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03/03/17

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE:


SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO E
TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS
Fonte: http://ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/pmrg/faq.shtm#1

1. O que é um sistema geodésico de referência? Para que serve na prática?

Sistema de referência composto por uma figura geométrica representativa da superfície terrestre,
posicionada no espaço, permitindo a localização única de cada ponto da superfície em função de
suas coordenadas tridimensionais, e materializado por uma rede de estações geodésicas.
Coordenadas, como latitude, longitude e altitude, necessitam de um sistema geodésico de referência
para sua determinação.

2. Qual o sistema geodésico de referência em uso hoje no Brasil?

Desde 25 de fevereiro de 2015, o SIRGAS2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas) é o


único sistema geodésico de referência oficialmente adotado no Brasil. Entre 25 de fevereiro de 2005 e 25
de fevereiro de 2015, admitia-se o uso, além do SIRGAS2000, dos referenciais SAD 69 (South American
Datum 1969) e Córrego Alegre. O emprego de outros sistemas que não possuam respaldo em lei, pode
provocar inconsistências e imprecisões na combinação de diferentes bases de dados
georreferenciadas.

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3. Quais as diferenças entre os referenciais Córrego Alegre (CA), SAD 69 e o SIRGAS2000?

São sistemas de concepção diferente. Enquanto a definição/orientação do CA/SAD69 é topocêntrica,


ou seja, o ponto de origem e orientação está na superfície terrestre, a definição/orientação do
SIRGAS2000 é geocêntrica. Isto significa que esse sistema adota um referencial que tem a origem dos
seus três eixos cartesianos localizada no centro de massa da Terra. Além disso, as redes de referência
que materializam esses sistemas foram determinadas com técnicas de posicionamento diferentes.
Enquanto que no caso do CA e SAD 69 foram utilizadas basicamente técnicas clássicas (triangulação e
poligonação), no SIRGAS2000 foram empregados os sistemas globais de navegação (posicionamento)
por satélites - GNSS.

4. Para quem a adoção do sistema único é obrigatória?

Para qualquer um que necessite receber ou fornecer informações espaciais em escalas relevantes de e
para o governo e de e para as instituições produtoras de cartografia no Brasil. Resumindo, para todos os
que fazem uso ou produzem informações geográficas.

5. O que ocorre com quem continua trabalhando com os sistemas geodésicos antigos?

Não poderá, por exemplo, requisitar uma revisão de limites numa propriedade, fazer qualquer tipo de
questionamento legal utilizando o sistema antigo, nem fornecer/receber dados das concessionárias de
serviços públicos para recebimento ou prestação de serviços.

6. Por que deve ser realizada a migração para o SIRGAS2000 dos produtos cartográficos e geodésicos
referenciados aos sistemas geodésicos antigos?

Para compatibilização das informações geográficas, facilitando, assim, o intercâmbio dessas


informações por todos, inclusive entre o Brasil e os demais países que utilizam sistemas compatíveis com
o SIRGAS2000.

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7. Na prática, quais são as vantagens da adoção do SIRGAS2000 em relação aos demais sistemas de
referência utilizados anteriormente?

Adotando-se o referencial geocêntrico, é possível fazer uso direto da tecnologia GNSS (Global
Navigation Satellite Systems, ou Sistemas Globais de Navegação por Satélites), importante ferramenta
para a atualização de mapas, nas obras e atividades de infraestrutura no país, controle de frota de
empresas transportadoras, navegação aérea, marítima e terrestre em tempo real. O SIRGAS2000 permite
o alcance de uma maior precisão no mapeamento do território brasileiro e, consequentemente, no seu
ordenamento, bem como na demarcação de suas fronteiras. Além disso, a adoção desse sistema na
América Latina tem contribuído para o fim de uma série de problemas de discrepância entre as
coordenadas obtidas com o uso dos sistemas GNSS (especialmente GPS e GLONASS nos dias de hoje) e
aquelas extraídas dos mapas utilizados anteriormente no continente.

8. Quando eu altero o sistema geodésico de referência o que acontece?

As coordenadas que representam a posição dos objetos sofrem alterações correspondentes. Por
exemplo, se os sistemas envolvidos forem o SAD 69 e o SIRGAS2000, estas alterações são, em média, da
ordem de 65 m.

9. Os mapas mudaram com a adoção do SIRGAS2000?

Alguns sim. A mudança não é perceptível em mapas de escala muito pequena, como os murais, nos
quais 1 cm equivale a 5 km no terreno. Mas em mapas de escalas maiores, como folhas topográficas e
mapeamento cadastral, a diferença nas coordenadas é relevante, conforme exemplificado na
resposta à pergunta 8.

10. Quais ferramentas posso utilizar para realizar a conversão para o SIRGAS2000? A que custo?

Estão disponíveis gratuitamente no sítio web do IBGE arquivos, programas e serviços que auxiliam na
conversão entre referenciais, tais como: coordenadas SIRGAS2000 das estações da rede planimétrica
do Sistema Geodésico Brasileiro, programa de transformação de coordenadas ProGriD, serviço de
Posicionamento por Ponto Preciso (IBGE-PPP), etc.

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11. Existem parâmetros de transformação entre WGS 84 e SIRGAS2000?

Atualmente não existem parâmetros de transformação entre SIRGAS2000 e WGS 84 porque eles são
praticamente iguais, ou seja, DX = 0, DY = 0 e DZ = 0.
Desde o estabelecimento do sistema GPS (Global Positioning System), o seu Sistema Geodésico de
Referência (WGS 84) já passou por quatro refinamentos. Nestas quatro atualizações o objetivo sempre foi
aproximá-lo ao ITRF (International Terrestrial Reference Frame), materialização mais precisa do ITRS
(International Terrestrial Reference System), desenvolvida pelo IERS (International Earth Rotation and
Reference Systems Service). A mais recente atualização recebeu a denominação de WGS 84 (G1674),
adotado no Sistema GPS a partir de 08 de fevereiro de 2012. Os parâmetros de transformação WGS 84/
SAD 69, divulgados através da Resolução do Presidente do IBGE n° 23, de 21/02/89 (R.PR 23/89),
permanecem válidos para transformar coordenadas determinadas por posicionamentos GPS realizados
no período de 01/01/1987 a 01/01/1994 - quando a versão correspondente do WGS 84 se denominava
WGS 84 (Doppler).

Parâmetros WGS 84 (Doppler) para SAD69:


DX = +66,87 m
DY = -4,37 m
DZ = +38,52 m

11. continuação...

Os parâmetros SAD 69/SIRGAS2000 utilizados no ProGriD (opção: SAD 69 Técnica Doppler ou GPS) e
divulgados através da Resolução do Presidente do IBGE n° 1, de 25/02/2005 (R.PR 01/05), são válidos
para transformar coordenadas entre SAD 69/WGS 84 e SAD 69/SIRGAS2000 determinadas por
posicionamentos GNSS realizados após 01/01/1994.

SAD 69 para SIRGAS2000 (WGS 84 (G1150)):


DX = -67,35 m
DY = +3,88 m
DZ = -38,22 m

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12. Os resultados do meu trabalho devem ser em WGS 84. Posso continuar usando os parâmetros SAD 69/
WGS 84 publicados na Resolução da Presidência do IBGE n° 23, de 21/02/89 (R.PR 23/89)?

Antes de tudo, com o término do período de transição para SIRGAS2000 em 25 de fevereiro de 2015, os
resultados de qualquer trabalho devem ser referidos exclusivamente a este sistema. Por outro lado,
tendo em vista o exposto na resposta à pergunta 11, o WGS 84 atualmente pode ser considerado, para
fins práticos, coincidente com o SIRGAS2000. Portanto, basta o usuário referir seus resultados ao
SIRGAS2000 que, automaticamente, estará gerando resultados em WGS 84 (e vice-versa). Conforme a
resposta à pergunta 11, os parâmetros SAD 69/WGS 84 publicados na R.PR 23/89 devem ser utilizados
apenas no caso do trabalho ter sido executado antes de 1º de janeiro de 1994).

13. Por que quando comparo as coordenadas de uma estação geodésica obtidas no banco de dados
do IBGE com as mesmas coordenadas transformadas no programa ProGriD obtenho resultados
diferentes?

As coordenadas disponibilizadas nos relatórios da estação geodésica não foram obtidas através de
parâmetros de transformação, e sim através de ajustamentos de observações. As coordenadas em
SIRGAS2000 vieram de um ajustamento realizado em 2006. Ainda que, no desenvolvimento do ProGriD,
tenham sido empregadas técnicas avançadas de modelagem de distorções em redes geodésicas, as
transformações utilizando-se este programa sempre apresentam pequenos resíduos em relação às
coordenadas ajustadas SIRGAS2000. Estes pequenos resíduos correspondem exatamente às pequenas
diferenças detectadas quando comparamos as coordenadas transformadas pelo programa com
aquelas existentes no relatório da estação geodésica.

14. Por que as coordenadas precisam ser referenciadas a uma época?

Com a grande evolução das técnicas de posicionamento geodésico observada nas últimas décadas,
especialmente após o advento dos sistemas GNSS, pode-se dizer que a precisão de determinação de
coordenadas melhorou em até três ordens de grandeza. Por exemplo, atualmente as coordenadas das
estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS (RBMC) são determinadas
com precisão milimétrica. Com este nível de precisão, diversos fenômenos associados a movimentos da
crosta terrestre, antes imperceptíveis, passam a ser claramente detectáveis. No caso do Brasil, o
fenômeno que mais contribui para a alteração das coordenadas planimétricas (latitude e longitude) é o
movimento da placa tectônica da América do Sul, responsável por um deslocamento de todo o
território para noroeste em um pouco mais de 1 cm por ano. Esta variação anual evidenciou a
necessidade de se associar uma época de referência às coordenadas de estações geodésicas
determinadas com precisão milimétrica (ou centimétrica). No caso do sistema geodésico oficial do país,
SIRGAS2000, escolheu-se 2000,4 para a época de referência, uma vez corresponder ao período da
campanha SIRGAS realizada em 2000 (i.e., em maio daquele ano), quando 184 estações GPS foram
observadas em todas as Américas e Caribe com o objetivo de materialização do novo sistema.

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