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Memorial do convento

A obra, memorial do convento escrita por José Saramago, é claramente dramática,


onde o narrador apresenta uma visão critica dos portugueses do século XVIII.
O autor utiliza dois grandes antagonistas para relatar os comportamentos desta
sociedade. Atribui sinal negativo a um dos antagonistas, sendo este a classe opressora
(representada pela aristocracia e alto clero) e carater positivo a outro, sendo este a
classe oprimida (povo). As personagens de José Saramago, como D. João V ou a rainha
D. Maria Ana são tudo menos típicas. Os reis aparecem esbanjando a riqueza, existe
corrupção e até sexualidade reprimida. A vida real aparece sempre em contraste de
carga negativa com a vida dos verdadeiros heróis do romance: no amor, no casamento,
no parto e até na morte. As personagens deste romance potencialmente resolutivas
são o casal popular Baltazar e Blimunda, o padre Lourenço de Gusmão e Domenico
Scarlatti. Estas personagens fora do comum possuem um duplo significado. Por um
lado, eles são geralmente marginalizados pelos relatos da História oficial, contudo
todos eles são originais e diferentes dos restantes do seu meio.
Com a leitura deste livro concluo que me apaixonei por Baltazar e Blimunda, pela
simplicidade e por fazerem tudo com amor. Os mesmos participaram
entusiasmadamente no sonho do padre Bartolomeu de Gusmão. Com isto notória a
diferença entre a construção da passarola e a do convento de Mafra. Saramago conta
uma história do trabalho e das relações do homem com o mesmo, enquanto a
passarola é uma ação irmã do sonho, o convento é uma ação alheia do sonho, pois a
construção do mesmo nasce de uma glória pessoal, para o qual são arrastados
involuntariamente milhares de homens, no qual se afastam ou perdem a vida.
Independentemente de ter gostado do livro e de o recomendar, identifico que não é
de fácil leitura. Foi um livro que me suscitou interesse e certamente irei voltar a ler
com mais calma.

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