempre foram, e continuam sendo, beneficiárias muito mais as empresas do mercado do que as
entidades sem fins lucrativos.
A descontinuidade das políticas públicas e a ausência de mecanismos claros para que o
Estado possa contratar com transparência os serviços das organizações não-governamentais, se
somam com a desconfiança, por parte dos órgãos governamentais, quanto à legitimidade e compe-
tência das entidades.
A renúncia fiscal, as imunidades e isenções tributárias se revelam insustentáveis e apenas
paliativos para o desenvolvimento do Terceiro Setor. São necessárias novas fontes de financiamen-
tos que impulsionem os projetos de Interesse público.
Por não dependerem dos investimentos advindos do Estado, as organizações da sociedade civil
de interesse público ligadas à preservação ambiental se instalaram e cresceram com investimentos
externos, criando uma visão externa dos problemas nacionais, dificultando soluções permanentes.
A ineficiência e morosidade dos órgãos públicos criam a impressão de que as organizações
não-governamentais, como entidades novas, são revolucionárias e contra o governo, criando uma
falsa idéia de competição e não de parceria.

Estratégia

O fortalecimento das organizações não-governamentais, no estado de Santa Catarina, será alcan-


çado pela delegação de responsabilidades ao Terceiro Setor na execução de tarefas consideradas social-
mente interessantes pela população e para as quais o Estado tenha dificuldades de atendimento.

Propostas

Fortalecer as organizações não-governamentais com gerenciamento profissional, definindo


a missão, metas e objetivos a serem atingidos por cada uma delas, de forma que o esforço do
voluntariado possa ser recompensado com a divulgação de resultados.

84
Dar credibilidade ao setor pela boa utilização dos recursos obtidos, divulgando resultados e
o andamento dos projetos, demonstrando capacidade de planejamento e de ação na consecução
de seus objetivos.
Valorizar as organizações não-governamentais, via parceria com o poder público e com a
iniciativa privada, disponibilizando recursos financeiros e de infra-estrutura para realizar ações
consideradas socialmente relevantes.
Repassar recursos públicos e privados às organizações não-governamentais, com menor buro-
cracia, instituindo a prestação de contas baseada, prioritariamente, nos resultados alcançados.

85
9 AUTORIDADES LOCAIS

Conhecimento da Situação Existente

O crescimento econômico sem limites passou a consumir uma quantidade cada vez maior
dos recursos finitos da natureza, produzindo uma degradação nunca dantes vista, causando pro-
blemas sociais e prejudicando a qualidade de vida das pessoas.
As questões ambientais passaram, assim, a ser uma das grandes preocupações da sociedade.
Cabe-nos reconhecer, então, que o ser humano, na sua luta diária pela sobrevivência, é o maior
transformador do meio ambiente.
Essa atual conjuntura de crescimento desenfreado, juntamente com impactos sociais e am-
Estabelecer
bientais enormes, faz emergir uma pressão da sociedade por mudanças nos conceitos e práticas
mecanismos
em curso. Em alguns lugares, esse fato é mais explícito, já em outros é praticamente inexistente,
permanentes - com a
participação da
pois essa mudança implica em participação de todos os setores da sociedade, sendo que o gover-
população interessada - no deve ser um incentivador deste processo de mudança e, por conseguinte, deve atuar em conso-
para a avaliação das nância com a comunidade.
autoridades locais a Com o agravamento dos problemas sociais, ambientais e econômicos, como o aumento da
partir das ações que pobreza e a aglomeração urbana, emerge da sociedade uma forte demanda por mudança nos
desenvolveram no modelos ultrapassados de gestão local.
município e na região. Por isso, é de suma importância o incentivo para o fortalecimento do município, porque
isso se traduz em potencial de atendimento mais democrático e de melhor qualidade às deman-
das da sociedade, o que reflete em uma melhora nas condições ambientais locais e, conseqüen-
temente, nacionais.
Assim, os desafios da gestão pública sustentável devem ser encarados de maneira sistêmica
e com análises e estudos conduzidos de forma a contemplar todos os segmentos, atores e instru-
mentos que participam do processo.
Dentro desse escopo, este Assunto dedicado às autoridades locais tem como objetivo dis-
cutir as diversas formas e arranjos institucionais, governamentais, não-governamentais e priva-

86
dos, para dar maior agilidade e efetividade ao processo de desenvolvimento local sustentável, já
que o antigo modelo de gestão, além de ultrapassado, não se enquadra com os princípios bási-
cos da Agenda 21.
Dessa forma, é preciso romper com as práticas mal sucedidas do passado, quando a admi-
nistração do município era responsabilidade exclusiva do prefeito e sua coalizão. Hoje, é mais que
uma necessidade fomentar a participação de todas as camadas da sociedade no processo decisó-
rio de planejamento e de gestão do município.

Desafios

Atualmente, o setor público municipal, com poucas exceções, mantém-se impermeável às


inovações políticas, econômicas, sociais e organizacionais, contribuindo, preponderantemente,
para um quadro de falência gerencial do setor público em que se faz urgente uma renovação.
Nos municípios catarinenses, com raras exceções, percebe-se uma demasiada centralização
das decisões que afetam a todos. As Prefeituras Municipais, Câmaras de Vereadores, suas Secretari-
as, Fundações e Autarquias agem, quase que exclusivamente, conforme os interesses da coalizão
dominante, deixando de lado sua função primordial de prestar serviços à coletividade.
As empresas e organizações, quando necessitam de apoio local para crescer e se desenvol-
ver e, conseqüentemente, ajudarem o crescimento do município, ficam à mercê do gosto pessoal
das pessoas que integram os cargos principais dos órgãos públicos.
Já as organizações civis não-governamentais, sem fins lucrativos, como as associações de
moradores, associações de causas específicas, como meio ambiente e consumidores, funcionam
graças ao heroísmo de algumas pessoas ou aos parcos recursos conseguidos principalmente na
iniciativa privada.
Há que se ressaltar, ainda, o papel importantíssimo da imprensa local. É interessante perce-
ber que esta tem uma atuação múltipla, tanto na função de informar a sociedade dos atos, ações e
intenções do poder executivo local, quanto o inverso: denunciar as falhas do executivo através de
verificações, denúncias, reportagens e outras ações que acabam sendo uma forte maneira de pres-
sionar a administração municipal a tomar alguma atitude.

Estratégia

A participação e o fortalecimento da dimensão local só será alcançado através da conscientiza-


ção das autoridades e representantes da sociedade organizada local a respeito de suas respectivas res-
ponsabilidades comunitárias comuns, emanadas dos cargos ou posições sociais que ocupam.

87
Propostas

Criar uma estrutura orgânica de base municipal – fórum de desenvolvimento sustentável -


com a participação dos diversos segmentos representativos da comunidade local, com atribuições
relacionadas aos compromissos com a Agenda 21, para estabelecer procedimentos e políticas inte-
gradas em benefício local.
Promover a capacitação dos gestores públicos, com a participação dos partidos políticos,
incluindo candidatos a cargos eletivos, visando prepará-los para a administração, com ênfase nas
necessidades locais e na preocupação com o meio ambiente.
Estabelecer mecanismos permanentes - com a participação da população interessada - para
a avaliação das autoridades locais a partir das ações que desenvolveram no município e na região.
Fomentar a organização da sociedade através da criação de instituições que possam
incrementar as organizações existentes, como Comitês, Fóruns e Associações, para dar susten-
tabilidade ao processo de construção de uma sociedade calcada nos princípios do Desenvol-
vimento Sustentável.

88
SEÇÃO

C Sustentabilidade Geo-Ambiental
89
1 MEIO AMBIENTE

Desafios

A questão ambiental, entendida em todas as suas dimensões – cultural, social, política, eco-
nômica, geográfica e espacial - tem uma abrangência imensurável, pois todos os seres vivos do
nosso sistema são agentes ativos na interação com o meio ambiente.
Uma das principais preocupações nessa questão está no saneamento básico, que é tam-
bém um dos grandes exemplos em que variáveis como desenvolvimento, saúde e meio ambien-
te se entrelaçam.
Esse desafio, em nosso Estado, deve engendrar soluções à forte contaminação dos recur-
Divulgar informações e
sos hídricos pelos efluentes industriais, dejetos animais, agrotóxicos e mineração do carvão.
promover a discussão
Deve, também, resolver as questões da falta de tratamento de esgoto doméstico, do desmata-
com a sociedade sobre
a correlação existente
mento e da erosão do solo, além da crescente urbanização desordenada, com ocupações irregu-
entre a escassez de lares em todo o litoral.
recursos naturais, as Durante muitos anos, o Estado foi vítima de diversos tipos de degradação, acumulando cica-
condições de vida das trizes que precisam ser recuperadas. A extração de carvão, no Sul, resultou em 4.700 hectares
pessoas e o degradados. A retirada de argila, pedras e outros tipos de mineração, resultou em áreas abandona-
crescimento das, tomadas por processos erosivos, sem nenhum tipo de recuperação.
populacional. A utilização incorreta e desenfreada de agroquímicos é responsável pela contaminação,
com substâncias tóxicas, de boa parte dos cursos d’água no Estado. Os recursos hídricos, incluídas
as águas subterrâneas, estão ameaçados por diversos tipos de degradação, desde o consumo exa-
gerado, a retirada de mata ciliar, a interferência nos cursos dos rios e o desmatamento.
Outro desafio é a poluição atmosférica, graças ao atual sistema de transporte de carga e
passageiros e ao descuido do sistema produtivo. Os maiores problemas de poluição atmosférica
estão concentrados no Sul do Estado, com a mineração, ou em locais onde existem atividades
industriais como olarias, celulose, curtume, fecularia e indústrias alimentícias.
A ocupação e utilização incorreta e exaustiva do solo estão gerando problemas como terras

90
improdutivas, erosão e enchentes. Estamos dando pequenos passos em direção a uma cultura
orgânica. Numa época em que se discute a utilização de transgênicos, a agricultura orgânica está
conquistando espaço, mas ainda tem pequeno alcance.
Implantar unidades de conservação, com a devida regularização fundiária, a proteção de
recursos e sua utilização na educação ambiental e em pesquisas, são outros desafios, uma vez que
somente 4,36% da área do Estado está protegida legalmente.

Premissas

A palavra de ordem deste século é gestão ambiental. Para que isto ocorra de forma ampla e
completa, algumas premissas são fundamentais em busca deste objetivo. A mudança no padrão de
consumo e de produção, a partir da conscientização dos empreendedores e de toda a população
catarinense, é uma delas.
Também é fundamental proporcionar conhecimento à sociedade sobre a realidade ambien-
tal do Estado, ampliando o volume e a qualidade da informação sobre os problemas e potenciais
dos recursos naturais.
Somente com o fortalecimento de parcerias, ações e responsabilidades compartilhadas en-
tre os diversos agentes envolvidos no processo e os diversos níveis de governo, será possível a
realização e a consolidação dos avanços necessários.
Avançar significativamente na conservação ambiental tem também como premissa a resolu-
ção das questões sociais, visto que o ser humano é parte integrante e importante no complexo
sistema ambiental.
O planejamento populacional deve ser outra premissa da sustentabilidade, uma vez que a
capacidade dos recursos naturais é limitada e a qualidade de vida do ser humano se impõe por
essa variável.

Obstáculos

Existe uma grande dificuldade no cumprimento da legislação ambiental, que é exemplar


mas pouco observada. A função da legislação será positiva quando a sociedade estiver informada,
sensibilizada para a causa ambiental e consciente de seus deveres e direitos como elemento inte-
grante do meio ambiente.
Paralelo a isto, existe também a dificuldade na aplicação de penas e recuperação de danos
causados ao meio ambiente, em ações autuadas pela fiscalização dos órgãos ambientais.
Outro obstáculo é a falta de recursos para a recuperação do que foi degradado, para o

91
controle da poluição e para as ações visando a conservação do meio ambiente.
Também necessitam de maior investimento os órgãos ambientais dos diversos níveis gover-
namentais e as organizações não-governamentais.
Existe um grande déficit de profissionais com capacitação para trabalhar na área ambiental,
seja no governo, nas empresas privadas ou em organizações não-governamentais.

Estratégia

A sustentabilidade do meio ambiente, em Santa Catarina, será alcançada pela interação


entre desenvolvimento e conservação ambiental, através da divulgação de informações que per-
mitam a tomada de decisão, de ações de conservação e da educação ambiental, buscando a
recuperação e a racionalização no uso dos recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida
da população em geral.

Propostas

Incentivar a descentralização da gestão das ações voltadas à proteção ao meio ambiente,


ampliando localmente a atuação dos órgãos federais e estaduais, romovendo a co-gestão com os
municípios em trabalhos de fiscalização, educação, licenciamento, pesquisa e monitoramento
ambiental, condicionada à criação de uma política municipal de meio ambiente, conselhos muni-
cipais de meio ambiente e uma estrutura técnica adequada.
Divulgar informações e promover a discussão com a sociedade sobre a correlação existente
entre a escassez de recursos naturais, as condições de vida das pessoas e o crescimento populacional.
Assegurar que os programas e projetos públicos e privados de ação local, antes de serem
implementados, passem por uma discussão com a comunidade, e prevaleça o respeito ao zonea-
mento ecológico-econômico.
Implantar a educação ambiental formal e não-formal, dando atenção a conteúdos sobre os
ecossistemas catarinenses.
Fortalecer institucionalmente os órgãos do poder público executores da política ambiental,
dando-lhes maior capacidade operacional e autonomia.

92
2 QUALIDADE DO AR

Desafios

As emissões atmosféricas geram problemas em diferentes escalas, desde a local, com as


concentrações de monóxido de carbono, provenientes do tráfego junto às estradas congestiona-
das, até a escala global, com a grande poluição da industrialização dos países desenvolvidos.
Em relação à qualidade do ar, o desafio é mantê-lo em níveis aceitáveis para a comunidade
local e não permitir que gere alterações climáticas que se traduzam, entre muitos outros efeitos,
no aquecimento global do planeta, com todas as repercussões daí resultantes.
Monitorar e determinar o valor da poluição em cada escala, além de tomar as providências
Promover melhorias nos
necessárias para a sua diminuição, é o desafio prático da questão. Isso implica em acompanhar os
laboratórios do Estado
meios de transportes rodoviários - que se constituem na maior fonte de poluição do ar nas cidades
com a intenção de
identificar e monitorar a
-, as fábricas e outras fontes estacionárias de queima de combustíveis, principalmente de origem
situação da qualidade do fóssil - que representam grande parcela da emissão dos poluentes atmosféricos.
ar nas regiões do Estado, As fontes de poluição lançam diversos tipos de poluentes na atmosfera. Os mais comuns,
capacitando recursos em grandes áreas urbanas, são o monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio,
humanos das entidades oxidantes fotoquímicos, óxidos de enxofre e material particulado.
dedicadas à fiscalização. A poluição do ar é a causa de um conjunto de problemas ambientais e danos à saúde
humana.
O desafio, dentro do território catarinense, onde existem alguns pontos críticos no que
diz respeito à qualidade do ar, é controlar as emissões provenientes das queimadas provocadas
por agricultores, das atividades industriais - principalmente das olarias - e da produção de ener-
gia que usa a fonte térmica, e, também, dos automóveis, que são fontes constantes de emissão de
poluentes do ar.
Controlar e monitorar a extração de argila para produção de elementos cerâmicos, que tem
nessas atividades uma contínua fonte sem controle de emissão de poluentes atmosféricos, através
das chaminés das muitas olarias instaladas. Controlar e monitorar as indústrias de papel e celulose

93
e serrarias, que provocam queima de restos a céu aberto. A mineração tem causado uma forte
degradação ambiental e poluição atmosférica.

Premissas

A integração entre as diversas regiões do Estado, no sentido de acompanhar as condições


da poluição atmosférica locais, é uma premissa importante do processo.
Levar os agentes que atuam na área a promover melhorias da capacitação institucional.
A sustentabilidade da qualidade do ar passa pela definição e convenção de critérios de
atuação e fiscalização.
O uso racional de energia está na base da sustentabilidade, assim como o uso de tecnologias
limpas de produção em todos os níveis da indústria.
Promover a descentralização das atividades econômicas, sejam industriais ou de serviços.
Tornar efetiva a participação do terceiro setor e da sociedade civil organizada no controle
e monitoramento da qualidade do ar.
As possíveis soluções a qualquer questão ambiental passam pela promoção da educação
ambiental da população em geral.

Obstáculos à

Falta de investimento governamental na área ambiental, seja no que se refere à infra-estrutu-


ra ou a recursos humanos capacitados para trabalhar a questão da qualidade do ar.
Não há integração entre os vários setores e atores envolvidos na questão, como o Estado, as
universidades e as empresas.
Inexistência de programa estadual que coloque como prioridade a conservação e a melho-
ria da qualidade do ar.
De modo geral, a população não está suficientemente esclarecida sobre os danos causados
pela poluição atmosférica ao ambiente natural ou construído e à saúde do ser humano.
Desconhecimento dos benefícios econômicos e sociais quando do investimento em siste-
mas de controle de poluentes atmosféricos.
Falta de legislação específica e não cumprimento à legislação existente sobre o assunto,
principalmente no que se refere à emissão de poluentes.

94
Estratégia

Fazer incluir a qualidade do ar na determinação do Índice de Desenvolvimento Humano do


Estado de Santa Catarina.

Propostas

Implementar o monitoramento da qualidade do ar no âmbito local e regional, com indica-


ção de procedimentos de automonitoramento de unidades industriais, coletando informações de
forma sistematizada e divulgando dados, inclusive, via internet.
Promover sistemas de transportes coletivos multimodais mais eficientes e menos polu-
entes, limitando o trânsito de veículos nos centros urbanos, incentivando a construção e utili-
zação de ciclovias.
Promover melhorias nos laboratórios do Estado com a intenção de identificar e monitorar a
situação da qualidade do ar nas regiões do Estado, capacitando recursos humanos das entidades
dedicadas à fiscalização.
Promover discussão pública para a proposição de políticas e correspondente legislação
sobre a emissão de poluentes aéreos, visando a cobrança pelo uso da atmosfera para a diluição e
facilitando o tratamento dos efluentes aéreos danosos ou poluentes.

95
3 QUALIDADE, USO E
OCUPAÇÃO DO SOLO

Desafios

Os espaços disponíveis para o uso comum estão tornando-se cada vez mais escassos e per-
dendo a capacidade de oferecer serviços com qualidade. Assim, a retomada do uso e ocupação
adequados do solo, para produzir um menor desgaste dos mananciais, córregos, vegetação, flora e
fauna concretiza e materializa o desafio da sustentabilidade.
Na prática, o problema do inadequado uso e ocupação do solo reflete a ausência de um
planejamento continuado e da adoção de um zoneamento econômico-ecológico. As instituições e
as políticas públicas têm o desafio de implementá-los - com seus mecanismos de desenvolvimento
Viabilizar a recuperação
sustentável - tanto nos centros urbanos como no meio rural.
total de áreas
degradadas, com
Dentro das cidades, o instrumento mais conhecido que determina o uso das áreas urbanas é
especial atenção à o plano diretor. Antes, ele era obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes mas, agora,
exploração do solo e com a Lei 10.257 - o Estatuto da Cidade -, passou a valer também para cidades integrantes de
subsolo, tornando-as região metropolitana, cidades de interesse turístico e cidades que contenham atividades de alto
novamente produtivas, impacto ambiental.
numa ação do Estado Assim, temos de forma plena os desafios trazidos pelas diretrizes constantes no plano dire-
com a participação da tor e por sua implementação, que incluem normas para o adensamento, expansão territorial e
iniciativa privada, definição de zonas de uso do solo e redes de infra-estrutura.
comunidades locais e Nas áreas rurais, a questão tem se tornado mais complexa, na medida em que os agroquími-
instituições de pesquisa
cos foram impostos como solução não natural ao problema de esgotamento do solo e de elimina-
e ensino.
ção de ervas indesejáveis e de pragas.
Para o sucesso da sustentabilidade, as atividades agropecuárias e extrativas do setor primá-
rio, que normalmente são desenvolvidas longe da vigilância da população urbana, dependem - no
que se refere à qualidade, uso e ocupação do solo - do preparo técnico e da conscientização, tanto
do produtor como dos profissionais ligados ao setor, que têm o desafio de procurar o equilíbrio
entre a capacidade da natureza e os interesse de produtividade e lucro impostos pelo mercado.

96
Premissas

As políticas de gestão do uso e ocupação do solo catarinense deverão ser implementa-


das de modo integrado, multidisciplinar e cooperativo, visando simultaneamente a execução
de ações descentralizadas e a garantia da participação de todos os atores sociais públicos e
privados no processo.
A participação das comunidades interessadas deverá ser promovida e estimulada pelo Esta-
do, conduzindo as políticas públicas no sentido da integração regional.
O combate ao desregrado uso dos recursos naturais passa pela difusão eficiente e eficaz das
técnicas para uma produção sustentável, da agricultura e de todas as atividades produtivas, com
uso do solo de forma adequado.
Dar maior importância à produção agrícola no nível do estabelecimento agropecuário, como
forma de expor a relação direta que existe entre a vegetação, a água, o ar, a flora, a fauna, o solo, o
relevo, o clima e a produção.

Obstáculos

Normalmente, as orientações do plano diretor da cidade não são cumpridas, e, muitas vezes,
ele torna-se um documento distante da realidade, seja por ser elaborado apenas para cumprir as
exigências legais, por conveniências e desrespeito às suas normas ou por outros interesses que
não o bem-estar comum.
No que diz respeito ao zoneamento, sua fundamentação está contida na gestão do espaço
urbano, baseada na idéia de eleger os usos possíveis para determinadas áreas da cidade. A cidade é
dividida em zonas conforme as atividades, quais sejam: zonas industriais, comerciais, residenciais,
institucionais e em zonas mistas, que combinam tipologias diferentes de uso e afetam diretamente
o mercado imobiliário.
No espaço rural, a área agricultável do Estado e o baixo custo da mão-de-obra rural induzem
a uma despreocupação política em eqüalizar o uso das terras com as necessidades sociais.
O uso do solo na agricultura não se dá em sua totalidade, de maneira sustentável, tanto
ecológica como economicamente. E a atividade agrícola está sendo exercida também em áreas de
grande diversidade biológica ou de preservação permanente.
A inexistência de zoneamentos agroecológicos no meio rural induz ao desrespeito das ca-
racterísticas e culturas de cada região.

97
Estratégia

Colocar em prática um gerenciamento racional do território catarinense - integrando espa-


ços e fomentando atividades que não atentem contra a qualidade de vida dos moradores -, utilizar
o conhecimento científico e tecnológico disponíveis e aplicar as ferramentas do plano diretor -
zoneamento ecológico-econômico e zoneamento agroecológico.

Propostas

Criar incentivos para o produtor rural, de modo a estimular as práticas de proteção do solo, o
uso de produtos biológicos ou de controle integrado, de acordo com as normas de produção ecoló-
gica ou orgânica de alimentos, visando a redução dos impactos ambientais da atividade agrícola.
Elaborar e implementar o zoneamento econômico-ecológico em todo o Estado, com o obje-
tivo de definir uma política territorial.
Viabilizar a recuperação total de áreas degradadas, com especial atenção à exploração do
solo e subsolo, tornando-as novamente produtivas, numa ação do Estado com a participação da
iniciativa privada, comunidades locais e instituições de pesquisa e ensino.
Estimular a diversificação de culturas agrícolas e criar alternativas de reconversão econômi-
ca, como forma de preservação do solo.
Conscientizar a população sobre a importância da aplicação das técnicas de proteção e
preparo do solo e sobre o uso dos produtos ecologicamente corretos.

98
4 RECURSOS NATURAIS E
DIVERSIDADE BIOLÓGICA

Desafios

Biodiversidade é um termo utilizado para definir a variabilidade de organismos vivos,


incluindo os micro e os macroscópicos, abrangendo flora e fauna, diversidade de populações,
diversidade de espécies, variedade de comunidades. Abrange, também, as funções ecológicas ou
o desempenho dos organismos em seu habitat. A sua sustentabilidade envolve, assim, a totalida-
de dos seres vivos, incluindo desde recursos genéticos ou propriedades e funções bioquímicas
de seus componentes, até aqueles que se manifestam na forma de integrantes de uma paisagem
Implementar política natural ou construída.
pública visando a Os desafios da sustentabilidade dos recursos naturais e da diversidade biológica começam pela
sistematização de associação entre tanta riqueza de diferentes espécies biológicas, a abundância relativa – equitabilidade
informações sobre e complementaridades biológicas - e as relações das espécies com os diferentes habitats.
estudos e pesquisas dos Acompanhar as espécies identificadas - estimadas entre 5 e 100 milhões – é apenas uma das
recursos naturais e da difíceis questões, até porque 50 a 60% delas se encontram nas florestas tropicais.
diversidade biológica do Indiretamente, também é um desafio deter as atuais taxas persistentes de desmatamento,
Estado de Santa Catarina, que, segundo estimativas, conduzirão, ao desaparecimento de 6 a 8% das espécies existentes nos
com monitoramento e próximos 25 anos.
indicação de manejo
No caso dos recursos naturais, aos quais estão ligados pelo menos 40% da economia mundi-
sustentável, envolvendo
al e 80% das necessidades das populações humanas, o problema é ainda maior.
as comunidades locais.
Promover a sustentabilidade das principais atividades ligadas à exploração e uso de recur-
sos naturais, como as atividades agropecuária, pesqueira e florestal, constitui-se a base para o
desenvolvimento de estratégias de conservação.
A biodiversidade é fundamental para o equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Além de
seu valor intrínseco - por sua importância na função que desempenha em seu habitat –, destaca-se
também seu potencial genético – biodiversidade, diversidade de genes, adaptação ao ambiente e
mudanças ambientais, naturais ou provocadas -, bem como seu valor social, econômico, científico,

99
educacional, cultural e recreacional.
Em meio à megadiversidade do nosso país, que possui entre 15 e 20% do número total
de espécies da Terra, a abordagem da biodiversidade no Estado de Santa Catarina tem o desa-
fio de qualificar os diferentes grandes ecossistemas ou ambientes que se fazem presentes no
Estado e localizar, em termos de monitoramento, seus recursos naturais, visando o desenvolvi-
mento sustentável.

Premissas

A premissa mais importante da sustentabilidade dos recursos naturais e da diversidade bio-


lógica traça sua estrada na construção do saber, isto é, conscientizando toda a população catari-
nense sobre os recursos naturais disponíveis, para que ela reconheça e valoriza a biodiversidade
do seu Estado.
A tomada de decisão pelos diversos atores sociais deve partir do princípio de que só a
elaboração de estudos e pesquisas da biodiversidade regional e dos recursos naturais permitirá e
facilitará a sustentabilidade desejada.
Disseminar informações, propiciando o seu acesso facilitado, trará maior participação de
todos os setores da sociedade na gestão dos recursos naturais, com especial atenção às comuni-
dades locais.
Descentralização das ações é outra premissa a ser observada para a sustentabilidade dos
recursos naturais e para a proteção da biodiversidade.

Obstáculos

As plataformas continentais ocupam 7% dos oceanos e são responsáveis por aproximada-


mente 90% de todo o pescado consumido. As maiores ameaças são os detritos industriais, portuá-
rios e urbanos, os agrotóxicos e a pesca em excesso e fora de época, além do despejo de efluentes.
Em Santa Catarina, o espaço entre o mar e as terras continentais, com uma variedade de
ecossistemas diferentes, tem manguezais, baías, enseadas, restingas, praias, dunas, costões, ilhas,
lagoas, lagunas e banhados.
Aos manguezais, às praias e às dunas estão reservados obstáculos à sustentabilidade com
aterros e ocupações para fins urbanísticos, implantação de sistemas viários, áreas de lazer, acúmu-
lo de detritos orgânicos e extração de areia para construção civil.
Quanto às lagoas, lagunas e banhados, os obstáculos são as ocupações nas suas margens, os
atracadouros e a movimentação de lanchas, barcos e similares; despejo de efluentes e agrotóxicos,

100
modificações no curso natural das águas de drenagem, eliminação da vegetação palustre e matas
ciliares, poluição por atividades de mineração - carvão, fecularias, cerâmicas e olarias -, acidez das
águas e despejo de efluentes domésticos nas áreas urbanizadas.
Nos campos naturais e restingas litorâneas, os obstáculos à sustentabilidade são a grande
pressão de urbanização e a ameaça da contaminação biológica, notadamente por gramíneas exóti-
cas e por Pinnus spp.
Para a sustentabilidade das florestas, os obstáculos são as atividades madeireiras e o extrati-
vismo de outros produtos vegetais, a substituição das florestas naturais pela atividade agropasto-
ril, silvicultura em plantios homogêneos, principalmente de espécies exóticas.

Estratégia

Por intermédio da informação, reconhecer e valorizar os recursos naturais e a diversidade


biológica do estado de Santa Catarina, fazendo levantamentos e estudos em bases técnico-científi-
cas, diagnosticando as condições existentes, propondo o uso e o manejo sustentáveis, propician-
do alternativas econômicas para a população dependente e fomentando a pesquisa.

Propostas

Investir na fiscalização da bio-pirataria e no controle da contaminação biológica, a fim


de evitar a perda de espécies que compõem o patrimônio genético natural, reestruturar os
sistemas de fiscalização e licenciamento ambiental, de forma que estejam presentes em todas
as regiões do Estado.
Implementar política pública visando a sistematização de informações sobre estudos e pes-
quisas dos recursos naturais e da diversidade biológica do Estado de Santa Catarina, com monito-
ramento e indicação de manejo sustentável, envolvendo as comunidades locais.
Estimular a pesquisa integrada, por instituições catarinenses, na área de plantas medici-
nais, incentivando-as a patentear procedimentos de análise e produtos obtidos a partir de
espécies nativas.
Instituir o princípio do conservador/recebedor para áreas de vegetação conservada ou re-
florestada com espécies nativas, excetuando-se as áreas de reserva legal e de preservação perma-
nente previstas em lei.

101
5 RECURSOS HÍDRICOS

Desafios

O estado de Santa Catarina possui duas grandes vertentes hidrográficas. A vertente do inte-
rior, que é composta pelo trecho catarinense dos formadores e afluentes da bacia do rio Uruguai,
e o trecho catarinenses dos afluentes da bacia do rio Iguaçu, que drenam para o Oeste, indo
desaguar na bacia do Prata. A outra é a vertente do litoral, que é composta por todas as bacias que
drenam para o oceano Atlântico
Em razão dessas variáveis, os desafios da sustentabilidade dos recursos hídricos apresen-
tam-se regionalizados e envolvem as atividades econômicas de cada local.
Elaborar o Plano
No Sul, o desafio da sustentabilidade envolve a exploração mineral, em função das jazidas
Estadual de Recursos
Hídricos, com a
de carvão, caulim e argila. No Litoral Centro, a cultura diversificada e de subsistência, a pesca e um
necessária participação novo empreendimento voltado à geração de tecnologia de ponta, como informática, telecomuni-
da sociedade, tendo cações, mecânica de precisão e automação. No Vale do Itajaí, são as atividades do ramo têxtil e
como meta maior a vestuário, calçados e artefatos de tecidos. Na região Nordeste, um parque industrial diversificado,
implantação paulatina de com predominância do complexo eletro-metal-mecânico e as indústrias de material de transporte
um Sistema de Gestão e e de matérias plásticas.
Gerenciamento em todas No Planalto Norte e Serrano, são as atividades econômicas vinculadas à criação de bovinos,
as bacias hidrográficas à extração de madeiras e celulose, as lavouras de produção extensiva e a fruticultura. No Oeste, a
do Estado. agricultura e o complexo agro-industrial, com o abate de suínos e aves.
Essas atividades do desenvolvimento resultam em fortes impactos aos recursos hídricos do
Estado, colocando em cheque tanto a questão ambiental das fontes, quanto a capacidade de sobre-
vivência da indústria ou outras atividades diretamente conectadas à quantidade de água captada,
distribuída e consumida.
Esse desafio exige uma postura mais sustentável por todos os atores da sociedade e o desenvolvi-
mento deve fazer com que os processos produtivos contabilizem nos preços os custos ambientais.
A poluição provocada pela atividade industrial e a contaminação de corpos d’água por

102
agrotóxicos, muitas vezes aliada à escassez geográfica ou sazonal, resultam na emergência de pro-
blemas para atendimento das mais elementares necessidades de abastecimento humano.
Estes são os desafios para a sociedade catarinense, desafios que devem motivar políticas
voltadas ao uso e conservação da água, demonstrando o caráter estratégico da questão.

Premissas

A água é um bem finito e vulnerável, e é exatamente por isso que sua gestão, com princípios
básicos, instrumentos e formas de organização social, deve ser compartilhada.
O estudo Bacias Hidrográficas do Estado de Santa Catarina - Diagnóstico Geral -, realiza-
do pelo Estado em 1997, faz uma ampla abordagem regional que permite fornecer subsídios aos
diferentes segmentos da sociedade, ampliando a visão dos principais problemas que afetam as
bacias hidrográficas catarinenses, assim como das suas potencialidades.
As premissas daquele estudo e o maior aprofundamento das diferentes variáveis são os
elementos que permitirão a mobilização e institucionalização de fóruns de participação comuni-
tária, onde os diversos agentes sociais poderão analisar e discutir as alternativas para o melhor
aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis e as soluções para os conflitos existentes, de
forma a compatibilizar atividades que sejam economicamente viáveis, socialmente justas e ecolo-
gicamente sadias.

Obstáculos

O componente recursos hídricos está entre os que apresentam maiores deficiências para a
sustentabilidade, em que pese o inegável esforço de alguns órgãos e entidades que atuam no
Estado, responsáveis pelo considerável arcabouço legal existente e pela estrutura político-institu-
cional em fase de implementação.
A exemplo de outros estados da federação, sente-se a necessidade de uma maior sensibi-
lização e comprometimento político para um encaminhamento efetivo e de resultados no trato
destas questões.
Os obstáculos à sustentabilidade dos recursos hídricos em Santa Catarina estão ligados à
insuficiência ou dificuldade de acesso a dados e informações para se promover uma adequada
avaliação dos recursos hídricos, à inexistência de práticas efetivas de gestão de usos múltiplos e
integrados dos recursos hídricos, à insuficiência de base legal para assegurar a gestão descentrali-
zada, ao manejo inadequado do solo na agricultura, à distribuição injusta dos custos sociais associ-
ados ao uso intensivo da água, à participação incipiente da sociedade na gestão, com excessiva

103
dependência das ações de governos, à escassez de água, natural ou causada pelo uso intensivo do
recurso hídrico, à disseminação de uma cultura da abundância dos recursos hídricos e à ocorrên-
cia de enchentes periódicas.

Estratégia

A sustentabilidade dos recursos hídricos no estado de Santa Catarina será alcançada pela
conscientização da população consumidora – pessoas físicas e jurídicas - , através de programas e
projetos implementados via comitês de bacias hidrográficas, a partir da responsabilidade do Esta-
do sobre a qualidade e uso da água.

Propostas

Elaborar o Plano Estadual de Recursos Hídricos, com a necessária participação da socieda-


de, tendo como meta maior a implantação paulatina de um Sistema de Gestão e Gerenciamento
em todas as bacias hidrográficas do Estado.
Implementar medidas estruturais e não estruturais de proteção às comunidades sujeitas a en-
chentes periódicas, com a finalidade de controlar e amenizar os efeitos das cheias em áreas ribeirinhas.
Desenvolver estudos e pesquisas em regiões onde a situação da disponibilidade de água
superficial foi identificada como crítica e extremamente crítica, com o objetivo de buscar alterna-
tivas viáveis de abastecimento.
Adotar medidas, em parceria com os municípios, visando à conservação das áreas ocupadas
pelos mananciais destinados ao abastecimento urbano, mediante consórcios intermunicipais.
Desenvolver programas de incentivo à proteção dos recursos hídricos, superficiais e sub-
terrâneos, pelo uso racional da água, desestimulando o desperdício, promovendo a pesquisa e
divulgando o reuso das águas.

104
6 RECURSOS FLORESTAIS

Desafios

Se incluirmos na estatística as árvores de todos os portes, a Mata Atlântica, em Santa Catari-


na, está reduzida a não mais do que 17% da floresta original. No entanto, nos últimos anos os
desmatamentos vêm diminuindo no Estado pela ação de fiscalização e pela conscientização da
população envolvida.
O desafio da sustentabilidade dos recursos f lorestais está voltado ao trabalho e à pes-
quisa para a transformação ecológica das f lorestas, considerando uma política ambiental e de
reservas orientada para o futuro. O objetivo é o cultivo de florestas para exploração econômi-
Promover o
aproveitamento de
ca, que atendam às expectativas da sociedade nas questões ecológicas, econômicas e de con-
resíduos e subprodutos servação ambiental.
da exploração dos O Estado de Santa Catarina apresenta três formações florestais, que são caracterizadas como
recursos florestais, Floresta Ombrófila Densa - que recobre as áreas próximas do litoral Atlântico -, Floresta Ombrófila
buscando novos Mista - que é a mata de araucária, com área de abrangência desde os planaltos norte e sul até a
mercados e região extremo Oeste - e Floresta Estacional Decidual - que é a mata do rio Uruguai, com abrangên-
identificando novos cia numa faixa considerável junto ao rio Uruguai.
produtos derivados Desde que a legislação federal considerou o estado de Santa Catarina dentro do domínio da
desse aproveitamento. Mata Atlântica, impedindo até mesmo o desenvolvimento sustentável, o maior desafio vem sendo
no sentido de discutir critérios para a alteração da legislação em vigor.
Fortalecer e aumentar a aptidão humana, bem como os conhecimentos especializados e o
fortalecimento institucional, para formular e implementar - com eficácia - políticas, planos, progra-
mas, pesquisas e protestos sobre manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os
tipos de florestas e de recursos derivados das florestas, bem como de outras das quais se possam
extrair benefícios florestais.

105
Premissas

Balizar o desenvolvimento pela sustentabilidade dos recursos florestais, definindo sua im-
portância relativa e sua importância absoluta para a qualidade de vida das populações locais.
Obter um planejamento com informações precisas que leve a uma atividade econômica
adequada ao lugar, de forma sustentável e favorável ao meio ambiente.
Avaliar as conseqüências ecológicas e econômicas a partir de diferentes estratégias de trans-
formação e exploração dos recursos florestais.
Promover discussões legais com foco na sustentabilidade das florestas e na qualidade de
vida das pessoas, permitindo o desenvolvimento sustentável.
Promover ações no sentido de obter uma oferta adequada de espécies exóticas, utilizando
áreas que a legislação ambiental permita, reduzindo a pressão para o corte de espécies nativas,
mesmo que sejam de manejo sustentado. Enquadrariam neste contexto o Pinus (taeda e eliotis),
o Eucalipto e outras espécies a determinar, bem como, a bracatinga, esta uma espécie nativa, mas
com potencial de reflorestamento, principalmente para o uso energético.
Promover ações objetivando melhorar a produtividade e qualidade destas florestas, redu-
zindo a necessidade de ampliação das áreas plantadas.
Promover ações para estimular a certificação de florestas exóticas.
Promover cursos profissionalizantes na área florestal.
Identificar áreas de conservação e proteção ambiental.

Obstáculos

A falta de informações científicas para assegurar, a longo prazo, o desempenho da floresta


como provedora de matéria-prima, protetora do solo e da água, mantedora da biodiversidade e
depósito de carbono.
A dificuldade de entendimento entre as posições teóricas e práticas dos grupos sociais
interessados.
A falta de alternativas econômicas para populações inteiras que dependem de suas ativida-
des tradicionais para o sustento de famílias, principalmente as rurais.

Estratégia

Usar de forma sustentável os recursos florestais do estado de Santa Catarina, seja pela inte-
ração entre a preservação das florestas, com o objetivo de regulação do clima – precipitação

106
pluviométrica, abastecimento de mananciais e aqüíferos, manutenção da umidade do ar e do solo
e retenção do gás carbônico –, seja pelo seu uso econômico, com manejo adequado e com a
consciência ambiental da população interessada.
Realizar atividades favoráveis ao equilíbrio entre os ciclos biogeoquímicos, evitando pro-
blemas ambientais como destruição da camada de ozônio, efeito estufa e chuva ácida.

Propostas

Desenvolver programas e projetos de novos materiais estruturados de madeira, como pe-


quenas peças de madeira para a engenharia de construção e materiais à base de fibras de madeira.
Promover o aproveitamento de resíduos e subprodutos da exploração dos recursos flores-
tais, buscando novos mercados e identificando novos produtos derivados desse aproveitamento.
Fazer com que novos métodos sejam utilizados para fabricação econômica de casas, a
partir de matérias-primas e elementos de madeira padronizáveis, como sistemas de construção
modulares e de técnicas inovadoras de encaixe, além da pré-fabricação industrial de componen-
tes para a construção.
Incentivar o reflorestamento com espécies nativas, em especial nas áreas degradadas iden-
tificadas em cada município.
Realizar atividades favoráveis ao equilíbrio entre os ciclos biogeoquímicos, evitando pro-
blemas ambientais como destruição da camada de ozônio, efeito estufa e chuva ácida.

107
7 ECOSSISTEMAS

Desafios

Compatibilizar o desenvolvimento econômico e a conservação dos recursos naturais reno-


váveis e não-renováveis existentes nos 95.000 km2 do território catarinense é um grande desafio
para este século, especialmente ao ser considerada a importância que o estado de Santa Catarina
possui no contexto biogeográfico regional e nacional.
Tal tarefa exige comprometimento, responsabilidade e participação efetiva dos mais diver-
sos atores governamentais e não-governamentais envolvidos nas tomadas de decisões, que levam
à sustentabilidade dos mais diversos ecossistemas situados ao longo do território catarinense.
Implantar, efetivamente,
as unidades de Não tem sido fácil a integração dos mais diversos atores sociais - governamentais e não-governa-
conservação já mentais - em torno desta questão tão importante, especialmente se for considerada a pouca estrutura
existentes, através de existente no Estado para implementar de fato as Unidades de Conservação existentes.
mecanismos como Em Santa Catarina, houve uma significativa diminuição dos remanescentes de vegetação, poden-
regularização fundiária, do ser inferido que isso propiciou uma redução considerável da fauna associada a estes ecossistemas.
planos de manejo, Vários foram os fatores que levaram a este intenso processo de perda de ecossistemas, tanto
programa de uso público, no interior, como no litoral de Santa Catarina. Vale destacar o exemplo da porção centro-norte,
e criar novas áreas onde o processo de urbanização, orientado pela especulação imobiliária, foi responsável pela per-
protegidas, formando da significativa de importantes ecossistemas situados na zona costeira, com um processo quase
corredores ecológicos no
irreversível de recuperação dos mesmos.
Estado para a
O verdadeiro desafio desta questão passa por questões de natureza política, legal, técnica e,
conservação da
sobretudo, institucional.
biodiversidade.
Para que se possa alcançar a conservação plena destes ambientes, o desafio político nas
tomadas de decisões requer mudança de ética e de postura dos envolvidos. São poucas as áreas
que ainda se encontram inalteradas, de forma que se possa legar às gerações futuras ambientes
ainda com características similares às encontradas no período inicial de ocupação.
Apesar da legislação incidir sobre Áreas de Preservação Permanente ou Unidades de Con-

108
servação existentes, estas se apresentam, por vezes, ineficientes quanto ao processo de monitora-
mento e fiscalização.
Desta forma, tal processo gera problemas gravíssimos, que vão da falta de políticas adequadas às reais
necessidades de conservação dos ecossistemas, até a postergação do diagnóstico e sua respectiva análise.

Premissas

A questão central da conservação da biodiversidade e seu uso sustentável está na possibili-


dade de implementar meios de gestão ou manejo que garantam a continuidade de espécies, for-
mas genéticas e ecossistemas. A realidade tem mostrado que, quando os meios de ação são bem
manejados, podem, de fato, servir como ferramenta para a conservação da natureza.
A gestão dos ecossistemas somente poderá ser implementada com a participação dos diferentes
atores sociais, que, direta ou indiretamente, atuam no processo de utilização dos recursos naturais.
Para a efetivação dessa participação, é preciso que as informações derivadas do exercício
da gestão possam ser adaptadas aos diferentes públicos a que se destinam, criando as condições
de comunicação necessárias ao entendimento dos objetivos da gestão pretendida.
Descentralizar decisões e ações no âmbito da gestão de recursos naturais, é outra premissa
para criar espaços de oportunidade, visando solucionar os problemas equacionados local e regio-
nalmente. Trata-se de permitir que agentes governamentais locais, com poder de decisão, assu-
mam, em conjunto com os agentes sociais, a construção de uma pauta de atividades que leve à
gestão sustentável dos recursos naturais.
Outra premissa é a capacitação de multiplicadores de idéias e ideais, que possam ser a base
de uma mudança comportamental de curto, médio e longo prazos nas mais diversas localidades,
tenham elas características naturais, rurais, periféricas às áreas urbanas ou mesmo naquelas emi-
nentemente urbanas.
Deve ainda ser acrescentado que tais paisagens possuem, atualmente, uma ampla distribui-
ção, tanto nas áreas costeiras como no interior, e que as instituições que ali atuam possuem, antes
de tudo, um importante compromisso em relação às comunidades que ali residem, de forma que
as mesmas possam utilizar os recursos naturais renováveis e não-renováveis de maneira segura e
duradoura por meio de técnicas adequadas de manejo, dentro de princípios legais.

Obstáculos

Informações sobre o estado atual dos ecossistemas no Estado de Santa Catarina estão dis-
persas. A questão institucional é importante, pois a falta de integração inter e intra-institucional

109
passa a ser um grande entrave para o entendimento da realidade.
Os baixos salários dos técnicos que trabalham nos órgãos ambientais, o que gera desinteresse no
desenvolvimento das atividades a eles destinadas, especialmente no que tange à fiscalização, e mesmo
nos setores que exigem uma análise detalhada de estudos de impactos ambientais e de planejamento.
Sob o ponto de vista inter-institucional, a falta de integração passa a ser um problema difícil
de ser solucionado, devido à inexistência de cursos de capacitação que possam dar uma visão de
unidade ao processo.
A execução dos planos de gestão estabelecidos nas mais diversas políticas ambientais exis-
tentes - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, Política Nacional de Meio Ambiente, Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, Política Nacional de Recursos Hídricos - torna-se proble-
mática, pois não existe uma política efetiva de planejamento, mas apenas demandas dos proble-
mas que chegam nas mais diversas instituições que trabalham com as questões ambientais.

Estratégia

Respeitar as relações econômicas, sociais e culturais das populações inseridas em ecossiste-


mas ou deles dependentes, visando dar consistência às políticas públicas de criação de unidades
de conservação, conciliando os interesses regionais, nacionais e globais com os interesses das
comunidades residentes ou dependentes, promovendo a utilização dos recursos naturais renová-
veis e não-renováveis, de forma segura e duradoura, por meio de técnicas adequadas de manejo.

Propostas

Implantar, efetivamente, as unidades de conservação já existentes, através de mecanismos


como regularização fundiária, planos de manejo, programa de uso público, e criar novas áreas
protegidas, formando corredores ecológicos no Estado para a conservação da biodiversidade;
Elaborar programas que visem à implantação de corredores ecológicos e áreas-tampão en-
tre unidades de conservação e áreas de proteção permanentes.
Promover o mapeamento, de acordo com a legislação ambiental, em escala municipal, com
o objetivo de demarcar as áreas de preservação permanente, estimulando os municípios a reco-
nhecerem os ecossistemas em seus territórios, valorizando e protegendo as áreas úmidas, tipo
banhado e mata ciliar.
Preservar e recuperar os ecossistemas, em especial os lagunares, existentes nas regiões hi-
drográficas catarinenses.

110
8 PRODUTOS AGROQUÍMICOS

Desafios

O uso de produtos agroquímicos na agricultura surgiu da necessidade de melhorar a produ-


tividade do setor. A produtividade foi, de fato, aumentada, mas as conseqüências negativas do uso
dos agroquímicos vão desde a produção de alimentos com baixo valor nutricional, até a sua alta
toxidade, que causa diversas doenças como câncer e alergias.
Entre deixar de usar os agroquímicos e desenvolver uma produção orgânica, aparece o
desafio de manter a produtividade crescente em um produto considerado melhor para a saúde. A
baixa produtividade da produção orgânica eleva os preços aos consumidores finais, deixando-a
Responsabilizar os
restrita às classes de maior poder aquisitivo.
fabricantes e
estabelecimentos que
Promover um esforço conjunto entre a indústria de produtos fitossanitários, engenheiros
comercializam produtos agrônomos e técnicos rurais, no intuito de trabalhar intensivamente na educação dos agricultores
agroquímicos pela e trabalhadores rurais, ensinando-os a identificar a presença de insetos, fungos, plantas daninhas,
informação, dada ou bem como orientando-os quanto ao uso dos produtos agroquímicos, é um dos muitos desafios a
não, ao usuário a serem enfrentados pelo setor.
respeito dos danos que Essa educação deve envolver todas as pessoas do ciclo produtivo na agricultura, desde o
os mesmos causam à pessoal da tomada de decisão e supervisão, como proprietários, técnicos, orientadores, adminis-
natureza e à saúde da tradores, até os familiares e vizinhos daqueles que manipulam e aplicam o produto.
população, bem como Por outro lado, se o objetivo for eliminar o uso dos agroquímicos – e sabe-se que essa não é
sobre os meios de
uma tarefa fácil –, torna-se essencial que, inicialmente, os riscos da aplicação sejam reduzidos e,
proteção.
concomitantemente, sejam efetivadas ações, calcadas na educação, buscando a total substituição
desses produtos por práticas sustentáveis de produção.
A minimização dos impactos causados pelo uso de agroquímicos, juntamente com a busca
de alternativas de produção mais saudáveis, deve ser a ênfase das produções agrícolas no estado
de Santa Catarina, pois só com uma visão de longo prazo e objetivando a sustentabilidade é que
será possível compatibilizar a questão produtiva e econômica com a social e ambiental.

111
Premissas

Ao reconhecer a necessidade do uso dos produtos agroquímicos, deve-se explicitar a pre-


caução, promovendo o seu uso de forma correta e segura, tanto para obtenção de melhores resul-
tados econômicos, como para evitar intoxicação humana, animal e ambiental.
Promover a agricultura sustentável, sem agressão ao ambiente, mantendo o controle perma-
nente do uso dos produtos fitossanitários, através dos registrados pelo Ministério da Agricultura e
do Abastecimento, aprovados pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambien-
te e dos Recursos Naturais Renováveis.
A educação ambiental deve ser a base da alteração do uso dos agroquímicos, difundindo
desde as culturas que podem ser protegidas, até os cuidados a serem observados na proteção da
saúde de aplicadores e na preservação do meio ambiente.
Ênfase em pesquisas que objetivam alternativas sustentáveis de produção e fluxo de infor-
mações e trocas de experiências.

Obstáculos

Os obstáculos à sustentabilidade na questão dos agroquímicos vão desde a falta de um


estudo da real necessidade ou não da aplicação dos produtos, a facilidade de receitar os produtos,
a pouca fiscalização na venda, o uso incorreto dos equipamentos de proteção individual e de
manuseio, até o descuido na destinação final das embalagens.
Falta de sistemas aperfeiçoados ou alternativos para monitoramento e controle de pragas e
doenças, visando a eliminar ou reduzir as pulverizações preventivas tradicionais com agrotóxicos.
Os programas disponíveis em nível nacional - Protocolo Verde ou Programa Nacional para
a Racionalização do Uso de Agrotóxicos - não têm alcançado o Estado.
Não se tem dado um destino adequado às embalagens vazias de agrotóxicos, e o uso de
agrotóxicos perigosos não têm recebido das autoridades a implementação de medidas de caráter
técnico, administrativo, financeiro e legal para induzir a substituição dos mesmos por produtos
químicos mais seguros.

Estratégia

Substituir progressivamente o uso dos produtos agroquímicos, promovendo alternativas


capazes de manter a produtividade agrícola e de fornecer soluções às demais questões do setor.

112
Propostas

Poder público manter o controle efetivo das quantidades de produtos agrotóxicos estoca-
dos e comercializados em Santa Catarina, inclusive fiscalizando às indústrias fabricantes, visan-
do bloquear o lançamento de produtos que ainda não estejam devidamente registrados e impe-
dir a comercialização de agrotóxicos que estejam proibidos em outros estados da Federação ou
em outros países.
Promover ampla e permanente campanha publicitária educativa de âmbito estadual, envol-
vendo as entidades de classe e instituições governamentais e não-governamentais, incentivando a
utilização do Receituário Agronômico, tanto pelos profissionais da área, como pelos produtores,
com enfoque para as comunidades rurais, a fim de alertá-las sobre os perigos da contaminação
humana e ambiental, devido ao uso de agrotóxicos, destacando a necessidade da tríplice lavagem
e reciclagem de embalagens.
Desenvolver centros de pesquisa que busquem a substituição de produtos agroquímicos por
produtos ecologicamente corretos, instituir e aportar recursos financeiros, tecnológicos e humanos,
com o objetivo de viabilizar a pesquisa de defensivos biológicos naturais e estimular a agricultura orgâ-
nica ou agroecológica e outras alternativas para substituição do uso de agroquímicos.
Responsabilizar os governos municipal e estadual pela fiscalização, recolhimento e estoca-
gem de embalagens de agrotóxicos, ficando os fabricantes e estabelecimentos comerciais respon-
sáveis por administrar o destino adequado das mesmas.
Responsabilizar os fabricantes e estabelecimentos que comercializam produtos agroquími-
cos pela informação, dada ou não, ao usuário a respeito dos danos que os mesmos causam à natu-
reza e à saúde da população, bem como sobre os meios de proteção.
Implantar selo de avaliação da qualidade dos produtos alimentares, com processo e sistema
de inspeção, controle e vigilância permanente.

113
9 RESÍDUOS SÓLIDOS E ESGOTO

Desafios

A construção da sustentabilidade é particularmente complexa e difícil na gestão dos resíduos sóli-


dos e do esgoto sanitário, principalmente por causa da multiplicidade de atores envolvidos, muitas vezes
com interesses conflitantes ou contraditórios, que necessariamente necessitam ser conjugados. Comple-
xo, ainda, pela diversidade de situações e cenários ao longo dos 95.442,9 km2 de terras catarinenses.
O caminho para obtenção do desenvolvimento sustentável exige mudanças tanto no tratamento
destas questões quanto na cultura associada, não bastando a existência de serviços bem organizados.
Atualmente, quando a média de produção de resíduos domésticos já é de um quilo por
Estabelecer como habitante/dia, impõe-se a adoção de políticas que induzam à redução da produção de lixo e à
prioridade para os reciclagem ou reutilização dos materiais descartados.
governos estadual e
É indispensável a promoção do depósito e tratamento ambientalmente saudáveis dos resí-
municipal o investimento
duos não recicláveis.
em obras que diminuam
ou solucionem os
Há também a necessidade de se equacionar o tratamento dos ciclos completos dos vários
problemas de saneamento produtos, dando destino correto tanto aos resíduos industriais, perigosos ou não, como às embala-
básico, incluído o gens e ao descarte dos produtos em si ao fim de sua vida útil, seja por obsolescência, deterioração
tratamento de esgotos ou esgotamento, com responsabilidades definidas para cada fase.
domésticos, pela Não se pode deixar de lado a urgente necessidade de ampliação do alcance dos serviços
implantação de rede de que se ocupam dos resíduos.
coleta e tratamento de Paralelamente, deve ser estudado o ajustamento das normas técnicas e legais, de maneira a
esgotos em todos os estimular as boas práticas e restringir os procedimentos que levem ao desperdício, seja nos pro-
municípios do Estado. cessos industriais, seja no uso dos produtos.
A otimização dos processos leva, adicionalmente, ao melhor encaminhamento da questão
dos resíduos, a baixar o consumo dos recursos naturais, a emissão de poluentes e a utilização de
energia, fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
A adequação das políticas de destinação de resíduos industriais, inclusive dos resíduos tóxicos,

114
desafia administradores públicos e privados e exige soluções imediatas e mediatas, ao lado de procedi-
mentos que incrementem o processo de adequação e certificação ambiental das indústrias.

Premissas

A dimensão das intervenções antrópicas na natureza é cada dia maior e os seus efeitos
ultrapassam as fronteiras conhecidas. É fundamental que todos reconheçam que meio ambiente e
desenvolvimento não se opõem, ao contrário, estão inevitavelmente interligados. O desenvolvi-
mento não se mantém se a base dos recursos ambientais se deteriora.
A necessidade de pensar em infra-estrutura de saneamento, tendo em vista o desenvolvi-
mento sustentável, fica evidente em face da sua importância para a qualidade do meio ambiente e
das ameaças que sua ausência causa tanto ao meio quanto à saúde humana.
O comprometimento da qualidade das águas, subterrâneas ou superficiais, seja de rios, la-
gos ou do mar, termina por chegar às casas. Esse comprometimento está ligado diretamente ao
tratamento dado aos resíduos sólidos e efluentes líquidos e pelo modo como a população e suas
instituições desenvolvem suas atividades.
Os perigos são claros quando se verifica a presença do chorume, líquido escuro, viscoso e
altamente tóxico, resultado da decomposição do lixo, e o lançamento dos esgotos sanitários sem
tratamento, que se infiltram no solo e chegam às águas subsuperficiais. Os locais inadequados de
lançamento de esgotos ou depósito impróprios de resíduos sólidos são áreas de risco para a saúde
pública, porque provocam, além de mau cheiro e aspecto desagradável, a proliferação de insetos
transmissores de doenças e são focos de disseminação de patogenias.

Obstáculos

Inexistência de política pública estadual para o saneamento e indefinição de responsabili-


dades pelo destino dos resíduos sólidos – tratados, atualmente, sem discriminação de origem ou
classificação.
A busca de soluções individualizadas, aliada às dificuldades técnicas e operacionais para o
tratamento da grande diversidade dos resíduos sólidos e dos efluentes líquidos.
Ausência de estímulos ou incentivos a práticas adequadas de tratamento dos resíduos sóli-
dos e efluentes líquidos, com recursos reduzidos para investimento no setor.
Segmentação dos procedimentos para tratamento do tema e inexistência de articulação
entre os diversos atores envolvidos, com uma multiplicidade de atores no processo, gerando con-
flitos e contradições.

115
Estratégia

As soluções sobre resíduos sólidos e esgoto sanitário passam pela implementação de ações
públicas e privadas no sentido de aumentar a renda das famílias, eliminar a pobreza e a exclusão
social, concomitante ao desenvolvimento da capacidade de gestão da esfera pública e da criação
de parcerias com a população interessada.

Propostas

Implementar política pública municipal de gerenciamento de resíduos sólidos, incentivan-


do a coleta seletiva, a reciclagem, a compostagem e a geração de energia elétrica a partir do meta-
no, com a disposição final em aterros sanitários regionalizados, fiscalização eficiente, criação de
consórcios intermunicipais e dando destino adequado aos resíduos tóxicos e ao lixo hospitalar de
clinicas médicas e de laboratórios.
Instituir a co-responsabilidade entre produtores, consumidores e prestadores de serviços
na gestão de resíduos sólidos, estabelecendo mecanismos financeiros e operacionais adequados,
visando a reduzir significativamente a quantidade de lixo produzido nas cidades, levando o setor
produtivo e a população a desperdiçar menos, consumir somente o necessário e reutilizar materi-
ais que atualmente são jogados fora.
Estabelecer como prioridade para os governos estadual e municipal o investimento em
obras que diminuam ou solucionem os problemas de saneamento básico, incluído o tratamento de
esgotos domésticos, pela implantação de rede de coleta e tratamento de esgotos em todos os
municípios do Estado.
Criar uma política fiscal diferenciada para as empresas que diminuírem o volume de emba-
lagens no seu produto final ou implementarem programas de recolhimento de embalagens.
Regulamentar a coleta e destino das pilhas, baterias, pneus e outros produtos nocivos ao
ambiente, responsabilizando os revendedores, fabricantes e consumidores.
Incentivar as prefeituras a instituir política de cobrança de imposto diferenciada, usando
como medida o bairro e levando em consideração o percentual de coleta e reciclagem de lixo,
proporcional à produção média por pessoa.
Incentivar a implantação da coleta seletiva pela estruturação de cooperativas ou associa-
ções de catadores de material reciclável em todos os municípios do Estado.
Incentivar a redução da utilização dos corpos d’água como destino final das águas servidas,
por meio de tratamento e reuso.

116
117
PARTICIPANTES DO PROCESSO
A Notícia Associação Sul Catarinense em Prol do Assembléia Legislativa de Santa Autônomos
MARIELLA LOPEZ Meio Ambiente – ACTA Catarina - ALESC MATHEUS CHEDID
DANIEL TRENTO DO NASCIMENTO IDELVINO FURLANETTO ROGÉRIO RISTOW
Agência de Desenvolvimento da Serra HELTON NATALI SOLON SOARES ADILES MARIA ROMERO IBARRA
Catarinense SCHEUKA DZIEDZIC
ISABEL BAGGIO Associação de Proteção à Maternidade e MARIA LUÊS CATALANO Autônomo/Petrobras/SIX/SMS
Infância PAULO R. DALMOLIN ANDRÉ LUIS DA SILVA KAZMIERSKI
Agenda 21 de Florianópolis ASPASIO CAMARGO JOÃO KARAM
CÉSAR GOUVÊA Boehme Brasil Consulting
LYDIA BEZ FONTANA Associação dos Municípios do Alto Vale Agência de Desenvolvimento da Serra GERHARD ERICH BOEHME
do Itajaí Catarinense - ADSC
Agenda 21 de Jaraguá do Sul MARISTELA MACEDO POLGA CARLOS EDUARDO LIZ Brasfumo Ltda. - Rio do Sul
MANOEL INÁCIO CAMILO CARREIRA ROBERTO FREDERICO CAYE
Associação dos Municípios Associação Empresarial da Região
Agenda 21 de São José de Entre Rios Metropolitana de Florianópolis - Aemflo/ Bmrv – Corretora de Seguros Ltda.
JANETE ALDA DE MIRANDA MARCOS AURÉLIO LAZZARETTI ORSO CDL – São José ROGÉRIO BRAVO
LUCI MASIERO
Associação Beneficente Amigos pela Associação Catarinense para o ODÍLIO GUAREZI Banco Regional de Desenvolvimento do
Vida/Chapecó Desenvolvimento Social – ACADES Extremo Sul – BRDE/SC
ANDRÉ LUIZ ALVES GIOVANI AMBONI Associação Portuguesa de Mulheres ADRIANO ROGÉRIO GOEDERT
DANIEL TRENTO DO NASCIMENTO Juristas - APMJ MARLENE APARECIDA KERBER
Associação de Preservação e Equilíbrio ELY L. DE CAMARGO ADRIANO FIAMONCINI
do Meio Ambiente de Santa Catarina - Associação Comercial e Industrial de ALCIDES ANDRADE ROSANA FRANÇA
APREMA/SC Jaraguá do Sul CRISTIANO N. GONÇALVES
NELSON LUIX WENDEL INÁCIO CARREIRA Ar – Consultoria e Saneamento Ltda.
FÁBIO RIBEIRO DE SOUZA Bini/Xanxerê
Associação de Ensino de Santa Catarina Associação Comercial e Industrial de ELISANGELA
- ASSESC Florianópolis Associação de Municípios do Nordeste
JOÃO PAULO BITENCOURT DE PAULO R. OROFINO de Santa Catarina - AMUNESC Câmara de Desenvolvimento do
FREITAS JOÃO GERALDO BERNARDES Comércio Exterior
Associação Cultural AÚ – Entidade Afro- HANS KRESS
Associação Brasileira de Engenharia brasileira – ACAU Associação dos Municípios do Extremo
Sanitária e Ambiental – ABES/SC LOURIVAL FERNANDO ALVES LEITE Sul Catarinense Câmara de Integração do Mercosul/
NILCEANE APARECIDA JUNCKES DRAUZIO PEZZONI ANNUNCIATO JOBSON MARTINHO Balneário Camboriú
COSTA MARIELA ZINGONI
CARLOS BIANCO Associação Amigos da Natureza do Associação do Movimento Ecológico de
ELIANA BITENCOURT Extremo Oeste Catarinense Capivari Câmara Municipal de Vereadores de
BERTOLDO DA SILVA COSTA AZIZ ABOU HATEN TOMAZ MARCIANO VIEIRA Papanduva
LUIZ MIKACOVIA
Associação Brasileira de Recursos Associação Amigos da Galheta – AGAL Associação dos Aposentados da UFSC
Hídricos – ABRH AFFONSO ALLES ADY VIEIRA FILHO Câmara Municipal de Vereadores de
CIRO LOUREIRO DA ROCHA Belmonte
CESAR AUGUSTO POMPÊO Associação Brasileira de Restaurantes e Associação dos Moradores de Cacupé - BÁRBARA TERNUS
HÉCTOR RAÚL MUÑÕZ ESPINOSA Empresas de Entretenimento - AMOCAPE
ABRASEL/SC RICARDO LEVI Câmara Municipal de Vereadores de São José
Associação Catarinense de Aqüicultura – LUCIANO BARTOLOMEU TELMO PEDRO VIEIRA
ACAq JOSÉ ARI SUNDFELD Associação Rádio Comunitária
PAULO DE TARSO R. RODRIGUES Campeche - ARCC Câmara de Vereadores
MATIAS GUILHERME BOLL Associação Civil Floripa é 10! UBIRATAN MATTOS VALDEMIRO MARCON DA SILVA
RENARDO F. G. SCHREIBER ALCIDES ANDRADE PEDRO LORENZETTI

118
Casa Chico Mendes Conselho Comunitário do Morro do Horácio Conselho Regional de Biologia – CRBio/SC Companhia Integrada de
CRISTIANE FABRÍCIO CIRILO P. DA SILVA DANILO DA SILVA FUNK Desenvolvimento Agrícola de Santa
BELONI PAULI MARTERER Catarina - CIDASC/São José
Caixa Econômica Federal Conselho Estadual de Desportos ANDRÉIA A. DOS SANTOS SÉRGIO DELATORRE
JOANA DARC AMBONI EMANUEL MARTINS FRANCISCO ANTÔNIO DA SILVA FILHO
VILSON LUIZ LEILA CRISTIANE MACHADO Companhia Integrada de
JOAQUIM ARANTES DE BEM Conselho Regional de Engenharia, Desenvolvimento Agrícola de Santa
Centro de Transformação Pessoal e ADALIR PECOS BORSATTI Arquitetura e Agronomia – CREA/SC Catarina - CIDASC/Tubarão
Artística. ERIBERTO FLEICHMAMM ERIBERTO BUCHMANN HELDER TISCOSKI
SILVIA BARRETO SCHMIDT HERCÍLIO PARAGUASSÚ DE FREITAS CRISTINA GERBER
LUCIANO HOSTINS Ciocca, PCC - Consultoria
Comissão Cívica de Proteção das Linhas PAULO HENRIQUE XAVIER DE SOUZA Consultora Autônoma PAULO CÉSAR CIOCCA
de Água - Ccpla MARIA GORETE HOFFMANN
ODIRLEI LÁZARE Conselho Estadual da Saúde Centro Integrado de Informações de
MARIA ISABEL VARGAS DA CUNHA Companhia de Água e Saneamento de Recursos Ambientais de Santa Catarina -
Centrais Elétricas de Santa Catarina – Santa Catarina – CASAN CIRAM/UFSC
CELESC Conselho Municipal de Desenvolvimento GIOVANI DURIBON FREITAS SÉRGIO LUIZ ZAMPIERI
JOSÉ N. BENEDET Rural CARLOS PEREIRA
GILBERTO PEREIRA JOSÉ FELIX DA SILVA NETO Colégio Agrícola de Camboriú
SCHIRLEY MARIA DA SILVA Caixa Econômica Federal de Joinville FERNANDO KESKE
VICENTE IMPALÉA NETO Coordenadoria Regional da Educação – MÁRCIO AUGUSTO ALVES BONFIM MARIA OLANDINA MACHADO
2° CRE SOARES
Coordenadoria de Gestão Ambiental - JAIME PALADINI Centro de Estudos Sociais - CES/SC
CGA/UFSC Caixa Econômica Federal de OSVALDO O. MACIEL
LUIZ CARLOS PEREIRA Coordenadoria Regional de Educação – Florianópolis
1ª CRE ELIANE KRAEMER PINHEIRO Conselho Regional de Serviço Social
Clube Engenharia ALICE MARY SOUZA DE RIDK ROSANGELA REGINA KOETTKER MARIA ISABEL VARGAS DA CUNHA
HAMILTON SCHAGFER
Cohab/SC Centro Acadêmico de Engenharia Consórcio Lambari - AMAUC
Comitê de Gerenciamento da Lagoa da MAISA P. CORDOVA Mecânica - CAME/UFSC ROBERTO KURTZ PEREIRA
Conceição MANOEL CASTER RICARDO MOREL HARTMANN NÁDIA GREZZANA MASCELANI
AUGUSTO LUIZ GONZAGA
Companhia de Desenvolvimento do Centro de Ciências Agrárias - CCA/ Companhia de Desenvolvimento da
Comitê de Gerenciamento da Bacia Estado de Santa Catarina – CODESC UFSC Capital – COMCAP
Hidrográfica do Rio Cubatão ANA MARIA COUTINHO ELVYS TAFFAREL FLÁVIA VIEIRA GUIMARÃES OROFINO
SALOMÃO MATTOS SOBRINHO CAIRO BUENO DE OLIVEIRA RENATOGUARDINI NARA LÚCIA L. BITTENCOURT
HELENA MARIA C. DE SOUZA ELZA MARIA MEINERT
Comitê Camboriú JAIME JOSÉ MOURA Destino Azul/Florianópolis
PATRÍCIA ZEMMERMANN WEGNER RICARDO COLIN SCHROEDER Centro de Ciências Biológicas - CCB/ EDUARDO MOREIRA LUZ
RONALDO CUNHA UFSC FLÁVIO JARDIM
Centro Universitário de Jaraguá do Sul – RUBÉNS FANGIER FILHO MÁRCIA C. STRAPAZZON
UNERJ MAIULA FIGUEIREDO S. JESUS Diretoria de Vigilância Sanitária - DVS
GENÉSIO VEGINI Companhia Integrada de ANTÔNIO ANSELMO GRANZOTTO DE
SÍLVIA HELENA OLITTA M. Desenvolvimento Agrícola de SC. – C. E. São Miguel CAMPOS
FIGUEIREDO CIDASC ANA MARIA ALVES RIBAS
NELSON JACOMEL JÚNIOR Diretório Acadêmico da Única
Congresso Internacional de Turismo MANIX Centro Integrado de Ciências da Região MARIA JÚLIA LEITE HULMANN
Fluvial no Mercosul CLÓVIS GOULART DEBEM Sul de Santa Catarina - CINCRES
OSCAR VILAS BOAS JÚLIO FORTES MATOS JAIME PALADINI Engenho
MARIA DE LURDES CAPPONI PLINIO SMIDERLE CELENA SURIGAM VOLPATO GUSTAVO TAKASE GONÇALVES

119
Embrapa Suínos e Aves - Concórdia Escola Superior de Administração e Fórum de Desenvolvimento Alto Uruguai CINTHIA M. DA SILVA ZANUZZI
CLÁUDIO ROCHA DE MIRANDA Gerência - ESAG Catarinense GRACIELI M. R. LARA
CARLOS GABRIEL EGGERT BOEHS ARI DAL VESCO KARLA GRAZIOTTIN
Empresa de Pesquisa Agropecuária e LUCIANA CARVALHO
Extensão Rural de SC. – EPAGRI Escola de Educação Básica São Ludgero Fórum de Desenvolvimento Alto Vale LUCIANE DUSI
ZENÓRIO PIANA CLEUNICE G. MESQUITA MARISTELA MACEDO POLGA MARINA FUNILE
JOÃO AFONSO ZANINI NETO MÁRCIA REBELO NINA BUBCHLE
NELSO FIGUEIRÓ Fórum de Desenvolvimento AMERIOS OLÍNIA BORTOLOSO
EDUARDO DE SOUZA Escola de Educação Básica São Miguel/ MARCOS ORSO ORDILEI PAULO LÁZARE
SUELY LEWENTHAL CARRIÃO Florianópolis PRISALLA GUEZ MOREIRA
ANA MARIA ALVES RIBAS Fórum de Desenvolvimento da Região do SHIGUEKO TEREZINHA I. FUKAHORI
Epagri/Chapecó Meio Oeste Catarinense SUZANA MARIA TRIEBEN
MÁRCIO ANTÔNIO DE MELLO Escola de Educação Fundamental Passo FÁTIMA M. FRANZ HERMES
Fundo Fundação Municipal do Meio Ambiente
Epagri/Ituporanga MÁRCIO JOSÉ FRANCISCO Fórum de Desenvolvimento Regional da de Florianópolis – FLORAM
PEDRO BOFF Foz do Rio Itajaí ELIZABETH AMIN VIECELI
Escola de Educação Fundamental José MARCUS POLETTE ELISA NELI HEHN
Epagri/Lages Marcolino Eckert HAROLDO NUNES DA SILVA
MÁRIO VIDOR JEAN MARCUS SALVADOR Fórum de Desenvolvimento Regional do VIANEI JOÃO BONOTO JÚNIOR
Médio Vale do Itajaí ROBERTA DOS ANJOS
Epagri/São Miguel do Oeste Fundação Municipal de Meio Ambiente - JOSÉ CONSTANTINO SOMMER JIBSON JOSÉ ALVES
NESTOR LUIZ BREDA FAEMA/Blumenau ROBERTO VIEIRA
ELIAS JÕAO DE MELO Fórum Catarinense de Desenvolvimento CELSO OLIVEIRA
Epagri – Tunápolis NELSON CASAROTTO FILHO JEFERSON ANDERSON
ADENOR VICENTE WENDLING Faculdade Estácio de Sá – FAES MARLENE APARECIDA FURTADO CLEUSA WÖRNER LEITE
MIRELA BEREWDT P. DA LUZ KERBER RODRIGO DOS SANTOS PEREIRA
Epagri/Regional de Florianópolis ROSANA FRANÇA EDUARDO TAVARES
MARTA ELIZABETH CORREIA Federação das Associações de Micro e EMERSON SOUTO FRANCISCO COLARES
Pequenas Empresas de Santa Cantarina AYRES TEIXEIRA
Empresa Brasileira de Pesquisa - FAMPESC Federação das Associações Comerciais HIVRUBOTON SAGAIS
Agropecuária – EMBRAPA/SC HERCÍLIO BATHKE VIEIRA e Industriais de SC. – FACISC CAMILE MANSUR PIMPÃO
ANTÔNIO L. GUIDONI GILSON S. ZIMMERMANN
Federação Catarinense de Municípios – JAIR SILVEIRA Fórum de Desenvolvimento do Extremo
Embrapa/Concórdia FECAM Sul Catarinense
SIMONE ANHAIA MELO CELSO VEDANA Federação do Comércio de Santa JOBSON MARTINHO
ALCIDES MONTOVANI Catarina – FECOMÉRCIO
Escola de Novos Empreendedores da MARIA TERESA O. HEINZEN Fundação Catarinense de Pesquisas
Ufsc Faculdade Energia de Administração e Ambientais/Curitibanos
FLÁVIO DE MORI Negócios - FEAN Federação das Indústrias de Santa ELISEU CAMARGO MARTINS
LUIZ CARLOS BRASIL FILHO Catarina – FIESC
Escola de Educação Básica Alto FABIO DONIAK ÉDIO LAUDELINO DA LUZ Fundação Ecológica e Zoobotânica de
Forquilhas/São José LUÍS HENRIQUE CÂNDIDO DA SILVA Brusque
KATYA SOUZA Federação dos Trabalhadores na ULISSES ROGÉRIO DE A. ARRUDA FABRÍCIO ULBER
Agricultura do Estado de SC. – EGÍDIO A. MARTORAN
Escola de Educação Básica Frederico Hardt FETAESC Fundação Nova Vida
LOURIVAL INÁCIO DE OLIVEIRA CARLOS SAMPAIO Fundação do Meio Ambiente – FATMA VILBERTO GIANESINI
JACÓ ANDERLE
Escola de Educação Básica Santa Rita/ Fórum de Desenvolvimento do Extremo AMANDA L. DA SILVA Fundação CERTI
São Miguel do Oeste Sul Catarinense ANGELA D. B. DARIVA ANDRÉ RIBAS PEREIRA
JOÃO CARLOS HANAUER JOBSON MARTINHO ANGELA MARIA C. MARTINI RAUL VALENTIM DA SILVA

120
Fundação Municipal do Meio Ambiente Grupo Condor/Abelardo Luz Instituto do Patrimônio Histórico e Sócios da Natureza - ONG
de Blumenau - FAEMA VALDECIR LUIZ TESTON Artístico Nacional - IPHAN JULIANA VAMERLATI
JOSÉ CONSTANTINO SOMMER CINTIA CHAMAS
ANDRÉ LUIS SEDLACESC Grupo Ecológico Ativista Sul Catarinense Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/
- GEASC Igaras Papéis e Embalagens SA SC
Fundação Municipal do Meio Ambiente JAIME PALADINI JOHNNY R. JORDAN JOAQUIM ARANTES DE BEM
de Itajaí - FAMAI
JOÃO GUILHERME WEGNER DA Grupo Pau Campeche Iguatemi Ltda. Pastoral da Criança de Florianópolis
CUNHA JEFERSON ROSSI PAULO MENDES GOULART ELZA T. DOS SANTOS
ADRIANA HELENA RAMOS DOS
SANTOS Guia Litoral Sul Infocus - Florianópolis PSDB Jovem/Florianópolis
CESAR LEANDRO MACIEL CRISTIANE GRAHL LUZ NIELSEN UBIRATÃ
Fundação Municipal do Meio Ambiente
de Joinville - FUNDEMA Instituto AutuPoiésis Instituto Luterano de Educação e Partido Verde/Florianópolis - PV
JÚLIO ADELAIDO SERPA UDSON DIAS DE OLIVEIRA Jr. Cultura/Joinville STÊNIO VIEIRA
MARIA CRISTINA M. DA SILVA RICARDO CALLADO MURIEL B. SZYMCZAK
Perdigão – Agroindustrial SA
Fundação Pró Florianópolis Instituto de Planejamento e Economia SANDRO HANSEN
UBIRATAN DE MATTOS SALDANHA Agrícola de Santa Catarina - ICEPA/SC Instituto Treinar de Educação e
DJALMA GUIMARÃES Tecnologia Polícia Militar de Santa Catarina/
Fundação Universitária Regional de JOSÉ MARIA PAUL CRISTIANE FERNANDES MATANO Concórdia
Blumenau - FURB ENOIR ANTÔNIO BEDIN
LUCIANO SANTOS Instituto Brasileiro de Geografia e Jornal Folha do Vale das Termas
Estatística - IBGE PAULO LUIS CORDEIRO Polícia Militar de Santa Catarina/Caçador
Fundação de Amparo à Pesquisa e ADELINO DOS SANTOS NETO GIOVANI BERNART
Extensão Universitária - FAPEUL/UFSC Mark Travel Operadora Ltda.
THAMARA VIANNA FRANÇA Instituto Tancredo Neves – FITAN/SC ANDRÉ CARVALHO Profill - Engenharia e Ambiente
ALCIONE VERGIL LUCIANA VIEIRA
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Movimento em Defesa da Ecologia e do
Segurança e Medicina no Trabalho - Instituto Euvaldo Lodi – IEL/SC Meio Ambiente – AGRIAS Programa Iberê
Fundacentro MARQUES RAFAEL OLIVEIRA ANDRESA D’AVILA DA CUNHA LUIZ CARLOS BRASIL
FLÁVIA BRASCA SÍLVIA VALDEZ
Instituto de Pesquisa, Educação e Ministério Público do Estado de Santa
Fundação de Ciência e Tecnologia de Desenvolvimento do Cooperativismo de Catarina Programa UniSol/UFSC
Santa Catarina – FUNCITEC Santa Catarina - IDESC PATRÍCIA MARTINS ALEX REGES CARNIEL
NELMA BALDIN JULIO A. FIGUEIREDO CÉLIA VIEIRA DA SILVA MAFRA
SANDRA BAMPI Propague Serviços Comunicação Ltda -
NEWTON GONÇALVES Instituto Histórico e Geográfico de Santa Movimento Campeche a Limpo Florianópolis
Catarina – IHGSC LIÉGE CARDOSO CASTELANI BERNADETE WAGNER PERREIRA
Fundação Universidade Federal do Rio AUGUSTO CÉSAR ZEFERINO RAMOS
Grande - FURG NEREU DO VALLE PEREIRA Novas Técnicas de Asfaltos Ltda - Nta
LIA J. PRELLVITZ FERNANDO JOSÉ CAMACHO Pomar Floripa
Instituto de Avaliações e Perícias de GUILHERME CARLOS DE SOUZA
Grupo Executivo Estadual de Engenharia de Santa Catarina - IBAPE/SC Nuovo Design Ltda. WANDERLEI CARDOSO
Planejamento de Santa Catarina - GEP/ BERNARDO J.D. TASSO ALEXANDRE B. WINSINTAINER
SC Prefeitura Municipal de Agrolândia
RONALDO P. CUNHA Instituto LARUS – Pesquisa, Proteção e Núcleo de Estudos Jurídicos e Sociais ANNA MARIA PITSCH
Educação Ambiental da Criança e do Adolescente/UFSC
Gerai-Florianópolis ROSEMY NASCIMENTO ANDRÉ VIEIRA CUSTÓDIO Prefeitura Municipal de Antônio Carlos
AZENIR NILZA INOCÊNCIO ALCIDES DUTRA ROSILDA HELENA FELTRIN

121
Prefeitura Municipal de Anita Garibaldi Prefeitura Municipal de Celso Ramos Prefeitura Municipal de Ita Prefeitura Municipal de Palhoça
ROBERTO VIENCELLI MANOEL MARCELO DA CUNHA EULER ALTAIR VACCARI MARCOS DE FARIA VIEIRA DA SILVA

Prefeitura Municipal de Armazém Prefeitura Municipal de Cocal do Sul Prefeitura Municipal de Itajaí Prefeitura Municipal de Palmeira
EVARISTO NASCIMENTO CARLOS ROSSO NETTO JOÃO GUILHERME WEGNER DA JANIR CARDOSO DA SILVA
CUNHA
Prefeitura Municipal de Arroio Trinta Prefeitura Municipal de Correia Pinto AMARILDO MADEIRA Prefeitura Municipal de Papanduva
MICHEL JÚNIOR SERINGHELLI VERA LÚCIA ANDRADE DA SILVA GENÉSIO VILMAR VIEIRA
Prefeitura Municipal de Itapoá
Prefeitura Municipal de Anitápolis Prefeitura Municipal de Criciúma LUIZ FERNANDO MEDEIROS Prefeitura Municipal de Paraíso
MARCO ANTÔNIO MEDEIROS JÚNIOR REGINA FREITAS FERNANDES CLÁUDIA A. DUARTE CLAUDIR FRANCISCO SOCHA

Prefeitura Municipal de Araquari Prefeitura Municipal de Cunha Porã Prefeitura Municipal de Ituporanga Prefeitura Municipal de Petrolândia
MARVIN DE BRUNS MÁRCIA R. M. BERGAMINI EDSON LUCKMANN MARCELO DE TOFOL

Prefeitura Municipal de Balneário Arroio Prefeitura Municipal de Corupá Prefeitura Municipal de Jaguaruna Prefeitura Municipal de Piçarras
Silva ERNESTO FELIPE BLUNK JEFFERSON SILVA GARCIA FRANCISCO DE ASSIS TEIXEIRA
VALDENIR F.C. MACEDO RÚBENS BATISTA PEREIRA
SANDRA FABRÍCIA CÂNDIDO Prefeitura Municipal de Florianópolis Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul
TEODORO ELIZABETH AMIN VIECELI ROBIN HENRIQUE PASOLD Prefeitura Municipal de Pinhalzinho
HONORINO DALAPASSA
Prefeitura Municipal de Bela Vista do Prefeitura Municipal de Forquilhinha Prefeitura Municipal de Joaçaba AMÂNCIO JOÃO SILVEIRA
Toldo WALTER TISCOSKI SÍLVIO FIEDLER
MARILENE WITTLICH MAGALI M.R. FELTRIN Prefeitura Municipal de Pinheiro Preto
Prefeitura Municipal de Joinville DELCIO BRESSAN
Prefeitura Municipal de Bom Jardim da Prefeitura Municipal de Gaspar GIAMPAOLO BARBOSA MARCHESINI
Serra ALDO AVOSANI Prefeitura Municipal de Ponte Alta
ALINE GASPERIN Prefeitura Municipal de Lages ELISEU CAMARGO MARTINS
Prefeitura Municipal de Grão Pará JOAQUIM GOULART JÚNIOR
Prefeitura Municipal de Bom Retiro ANTÔNIO GERALDO ALBERTON ANA CLARICE GRANZOTTO Prefeitura Municipal de Presidente Nereu
ÉDSON LUIZ ROSAR FAUST ROBSON LUIZ POLMANN
Prefeitura Municipal de Lindóia do Sul
Prefeitura Municipal de Bombinhas Prefeitura Municipal de Imbuia MARINÊS RIBEIRO PERONDI Prefeitura Municipal de Rio dos Cedros
RAFAEL LUIZ PEREIRA DA SILVA VALDORI STEINHEUSER PEDRO CLAUDINO DOS SANTOS
JOSÉ EMILIANO REBELO NETO Prefeitura Municipal de Lontras JÚNIOR
Prefeitura Municipal de Ibirubá ROBERTO FERRARI
Prefeitura Municipal de Brusque RUDINÉIA CERVIERI DÜRR Prefeitura Municipal de Santo Amaro da
JORGE LUÍZ BONAMENTE Prefeitura Municipal de Major Gercino Imperatriz
Prefeitura Municipal de Imbituba CÉSAR ALOIZIO PIAZZA ELIANE FERREIRA BROERING
Prefeitura Municipal de Biguaçu WAGNER NASCIMENTO DOS SANTOS
RAFAEL FERNANDES DA SILVA Prefeitura Municipal de Maracajá Prefeitura Municipal de São Bento do Sul
Prefeitura Municipal de Ipira ELISANDRA TRESHER JOÃO ADILSON LENCZUK
Prefeitura Municipal de Bocaina do Sul DANILO SCHROEDER
JOSÉ MÁRCIO LEHMANN ROQUE DE SIMAS Prefeitura Municipal de Meleiro Prefeitura Municipal de São Francisco do
DAIZE MATA DA BAIT DESTRO Sul
Prefeitura Municipal de Campo Erê Prefeitura Municipal de Irani MANOEL PATRUNI
NELSON TRESOLDI MARGARIDA GAZONI ZENARO Prefeitura Municipal de Morro Grande
SERGIANE BIFF Prefeitura Municipal de São João do Sul
Prefeitura Municipal de Capivari de Baixo Prefeitura Municipal de Irineópolis CLELIO DANIEL OLIVO ÉDSON BORBA MARTINS
PEDRO DA SILVA HILÁRIO FRANCISCO BOESING CRISTIANE TONETTO BLÉSSIMO

122
Prefeitura Municipal de São José Privado Secretaria de Estado de JOHNI LUCAS DA SILVA
TELMO PEDRO VIEIRA ERNESTO OSCAR REYES Desenvolvimento do Oeste – SDO JEFERSON DA COSTA DANNUS
ALCIBIADES SANTOS ROBSON ADRIANO DA SILVA
Prefeitura Municipal de Seara Polícia Federal
RENATO TUMELERO JOSÉ CARLOS NEDEZ FAGUNDES Secretaria de Estado dos Transportes e Secretaria de Estado da Justiça e
Obras – STO Cidadania – SJC
Prefeitura Municipal de São José do Projeto Resgate ADILSON LUIS BROGNOLI CARLOS ALBERTO DA SILVA
Cedro MÁRIO SANT’ANA NELSON CALDEIRAS JÚNIOR IREMAR DOS SANTOS NUNES
JOÃO CARLOS ANZOLIN ROSA ANGELA SILVA RIBAS MARINHO
Psicopedagoga Autônoma Secretaria de Estado do
Prefeitura Municipal de Sombrio TERESA CRISTINA ARANTES Desenvolvimento Urbano e Meio Secretaria de Estado da Saúde – SES
JEANE MARTINS JOÃO Ambiente – SDM LIZETE CONTIN
Sindicato das Empresas de Transporte FELIPE FELISBINO MARCOS A. MOURA
Prefeitura Municipal de Timbó de Passageiros Metropolitano - JOÃO BITTENCOURT FILHO LILIAN MARIA B. WALTORTT
SANDRO FRITZ SINTRAM CARLOS HOLTHAUSEN ASSUNÇÃO
ZOÊ BITTENCOURT BERGLER ROBSON ÁVILA WOLFF LUIZ AFONSO PEREIRA ATHAYDE
Prefeitura Municipal de Timbó Grande ODILON EDUARDO SALLES MACIEL FILHO
LUIZ HENRIQUE PIONEZZER Sócios da Natureza - Araranguá JEFFERSON DE ABREU WAGNER GOMES DE CARVALHO
TADEU SANTOS ISA DE OLIVEIRA ROCHA
Prefeitura Municipal de Treviso ALEXSANDRA ASSIS JORGE REBOLLO SQUERA Secretaria de Estado da Educação e do
INÉSIO DE LORENZI GUILHERME XAVIER DE MIRANDA Desporto – SED
Somar Ambiental de Palhoça JÚNIOR MÁRCIA MARGARIDA BRATTI
Prefeitura Municipal de Tubarão ELIZABETH ALBRECHT LAURA SELIGMAN MYRNA SWOBODA MURIALDO
GILSONI MENDONÇA LUNARDI ANDERSON FRONHOLZ MARIA DE FÁTIMA DAL-RI
Santa Catarina Turismo SA – SANTUR MARIO ALTAMIRO VIEIRA ALANO SINARA LUIZA TROINA MARASLIS
Prefeitura Municipal de Urussanga JOSÉ ARCINO SILVA GILMAR DE FARIAS JORGE CHIERIGHINI
EMÍLIO DELA BRUNA MARIA TEREZA BÜCHELE JORGE FERNANDO DOS ANJOS
GILMAR BALDISSERA Secretaria do Desenvolvimento Social, CARDOSO
Prefeitura Municipal de Witmarsum Urbano e Meio Ambiente – SDS NELSON
ROBERT LANG Secretaria de Desenvolvimento Regional CLÁUDIO CANESCHI LEILA MARIA ROMANO
de Blumenau GIAMPAOLO B. MARCHESINI DOLORES KLEIN
Prefeitura Municipal de Videira DALVA DA SILVA ASSINI ROSA BEATRIZ PINHEIRO FÁTIMA CECHINEL
MARIA ANGÉLICA VANZ ELSON CAMPOS FERREIRA HIRONILDO P. FILHO MARIA HELENA GOMES
MÁRCIA SONCINI CÁSSIA REGINA CÂNDIDO
Prefeitura Municipal de Vitor Meireles Secretaria do Desenvolvimento JOSÉ ANSELMO ISMÉNIA DE FÁTIMA VIEIRA
IVANOR BOING Econômico e Integração Mercosul – SDE LOIVA TROMBINI AZENIR NILZA INOCÊNCIO
NEY VIANA ALBUQUERQUE LUZ MARINA STRADIOTTO STECKERT MANOEL CELSO LOPES
Prefeitura Municipal de Xavantina TÂNIA REGINA SANTIAGO DA COSTA JUSSARA SILVA
OSMAR DERVANOSKI PAULO HEYSE MARCELL KARAM Secretaria de Estado do
CÁTIA JACÓBUS Desenvolvimento Rural e Agricultura –
Prefeitura HANS KRESS Secretaria de Estado do SDA
DIANA DA SILVA DANILO SILVIO AURICH Desenvolvimento Social e da Família – HUGO GOSMANN
JOSÉ NAZARENO ROSA SDF NELSO FIGUEIRÓ
Prefeitura ANDRÉA SANDEWLOOK TÂNIA DE FÁTIMA HENCHEN SÉRGIO PINHEIRO
ISABEL C. S.LUCKINA LUIZ A. DE O. HORN JOSÉ EMANUEL BERRETTA DE
ANDRÉA SANDRINI NANDE ANDRADE Programa Nacional de Municipalização
Prefeitura DANIEL BECK JERÔNIMO LUIZ DUARTE MAIA do Turismo – PNMT/Sena
HEITOR BENIGNO ERBS FRANCIELE DACAS FRANZMANN BERNADETE BOEHME DANIELA MÜLLER
VALTER LOPES
EVANIR DÁRIO

123
Serviço de Apoio à Pequena e Média Universidade do Extremo Sul Universidade do Oeste de Santa Universidade do Contestado/Concórdia -
Empresa Brasileira – SEBRAE/SC Catarinense – UNESC Catarina – UNOESC UnC
RICARDO MONGUILLOTTI DE BRITO EDUARDO DE OLIVEIRA NOSSE SILVANA WINCKLER ELISETE ANA BARP GAUER
ELIANA DA ROSA ALVES MARCOS BIANCHINI GILMAR JORGE WAKULICZ ARLENE PAZ DE OLIVEIRA
MÁRIO CÉSAR GESSER NÁDIA ZIM ALEXANDRE VOLNEI DE MOURA FÃO ARI DAL VESCO
JANUÁRIO R. SERPA FILHO MARCOS CADORIN NÁDIA GREZZANA MASCELANI
CARLOS A. CARREIRÃO Unoesc/Xanxerê
Universidade Federal de Santa Catarina MARTA MOLINETTI Universidade do Vale do Itajaí –
Serviço Nacional de Aprendizagem – UFSC UNIVALI/São José
Comercial - Senac AGDA CRISTINA PEREIRA DOS Unoesc/São Miguel do Oeste SÉRGIO LUÍS BOEIRA
MARIA TERESA O. HEINZEN SANTOS ENIO DAL BOSCO ANDRÉA KARLA PEREIRA
ALINE FRANÇA DE ABREU GUILHERME DOS SANTOS
Sindicato dos Terapeutas - SINTE ALVINO PETERSOM Unoesc/Videira UDSON DIAS DE OLIVEIRA JÚNIOR
DIRLENE I.D. VOLPATO ARIOVALDO BOLZAN MARLEN ERIKA CARIS LETÍCIA UBA DA SILVEIRA
MARIA DÉLCIA DARIO COLLE BERNADETE R. STEINWANDTER DAVID VARGAS
CARL DUFOUR Universidade da Região de Joinville – MAERLY CRISTINE SCHAEFFER
Sinte/Criciúma CARLOS JIN W. DE MORAES UNIVILLE FERTIG
SUSETE RAMOS MELO CLAUDETE MEDEIROS ELZIRA M. B. MUNHOZ
DENISE APARECIDA BUNN MAGALI CURY CECATO União dos Moradores e Amigos da
Sociedade Catarinense de Direitos ELIZABETE S. FLAUSINO MARZELY GORGES FARIAS Quadra 6 - Umaq-6
Humanos – SCDH FELIPE GUSTAVO TRENNEPOHL PAULO DOS SANTOS PIRES ROGÉRIO DE QUEIROZ
CLAUDIA RIBAS MARINHO GABRIELA DE L. H. RESES TARCÍSIO POSSAMAI
MÁRCIA REGINA BATISTA GIORGIA F. ALVES Vivendo o Ambiente
HARRYSSON LUIZ DA SILVA Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI ELIZABETE ALBRECHT
Sociedade Sul Americana de Estudos da ISABELA PENA VIANA DE OLIVEIRA MARCUS POLETTE
Terra JOÃO MARIA LIMA ANTÔNIO CARLOS DE NOVAES E Voluntários Pela Verdade Ambiental –
ANTÔNIO HENRIQUE ROMAN JÚLIA LINS BITTENCOURT SILVA Itajaí
JÚLIO FELIPE ZSEREMETA LUIZ EDUARDO CARVALHO BONILHA FERNANDA DE SALLES CAVEDON
Setur/Florianópolis KATIA VIVIANE MOTTA MARTINS ROSIMARI DA S. ZANONI
MONIQUE CRISTINE DUARTE LUCIANA LOPES XAVIER ARTUR H. GOMES SILVA Vk – Consulting
LUIZ TEIXEIRA DO VALE PEREIRA RODRIGO PEREIRA MEDEIROS ANDRÉ LUIZ GONÇALVES VIDEIRA
Tigre/Joinville MÁRCIO ANTÔNIO NOGUEIRA ANDRÉA KARLA PEREIRA
BÁRBARA ANDRADE JULIANO ROBERTO PAVAN
MARIA LUIZA LOPES DE OLIVEIRA FRANCELISE PANTOJA DIEHL
Transportadora Brasileira – Gasoduto ORLANDO FERREIRA DA CUNHA
Bolívia-Brasil AS - TBG NETO Universidade do Estado de Santa
ARNO DUARTE FILHO PEDRO CARLOS SCHININI Catarina – UDESC
RAFAEL LUIZ DA COSTA SÔNIA PEREIRA LAUS
Tecdig Web Programmer/Itajaí RITA DE CÁSSIA DUTRA LORENA TAVARES
JEAN CARLOS SESTREM RÓGER VIGLEY GIRARDI ISMAEL FRANCISCO DE SOUZA
SUELI AMÁLIA DE ANDRADE
Tecnologus VANEIDE GOMES Universidade do Sul do Estado de Santa
JOSÉ MÁRIO FAGUNDES BADO VIVIANE APARECIDA TODESCHINI Catarina – UNISUL
GERALDO MILIOLI
TV Assembléia Legislativa Universidade do Planalto Catarinense – SILAS MATIAS AZEVEDO
MAURO RIBAS UNIPLAC LILIANE MONFARDINI FERNANDES DE
MARCELO BING LUIZ CARLOS PFLEGER LUCENA

TV Floripa
AUGUSTO SISSON

124
Produção

126

Você também pode gostar