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RESUMO
Este trabalho é um estudo sobre A Metamorfose, novela de Franz Kafka que foi
escrita em 1912 e publicada pela primeira vez em 1915. O objetivo é mostrar os
muitos elementos da vida do autor, de suas frustrações, da falta de afeto de seu pai
e de seus relacionamentos mal resolvidos que estão presentes nessa obra, que
também apresenta a solidão e a fragilidade humana frente à evolução social e traz
elementos do fantástico da literatura. A Metamorfose possui uma atmosfera
psicológica implícita que só pode ser percebida se analisada através de uma
conexão com a biografia do autor, que será feita nesse estudo.
INTRODUÇÃO
A BÉLLE ÈPOQUE
Bélle Èpoque é um termo em francês que quer dizer Bela Época e foi um
período que durou um pouco mais de trinta anos, começou no final do século XX e
se prolongou até a eclosão da 1ª Guerra Mundial.
A Bélle Èpoque se caracterizou por profundas transformações culturais,
intelectuais e as novas invenções que modernizavam e causavam novos modos de
pensar e viver o cotidiano.
A cena cultural estava em efervescência com os cabarés, o cancã e o
nascimento do cinema. Mas esse período foi muito mais do que uma simples
delimitação matemática e histórica. Foi um estado de espírito que se manifestou
entre os países europeus, com inovação e paz entre eles. Foi considerada uma era
de ouro da beleza.
Porém esse estado de espírito foi repentinamente interrompido com o início
da 1ª Guerra Mundial, em 1914. Franz Kafka, que já tinha uma personalidade
introspectiva e pessimista, foi muito afetado pela guerra e isso é mostrado em suas
obras através da condição humana, que ele descreve, do homem moderno: solitário
e frágil frente às novas invenções.
O FANTÁSTICO EM A METAMORFOSE
Gregor Samsa estava realmente transformado num inseto? Vê-se nisso mais
um elemento do fantástico: É relatado um acontecimento que não é suscetível de
ocorrer na vida, ou seja, não há registros de alguém que um dia tenha se
transformado num inseto gigantesco.
A partir desse primeiro acontecimento dá-se início a uma sequência de outros
que mostram “a intromissão brutal do mistério no quadro da vida real”. Gregor
Samsa, transformado ou metamorfoseado em enorme inseto, passa a fazer parte da
vida cotidiana de seus familiares (mãe, pai e irmã – Grete Samsa) e também passa
a fazer coisas não humanas como andar pelas paredes e teto, alimentar-se por
sucção e gostar de comida estragada.
Mas, como um gênero se define sempre em relação aos gêneros que lhe são
vizinhos, o fantástico dura apenas o tempo de uma hesitação, da personagem e do
leitor. Se o acontecimento for decidido pelo leitor como NÃO sobrenatural passa-se
do fantástico para o estranho. Se a opção do leitor for aceitar as regras daquela
natureza, entra-se no terreno do maravilhoso. O fantástico leva essa ambiguidade
até o fim.
É possível perceber em A Metamorfose essa ambiguidade entre estranho e
maravilhoso do fantástico da narrativa, pois ao chegar ao fim da narrativa ainda
existe essa hesitação, porém fica claro que o gênero presente na obra é o
fantástico-maravilhoso, isso porque a narrativa termina por uma aceitação do
sobrenatural, já que não há uma explicação lógica ou científica, em nenhum trecho,
para o fato de Gregor Samsa ter acordado metamorfoseado em inseto.
O que se pode inferir após toda essa análise é que Franz Kafka era realmente
um homem de personalidade afetada pela tirania do pai que o fez crescer com uma
introspecção, pessimismo e fez dele um homem enigmático e sombrio. Mas
provavelmente nisso está a genialidade desse autor moderno, com suas
peculiaridades estilísticas, com seu texto caracterizado por sentenças longas, com
aspereza na maneira particular de narrar. A Metamorfose que, embora tenha sido
escrita há quase 100 anos, é de uma atualidade impressionante, por tratar do
homem tão podado pela sociedade e o modernismo atuais.
REFERÊNCIAS
KAFKA, Franz. Carta ao pai. Tradução do alemão por Torrieri Guimarães. São
Paulo. Martin Claret, 2002.
KAFKA, Franz. Um Artista da Fome. Tradução do alemão por Pietro Nassetti. São
Paulo. Martin Claret, 2002.