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Mecânica

dos Sólidos

TUBOS DE PEQUENA
ESPESSURA SOBRE PRESSÃO
APRESENTAÇÃO

O lá aluno(a), bem-vindo(a). Vamos aprender a determinar as tensões e as deformações


atuantes em um tubo de pequena espessura submetido a um determinado valor de
pressão. Esse assunto é de muita importância para a engenharia, com diversas aplicações
no dia a dia de projeto e de obra. Vamos aos estudos?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você será capaz de:
• Calcular as tensões que irão ocorrer na parede do tubo.
• Calcular as deformações oriundas dessas tensões.
• Dimensionar um tubo submetido a uma determinada pressão.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Therus Santana
Transposição Pedagógica Prof. Eduardo Chahud
Joelma Andréa de Oliveira Adaptação: Prof. João
Bosco Alves Mello

BELO HORIZONTE - 2018


TUBOS DE PEQUENA
ESPESSURA SOBRE PRESSÃO

Tubo de parede fina


A Figura 1 mostra um tubo de parede fina.

Figura 1 – Tubo de parede fina.

Definimos tubo de parede fina o tubo cuja relação espessura pelo raio é menor ou igual
a 0,1 Ou seja:

e/r ≤ 0,1,
onde :
e = espessura do tubo
r = raio do tubo

Tubo de parede fina submetido


a pressão interna
Vamos analisar o tubo de parede fina submetido a pressão interna mostrado na Figura 2.

Figura 2 – Tubo de parede fina submetido a pressão interna

Consideramos que a pressão “p” atua com a mesma intensidade em todos os pontos da
superfície interna do tubo sendo sempre normal a essa superfície.

Tubos de Pequena Espessura sobre Pressão 51


Atuando dessa forma ela tende a expandir o tubo e com isso o raio interno do tubo, “r”
sofrerá um aumento em seu valor chamado de Δr.

Definimos assim, a deformação radial igual a:

er = Δr/r
onde:
r = raio interno
Δr = variação do raio interno
er = deformação radial
Podemos da mesma maneira definir a deformação circunferencial.

Antes da aplicação da pressão p, a circunferência do tubo vale 2πr e após a aplicação da


pressão p ela passa a valer 2π(r+Δr). Com isso definimos a deformação circunferencial
como sendo:

ec = [2π(r+Δr) - 2πr] / 2πr


onde:
ec = deformação circunferencial
Realizando as simplificações possíveis, teremos:

εc = [2π(r+Δr) - 2πr]/ 2πr = [2πr+2πΔr - 2πr]/2πr


εc = 2πΔr/2πr = Δr/r
Portanto,

εc = εr
Ou seja, a deformação circunferencial é igual a deformação radial do tubo.

Tensão circunferencial em tubo de parede


fina submetido a pressão interna
O tubo, submetido a uma pressão interna irá sofrer uma expansão. Essa expansão produ-
zira tensões normais de tração nas paredes do tubo conforme mostrado na Figura 3 e são
chamadas de tensões circunferenciais.

Figura 3 – Tensão normal de tração nas paredes do tubo.

52 Tubos de Pequena Espessura sobre Pressão


Vamos agora, analisar o tubo fazendo um corte diametral no tubo e analisando o equilíbrio
dos esforços, conforme mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Equilíbrio dos esforços em um corte diametral

Por equilíbrio, temos:


p*2*r – 2*σc*e = 0
σc = (p*r)/e
Onde:
σc = tensão normal na parede do tubo chamada de tensão circunferencial
p = pressão interna do tubo
r = raio interno do tubo
e = espessura do tubo
Conhecida a tensão normal, podemos calcular a deformação circunferencial aplicando a
Lei de Hooke.

σc = E*εc
(p*r)/e = E*εc
εc = (p*r)/(E*e) = εr

Reservatório cilíndrico de parede fina


Um reservatório cilíndrico de parede fina atende a recomendação de (e/r)≤0,1 e, portanto
a tensão circunferencial apresenta o mesmo valor, ou seja:

σc = (p*r)/e
A forma do reservatório está esquematizada na Figura 5.

Figura 5 – Esquema do reservatório cilíndrico de parede fina

Tubos de Pequena Espessura sobre Pressão 53


Sendo um reservatório, as extremidades são fechadas e a pressão atuando nas tampas de
extremidade do tubo irá produzir uma tensão normal chamada de tensão axial ou tensão
longitudinal - σl.

Fazendo o equilíbrio do reservatório mostrado na Figura 5, temos que:

σl = (p*r)/(2*e)
σl = σc/2

IMPORTANTE
Na direção da espessura do tubo aparecerá uma terceira tensão normal que variará do valor
de p até zero. Essa tensão é de um valor muito pequeno e será desconsiderada em nossas
análises.

Tubos construídos com dois materiais


Vamos considerar um tubo de parede fina construído com dois diferentes materiais
conforme esquematizado na Figura 6.

Figura 6 – Tubo de parede fina construído por dois materiais

Temos na figura um material denominado de Material 1 com módulo de elasticidade E1 e


um outro material denominado de Material 2 com módulo de elasticidade E2.

O Material 1 estará submetido a tensão σ1 e o Material 2 estará submetido a tensão σ2.

Como podemos observar somente a equação de equilíbrio:

(p*2*r1) – (2*σ1*e1)-(2*σ2*e2)= 0
não é suficiente para a determinação dos valores de σ1 e σ2.

Para a determinação das tensões será necessário à utilização da equação de compatibi-


lidade dos deslocamentos, ou seja, a deformação sofrida pelo Material 1 é igual a defor-
mação sofrida pelo Material 2.

ε1 = ε2
σ1/E1 = σ2/E2
adotando n = E2/E1

54 Tubos de Pequena Espessura sobre Pressão


Exemplos de Aplicação
1. Um tubo de parede fina de diâmetro externo igual a 12 cm e espessura 0,5 cm está
submetido a uma pressão interna igual a 15 MPa. Sabendo-se que o material apre-
senta módulo de elasticidade longitudinal igual a 210 GPa, tensão de escoamento
igual a 320 MPa e coeficiente de segurança igual a 1,8, pede-se:
a. verificar se o tubo atende a condição de projeto.
b. se atender determinar a deformação circunferencial do tubo.

Figura 7 – Tubo submetido a pressão p.

a. verificar se o tubo atende a condição de projeto

Vamos aplicar os conceitos adquiridos.

• Tensão admissível:
σadm = σe/s
σadm = 320/1,8
σadm = 178 MPa
• Verificação se o tubo é de parede fina
diâmetro externo = 12 cm
espessura = 0,5 cm = e
diâmetro interno = 12-(2*0,5) = 11 cm
raio interno = 11/2 = 5,5 cm = r
e/r = 0,5/5,5 = 0,091 ≤ 01 → tubo de parede fina
• tensão circunferencial atuante
σc = (p**r)/e
σc = (15*5,5)/0,5 = 165 MPa
• condição de projeto
σc ≤ σadm
165 MPa ≤ 178 MPa → atende as condições de projeto

Tubos de Pequena Espessura sobre Pressão 55


b. se atender determinar a deformação circunferencial do tubo.

• deformação circunferencial
εc = (p*r)/(E*e)
εc = (15*5,5)/(210000*0,5)
εc = 0,0007857

2. Determinar as tensões e as deformações circunferenciais que irão aparecer em um


tubo de parede fina, raio interno de 60 mm, composto por dois materiais e submeti-
do a uma pressão interna de 20 MPa.
Dados dos materiais:

• Material 1: E1 = 200 GPa


e1 = 4 mm
r1 = 60 mm
• Material 2: E2 = 150 GPa
e2 = 2 mm
r2 = 64 mm
Vamos aplicar os conhecimentos adquiridos. Analisando o tubo, através dos dados
fornecidos, vemos que o material interno é o Material 1 e o material externo é o
Material 2.

Aplicando as equações desenvolvidas, temos:


n = E2/E1 = 150/200 = 0,75
σ1 = (p*r1)/(e1 +n*e2)
σ1 = (20*60)/(4 +0,75*2)
σ1 = 218 MPa
σ2 = (n*p*r1)/(e1 +n*e2)
σ2 = (0,75*20*60)/(4 + 0,75*2)
σ2 = 164 MPa
A deformação circunferencial apresenta o mesmo valor para os dois materiais a:
εc = σ1/E1 = σ2/E2 = 218/200000 = 164/150000
εc = 0,00109

3. Um reservatório cilíndrico de diâmetro interno igual a 1,5 m apresenta uma tensão


admissível de 250 MPa. Determinar o valor da máxima pressão interna se o reserva-
tório apresentar uma espessura de 10 mm.
Dados do problema:
σadm = 250 MPa
e = 10 mm
r = 1500/2 = 750 mm
As tensões que irão aparecer no reservatório serão:

• a tensão circunferencial: σc = (p*r)/e


• tensão longitudinal: σl = (p*r)/(2*)

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A condição de projeto significa que a máxima tensão atuante deverá ser menor ou
igual a tensão admissível, ou seja, a tensão circunferencial deverá ser menor ou igual
a tensão admissível.

A tensão circunferencial será sempre o dobro da


Por que? tensão longitudinal para esse tipo de reservatório,
conforme é demonstrado pelas equações.

σc ≤ σadm
(p*r)/e ≤ σadm
p ≤ (σadm*e) /t
p ≤ (250*10)/750
p ≤ 3,33 MPa

Tubos de Pequena Espessura sobre Pressão 57


Síntese
Neste módulo você aprendeu o comportamento de um tubo e de um reservatório circular
de parede fina submetido a uma pressão interna. Na sequência, determinamos o valor
das tensões que aparecem e das deformações correspondentes. Para complementarmos,
determinamos as tensões que irão aparecer se o tubo for construído por dois materiais
diferentes. Muito importante para o aprendizado é assimilar os conceitos aprendidos com
a realização de pesquisas e resolução dos mais diferentes tipos de exercícios. Porque não
começar agora? Estude o presente módulo, resolvendo os exercícios propostos e buscan-
do aprimorar todos os conceitos aqui aprendidos.

Não esqueça, prezado(a) aluno(a), o conhecimento da resistência dos materiais será


fundamental para a sua formação profissional.

Referências
AMARAL, Otávio Campos do. Curso básico de resistência dos materiais. Belo Horizonte: O. Campos do Amaral,
2002. xiv, 519p. ISBN 8590264815.
BEER, Ferdinand Pierre; JOHNSTON, E. Russell. Resistência dos materiais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Makron Books:
McGraw-Hill, c1996. 1255p. ISBN 8534603448.
HIBBELER, R.C. Resistência dos materiais. 7ª ed. SãoPaulo: Pearson Education do Brasil, 2010, 641 p. ISBN:
978-85-7605-373-6.

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