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Editora Fiel
PEGAÇÃO PUR E SIMPLES
©2005 by Suar Olyot.
íulo do Original: Preach
Original: Preaching
ing Pure and
and Simple
Introdução ................................................................................................9
Parte 1
O que é Pregação?...................................................................................13
Parte 2
O que Torna a Pregação Excelente?
1 Exaidão Exegéica ................................................................29
2 Coneúdo Dourinário .........................................................49
3 Esruura Clara .......................................................................67
4 Ilusrações Vívidas .................................................................83
5 Aplicação Penerane ......................................................... 101
6 Pregação Eficiene .............................................................. 115
7 Auoridade Sobrenaural................................................... 131
Parte 3
Sugesão de um Méodo de Preparação de Sermões .................. 149
Introdução
J ohn esá em seus vine anos de idade e Jack em quase cinqüena, mas se
ornaram bons amigos. Eles não se conheciam, aé se enconrarem em
uma série de seminários mensais sobre pregação, em uma cidade vizinha.
Essas reuniões mensais lhes proporcionaram não somene uma nova amiza-
de, como ambém mudaram as suas vidas para sempre.
Anes de assisir aos seminários, John nunca havia pregado. Ele pen-
sara no assuno por muio empo, mas nunca soubera como começar. Mas,
o que é realmene pregar? Qual a diferença enre um sermão e uma pa-
lesra? Por que algumas pregações são poderosas e caivanes, enquano
ouras são enfadonhas e monóonas? Quais os elemenos essenciais de
um bom sermão? Os seminários responderam as pergunas de John e o
colocaram no rumo cero. Hoje, ele prega com regularidade e seu minisé-
rio realiza uma boa obra espiriual.
A hisória de Jack é muio diferene. Anes de assisir aos seminários, ele
esivera envolvido na pregação por mais de vine anos. Apesar disso, senia
que precisava melhorá-la. Havia lido alguns livros sobre o assuno e buscara
o conselho de algumas pessoas. Por que os seus sermões pareciam não ali-
menar ninguém? Por que as pessoas se desligavam menalmene, quando ele
ainda esava nos minuos iniciais de seu sermão? E, o que é mais imporane,
por que Jack conhecia ão poucas pessoas ransformadas por seus sermões?
Os seminários rouxeram-lhe alívio inenso, colocando udo em ordem ao fa-
zerem-no livrar-se de coisas desnecessárias, preservando as essenciais. Agora,
muias pessoas agradecem ao Senhor pela poderosa pregação de Jack.
Pregação Pura e Simples
Suar Olyot
Movimeno Evangélico do País de Gales
Brynirion, Bridgend
Novembro de 2004
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Parte 1
O que é Pregação?
O que é Pregação?
(1) kerusso
Nenhuma oura palavra que significa pregar é mais imporane do que
esa. Ela sempre nos ocorre quando falamos sobre pregação. É usada mais
de sessena vezes no Novo esameno. Significa “declarar, como o faz um
arauo”. efere-se à mensagem de um rei. Quando um soberano inha uma
mensagem para seus súdios, ele a enregava aos arauos. Eses a ransmi-
iam às pessoas sem mudá-la ou corrigi-la. Simplesmene ransmiiam a
mensagem que lhes havia sido enregue. Os ouvines sabiam que esavam
recebendo uma proclamação oficial.
O Novo esameno usa ese verbo para enfaizar que o pregador não
deve anunciar sua própria mensagem. Ele fala como pora-voz de Ourem. A
ênfase desa palavra esá na transmissão exaa da mensagem. O pregador não
fala com sua própria auoridade. Ele oi enviado e fala com a auoridade dA-
quele que o enviou. Palavras da família de kerusso são usadas para descrever
a pregação de Jonas (M 12.41), de João Baisa (M 3.1), de nosso Senhor
Jesus Criso (“proclamar” e “apregoar” � Lc 4.18b-19) e de seus apósolos
(“pregador” � 1 m 2.7; 2 m 1.11).
(2) euangelizo
Esa é a palavra da qual obivemos a nossa palavra “evangelizar”. O ver-
bo grego significa “razer boas noícias” ou “anunciar boas-novas”. Em Lucas
2.10, onde lemos que o anjo disse: “Eis aqui vos trago boa-nova...”, ele usou
ese verbo. Mas é imporane observar que kerusso e euangelizo não signi-
ficam algo oalmene diferene. Muias pessoas abraçaram a idéia de que
esses verbos falam sobre duas aividades separadas. Apegaram-se a esa idéia
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O que é Pregação?
sem esudar as Escriuras, para saber o que elas dizem a respeio do assuno.
Assim, desenvolveram ponos de visa errados quano à pregação.
Precisamos considerar com aenção Lucas 4.18-19. Eses versículos
descrevem nosso Senhor falando na sinagoga de Nazaré, a cidade da Gali-
léia na qual Ele fora criado. Nosso Senhor começou a sua mensagem lendo
o profea Isaías. Ele escolheu uma passagem que, cenenas de anos anes,
predissera o seu minisério. Não há dúvida de que sua leiura ocorreu em
língua hebraica, mas Lucas narrou o aconecimeno usando a língua grega.
No versículo 18a, “evangelizar” é uma forma do verbo euangelizo, enquano
nos versículos 18b e 19, “proclamar e anunciar” são formas do verbo kerusso.
Nosso Senhor usou ambos os verbos para descrever seu minisério. Ao fazer
um, Ele fazia ambém o ouro. “Proclamar” é “evangelizar”, que, por sua vez,
é “proclamar”!
“Evangelizar” pode aé ser usado em referência a algo que fazemos aos
crenes! Iso pode ser viso, por exemplo, em omanos 1.15. Depois de
saudar os seus leiores, que eram crenes, no versículo 7, e de apresenar as
informações dos versículos 8-14, Paulo coninuou: “Quano esá em mim,
esou prono a anunciar o evangelho ambém a vós ouros que esais em
oma”. A expressão “anunciar o evangelho” é uma radução do verbo euan-
gelizo. Paulo iria a oma para evangelizar aqueles que já eram converidos!
É empo de pensarmos novamene a respeio de como usamos nossas várias
palavras que expressam a idéia de pregar.
3) martureo
Ese verbo significa “dar esemunho dos faos”. Hoje, porém, quando os
crenes falam sobre testemunhar, o que eles geralmene querem dizer? Com
freqüência, usam esa palavra a fim de descrever aqueles momenos em que
conam aos ouros sua experiência pessoal com o Senhor. Na Bíblia, martu-
reo não é usado dessa maneira, em nenhuma ocasião. Muio freqüenemene,
esse verbo é usado ao dar esemunho no ribunal. Em ouras ocasiões, mar-
tureo é usado com o senido de invocar a Deus (ou mesmo pedras) para
esemunhar algo. Esse verbo se refere compleamene à objeividade, e não
à subjeividade; refere-se a conar às pessoas faos e aconecimenos, e não
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Pregação Pura e Simples
4) didasko
Esa palavra significa “pronunciar em ermos concreos o que a mensa-
gem significa em referência ao viver”. É um erro grave separar kerygma (uma
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O que é Pregação?
1) Compulsão
A primeira é compulsão. Exise algo no ínimo do pregador que o im-
pulsiona à sua obra. Ele possui um consrangimeno inerior que é maior do
que ele mesmo. Em seu coração, há um fogo que se recusa a exinguir-se. Ele
não pode deixar de pregar. Ele tem de pregar. E clama: “Ai de mim, se não
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2) Clareza
A segunda caracerísica-chave é clareza. E em de ser! Os arauos sem-
pre falam na linguagem das pessoas que os ouvem. A boa-nova apresenada
com palavras e frases difíceis não é boa-nova. Se os faos são mosrados sem
clareza parecerão ficção. E como alguma coisa pode ser incuida na consci-
ência, se não pode ser enendida?
Os verdadeiros pregadores são pregadores de linguagem clara. Decla-
ram a palavra do ei; por isso, não araem a aenção para si mesmos. Não
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O que é Pregação?
3) Cristocêntrica
A erceira caracerísica-chave é a cenralidade de Criso. E em de ser.
Iso é verdade, porque os pregadores são arauos da Escriura. E oda a Es-
criura fala sobre a pessoa de Criso. Implícia ou expliciamene, direa ou
indireamene, cada pare da Bíblia nos revela Criso. Em oda a Escriura,
não há qualquer passagem que seja uma exceção.
O Espírio de Criso moveu odos os auores do Anigo esameno
a escreverem os seus livros (1 Pe 1.10-12). O próprio Senhor Jesus escla-
receu o Anigo esameno para os seus discípulos e lhes explicou que Ele
esava conido em cada pare das Escriuras (Lc 24.25-27, 44-48). Jesus é
o grande assuno dos quaro evangelhos, de Aos dos Apósolos, de odas
as epísolas e do Apocalipse. Enão, o que diremos a respeio de um prega-
dor que abre a sua Bíblia e não prega a Criso com base na passagem que
em diane de si? Esse pregador não enendeu o Livro; e, se não o enen-
deu, não deveria esar pregando!
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Pregação Pura e Simples
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O que é Pregação?
Não devemos permiir que nada lhe obsrua o seu objeivo. A maneira como
um pregador fala e se movimena pode ser uma ajuda ou um obsáculo. Pre-
gar exige uma pregação eficiente.
Por causa do fogo inerior que se recusa a apagar-se, o pregador se en-
volverá emocionalmene com os seus ouvines. O pregador falará a palavra
do ei em nome dEle, mas não desejará fazer isso sem experimenar a pre-
sença e a bênção do ei. Na verdadeira pregação, há uma dimensão que não
ousamos desprezar. Pregar requer autoridade sobrenatural.
Eses são os elemenos que consiuem a verdadeira pregação. Não bas-
a er a maioria deles; precisamos de odos eles. ambém precisamos de um
méodo de preparar sermões que, enquano possível, nos proporcione eses
elemenos. Por isso, nosso livro ermina com uma sugesão de um méodo
de preparação de sermões.
Noas:
1 Minha aenção foi araída, pela primeira vez, a esas quaro palavras pela leiura do clássi-
co Preaching and Biblical Teology (Pregação e eologia Bíblica), escrio por Edmund P.
Clowney (London, Te yndale Press, 1962), p. 54-59.
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Parte 2
O que Torna a
Pregação Excelente?
1
Exatidão Exegética
Não devemos pensar que odos os pregadores que gasam muias ho-
Pregação Pura e Simples
ras esudando a Bíblia são bons exegeas. Oração, empo e esforço precisam
ser unidos a princípios correos de inerpreação. Muias pessoas sinceras
enendem a Bíblia de modo oalmene errado. Eles se manifesam e levam
seus ouvines ao erro. Iso não pode aconecer. 1
1) Superstição
Por exemplo, algumas pessoas esudam a Bíblia de maneira supersti-
ciosa. Em vez de focalizarem o senido claro das palavras e senenças das
Escriuras, esão sempre procurando significados oculos. O que esá escrio
com clareza na Bíblia não comove ais pessoas; porém, se enconrarem algo
que as pessoas comuns não podem ver, ficam foremene impressionadas!
Para elas, ese é o significado “espiriual” das Escriuras, e o consideram mais
imporane do que o seu significado evidene.
Enre os que esudam as Escriuras desa maneira, enconram-se aque-
les que ribuam grande aenção ao valor numérico das leras do hebraico.
Quase odo o Anigo esameno foi escrio em hebraico. Cada lera do alfa-
beo hebraico serve não apenas como lera, mas ambém como número. Se
você quiser, pode somar os números represenados pelas leras de uma pala-
vra, dando a esa um valor numérico. Pode fazer o mesmo com as senenças.
Pode aé enconrar ouras leras e senenças com o mesmo valor numérico.
Com odos esses números ane os seus olhos e um pouco de imaginação,
pode chegar a odo ipo de conclusão. Considere o que você poderá dizer às
pessoas depois de um esudo de odas as palavras e senenças que êm valor
numérico igual a 666!
Ouras pessoas não chegam a esse pono, mas são conroladas por essa
menalidade. Se não se mosram ineressadas em leras hebraicas, podem
ser fascinadas pelo significados dos nomes dos lugares na Bíblia, sobre os
quais fundamenam grande pare de seu ensino. Para eses, o imporane
é o significado que as pessoas comuns não podem ver. “Afinal de conas”,
eles argumenam, “1 Corínios 2.14 não ensina que as coisas espiriuais são
discernidas espiriualmene?”
O fao de que eles usam ese versículo nos mosra como eles são
péssimos exegeas! No versículo, Paulo esava falando sobre pessoas não-
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Exatidão Exegética
2) Alegoria
Algumas pessoas esudam a Bíblia alegoricamente. A maneira de pensar
deles possui ceras semelhanças com o que acabamos de descrever, mas não
é idênica. Elas esão verdadeiramene ineressadas no senido gramaical da
Palavra de Deus, mas crêem que, em adição a ese senido, algo mais precisa
ser descobero.
Pessoas êm esudado a Bíblia de maneira alegórica desde os primeiros
séculos da igreja crisã. Para enendermos como elas analisam as Escriu-
ras, devemos alvez pensar no famoso livro O Peregrino, de John Bunyan.
Nese livro, enconramos diversos personagens que passam por avenuras
exraordinárias. Os personagens e as avenuras são imporanes, porque sem
eles o livro não exisiria. Mas o que realmene impora não são os dealhes
da hisória, e sim o que John Bunyan esá ransmiindo, enquano cona a
hisória. Ele em verdades a ensinar e lições que precisamos aprender. Esas
são as coisas imporanes, e não os personagens e as avenuras usadas para
ransmii-las.
Os que esudam a Bíblia de maneira alegórica lêem-na de modo se-
melhane. O significado claro das palavras e senenças é imporane, mas
não é ão imporane quano as verdades e lições que esão por rás desse
significado. A Bíblia esá replea de significados, e o significado evidene esá
enre os menos valiosos.
Esse ipo de inerpreação leva a fanasias ilimiadas e às mais grossei-
ras inerpreações. O Anigo esameno, em paricular, significa aquilo que
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Exatidão Exegética
3) Dogma
Exise ouro grupo de pessoas que esuda a Bíblia dogmaticamente. Não
há nada errado com o vocábulo dogma, desde que enendamos o que ele
significa. Esa não é uma palavra que goso de usar com freqüência, por-
que é aniquada e, no que diz respeio a muias pessoas, ransmie idéias
indesejáveis. “Dogma” é uma palavra aniga que significa dourina. “eolo-
gia dogmáica” é oura maneira de descrever “eologia sisemáica”. Mas, o
que é isso realmene? É uma afirmação do sisema de dourina ensinado na
Bíblia, sem o emprego de qualquer oura informação, além daquela que a
própria Bíblia nos fornece.
Os pregadores mais poderosos são sempre aqueles que são fores em
eologia dogmáica. Aceiam um sisema de dourina que governa odo o
seu viver. Esse sisema de dourina deermina a crença e conrola o com-
porameno deles. Expressa-se nas orações e se manifesa claramene na
pregação deles. São homens de convicções; por isso, esão em perigo.
À medida que esudam qualquer pare da Bíblia, enconram facilidade
em inerpreá-la à luz de seu sisema, em vez de lembrarem que a própria Bí-
blia é a fone do sisema eológico deles. O fao é que algumas passagens das
Escriuras são muios difíceis de serem enendidas. Somos enados a fazer
com que elas se encaixem em nosso sisema eológico, em vez de gasarmos
empo e esforço necessários para fazermos uma exegese rigorosa. Muios
pregadores que são fores em eologia dogmáica caem nessa armadilha. Po-
de-se aé dizer que caem com regularidade. Fazem ceros exos e passagens
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4) Razão humana
Gosaria de concluir esa secção dizendo que exisem pessoas que esu-
dam a Bíblia racionalisticamente. Para eses, o grande faor é a razão humana;
eles rejeiam udo que a ofendem. Iso significa que elas não crêem em mi-
lagres ou em qualquer fenômeno sobrenaural. Esas pessoas esão ceras de
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Exatidão Exegética
que a verdade esá na Bíblia, mas não podem crer que oda pare da Bíblia
seja verdadeira. Como poderia ser verdadeira oda a Bíblia? Ela não foi es-
cria por homens imperfeios?
Esse ipo de abordagem em um grande efeio na maneira como a Bí-
blia é inerpreada. Moisés e os israelias não aravessaram o mar Vermelho
da maneira como foi descria no livro de Êxodo, pois quem pode acrediar
que as águas se abriram formando muros em ambos os lados dos israelias?
Podemos realmene crer que Isaías predisse o surgimeno de Ciro, citando-o
por nome, muio anes de ele nascer? A alimenação de cinco mil pessoas em
de ser explicada de alguma oura maneira, bem como a ressurreição física de
nosso Senhor Jesus Criso.
A “desmisificação” da Bíblia, e dos evangelhos em paricular, em sido
uma das maneiras pelas quais a confiança na razão humana em se manifes-
ado em anos recenes. A idéia é que, ao escreverem os quaro evangelhos, os
seus auores, do século I, podiam pensar apenas como pensavam as pessoas
daquele século. Para enendermos o que disseram, não devemos seguir a
maneira que eles inham para ver as coisas, e sim considerar as verdades
subjacenes usando uma perspeciva do século presene. Por exemplo, não
emos de crer que Jesus ressusciou fisicamene denre os moros. Basa
crer que, por meio da experiência de Jesus, homens e mulheres podem er
vida verdadeira. A hisória da ascensão de Jesus não deve ser enendida li-
eralmene. O que aconeceu foi que os escriores dos evangelhos esavam
ressalando a oura naureza de Jesus.
O que devemos dizer a respeio disso? ejeiamos essa abordagem, e a
rejeiamos por compleo. A Bíblia, embora escria por homens imperfeios, é
a Palavra de Deus. Ele a inspirou e garaniu que seus auores humanos escre-
vessem com exaidão, sem massacrar, de alguma maneira, a personalidade e
os diferenes esilos deles. Se reirarmos da Bíblia o sobrenaural, ela não em
mensagem. emos de enender o Anigo esameno como nosso Senhor o
enendeu. emos de crer no Novo esameno, sujeiando-nos a ele como as
Escriuras que nosso Senhor ordenou a seus apósolos que escrevessem.
Se reirarmos da Bíblia udo que causa dificuldade à razão humana, se-
remos culpados de disorção exegéica. erminaremos pregando nada mais
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serão resaurados aos judeus, como uma família real, e que, naquele empo,
a erra de Israel erá influência e prosperidade renovadas. À primeira visa,
iso é o que as palavras parecem significar. Mas não podemos descansar na
primeira impressão. E não podemos inerprear uma passagem sem fazer-
mos a sexa perguna. Aos 15.15-17 nos fornece luz admirável sobre o que
Amós disse. Aos nos mosra que a predição de Amós se cumpre na conver-
são dos genios e de sua inclusão como pare da igreja de Criso. Ao fazer
isso, Aos ambém nos dá um princípio pelo qual podemos descobrir o sig-
nificado de muias profecias similares enconradas no Anigo esameno.
Não pode haver exaidão exegéica onde não há inerpreação da Escriura
à luz da Escriura.
Quem ousaria pregar sobre Melquisedeque, em Gênesis 14.18-24 sem
referir-se a Hebreus 5.5-11 e 7.1-28? Quem conaria a hisória do maná, em
Êxodo 16, sem esudar, igualmene, oda a hisória de João 6? Quem ousaria
explicar por que a ribo de Dã esá ausene da lisa de Apocalipse 7.4-8, sem
deerminar à hisória dessa ribo em odo o Anigo esameno? E quem
seria ão ousado que falaria sobre qualquer afirmação dourinária das Escri-
uras, sem er em mene odas as passagens que raam do mesmo assuno?
É vial compararmos Escriura com Escriura. Se não o fizermos, afundare-
mos na areia movediça da confusão, do desequilíbrio e do erro.
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dia” (Jo 8.56); “Moisés... escreveu a meu respeio” (Jo 5.46); “Davi... lhe
[me] chama Senhor” (M 22.45). odo auor bíblico escreveu a respeio
do Senhor Jesus. Porano, aqueles que pregam esses auores devem pregar
o Senhor Jesus Criso. Se Criso não é o coneúdo e o âmago da pregação
deles, são culpados de inexaidão exegéica.
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2) Podemos ler
Nenhuma geração de pregadores jamais eve acesso a anos livros
como o emos hoje! Podemos aprimorar nosso conhecimeno, e aprimorá-lo
subsancialmene, em cada área onde somos deficienes. Nenhum pregador
em desculpa para a ignorância quano à vida e aos empos de qualquer per-
sonagem bíblico, ao desdobrameno da hisória bíblica, à eologia bíblica, à
eologia sisemáica ou a qualquer ramo de conhecimeno que seja úil ao
arauo de Deus.
Por meio de livros, podemos nos assenar aos pés dos grandes en-
sinadores que o Criso ressusciado êm enviado à sua igreja, quer vivos,
quer moros. Além disso, nós que vivemos no Ocidene emos acesso aos
amplos recursos disponíveis por meio de gravações, programas de com-
puador e websites . Nosso Senhor disse: “Àquele a quem muio foi dado,
muio lhe será exigido; e àquele a quem muio se confia, muio mais lhe
pedirão” (Lc 12.48).
Dizem que não há diferença real enre a pessoa que não sabe ler e a
que não quer ler. Vivemos em um mundo repleo de aividades. Muios de
nós vivemos sob pressão. Muios pregadores êm anos compromissos, que
não podem imaginar a si mesmos envolvidos em mais um compromisso.
Mas quase odos nós, com um pouco de reflexão e reorganização das prio-
ridades, podemos enconrar mais empo para ler � podemos realmene!
É empo de conrolarmos a nós mesmos. Nossa uilidade depende disso. A
causa do evangelho exige essa aiude.
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Exercício
Noas:
1 Uma pare desa secção esá baseada em uma palesra do Dr. Ernes F. Kevan, que ouvi
quando era esudane de eologia. Exraos desa palesra já foram publicados com o íu-
lo de Te Principles o Interpretation (Os Princípios de Inerpreação), na obra Revelation
and the Bible (A evelação e a Bíblia), ediada por Carl F. Henry (London, Te yndale
Press, 1959, p. 283-298).
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Conteúdo Doutrinário
mais direamene
di reamene ao assuno da pregação. Esa é a minha firme convicção: se
no final de meu sermão os ouvines enendem a passagem pregada, mas não
êm um enendimeno melhor do sistema de verdades ensinado na Bíblia,
minha pregação é um fracasso.
Vou
Vou mais além. Se aqueles que me ouvem com regularidade não po-
dem ver que a Bíblia ensina um sisema de dourina e não podem começar a
assimilar qual é esse sisema, enho de duvidar, com seriedade, se o Cabeça
da igreja me enviou realmene para pregar a “forma de dourina” (m 6.17)
e o “padrão das sãs palavras”
palavras ” (2 m
m 1.13) a respeio dos quais nos
n os fala a Pala-
vra de Deus. Sim, prega
pregadores
dores cujos sermões não êm coneúdo
coneúdo dourinário
devem abandonar a pregação. O Senhor não os enviou.
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Pregação Pura e Simples
rimena admiração desconcerane. Ele crê no que Deus em dio a respeio
de Si mesmo e se prosra diane do misério. Esa é, ambém, uma dimensão
que fala à pessoa fraca em dourina.
Deus em um propósio eerno que não depende de nada, exceo do
que Ele mesmo decidiu. Uma vez que Ele é Deus, Ele ordena odos os acon-
ecimenos
ecimen os em odos os lugares, de al modo que seu propósio se cumpre e
seu nome é glorificado
glorificado.. ão-somene
ão-somene por meio de sua palavra, Ele criou do
nada odo o universo, para que seja o palco desses aconecimenos; e Deus
conrola pessoalmene udo e odos nesse palco. Porano, aqueles que são
insruídos dourinariamene esudam a hisória, lêem jornais e recebem o-
das as alegrias e emoções da vida,
vida , de um modo compleamene
compleamene diferene de
como as recebe a pessoa que é dourinariamene ignorane. Olham para o
céu e dão graças por odas as coisas.
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Deus Filho é o seu Salvador, e Deus Espírio Sano é o seu Salvador. Eles
não podem pensar de oura maneira, e isso os disingue daqueles que nunca
ouviram a pregação que em coneúdo dourinário.
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do que isso. Em seu coração, elas êm um senso de cero e errado. Sabem que
a Lei de Deus é correa e, apesar disso, desobedecem-lhe em pensamenos,
palavras e ações. Fazem isso odos os dias. Assim, enfurecem odos os dias o
Deus que as criou e a quem erão de presar conas. A vida é breve, a more é
cera, e o julgameno do úlimo dia chamará essas pessoas ao acero de con-
as. Se coninuarem a se rebelar conra Deus; se coninuarem recusando-se
a amar a Deus com odo o seu ser, erão de sofrer as conseqüências. Ele é in-
finio e eerno. Esse é o Ser que elas em ofendido. Porano, a jusiça exigirá
uma punição que ambém é infinia e eerna.
Os crenes que são insruídos com dourina esão ceros de udo isso.
Esão ceros de que esa mensagem em de ser apresenada com amor e
ineresse, por meio das pessoas que vivem de modo semelhane à vida de
Jesus e que al mensagem não pode ser minimizada. Esão ceros ambém
de que êm de falar ao não-converido a respeio do Senhor Jesus. Deus não
quer que os pecadores se percam. Os pecadores não podem fazer compen-
sação pelo passado, nem salvar a si mesmos. Deus enviou um Salvador que,
por meio de sua vida, more e ressurreição, salva os pecadores. O crene
insruído dourinariamene convida, exora e ordena aos não-converidos
a não desprezarem ese Salvador, e sim a enregarem-se aos cuidados dEle, a
confiarem-se a Ele e a viverem sob o seu cuidado e governo.
As pessoas não-converidas êm de se arrepender. Precisam ver o seu
pecado, admii-lo, envergonhar-se por causa dele e abandoná-lo. êm de
ser graas pela bondade e misericórdia de Deus e vir a Criso, dispondo sua
mene a amá-Lo e segui-Lo. Precisam enender que seguir significa viver
pela Palavra dEle, associando-se aberamene com o povo dEle, em uma
igreja que ama o evangelho, e andando com Ele, em oração.
O crene insruído dourinariamene não procura ornar o evangelho
uma mensagem “amigável”, embora a amizade sincera seja pare da vida des-
se crene. Ele fala a respeio do pecado, da culpa, da ira de Deus e do inferno.
Fala a respeio da bondade de Deus, de seu Filho e de sua disposição de
salvar. Esse crene não ocula o fao de que ninguém é salvo sem arrepender-
se. Ele roga às pessoas que venham a Criso. Mosra que vir a Criso não é
algo que ocorre apenas de palavra, mas envolve obediência às Escriuras,
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Pregação Pura e Simples
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Conteúdo Doutrinário
ama o canar os salmos, bem como qualquer hino excelene, quer radicio-
nal, quer moderno. Mas os faos são faos, e não podemos negá-los. É fao
que a igreja do Novo esameno não era paricularmene musical e que o
canar junos não ocupava grande pare de sua vida. É fao que a igreja de
Jesus Criso gasou os primeiros seiscenos anos de sua vida sem insrumen-
os musicais. É fao que os apósolos de nosso Senhor e os crenes da igreja
primiiva ficariam confusos pelo lugar dado à música, se paricipassem de
um culo em nossos dias.
Os crenes insruídos dourinariamene podem ser verdadeiros aman-
es da música, mas são cuidadosos em não dar à música um lugar imporane
em sua vida espiriual. Isso aconece porque eles sabem como se realiza o
crescimeno espiriual. Não é algo que você embebe ou absorve. Não é algo
que lhe aconece porque você esá numa amosfera espiriual. Pode ser ex-
presso correamene em senimenos, mas você não o consegue por meio
de senimenos. Você cresce espiriualmene porque o Espírio Sano faz as
Escriuras erem impaco sobre a sua mente.
As Escriuras são a Palavra de Deus. Iso é verdade quer você lhes ese-
ja dando aenção, quer não. Às vezes, quando as Escriuras são lidas, nossa
mene esá disane. Nesses momenos, as Escriuras não êm qualquer efei-
o sobre nós, e não há crescimeno espiriual. Mas, em ouras ocasiões, as
Escriuras nos aingem. ecebemos algum enendimeno do que elas esão
dizendo, e, ao mesmo empo, as Escriuras nos esimulam e nos compelem.
Iso não é udo. ambém percebemos que emos de colocá-las em práica. É
neste momento que somos foralecidos espiriualmene.
É a vonade do Senhor que as Escriuras sejam lidas publicamene,
quando o seu povo se congrega. Iso é ainda mais imporane do que a lei-
ura bíblica pessoal. Como posso dizer isso? Por que Deus não deu a sua
Palavra a indivíduos, e sim à sua igreja; e a Bíblia é mais abençoada e mais
bem enendida quando à sua vola se reúne o povo de Deus.
No enano, a leiura pública das Escriuras não é o basane. Nosso
Senhor Jesus Criso, assenado à desra de Deus, envia à igreja homens que
Ele capaciou para ensinar as Escriuras ao seu povo. Assim como a pregação
é o principal meio pelo qual os pecadores são convencidos da verdade do
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Pregação Pura e Simples
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Conteúdo Doutrinário
local, que damos prova de que somos realmene nova criaura em Criso
e membros da verdadeira igreja, que inclui odos os crenes, em odos os
lugares, em odas as gerações.
Um dos compromissos mais sublimes e regulares na vida da igreja lo-
cal é a Ceia do Senhor. É a vonade de Criso que nossa vida espiriual seja
foralecida não somene por sua Palavra e pela oração, mas ambém pelas
suas ordenanças ou sacramenos. Algumas pessoas não gosam da palavra
“sacrameno” mas, uma palavra melhor nunca foi enconrada. O baismo é o
primeiro dos sacramenos ou ordenanças, e a Ceia do Senhor é o segundo.
Nenhum desses aos pode nos ornar melhor, se Criso não os abençoar e
seu Espírio não agir por meio deles. Esas ordenanças são figuras vívidas
que nos ensinam a respeio de Criso e de seu evangelho, que nos dão uma
apreciação mais complea do que Ele fez por nós, que nos foralecem a fé
nEle e o desfruar dEle.
Quando nos ornamos crenes, somos baizados um de cada vez e
uma única vez. O baismo é nosso selo de discipulado. É feio em nome do
Pai, do Filho e do Espírio Sano, para demonsrar que agora emos o Deus
riúno como nosso Salvador e Senhor e que devemos nossa salvação com-
pleamene à sua graça, e não a qualquer coisa em nós mesmos. A Ceia do
Senhor é diferene. É algo que celebramos junos como membros da igreja e
que fazemos com regularidade durane oda a nossa vida. Da maneira como
Criso ordenou, odos junos comemos o pão e bebemos o vinho. O pão
represena o corpo de Criso e o vinho, o seu sangue. Por comermos e be-
bermos, lembramos e proclamamos a more dEle. Quando fazemos isso (na
medida em que emos consciência do que esamos fazendo), nosso coração
se une com o dEle, somos nuridos e foralecidos espiriualmene. Nosso
coração ambém se une com o de cada crene em comunhão de amor. A
Bíblia nos ensina que o nosso inerior é realmene mais imporane do que
celebrações e símbolos exeriores, porque, se nosso coração não esá naqui-
lo que celebra, oda a experiência será espiriualmene prejudicial.
Qual a relação de udo isso com a pregação? Esamos desenvolvendo o
argumeno de que a pregação precisa er um coneúdo dourinário e de que
a pregação sem esse coneúdo rouba de seus ouvines inconáveis benefí-
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Pregação Pura e Simples
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Conteúdo Doutrinário
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Pregação Pura e Simples
aramene ouvimos algo que segue o padrão bíblico, fazendo que nos en-
volvamos com Deus, deixando-nos emocionados, humildes e enobrecidos.
O que aconeceu? A verdadeira oração nos abandonou para sempre? Algu-
ma coisa pode mudar esa siuação?
A verdadeira pregação bíblica pode mudar a siuação. Não é uma pre-
gação que possui apenas exaidão exegéica; é uma pregação que possui
ambém coneúdo dourinário. Se Deus a abençoar, ela curará odos os ma-
les e risezas, e corrigirá odos os erros que mencionamos nese capíulo. A
pregação que não em coneúdo dourinário esá arruinando a igreja. Não
podemos permiir que as coisas coninuem assim. emos de mudá-las e o
faremos, com a ajuda de Deus � por meio de um reorno à pregação ousa-
da, sincera, crisocênrica e de coneúdo dourinário.
Exercício
Noas
1 M��L���, Donald. Preaching and Sysemaic Teology. In: L����, Samuel . (Ed.)
Preaching. Welwyn: Evangelical Press, 1986. Capíulo 19, p. 246.
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Estrutura Clara
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Estrutura Clara
1) A introdução
Definição
A inrodução é composa
composa de observações iniciais que preparam os ou-
vines para udo que será
será dio em seguida. Ese capíulo
capíulo começou com
com uma
inrodução! A inrodução é a pora que o recebe em casa, a aurora que pre-
cede o nascer do sol, o prelúdio que o faz desejar ouvir oda a sinfonia, e o
peisco que lhe
l he esimula o apeie anes de sua refeição.
Propósito
A inrodução em
em apenas um propósio:
propósio: deixar as pessoas
p essoas ineressadas
ineressadas
pelo assuno sobre o qual o pregador falará. Quando nos levanamos para
pregar, emos odos os ipos de pessoas diane de nós e odos os ipos de
obsáculos a vencermos. Um obsáculo é a a patia patia:: o ouvine não esá ine-
ressado em qualquer coisa que será dia. Ouro obsáculo é a antipatia: o
ouvine esá realmene conra
conra nós e conra aquilo que falaremos. Ouro obs-
áculo é a incredulidade: o ouvine não crê no Livro sobre o qual pregaremos.
De uma maneira ou de oura, emos de preparar cada pessoa ali presene
para ouvir o que emos a dizer. Precisamos vencer a inércia, desperar a aen-
ção, esimular o ineresse e preparar o caminho. emos
emos de irar
i rar as pessoas de
onde elas esão e razê-las ao pono em que nos darão ouvidos aenos.
“Qual é a melhor maneira de ober a aenção dos ouvines?”, per-
gunou um jovem pregador. “Dê-lhes algo ao qual possam ficar aenos”,
respondeu um velho crene
crene..
Uma hisória aniga nos fala sobre um camponês russo que inha um
jumeno eimoso.
eimoso. Obedecia o seu dono somene quando queria! E isso era
muio raro!
raro! Mas o camponês ouviu falar
f alar sobre um veerinário que afirmav
afirmavaa
er um méodo indolor para reinar jumenos a serem obedienes. Por isso, o
camponês suplicou ao veerinário que viesse ao seu síio. Ao ver o jumeno,
o veerinário irou de sua malea um grande basão de madeira e começou a
espancar a cabeça do jumeno. “Pare! Pare!”, griou o camponês. “Você me
disse que seu méodo de reinameno era sem dores!” O douor respondeu:
“É mesmo! Mas, primeiro, enho de ganhar a aenção do jumeno!”
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Pregação Pura e Simples
É fácil pregar a ouvines que nos dão oda a sua aenção e se mosram
ineressados no que vamos dizer. Um anigo provérbio diz: “Quando come-
çamos bem um rabalho, já fizemos a meade dele”.
Sugestões
A inrodução
inrodução deve nos
nos levar direamen
direamene e ao
ao discurso.
discurso. Não
Não é um desvio,
desvio,
e sim a própria rodovia que nos conduz ao assuno de nossa pregação. udo
que dissermos na inrodução deve servir
serv ir a ese único propósio.
propósio.
A inrodução não deve promeer mais do que o sermão pode dar-nos.
Algumas inroduções
inroduções são ão boas, que o sermão apresenado
apresenado em seguida é
um aniclímax. Se a pora é impressionane, esperamos que a casa, depois
da pora, seja muio mais impressionane. Sempre é um desaponameno
aravessar uma linda pora e enrar num barracão horrível!
A inrodução deve cone
conerr um único pensamen
pensameno o.. Deve ser simples e
modesa. Quem deseja passar de uma pora a oura, que, por sua vez, leva a
oura pora?
É imporane variar nossa inrodução. Passei grande pare de minha
vida em uma casa com
com varanda,
varanda, no cenro de uma
uma cidade.
cidade. Em
Em uma
uma rua de ca-
ca-
sas com varanda, várias casas se unem umas às ouras. Parecem
Parecem odas iguais.
Mas, ainda nesa siuação, alguma variedade é possível. Pelo menos, cada
casa pode er uma cor diferene em sua enrada!
A inrodução
inrodução não deve ser muio
muio longa.
longa. O SrSr. Smih, um homem
homem de ne-
gócios, chega cedo para uma reunião imporane. Sena-se em uma cadeira
no corredor e adormece. Pouco depois, a secreária bae em seu braço e o
conduz à sala de reunião,
reunião, onde o deixa com seus colegas, para prosseguirem
seus negócios. O nome da secreária é Sra. Inrodução.
A inrodução leva
leva as pessoas aos principais negócios do dia, mas não é
o principal negócio
negócio.. Seu alvo é desperar as pessoas e prepará-las para o que
vem depois. Com cereza, o seu alvo não é desperar as pessoas e levá-las
a dormir novamene. Ela precisa ser apresenada com cuidado para eviar
confusão ou mal-enendido, anes que as pessoas ouçam as grandes verda-
des que serão explanadas.
Uma inrodução longa é sempre um erro. Uma inrodução breve ra-
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Estrutura Clara
Fontes
Quando procuro melhorar a minha inrodução, onde posso enconrar al-
gumas idéias? Livros sobre pregação geralmene êm muio a dizer sobre ese
assuno. Minha própria convicção é que odos precisamos conhecer nossos
ouvines ão bem quano pudermos e usar discernimeno e originalidade na
maneira como os caivamos. De maneira ão rápida e araiva quano possível,
queremos que fiquem enusiasmados com nosso assuno, sempre lembrando
que a verdade apresenada em seguida é infiniamene mais gloriosa do que
a inrodução que a precedeu. Não enho uma fórmula mágica. Boas inrodu-
ções resulam de mediação, amor e oração por nossos ouvines. Se ivermos
esses rês elemenos, raramene seremos malsucedidos.
2) O discurso
Definição
A inrodução é seguida por aquilo que em sido radicionalmene
radicionalmene cha-
mado de “o discurso”. Mas o que é isso? É a verdade a ser ensinada a estas
pessoas logo após a inrodução. É consiuída do maerial que o pregador se
dispõe a comunicar naquele deerminado sermão.
Um plano básico
Para levar eficazmene as pessoas a se convencerem desa verdade,
preciso er um plano. Afinal de conas, esarei ensinando a verdade ao
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Pregação Pura e Simples
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Estrutura Clara
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Pregação Pura e Simples
Acumulação
Um objeo em queda se orna cada vez mais rápido, à medida que cai.
Por causa de sua energia acumulada, aé uma bola de golfe poderia maar
alguém, se fosse airada de um lugar elevadíssimo. Um sermão deveria ad-
quirir força, à medida que é pregado; e a força adquirida deveria ser expressa
nos subíulos. odos deveriam saber com clareza que o argumeno esá se
movendo para frene e ganhando força. Uma divisão deve levar naural-
mene à seguine, de modo que deixe claro que o fluxo de pensameno esá
canalizado e não desorienado. Cada divisão deve ornar os ouvines mais e
mais ineressados no clímax que esá por vir.
Abrangência
Anes de começar a falar, o pregador deve ser oalmene claro a respei-
o de quana verdade ele enciona comunicar. Em circunsâncias normais,
ele deve se prender a isso e não acrescenar nada mais, exceo a explicação,
as ilusrações ou as aplicações. Seus subíulos devem prover um resumo
conciso da verdade que ele esá abordando. Devem exrair da laranja odo o
suco que ele quer dar, nem uma goa a mais.
Naturalidade
Os subíulos devem ser naurais e não arificiais. Em sua preparação,
o pregador em sempre de pergunar como o seu versículo, ou passagem,
ou assuno, se divide nauralmene. Nada que não eseja no esboço deve ser
imposo. Os subíulos são alavancas que removem esouros do solo, não
são veículos que os ransporam para algum lugar.
Poucas divisões
Um sermão não deve er muias divisões. Quando eu era menino, ain-
da era permiido por lei reirar os ovos do ninho de ceros pássaros. Achar
ninhos de pássaros era uma diversão favoria de muias crianças e, em nossa
família, fazíamos uma boa colea. Se rouxéssemos um ovo para casa, nos-
sos pais queriam saber quanos haviam no ninho. Se houvessem mais de
quaro, nossos pais ficariam conenes. Como muias ouras pessoas, eles
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Estrutura Clara
Proporção
Como regra geral, cada divisão em um sermão deve er o mesmo a-
manho. ecenemene, ouvi um jovem pregador cuja mensagem inha rês
ponos bem claros. Ele gasou vine e rês minuos no primeiro pono; see
minuos, no segundo e apenas rês, no úlimo! A impressão deixada foi a de
que ele gasou muio empo em sua primeira divisão e nos desaponou nas
ouras duas. Senimos que o sermão não inha equilíbrio e que havíamos
sido, miseriosamene, iludidos. Nenhum pregador deve causar esse ipo de
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Pregação Pura e Simples
Persuasão
Se pensarmos cuidadosamene em nossos subíulos, podemos es-
crevê-los de modo que sejam mais persuasivos. Em Maeus 6.1-18, nosso
Senhor ensinou seus discípulos a respeio de obras de caridade, oração e
jejum. Em cada ensino, Ele lhes disse primeiro o que não fazer; depois, o que
deviam fazer. Ese é um bom exemplo a ser seguido. O negaivo deve prece-
der o posiivo. Da mesma maneira, o absrao deve aneceder o concreo; o
falso vir anes do verdadeiro; afirmações, anes de apelos e exorações. Por
que roubar da mensagem a sua força, quando, por meio de uma pequena
consideração e reorganização, podemos orná-la mais convincene?
Atratividade
De modo semelhane, após mediar em odos os iens, podemos ornar
nossos subíulos mais araenes. Afinal de conas, não anelamos que nossos
sermões sejam ineressanes, fáceis de seguir e mais fáceis de serem lembra-
dos? Faremos progresso imediao apenas simplificando as palavras � “rês
raos cegos” faz mais senido às pessoas do que “um rio de roedores visual-
mene incapazes”! Um subíulo colocado em palavras simples sempre em
mais poder do que um subíulo colocado em frase exensa � por exemplo:
“Uau!” é mais fácil de ser memorizado do que “Esou surpreso!” E por que
os subíulos êm de ser expressos em afirmações? Deerminados subíu-
los não seriam mais caivanes se fossem expressos na forma de pergunas?
Com oração e cuidado, odos nós podemos apresenar nossas divisões de
maneira mais araene.
3) A conclusão
odas as coisas boas chegam ao fim. E isso aconece com sermões, quer
bons, quer ruins. Mas, qual é a melhor maneira de encerrá-los? O que cons-
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Estrutura Clara
Definição
A conclusão é formada por observações que encerram o sermão. O
seu alvo é concluir a mensagem de um modo que seja digno das verdades
que foram pregadas. ambém procura assegurar que nada imporane
seja perdido e que o ensino seja enfaizado na mene e consciência das
pessoas presenes.
Há alguns anos, minha esposa e eu ficamos surpresos ao enconrar uma
pequena fábrica de chocolae escondida em uma vila ao nore do País de
Gales. O proprieário era um chocolaeiro suíço que fazia à mão cada choco-
lae. Evidenemene, iso significa que seu produo era exremamene caro.
Porque ele fora ão amável conosco e porque havíamos enconrado aquela
fábrica ão ineressane em nossa viagem, decidimos comprar seis caixas de
chocolae. Ele raou cada chocolae com afeição paernal, enquano os co-
locava em uma sacola de cores brilhanes, que, depois, fechou com uma fia
e enregou ao nosso cuidado. Assim como nós, ele se mosrou ansioso de
que nenhum dos chocolaes se perdesse na viagem de vola. O cuidado dele
e aquela sacola foram uma conclusão adequada de nossa visia.
Importância
A conclusão é capaz de aumenar a uilidade do sermão, assim como é
capaz de arruiná-lo. Pode incuir a verdade no ouvine, mas ambém pode
fazê-lo rejeiar a verdade. A conclusão do sermão pode gravar a verdade no
coração de cada ouvine ou corrompê-la de modo que se orne irreconhe-
cível. As úlimas frases de um sermão êm uma imporância que ninguém
pode exagerar.
Que vanagem há em pregar um sermão esimulane, se os seus úlimos
minuos deixam as pessoas enediadas? Que proveio raz um sermão, se
inicialmene despera as pessoas, mas depois as faz dormir? Se o ensino é
ão claro quano pode ser, mas a conclusão é vaga e confusa, que benefício
duradouro ele raz consigo?
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Pregação Pura e Simples
Sugestões
Afie a pona da flecha! Prepare com cuidado a conclusão de seu ser-
mão. Escreva exatamente o que você quer deixar reinindo nos ouvidos de
seu povo, ou memorize-o, ou inclua-o (na ínegra) em suas noas.
Devemos preparar a conclusão anes de prepararmos a versão final de
nossa mensagem. A conclusão deve esar em nossa mene a cada pono da
mensagem. Devemos irar do arsenal a arma que sirva à conclusão. Nunca
devemos perdê-la de visa. A cada pono, devemos er perfeiamene claro a
respeio de onde desejamos que o sermão ermine.
Sou uma pessoa que acredia que os emplos das igrejas deveriam ser
simples e sem ornamenação. Mas imaginemos por um momeno que sou
um arquieo conraado para projear um edifício magnífico com um piná-
culo. Ese pináculo esaria em minha mene desde o começo. Seria algo que
eu desejaria que odos vissem. Apareceria em odos os rascunhos e domina-
ria os meus planos. Mas em que pono da consrução o pináculo seria feio?
De modo semelhane, a conclusão de um sermão é o primeiro na concep-
ção, mas o úlimo na execução.
A conclusão deve ser cura. O discurso acabou e não é correo iniciá-lo
novamene. É hora de erminar! É verdade que a conclusão deve ser longa o
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Estrutura Clara
suficiene para honrar o discurso que a precedeu. Mas emos de lembrar que
seu propósio é concluir!
Nossas conclusões devem ser variadas. Se não forem, nossos ouvines
mais freqüenes saberão o que virá no final, e não haverá qualquer elemeno
de surpresa. Começarão a se mexer e pegar seus hinários, anes que ermine-
mos. Sino-me feliz por haver passado meus anos de esudo sob a influência
do poderoso minisério de Paul ucker, no Eas London abernacle. Os ser-
mões dele não eram muio exensos, mas era impossível imaginar quando
ele erminaria. De repene, ele reunia udo que havia dio e o incuia, com
afeição e auoridade, em nosso coração e vida. Não o percebíamos. Ele nos
maninha fascinados aé ao úlimo momeno. Mas nunca saíamos do emplo
sem ouvir palavras reinines que encapsulavam a mensagem e nos diziam o
que fazer com ela.
Hoje não exisem muios homens que pregam como o Sr. ucker. Pa-
rece que inúmeros pregadores esudam pero de uma cenrifugadora de
roupas. A mensagem esá indo a oda velocidade, mas, de um modo quase
impercepível, começa a perder velocidade. Depois, ao ficar cada vez mais
lena, chega a uma parada leal. A congregação olha com incereza: é o fim
da mensagem, ou ele começará novamene? Esse é o único momeno de
suspense que sino em ais mensagens! Esses érminos enfadonhos não su-
gerem respeio pela verdade que acabou de ser pregada.
Nossas conclusões devem ser direas e pessoais. odo o propósio da
pregação da Palavra de Deus é que as pessoas sejam ransformadas por ela. A
conclusão em de exigir um veredico de todos os ouvines. Cada pessoa pre-
cisa enender que esá diane de uma escolha � em de colocar em práica
o que ouviu ou recusar-se a fazer isso. Não pode permanecer neura. A ver-
dade de Deus exige uma resposa pessoal. Os ouvines êm de desfruar as
verdades, crer nas promessas, enrar no gozo dos privilégios, receber as con-
solações, cumprir os deveres, abandonar o pecado e aceiar com seriedade
as adverências � ou desprezar udo isso. Mas ninguém deve permanecer
como esá. Uma decisão em de ser feia agora mesmo. A conclusão em de
insisir nisso. E parar.
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Pregação Pura e Simples
***
A história de duas salas de estar
Já falamos sobre udo que precisava ser dio a respeio de esruura cla-
ra. Permia-me, agora, erminar com a hisória de duas salas de esar.
No domingo passado, a Sra. McGregor assisiu ao culo. O sermão
foi exegeicamene correo e repleo de sã dourina, mas não lhe rouxe
nenhum benefício. Quando ela volou para casa, ambém não conseguiu
ransmiir ao seu marido incrédulo grande pare do sermão; e seu marido
parecia ineressado em saber o que ela inha ouvido. Qual era o problema?
A fao é que o sermão foi um aglomerado de senenças que inham pouca
ou quase nenhuma esruura, pelo menos aé onde ela recordava. Por isso,
não pôde acompanhá-lo, nem reê-lo, nem comparilhá-lo. Como Deus foi
glorificado nisso?
No domingo passado, John Jones eseve na igreja. O sermão foi exe-
geicamene correo e repleo de sã dourina. Ele mal podia esperar para
chegar em casa. Subiu apressadamene os degraus e conou o sermão à
sua esposa deficiene. John podia lembrar o sermão com ana facilidade,
que o expôs à sua esposa em dealhes, um pono após ouro. De fao, John
quase lhe pregou o sermão. Ela, por sua vez, ficou emocionada, seniu-
se comovida e foralecida. Naquela sala de esar, dois corações buscaram
novamene ao Senhor.
Por amor a Deus, endo em visa o bem daqueles que nos ouvem, con-
veridos ou não, dediquemo-nos à arefa de dominar a habilidade de pregar
com esruura clara!
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Estrutura Clara
Exercício
1. Você esá almoçando com uma família crisã, no domingo. Enquano al-
moçam, a família discue a fala de esruura no sermão pregado naquela
manhã. Descreva o que você pode er ouvido.
2. Faça um esboço ampliado para um sermão baseado em omanos 12.1-2.
Jusifique a sua esruura.
3. Algumas pessoas argumenam que o Espírio Sano é o Ensinador Divi-
no, e que somene Ele pode ornar evidene as coisas de Deus. Não há,
porano, necessidade alguma de ficarmos preocupados com a esruura
de um sermão. Escreva o que você pensa sobre esa opinião.
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Ilustrações Vívidas
A gora, deve esar claro para nós que a boa pregação exige muio rabalho
de preparação. Mas odo o nosso rabalho se perderá, se os ouvines
não puderem praicar e recordar o que foi pregado. Foi por essa razão que
gasamos um capíulo considerando o assuno da esruura clara. A mesma
razão agora nos leva ao assuno de ilustrações vívidas.
aores, mas não vêem nada. Enão, o que é ão araene nesse programa?
Divulga-se a si mesmo como “uma hisória diária do povo inglês”. Os seus
fãs não esão sinonizados em um dilúvio de proposições absraas, e sim em
uma hisória que podem ver descorinada em sua mene.
Muios pregadores são basane críicos da culura moderna, especial-
mene de sua dependência de linguagem figurada. Peço-lhes que enfrenem
a realidade. alvez não gosem da maneira como as coisas são. Mas precisam
lembrar que esa é uma geração que precisa de linguagem figurada. E, o que
há de errado nisso? As escriuras conêm ilusrações em cada uma de suas
páginas, e nosso Senhor as usou em odo o empo.
O assuno de ilusrações exige nossa aenção urgene. Não precisamos
ser semelhanes a radialisas que enam comenar uma parida de fuebol,
quando os holofoes já apagaram. Acenda as luzes! Mosre a Palavra de
Deus em odas as suas cores e movimenos. Prepare suas ilusrações e, para
comprovar seu valor, considere eses rês ponos:
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Ilustrações Vívidas
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Pregação Pura e Simples
impora como você vive, nem onde, nem durane, ou por quano empo
em vivido assim, se você se volar para Deus, Ele o receberá”. Mas esas
não foram as suas palavras. Pelo conrário, Ele disse: “Cero homem inha
dois filhos...” (Lc 15.11). A parábola do Filho Pródigo imprime em nós a
recepção do Pai de um modo que nenhuma oura afirmação poderia fazê-lo.
Vemos a verdade, vemos com clareza e choramos de alegria.
Quando Davi pecou ão descaradamene conra o Senhor, com adulé-
rio e crime de assassinao, e meses se passaram sem que ele se volasse para
Deus em oração, Deus lhe enviou o profea Naã. Ese invadiu a presença do
rei, aponou-lhe o dedo, com ira, e o denunciou? Não. Naã foi muio sábio
ao fazer isso. Seu alvo era resaurar o pecador caído, e não levá-lo a aposaar.
Ele enrou com genileza e conou uma hisória a Davi. Pouco depois, era
o rei, e não o profea, quem esava furioso. Conudo, milhares de anos mais
arde, ainda ficamos chocados com a auoridade de Naã, ao dizer: “u és o
homem” (2 Sm 12.7).
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Ilustrações Vívidas
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Pregação Pura e Simples
Um dos livros que êm moldado meus ponos de visa sobre a pregação
é Some Great Preachers o Wales (Grandes Pregadores do País de Gales), es-
crio por Owen Jones. 1 Esse livro considera em dealhes vários homens cuja
pregação poderosa resulou na conversão de milhares de pessoas e, conse-
qüenemene, ransformou a nação. A pare mais proveiosa desse livro é sua
inrodução, na qual Owen Jones idenifica cinco caracerísicas que esses
homens inham em comum. É ineressane observar que uma dessas carac-
erísicas era a imaginação. Esses homens, em medidas diferenes, levavam
os seus ouvines a ver algo. Não podemos fazer o mesmo?
2) Fontes de ilustrações
As Escrituras
Pode obê-las nas Escriuras. Quando raamos do assuno de exaidão
exegéica, vimos que a Bíblia é auo-inerpreaiva. Ela ambém é auo-
ilusraiva. Ela é rica em hisórias, biografias, poesias e provérbios; e udo
isso pode ser usado para ilusrar quase odas as dourinas ou lições que en-
sinamos com base nas Escriuras. econhecendo que os próprios crenes
conhecem ão mal a sua Bíblia, por que não usar sempre as Escriuras como
sua primeira fone, quando esá à procura de ilusrações?
Mas precisamos ser cuidadosos. Quando lemos sermões dos puria-
nos do século XVII ou de Charles H. Spurgeon, do século XIX, observamos
que eles usaram cada livro da Bíblia para ilusrar o que inham a dizer. Não
podemos fazer exaamene como eles o fizeram. Pregaram a congregações
que conheciam muio bem as Escriuras. Às vezes, as referências deles aos
aconecimenos bíblicos eram meras alusões. Falaram sobre “sibolee”, bar-
ba rapada pela meade, o Vale de Bacaa, a casa do oleiro, a orla da sobrepeliz
e a enfermidade de Públio � e odos sabiam a respeio do que eles fala-
vam! Não podemos fazer isso hoje. A fim de usarmos essas alusões como
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Ilustrações Vívidas
Observação
Deus em dado a cada pregador uma cona bancária cheia, não de di-
nheiro, mas de ilusrações para os sermões. Se irássemos dessa cona mil
ilusrações por dia, nunca ficaríamos falidos. Como emos acesso a esa con-
a? Não com um alão de cheques ou com um carão de crédio, e sim com
os olhos e os ouvidos. Devemos apenas manê-los aberos, anoar em nossos
pensamenos o que vemos e ouvimos e acrescenar um pouco de raciocínio.
As coisas que vemos, as que ouvimos e as experiências do viver diário
são uma fone inesgoável de ilusrações. eire dessa esane udo que você
puder e perceberá que seu esoque se renova imediaamene. Encha o seu
sermão com a água desse poço, porque ele nunca em o aviso “fora de uso”.
Aé uma baeria de longa durabilidade se acaba, mas esa baeria nunca o
deixa na mão. Ese é um sol que sempre resplandece, um veno que sempre
sopra, um manancial que nunca seca, uma esperança que não desapona �
um suprimeno de ilusrações que nunca se acaba!
Foi o Senhor mesmo que nos ensinou a enconrar ilusrações à nossa
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Pregação Pura e Simples
vola. Ele falou sobre semear rigo, edificar casas, conservação de vinho,
levedar a massa, assar pães, empresar do vizinho, acender lâmpadas, var-
rer a casa e achar esouros. Jesus falou sobre os deveres dos servos, cães
embaixo da mesa, ladrões assalando, raças desruindo roupas, devedores
na prisão, crianças brincando, fesas, casamenos, julgamenos e evenos
coidianos. Ele veio do céu, mas viveu na erra. Conversou com homens e
mulheres da erra usando figuras que eles podiam enender. Seus mais fiéis
seguidores fazem o mesmo.
C. H. Spurgeon queria que odos os seus alunos fossem pregadores
que usassem ilusrações. Ele os exorava freqüenemene a maner os olhos
aberos e mediar no que viam. Em uma ocasião, Spurgeon lhes disse que, se
udo que ivessem diane de si fosse uma vela, essa vela lhes daria ilusrações
suficienes para muios sermões! Eles riram. Spurgeon provou sua afirma-
ção pregando-lhes dois sermões consiuídos oalmene de lições obidas
de velas. Seu livro Sermons on Candles (Sermões sobre Velas) é uma versão
impressa desses sermões.
As ilusrações obidas de velas não eriam muio efeio sobre as pes-
soas de nossos dias. Vivemos em um mundo de energia elérica, elevisão,
compuadores, carros, celulares, supermercados, música comercializada,
espores profissionais, viagens mundiais e esperanças de exploração do espa-
ço. Nosso Senhor reirou suas ilusrações da Palesina do século I; Calvino,
da Genebra do século XVI, enquano as palavras de Spurgeon refleiam a
Londres do século XIX. E nós? Os nossos ouvines do século XXI ouvem
ilusrações de nossa época? Se não ouvem, falhamos para com eles.
A criatividade total
O conhecimeno da Bíblia, dois olhos, dois ouvidos e uma mene pon-
deradora são udo que um bom ilusrador precisa. Mas ele pode fazer ainda
melhor, se esiver disposo a enrar no mundo da criaividade oal. Parábo-
las e alegorias criadas pela própria pessoa são especialmene eficazes. É claro
que as alegorias de O Peregrino e Guerra Santa, escrios por John Bunyan,
não podem nem mesmo começar a rivalizar com as parábolas de nosso Se-
nhor, mas esses livros não êm sido uma bênção para milhões?
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Ilustrações Vívidas
Onde mais
Além da Bíblia e do que obemos por meio dos senidos e da imagina-
ção, há inúmeras fones de ilusração. Como pregadores, cremos que oda
verdade vem de Deus. Cremos que o mundo Lhe perence. Cremos que
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Pregação Pura e Simples
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Ilustrações Vívidas
capazes de perceber que a nossa escolha das ilusrações esá lhes fazendo
conhecer sua hisória e herança.
enho ouro apelo, que se refere à internet . A providência de Deus nos
dá recursos fanásicos, e devemos agradecer-Lhe por esses recursos. Sim,
à semelhança de odas as coisas invenadas e adminisradas pelo homem, a
internet é horrivelmene corrompida pelo pecado. Sim, a internet é uma po-
derosa fone de enação e perigo sério para aqueles que a usam sem er em
visa a glória de Deus. Mas que grande benefício é a internet para o pregador!
Pode oferecer-lhe basane ajuda em odas as áreas abordadas nese livro.
Há aé sites que oferecem milhares de ilusrações para sermões! Meu apelo é
que você use a internet não de maneira pecaminosa, nem como um meio de
eviar o rabalho árduo, e sim com oração e sensibilidade � especialmene
para ober ajuda nesa área de ilusrações de sermão, onde odos admiimos
que precisamos fazer melhor.
Subordinação
A coisa mais imporane em uma ilusração é que eseja em subordina-
ção à mensagem. Em ouras palavras, em de ser bem-sucedida em arair a
aenção à verdade que esá ilusrando. Algumas ilusrações araem a aenção
para si mesmas. Ouras, se mosram ão esimulanes que deixam a mene
dos ouvines pensando em alguma oura coisa. E ouras, subjugam a ver-
dade por ocuparem maior lugar do que a própria verdade. Esses ipos de
ilusração devem ser rejeiados. Não cumprem a sua arefa.
Cera vez, levei um grupo de esudanes infanis ao Louvre, em Paris,
para que vissem a Monalisa. Não a apreciaram de maneira alguma! Ao re-
ornarem, não falaram sobre o quadro famoso, e sim a respeio de odo o
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Pregação Pura e Simples
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Ilustrações Vívidas
Clareza
As ilusrações não êm qualquer valor se não são claras. Algumas são
ão complicadas que só conseguem razer confusão à mene dos ouvines.
Há pregadores que gasam empo explicando suas ilusrações e, aé, ilus-
rando-as! Mas por que apagar as luzes, quando nossa arefa é acendê-las?
enho um amigo que hoje é um minisro fiel. Anes, porém, ele era um
esudane de eologia inexperiene; e, cera vez, me convidou para ouvi-lo pre-
gar. O coneúdo de sua mensagem era excelene. Mas o seu começo foi um
desasre. Ele começou falando à congregação sobre a Grande Pirâmide, e logo
ficou claro que os ouvines não sabiam nada a respeio da pirâmide. Poran-
o, ele gasou vários minuos explicando onde ela esava, quando e por que a
consruíram. Depois, ele enou inroduzir seu sermão com uma lição exraída
da consrução da pirâmide � um assuno sobre o qual os ouvines ambém
não sabiam nada. Porano, a lição de hisória coninuou, misurada com mui-
as informações sobre engenharia civil. odo o sermão durou cerca de rina e
cinco minuos, dez dos quais foram gasos na Grande Pirâmide! Pregadores,
enham cuidado! As ilusrações êm de ser claras; de fao, ão claras que seja
impossível não compreender o que elas ransmiem.
Brevidade
As ilusrações êm de ser breves. Se uma ilusração esá replea de
inúmeros dealhes insignificanes e irrelevanes, levará os seus ouvines à
disração. Esqueça odos os aalhos curos, ome a auo-esrada e leve os
seus ouvines do pono A ao B ão direamene quano possível! No que diz
respeio à ilusração, o que vale é o desino, e não a jornada.
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Pregação Pura e Simples
Dignidade
Quer sejam curas, quer sejam exensas, odas as ilusrações precisam
ser dignas. Não é a verdade divina que esamos pregando? Podemos razer
luz às coisas sanas por usarmos figuras daquilo que é impuro, indelicado e
frívolo? Não há lugar para mau goso na vida crisã. Com cereza, ambém
não há lugar para impurezas no púlpio crisão.
Um amigo ínimo levou-me, em cera ocasião, para ver a caedral de
Le Puy. Ela esá na pare mais ala de uma cidade pioresca e parece mais
impressionane a cada degrau que você sobe em direção a ela. Um de seus
esouros é um quadro medieval pendurado acima do alar principal. eraa
um homem idoso, de feição genil, com barba branca, assenado em algu-
mas nuvens. Supõe-se que ele seja Deus!
Os peregrinos e urisas são araídos a esse quadro e encorajam ou-
ros a vir e a conemplá-lo. ezam diane do quadro e depois compram
carões posais que o reraam. Mas esse quadro realmene degrada a
Deus. É uma blasfêmia. A sua própria exisência é uma violação da lei
de Deus. ouba-O de sua majesade, não fazendo nada além de esimu-
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Ilustrações Vívidas
Variedade
Em adição a udo que já dissemos, as ilusrações precisam ser variadas.
Apesar de C. H. Spurgeon er uma habilidade exraordinária para exrair
das velas inúmeras lições, alegro-me em observar que ele nunca pregou um
sermão em que odas as ilusrações se referiam a velas. Se ivesse feio isso,
os analisas modernos o diagnosicariam como alguém que sofria de uma
obsessiva desordem compulsiva!
O que seria o inerior de um país, se houvesse apenas um om de verde?
E o que é um sermão em que odas as ilusrações são iradas da vida da famí-
lia do pregador, ou de sua diversão favoria, ou do fuebol? odos sabemos
o que significa a “mesmice” e nos cansamos dela. Pessoas que rabalham em
fábricas de doce podem comer ano doce quano desejam durane as suas
horas de rabalho, mas em pouco empo elas não comem doce nenhum. A
variedade é, de fao, um empero da vida.
Somos embaixadores do Deus que criou as esações e pinou odas as
cores do arco-íris. Encheu ese mundo com uma muliplicidade de espécies
e deu a cada roso um formao diferene. Mesmo em seu Ser indivisível há
diversidade. Se manivermos variedade por obermos ilusrações de odas
as fones já mencionadas, nós O honraremos.
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Pregação Pura e Simples
Exatidão
A úlima coisa que precisa ser dio é que nossas ilusrações devem ser
exaas. Não podemos ilusrar uma verdade sendo mentirosos. Não podemos
dizer que coisas nos aconeceram, quando elas não nos aconeceram. Se nos
referimos à hisória, biografia ou qualquer oura área de conhecimeno, e-
mos de esar ceros dos faos. Se as pessoas percebem que somos uma fone
desconfiável de informação a respeio das coisas comuns, o que pensarão
quando lhes falarmos sobre as coisas de Deus?
Cera vez, usei uma ilusração baseada na esruura do sisema solar.
As pessoas ficaram ineressadas, mas várias delas mosravam uma feição de
esranheza. Logo que o culo acabou, um fila se formou rapidamene à por-
a. Cada pessoa queria me dizer a mesma coisa: os planeas não esavam na
ordem que eu havia mencionado! Fiquei embaraçado e envergonhado. Eu
havia pregado um erro como se fosse uma realidade e, porano, sufocara a
minha própria credibilidade. Um deslize no falar é uma coisa; um erro evi-
ável é oura bem diferene.
Nossas ilusrações êm de ser consiuídas de faos exaos, bem como
de eologia exaa. Precisamos dizer algo mais a respeio da ilusração com
a molécula H2O? Essa é uma perversão óbvia da verdade. Mas usar uma
ilusração exaa em assunos dourinários pode ser uma ferramena podero-
sa. Por exemplo, algumas pessoas êm obido melhor enendimeno do que
aconece na conversão apenas por serem informadas a respeio do nasci-
meno de um bebê. O bebê chora para nascer ou porque já nasceu? De modo
semelhane, o nosso clamor a Deus para que nos salve é a prova de nosso
novo nascimeno, e não a sua causa.
Novamene, o princípio da subordinação nos guiará aravés de odos os
perigos que enfrenaremos aqui. Uma ilusração eologicamene inexaa não
pode servir à verdade. Ao conrário, porém, uma ilusração eologicamene
exaa pode gravar a verdade na memória para sempre.
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Ilustrações Vívidas
Exercício
1. Você em um amigo que ilusra com facilidade e profusão, mas pessoas
que o ouvem dizem que ele é apenas um conador de hisórias? O que
você pode dizer-lhe?
2. Ilusre rês dourinas do que pode ver na sala em que esá assenado.
3. Que ilusrações você usaria para ajudá-lo em um sermão sobre Efésios
2.8-9?
Noas:
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Aplicação Penetrante
N unca fui a um alfaiae, viso que sempre compro meus ernos em uma
loja. Mas ouço que ainda exisem muias pessoas que fazem suas rou-
pas sob medida. É com ese pensameno que desejo começar ese capíulo.
Imagine um alfaiae que ece suas próprias roupas. Não há falhas na
exura (exaidão exegéica). O maerial (coneúdo dourinário) é de ala
qualidade. O ecido em um padrão araene (esruura clara). Aé uma
pessoa simples pode senir e ver quão bom é o ecido (ilusração vívida).
Porano, não há nada a reclamar, há? Conudo, odos sabemos que o alfaia-
e ainda não erminou o seu rabalho.
O rabalho de um alfaiae consise em fazer roupas para as pessoas.
Seus clienes o procuram com odos os moldes, amanhos e necessidades
diferenes. O alfaiae em de fazer mais do que escolher o ecido; ele precisa
corá-lo de modo a se adequar aos clienes, para que eses o usem odos os
dias. Um alfaiae que não pode fazer iso não deve esar nesa profissão.
udo o que fazemos como pregadores é desperdiçado, se nossos ou-
vines não vesirem nosso maerial odos os dias da semana. Eles êm de ser
praicanes da Palavra, e não somene ouvines (g 1.22). É um erro pregar
sermões de “molde padrão”. As pessoas que nos ouvem êm de usar o mes-
mo maerial, mas emos de corá-lo de modo que seja adequado a cada um,
individualmene, e assim eles possam usá-lo com facilidade em suas circuns-
âncias pessoais. Um minisério de “molde padrão” não conseguirá isso. Se
a verdade de Deus em de ser vesida com honra nese mundo, os sermões
êm de ser eitos sob medida.
Pregação Pura e Simples
Definição
John A. Broadus pregou com poder nos Esados do Sul dos Esados
Unidos, no século XIX. Seu livro Te Preparation and Delivery o Sermons (A
Preparação e Apresenação de Sermões) é um clássico. Embora não seja um
livro de leiura fácil, cada página esá cheia de ensino claro e conselhos sá-
bios. Por que não omarmos alguns minuos para refleir sobre cada palavra
que ele usou para definir a aplicação. Eis a definição:
A aplicação é, no sentido restrito, aquela parte, ou aquelas partes, do
discurso nas quais mostramos como o assunto se aplica aos ouvintes;
mostramos que instruções práticas o sermão lhes oerece e que exi-
gências práticas o sermão lhes az. 1
Importância
Quando não há aplicação, a pregação perde seu senido, sua vida, seu
ineresse. Não raz à consciência nenhuma convicção penerane, nem ofere-
ce qualquer consolação resauradora à alma. Deixa cada ouvine senindo-se
como uma criança que nunca recebeu carinho e nunca foi disciplinada. Po-
bre criança! O que será dela? erá uma vida desorienada e confusa, sem
marcos e valores.
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Aplicação Penetrante
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Pregação Pura e Simples
Seja específico
Somos pregadores. Pregar é falar sobre mudanças; iso é udo que
consiui a pregação. Não somos chamados a falar de modo vago e geral ou
somene para explicar princípios. Somos chamados a falar sobre o pecado,
a mosrar Criso e a apresenar, com firmeza, às pessoas os deveres e conso-
lações do evangelho. Escrevendo para uma oura geração, Charles Bridges
afirmou: “Para que seja eficaz, a pregação em de ser reduzida de meras ge-
neralidades a caráer pessoal percepível � influenciando os negócios e às
afeições de cada pessoa”.3
Em Maeus 19.21, podemos ver como nosso Senhor fez isso. Ele podia
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Aplicação Penetrante
ver que o jovem rico inha um ídolo, não em sua casa, mas em seu coração.
O jovem rico era um maerialisa religioso que amava seu dinheiro mais do
que ao seu Criador. Nosso Senhor não lhe deu uma palesra sobre os prin-
cípios que fundamenam a idolaria, deixando-lhe, em seguida, a imaginar
o que deveria er feio como resulado da palesra. Jesus lhe disse que fosse
para casa, desruísse o seu ídolo, pensasse na recompensa eerna e seguisse a
Ele � “Se queres ser perfeio, vai, vende os eus bens, dá aos pobres e erás
um esouro no céu; depois, vem e segue-me”.
Veja o que nosso Senhor fez em João 4.15-16. rouxe a mulher sama-
riana (que era imoral) ao pono em que ela mosrou ineresse pessoal na
água viva sobre a qual Ele falava. O próximo passo do Senhor não foi dizer-
lhe que, de maneira geral, ela deveria se arrepender de sua vida passada. O
Senhor a fez encarar sua própria condição. Jesus lhe disse: “Vai, chama eu
marido e vem cá” (Jo 4.16). E sabemos o que aconeceu em seguida.
Veja o que nosso Senhor fez em Marcos 7.20-23. Ele esava lidando
com pessoas que não enendiam a corrupção do coração. Por isso, lhes mos-
rou o seu erro e lhes ensinou um princípio geral: “O que sai do homem, isso
é o que o conamina”. Esse é o pono em que param muios dos pregadores
modernos. Não dizem mais nada, deixando as pessoas pensarem o que iso
realmene significa. Nosso Senhor não agiu assim. Ele descreveu com bas-
ane clareza a maneira como as pessoas deviam pensar:
Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus
desígnios, a prostituição, os urtos, os homicídios, os adultérios, a
avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasêmia, a sober-
ba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o
homem (Mc 7.22-23).
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Pregação Pura e Simples
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Aplicação Penetrante
Seja discriminador
Quando nos levanamos para pregar e olhamos para a congregação,
podemos esar ceros de que enconraremos vários ipos de pessoas presen-
es. alvez eseja ali um visiane que em pouco ou nenhum conao com
o evangelho. Provavelmene, há alguém que freqüena a igreja com regula-
ridade, mas não parece ser converido; ou uma pessoa que “fez uma decisão
por Criso” e não mosra qualquer evidência de er vida espiriual; ou alguns
que ainda são perdidos, mas esão buscando o Senhor com sinceridade. Há
ambém os novos converidos, os crenes amadurecidos e os que passam
por fores enações, dúvidas ou ribulações. Há aqueles que esão se or-
nando egoísas e cujo andar espiriual se ornou desesimulane e cansaivo.
Veremos crianças que se mosram conenes por esarem ali e ouras que
apenas oleram aquele lugar. Há um adolescene aborrecido, segurando sua
cabeça enre as mãos. E assim por diane. Quem sabe quanos ipos diferen-
es de pessoas podemos acrescenar à lisa?
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Pregação Pura e Simples
Você pode imaginar como cada pessoa se seniu, quando seu pecado
paricular foi mencionado publicamene? Pode imaginar o senso de alívio
que se propagou na congregação, quando as duas úlimas senenças foram
lidas? Haveria esse senso de alívio e admiração, se o apósolo ivesse dio:
“Alguns dos pecados de vocês eram erríveis, mas Deus perdoou odos eles?”
Há um poder na aplicação que não somene é específico, mas ambém fala a
grupos definidos de pessoas.
Exise um livro, escrio originalmene em inglês, que Deus em usa-
do para dar vida espiriual a milhares de pessoas. Foi escrio pelo puriano
Joseph Alleine e se chama An Alarm to the Unconverted. Alleine menciona
dez ipos de pessoas que são evidenemene não-converidas. Depois, ele
se refere a doze marcas secreas de uma pessoa não-converida. Em ouras
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Aplicação Penetrante
Seja persuasivo
Nossos ouvines precisam saber não somene que as roupas devem ser
vesidas, mas ambém que podem ser vesidas e que esá neles mesmos o
ineresse de fazer isso. O pregador não cumpre o seu dever, se apenas diz
às pessoas o que fazer. Ele em de mosrar-lhes como e por que al coisa é
digna de ser feia. A Bíblia é sempre clara em mosrar o que fazer. O “ por
que” é apresenado no seu ensino geral a respeio das bênçãos da obediência
� bênçãos que desfruaremos ano nesa vida como no porvir. O como é
exposo no ensino bíblico a respeio da sabedoria, e nese pono o pregador
precisa fazer algumas sugesões práicas que abençoarão seu povo, e não so-
mene falar com a auoridade direa da Palavra de Deus. Esa é uma área em
que ele não pode ser negligene. Ele não esaria raando os seus ouvines
com amor, se fizesse isso.
alhar não é a melhor maneira de persuadir as pessoas a fazerem algo
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Pregação Pura e Simples
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Aplicação Penetrante
sempre reclamam que os faço levar muias coisas. Por que não levar apenas
alguns sanduíches e algo para beber? Por que insiso em algumas roupas
sobressalenes, um chapéu, jaqueas e calças à prova d’água, ki de primeiros
socorros, um apio, uma lanerna, comida de emergência, um liro de água,
um saco de dormir e várias ouras coisas � e udo isso em um dia de verão?
Eu lhes explico o que em aconecido a ouros e por que cada iem é neces-
sário. A murmuração cessa, cada um pega a sua mochila, e desfruamos o
dia! Dizer: “ragam apenas o que lhes disse ou não poderão ir comigo” não
produziria o mesmo efeio.
A persuasão faz pare da vida, porém, muio freqüenemene, ela não
em seu lugar na pregação. Quanos jovens você conhece que gosam de fue-
bol, mas não gosam dos reinos iniciais? Nesses reinos, eles aprendem que,
se iverem melhor preparo do que o ouro ime, se iverem maior resisência
física, se puderem driblar com muia habilidade, quase sempre vencerão. O
pensameno de viórias regulares ransforma o ânimo dos jogadores. Um
quilo de persuasão equivale a uma onelada de repreensão.
A verdadeira persuasão envolve emoção, paixão. Direi mais sobre isso
em ouro capíulo. Agora, porém, algo precisa ser dio. Alguns pregadores
não gosam de qualquer expressão de emoção, e alguns dos que ensinam
os pregadores desencorajam as emoções. Eles precisam lembrar que você
não pode persuadir ninguém, a menos que seu coração eseja envolvido na
persuasão. O discurso persuasivo esá repleo de senimenos. Pregadores
persuasivos falam sobre o mal com desgoso, de Criso com ardor, dos cren-
es com amor, do céu com enusiasmo! São esimulados no profundo de seu
ser, e odos os adulos e crianças que os ouvem esão cienes disso! Os pre-
gadores que permanecem como esáuas, falando com seriedade e calma ,
mas sem senimenos, não persuadem as pessoas. Eles êm perdido seu “o-
que” humano. Por que ouvir uma pessoa que expõe os faos sem expressão,
quando você pode ober a mesma informação em cores, na internet ?
Pensemos na Grande Guerra de 1914 a 1918. Um grupo de soldados
emerosos esá posicionado arás dos sacos de areia, em uma rincheira
lamacena. Em poucos minuos, um apio soará, e eles erão de subir as esca-
das, salar por sobre os sacos de areia e correr por enre uma chuva de balas,
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Pregação Pura e Simples
***
O ese final de um sermão não é o que as pessoas senem, enquano
o sermão esá sendo apresenado. Já vimos que a “emoção” do momeno é
imporane, e que sem ela o sermão não pode cumprir o seu propósio. No
enano, ainda permanece a grande perguna: a verdade pregada se ornou
uma verdade praticada?
Numa manhã de segunda-feira, nosso alfaiae imaginário anda pela
cidade na qual ele pregou sermões para vine pessoas nos úlimos meses.
Ele as conhecia bem e decidiu enconrar-se inesperadamene com cada
uma delas, se fosse possível. Achou John e Mary esperando o ônibus que
omariam para ir à escola. Conversou com Mônica, que rabalhava no ban-
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Aplicação Penetrante
co. omou café com Sephen, que reornaria à universidade apenas na oura
semana. Foi ao supermercado, à clínica, ao poso de gasolina, à biblioeca,
à floriculura, ao escriório de advogados, à prefeiura e à coleoria. Por fim,
ele checou a sua lisa, e percebeu que se enconrara com dezenove pessoas;
por isso, reornou para casa, a fim de almoçar com a vigésima, a sua esposa.
Observou que ela, assim como os demais, vesia as roupas que ele mesmo
fizera. Ele foi ao andar superior, para lavar as mãos, anes de comer, enrou
em seu quaro, ajoelhou-se e agradeceu a Deus.
Exercício
1. Você deve pregar numa igreja em que não eseve anes e da qual não
conhece ninguém. O que você pode fazer para assegurar-se de que seu
sermão esará cheio de aplicações significaivas?
2. Seu novo pasor é ão preocupado em pregar de maneira penerane, que
se ornou censurador. Dê-lhe alguns conselhos.
3. Esboce um sermão sobre Ezequiel 37.1-14 e faça uma lisa de suas apli-
cações.
Noas:
1 B������, John A. On the preparation and delivery o sermons . London: Hodder & Sou-
ghon. p. 211.
2 Ciado por John A. Broadus, p. 210.
3 B������, Charles. Te christian ministry. London: Te Banner of ruh rus, 1958. p.
271.
4 Ver Capíulo 4, Te Marks of he Unconvered (As Marcas do Não-Converido), em An
alarm to the unconverted (em poruguês, Um guia seguro para o céu, Ediora PES), Lon-
don: Te Banner of ruh rus, 1959. p. 44-53.
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Pregação Eficiente
Q uando um livro não é um livro? É fácil responder a essa perguna. Es-
ou senando em frene a um compuador no qual enho digiado udo
que você leu aé ese pono. Iso será um livro, mais ainda não é. Um livro
não em exisência aé que seja impresso e receba o acabameno gráfico.
Quando um sermão não é um sermão? Quando a exegese foi con-
cluída; a dourina, reunida; a esruura, harmonizada; as ilusrações,
selecionadas; as aplicações, preparadas; e, a versão final, escria. Mas, ain-
da não há um sermão � nenhum sermão! Um sermão não em exisência
enquano não é pregado.
Esa é a razão por que a apresenação pública de um sermão em im-
porância crucial. A mensagem mais bem preparada do mundo erá pouco
valor, se não for apresenada ão bem quano deveria ser. O rabalho árduo
de nossas horas e dias pode se perder em um momeno. Um bebê pode ser
concebido no venre da mãe e crescer bem, aé o insane de seu nascimeno,
mas poderá desroçar o coração dos pais, se nascer moro.
Penso que já disse isso anes: em minha vida, cheguei a um eságio em
que ouço muios sermões. Por causa de meus círculos de convivência, enho
poucas queixas a respeio do coneúdo desses sermões. Mas muios denre
eles são apresenados de modo sofrível. Iso aconece porque os pregadores
dão mais aenção à preparação do sermão do que à sua exposição pública.
Sobem ao púlpio com o senso de que já êm algo compleo. Dizem a si
mesmos: “enho um sermão”, não admiindo que um verdadeiro sermão
é aquele que as pessoas levam consigo para casa. Eles são cuidadosos na
Pregação Pura e Simples
1) Seu espírito
A pregação que você prepara não pode ser divorciada de você mesmo!
Quando você prega a homens e mulheres, algo do seu espírito se revela a
eles, e não pode ficar oculo. A mais famosa afirmação desa ligação indis-
solúvel enre o pregador e sua pregação se enconra na palesra de Phillips
Brooks, iniulada Os Dois Elementos da Pregação, apresenada na Conferên-
cia Lyman Beecher, em 1877:
A pregação é a comunicação da verdade eita de homens para ho-
mens. Ela tem dois elementos essenciais: verdade e personalidade...
Nenhum destes pode estar ausente e, ao mesmo tempo, haver prega-
ção... Pregar é apresentar a verdade por meio da personalidade... A
verdade, em si mesma, é um elemento fixo e estável; a personalidade
é um elemento variável, sujeito a crescimento. 2
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Pregação Eficiente
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Pregação Pura e Simples
2) Sua linguagem
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Pregação Eficiente
Simplicidade
Falamos com simplicidade quando:
• Apresenamos cada pono em uma única frase.
• Muias de nossas frases não êm mais do que dez palavras.
• 90% de nossas palavras são com poucas sílabas.
• Usamos palavras que nossos ouvines enendem com acilidade.
As frases são como ijolos; consruímos nosso sermão na mene das
pessoas colocando um pensameno por vez. Gasei boa pare de minha vida
enando dizer aos pregadores que um estilo oral não é o mesmo que um estilo
escrito. E agora o digo novamene. Precisamos er pensamenos profundos,
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Pregação Pura e Simples
Gramática
Por que irar a aenção da mensagem para focalizá-la no mensageiro?
Isso aconece quando usamos um poruguês incorreo. Não devemos ser
ão melindrosos que acabemos falando de maneira arificial e enjoaiva. O
imporane é ser claro, e não correo. Mas não somos claros, se comeemos
erros que esridulam nos ouvidos das pessoas.
Não é difícil falar bom poruguês. Se lermos muios livros bem escrios,
absorveremos bom poruguês sem percebermos. Além do mais, é provei-
oso ler alguns livros simples de gramáica poruguesa, resringindo-nos à
leiura de duas ou rês páginas por vez, a fim de deixarmos o assuno pene-
rar em nossa mene. E por que não pedir que um irmão anoe os nossos
erros e nos fale sobre eles depois? É melhor você receber a avaliação dele do
que a igreja ser disraída pelo seu uso do poruguês.
Convicção
emos de escolher as palavras ceras que expressem exatamente o que
preendemos dizer. Se não fizermos isso, o que desejamos que as pessoas en-
endam não será o que elas realmente enenderão.
A linguagem não é convincene, quando os pregadores usam palavras
que indicam hesiação. Essas palavras mais comuns são “eh!” e “hum!” Os
jovens são especialmene propensos a usá-las. Não precisamos delas. Fazem
o pregador parecer hesiane, incero e esúpido. oubam sua auoridade. Se
você for culpado desse hábio irriane, não ene fazer nada a respeio dele.
Apenas observe quando você usa palavras que indicam hesiação, e elas de-
saparecerão por si mesmas.
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Pregação Eficiente
Quase ão más quano essas palavras são as palavras riviais. São pa-
lavras que não acrescenam nada ao significado das frases e, no enano,
êm o poder de orná-las irrelevanes. Se você encara com seriedade o seu
chamado, abandonará esse ipo de palavras para sempre. As mais comuns
são “enende?” e “Enende o que eu quero dizer?” A pior delas é “apenas”
� “Vamos apenas orar”; “Leiamos apenas alguns versículos de Marcos”;
“Quero apenas dizer-lhes”; porque dá a impressão de que você esá se des-
culpando pelo que esá falando. odas as senenças que usam “apenas” se
ornam mais vigorosas e convincenes se esa palavra for reirada.
Pronúncia correta
Novamene, por que afasar da mensagem a aenção dos ouvines?
Nada deve ser um obsáculo. odos nós devemos usar o dicionário para
aprender como proferir correamene qualquer palavra cuja pronúncia
não conhecemos bem. Devemos ambém usar um dicionário bíblico para
aprendermos a pronúncia correa dos nomes próprios dados no exo. Há
muio empo a Bíblia foi raduzida para o poruguês. Exise uma maneira
correa de pronunciar o nome de cada pessoa e cada lugar mencionado na
Bíblia, por que, enão, invenamos hesianemene nossa própria maneira
de pronunciá-los?
No que diz respeio às palavras, não devemos nunca usar uma palavra
que não sabemos, com certeza, como pronunciá-la. Aprimore a sua lingua-
gem! Não orne o evangelho ridículo por causa da maneira como você fala,
quando esá pregando! As palavras que usamos na pregação são as veses
dela � por que vesi-la com rapos?
3) Sua voz
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Pregação Pura e Simples
pensamos muio em nossa voz. Nossa mene é omada pelo que desejamos
comunicar e pelo que desejamos que aconeça em seguida. Se isso ambém
aconece conosco quando pregamos, falaremos muio bem. Nossa comuni-
cação será fluene, fácil e quase conversacional. Eu digo “quase” porque não
será exaamene uma conversa. Como pode ser isso, viso que esaremos
falando de uma plaaforma ou de um púlpio e não de uma polrona?
Nossa voz se ornará melhor apenas por sabermos como são feias as
cordas vocais. A voz é um insrumeno resulane de sopro. O ar em nossos
pulmões, o qual expelimos com nosso diafragma, passa pelas cordas vocais,
fazendo-as vibrar. As cordas vocais esão na laringe, no opo de nossa ra-
quéia. As vibrações se ornam ondas de som, que são amplificadas pelos
espaços vazios de nossa laringe, pelas cavidades e pela boca. O palao, os
maxilares, os denes, os lábios e a língua mudam o formao dessas cavida-
des ressonanes e, assim, produzem sons diferenes. Porano, para falarmos
com clareza, conforo e de modo audível, emos de aprender a conrolar
nossa respiração, a não abusar das cordas vocais, a uilizar nossos ressona-
dores e a movimenar aquilo que modifica o som. Entender isso nos leva
freqüenemene a aprimoramenos noáveis.
Para ornar nossa voz mais ineressane e agradável a alguém, devemos
ambém enender as cinco capacidades com as quais nosso Criador doou
a nossa voz:
1. Nível: ela pode subir ou descer;
2. imo: ela pode ser rápida ou lena;
3. Volume: ela pode ser ala ou baixa;
4. om: ela pode ser grave ou aguda;
5. Ênfase: ela pode enfaizar ceras palavras em uma senença.
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Pregação Eficiente
Muias pessoas acham esse ipo de discurso muio cansaivo e irriane. Elas
se desligam. Não podem assimilar os assunos, se eses são comunicados em
fluxo incessane, sem pausa. Mas lembre-se: “A pausa deve ser suficiene-
mene longa para arair a aenção ao pensameno, mas não deve ser exensa
demais para arair a aenção à própria pausa”.3
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Pregação Pura e Simples
mene. Olhe para os seus ouvines! Olhe para eles! Conemple o roso de
odos os presenes, enquano você prega!
Você não erá um meio de comunicação não-verbal mais proveioso do
que ese. O conao visual exige aenção � quem se concenrará na mensa-
gem de um pregador que nunca olha para seus ouvines? Olhe para eles nos
olhos e cada um senirá que a mensagem é pessoalmente para si. Sim, durane
a mensagem, conece-se com cada pessoa, enquanto você está alando. Não as
rae como uma mulidão e sim como indivíduos, o que elas realmene são.
Quando um pregador em bom conao visual com as pessoas, esas
provavelmene o levarão a sério. odos desconfiamos de pessoas que não
nos olham nos olhos. Pensamos que são indignas de confiança e asuas,
que procuram ocular-nos alguma coisa. Nenhum pregador do evangelho
deve passar essa impressão, nem mesmo involunariamene. Permia que
seus ouvines vejam os seus olhos; faça-os perceber que você esá olhando
para eles.
Além disso, o conao visual em oura vanagem. Capacia-o a ver
como as pessoas esão reagindo à sua mensagem. Elas parecem ineres-
sadas? Confusas? Insaisfeias? Esimuladas? Aribuladas? Hosis? Esão
começando a cansar-se? É empo de usar uma ilusração, para caivar-lhes
a aenção? Se você não olha para os seus ouvines, não pode responder
nenhuma dessas pergunas.
odos os pregadores que amam sua igreja são habilidosos no conao
visual. De que modo eles reconhecerão a pessoa aribulada, à qual poderão
oferecer uma palavra de ajuda pessoal? De que ouro modo poderão obser-
var se a congregação esá bem acomodada � se esá senindo calor ou frio,
se é incomodada pelo excesso de claridade, se êm de luar conra a fala de
luminosidade ou qualquer oura dificuldade de acomodação? Esas coisas
não serão corrigidas, se o homem que esá diane deles não agir � e o Sr.
Pregador, o homem que esá diane deles, é você!
Ese não é o empo de olhar por cima da cabeça dos ouvines, fixar os
olhos nas anoações da pregação, conemplar as janelas ou fechar os olhos;
pelo conrário, é empo de olhar as pessoas nos olhos e minisrar-lhes, sem
emor, a Palavra de Deus.
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Pregação Eficiente
5) Sua aparência
Com muia freqüência, enho me disraído da Palavra por causa das ves-
es do homem que a proclama. Não é agradável gasar muio empo vendo
uma enorme mancha de café abaixo do queixo do pregador, um esquiador
sorridene em um pulôver vermelho ou dois personagens famosos de de-
senho animado impressos na camisea do pregador! Mais do que uma vez,
pessoas me disseram que não puderam levar à sério pasores convidados,
porque, embora eles ivessem orado e apresenado as Escriuras, se vesiam
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Pregação Pura e Simples
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Pregação Eficiente
7) Seu tempo
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Pregação Pura e Simples
da mensagem sobre o qual muios fazem piadas, mas que possui grande
imporância. É o empo.
emos de lembrar que não esamos vivendo na época de um grande
avivameno. É encorajador ver o avanço consane do evangelho em odo o
mundo, mas ninguém alegará que esamos experimenando algo semelhan-
e ao Avivameno Evangélico do século XVIII. Naquele empo, John Wesley,
por exemplo, pregava freqüenemene por duas horas; e Jonahan Edwards,
por rês horas! Não era incomum que os homens pregassem vários sermões
consecuivos. As igrejas deles permaneciam ineressadas no esudo da Pala-
vra, e uma obra espiriual duradoura era realizada.
Cada pregador que Criso em enviado esá ciene de que, por cona
própria, não pode converer ninguém, nem fazer qualquer bem duradouro.
Ele se mosra grao por udo o que sabe a respeio da ajuda do Espírio Sano
em expor a Palavra e anela que esse Espírio venha sobre ele de maneira sin-
gular. Cada pregador sabe que essa experiência será muio diferene de um
fluxo de adrenalina ou de um senso de enusiasmo que odos os pregadores
senem de vez em quando. Ele sabe que poderia pregar durane horas inin-
errupas. Mas ambém sabe que as regras normais devem ser aplicadas!
As regras normais são esas:
1. Cerifique-se do empo que lhe é colocado à disposição.
2. Comece na hora � não recompense aqueles que se arasam persis-
enemene!
3. ermine na hora � as pessoas enendem que o culo durará cero
empo. erminar na hora é uma quesão de inegridade. ambém faz
com que você seja respeiado e, conseqüenemene, isso aumena a
sua uilidade.
4. Não se aproprie do empo desinado a ourem que poderia esar com-
parilhando do culo com você. Iso em sido chamado correamene
de “o roubo proveniene do púlpio”, viso que envolve omar dos
ouros aquilo que nunca lhes será devolvido.
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Pregação Eficiente
geral, as pessoas apreciem mensagens longas. Você não pode falar muio so-
bre a essência do sermão em dez minuos, e a maioria das pessoas acha que
quarena minuos de sermão é faigane.
Conudo, algumas igrejas, por haverem sido pacienemene educadas, são
mais capazes do que ouras a ouvir por mais empo. Iso é algo que precisamos
er em mene, quando decidirmos a quanidade de assuno que apresenare-
mos. alvez uma boa regra é pregar durane rina minuos ou um pouco mais,
fazendo-os, odavia, parecer vine minuos,5 pois “a verdadeira maneira de en-
curar um sermão é orná-lo mais ineressane” (H. W. Beecher).
Quando erminarmos nosso sermão, devemos parar! É errado esen-
der um sermão apenas para complear o empo! Por que um pregador faria
isso? alvez ele não queira ser criicado por erminar muio rápido. Nese
caso, seu moivo é oalmene egoísa e indigno de um crene e, muio mais,
de um arauo da Palavra. Ou alvez ele não queira desaponar a congregação.
Conudo, é provável que ele desaponará as pessoas mais por falar coisas
desnecessárias do que por ser breve.
No enano, muios pregadores sofrem do problema oposo: acham
difícil erminar na hora! Nada os curará, exceo uma boa dose de conside-
ração pelos ouros. Se o empo esiver quase acabado, devem simplificar o
resane e erminar na hora. Depois, devem ir para casa e arrepender-se da
preparação inadequada. Os pregadores que se preparam adequadamene
não excedem o empo do sermão.
Alguns homens, conscienes de que não êm empo suficiene para
complear a mensagem, comeem o pecado da desonesidade pública. Di-
zem aos seus ouvines que logo erminarão e coninuam pregando por um
bom empo. Se você é um desses pregadores, alguém precisa dirigir-lhe esa
perguna ousada: “Por que deveríamos guardar no coração a sua mensagem,
se nossos ouvidos esemunharam que você é um mentiroso?”
Quão imporane é a pregação eficiene! Não é uma habilidade que
aprendemos em um dia. Se esivermos nos desenvolvendo como pregado-
res, seremos cada vez mais conscienes de quano progresso ainda emos de
fazer nesa área. Coninuaremos a ler obras sobre pregação, ouvir palesras e
paricipar de conferências; ambém procuraremos oda ajuda que pudermos
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Pregação Pura e Simples
Exercício
Noas:
1 Minha aenção foi araída, primeira vez, a eses see ponos ao ler Preaching the Word
(Pregando a Palavra), escrio por Alfred P. Gibbs (Oak Park, Illinois, Emmaus, 1958). O
que apreseno em seguida se baseia no esboço de Alfred P. Gibbs, embora complemena-
do e consideravelmene modificado. Mas quero regisrar como sou grao por aquele livro
e o quano me ajudou em odas as minhas deficienes enaivas iniciais de pregar.
2 B�����, Phillips. Lectures on preaching: he 1877 Yale lecures. Grand apids: Baker,
1969. p. 5, 28.
3 �������, Haddon W. Expository preaching: principles and pracice. Leiceser: Iner-
Varsiy Press, 1986. p. 207. Já exise uma edição nova e aualizada dese livro excelene.
4 Idem. p. 200-201.
5 Ese pequeno conselho se baseia em S��, John . W. I believe in preaching . London:
Hodder & Soughon, 1982. p. 294.
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7
Autoridade Sobrenatural
E m 1973, fiz minha primeira visia aos Esados Unidos. Durane essa visia,
gasei vários dias com o pasor A. N. Marin, da Igreja Baisa riniy, em
Monville, Esado de New Jersey. Um dos membros de sua igreja me deu um
panfleo que apresenava dealhes sobre as pregações gravadas do pasor Mar-
in, e havia ali um comenário que mudou minha vida para sempre. O panfleo
dizia que os sermões do pasor Marin eram caracerizados por “exaidão exe-
géica, coneúdo dourinário, esruura clara, ilusrações vívidas, aplicação
penerane e urgência espiriual. Finalmene, eu inha uma lisa de avaliação
dos ingredienes que consiuíam uma pregação excelene!
Como você pode observar, embora eu enha acrescenado um capíulo
sobre “Pregação Eficiene”, usei livremene essa lisa de avaliação, enquano
escrevia ese livro. Enão, você poderia esperar que ese capíulo final se ini-
ularia “Urgência Espiriual”. Mas ese não é o caso, e eis a explicação.
Em um capíulo, eu disse que reornaria ao assuno da paixão, emoção.
Agora chegou o momeno para isso. Muio mais precisa ser dio a respeio
da necessidade de envolvimeno emocional, enquano pregamos. Escrevo
ese livro na Inglaerra, no início do século XXI. Vivo em um empo em
que muio em sido dio e escrio a respeio da pregação; e inúmeros cursos
esão sendo organizados para ajudar os crenes a pregarem melhor. Mas não
posso ocular minha convicção pessoal de que muio do que esá aconecen-
do provavelmene arruinará a verdadeira pregação, em vez de resaurá-la.
A impressão que esá sendo ransmiida amplamene é a de que o pre-
gador esá fazendo bem, se oferece uma explicação clara do exo bíblico e
Pregação Pura e Simples
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Autoridade Sobrenatural
A paixão, ou emoção, por si mesma, não pode realizar uma obra espi-
riual. Iso é verdade aé quando falamos sobre a emoção que ransborda
do coração de um crene piedoso. Embora seja uma emoção sanificada,
ela ainda em um sabor humano e, por isso, não pode realizar a obra divina.
Somene o Espírio de Deus pode realizar uma ransformação espiriual.
Sem o oque do Espírio, a melhor pregação do mundo é nada. A men-
sagem bíblica, por si mesma, ainda que seja correamene exposa, nada
pode fazer por alguém. A verdade bíblica em de ser incuida no coração
humano por meio do seu Auor divino. em de aconecer algo divino, para
que o pregador fale com auoridade sobrenaural. Se isso não aconecer,
os ouvines sempre receberão a Palavra de Deus como se fosse palavra de
homens (ver 1 essalonicenses 1.5, 2.13).
Enão, como posso falar com urgência espiriual? Podemos aprender a
falar com auoridade espiriual? Esas são as pergunas que agora emos de
considerar.
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Pregação Pura e Simples
Urgência Espiritual
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Autoridade Sobrenatural
Emoção
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Pregação Pura e Simples
xava odos os seus ouvines consolados, aliviados e em paz. Esa era a razão
por que as pessoas o amavam ano. A Palavra de Deus nos chama a rejeiar
esse ipo de pregação. Ela nos exora a abandonar discursos suaves, que ran-
qüilizam as pessoas com um falso senso de segurança ou iludem-nas com
um profundo senso de saisfação pessoal. A Bíblia nos chama a pregar com
convicção, fervor, energia e seriedade. Ela despreza oda pompa, exibição e
falsa emoção, insruindo-nos a proclamar a verdade de Deus com senimen-
os profundos, compaixão, ardor, vida e amor. Somos chamados a derrubar
e edificar, ferir e curar, enrisecer e consolar, chorar, anelar, apelar e exorar.
Não basa pregar a mensagem correa; precisamos estar na mensagem, in-
vesindo odo o nosso ser em sua proclamação.
Muios sermões hoje em dia são ão monóonos quano o reinir de
um sino de funeral. O coneúdo é saisfaório, mas o coração do pregador
não pode ser viso no sermão. Não há o risco de que ais pregadores se-
jam acusados de possuírem fogo esranho ou de fanaismo, pois não exise
qualquer evidência de que alguma chama eseja ardendo em seu ínimo.
Onde esão o zelo e os apelos cheios de paixão dos pregadores bíblicos?
Onde esão as lágrimas dos apósolos e profeas? Quanos pregadores
modernos podem dizer honesamene: “Não cessei de admoesar, com
lágrimas, a cada um” (A 20.31)?
Procuremos ouvir um pregador evangélico caracerísico do século
XXI. O que parece moivá-lo é o desejo de maner seus ouvines ineres-
sados, e não o desejo de ver o Deus vivo sendo glorificado na conversão e
no crescimeno espiriual deles. Durane mais ou menos rina minuos, ele
ece uma mensagem bíblica que é basane agradável aos ouvidos. Mas ela
não pode, de maneira alguma, ser descria como o aconecimeno mais ines-
quecível da semana. Não mexe com ninguém, nem emociona seus ouvines.
udo o que podemos dizer sobre o sermão é que esava correo. Nenhu-
ma consciência foi aormenada, ninguém quis clamar com gozo inenso.
Muios dos programas de elevisão da semana foram infiniamene mais re-
cordáveis do que esa explanação da verdade de Deus!
Que desgraça! Nós, que pregamos, emos de buscar a Deus, confessan-
do-Lhe nossa exrema perversidade. Pensamenos sublimes não envolvem a
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Autoridade Sobrenatural
nossa mene por compleo. Muias vezes, pregamos a verdade de Deus com
frieza e mediocridade. Vemos as pessoas perdidas, e as deixamos sem apelo
à conversão, e não nos dedicamos à persuasão incessane. O nosso coração
não em esado em udo o que fazemos. Comunicamos a mensagem sem se-
riedade e, às vezes, com leviandade. Nosso coração esá endurecido. emos
de admiir que o anigo pregador esava correo, ao dizer: “Viso que há an-
a insensibilidade no púlpio, há muio mais nos bancos da igreja”. Agradeça
a Deus por que em Criso há perdão para homens como nós!
Autoridade sobrenatural
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Pregação Pura e Simples
creiam (ver João 12.37-38). Algo em de ser realizado no íntimo das pessoas,
e somene Deus pode fazer isso.
Nosso Senhor ensinou esa lição de modo basane claro. Foi uma lição
que muios dos seus discípulos se recusaram a aceiar e, a parir do mo-
meno que a ouviram, volaram para rás e deixaram de segui-Lo (Jo 6.66).
Aqueles que aceiaram a lição coninuaram com Ele. Haviam aprendido o
segredo mais fundamenal do minisério crisão. As palavras exaas de nosso
Senhor foram esas: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não
o rouxer... ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido”
(Jo 6.44, 65). Se Deus mesmo não agir, nada poderemos fazer para razer
uma única pessoa a Criso. Precisamos ter a sua bênção quando pregamos.
ichard Cecil aprendeu esa lição bem cedo em seu minisério e se
ornou um dos mais poderosos pregadores do Avivameno Evangélico, do
século XVIII, na Inglaerra. Eis o seu esemunho:
Certa vez, disse a mim mesmo, na tolice do coração: “Que sermão
oi aquele que o apóstolo Pedro pregou, quando três mil pessoas se
converteram de uma vez!” Que tipo de sermão? Um sermão como
qualquer outro. Não tinha nada extraordinário. O eeito não oi pro-
duzido pela eloqüência de Pedro, e sim pelo grande poder de Deus
que acompanhou sua Palavra. É inútil ouvir um pastor após outro,
ouvir um sermão após outro, se não rogarmos que o Espírito Santo
acompanhe sua Palavra.2
Deus usa homens para levar avane sua causa, mas odo avanço deve ser
aribuído a Ele. Como foi que aquelas primeiras esemunhas obiveram suces-
so em Anioquia da Síria? “A mão do Senhor esava com eles, e muios, crendo,
se convereram ao Senhor” (A 11.21). Por que Lídia foi a única converida
naquela reunião de oração à beira do rio, em Filipos? “O Senhor lhe abriu o
coração para aender às coisas que Paulo dizia” (A 16.14). Como podemos
explicar a conversão imediaa de dezenas de genios e judeus em essalônica?
O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas,
sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção... Outra
razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é
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Autoridade Sobrenatural
que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus,
acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é,
a palavra de Deus, a qual, com eeito, está operando eficazmente em
vós, os que credes” (1 s 1.5, 2.13).
Com Deus, odas as coisas são possíveis. Sem Ele, nada é possível. Dois
mil anos de hisória da igreja revelam que não basa ser um pregador cheio
de alenos ou perfeiamene écnico, embora os dons e o rabalho árduo
não devam ser rejeiados. Muios homens de dons modesos são usados por
Deus para ransformar comunidades ineiras e, às vezes, nações. Em ceras
ocasiões, uma simples senença conquisa os inimigos do evangelho, quando
odos os argumenos falham. Às vezes, a Palavra vem com poder; às vezes,
não. Porano, ao pregar, não devemos depender da qualidade de nossa pre-
gação ou apresenação, embora esas coisas sejam imporanes. emos de
confiar somene em Deus e jamais adoar qualquer abordagem que diminua
nossa dependência dEle.
Paulo nos dá a abordagem correa, quando descreve o seu minisério
em Corino:
Eu, irmãos, quando ui ter convosco, anunciando-vos o testemunho
de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria.
Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este cruci-
ficado. E oi em faqueza, temor e grande tremor que eu estive entre
vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em lin-
guagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito
e de poder, para que a vossa é não se apoiasse em sabedoria huma-
na, e sim no poder de Deus (1 Co 2.1-5).
Unção
Em 1961, deparei-me com um livro que, desde enão, enho lido uma
vez por ano. O livro chama-se Power Trough Prayer (Poder Aravés da
Oração), escrio por E. M. Bounds.3 Junamene com a Bíblia e o Breve Ca-
ecismo de Wesminser, posso dizer que ese livro me influenciou mais do
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Pregação Pura e Simples
que qualquer ouro que já li. Enquano o lia, cheguei ao capíulo iniulado
“Under he Dew of Heaven” (Sob o Orvalho do Céu). Ali, achei coisas que
me assusaram. Esavam além da minha experiência. Eu não podia enender
sobre o que o auor falava. Eis alguns exemplos:
Unção é algo indescritível e indefinível que um antigo e amoso pre-
gador escocês delineou assim: “Às vezes, existe na pregação algo que
não pode ser descrito; não se pode dizer o que é, nem de onde procede.
Mas isso penetra o coração e as aeições, com suave violência; e vem
diretamente do Senhor. Entretanto, se existe uma maneira de obter
isso, tem de ser por meio da disposição espiritual do pregador...”
Esta unção divina é a característica que separa e distingue a verda-
deira pregação evangélica de todos os outros métodos de apresentar
a verdade, e que cria um abismo espiritual entre o pregador que a
possui e aquele que não a possui. Esta unção suporta e impregna
a verdade revelada com toda a energia de Deus. Unção é simples-
mente o colocar-se Deus em sua própria Palavra e em seu pregador...
Amplitude, liberdade, plenitude de pensamento, objetividade e sim-
plicidade de discurso são os futos desta unção...
Esta unção é a capacitação divina pela qual o pregador cumpre os
objetivos peculiares e salvíficos da pregação. Sem esta unção, não há
resultados espirituais. Sem esta unção, os resultados e a orça da pre-
gação são equivalentes aos do discurso não-santificado. Sem unção,
o pregador é tão poderoso quanto o púlpito.
A presença desta unção no pregador cria o estímulo e o ervor em
muitos crentes. Um pregador ensina as mesmas verdades na exati-
dão da letra, mas nenhuma movimentação pode ser vista; nenhuma
dor, nenhuma pulsação pode ser sentida. udo permanece quieto
como um cemitério. Outro pregador vem à igreja, e esta influência
misteriosa está nele: a letra da Palavra é inflamada pelo Espírito, e
os espasmos de um movimento poderoso são sentidos. É a unção que
invade e estimula a consciência, quebrantando o coração. udo se
torna árido, insensível, desagradável e sem vida, quando a pregação
não possui esta unção.
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Autoridade Sobrenatural
Unção! Aé hoje não esou convencido de que esa palavra é o ermo
correo para descrever aquilo sobre o que falou o Dr. Bounds. Mas, sobre o
que ele falou? � essa foi a minha perguna. Naquela época da vida, eu não
inha qualquer experiência dese fenômeno, quer em minha própria vida,
quer na vida de ouros. Não podia imaginar o que o auor inha em mene.
Na primavera do ano seguine, seni que as coisas logo mudariam. Na-
quele empo, eu era um esudane, e minha mãe elefonou-me, pergunando
se eu poderia ir para casa. Havia um homem que ela desejava que eu conhe-
cesse. Ele inha aproximadamene sessena anos. Anes ele rabalhara nas
minas de carvão, porém já fazia mais de vine e cinco anos que era pasor.
Esava pregando em uma semana de reuniões em nossa cidade; e havia algo
sobre ele que mamãe não podia expressar em palavras. Eu enenderia isso, se
o ouvisse pessoalmene. Ela só podia dizer que ouvi-lo era maravilhoso.
Não me foi possível ir para casa e ive de esperar um ano, aé que pude
ouvir a pregação de Hywell Griffihs. Quando me senei no audiório da
igreja Cosheson Mission, enendi finalmene o que era “unção”. Os sermões
do pregador eram exensos, repleos de ilusrações e ransmiidos com amor
e profunda emoção. Mas havia algo mais. Eram acompanhados por uma in-
fluência indescriível. À medida que Hywell Griffihs pregava, o céu vinha à
erra. O mundo invisível era mais real do que o visível. Havia um oque de
glória. Criso era mais precioso do que qualquer pessoa ou coisa do univer-
so. A Palavra vinha com um poder auoconfirmador irresisível. Crer era a
única opção, porque o conrário era indescriivelmene insensao. A única
coisa sábia a fazer era confiar oalmene no Senhor, amá-Lo de odo o cora-
ção, alma, mene e força.
Esas impressões não eram apenas minhas. Após cada sermão, a con-
gregação se assenava em profundo silêncio, dominada pelo absoluo poder
da Palavra. Às vezes, o silêncio era seguido por oração esponânea. Alguns
se converiam a Criso. Muios ouros, como eu, que já eram crenes, eram
mudados para sempre. Haviam experimenado uma pequena prova do que
aconece nos avivamenos, e odos agora sabíamos o que era a “unção”. Eu
nunca mais eria qualquer dificuldade para enender aquilo sobre o que es-
crevera E. M. Bounds!
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Pregação Pura e Simples
Obtendo a unção
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Autoridade Sobrenatural
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Pregação Pura e Simples
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A principal pare dese livro modeso chegou ao final. enei mos-
rar-lhe o que é a pregação e quais os seus ingredienes essenciais. Quero
agradecer-lhe por er lido aé ese pono. Desejo encorajá-lo a ler o resane.
Creio que udo o que eu disse é imporane. Se algum de seus capíulos
fosse reirado, acho que o livro seria defeiuoso e não eria equilíbrio. Mas, se
vocês me pressionassem a dizer quais capíulos considero paricularmene
imporanes nesa hora, eria de indicar os capíulos sobre Exatidão Exegéti-
ca e Autoridade Sobrenatural. Iso é verdade por causa de minhas convicções
a respeio de nossa necessidade ano da Palavra como do Espírio.
enho sessena e dois anos de idade; espero que o Senhor ainda me
dará mais alguns anos de minisério. Aconeça o que aconecer, enho cere-
za de que esou mais próximo do fim de minha vida, e não do seu começo.
Minha súplica especial é que odos os jovens pasores obenham ajuda es-
pecial dese livro e se dediquem ao que ele ensina, pelo menos enquano
esiver em harmonia com as Escriuras. E que o minisério deles seja uma
bênção em qualquer pare do mundo!
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Autoridade Sobrenatural
Exercício
1. Você sene ão profundamene o que esá pregando, que fala em excesso.
Felizmene, a sua esposa lhe advere sobre isso. O que você fará?
2. Explique a um jovem crene ineressado o que os evangélicos êm preen-
dido dizer, em oda a sua hisória, ao usarem o ermo “unção”?
3. Explore a conexão enre a oração e a “unção”.
Noas:
1 B�����, ichard. Te reormed pastor (em poruguês, O pastor aprovado , Ediora PES).
Edinburgh: Te Banner of ruh rus, 1974. p. 148.
2 Ciado por B������, Charles. Te christian ministry. London: Te Banner of ruh rus,
1958. p. 79.
3 B�����, E. M. Power through prayer. World-wide Circulaion Ediion. London: Mar-
shall Morgan & Scot. odas as ciações foram reiradas do Capíulo 10, p. 43, ss.
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Parte 3
Sugestão de um Método de
Preparação de Sermões
Sugestão de um
Método de Preparação
de Sermões
• Pare
• Fique em silêncio absoluo na presença do Senhor.
• ecorde qual é a sua arefa. Você deve glorificar a Deus, por levar in-
crédulos a se ornarem crenes e crenes fracos a se ornarem fores.
• É verdade que iso é feio por meio da exposição e da aplicação da
Palavra de Deus. Porano, você não é primariamene um preparador
de sermões, e sim um insrumeno de azer santos.
• É essencial que, durane odo o seu preparo, você enha iso sempre
diane de si.
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Sugestão de um Método de Preparação de Sermões
3. Comece a escrever
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Sugestão de um Método de Preparação de Sermões
• Ao preparar suas anoações, almeje er clareza, anes de qualquer ou-
ra coisa. As anoações devem ser de leiura fácil.
• Escreva com leras grandes � ou digie.
• Escreva somene em um dos lados do papel.
• Numere as páginas.
• Sublinhe em vermelho os ponos principais e, se houver subponos,
sublinhe-os em azul ou verde.
• De joelhos, novamene, ore ao seu Deus a respeio das anoações er-
minadas. Iso é mil vezes melhor do que ensaiar a mensagem!
• Na primeira vez, ore em favor de cada linha da mensagem, pedindo
que possa arair a aenção das pessoas ao Deus riuno e levá-las a nu-
rir pensamenos sublimes a respeio dEle.
• Na segunda vez, ore em favor de cada linha, pedindo que raga o
não-converido a Criso e faça o converido crescer na graça e no co-
nhecimeno.
• Ese empo de oração alvez o moive a fazer alerações nas anoações
concluídas. Não hesie em fazer iso. Suas anoações não são infalí-
veis, nem sagradas.
• Coninue de joelhos. Escolha os salmos e os hinos. Organize odos os
ouros dealhes concernenes à ordem do culo.
• O culo deve ser uma oalidade. udo que consiui o culo deve es-
ar a serviço e enfaizar o pensameno predominane (ou a “grande
idéia”) que será proclamada na mensagem.
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Noas
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