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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DO NOROESTE FLUMINENSE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS, BIOLÓGICAS E DA TERRA
LICENCIATURA EM FÍSICA

JULIANY DOS SANTOS SOUZA

DESENVOLVIMENTO DE EXPERIMENTO DE BAIXO CUSTO BASEADO NO

INTERFERÔMETRO DE MICHELSON-MORLEY PARA SUPORTE AO ENSINO

DA ÓTICA

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA


2019
JULIANY DOS SANTOS SOUZA

Desenvolvimento de experimento de baixo custo baseado no

interferômetro de Michelson-Morley para suporte ao ensino da

ótica

Trabalho de Conclusão de Curso apre-


sentado ao Curso de Graduação em li-
cenciatura em física, do Departamento
de Ciências Exatas, Biológicas e da
Terra, no Instituto do Noroeste Flumi-
nense de Educação Superior da Univer-
sidade Federal Fluminense, como requi-
sito parcial para a obtenção do grau de
licenciado em física.

Orientador:

Profa. Dra. Maria Danielle Rodrigues Marques

Coorientador:

Profa. Dra. Maria Carmen Morais

Santo Antônio de Pádua


2019
Ficha catalográfica automática - SDC/BINF
Gerada com informações fornecidas pelo autor

S719d Souza, Juliany dos Santos


Desenvolvimento de experimento de baixo custo baseado no
interferômetro de Michelson-Morley para suporte ao ensino da
ótica / Juliany dos Santos Souza ; Maria Danielle Rodrigues
Marques, orientadora ; Maria Carmen Morais, coorientadora.
Santo Antônio de Pádua, 2019.
67 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Física)-


Universidade Federal Fluminense, Instituto do Noroeste
Fluminense de Educação Superior, Santo Antônio de Pádua,
2019.

1. Física Ótica. 2. Interferência. 3. Difração. 4.


Relatividade Restrita. 5. Produção intelectual. I. Marques,
Maria Danielle Rodrigues, orientadora. II. Morais, Maria
Carmen, coorientadora. III. Universidade Federal Fluminense.
Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior. IV.
Título.

CDD -

Bibliotecário responsável: Maria Dalva Pereira de Souza - CRB7/7044


JULIANY DOS SANTOS SOUZA

Desenvolvimento de experimento de baixo custo baseado no


interferômetro de Michelson-Morley para suporte ao ensino da
ótica

Trabalho de Conclusão de Curso apre-


sentado ao Curso de Graduação em li-
cenciatura em física, do Departamento
de Ciências Exatas, Biológicas e da
Terra, no Instituto do Noroeste Flumi-
nense de Educação Superior da Univer-
sidade Federal Fluminense, como requi-
sito parcial para a obtenção do grau de
licenciado em física.

Aprovada em 04 de junho de 2019.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Maria Danielle Rodrigues Marques - INFES/UFF


Orientador

Profa. Dra. Maria Carmen Morais - INFES/UFF


Coorientador

Profa. Dra. Érica Cristina Nogueira - INFES/UFF

Prof. Dr. Juan Lucas Nachez - INFES/UFF

Santo Antônio de Pádua


2019
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida.

Aos meus pais, irmãs, meu marido Guilherme Santos, que, com muito carinho e apoio,

não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus.

À Instituição por proporciona um ambiente criativo e amigável.

A professora Dr Maria Danielle, por aceitar conduzir o meu trabalho de pesquisa,

pelo apoio e conança.

A professora Dr Maria Carmem pelo paciente trabalho de revisão do texto.

Agradeço ao Técnico de Laboratório Sidney por toda ajuda e paciência. Ao Zé

de Almeida pelo apoio na construção do equipamento experimental, e todos os

patrocinadores que contribuíram com os materiais utilizados.

Agradeço a todos os professores, em especial ao Professor Dr Lucas Nachez, por

me proporcionar o conhecimento teórico e experimental, assim como a educação no

processo de formação prossional, não somente por terem me ensinado, mas por

terem me feito aprender.

A todos que direta ou indiretamente zeram parte da minha formação, o meu muito

obrigado.
RESUMO

Este trabalho apresenta a produção de um interferômetro semelhante ao de Michelson-


Morley com materiais de baixo custo, como proposta para o ensino dos fenômenos ondu-
latórios da luz através de uma abordagem interdisciplinar. Por meio deste equipamento
foram realizados dois experimentos que possibilitaram analisar conceitos físicos como com-
primento de onda e índice de refração, assim como conceitos matemáticos, obtendo re-
sultados qualitativos e quantitativos. Enfatizando a importância da observação, coleta
de dados, análise de resultados e a comparação desses resultados com a realidade, como
destaca no processo de ensino de Libanio e aprendizagem signicativa de David Ausebel.
Visando melhorar a qualidade do ensino da física nas escolas e atendendo aos requisitos
da BNCC introduzindo a experimentação como metodologia de ensino. Os resultados
foram satisfatórios demonstrando que é possível construir um equipamento experimental
com materiais de fácil acesso e com alto nível de precisão.

Palavras-chave: Experimentação; Interdisciplinaridade; Ensino e Aprendizagem.


ABSTRACT

This work presents the production of an interferometer Michelson-Morley with low cost
materials, as a suggestion for the teaching of wave phenomena of light through an interdis-
ciplinary approach. Through this equipment were carried out two experiments in which
analyze physical concepts such as wavelength and refractive index, as well as mathemati-
cal concepts, obtaining qualitative and quantitative results. Emphasizing the importance
of observation, data collection, analysis of results and the comparison of these results with
reality, as highlighted in the process of teaching Libanio and signicant learning of David
Ausebel. In order to improve the quality of teaching physics in schools and attending the
requirements of the BNCC introducing experimentation as teaching methodology. The
results were satisfactory demonstrating that it is possible to construct an experimental
equipment with materials of easy access and with high level of precision.

Keywords: Experimentation; Interdisciplinarity; Teaching and Learning.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação de uma onda eletromagnética (CAOPTICO, 2019). . . . 23

Figura 2 - Espectro Eletromagnético (DIáRIO, 2019). . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Figura 3 - Representação esquemática da reexão da luz. . . . . . . . . . . . . . . 24

Figura 4 - Representação esquemática da imagem produzida por um espelho plano

em movimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Figura 5 - Representação esquemático da difração da luz. . . . . . . . . . . . . . . 26

Figura 6 - Interferência de onda (a) destrutiva e (b) construtiva (c) intermediária

(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009a). . . . . . . . . . . . . . . . 27

Figura 7 - Demonstração do interferômetro de Michelson-Morley. . . . . . . . . . . 29

Figura 8 - Desenho esquemático do raio de luz atravessando o vidro. . . . . . . . . 31

Figura 9 - Sistema de alavanca para movimentar o espelho. . . . . . . . . . . . . . 33

Figura 10 - Esquema matemático de semelhança de triângulo. . . . . . . . . . . . . 34

Figura 11 - Aparato experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Figura 12 - Suporte do espelho móvel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Figura 13 - Suporte do micrômetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Figura 14 - Medida do raio do orifício onde passa o parafuso que prende a haste de

madeira no suporte da alavanca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Figura 15 - Medida da base do triângulo retângulo maior. . . . . . . . . . . . . . . . 38

Figura 16 - Medida da base do triângulo retângulo menor. . . . . . . . . . . . . . . 38

Figura 17 - (a) Suporte da alavanca. (b) Sistema de alavanca construído. . . . . . . 39

Figura 18 - Construção da escala angular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Figura 19 - Posicionamento do suporte do espelho móvel na alavanca. . . . . . . . . 40

Figura 20 - (a) Calibração dos espelhos. (b) Figura de interferência. . . . . . . . . . 41

Figura 21 - Aparato experimental para o experimento de índice de refração. . . . . 42

Figura 22 - Marcação no anteparo do segundo máximo de interferência. . . . . . . . 43


Figura 23 - Aparato experimental para o experimento de comprimento de onda da

luz incidente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

Figura 24 - (a) Padrão de interferência com fonte de luz de Laser He-Ne, compri-

mento de onda 632,8 nm. (b) Padrão de interferência com fonte de luz

Laser de diodo, comprimento de onda 532,0 nm. . . . . . . . . . . . . . 46

Figura 25 - Desenho esquemático do vidro na posição 5◦ na escala. . . . . . . . . . . 50

Figura 26 - (a) Interferômetro comercial e (b) O fator de proporcionalidade deste

interferômetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Figura 27 - Padrão de interferência formado pelo equipamento comercial. . . . . . . 56


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados da medida da espessura do vidro a ser determinado o índice de

refração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Tabela 2 - Dados coletados ao contar 20 máximos de interferência, cálculo da média

e desvio padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Tabela 3 - Índice de refração do vidro calculado para os dois comprimentos de onda

utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Tabela 4 - Tabela do índice de refração de alguns materiais (HUGO; ROGER, 2008). 49

Tabela 5 - Medidas com micrômetro ao contar 20 máximos de interferência. . . . . 52

Tabela 6 - Resultados dos comprimentos de onda das duas fontes de luz desconhe-

cidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Tabela 7 - Faixa de comprimentos de onda da luz visível (BERTISSO, 2019). . . . 54

Tabela 8 - Medidas com micrômetro ao contar 20 máximos de interferência com

equipamento comercial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1.1 Experimentação no ensino da física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1.2 Enfoque da LDB, dos PCN's de Ciências, da BNCC e o Currículo Mínimo

do Estado do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

1.3 Comprimento de onda e ondas eletromagnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . 23

1.4 Reexão e espelhos planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

1.5 Índice de Refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

1.6 Interferência de ondas eletromagnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

1.7 Interferômetro de Michelson-Morley . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

1.7.1 Determinação do índice de refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

1.7.2 Determinação do comprimento de onda da luz monocromática . . . . . . . . 32

2 METODOLOIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.1 Construção do equipamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.2 Montagem do equipamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.3 Medidas de segurança, higienização dos espelhos e condições do local de re-

alização dos experimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.4 Calibração dos espelhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.5 Experimento 1: Índice de refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.5.1 Procedimento experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.5.2 Sugestão de perguntas relacionadas com o conteúdo . . . . . . . . . . . . . . 43

2.6 Experimento 2: Comprimento de onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.6.1 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

2.6.2 Experimento de comprimento de onda com equipamento de laboratório . . . 45


3 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.1 Resultados do Experimento de Índice de Refração . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.2 Resultados do experimento de comprimento de onda . . . . . . . . . . . . . . 51

3.3 Resultado do experimento com equipamento comercial . . . . . . . . . . . . . 55

3.4 Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.5 Sugestão de aplicação do experimento em sala de aula . . . . . . . . . . . . 58

CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

APÊNDICE A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
14

INTRODUÇÃO

A experimentação como metodologia de ensino é uma questão muito discutida por

pesquisadores da educação como uma alternativa de melhoria no ensino e aprendizado.

Não é novidade que a disciplina de física é considerada complexa pelos alunos, princi-

palmente se abordada de forma tradicional. Trazer para sala de aula exemplos práticos

que demonstram situações vividas pelos alunos despertam maior interesse pelo conteúdo.

Através das atividades experimentais o aluno tem contato com o mundo cientíco que pro-

picia o desenvolvimento intelectual proporcionando um conhecimento enriquecedor que vai

além de entender somente os fenômenos físicos, ele aprende a discutir, criar argumenta-

ções críticas, descrever o observado e analisar o resultado obtido (LEIRIA; MATARUCO,

2015).

A prática experimental pode ser abordada tanto para introduzir um assunto como

para concluir, e se realizada em conjunto com professores de outras áreas, permite que o

aluno explore a autonomia do saber relacionando com as outras disciplinas, tendo uma

compreensão maior dos conteúdos, assimilando teoria e prática. A nalidade da inter-

disciplinaridade é usar conhecimentos de mais de uma área do saber pra resolver um

determinado problema ou analisar um fenômeno em inúmeras perspectivas (BONATTO

et al., 2012).

A experimentação e a interdisciplinaridade estão presentes nos estudos desde o

nascimento da Física, Galileu foi o primeiro a usar experimento para explicar fenômenos

naturais. Estudou o movimento dos corpos na Terra usando raciocínios teóricos e ob-

servações experimentais nas formulações de suas teorias (HAMBURGER, 2007). Neste

sentido, se desde o século XVII se faz ciência através de experimentos e conhecimentos em

diversas áreas do saber, este trabalho traz uma sugestão de experimento que aborda as

disciplinas de física e história das ciências, em um assunto tanto quanto complexo, porém

excitante, pois além de permitir ao aluno observar o fenômeno, podem deduzir equações

que estão presentes nos livros didáticos e obter resultados coerentes com a realidade.

Acompanhando a história da luz visível.

São diversas as diculdades enfrentadas pelos professores para realizar experimen-

tos com os alunos, nem todas as escolas possuem laboratórios disponíveis. Por isso, faz-se

necessário construir equipamento experimental com materiais de baixo custo e de fácil

acesso, e com alta precisão, permitindo fazer medidas e que os resultados sejam tão satis-
15

fatórios quanto os do equipamento experimental comercial.

O equipamento experimental construído é um interferômetro semelhante ao de Mi-

chelson Morley, o qual foi criado no nal do século XIX. Neste século muitas teorias sobre

os fenômenos ondulatórios da luz foram provadas experimentalmente, o eletromagnetismo

com as equações de Maxwell estava bem consolidado, haviam descoberto que a onda ele-

tromagnética é composta por campos elétricos e magnéticos, perpendiculares entre si, e

oscilando. Experimentos anteriores aos de Michelson identicaram a interferência da luz

comprovando que a luz é uma onda eletromagnética. Foi então que o físico norte ame-

ricano Michelson criou o experimento, baseado nas recentes descobertas para provar a

existência do Éter, que era considerado o referencial das ondas eletromagnéticas.

No entanto, os resultados não foram os esperados, então acreditaram que o expe-

rimento estava errado, pois não detectaram a presença do Éter. Somente com a teoria da

relatividade de Albert Einstein, alguns anos mais tarde, que cou provado a inexistência

do Éter (GUERRA; REIS; BRAGA, 2004). O experimento cou marcado na história da

física como um experimento que deu errado, mas hoje possui grande importância no meio

acadêmico e tecnológico.

Muitos livros didáticos do ensino médio apresentam este experimento como no livro

Física do Bonjorno (BONJORNO; CLINTON, 2013) e o livro Conexões Com a Física de

Gloria Martini (ANNA et al., 2011), para introduzir o assunto de relatividade, a teoria

do Éter e explicar a dilatação do tempo. O presente estudo propõe outra metodologia

de aplicação para o experimento abordando o assunto de ótica, assim o aluno relaciona

teoria e prática, uma vez que, os fenômenos ondulatórios da luz não são intuitivos, o

experimento traz uma abordagem simples que facilita o entendimento do conteúdo. Com

o interferômetro é possível o aluno visualizar as franjas de interferência e o signicado da

diferença do caminho ótico.

Para o desenvolvimento deste trabalho foi feito um estudo dos mais diversos in-

terferômetros a m de sistematizá-los para criação de um aparato experimental que seja

preciso o suciente para fazer medidas, de fácil montagem e custo acessível.

No capítulo 1 discutimos a concepção dos autores que destacam a importância da

experimentação e da interdisciplinaridade para o ensino, assim como a LDB e o Currículo

Mínimo de Rio de Janeiro. Ainda neste capítulo será apresentado todo o conteúdo que o

professor deve lecionar antes de realizar o experimento, contendo desde conceitos físicos,

a história do experimento, teoremas matemáticos e dedução de equações.

No capítulo 2 mostramos a construção detalhada do aparato experimental indi-

cando onde obteve-se os materiais, todas as medidas e como fazê-las.


16

Já no capítulo 3 apresentamos os resultados das medidas nos quais foram discutidas

e analisadas. Assim como as aplicações tecnológica dos estudos sobre ótica.

Em seguida apresentamos as conclusões e perspectivas para trabalhos futuros, onde

serão discutidas as implicações dos resultados obtidos.


17

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Experimentação no ensino da física

No decorrer da história, a didática e o processo de ensino estão sempre em cons-

tante mudança buscando adaptar-se a concepção político-social, a cultura, tecnologia, a

sociedade e sua forma de pensar e agir. A didática auxilia a organizar conteúdos e méto-

dos, procurando a melhor técnica para associar o ensino e aprendizagem, para que o aluno

tenha um desenvolvimento físico e intelectual e consiga assimilar o conteúdo dado em sala

de aula com o mundo a sua volta. Neste sentido o professor tem o papel de proporcionar

aos alunos meios para que eles possam adquirir pensamentos críticos, poder de observação

e análise de situações.

No livro de Libâneo (LIBANEO, 1990) ele relata que o professor não é apenas um

mero transmissor do conhecimento, sua função é relevante no processo de ensino, pois a

sua abordagem deve ser a mais criativa capaz de estimular e alimentar a curiosidade.

O ensino somente é bem-sucedido quando os objetivos do

professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e é

praticado tendo em vista o desenvolvimento de suas forças

intelectuais. Ensinar e aprender, pois, são duas facetas do

mesmo processo, e que se realizam em torno das matérias de

ensino, sob a direção do professor (LIBANEO, 1990).

Libâneo destaca a importância do professor e que é de sua responsabilidade usar

diferentes maneiras de ensinar desde que essas sejam capazes de instigar ao aluno o querer

saber. Para isso o professor deve conhecer e entender o meio onde a escola está inserida

porque fatores externos inuenciam no processo de ensino e aprendizagem.

Se beneciar da tecnologia trazendo-a para a sala de aula pode ter resultados

positivos, dessa forma o aluno consegue compreender facilmente o porquê de estudar tal

conteúdo. A proposta do ensino experimental no âmbito escolar não é novidade, uma

abordagem prática pode ser mais interessante do que a tradicional. O ensino da física

muitas vezes é considerado complexo se tratado de modo apenas teórico, principalmente

porque o caminho natural da física é experimental. Todo trabalho cientíco possui uma

teoria, porém são os resultados experimentais que dizem se a teoria está correta. Inúmeras

vezes na história da física, os resultados experimentais contradizia a teoria logo houve a

necessidade de reformulá-la. Pensando nisso, se os grandes avanços das ciências foram


18

conquistados através de experimentos então essa pode ser a melhor escolha para a didática

no ensino da física, incentivando o aluno a fazer perguntas e a questionar respostas.

Há uma variedade de possibilidades para trabalhar com a experimentação, cabe

ao professor conduzir o estudo identicando qual a melhor forma. Desde experimentos

observacionais com o objetivo de vericar as leis físicas até um experimento quantitativo

onde os resultados numéricos serão aplicados nas equações exposta nos livros didáticos,

associação com a teoria. Através dos resultados o aluno compreende que o experimento re-

alizado é uma demonstração de certos fenômenos do universo. Assim quebra o paradigma

de eu nunca mais vou usar isso (ARAUJO; ABIB, 2003).

No âmbito da aprendizagem para Ausubel (GUIMARãES, 2017) esse processo

acontece devido à interação da nova informação com conhecimentos prévios, segundo ele

o aluno tem mais interesse em um assunto quando este está associado com as vivências

do cotidiano, é necessário que o aluno encontre sentido no que ele está aprendendo.

Se tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um

só princípio diria o seguinte: o fator isolado mais importante

que inuencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já

sabe. Averigue isso e ensine-o de acordo (AUSEBEL; NO-

VAK; HANESIAN, 1980).

Ausubel defende que os conhecimentos prévios que servem de apoio para a nova

aprendizagem. Neste sentido, como na didática de Libanêo cabe ao professor identi-

car esses conhecimentos prévios e organizar o conteúdo, intercalando assim o ensino e a

aprendizagem, que segundo Libâneo é o método de um ensino bem sucedido.

Neste sentido, dizer que o professor tem método é mais do

que dizer que domina procedimento e técnicas de ensino, pois

o método deve expressar, também, uma compreensão global

do processo educativo na sociedade: os ns sociais e peda-

gógicos do ensino, as exigências e desaos que a sociedade

social coloca, as expectativas de formação dos alunos para

que possam atuar na sociedade de forma crítica e criadora,

as implicações da origem de classe dos alunos no processo

de aprendizagem, a relevância dos conteúdos de ensino, etc

(LIBANEO, 1990).

É importante ter consciência que o ensino é mais do que a memorização de con-

teúdo, é preciso formar cidadãos preparados para lidar com a sociedade, com mercado
19

de trabalho, com os desaos políticos e econômicos. É necessário formar pessoas com

opiniões e que saibam argumentar e defendê-las. Assim, uma dinâmica de ensino mais

elaborada em vez do tradicional pode ser uma solução dos problemas da educação.

1.2 Enfoque da LDB, dos PCN's de Ciências, da BNCC e o Currículo Mínimo do Estado

do Rio de Janeiro

Utilizar a experimentação como metodologia para o ensino da física está de acordo

com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB, 2017), com os Parâmetros Curriculares Nacionais

das Ciências (PCN, 2017) e atualmente com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC,

2018). A LDB 9394/96 é a lei que abrange desde a educação infantil ao ensino superior,

público ou privado, com o objetivo de apresentar aos cidadãos seus direitos e deveres. Esta

lei determina a carga horária mínima para cada nível de ensino, regulamenta os recursos

nanceiros, atribui funções aos prossionais da educação.

O Art. 35 da LDB expõe a nalidade do ensino médio e aspectos importantes na

formação de cidadãos. Segundo o Art. 35 o ensino médio tem a responsabilidade de dar

suporte para que o educando prossiga nos estudos, seja num ensino prossionalizante ou

educação superior, fornecendo também o mínimo do saber para ingressar no mercado de

trabalho.

Art. 35. O ensino médio, etapa nal da educação básica,

com duração mínima de três anos, terá como nalidades: I) a

consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiri-

dos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento

de estudos; II) a preparação básica para o trabalho e a cida-

dania do educando, para continuar aprendendo, de modo a

ser capaz de se adaptar com exibilidade a novas condições

de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III) o aprimo-

ramento do educando como pessoa humana, incluindo a for-

mação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual

e do pensamento crítico; IV) a compreensão dos fundamen-

tos cientíco-tecnológicos dos processos produtivos, relacio-

nando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina

(LDB, 2017).

Além de formação ética criando o desenvolvimento da autonomia intelectual. Ao

nal do ensino médio espera-se que o aluno tenha adquirido conhecimentos básicos cien-
20

tícos e tecnológicos, relacionando teoria e prática. Dessa forma os dois últimos itens do

artigo citado acima permitem a inserção da experimentação no ensino médio.

Assim como a LDB, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's) também suge-

rem a experimentação como uma didática de ensino. A física deve ser apresentada como

um conjunto de atributos que dão ao educando suporte para viver e entender o universo,

mesmo que este não tenha contato com o ensino da física posteriormente, porém possui

conhecimento suciente para compreender os fenômenos físicos presentes no cotidiano e

lidar com os impulsos da tecnologia (PCN, 2017). É importante que o aluno conheça a

história da física, como as descobertas e o entendimento dos fenômenos naturais resultam

no avanço das ciências e da tecnologia, alcançando uma ampla área de aplicação. Pen-

sando nisso, os PCN's sugerem uma abordagem prática e interdisciplinar onde o aluno

constrói o seu próprio conhecimento inter-relacionando com outras áreas do saber.

Competências em Física para a vida se constroem em um

presente contextualizado, em articulação com competências

de outras áreas, impregnadas de outros conhecimentos. Elas

passam a ganhar sentido somente quando colocadas lado a

lado, e de forma integrada, com as demais competências de-

sejadas para a realidade desses jovens (PCN, 2017).

De certa forma, o ensino da física está deixando de ser apenas memorização de

equações e aplicação matemática e ganhando com contexto social, político, ideológico

e tecnológico. Aos poucos a experimentação, o diálogo, o trabalho em grupo estão ga-

nhando espaço na escola. Segundo os PCN's uma das competências do ensino da física é

a elaboração de comunicação seja ela na forma escrita ou oral.

Elaborar relatórios analíticos, apresentando e discutindo da-

dos e resultados, seja de experimentos ou de avaliações crí-

ticas de situações, fazendo uso, sempre que necessário, da

linguagem física apropriada. Por exemplo, elaborar um re-

latório de pesquisa sobre vantagens e desvantagens do uso

de gás como combustível automotivo, dimensionando a e-

ciência dos processos e custos de operação envolvidos (PCN,

2017).

O experimento é uma forma do aluno associar a teoria com o mundo a sua volta,

além disso, os resultados auxiliam na compreensão, uma vez que, podem ser comparados
21

com o esperado. Os relatos dos experimentos instigam os alunos a pensarem, a discutir e

criar argumentos, opinião crítica, aprendendo a comunicar-se através de uma linguagem

cientíca.

Ainda há problemas como a falta de infraestrutura das instituições, recursos -

nanceiros e até mesmo aptidão dos professores. Como Libâneo arma, cabe ao professor

organizar suas aulas atribuindo a elas uma didática conforme o ambiente onde a escola

está inserida, tendo em vista inúmeras formas de se fazer pesquisas e experimentos, dando

um sentido as aulas.

Devido às mudanças tecnológicas e sociais, os avanços da comunicação digital e

intolerância as diversidades, houve a necessidade de reformular as competências cabíveis

a educação básica. Pensando nisso, no dia 20 de dezembro de 2018, foi homologada a

base comum curricular (BNCC) (BNCC, 2018), que é o documento que descreve quais as

responsabilidades das instituições de ensino ao longo da trajetória escolar. Tendo em vista

tudo que é essencial para que o aluno termine o ensino escolar obrigatório com capacidade

cognitiva e socioemocional para inserir-se numa sociedade ativa, seja no ensino superior

ou no mercado de trabalho.

Na sociedade atual é necessário entender mais do que apenas conteúdos, é função

da escola acompanhar o crescimento tecnológico e social, adaptando-se as mudanças.

Reconhecendo que é necessário que o estudante tenha um desenvolvimento global, com

opinião crítica, mas que saiba respeitar as diferenças sejam elas raciais, sociais, religiosas,

políticas dentre outras.

No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto his-

tórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico,

participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, pro-

dutivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo

de informações. Requer o desenvolvimento de competências

para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada

vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabi-

lidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conheci-

mentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar

decisões, ser proativo para identicar os dados de uma situa-

ção e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças

e as diversidades (BNCC, 2018).

Para que possa atender as necessidades da sociedade atual a BNCC está compro-

metida em implantar o ensino integral nas escolas. Além de defender a educação com
22

família participativa no processo de ensino e aprendizado e o uso da tecnologia digital a

favor da educação. Neste sentido, alguns sistemas de ensino estão adaptando-se a essas

mudanças optando pelo uso de apostilas associadas a aplicativos de aparelhos celulares,

como é o caso do sitema Bernoulli, que é um sistema de ensino da rede privada. As apos-

tilas contêm códigos digitais que por meio do aplicativo o aluno tem acesso a exercícios,

conteúdos, jogos e vídeo aula (BERNOULLI, 2019).

Com a homologação da BNCC, os Estados e Municípios tiveram que se adaptar

em um novo currículo mínimo que coloque em prática as exigências da Base Nacional

Comum Curricular tendo a exibilidade de adequar-se a realidade local. Sendo assim será

de responsabilidade da União promover educação continuada para que os professores se

adéquem as novas exigências.

Segundo a BNCC a disciplina de física está inserida dentro da área de ciências da

natureza e suas tecnologias. Assim como os PCN's, a Base Nacional Comum Curricular

defende a necessidade de um ensino que vai além da transmissão de conhecimento e

memorização de conteúdo. É preciso ensinar física de acordo com as exigências do mundo

contemporâneo, mostrando ao aluno a importância dos conteúdos na vida social. Sendo

primordial um ensino de física que não restrinja a resolução de equações matemáticas

desvinculados com a realidade do aluno. Dessa forma a experimentação é uma metodologia

eciente, pois através da prática o aluno tem maior facilidade de interpretar os fenômenos,

associando com a realidade, desenvolvendo o pensamento cientíco por meio de analise

de dados na aplicação dos modelos experimentais.

O tema do presente trabalho está incluído na BNCC em competência especíca

1, titulado como energia e matéria. No qual uma das habilidades que se espera dos

estudantes ao nal da educação básica é que saibam analisar e interpretar situações do

cotidiano de forma cientíca a m de resolver problemas gerais da sociedade em que está

inserido.

A Secretaria de Educação do Estado do Rio de janeiro possui um currículo mí-

nimo com o objetivo de oferecer um apoio quanto à organização dos conteúdos a serem

lecionados no ensino médio, referenciando os conteúdos que devem ser trabalhados.

Os experimentos deste trabalho são baseados tanto na BNCC como no currículo

mínimo. A teoria envolvida está presente no 2◦ Bimestre do terceiro ano do ensino mé-

dio, Analisar os fenômenos ondulatórios e sua importância para a comunicação moderna

(SEEDUC, 2019). No qual vamos abordar as propriedades ondulatórias da luz.


23

1.3 Comprimento de onda e ondas eletromagnéticas

Em meados do século XIX alguns cientistas estudavam os campos elétricos e cam-

pos magnéticos, foi nesse mesmo século que o físico James Clerk Maxwell chegou à con-

clusão que carga elétrica oscilando gera um campo magnético variável que por sua vez,

gera um campo elétrico variável e assim sucessivamente, ver Figura 1. Essa alternância

entre os campos se propagando no espaço é o que denominamos de onda eletromagnética

(BONJORNO; CLINTON, 2013). Alguns anos mais tarde, Heinrich Hertz realizou alguns

experimentos que comprovaram a teoria de Maxwell.

Figura 1: Representação de uma onda eletromagnética (CAOPTICO, 2019).

Os campos elétrico e magnético oscilam perpendicularmente entre si e a direção

de propagação da onda, como apresentado na Figura 1, o que congura as ondas eletro-

magnéticas com ondas transversais, pois possuem polarização o que não ocorre nas ondas

longitudinais. Contêm as mesmas características das ondas mecânicas: interferência, di-

fração, reexão, propagam-se em alguns materiais como água, ar, vidro, entre outros.

Porém as ondas eletromagnéticas não necessitam de um meio para se propagar, logo,

propagam-se também no vácuo como a luz do Sol e das estrelas, por exemplo.

Existem na natureza diversos tipos de ondas eletromagnéticas, uma delas é a luz

visível, como já citamos. Além desta existem outras as quais se diferenciam de acordo

com suas características como frequência e comprimento de onda. A classicação segundo

essas características é chamada de espectro (Figura 2).

Como podemos observar na Figura 2, a frequência e o comprimento de onda são

inversamente proporcionais, enquanto um aumenta o outro diminui. Classicamos com-

primento de onda como a distância entre duas cristas da onda, como mostra na Figura 1,

e a frequência como o número de oscilações do ponto da onda em cada unidade de tempo

(ARCIPRETE; GRANADO, 2012). Essas duas grandezas são as mais importantes para

caracterizar uma onda, mas além destas existe também a amplitude que representa o

módulo da altura da onda desde o ponto de equilíbrio até a altura máxima ou até a altura

mínima.
24

Figura 2: Espectro Eletromagnético (DIáRIO, 2019).

1.4 Reexão e espelhos planos

A óptica geométrica é a área da física que estuda a luz e suas propriedades

considerando-a como um raio luminoso. Uma dessas propriedades é a reexão, quando

o raio de luz proveniente de uma fonte de luz primária incide em uma superfície, este é

reetido gerando uma fonte de luz secundária.

São enunciadas duas leis para o estudo da reexão, a primeira lei diz que o raio

incidente, o raio reetido e a reta normal (N) estão no mesmo plano, observe a Figura 3.

A segunda lei diz que o ângulo de incidência (i) e ângulo reexão (r) são iguais.

Em outras palavras o raio de luz se propaga em linha reta até atingir a superfície

que por esta é reetido, com uma abertura angular igual à de incidência, referente a uma

reta perpendicular a superfície que é chamada de reta normal. Quanto mais polida a

superfície mais regular é a reexão, como é o caso dos espelhos.

Figura 3: Representação esquemática da reexão da luz.

Todos os tipos de espelhos promovem uma reexão nítida, porém neste trabalho

vamos estudar apenas os espelhos planos que apresentam uma simetria entre objeto e
25

a imagem. Nestes espelhos as imagens são sempre virtuais, pois se formam atrás dos

espelhos e a distância entre o objeto e o espelho é a mesma entre o espelho e a imagem,

sendo o tamanho da imagem igual ao tamanho do objeto e com mesmo sentido (GASPAR,

2007).

Quando o espelho é movimentado a imagem também se movimenta, observe a

Figura 4, quando espelho se desloca a uma distância (d) o raio percorre duas vezes essa

disância, o incidênte e o reetido, então a imagem produzida por este, se desloca a uma

distância (d') que é o dobro da distância (d) que o espelho percorreu.

Figura 4: Representação esquemática da imagem produzida por um espelho plano em


movimento.

Na Figura 4, P representa a distância do objeto ao espelho, E1 representa o espelho


no primeiro ponto e E2 representa-o após o deslocamento, P' é a imagem formada pelo

espelho E1 e P é a imagem formada pelo espelho E2 .

1.5 Índice de Refração

A refração é um fenômeno natural no qual a luz altera sua velocidade e compri-

mento de onda ao passar de um meio para outro sem alterar sua frequência, devido à

mudança na velocidade, o raio refratado sofre um desvio. Dessa forma quando o raio de

luz incide em uma superfície de vidro, por exemplo, parte da luz é reetida e parte é

refratada (BONJORNO; CLINTON, 2013), como mostra na Figura 5.

Assim como na reexão, a refração possui duas leis que regem seu comportamento,

a primeira lei diz que os raios incidentes e refratados estão no mesmo plano, a segunda

é conhecida como Lei de Snell que é utilizada para calcular o desvio do raio refratado,

relacionando a velocidade de propagação da onda e o ângulo incidente e refradado, que

por sua vez relaciona com o índice de refração através da Equação n1 sin θ1 = n2 sin θ2 .

A Figura 5 demonstra os raios de incidência, reetido e refratado. Os ângulos


26

Figura 5: Representação esquemático da difração da luz.

de incidência e reexão são iguais em relação à reta normal, como já mencionamos, e o

ângulo de refração possui valor diferente destes.

O índice de refração é a razão entre as velocidades de propagação da onda quando

esta passa de um meio para outro, se o raio de luz passa do vácuo para qualquer outro meio

chamamos de índice de refração absoluto isso porque no vácuo a luz atinge sua velocidade

máxima (c). A velocidade da luz no ar é extremamente próxima a velocidade da luz no

vácuo, por isso consideramos que a velocidade da luz nesses dois meios são iguais, na

ordem de 3, 0 × 108 m/s (GASPAR, 2007). Assim dizemos que o índice de refração é dado

pela Equação (1.1).

c
n= (1.1)
V
onde n é o índice de refração, c velocidade da luz no vácuo e V é a velocidade da luz no

meio em que foi refratada.

O índice de refração é uma grandeza adimensional e está relacionada com as propri-

edades dielétricas do meio material. Como podemos perceber na Equação (1.1), o índice

de refração é inversamente proporcional à velocidade de propagação no meio material,

ou seja, quanto maior a velocidade menor o índice de refração. Existem na literatura

os índices de refração de alguns materiais já estabelecidos (GASPAR, 2007; HALLIDAY;

RESNICK; WALKER, 2009a).

1.6 Interferência de ondas eletromagnéticas

Um dos fenômenos que caracteriza a luz como uma onda é a interferência, esse

fenômeno consiste na superposição de ondas que se propagam no espaço. Neste trabalho

vamos analisar a interferência de duas ondas que se propagam no mesmo sentido e que
27

tenham mesmo comprimento de onda e mesma amplitude.

A interferência pode ser classicada dependendo da diferença de fase entre as ondas.

Se as ondas estão em fase, como mostra na Figura 6 (a), a interferência é construtiva. Se

as ondas estão defasadas em 180◦ , que equivale a 0,5 comprimento de onda (Figura 6 (b)),
a interferência é destrutiva. Se as ondas estão defasadas, por exemplo a 120◦ , tem-se a

interferência intermediária, no qual a onda resultante não é nem totalmente construtiva

e nem totalmente destrutiva (Figura 6 (c)) (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009a).

Nos três tipos de interferência as amplitudes das ondas se somam, sendo assim

na interferência construtiva a amplitude da onda resultante é o dobro da amplitude das

ondas primárias, e na interferência destrutiva a amplitude da onda resultante é nula.

Figura 6: Interferência de onda (a) destrutiva e (b) construtiva (c) intermediária (HAL-
LIDAY; RESNICK; WALKER, 2009a).

Esse fenômeno é estritamente de caráter ondulatório, nas ondas eletromagnéticas

é possível visualizar em um anteparo o que chamamos de gura de interferência. Quando

duas ondas eletromagnéticas interferem entre si existem pontos que a interferência será

construtiva e pontos em que a interferência será destrutiva, dessa forma se colocarmos um

antepano será observado pontos claros e escuros. Os pontos claros são chamados de pontos

de máximo e a interferência é construtiva, os pontos escuros são chamados de pontos de

mínimo e a interferência é destrutiva (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009b).

O físico Thomas Young realizou um experimento onde foi possível identicar a luz

como uma onda, no qual uma fonte de luz é decomposta em duas, de modo que a luz

proveniente da fonte primária passa por duas fendas que dão origem a duas frentes de

ondas secundárias que por sua vez interferem entre si, assim foi possível visualizar a gura

de interferência caracterizando a luz como uma onda.


28

1.7 Interferômetro de Michelson-Morley

Na segunda metadedo século XIX a mecânica e o eletromagnetismo estavam bem

estabelecidos. Maxwell havia deduzido as equações que regem as leis do eletromagne-

tismo, incluindo a determinação da velocidade da luz através das constantes elétricas e

magnéticas, um valor absoluto. Com isso, alguns esforços foram realizados com o intuito

de provar que as leis do eletromagnetismo estavam de acordo com a relatividade de Galileu

e a mecânica de Newton, no qual diziam que os movimentos dos corpos são descritos pelas

mesmas leis em qualquer referencial inercial, logo, o movimento e o repouso são relativos.

Assim a velocidade pode ter valores diferentes em diferentes referenciais (UFSC, 2019).

Desse modo, o valor da velocidade da luz encontrado por Maxwell teria que ser em

relação a um referencial, podendo variar esse valor, portanto não poderia existir um valor

absoluto para velocidade. Tendo isso em vista, para solucionar essa discordância entre

a relatividade de Galileu e o eletromagnetismo, os cientistas acreditavam que existia um

Éter Luminífero que preenchia todo o espaço o qual suportaria a propagação de ondas

eletromagnéticas. Portanto esse Éter era o referencial inercial do eletromagnetismo, assim

a velocidade da luz determinada por Maxwell era constante referente a ele. Então provar

a existência do Éter precisava demonstrar a existência deste referencial inercial (SEIXAS,

2006). Outra questão que surgiu é que se o Éter existe qual é a velocidade da Terra em

relação a esse referencial?

Foi então que em 1881 o físico Albert Abraham Michelson pensou em um experi-

mento que iria provar a existência do Éter. No entanto os resultados foram negativos, a

princípio eles acharam que esses resultados eram devido ao equipamento não ser preciso o

suciente para medir a velocidade da luz em diferentes referenciais, e os fatores externos

como vibrações não contribuíram para obter resultados positivos.

Seis anos mais tarde, em 1887, Michelson e o cientista Edward Williams Morley

rezeram o mesmo experimento, mas com uma maior precisão. O equipamento ganhou

o nome de interferômetro de Michelson-Morley, no qual consiste na incidência de um

raio de luz monocromática que passa por um espelho semi-reetor onde parte da luz é

reetida e parte é refratada, formando dois raios de luz perpendiculares entre si. Os dois

raios se propagam até incidirem em espelhos planos sendo por eles reetidos voltando a

se combinarem no espelho semi-reetor ocorrendo à interferência dos dois raios, observe

Figura 7, logo uma gura de interferência pode ser observada no anteparo (SILVA et al.,

2017).

Quando Michelson e Morley zeram esse experimento eles pretendiam posicionar


29

o equipamento com o raio incidente no mesmo sentido de rotação da Terra que também

seria no mesmo sentido do vento de Éter. Como determinar o sentido de rotação da

Terra era um pouco quanto complicado eles realizaram o mesmo experimento em todas as

direções. O que eles esperavam é que se o Éter existisse então os dois raios perpendiculares

teriam velocidades diferentes em relação a ele, assim o tempo de percurso seria diferente.

Contudo, o experimento mostrou que os dois raios de luz chegavam ao mesmo tempo, então

mesmo fazendo o experimento em todas as direções e em todas as estações do ano, não

se observou mudança no padrão da gura de interferência. Os cientistas então acharam

que o experimento não foi satisfatório, somente em 1905 com a teoria da relatividade de

Albert Einstein cou provado que o Éter não existia, a velocidade da luz é constante e

o que se observa é uma dilatação do tempo que foi demonstrada matematicamente por

Hendrik Lorentz (ESPECIALMENTE, 2019).

Figura 7: Demonstração do interferômetro de Michelson-Morley.

Além do estudo da relatividade, o interferômetro de Michelson-Morley pode ser

usado na óptica como demonstração dos fenômenos ondulatórios da luz. Podemos de-

terminar o índice de refração de alguns meios como vidro, assim como determinar o

comprimento de onda da luz monocromática. O esquema do equipamento experimental

está demonstrado na Figura 7.

Os caminhos percorridos pelos raios reetidos e refratados, pelo espelho semi-

reetor, são chamados de braços do interferômetro e devem ter a mesma distância. Como

já mencionamos, os raios reetidos pelo espelho plano se encontram no espelho reetor

formando novamente um único raio que se propaga até o anteparo onde pode ser observada

a gura de interferência.

Para que a interferência aconteça é necessário que os espelhos estejam alinhados, ou

seja, os dois raios reetidos pelos espelhos têm que incidir precisamente no mesmo ponto

no espelho semi-reetor. Todos os espelhos cam exatamente a 90◦ com a superfície e o


30

espelho semi-reetor ca 45◦ de cada espelho plano e da fonte de luz incidente (SILVA et

al., 2017).

1.7.1 Determinação do índice de refração

O interferômetro de Michelson-Morley pode ser usado para determinar o índice de

refração de um vidro em função do comprimento de onda. O aparato experimental é o

mesmo, somente acrescentamos um vidro em um dos braços do interferômetro no qual gira

em torno de um eixo e através de uma escala em graus é possível determinar o ângulo que

o vidro foi rotacionado. Dessa forma o raio passa duas vezes pelo vidro, o raio incidente

e o reetido, ao incidir no vidro o raio é refratado e sofre um desvio, quando este passa

do vidro para o ar sofre novamente um desvio. Variando a angulação do vidro de forma

contínua é observada uma mudança no padrão de interferência (SILVA, 2006).

Através de conceitos matemáticos, é possível determinar a diferença de caminho

óptico (4S ) entre o raio que passa pelo vidro (T) e o raio que não passa pelo vidro (T'),

esses raios estão representados na Figura 8. No qual, L é a espessura do vidro, θ ângulo

de incidência e θ' ângulo de refração.

A diferença de caminho ótico é dada pela Figura 8, como a velocidade da luz

varia de acordo com o índice de refração, segundo a Equação (1.1) devemos multiplicar

as distâncias pelo índice de refração de cada meio.

4S = 2nT − 2nar T 0 (1.2)

onde n é o índice de refração do vidro e nar é o índice de refração do ar. O fator 2 signica

que o raio percorre duas vezes o mesmo caminho, o raio incidente e o reetido.

Com uma análise trigonométrica da Figura 8 determinamos as distâncias T e T',

sabendo que o ângulo x da Figura 8 é x = θ − θ0 .

L
cos θ0 =
T

L
T = (1.3)
cos θ0

T0
cos(θ − θ0 ) =
T
Substituindo o valor de T e isolando T':
31

Figura 8: Desenho esquemático do raio de luz atravessando o vidro.

L cos(θ − θ0 )
0
T = (1.4)
cos θ0
Substituindo as Equações (1.3) e (1.4) na Equação (1.2), considerando nar = 1,
temos:

L L cos(θ − θ0 )
4S = 2n − 2
cos θ0 cos θ0
Reorganizando:

2L
4S = [n − cos(θ − θ0 )] (1.5)
cos θ0
Quando o vidro é posicionado perpendicularmente ao feixe os ângulos θ = θ0 = 0,
à medida que se rotaciona o vidro, vai variando o valor dos ângulos, com isso há uma

mudança no padrão de interferência. As franjas vão se deslocando, onde havia uma franja

clara passa ser escura e a escura passa a ser clara, dessa forma é possível contar o número

de franjas que vão se deslocando. A diferença entre o caminho óptico com certa angulação

(4S) e o caminho óptico com angulação zero (4S 0 ) é igual ao um número inteiro de franjas
trasladada (N) vezes o comprimento de onda (λ) (SILVA, 2006).

Dessa forma se substituirmos θ = θ0 = 0 na Equação (1.5), sabendo que cos 0◦ =1,


então:
32

2L
4S − 4S 0 = 0
[n − cos(θ − θ0 )] − 2L(n − 1) = N λ (1.6)
cos θ
Isolando N na Equação (1.6):

2L n − cos(θ − θ0 )
 
N= −n+1 (1.7)
λ cos θ0

A Equação (1.7) é o número de franjas em função do índice de refração. Mani-

pulando algebricamente a Equação (1.7) obtem-se o óndice de refração, como mostra a

Equação (1.8). O cálculo detalhado da dedução da Equação do índice de fração está

exposto no Apêndice A.

2 2
(1 − cos θ)(2L − N λ) + N4Lλ2
n= (1.8)
2L(1 − cos θ) − N λ

Com a Equação (1.8) é possível calcular o índice de refração em função do número

de franjas transladadas, na gura de interferência, e do comprimento de onda.

Através dessa análise é possível ao aluno entender qualitativamente e quantitativa-

mente todo o experimento realizado associando os conceitos físicos e os cálculos matemáti-

cos. Como é notório na dedução da equação, é necessário que o aluno tenha conhecimentos

de geometria, pois assim ca simples de compreender como se comporta do raio de luz

dentro do vidro e como, por meio da rotação do vidro, fazendo uma diferença de caminho

ótico é possível determinar o índice de refração do vidro. Além disso, se estudado junto

com a hitória da física, torna o experimento ainda mais interessante.

1.7.2 Determinação do comprimento de onda da luz monocromática

O interferômetro de Michelson-Morley pode ser usado para determinar o compri-

mento de onda de uma luz monocromática. O aparato experimental é equivalente ao

experimento de índice de refração, porém sem o vidro em um dos braços do interferô-

metro. Neste experimento um dos espelhos planos se desloca causando uma diferença

de caminho óptico e então provoca uma diferença de fase, os dois raios reetidos pelos

espelhos ao se combinarem no espelho semi-reetor se interferem e a gura de interferên-

cia pode ser observada no anteparo. À medida que o espelho se desloca lentamente e de

forma contínua, no anteparo as franjas se movimentam em torno de um ponto xo, onde

havia uma franja clara passa a ser escura e onde havia uma franja escura passa a ser clara

e assim sucessivamente.
33

Como o raio passa duas vezes no mesmo caminho, incidente e reetido, então o

produto de duas vezes a diferença de caminho óptico é igual ao número inteiro de franja

trasladada vezes o comprimento de onda (UFMG, 2019).

2d = N λ (1.9)

2d
λ= (1.10)
N
onde (d) é a distância que o espelho plano se moveu em função do número de franjas

trasladada (N), ou seja, a diferença de caminho óptico.

Para determinar o valor dessa diferença de caminho utilizamos um micrômetro e

um sistema de alavanca. A distância que o espelho se move é uma escala muito pequena,

na ordem de µm, por isso a alavanca é necessária. Na Figura 9 está representado o sistema

usado para mover o espelho.

Figura 9: Sistema de alavanca para movimentar o espelho.

Observe, na Figura 9, que o micrômetro não ca posicionado diretamente no es-

pelho, este ca em uma extremidade da alavanca enquanto o espelho ca na outra ex-

tremidade. Desse modo a distância marcada no micrometro (D) não é a distância que o

espelho se move (d). Para determinar essa distância, utilizamos conceitos matemáticos,

semelhança de triângulo. Observe a Figura 10.

Oberve que na Figura 10 o triângulo maior é semelhante ao triângulo menor,

pois todos os ângulos são congruentes, medidas iguais (DANTE, 2009). Dessa forma a

razão dos lados (a,b) é igual a razão dos lados (D,d), que é igual a uma constante de

proporcionalidade (R).
34

D a
= =R (1.11)
d b
a
Da Equação (1.11), a constante de proporcionalidade pode ser escrita como
b
= R,
assim a distância que o espelho se move é dado pela Equação (1.12).

D
d= (1.12)
R
A partir da determinação da constante de proporcionalidade é possível desenvolver

a alavanca tornando o equipamento experimental o mais preciso possível.

Figura 10: Esquema matemático de semelhança de triângulo.

Substituindo a Equação (1.12) na Equação (1.10) é possível determinar o compri-

mento de onda da luz monocromática.

O cálculo deste experimento é relativamente simples, porém o sistema de alavanca

e o fator de proporcionalidade precisam ser feito de forma precisa, devido ao resultado

nal depender desses parâmetros. Esse experimento assim como o experimento de índice

de refração pode ser abordado de forma interdisciplinar, destacando a importância do

interferômetro de Michelson-Morley na história da ciências. Essa dinâmica na metodologia

aplicada garante uma maior compreensão dos fenômenos físicos relacionando teoria e

prática.

Os experimentos propostos podem ser reproduzidos nas escolas com facilidade, os

professores podem adequar às atividades experimentais de acordo com a realidade de

cada escola. Segundo Libâneo o papel do professor vai além de passar conteúdo, é preciso

identicar a melhor forma de ensinar e aprender.


35

2 METODOLOIA

Foi desenvolvido um equipamento experimental equivalente ao interferômetro de

Michelson Morley para auxiliar nos estudos dos fenômenos ondulatório da luz. Todo o

aparato experimental foi montado com materiais de baixo custo, de fácil acesso e com um

alto nível de precisão, permitindo fazer medidas.

O interferômetro foi montado segundo as especicações da seção 1.7 do capítulo

1, com ajuste rigoroso para manter a precisão necessária no equipamento. Os materiais

foram escolhidos criteriosamente a m de prolongar à funcionalidade do interferômetro.

A Figura 11 mostra o equipamento completo.

Figura 11: Aparato experimental

Os materiais utilizados na montagem do equipamento da Figura 11, foram:

1. Placa base de madeira compensada (MDF): 50,0 cm/25,0 cm/1.5 cm;

2. Suporte para o laser: 9,4 cm/6.4 cm/3,0 cm;

3. Suporte para o micrômetro: 6,4 cm/6,4 cm/1,9 cm;

4. Suporte para lente de ampliação: 6,4 cm/6,4 cm/1,0 cm;

5. Suporte para sistema de alavanca: 6,4 cm/3,0 cm/3,0 cm;

6. Três suportes para os espelhos: 6,4 cm/3,0 cm/3,0 cm;


36

7. Uma haste de madeira: 45,8 cm/1,7 cm/0,5 cm;

8. Uma mola;

9. Papel emborrachado;

10. Escala angular;

11. Micrômetro;

12. Caneta laser de diodo e laser de HeNe;

13. Espelho plano, denominado espelho móvel: 8,0 cm/5,0 cm;

14. Espelho plano, denominado espelho xo: 8,0 cm/5,0 cm;

15. Um espelho semi-reetor;

16. Uma lente de ampliação foco 10 mm;

17. Placa de vidro com suporte: 8,0 cm/8,0 cm.

2.1 Construção do equipamento

Para a fabricação dos suportes foi utilizado madeira doada pela Madeireira Santo

Antônio. Para os suportes da lente e do laser, foi feito um orifício no centro dos dois

blocos, um foi encaixado a lente e o outro foi encaixado o laser onde é xado por um

parafuso. Para o suporte dos espelhos foi feito uma fresta para que os espelhos possam

ser encaixados. O suporte de um dos espelhos, denominado espelho móvel, foi parafusado.

Isto porque este suporte é xado na alavanca, assim na realização do experimento o espelho

se movimenta de acordo com o movimento da alavanca que é produzido pelo micrômetro.

Na ponta do parafuso foi xado uma pequena esfera de (1,155 ± 0,005)mm de diâmetro.

A função dessa esfera é diminuir a área de contato entre o parafuso e a alavanca evitando

que o espelho gire. A Figura 12 apresenta o suporte do espelho móvel.

Figura 12: Suporte do espelho móvel.


37

No suporte do micrômetro, fez-se também um orifício para passar o micrômetro,

um parafuso de ajuste foi colocado na parte superior do suporte assim o micrômetro pôde

ser encaixado com rmeza. O suporte foi xado na placa base. Na Figura 13 está exposto

o suporte do micrômetro.

Figura 13: Suporte do micrômetro.

A construção da alavanca foi o processo que solicitou maior rigor, pois como men-

cionado na seção 1.7 do capítulo 1 tem alguns conceitos matemáticos que precisam ser

abordados. Cada interferômetro possui um fator de proporcionalidade de acordo com o

equipamento, por isso é usado semelhança de triângulo para determinar o fator de pro-

porcionalidade do equipamento desenvolvido. Para isso foi feito um orifício em uma das

extremidades da haste de madeira, para passar o parafuso que a prende no suporte, com

o paquímetro mediu-se (2,80 ± 0,01) mm de raio e registrado essa medida na haste de

madeira, observar Figura 14.

Figura 14: Medida do raio do orifício onde passa o parafuso que prende a haste de madeira
no suporte da alavanca.
38

Posteriormente, usando a régua mediu-se a distância de (441,2 ± 0,5) mm da

marcação feita do raio do orifício, como mostra na Figura 15. Essa é a medida da base

do triângulo retângulo maior, da Figura 10 do Capítulo 1. Foi feita a marcação na haste

madeira registrando essa distância, pois exatamente nesta marcação que o micrômetro

encosta na haste de madeira, formando a alavanca.

Figura 15: Medida da base do triângulo retângulo maior.

Em seguida foi medido, com paquímetro, uma distância de (1,50 ± 0,01) mm

do meio do orifício onde passa o parafuso que prende a haste de madeira no suporte e

feito uma marcação nesse ponto, observar Figura 16. Essa medida é a base do triângulo

retângulo menor, da Figura 10 do Capítulo 1 .

Figura 16: Medida da base do triângulo retângulo menor.

As medidas das bases dos triângulos são usadas na determinação do fator de pro-

porcionalidade segundo especicações da seção 1.7.2 do capítulo 1.


39

A alavanca foi montada segundo o esquema da Figura 9 do Capítulo 1, a haste de

madeira foi encaixada dentro de um bloco e xados por um parafuso na placa base, como

mostra na Figura 17. Uma mola foi xada no suporte da alavanca e na haste de madeira,

desse modo à haste ca presa com maior estabilidade, à medida que o micrômetro é girado

a haste se movimenta com menor vibração possível. O suporte do micrômetro foi xado

em uma extremidade da placa base e o suporte da alavanca na extremidade oposta, de

forma que a marcação na haste do triângulo retângulo maior que diretamente no centro

da ponta do micrômetro. A Figura 17 mostra o sistema de alavanca e o suporte do

micrômetro.

Figura 17: (a) Suporte da alavanca. (b) Sistema de alavanca construído.

Para realizar a medida do índice de refração do vidro foi produzida manualmente

uma escala em graus, usando um transferidor e régua, ver Figura 18, a menor divisão da

escala construída é 1◦ assim sua incerteza é de ±0, 5◦ . A escala foi xada na placa entre

o espelho xo e o espelho móvel.

Figura 18: Construção da escala angular.


40

2.2 Montagem do equipamento

O equipamento foi montado segundo as especicações do Item 2.1. O suporte do

espelho móvel foi xado na alavanca, dessa forma à medida que gira o micrômetro a ala-

vanca se move e consequentemente o espelho. A Figura 19 mostra o exato posicionamento

do suporte do espelho móvel na alavanca. Esse posicionamento é especicamente na mar-

cação feita na haste de madeira da base do triângulo menor, a distância (1,50 ± 0,01)

mm que foi medida com paquímetro.

Figura 19: Posicionamento do suporte do espelho móvel na alavanca.

Os espelhos planos são posicionados perpendicularmente entre si, tendo a mesma

distância de (120,0 ± 0,5) mm do espelho semi-reetor, onde este é posicionado a 45◦ dos

espelhos planos. Para obter maior precisão nessas medidas a placa base foi coberta com

papel milimetrado com incerteza ±0, 5mm. O espelho móvel foi colocado de frente para

o laser, e o segundo espelho, denominado espelho xo, encontra-se a direita do espelho

móvel e de frente para o anteparo.

Na parte de baixo da placa base foi xado um papel borracha com a nalidade de

diminuir vibrações externas.

2.3 Medidas de segurança, higienização dos espelhos e condições do local de realização

dos experimentos

Ao realizar as medidas não posicionar o laser na direção dos olhos, não olhar para o

laser por grande intervalo de tempo. Cuidados ao manusear os espelhos e o vidro evitando

que os quebrem. Sobrepor o equipamento em local que este que estável e que não deslize.
41

Antes de iniciar o experimento os espelhos e o vidro devem ser higienizados com

papel toalha e álcool 70%, de modo a tirar quaisquer impureza. Cuidado ao manusear o

álcool. Após a limpeza pegar nos espelhos pelas bordas.

Realizar o experimento em local com menores vibrações externas como, por exem-

plo, ondas sonoras. O local deve ser escuro para melhor visualização do padrão de in-

terferência, sem uso de ventiladores, o ambiente deve ser mantido a mesma temperatura

durante todo o experimento. Evitar respiração diretamente em cima do equipamento.

Dessa forma diminui signicativamente os erros sistemáticos nas medidas realizadas.

2.4 Calibração dos espelhos

Após o equipamento montado, para realizar as medidas do comprimento de onda

e índice de refração é necessário calibrar os espelhos, o qual é feita manualmente. Pri-

meiro tira-se o espelho semi-reetor e liga o laser, o raio de luz incide no espelho móvel,

movimenta-se o espelho para que o raio seja reetido com ângulo de 0◦ , tendo a certeza

que o espelho está perpendicular à placa base. Em seguida o espelho semi-reetor é po-

sicionado e tira-se a lente de aumento, no anteparo é observado dois pontos, equivalente

às reexões dos dois espelhos, ver Figura 20 (a).

Para que haja interferência os dois pontos no anteparo devem sobrepor, ou seja,

uma superposição de ondas eletromagnéticas. O espelho móvel já foi corretamente po-

sicionado, dessa forma o ponto no anteparo produzido pela reexão deste não se mexe,

é movimentado então somente o espelho xo, até que o ponto produzido pela reexão

desse espelho que exatamente sobreposto ao ponto de reexão do espelho móvel. Nova-

mente a lente de aumento é posicionada, logo é possível observar no anteparo a gura de

interferência, que está representada na Figura 20 (b).

Figura 20: (a) Calibração dos espelhos. (b) Figura de interferência.


42

2.5 Experimento 1: Índice de refração

O objetivo deste experimento é determinar o índice de refração do vidro contando

o número de máximos ou mínimos que são deslocados num padrão de interferência, o qual

o vidro é girado de acordo com a escala em graus (Figura 21).

Figura 21: Aparato experimental para o experimento de índice de refração.

Para isso é necessário saber com precisão o comprimento de onda do laser utili-

zado e a espessura do vidro a ser determinado o índice de refração. O experimento foi

realizado duas vezes, sendo um com comprimento de onda na faixa do vermelho e outro

com comprimento de onda na faixa do verde.

2.5.1 Procedimento experimental

1. Com o auxílio do micrômetro, foi medida a espessura do vidro, a ser determinado

o índice de refração, a medida foi realizada três vezes, calculado a média e o desvio padrão.

2. Com os espelhos limpos e calibrados, o vidro foi posicionado entre os espelhos

semi-reetor e espelho xo de modo que a extremidade do suporte que ao alcance da

escala em graus.

3. Ao girar o vidro, há uma mudança no padrão de interferência, no anteparo

é possível visualizar o deslocamento das franjas de interferência, ou seja, onde teria um

máximo de interferência passa ter um mínimo e assim sucessivamente.

4. No anteparo foi feita uma marcação na posição do segundo máximo de interfe-

rência, como mostra na Figura 22.


43

Figura 22: Marcação no anteparo do segundo máximo de interferência.

5. O vidro foi posicionado em 0◦ na escala e girado lentamente. No anteparo foi

contado 20 máximos de interferência que passam pela marcação feita.

6. Ao contar as 20 franjas foi observado o ângulo (θ) de rotação do vidro.

7. Essa medida foi realizada três vezes, calculado a média e seu desvio padrão.

8. Com a Equação (1.8) é possível determinar o índice de refração do vidro.

Calculando a incerteza dessa medida.

9. Comparamos os resultados encontrados com valores tabelados presentes na

literatura.

2.5.2 Sugestão de perguntas relacionadas com o conteúdo

1. Baseados nos resultados obtidos determine a velocidade da luz do laser no vidro

e compare com a velocidade desta no ar onde nar = 1. O que se pode concluir com os

resultados.

2. Determine o comprimento de onda da luz do laser no interior do vidro.

3. No interior do vidro a frequência é a mesma que no ar? Comente.

4. Se o vidro estiver na posição 5◦ na escala, qual o ângulo de incidência e refração?

2.6 Experimento 2: Comprimento de onda

O objetivo deste experimento é determinar o comprimento de onda de uma fonte

de luz desconhecida. Para isto, foi contando o número de máximos ou mínimos que são

deslocados num padrão de interferência, devido à diferença de caminho ótico. O qual

um dos espelhos planos é movimentado numa escala de µm, para obter essa medida com

precisão foi usado o sistema de alavanca construída a partir de conceitos matemáticos


44

(Figura 23). O experimento foi realizado duas vezes cada uma com uma fonte de luz de

comprimento de onda distinto, sendo um na faixa do vermelho e outro na faixa do verde.

Figura 23: Aparato experimental para o experimento de comprimento de onda da luz


incidente.

2.6.1 Procedimento Experimental

1. O micrômetro foi encaixado no suporte e preso pelo parafuso de ajuste de forma

que que rme. Calibrado o micrômetro.

2. Com os espelhos já ajustados foi possível visualizar o padrão de interferência

no anteparo, ao girar o micrômetro observou-se a passagem das franjas de interferência.

3. Posicionado o micrômetro em 0,00 mm. Fez-se uma marcação no anteparo na

posição do segundo máximo de interferência, como mostra na Figura 22.

4. Lentamente o micrometro foi girado no sentido anti-horário, feito a contagem

da passagem de 20 máximos de interferência pela marcação feita no anteparo.

5. Feito a leitura do micrometro com todas as casas decimais.

6. Esse procedimento foi realizado três vezes e calculado a média e o desvio padrão.
45

7. Através do conceito de semelhança de triângulo foi possível determinar o fator de

proporcionalidade do equipamento, que uma vez determinado foi possível conhecer a dis-

tância efetiva que o espelho se movimentou e então com a Equação (1.10) foi determinado

o comprimento de onda da fonte luminosa.

8. Calculamos a incerteza de todas as medidas.

9. Comparamos o resultado obtido com a faixa de comprimento de onda da luz

monocromática correspondente ao que foi utilizado.

2.6.2 Experimento de comprimento de onda com equipamento de laboratório

A m de ter uma melhor analise do equipamento desenvolvido, foi realizado o

mesmo experimento de comprimento de onda com equipamento comercial de laboratório

da marca 3B Scientic. O procedimento experimental é o mesmo que no equipamento

desenvolvido, refazendo todos os passos da seção 2.6.1. Foram comparados os resultados

numéricos e a formação do padrão de interferência.


46

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Resultados do Experimento de Índice de Refração

A m de obter uma maior análise do equipamento desenvolvido, o experimento de

índice de refração foi realizado duas vezes, cada uma com fontes de luz de comprimentos

de onda distintos. Foi utilizado um laser de He-Ne no qual seu comprimento de onda

632,8 nm e um laser de diodo com comprimento de onda 532,0 nm. Após a calibração dos

espelhos, no anteparo foi observado as guras de interferência que estão representadas na

Figura 24.

Figura 24: (a) Padrão de interferência com fonte de luz de Laser He-Ne, comprimento de
onda 632,8 nm. (b) Padrão de interferência com fonte de luz Laser de diodo, comprimento
de onda 532,0 nm.

Para determinar o índice de refração do vidro foi necessário saber com precisão a

sua espessura. Para isso mediu-se três vezes a espessura do vidro e calculou-se a média.

Para maior conabilidade do resultado nal do experimento, foi usado teoria de erros em

todas as medidas. O desvio padrão da média foi calculado através da Equação (3.1).

N
X (xi − x)2
4x = (3.1)
i=1
N (N − 1)
onde x é a medida e N é o número de vezes que realizou a medida.

O desvio padrão da média ou erro aleatório signica a oscilação das medidas em

torno da média que causa uma imprecisão para mais ou para menos (VUOLO, 1996).

O resultado de cada medida e a média estão apresentados na Tabela 1. Ao calcular

o desvio padrão da média, obteve-se um valor menor que a incerteza do instumento de

medida, por isso foi adotado o valor da incerteza do instumento de medida.

Na realização do experimento ao contar a passagem dos 20 máximos de interferência

foi registrado o valor do deslocamento angular, o mesmo procedimento foi realizado três
47

Tabela 1: Dados da medida da espessura do vidro a ser determinado o índice de refração.


Ordem de medição Medidas da espessura L do vidro em mm

1 (3,858 ± 0,005)

2 (3,863 ± 0,005)

3 (3,860 ± 0,005)
Média e desvio padrão: (3,860 ± 0,005)

vezes. Na Tabela 2 estão expostas essas medidas e a média com algarismos signicativos

corretos. Novamente obteve-se um valor do desvio padrão menor que a incerteza do

instumento de medida, nos dois comprimentos de onda, por isso foi adotado o valor da

incerteza do instumento de medida.

Tabela 2: Dados coletados ao contar 20 máximos de interferência, cálculo da média e


desvio padrão.
Ordem de medição Deslocamento angular θ Deslocamento angular θ
(em graus) da contagem (em graus) da contagem
de 20 máximos de inter- de 20 máximos de inter-
ferência com fonte de luz ferência com fonte de luz
de comprimento de onda de comprimento de onda
λ = 632, 8nm λ = 532, 0nm

1 (5,0 ± 0,5) (4,5 ± 0,5)

2 (5,5 ± 0,5) (5,0 ± 0,5)

3 (5,5 ± 0,5) (5,0 ± 0,5)
Média e desvio padrão: (5,3 ± 0,5) (4,8 ± 0,5)

O cálculo do índice de refração foi feito para os dois comprimentos de onda. Com

os resultados da Tabela 1 e Tabela 2 têm-se os valores das variáveis e usando a Equação

(1.8) foi determinado o índice de refração do vidro usando laser de He-Ne, comprimento

de onda 632,8 nm. O cálculo detalhado do resultado encontra-se no Apêndice A.

n = 1, 619787765

Como a medida do índice de refração é uma medida indireta, ou seja, é dependente

da medida de outras grandezas, e cada uma dessas grandezas possui uma incerteza, para

maior credibilidade nas medidas foi utilizada análise estatística rigorosa. A equação uti-

lizada para determinar a incerteza da medida do índice de refração está de acordo com

a Equação (1.8) no qual as grandezas estão relacionadas por operação de multiplicação e

divisão (VUOLO, 1996). Para fazer essa análise é necessário saber a incerteza e a medida

de todas as variáveis. O valor da espessura está apresentado na Tabela 1, o ângulo está

apresentado na Tabela 2 e o número de máximos deslocados (N) é contado um a um então

sua incerteza é de meia franja de interferência, ou seja, ± 0,5.


48

A incerteza da medida do índice de refração do vidro com o laser de He-Ne foi

calculado com a Equação (3.2). No Apêndice A pode ser observado o cálculo para obtenção

do resultado.

s 2  2  2
4n 4θ 4L 4N
= + + (3.2)
n θ L N

4n = 0, 100238445

Novamente utilizando a Equação (1.8) e os resultados da Tabela 1 e Tabela 2, foi

determinado o índice de refração do vidro usando laser de diodo de comprimento de onda

532,0 nm.

n = 1, 645569488

Calculado a incerteza da medida do índice de refração do vidro com o laser de

diodo usando a Equação (3.2). O cálculo detalhado está no Apêndice A.

4n = 0, 110778169

A comparação dos resultados do índice de refração com o comprimento de onda

na faixa do vermelho e os resultados do índice de refração com o comprimento de onda

na faixa do verde, estão exposto na Tabela 3.

Tabela 3: Índice de refração do vidro calculado para os dois comprimentos de onda utili-
zados.
Índice de refração com sua in- Índice de refração com sua in-
certeza e algarismos signicativos certeza e algarismos signicativos
corretos usando comprimento de corretos usando comprimento de
onda de 632,8 nm. onda de 532,0 nm.
1,6 ± 0,1 1,6 ± 0,1

A Tabela 3 mostra que o índice de refração é exatamente igual nos dois compri-

mentos de onda utilizados. O que já era esperado, uma vez que, o índice de refração

depende do material e no experimento realizado o material nos dois casos foi o mesmo.

Esse resultado demonstra que o equipamento experimental desenvolvido para determinar

o índice de refração foi bem sucedido, as medidas estão de acordo com a teoria.

A literatura dispõe o índice de refração tabelado de alguns materiais. Na Tabela


49

4 apresenta o índice de refração de alguns vidros, pois dependendo do material usado na

fabricação do vidro o índice de refração tem uma pequena variação.

Tabela 4: Tabela do índice de refração de alguns materiais (HUGO; ROGER, 2008).


Vidro Índice de refração
Crow 1,52
Flint leve 1,58
Flint médio 1,62
Flint denso 1,66

Comparando os resultados da Tabela 3 e o valor do índice de refração dos vidros

apresentados na Tabela 4, o que mais aproxima do valor encontrado experimentalmente

é o vidro int médio. No entanto como são valores muito próximos e considerando a

incerteza da medida não é possível denir o vidro usado no experimento como int médio,

para isto é necessário um estudo mais aprofundado.

O índice de refração é estudado no ensino médio dentro do conteúdo de fenômenos

ondulatórios da luz que, como já mencionado no capítulo 1, segundo o currículo mínimo

do Rio de Janeiro é estudado no segundo bimestre do terceiro ano. Assim o aluno já

tem uma estrutura cognitiva para entender tais fenômenos, pois o estudo da ótica não é

trivial.

Com o presente experimento, é determinado o índice de refração do vidro que por

sua vez é possível determinar a velocidade da luz no interior do vidro usando a Equação

(1.1).

3 × 108 m/s
V = = 1, 875 × 108 m/s
1, 6
Considerando que o índice de refração do ar é nar = 1, a velocidade encontrada

demonstra que o índice de refração e velocidade é inversamente proporcional, ou seja,

quanto maior o índice de refração menor a velocidade.

O comprimento de onda varia de acordo com o índice de refração de cada meio,

dessa forma o comprimento de onda no interior do vidro é igual ao comprimento de onda

da luz no vácuo dividido pelo índice de refração do vidro, assim o comprimento de onda

no interior do vidro com fonte de luz laser He-Ne λ = 632, 8nm é:

632, 8nm
λn = = 395, 5nm
1, 6
O comprimento de onda no interior do vidro com fonte de luz laser de diodo

λ = 532, 0nm é:
50

532, 0nm
λn = = 332, 5nm
1, 6
A frequência da onda luminosa no interior do vidro permanece a mesma, manipu-

lando as equações é possível comprovar essa veracidade:

V c/n
fn = = =f
λn λ/n
onde fn é frequência no interior do vidro e f é a frequência no vácuo.

Ao rotacionar o vidro de acordo com a escala em graus, é possível identicar o

ângulo de incidência fazendo uma análise geométrica, observar Figura 25, onde o vidro

está na posição 5◦ na escala.

Figura 25: Desenho esquemático do vidro na posição 5◦ na escala.

De acordo com teorema matemático, a soma dos ângulos internos do triângulo é

180◦ , assim do triângulo retângulo superior da Figura 25, tem-se:

180◦ = 90◦ + 5◦ + β

β = 85◦

Como a reta normal faz ângulo de 90◦ com a superfície do vidro, o ângulo de

incidência é θi = 90◦ − 85◦ = 5◦

Para determinar o ângulo de refração (θ2 ) é utilizado a lei de Snell, com a Equação

n1 sin θ1 = n2 sin θ2 , usando nar = 1 :

1. sin 5◦ = 1, 6 sin θ2
sin 5◦
sin θ2 =
1, 6
51

0, 087
θ2 = arcsin
1, 6

θ2 = 3, 1

Dessa forma usando conceitos físicos e matemáticos foi possível determinar os ân-

gulo de incidência e refração. O presente experimento é uma excelente opção de aplicação,

pois relaciona grande parte da teoria de ótica e revisa conceitos aprendidos em séries an-

teriores.

3.2 Resultados do experimento de comprimento de onda

O equipamento desenvolvido para determinar o comprimento de onda de uma fonte

de luz desconhecida contém um sistema de alavanca e uma constante de proporcionalidade

que foi determinada segundo a Equação (1.11):

a
=R
b
onde (a) é a medida da base do triângulo retângulo maior e (b) é a medida da base do

triângulo retângulo menor, logo:

(441, 2 ± 0, 5)mm
R= = 294, 13333 (3.3)
(1, 50 ± 0, 01)mm
Calculado a incerteza da constante de proporcionalidade do equipamento desen-

volvido, segundo teoria de erros e medidas, observar o Apêndice A.

4R = 1, 989018918

Dessa forma a constante de proporcionalidade R é igual a (294 ± 2) essa medida

é adimensional. O fato de a incerteza ser pouco maior em relação à medida é devido aos

instrumentos de medição, a régua possui uma incerteza maior em relação à incerteza do

paquímetro.

O valor da constante de proporcionalidade signica a proporção da distância no

qual o espelho móvel se movimenta em relação ao deslocamento do micrômetro. Assim

1mm de deslocamento do micrômetro o espelho móvel se desloca 3, 4µm.


O experimento foi realizado duas vezes cada uma com fonte de luz monocromática

e comprimento de onda desconhecido, sendo um na faixa do vermelho e a outro na faixa

do verde. O padrão de interferência neste experimento é exatamente igual ao padrão de

interferência do experimento de índice de refração, como mostra na Figura 24.


52

Ao contar os 20 máximos de interferência, foram registradas as posições do micrô-

metro que estão apresentadas na Tabela 5, para as duas fontes de luz monocromática.

Com intuito de diminuir erros, foi realizado as medidas três vezes e calculado a média e

o desvio padrão da média, usando a Equação (3.1).

Tabela 5: Medidas com micrômetro ao contar 20 máximos de interferência.


Ordem de medição Posição nal do micrô- Posição nal do micrô-
metro em mm, para fonte metro em mm, para fonte
de luz na faixa do verme- de luz faixa do verde.
lho.

1 (1,795 ± 0,005) (1,580 ± 0,005)

2 (1,790 ± 0,005) (1,570 ± 0,005)

3 (1,785 ± 0,005) (1,550 ± 0,005)
Média e desvio padrão: (1,790 ± 0,005) (1,57 ± 0,02)

Na faixa de luz do vermelho o desvio padrão foi igual a incerteza do instrumento

de medida e na faixa de luz do verde foi adotado o valor do desvio padrão, pois este é

maior que a incerteza do instrumento de medida.

Usando a Equação (1.12) e os resultados da Tabela 5, é determinada a distância

em que o espelho móvel deslocou para contar os 20 máximos de interferência, para fonte

de luz na faixa do vermelho:

D (1, 790 ± 0, 005) × 10−3 m


d= = = 6, 088435374µm (3.4)
R (294 ± 2)
Incerteza da distância em que o espelho móvel deslocou com uma fonte de luz na

faixa do vermelho:

4d = 0, 044773609µm

Logo, a distância que o espelho se moveu, para fonte de luz na faixa do vermelho

é d = (6,09 ± 0,04) µm.

Esse resultado mostra que a distância que o espelho móvel se movimenta é menor

do que o deslocamento do micrômetro, por isso a necessidade do sistema de alavanca,

pois para contar 20 máximos de interferência o espelho se move cerca de um milésimo de

milímetro. Por esse motivo que ao realizar o experimento os olhos humanos não conseguem

visualizar o movimento do espelho.

Para determinar o comprimento de onda da fonte de luz usou-se a Equação (1.10):


53

2d 2(6, 09 ± 0, 04)µm
λ= = = 609, 0nm (3.5)
N (20 ± 0, 5)
Incerteza do comprimento de onda da fonte luz na faixa do vermelho:

4λ = 15, 74168431nm

Usando a Equação (1.12) e os dados da Tabela 5 foi determinada a distância em

que o espelho móvel deslocou para contar os 20 máximos de interferência com a fonte de

luz na faixa do verde:

D (1, 57 ± 0, 02) × 10−3 m


d= = = 5, 340136054µm (3.6)
R (294 ± 2)
Incerteza da distância em que o espelho móvel deslocou com uma fonte de luz na

faixa do verde:

4d = 0, 03695891µm

Logo, a distância que o espelho se moveu, para fonte de luz na faixa do verde é d

= (5,34 ± 0,04) µm. Distância extremamente pequena no mundo macroscópico.

Para determinar o comprimento de onda foi utilizado a Equação (1.10):

2d 2(5, 34 ± 0, 04)µm
λ= = = 534, 0nm (3.7)
N (20 ± 0, 5)
Incerteza do comprimento de onda da fonte de luz na faixa do verde:

4λ = 13, 93637327nm

Os resultados do comprimento de onda na faixa do vermelho e do comprimento de

onda na faixa do verde, estão exposto na Tabela 6.

Tabela 6: Resultados dos comprimentos de onda das duas fontes de luz desconhecidas.
Comprimento de onda da fonte de Comprimento de onda da fonte de
luz na faixa do vermelho em (nm). luz na faixa do verde em (nm).
(609 ± 16) (534 ± 14)

A Tabela 6 mostra o comprimento de onda de cada fonte de luz utilizada e sua res-

pectiva incerteza. As incertezas das medidas são altas em relação à medida, isso devido as
54

incertezas de cada instrumento de medição utilizado, desde a construção do equipamento

até o cálculo do comprimento de onda, cada medida inuencia no resultado nal, por isso

foi usado a teoria de erros para que o resultado que preciso.

O espectro, como o da Figura 2 do Capítulo 1, mostra a faixa de comprimentos

de onda das ondas eletromagnéticas. A Tabela 7 demonstra a faixa de comprimento de

onda de cada cor da luz visível.

Tabela 7: Faixa de comprimentos de onda da luz visível (BERTISSO, 2019).


Cor Comprimento de onda em(nm)
Vermelho 625 a 740
Laranja 590 a 625
Amarelo 565 a 590
Verde 500 a 565
Ciano 485 a 500
Azul 440 a 485
Violeta 380 a 440

Comparando os dados da Tabela 6 com a faixa de comprimentos de onda da Ta-

bela 7, os resultados experimentais foram satisfatórios. O comprimento da fonte de luz

verde está dentro da faixa de comprimento de onda do verde assim como o vermelho,

considerando a sua incerteza, está dentro da faixa de comprimento de onda do vermelho.

Por isso a importância da estatística nos cálculos, pois nenhuma medida é exata.

Tendo o conhecimento do valor do comprimento de onda do laser utilizado foi

calculado desvio percentual, para o comprimento de onda na faixa do vermelho:

632, 8nm − 609, 0nm


× 100 = 3, 76%
632, 8nm
Para o comprimento de onda na faixa do verde:

534, 0nm − 532, 0nm


× 100 = 0, 38%
532, 0nm
Nos dois casos o desvio percentual cou abaixo de 5% que é o aceitável na teoria de
erros e medidas. A diferença no desvio percentual do laser vermelho e verde possivelmente

pode ter ocorrido devido ao fato de o laser verde ter o suporte construído de acordo com

o experimento desenvolvido, e o laser vermelho utilizado é comercial com atura denida,

por isso não tem um alinhamento perfeito como o verde resultando em um maior erro.

O experimento realizado, com o equipamento desenvolvido, obteve medidas com

alto nível de precisão e os resultados estão de acordo com a teoria.


55

3.3 Resultado do experimento com equipamento comercial

Realizamos o experimento de comprimento de onda com equipamento comercial,

na Figura 26 está exposto o aparato experimental utilizado.

Figura 26: (a) Interferômetro comercial e (b) O fator de proporcionalidade deste inter-
ferômetro.

Como no equipamento desenvolvido, o equipamento comercial também tem um

sistema de alavanca. O fator de proporcionalidade deste interferômetro é denido de

fábrica como mostra na Figura 26 (b), pois como mencionamos cada aparato experimental

tem um valor característico das condições no qual foi produzido.

O experimento foi realizado da mesma forma que o experimento com aparato de-

senvolvido, o laser utilizado foi na faixa do comprimento de onda do vermelho. No espelho

xo contém um parafuso de ajuste no no qual permite alinhar os espelhos de forma pre-

cisa e com menor tempo. Após os espelhos ajustados é formado o padrão de interferência

no anteparo. Na Figura 27 é apresentado o padrão de interferência formado pelo equipa-

mento comercial.

Comparando a Figura 24 com a Figura 27, percebemos que o padrão de interferên-

cia do equipamento comercial é mais nítido e possui mais franjas de interferência do que

o padrão de interferência formado pelo equipamento desenvolvido, isso pode ser causado

por inúmeros fatores como a lente que utilizamos e o equipamento desenvolvido ser mais

leve sofrendo maior inuência a vibrações externas.

Ao contar o deslocamento de 20 máximos de interferência anotamos o valor mar-

cado no micrômetro, que são apresentados na Tabela 8. Adotado o valor do desvio padrão

da média, pois esta é maior que a incerteza do instrumento de medida.


56

Figura 27: Padrão de interferência formado pelo equipamento comercial.

Tabela 8: Medidas com micrômetro ao contar 20 máximos de interferência com equipa-


mento comercial.
Ordem de medição Posição nal do micrômetro
em mm, para fonte de luz na
faixa do vermelho.

1 (5,800 ± 0,005)

2 (5,700 ± 0,005)

3 (5,760 ± 0,005)
Média e desvio padrão: (5,75 ± 0,05)

Usando os dados da Tabela 8 zemos a conversão da média usando o fator de

proporcionalidade determinado pelo equipamento (1mm = 1090 nm) e com a Equação

(1.12) determinamos a distância que o espelho móvel se delocou. Obtemos o valor de

d = 6, 28603µm.

Comparando esse valor com o valor encontrado no experimento com equipamento

produzido, considerando a incerteza podemos dizer que os valores são iguais. Esse fato

signica que, em qualquer equipamento, para o mesmo comprimento de onda o espelho

se move em uma mesma distância, independente do valor do fator de conversão.

Não foi possível calcular a incerteza da medida em que o espelho se moveu pois,

não ter informações sobre a incerteza do fator de conversão do equipamento comercial.

Para determinar o comprimento de onda da fonte de luz foi usando a Equação

(1.10):

2d 2 × 6, 28603µm
λ= = = 628, 6nm (3.8)
N 20
Comparando o valor do comprimento de onda encontrado com a Tabela 7 perce-

bemos que esta dentro da faixa do comprimento de onda do vermelho.


57

Calculamos o desvio percentual, do comprimento de onda encontrado no experi-

mento com equipamento comercial em relação ao comprimento de onda encontrado no

equipamento desenvolvido, ver Tabela 6, da faixa de luz no vermelho.

628.6nm − 609, 0nm


× 100 = 3, 1%
628, 6nm
Como o valor do desvio percentual é inferior a 5%, podemos dizer que os valores dos
comprimentos de onda nos dois equipamentos, desenvolvido e comercial, são iguais. Dessa

forma, os experimentos realizados atenderam objetivo do presente trabalho, desenvolvendo

um equipamento experimental de baixo custo e com alto nível de precisão.

3.4 Aplicação

A tecnologia e o uso da ótica estão crescendo signicativamente, abrangendo um

vasto mercado, estando presente na indústria, comunicação, medicina. Como por exemplo,

a bra ótica que está em alta atualmente, pois substitui ecientemente os cabos metálicos,

pois transmitem a informação com menor perda. Isto porque o índice de refração da parte

externa da bra ótica é menor que a parte interna fazendo com que o raio penetrado no o

se propaga sofrendo reexões totais. A bra ótica é usada na medicina em instrumentos

que permite a observação de alguns órgãos e também na comunicação em cabos de internet

dentre outros (RIBEIRO, ).

Nas ciências o interferômetro é utilizado em inúmeros casos como o equipamento de

espectroscopia de infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) que tem a função

de determinar quais moléculas está presentes num determinado material. Através do

interferômetro de Michelson o feixe da fonte, infravermelho, faz uma varredura no material

no qual gera uma interferência que é detectada formando um interferograma que por meio

de uma Transformada de Fourier pode então passar para o domínio da frequência (PENA;

VALLET, 2003).

Pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrontron (LNLS) (CNPEM,

2019) estudam uma técnica denominada "scattering scanning near eld optical micros-

copy"do português microscopia óptica de campo próximo de varredura por espalhamento.

Com essa técnica é possível controlar a luz no interior de alguns materiais, que futuramente

podem atuar no ramo da comunicação e computação. Segundo o pesquisador brasileiro

Raul Freitas Por meio dessa técnica é possível acessar interfaces desses dispositivos im-

possíveis de serem acessadas com técnicas convencionais de microscopia, principalmente

na faixa do infravermelho (MAIA B. T.AND OCALLAHAN et al., 2019).


58

Dessa forma o estudo da ótica por meio do equipamento desenvolvido, o aluno

pode associar o conteúdo aplicado em sala de aula com as aplicações tecnológicas. Assim

o aluno compreende a importância de estudar óptica e onde esses conteúdos são aplicados

no cotidiano. Uma vez que, segundo Ausebel, o aluno somente tem um bom aprendizado se

este souber interagir a prática e conhecimentos prévios com universo escolar (AUSEBEL;

NOVAK; HANESIAN, 1980).

3.5 Sugestão de aplicação do experimento em sala de aula

O equipamento experimental construído tem a possibilidade de abordar dois con-

teúdos de física distintos que são relevantes no processo de ensino e aprendizagem. Po-

dendo estudar ótica e relatividade, temas estes que não são intuitivos, logo o experimento

é fundamental para que o aluno entenda os conceitos envolvidos. O presente trabalho

estuda os fenômenos ondulatórios da luz, pois é um tema que está ganhando espaço na

aplicação tecnológica. Segundo a BNCC os estudantes devem compreender os conteúdos

de física de forma a identicar os fenômenos no dia a dia.

A abordagem investigativa deve promover o protagonismo

dos estudantes na aprendizagem e na aplicação de processos,

práticas e procedimentos, a partir dos quais o conhecimento

cientíco e tecnológico é produzido. Nessa etapa da esco-

larização, ela deve ser desencadeada a partir de desaos e

problemas abertos e contextualizados, para estimular a cu-

riosidade e a criatividade na elaboração de procedimentos e

na busca de soluções de natureza teórica e/ou experimental

(BNCC, 2018).

Nessa perspectiva uma sugestão de aplicação do equipamento desenvolvido é uma

metodologia que envolva a história da física acompanhada de experimentação. Na constru-

ção do equipamento experimental os professores em sala de aula podem abordar conceitos

físicos e matemáticos numa atividade interdisciplinar, trazendo a discussão entre alunos

e professores. Levando em consideração que o equipamento experimental em questão foi

marcante na história da ciência sendo considerado por Micheson um experimento que deu

errado, somente com a teoria da relatividade que foi provado a eciência do experimento.

Os professores podem reunir-se na organização de um projeto como feira de ciência

onde os próprios alunos irão construir o aparato experimental. É importante que antes de

iniciar as atividades experimentais os alunos saibam da importância deste experimento


59

na história, para que os estudantes consigam entender melhor a física envolvida e tenham

capacidade de assimilar o experimento com as tecnologias que são aplicadas no cotidiano.

Os alunos demonstram maior motivação quando compreende a teoria.

Como o projeto é extenso, podem interagir com todos os alunos do terceiro ano,

uma vez que este conteúdo segundo o currículo mínimo do Rio de Janeiro é aplicado no

último bimestre do terceiro ano do ensino médio. Assim, o projeto pode ser a avaliação

nal antes dos estudantes concluírem o ensino básico. Após o estudo da teoria física,

matemática e história que envolve o experimento, os alunos podem começar a construção

do aparato experimental onde os professores têm a função de indicar a melhor maneira de

ser feito, tirando quaisquer dúvidas por partes dos alunos. É importante que os professores

exponham os cuidados que os alunos devem ter ao manusear os equipamentos, além

disso, é indispensável a ajuda de um prossional para fazer os modelos dos suportes

do equipamento, os alunos tem a função de realizar as medidas corretamente e de forma

precisa para que o prossional da área recorte e faça os moldes dos suportes com base na

medidas realizadas pelos alunos.

Com o equipamento pronto e testado, os alunos podem organizar uma amostra

aberta para comunidade na qual apresentam o equipamento explicando de forma histórica

a evolução dos estudos dos fenômenos ondulatórios da luz e principalmente quais são as

aplicações tecnológicas desses estudos voltadas para melhorias da sociedade em geral.

Realizando os experimentos de índice de refração e comprimento de onda. Cada turma de

terceiro ano ca responsável por um experimento e um laser com faixa de comprimento

distinto.

Dessa forma o professor pode avaliar o projeto de forma qualitativa e quantitativa

incentivando a pesquisa, a discussão, o trabalho em equipe, organização e planejamento

além da fala em público nas apresentações. Também são importantes os resultados numé-

ricos que relaciona o experimento com a teoria. Sendo assim ca um trabalho completo e

de acordo com a BNCC.


60

CONCLUSÃO

A atividade realizada mostrou signicativa potencialidade para os estudos da ótica

no ensino médio. A experimentação é uma excelente metodologia de ensino, pois com a

visualização dos fenômenos físicos facilita o entendimento por parte dos estudantes. O

equipamento construído por ser de baixo custo apresenta facilidade de ser reproduzido nas

escolas. Além disso, o experimento representa um marco na história da física que propicia

a discussão entre alunos e professores em sala de aula, sendo assim o aluno compreende

melhor a física instigando a curiosidade e o interesse pela disciplina. Outro aspecto

importante a ser considerado é a simplicidade do processo de construção do equipamento,

uma atividade apropriada para se realizar num projeto interdisciplinar, pois na construção

do equipamento o aluno precisa de alguns teoremas matemáticos.

Os resultados experimentais demonstraram que é possível construir um equipa-

mento experimental de baixo custo, mas com exatidão nas medidas, visto que foi possível

visualizar com muita clareza o padrão de interferência e o deslocamento das franjas. Os

componentes mais complexos foram a construção da alavanca, que permite fazer medidas

de comprimento de onda com alta precisão, e a calibração dos espelhos que requer maior

tempo e habilidade no manuseio dos espelhos. Porém essas diculdades são válidas, pois

amplia o raciocínio e a perspicácia levando os estudantes a pensarem na melhor forma

de reproduzir o equipamento. Que é exatamente a característica do método cientíco, o

pensar, a discussão, a prática, os resultados, a análise e comparação com a teoria. Crité-

rios estes que foram possíveis de ser atendidos com os experimentos realizados através do

equipamento desenvolvido.

Os experimentos deste trabalho são de simples execução. O experimento de índice

de refração obteve excelentes resultados, o índice de refração do vidro foi exatamente

igual para os dois comprimentos de onda, do vermelhe e do verde, uma vez que o vidro

foi o mesmo nos dois casos. Porém através do experimento não foi possível identicar

qual o tipo de vidro, apenas que o índice de refração do material usado é próximo do

vidro, comparando o índice de refração experimental com o valor teórico. Os resultados

do experimento para determinar o comprimento de onda das duas fontes de luz mono-

cromáticas foram satisfatórios, os valores encontrados experimentalmente estão dentro da

faixa do visível da cor correspondente. Comparando esses valores com os resultados do

experimento usando o equipamento comercial percebemos que são muito próximos, o que

conrma a precisão do equipamento desenvolvido.


61

Ao analisar os custos do experimento desenvolvidos totalizamos R$ 228,00 distri-

buídos em R$ 84,00 no espelho semi-reetor comprado no site da Aliexpress, R$ 56,00 da

lente de ampliação comprada em loja de artigos de microscópio, R$ 60,00 do micrômetro

comprado no site do Mercado Livre e o laser de diodo no valor de R$ 28,00 também com-

prado no Mercado Livre. Comparando o valor total do equipamento comercial da marca

3B Scientic que no site da marca está custando R$ 17.348,00. Os materiais foram adqui-

ridos em Janeiro de 2019, assim como a comparação do valor do equipamento comercial.

Em vista disso podemos realizar bons experimentos com um custo acessível.

A utilização da análise estatística e a teoria de erros e medidas foram de grande

importância nos cálculos das medidas, dando maior conabilidade dos resultados nais.

Uma vez que, as medidas do objetivo do trabalho são medidas indiretas e os instrumentos

de medidas utilizados na construção do equipamento e na realização dos experimentos

possuem incertezas que devem ser levados em consideração, pois inuenciam nos resulta-

dos. Por isso a incerteza dos dois comprimentos de onda experimental teve um valor alto

em relação às medidas.

Alguns aspectos ainda precisam ser aprimorados no aparato experimental como,

por exemplo, o ajuste dos espelhos. Todas as vezes que o aluno for manipular o equipa-

mento em todos os experimentos é necessário fazer esse ajuste que é feito manualmente.

Então uma sugestão para uma continuação deste trabalho é o aprimoramento deste ma-

nuseio tornando mais prático e consequentemente diminuindo o tempo gasto para esse

exercício, tendo em vista o tempo de duração da aula nas escolas. Na forma em que

o presente experimento foi construído são necessários dois tempos de aula consecutivos

para realização do experimento e a contagem das franjas. Também pode ser feito um

estudo por outros experimentos que sejam de baixo custo, mas que tenham resultados

precisos, podendo fazer medidas e não apenas observacionais, como por exemplo, o desen-

volvimento de um corpo negro para o estudo da física moderna, no qual os alunos podem

calcular a intensidade da radiação emitida para cada comprimento de onda em função da

temperatura.

Durante este trabalho foram realizadas pesquisas consideráveis e inúmeros testes

para obter um equipamento eciente. Este trabalho demonstrou ao pesquisador, como

futuro docente, tamanha importância da experimentação no ensino, que é de responsabi-

lidade do professor incentivar a pesquisa, tornando mais prazeroso o processo de ensino e

aprendizado.

Dessa forma os resultados experimentais do presente trabalho foram formidáveis,

tendo em vista que o equipamento foi desenvolvido com materiais de baixo custo e instru-
62

mentos de medidas com altas incertezas. Os experimentos tiveram resultados iguais aos

experimentos realizados com equipamentos caros e de alto nível. Sendo assim o aparato

experimental desenvolvido foi capaz de ensinar muito mais do que equações, foi uma su-

gestão de uma metodologia de ensino que possa incitar a curiosidade do aluno pelo mundo

cientíco.
63

APÊNDICE A

-Cálculo detalhado da dedução da equação do índice de refração

No Capítulo 1 foi determinado o número de franjas em função do índice de refração

que está apresentado na Equação (1.7). Para deduzir a Equação do índice de refração

através da Equação (1.7), tem-se:

Usando a relação trigonométrica: cos(θ−θ0 ) = cos θ cos θ0 +sin θ sin θ0 , substituímos


na Equação (1.7):

2L n − (cos θ cos θ0 + sin θ sin θ0 )


 
N= −n+1
λ cos θ0

Nλ cos θ cos θ0 n − sin θ sin θ0


=− + −n+1
2L cos θ0 cos θ0
Usando a relação trigonométrica: sin2 θ + cos2 θ = 1, temos:

Nλ n − sin θ sin θ0
+ cos θ + n − 1 = p
2L 1 − sin2 θ0

Aplicando a lei de Snell, citada no item 1.5, onde sin θ0 = sin θ


n
e multiplicando o
n
segundo termo da igualdade por :
n

2
Nλ n − sinn θ n
+ cos θ + n − 1 = q .
2L 1 − sinn2 θ n
2

Nλ n2 − sin2 θ
+ cos θ + n − 1 = p
2L n2 − sin2 θ
Racionalizando temos:

Nλ p
+ cos θ + n − 1 = n2 − sin2 θ (3.1)
2L
Elevando os dois lados da igualdade ao quadrado:

 2

+ cos θ + (n − 1) = n2 − sin2 θ
2L
64

N 2 λ2
 
2 2 Nλ Nλ
2
+ cos θ + n − 2n + 1 + 2 + cos θ + 2(n − 1) + cos θ = n2 − sin2 θ
4L 2L 2L

Aplicando novamente a propriedade trigonométrica sin2 θ + cos2 θ = 1 e reorgani-

zando a Equação:

N 2 λ2
n[2L − 2L cos θ − N λ] = (1 − cos θ)(2L − N λ) +
4L2
Isolando o índice de refração tem-se a Equação (1.8) que foi apresentada no Capí-

tulo 2.

-Cálculo Detalhado do experimento do índice de refração

Cálculo detalhado do resultado do índice de refração do vidro usando laser de

He-Ne, comprimento de onda 632,8 nm.

202 (632,8×10−9 m)2


(1 − cos 5, 3)[2(3, 860 × 10−3 m) − 20(632, 8 × 10−9 m)] + 4(3,860×10−3 m)
n= (3.2)
2(3, 860 × 10−3 m)(1 − cos 5, 3) − 20(632, 8 × 10−9 m)

Calculado a incerteza da medida do índice de refração do vidro com o laser de

He-Ne.

s 2  2  2
4n 0, 3 0, 003 0, 5
= + +
1, 619787765 5, 3 3, 860 20

Cálculo detalhado do resultado do índice de refração do vidro usando laser de diodo

de comprimento de onda 532,0nm.

202 (532,0×10−9 m)2


(1 − cos 4, 8)[2(3, 860 × 10−3 m) − 20(532, 0 × 10−9 m)] + 4(3,860×10−3 m)
n=
2(3, 860 × 10−3 m)(1 − cos 4, 8) − 20(532, 0 × −9
10 m)

Calculado a incerteza da medida do índice de refração do vidro com o laser de

He-Ne.

s 2  2  2
4n 0, 3 0, 003 0, 5
= + +
1, 645569488 4, 8 3, 860 20
65

-Cálculo Detalhado do experimento de comprimento de onda

Calculado a incerteza da constante de proporcionalidade do equipamento desen-

volvido.

s 2  2
4R 0, 5 0, 01
= +
294, 13333 441, 2 1, 50

Calculado a incerteza da distância em que o espelho móvel deslocou com uma fonte

de luz na faixa do vermelho.

s 2  2
4d 0, 005 2
= +
6, 088435374µm 1, 790 294

Cálculo detalhado da incerteza do comprimento de onda da fonte luz na faixa do

vermelho.

s 2  2
4λ 0, 04 0, 5
= +
609, 0nm 6, 09 20

Calculado a incerteza da distância em que o espelho móvel deslocou com uma fonte

de luz na faixa do verde.

s 2  2
4d 0, 02 2
= +
5, 340136054µm 1, 57 294

Cálculo detalhado da incerteza do comprimento de onda da fonte luz na faixa do

verde.

s 2  2
4λ 0, 04 0, 5
= +
534, 0nm 5, 34 20
66

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