Neste livro V de A República, Sócrates discute o lugar das mulheres e crianças na cidade ideal, sugerindo que as naturezas masculinas e femininas são iguais. Ele também defende a educação comum de crianças desde cedo e a separação das "bastardas". Sócrates argumenta que os sentimentos individuais devem ser compartilhados para o bem comum da cidade.
Descrição original:
Resenha de Elizete WAUGHAN DA SILVA - A República - Platão
Neste livro V de A República, Sócrates discute o lugar das mulheres e crianças na cidade ideal, sugerindo que as naturezas masculinas e femininas são iguais. Ele também defende a educação comum de crianças desde cedo e a separação das "bastardas". Sócrates argumenta que os sentimentos individuais devem ser compartilhados para o bem comum da cidade.
Neste livro V de A República, Sócrates discute o lugar das mulheres e crianças na cidade ideal, sugerindo que as naturezas masculinas e femininas são iguais. Ele também defende a educação comum de crianças desde cedo e a separação das "bastardas". Sócrates argumenta que os sentimentos individuais devem ser compartilhados para o bem comum da cidade.
Sócrates continua a tratar das formas de governo possíveis na cidade, ressaltando
que quatro não são virtuosas e uma única o é. Seguindo com sua analogia entre cidade e alma, afirma então existirem 5 modos do ser da alma. No entanto, Adimanto retoma a questão das mulheres e das crianças na cidade defendendo que não é possível pensar uma forma de governo antes de esclarecer tais questões. Assim sendo, neste Livro V Sócrates retorna assuntos de diversos livros anteriores que concernem à educação, às virtudes, às qualidades de um governante, entre outras características para elucidar, com muita dificuldade devido aos valores da época, o lugar das mulheres e das crianças nessa cidade perfeita. Buscando ultrapassar valores preestabelecidos da época, Sócrates sugere uma investigação sobre a natureza dos homens e das mulheres, o que não ocorria até então para justificar preconceitos estabelecidos e aceitos concernentes aos dois sexos. No que é referente às funções, eles chegam ao consenso de que as naturezas são iguais, existindo mulheres mais hábeis à guerra que certos homens, assim como o contrário, na medida do possível e real. Uma vez que uma mulher que tende a ter uma natureza virtuosa, se bem conduzida e educada, desempenhará sua função melhor que qualquer homem que não seja dessa natureza. O que condiciona a cidade a um bem maior do que se apenas os homens fossem educados. Concluem, pois, que a administração da cidade vigente à sua época é mais contra a natureza do que a cidade proposta por Sócrates. Já se pronunciando quanto às crianças, ele afirma que deve-se cuidar bem da educação a elas destinada, desde o nascimento, sendo necessário separar as crianças bem formadas fisicamente e espiritualmente, das que ele denomina “bastardas” ou com deficiências físicas, para que estas não prejudiquem o desenvolvimento mais perfeito daquelas. Além de educá-las desde cedo para a guerra. Visando o bem comum a todos, ou seja, à cidade, Sócrates afirma que o sentimento de posse do indivíduo particular deve ser compartilhado, ou expandido, o que “é meu” ou “não é meu” assim o é para a cidade como um todo. O que significa dizer que o que é da cidade é comum a cada indivíduo, e cada um cuida dele como se fosse seu, mas tendo consciência que é seu, pois é da cidade. Assim sendo, a alegria e a tristeza seria comum a todos, o que colabora para a mais perfeita administração da cidade, a legislação de boas leis. Com relação a isso, Sócrates recorre ao modo como se denominam os governantes e governados nas cidades justas e nas injustas para demonstrar que naquela as relações de família devem ser seguidas e respeitadas de modo mais amplo e abrangente entre os governantes, e que estes, por serem sábios, aceitam cuidar da cidade porque conhecem a necessidade e se submetem a sua função. Já nos cidadãos, essas relações se dão de modo mais próximo do vigente, no qual os casórios são escolhidos pelos governantes de modo a manter controlada a procriação das “naturezas mais inferiores” e o tamanho ideal da cidade, de tal forma que os cidadão acreditem que esse casório se dá por fruto do destino. Discorrem também como educar as crianças para a guerra, o que desemboca na discussão sobre discórdia e guerra. Sendo a primeira um conflito entre gregos, e a segunda entre gregos e bárbaros. E, por fim, concluem que deve-se punir os gregos que estiverem equivocados numa discórdia, com a restrição de alimentos, para que possam refletir e retomar a aliança com seus irmãos. Mas com relação aos bárbaros, estes os fazem de escravos, ou se mortos na guerra, permitem que os inimigos enterrem seus corpos, para bem servir de exemplo na formação do respeito aos seus heróis de guerra que podem morrer, mas que devem ser bem honrados pelo seu povo. Questionado, então, se é possível essa cidade perfeita, Sócrates inicia seu raciocínio com relação à ação e a palavra, a ideia. Apoiando-se na afirmação de que esta é mais perfeita que aquela, logo: mais verdadeira, ele defende que o verdadeiro é o ideal. Portanto, que a cidade mais perfeita é a cidade que mais se assemelha á cidade ideal, não sendo obrigatoriamente idêntica à ela, mas semelhante na medida do possível. O que faz dessa cidade uma realidade possível. E continua, afirma que o primeiro passo para avançar rumo à cidade perfeita é necessário o filósofo como Rei, e para superar o ridículo com o qual é recebido pelos demais, ele distingue o verdadeiro filósofo, que é amigo do saber ( que ama o saber), do amigo da opinião, que se baseia em opiniões e se serve da aparência das coisas, e não conhece em essência cada coisa, como fazem o verdadeiros filósofos. Distinguindo então o que ridiculariza a filosofia e o que ela é em verdade, restaurando sua plenitude. Neste livro, é evidente os limites da cultura em que Platão está inserido, como a cultura espartana de separar as crianças que não servem para a guerra das mais propensas fisicamente. Porém, eles se mostra bem despido de certos preconceitos concernentes às mulheres, pois propõe algo que até a contemporaneidade se discute, em instancias diferentes, mas que conservam a mesma essência: a natureza da mulher e a natureza do homem, suas convergências, divergências e limitações. Para além disso, é exemplar como ele costura detalhes fundamentais para a elaboração da cidade mais justa quando revela que a necessidade que todos se compadeçam dos sofrimentos e das alegrias, num todo comum, para que o interesse particular coincida e incida sobre interesse comum da cidade, ou seja, no mais supremo bem. No entanto, as quatro formas de governos que se destacam entre as formas de governo do vício não são ilustradas como sugerido no início do capítulo.
Referências bibliográficas
Platão. A República. Tradução, introdução e notas de Eleazar Magalhães Teixeira.