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Roteiro para análise fílmica

Elaborado por Dominique Santos,


prof. de História Antiga e Medieval
da FURB – Universidade de Blumenau
e coordenador do LABEAM –
Laboratório Blumenauense de
Estudos Antigos e Medievais

1) O primeiro passo é colocar a referência da obra analisada, para finalidade de registro, de acordo com
os padrões de formatação comumente solicitados.

A CAVERNA dos sonhos esquecidos. Título original: Cave of forgotten dreams. Diretor:
Werner Herzog. Roteiro: Werner Herzog. Intérprete: Werner Herzog. EUA: History Films,
2010. (89’ min). Disponível em: www.... Acesso em: 4 jun. 2017.

2) A seguir, deve-se sistematizar os detalhes da ficha técnica da obra analisada, como no


exemplo abaixo. Tente pensar um pouco no que significa e qual a tarefa de cada função.

Diretor: Werner Herzog; Produção: Erik Nelson, Adrienne Ciuffo, Dave Harding, Julian Hobbs,
David McKillop; Roteiro: Werner Herzog; Narração: Werner Herzog; Música: Ernst Reijseger;
Cinematografia: Peter Zeitljnger; Edição: Joe Bini, Maya Hawke; Produtora: Creative
Differences, History Films, Ministère de la Culture et de la Communication, Arte France, Werner
Herzog Filmproduktion, More 4; Distribuição: IFC Films; Sundance Selects; Data de
Lançamento: 13 de Setembro 2010; 25 de Março de 2011 (UK), 29 de Abril (EUA); Duração:
89’ minutos; Países: Canadá, Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido; Idioma: Inglês.

3) Logo depois, tente identificar o tema principal da obra. O que está sendo narrado?

4) O próximo passo é sistematizar as palavras-chave que identificam a obra. Tente fazer uma
espécie de “mapa conceitual” da obra, com quantos termos achar necessário, e uma
sistematização de no máximo cinco palavras que podem resumi-la.

5) A Estrutura da obra. Nesta parte, apresente um esquema de como a obra pode ter sido pensada.
Trata-se de uma divisão em pequenos itens tentando identificar a possível maneira pela qual os
realizadores da obra cinematográfica em questão a conceberam e tentaram organizá-la.

6) Agora, apresente a principal ideia da obra analisada. O que é defendido na obra? Ou seja,
trata-se de apresentar a tese do diretor, diretora ou diretores.

7) Em que cenas podemos perceber a manifestação das teses do diretor da obra analisada?
8) Qual é o tempo e o espaço representado na Mise-en-scène/unidade estilística da obra fílmica?
Por exemplo, que ambiente é apresentado, seja ele físico (rural, urbano...) ou social (fábrica,
igreja, família...)? Como isso é feito? Visualmente? Sonoramente? A partir de diálogos? O tempo
é retilíneo? Circular? Descontínuo?

9) Quais suas impressões sobre a obra enquanto a assistia (sensações, emoções, sentimentos,
afetos, repulsa, e assim por diante)? E depois que terminou, algo mudou?

10) Qual o momento de destaque da obra cinematográfica vista? Há alguma peculiaridade que se
destaca dentro do todo narrativo? Uma espécie de “clímax”, “verdade extática”? Justifique.

11) Se você puder ampliar estes momentos de destaque para mais que um, quais você incluiria?
(máximo cinco).

12) Faça um breve comentário sobre a banda sonora, ou seja, como os sons e a trilha sonora são
utilizados na obra? Música, sons, ruídos, silêncios...são elementos de destaque? Como? Por quê?

13) Faça um breve comentário sobre as imagens em movimento. Ou seja, como é a “fotografia”
da obra? Como estas imagens são sistematizadas na narrativa? Quais as cores são selecionadas?
Qual o enquadramento utilizado? Ou seja, em quais planos? (Plano aberto; Plano Médio; Plano
fechado; Plano geral; Plano conjunto; Plano médio; Plano americano; Meio primeiro plano;
Primeiro plano; Primeiríssimo plano, Plano detalhe), em qual Angulação? (Como a câmera é
posicionada: ângulo normal; Zenital; Plongée/Câmera alta; Contra-plongée/Câmera baixa?), em
qual lado? (Frontal; ¾; Perfil; De Nuca). O enquadramento é a combinação de um Plano, uma
angulação e um lado. Há extra-quadro? Ou seja, não aparece na tela, mas pode ser
imaginado/percebido? É possível perceber quais movimentos de câmera? (panorâmica; tilt; whip
pan; pedestal; tracking; travelling; boom; crane; dolly/truck, que pode ser “in”, “ou”, “back”;
roll).

14) Se é uma obra cuja temática principal é histórica, faça uma breve análise da “reconstrução
histórica” do tema (como foram elaborados os cenários, vestimentas, maquiagem, construções
arquitetônicas, diálogos, narrativa, como as personagens são apresentadas: se são excêntricas,
caricatas, que valores e comportamentos lhe são característicos etc). O conjunto destas coisas
tentou corresponder ao contexto histórico ao qual a obra pretendeu retratar ou isso não foi
considerado? Especifique.

15) Como a obra dialogou com este contexto histórico? Como ele foi estudado? Que fontes
foram consultadas? Houve consultoria historiográfica? Por parte de quem?

16) Sendo uma obra fílmica histórico, ficção ou documentário, é possível identificar alguma
concepção de história como eixo articulador das teses apresentadas? Quais?

13) Em que contexto histórico, econômico e político a obra foi produzida e qual sua história
específica, ou seja com que finalidade ela foi elaborada?

14) Há intenções políticas/religiosas/étnicas etc. não-ditas nas mensagens presentes na obra?


Quais? A nacionalidade, a visão política, religiosa ou algum outro fator, por exemplo, interfere
nos rumos da narrativa? É possível relacionar a obra com outras da mesma pessoa ou estúdio?

15) Você teve acesso ao roteiro da obra? Ao material de divulgação? Te ajudou a interpretar?
Como?
16) Como a obra foi recebida pela crítica (jornais, revistas, resenhas e artigos acadêmicos)? A
recepção foi positiva ou negativa? Sucesso ou fracasso? Obteve o esperado retorno financeiro?
Selecione alguns e destaque os principais argumentos.

17) Algum elemento da obra não foi compreendido por você?

18) Em quais aspectos o filme contribuiu para o estudo da disciplina?

19) Aponte problematização, críticas, opiniões pessoais, sugestões com relação à obra.

20) Depois de toda esta catalogação, sistematização, análises prévias e observações, produza sua
crítica embasada da obra em uma página.

Sugestão de Leituras

AUMONT, Jacques. Teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004.


BARROS, José D’Assunção; NÓVOA, Jorge (org.). Cinema-História: teoria e representações
sociais no cinema. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.
BURKE, Peter. Testemunha Ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC, 2004
EISENSTEIN, Serguei. O sentido do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990
FERRO, Marc. Cinema e História. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
GODARD, Jean-Luc. Introdução a uma verdadeira história do cinema. São Paulo: Martins
Fontes, 1989.
HAGEMEYER, Rafaela Rosa. História e Audiovisual. – Belo Horizonte: Autêntica Editora,
2012.
JULLIER, Laurent; MARIE, Michel. Lendo as imagens do cinema. São Paulo: Ed. Senac SP,
2009.
MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas & pós-cinemas. Campinas: Papirus, 1997.
MARTIN, M. A Linguagem Cinematográfica. Lisboa: Dinalivro, 2005.
MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. São Paulo, Contexto, 2001.
NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais. A história depois do papel. In: PINSKY, Carla
(org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2006, p.235-290.
Oliveira Jr, Luiz Carlos. A mise en scène no cinema: do clássico ao cinema de fluxo. Campinas,
SP: Papirus, 2013. [Coleção campo Imagético])
PAUL, Joanna. Working with film: theories and methodologies. In: HARDWICK, Lorna and
STRAY, Christopher (eds). A Companion to Classical Receptions. Oxford, UK: Wiley -
Blackwell, 2007. p. 303-314.
PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes - conceitos e metodologia(s). VI Congresso SOPCOM,
Abril de 2009.
RAMOS, Fernão Pessoa; Schvarzman, Sheila. Nova História do Cinema Brasileiro (Vol. I e II).
São Paulo: SESC-SP, 2018.
SOARES, Mariza de Carvalho. A História Vai ao Cinema. Rio de Janeiro. 2001.
VALIM, Alexandre Busko. O Triunfo da Persuasão: Brasil, Estados Unidos e o Cinema da
Política de Boa Vizinhança durante a II Guerra Mundial. 1. ed. São Paulo: Alameda Editorial,
2017.
VANOYE, F. GOLIOT-LÉTÉ, A. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Papirus Editora,
2008.
XAVIER, Ismail. A experiência do cinema (antologia). (org). Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e
Terra, 2018.
XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. São Paulo: Paz e
Terra, 2018.

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