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Um a pequena introdução à estam paria

Por Jorge Medeiros

Estam paria
Ao longo dos anos tem os recebido visitas de estudantes do SENAI-CETIQT, do SENAC, da PUC de cursos
têxteis ou de m oda. Para ajudar estes estudantes a entender m elhor o trabalho que executam os, preparei
este m aterial apenas com os conhecim entos adquiridos na experiências, leituras, visitas à fabricas de tecido e
m alha, e feiras internacionais. Vam os tratar aqui neste trabalho, de estam pas executadas sôbre tecidos à
m etro, que denom inam os de “Estam pa Corrida”, e as estam pas executadas sobre um a peça de tecido
cortada, que denom inam os de “Estam pa Localizada”.

Introdução
Desde os prim órdios dos tem pos, desenhos, coloridos ou não, são aplicados em tecidos pelos seres
hum anos. Ainda hoje usam -se m étodos antigos, não só em com unidades sem acesso à tecnologia, com o em
ateliês que desejam reproduzir estas antigas técnicas, com o batik e pintura à m ão, por razões artísticas ou de
estilo. A verdade é que, ainda hoje, as técnicas prim itivas ainda fazem sucesso e conferem um charm e
especial, com o alternativa à produção m assificada.
Veja, por exem plo, as estam pas de Bali, em batik, que já fizeram tanto sucesso, sobretudo em cangas e
lenços. Os exem plos encontrados até hoje nas culturas asiáticas e africanas são exem plos riquíssim os de
com o cada cultura decora suas vestim entas, e dem ais tecidos do cotidiano e da decoração, com desenhos
estam pados.

Mesm o a estam paria à quadro m anual, que utilizam os na COLORI, é um m étodo praticado há m uitas
décadas, m as que ainda não perdeu sua utilidade e praticidade. Em paises onde a m ão-de-obra é m elhor
rem unerada, ela se torna econom icam ente inviável de ser executada m anualm ente, devido aos custos m ais
elevados que vão se agregar à estam pa, além do nível de exigência de qualidade e acabam ento que os paises
m ais avançados estão habituados a encontrar em seus m ercados.
Para isso existem diversos m odelos de m áquinas que conferem qualidade e alta produtividade à estam paria.
Não só para a estam pa corrida com o nas estam pas localizadas.
Aqui no Brasil, os grandes fabricantes de tecidos, m alhas e vestuário, tam bém adotam as m ais avançadas
técnicas de estam paria m ecanizada, com excelente qualidade e acabam ento.
Mas, quando a necessidade de urgência, de exclusividade e volum es m ais baixos de produção se aliam , é
quando as estam parias independentes, de m enor porte com o a COLORI, se viabilizam .
Neste caso, os processos m anuais à quadro, ou seja, a serigrafia m anual, torna econom icam ente viável o
atendim ento das necessidades de inúm eros em preendim entos, que desejam produzir artigos estam pados,
m uitas vezes exclusivos, em quantidades com patíveis com o tam anho de seus negócios - norm alm ente
em presas de pequeno e m édio porte. Em bora, algum as em presas m aiores, tam bém recorram às estam parias
independentes e m anuais para viabilizar prazos e designs exclusivos.

A estam paria m anual é m ais utilizada para pequenos lotes de produção, que podem ser de algum as dezenas
de m etros à alguns poucos m ilhares de m etro (1 à 5 m il m etros) pois, além disso, as próprias fabricas de
tecido já fornecem o m aterial estam pado, na quantidade que for, por preços m ais com petitivos.
No caso de um cliente nosso de m oda infantil, que faz até 5 m il m etros da m esm a estam pa em vários
m ateriais diferentes, a estam paria m anual pode ser m ais com petitiva do que abrir cilindros para m aquinas
rotativas em diversos fornecedores para estam par m enores quantidades de cada m aterial.
Antigam ente, desde o século XIX, a estam pa à m etro era feita à quadro, à m ão, sobre longas m esas, sendo
que, ao longo do tem po vários aperfeiçoam entos e equipam entos foram sendo desenvolvidos para dar m ais
uniform idade e regularidade ao resultado do trabalho de estam pagem , com o carrinhos para portar os
quadros, rodos com pesos para substituir a pressão braçal, acionados por alavancas, etc.
As m odernas estam parias industriais se utilizam da estam paria m ecanizada, à quadro ou com cilindros, que
devido aos alto custo do investim ento em equipam entos, norm alm ente estão associadas ao processo
industrial das fabricas de m alhas ou tecidos. Esse investim ento é m uito alto pois além da m áquina de
estam par, que já é cara, tem -se que adquirir tam bém equipam entos para secagem e fixação da tinta,
am aciam ento e ram agem do m aterial à m etro, e rebobinagem de velocidade e precisão, para acom panhar a
produção da m áquina , que pode alcançar 80 m etros por m inuto.
Um a pequena introdução à estam paria
Por Jorge Medeiros

Certas tintas a base de corantes, ainda exigem um a seqüência de vaporização, lavagem , ram agem e secagem
que encarecem m ais o processo.
Existem m esas à quadro autom áticas, onde o tam po da m esa é um a esteira rolante e os quadros ficam
instalados de form a a serem acionados m ecanicam ente, substituindo o trabalho braçal, com várias telas
seqüenciais, que vão subindo e descendo, im prim indo o m aterial a m edida que a esteira rolante vai
adiantando o m aterial num deslocam ento pré-estabelecido (m edida do rapport, atacadura em português, do
desenho a ser repetido).
Os equipam entos m ecanizados são construídos para atenderem a um determ inado núm ero de cores,
norm alm ente 8 a 12 cores, que dá para executar um a variedade enorm e de desenhos. Lem brando que
superposições de cores geram outras cores, e que o recurso da quadricrom ia reproduz ilustrações ou
fotografias com todas as cores.

O sistem a m anual, teoricam ente não tem lim ite de cores. O lim ite é o resultado desejado e/ou, o custo que
se esta disposto a pagar.
Existem tam bém m esas autom atizadas, onde um carrinho m ecanizado, com acionam ento pneum ático,
recebe um quadro de cada vez, e im prim e autom aticam ente cada cor. Neste caso tam bém pode-se usar
quantas cores se desejar.
Grandes costureiros, que criam estam pas elaboradíssim as, com 20 cores ou m ais, para fabricar m eia dúzia de
vestidos, que serão vendidos pelos “olhos-da-cara” para um as poucas abonadas, tam bém usam estas m esas
na Europa. Já foi exibido na TV um film e sobre Yves Saint Laurent que m ostrava exatam ente esta situação.
No caso da arte serigrafia, onde são criadas obras artísticas em série lim itada, não é difícil de encontrar
quadros realizados com dezenas de quadros. Já testem unham os, num a exposição, quadros com 350 cores.
Vários com m ais de um a centena de cores. Im aginem o trabalho da separação de cores, da gravação das
telas e da im pressão - um investim ento e tanto em tem po e m aterial.

O desenho e a arte -final


O inicio de tudo se dá com a escolha e o desenvolvim ento do desenho a ser reproduzido. Um desenhista
experiente faz então a separação das cores, que consiste em se fazer um desenho separado para cada cor
que com põe o desenho ou a arte desejada.
O conjunto dos desenhos da separação das cores constitui o que cham am os de “arte-final”.
Na COLORI este processo é todo feito no com putador, com grande precisão, e as artes finais im pressas num a
plotter de grande form ato. A arte-final é encam inhada em seguida à confecção de telas, e vai resultar em
um a tela para cada cor.

Quadros, ou telas, ou m atrizes


É a ferram enta fundam ental do silk-screen, ou serigrafia.
Basicam ente é constituída da m oldura e de um a gaze, ou tecido, esticada e fixada na m oldura.
Originalm ente os quadros eram esticados com seda, daí o nom e seri (seda em latim ) grafia, ou silk-screen (
silk = seda em inglês, screen = tela). Hoje utiliza-se norm alm ente um tecido técnico em poliéster, fabricado
exclusivam ente para este fim , devido à sua excelente estabilidade dim ensional, que garante a consistência do
registro das cores da estam pa por várias produções seguidas.
Na COLORI usam os os m elhores tecidos suíços, de poliéster m ono fila- m ento, esticados nas altas tensões
necessárias à obtenção de um quadro com características profissionais. É na qualidade da m atriz que se
garante a qualidade da produção.
As m olduras podem ser em m adeira, alum ínio ou ferro.
Utilizam os todos nossos quadros, em m edidas padronizadas, com m olduras em perfil retangular de aço
galvanizado, conhecido no m ercado com o “m etalon”.
O m etalon é oferecido em várias bitolas e espessuras de parede, perm itindo m ontar-se quadros com a
resistência que se deseje, para suportar a alta tensão de estiram ento das tela, que alcançam 28 Newtons, que
é um a m edida de força, ou tensão.
Na COLORI as telas são esticadas num esticador eletro-m ecânico e a tensão desejada é controlada através de
um tensiôm etro, aparelho que se coloca no m eio do quadro esticado, onde um m ostrador indica a tensão
obtida.
Um a pequena introdução à estam paria
Por Jorge Medeiros

O correto estiram ento, na tensão adequada, é tam bém responsável pela qualidade final da estam pa; em bora
m uita gente não se dê conta disso. Exija de sua estam paria quadros profissionais, bem esticados.
Para que a estam pa fique perfeita, contribuem vários fatores, sendo o m ais im portante o registro perfeito.
Registro é o encaixe exato de cada cor do desenho nas dem ais cores que o com põe.
Para conseguir isso as telas possuem 2 parafusos de apoio e outro com um a “chaveta”. Os parafuso regulam
o m ovim ento longitudinal e o angulo da da estam pa na hora do registro e a chaveta o m ovim ento lateral.
Estes três elem entos, devidam ente ajustados, perm item que se possa estam par cada cor no seu devido
registro, estam pa após estam pa.

Num a estam pa localizada, basta o cliente indicar num desenho a posição onde a estam pa será aplicada. Não
é necessário que o cliente coloque qualquer m arcação nas peças que serão estam padas, com o já vim os
acontecer.

Norm alm ente já gravam os as telas devidam ente registradas e na posição correta para o tipo de peça aonde a
estam pa será aplicada.

As telas são gravadas com a im agem de cada cor da arte-final.


Para isto utiliza-se um a em ulsão fotossensível apropriada, que é aplicada uniform em ente, e com m uita
técnica, ao tecido do quadro.

Depois de seca, na posição horizontal - para não escorrer - a tela pode então ser gravada.
Prensa-se a arte final ou o fotolito entre a tela e um vidro (com pesos ou com vácuo) e se expõe a à um a
fonte de luz por um tem po determ inado. A área da em ulsão que recebe a luz, endurece.
Após isto, com um jato de água m olha-se a tela.

A área protegida pela arte, que não recebeu luz e não endureceu, escorre, deixando aberta a área por onde a
tinta vai passar durante a im pressão, reproduzindo o desenho original.
Para as artes m ais com plexas, com o as reticulas finas de um a quadricom ia, separações indexadas ou m esm o
na especialidade dos circuitos eletrônico im pressos, utiliza-se em ulsões sofisticadas que exigem um a fonte de
luz com alto grau de em issão ultra-violeta para a perfeita gravação da im agem desejada.

Na COLORI usam os a m elhor fonte de luz m etal-halogênio fabricada no Brasil, com alta dose de radiação
ultra-violeta, para a gravação de nossas telas de precisão.
Com o se viu, telas serigráficas podem constituir um sofisticado instrum ento de produção, quando
preparadas com profissionalism o e com m ateriais e técnicas adequados.
Mas, o m ais com um é encontrar telas de m adeira, m al esticadas com tecido inferior, o que perm ite à
qualquer um iniciar um a operação de “fundo-de-quintal”.

Estam pa de cilindro
Estam pas corridas realizadas em m áquinas de estam paria, que utilizam até 12 cilindros ( que na prática é
um a tela cilíndrica feita em níquel ). Podem estam par algo com o 50 m etros, ou m ais, por m inuto.
O tecido é aderido à um a esteira e passa continuam ente pela seqüência de cilindros, cada um deixando
im pressa a arte de sua cor.
Com cilindros, pode-se estam par listras continuas no sentido longitudinal, o sentido do urdim ento. Tecidos
têm tram a (transversal) e urdim ento (longitudinal). Perm ite áreas contínuas chapadas de tinta; com o “pois”
vazado na cor do tecido, im possível de ser feito à quadro, onde a em enda de tintas sem pre fica m arcada e
visível. Neste século 21, já com eçam a ser vendidas m áquinas de estam par pelo processo de jato de tinta,
com o nas im pressoras de com putador.
Já existem há alguns anos para produçaõ de m ostruários em pequenos lotes; m as agora estão evoluindo,
com m aior velocidade, para a produção de quantidades com erciais. Mas, m esm o assim , m uito lentas ainda. É
um cenário de futuro, com possibilidades fantásticas para a im pressão de tecidos.
Um a pequena introdução à estam paria
Por Jorge Medeiros

Estam pa localizada
Estam pas realizadas sobre peças cortadas.
Podem ser m anuais, com o fazem os hoje na COLORI, ou m ecanizadas em carrosséis autom áticos, com o usam
um a Hering ou Sul Fabril, que possuem várias destas m áquinas; norm alm ente a MHM austríaca.
Justificam -se quando os lotes de produção são grandes e m uitos, com o m ais de 3.000 peças por estam pa.
As estam pas localizadas podem ser executadas na m esm a m esa onde se faz as estam pas corridas ou em
placas, ou berços, individuais de alum ínio com aquecim ento, em carrosséis m anuais, ou até m esm o em
placas soltas de duratex.

Estam pa corrida
Estam pas realizadas em tecido ou m alhas a m etro. Com o já vim os, m anualm ente ou m ecanizadas.
O segredo da estam pa corrida está em confeccionar a arte de form a em que cada batida consecutiva das
telas, a em enda de um a batida com a outra não seja percebida; que a estam pa m ostre um continuum
absolutam ente uniform e, com o se a em enda não existisse. Esta “em enda” cham am os de “rapport”, tam bém
cham ada em português de “atacadura”.
Cham am os de rapport tam bém a largura de cada batida, ou m elhor , a distância entre as cruzetas de registro
que define a distância entre os batentes da m esa que vão garantir o perfeito encaixe de cada batida
consecutiva.
A arte gravada na tela da estam pa corrida é, norm alm ente, com posta de desenhos m enores, ou m ódulos de
repetição, que se encaixam perfeitam ente em si m esm os por todos os lados. A técnica e a qualidade da
execução do m ódulo de repetição é fundam ental para o resultado final. Repetições m al resolvidas, vão gerar
um tecido estam pado com um a padronagem que parece “azulejada”, m ódulos perfeitam ente discerníveis,
quando êls deveriam estar com suas em endas invisíveis.
Há desenhos com m ódulos de repetição pequenos - 10cm - caso de florzinhas m uito pequenas, com o nas
estam pas “Liberty”. Ou podem tom ar a tela toda, com o num a estam pa do estilista Pucci.

Falso corrido
Estam pas realizadas sobre pedaços de tecidos cortado, ou paneaux, podendo ter ou não continuidade de
em enda do rapport de um a estam pagem para a outra.
Muito usada em pequenas estam parias que não possuem longas m esas de estam pagem , para sim ular a
estam pa corrida. Neste caso os paneaux são enfestado e o corte riscado e efetuado. A perda de tecido é
m aior, m as é a única m aneira de viabilizar um corrido sim ulado em um a pequena área.
Pode-se fazer falso corrido de form a corrida. Estam pa-se com o se fosse corrida, m as cada batida de tela não
em enda com a outra. Tem -se que cortar depois em paneaux e enfestado (em pilhado) com o já m encionado.
Existem certa estam pas onde isso é desejável. Por exem plo : estam par a bandeira do Brasil, um a atrás da
outra em um tecido à m etro; ou um a fantasia “bate-bola” para os blocos de clovis, que nos procuram todos
anos. Ou vestidos, onde a flor principal tem que estar num a posição determ inada: na altura do peito por
exem plo. Ou, fazer um a tela para estam par listras longitudinais num tam anho que dê para cortar um a calça,
com um a tela com um rapport da dim ensão necessária.
Na realidade, trata-se de um a estam pa localizada feita em tecido à m etro. Um a estam pa localizada,
executada com o corrida.
Listras longitudinais não podem em endar pois fica m arcado na em enda da tinta sobre tinta. Nenhum a área
continua pode ser estam pada em estam paria de quadro, só com cilindros.
Para viabilizar a estam paria de quadros de certos desenhos, utilizam os recursos para perm itir que cada
batida flua para a outra sem em endas percebíveis. Usam os os elem entos da estam pa pra criar um cam inho
da em enda - ram inhos, folhas, ou qualquer outro m otivo que constitua a estam pa.

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