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Ao estudar os Evangelhos, vamos encontrar um imenso conteúdo simbólico, que a maioria

de suas parábolas possuem.

O símbolo é, por excelência, o portador de mensagens em linguagem universal, dirigidas


individualmente. Extrai-se de uma imagem simbólica aquilo que se consegue compreender.
Esta é a razão pela qual foi tão usada por Jesus, para que seus ensinamentos, que deveriam
atravessar milênios, fossem sendo compreendidos, de acordo com os diferentes níveis de
maturidade adquiridos pelas pessoas, no correr do tempo, e permanecessem veladas as
verdades destinadas a uma humanidade futura, mais evoluída.
É justamente ao interpretar esses conteúdos simbólicos que vamos encontrar as
revelações mais avançadas; mas para que sejamos conduzidos pelos caminhos certos neste
terreno, não devemos nunca perder de vista as vigas mestras que direcionaram, nos
Evangelhos, o pensamento de Jesus. Essas vigas são as mesmas da Doutrina Espírita; aquelas
que foram reveladas pelo Consolador para resgatar e esclarecer seus ensinamentos,
especialmente aqueles que permaneceram velados pelo símbolo até a época oportuna.
Outro ponto importante, que abrange tudo que dissemos até aqui, vamos encontrar no
papel da grande alavanca propulsora de nosso progresso espiritual: o conhecimento, em todas
as áreas do saber humano, é um fator decisivo, não somente em relação ao Evangelho, mas
também para a expansão do próprio conhecimento, como nos sistemas de retroalimentação.
Quanto maior, mais abrangente e profundo ele for, irá nos revelar, no Evangelho, verdades
cada vez mais abrangentes e profundas, além de nos proporcionar uma visão maior da
grandeza espiritual de Jesus.
Chegamos agora a um dos fatores básicos para a compreensão de sua mensagem: a
identificação de suas palavras originais.
Nas anotações evangélicas, precisamos estar atentos para distinguir o que são palavras de
Jesus, das que são pontos de vista do próprio evangelista ou ainda, expressões utilizadas por
eles, originadas em outras correntes religiosas que havia na época, e, finalmente distorções
feitas por terceiros nas traduções, ou verdadeiras enxertias para satisfazer determinados
interesses.
Tentaremos exemplificar:
O evangelista João colocou em seus escritos, seus sentimentos antagônicos em relação à
pessoa de Judas Iscariotes, conforme podemos verificar ao relatar o jantar em Betânia, na casa
de Simão, o leproso, onde demonstrou sua agressividade a Judas:

"Então Maria, tomando um arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço ungiu os
pés de Jesus [...] Então um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de
traí-lo, disse: Por que não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos
pobres? Ora ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e
tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava. Disse, pois, Jesus: deixai-a..." (Jo 12,3-6).

Comparando com a anotação da mesma passagem, feita pelos evangelistas Mateus e


Marcos, notamos sensível diferença.
"Aproximou-se dele uma mulher com um vaso [...] E os seus discípulos, vendo isto,
indignaram-se, dizendo; por que este desperdício? Pois este unguento podia vender-se por
grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres. Jesus, porém..." (Mt 26,7-10).

Como vemos não se refere à pessoa de Judas e sim, aos seus discípulos em geral.

Vejamos segundo Marcos (provavelmente relatada por Pedro):


"E estando ele em Betânia [...] veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com
unguento de nardo puro, [...] E alguns houve que em sí mesmos se indignaram, e disseram:
Para que se fez este desperdício de unguento? Porque podia vender-se por mais de trezentos
dinheiros, e dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela. Jesus, porém disse: Deixai-a" (Mc
14,3.6).

Marcos relata que alguns dos presentes, sem apontar quais.


Esse e outros fatos nos levam a deduzir que Jesus, naquela belíssima oração pelos seus
discípulos, relatada por João em seu Evangelho, cap. 17, não teria dito o que está colocado no
final do versículo 12, que reflete, muito mais, seu próprio sentimento:
"...e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a escritura se cumprisse",
além do mais, esta colocação é totalmente incompatível com o restante do texto e com o
conteúdo dos ensinamentos de Jesus.
Como exemplo de expressões próprias de correntes religiosas que existiam na época,
podemos citar, no Evangelho de Mateus, esta de origem gnóstica:

"E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor permita-me que primeiramente vá sepultar
meu pai. Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me e deixa aos mortos sepultar seus mortos" (Mt
8,21.22).
A expressão: ter vida ou ser vivo define as pessoas que possuem conhecimento das
verdades do Espírito. Contrariamente, não ter vida ou estar morto, define as pessoas que
ainda, não possuem tais conhecimentos.
É prioritário, porém, distinguir o que os evangelistas anotaram, do que foi alterado ou
anexado mais tarde, nas cópias e traduções, por ignorância ou para satisfazer interesses
outros.
Para exemplo, citaremos duas passagens, entre várias que podemos encontrar,
absolutamente incompatíveis com a doutrina de Jesus:

"E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna" (Mt 25,46), ou
ainda: “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo" (Mt 28,19).

Vejamos esta outra passagem:

"Para que sobre vós caia todo sangue justo, que foi derramado sobre a Terra, desde o
sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Barraquias, que mataste entre o
santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre essa geração"
(Mt 23,35.36).

Nesta passagem, nota-se uma interpolação, pois Zacarias foi assassinado no Templo, no
ano 67, ou seja, trinta e quatro anos após a morte de Jesus, segundo o historiador Flávio
Josefo; citação de Léon Denis em Cristianismo e Espiritismo, (1978, p. 269).
Verdadeiramente, torna-se necessário, repetindo as próprias palavras de Jesus: "separar
o joio do trigo".
Além das modificações colocadas pelos homens, alguns de seus ensinamentos,
especialmente aqueles referentes ao Espírito, e que foram, prudentemente, velados pelo
simbolismo, só poderiam ser perfeitamente compreendidos, através da Doutrina Consoladora,
que Ele mais tarde nos enviaria.
Ninguém consegue ter acesso às verdades do Espírito se não estiver preparado para tal,
se não for capaz de digeri-las e assimilá-las, num processo benéfico para si próprio, ou como
disse Jesus, capaz de suportá-las. Em caso contrário, pode ser contraproducente, como vimos
acontecer em relação a determinadas passagens evangélicas, de natureza simbólica, que
geraram interpretações errôneas e trouxeram como consequência a criação de dogmas, de
rituais, de crenças e filosofias incompatíveis com a verdadeira Doutrina do Mestre.
Com a chave que o consolador nos legou, todas as palavras de Jesus apresentam-se puras
e impregnadas das verdades que ele nos ensinou, inclusive as relativas ao mundo espiritual.
São suas palavras referentes ao Consolador:

"Ainda tenho muito a vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora, mas quando vier
aquele Espirito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo,
mas dirá tudo que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir" (Jo 16,12.13).
"Mas o Consolador que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14,16).

A Doutrina Espírita identifica-se perfeitamente com o Consolador ao satisfazer plenamente


seus dois requisitos básicos:

• Complementar os ensinos de Jesus.


• Resgatar suas palavras.

Complementou seus ensinamentos ao revelar, dentro do que podemos suportar hoje,


aquilo que os homens, naquela época, ainda não podiam, ou seja, as verdades relativas ao
Espírito: as leis que regem o mundo espiritual, as leis que regem a integração do Espírito com a
matéria, as leis que regem a comunicabilidade entre encarnados e desencarnados, onde se
enquadra o processo mediúnico.
Diversas faces da verdade nos foram reveladas, porém, muito ainda depende do
desenvolvimento da ciência, fruto de nosso esforço. Temos, assim, a plena consciência que
estamos ainda longe da Verdade Absoluta, e de termos condições para suportá-la.
Resgatou suas palavras, oferecendo-nos a chave que nos permitiu distingui-las de tudo
que foi colocado por mãos humanas, e, principalmente, nos permitiu, dentro de nossa
capacidade, ir compreendendo, cada vez mais, sua grande profundidade.
Como as duas revelações: Doutrina de Jesus e Doutrina Espírita se complementam, uma
constitui parâmetro para a outra, em nosso trabalho de eliminar as incoerências e as enxertias
que foram colocadas nos textos. Não existem fronteiras entre ambas, a Verdade é única!
O método de Kardec é também soberano para a análise dos Evangelhos.
O Codificador viu-se à frente de muitos escritos mediúnicos, de várias procedências,
analisou-os profundamente, buscou sua coerência e a coerência com o Evangelho. Jamais
aceitaria um texto, por mais bem escrito que fosse, em discordância com a moral de Jesus. Em
relação ao Evangelho do Mestre, a situação foi semelhante.
Considerando suas origens: mediúnica, inspirada, ou mesmo nas lembranças dos vários
homens que contribuíram para sua redação final, tornou-se necessário antes de tudo, verificar
a coerência dentro dos próprios textos. Tornou-se necessário, também, eliminar o que mãos
humanas imprudentes e irresponsáveis colocaram de permeio aos textos sagrados.
Os parâmetros a serem utilizados são as verdades básicas que se encontram, de maneira
coerente, nos diferentes relatos evangélicos, e que, na realidade, são as mesmas encontradas
por Kardec nos textos mediúnicos de diferentes procedências que ele analisou, e que
constituíram as bases para a codificação do Espiritismo.
São elas:
• A evolução do Espírito.
• A reencarnação.
• A pluralidade dos mundos habitados.
• A comunicabilidade dos Espíritos.

Vamos, assim, destacá-las nos Evangelhos, buscando nos textos que os evangelistas nos
legaram, as quatro bases em que se apoiam ambas as Doutrinas para, em seguida, ancorados
nesses parâmetros, estudar o restante das passagens, agrupando-as segundo uma de suas
mensagens. Veremos que as palavras de Jesus se destacarão, claras, daquelas que foram
colocadas posteriormente, assim como seu verdadeiro sentido, mostrando-nos a perfeita
coerência entre a Doutrina Espírita e o Evangelho, inclusive nas citações do Velho Testamento
feitas por Jesus.

Ao estudar os Evangelhos, vamos encontrar um imenso conteúdo simbólico, que a maioria de


suas parábolas possuem. O símbolo é, por excelência, o portador de mensagens em lingua-
gem universal, dirigidas individualmente. Extrai-se de uma imagem simbólica aquilo que se
consegue compreender. Esta é a razão pela qual foí tão usada por Jesus, para que seus
ensinamentos, que deve-riam atravessar milênios, fossem sendo compreendidos,. de_acordo
com os diferentes níveis de maturidade adquiridos pelas pessoas, no correr do tempo, e
permanecessem veladas as verdades destinadas a urna humanidade futura, mais evoluída. É
justamente ao interpretar esses conteúdos simbólicos que va-mos encontrar as revelações
mais avançadas; mas para que sejamos conduzidos pelos caminhos certos neste terreno, não
devemos nunca perder de vista as vigas mestras que direcionaram, nos Evangelhos, o
pensamento de Jesus. Essas vigas são as mesmas da Doutrina Espírita; aquelas que foram
reveladas pelo Consolador para resgatar e esclare-cer seus ensinamentos, especialmente
aqueles que permaneceram ve-lados pelo símbolo até a época oportuna. Outro ponto
importante, que abrange tudo que dissemos até aqui, vamos encontrar no papel da grande
alavanca propulsora de nosso progresso espiritual: o conhecimento, em todas as áreas do sa-
ber humano, é um fator decisivo, não somente em relação ao Evan-gelho, mas também para a
expansão do próprio conhecimento, como nos sistemas deietroalimentação. Quanto maior,
mais abrangente e profundoirA_n~elar, no Evangelho, verdades cada vez mais abrangentes e
profundas, além de nos proporcionar uma visão maior da grandeza espiritual de Jesus.
Chegamos agora a um dos fatores básicos para a compreensão de sua mensagem:
a_ideritificação de suas palavras originais, Nas anotações evangélicas, precisamos estar
atentos para dis-tinguir o que são palavras de Jesus, das que são pontos de vista do próprio
evangelista ou ainda, expressões utilizadas por eles, origina-das em outras correntes religiosas
que havia na época, e, finalmente distorções feitas por terceiros nas traduções, ou verdadeiras
enxertias para satisfazer determinados interesses. Tentaremos exemplificar: O evangelista
João colocou em seus escritos, seus sentimen-tos antagônicos em relação à pessoa de Judas
Iscariotes, conforme podemos verificar ao relatar o jantar em Betânia, na casa de Simão,

o leproso, onde demonstrou sua agressividade a Judas: "Então Maria, tomando um arrátel de
unguento de nardo puro, de mui-to preço ungiu os pés de Jesus [...] Então um dos seus
discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu
este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? Ora ele disse isto, não pelo
cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se
lançava. Disse, pois, Jesus: deixai-a..." (Jo 12,3-6). Comparando com a anotação da mesma
passagem, feita pelos evangelistas Mateus e Marcos, notamos sensível diferença. "Aproximou-
se dele uma mulher com um vaso [...] E os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo;
por que este desperdício? Pois este unguento podia vender-se por grande preço, e dar-se o
dinheiro aos po-bres. Jesus, porém..." (Mt 26,7-10). Como vemos, não se refere à pessoa de
Judas e sim, aos seus dis-cípulos em geral. Vejamos segundo Marcos (provavelmente relatada
por Pedro): "E estando ele em Betânia [...] veio uma mulher, que trazia um vaso de ala-bastro,
com unguento de nardo puro, [...] E alguns houve que em sí mesmos se indignaram, e
disseram: Para que se fez este desperdício de unguento? Porque podia vender-se por mais de
trezentos dinheiros, e dá-lo aos po-bres. E bramavam contra ela. Jesus, porém disse: Deixai-a"
(Mc 14,3.6). Marcos relata que alguns dos presentes, sem apontar quais. Esse e outros fatos
nos levam a deduzir que Jesus, naquela belís-sima oração pelos seus discípulos, relatada por
João em seu Evange-lho, cap. 17, não teria dito o que está colocado no final do versículo 12,
que reflete, muito mais, seu próprio sentimento: "...e nenhum deles se perdeu, senão o filho
da perdição, para que a escritura se cumprisse", além do mais, esta colocação é totalmente
incompatível com o res-tante do texto e com o conteúdo dos ensinamentos de Jesus. Como
exemplo de expressões próprias de correntes religiosas que existiam na época, podemos citar,
no Evangelho de Mateus, esta de origem gnóstica: "E outro de seus discípulos lhe disse:
Senhor, permita-me que primei-ramente vá sepultar meu pai. Jesus, porém, disse-lhe: Segue-
me e (1(.1.3 aos mortos sepultar seus mortos" (Mt 8,21.22).

O ESTUDO DOS EVANGELHOS 67

A..expressão: ter vida_ ou ser vivo define as pessoas que possuem °conhecimento das
verdades do Espírito. Contrariamente,zão ter villa ou estar morto, define as Ressoas que,
ainda,,não_posauem tais conlie-cimeatos.- É prioritário, porém, distinguir o que os
evangelistas anotaram, do que foi alterado ou anexado mais tarde, nas cópias e traduções, por
ignorância ou para satisfazer interesses outros. Para exemplo, citaremos duas passagens, entre
várias que pode-mos encontrar, absolutamente incompatíveis com a doutrina de Jesus: "E irão
estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna" (Mt 25,46), ou
ainda:"Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as CM nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo" (Mt 28,19). Vejamos esta outra passagem: "Para que sobre vós caia todo
sangue justo, que foi derramado sobre a Terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue
de Zacarias, filho de Barraquias, que mataste entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo
que todas essas coisas hão de vir sobre essa geração" (Mt 23,35.36). Nesta passagem, nota-se
uma interpolação, pois Zacarias foi as-sassinado no Templo, no ano 67, ou seja, trinta e quatro
anos após a morte de Jesus, segundo o historiador Flávio Josefo; citação de Léon Denis em
Cristianismo e Espiritismo, (1978, p. 269). Verdadeiramente, torna-se necessário, repetindo as
próprias pa-lavras de Jesus: "separar o joio do trigo". Além das modificações colocadas pelos
homens, alguns de seus ensinamentos, especialmente aqueles referentes ao Espírito, e que fo-
ram , prudentemente, velados pelo simbolismo, só poderiam ser_..r-feitamente
compreendidos, através_da Doutrina Consoladora, que ?le mais tarde nos enviaria. Ninguém
consegue ter acesso às verdades do Espírito se não es-tiver preparado para tal, se não for
capaz de digeri-las e assimilá-las, num processo benéfico para si próprio, ou como disse Jesus,
capaz de suportá-las. Em caso contrário, pode ser contraproducente, como vi-mos acontecer
em relação a determinadas passagens evangélicas, de natureza simbólica, que geraram
interpretações errôneas e trouxeram como consequéncia a criação de dogmas, de rituais, de
crenças e filo-sonds ompatívris com a verdadeira Dmitri' ia do Mvslre 11111 o11',o1.1(11)i ley,
(11, 1■1(1.1„r, di,

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