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caso familiar
Dentinogenesis imperfecta: family case
Viviane P. da Silva*
Juliana A. Cardoso**
Maria P. Barreto***
Suelen da Guarda****
Ariana G. Carneiro****
Jener G. Farias*****
Introdução
Objetivo: este estudo relata o método de diagnóstico
utilizado para identificar dentinogênese imperfeita em A dentinogênese imperfeita (DI) acomete cerca
seis pacientes da mesma família. Relato de casos: o de 1:8000 brancos nos Estados Unidos da América1,
diagnóstico familiar foi estabelecido com base na ana- caracteriza-se por ser um distúrbio de caráter gené-
mnese do probando, sendo, posteriormente, chama- tico e é causada por mutações no gene sialofosfopro-
dos os outros membros familiares a comparecerem ao
teína da dentina (DSPP). O gene DSPP está loca-
atendimento. Uma análise conjunta de exames clínico,
físico, de imagem e bioquímicos foi realizada para con- lizado no cromossoma 4q21.3, o qual é responsável
clusão do diagnóstico final. O protocolo de tratamento por codificar grande parte das proteínas não colage-
foi realizado individualmente, de acordo com o quadro nosas da dentina. Mutações nesse gene podem de-
clínico de cada paciente. Considerações finais: a denti- sativar ou interferir indiretamente no metabolismo
nogênese imperfeita é considerada um distúrbio gené- dessas proteínas e, com isso, alterar a composição
tico do desenvolvimento da dentina que ocorre na au- e a formação da dentina de diferentes formas. Esse
sência de desordens sistêmicas. Apresenta um padrão fator pode justificar as variações nas expressões clí-
autossômico dominante e pode ser causada por muta- nicas e radiográficas da dentinogênese imperfeita2-4.
ções no gene sialofosfoproteína da dentina – DSPP. Cli-
Devido a essa variabilidade de manifestações
nicamente, pode apresentar translucência de esmalte,
coloração escura e fragilidade dentinária, o que pode clínicas dos casos de dentinogênese imperfeita, ela
levar a graves prejuízos funcionais e estéticos para o pode ser classificada nos tipos I, II e III5,6. O tipo I
paciente. Por essas razões, o diagnóstico deve ser rea- ocorre associado à osteogênese imperfeita (OI). Ao
lizado de forma minuciosa e precocemente, evitando, exame clínico, a cor da dentição pode variar do cin-
assim, intervenções terapêuticas mais complexas com za ao violeta-acastanhado ou castanho-amarelado,
o passar da idade. todos apresentando uma tonalidade opalescente ou
translúcida4,6. As coroas apresentam-se curtas com
Palavras-chave: Complicações. Dentinogênese imper- sinais de exposição de dentina e desgastes coroná-
feita. Diagnóstico. Patologia. rios1. Radiograficamente, há um aspecto caracterís-
tico de dentes com coroas de forma bulbosa e pre-
http://dx.doi.org/10.5335/rfo.v21i1.5711
*
Doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituição: União Metropolitana de Educação e Cultura e Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
**
Professora União Metropolitana de Educação e Cultura, Lauro de Freitas, Bahia, Brasil.
***
Professora da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Bahia, Brasil.
****
Especialista em Estomatologia, União Metropolitana de Educação e Cultura, Lauro de Freitas, Bahia, Brasil.
*****
Professor da União Metropolitana de Educação e Cultura e da Universidade Estadual de Feira de Santana, Lauro de Freitas, Bahia, Brasil.
• Caso VI: sobrinho de 5 anos (Figura 3 C e D) gamentos flácidos e ossos frágeis, foram realizadas
radiografias de ossos longos e níveis séricos de cál-
Esteticamente, a dentição decídua exibiu uma cio, fósforo e fosfatase alcalina. Os exames clínicos,
coloração amarelo-amarronzada, com exposição imaginológicos e bioquímicos não apresentaram al-
de dentina e destruições coronárias. A radiografia terações.
demostrou presença de raízes curtas, constrição A dentinogênese imperfeita tipo III foi descarta-
cervical e coroas bulbosas em ambas as dentições. da porque os pacientes não apresentaram múltiplas
Observou-se também obliteração das raízes e das exposições pulpares associadas a alargamento da
câmaras pulpares, principalmente na dentição de- amplitude das câmaras pulpares, paredes dentiná-
cídua. rias finas e canais radiculares grandes. Assim, por
Diante de tais características familiares, con- todos os aspectos observados, admite-se ser um caso
firmou-se a hereditariedade da doença e surgiram familiar de DI do tipo II.
duas hipóteses diagnósticas, as quais foram: denti- A escolha do protocolo de tratamento dos pa-
nogênese imperfeita e displasia dentinária. cientes foi determinada de acordo com o tipo de DI
Na displasia dentinária tipo I, as coroas dos e com as condições financeiras da família. Para o
dentes não apresentam alterações clínicas. Tal com- probando, sugeriu-se a realização de cirurgia ortog-
portamento não foi visualizado nos pacientes apre- nática para tentar redução de mento, ajuste oclusal
sentados e, por isso, foi descartada essa hipótese. A e expansão maxilar com intuito de corrigir o padrão
suspeita de displasia dentinária tipo II também foi esquelético classe III. Posteriormente, foi indicado,
eliminada devido à ausência de extensão apical dos para o probando e a paciente II, a remoção das uni-
canais radiculares e à ausência de câmaras pulpa- dades dentárias remanescentes, a colocação de im-
res aumentadas1,3-5. plantes e a reabilitação com prótese sobre implante.
A dentinogênese imperfeita tipo I foi descartada Nos casos III, IV, V e VI, foi proposto um tra-
devido à ausência de osteogênese imperfeita. Para tamento em que se preconizou restabelecer a di-
isso, investigaram-se a presença de esclera azul, li- mensão vertical perdida, a função e a estética dos
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