meditar nas características do verdadeiro discípulos
de Jesus. Discípulo é todo aquele que, pelo Batismo, se identifica com Jesus, fez de Jesus a sua referência e O segue. A Missão do discípulo é tornar presente na história e no tempo o projeto de salvação que Deus tem para a humanidade. Jesus nos ensina, em muitas ocasiões, que Deus deve ser o nosso principal amor, e que as criaturas devem ser amadas de modo secundário e subordinado Diz Jesus: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim. Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 10, 37.39). Só Deus merece ser amado de modo absoluto e sem condições; tudo o mais deve ser amado na medida em que é amado por Deus. O Senhor pede-nos, sem dúvida, que amemos a família e o próximo, mas nem mesmo estes amores devem ser antepostos ao amor de Deus, que deve ocupar sempre o primeiro lugar. Amando a Deus, os demais amores da terra purificam-se e crescem, o coração dilata-se e torna-se verdadeiramente capaz de amar, superando os obstáculos e as reservas de egoísmo, sempre presentes na criatura humana. Quando se ama a Deus em primeiro lugar, os amores limpos desta vida elevam-se enobrecem- se ainda mais. No entanto, para amar a Deus, como Ele pede, é necessário perder a própria vida, a do homem velho. Torna-se necessário eliminar as tendências desordenadas que inclinam a pecar, destruir o egoísmo, às vezes brutal, que leva o homem a procurar-se a si próprio em tudo o que faz. O cristão que luta por negar-se a si próprio encontra uma nova vida: a de Jesus. Respeitando o que é próprio de cada um, a graça nos transforma até nos fazer adquirir os mesmos sentimentos de Cristo em relação aos homens e aos acontecimentos; vamos imitando as suas atitudes, de tal maneira que surge em nós uma nova maneira de pensar e de agir, simples e natural; passamos a ter os mesmos desejos de Cristo: cumprir a vontade do Pai, que é expressão clara do amor. Não há peso nem medida para amar a Deus. Ele espera que O amemos com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente (Mt 22, 37-38). O amor a Deus sempre pode crescer. O Senhor diz aos seus filhos, a cada um em particular: “Eu te amo com amor eterno; por isso, compadeço de ti e te atraí a Mim” (Jer. 31,3). Peçamos-Lhe que nos convença desta realidade; só existe um amor absoluto, que é a fonte de todos os amores retos e nobres. O caminho do discípulo é acolher e seguir Cristo no caminho do amor e da entrega; significa arriscar esta vida para ganhar a eterna! As virtudes cristãs são alegres, dão otimismo à vida e nos colocam sempre em disposição de entregar-nos mais e mais aos outros e a Deus por amor aos outros. O céu não pode ser algo monótono. A explicação que mais me convence é aquela que diz que a felicidade inicial que experimentarmos ao ver a Deus permanecerá para sempre, por estarmos na eternidade. O que acontece é o que Ensina São Josemaria Escrivá: “As pessoas que estão debruçadas sobre si mesmas, que agem procurando, antes de mais, a sua própria satisfação, põem em jogo a sua salvação eterna e, mesmo aqui na terra, são inevitavelmente infelizes e desgraçadas. Só quem se esquece de si e se entrega a Deus e aos outros, também no matrimônio, pode ser feliz na terra, com uma felicidade que é preparação e antecipação do Céu” (Cristo que passa, nº24). Assim podemos entender que a vida cristã se fundamenta na abnegação: sem Cruz não há cristianismo: “Quem não toma sua cruz e não me segue não é digno de mim” (Mt 10,38). Aqui temos as exigências que Jesus propõe para seus seguidores. Exige uma atitude radical. O nosso compromisso para com Ele deve estar acima de tudo, mesmo do amor sagrado para com nossos pais. Amamos a Deus quando convertemos a nossa vida numa procura incessante da união com Ele. S. Gregório de Nissa diz que só um dia, no céu: a bem-aventurança eterna saciará todos os nossos desejos, mas não se trata dum estaticismo cuja novidade já não tenha cabida. Não! Deus é infinito e a nossa alegria será sempre a de quem já recebeu todo o necessário para a sua felicidade eterna, mas que parte dessa felicidade é a descoberta de realidades sempre novas. Expressando tudo isso de uma maneira verdadeiramente poética: “a nossa viagem terminar-se-á não na ascensão a uma cima definitiva, mas no maravilhoso descobrimento de que os países descobertos são apenas uma promessa de “lugares” ainda mais belos que os conhecidos até então e que estão por descobrir”. Que possamos fugir, ou morrer a tudo quanto nos afasta de servir generosamente ao Senhor, renunciar a tudo quanto compreende a preferência absoluta e o primado do amor que lhe pertencem inteiramente. Só assim, associado inteiramente à morte e à vida de Cristo, é que o cristão é verdadeiro discípulo de Cristo.