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IV OLIMPÍADA BRASILEIRA DE ECONOMIA

OBECON-2021

SEGUNDA FASE
GABARITO E GUIA DE CORREÇÃO

Componentes de Avaliação

Dentro do escopo da Segunda Fase, os pesos relativos são:

● [5%] Tarefa prévia de criar sua própria questão objetiva, com entrega até 23:59 da
véspera da prova (2,5% por entrega atrasada, 0 por não-entrega ou entrega inválida)
● [25%] Questões objetivas (10 no total = 2,5% cada)
● [70%] Questões dissertativas (06 no total = 11,66% cada)

A Segunda Fase corresponde a 45% do resultado total do participante na OBECON.

A pontuação para classificação para a Terceira Fase, chamada de Resultado Acumulado, é


calculada pela seguinte fórmula:

0,1 × 1𝐹𝑎𝑠𝑒 + 0,45 × 2𝐹𝑎𝑠𝑒


𝑅𝑒𝑠𝐴𝑐𝑢𝑚 = 0,55
, 1𝐹𝑎𝑠𝑒 = 2, 5 × 𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑒𝑟𝑡𝑜𝑠

Os valores estão na base 100.


Gabarito (Objetivas)
Disposição das Questões entre Versões

Objetivas
Nome x No Risco e Nem Mercado
Versão Viés de Indo à longo recomp Robinson tanto de Contas Batalhas
Leilões seleção Lua prazo... ensa Crusoé... ao céu.. trabalho nacionais de rap...
Base
(ATENA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
BABEL 1 3 2 4 5 6 7 8 10 9
ENKI 1 3 2 4 5 6 7 8 10 9
NABU 1 3 2 4 5 6 7 8 10 9
ODIN 1 2 3 5 4 6 8 7 9 10
SUMÉ 1 2 3 5 4 6 8 7 9 10
TOT 1 2 3 5 4 6 8 7 9 10

Base (ATENA) BABEL, ENKI, NABU ODIN, SUMÉ, TOT


1. d 1. d 1. d
2. c 2. a 2. c
3. a 3. c 3. a
4. b; e* 4. b; e* 4. b
5. b 5. b 5. b; e*
6. e 6. e 6. e
7. d 7. d 7. b
8. b 8. b 8. d
9. e 9. c 9. e
10. c 10. e 10. c

* Ver Julgamento de Recursos.

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Guia de Correção (Dissertativas)
Disposição das Questões entre Versões

Dissertativas
Nome da Fechando Contato ótimo Externali Análise de O fantasma Um micróbio
Questão x negócio dade investimentos de Malthus muito
Versão ouriçado
Base
(ATENA) 1 2 3 4 5 6
BABEL 1 3 2 5 4 6
ENKI 1 2 3 5 4 6
NABU 1 3 2 4 5 6
ODIN 1 3 2 5 4 6
SUMÉ 1 2 3 5 4 6
TOT 1 3 2 4 5 6

Neste Guia, as questões estão ordenadas conforme a prova-base ATENA.

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Fechando negócio
Autor: Felipe Shalders (FEA-USP)

a) [25%] Não haverá troca pois Ana sabe que não há como ela aumentar o valor
recebido ao aceitar a troca.

O argumento acima vale pontuação plena. Argumentos que usam o valor no


envelope de Beto são incorretos e recebem zero.

b) [75%] Pelo argumento acima, nenhum jogador aceitaria trocar quando receber o
envelope com 100 reais. Antecipando que o outro só aceita trocar quando o outro
envelope tem 50 reais ou menos, ninguém aceita trocar quando o próprio envelope
tem 50 reais. Continuando desta forma, os jogadores só aceitam trocar quando
𝑥 = 𝑦 = 1.

Note que a resposta “nenhum par (𝑥, 𝑦)” também é um equilíbrio de Nash e também
deve ser considerada uma resposta correta - apesar do enunciado dizer “pode ser
aceita”.

Uma resposta correta vale 15%. O raciocínio e a justificativa valem 60%.

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Contrato ótimo
Autora: Gabriela do Couto Fonseca (EESP-FGV)

a) [10%] π = 0, 8(500 − 𝑤ℎ) + 0, 2(0 − 𝑤𝑙).

500 500
b) [20%] 0, 8(7 − 𝑤ℎ
− 1) + 0, 2(7 − 𝑤𝑙
− 1) ≥ 0. Não será descontada nota de quem
apresentar uma desigualdade estrita.

500 500 500 500


c) [30%] 0, 8(7 − 𝑤ℎ
− 1) + 0, 2(7 − 𝑤𝑙
− 1) ≥ 0, 6(7 − 𝑤ℎ
) + 0, 4(7 − 𝑤𝑙
) ou
500 500 100 100
𝑤𝑙
− 𝑤ℎ
≥ 5, que simplifica para 𝑤𝑙
− 𝑤ℎ
− 1 ≥ 0. Não será descontada nota de
quem apresentar uma desigualdade estrita.

d) [40%] Assumindo que a restrição de incentivo vai valer com igualdade, nós podemos
substituir na restrição de participação e obter

500 500
0, 8(7 − 𝑤𝑙
+ 5 − 1) + 0, 2(7 − 𝑤𝑙
− 1) ≥ 0
que simplifica para

500
10 − 𝑤𝑙
≥0

Como o gerente quer minimizar 𝑤𝑙, ele deve escolher 𝑤𝑙 = 50. A restrição de incentivo
então nos dá 𝑤ℎ = 100. Em termos de um salário fixo mais um bônus sobre vendas, temos
um salário fixo de 50 e um bônus de 50 pela venda.

OBECON-2021 5
Externalidade
Autora: Gabriela do Couto Fonseca (EESP-FGV)

a) [25%] A firma A precisa ser uma firma que gera uma externalidade negativa e a
firma B precisa absorver o custo gerado pela firma A. Por exemplo, a firma A pode
ser uma indústria que polui um rio e a B um pescador ou a firma A pode ser uma
boate que causa barulho e afasta clientes da firma B, um restaurante chique.

b) [25%] A firma A resolve


2
𝑀𝑎𝑥𝑞𝑎π𝐴 = 𝑝𝐴𝑞 − 1, 5𝑞𝐴
𝐴

*
e, com 𝑝𝐴 = 1 (dado no enunciado), escolhe𝑞𝐴 = 1/3.

Dado o nível de produção da firma A, a firma B resolve:


2 2
𝑀𝑎𝑥𝑞𝑎π𝐴 = 𝑝𝐵𝑞 − 2𝑞𝐵 + (1/3)
𝐵

*
e, com 𝑝𝐵 = 1 (dado no enunciado), escolhe𝑞𝐵 = 1/4.

Todas formas matematicamente corretas para calcular o máximo de uma função


quadrática serão igualmente aceitas (p.ex.: valor médio das raízes; uso da fórmula
𝑥𝑣 =− 𝑏/2𝑎; derivar e igualar a zero).

c) [25%] O problema associado a este nível de produção é que este não incorpora os
custos impostos à firma B, trata-se, portanto, de um problema de externalidade
negativa de produção. Com isso, o custo social associado à produção de A é maior
do que o custo privado, o que leva a produção da firma A a ser maior do que
socialmente desejado.

d) [25%] Respostas aceitáveis: impostos sobre a produção, fiscalização com teto sobre
a produção, obrigar a fusão das firmas (lista não exaustiva). Cada resposta aceitável
vale 12,5%.

OBECON-2021 6
Análise de investimentos
Autor: Luiz Eduardo Tojal

a) [25%]: Um 𝑉𝑃𝐿 > 0 implica que o projeto tem uma rentabilidade maior que a taxa
mínima de atratividade [pontua 10%]. Isso significa que o projeto é viável do ponto de
vista financeiro [pontua 15%].
b) [15%] Aplicando os valores fornecidos na tabela à fórmula fornecida da 𝑇𝐼𝑅,
obtemos:
2 −4,6 2,64
0 = 𝑉𝑃𝐿 ⇒ 0 = 0 + 1 + 2
(1+𝑇𝐼𝑅) (1+𝑇𝐼𝑅) (1+𝑇𝐼𝑅)

2
Multiplicando ambos os lados por (1 + 𝑇𝐼𝑅) /2, obtemos:

2 1
0 = (1 + 𝑇𝐼𝑅) − 2, 3(1 + 𝑇𝐼𝑅) + 1, 32

Pela fórmula quadrática, o valor de 𝑇𝐼𝑅 é 10% ou 20%. As resoluções que não
mencionarem as duas taxas devem ser consideradas erradas.

c) [20%] Devem ser aceitas duas desvantagens da 𝑇𝐼𝑅, mencionar qualquer uma delas
é suficiente para obter nota completa:
● A 𝑇𝐼𝑅 não é definida com base em uma função;
● É possível haver mais de uma 𝑇𝐼𝑅 para um mesmo fluxo de caixa.
𝑁 𝐹𝐶𝑛
d) [40%] Pela definição de 𝑇𝐼𝑅, sabemos que: ∑ 𝑛 = 0. Por manipulação
𝑛=0 (1+𝑇𝐼𝑅)
algébrica, obtemos (Obs.: omitimos os índices dos somatórios por simplicidade, mas
eles sempre indicam a soma dos termos de 0 até 𝑁):

𝐹𝐶𝑛 𝑅𝑛−𝐶𝑛 𝑅𝑛 𝐶𝑛
∑ 𝑛 = 0⟺ ∑ 𝑛 = 0⟺ ∑ 𝑛 =∑ 𝑛
(1+𝑇𝐼𝑅) (1+𝑇𝐼𝑅) (1+𝑇𝐼𝑅) (1+𝑇𝐼𝑅)

Dividir os dois lados pelo valor presente dos custos é correto, pois ele é com certeza
diferente de zero. Sabemos isso pois, por hipótese, a 𝑇𝐼𝑅𝑀está definida para esse
fluxo de caixa. Assim, temos que:

OBECON-2021 7
Pela definição de 𝑇𝐼𝑅𝑀 e usando a hipótese que 𝑇𝐼𝑅 = 𝑖𝑚 = 𝑖𝑓,

Com manipulação algébrica e usando propriedade de expoentes, temos:

Aplicando a identidade (𝐼) obtida anteriormente à equação, temos:

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O fantasma de Malthus
Autor: Guilhermo Cutrim Costa

Parte 1 - A flecha de Apolo

a) [10%]:

[5%] Note que a força de trabalho 𝐿 é proporcional ao tamanho da população 𝑁, e,


consequentemente, 𝐿 = 𝑘𝑁. A renda média é 𝑦 ≡ 𝑌 / 𝐿. Respostas que usam
𝑦 ≡ 𝑌 / 𝑁 também devem ser aceitas.
1−α
[5%] Consequentemente, 𝑦 ∝ 𝐴 (𝑇 / 𝐿) . Como α ∈ (0, 1), 𝑦 é uma função
decrescente de 𝐿, e portanto a renda média cai quando a população aumenta.

b) [10%] Uma queda na população leva a um aumento na renda média em uma


economia agrária, como vemos no modelo do item (a). (Argumentos baseados em
retornos marginal decrescente também devem ser aceitos.)

Parte 2 - Prometeus acorrentado por Afrodite

c) [10%] 𝐷(𝑦) deve ser uma função decrescente. Não é necessário justificar, mas
argumentos baseados em nutrição e em acesso a médicos podem ser usados para
explicar essa relação.
d) [10%] 𝐵(𝑦)é crescente de acordo com Malthus. Não é necessário justificar. Deve ter
intersecção única com 𝐷(𝑦).

Parte 3 - A maldição de Asclépio

e) [15%] Como descrito no enunciado, a agricultura japonesa conseguia produzir mais


bens e serviços do que a inglesa usando os mesmos fatores de produção. Isso é
explicado por uma produtividade 𝐴 maior em Kyōtō do que em Londres.
f) [15%] Seja 𝐷𝐿(𝑦) a curva para Londres e 𝐷𝐾(𝑦)a curva para Kyōtō. Na cidade mais
limpa, a mortalidade deve ser menor, e portanto 𝐷𝐾(𝑦) < 𝐷𝐿(𝑦).
g) [30%] Suponhamos que a curva 𝐵(𝑦) é a mesma em Londres e em Kyōtō.
Eventualmente, a população chega em um equilíbrio, tal que 𝐵(𝑦) = 𝐷(𝑦). Como
𝐷𝐾(𝑦) < 𝐷𝐿(𝑦), a renda média no equilíbrio satisfaz 𝑦𝐾 < 𝑦𝐿. A produtividade maior
não tem efeito na renda média, mas a diferença no saneamento reduz a renda por
permitir uma população maior.

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Um “micróbio” muito ouriçado
Autor: Tomás Aguirre Lessa Vaz (OBECON)

a) [20%] Pontua 10% para cada razão corretamente apontada. Pontua 5% caso a razão
for tangente. Algumas possíveis respostas (lista não exaustiva):

● Queda da produtividade total dos fatores.


● Redução da oferta de insumos básicos em muitos setores, como petróleo e
minério de ferro (em economias dependentes de importação desses
insumos).
● Aumento do custo do trabalho.
● Expectativa de aumento do nível de preços.
● Aumento do fardo regulatório.
● Outras respostas podem ser aceitas a depender de julgamento com base no
Syllabus.

Referências: Capítulo 31 do Introdução à Economia, do Mankiw (Segunda tiragem). Capítulo 12 de


Macroeconomia, do Mankiw (Terceira edição).

b) [20%] Pontua 10% para cada razão corretamente apontada. Pontua 5% caso a razão
for tangente. Algumas possíveis respostas (lista não exaustiva):

● Política fiscal contracionista, com redução de gastos do governo e/ou


aumento de impostos.
● Política monetária contracionista, com aumento da taxa básica de juros,
aumento nas reservas bancárias requeridas e/ou compra de títulos no
mercado aberto.
● Piora na expectativa de crescimento econômico, reduzindo investimento e/ou
consumo.
● Outras respostas podem ser aceitas a depender de julgamento com base no
Syllabus.

Referências: Capítulo 31 do Introdução à Economia, do Mankiw (Segunda tiragem). Capítulo 9 e 10


de Macroeconomia, do Mankiw (Terceira edição)

c) [60%] A resposta dessa pergunta é razoavelmente aberta.

Caso o participante responda que a crise do COVID foi causada por ambos os
choques, é preciso justificar em ambos os casos, cada uma das justificativas valendo
30%. Apontar razões corretas dão 10% de cada parte. A qualidade da
argumentação corresponde aos restantes 20% Caso responda que foi devido
primordialmente a um choque na demanda agregada, é necessário justificar tanto
isso quanto o porquê o choque na oferta agregada é menos significante. Mutatis
mutandis caso responda que foi primordialmente causada por um choque na oferta
agregada.

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Algumas possíveis respostas para dizer que a crise foi significativamente causada
por um choque na oferta agregada (lista não exaustiva):

● Choque na produtividade, com trabalhadores e empresas tendo que


rapidamente se adaptar ao trabalho virtual.
● Queda na oferta de trabalho com lockdown com medidas de isolamento
social.
● Outras respostas podem ser aceitas a depender de julgamento com base no
Syllabus.

Algumas possíveis respostas para dizer que a crise NÃO foi significativamente
causada por um choque na oferta agregada (lista não exaustiva):

● Falta de expectativa de aumento de nível de preços.


● Flexibilização de contratos de trabalho.
● A pandemia e o trabalho virtual podem incentivar a inovação.
● Outras respostas podem ser aceitas a depender de julgamento com base no
Syllabus.

Algumas possíveis respostas para dizer que a crise foi significativamente causada
por um choque na demanda agregada (lista não exaustiva):

● Incerteza econômica reduz investimento das firmas e consumo das famílias.


● Maior dificuldade suavizar o consumo devido a restrições de crédito, o que
aumenta efeito multiplicador no choque negativo na curva de demanda
agregada.
● Tendência às economias se isolarem, reduzindo exportações.
● Outras respostas podem ser aceitas a depender de julgamento com base no
Syllabus.

Motivos para dizer que a crise NÃO foi significativamente causada por um choque na
demanda agregada (lista não exaustiva):

● Política fiscal expansionista em resposta, mitigando a crise.


● Política monetária expansionista em resposta, mitigando a crise.
● Outras respostas podem ser aceitas a depender de julgamento com base no
Syllabus

Parabéns por ter aceitado o desafio! Sabemos que a prova não foi fácil.
Comissão Organizadora da OBECON

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