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Após uma primeira investigação sobre a justiça de um homem, Sócrates propõe

recorrer a algo maior, uma cidade, a fim de aí enxergar melhor a justiça. Ele sugere
assistir, através do discurso, ao nascimento de uma cidade, a fim de ver também
nascerem a justiça desta.
Platão discorre sobre uma cidade ideal, a "Kallipólis" (cidade bela), desde sua origem,
divisão de trabalho, definição de função de cada habitante, como deveriam ser
educadas as crianças, entre outros detalhes.
Platão acredita que o Estado surge da necessidade do homem de viver em sociedade,
do fato de não sermos auto-suficientes, ou seja, de dependermos um do outro para
sobreviver, forçando os homens a se agruparem a fim de satisfazer essas necessidades.
Então, o principal fator que daria origem a sociabilidade do indivíduo e a organização
da sociedade seria o fator econômico.
A partir disso o autor começa a descrever as relações de necessidade que guiarão a
organização, desenvolvimento e crescimento da cidade. Seria essencial homens que
provessem as necessidades materiais, pessoas responsáveis pela guarda e defesa da
cidade e também aqueles que saberiam governar adequadamente, os chamados por
Platão de Reis-Filósofos.
Platão aspirava a construção de uma República que fosse um Estado ideal, organizado
segundo as leis da justiça e da harmonia, cidade na qual cada habitante deveria
preencher uma função precisa e específica, buscando o melhor modo de vida. Nela, o
ser humano não só viveria de forma digna, mas realizaria seu potencial como humano.
A criação do projeto político de Platão teve origem nas decepções do filósofo com os
modelos de governo baseados na democracia e nas ações dos governantes de seu
tempo. O ponto culminante dessa criação foi a condenação e morte de Sócrates, o
qual Platão admirava muito.
Isso o levou a decisão de que a democracia deveria ser destruída para ser substituída
pelo governo dos mais sábios. Votar em um líder parecia arriscado para ele, pois os
eleitores eram facilmente influenciados por características irrelevantes, o povo não
percebia as qualificações necessárias. O objetivo da cidade imaginada por Platão, seria
justamente corrigir as falhas da pólis ateniense.
A melhor forma de governo, sugere Platão, é a aristocracia, uma aristocracia por
mérito, ou seja, o governo exercido pelas pessoas melhores e mais sabias do Estado.
Destacando sempre que o bom governo é aquele que governa para o povo e não para
si, tendo sempre em vista propiciar meios que leve os cidadãos ao bem em si.
A função do Estado, segundo Platão, deve ser conduzir todos os cidadãos ao
conhecimento do verdadeiro Bem, onde a sociedade compreende e aceita a política
que conduz seus caminhos, e entenda o seu papel político e social e, acima de tudo, de
que não há outra opção a seguir senão os caminhos da ética, que gera a plenitude da
cidade pretendida. Dentre os fatores propiciadores do bem-estar social estão a ética e
a justiça, para a formação integral de um cidadão virtuoso.

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