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Platão; NUNES, Benedito (coord.). A República: (ou: sobre a Justiça. Gênero político).
Tradução de Carlos Alberto Nunes. 3. ed. rev. Belém: UFPA, 2000. 470 p. Disponível em:
http://livroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/100. Acesso em:.
Essa obra de Platão é constituída por 10 livros, cujo universo justiça em prol de uma cidade
ideal é abordado num diálogo , através de figuras , personificada por questionamentos
enriquecendo o tema em sequências de raciocínio e pensamento.
No livro II tem a especificidade de nós trazer a luz o início do debate, em que:
"Executando o duplo papel de narrador e de personagem-ator , que desempenha do princípio
ao fim de A república, elaborada no gênero misto, de narrativa dialogada ou de diálogo
narrado, Sócrates detem-se na figura do sofista Trásimaco. De grande efeito retórico , a rápida
descrição que se segue e prolonga , como num suspense , a interferência de Trásimaco,
portador de uma ideia nova , até ali impedido de se manifestar." (NUNES, 2000, P. 9-10).
"A coerência da construção platônica, no plano filosófico de A República - a sua ordem lógica
como concepção de mundo - corresponde à congruência da construção da Pólis - sua ordem
axiologica , no plano moral e político do diálogo ."(NUNES, 2000, P. 27).
Almejamos nestes diálogos um caminho para o alcance dessa cidade ideal , um embate
coletivo, democrático , algo justo a ser ensinado? Ou seria injusto por fazer a memória
esquecer um projeto platônico que faça-nos despertar cada dia, a minimizar nossas mazelas de
cunho social?
Nessa primeira proposta tomamos como fator principal, o mito do anel de Giges:, segundo
República II, 362a:
"O que importa não é ser , porém parecer justo."
E nesse sentido que a educação não nos prepara para evitar a violência. Sendo que os
preceitos de justiça e injustiça é fator dependente de quem estabelece a sentença. Já que nem
mesmo os deuses conferem tal distinção, de acordo com República II, 364e-365a:
"... conforme alegam, e com cujas regras organizam ritual do sacrifícios, o que lhes permite
convencer não apenas particulares, como até mesmo cidades inteiras, de que é possível a
reparação e purificação de qualquer crime por meio de sacrifícios e folguedos por eles, tanto
em vida como depois de morto. A essa cerimônias dão o nome de expiação, atribuindo-lhes o
poder de livrar-nos dos tormentos do outro mundo. A negligência de tais práticas acarreta
terríveis sofrimentos."
Reforçando tais conceitos no decorrer do diálogo , República II, 365c: "...por conseguinte, visto
proclamarem os sábios que a aparência manda na verdade e dirige a felicidade é para esse
lado que deverei voltar-me. À guisa de vestíbulo e fachada, vou traçar ao redor de mim mesmo
um simulacro da virtude, porém arrastarei atrás de mim a sutil e astuciosa raposa do
sapientismo aquilo porém já ouço alguém observar não ser fácil ao malvado ficar despercebido
muito tempo..."