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SUMÁRIO

Módulo II - Gestão de Redes de Monitoramento da Qualidade do Ar


Aula 05 - Estações de Monitoramento 3
5.1 Rede de monitoramento da qualidade do ar 4
5.2 Metodologia e tipos de equipamentos de medição 7
5.3 Infraestrutura básica 9
5.4 Redes estaduais de monitoramento da qualidade do ar no Brasil 10
5.5 Gestão de redes de monitoramento da qualidade do ar 22
Referências Bibliográficas 26
Aula 06 - Certificação dos Equipamentos para Medição da Qualidade do Ar 27
6.1 Certificação dos equipamentos para medição da qualidade do ar 28
Referências Bibliográficas 33
Aula 07 - Validação dos dados amostrados de qualidade do ar 34
7.1 Aspectos Gerais 35
7.2 Limpeza e Verificação dos Dados 35
7.3 Critérios e Frequência de Validação dos Dados 36
7.4 Metodologias de Validação 37
7.5 Controle de Qualidade dos Dados 38
7.6 Registro de Dados 39
7.7 Cálculos 39
Referências Bibliográficas 41
Aula 08 - Interpretação e representatividade dos dados monitorados 42
8.1 Interpretação dos Dados Monitorados para Qualidade do Ar 43
8.2 Representatividade dos Dados 43
8.2.1 Representatividade Temporal dos Dados 44
8.2.2 Representatividade espacial das estações 45
8.3 Avaliação da meteorologia local e da qualidade do ar 46
8.4 Análise de Tendências 47
Referências Bibliográficas 49
Aula 09 - Divulgação dos dados de qualidade do ar 50
9.1 Introdução 51
9.2 Formas de Divulgação dos Dados para os Diferentes Públicos 51
9.2.1 Relatório da Qualidade do Ar 51
9.2.2 Índice da Qualidade do Ar 51
9.2.3 Boletim de Qualidade do Ar 53
9.3 Plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do Ar 56
Referências Bibliográficas 57
MÓDULO II – GESTÃO DE REDES DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

AULA 5
ESTAÇÕES DE MONITORAMENTO

3
Gestão da Qualidade do ar

5.1 REDE DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

Dentre os diferentes impactos ambientais existentes nas cidades do mundo, principalmente


nas grandes metrópoles, a poluição do ar ocupa um lugar de destaque, tendo como fonte
principal nos centros urbanos, as emissões de veículos automotores.

Uma ferramenta importante para o monitoramento das concentrações de poluentes


atmosféricos é a implantação de uma rede de monitoramento da qualidade do ar, composta
por estações de monitoramento.

As estações de monitoramento da qualidade do ar, em geral, são projetadas


para atender a um ou mais dos seguintes objetivos:

• Determinar as maiores concentrações que podem ocorrer na área coberta


pela rede;

• Determinar as concentrações mais representativas em áreas de alta


densidade populacional;

• Determinar o impacto de grandes fontes de emissões de poluentes


atmosféricos na qualidade do ar da região;

• Determinar os níveis de concentração de fundo ou de background⁴;

• Determinar a extensão do transporte de poluentes entre as áreas, bem


como o potencial para a formação de poluentes secundários⁵;

• Determinar os impactos causados ao bem-estar da população nos grandes


centros, em áreas rurais e remotas, tais como os efeitos sobre a vegetação
e a redução na visibilidade;

• Avaliar a qualidade do ar, de acordo com os requisitos legais estabelecidos;

• Propiciar o acompanhamento de tendências de médio e longo prazo;

• Orientar a tomada de decisão e verificação da eficácia dos programas de


controle e a necessidade de aprimoramentos.

Esses objetivos indicam a natureza das amostras (dados) que serão coletadas nas estações,
entretanto, quando analisados, observa-se que, raramente, os pontos de monitoramento
atenderão mais do que dois ou três objetivos. Por isso, é necessário priorizar os objetivos, com a
finalidade de melhor selecionar os locais de monitoramento mais representativos para atendê-
los, bem como obter dados de qualidade adequada.

⁴ Concentração de fundo ou background – É definido como sendo uma concentração teoricamente natural de uma
substância ou elemento em uma amostra, considerando as variáveis temporal e espacial da área sob investigação.
5 Poluentes Secundários – São poluentes resultantes da reação dos poluentes primários (contaminantes diretamente emitidos
pelas fontes para o ambiente) com substâncias presentes na camada baixa da atmosfera e frações da radiação solar.
4
Gestão da Qualidade do ar

Selecionar um número de estações de monitoramento


da qualidade do ar que seja consistente com os objetivos
do monitoramento e escolher locais de amostragem
representativos da qualidade do ar da região;

O atributo mais importante referente à


qualidade dos dados de
qualquer estação de monitoramento do Selecionar os locais distantes de obstáculos que
representem obstruções ao fluxo do ar. Entretanto, é
ar é a representatividade. A coleta II sabido que nem sempre é possível evitar todos os
de amostras (dados) representativas da obstáculos;
qualidade do ar depende
basicamente dos seguintes fatores:

III
Considerar as restrições peculiares identificadas em cada
local impostas pelos aspectos da topografia, pela meteorologia
e por outras fontes de emissões existentes na área. Esses
aspectos deverão ser documentados.

Uma rede de monitoramento da qualidade do ar é estabelecida a partir do inventário de


emissões e dos dados meteorológicos locais. Após, é realizada a modelagem atmosférica,
podendo-se trabalhar com os modelos matemáticos de dispersão, que permitem predizer a
concentração dos poluentes ao nível do solo⁶. Estes modelos, geralmente do tipo Gaussiano,
são baseados em simplificações e idealizações e contam com um fator de segurança. Seu
principal objetivo é determinar os locais onde ocorrerão as máximas concentrações de
poluentes e sob quais condições meteorológicas elas poderão ocorrer.

As principais etapas para projetar uma rede são:

• Fixação dos objetivos;

• Determinação dos parâmetros que serão monitorados;

• Seleção dos locais de monitoramento e montagem da infraestrutura


necessária;

• Determinação da duração e frequência das medições ou amostragens;

• Seleção das metodologias de medição e análise;

• Seleção dos equipamentos e dos fornecedores;

• Determinação dos métodos de calibração e controle de qualidade;

• Determinação da metodologia de coleta e armazenamento dos dados;

• Determinação dos procedimentos de processamento e análise dos dados e


relatórios;

6 Altura do nível do solo – É utilizada uma altura de 2 metros, que representa a altura dos receptores principais (população).
5
Gestão da Qualidade do ar

• Determinação dos custos de equipamento e de pessoal;

• Determinação dos custos operacionais e de manutenção que incluem


peças sobressalentes, padrões, pessoal técnico especializado.

Uma rede de monitoramento da qualidade do ar, a partir da seleção dos locais de


monitoramento, da frequência das medições e dos parâmetros que serão amostrados, pode
ser estabelecida com os seguintes tipos de estações:

• Estação Móvel: estação que pode operar em um veículo (furgão, caminhão,


trailer etc.) em movimento ou estacionado em lugar pré-estabelecido (Figuras
24, 25 e 26).

• Estação Fixa: estação que opera em pontos fixos, especificados em relação às


coordenadas geográficas e pré-estabelecidas, de acordo com a modelagem
(Figuras 27, 28 e 29).

6
Gestão da Qualidade do ar

5.2 METODOLOGIA E TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO

A escolha dos tipos de equipamentos de medição deve levar em consideração, além dos
padrões legais a serem atendidos, os recursos necessários para sua aquisição, as certificações
obtidas pelos mesmos, a operação, manutenção e a funcionalidade dos equipamentos.

Depende diretamente, também, dos objetivos da medição, tais como: atendimento aos
padrões legais, controle dos processos poluidores, comparação de métodos diferentes de
medição, avaliação das ações de controle estabelecidas, avaliação da exposição aos poluentes,
avaliação da deposição de poluentes na flora e fauna, dentre outras.

As metodologias e equipamentos atualmente desenvolvidos para detectar a quantidade de


material particulado e de gases tóxicos presentes no ar atmosférico podem ser classificados da
seguinte forma:

Equipamentos automáticos (contínuos)

São equipamentos eletrônicos contínuos desenvolvidos para análise de baixa concentração


de poluentes (Figura 30).
O quadro 7 apresenta os parâmetros medidos, a faixa de medição e o limite de detecção de
equipamentos contínuos de qualidade do ar existentes no mercado atualmente.

Quadro 7: Parâmetros medidos, a faixa de medição e o limite de detecção de equipamentos contínuos de qualidade do
ar existentes no mercado atualmente.
NO-NO2-NOx
Parâmetro Medido 03 CO/CO2 S02/H2S/ TRS BTEX HC Total NO2 Hg PM10/ PM2.5
NH3

0-50 0-10
Faixa de Medição (ppm) 0-1/0-10 0-1/0-10 0-1/0-10 Max. 1 0-1 0-10 -
0-100 0-1000

Faixa de Medição (µg/m³) 0,5 a


- - - - - - - -
10.000

Limite de Detecção (ppb) <0,2 0,2 <20 <0,4 <0,5


- 50 0,1 0,1 -
(benzeno)

- - - - - - - - 0,5
Limite de Detecção (µg/m³)
(/24h)

Fonte: Manual dos equipamentos Envea, Thermo e Ecotech

Figura 30: Fotos ilustrativas de analisadores contínuos de monitoramento de poluentes atmosféricos

Fonte: Manual dos equipamentos Envea, Thermo e Ecotech

7
Gestão da Qualidade do ar

Equipamentos ativos (manuais)


Neste tipo de equipamento é feita a sucção de um volume de ar por uma bomba, fazendo-o
passar por um meio coletor, químico ou físico (material absorvente), por um período de tempo
determinado. Posteriormente, esse material é encaminhado a um laboratório para análise do
poluente específico. São usados para amostragens de material particulado (total e inaláveis),
SO2, NOx, NH3, dentre outros poluentes.

Esses equipamentos apresentam níveis de detecção mais altos e uma influência muito maior de
interferentes em relação aos monitores eletrônicos contínuos, sendo também de menor custo.
Equipamentos passivos
Os equipamentos passivos funcionam através de difusão molecular durante um período de
tempo previamente definido e posterior análise em laboratório.
Microssensores
Os microssensores integrados consistem em sensores eletroquímicos desenvolvidos
recentemente com o avanço da nanotecnologia, aliada à utilização de algoritmos (Figura 31).

Esse tipo de circuito eletrônico permite medir e traduzir as menores variações nos níveis de
concentrações de um poluente específico, no qual a confiabilidade da medição é obtida
limitando o efeito das variações de umidade e usando um filtro de entrada de ar específico,
combinado ao sistema dinâmico de amostragem de ar.

Alguns fabricantes fornecem, hoje, medições específicas comparáveis aos métodos de


referência utilizados em monitores de qualidade do ar contínuos.

Esse tipo de sensor está sendo utilizado largamente na Europa, paralelamente à utilização
dos analisadores contínuos certificados por agências reconhecidas (acreditadas). A utilização
em paralelo é em função dos mesmos só terem obtido, até o momento, certificações das
diretivas europeias. No Quadro 8 pode-se observar alguns tipos de poluentes analisados por
microssensores.
Quadro 8: Poluentes analisados por microssensores

Parâmetro Medido O3 / NO2 NO2 CO NH3 SO2 nmVOC H2S/ CH4S PM10/ PM2.5

Resolução (pmm) 0-2/0,25 0-2/0,25 0-20 0-25 0-1 0-2 0-1 -


0-16

Resolução (µg/m³) - - - - - - - 10 a
1.000

500/
Limite de Detecção (ppb) 20 20 50 500 50 10 N/A
200

Fonte: Envea Autonomous networks of sensor-based mini-stations (Disponível em: https://www.rsi-electro.com)

8
Gestão da Qualidade do ar

Figura 31: Fotos ilustrativas de microssensores contínuos de monitoramento de poluentes atmosféricos

Fonte: Manual dos equipamentos

Bioindicadores
Refere-se à utilização de seres vivos (flora e fauna) na avaliação da qualidade do ar, sendo
métodos complementares aos métodos físico-químicos.

5.3 INFRAESTRUTURA BÁSICA

A implantação de uma rede de monitoramento da qualidade do ar envolve, primeiramente,


a definição de quais tipos de equipamentos serão instalados, podendo ser composta por
equipamentos contínuos (eletrônicos), equipamentos manuais e/ou microssensores, além da
possibilidade de instalação de bioindicadores. Após a definição dos equipamentos de medição
e da quantidade de estações a serem implantadas, deve-se definir a infraestrutura básica para
instalação da rede e a equipe técnica especializada envolvida.

A infraestrutura básica a ser implantada para uma estação completa que


utilize, principalmente, analisadores contínuos de monitoramento, refere-se a:

• Alimentação elétrica estável e contínua;

• No Breaks – para equalização da alimentação elétrica;

• Tomadas de entradas de amostras (manifolds) – com o objetivo de minimizar


os interferentes, como a umidade;

• Climatização da estrutura (containers) onde serão instalados os analisadores;

• Sistemas de calibração (cilindros e equipamentos);

• Sistema de controle de acesso;

• Sistema de comunicação de dados.

9
Gestão da Qualidade do ar

Uma das etapas necessárias no projeto de uma rede de monitoramento é a determinação


dos custos iniciais de aquisição de equipamentos, da operação e manutenção, assim como a
identificação do pessoal necessário, que envolve especialistas em qualidade do ar (químicos,
engenheiros, técnicos ambientais, meteorologistas, instrumentistas, dentre outros, assim
como biólogos - em caso de utilização de bioindicadores). Deve ser considerando também a
qualificação e o treinamento necessário para a equipe de trabalho.

Um fator que frequentemente define o tamanho de uma rede, ou seja, o número de


instrumentos e a sua sofisticação‚ é o orçamento disponível para a sua instalação. Os custos
de uma rede devem incluir também os custos de análises de laboratório, como exemplo,
a análise de presença de metais ou orgânicos em filtros de quartzo ou fibra de vidro, além
dos custos referentes a materiais de consumo, de expediente, combustíveis, consultoria com
meteorologista para avaliação e interpretação de dados, e outros especialistas que se julgue
necessário consultar.

5.4 REDES ESTADUAIS DE MONITORAMENTO


DA QUALIDADE DO AR NO BRASIL

O monitoramento da qualidade do ar no Brasil ainda é incipiente. Das 27 Unidades Federativas,


apenas 12 (Bahia - BA, Ceará - CE, Distrito Federal - DF, Espírito Santo - ES, Goiás - GO, Mato
Grosso do Sul - MS, Minas Gerais - MG, Paraná - PR, Pernambuco - PE, Rio de Janeiro - RJ, Rio
Grande do Sul - RS e São Paulo - SP) realizam algum tipo de monitoramento, e, ainda, com
grande variação da quantidade de estações em operação e dos poluentes monitorados.

Das 12 Unidades Federativas que realizam monitoramento, somente 7 (CE, DF, ES, GO, MG, RJ
e SP) disponibilizam os dados pela internet, o que corresponde a 26% dos estados brasileiros.
Com relação aos relatórios de qualidade do ar, tem-se que somente 6 estados (DF, ES, GO, RJ,
RS e SP) publicaram informações atualizadas nos últimos 4 anos, o que corresponde apenas a
22% das Unidades Federativas. O quadro 9 e a Figura 32 sintetizam as informações obtidas a
partir de consulta aos órgãos gestores de cada Unidade Federativa.

10
Gestão da Qualidade do ar

Quadro 9: Síntese das informações disponíveis sobre qualidade do ar no Brasil em 2019, conforme
informado pelos órgãos ambientais estaduais

Monitoramento da Dados Relatório da


UF Órgão Ambiental Página web Qualidade do Ar1 Disponíveis1 Qualidade do Ar1

Instituto de Meio Ambiente e


AC
Análises Climáticas IMAC
http://www.imac.ac.gov.br Não Não Não

Instituto de Meio Ambiente de


AL
Alagoas - IMA
http://www.ima.al.gov.br Não Não Não

Instituto do Meio Ambiente e de


AP Ordenamento Territorial http://www.imap.ap.gov.br Não Não Não
do Amapá - IMAP

IInstituto de Proteção Ambiental


AM
do Amazonas IPAAM
http://www.ipaam.am.gov.br Não Não Não

Instituto do Meio Ambiente e


BA
Recursos Hídricos - INEMA
http://www.inema.ba.gov.br Sim Não Não

Superintendência Estadual do
CE
Meio Ambiente - SEMACE
https://www.semace.ce.gov.br Sim Sim Não

Instituto Brasilia Ambiental - http://www.ibram.df.gov.br


DF
IBRAM
Sim Sim Sim

Instituto Estadual de Meio


ES Ambiente e Recursos Hídricos - https://iema.es.gov.br Sim Sim Sim
IEMA-ES

Secretaria de Estado de Meio


GO Ambiente e Desenvolvimento http://www.secima.go.gov.br Sim Sim Sim
Sustentável

Secretaria de Estado do Meio


MA Ambiente e Recursos Naturais - http://www.sema.ma.gov.br Não Não Não
SEMA

Secretaria de Estado de Meio


MT
Ambiente
http://www.sema.mt.gov.br Não Não Não

Instituto de Meio Ambiente de


MS
Mato Grosso do Sul - IMASUL
http://www.imasul.ms.gov.br Sim Não Não

Fundação Estadual do Meio


MG
Ambiente - FEAM
http://www.feam.br Sim Sim Não2

Fundação Estadual do Meio


PA
Ambiente - FEAM
https://www.semas.pa.gov.br Não Não Não

Superintendência de
PB Administração do Meio https://www.semas.pb.gov.br Não Não Não
Ambiente - SUDEMA

1 Dados ou Instituto
relatórios disponíveis
Ambiental a partir- de 2015 (ou mais recentes), foram considerados como “Sim”.
do Paraná
PR
2 Os estados do Paraná
http://www.lap.pr.gov.br Sim Sim Não2
IAP e Minas Gerais elaboraram e divulgaram relatórios anuais de qualidade Os estados
do Paraná e Minas Gerais elaboraram e divulgaram relatórios anuais de qualidade do ar da Região
Metropolitana de Curitiba e da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 2001 e 2013, respectivamente. Esses
relatórios não foramEstadual
Agência considerados
de Meioneste estudo, pois não estão atualizados.
PE
Ambiente - CPRH
http://www.cprh.pe.gov.br Sim Não Não 11
Superintendência de
PB Administração do Meio https://www.semas.pb.gov.br Não Não Não
Ambiente
Gestão da Qualidade do ar - SUDEMA

Instituto Ambiental do Paraná -


PR
IAP
http://www.lap.pr.gov.br Sim Sim Não2

Agência Estadual de Meio


PE
Ambiente - CPRH
http://www.cprh.pe.gov.br Sim Não Não

Secretaria do Meio Ambiente e


PI Recursos Hídricos do Estado do http://www.semar.pi.gov.br Não Não Não
Piauí-SEMAR

Instituto Estadual do Ambiente -


RJ
INEA
http://www.inea.rj.gov.br Sim Sim Sim

Instituto de Desenvolvimento
RN Sustentável e Meio Ambiente http://www.idema.rn.gov.br Não Não Não
do Rio Grande do Norte - IDEMA

Fundação Estadual de Proteção


RS Ambiental Henrique Luiz http://www.fepam.rs.gov.br Sim Não Sim
Roessler - FEPAM

Secretaria do Estado de
RO Desenvolvimento Ambiental - http://www.sedam.ro.gov.br Não Não Não
SEDAM

Fundação Estadual do Meio


RR Ambiente e Recursos Hidricos http://www.femarh.rr.gov.br Não Não Não
- FEMARH

Instituto do Meio Ambiente de


SC
Santa Catarina - IMA
http://www.ima.sc.gov.br Não Não Não

Companhia Ambiental do Estado


SP
de São Paulo
https://cetesb.sp.gov.br Sim Sim Sim

Secretaria de Estado de Meio


SE Ambiente e Recursos Hídricos - https://www.semarh.se.gov.br Não Não Não
SEMARH

TO Instituto Natureza do Tocantins https://naturatins.to.gov.br Não Não Não

Total 12 7 2

Percentual 11% 26% 22%

Elaboração: MMA

1 Dados ou relatórios disponíveis a partir de 2015 (ou mais recentes), foram considerados como “Sim”.
2 Os estados do Paraná e Minas Gerais elaboraram e divulgaram relatórios anuais de qualidade do ar da Região
Metropolitana de Curitiba e da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 2001 e 2013, respectivamente. Esses
relatórios não foram considerados neste estudo, pois não estão atualizados.
12
Gestão da Qualidade do ar

Figura 32: Situação das informações sobre monitoramento da qualidade do ar no Brasil

Não realiza o monitoramento da qualidade do ar

Realiza o monitoramento da qualidade do ar


(Não disponibiliza os dados do monitoramento
e não divulga Relatório de Qualidade do Ar

Realiza o monitoramento da qualidade do ar


(Disponibiliza os dados do monitoramento e
não divulga Relatório de Qualidade do Ar

Realiza o monitoramento da qualidade do ar


(Disponibiliza os dados do monitoramento e
divulga Relatório de Qualidade do Ar
Elaboração: MMA

A distribuição das estações de monitoramento da qualidade do ar no país é apresentada na


Figura 33, de forma agregada, e na Figura 34, de forma regionalizada, a partir das informações
obtidas junto aos órgãos gestores de cada Unidade Federativa.

A representação especializada das estações de monitoramento permite constatar que há


uma alta concentração na região Sudeste, congruente com a maior concentração populacional
e industrial. No Nordeste, três estados dispõem de estações de monitoramento (BA, CE e
PE), assim como na região Centro-Oeste (DF, GO e MS). Na região Sul, dois estados fazem
monitoramento (PR e RS), enquanto na região Norte nenhum estado dispõe de estação de
monitoramento da qualidade do ar. Com o levantamento realizado, foi possível identificar 347
estações de monitoramento, distribuídas em 121 municípios.

13
Gestão da Qualidade do ar

Figura 33: Distribuição das estações de monitoramento no Brasil.

RR
AP

AM
PA
MA CE
RN

PB
PI
PE
AL
AC TO
RO SE
BA
MT

DF
GO

MG

MS ES

SP
RJ

PR

SC
Legenda
RS

Estação de monitoramento

Limite estadual
Elaboração: MMA

Figura 34: Distribuição das estações de monitoramento no Brasil por região geográfica.

Região Sudeste Região Centro Oeste

MG

MT
ES DF

GO

RJ MS
SP

Região Nordeste Região Sul

PR
MA CE
RN
PB
PI PE SC
AL
SE
RS
BH
Legenda

Estação de monitoramento

Limite estadual

Elaboração: MMA

14
Gestão da Qualidade do ar

O Gráfico 5 apresenta o número de estações e os respectivos poluentes monitorados em cada


uma das 12 UFs que realizam o monitoramento da qualidade do ar. As redes mais representativas
estão localizadas nas Regiões Sudeste: 297 estações – 85,3% do total; e Sul: 20 estações – 5,7%
do total. As redes de monitoramento dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais
são as que possuem maior quantidade de estações: 140, 87 e 52, respectivamente; e também
que monitoram maior quantidade de poluentes: 18, 15 e 17, respectivamente.
Gráfico 5: Quantidade de estações e de poluentes monitorados por Unidade Federativa.

RJ 140 18

SP 87 15

MG 52 17

ES 52 17

PR 17 12

MS 4 8

PE 4 12

BA 14 11

DF 6 2

RS 5 8

GO 2 1

CE 1 6

Estações Poluentes

Elaboração: MMA

O Gráfico 6 demonstra os tipos de estações utilizadas para o monitoramento dos poluentes.


Das 347 estações identificadas, a maioria (230, correspondendo a 66%) é do tipo automática,
seguidas das semiautomáticas (84, correspondendo a 24%) e, finalmente, as estações manuais
(33, correspondendo a 10%), que são as menos utilizadas.
Gráfico 6: Tipos de estações de monitoramento nas UFs que realizam monitoramento

33
10%

84
24%

230
66%

Manual SemiAutomática Automática


Elaboração: MMA
15
Gestão da Qualidade do ar

Somando-se todos os poluentes atmosféricos monitorados, temos um total de 26 poluentes,


conforme demonstrado no Gráfico 7. São eles: Acetaldeído; Formaldeído; Partículas Totais em
Suspensão (PTS); Partículas Inaláveis (MP10); Partículas Inaláveis Finas (MP2,5); Ozônio (O3); Óxidos
de nitrogênio (NOx); Dióxido de Nitrogênio (NO2); Dióxido de Enxofre (SO2); Monóxido Nitrogênio
(NO); Monóxido de carbono (CO); Hidrocarbonetos totais (HCT); Metano (CH4); Hidrocarbonetos
não metano (HCnM); Chumbo (Pb), Benzeno (BEN); Tolueno (TOL); Fumaça (FMC); Compostos de
Enxofre Reduzido Total (ERT); Etil-benzeno (Etil benz); Meta, Para e Orto-xileno (M. P e O-xileno);
Óxidos de Enxofre (SOx); Amônia (NH3); Tolueno (TOL), Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos
(BTEX) e Ácido sulfídrico (H2S).

Destes, 9 poluentes (PTS, MP10, MP2,5, SO2, NO2, O3, CO, Pb e FMC) são regulados pela
Resolução Conama nº 491/2018. Dos poluentes elencados nesta resolução, apenas o Pb, de
forma destacada, não aparece relacionado no monitoramento dos 12 estados.

Os poluentes mais comumente monitorados nesse grupo são as partículas inaláveis (MP10
e MP2,5), o Ozônio, as Partículas Totais em Suspensão e os Óxidos de Nitrogênio, sendo o
MP10 presente em 241 estações, ou seja, em 69% das estações de monitoramento, conforme
demonstrado no gráfico 7.

O poluente MP2,5, que começou a ser regulado a nível nacional apenas com a publicação da
Resolução Conama nº 491/2018, é monitorado em apenas 90 estações (26% do total). Dentre
todos os poluentes atmosféricos, os materiais particulados (MP) são os que causam os efeitos
mais nocivos sobre a saúde⁷. Esses poluentes se caracterizam como uma mistura complexa
de sólidos com diâmetro reduzido, cujos componentes apresentam características físicas e
químicas diversas. Em geral, o material particulado é classificado de acordo com o diâmetro das
partículas, devido à relação existente entre seu diâmetro e a possibilidade de penetração no
trato respiratório. As partículas de MP10 (diâmetro menor que 10 micrômetros) e MP2,5 (diâmetro
menor que 2,5 micrômetros) incluem partículas inaláveis que são pequenas o suficiente para
penetrar na região torácica do sistema respiratório.
Gráfico 7: Quantidade de estações em que cada poluente é monitorado.

MP10 241
O3 149
PTS 147
NOx 126
NO2 126
SO2 113
CO 110
NO 107
MP2.5 90
HCT 49
HOnM 36
CH4 36
TOL 25
BEN 24
Orto Xil 10
M e P Xileno 10
FMC 10
Etil Benz 10
H2S 9
ERT 7
NH3 6
XIL 5
SOx 4
BTEX 2
FORMAL 1
ACETAL 1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250
Elaboração MMA

7 Disponível em: https://www.who.int/gho/phe/outdoor_air_pollution/en/. Acesso em 18 de junho de 2019.


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Gestão da Qualidade do ar

Das 12 UFs que monitoram a qualidade do ar, somente 5 estados (ES, MG, MS, RJ e SP)
monitoram MP10 e MP2,5 simultaneamente; enquanto BA, CE, DF, PE, PR e RS monitoram somente
o poluente MP10; e o estado de Goiás não monitora nenhum dos dois poluentes em sua rede
estadual.

A Figura 35 demonstra que os estados sem monitoramento de Material Particulado se


situam, predominantemente, nas Regiões Norte e Centro-Oeste. É fundamental que, ao menos
as capitais dos 16 estados que atualmente não monitoram MP10 ou MP2,5, por abrigarem
maior concentração de população, sejam alvo de políticas públicas federais e estaduais que
incentivem o monitoramento, em especial, destes poluentes e o controle da qualidade do ar.
Importante destacar que a divulgação dos resultados do monitoramento, além de cumprimento
de exigência legal, é de grande importância para a sociedade.

Figura 35: Panorama do monitoramento de Material Particulado MP10 e MP2,5 no Brasil.

Não realiza o monitoramento de MP

Realiza o monitoramento de MP10

Realiza o monitoramento de MP10


e MP2.5

Elaboração: MMA

O Gráfico 8 possibilita uma visão geral das redes de monitoramento em operação no Brasil,
demonstrando os municípios, a quantidade de estações e a quantidade de diferentes poluentes
monitorados por Unidade Federativa. Os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo concentram
66%, das estações de monitoramento, sendo que o Rio de Janeiro possui o maior número de
estações (140), distribuídas em 27 municípios, monitorando 18 tipos diferentes de poluentes.
Já o estado de São Paulo cobre uma maior quantidade de municípios (43), porém com menor
quantidade de estações de monitoramento (87) e de poluentes (15), em comparação com o
estado do Rio de Janeiro.

17
Gestão da Qualidade do ar

Gráfico 8: Extrato das redes estaduais de monitoramento da qualidade do ar no Brasil.

200

180
18

160

140 15

120

100 140
87

80 17

60

52
40
17 12
11
20 43
52 17 8
27 12 14
18 8 2 5
7 6 1 6
0 7 4
1
4
2
6
1 5
2

1 1
1

RJ SP MG ES PR MS PE BA DF RS GO CE

Municípios Estações Poluentes

Elaboração: MMA

Em relação aos poluentes monitorados nas 347 estações, a maioria monitora apenas 1 poluente
(97 estações, ou 28%) ou 2 poluentes (86 estações, ou 25,0%), conforme pode ser visualizado no
Gráfico 9.

Gráfico 9: Número de estações por poluentes monitorados.

1
17
4
16
5
15
2
14
6
12
4
11
9
10
6
9
28
8
20
7
30
6
19
5
11
4
19
3
86
2
97
1

0 24 48 72 96 120

Quantidade de Estações Quantidade de Poluentes Monitorados

Elaboração: MMA
18
Gestão da Qualidade do ar

Dos 121 municípios que possuem estações de monitoramento da qualidade do ar, Rio de
Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), com 46 e 23 respectivamente, são os municípios que possuem a
maior quantidade de estações (66% das 347 em operação), seguidas de Volta Redonda (RJ) com
12, Belford Roxo (RJ) e Itaguaí (RJ) com 8, conforme apresentado no Gráfico 10.

Há uma grande discrepância da quantidade de estações de monitoramento por município.


Por um lado, temos município que dispõe de 46 estações (RJ), enquanto a maioria dos outros
possui apenas 1 estação (62 municípios, que corresponde a 51,2% do total), como demonstrado
no Gráfico 11.
Gráfico 10 - Municípios com maior número de estações de monitoramento

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Rio de Janeiro 46

São Paulo 23

Volta Redonda 12

Bolford Roxo 8

Itaguaí 8

Elaboração: MMA

Gráfico 11: Estações operando por município.

70
60
50
1
62
40
30
1
20
1
10 17 12 14 3 2 2
6
0 4 5 6 7 8 12 23 46
1 2 3

Quantidade de estações Municípios

Elaboração: MMA

19
Gestão da Qualidade do ar

Outro aspecto relevante a partir da análise realizada é que, mesmo havendo 17 municípios
com população acima de 1 milhão de habitantes (22% da população total), apenas 8 desses
municípios (47%) dispõem de estação de monitoramento da qualidade do ar (Quadro 10).
Quadro 10: Redes de monitoramento nos municípios com mais de 1 milhão de habitantes

Possui rede de
Posição Município Unidade Federativa População
monitoramento

1° São Paulo São Paulo 12.176.566 Sim

2° Rio de Janeiro Rio de Janeiro 6.688.927 Sim

3° Brasília Distrito Federal 2.974.703 Sim

4° Salvador Bahia 2.857.329 Não

5° Fortaleza Ceará 2.643.247 Não

6° Belo Horizonte Minas Gerais 2.501.576 Sim

7° Manaus Amazonas 2.145.444 Não

8° Curitiba Paraná 1.917.185 Não

9° Recife Pernambuco 1.637.834 Não

10° Goiânia Goiás 1.495.705 Não

11° Belém Pará 1.485.732 Não


*Estimativa populacional IBGE 2018

12° Porto Alegre Rio Grande do Sul 1.479.101 Não

13° Guarulhos São Paulo 1.365.899 Sim

14° Campinas São Paulo 1.194.094 Sim

15° São Luís Maranhão 1.094.667 Não

16° São Gonçalo Rio de Janeiro 1.077.687 Sim

17° Maceió Alagoas 1.012.382 Não

Elaboração: MMA

De acordo com os dados levantados junto às Unidades Federativas, em agosto de 2019, 12


UF realizam o monitoramento da qualidade do ar, e apenas 6 dessas (SP, RJ, ES, DF, RS e GO)
elaboraram relatórios anuais recentes (de 2015 a 2018).

Os estados do Paraná e de Minas Gerais elaboraram relatórios de qualidade do ar da Região


Metropolitana de Curitiba e da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 2001 e 2013,
respectivamente. Não foram identificados relatórios anuais recentes dos demais estados que
realizam o monitoramento da qualidade do ar (BA, CE, MS e PE).

20
Gestão da Qualidade do ar

Considerando a análise apresentada pelos relatórios dos estados de SP, RJ, ES, DF, RS e GO,
é possível constatar uma tendência de melhoria da qualidade do ar nessas localidades; porém,
ainda é possível observar, por exemplo, a ultrapassagem do padrão para o poluente ozônio,
tanto em zonas urbanas quanto em regiões industrializadas.

Por fim, é importante destacar que:

• As redes de monitoramento estaduais são heterogêneas: algumas monitoram


somente alguns poluentes enquanto outras monitoram todos os regulados
pela Resolução Conama nº 491/2018 ou até outros poluentes não regulados
pela resolução;

• O conjunto de informações levantadas não permite avaliar se todas as redes


de monitoramento geram dados suficientes para um diagnóstico adequado
da qualidade do ar localmente;

• Diversos fatores como a descontinuidade da operação, a baixa cobertura, as


falhas nas redes de monitoramento e a ausência de monitoramento de todos
os poluentes regulados revelam a existência de problemas estruturais nas
redes em operação.

Os relatórios anuais avaliados permitem concluir que o monitoramento da qualidade do ar no


Brasil ainda é incipiente, pois, mesmo nos 6 estados que divulgam relatórios atualizados, cada
um adota um formato próprio de disponibilização de seus dados, sem padronização, o que
dificulta a avaliação e a comparação entre os dados obtidos.

Apesar da tendência de melhoria observada na qualidade do ar a partir dos relatórios


avaliados, as informações levantadas demonstram a necessidade de aprimoramento na gestão
da qualidade do ar em todas as esferas federativas, de modo a assegurar níveis de poluentes
que gerem menor risco de exposição à população.

Importante
É importante destacar que este levantamento não avaliou a conformidade dos
dados quanto à certificação dos equipamentos, rastreabilidade das calibrações e
validação de dados.

Em fevereiro de 2020, a ONU - Meio Ambiente, juntamente com a ONU - Habitat e a empresa
IQAir lançaram a maior plataforma de dados da poluição do ar do mundo8. A Plataforma esta
que reúne dados de poluição do ar em tempo real de mais de 4.000 colaboradores - incluindo
cidadãos, comunidades, governos e setor privado. Esta plataforma tem como objetivo sanar a
lacuna de informações, analisar a poluição do ar e aumentar a conscientização da população.

8 O acesso à plataforma pode ser feito por meio do link: https://www.iqair.com/unep


21
Gestão da Qualidade do ar

5.5 GESTÃO DE REDES DE MONITORAMENTO


DA QUALIDADE DO AR
Critérios a serem observados para instalação de estações de monitoramento da qualidade do ar
A metodologia básica utilizada para o projeto de uma rede de monitoramento da qualidade
do ar consiste em utilizar as estimativas teóricas fornecidas pelos modelos, com o objetivo de
reduzir o número de locais onde será feito o monitoramento, priorizando-se aqueles que são
críticos e que medirão concentrações altas ou em receptores considerados críticos.

Devido ao elevado custo dos equipamentos utilizados, é importante que seja usado o menor
número (porém suficiente) de estações, que forneçam os dados desejados e com um nível de
confiança aceitável.

O transporte e a diluição de poluentes na atmosfera são avaliados em função da direção do


vento, sua velocidade, turbulência e topografia. A dispersão dos gases e do material particulado
fino depende dos processos naturais de mistura, causados pela turbulência existente na
atmosfera.

A turbulência depende, por sua vez, fundamentalmente, da energia recebida do sol, que varia
muito ao longo do dia, dependendo também da cobertura de nuvens, época do ano etc.

A partir do inventário de emissões e dos dados meteorológicos locais, pode-se então trabalhar
com os modelos matemáticos de dispersão, que permitem predizer a concentração dos
poluentes à altura do nível do solo⁹.

Esses modelos, geralmente do tipo Gaussiano, são baseados em simplificações e idealizações


e contam com um fator de segurança. Seu principal objetivo é determinar os locais onde
ocorrerão as concentrações máximas e sob quais condições meteorológicas eles poderão
ocorrer.

Conforme já apresentado, o ponto inicial do projeto da rede consiste em fixar os objetivos da


mesma e a utilização dos dados. Uma vez escolhidos os objetivos, o próximo passo é determinar
os parâmetros físico-químicos que serão medidos, assim como os parâmetros meteorológicos.
Outros parâmetros fundamentais são a topografia e a densidade e distribuição demográfica. A
etapa seguinte consiste em selecionar os locais onde deverão ser feitas as medições e coletas
de amostras.

Importante
Ao se determinar a viabilidade técnica de um determinado local para a instalação de
uma estação de monitoramento do ar, deve-se considerar sua representatividade, em
função de sua exposição aos poluentes e combinações de condições meteorológicas
e topográficas, assim como obstáculos locais. Esta etapa inclui a fase de modelagem
matemática e a visita a campo para a escolha do local a ser instalada a estação.
A exposição ou o impacto provocado num local dependem fundamentalmente da
posição relativa entre o local e as fontes emissoras, assim como dos efeitos do relevo
do terreno e, até‚ da presença de prédios ou grandes estruturas.
A localização dos receptores humanos também é extremamente importante, e
pode modificar a localização de uma estação, em especial se existem receptores
críticos tais como hospitais, creches, escolas etc.

9 Altura do nível do solo – É utilizada uma altura de 2 metros, que representa a altura dos receptores principais
(população)
22
Gestão da Qualidade do ar

O número de estações necessárias pode ser afetado pela diversidade do terreno, regimes
meteorológicos existentes e presença de receptores sensíveis.

Podem existir, também, restrições em relação aos recursos monetários e humanos existentes
e ao nível de confiança estatística desejada nos resultados.

A escala espacial que se deseja representar também deve ser analisada. As escalas podem
ser divididas nas seguintes categorias:

Escala regional
Compreende medição da concentração de poluentes típicos de grandes áreas rurais de
geografia relativamente homogênea e que se estendem por dezenas ou, até‚ centenas de
quilômetros.
Escala urbana
Representa as concentrações de uma cidade com escala de dezenas de quilômetros. Em
geral, são necessárias várias estações para se poder obter valores realmente representativos.
Escala de vizinhança ou bairro
Define a concentração de uma área correspondente a um bairro ou bairros, com o uso do solo
relativamente uniforme ou homogêneo. As dimensões normais deste tipo de categoria são de
um a vários quilômetros.
Escala média
Geralmente define estudos com áreas de dimensões de dezenas e centenas de metros. Esta
escala compreende estudos relativos a estradas e ruas, assim como a avaliação das emissões
fugitivas de unidades industriais.

Microescala
Compreende estudos de pequena escala, com dimensões de até dezenas de metros.
As escalas temporais das medições dos poluentes basicamente são definidas pela legislação.
Porém, dependendo do instrumento disponível‚ frequentemente é de interesse medir as
variações das concentrações com escala temporal mais detalhada do que a exigida pela
legislação.

Os critérios para localização das entradas de ar para o monitoramento da qualidade do ar são


apresentados no Quadro 11.

23
Gestão da Qualidade do ar

Quadro 11: Características e microlocalização de estações de monitoramento.


Escala de Altura de Distância de
Poluente Distância de obstáculos
Representatividade amostragem (m) árvores

Micro 2 a 3,5
CO
Demais escalas 2a5

SO2

O dobro da altura do
03 >10 obstáculo da sonda de
amostragem
Todas as
2a5
escalas
NO2

MP10/ MP 2,5

Fonte: MMA, 2020 - adaptado de EPA, CRF 40, Part 58, Appendix E¹⁰

Os desafios encontrados pelos órgãos ambientais na implantação, operação e manutenção de


redes são muitos e quase sempre estão relacionados à falta de recursos, sejam eles humanos,
financeiros ou de infraestrutura operacional, levando a diferentes arranjos para sua gestão.

Como exemplo, destacam-se a seguir modelos de gestão aplicados no território brasileiro


atualmente:

Operação própria do órgão ambiental


Neste modelo de gestão, o órgão ambiental possui responsabilidade total e direta pela
operação de sua rede. Nesse caso, todas as atividades relacionadas à operação e manutenção
das estações são desenvolvidas por técnicos do próprio órgão, necessitando de conhecimento
técnico específico e estrutura laboratorial para a realização de manutenções e reparos nos
equipamentos.

Operação parcialmente terceirizada


Por meio de processo licitatório, uma empresa prestadora de serviços especializada em
operação e manutenção de redes de qualidade do ar é contratada para operar as estações
pertencentes ao órgão ambiental.

Operação totalmente terceirizada (compra de dados)


Neste modelo de gestão, uma empresa especializada é contratada pelo órgão ambiental
para realizar o monitoramento da qualidade do ar na região, cabendo à empresa a aquisição,
implantação, operação e manutenção da rede.

10 EPA, United States Environmental Protection Agency. 40 CFR. Disponível em https://www.epa.gov/laws-


regulations/regulations. Acesso em 25 maio 2021
24
Gestão da Qualidade do ar

Operação realizada por empresas licenciadas


Nesse caso, a rede é operada e mantida pelas empresas que exercem atividades potencialmente
poluidoras licenciadas pelo órgão ambiental como, por exemplo, por meio de condicionantes
das licenças ambientais ou termos de ajustamento de conduta (TAC).

Em qualquer modelo de gestão adotado, a qualidade dos dados deve ser garantida pelos
órgãos ambientais competentes.

Um modelo de gestão de uma rede de monitoramento da qualidade do ar é apresentado


no Fluxograma 1, utilizando como ferramenta um fluxograma de processo com o objetivo de
representar a sequência e interação das atividades do processo.
Fluxograma 1: Modelo de gestão de uma rede de monitoramento da qualidade do ar

Etapa III
Etapa I Etapa II
Operação/
Projeto Implantação
manutenção

1. Definição dos objetivos da rede de 1. Definição do ponto exato de cada 1. Determinação da equipe de trabalho
monitoramento estação (equipes de Operação/Calibração/ Manu-
tenção/Tratamento e Análise de dados/
2. Priorização dos objetivos 2. Definição do modelo de estação a ser Comunicação)
implantada
3. Determinação dos parâmetros 2. Elaboração do Plano de Calibração
3. Definição da empresa para implanta- (Determinação dos métodos e frequên-
4. Seleção dos locais de monitoramento ção/ construção das estruturas cias de calibração)
(Modelagem/Visita técnica a campo/
Entrevistas/Avaliação de segurança 4. Definição dos fornecedores dos 3. Elaboração do Plano de Controle de
patrimonial/ Verificação da existência de equipamentos para aquisição Qualidade
energia elétrica)
5. Determinação da metodologia de 4. Determinação dos procedimentos de
5. Seleção das metodologias a serem coleta e armazenamentos de dados processamento e análise de dados e
utilizadas elaboração de relatórios (Análise e trata-
6. Definição da data de Start-UP mento de dados)
6. Seleção de fornecedores
5. Elaboração do Plano de Manutenção
7. Obtenção de orçamento para aquisição Preditiva/Preventiva/ Corretiva (méto-
dos equipamentos e infraestrutura dos, rotinas e frequências de manuten-
ções)

6. Determinação dos custos operacionais


anuais e de manutenção que incluem
peças sobressalentes, gases padrão,
consultorias especializadas como mete-
orologia e outras especificas

Fonte: Jurandir Brito

25
Gestão da Qualidade do ar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MMA, Ministério do Meio Ambiente. Guia técnico para o monitoramento e avaliação da qualidade
do ar. Brasília: MMA, 2020. 136 p.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Outdoor air pollution. Disponível em: https://www.who.


int/gho/phe/outdoor_air_pollution/en/. Acesso em 18 de junho de 2020.

EPA, United States Environmental Protection Agency. 40 CFR. Disponível em https://www.epa.


gov/laws-regulations/regulations. Acesso em 25 maio 2021

26
MÓDULO II - GESTÃO DE REDES DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

AULA 6
CERTIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS PARA MEDIÇÃO DA QUALIDADE DO AR

27
Gestão da Qualidade do ar

6.1 CERTIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS


PARA MEDIÇÃO DA QUALIDADE DO AR

Certificação é um processo no qual uma entidade independente (Certificadora Reconhecida


/ Acreditada) avalia se determinado produto, no caso de monitoramento da qualidade do ar,
analisadores contínuos de monitoramento, ou amostradores não contínuos de monitoramento,
atendem às normas técnicas estabelecidas pela agência certificadora.

Essa avaliação se baseia em auditorias no processo, na coleta e em ensaios de amostras. O


resultado satisfatório dessas atividades resulta na concessão da certificação, informando que o
equipamento está em conformidade com as normas estabelecidas pela empresa Certificadora.

Tome nota

Um processo de certificação consiste em 2 etapas: os testes de laboratório e os


testes de campo.
Os testes de laboratório são projetados para avaliar se um analisador ou
amostrador pode atender, sob condições controladas, os requisitos técnicos dos
critérios de desempenho relevantes.
O teste de campo ocorre por um período mínimo de 3 meses e é projetado para
avaliar se um analisador ou amostrador pode continuar a trabalhar e atender aos
critérios de desempenho relevantes em um ambiente real.

Os laboratórios de testes para a certificação de um analisador ou amostrador devem ser


acreditados pela ISO/IEC 17.025 e padrões de teste apropriados e rastreados para a realização
dos testes definidos pela norma. Os laboratórios de teste têm que dar evidência sobre as
incertezas atribuídas aos procedimentos de teste individuais aplicados durante o teste de
desempenho.

A primeira agência certificadora de um analisador ou amostrador foi a US EPA (United


States Environmental Protection Agency), através dos regulamentos estabelecidos no Código
de Regulamentos Federais dos EUA (Code of Federal Regulations - CFR). As agências mais
reconhecidas (acreditadas) para certificação, atualmente, são a EPA (United States Environmental
Protection Agency), o CEN (European Committee for Standardization) e a agência de normatização
alemã (TÜV Rheinland Group).

Além dessas, outros países também possuem agências que acreditam equipamentos de
monitoramento da qualidade do ar. A figura 36 apresenta algumas agências regulamentadoras
no mundo. No Brasil, apenas amostradores manuais e semiautomáticos são acreditados pela
RBC – Rede Brasileira de Calibração.
Figura 36: Algumas agências certificadoras no mundo.

Fonte: Jurandir Brito 28


Gestão da Qualidade do ar

Para a acreditação são definidos critérios de desempenho e procedimentos para testes


dos sistemas de medição automatizados que medem gases e material particulado. O critério
de desempenho é um valor que corresponde ao maior desvio permitido para cada teste,
independente do sinal do desvio determinado no teste. Esses critérios são especificados para
gás e monitoramento de partículas, em laboratório e campo.

Os principais procedimentos de teste são os seguintes:

• Limite de detecção;

• Linearidade (lack off it) - em condições de laboratório e de campo;

• Sensibilidade cruzada (cross-sensitivity) - para prováveis interferentes contidos


no gás residual que não seja o componente medido;

• Influência das variações na taxa de fluxo;

• Influência das variações da pressão do gás residual;

• Tempo de resposta em condições de laboratório e de campo;

• Influência das condições ambientais nas leituras de zero11 e zero-ref12 (desvio


do zero) e amplitude (desvio do span13);

• Desempenho e precisão em relação a um método de referência padrão em


campo;

• Reprodutibilidade de dois analisadores sob condições de campo idênticas;

• Disponibilidade e intervalo de manutenção sob condições de campo;

• O Zero - dependente do tempo e da variação de amplitude, sob condições de


campo, in-situ14;

• Desvio padrão de repetibilidade em pontos zero e span;

• Influência nas vibrações para analisadores empilhados (montado em pilha);

• Excursão do feixe de medição do analisador in-situ;

• Eficiência do conversor para analisador que mede NOx.

1 1 Zero - é a medição do ponto zero do equipamento. Esta medida permite determinar o desvio ocorrido
neste ponto, entre as duas últimas calibrações.
1 2 Zero-Ref. - função dos monitores de poluentes que permite realinhar o valor medido para o ponto zero,
no valor teórico do “0”.
1 3 Span - concentração do gás padrão para calibração de cada monitor específico para o poluente
correspondente.
1 4 In situ – É uma expressão do latim que significa “no lugar” ou “no local”
29
Gestão da Qualidade do ar

Tome nota

A incerteza, a precisão, a repetibilidade e a reprodutibilidade são os mais importantes


parâmetros analisados.

Incerteza de medição
Estimativa associada a um valor de medição, que caracteriza a faixa de valores dentro da qual
o “verdadeiro valor” é assegurado estar, com um nível de confiança especificado.
Precisão
Proximidade de concordância entre resultados de teste mutuamente independentes obtidos
sob condições prescritas. É medida pela imprecisão, pelo desvio padrão de repetibilidade ou
pelo desvio padrão de reprodutibilidade, conforme o caso.
Repetibilidade
Proximidade de concordância entre resultados de sucessivas medições da mesma
característica, sujeitas às condições: mesmo procedimento de medição, mesmo observador
(analista), mesmo instrumento de medição, usado nas mesmas condições, mesmo lugar, e em
curto intervalo de tempo.
Reprodutibilidade
Proximidade de concordância entre resultados de medição da mesma característica, onde as
medições foram realizadas em condições diferentes, como: princípio ou método de medição,
observador (analista), instrumento de medição, lugar, condições de uso e tempo.
O quadro 12 apresenta especificações técnicas de um analisador contínuo certificado por uma
agência acreditada, exemplificando algumas especificações técnicas analisadas pela agência
reguladora.

Quadro 12: Exemplo de especificações técnicas de um analisador contínuo certificado.

Especificações Técnicas

Princípio de medição Principle of measurement UF Fluorescence SO²

Faixa de Medição Measurement range 0-1ppm/0-10 ppm


(user selectable or auto-ranging)

Limite de Detecção Detection Limit (2a) Detection Limit (2a)

Ruído Noise <0.2

Desvio do Zero Zero drift <1 ppb/24h

Desvio do Span Span drift <0.5%/24h

30
Tempo de resposta Response time 20-120 sec (programmable)
Desviodo
Gestão da Qualidade doarZero Zero drift <1 ppb/24h

Desvio do Span Span drift <0.5%/24h

Tempo de resposta Response time 20-120 sec (programmable)

Linearidade Linearity 1% (of full Scale)

Vazão de amostragem Sample flow-rate 20 l/h

Vazão de amostragem Sample flow-rate 20 l/h

Temperatura de operação Standard operating temperature 0° C to +35° C

Fonte: adaptado de Envea¹⁵

O Ministério do Meio Ambiente, conforme descrito no Guia Técnico para o Monitoramento e


Avaliação da Qualidade do Ar (MMA, 2020), recomenda que os equipamentos de monitoramento
da qualidade do ar tenham certificação emitida por Organismos Reconhecidos / Acreditados
competentes para realizar a atividade de certificação, pois, assim, o certificado emitido terá maior
credibilidade no âmbito da avaliação da conformidade. Desse modo, pode-se assegurar que
os dados produzidos são precisos e, portanto, aptos para indicar o atendimento aos requisitos
legais.

No guia também são apresentadas as características dos métodos de referência e equivalentes,


com objetivo de orientar a escolha dos equipamentos. Os Métodos de Referência definidos no
Guia se caracterizam como sendo os métodos que a literatura internacional recomenda por
atenderem padrões de desempenho adequados. São a referência para que outros métodos
disponíveis - os Métodos Equivalentes - sejam utilizados, desde que tenham grau semelhante
de desempenho aos Métodos de Referência certificados.

Os anexos de “A” a “I”, desse mesmo Guia Técnico, apresentam os Métodos de Referência e
os critérios para definição de Métodos Equivalentes, com base nos parâmetros adotados pelas
agências certificadoras. O fluxograma 2 apresenta o fluxograma do processo de certificação
demonstrando a sequência e interação das atividades no processo.

1 5 https://www.envea.global/design/medias/AF22e_SO2_air_quality_analyzer_e-Series_EN_1019.pdf
31
Gestão da Qualidade do ar

Fluxograma 2: Fluxograma do processo de certificação


de equipamento de monitoramento

O fabricante solicita teste de aprovação do


equipamento à agência.

A agência submete ao comitê certificador.


Após aprovado, inicia a condução dos testes.

A agência avalia o equipamento encaminhado


pelo fabricante de acordo com as normas.

A agência submete todas as documentações A agência


geradas (testes, relatórios, avaliações, etc.) realiza avaliações
ao comitê certificador. adicionais

O comitê encaminha
para revisão

O comitê certificador verifica


se os documentos enviados Não atende
atendem aos requisitos

Sim

A agência cria um
A agência publica
certificado para o
o certificado do
equipamento
equipamento
testado.

A agência assina e
emite o certificado.

A agência inicia uma


vigilância contínua de
acordo com a norma.

Elaboração MMA

32
Gestão da Qualidade do ar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Qualidade Ambiental. Guia técnico para
o monitoramento e avaliação da qualidade do ar. Brasília: MMA, 2020. 136 p.

33
MÓDULO II – GESTÃO DE REDES DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

AULA 7
VALIDAÇÃO DOS DADOS AMOSTRADOS
DE QUALIDADE DO AR

34
Gestão da Qualidade do ar

7.1 ASPECTOS GERAIS

Um dos principais objetivos dos órgãos ambientais é garantir que seus programas ambientais
e as decisões referentes à gestão ambiental sejam tomadas com base nos dados que tenham
a qualidade requerida e esperada para seu uso. Para alcançar este objetivo é necessário
desenvolver uma série de atividades, desde as fases de planejamento e implementação de um
projeto de monitoramento do ar até a geração de dados confiáveis (US EPA, 2002-A).

Importante
Para realizar a gestão dos dados medidos pelas estações de monitoramento do ar, é
necessário ratificar os critérios e procedimentos utilizados na sua limpeza, verificação
e validação, bem como no controle e garantia da qualidade das informações, a partir
da geração dos dados nas estações de medição até que sejam relatados sob a
forma de indicadores de qualidade do ar, para garantir que as informações sejam
compatíveis e comparáveis entre estações da mesma rede e entre as redes dos
diferentes estados. A eficácia das decisões tomadas com base nesses dados depende
de sua qualidade, da facilidade de acesso a eles, da forma como são agrupados e
de sua interpretação. Em muitos países, como no Brasil, os métodos de medição
são regulamentados a fim de garantir que as informações geradas pelas redes de
medição sejam confiáveis (INE MÉXICO).

Após obter as medições da qualidade do ar, os dados são analisados para determinar se são
válidos. A validação de dados é o processo que analisa os dados para dividi-los em aceitáveis e
duvidosos, segundo critérios rigorosos. Embora a validação seja feita após as medições, ela tem
a vantagem de funcionar como um filtro, que permite descartar dados considerados errados ou
falsos. O uso de sistemas e metodologias de validação dos dados permite reduzir drasticamente
as possibilidades de erros (FRONDIZI, 2008). A validação é feita pelos técnicos treinados e com
auxílio de um pacote de softwares compatíveis com os equipamentos de monitoramento, o que
é imprescindível devido ao grande volume de dados medidos pelas estações de monitoramento
do ar.

O monitoramento contínuo da qualidade do ar pode apresentar falhas no funcionamento dos


monitores, no sistema de armazenamento de dados, na comunicação, no suprimento de energia,
entre outros. Para que os objetivos do monitoramento do ar sejam cumpridos, o funcionamento
das redes de monitoramento é tão importante quanto a análise e o tratamento dos dados pois,
em conjunto, permitem maximizar a sua integridade.

7.2 LIMPEZA E VERIFICAÇÃO DOS DADOS

A limpeza e verificação dos dados constituem a primeira fase da análise e gerenciamento de


dados, que antecede a validação, e servem para identificar todos aqueles valores anômalos que
não representam situações reais na medição da qualidade do ar:
Limpeza dos dados
Consiste, entre outras coisas, na atribuição (automática ou manual) de flags para a análise e
identificação de uma série de valores que não representam as concentrações reais dos poluentes
medidos. Flags são valores nulos e fora do intervalo típico das concentrações esperadas em uma
35
Gestão da Qualidade do ar

determinada área, que podem ser referentes a alarme dos monitores, dados de calibração,
falhas de energia, manutenção dos equipamentos etc. Esta atividade deve ser feita pelos
técnicos que conheçam bem a rotina de operação e calibração dos equipamentos e também
pelos especialistas em qualidade do ar da rede. Os dados nunca são excluídos; eles são apenas
marcados com flags para verificação posterior pelo pessoal responsável pelas estações.

Verificação dos dados


A verificação é considerada como uma etapa intermediária da gestão de dados, e consiste em
uma análise detalhada, realizada com base nos objetivos e escopos de cada rede para medir
a qualidade de ar. Pretende-se nesta fase, como o próprio nome indica, confirmar a veracidade
dos dados que pareçam suspeitos ou com valores extremos, e que tenham sido identificados
na análise dos bancos de dados por meio de procedimentos estatísticos. Esta fase inclui a
comparação dos dados com algumas fontes externas de informações, tais como: a correlação
espacial e temporal com outros locais de monitoramento situados próximos e com os resultados
de auditorias nos equipamentos. A verificação é, portanto, uma análise detalhada dos dados
para confirmar ou modificar os flags atribuídos na fase de limpeza, e também para adicionar
mais flags dependendo da experiência do avaliador e da tendência dos dados (INE MÉXICO).
De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA), a verificação
de dados refere-se ao processo de analisar se estão completos, corretos e correspondem aos
métodos, procedimentos ou requisitos estabelecidos (US EPA, 2002-A).

Tome nota

Após a verificação dos dados, os principais indicadores da qualidade, tais como:


precisão, erros sistemáticos ou tendências (Bias), representatividade, completude,
comparabilidade e rastreabilidade são aplicados para avaliar a qualidade e validar
os dados. A verificação e a validação são geralmente etapas sequenciais e realizadas
por pessoas diferentes. Por exemplo, a verificação dos dados começa, em algumas
ocasiões, nas estações de medição, enquanto a validação dos dados é realizada,
posteriormente, na central de controle da rede de monitoramento do ar (INE
MÉXICO). Desta maneira, o relatório de avaliação da qualidade do ar deve detalhar
a metodologia utilizada para o tratamento dos dados gerados pelas estações de
monitoramento do ar locais.

7.3 CRITÉRIOS E FREQUÊNCIA DE VALIDAÇÃO DOS DADOS


O processo de validação de dados rastreia a causa para a sua não conformidade e inclui
determinar, quando possível, as razões para a ocorrência das falhas que impedem o cumprimento
dos requisitos dos métodos e procedimentos. Efetua, também, uma avaliação do impacto das
falhas no conjunto geral dos dados. A validação estende a avaliação de dados, portanto, além
do método, procedimento e verificação de dados, para determinar a qualidade analítica de um
conjunto de dados específico. A validação dos dados pode também se concentrar em requisitos
específicos dos dados para um determinado projeto, tais como um Plano de Garantia de
Qualidade (QA). Pode ser feita por um validador externo, que realizará uma avaliação detalhada
dos registros de dados específicos que requerem interpretação ou revisão, referida também
como uma validação de dados focada (US EPA, 2002).

Após a verificação dos dados deve-se aplicar os critérios de: precisão, erros sistemáticos ou
36
Gestão da Qualidade do ar

tendência (bias), representatividade, comparabilidade, completude e rastreamento para avaliar


os objetivos da qualidade e validar os dados (INE MÉXICO).

Esses critérios, que serão definidos a seguir, são os principais indicadores da qualidade, de
acordo com a US EPA (US EPA, 2002-B):

Precisão
Concordância entre medições repetidas do mesmo parâmetro sob condições idênticas ou
muito semelhantes, calculada como a amplitude (faixa de medição) ou como o desvio padrão;

Erros sistemáticos ou Tendência (Bias)


Erros sistemáticos ou Tendência (Bias) - Distorção sistemática ou persistente de um processo
de medição que causa erros em uma direção. Por exemplo, um erro de 15% a mais em todas as
concentrações de dióxido de enxofre, pode indicar erro de calibração;
Representatividade
Avalia se as medições feitas refletem adequadamente o ambiente que está sendo monitorado;
Comparabilidade
Um termo qualitativo que expressa a medida de confiança de que um dado ou conjunto de dados
pode ser comparado a outro para tomar decisões. Por exemplo, comparar as concentrações de
um poluente em duas estações próximas uma da outra;
Completude
A quantidade de dados válidos que precisa ser obtida por um sistema de medição. É exigido
no mínimo 90% de dados válidos nas estações de monitoramento do ar (AESRD, 2014).
A frequência de validação dos dados varia entre as redes, mas deve ser realizada rotineiramente,
uma vez por dia nas grandes redes, ou uma vez por semana nas redes menores, com o objetivo
de dar mais consistência e credibilidade aos dados.

Os dados invalidados devem ser devidamente registrados, para justificar o motivo da


invalidação, e não devem ser usados para elaboração de indicadores e de relatórios.

Os responsáveis pela validação dos dados devem ter um bom conhecimento da rede
de monitoramento do ar, das fontes de emissões situadas no seu entorno, assim como da
meteorologia e topografia da região, o que permitirá maior segurança na validação.

7.4 METODOLOGIAS DE VALIDAÇÃO

As metodologias de validação de dados permitem reduzir muito os erros de medição. Existem


muitas metodologias de validação, como por exemplo:
Teste de Consistência Interna
Usado para localizar valores individuais, no conjunto de dados, que possam ser atípicos. Esse
teste é justamente de consistência interna, o que não permite saber se ocorre erro sistemático,
o que pode resultar, por exemplo, em um erro de 15% em todos os dados. Um teste bem simples
consiste na plotagem dos dados do conjunto que permite analisar quais dados estão fora dos
padrões razoáveis (FRONDIZI, 2008).
Correlação entre as Estações
Consiste em examinar os resultados medidos para um mesmo poluente, por exemplo
partículas, em duas ou mais estações da rede situadas na mesma bacia aérea e observar se os
37
Gestão da Qualidade do ar

dados e as diferenças entre as medições são aceitáveis ou não. As duas estações podem ter
medido valores altos para o mesmo dia e hora para um determinado poluente, o que pode
ser devido às emissões ou às condições meteorológicas, ou seja, não devem ser descartados
(FRONDIZI, 2008).

7.5. CONTROLE DE QUALIDADE DOS DADOS

Toda rede de monitoramento do ar deve ter um programa de controle de qualidade. Para que
os dados obtidos em toda e qualquer estação de monitoramento da qualidade do ar sejam
válidos, úteis e menos sujeitos a erros, é necessário um nível mínimo de qualidade, pois com
frequência são tomadas decisões importantes a partir dos dados coletados nas estações, tais
como a seleção de outro local para instalar um empreendimento, instalação de sistemas de
controle da poluição, processos judiciais ou até pagamento de multas por danos ambientais.

Práticas de rotina e documentação das tarefas e dos


procedimentos de operação, calibração, manutenção e
manuseio dos dados

I
Obter um desempenho geral satisfatório do programa
de monitoramento

II

As características importantes
Ter uma metodologia específica e quantificada para
para um programa de controle de III avaliar o monitoramento
qualidade são

IV
Possuir um programa de auditoria e melhoria contí-
nua, incluindo atualizações dos equipamentos e
procedimentos para manter o bom desempenho das
estações, e
V

Possuir um programa de treinamento

O objetivo geral do programa de controle de qualidade é melhorar a qualidade


dos dados medidos. Para isso pode-se selecionar alguns objetivos específicos,
tais como (FRONDIZI, 2008):
• Fornecer uma indicação de rotina que permita detectar a operação incorreta
dos equipamentos;

38
Gestão da Qualidade do ar

• Detectar rapidamente uma operação errada;

• Estar preparado para efetuar uma correção no menor tempo possível, uma
vez detectada a operação ou condição errada (por meio da manutenção ou
mudança de procedimento); e

• Determinar a consistência e representatividade dos dados coletados, a partir da


busca e do fornecimento de informações adicionais que permitam descrever
apropriadamente a qualidade dos dados coletados.

7.6 REGISTRO DE DADOS

A validação de dados efetuada deve ser documentada para possibilitar a revisão e ajuste de
dados e do próprio processo de validação, sempre que necessário.

O registro de validação de dados deve incluir as seguintes informações (AESDR, 2014):

• Quem executou a ação de validação;

• Quando a ação de validação foi concluída;

• Quais foram o(s) parâmetro(s) afetado(s);

• A identificação e justificativa de quaisquer ajustes ou invalidações de dados;

• Uma breve descrição de qualquer ação corretiva que tenha sido desempenhada
para abordar problemas com os dados;

• A identificação e justificativa da validade de dados anômalos ou outliers (dados


que se diferenciam drasticamente de todos os outros); e

• Qualquer ação adicional para efetuar alterações pós-validação.

7.7 CÁLCULOS

A avaliação da qualidade dos dados de monitoramento do ar, de acordo com a US EPA, é


definida como uma avaliação estatística e científica do conjunto de dados para determinar a
validade e desempenho do projeto de coleta de dados e testes estatísticos realizados e para
determinar a adequação do conjunto de dados para seu uso final (US EPA, 2002-A).

39
Gestão da Qualidade do ar

Importante
As estações contínuas, em geral, possuem um pacote de softwares compatíveis
com os equipamentos, que são configurados em cada rede de monitoramento,
considerando os parâmetros monitorados (poluentes e parâmetros meteorológicos)
para coletar, armazenar, efetuar cálculos, tais como: médias das concentrações para
os intervalos de tempo estabelecidos na legislação (médias horária; de 8 horas; diária;
e anual); desvio padrão e algumas análises estatísticas, tais como regressão linear e
teste T, aplicado para avaliar a consistência interna (BELOUAFA et al, 2017).

40
Gestão da Qualidade do ar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELOUAFA, S. et al. Statistical tools and approaches to validate analytical methods: methodology
and practical examples, 2017. Disponível em: https://www.metrology-journal.org/articles/
ijmqe/full_html/2017/01/ijmqe160046/ijmqe160046.html Acesso em 25 de maio de 2021 .

CANADÁ. Alberta Environment and Sustainable Resource Development (AESRD). Air Monitoring
Directive Chapter 6: Ambient Data Quality for Verification and Validation of Continuous Ambient
Air Quality Data. Disponível em: https://open.alberta.ca/dataset/bfe75885-c945-4ea2-
a48d-9cafa7367cc5/resource/49b431c7-8e7e-4155-aed0-8b0127fc8145/download/2014-
airmonitoring6-ambientdataquality-jun24-2014.pdf Acesso em 25 de maio de 2021.

EUA. United States Environmental Protection Agency. Guidance on Environmental Data


Verification and Data Validation, 2002-A. Disponível em https://www.epa.gov/sites/production/
files/2015-06/documents/g8-final.pdf Acesso em 25 de maio de 2021.

_____. United States Environmental Protection Agency. Guidance for Quality Assurance
Project Plans, 2002-B. Disponível em: https://www.epa.gov/sites/production/files/2015-06/
documents/g5-final.pdf Acesso em 25 de maio de 2021.

FRONDIZI, Carlos A. Monitoramento da qualidade do ar: teoria e prática. Rio de Janeiro: E-papers,
2008, 276 p.

MÉXICO. Instituto Nacional de Ecologia do México. Manual 5 - Protocolo de Manejo de Datos


de la Calidad del Aire. Disponível em: https://sinaica.inecc.gob.mx/archivo/guias/5%20-%20
Protocolo%20de%20Manejo%20de%20Datos%20de%20la%20Calidad%20del%20Aire.pdf
Acesso em 25 de maio de 2021.

41
MÓDULO II – GESTÃO DE REDES DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

AULA 8
INTERPRETAÇÃO E REPRESENTATIVIDADE
DOS DADOS MONITORADOS

42
Gestão da Qualidade do ar

8.1 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS MONITORADOS


PARA QUALIDADE DO AR

A interpretação dos dados medidos para a qualidade do ar é uma tarefa muito importante,
porque, a partir da interpretação correta e dos dados validados, é possível fazer o diagnóstico
da qualidade do ar da região e sua gestão, além de tomar decisões, caso necessário, para evitar
a degradação da qualidade do ar da região coberta pela rede.

A interpretação dos dados é feita em conjunto com o conhecimento do inventário de emissões,


da topografia e da meteorologia da região. A participação de um meteorologista é fundamental
nesta fase, além dos especialistas em qualidade do ar que operam a rede.

Importante
Para apresentar resultados representativos da poluição atmosférica, o
monitoramento deve atender a uma série de critérios técnicos e ser realizado de
maneira periódica e contínua para avaliar as condições mais diversas. A ocorrência
de falhas no monitoramento afeta a interpretação dos dados obtidos, assim, as
principais ocorrências devem ser registradas.

As estações que compõem uma rede de avaliação da qualidade do ar devem ter objetivos
claros, para que os dados obtidos sejam corretamente interpretados. Para tanto, é necessário
que sejam observados critérios na localização de estações e na descrição de pontos de
amostragem já existentes.

A partir do monitoramento de rotina e dos dados espaciais, é possível efetuar uma análise
comparativa das concentrações medidas com os padrões de qualidade do ar, tanto para longos
períodos de exposição (em geral as médias anuais), quanto para curto tempo de exposição
(menor ou igual a 24 horas). Os resultados obtidos no monitoramento refletem as variações na
matriz de emissões dos poluentes, tais como:
Alterações no parque industrial;

Implantação de tecnologias mais limpas;

Mudanças de combustível;

Modificação na frota de veículos;

Alteração de tráfego; e

Condições meteorológicas observadas ao longo do ano em análise.


Ao final, tem-se o diagnóstico da qualidade do ar da região, e dados suficientes para sua gestão.

8.2 REPRESENTATIVIDADE DOS DADOS

A adoção de critérios de representatividade de dados é de extrema importância em sistemas


de monitoramento. O não atendimento a esses critérios para uma determinada estação
43
Gestão da Qualidade do ar

ou período significa que as falhas de medições ocorridas comprometem a interpretação do


resultado obtido (CETESB, 2020).

O monitoramento contínuo da qualidade do ar pode apresentar falhas no funcionamento


dos monitores, no sistema de armazenamento de dados, na comunicação, no suprimento de
energia, entre outros. Porém, em redes bem operadas, a perda ou a não geração de dados
tendem a ser pouco representativas.

Importante
Como o monitoramento deve representar o ar da região em estudo, faz-se necessária
a adoção de critérios de representatividade temporal e espacial dos dados. O não
atendimento desses critérios para uma determinada estação ou período significa
que as falhas de medição ocorridas comprometem a interpretação do resultado, à
luz dos padrões vigentes. No entanto, mesmo sem a representatividade requerida,
os dados devem ser sempre reportados, com as devidas ressalvas, e podem ser
úteis para uma análise menos completa.

O monitoramento da qualidade do ar consiste em obter uma distribuição espacial e temporal


correta, e que permita obter medições de concentrações que sejam representativas para a
região. Esta é uma tarefa complexa, que deve levar em conta um grande número de fatores,
tais como:
Localização adequada da estação
É preciso considerar a representatividade dos dados desde o projeto da rede quando, com
base na modelagem, são selecionados os locais para instalar as estações.
Observar os critérios do Guia Técnico para o Monitoramento do MMA quanto à
microlocalização da estação
Para que ela mantenha distância de fontes de emissões, como vias de tráfego e fontes de
emissões industriais, bem como de obstáculos, como árvores e prédios, que afetam o fluxo do
ar e mascaram os resultados.

Frequência das medições


O ideal é ter medições contínuas, ao longo de pelo menos um ano, nas diferentes estações
do ano, para obter representatividade temporal, mas nem sempre é possível. Existem as
campanhas para medir as concentrações de background, ou seja, as concentrações da poluição
do ar nas áreas que não são diretamente afetados pelas fontes de emissões locais, por exemplo
para o EIA/RIMA que, em geral, duram um mês. O órgão ambiental deve orientar a realização
das campanhas de medição para obter dados representativos da região, durante as diferentes
estações do ano, especialmente para empreendimentos com potenciais impactos ambientais.

8.2.1 REPRESENTATIVIDADE TEMPORAL DOS DADOS

São considerados representativos os dados gerados em rede que observam, no mínimo, as


condições estabelecidas no Quadro 13. Em casos específicos da necessidade de utilização de
dados mensais, deve ser utilizado o critério de validação dos dados especificados no Quadro 13.
Porém, esse critério não deve ser utilizado para validação da média anual.

44
Gestão da Qualidade do ar

Quadro 13: Tempo mínimo de amostragem para que os dados sejam considerados representativos

Tipo de Média Critério de Validação

Média horária 3/4 das medidas válidas na hora

Média diária 2/3 das médias horároas válidas no dia

Média mensal 2/3 das médias diárias válidas no mês

Média anual 1/2 das médias diárias válidas obtidas em


cada quadrimestre (jan-abr; mai-ago; e set-dez)

Fonte: CETESB, 2020

A exigência de representatividade em cada quadrimestre garante que os dados anuais


englobem as diferentes condições meteorológicas em diferentes períodos do ano.

8.2.2 REPRESENTATIVIDADE ESPACIAL DAS ESTAÇÕES

As redes devem ser concebidas para atender uma série de objetivos, de forma otimizada,
garantindo a medição da qualidade do ar em locais de diferentes características, de modo que
as estações atendam às necessidades de monitoramento distintas e que permitam fornecer
informações, tais como:

Os mais altos níveis de concentração de poluentes esperados para a área de abrangência


da rede;

As concentrações representativas das áreas de maior densidade populacional;

O impacto da poluição no meio ambiente devido a determinadas fontes ou grupos de fontes


(CETESB, 2020).
A classificação da representatividade espacial depende da localização da estação,
considerando-se: poluente de interesse, proximidade das fontes de emissão, intensidade
das emissões, condições de topografia, relevo e transporte dos poluentes. Depende também
da posição da sonda de amostragem em relação à altura de captação e à proximidade de
obstáculos (edificações, árvores etc.).

Os resultados do monitoramento efetuado devem representar as concentrações do poluente


de interesse em uma escala espacial compatível com os objetivos estabelecidos.

O conceito de escala espacial de representatividade diz respeito à extensão da parcela de ar no


entorno da estação de monitoramento que apresenta concentrações relativamente uniformes
e similares às concentrações medidas na estação. Dependendo dos objetivos, as escalas de
representatividade mais apropriadas para as estações de monitoramento são assim definidas:
Microescala
Representatividade espacial de áreas com dimensão de até 100 metros.

45
Gestão da Qualidade do ar

Mesoescala (ou escala média)


Representatividade espacial de blocos de áreas urbanas abrangendo dimensões entre 100 e
500 metros.
Escala de bairro
Representatividade espacial de áreas de bairros urbanos com atividade uniforme e dimensões
entre 500 e 4.000 metros.
Escala urbana
Representatividade espacial de cidades ou regiões metropolitanas, da ordem de 4 a 50
quilômetros (MMA, 2020).

8.3 AVALIAÇÃO DA METEOROLOGIA


LOCAL E DA QUALIDADE DO AR

São inúmeros os fatores meteorológicos que determinam o comportamento dos poluentes


primários na atmosfera, sendo que, dentre eles, o comportamento da precipitação pluviométrica
permite verificar, qualitativamente, se a atmosfera esteve mais ou menos estável, favorecendo
ou não a dispersão destes poluentes.

A ocorrência da precipitação indica que a atmosfera está instável (turbulenta), influenciando


outras variáveis meteorológicas relativas à dispersão da poluição.

Para a caracterização das condições de dispersão dos poluentes secundários, como ozônio,
são usadas outras variáveis meteorológicas, além da precipitação pluviométrica, disponíveis
nas páginas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

A Cetesb, que tem meteorologistas em sua equipe, utiliza dados meteorológicos de todas
as regiões cobertas por sua rede, medidas por suas estações, além de dados do INMET e da
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de São Paulo, e dos bancos de dados hidrológicos do
Departamento de Águas e Energia Elétrica, para auxiliar na interpretação dos dados medidos
para a qualidade do ar.
Quais são os poluentes que apresentam concentrações
mais altas - a partir disso, avaliar suas fontes de emissões
e adotar medidas de gestão para reduzir as concentrações

I
Quantas violações dos padrões de qualidade do ar, estabelecidos
pela Resolução Conama 491/2018 foram registradas, e em quais
datas e estações - isso auxilia também na análise de tendência do
comportamento anual destes poluentes, para ver se as violações
II estão aumentando ou reduzindo

A análise dos dados de qualidade do ar Em quais períodos do ano ocorrem as concentrações


e meteorologia ao longo dos meses do mais altas para os poluentes primários, que são aqueles
ano, e para as várias estações, permite emitidos diretamente pela chaminé (no período seco a
elaborar inúmeras conclusões III
concentração de MP é mais alta) e secundários, que são
importantes para a gestão da qualidade aqueles formados na atmosfera (primavera e verão)
do ar, tais como:

IV
Quantos dias apresentaram condições
meteorológicas desfavoráveis à dispersão

Se houve atuação de fenômeno de escala global, como o El


Niño e La Niña, que influenciam as condições oceânicas,
interferindo no clima e na concentração final dos poluentes

46
Gestão da Qualidade do ar

Todas essas informações fazem parte do Relatório Anual da Qualidade do Ar que os órgãos
ambientais devem elaborar.

8.4 ANÁLISE DE TENDÊNCIAS

Consiste na análise da evolução do comportamento das concentrações dos poluentes ao


longo dos anos. A análise de tendência deve ser feita analisando-se uma série temporal de
dados, ou série histórica dos dados de monitoramento da qualidade do ar e, quanto mais longa
a série, melhor, pois permite obter dados mais consistentes sobre a área monitorada. Pode-se
comparar os resultados das concentrações de cada poluente ao longo dos anos e verificar se
estão aumentando ou reduzindo (Ver Gráficos 12, 13 e 14).

Esta análise é fundamental para se entender, por exemplo, a influência das variações sazonais
significativas das condições atmosféricas, como ocorre em São Paulo, por exemplo. E, também,
se as emissões das fontes fixas e móveis estão sendo controladas, dentre inúmeros outros
fatores de interesse para a gestão da qualidade do ar.

Como exemplo, o Gráfico 12 apresenta as concentrações de dióxido de enxofre ao longo dos


anos, de 2000 até 2019, para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), onde observa-se
que os níveis de SO2 estão sendo reduzidos no período, alcançando valores mais baixos.

Gráfico 12: Evolução das Concentrações Médias Anuais de SO2


na RMSP no período de 2000 a 2019
40

30

20

16
14 14
12 12

9
10 8 7
6
5 5 5
4 4 4
3 3 3
2 2

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

RMSP
Fonte: CETESB, 2020

Esta queda nos níveis de SO2 observada desde o ano 2000 na RMSP é o resultado do controle
exercido sobre as fontes fixas, bem como da redução no teor de Enxofre dos combustíveis
usados tanto na indústria como pelos veículos.

O Gráfico 13 apresenta a evolução das concentrações de Ozônio medidas em estações


situadas em áreas remotas do planeta: Mauna Loa, Polo Sul, Samoa, Barrow (Alasca), Zugspitz
(Alemanha) e WhiteFace (NY) no período de 1974 a 1998, onde observa-se um aumento das
concentrações de background deste poluente em quase todas as regiões monitoradas.

47
Gestão da Qualidade do ar

Gráfico 13: Evolução das Concentrações de Ozônio Troposférico em seis estações


distribuídas no mundo, no período de 1974 a 1998

Fonte: (Adaptado de OLTMANS et al, 2006)

O gráfico 14 apresenta a tendência de redução das concentrações médias anuais de fumaça


na RMSP a partir do ano 2000. A redução da fumaça reflete o controle sobre as atividades
industriais desde a década de 80 e, mais recentemente, o controle das emissões veiculares
graças às ações da Cetesb para reduzir fumaça preta em veículos a diesel.
Gráfico 14: Evolução das concentrações médias anuais de fumaça
na RMSP no período de 2000 a 2019

Fonte: Cetesb, 2020.

48
Gestão da Qualidade do ar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CETESB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Qualidade do Ar no Estado de São Paulo - 2019.
Série Relatórios. São Paulo/SP, 2020. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/ar/wp-content/uploads/
sites/28/2020/07/Relat%C3%B3rio-de-Qualidade-do-Ar-2019.pdf

MMA, Ministério do Meio Ambiente. Guia Técnico para o Monitoramento e Avaliação da Qualidade do Ar. Brasília,
DF, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/centrais-de-conteudo/mma-guia-tecnico-qualidade-
do-ar-pdf.

OLTMANS et al. Long-term changes in troposphere ozone. Atmospheric Environment 40(17), 2006. Disponível
em: <https://www.researchgate.net/profile/David-Tarasick/publication/223219182_Long-term_changes_in_
troposphere_ozone/links/5ad76635458515c60f573783/Long-term-changes-in-troposphere-ozone.pdf>.

49
MÓDULO II – GESTÃO DE REDES DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

AULA 9
DIVULGAÇÃO DOS DADOS DE QUALIDADE DO AR

50
Gestão da Qualidade do ar

9.1 INTRODUÇÃO

Devido à importância da divulgação dos dados de qualidade do ar ao público existem leis na


Europa e nos Estados Unidos que obrigam a comunicação clara sobre as concentrações dos
poluentes na atmosfera e seus impactos na saúde para toda a população.

Tome nota

A lei “O Direito de Saber" (The Right to Know), no contexto da legislação ambiental


da comunidade e do local de trabalho dos Estados Unidos, é o princípio legal que
estabelece que o indivíduo tem o direito de saber sobre os produtos químicos aos
quais pode estar exposto em sua vida diária, e está consagrado na lei federal nos
Estados Unidos, bem como nas leis locais em vários estados. O conceito de "direito
de saber" está incluído no Livro de Rachel Carson, Primavera Silenciosa (Silent Spring,
1962), no qual ela acusa a indústria de pesticidas de espalhar falsas informações.

No Brasil, a Resolução Conama nº 491/2018 estabeleceu, em seu artigo 12, que o Ministério
do Meio Ambiente e os órgãos ambientais estaduais e distrital deverão divulgar, em sua página
da internet, dados de monitoramento e informações relacionados à gestão da qualidade do ar.

A divulgação de dados ajuda também a conscientizar a população e, eventualmente, pode


influenciar a mudança de comportamento e a atitude das pessoas com relação ao meio
ambiente, como fornecer orientações para que as pessoas não saiam para fazer exercícios
físicos em áreas onde a qualidade do ar não é considerada boa.

9.2 FORMAS DE DIVULGAÇÃO DOS DADOS


PARA OS DIFERENTES PÚBLICOS

9.2.1 RELATÓRIO DA QUALIDADE DO AR

A divulgação do relatório anual é uma oportunidade para apresentar as informações de forma


consistente, com a análise de tendências da evolução da qualidade do ar e, também, discutir
medidas de controle e monitoramento. O relatório destina-se aos órgãos de meio ambiente,
ao setor empresarial e à sociedade em geral. O Relatório Anual de Qualidade do Ar, com os
resultados consolidados de monitoramento e diagnósticos de qualidade do ar, é uma forma de
dar transparência às informações geradas pelo monitoramento da qualidade do ar. Porém, o
relatório é muito técnico e não é a forma mais apropriada para divulgar os dados para o público.
O relatório é o assunto da aula 18 - Relatório de Avaliação de Qualidade do Ar deste curso, onde
poderão ser obtidas mais informações sobre o assunto.

9.2.2 ÍNDICE DA QUALIDADE DO AR

A divulgação dos dados do monitoramento é realizada por meio do cálculo do Índice de


Qualidade do Ar (IQAr), uma ferramenta matemática utilizada para converter as concentrações
dos poluentes nas escalas: Boa, Moderada, Ruim, Muito Ruim e Péssima (MMA, 2020). O objetivo
do IQAr é permitir uma informação precisa, rápida e facilmente compreendida pela população
em geral, sobre os níveis diários de qualidade do ar.
51
Gestão da Qualidade do ar

Saiba Mais
O IQAr foi criado visando facilitar a divulgação dos dados de monitoramento da
qualidade do ar de curto prazo, conforme estabelecido pela Resolução Conama
nº 491/2018, tornando mais fácil o entendimento dos resultados pela sociedade.
Essa divulgação deve ser realizada pelos órgãos ambientais, em sua página da
internet, mas atualmente nem todos os estados o fazem. O MMA está trabalhando,
atualmente, em conjunto com órgãos ambientais estaduais, na integração dos dados
estaduais ao Sistema Nacional de Gestão da Qualidade do Ar – MonitorAr, que divulga
essas informações de maneira centralizada, facilitando o acesso da sociedade. O
lançamento deste Sistema foi realizado em agosto de 2021 e se encontra disponível
no link: https://www.gov.br/pt-br/apps/monitorar.

Já para fins de gestão da qualidade do ar, os técnicos especializados analisam as concentrações


de poluentes obtidas no monitoramento, porque elas permitem interpretações mais refinadas.

Os valores de concentração que classificam a qualidade do ar como BOA são os valores


recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo os mais seguros para
a saúde humana para exposição de curto prazo, conforme a publicação Air Quality Guidelines
Global Update 2005 (OMS, 2006). Esses mesmos valores são os Padrões Finais estabelecidos
na Resolução Conama nº 491/2018. Os poluentes que fazem parte do IQAr são:

Material particulado (MP10);

Ozônio (O3);

Monóxido de carbono (CO);

Dióxido de nitrogênio (NO2);

Dióxido de enxofre (SO2)


Para cada poluente medido é calculado um índice, que é um valor adimensional. Dependendo
do índice obtido, o ar recebe uma qualificação, que consiste em uma nota para a qualidade do
ar, além de uma cor, conforme apresentado no quadro 14:
Quadro 14: Estrutura do Índice de Qualidade do Ar

MP10 (µg/m³) MP2,5 (µg/m³) 03 (µg/m³) CO (ppm) NO2 (µg/m³) S02 (µg/m³)
Qualidade do Ar Índice
24h 24h 8h 8h 1h 24h

N1 - Boa 0 - 40 0-50 0-25 0-100 0-9 0 - 200 0-20

N2 - Moderada 41-80 >50-100 >25-50 >100 - 130 >9 - 11 >200 - 240 >20 - 40

N3 - Ruim 81-120 >100 - 150 >50-75 >130-160 >11-13 >240-320 >40 - 365

N4 - Muito Ruim 121-200 >150-250 >75-125 >160-200 >13-15 >320-1130 >365 - 800

N5 - Péssima 201-400 >250-600 >125-300 >200-800 >15-50 >1130-3750 >800-2620

Fonte: CETESB, 2019


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Gestão da Qualidade do ar

A Resolução Conama nº 491/2018 determina que a qualidade do ar somente pode ser


classificada e relatada como N1 – Boa (IQAr ≤ 40) quando os Padrões Finais são respeitados no
dia e local relatados.

No processo de comunicação deve-se esclarecer a população quando os valores ultrapassarem


os Padrões Finais, considerando a exposição a curto prazo, e quanto os valores se afastaram do
índice de qualidade do ar de valor 40, limite superior da faixa referente ao Padrão Final.

A divulgação dos índices deve ser informada usando os meios disponíveis, tais como: boletins
dirigidos aos jornais e rádios; placas eletrônicas localizadas nas vias públicas; sites da internet,
dentre outros. Os dados devem ser publicados logo que possível, para que a população se
informe.

Individualmente, cada poluente apresenta diferentes efeitos sobre a saúde da população


para faixas de concentração distintas, identificados por estudos epidemiológicos desenvolvidos
dentro e fora do país. Tais efeitos sobre a saúde requerem medidas de prevenção a serem
adotadas pela população afetada.

O índice a ser divulgado deve ser o maior obtido dentre os poluentes monitorados
em uma estação específica. A divulgação deve conter:

• O local de monitoramento;

• A data e o horário;

• O poluente com maior índice;

• As informações sobre os efeitos do(s) poluente(s) e medidas de prevenção;

• As orientações para que a população evite se expor fazendo exercícios físicos


nos locais onde a qualidade do ar não é boa.

9.2.3 BOLETIM DE QUALIDADE DO AR

A divulgação dos dados do monitoramento é realizada por meio dos Índices de Qualidade do Ar
nos boletins, cujo objetivo é permitir uma informação precisa, rápida e facilmente compreendida
sobre os níveis diários de qualidade do ar. O índice a ser divulgado é o maior obtido dentre os
poluentes monitorados em uma estação específica.

Os boletins visam fornecer ao cidadão uma visão geral diária da poluição. O Quadro 15 apresenta
um resumo da qualidade do ar das estações de monitoramento da qualidade do ar do estado
de São Paulo, referente ao dia 08/04/2021.

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Gestão da Qualidade do ar

Quadro 15: Boletim Diário da Qualidade do Ar do Estado de São Paulo


do dia 08/04/2021

Quadro Resumo da Situação das Estações

Qualidade do Ar Índice

Capital RSMP Interior Litoral

N1 - Boa 0 - 40 17 11 26 3

N2 - Moderada 41-80 0 0 0 1

N3 - Ruim 81-120 0 0 0 0

N4 - Muito Ruim 121-200 0 0 0 0

N5 - Péssima >200 0 0 0 0

Fonte: https://cetesb.sp.gov.br/ar/boletim-diario/

No sítio da Cetesb pode-se acessar os boletins diários fornecidos pela companhia. No


Quadro 15 observa-se que, no dia 08/04/2021, todas as estações do estado de São Paulo
apresentaram qualidade do ar Boa, exceto uma estação situada no litoral, em que a qualidade
do ar foi Moderada.

O Quadro 16, por sua vez, apresenta o boletim mais detalhado para a capital de São Paulo,
também disponível no mesmo sítio para todas as estações do estado.
Quadro 16: Boletim da Qualidade do Ar detalhado para as estações
de monitoramento do ar de São Paulo (Capital)

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Gestão da Qualidade do ar

Fonte: https://cetesb.sp.gov.br/ar/boletim-diario/

O boletim de qualidade do ar da Cetesb é emitido diariamente às 11 horas, onde é apresentado


também um resumo das condições da poluição atmosférica das 24 horas anteriores e uma
previsão meteorológica das condições de dispersão dos poluentes para as 24 horas seguintes,
como pode ser observado no Quadro 16.

A qualidade do ar em cada estação é determinada pelo poluente de pior situação. O “Estado


de Atenção” é declarado quando as concentrações dos poluentes atmosféricos atingem a
classificação “Péssima” e previsão das condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos
poluentes nas próximas 24 horas.

A Cetesb disponibiliza também um boletim mensal, cujo objetivo é auxiliar o cidadão e a


mídia a terem uma leitura mais abrangente, e, portanto, mais simples, do comportamento da
qualidade do ar, resumindo de maneira didática os resultados obtidos no mês.

O Quadro 17 apresenta o Boletim da Qualidade do Ar da FEAM - Fundação Estadual do Meio


Ambiente de Minas Gerais. A Gerência de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões da
FEAM disponibiliza o boletim diário da qualidade do ar conforme as diretrizes estabelecidas pelo
Guia Técnico para o Monitoramento e Avaliação da Qualidade do Ar (MMA, 2019). No momento,
não estão disponíveis as informações sobre todas as estações, por isso foram apresentadas no
Quadro 17 apenas o boletim de Congonhas e Ouro Preto.
Quadro 17: Boletim Diário da Qualidade do Ar de Congonhas
e Ouro Preto do dia 07/04/2021

Fonte: https://www.feam.br/banco-de-noticias/1435-boletim-diario-da-qualidade-do-ar-tem-novo-formato

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Gestão da Qualidade do ar

9.3 PLANO DE EMERGÊNCIA PARA


EPISÓDIOS CRÍTICOS DE POLUIÇÃO DO AR

Os episódios críticos de poluição do ar previstos na Resolução Conama nº 491/2018 deverão


ter forma de comunicação específica:

Importante
Os órgãos ambientais estaduais e distritais deverão elaborar, com base nos níveis
de atenção, de alerta e de emergência, um Plano de Emergência para Episódios
Críticos de Poluição do Ar, visando adotar medidas preventivas para evitar graves e
iminentes riscos à saúde da população, de acordo com os poluentes e concentrações
constantes no Anexo III da referida resolução.

O Plano de Emergência deverá indicar os responsáveis pela declaração dos diversos níveis de
criticidade, devendo essa declaração ser divulgada em quaisquer meios de comunicação de
massa.

Os níveis de atenção, alerta e emergência serão declarados quando, prevendo-se a manutenção


das emissões, bem como as condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes
nas 24 horas subsequentes, for excedida uma ou mais das condições especificadas no Anexo III
da Resolução Conama nº 491/2018.

Durante a permanência dos níveis de alerta, atenção e emergência, as fontes de poluição


do ar ficarão, na área atingida, sujeitas às restrições previamente estabelecidas no Plano para
Episódios Críticos de Poluição do Ar.

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Gestão da Qualidade do ar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. MMA, Ministério do Meio Ambiente. Guia Técnico para o Monitoramento e Avaliação da Qualidade do
Ar. Brasília, DF, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/centrais-de-conteudo/mma-guia-tecnico-
qualidade-do-ar-pdf. Acesso em: 25 de maio de 2021.

CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. São Paulo: Gaia, 2010, 305p.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Cetesb. Boletim Mensal. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/ar/
boletim-mensal/ Acesso em: 25 de maio de 2021.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Regional Office for Europe. Air quality guidelines. Global update 2005.
Particulate matter, ozone, nitrogen dioxide and sulfur dioxide. Disponível em: <https://www.euro.who.int/en/
health-topics/environment-and-health/air-quality/publications/pre2009/air-quality-guidelines.-global-update-
2005.-particulate-matter,-ozone,-nitrogen-dioxide-and-sulfur-dioxide>. Acesso em: 25 de maio de 2021.

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