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3 Desenvolvimento de Lithothamnium sp para o Semiárido Irrigado:


4 granulometria, doses e via de aplicação na cultura do Tomate
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6 RESUMO:A granulometria e a via de aplicação de Lithothamnium sp influencia a resposta
7 agronômica do tomateiro. Com objetivo de desenvolver um produto a base de Lithothamnium
8 sp para uso na cultura do tomate em condições semiáridas, instalou-se um ensaio na fazenda
9 experimental do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sertão Pernambucano,
10 Campus Petrolina Zona Rural. Os tratamentos resultantes do arranjo em parcelas
11 subsubdividida de duas granulometria de Lithothamnium (G1 e G2), com seis doses do
12 produto (0; 5; 10; 15; 20; 30 L.ha-1) aplicadas via solo e com seis doses (0; 0,5; 1; 2; 4; 6 L.
13 há-1) aplicadas via foliar quinzenal, no período de brotação, foram distribuídos em blocos
14 casualizados, com três repetições. Aos 75 dias após o transplantio foram avaliadas as
15 variáveis: número de frutos, peso médio de frutos, produtividade total, pH, sólido solúveis
16 totais, acidez total titulável, macro e micro nutrientes no fruto. Nas condições experimentais
17 concluiu-se que a granulometria do produto influência a largura, teores de cálcio, fósforo,
18 potássio, nitrogênio e manganes nos frutos de tomate, com respostas diferentes em função da
19 via de aplicação e das doses aplicadas; ocorre interação entre granulometria e via de aplicação
20 sendo alçandos melhores resultados com a aplicação de Lithothamnium de 1200 mesh via
21 solo; há interação entre via de aplicação e doses aplicadas, sendo recomendado a aplicação de
22 5,0 kg.ha-1 via solo.
23 Palavras-chave: algas vermelhas, cálcio marinho, manejo do tomateiro.
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25 Development Lithothamnium sp for the Semi-Arid Irrigated: particle size,
26 dose and route of administration in tomato culture
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28 ABSTRACT: The particle size and the way of application Lithothamnium spp influences the
29 agronomic response of tomato. In order to develop a product based on Lithothamnium sp for
30 use in tomato crop in semi-arid conditions, a test was installed at the experimental farm of the
31 Federal Institute of Science Education and Technology Sertão Pernambucano, Campus
32 Petrolina Rural Zone. Treatments resulting arrangement in a split-split plot two particle size
33 of Lithothamnium (G1 and G2) with six doses of the product (0; 5; 10; 15; 20; 30 L.ha-1)
34 applied to soil and six doses ( 0, 0.5, 1, 2, 4, 6 L. there-1) applied via biweekly foliar, the
35 budding period, they were distributed in randomized block design with three replications.
36 After 75 days after transplanting the variables were evaluated: number of fruits, average fruit
37 weight, total productivity, pH, total soluble solid, titratable acidity, macro and micro nutrients
38 in the fruit. Under the experimental conditions it was found that the granulometry of the

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41 product influence the width, calcium, phosphorus, potassium, nitrogen and manganese in
42 tomato fruits, with different responses route of application and the function of applied dose;
43 interaction occurs between particle size and application route being alçandos best results with
44 application of Lithothamnium 1200 mesh in the soil; there is interaction between route of
45 application and doses applied, and recommended the application of 5.0 kg ha-1 in the soil."
46 KEYWORDS: red algae, marine calcium, management of tomato.
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48 INTRODUÇÃO
49 O Brasil é responsável por certa de 3% da produção mundial de tomate (FAO, 2012),
50 onde o maior produtor interno é o Estado de Goiás com 20,8% da produção total(IBGE,
51 2015). Entre os principais problemas que afetam a produtividade e a qualidade do tomate esta
52 o fundo preto ou podridão apical, que é um distúrbio fisiológico associado com deficiência de
53 Ca no tecido vegetal. Isto pode ser solucionado com a aplicação de biofertilizantes ricos em
54 Ca, em forma assimilável pelas plantas.
55 Esses extratos já vêm sendo utilizados na agricultura com diversas finalidades:
56 promover um balanço nutricional equilibrado, condicionante de solo atuação nos processos
57 fisiológicos em diferentes fases de crescimentos das plantas, aumento da defesa imunológica,
58 e equilíbrio da qualidade e quantidade da produção.
59 As alga marinha calcária (Lithothamnium sp), com teor de 32% de Cálcio, 2% Mg e 1%
60 de sílica surge como alternativa promissora para solucionar os problemas supracitados nas
61 cultura do tomate.
62 A alga marinha calcária, Lithothamnium, absorve os abundantes minerais do ambiente
63 marinho transformando os componentes químicos em compostos orgânicos, que são de fácil
64 absorção pelos organismos vivos. As pesquisas cientificas comprovam sua importância como
65 fertilizante orgânico usado na agricultura. O “Lithothamnium sp” reage com o solo de forma
66 imediata, corrigindo seu pH, podendo ser utilizado em misturas com os fertilizantes NPK,
67 dispensando calagem mineral prévia. O Cálcio Orgânico Marinho é rico em Ca, Mg, B, S,
68 Mn, Cu, I, Mo, Co e Cr, e muitos outros elementos de vital importância para a agricultura.
69 Além disso, a riqueza de minerais e a porosidade do “Lithothamnium sp” ocasionam um
70 rápido reequilíbrio físico-químico do solo, tornando-o mais fértil.
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74 Um dos problemas da utilização do produto na cultura do tomate é falta de informação
75 sobre via de aplicação, granulometria e doses adequadas.
76 O objetivo deste trabalho foi determinar a via de aplicação, a granulometria e a dose
77 ótima de Lithothamnium sp para cultura do tomate.
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79 MATERIAL E MÉTODOS
80 O trabalho foi instalado na fazenda Experimental do Instituto Federal de Educação
81 Ciência e Tecnologia, Campus Petrolina Zona Rural, situada na BR 235, km 22, Zona Rural
82 da cidade de Petrolina, latitude 09º23'55"sul e longitude 40º30'03"oeste. A região apresenta
83 clima do tipo BSwh’, semiárido, segundo a classificação de Köeppen, valores médios anuais
84 de temperatura do ar = 26,5 °C, precipitação pluvial = 541,1 mm, umidade relativa do ar =
85 65,9%.
86 O solo foi classificado como Argissolo Amarelo (EMBRAPA, 2006). Antes da
87 instalação dos ensaios foram coletadas amostras de solo nas camadas de 0-20 e 20-40 cm para
88 fins de caracterização química (EMBRAPA, 1997) (Tabela 1).
89 Os tratamentos resultantes do arranjo em parcelas subsubdivididas de duas
90 granulometria de Lithothamnium (G1 e G2), com duas vias de aplicação V1 (via solo) e V2
91 (via solo+folha) e com seis doses do produto (0; 5; 10; 15; 20; 30 L.ha-1) aplicadas via solo e
92 seis doses (0; 0,5; 1; 2; 4; 6 L. há-1) aplicadas, quinzenalmente, via foliar, no período de
93 brotação, foram distribuídos em blocos casualizados, com três repetições.
94 Fez-se o preparo do solo e a adubação de fundação segundo recomendação para cultura
95 do tomate. As mudas da variedade TY 2006, obtidas na empresa Agrimudas, com 30 dias de
96 idade, foram transplantadas nos espaçamentos 0,6x 1,8 m, irrigadas com mangueira
97 gotejadora, com gotejadores de 30 cm em 30 cm e vazão média de 1,93 L.h-1. A lâmina de
98 irrigação foi determinada a partir da evapotranspiração de referência.
99 Foram avaliadas as variáveis: número de frutos, peso médio de frutos, produtividade
100 total, firmeza, pH, sólidos solúveis totais (°Brix), acidez total titulável, teores de macros e
101 micronutrientes nos frutos (EMBRAPA, 2009). As características físico-químicas dos frutos
102 foram determinadas de acordo com o Protocolo de Avaliação da Qualidade Química e Física
103 do Tomate (MORETTI, 2006). Os dados foram submetidos à análise de variância sendo os
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107 GL relativos a doses desdobrados em regressão, e os relativos à granulometria e via de
108 aplicação, em teste de média, por meio do programa estatístico SISVAR 5.3.
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110 Tabela 1–Caracterização do solo antes da instalação do experimento com tomateiro.
Camad
pH P K Na Ca Mg H+Al
as
H2 O mg dm-3 cmolc.dm-3

0-20 6,77 0,812 15 2 3,02 0,632 0,825

20-40 7,13 0,959 14 0 2,66 0,148 0,825

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112 RESULTADOS E DISCUSSÃO
113 A altura (ALFRUT) e textura (TXFRUT) dos frutos do tomateiro foram influenciadas
114 pela interação via de aplicação e granulometria. Observou-se um aumento na altura dos frutos
115 quando, em via solo, foi aplicado o Lithothamnium de maior partícula (600 mesh), enquanto
116 que em via solo+folha, o maior incremento da ALFRUT ocorreu quando se usou o produto de
117 menor tamanho (1200 mesh) (Figura 1). Já para TXFRUT observou-se maior incremento
118 quando o produto de maior granulometria foi aplicado via solo+folha (Figura 5).
119 Verifica-se que a altura dos frutos respondeu às doses aplicadas de formas diferentes
120 entre as vias de aplicação. Constata-se, na figura 2, que o Lithothamnium aplicado via solo
121 promoveu um incremento na altura dos frutos que alcançou um máximo na dose de 15 kg.ha-
1
122 , apresentando um decréscimo acentuado a partir daí. Na Figura 3, observa-se que a aplicação
123 via solo e folha não promoveu alteração significativa no tamanho dos frutos, permanecendo
124 constante. A largura de frutos (LAFRUT) foi influenciada pela granulometria, com melhor
125 resposta ao produto de maior tamanho (600 mesh) (Figura 4).
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141 80,5

Altura do Fruto (mm)


142 80
143
144 79,5
145 79
146 Via Solo
147 78,5
148
149
78 Via Solo+Folha
150 77,5
151
152 77
153 600 1200
154 Mesh
155
156
157 Figura 1 - Altura de frutos de tomate em função da granulometria de Lithothamnium sp (600 e 1200 mesh) e da
158 via de aplicação. IF SERTÃO, 2015.
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160
161
162
163
57,2
Largura de Fruto (mm)

164
165 57
166 56,8
167
168 56,6
169 56,4
170
171 56,2
172 56
173 600 1200
174
175 Mesh
176
177 Figura 2 – Altura de frutos de tomate em função da dose de Lithothamnium sp aplicado via solo (A) e via
178 solo+folha (B). IF SERTÃO, 2015.
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57,2
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Largura de Fruto (mm)


198 57
199
200 56,8
201
202 56,6
203
204 56,4
205
56,2
206
207 56
208 600 1200
209
210 Mesh
211
212 Figura 3 – Largura de fruto de tomate em função da granulometria de Lithothamnium sp. IF SERTÃO, 2015.
213
214
215
216 9
Textura do Fruto (mm)

217 8,8
8,6
218
8,4 Via Solo
219
8,2
Via
220 8 Solo+Foliar

221 7,8
600 1200
222
Mesh
223

224 Figura 4 – Textura de fruto de tomate em função da via de aplicação dentro de cada nível de granulometria de
225 Lithothamnium sp (600 e 1200 mesh). IF SERTÃO, 2015.

226
227 O pH dos frutos variou, diferentemente, com as doses de Lithothamnium entre as
228 granulometria. Verificando-se redução do valor de pH dos frutos com o aumento da dose de
229 Lithothamnium de maior granulometria, atingindo menor valor (4,2) na dose de 15 kg.ha -1.
230 Contudo os valores de pH encontrados permaneceram dentro da faixa adequada para os frutos
231 de tomate conforme Lapuerta (1995), que considerou a faixa de pH padrão de 4,2 a 4,4.
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249 Figura 5 – pH de frutos de tomate em função da dose dentro de cada nível de granulometria (600 e 1200 mesh),
250 V1 (A) e V2 (B). IF SERTÃO, 2015.
251
252 Os teores de cálcio (Ca), fósforo (P), potássio (K), nitrogênio (N) e manganês (Mn) os
253 frutos foram influenciados pela granulometria do produto. O teor de cálcio variou de forma
254 distinta entre a granulometria com o aumento das doses. Alcançando o valor máximo na dose
255 de 15 kg.ha-1, com a utilização do produto de maior partícula. Já quando aplicado via solo +
256 folha observou-se o valor máximo na dose de 2 kg.ha-1 (figura 9 A e B).
257 Os melhores teores de fósforo e manganês foram encontrados quando utilizou-se o
258 produto com menor tamanho (figuras 10 e 11). Os teores de potássio mais elevados foram
259 obtidos quando aplicado o Lithothamnium de maior tamanho (figura 12). Observou-se ainda
260 que os teores de nitrogênio, no fruto do tomate, variaram com a via de aplicação de forma
261 diferente entre as granulometria. Na granulometria de 600 mesh não houve diferença nos
262 teores de N entre as vias. Já, para 1200 mesh os teores de N para a via solo foi superior aos
263 da via solo +folha (figura 13).
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278 Figura 6 – Teor de Cálcio nos frutos de tomate em função da granulometria, e da dose de Lithothamnium sp
279 (600 e 1200 mesh), V1 (A) e V2 (B). IF SERTÃO, 2015.
280
281
9
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Fósforo no Fruto (g/Kg)


8
283 7
284 6
285 5
286 4
287 3
288
2
289
1
290
600 1200
291
Mesh
292
293
294 Figura 7 – Teor de fósforo nos frutos de tomate em função da granulometria de Lithothamnium sp (600 e 1200
295 mesh). IF SERTÃO, 2015.
296
297 15,6
298 15,4
299
Potássio no Fruto

15,2
300 15
301
14,8
302
14,6
303
14,4
304
14,2
305
14
306 600 1200
307 Mesh
308
309
310 Figura 8 – Teor de potássio nos frutos de tomate em função da granulometria de Lithothamnium sp (600 e 1200
311 mesh). IF SERTÃO, 2105.
312
313 30
314
Manganes no Fruto (g/kg)

315 25
316 20
317
318 15
319
10
320
321 5
322
0
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600 1200
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Mesh

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328 Figura 9 – Manganês no fruto de tomate em função da granulometria de Lithothamnium sp (600 e 1200 mesh).
329 IF SERTÃO, 2015.
330
160
331

Nitrogênio no Fruto (g/kg)


140
332 120
100
333
80
334 60 Via Solo
335 40
20 Via Solo+Folha
336 0
600 1200
337
Mesh
338
339 Figura 10 – Teor de Nitrogênio nos frutos de tomate em função da granulometria, e da via de aplicação de
340 Lithothamnium sp (600 e 1200 mesh). IF SERTÃO, 2015.

341
342 CONCLUSÕES

343 Nas condições em que o experimento foi realizado concluiu-se que:


344 1 – A granulometria do produto influência a largura, teores de cálcio, fósforo, potássio,
345 nitrogênio e manganes nos frutos de tomate, com respostas diferentes em função da via de
346 aplicação e das doses aplicadas;
347 2 – Ocorre interação entre granulometria e via de aplicação sendo alçandos melhores
348 resultados com a aplicação de Lithothamnium de 1200 mesh via solo;
349 3 – Há interação entre via de aplicação e doses aplicadas, sendo recomendado a aplicação de
350 5,0 kg.ha-1 via solo.
351
352 AGRADECIMENTOS
353 Ao criador, pela vida neste plano, e por nunca me deixar sozinha, principalmente nos
354 momentos de dificuldades. À minha linda mãe pelos anos de dedicação à minha educação. Ao
355 meu mestre pela orientação na condução do presente projeto. A Valeagro pelos recursos que
356 permitiram a realização do projeto. Ao setor de produção por todo apoio no período de
357 condução em campo. Ao CNPq pela bolsa concedida. E ao IF Sertão-PE pelo espaço cedido
358 para realização de todas as atividades referente ao projeto.
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364 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Levantamento Sistemático da Produção
365 Agrícola, 2015.
366 LAPUERTA, J. C.. Anatomia y Fisiologia de la planta. In: NUEZ, F. El Cultivo do tomate.
367 Barcelona. Mundi-Prensa, p. 43-91, 1995.
368 FAO. Agricultural production: primary crops. Disponível em: <http://www.fao.org>. Acesso
369 em: Agosto de 2016.
370 Manual de Métodos de Análise de Solo. EMBRAPA RJ, 1997. 2º edição.
371 Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes / editor técnico, Fábio Cesar da
372 Silva. - 2. ed. rev. ampl. - Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009.
373 MORETTI, C. L.. Protocolo de Avaliação da Qualidade Química e Física do Tomate.
374 Dezembro, 2006. Comunicado Técnico 32.
375 Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2 ed. rev. – Brasília, DF; Embrapa Informação
376 Tecnológica e Embrapa Solos, 2006.

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