Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I - O raio
…..urendo clarescit.
TÁCITO.
Tu és o estranho laço,
A grande e rubra teia
Que une à vida a ideia,
E a vista ao verme escasso!
Tu és a ampla cortina
A face do Universo,
Que envolve em áureo berço,
A criação divina!
Tu és a enorme lente
Da alma e do sentido,
Que o átomo perdido
A Deus torna patente!
Maio de 1863.
IV - Menina e Moça
V - Amor de salvação
E fui!
Ao lânguido anseio
Arfava naquele seio
Um certo oculto rumor,
Como se a alma estivesse
Resumida numa prece,
E fosse o altar peregrino
Aquele corpo divino,
E fosse Deus o pudor!
VI - Ignis Soror!
De custosa arquitetura
Na moldura
Se entrelaçam os festões;
Do teto as luzes que pendem
Se desprendem
Dos mil acesos brandões.
No desgrenhado cabelo,
Farto e belo,
Que pelo rosto lhe cai,
Resvala o pranto aljofrado,
Derramado
Sem desprender um só ai!
X - A volta
XI
XII - Hyems
Há de voltar esplêndida
A quadra florescida!
Há de voltar a vida
Ao bosque, ao campo, à flor,
Hão de soar dulcíssimos
No lar que a névoa alveja
Da humilde sertaneja
Seus cânticos d’amor.
Julho de 1862.
24 de Junho de 1862.
11 de Agosto de 1872.
XV - Hino do Riachuelo
Na indomável fortaleza
Lá o déspota ficou,
E sorrindo aguarda a presa
Que a buscar os seus mandou.
Lá fica. De lá seguro,
Com suas hostes a flux,
Onde firme em cada muro
A confiança reluz;
Preparando horrenda festa
Ao triunfo que antevê,
Mostra ao mundo, ao mundo atesta,
Quem foi outrora e quem é!...
Sejam rábidos
Canhões,
Fráguas hórridas,
Vulcões!
É nos céus,
Pelos nossos fados — Deus!
XVI
Abril de 1863.
À luz do paraíso,
Então, no ímã divino,
O olhar, ai, Cíntia, é um beijo!...
XIX - Ao partir
XX - O filho da lavandeira
Janeiro de 1861.
A A. CARLOS GOMES
*
* *
*
* *
*
* *
*
* *
Novembro de 1870.
XXII - Esperar!
— 1863 —
XIV - Súplica
Outubro de 1862.
XXVI - A Louca - I
II
No meio da multidão,
Passa a coitada sozinha!
Na fronte se lhe adivinha
O sinal da maldição.
Todos sorriem-se, todos!
E dão-lhe insultos e apodos!
Ninguém estende-lhe a mão!
Hoje aponta-se a desgraça,
Com vil escárnio na praça,
No meio da multidão!
III
Setembro de 1862
XXVII - Anelos
1860.
XXIX - Dúvidas
Novembro de 1862.
Abril de 1863.
Não te lembras
Das vezes que beijaste-me esta fronte
Quando eu, calado, extático, te olhava
Tão cheio d’esperanças e d’anelos?
Quando eu interrogava-te, se acaso
A tinhas visto, — e pálida passavas
Deixando-me a sonhar fitando o espaço?
Oh! épocas benditas de ventura
Foram essas talvez: amava e cria!
E quem ama e quem crê, quanto é ditoso!
Astro saudoso
O tempo da inocência vai tão longe,
As noites em que aos raios teus fulgentes
Meus seios se expandiam de prazeres.
Nesse tempo eu queria-te, adorava-te,
Hoje não, que não posso mais fitar-te
Sem perder-me nas ânsias da saudade.
XXXV - No baile
Afoga-se em dilúvios
De raios e de sonhos,
E vai morrer num beijo!
XXXVI - O trabalho
XXXVII - Enlevo
II
III
Setembro de 1862.
XL - A morta
Um dia ela encostou-se no meu ombro
E disse-me: «Estou morta!»
Fitei-a doido e trêmulo de assombro...
E acrescentou: «Que importa?
« Isto tinha de ser! Foi o destino,
« O abismo que fascina,
« Que atrai, que arrasta a vítima sem tino,
« Que as vontades domina!
« Eu vi que ia rolar no precipício:
« Medi-lhe a fria aresta;
« Medi toda a extensão do meu suplício!
« Hoje nada me resta,
« Que eu não conheça já de ânsia e quebranto,
« De desespero e mágoa!
« Tu me apertas a mão gelada em pranto,
« E o meu peito é uma frágua!
« Coragem!... Não choremos!... Oh! que tarde...
« Oh! minha mocidade!
« Não há lugar aqui de que eu não guarde
« Uma imensa saudade!
« Sabes o que eu quisera? o meu desejo?
« Era subir o encosto
«Ali da serra, ao último lampejo
« De um dia assim de Agosto,
« E lá dormir sorrindo a este deserto
« Até o extremo lance!
« E esperar que se corte o fio incerto
« Ao meu cruel romance!
……………………………………….
……………………………….
………………………………………..
……………………………….
« Vês que me escalda a fronte embaciada?!...
« Oh! vai chegando o fim!...
« Eu tenho horror ao vácuo, à sombra, ao nada!...
« Quem rezará por mim?l...
*
* *
Pobre criança! as lágrimas do orvalho
Vão lhe-pousar na cruz!
E do estéril chorão, o sol no esgalho,
Dá-lhe um beijo de luz!
XLII - Renovare
★★
No outro dia quando a aurora veio
Doirando as grimpas das montanhas lá,
Pálida a fronte, enregelado o seio
Foram achá-la, mas sem vida já!
★ ★
Oh! vai-te! vai-te! quando em frio túmulo
Um dia a sorte me fizer jazer,
Essa grinalda, da tua fronte tépida,
À cruz do morto vai então prender;
E diga a lousa: — Foi poeta: crédulo
Uniu-se a ela na febril paixão:
Ela era a noiva — o infeliz foi vítima,
Vítima triste da mais vil traição! —
1860.
XLVI
XLVIII - Fascinação
XLIX - Murmúrio
A mata
Fremente,
Cadente,
Desata
Vão rogo
De um hino,
Sem tino,
Se o fogo
Sentiu!
Mas breve
Surgindo,
De leve,
Florindo
Baunilhas
Vem moitas,
Afoitas
Como ilhas
De um rio!
Oh seio,
Tal gemes
E tremes
D’enleio,
Fugace
Lampejo,
Se o pejo
Na face
Vai por:
E o gosto
Se oculta
No rosto,
Se avulta
A chama
Perdida
Que a vida
Derrama
No amor!
Ai pobre!
Teu sonho
Tristonho
Descobre
Miragem
D’ignota
Paragem,
Que enflora
Nas cores
Duma hora
Fulgores
Dos céus!...
Sabias?
Tens medo?
Segredo!
Não rias,
Por Deus!...
LI - Sorriso de amor
Setembro de 1861.
LII - Remorsos - I
II
III
IV
Um dia tu me disseste:
« Por que teu rosto celeste
« Tão severo se tornou,
« Quando estás ao pé de mim?...
« Se é preciso um sacrifício
« Com que te prove este amor,
« Vê se inventas um suplício
« Que me faça eterna a dor;
« Mas não me trates assim!...
Eu de ti me desprendendo,
Eu, sem ouvir-te, parti-me!...
—Foi o epílogo tremendo
Do mais desonrado crime!
VI
VII
VIII
IX
Recordando a vida
Que à voar passou,
Vendo-a — dor ou riso —
Tua alma não chorou?
Vão-se da inocência
Os lauréis risonhos:
Vão-se os belos raios!
Vão-se os meigos sonhos!
***
Abre-as! da ventura
Restos caros são!
Vem, do irmão, do amigo,
Vem lembrar-te então.
S. Paulo — 1861.
★ ★
1860.
E quando o redemoinho
Levantar-se ao pé de ti,
Atira-o nele mansinho
E prenderás o Saci!
Mariquinhas magoada
Não responde à velha, não!
Ai pobre! d’envergonhada
Cravou os olhos no chão!
II
Já no cairel da voragem
Vacila a sombra fatal,
Vacila ao sopro da aragem,
Vacila ao som festival
Dessa harmonia divina,
Que as próprias trevas domina
Firmando a escada ao porvir;
A escada que abre ao infinito
Os mil degraus de granito
E que o povo há de subir!
III
IV
7 de Setembro de 1861.
LIX - À esperança