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O que é Value Investing?

Entenda como funciona esse

método

por Tiago Reis 23/05/2017


Nos investimentos existem diversas modalidades para os diferentes
perfis de investidores, e cada uma se adequa às suas particularidades
e interesses individuais.

Uma dessas modalidades é o “Value Investing”. Esta é uma estratégia


de investimentos muito utilizada hoje em dia, principalmente na análise
fundamentalista, e basicamente resume bem a filosofia que nós da
Suno Research seguimos e sugerimos a quem nos acompanha.

O significado deste termo vem da língua inglesa, e sua tradução literal


seria “investimento em valor”.

A sua essência é bem clara e simples de entender, e está diretamente


relacionada ao conceito de Margem de Segurança (escrevemos
um artigo sobre este tema pouco tempo atrás), e isso faz com
que o Value Investing seja praticado de maneira muito pessoal por
aqueles que o adotam, visto que cada investidor faz a suas próprias
análises e julgamentos individuais, de acordo com sua perspectiva e
visão sobre o assunto.
De maneira bem direta, o Value Investing é uma estratégia de
investimento em que as ações que são selecionadas para a compra
pelo investidor se encontram a um preço abaixo do seu valor intrínseco
naquele momento. Ou seja, os “value investors” (ou investidores de
valor), estão constantemente à procura de ações que acreditam estar
subvalorizadas pelo mercado.

Um outro jeito de definir o termo, é que as pessoas que baseiam seus


investimentos nessa forma de investimento em valor, acreditam que o
mercado oscila constantemente entre bons e maus momentos, por
influência de incontáveis fatores, resultando em movimentações nos
preços das ações que muitas das vezes não correspondem à realidade
dos fundamentos de longo prazo das empresas, gerando oportunidades
de compra para esses ativos quando seus preços estão abaixo do que
realmente valem.

Essa movimentação de preços no mercado financeiro pode ser


explicada por diversos motivos, mas existe um que retrata muito bem
este cenário, que é a lei de oferta e procura, e sua definição pode ser
resumida da seguinte forma:
Se muita gente está querendo comprar algo e existem poucos
vendedores, o preço do mesmo tende a subir.

O inverso também é válido, visto que se muita gente está tentando


vender algo que pouca gente tem interesse na compra, o preço daquilo
tende a cair.

Contudo, no caso do mercado financeiro, o “valor” da empresa, em tese,


tende a ser o mesmo ao longo do tempo, ou na verdade, tende a
valorizar no longo prazo, conforme a empresa cresce e seu patrimônio
aumenta.

Normalmente, uma empresa não se torna melhor ou pior pela variação


do preço das suas ações.

Se ela é uma empresa lucrativa, tende a continuar sendo lucrativa. Se


é uma empresa mediana, tende a continuar sendo mediana. Se é mal
gerida, tende a continuar sendo mal gerida.

É claro que nada é estável, principalmente no mundo empresarial, e


existem fatores que podem mudar essas realidades no médio e longo
prazo, como por exemplo, mudanças na gestão da companhia,
aquecimento ou esfriamento do mercado em que atuam, alteração na
estratégia de produção ou até mesmo aquisições e vendas de outras
companhias.

Por isso que é importante que cada investidor faça sua própria análise
de Value Investing de maneira individual e particular, cada qual com o
seu ponto de vista, enxergando a sua análise de acordo com o que
pensa sobre a situação e utilizando as mais variadas formas de se
analisar uma empresa, de forma a enriquecer sua análise.
Desse modo, value investing induz o investidor a analisar os projetos e
empresas no qual se pretende investir pela ótica da análise
fundamentalista, ou seja, de maneira qualitativa, no intuito de, ao
adquirir ações destas empresas, esteja se tornando sócio das mesmas
e participando de seus resultados.

Assim sendo, nos seus estudos de negócios, os investidores de valor


devem procurar enxergar um real potencial de crescimento no
empreendimento de interesse, fazendo com que, dessa forma, seu
investimento faça de fato sentido.

Neste outro artigo comentamos sobre um fator que anda lado a lado
com o Value Investing, que é a paciência.
Essa é uma exemplificação que gostamos muito e que julgamos fazer
total sentido nesse conceito.

Vale ressaltar aqui que a definição de investimento de valor é bastante


subjetivo.

Enquanto alguns praticantes baseiam suas estratégias apoiando-se em


estimativas de crescimentos e geração de lucros futuros, outros
investidores de valor voltam suas análises para os lucros e resultados
presentes ao invés dos potenciais ganhos de longo prazo.

São dois ângulos de visão para a mesma abordagem do assunto.

Independentemente dos diferentes pontos de vistas, o conceito lógico


do Value Investing para investidores é: comprar ativos por um preço
menor do que valem naquele momento para se associarem a
empreendimentos de sucesso.

Grandes Investidores de Value Investing


Como em toda área de atividade, existem os personagens que se
destacam.
Nos investimentos, mais especificamente em Value Investing, não
poderia ser diferente. Existem os verdadeiros mestres no assunto, e
cada um apresenta pontos de vista e reflexões individuais que nos
auxiliam a compreender melhor a abordagem.

Benjamin Graham
Autor de dois dos livros mais importantes já escritos sobre análise
fundamentalista e Value Investing, que são os “Security Analysis”
e “O Investidor Inteligente”. Graham desenvolveu primordialmente
a ideia de comprar ações abaixo do seu valor intrínseco para diminuir
os riscos e também foi quem inicialmente promoveu o pensamento de
que ações frequentemente são negociadas a preços que não refletem
seu real valor. Suas técnicas inspiraram ninguém menos que Warren
Buffett, tornando-se assim o seu mentor por décadas. Ele nasceu em
1894 e é considerado o pai do Value Investing.
“Se eu tivesse o desafio de definir o segredo dos
investimentos saudáveis em três palavras, essas
seriam Margem de Segurança”. – Benjamim Graham.

Warren Buffett
O maior investidor de todos os tempos nasceu em 1930 e foi aluno e
depois funcionário de Graham. Buffett pensa em comprar ações como
se estivesse de fato comprando empresas e não apenas papéis (como
muitos encaram), e ele tem prazos indefinidos nos seus investimentos,
tanto é que fez seu primeiro investimento aos 14 anos e aos 30 já era
milionário.

Com esse pensamento, em 1962, ele começou a comprar ações da


Berkshire Hathaway (inicialmente atuava no ramo de têxteis), e com o
tempo a quantidade de ações da empresa que Buffett detinha se
tornaram suficientes para mudar a administração e então controlar a
companhia, isso em 1965. Ele se tornou um dos homens mais ricos do
mundo através de Value Investing.
“O preço é o que você paga. Valor é o que você leva. ”
– Warren Buffett.

Seth Klarman

Klarman é um investidor americano que se dispõe a pensar fora da


caixa e procura analisar investimentos que outros investidores
normalmente não consideram e até mesmo costumam evitar. Ele segue
de perto a filosofia de investimento de Benjamin Graham e é conhecido
por comprar ativos impopulares enquanto eles estão subvalorizados,
buscando uma margem de segurança e lucrando com sua alta no
preço. Em fevereiro de 2017, a revista Forbes listou sua fortuna pessoal
em US $ 1,55 bilhões.

“Nós temos batido o mercado incrivelmente ao longo dos anos,


apesar deste nunca ter sido nosso objetivo. Na verdade, o que nós
temos feito consistentemente é tentar não perder dinheiro e,
fazendo isso, não só o protegemos como performamos acima da
média. ” – Seth Klarman

É importante que o investidor perceba que os principais nomes do


mercado financeiro mundial compartilham essa estratégia de
investimento.

Mesmo que as vezes não se refiram ao Value Investing diretamente,


mas sempre estão se beneficiando de algum jeito das táticas que essa
modalidade oferece. Estão sempre procurando se associar a bons
projetos e tentando pagar pelas ações um valor que ofereça uma boa
margem de segurança e que esteja abaixo do valor intrínseco da
companhia.

Por isso é importante que investidor esteja sempre se atualizando e


buscando aprender algo novo sobre esse assunto.

Publicamos a pouco tempo atrás uma série de livros em


português que sem dúvida alguma podem em muito contribuir para o
aprendizado dessa teoria.
Além disso, esse outro artigo apresenta outras excelentes opções
de leitura, inclusive algumas delas em inglês, onde o investidor pode
aprender e se inspirar um pouco mais esse tipo de investimento.
Dentre os citados nos artigos acima, podemos destacar alguns de maior
relevância, como “Os ensaios de Warren Buffett” ), pois é um livro
que não tem interpretações, sua escrita faz apenas compilações diretas
das cartas de Buffett, sem margens para fugir do conteúdo original, e
“A bola de neve: Warren Buffett e o negócio da vida” que trata
da vida de Buffett e sua biografia, revelando o “lado humano” o Oráculo
de Omaha, além de “Investindo em ações no longo prazo” do
autor Jeremy Siegel, que explora dados e fatos que comprovam a
eficácia do investimento em ações no longo prazo.
O conhecimento nunca é demais e por isso sempre estimulamos as
pessoas a aprenderem algo novo constantemente.

De tão importante que é o Value Investing para o mercado de capitais,


algumas variações da sua utilidade foram feitas ao longo dos anos,
como por exemplo: Deep Value Investing e High Quality, entre outras.

Podemos comentar brevemente sobre as principais, mas vale a pena o


estudo de cada uma delas individualmente para melhor coDeep Value
Investing

Em poucas palavras, em vez de buscar o crescimento no longo prazo e


os futuros retornos das ações, os Deep Value Investors buscam ações
subvalorizadas com uma grande margem de segurança entre valor e
preço. Assim, em vez de prever o quão bem uma empresa pode ou não
performar nos próximos anos, esses investidores estão mais
preocupados em proteger o seu capital e obter um bom preço nos
investimentos que fazem hoje, e as valorizações posteriores que por
ventura vierem a acontecer, ocorrerão por conta própria.

High Quality Investing

High Quality é uma estratégia de investimento que se baseia em um


conjunto de critérios fundamentais claramente definidos e que busca
identificar empresas com boas a excelentes características qualitativas
para o médio e longo prazo, mas que se encontram abaixo do seu real
valor. A avaliação qualitativa é feita com base em critérios como por
exemplo credibilidade da gestão e estabilidade dos balanços
financeiros, assim como potencial de crescimento da companhia e do
seu mercado. Também é uma estratégia que se baseia no valor das
empresas.
Este é um assunto bastante amplo e que nos deixa muito motivados a
comentar, visto que é uma prática a qual fazemos uso assumidamente
e estamos sempre estimulando as pessoas a praticarem.

Acreditamos que quanto mais pessoas aderirem a essa modalidade de


investimento, menos especulativo fica o mercado, fazendo com que
associações com grandes empresas sejam feitas diariamente por
pessoas comuns, estimulando o crescimento sólido e saudável do
mercado de capitais brasileiro, que hoje se encontra em situação tão
debilitada e fragilizada.

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