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e

a ação
& os sentidos

utópicos
a bolir a m erca doria
PARA TRANSFORMAR A VIDA
em odisséia

IkaRo MaxX
Avant-propos:

Aprendi com alguns dos meus queridos amigos - ainda


quando sequer éramos amigos - que separar arte & vida
é sintoma de fraqueza, covardia & decadência. Seus no-
mes? Claudio Willer, Roberto Piva, Roberto Bicelli, den-
tre outros.

O propósito deste livre-to é recordar que a poesia não-vi-


vida sempre nos retornará como um fardo, um pesade-
lo, uma página atropelada em nossas gargantas. Ou, pior
ainda, como mero livro: o que é ainda mais condenável.

Malditos são todos aqueles que nos impedem (ou tentam


nos impedir, proibir, cercear) de (vi)ver a vida como poe-
ma. São esses os verdadeiros inimigos da vida ou agentes
da morte hegemônica, os policiais de costumes, lingua-
gens & consciências.

Que todos eles se danem!


Lambe-lambe

Eu (te) lambo
Tu (me) lambes
Nós (nus) lambemos
***

Amigos, companheiros, amantes,


eu vos digo:

A vida não é mercadoria.

A vida não poderia


ou não deveria
como tal
assim ser vista ou valorada.
Vida não é algo que/pelo qual se “paga”
(como objeto de consumo, penitência moral, etc).

Não é algo que se vende ou se compra!

Tampouco é castigo, punição ou karma!

(Quem quer acreditar nisso está atado a uma


miséria eterna e a miséria sempre quer
companhia & se espalha como epidemia!)
(Quem de nós realmente pediu pra nascer neste
mundo e sob tais condições?)
Nós não necessitamos de “sobrevivência”:

tudo o que realmente queremos é que a vida


volte a ter a cor, o som, o sabor (& o saber),
a textura da aventura & do sonho em que todas
as possibilidades possam ter a oportunidade de
serem concretizadas.

A fusão real da utopia com a vida cotidiana.


A cópula do dito “possível” com o “impossível”.
(Porque, afinal de contas, se o mundo
e a forma atual de existência são produtos
históricos de uma invenção tornados hábitos &
crenças, as pessoas - num esforço consciente &
coletivo - poderão a tudo desinventar!)
Viver é uma aventura - nela encontramos todo
tipo de acontecimento, dificuldade, oportunida-
de, parcerias & amores (alguns de uma ocasião
& outras com maior permanência: mas nunca
“pra sempre” pois nenhum de nós dura esse tan-
to), viagens, descobertas, ilicitudes, desbrava-
mentos, algumas responsabilidades -
& contínua criação.

No fundo disso não existe um real motivo para


angústia ou vergonha: somos passageiros e
deveríamos realmente viver isso com profunda
e leve lucidez temperada com um pouco
de loucura, frenesi, tesão-amor & poesia.
Porque, te digo,

vale demais a pena assumir essa liberdade


como pura transição ao abraçar a imanência
com suas plurais sensações, olhar nos olhos
do outro & dizer “que sorte que estamos vi-
vendo na mesma época!”.

E seguir junto dele até onde for possível, até


onde bifurcações poderão (&, continuamente,
voltarão a) acontecer & novas descobertas
irão se descortinar.
Abolir a vida-mercadoria significa recusar-
-se a ter o que você realmente tem - o tempo,
o seu tempo existencial, de vida terrestre
mesmo - ser dobrado & domado pela ordem
da mera sobrevivência mercadológica.

Ou o que se chama fazer parte desta “civili-


zação” que esmaga a cada um não nos dando
nenhuma outra escolha ou opção (ou isso ou
a morte, a fome, a pena, o pauperismo, a ex-
clusão, o silêncio, a danação, o inferno, etc).

Oscar Wilde costumava dizer que “poucos


realmente vivem, a grande maioria só exis-
te.”
Que viver seja a epopéia definitiva para cada um
de nós & nossos encontros incinerem o senso de
pertencimento a nós mesmos.

(Que possamos “nos doar” quando, onde & a


quem quisermos sem que isso signifique nossa
diminuição, expropriação, perda de si, mas an-
tes a nossa multiplicação & o aumento de nossa
potentia & beleza. De nossa poiésis.)
Que a vida de cada ser vivo seja a sua própria
Obra de Arte.
Post-scriptum:

Optei por uma espécie de alquimia literária:

De um slogan “pós-situacionista”, “pós-revolucionário” & “provokeanartista”


- digamos - colocado em lambe-lambe para um livreto-plaquette a decisão se
deu por fazer a arte de rua com seu protesto contra os condicionamentos da
atual sociedade vampirizante & narcisicamente doente, & o comentário social
sobre como a vida foi colonizada & defecada sob as atuais condições do modo
de exploração capitalista em completa & absurda neoliberalização, perdurar
mais do que os ventos da estação ou a reatividade onipresente dos defensores
caninos da Ordem.

O tempo de durabilidade de uma mensagem como essa - com eficácia ques-


tionável, sabemos - é rápido demais & as reflexões que a sua releitura me trou-
xeram tornaram-se dignas de ser impressas, ganhar um corpo-livro & chegar
a um público - imagino que um público libertário, se me fosse possível esco-
lhê-lo.

Minha vontade de mudar as coisas começa comigo mesmo & se estende ao


mundo inteiro como eu o percebo & sinto, tanto do lado de fora quanto dentro
de mim em suas formas patológicas, germicidas & até suicidárias. É por ansiar
tanto a cura & a liberdade que sinto-me na pulsão & na potência de espalhá-las
por onde passo. Expressar-me abertamente me cura diante de mim mesmo &
dos outros. Não que eu esteja “doente”: como disse acima, é o mundo que o
está & que recusa-a à cura correndo atrás do tal infatigável & alienante mito do
“progresso” neoliberalizante.

Nada disso aqui, contudo, é pura e simplesmente uma criação “genial” minha
& pertence a tantos como pode pertencer a cada um de nós. Basta um pouco
de coragem - & de (im)paciência (haha) - para transformar nossos desejos em
ações concretas no mundo cotidiano, independentemente delas serem aceitos-
pelas massas de modo imediato ou não. Vale o desafio!

Mesmo os tais “entendidos” não entendem nada ou não entendem muito, sa-
bemos. A tal sapiência - ou erudição - muitas vezes é mais uma máscara morta
sobre uma face asfixiada.

Só os bravos vivem como desejam (& podem) viver. É dessa maneira que busco
autenticamente inspirar os outros. Não faço arte para buscar a “fama” (fútil,
aliás), mas levar & esticar ao máximo a emancipação universal.
***
Caríssimos leitores,

Com isso dito, gostaria também de deixar claro que este material é
gratuito e não estou cobrando nenhum valor para que você possa tê-lo
integralmente em sua biblioteca digital. O uso dele é totalmente livre.

Contudo, gostaria de aqui deixar em aberta a opção - para vocês - de


fazer contribuições voluntárias para nossa editora, visando a realiza-
ção de mais ações editoriais, intervenções e algum “terrorismo poéti-
co”. Podendo ser, literalmente, qualquer valor!

Exemplifico aqui algumas atividades que poderão ser possíveis de


serem realizadas a partir do montante da contribuição voluntária de
cada um(a), uma vez que esse tipo de atitude poética livre não atrai
gestões governamentais e muito menos empresas, pois somos agentes
provocadores cuja mensagem tem mesmo a intenção de perturbar o
senso comum, seus preconceitos, condicionamentos e ideologias:

* a impressão e disponibilização física de materiais como este (e outros mais)


para total distribuição gratuita!;

* a impressão de lambe-lambes, cartazes, plotters ou mesmo a veiculação de


mensagens ou propagandas poético-subversivas da Provokeativa por meios
de “publicidades” como sites na internet, outdoors, revistas, jornais, podcasts,
redes sociais ou outros meios-veículos midiáticos (sejam eles tracionais ou
mais modernos);

* a organização e realização de sarau nômade ou happenings contracultu-


rais a partir de uma estrutura que possa ser facilmente deslocada para vários
lugares nas cidades do BR (e fora): caixa de som, microfone, cabos, mesa
de som, megafones, tenda, geradores de energia, estrutura de palco e outros
equipamentos;

* a organização de sessões audiovisuais de rua (tela branca, projetor, equipa-


mento de som, etc) - seja por aluguel, seja por aquisição para não depender
de alugá-los e nos dar plena autonomia;

* a projeção de slogans e outras mensagens com a filosofia de ação provokea-


tiva em prédios ou monumentos públicos;

* o aluguel de um carro de som para leituras de poesia subversiva - ou obras da


editora e de parceiros - em lugares inusitados (cemitérios, Av. Faria Lima, Av.
Paulista, academias de ginástica, Shopping Centers, em frente ao Bovespa, etc);

* a realização de cursos-livres, conversas e oficinas com temas e lançamentos


nômades com autores e convidados;

* a organização de festas e jams musicais para integração cultural (sempre bus-


cando remunerar da forma possível e acordada a equipe, os convidados e etc,
para fortalecer a cadeia produtiva da cultura livre e independente);

* organizar pequenos festivais para editoras pequenas e independentes e fazê-


-los circular (seja em lugares públicos ou privados como festivais caseiros, de
apartamento, em praças, etc);

* dinheiro para um bom advogado pro caso de dar alguma merda! (rss)

E por aí vai - é só o começo!

***

Como podem perceber, a grande maioria dessas ações - para uma na-
no-editora como a nossa - é difícil (ou impossível) de se realizar sem
recursos ou estrutura mínima ($$$). Para fazer com que essas - e ou-
tras - ideias sejam possíveis na realidade o único caminho - se não por
meio de editais, muitas vezes viciados - é o fortalecimento por parte de
apoiadores da sociedade civil.

A nossa chave PIX para as doações que farão isso - e muito mais - acon-
tecer é essa aí abaixo (se possível identificar como doação) :

provokeativaebooks@gmail.com

Agradecemos imensamente por sua fé e generosidade!

IkaRo MaxX
para acompanhar o planejamento e realização
de nossas ações, acompanhem esses perfis
(por ora, no Instagram):

@provokeativa
@loja.provokeativa
@ikaromaxx

esse livreto-plaquette foi deliciosamente


escrito, composto & editado
no dia 28 de janeiro de 2023

na casa em frente à praça


Laerte Garcia Rosa
(Jardim Rizzo - São Paulo/SP)

ao som de:

* Marquee Moon (Television) -


em homenagem ao Tom Verlaine que se foi hoje
* Funhouse (The Stooges)
* Tago Mago (Can)
Outras obras do autor:

* Diá rio- sa cola de um j ovem p oeta bêba do sem um futuro p rom issor
( indep endente- 2000)

* Reiki de um hom em - bom ba ( indep endente- 2002)


* Prelúdios em si bem ol ( heterônim o: Verso Linha res/indep endente- 2004 )
* Um cristo cusp ido no esp elho do século ( edita l- 2006)
* Le fa ntôm e de Ma ldoror ( indep endente- 2008)
* Nã o- a utoriza do ( indep endente- 2009)
* Overdose a m or ( indep endente- 2010)
* Vida nua ( heterônim o: Willia m Fa kfa /indep endente- 2014 )
* SALIVA ( indep endente- 2015)
* Uive q ua ndo se sentir eterno ( indep endente- 2016)
* Vídeo- Crise ( video- colla g e- 2017)
* A a rte da subversã o ( Cintra /Arc Edições- 2019)
* Full Foda - se ( co- a utoria com Rog er Tieri: Córreg o/Provokea tiva - 2019)
* Ina ca ba da Música ( heterônim o: John Ono/Provokea tiva - 2020)
* Ode a Lorca & outros p oem a s ( Mocho Edições- 2020)
* 68 teses p rovokea tiva s à fa vor da a rte- vida & contra form a s & j uízos
fa scista s, conserva dores & fa lsos m ora lista s ( Provokea tiva - 2021)
* Ma nifesto Bra sil século XXI em tem p os de fa scism o & p a ndem ia
( Provokea tiva /Jorna l Meta m orfose- 2021)

* Lóki- down ( Provokea tiva - 2021)


* Org ia de unicórnios ( Córreg o- 2022)
* Dia blo ex- m a china ( Provokea tiva - 2022)
* Ca rta a berta de um p oeta a um g enocida ( Provokea tiva - 2022)
* Dem ônios em redem oinho ( co- a utoria com Rita Medusa /Rog er Tieri: Provokea tiva - 2019)
* LibertIm a g em ( Provokea tiva - 2023)
Gostaria de agradecer e dedicar essa obra a algumas pessoas em especial:

A minha filha Bianca por ser a pessoa incrível que é e cada dia se torna mais;

Ao Caboclo Caiçara; aos meus amigos Cezar Sturba, Manassés Di & Hallan Barba;
a Karina Antas (pelos rolezinhos em JP! Obrigado, amor!)

Ao quadrinista-doidão Fábio Cobiaco & a María Valentina pelo acolhimento &


conversas durante nossa convivência no Butantã (ao Thiago por salvar!);

Ao Petrus (pelo acolhimento em momento tão delicado!);

Ao Ravi Tewari por sempre me chamar pra rolês & não reclamar da minha falta de
grana!;

Aos queridos poetas & artistas (vai faltar gente, mas haverão outros trabalhos &
oportunidades): Marina Ruivo, Lia Petrelli, Beth Brait Alvim, Ian Uviedo, Rodri-
go Qohen, Jeanne Callegari, Shirlene Holanda, Clara Baccarin, Karyanne, Flora
Miguel, Marília Calderon, Juliana Ben, Cátia Cernov, Tupy, J. Lee Aguiar, Benedito
Bérgamo, Diego Monteiro, Fabiano Fernandes Garcez, Ademir Assunção, Vitor
Miranda, Ira Rebella, Renato Canova, Sérgio Ravi Rocha, Diogo Cardoso, Élvio
Fernandes, Leonardo Chagas, Pedro Dziedzinski, Marcus Vinícius Beck;

Ao movimento na UTI Neomarginais e à Gangue Willeriana; a tod@s @s rebeldes!

Aos editores Gabriel Kolyniak (Córrego), Luís Perdiz e Macaio Poetônio (Prima-
ta), Pedro Schwarcz (Cia das Letras), Marcelo Torres e Carlos André (Clóe), Diego
El Khouri (Merda na mão), Pedro Spigolon e Alberto Lins Caldas (Intempestiva) e
todos os independentes do BR & do mundão;

Ao Projetemos nos nomes de Felipe Spencer e Mozart;

Ao meu parceiro de editora Roger Tieri;

A Renata D’Elia e toda equipe (e participantes) que fez parte do Willer Cursos;

A todo mundo que tenho conhecido ultimamente e me tem dado carinho, atenção,
afeto, tesão, acolhimento, aprendizado, dinheiro e reconhecimento de algum modo.

Dedico ao Claudio Willer, eterno professor e um dos poetas mais importantes &
influentes que já tive o prazer de conhecer & conviver: INHU, eterno Willer!

In memorian de Ludai Magalhães (amor eterno).


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