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Mecânica

dos Sólidos

PROBLEMAS ESTATICAMENTE
INDETERMINADOS
APRESENTAÇÃO

O lá aluno(a), bem-vindo(a). Vamos aprender a determinar os efeitos produzidos por


cargas axiais em uma barra estrutural estaticamente indeterminada, ou seja, quando
ela não poderá ser calculada somente com as equações de equilíbrio.
Neste módulo veremos que o caminho que devemos adotar, quando a estrutura for
estaticamente indeterminada, é a obtenção de equações baseadas na deformação da
peça estrutural.

Vamos aos estudos?

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você será capaz de:

• determinar as reações de apoio de peças estruturais estaticamente indeterminadas;


• calcular as tensões que aparecem em barras estaticamente indeterminadas;
• analisar os deslocamentos dos pontos internos destas mesmas estruturas.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Therus Santana
Transposição Pedagógica Prof. Eduardo Chahud
Joelma Andréa de Oliveira Adaptação: Prof. João
Bosco Alves Mello

BELO HORIZONTE - 2018


PROBLEMAS ESTATICAMENTE
INDETERMINADOS
Revisão de Cálculo de Tensões e Deformações
Seja calcular o valor de P2 que irá provocar uma variação de comprimento do trecho infe-
rior da barra estrutural mostrada na figura 01 abaixo igual à variação de comprimento do
trecho superior. Qual o valor das tensões normais nos dois trechos?

Figura 1

P1 = 450 kN

l1 = 35cm d1 = 10cm
P2 P2 seção transversal 1° trecho

l2 = 35cm d2 = 15cm
seção transversal 2° trecho

Dados do material

Módulo de Elasticidade do alumínio = 7.000kN/cm2

σe = tensão de escoamento do alumínio = 14kN/cm2


Resolução

Se ΔL1= ΔL2 e L1= L2, teremos que: ε1= ε2 .

Baseados na lei de Hooke ( σ = E.ε)

Podemos dizer que σ1= σ2.

O primeiro trecho tem área A1= 78,754 cm2.

O trecho encontra-se comprimido pela força P1 = 450kN logo N1 = - 450kN.

σ1 = N1 / A1 logo σ1 = - 450kN/ 78,754 cm2=- 5,73kN/cm2


Teremos então que σ2 = σ1 = - 5,73kN/cm2.

O segundo trecho tem área A2= 176,715 cm2.

O trecho encontra-se comprimido pelas forças P1 e 2xP2 logo N2 = - 450 kN - 2xP2.

Como N2 =σ2 x A2 podemos obter:

N2 = - 450 kN - 2xP2 =- 5,73kN/cm2x176,715 cm2 = -1012,58kN


Logo 2xP2 = 562,58 kN e P2 = 281,29 kN

Problemas Estaticamente Indeterminados 3


Barras Estaticamente Indeterminadas
Até aqui conseguimos calcular tensões e deformações nas estruturas apresentadas pois
as mesmas são estaticamente determinadas, ou seja, conseguimos calcular as reações na
base (apoio) aplicando a condição de equilíbrio das forças externas aplicadas ao corpo.

ΣF = 0 → somatória das forças na direção do eixo da barra é igual a zero.


Se acrescentarmos mais apoios à peça a tornaremos uma estrutura estaticamente inde-
terminada pois as restrições (apoios) irão impedir os deslocamentos e aparecerão novas
reações que deverão fazer parte do projeto estrutural.

Sabendo que estas reações impedirão determinados deslocamentos podemos acrescentar


novas equações que permitirão determinar os esforços externos.

Vejam Alguns Exemplos de Aplicação


1. Uma barra DEF, de 3 metros de comprimento e seção transversal retangular com 10
centímetros de base e 15 centímetros de altura, recebe uma carga P3= 15 kN. Calcular
as tensões nos trechos DE e EF, sabendo que a carga externa P3 está aplicada no
ponto E e a barra encontra-se engastada em seus extremos D e F .

Podemos esquematicamente representar a barra pelo seu eixo conforme a figura 02.

10cm
HD P3 = 15 kN HF
15cm
D E F

2m 1m

Figura 02 – Esquema estrutural da barra DEF

Os engastes aplicarão as forças HD e HF à barra como forma de “prender” as extremida-


des, impedindo os deslocamentos de D e F.

ΣF = 0 = HD – 15kN + HF Observe que esta é uma somatória algébrica.


Esta equação é insuficiente para a determinação das reações HD e HF.

Teremos somente: HD + HF= 15kN equação (1)

Teremos que achar uma segunda equação para formar um sistema com a equação (1).

Esta será uma equação baseado no cálculo das variações de comprimento dos trechos
DE e EF.

Este sistema nos habilitará determinar as reações HD e HF.

As forças e tensões normais nos dois trechos são:

N1 = - HD σ1 = N1 / A = - HD/ A
N2 = + HF σ2 = N2 / A = -+ HF / A
As variações de comprimento nos dois trechos serão:

∆l1 = ε1 x l10 = σ1 x l10 / E = - ΗD x l10 / EA = - ΗD x 200 / EA

4 Problemas Estaticamente Indeterminados


∆l2 = ε2 x l20 = σ2 x l20 / E = +ΗF x l20 / EA = + ΗF x 100 / EA
A soma das variações de comprimento nos dois trechos será nula, pois a barra não muda-
rá de comprimento total.

Assim:

∆lTotal = ∆l1 + ∆l2 = - ΗD x 200 / EA+ ΗF x 100 / EA = 0


ΗD x 200 / EA = ΗF x 100 / EA
ΗD x 200 = ΗF x 100
2ΗD = ΗF equação (2)
Considerando a equação (1), concluímos que:

HD= 5kN
HF= 10kN
Logo as tensões nos dois trechos serão:

σ1 = N1 / A = -5 kN/ 50 cm2 = - 0,1kN/cm2 = - 1MPa


σ2 = N2 / A = +10 kN/ 50 cm2 = + 0,2kN/cm2 = + 2MPa
2. Determinar as tensões normais na barra de aço, engastada nas duas extremidades e
com seção transversal quadrada de lado igual a 6 cm.

Dados: E = 200 GPa

Figura 7 – Barra engastada

A barra está submetida ao carregamento axial mostrado na Figura 7 que irá produzir as
reações de apoio nos engastes.

Vamos adotar os sentidos das reações mostrados na Figura 8.

Figura 8 – Barra com as forças de reação dos engastes

Aplicando a equação de equilíbrio possível nesse carregamento, temos:

ΣFx = 0
HA - 200 - HB = 0
HB = HA - 200
Adotando, nesse momento que HA é maior 200, teremos o diagrama de força normal
mostrado na Figura 9.

Problemas Estaticamente Indeterminados 5


Figura 9 – Diagrama de força normal

Como a viga é engastada, os apoios A e B permanecem na posição inicial, o que significa

que o comprimento final da barra permanece constante, isso é: Δl = 0.

Os trechos (I) e (II), submetidos a força normal, irão sofrer alongamento ou encurtamento,
se a foça normal aplicada for de compressão ou de tração.

Então, prezado aluno, vamos analisar os dois trechos.

Trecho (I):

A = 6 x 6 = 36 cm2 = 36 x 10-4 m2
l0 = 3 m
E = 200 GPa = 200 x 106 kN/m2
ΔF(I) = (F x l0)/(E x A)
ΔF(I) = [(-HA) x (3)]/[(200 x 106) x (36 x 10-4)]
ΔF(I) = -4,1667 x 10-6 x HA
Trecho (II):

A = 6 x 6 = 36 cm2 = 36 x 10-4 m2
l0 = 5 m
E = 200 GPa = 200 x 106 kN/m2
ΔF(II) = (F x l‌0)/(E x A)
ΔF(II) = {[-(HA - 200)] x (5)}/[(200 x 106) x (36 x 10-4)]
ΔF(II) = -6,9444 x 10-6 x HA + 1,3889 x 10-3
Na barra toda, teremos:

Δl = 0
ΔF(I) + ΔF(II) = 0
(-4,1667 x 10-6 x HA) + (-6,9444 x 10-6 x HA + 1,3889 x 10-3) = 0
HA = 125 kN
Da equação de equilíbrio, temos:

HB = HA - 200
HB = 125 - 200
HB = -75 kN

6 Problemas Estaticamente Indeterminados


IMPORTANTE
Como HA tem sinal positivo, o sentido adotado está correto.

Como HB tem sinal negativo, o sentido adotado está ao contrário e ele deve ser trocado.
Com isso, o diagrama real da força normal passa a ser o mostrado na Figura 10.

Figura 10 – Diagrama de força normal

Analisando o diagrama de força normal da Figura 10, temos:

Trecho (I):

N1 = -125 kN (força normal de compressão)


σ1 = N/A
σ1= (-125)/(36 x 10-4)
σ1 = -34722 kN/m2
σ1 = -34,72 MPa → tensão normal de compressão
Trecho (II):

N2 = +75 kN (força normal de tração)


σ2 = N/A
σ2 = (+75)/(36 x 10-4)
σ2 = 20833 kN/m2
σ2 = 20,83 MPa → tensão normal de tração

TOME NOTA
Foram utilizadas unidades diferentes que as adotadas no exercício anterior como forma de
familiarizarmos com as diversas unidades que encontraremos na Engenharia.

Problemas Estaticamente Indeterminados 7


Síntese
Neste módulo você aprendeu a calcular barras estaticamente indeterminadas. É muito
importante para o aprendizado assimilar os conceitos aprendidos com a realização de
pesquisas e resolução dos mais diferentes tipos de exercícios. Porque não começar agora?
Estude o presente módulo, resolvendo os exercícios propostos e buscando aprimorar
todos os conceitos aqui apresentados.

Não esqueça, prezado(a) aluno(a), que o conhecimento dos conceitos básicos de Mecânica
dos Sólidos será fundamental para a sua formação profissional.

Referências
AMARAL, Otávio Campos do. Curso básico de resistência dos materiais. Belo Horizonte:
O. Campos do Amaral, 2002. xiv, 519p. ISBN 8590264815.

BEER, Ferdinand Pierre; JOHNSTON, E. Russell. Resistência dos materiais. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Makron Books: McGraw-Hill, c1996. 1255p. ISBN 8534603448.

HIBBELER, R.C. Resistência dos materiais. 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2010, 641 p. ISBN: 978-85-7605-373-6.

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