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A ACLAMAÇÃO HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ!

Ir.’. Valdemar Sansão

Existem momentos fortemente marcantes na Iniciação e nas


sessões maçônicas normais. Um deles é a aclamação: "Huzzé, Huzzé,
Huzzé", firmemente pronunciada e três vezes repetida.

Aclamação e não exclamação de alegria entre os Maçons, usual


no R.E.A.A., cuja origem é considerada obscura.

Aclamar = aplaudir, aprovar bradando, saudar, proclamar,


ovacionar.

Exclamar = bradar, gritar.

Pesquisas feitas a esse respeito pelo historiador Albert


Lantoine, declara em 1815: "Acrescenta-se a triplice aclamação
Huzzé que deve ser escrita Huzza, palavra inglesa que significa
Viva o Rei e substitui o Vivat dos latinos".

Aclamada por três vezes, Huzza! (pronunciar huzzé). Eis a


causa da diferença entre a ortografia e a pronúncia: é empregada
em sinal de alegria. Citando o mesmo Albert Lantoine, a palavra
Huzza (Huzzé!) é simplesmente sinônimo de Hurrah!, aclamação muito
conhecida dos antigos torcedores das partidas de futebol, com o
Hip! Hip! Hurra!...

Existe mesmo na língua inglesa o verbo “to huzza”, que


significa aclamar. A bateria de alegria era sempre feita em honra
a um acontecimento feliz para uma Loja ou para um Irmão. Era
natural que os Maçons escoceses usassem esta aclamação.

O dicionário "Michaelis" diz: huzza, interj. (de alegria) –


v. gritar hurra, aclamar. Traduzindo corretamente do árabe
"Huzzah" (Viva), significa Força e Vigor.

Huzzé era também o nome dado a uma espécie de Acácia


consagrada ao Sol, como símbolo da imortalidade.

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"Huzzé, Huzzé, Huzzé" por constituir uma aclamação, é
pronunciada com voz forte. Ela é feita apenas por duas vezes em
cada reunião, por ocasião da abertura e do encerramento. Alivia
tensões que eventualmente possam ter surgido entre os Irmãos.

Trazemos às Sessões as preocupações de ordem material que


podem criar correntes vibratórias que põem obstáculos e restringem
nossas percepções.

Ao contrário, no decorrer dos trabalhos, o esforço constante


para o bem e o belo, forma correntes que estabelecem as relações
com os planos superiores.

Nesse sentido, a aclamação na abertura do trabalho oferece


passagem à energia habilitando-nos a benefícios (saúde, força e
vigor) bem mais consistentes e duradouros.

O importante é que, ao iniciar a Sessão, tenhamos presente


que, em Loja, tudo, verdadeiramente tudo, tem uma razão para sua
existência. Nada, absolutamente nada, se faz no interior de um
Templo por acaso.

Ao se aproximar do objeto mais sagrado, existente no Templo


Maçônico – o Livro da Lei -, os maçons lembram pelo nome de Huzzé,
expressando com essa aclamação alegria e contentamento, por crerem
que o Grande Arquiteto do Universo se faz presente a cada sessão
de nossos trabalhos.

E é a ELE que os Maçons rendem graças pelos benefícios


advindos de Sua infinita bondade e de Sua presença que, iluminando
e espargindo bênçãos em todos aqueles que ali vão imbuídos do
Espírito Fraterno, intencionados a praticar a Tolerância, subjugar
as suas Intransigências, combater a Vaidade e, crentes que assim
procedendo, estarão caminhando rumo a evolução espiritual do
Homem, meta do maçom.

A Maçonaria é uma Obra de Luz; a prática da saudação está


arraigada nos ensinamentos maçônicos. A consideração da saudação
Huzzé na abertura dos trabalhos está relacionada ao meio-dia, hora
de grande esplendor de iluminação, quando o sol a pino subentende

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que não há sombra, tornando-se um momento de extrema igualdade –
ninguém faz sombra a ninguém.

Lembra também as benesses da Sabedoria, representada pelo


nascer do sol, cujos raios vivificantes espalham luz e calor, ou
seja, a Sabedoria e seus efeitos.

Quando do encerramento dos trabalhos, a saudação está


relacionada à meia-noite, nos dando o alento de que um novo dia
irá raiar, pois quanto mais escura é a madrugada, mais próximo
está o nascer de um novo dia.

A aclamação ao sol no seu ocaso, lembra que a Luz da Sabedoria


irradiou os trabalhos, agora prestes a terminar, em alusão ao fim
da nossa vida (meia-noite) quando devemos estar certos de que
nossa passagem pelo plano terreno fora pautada por atos de
Sabedoria.

No Rito Moderno a aclamação é "Igualdade, Liberdade e


Fraternidade"; no Adonhiramita é "Vivat, Vivat, Vivat"; no
Brasileiro "Glória, Glória, Glória!" E nos ritos de York
(Emulation) e Schroeder não existe aclamação.

Huzzé! é, pois, a reiteração que os Irmãos fazem de sua fé


no Grande Criador, que tudo pode e tudo governa. E só através DELE
encontram o caminho para a ascensão.

A primeira reflexão, portanto, em torno da aclamação sugere


que analisemos nossa vida e verifiquemos se sustentamos os
propósitos de paz ou espalhamos a agitação.

O Mahatma Gandhi dizia que alguém capaz de realizar a


plenitude do amor neutralizará o ódio de milhões. Certamente
estamos distanciados de suas realizações. Não obstante, podemos
promover a paz evitando que ressentimentos e mágoas fermentem no
coração dos que conosco congregam e se transformem nesse
sentimento desajustante que é o ódio.

Certa feita o Obreiro de uma Loja queixava-se do Mestre de


Cerimônias ao Venerável por sempre lhe oferecer, na falta dos

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titulares, os cargos que, segundo ele, eram de mais difícil
desempenho ou de menor evidência. O Venerável, um semeador da paz
o desarmou.

- Está enganado, meu Irmão, quanto ao nosso Mestre de


Cerimônias. Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de
confiança. Por isso o tem encaminhado para desempenho das funções
e encargos onde há problemas, consciente de que sabe desempenhá-
los e resolvê-los melhor que qualquer outro Obreiro do quadro da
Loja.

Desnecessário dizer que com sua intervenção pacificou o Irmão


que passou a ver com simpatia as iniciativas a seu respeito.
Desarmou, assim, o possível desafeto passando a ideia de que o
Mestre de Cerimônias não tinha a mesma opinião a seu respeito,
fazendo prevalecer a sugestão de Francisco de Assis: "Onde houver
ódio que eu semeie o Amor".

Existem aqueles que entendem huzzé como força poderosa, ou


seja, um mantra, que deve ser com a consciência de quem a emprega
direcionada no sentido do bem. Seria essa a razão e significação
da palavra Huzzé como proposta na ritualística maçônica?

Devemos acrescer, ainda, que Cristo, em várias oportunidades,


saudava os Apóstolos com um "Adonai Ze" (O Senhor esteja entre
vós). Essa aclamação os deixava mais alegres e confiantes,
formando uma corrente de otimismo.

Na Idade Média quando um católico se encontrava com outro,


dizia: DOMINUS VOBISCUM (O Senhor esteja convosco); PAX TECUM (A
paz esteja contigo).

Até pelo exemplo citado, façamos tudo ao nosso alcance para


que reine em nossa Loja uma atmosfera de carinho, afeição,
tranquilidade, paz, amor e harmonia para nossa constante elevação
e glória do Grande Arquiteto do Universo.

O emprego da aclamação Huzzé na Maçonaria tem também o sentido


esotérico, numa indução moral a que se busque o prazer no que se
pratica, para o bem da humanidade (isto no começo) e, no final, a

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mesma alegria pelo bem praticado, não sem também invocar
particularmente o duplo sentido do "Ele é ou ele está..." (com
todos, evidentemente).

O importante é que, no momento exato, gritemos de alegria


sempre que pudermos estar reunidos em Templo e rendermos graças
por estarmos juntos mais uma vez!

Huzzé, Huzzé, Huzzé!

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