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CARREIRO
A LINGUAGEM
DO CINEMA
UMA INTRODUÇÃO
RODRIGO CARREIRO
RECIFE
2021
Universidade Federal de Pernambuco Editora associada à
Editora UFPE
Diretor: Diogo Cesar Fernandes
Vice-Diretor: Junot Cornélio Matos
Editor: Artur Almeida de Ataíde
Editoração
Revisão de Texto: O autor
Capa e Projeto Gráfico: Pedro Henrique Santos
Catalogação na fonte
Bibliotecária Kalina Ligia França da Silva, CRB4-1408
Inclui referências.
ISBN 978-65-5962-032-6 (online)
Todas as imagens do livro são usadas exclusivamente para estudo e fins educacionais,
de acordo com o art. 46 da lei nº 9610/98, sendo garantida a propriedade das mesmas
a seus criadores e/ou detentores de direitos autorais.
9 INTRODUÇÃO
Capítulo 1
15 COMO SE FAZ UM FILME:
A CADEIA PRODUTIVA DO CINEMA
Capítulo 2
33 O ROTEIRO
Capítulo 3
52 PERSONAGENS E ATUAÇÕES
Capítulo 4
69 O DESIGN DE PRODUÇÃO
Capítulo 5
86 O SOM
Capítulo 6
102 A CÂMERA
Capítulo 7
116 A FOTOGRAFIA
Capítulo 8
132 A MONTAGEM
Capítulo 9
154 OUTRAS FERRAMENTAS NARRATIVAS
Capítulo 10
164 OS EFEITOS ESPECIAIS
Capítulo 11
170 A DIREÇÃO
Capítulo 12
182 BREVE INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO CINEMA
Capítulo 13
212 APONTAMENTOS SOBRE ANÁLISE FÍLMICA
A PÓS-PRODUÇÃO
PARA VER
O ROTEIRO
A ESTRUTURA NARRATIVA
CLÍMAX
RESOLUÇÃO
CONFLITO
EXPOSIÇÃO
?
? ?
SITUAÇÃO
IMPREVISTA
ATO 1: EXPOSIÇÃO
No primeiro trecho do filme, os personagens são apresen-
tados em estado normal. A ênfase é dada na apresentação
desses personagens e na articulação de elos afetivos entre
os personagens. Gilles Deleuze chama esse primeiro ato de
Situação (MACHADO, 2010, p. 265).
ATO 2: CONFLITO
O equilíbrio de forças na vida do protagonista é rompido
por um ato extraordinário. Esse ato provoca um conflito
que ele deseja solucionar, de forma a retornar ao estado de
equilíbrio anterior. É o que Deleuze chama de Ação.
ATO 3: RESOLUÇÃO
O protagonista entra em rota de colisão com a causa do con-
flito. Ele elimina o problema, aprende a conviver com ele ou
aceita a derrota. Deleuze diz que esta é a Situação Modificada.
AÇÃO X EXPOSIÇÃO
CONCEITOS ACESSÓRIOS
DIEGESE
Esse termo é muito importante em todas as áreas da atividade
cinematográfica. Ele é mais usado por pesquisadores, mas di-
retores e roteiristas o conhecem bem. A diegese corresponde
ao mundo ficcional habitado pelos personagens. Todos os
elementos que existem dentro desse universo são chamados
de diegéticos. Os elementos que não existem nesse universo,
sendo portanto percebido apenas pela plateia e não pelos per-
sonagens do filme, são considerados extradiegéticos.
Tome como exemplo o som de um filme. Diálogos e monó-
logos são quase sempre diegéticos; os personagens falam entre
si. Eles se ouvem, e nos os ouvimos. Esses sons pertencem à
diegese. Mas a música do filme é, frequentemente, não-diegé-
tica. O espectador ouve a música tocando, mas os personagens
não. A música não pertence à diegese. Não existe no mundo de
ficção habitado pelos personagens.
McGUFFIN
Artefato, informação ou pessoa que tem muita importância
para os personagens do filme, mas não tem qualquer impor-
tância para a história. Quase sempre são objetos de valor que
os personagens perseguem, mas às vezes o espectador nem
ÍNDICE
Antecipações veladas de algo que vai acontecer. Sinais quase
imperceptíveis que antecipam uma revelação impor-tante do
filme. Quando o fato finalmente acontece, o especta-dor pode
perceber que estava recebendo indícios daquilo, mas não tinha
atentado para eles.
Um ótimo exemplo está na trilogia O poderoso chefão: laran-
jas aparecem antes de cada cena em que morrem personagens.
Não há nenhum sentido narrativo para isto, a não ser a cria-
ção de um índice (um sinal quase imperceptível, que “avisa” ao
espectador, de forma subliminar, inconsciente, sobre a ocor-
rência próxima de uma morte).
Os índices frequentemente levam o espectador a querer
rever o filme, para tentar perceber aquilo que havia passado
despercebido. Em Sinais (2002), os copos de água deixados em
diversos locais da mansão rural onde a trama se desenrola
constituem um elemento fundamental para a resolução da
história, embora não saibamos disso no começo do filme.
Um caso muito famoso envolve outro filme de M. Night
Shyamalan, O sexto sentido (1999, Figura 4), em que o diretor
espalhou pelo filme diversas pistas da grande revelação final –
de que o protagonista está morto, mas não sabe disso. Ele usa
METALINGUAGEM
O Dicionário Aurélio diz que a palavra se refere aos casos em
que “a linguagem fala de si mesmo”. No caso do cinema, a
metalinguagem está nos filmes que versam sobre o próprio
cinema. Pense em filmes como Crepúsculo dos deuses (1950),
ou A rosa púrpura do Cairo (1985), ou Cantando na chuva (1952).
SUSPENSÃO DA DESCRENÇA
Este princípio é bem conhecido por todo roteirista. Muitos fil-
mes (especialmente os pertencentes ao gênero fantástico) são
ancorados em premissas inacreditáveis, em circunstâncias que
não existem na vida real. Esses elementos incluem fantasmas
(Os outros, de 2001), homens que voam (Super-homem), pessoas
com superpoderes (Homem-aranha), criaturas fantásticas (King
Kong), desafio às leis da Física (Drácula) etc.
Todas as histórias com elementos inacreditáveis precisam
ser trabalhadas pelo roteirista com base no princípio da sus-
pensão da descrença. Ou seja, o escritor precisa criar ou ali-
mentar situações narrativas que ajudem o espectador a sus-
pender, voluntariamente, a incredulidade naquela situação
impossível. Quando o trabalho do roteirista é bem feito, o es-
pectador chega a um ponto em que aceita a possibilidade (ainda
que ficcional) daquilo que seria, em outras circunstâncias,
rejeitado em definitivo como algo impossível.
Na maioria das vezes, o artifício mais comum de suspen-
são da descrença consiste em criar um ou mais personagens –
melhor ainda se for o protagonista – que demonstre incre-
dulidade para com aquele elemento impossível no enredo.
PARA VER
PERSONAGENS E ATUAÇÕES
USO DE ARQUÉTIPOS
PROTAGONISTA, PLURIPROTAGONISTA
E MULTIPROTAGONISTA
ESTUDOS DE PERSONAGEM
COMPOSIÇÃO DE PERSONAGEM
DIMENSÕES DO PERSONAGEM
FÍSICA Idade, sexo, altura, peso, cor da pele e dos olhos, cor e
corte dos cabelos, maneira de andar e sentar, jeito de falar,
postura, modo de se vestir etc.
NUANCES DA ATUAÇÃO
PARA VER
O DESIGN DE PRODUÇÃO
figura 8. Arte conceitual de William Cameron Menzie para E o vento levou (1939)
Fonte: Divulgação/MGM
DURANTE AS FILMAGENS
OS FIGURINOS
figura 10. Figurinos desenhados por Colleen Atwood para Sweeney Todd (2007)
Fonte: Divulgação/DreamWorks e Warner Bros.
A MAQUIAGEM
OS STORYBOARDS
figura 11. Storyboards de William Cameron Menzie para E o vento levou (1939)
Fonte: Divulgação/MGM
PARA VER
O SOM
A MÚSICA DO CINEMA
PRINCÍPIOS SONOROS
2 Essa estética hiper-realista só se torna possível nos anos 1970, graças às possi-
bilidades tecnológicas oferecidas pelos novos equipamentos disponíveis (mi-
crofones mais sensíveis, lavaliers) e pelos novos sistemas de reprodução (Dolby
Stereo, Dolby Digital).
PARA VER
A CÂMERA
A LINGUAGEM VISUAL
A IMPORTÂNCIA DE UM CONCEITO
A ALTURA DA CÂMERA
PLANO-DETALHE [OLHOS]
CLOSE UP EXTREMO
CLOSE UP
PLANO PRÓXIMO
PLANO MÉDIO
PLANO AMERICANO
CONCEITOS ACESSÓRIOS
PARA VER
A FOTOGRAFIA
A ARTE DA LUZ
ATO 2
ATO 3
figura 13. Evolução narrativa através da câmera no filme Doze homens e uma sentença
Fonte: Fotogramas de Doze homens e uma sentença (1957)
ESTILOS DE FOTOGRAFIA
Grosso modo, podemos dividir as maneiras de iluminar um ce-
nário em três categorias mais gerais. Essa divisão nem sem-
pre é tão clara, mas essa divisão em estilos mais gerais pode
facilitar a compreensão de que existem infinitas maneiras de
iluminar um cenário.
REALISMO É o mais comum nos filmes comerciais. Este es-
tilo simula a realidade, mas não a copia inteiramente. A
diferença principal é que a sensibilidade do olho humano,
por ser muito maior, permite filtrar e controlar a luz que
atinge o nervo ótico, modulando a imagem vista e corri-
gindo imperfeições.
Nesses filmes, o fotógrafo procura evitar as sombras,
deixando todo o cenário bem iluminado, com a imagem
límpida e clara, fácil de ser percebida pelo espectador. Neste
estilo de iluminação, praticamente não existem contrastes.
Muitas vezes o fotógrafo precisa criar múltiplas fontes
de luz atenuante (em determinadas cenas, pode-se utili-
zar 15 ou 20 fontes diferentes, com refletores de diversas
temperaturas e intensidade), somente para ir eliminando,
pouco a pouco, todas as sombras. Em muitos casos, tam-
bém é preciso filmar com filtros de cor, colocados sobre as
lentes, para deixar a imagem o máximo possível parecida
com aquela que vemos quando estamos olhando para um
ambiente, na vida real.
NATURALISMO A iluminação naturalista busca apresentar
a realidade exatamente da maneira que ela é, sem qual-
quer tipo de retoque, mesmo que isso signifique dificultar
figura 14. Billy Bob Thornton em cena do filme dos irmãos Coen
Fonte: Fotograma de O homem que não estava lá (2001)
O USO DA COR
PARA VER
A MONTAGEM
O RACCORD E A CONTINUIDADE
PONTOS DE CORTE
ERRADO
CERTO CERTO
CERTO
figura 15. O eixo de 180 graus, apresentado com fotogramas de Fogo contra fogo (1995)
Fonte: Arte de Raphael Sagatio e Pedro Henrique Santos
MONTAGEM PARALELA
MONTAGEM INTERCALADA
A MONTÀGE
ACELERAÇÃO DA MONTAGEM
PARA VER
INTERTEXTUALIDADE E PARÓDIA
O PLANO-SEQUÊNCIA
CONVENÇÕES NARRATIVAS
CLICHÊS
PARA VER
OS EFEITOS ESPECIAIS
UM BREVE HISTÓRICO
PARA VER
A DIREÇÃO
A MISE-EN-SCÈNE
(1) o cenário;
(2) os figurinos e a maquiagem;
(3) a iluminação;
(4) o movimento dentro do quadro (dos atores e da câmera).
COMPOSIÇÕES VISUAIS
Só muito recentemente os teóricos do cinema começaram a
estudar mais a fundo as variadas técnicas de composição vi-
sual utilizadas pelos diretores para realizar a encenação. No
entanto, a encenação é uma das formas mais sutis – e mais
poderosas – de ordenar o olhar e a percepção do espectador.
Por encenação, entenda-se a organização visual dos elemen-
tos que compõem o quadro: as pessoas, os objetos, a posição
da câmera, o enquadramento, a composição visual, a distância
da câmera para a ação, a ordem entre as diversas camadas em
que estão dispostos os elementos da cena etc.
David Bordwell (2009) alinha dois tipos fundamentais de
planos de composição, que ele chama de “volumétricos” (os
elementos da cena estão dispostos em diagonal, enfatizando
a profundidade de campo através do volume, e com uso abun-
dante do conceito de ponto de fuga) e “planimétricos” (com-
posição que dispõe os elementos da cena num eixo horizontal,
de forma perpendicular ao eixo da cena, o que deixa a imagem
mais chapada e sem profundidade).
PARA VER
PRÉ-CINEMAS (1895–1917)
PRIMEIROS AUTORES
EXPRESSIONISMO ALEMÃO
O STAR SYSTEM
FILM NOIR
NEORREALISMO ITALIANO
WESTERN
NOUVELLE VAGUE
CINEMAS NOVOS
O DOCUMENTÁRIO
O BLOCKBUSTER
TEEN MOVIES
PARA VER
APONTAMENTOS
SOBRE ANÁLISE FÍLMICA
PARA VER
BORDWELL, David. The way Hollywood tells it: story and style in
modern movies. Los Angeles: University of California Press, 2006.
COSTA, Maria Helena Braga e Vaz. Cores & filmes: um estudo da cor no
cinema. Curitiba: Editra CRV, 2011.
Formato E-book
Tipografia Montserrat e Chaparral Pro
Desenvolvimento Editora UFPE
Este livro-texto, que tem estudantes de graduação e
cinéfilos como público-alvo, procura oferecer uma visão
panorâmica da cadeia produtiva do cinema: como se
dá a divisão do trabalho dentro do processo de fazer um
filme, o que faz cada setor de produção (fotografia, arte,
som, montagem, roteiro, produção e direção), e como
cada profissional dentro dessa cadeia pode dar sua con-
tribuição estética e criativa ao resultado final: o filme.
O livro funciona como um curso de linguagem cinema-
tográfica, uma espécie de armazém cheio de ferramen-
tas. Essas ferramentas constituem os recursos dispo-
níveis aos cineastas para contar histórias em um meio
audiovisual. A leitura do livro proporciona um passeio
dentro desse armazém, durante o qual pararemos para
conhecer algumas das ferramentas e suas funções.