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Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Maria Carmen Morais
CDD -
BANCA EXAMINADORA
H-R Hertzsprung-Russell
A Número de Massa
d Dêuteron
e+ Elétron
e− Pósitron
n Nêutron
p Próton
pp Próton-Próton
q Quark
q̄ Antiquark
Z Número Atômico
νe Neutrino eletrônico
ν Letra grega ni
L Luminosidade Solar
M Massa Solar
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1 Ensino de Física na Educação Básica . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2 Nucleossíntese e Evolução Estelar no Ensino Médio . . . . . . . 22
2.3 Transposição Didática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.1 O Conceito de Transposição Didática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.2 Saber Sábio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.3 Saber a Ensinar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.4 Saber Ensinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1 Questionário Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2 Minicurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
5.1 Questionário Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
5.2 Minicurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.2.1 Questionário Avaliativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
5.2.2 O Minicurso e a Transposição Didática . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
APÊNDICES 75
1 INTRODUÇÃO
“Nós somos feitos de matéria estelar”, declarou Carl Sagan (1934–1996), um dos
maiores divulgadores científicos das últimas décadas, em um dos episódios da série Cosmos:
Uma Viagem Pessoal, exibida originalmente nos anos 1980. Essa declaração se resume ao
fato dos elementos essenciais para a vida, como nós a conhecemos, terem sido formados
nas estrelas, seja durante a Nucleossíntese Estelar, ou no colapso de estrelas massivas em
supernovas, na chamada Nucleossíntese Explosiva. Além desses processos de síntese do
elementos nas estrelas, outro processo importante, sem o qual não haveria nenhum destes
é a Nucleossíntese Primordial, ocorrida nos primeiros segundos após o Big-Bang.
Para Silva, A. (2017) e Vieira (2018) os temas relacionados à formação do universo e
sobre a composição da matéria, são assuntos que normalmente despertam muita curiosidade
nos indivíduos, usualmente acompanhados das perguntas: De onde viemos e para onde
vamos? Do que somos feitos? Questionamentos que nunca ficam ultrapassados, e que
acompanham toda a formação dos indivíduos. De encontro a curiosidade despertada por
esses assuntos como exposto acima, o presente trabalho teve como um dos principais
motivadores uma Iniciação Científica envolvendo o estudo de reações nucleares de interesse
astrofísico. Diante disso surgiram algumas perguntas: Como trabalhar com nucleossíntese
em sala de aula? ou Como levar esse conhecimento para uma sala de aula?
Essas primeiras indagações são embasadas levando em consideração questões como
a complexidade do tema, devido a ele mais visto no meio acadêmico, e com ressalvas,
visto que muitos dos professores não terem tido o contato durante a graduação como visto
em algumas conversas informais com alguns professores, e também indicado por Pedrosa
(2013). Atento a esses questionamentos surgiu a ideia da elaboração de uma proposta de
capacitação de professores, com o objetivo de propiciar um melhor desenvolvimento de
conteúdos relacionados à nucleossíntese e evolução estelar, já estabelecidos na atual Base
Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018).
Entretanto, ainda existe uma questão em aberto: Como levar esse conhecimento
para a sala de aula? Para responder essa pergunta, é necessário mencionar um dos maiores
desafios do professor de Física atualmente, e também para o professor do futuro, tendo
em mente a evolução da ciência, é o de como fazer com que os alunos se sintam motivados
e interessados no estudo da Física mecionado por Silva, G. (2017, p. 12). Nesse momento
aparece uma das principais personagens desse trabalho, a teoria da Transposição Didática
de Chevallard, contemplando todo o processo de transformação de um determinado
conhecimento. Esse processo vai desde a concepção do saber no meio acadêmico-cientifico,
até o momento em que ele se torna algo ensinado em sala de aula, mostrando-se um excelente
Capítulo 1. INTRODUÇÃO 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para Diogo e Gobara (2007) apesar dessas determinações legais terem representado
um determinado progresso na inserção das disciplinas de ciências da natureza oficializando-
as no currículo, porém essas determinações não tratavam da finalidade do ensino secundário
ou dos exames de admissão ao ensino superior. Mantendo costumes oriundos dos períodos
colonial e imperial, com o ensino sendo dado de forma bastante superficial e generalista.
Entretanto é necessário destacar que essas determinações são um indício da valorização da
física no Brasil.
A queda da chamada República Velha (1889–1930) em decorrência da Revolução de
1930, deu início a um período de transição econômica brasileira, saindo de uma economia
essencialmente agrária e artesanal, para uma economia urbana e industrial (ROSA; ROSA,
2012). Nesse período a educação passou a ser vista como alternativa para o desenvolvimento
econômico-social do país, estendendo-se às classes menos favorecidas da população que
não tinham acesso às escolas:
Para Rosa e Rosa (2005) e Correia (2005) um marco importante para a física no
Brasil foi a criação do primeiro curso de física em 1934 junto a Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP) visando formar bacharéis
e licenciados, sendo os licenciados destinados ao ensino de física desde o nível fundamental
até o superior.
Em 1945, com o final da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi marcado por uma
série de mudanças politicas, econômicas e sociais, além é claro de ter sido marcado pelo
grande desenvolvimento científico e tecnológico advindo do esforço de guerra – talvez
um dos exemplos mais famosos tenha sido o Projeto Manhattan que desenvolveu as
primeiras bombas atômicas durante a segunda guerra. O período pós-guerra no Brasil foi
marcado pelo fim do primeiro governo de Getúlio Vargas (1882–1954) que se estendeu
desde a revolução de 1930 até outubro de 1945, pela eleição de Eurico Gaspar Dutra
(1883–1974) para a presidência em dezembro do mesmo ano e pela promulgação de uma
Capítulo 2. REFERENCIAL TEÓRICO 21
nova constituição em 1946, que deu novos rumos para educação no país. A educação
no Brasil após a segunda guerra foi caracterizada por um aumento quantitativo e pelas
primeiras discussões acerca da elaboração de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Brasileira (LDB), promulgada somente em 1961 (ROSA; ROSA, 2012).
A partir da década de 1950, ensino de física no Brasil foi fortemente marcado
pelos chamados Projetos de Ensino de Ciências, originados em 1955 nos Estados Unidos
da América (EUA) e que foram estendidos para mais de 50 países (ALVES FILHO,
2000, p. 25). Os projetos de ensino foram criados com o intuito de superar a defasagem
no domínio científico-tenológico (evidenciado pela conquista do espaço pelos soviéticos
com o lançamento do satélite Sputnik) por meio de investimentos no ensino de ciências,
dentre os projetos desenvolvidos, o que teve mais destaque foi o Physical Science Study
Committee (PSSC), iniciado no Massachusetts Institute of Technology (MIT) que contou
com uma versão traduzida para o português. Alguns projetos brasileiros também podem
ser destacados como o Física Auto-Instrutivo (FAI) pelo Grupo de Estudos em Tecnologia
de Ensino de Física (GETEF), o Projeto de Ensino de Física (PEF), pelo Instituto de
Física da USP, e o Projeto Brasileiro de Ensino de Física (PBEF), pela Fundação Brasileira
de Educação e Cultura (FUNBEC) (DIOGO; GOBARA, 2007).
Um dos frutos desses projetos de ensino foram os livros didáticos, adotados por
uma grande maioria dos educadores, servindo como guia para o ensino, permanecendo até
hoje nas escolas, que em partes tornou o ensino de ciências e disciplinas derivadas bem
limitados. Pode-se somar ainda o fato dos projetos terem contribuído para a formação de
uma visão pouco crítica e bem tecnicista de ensino, que pode ser constatada até nos dias
de hoje (ROSA; ROSA, 2012).
Atualmente, a Física é ministrada a partir do primeiro ano do ensino médio, tendo
uma pequena base conceitual no último ano do ensino fundamental na disciplina de ciências
junto a uma base conceitual de química (BEZERRA et al., 2009).
O Sistema de Educação Brasileiro é regido pela Lei nº 9.394/96 de 20 de dezembro
de 1996, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB). De
acordo com o Art. 35 da LDB o ensino médio é a etapa final da educação básica, e tem como
finalidade de consolidar os conhecimentos adquiridos durante o ensino fundamental, fornecer
suporte para o prosseguimento dos estudos em nível superior ou profissionalizante, além de
prover preparação básica para o mercado de trabalho, e de propiciando o aprimoramento
do educando como pessoa humana:
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com dura-
ção mínima de três anos, terá como finalidades: I - a consolidação e o
aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental,
possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica
para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo,
de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do
educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desen-
Capítulo 2. REFERENCIAL TEÓRICO 22
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional
Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organi-
zados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a
relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino,
a saber: I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tecnolo-
gias; III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências humanas
e sociais aplicadas; V - formação técnica e profissional (BRASIL, 1996).
Já na temática Vida Terra e Universo, os conceitos que podem ser abordados são:
Big-Bang e universo em expansão, nucleossíntese primordial, estrelas e suas características,
formação e evolução estelar, nucleossíntese estelar e explosiva. Dentro dessa temática os
temas acabam se mostrando de uma forma mais explicita:
ensino médio. Na primeira competência específica tem como principais objetivos trabalhar
as relações entre a matéria e a energia:
Apesar de não haver um citação direta à nucleossíntese, para o seu estudo faz-se
presente um conhecimento prévio acerca da física das radiações, que pode ser trabalhado de
acordo com essa habilidade específica. Já na segunda competência que tem como objetivo:
“Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para
elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres
vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.” (BRASIL,
2018, p. 556). A abordagem dos conteúdos de nucleossíntese e de evolução estelar é citada
diretamente em umas das habilidades a serem desenvolvidas:
Cada uma das esferas do saber é composta por características específicas, resul-
tantes do trabalho dos diferentes grupos e personagens que assumem a sua composição e
organização. Esses grupos e personagens com elementos em comum associados ao saber, se
interligam junto a sociedade e seus representantes, em um ambiente mais amplo chamado
de noosfera. Esse ambiente envolve diferentes categorias de pessoas e instituições com
3
No original: Un contenido de saber que ha sido designado como saber a enseñar, sufre a partir de
entonces un conjunto de transformaciones adaptativas que van a hacerlo apto para ocupar un lugar
entre los objetos de enseñanza. El “trabajo” que transforma de un objeto de saber a enseñar en un
objeto de enseñanza, es denominado la transposicíon didáctica.
Capítulo 2. REFERENCIAL TEÓRICO 27
Além do mais, em seu trabalho Pereira (2019, p. 31) observa que a transposição não
é feita somente pelo professor no ambiente de sala de aula. Com o processo de transposição
didática realizado a partir da contribuição de diversos participantes da noosfera, que
influenciam na modificação do saber.
O processo de transformação do saber para a sala de aula, pode conduzir a
uma interpretação errônea acerca do processo de transposição, no qual acredita ser
simplesmente uma mera simplificação do conhecimento obtido pela comunidade científica
(saber científico), reiterada por Alves Filho (2000):
esse processo de construção o saber passa por uma série de transformações no interior
da comunidade cientifica até se tornar público, ocorrendo uma espécie de “transposição
científica” do saber apresentada por Alves Filho (2000, p. 224, grifo do autor): “[...] de
certa forma, há uma transposição – não didática – mas, diríamos, científica, caracterizada
por uma despersonalização e reformulação do saber”.
Para Reichenbach (1961 apud SIQUEIRA; PIETROCOLA, 2006) a construção do
saber pelo cientista se inicia por muitas vezes com a busca de uma resposta ou a solução
para algum problema. Nessa busca, o cientista percorre muitos caminhos, nos seus próprios
pensamentos, que não estão descritos nas publicações, obtendo assim um caráter informal.
Esse processo é denominado contexto da descoberta, e está relacionado a uma etapa pessoal
do cientista, onde ele munido de uma série de questionamentos busca respostas. Ao alcançar
soluções, o cientista precisa de ter um meio de formalizar-las, abrindo mão de todas as
características pessoais que o acompanhavam no processo de concepção desse saber, para
assim publicar o seu trabalho de forma impessoal, adequando as normas impostas pela
comunidade na qual está inserido, em um processo chamado de contexto da justificativa.
A publicidade do saber sábio é dada de diversos modos como em publicações em
revistas especializadas e apresentações em seminários, congressos e simpósios. Isso faz com
que a comunidade científica tome nota do conhecimento, que possui certas características
intrínsecas ao meio em que foi criado. Os principais atores nesta esfera são as pessoas
responsáveis pela sua construção, ou seja, cientistas e pesquisadores de modo em geral.
Por fim, outro aspecto da construção do saber sábio é o tempo, em determinadas
situações pode-se passar muito tempo para que determinado problema tenha uma solução
encontrada, e que ela seja aceita pela comunidade científica. Assim, quando determinado
conhecimento toma publicidade, os membros externos ao processo de construção do
conhecimento científico por muitas vezes tem uma sensação errônea de que todo o processo
decorreu-se de forma simples e rápida (SIQUEIRA, 2006; PEREIRA, 2019)
aparece nos programas, livros didáticos e materiais instrucionais”. Cabe reforçar que nessa
esfera do saber – assim como na seguinte – nenhum saber é gerado, e sim, transformado,
como destacado por Alves Filho (2000):
O saber sábio, que após ser legitimado pela comunidade científica,torna-se parte da
cultura humana; enquanto o saber a ensinar e seus objetos podem não sobreviver até o final
da Transposição Didática, tornando-se obsoletos no contexto escolar ou banalizando-se no
contexto sócio-cultural, tendo em vista as pressões de grupos provenientes da noosfera,
e descartados consequentemente. Não obstante, estas ações tem como único objetivo
melhorar o ensino aumentando a aprendizagem (SIQUEIRA, 2006).
Ainda que o professor tenha um papel central nesse patamar da saber, é necessária
a compreensão que existem outros membros da noosfera que podem influenciar diretamente
na transposição, como destacado:
mais distante uma galáxia, maior era o desvio, resultando assim na lei de Hubble-Lemaître,
exposta no diagrama da Figura 3.1 pela seguinte relação:
v = H0 × d, (3.1)
Figura 3.1 – Diagrama de Hubble na forma original. A linha contínua é a reta que melhor
ajusta os círculos pretos cheios, correspondentes a medidas de velocidade e
distância de galáxias individuais; a linha tracejada é o ajuste dos círculos
brancos vazados, que correspondem às combinações das galáxias em grupos.
Fonte: Hubble (1929).
Nesse momento muitas questões são levantadas, como “O que causou o Big-Bang?”
ou “Como era antes? O que havia antes?”. Infelizmente hoje não se tem uma resposta – se
é que pode ter – para estas questões, no entanto com experimentos realizados em grandes
laboratórios de pesquisa, como por exemplo as instalações do Large Hadron Collider (LHC)
situado na fronteira franco-suíça e o Fermi National Accelerator Laboratory (FERMILAB)
nos Estados Unidos. Nestas instalações é possível obter informações sobre partículas e com
isso descrever o que aconteceu após um intervalo de tempo da ordem de 10−44 segundos,
chamado tempo de Planck 3 . Para explicar o que aconteceu antes desse tempo, é necessária
uma teoria que consiga unificar as quatro forças fundamentais da natureza em uma só.
Ainda que muitos físicos estejam se esforçando para elaborar uma teoria unificada, que
muitos chamam de Teoria de Tudo, esse feito ainda não foi alcançado. Nos instantes
de tempo inferiores ao tempo de Planck, os efeitos quânticos são importantes e estão
associados à interação gravitacional, não existindo uma teoria quântica mais aceita pela
comunidade científica para a gravidade (AVANCINI; MARINELLI, 2009).
3
O físico alemão Max Planck (1858–1947) que emprestou seu nome a esse tempo inacreditavelmente
diminuto; foi quem introduziu a ideia de energia quantizada em 1900, sendo considerado como o pai
da mecânica quântica
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 33
Partícula
Antipartícula
Fóton
Produção de par Aniquilação
Por razões desconhecidas, essa simetria entre matéria e antimatéria foi “quebrada”,
causando um ligeiro excesso de quantidade de matéria sobre a antimatéria. A assimetria
era extremamente pequena mas fundamental para a evolução do nosso universo: para
cada 1 bilhão de partículas de antimatéria, nasciam 1 bilhão mais 1 partículas de matéria
(TYSON; GOLDSMITH, 2015). Por conta da quebra de simetria é possível explicar a
razão de ter restado somente matéria no universo, caso contrário a produção de pares e
posterior aniquilação continuaria ad æternum, existindo somente fótons. Nesse momento
em que são formados quarks (q) e léptons como os elétrons (e− ) e os pósitrons (e+ ):
γ + γ q + q̄; (3.2)
γ + γ e+ + e− . (3.3)
eletromagnética e nuclear fraca, a partir desse instante o universo passa a ser governado
pelas quatro forças da natureza (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2014).
Com 10−7 segundos e temperatura de 1014 K, os quarks que existiam isolados em
uma espécie de “sopa”, com outras partículas elementares como os léptons e os bósons
de calibre – partículas que permitem interações – e suas anti-partículas correspondentes.
Os quarks começam a se unir formando os hádrons, dando início assim a “era hadrônica”.
Nesse momento três quarks se ligam formando os bárions (prótons, nêutrons) e pares
de quarks e antiquarks se ligam formando os mésons (píons, kaóns, etc). A expansão do
universo continua com as partículas constituintes dessa fase, os bósons, hádrons e léptons,
interagindo entre si, até que sobraram as partículas mais estáveis, entre os léptons e bósons
de calibre sobrevivem os elétrons, neutrinos e fótons; e entre os hádrons sobrevivem os
prótons e os nêutrons, que tem quantidades aproximadamente iguais, devido às interações
com neutrinos (AVANCINI; MARINELLI, 2009).
Em 10−4 segundos, chega ao fim a era hadrônica e inicia a chamada “era leptônica”,
a era das partículas leves. A temperatura não é suficiente para que a colisão de fótons
possa produzir pares de quarks e antiquarks. Sendo assim partículas mais pesadas, como
prótons e nêutrons, deixam de ocorrer, pois os fótons não tem mais energia suficiente
(SARAIVA, 2008). Como a energia dos fótons é menor, ocorre a produção de partículas
mais leves como elétrons e neutrinos:
γ + γ e+ + e− ; (3.4)
γ + γ ν + ν̄. (3.5)
Figura 3.3 – Antes da recombinação, os fótons não podiam mover-se livremente pelo
Universo, pois mudavam de direção a cada encontro com um elétron. Após
a recombinação com os elétrons capturados, os fótons podiam mover-se
livremente pelo espaço. Fonte: Picazzio (2011).
universo é resultado da nucleossíntese estelar, uma teoria em grande parte desenvolvida por
Bethe (BETHE, 1939) e Fred Hoyle (HOYLE, 1946). Apesar do fato da teoria de Alpher,
Bethe e Gamow não ter levado em conta um certo número de processos importantes para
a formação destes elementos, como a nucleossíntese estelar, ela explica corretamente a
relativa abundância de isótopos do hidrogênio e hélio.
Atualmente, considera-se amplamente que a nucleossíntese aconteceu em dois
estágios: formação do hidrogênio e hélio, de acordo com a teoria de Alpher, Bethe e
Gamow, e a nucleossíntese estelar de elementos mais pesados, segundo a teoria de Bethe.
Em 1957, Geoffrey Burbidge (1925–2010), Margaret Burbidge (1919–2020), William Fowler
(1911–1995) e Fred Hoyle publicaram um famoso artigo intitulado Synthesis of elements in
stars6 descrevendo como deveria ser a produção dos elementos nas estrelas (nucleossíntese
estelar), este artigo é tão famoso no campo da astrofísica que é tipicamente referido
somente como B2FH em referência ao grupo de pesquisa (BURBIDGE et al., 1957).
A nucleossíntese primordial teve início aproximadamente 200 segundos após big-bang,
quando o universo estava a uma temperatura T ≈ 0,9 GK e densidade ρ ≈ 2 × 10−5 g cm−3 .
Nessas condições, a energia associada ao movimento térmico das partículas (temperatura)
passou a ser inferior a energia de ligação que mantém os núcleons confinados no núcleo
atômico, propiciando a formação de núcleos leves como o 2 H, 3 H, 3 He, 4 He, 7 Li e 7 Be, a
formação destes núcleos durou até cerca de 20 minutos após o big-bang. À medida que o
universo se expandiu, a sua temperatura e densidade diminuíram de certa forma que já
não eram mais suficientes para propiciar novas reações nucleares, pois os núcleos presentes
nesse processo já não tinham energia para vencer a barreira coulombiana. Entre os núcleos
leves sintetizados, o 4 He se torna de longe o mais abundante, devido ao fato de possuir
uma maior energia de ligação por núcleon comparado com os outros nuclídeos na mesma
faixa de massa (ILIADIS, 2015).
A nucleossíntese primordial inicia com a formação de um núcleo de deutério (2 H) a
partir da seguinte reação de captura:
p + n → 2 H + γ, (3.6)
com o núcleo de deutério formado, outros núcleos podem ser formados. Para a formação
do 4 He existem dois canais possíveis, o primeiro envolvendo o 3 H:
2
H + 2 H → 3 H + p; (3.7)
3
He + n → 3 H + p; (3.8)
3
H + 2 H → 4 He + n; (3.9)
6
Tradução: Síntese dos elementos nas estrelas
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 37
dessa última reação o 7 Be decai em 7 Li, devido a sua meia vida ser curta (t1/2 = 53,2 dias),
podendo também acontecer a produção de lítio e hélio, através das seguintes reações:
7 7
Be + n → Li + e+ + νe ; (3.15)
7 4
Li + p → He + 4 He. (3.16)
A Figura 3.4 mostra o esquema das reações nucleares (conhecido também como
“network de reações”) que aconteceram na nucleossíntese primordial, culminando na
formação de 4 He. Os nêutrons restantes desse processo, ou seja, nêutrons livres, sofreram
decaimento β − (n → p + e− + ν̄e ). O resultado da nucleossíntese primordial foi um universo
composto por uma nuvem de prótons, 4 He, fótons e uma quantidade pequena de núcleos
leves. Após a nucleossíntese primordial novos elementos só começaram a ser formados nos
núcleos das estrelas, cerca de um bilhão de anos após o Big-Bang.
Figura 3.4 – Rede de reações responsáveis pela nucleossíntese primordial. Fonte: Nollett e
Burles (2000).
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 38
das estrelas, luminosidade e temperatura superficial são parâmetros que podem ser compa-
rados ao peso e altura de uma pessoa, para classificar seu tipo físico. Sabe-se que, para seres
humanos, essas características são bem correlacionadas, i.e., normalmente espera-se que
pessoas mais altas tenham maior peso que as de menor estatura. Portanto, os astrônomos
também procuram correlacionar os parâmetros (características) estelares.
Figura 3.5 – Diagrama H-R para algumas estrelas nas proximidades do Sol. Neste diagrama
o eixo horizontal corresponde a temperatura e a cor da estrelas, enquanto
o eixo vertical corresponde a luminosidade relativa ao sol. Nesse diagrama
é adotada a convenção onde a temperatura cresce para a esquerda e a
luminosidade para cima. Fonte: Oliveira Filho e Saraiva (2016).
A maioria das estrelas, incluindo o sol, estão na sequência principal, uma faixa
diagonal que se estende desde o canto superior esquerdo até o canto inferior direito. Uma
estrela na sequência principal é o tipo mais comum, na Via Láctea, elas constituem cerca
de 90% das estrelas. Considerando a estrela como um corpo negro, as características gerais
do diagrama H-R podem ser descritas por meio da lei de Stefan-Boltzmann:
Ls = 4πσRs2 T 4 , (3.17)
Gigante
Estrela de
Anã Branca Nêutrons Buraco Negro
0.1 1 10 100
Massa / Massa Solar (M/M⊙)
Figura 3.6 – Diagrama esquemático de evolução estelar de acordo com a massa da estrela
em unidades de massa solar. Fonte: Adaptado de Avancini e Marinelli (2009).
resulta em uma estrela muito maior tanto em tamanho quanto em brilho, fazendo com
que ela saia da região da sequência principal do diagrama H-R.
Estrelas que iniciaram a sua vida com uma massa inferior a 8 massas solares
terminam a sua vida na queima do hélio7 , evoluindo para uma estrela do tipo gigante
vermelha, ejetando por fim uma nebulosa planetária8 , chegando ao fim da sua vida como
anãs brancas. Nas estrelas com uma massa inicial superior a 8 massas solares continuam
a fusão no seu núcleo além do hélio, podendo chegar à síntese de núcleos de ferro. As
reações nucleares cessam no ferro, pois a energia de ligação a partir do ferro começa a
decrescer, fazendo com que a fusão se torne um processo endotérmico (maiores informações
no Apêndice A). Ao sintetizar ferro, o núcleo da estrela entra em colapso devido ao
desequilíbrio entre a pressão térmica e a gravidade, ejetando grande parte da sua massa
em uma explosão de supernova terminando sua vida como uma estrela de nêutrons ou
buraco negro, dependendo da massa remanescente da supernova (KARTTUNEN et al.,
2017).
Uma última menção são as estrelas de massas muito baixas (inferiores 0,08 M )
que mal conseguem fazer queima do hidrogênio permanecendo para sempre na sequên-
cia principal, essas estrelas “frustradas” terminam a sua vida como uma anã marrom
(AVANCINI; MARINELLI, 2009).
7
A queima de hélio nas estrelas estrela de pouca massa se inicia de maneira espetacular. O hélio começa
a se fundir de forma abrupta e explosiva. Num processo conhecido como flash de hélio, dura poucos
minutos chegando a um pico de luminosidade da ordem de fantásticos 1011 L .
8
Uma nebulosa planetária é uma camada de gás em expansão ejetada por uma estrela gigante vermelha
no fim de sua vida, apesar do nome, não relação alguma com planetas
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 42
3.3.3.1 Cadeia PP
p + p → d + e + + νe ; (3.18)
3
d+p→ He + γ. (3.19)
9
Síntese dos Elementos a partir do Hidrogênio
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 43
A partir da ocorrência dessas reações por duas vezes, ocorre a fusão de dois núcleos
3
de He pela seguinte reação:
3
He + 3 He → 4 He + 2p. (3.20)
As duas primeiras reações (Eqs. 3.18 e 3.19) consomem três prótons, cada umas
dessas reações ocorrem duas vezes, consumindo um total de seis prótons, no primeiro
passo (Eqs. 3.18) após a captura de um próton pelo dêuteron, ocorre instantaneamente um
decaimento β + (p → n + e+ + νe ), transformando um próton em um nêutron. No último
passo (Eq. 3.20) são produzido dois novos prótons, além do núcleo de 4 He.
Uma vez existindo 4 He no núcleo da estrela – lembrando que o 4 He também é
produzido na nucleossíntese primordial (ver seção 3.2), sendo assim ele pode estar presente
no núcleo das estrelas muito antes da cadeia pp-I ocorrer – existe uma probabilidade deste
reagir com o 3 He produzido:
3
He + 4 He → 7 Be + γ, (3.21)
Pode acontecer também uma captura de um próton por um núcleo de 3 He, formando
4
He pela reação:
3 4
He + p → He + e+ + νe . (3.27)
Conhecida por pp-IV, ou Hep, por combinar hélio (He) com um próton (p). Esta
reação é prevista, porém não foi observada devido à sua baixa seção de choque. Outra
alternativa para a produção de deutério, além do exposto na Equação 3.18, ocorre pelo
processo pep que envolve dois prótons e um elétron (BELLINI et al., 2014):
p + e− + p → d + e+ + νe . (3.28)
No geral, 87,6% das reações que acontecem no sol seguem o ramo pp-I, 10,7 %
seguem o ramo pp-II, e 0,9% seguem o ramo pp-III, somente 0,8% das reações seguem o
Ciclo CNO (KEETON, 2014).
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 44
10 1
Ciclo CNO
10 0
Tsol
10 -1
Cadeias PP
10 -2
10 -3
10 -4
10 -5
10 -6
5×10 6 10 7 1,5 ×10 7 2×10 7 2,5 ×10 7 3×10 7 3,5 ×10 7 4×10 7
Temperatura (K)
Observa-se que o este ramo não repõe o carbono inicial (a menos que volte para o
CNO-I). Entretanto as seções de choque das reações que constituem esse ramo são tão
baixas, constituindo somente cerca de 0,04% das reações, tornando desprezível a taxa
de perda de 12 C. Assim como a cadeia pp, o ciclo CNO tem o mesmo produto final,
convertendo quatro prótons em hélio (KEETON, 2014):
Durante a maior parte da vida de uma estrela a sua energia é gerada pela fusão
do hidrogênio em hélio. Ao passo que o hidrogênio é consumido, o seu núcleo torna-se
cada vez mais rico em hélio – as cinzas da queima do hidrogênio – chegando a um ponto
em em que a taxa das reações de queima de hidrogênio começam a diminuir fazendo com
que a estrela entre em desequilíbrio hidrostático (P + G 6= 0). Nesse momento a estrela
se contraí, causando o aumento da temperatura do seu núcleo e propiciando o início da
queima de hélio, fazendo com a estrela entre novamente em equilíbrio até que a quantidade
de hélio no seu interior não seja o suficiente para sustentar novas reações.
A partir do teorema Vogt-Russel que diz que toda a história evolutiva de uma estrela
depende de sua massa e composição, sendo assim, de modo a facilitar a compreensão dos
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 46
processos evolutivos após a sequência principal até os estágios finais de vida (subseção 3.3.4),
as estrelas serão divididas em dois grupos: o grupo das estrelas de baixa massa, ou seja,
estrelas com massa inferior a 8 massas solares, e as estrelas massivas com massa superior
a 8 massas solares.
Por conta das condições de massa inicial, densidade e temperatura, para as estrelas
com massa inicial inferior à 8 M os processos de nucleossíntese terminam na queima de
hélio resultando em carbono e oxigênio (ILIADIS, 2015, p. 389-399). Além da produção
de oxigênio a partir de uma captura alfa em estrelas mais massivas outros núcleos de
estrutura alfa12 podem ser formados a partir das seguintes reações:
16
O + 4 He → 20
N e + γ; (3.45)
20
N e + 4 He → 24
M g + γ; (3.46)
24
M g + 4 He → 28
Si + γ. (3.47)
A síntese de elementos a partir do carbono é dada nas estrelas massivas, que passam
pelas mesmas fases evolutivas que uma estrela de baixa massa (gigante vermelha, fusão de
hélio a partir do processo triplo-alfa). No final da queima de hélio, o núcleo dessa estrela
é composto em maior parte por carbono e oxigênio e é muito mais massivo. O núcleo
ao se contrair após a queima de hélio pode alcançar temperaturas muito mais altas que
as estrela de baixa massa. Quando a temperatura central atinge 6 × 108 K começam a
ocorrer reações do tipo carbono–carbono (12 C + 12 C). Essas reações formam em grande
parte oxigênio, neônio, sódio, magnésio (KEETON, 2014):
12 12 16
C+ C→ O + 2 4 He; (3.48)
20
→ N e + 4 He; (3.49)
23
→ N a + p; (3.50)
23
→ M g + n; (3.51)
24
→ M g + γ. (3.52)
A temperatura central aumenta cada vez mais em cada estágio de queima, este
aumento é devido ao fato de que os núcleos formados nas estrelas são cada vez mais pesados
aumentando a atração gravitacional e consequentemente a pressão térmica – para que se
mantenha a condição de equilíbrio. Além disso, quanto mais pesados os núcleos presentes
no interior estelar, maior será a energia necessária para romper a barreira coulombiana,
possibilitando a ocorrência de novas reações. Isso significa que a região central da estrela
precisará estar a temperaturas cada vez mais elevadas – quanto maior for o número de
prótons no núcleo dos átomos envolvidos nas reações. Essas condições só são possíveis se a
estrela tiver alta massa. Sendo assim, quanto mais pesados são os elementos sintetizados
no interior das estrelas, maior será a temperatura central (MACIEL, 2020).
Após a queima de carbono, o estágio seguinte é a queima do neônio, que ocorre com
temperatura central na faixa de 109 K. As duas principais reações são: a fotodesintegração
e a captura alfa pelo 20 Ne (ILIADIS, 2015):
20 16
Ne + γ → O + 4 He; (3.53)
20
N e + 4 He → 24
M g + γ. (3.54)
Assim como o carbono, a queima de neônio é feita através de uma complexa rede
de reações produzindo principalmente núcleos de oxigênio, magnésio e silício. Sendo as
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 49
Os núcleos formados nessas reações, também são núcleos de estrutura alfa, com o
processo descrito acima é denominado processo alfa, pois as reações envolvem a captura de
uma partícula alfa. De modo geral, as reações de queima dos elementos pesados prosseguem
até o 56 Fe, a partir do qual as reações deixam de ser exotérmicas (MACIEL, 2020).
Observando as equações 3.63 à 3.69, todos os elementos são formados por captura
de partículas alfa, dessa forma pode surgir a pergunta: “Como são formados os núcleos
dos elementos entre o silício e o ferro que não possuem estrutura alfa?”. A resposta é que
Capítulo 3. NUCLEOSSÍNTESE E EVOLUÇÃO ESTELAR 50
Devido à energia de ligação por núcleon diminuir em núcleos mais pesados que o
56
Fe (Figura A.3), a síntese de elementos mais pesados que o ferro através da fusão passa a
consumir energia da estrela ao invés de gerar (a reação deixa de ser exotérmica, tornando-se
endotérmica). Nos elementos mais pesados que o ferro, os processos de nucleossíntese mais
conhecidos são os processo-r e processo-s. Esses processos ocorrem a partir captura
de nêutrons por núcleos de 56 Fe, estes nêutrons capturados se encontram no interior das
estrelas, sendo originados das reações nucleares de processos anteriores (MACIEL, 2020).
O processo-s (do inglês slow, lento) é um processo de nucleossíntese a partir da
captura neutrônica, onde o fluxo de nêutrons é baixo, que ocorre nos estágios finais de
evolução de estrelas massivas. O processo é chamado de lento pois acontece em uma escala
de tempo longa, se comparado ao tempo de decaimento beta. Este decaimento acontece
uma vez que o elemento se torna instável ao capturar um nêutron, ocorrendo então a
emissão de um elétron (n → p + e− + ν̄e ) fazendo com que o número atômico aumente.
Esse processo pode ocorrer várias vezes formando elementos cada vez mais pesados, como
o Cobalto, Cobre, Níquel, Zinco entre outros; terminado no 209 Bi, que tem número atômico
Z = 83.
Para elementos mais pesados que o Bismuto outro processo é necessário, este é
conhecido por processo-r (do inglês rapid, rápido), em que à captura dos nêutrons segue-
se o decaimento beta. O processo-r está associado a eventos explosivos extremamente
energéticos, configurando assim a nucleossíntese explosiva, ocorrendo em explosões de
supernovas, deixando como remanescente uma estrela de nêutrons ou até buracos negros,
dependendo da massa remanescente da supernova. Além disso, os elementos formados
no processo-s não são exclusivamente produzidos neste processo, podendo também ser
sintetizados no processo-r, sendo o processo-r responsável pela produção de elementos mais
pesados, chegando rapidamente a números atômicos mais altos (BURBIDGE et al., 1957).
Além dos processos r e s, os elementos mais pesados que o ferro podem também ser
produzidos pelo processo-p, a partir captura de prótons, o que acontece em temperaturas
suficientemente altas. No sistema solar elementos como Ítrio, Bário, Estrôncio, Zircônio,
Lantânio e Cério são produzidos principalmente pelo processo-s, enquanto que Európio,
Disprósio e Samário são devidos essencialmente ao processo-r. Elementos como Rubídio,
Praseodímio e Neodímio podem ser por ambos os processos (MACIEL, 2004).
51
4 METODOLOGIA
Neste trabalho foi feita uma pesquisa de como abordar conteúdos relacionados
à origem do universo, nucleossíntese e evolução estelar na Educação Básica. Temas que
estão presentes nos documentos que normatizam o ensino fundamental e médio do país.
Diante disso foi feita a revisão bibliográfica e análise da literatura para a construção da
fundamentação e do referencial teórico, utilizando-se de artigos publicados em periódicos
nacionais e internacionais, livros, dissertações e teses, além da legislação de ensino vigente
no país.
O trabalho fundamenta na teoria da Transposição de Didática proposta por Yves
Chevallard. Ela é definida como um instrumento de análise do processo no qual ocorre a
transformação de um determinado conhecimento, desde a sua concepção pela comunidade
científica, o saber sábio; até o momento em que é levado à sala de aula, o saber ensinado.
Como forma de identificar os principais obstáculos de como tratar esse tipo de
tema e elaborar um minicurso para professores da educação básica, foi feita uma avaliação
a partir do envio de um questionário diagnóstico (ver Apêndice B). As respostas dadas no
questionário foram de grande importância para traçar um panorama sobre os conteúdos
citados e forneceu um subsídio para a construção do minicurso. Este foi aplicado aos
interessados e posteriormente avaliado pelos mesmos na forma de um questionário avaliativo
(ver Apêndice C). A partir da aplicação do minicurso e da avaliação feita pelos participantes
uma análise do minicurso foi realizada usando como referência a Transposição Didática.
noroeste fluminense, entretanto devido a uma baixa adesão de professores, somando o atual
cenário vivido pela pandemia do novo coronavírus, SARS-CoV-2, foi escolhido aumentar
a abrangência do questionário para professores de diferentes regiões do país. A partir
desse aumento de abrangência, obteve-se resultados de diferentes locais, o que pode somar
ao trabalho, tanto pelo de fato de todos os professores do país seguirem a mesma base
curricular (BNCC), e também por propiciar a perspectiva do ensino de física em outros
locais, além bolha das regiões Norte e Noroeste Fluminense.
De modo a obter as percepções dos professores sobre ensino de nucleossíntese e
evolução estelar, foram feitas as seguintes perguntas:
ii) No decorrer da sua carreira como professor, em algum momento, você ensinou ou
trabalhou com estes tópicos em suas aulas? Caso a resposta seja positiva, quais
tópicos foram abordados?
iii) Que dificuldades você encontra ou prevê que existam para serem trabalhados estes
tópicos no Ensino Médio?
iv) Caso tenha abordado um desses temas, descreva essa experiência, se possível dizendo
como e por que você a desenvolveu;
v) Quais sugestões, críticas ou elogios você tem a fazer quanto ao estudo de tópicos de
física moderna relacionados à nucleossíntese (formação dos elementos no universo) e
à evolução estelar, durante o período de graduação?
4.2 Minicurso
Como citado, o questionário diagnóstico auxiliou na elaboração do minicurso, que
teve uma duração planejada de cinco horas e os seguintes tópicos:
Essa aula teve como objetivo expôr um breve recorte sobre a formação do universo a
partir do Big-Bang de modo a criar um pano de fundo para a abordagem da nucleossíntese
primordial. Esse recorte foi constituído de uma linha do tempo mostrando os principais
eventos ocorridos desde o instantes de superiores ao tempo de Planck até a formação das
primeiras gerações de estrelas. Sendo alguns destes eventos: a expansão e resfriamento do
universo; a separação das quatro forças fundamentais da natureza; a formação da matéria
a partir da quebra de simetria matéria-antimatéria; a formação de partículas elementares
(quarks e léptons) e formação de partículas subatômicas (bárions e mésons) e a fase de
recombinação. Ademais desenrolou-se apresentação de duas das evidências mais conhecidas
que corroboram para este modelo de formação do universo: a expansão acelerada das
galáxias (lei de Hubble-Lemaître) e a radiação cósmica de fundo (CMB).
Avaliação
A avaliação do minicurso foi feita de dois modos. O primeiro foi através do envio
de um questionário avaliativo para os participantes com as seguintes perguntas:
ii) Você acredita que o conteúdo da forma que foi abordado, consiga ajudar na formação
complementar dos professores?
iii) Quais foram as suas impressões/opiniões acerca do curso? Alguma observação e/ou
sugestão?
1
Resposta facultativa.
55
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Unidade Federativa N
Bahia 4
Distrito Federal 4
Goiás 1
Maranhão 2
Minas Gerais 6
Paraná 6
Pernambuco 5
Rio Grande do Sul 1
Rio de Janeiro 8
São Paulo 3
Fonte: Elaborado pelo Autor.
35
32
30 15
13
25 10 10
10
20 8
6
15
5
10
4 4 4
5
1 1
0
0 Escola da rede Escola da rede Escola técnica de Instituição de Não está atuando
Física Física Matemática Química Química Outros Cursos pública de ensino particular de ensino integrado Ensino Superior no momento
(Licenciatura) (Bacharelado) (Licenciatura) (Licenciatura) (Bacharelado) regular ensino ao Ensino Médio
(a) (b)
Figura 5.1 – (a) Gráfico da distribuição dos professores entrevistados segundo a área de
formação. (b) Distribuição dos locais de atuação para os professores. Fonte:
Elaborado pelo Autor.
Mais da metade dos profissionais entrevistados (62,5 %) possuem pelo menos uma
especialização (lato sensu ou strictu sensu), alguns profissionais informaram que estão
com cursos de pós-graduação em curso. Mostrando que os professores buscam se capacitar
após a graduação, o que poderá refletir em sala de aula. As informações acerca da área de
formação acadêmica dos professores constam no Gráfico da Figura 5.2:
Doutorado
22,5% 9
Graduação
15 37,5%
Mestrado 11
27,5%
5 Especialização
12,5%
Figura 5.2 – Distribuição dos professores entrevistados quanto ao seu grau de formação.
Fonte: Elaborado pelo Autor.
Capítulo 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 57
Acredito que seja possível, mas devido à baixa carga horária e à grande
quantidade de assuntos presentes no Enem, dificulta muito tratar desses
temas. No meu caso, tenho 2 aulas por semana nas turmas de ensino
médio no curso de logística e 3 aulas por semana nas turmas de edificações.
Os alunos chegam sem saber fazer uma regra de três simples. Acabo
utilizando parte do tempo da disciplina de Física para revisar assuntos
de matemática básica. Isso compromete até mesmo o assunto que tenho
que ministrar obrigatoriamente. Carga horária baixa é que mais dificulta,
na circunstância em que me encontro (P37).
Capítulo 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 58
Alguns exemplos de conteúdos que podem ser feitos de forma interdisciplinar nas
aulas de diversas disciplinas como química, biologia, geografia, história e filosofia são: A
constituição da matéria, que pode ser abordada desde os filósofos gregos até o mundo atual,
perpassando assim pela filosofia, história e química (PINHEIRO; COSTA; MOREIRA,
2011); A formação do universo, e as abundâncias dos elementos que podem ser abordadas
nas aulas de geografia; Os efeitos das radiações ionizantes em organismos vivos podendo
ser abordados nas aulas de biologia, e também a própria formação do hidrogênio, carbono,
nitrogênio e oxigênio, alguns dos elementos essenciais para a manutenção da vida como a
conhecemos (SILVA; MITIKO, 2009). Por fim pode ser feita toda uma contextualização
histórica envolvendo as descobertas, as teorias, fazendo assim paralelos com cenários
históricos da época desses desenvolvimentos. Analisando as respostas dos professores que
sinalizaram a impossibilidade da abordagem do assunto no Ensino Médio, o professor P2
disse que a carga horária não permitia, uma queixa recebida até dos professores que viam
a possibilidade de abordagem. O professor P28 disse que havia outras prioridades.
como relatada pelo professor P1: “O assunto abordado, foi feito através do conteúdo
teórico e atividades propostas ao final do assunto”. Por outro lado metodologias mais
atrativas para os alunos foram utilizadas, o professor P17 relatou ter trabalhado com esse
conteúdos de três modos distintos, utilizando-se de diferentes instrumentos pedagógicos
como a utilização de slides e uso de aplicativos, e em diferentes ambientes como Planetário
e museu de Astronomia:
Com relação ao ponto de partida para a explanação dos conteúdos, duas se desta-
caram, a primeira foi a feita a partir de uma aula de termodinâmica ministrada para uma
turma de segundo ano do ensino médio – mostrando que o tema não precisa ser necessa-
riamente desenvolvido junto de temas relacionados à Física Moderna e Contemporânea
(FMC):
A segunda abordagem foi feita a partir do estudo do efeito doppler do som, seguido
do efeito doppler da luz, com o objetivo de fazer um estudo da espectroscopia e as suas
contribuições para a obtenção das informações acerca do universo.
Pode ocorrer dos alunos não apresentarem a base necessária o que acar-
retará na necessidade de maior tempo (P37).
A criação de uma disciplina citada acima foi constatada nas respostas de outros
professores, que disseram ter visto esses temas de forma superficial em outras disciplinas
como Física IV (P24), Física Moderna (P15), Tópicos de Física Contemporânea1 (P6).
Além da abordagem superficial houve relatos de contato somente em palestras ou atividades
de extensão:
Outra constatação – que mostra uma certa preocupação – feita pelo professor P31
está relacionada a “como abordar esse conteúdo em sala de aula?” Alguns professores ao
responder o questionário demonstraram uma certa preocupação com o modo de fazer essa
abordagem, como visto nas respostas de perguntas anteriores.
O professor P38 ao responder sobre o ensino desses temas durante a graduação,
frisa sobre a essencialidade da abordagem de astronomia de forma geral na graduação:
Outro ponto levantado com a resposta do professor P38 foi que o tema gera
bastante curiosidade e entusiasmo por parte dos alunos, outros professores compartilharam
do mesmo ponto de vista como o professor P7 que afirma que o conteúdo é “Importante
para encantar os alunos”, o que pode ser utilizado como estratégia para trazer atenção
do aluno para o que está sendo trabalhado em aula, possibilitando assim um melhor
desenvolvimento dos conteúdos.
5.2 Minicurso
No primeiro dia foi ministrada a primeira aula, que teve como objetivo de abordar
os conceitos necessários para a compreensão dos processos de nucleossíntese. A escolha de
ministrar uma única aula no primeiro dia foi feita na intenção de propiciar a oportunidade
de conhecer o ambiente, ver a recepção por parte dos participantes, além de identificar
possíveis dificuldades na exposição dos conteúdos, principalmente por se tratar de um
ambiente on-line. Aproveitando o espaço de uma semana para possíveis mudanças no
desenvolvimento do minicurso. No segundo dia foram realizadas as duas últimas aulas
que sofreram algumas modificações a partir do retorno de alguns dos alunos obtidos na
primeira aula e por conta de algumas percepções observadas ao ministrar o minicurso.
Capítulo 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 63
De modo a dar um maior espaço para os participantes, no final de cada dia foi
aberto um espaço de discussão, nesses espaço foi recebido alguns feedbacks que colaboraram
no desenvolvimento das aulas e que também possibilitaram algumas discussões acerca
do ensino de física tais como: estruturação do currículo de física para a educação básica;
estratégias para o ensino de física; papel dos professores na divulgação científica na atual
era de desinformação. No final do curso foi enviado um Questionário Avaliativo com o
objetivo de obter um retorno mais completo do minicurso, as respostas obtidas nesse
questionário estão apresentadas em sequência.
A maioria dos participantes mostrou-se satisfeito pelo modo com o qual os conteúdos
foram desenvolvidos, segundo o participante A9 houve uma abordagem clara e objetiva
dos conteúdos, facilitando assim a compreensão do material trabalhado: “Certamente
auxiliaria, devido ao fato de que conteúdos densos foram apresentados de forma clara e
objetiva, tornando assim, qualquer professor capaz de absorver e repassar a seus alunos os
conteúdos abordados (A9)”. Outros comentaram sobre a densidade dos conteúdos, algo
esperado tendo em vista a complexidade dos conteúdos: “Achei um pouco denso mas faz
parte (A1)”; “[...] foi um curso denso, muitos conteúdos abordou os principais tópicos
(A8)”. Também percebe-se a importância e o impacto das discussões realizadas no final de
cada dia, como elencado pelos participantes A2 e A8:
O curso como todo foi bom, só ficou faltando um pouco falar sobre a
aplicação no ensino médio. Por exemplo quando se fala de estrelas trazer
logo seguida a explicação teórica um exemplo de como transpor e trazer
aquele conteúdo à realidade dos alunos (A3).
Infelizmente devido ao tempo disponível e pelo modo que o minicurso foi pensado,
a abordagem do tema com os alunos de ensino médio foi deixada cargo dos participantes,
todavia, no final de cada dia foram sugeridos alguns materiais de apoio como apostilas,
livros, vídeos disponíveis no YouTube, além de um texto de apoio elaborado a partir do
Capítulo 2. Além do Questionário Avaliativo, a Transposição Didática foi utilizada como
instrumento de análise do minicurso, sendo essa desenvolvida a seguir.
Preparação do Minicurso
Aplicação do Minicurso
aos alunos da educação básica, a apresentação dos conteúdos foi feita de forma mais
“pesada”, obviamente sem perder a didática.
Nesse processo de transposição didática interna, foi utilizado em suma o texto de
apoio fornecido, os slides apresentados no minicurso (ver Apêndice D), estes preparados
de seguindo a mesma linha de raciocínio apresentada no texto de apoio. No mais, foram
utilizados também artigos e livros de divulgação científica como Guimarães e Hussein
(2004), Maciel (2004), Tyson e Goldsmith (2015) e Alves-Brito e Massoni (2019), alguns
desses foram sugeridos ao final da última aula aos professores como material de estudo
complementar, que podem auxiliar tanto na formação pessoal quanto na preparação das
suas aulas.
A noosfera também fez-se presente nessa etapa de tranposição, principalmente nos
espaços de discussão. Nesses momentos alguns dos conflitos entre os entes da noosfera
foram identificados a partir da sua menção pelos participantes, como as dificuldades
dos professores em trabalhar determinados conteúdos devido a questões curriculares, a
interferência dos exames vestibulares, deficiências na formação dos professores, etc.
67
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se inferir que não houve entraves em relação aos participantes que pudessem
impedir o desenvolvimento das aulas. Acredita-se que um dos fatores que contribuíram para
esse não aparecimento foi devido ao tema gerar curiosidade nos professores participantes
como nos seus alunos, como observado na análise do questionário diagnóstico (seção 5.1),
gerando assim uma grande motivação para o estudo. Constatou-se uma contribuição por
parte do minicurso no desenvolvimento profissional dos professores, considerando respostas
obtidas no questionário avaliativo.
Acerca da vivência do processo de Transposição Didática, pode-se afirmar que
essa teve um papel ímpar, possibilitando o desenvolvimento de temas considerados como
complexos. Ademais, pode-se perceber uma construção consciente do processo de ensino e
aprendizagem, atentando às características de cada patamar do saber que norteiam essa
construção consciente, junto das interações entre os saberes, e da presença da noosfera
durante todo o processo. Como fruto dessa vivência da transposição foram obtidos dois
produtos educacionais: o texto de apoio derivado da transformação do saber sábio em um
saber a ensinar; e o minicurso aplicado, resultado da transformação do conteúdo presento
no texto de apoio para o ambiente de sala de aula, resultando em um saber ensinado
(subseção 5.2.2).
A Transposição Didática mostrou-se um instrumento de análise, evidenciando os
pormenores de cada uma das transformações ocorridas no saber, durante todo processo de
desenvolvimento, aplicação e análise da proposta, além de demonstrar a possibilidade de
um determinado saber se tornar um “saber de sala de aula”. Além disso, a Transposição
Didática trouxe à tona algumas reflexões acerca de processo de transformação do saber
para a sala de aula, colaborando muito para o desenvolvimento de todos os envolvidos no
processo.
A importância da Transposição Didática pode ser observada de maneira significativa
a partir dos resultados obtidos no questionário avaliativo (subseção 5.2.1), uma vez
que os participantes foram unânimes em declarar que o minicurso apresentou conceitos
avançados de uma maneira clara e objetiva, tornando o minicurso acessível aos participantes,
possibilitando a transmissão do conteúdo para o ambiente em sala de aula.
Deve-se salientar que através dos debates realizados no minicurso, percebe-se a
necessidade do direcionamento de uma maior atenção a esses conteúdos no currículo da
educação básica, mas também, no currículo dos cursos de Licenciatura em Física, levando
em conta a maior inserção desses conteúdos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Convém reforçar que ela atualmente se encontra em processo de implementação na etapa
do Ensino Médio, com a previsão de formatura das primeiras turmas no final do ano de
2022.
Capítulo 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 69
(Carl Sagan)
70
REFERÊNCIAS
NOLLETT, K. M.; BURLES, S. Estimating reaction rates and uncertainties for primordial
nucleosynthesis. Phys. Rev. D, American Physical Society, v. 61, p. 123505, 2000.
PALANDI, J. et al. Física nuclear. Cadernos didáticos, Grupo de Ensino de Física – UFSM.
Santa Maria, 2001.
PICAZZIO, E. O céu que nos envolve: Introdução à astronomia para educadores e iniciantes.
1. ed. São Paulo: Odysseus Editora, 2011. 284 p. ISBN 978-8-578-76021-2.
POVH, B. et al. Particles and nuclei: An Introduction to the Physical Concepts. 7. ed.
Berlin: Springer, 2015. 458 p. eBook. (Graduate Texts in Physics). ISBN 978-3-662-46321-5.
TERUYA, N.; DUARTE, S. B. Núcleos exóticos e síntese dos elementos químicos. Química
Nova, SciELO, v. 35, n. 2, p. 360–366, 2012.
TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, G. Física Moderna. 6. ed. Rio de Janeiro: Grupo Gen-LTC,
2014. ISBN 978-8-521-62607-7.
Figura A.1 – Isótopos do Carbono, todos tem o mesmo numero de prótons, enquanto o
número de nêutrons é variável. Os isótopos carbono-12 e carbono-13 são
estáveis, enquanto o carbono-14 é instável. Fonte: Elaborado pelo Autor.
90
80
Número de Prótons (Z)
70
60 Z
=
N
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
Número de Nêutrons (N)
Figura A.2 – Distribuição das espécies nucleares em função do número de núcleons. Fonte:
Krane (2011).
Figura A.3 – Energia de ligação por núcleon em função do número de núcleons. Fonte:
Wong (1999).
O aumento da energia de ligação para baixos valores de número de massa, indica que
existe liberação de energia quando dois nuclídeos de baixa massa se combinarem formando
um único nuclídeo de massa intermediária, processo denominado fusão nuclear. A partir
da fusão que é gerada energia no interior das estrelas, por meio da fusão de hidrogênio
em hélio, e posteriormente elementos mais pesados. A queda da energia de ligação por
núcleon para A > 56 faz a situação se inverter, indicando que há liberação de energia a
partir da quebra de um nuclídeo massivo em dois nuclídeos de massa intermediária, num
processo chamado de fissão nuclear. A partir da fissão que atualmente é obtida a energia
nos reatores usinas nucleares (PALANDI et al., 2001, p. 8-13). Para os núcleos mais leves,
existem alguns mais ligados que a média entre seus vizinhos (representado pelos aumentos
agudos na Figura A.3). Esses núcleos são mais ligados por conta do agrupamento de
núcleons em quádruplas (i.e., com A = 4n, sendo n o número de núcleons) de N = Z. Isso
pode ser interpretado como esses núcleos sendo formados por estados ligados de partículas
APÊNDICE A. Tópicos de Física Nuclear 79
2+ 9,84
1- 9,58
2- 8,87
1- 7,12
2+ 6,92
3- 6,13
0+ 6,05
acima do estado fundamental, não são estáveis2 . O núcleo que está no estado excitado
tende a decair para um de menor energia mediante a emissão de radiação eletromagnética
na forma de raios γ, podendo acontecer uma série de emissões até que seja alcançado
o estado fundamental. Ainda assim alguns núcleos no estado fundamental podem ser
instáveis, sendo capazes de se transformar em outros com configurações estáveis através
da emissão de partículas e fragmentos (SCHECHTER; BERTULANI, 2007, p. 81-85).
2
A estabilidade nuclear está relacionada a capacidade do núcleo de manter a sua estrutura natural por
longo tempo, ou à resistência a algum estímulo externo que induza sua mudança de espécie (TERUYA;
DUARTE, 2012).
APÊNDICE A. Tópicos de Física Nuclear 80
Nesse processo ocorre a liberação de energia, sendo devida ao fato de que a soma
da massa da partícula α e do núcleo filho ser inferior a massa do núcleo pai. Podendo ser
calculada através da seguinte expressão:
que vem diretamente do princípio de conservação de energia, além disso o fato de se ter um
valor positivo para a energia indica que esse processo pode ocorrer de forma espontânea
(PALANDI et al., 2001).
i) Beta Menos (β − )
n → p + e− + ν̄e , (A.6)
respeitando assim as leis de conservação. A mudança no número atômico mostra que este
processo é responsável pela síntese de elementos mais pesados a partir do mais leves.
p → n + e + + νe . (A.7)
p + e− → n + νe , (A.8)
ocorre em intervalos de tempo muito curtos da ordem de 1011 segundos, ou seja, o núcleo
resultante permanece num estado excitado nesse curto intervalo de tempo. Ao contrário
dos processos de decaimento citados anteriormente não ocorre mudança na espécie nuclear,
conservando seu número atômico e sua massa.
83
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO
DIAGNÓSTICO
05/05/2021 Questionário Diagnóstico
Questionário Diagnóstico
Prezado(a) Professor(a):
*Obrigatório
1. E-mail *
Identificação
2. Nome *
Será mantido em sigilo
3. Localidade de Residência *
Por favor especificar município e estado.
https://docs.google.com/forms/d/1x_x43gBZ7sbzcg-2dV2C_VK0bt8qCdtpisoWmdqCHvE/edit 1/5
APÊNDICE B. Questionário Diagnóstico 84
Matemática - Licenciatura
Matemática - Bacharelado
Física - Licenciatura
Física - Bacharelado
Quimica - Licenciatura
Quimica - Bacharelado
Outro:
https://docs.google.com/forms/d/1x_x43gBZ7sbzcg-2dV2C_VK0bt8qCdtpisoWmdqCHvE/edit 2/5
APÊNDICE B. Questionário Diagnóstico 85
Graduação
Mestrado
Doutorado
Sim
Não
10. Caso a resposta à pergunta anterior de seja positiva, quais tópicos foram
abordados? *
https://docs.google.com/forms/d/1x_x43gBZ7sbzcg-2dV2C_VK0bt8qCdtpisoWmdqCHvE/edit 3/5
APÊNDICE B. Questionário Diagnóstico 86
11. Que dificuldades você encontra ou prevê que existam para serem trabalhados
estes tópicos no Ensino Médio? *
12. Caso tenha abordado um desses temas, descreva essa experiência, se possível
dizendo como e por que você a desenvolveu. *
13. Quais sugestões, críticas ou elogios você tem a fazer quanto ao estudo de
tópicos de física moderna relacionados à nucleossíntese (formação dos
elementos no universo) e à evolução estelar, durante o período de graduação? *
Sim
Não
https://docs.google.com/forms/d/1x_x43gBZ7sbzcg-2dV2C_VK0bt8qCdtpisoWmdqCHvE/edit 4/5
APÊNDICE B. Questionário Diagnóstico 87
15. Caso tenha interesse, quais horários da semana tem a maior disponibilidade?
Manhã
Tarde
Noite
Formulários
https://docs.google.com/forms/d/1x_x43gBZ7sbzcg-2dV2C_VK0bt8qCdtpisoWmdqCHvE/edit 5/5
88
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO
AVALIATIVO
05/05/2021 Avaliação Minicurso Nucleossíntese e Evolução Estelar
Gostaria de agradecer pela sua participação no minicurso realizado nos últimos dois
sábados (20 e 27 de março). Como já comentado com vocês, estou passando mais um
questionário , com o objetivo de fazer uma avaliação do minicurso sob a perspectiva dos
profissionais participantes.
Serão feitas algumas perguntas abaixo, peço que respondam com atenção, essas
respostas tem um papel essencial na finalização do trabalho.
*Obrigatório
1. E-mail *
2. Nome *
https://docs.google.com/forms/d/1cyAbhH47SxwZ0zonx5YJfvp5SdAb90Qb6ZxqhBgkSUk/edit 1/3
APÊNDICE C. Questionário Avaliativo 89
5. Você acredita que o conteúdo da forma que foi abordado, consiga ajudar na
formação complementar dos professores? *
Essa pergunta tem como objetivo saber se o conteúdo foi transposto de uma forma adequada, cabe
reiterar que a transposição realizada nesse curso tem como objetivo complementar a formação do
profissional, deixando transposição desse conteúdo para a sala de aula a cargo de cada profissional.
https://docs.google.com/forms/d/1cyAbhH47SxwZ0zonx5YJfvp5SdAb90Qb6ZxqhBgkSUk/edit 2/3
APÊNDICE C. Questionário Avaliativo 90
Formulários
https://docs.google.com/forms/d/1cyAbhH47SxwZ0zonx5YJfvp5SdAb90Qb6ZxqhBgkSUk/edit 3/3
91
Antecedentes
O átomo de Rutherford
Espalhamento Rutherford
Rutherford, E. (1911). LXXIX. The scattering of α and β particles by matter and the structure of the atom. The London, Edinburgh, and Dublin Philosophical Magazine and
Journal of Science, 21(125), 669-688.
Espalhamento Rutherford
■ 1913 - A descrição dessas órbitas foi apresentada pelo seu assistente Niels Bohr;
■ 1919 - Rutherford identificou o primeiro constituinte do núcleo atômico o próton.
Modelo de Bohr
■ Postulados de Bohr:
● Quantização da energia atômica (cada elétron apresenta uma
quantidade específica de energia);
● Os elétrons se movem em uma órbita, as quais são chamadas
de “estados estacionários”. Ao absorver energia, o elétron
salta para uma órbita mais distante do núcleo;
● Quando absorve energia, o nível de energia do elétron
aumenta saltando para uma camada mais externa. Por outro
lado, ela diminui quando o elétron emite energia;
● Os níveis de energia, ou camadas eletrônicas, acomodam um
número determinado de elétrons e são designados pelas Niels Bohr
letras: K, L, M, N, O, P, Q. (1885-1962)
Descoberta do Nêutron
■ Em 1932, James Chadwick ao bombardear núcleos de
berílio-9 com partículas alfa obteve a seguinte reação:
Não são
raios X !!!
https://universidadedaquimica.com.br/sem-categoria/como-descobriram-o-neutron/

Mecânica Quântica e Modelos Atômicos
Louis de Broglie
(1885-1962)
Descreve a
variação de Ψ
no tempo
Erwin Schrödinger
(1887-1961)
Carta de Nuclídeos
Estabilidade Nuclear
NÚCLEOS
EXCESSO DE ENERGIA
Decaimento α
■ O processo de decaimento α acontece comumente em núcleos atômicos com Z > 82. Neste
processo um núcleo pai (X) instável decai em um núcleo filho (Y) através da emissão de
partículas alfa, ou seja, um núcleo de hélio contendo 2 prótons e 2 nêutrons. Sendo assim o
núcleo filho tem o número atômico reduzido em 2 unidades e o número de massa reduzido
em 4 unidades:
Eisberg, R. M. & Resnick, R. (1979). Física Quântica: átomos, moléculas, sólidos, núcleos e partículas. Elsevier
Juan Carlos C. Lamônica (juanccl@id.uff.br) Nucleossíntese e Evolução Estelar
Decaimento α
■ Depende da barreira de potencial que a partícula enfrenta para sair do núcleo, por conta disso
um decaimento pode demorar bilhões de anos ou alguns poucos segundos.
Avancini, S. S., & Marinelli, J. R. (2011). Tópicos de Física Nuclear e Partículas Elementares. UFSC
Juan Carlos C. Lamônica (juanccl@id.uff.br) Nucleossíntese e Evolução Estelar
APÊNDICE D. SLIDES UTILIZADOS NO MINICURSO 99
Decaimento β
■ A emissão beta ou decaimento beta é um processo pelo qual um núcleo instável pode
transformar-se em outro núcleo mediante a emissão de uma partícula beta, alterando o seu
número de prótons e número de nêutrons sem variar o número total de nuclídeos.
Captura Eletrônica
■ Captura eletrônica:
Decaimento γ
■ Após a emissão de uma partícula α ou β, o núcleo resultante desse processo, ainda
com excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo esse excesso em forma de onda
eletromagnética, da mesma natureza da luz;
Núcleo pai
Núcleo filho em
estado excitado
Reações Nucleares
De uma forma geral:
a + X →y + Z
Fissão Nuclear
■ 1938 - Os químicos alemães Otto Hahn e Fritz Strassman apresentaram
as evidências químicas para a fissão de núcleos de urânio e tório quando
bombardeado por nêutrons.
■ 1939 – A física austríaca Lise Meitner, deu a interpretação correta do
fenômeno, batizado como “Fissão” .
Fusão Nuclear
Energia de Ligação
■ Uma característica acerca do núcleo está relacionada à sua massa. Ao somar as massas
isoladas das partículas que compõem o núcleo, obtêm-se um valor maior que a massa do
núcleo:
Energia de Ligação
■ Um núcleo é mais estável quanto maior for a sua energia de ligação por núcleon (E lig/A)
Fissão
Nuclear
Fusão
Nuclear
Modelos do Universo
Fred Hoyle
(1915-2001)
■ Universo evolutivo (teve uma origem no
tempo).
● Lemaître, em 1927, foi provavelmente o
primeiro a propor um modelo específico
para a origem do universo, a partir de um
átomo primordial.
Pe. Georges
Lemaître, SJ
(1894-1966)
Teoria do Big-Bang
Pe. Georges
Lemaître, SJ
(1894-1966)
Lei de Hubble-Lemaître
Hubble, E. (1929). A relation between distance and radial velocity among extra-galactic nebulae. Proceedings of the national academy of sciences, 15(3), 168-173.
Tempo de Hubble
Origem do Big-Bang
■ Algumas questões em aberto: Infelizmente não temos uma
● O que causou o Big Bang? resposta…
● Como era antes?
● O que havia antes? Porém temos experimentos em
grandes laboratórios de pesquisa,
que podem ajudar a fornecer
informações 🤩
FERMILAB LHC
Juan Carlos C. Lamônica (juanccl@id.uff.br) Nucleossíntese e Evolução Estelar
t = 10-43 s
10-35 s < t < 10-10 s
t = 10-7 s
T ≈ 1014 K primeiro segundo
t = 10-10 s t = 10-4 s
T ≈ 1015 K
t = 20 min
t = 109 a
t = 200 s t = 380.000 a
T = 3000 K
Nucleosíntese Primordial
Nucleosíntese Primordial
■ Network de Reações para a nucleossíntese primordial:
Composição do Universo
■ Antes de falar sobre a formação dos elementos, cabe uma responder uma
última questão, “do que é formado o nosso universo?”
Classificação Espectral
O, B, A, F, G, K, M
Fisicamente, as classes indicam a temperatura da
atmosfera da estrela e são normalmente listadas mais Oh Boy A Fine Girl Kiss Me
quente para a mais fria, tal como é feito a seguir
https://www.smithsonianmag.com/history/the-women-who-mapped-the-universe-and-still-couldnt-get-any-respect-9287444/
Classificação Espectral
Cor Fração das estrelas da
Classe Temperatura Cor aparente Massa Raio Luminosidade
convencional sequência principal
A branco a
7 500–10 000 K branco
azul-branco
1,4–2,1 M☉ 1,4–1,8 R☉ 5–25 L☉ 0,6%
Classificação Espectral
Classe de
Descrição Exemplos
Luminosidade
Gigantes Brilhantes
supergigantes luminosas de
Iab Gamma Cygni – F8Iab
tamanho intermediário Gigantes
Subgigantes
supergigantes de baixa
Ib Zeta Persei – B1Ib sequência principal
luminosidade
(anãs)
Anãs
III gigantes Arcturus – K0III Anãs brancas
vermelhas
O diagrama H-R
■ O tempo de vida de uma estrela é a razão entre a energia que ela tem
disponível e a taxa com que ela gasta essa energia, ou seja, sua
luminosidade;
■ Como a luminosidade da estrela é tanto maior quanto maior é a sua
massa, resulta que o tempo de vida é controlado pela massa da estrela:
quanto mais massiva a estrela, mais rapidamente ela gasta sua energia,
e menos tempo ela dura.
PRESSÃO INTERNA
DO GÁS
AUTO
GRAVIDADE
Evolução Estelar
Adaptado de Avancini, S. S., & Marinelli, J. R. (2011). Tópicos de Física Nuclear e Partículas Elementares. UFSC
Juan Carlos C. Lamônica (juanccl@id.uff.br) Nucleossíntese e Evolução Estelar
APÊNDICE D. SLIDES UTILIZADOS NO MINICURSO 117
Nucleossíntese Estelar
■ O artigo, intitulado Synthesis of elements in stars
(Síntese de elementos nas estrelas), uma das mais
conhecidas publicações da astrofísica são as iniciais de
Margaret Burbidge, Geoffrey Burbidge, William Fowler e
Fred Hoyle;
■ Essa publicação é tão famosa que é tipicamente referida
somente como B²FH, em referência às iniciais do
autores. Esse artigo é creditado como a origem do que
é agora a teoria da Nucleossíntese Estelar.
Cadeia PP
Cadeia PP
Ciclo CNO
■ Proposto independentemente por Carl
Friedrich von Weizsäcker e por Hans Bethe,
independentemente no final da década de
1930;
■ Ocorre com Tc ≈ 10⁷ K;
■ Processo dominante para estrelas com
massas maiores que 1,5 M☉;
■ Carbono, Nitrogênio e Oxigênio atuam como
catalisadores;
■ Assim como a cadeia pp, o ciclo CNO tem o
mesmo produto final, convertido quatro
prótons em hélio, junto da emissão de dois
pósitrons e dois neutrinos eletrônicos:
● 4 H → ⁴He + 2e⁺ + 2𝜈e
Ciclo CNO
■ Além do apresentando, vários ciclos CNO
existem pois as reações induzidas por prótons
envolvendo os núcleos 15 N, 17O, 18O e 19F, as
reações podem ocorrer pelo canais (p, γ) e (p,
α), ocorrendo assim um chamado ponto de
ramificação;
■ Em contraste, as reações induzidas por prótons
nos núcleos 12C, 13C, 14N e 16O só podem
prosseguir através da reação (p, γ);
■ Uma reação (p, α) irá converter um núcleo mais
pesado em um mais leve, dando origem a um
ciclo de processos nucleares;
■ Em cada um dos nuclídeos de ponto de
ramificação 15N, 17O, 18O e 19F, a reação (p, α)
competirá com a reação (p, γ).
Pontos de Ramificação
De onde veio o carbono presente no interior da estrela no processo CNO, sendo que a estrela
está no primeiro estágio de queima que é caracterizado somente pela queima de H em He?
Processo Triplo-Alfa
Processo Triplo-Alfa
Evolução do Sol
Casca de H
P=G
H→He He He→C
P>G
P=G P=G
Queima de hidrogênio no núcleo O colapso do núcleo aquece a casca Queima de He no núcleo domina o
continuamente e a taxa das reações processo de produção de energia
nucleares aumenta consideravelmente,
gerando um aumento na luminosidade
da estrela
Avancini, S. S., & Marinelli, J. R. (2011). Tópicos de Física Nuclear e Partículas Elementares. UFSC
Juan Carlos C. Lamônica (juanccl@id.uff.br) Nucleossíntese e Evolução Estelar
Estrela de Nêutrons
Buracos Negros
Hora do Merchandising
Hora do Merchandising
■ Canal Ciência Todo Dia disponível no YouTube Brasil, em especial os vídeos:
● A História do Big Bang;
● O Big Bang Explicado;
● De Poeira Estelar a Supernovas: O Ciclo de Vida das Estrelas;
● Supernovas Explicadas: As Maiores Explosões do Universo.
“Os poetas reclamam que a ciência retira a beleza das estrelas. Mas eu posso
vê-las de noite no deserto, e senti-las. Vejo menos ou mais?”
(Richard Feynman)
Juan Carlos C. Lamônica (juanccl@id.uff.br) Nucleossíntese e Evolução Estelar