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Entenda por que cristãos e judeus são proibidos de

orar no Monte do Templo

Entenda por que o Monte do Templo, na Cidade Velha


de Jerusalém, é disputado entre judeus e muçulmanos.

Vista aérea do Monte do Templo, cercado por muralhas na Cidade Velha de Jerusalém.
(Foto: Godot13/Andrew Shiva/Wikipedia)

O Monte do Templo, na Cidade Velha de Jerusalém, é considerado um local sagrado


para judeus, cristãos e muçulmanos. No entanto, o conflito entre as religiões o
transformou em um dos lugares mais sensíveis e disputados do mundo.
Para o judaísmo, foi no monte Moriá — onde está localizado o Monte do Templo —
que Abraão ofereceu Isaque como sacrifício. Para o islamismo, Ismael é quem foi
oferecido ali pelo patriarca.

Os judeus também reforçam que ali foi construído o Templo de Salomão e o Templo de
Herodes, que tem como único vestígio o famoso Muro das Lamentações. Mas para os
muçulmanos, o lugar se chama Esplanada das Mesquitas, sendo o terceiro lugar mais
sagrado do islamismo depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita.

Em meio aos conflitos de interesses religiosos, judeus e cristãos têm acesso livre ao


Monte do Templo, mas são proibidos de orar, cantar ou fazer qualquer outra expressão
de fé. Por causa do acordo estabelecido no status quo, os atuais edifícios islâmicos no
Monte do Templo são administrados pelo Waqf Islâmico de Jerusalém, controlado pela
Jordânia.

De acordo com o rabino Yehuda Glick, que também é membro do parlamento de Israel
(Knesset), a polícia raramente interfere na oração silenciosa feita por judeus e cristãos,
“a menos que o Waqf afirme que há alguma ofensa”. “Antes, o Waqf jordaniano era
muito rigoroso. Eles seguiam cada visitante e vigiavam seus lábios para garantir que não
estavam orando”, explicou ao Breaking Israel News.

Onde isso começou?

Quando Israel conquistou a parte leste de Jerusalém em 1967, o então ministro da


Defesa, Moshe Dayan, decidiu que seria melhor se o Waqf da Jordânia continuasse
administrando o local, denominado pelos muçulmanos de Haram al-Sharif, a fim de
evitar um conflito maior com o mundo islâmico.

Moshe Dayan no Monte do Templo, no dia 7 de junho de 1967. (Foto: Ilan Bruner/GPO)

Dayan decidiu que aos judeus seria permitido visitar, mas não fazer orações, tomando
como base a lei religiosa judaica que defende que os judeus não deveriam colocar os pés
no cume do Monte por medo de profanar o espaço mais sagrado do templo, o Santo dos
Santos.

A partir de então, ficou acertado que Israel seria responsável pela segurança em todo o
perímetro do local, enquanto o Waqf de Jerusalém seria responsável pelo que acontece
dentro do complexo.

Hoje, o Waqf de Jerusalém controla não apenas o Monte do Templo, mas também
escolas, orfanatos, bibliotecas, museus islâmicos, mesquitas, tribunais da Sharia e
propriedades residenciais e comerciais em toda Jerusalém.

Para o rabino Glick, a renúncia do Monte do Templo em 1967 foi um movimento


ingênuo, no qual Israel acreditou erroneamente que abrir mão do controle de um local
sagrado para os muçulmanos criaria uma paz duradoura entre Israel e seus vizinhos
árabes.

O pesquisador Joshua Wander também classifica esse acontecimento como “uma das
maiores tragédias da história judaica”, de acordo com o Breaking Israel News.

Pedido de mudanças

Para alguns ativistas israelenses, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu,


deveria recorrer a abertura do local para a oração judaica. “A legislação israelense prevê
a liberdade de culto; qualquer pessoa tem o direito de orar livremente neste país”,
destacou Wander.

Turistas do mundo inteiro visitam o Monte do Templo, em Jerusalém. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Corrêa)
Da mesma forma, o rabino Glick afirma que a oração deveria ser permitida para
qualquer pessoa, com base no trecho bíblico de Isaías 56:7, que diz: “A minha casa será
chamada casa de oração para todos os povos”.

O pesquisador defende ainda que os judeus deveriam começar a caminhar em busca da


construção do Terceiro Templo no Monte do Templo. “Embora existam leis diferentes
sobre culto e sacrifício, o Templo é igualmente importante para judeus e não-judeus”,
disse Wander.

Wander também acredita que o ambiente político está maduro, já que “Trump nos deu
uma janela de oportunidade” que o governo de Israel deve aproveitar. “Estamos vivendo
milagres com as profecias se desdobrando diante de nossos olhos. Não vai demorar
muito mais até atingirmos nossos objetivos”, argumenta.

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