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Arnaldo Pinzan
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Protocolo de tratamento com Forsus em paciente adulto Classe II por deficiência mandibular: relato de caso View project
Risk of developing palatally displaced canines in patients with early detectable dental anomalies: a retrospective cohort study View project
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* Professor Assistente Dr. da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professor
responsável pela Disciplina de Ortodontia e coordenador do curso de Especialização em Ortodontia da
Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP; Professor Associado da Universidade da Cidade de São Paulo
– UNICID.
** Mestre em Ortodontia e Especialista em Radiologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP;
Professora da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP.
*** Especialista e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professor de
Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP ao nível de Graduação e Especialização.
**** Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professora da Disciplina de
Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista - UNIP.
Palavras-chaves: ***** Aluna de pós-graduação, ao nível de Mestrado, da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Bauru - USP.
Etiologia; Má oclusão; ****** Professor Associado Dr. da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP; Professor
Ortodontia. Responsável pela Disciplina de Ortodontia da Universidade do Sagrado Coração – USC; Professor Associado
da Universidade da Cidade de São Paulo – UNICID.
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veis causas das más oclusões, outras volvimento sofre forte influência dos
classificações foram propostas. fatores hereditários. Existem certas
A sugerida por GUARDO13 refere- características raciais e familiares que
se às causas hereditárias e congêni- podem comprometer a morfologia
tas, gerais, locais e às causas proxi- dentofacial de um indivíduo10,12. Por
mais (hábitos bucais). exemplo, um jovem pode herdar o ta-
SALZMANN23 dividiu os fatores manho e a forma dos dentes do pai e
etiológicos em pré-natais e pós-natais o tamanho e a forma dos maxilares
observando uma influência direta ou da mãe, resultando em uma combi-
não, destes fatores, causadores de má nação harmoniosa ou não entre os
oclusão. ossos e os dentes. Entretanto, não é
FIGURA 1 - Evolução do homem. Ten-
dência retrognata da face.
Posteriormente, MOYERS18 suge- possível prevenir tal combinação in-
riu uma Equação Ortodôntica para a desejada.
terminal a face humana perpassa por interpretação da etiologia das más Como citado acima, a morfologia
um processo evolutivo ocorrendo uma oclusões. Essa equação representa dentária obedece um padrão genéti-
diminuição desta, ao mesmo tempo uma expressão concisa do desenvol- co. As anomalias de tamanho dentá-
em que o crânio experimenta um au- vimento de todas as deformidades rio, representadas pelas macro e mi-
mento no seu tamanho20,21 (fig. 1). dentofacias. crodontias, podem gerar más oclusões
Com a redução do tamanho da face A classificação por nós utilizada as- como apinhamentos29 e diastemas,
e dos maxilares o espaço para aco- semelha-se à proposta por GUAR- respectivamente. Na maioria das ve-
modar todos os dentes torna-se limi- DO13, e neste artigo apresentaremos zes, quando um indivíduo apresenta
tado, conseqüentemente, o último den- uma abordagem dos fatores etiológi- dentes maiores (macrodontia) ou me-
te de cada série tende a desaparecer cos hereditários e congênitos e as cau- nores (microdontia) que o normal,
(terceiros molares, segundos pré-mo- sas adquiridas gerais, locais e proxi- muito provavelmente alguém da famí-
lares e incisivos laterais)13. Isto não mais (hábitos bucais). lia também é ou foi portador desta ano-
ocorre repentinamente pois trata-se de malia (fig. 2A, B).
um processo delongo e de caráter he- FATORES HEREDITÁRIOS Entretanto, quando podemos con-
reditário que passa de geração para A hereditariedade constitui um dos siderar um dente de tamanho normal
geração onde a primeira apresenta um principais fatores etiológicos pré-na- ou não? Existem tabelas como as de
dente com forma anômala (microdon- tais das más oclusões. GRABER11 que mostram as médias
tia) e posteriormente alguns de seus O padrão de crescimento e desen- dos diâmetros mesiodistais dos den-
sucessores já não mais possuirão este
dente. atuam em sobre produzindo
A alimentação dos tempos atuais Causas Período Tecidos Efeitos
também contribui para a “involução” • Hereditárias
da face com conseqüente aumento das • Causas de Neuromusculatura Disfunção
más oclusões. No passado, os alimen- desenvolvimento Contínuo ou
de origem Intermitente Dentes
tos eram mais duros e fibrosos exi-
desconhecida Má oclusão
gindo um grande esforço da muscu- • Traumatismos Ossos e Cartila-
latura facial durante a mastigação. • Agentes físicos Diferentes faixas gens
Atualmente apresentam-se pastosos e • Hábitos etárias Displasia Óssea
• Enfermidades Tecidos Moles
portanto fáceis de serem consumidos
• Má nutrição
com uma menor participação da mus-
Fonte: MOYERS, R.E. 18
culatura facial, comprometendo o cres-
cimento e o desenvolvimento da
face10,12,18.
A abordagem da etiologia da más
oclusões geralmente classifica todas as
causas em fatores locais ou intrínse-
cos e sistêmicos ou extrínsecos2. Essa
classificação pode, no entanto, gerar
diferentes considerações acerca de
uma má oclusão entre os profissio-
FIGURA 2A - Macrodontia do incisivo FIGURA 2B - Microdontia do incisivo
nais18. No intuito de explicar as possí- central superior direito. lateral superior esquerdo.
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tes decíduos e permanentes. Contudo, extras, cúspide em garra (talon cusp), presenta significante importância na
as anomalias de tamanho dentário geminação e fusão (fig. 3A-E). determinação das características mor-
por associarem-se à hereditariedade As anomalias de número, na sua fológicas e dentofaciais. Os estudos de
são facilmente diagnosticadas clinica- grande maioria, são de origem here- LUNDSTRÖM15,16 revelaram que gême-
mente e por meio da história familiar ditária, porém podem também estar os idênticos geralmente apresentam a
(anamnese), descartando a necessi- associadas às deformidades congêni- mesma má oclusão o que não ocorre
dade de averiguações em tabelas es- tas como a displasia ectodérmica e a necessariamente nos gêmeos hetero-
pecíficas. As anomalias de forma, que disostose cleidocraniana. Diversos au- zigóticos (fig. 4A-T). Isto acontece por-
encontram-se intimamente relaciona- tores10,13,15 acreditam que os dentes su- que os gêmeos monozigóticos apre-
das às anomalias de tamanho, tam- pranumerários e as agenesias dentá- sentam essencialmente a mesma com-
bém são determinadas principalmen- rias, além de apresentarem originari- posição genética e então as diferen-
te pela herança e interferem direta- amente um componente genético, ças (quando ocorrem) entre eles de-
mente na oclusão do portador10,12. A também estão relacionadas ao pendem de fatores não genéticos
anomalia mais prevalente consiste na atavismo e à evolução do homem, res- como os do meio ambiente. Os gême-
forma conóide do incisivo lateral su- pectivamente. os heterozigóticos, por sua vez, apre-
perior, seguida por outras formas O papel da hereditariedade no es- sentam uma disparidade do código ge-
atípicas menos freqüentes como den- tudo das más oclusões de gêmeos nético de 50% como nos casos de ir-
tes com cúspides supranumerárias ou idênticos (monozigóticos) também re- mãos fraternos16.
A B
FIGURA 3A - Geminação. FIGURA 3B - Talon cusp ou cúspide
em garra.
C D E
FIGURA 3C, D - Geminação dentária e aspecto radiográfico. FIGURA 3E - Fusão dos incisivos cen-
tral e lateral inferior direito.
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A B
C D E
F G
H I J
FIGURA 4 - A,B,F,G - Gêmeos Idênticos; C-E,H-J - Vistas intrabucais mostrando a mesma má oclusão.
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K L
M N O
P Q
R S T
FIGURA 4 - K,L,P,Q - Gêmeos heterozigóticos; M-O,R-T - Vistas intrabucais mostrando diferentes oclusões.
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Outro fator hereditário que contri-
bui para o desencadeamento de uma
má oclusão é a miscigenação racial.
Nas populações raciais homogêneas
(grupos geneticamente puros) quase
não se observa má oclusão, enquan-
to que nos grupos que apresentam
grande miscigenação racial a preva-
lência de más oclusões aumenta subs-
tancialmente12. Atualmente, observa-
se um intenso cruzamento entre as
raças branca, negra e amarela con-
tribuindo sobremaneira para o au-
mento das más oclusões (fig. 5).
O tipo facial hereditário também in-
fluencia na determinação das carac-
terísticas dentofacias e representa um
FIGURA 5 - Miscigenação racial.
importante fator etiológico de algumas
más oclusões. Na população encon-
A C E
B D F
FIGURA 6A, B - Paciente Braquifacial FIGURA 6C, D - Paciente Dolicofacial FIGURA 6E, F - Paciente mesofacial e
apresentando sobremordida profunda. apresentando mordida aberta. oclusão correspondente.
tram-se basicamente três tipos de con- em relação à largura facial e os meso- lacionadas à morfologia facial, como
figuração facial: os braquifaciais que faciais que representam um grupo com o desenvolvimento de uma mordida
possuem a largura facial predominan- características intermediárias entre aberta em um indivíduo dolicofacial e
do à altura, os dolicofaciais apresen- braqui e dolicofacial5. Certas más oclu- de uma sobremordida profunda num
tando uma predominância da altura sões apresentam-se intimamente re- jovem braquifacial (fig. 6A-F).
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As más oclusões de ordem esque-
lética (Classes II e III) possuem um
componente genético na sua etiologia
(fig. 7A-D). Na maioria dos casos,
quando um indivíduo apresenta uma
má oclusão de Classe III ou II, muito
provavelmente algum dos seus ante-
cedentes também a exibiu. Este fato
pode ser facilmente comprovado ob-
servando-se as fotografias das gera-
ções anteriores15.
FATORES CONGÊNITOS
As deformidades congênitas,
assim como os fatores hereditári-
A C os, também constituem uma das
causas etiológicas pré-natais das
más oclusões, e caracterizam-se por
apresentar grande influência gené-
tica. Essas deformidades, agem so-
bre o embrião, desde a sua forma-
ção intra-uterina até o momento do
nascimento, apresentando mani-
festações clínicas imediatas ou tar-
B D
dias27.
FIGURA 7A, B - Jovem apresentando FIGURA 7C, D - Paciente apresentando
má oclusão esquelética de Classe II. má oclusão esquelética de Classe III. Dentre as inúmeras malformações
congênitas, descreveremos aquelas
cujas alterações comprometem prin-
cipalmente a cavidade bucal.
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Podem ainda apresentarem-se:
• unilaterais:
- direita (completa ou incomple-
ta);
- esquerda (completa ou incom-
pleta);
• bilaterais:
- completa; G H
- incompleta; FIGURA 8G, H - Fissura pré-forame mediana completa.
• medianas:
- completa;
- incompleta.
Grupo II - Fissuras trans-forame in-
cisivo: são as fissuras que englobam
o lábio superior e o palato em todo
sua extensão. Todo indivíduo que apre-
senta este tipo de fissura possui má
oclusão24,27 (fig. 9A-D). As fissuras
deste grupo podem ser: A B
• unilaterais: FIGURA 9A, B - Fissura trans-forame unilateral direita.
- direita;
- esquerda;
• bilaterais
Grupo III - Fissuras pós-forame in-
cisivo: são as fissuras que menos com-
prometem a estética, uma vez que o
envolvimento anatômico limita-se à
região posterior ao forame incisivo, mas
os problemas funcionais relacionados
a fala são freqüentes24,27 (fig. 10A, B). C D
Neste grupo as fissuras podem ser: FIGURA 9C, D - Fissura trans-forame bilateral.
• total (palato duro e mole);
• parcial (somente palato mole).
Ainda segundo a classificação de
SPINA28 há um outro grupo que com-
preende as fissuras raras da face:
Grupo IV - Fissuras raras da face
(fig. 11A, B):
1 - Fissuras Oblíquas;
2 - Fissuras Transversais;
3 - Fissuras do lábio inferior. A B
No Brasil, a prevalência de pacien- FIGURA 10A - Fissura pós-forame in- FIGURA 10B - Fissura pós-forame
tes fissurados é de 1 para cada 650 completa. completa.
indivíduos24. A literatura demonstra,
de forma unânime, que as fissuras de
palato são mais freqüentes e mais gra-
ves (extensão) no sexo feminino. Os
dados do Hospital de Reabilitação de
Anomalias Craniofaciais, da Univer-
sidade de São Paulo, não fazem exce-
ção ao revelar que, dos pacientes por-
tadores de fissura isolada de palato,
aproximadamente, 59% são do sexo A B
feminino e 41% do sexo masculino12. FIGURA 11A, B - Fissuras raras da face.
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Isto se explica pelo dimorfismo sexual
em relação ao período de fusão dos
processos palatinos.
Baseado em modelos hipotéticos de
fechamento do palato humano, alguns
autores7, sugeriram que o palato secun-
dário de embriões femininos se fecha
numa velocidade mais lenta que o de
embriões masculinos. A elevação e a
subseqüente fusão dos processos
palatinos ocorrem com alguns dias de
atraso nos embriões femininos. No em-
brião masculino, observa-se o fecha-
mento do palato secundário, durante a
sétima semana de vida intra-uterina,
enquanto no sexo feminino, este pe-
ríodo coincide com a metade da oitava
A B
semana de vida intra-uterina. Este re-
FIGURA 12A, B - Jovem portadora de disostose cleidocraniana apresentando
tardo no tempo de fechamento do pa- hipoplasia da clavícula.
C D E
FIGURA 12C - Aspecto intrabucal mostrando alteração na seqüência de erupção dos dentes permanentes. D, E - Aspecto
intrabucal - vistas laterais.
lato secundário feminino, indica uma DISOSTOSE CLEIDOCRANIANA sociada à hereditariedade, que também
maior susceptibilidade, deste sexo, aos A disostose cleidocraniana constitui pode provocar alterações ao nível da ca-
agentes teratogênicos. uma deformidade congênita geralente as- vidade bucal8,14 (fig. 12A-N). Além do si-
G
FIGURA 12F - Dentes supranumerários
observados na radiografia panorâmica;
G) Telerradiografia da mesma paciente
F denotando a protrusão mandibular.
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H I
FIGURA 12H, I - Jovem portador de disostose cleidocraniana apresentando hi-
poplasia da clavícula.
J K L
FIGURA 12J - Aspecto intrabucal - vis- FIGURA 12K, L - Aspecto intrabucal - vistas laterais denotando protrusão mandi-
ta frontal. bular e relação molar de Classe III.
N
FIGURA 12M - Dentes supranumerários
observados na radiografia panorâmica;
N) Telerradiografia do mesmo paciente
M denotando a protrusão mandibular.
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DISPLASIA ECTODÉRMICA
É uma anomalia de caráter he-
reditário caracterizada pela falta de
desenvolvimento dos tecidos de ori-
gem ectodérmica. Os portadores
desta anomalia geralmente apre-
sentam anormalidades de cabelo,
unhas, cílios, pele, dentes, face, e
glândulas anexas (sebáceas e
sudoríparas principalmente) além
de apresentarem uma aparência de
senilidade (fig. 13A-F). O fato de
ter a perspiração comprometida,
devido ao número reduzido de glân-
dulas, leva o paciente à hipertermia
com crises febris constantes duran-
te a infância que podem, inclusive, A B
proporcionar comprometimentos FIGURA 13A - Aspecto facial de um FIGURA 13B, C - Telerradiografia e ra-
neurológicos. A pele apresenta-se jovem com displasia ectodérmica e as diografia panorâmica mostrando ma-
características típicas da síndrome, xilares pouco desenvolvidos e presen-
macia, porém fina e ressecada. O como lábios protuberantes. ça de apenas dois dentes.
cabelo, os cílios e as sobrancelhas
encontram-se em número reduzi-
do 19. As principais características
intrabucais e faciais são:
• ausência total (agenesia) ou
parcial (oligodontia) dos dentes;
• dimensão vertical reduzida;
• terço inferior facial reduzido;
• ausência de osso alveolar;
• maxilares pouco desenvolvidos;
• lábios protuberantes.
C
D E
FIGURA 13D, E - Aspectos intrabucais mostrando ausência de osso alveolar e
presença de poucos dentes.
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B
FIGURA 14A - Paciente portadora de
incontinência pigmentar apresentando
assimetria facial. B - Aspecto intrabu-
cal mostrando hipoplasia e agenesia
dentária.
C D
FIGURA 14C, D - Radiografias periapicais evidenciando anomalias de forma -
dens in dens e geminação dentária.
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SÍNDROME DE RIEGER
A síndrome de Rieger de origem
hereditária autossômica dominante
displásica, caracteriza-se por sinais clí-
nicos relacionados às anomalias ocu-
lares, umbilicais e dentárias17 (fig.
15A-G). Os principais sinais clínicos
da síndrome envolvendo a cavidade
bucal são:
• anomalias de forma: talon cusp
e dentes conóides;
• anomalia de tamanho: microdon-
tia;
• agenesia total ou parcial;
• hipoplasia de esmalte;
• hipolasia maxilar;
• prognatismo mandibular. A B
FIGURA 15A, B - Paciente com síndrome de Rieger.
C D E
FIGURA 15C-E - Vistas intrabucais. Agenesias dentárias evidentes. Prognatismo mandibular e mordida cruzada anterior.
F
FIGURA 15F, G - Telerradiografia e ra-
diografia panorâmica apresentando
agenesia de vários dentes, prognatis-
mo mandibular e retrusão maxilar. G
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jovem podem expressar alterações na Locais
cavidade bucal. Os itens que constituem o grupo
Fatores nutricionais: SALZMANN23 etiológico das causas adquiridas locais
asseverou que uma falha nutritiva nas representam os fatores mais direta-
crianças em crescimento e desenvolvi- mente relacionados à cavidade bucal e
mento, provoca um retardo dos centros talvez sejam, para os ortodontistas as
de ossificação. Outras pesquisas de- causas mais importantes das más oclu-
monstraram que a deficiência de vita- sões. Portanto devem ser detectados
minas A, B, C, D, da Riboflavina e do precocemente pelo cirurgião-dentista de
Iodo podem contribuir para as más for- forma a proporcionar um adequado de-
mações esqueléticas e dentárias. senvolvimento dos arcos dentários.
C D
FIGURA 16C, D - Desvio de irrupção dos incisivos centrais permanentes como
conseqüência de um traumatismo.
B
FIGURA 16A - A figura mostra a pro-
ximidade das raízes dos dentes
decíduos com os germes dos dentes
permanentes. (Van der Linden). B -
Traumatismo dos incisivos centrais de-
cíduos com conseqüente inclinação.
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Perda prematura dos dentes decí-
duos: os dentes decíduos contribuem
para fonação, deglutição, mastigação
e estética adequadas, além de servi-
rem como mantenedores de espaços
e guias de erupção para os dentes per-
manentes. Quando perde-se prema-
turamente um dente decíduo ocorre o A B
rompimento do equilíbrio dentário pro- FIGURA 17A, B - Radiografias panorâmicas mostrando espaços insuficientes
para a irrupção de dentes permanentes.
piciando a mesialização dos dentes
posteriores, distalização dos anterio-
res e extrusão dos antagonistas. As-
sim, faltará espaço para a irrupção de
alguns dentes permanentes, determi-
nando más oclusões (fig. 17A-E).
Perda de dentes permanentes: a
oclusão dentária caracteriza-se pela
intercuspidação de um dente su- C D
perior com dois inferiores, com ex- FIGURA 17C, D - Radiografias panorâmica e periapical mostrando falta de espa-
ceção dos últimos dentes superio- ços para a irrupção de dentes permanentes por extração prematura.
E A B
FIGURA 17E - Extração prematura dos FIGURA 18A, B - Extração prematura do incisivo central superior direito e dos
1 o e 2 o molares decíduos com conse- primeiros pré-molares permanentes inferiores.
qüente perda de espaço.
A B C
FIGURA 19A, B - Retenção prolongada dos caninos decíduos superiores e irrupção FIGURA 19C - Retenção prolongada do
ectópica dos sucessores permanentes. incisivo central superior decíduo.
res e dos incisivos centrais inferio- anormal dos dentes decíduos criam
res, mantendo, desta forma o equi- uma barreira mecânica dificultando
líbrio na cavidade bucal. A perda a irrupção do dente sucessor ou des-
de qualquer um destes dentes pro- viando-o para uma posição anormal
voca alterações no posicionamento no arco dentário. Os possíveis fato-
dos demais, estabelecendo uma má res que podem causar esta alteração
oclusão (fig. 18A, B). estão associados à rizólise tardia, à D
Retenção prolongada e reabsor- anquilose do dente decíduo, à age- FIGURA 19D - Irrupção ectópica dos
ção anormal dos dentes decíduos: a nesia do sucessor permanente e a dis- segundos pré-molares inferiores com
reabsorção anormal das raízes dos
retenção prolongada e reabsorção túrbios endócrinos (fig. 19A-D). segundo molares decíduos
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A C E
F
FIGURA 20E - Radiografia periapical mos-
trando agenesia de segundo pré-molar
inferior; F - Radiografia panorâmica mos-
trando agenesia de 14 dentes.
G H
FIGURA 20 - Vista oclusal e radiografia periapical evidenciando a presença de
três pré-molares.
I
FIGURA 20I, J - Supranumerário im-
pedindo a irrupção do incisivo central
superior direito com perda de espaço
- vista frontal e radiografia periapical.
M
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A B E
C D F
FIGURA 21A-D - Paciente com quatro segundos molares decíduos anquilosados. FIGURA 21E, F - Radiografias panorâ-
mica e periapical mostrando segundo
molar decíduo inferior anquilosado, intra-
ósseo e restaurado com amálgama.
A B C
FIGURA 22A, B - Deslocamento do germe do primeiro pré-molar inferior provo- FIGURA 22C - Deslocamento do ger-
cado por um cisto - radiografias panorâmica e periapical. me do canino superior esquerdo pro-
vocado por um cisto - radiografia pa-
norâmica.
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nando a prematura reabsorção radi-
cular e esfoliação dos segundos mola-
res decíduos adjacentes. Desta manei-
ra, o espaço para a irrupção dos se-
gundos pré-molares ficará reduzida (fig.
23A-F).
Freio Labial Superior: o freio labial
superior consiste em uma lâmina fibro- E F
sa de tecido conjuntivo, com forma tri- FIGURA 23E, F - Erupção ectópica dos 1os molares permanentes inferiores.
angular. No recém-nascido, este freio 4 - Presença do supranumerário ter-se inserido por lingual, dificultando a
estende-se desde o lábio superior até mesiodente; identificação da real participação da in-
inserir-se na papila lingual, cruzando o 5 - Lesões patológicas como cistos serção fibrosa na manutenção do dias-
rebordo alveolar. Durante o desenvol- na região interincisvos centrais; tema. Surge então a discussão seme-
vimento da oclusão, a inserção fibrosa 6 - Hábitos de sucção de dedo, chu- lhante ao ovo e a galinha. Quem veio
do freio paulatinamente desloca-se para peta, lábio e interposição lingual. primeiro?
a superfície vestibular do processo GRABER12 enfatizou ainda que na Deve-se ter em mente que todos es-
alveolar, alcançando as proximidades presença de um diastema interincisivos tes fatores etiológicos do diastema inte-
do limite mucogengival6. causado por diversos destes fatores etio- rincisivos centrais apresentam sua im-
A persistência da inserção baixa do lógicos, o freio labial superior pode man- portância ao avaliarmos um paciente
A B E
FIGURA 24A, B - Microdontia e agenesia dos incisivos laterais superiores e a FIGURA 24E, F - Diastemas hereditá-
presença de diastemas interincisivos. rios.
C D F
FIGURA 24C, D - Deglutição com interposição lingual e respectivo diastema.
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durante a dentadura permanente. Nos
estágios anteriores do desenvolvimen-
to da oclusão, dentadura decídua e mis-
ta, o diastema interincisivos central
apresenta-se como característica nor-
mal e fisiológica, que segundo
TAYLOR12 está presente em 97% das
crianças durante a irrupção dos incisi- A B
vos centrais superiores permanentes. FIGURA 25A, B - Primeiros molares permanentes irrompendo na cavidade
provocada por uma cárie na face distal dos segundos molares decíduos, respec-
Com a irrupção dos incisivos laterais tivamente.
superiores permanentes esta porcen-
tagem diminui para 46% e após a ir-
rupção dos caninos superiores perma-
nentes, essa prevalência cai para 7%,
e é sobre esse número que se concen-
tram os fatores etiológicos responsá-
veis pelo diastema, anteriormente dis-
cutido (fig. 24A-H). C D
Cáries: as cáries dentárias, principal- FIGURA 25C, D - Cáries de mamadeira.
m. constrictor m .
superior da bucinador
faringe
tubérculo
faríngeo
m. articula-
dor dos
lábios
rafe ptérigo-
mandibular
A B
FIGURA 26A, B - Músculos componentes do Mecanismo do Bucinador. Fonte: GRABER,T.M.
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FIGURA 28 - Amamentação materna.
A A
A B B
FIGURA 30A, B - Sucção de chupeta e FIGURA 31A, B - Sucção de polegar e
conseqüente má-oclusão. conseqüente má-oclusão.
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tes posteriores continuam a desenvol- a atresia do arco dentário superior, cul- também de sua intensidade, duração e
ver-se no sentido vertical. Conseqüen- minando na mordida cruzada poste- freqüência (Tríade de GRABER), assim
temente, determina-se uma mordida rior uni ou bilateral. como da susceptibilidade individual de-
aberta, quase sempre restrita à região Em um levantamento epidemiológi- terminada principalmente pelo padrão de
anterior dos arcos dentários, de for- co realizado em escolares de Bauru (fig. crescimento facial26.
ma circular e bem circunscrita para o 32), constatou-se que de todas as crian-
uso da chupeta, (fig. 30A, B) enquanto ças com hábitos prolongados de sucção, Pressionamento lingual atípico
que para a sucção do polegar há uma 48% apresentavam apenas a mordida A interposição da língua entre os
inclinação dos incisivos superiores aberta anterior, 6,9% apresentavam ape- arcos dentários durante a fonação, de-
para vestibular, surgindo diastemas nas a mordida cruzada posterior, enquan- glutição e mesmo durante o repouso
entre eles, com os incisivos inferiores to 30,5% exibiam ambas as más oclu- ou postura, constitui uma anormalida-
inclinados para lingual14 (fig. 31A, B). sões. Estes dados apontam para um de funcional denominada pressiona-
O contato do objeto sugado com o grande vínculo causa-efeito existente en- mento lingual atípico. Este hábito bu-
palato desaloja a língua que se man- tre hábito de sucção e má oclusão. No cal deletério relaciona-se com a má oclu-
tém numa posição mais inferior, afas- entanto, as restantes 14,6% crianças não são de mordida aberta anterior de duas
tando-se do contato com os dentes apresentavam qualquer tipo de deformi- maneiras diferentes: o pressionamen-
póstero-superiores. Esta alteração, so- dade, demonstrando que a instalação de to lingual pode constituir a causa ou a
mada à força de sucção desempenha- alterações morfológicas não depende uni- conseqüência de uma mordida aberta
da pelo músculo bucinador, ocasiona camente da existência do hábito, mas anterior25. No primeiro caso, é classifi-
cado como pressionamento lingual
atípico primário, uma vez que determi-
nou o desenvolvimento da má oclusão.
MAA
Nestas condições a mordida aberta an-
terior exibe um formato mais retangu-
MAA + MCP lar ou difuso, podendo dela participar
não só os incisivos, como também os
MCP dentes posteriores (fig. 33A, B).
Tanto os incisivos superiores como
os inferiores podem apresentar-se in-
Normal
clinados para vestibular, com diastemas
generalizados na região anterior.
FIGURA 32 - Representação gráfica das alterações oclusais em crianças com há- O pressionamento atípico primário
bito de sucção de dedos ou chupeta. MAA: mordida aberta anterior; MCP: mordi-
da cruzada posterior. Fonte: SILVA FILHO, O.G.; GONCALVES, R.M.G.; MAIA, F.A.26
pode advir da presença de amígdalas
palatinas hipertróficas, de distúrbios
neuromusculares inerentes a algumas
síndromes, e da macroglossia.
O pressionamento lingual atípico
secundário, como o próprio nome su-
gere, ocorre em adaptação a uma mor-
dida aberta criada pelo hábito de suc-
ção, neste caso, contribuindo apenas
para manter ou agravar a alteração
A B
FIGURA 33A, B - Interposição lingual com mordida aberta anterior e posterior.
morfológica já existente (fig. 34A-C).
A B C
FIGURA 34A - Amígdalas palatinas FIGURA 34B, C - Interposição lingual e má oclusão correspondente.
hipertrofiadas.
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Interposição e Sucção Labial
Da mesma forma que para a inter-
posição lingual, o posicionamento do
lábio inferior entre os incisivos pode de-
correr de uma alteração morfológica já
estabelecida, sendo executada com o
objetivo de permitir o selamento labial
durante a deglutição. A constância des- A B
se hábito também acaba por prolongar FIGURA 35A, B - Sucção e interposição do lábio inferior.
Respiração bucal
Na normalidade fisiológica, a respi-
ração deve ser realizada predominan-
temente via nasal, para que o ar inspi-
rado chegue aos pulmões umedecido,
aquecido e filtrado. Apenas em momen-
A B
tos de maior demanda de oxigênio, FIGURA 36A, B - Características faciais de um respirador bucal.
como durante grandes esforços físicos,
estabelece-se uma respiração mista,
nasal e bucal.
Porém, diante de obstruções presen-
tes ao longo das vias aéreas, a criança
forçosamente passa a respirar através
de uma via alternativa, a cavidade bu-
cal. Os obstáculos que impedem ou di-
ficultam a respiração nasal podem lo- C
calizar-se na própria cavidade nasal, FIGURA 36C - Ausência de selamento
e lábios ressecados e partidos. D - Te-
como a hipertrofia dos cornetos, o des- lerradiografia mostrando a obstrução
vio de septo nasal, e rinites alérgicas da nasofaringe.
freqüentes; na nasofaringe, a hipertro-
fia das tonsilas faríngeas ou adenóide; dança na postura para assegurar a
ou na bucofaringe, a hipertrofia das abertura de uma via aérea bucal. Deste
tonsilas palatinas ou amígdalas. modo, a criança permanece com os lá-
A respiração bucal exige uma mu- bios entreabertos, com a mandíbula D
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deslocada para baixo e para trás, e a lín- lamento labial passivo, lábios hipotônicos cirúrgicos ou medicamentosos, a criança
gua repousando mais inferior e anterior- e ressecados, tipo dolicofacial, desequilíbrio pode continuar a respirar pela boca, numa
mente, sem contato com a abóbada pa- entre os terços faciais com predominância atitude habitual. Neste caso, a terapia fo-
latina. Estas alterações posturais favore- da altura facial ântero-inferior, narinas pe- noaudiológica torna-se imprescindível para
cem um maior desenvolvimento ântero- quenas, olheiras e aparência de cansaço, o restabelecimento da respiração nasal.
inferior da face, assim como a atresia do sugere a respiração bucal5.
arco dentário superior e a mordida aber- A presença de amígdalas hipertrófi- Agradecimento
ta anterior. cas (fig. 34A) e a obstrução da nasofa- Ao Dr. Omar Gabriel da Silva Filho,
Embora a respiração bucal correspon- ringe pela adenóide (fig. 36D), também Professor e Coordenador do Curso de
da a uma alteração funcional, o seu diag- são condições que remetem à suspeita de Ortodontia Preventiva e Interceptiva da
nóstico deve basear-se em sinais morfoló- respiração bucal, e portanto, ditam a ne- PROFIS, pela gentil cessão das fotogra-
gicos, clínicos e radiográficos, presentes na cessidade de avaliação pelo médico otor- fias sobre fissuras palatinas, pertencen-
face e oclusão do paciente. Na análise facial, rinolaringologista. tes ao acervo do Hospital de Reabilita-
a presença da síndrome da face longa (fig. Ressalta-se que mesmo após a remo- ção de Anomalias Craniofaciais da Uni-
36A-D), caracterizada pela ausência de se- ção do obstáculo respiratório, seja por meios versidade de São Paulo - Bauru.
Abstract normal habits. The subject should sions and the stability after orth-
The authors aimed to discuss the be considered most important as it odontic treatment.
factors of malocclusion showing he- permits to the orthodontists an ac-
redity and congenital causes, the curate diagnosis providing the pre- Key-words: Etiology; Malocclusion;
general and local factors and the ab- vention or interception of malocclu- Orthodontics.
REFERÊNCIAS
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 5, n. 6, p. 107-129, nov./dez. 2000 129