Paul Kennedy, Capítulo 2, “A Tentativa de Domínio dos Habsburgos,
1519-1659”, in: Ascensão e Quedas das Grande Potencias:
transformação econômica e conflito militar. Tese do autor: “As lutas de poder dentro da Europa contribuíram para a sua ascensão econômica e militar sobre outras regiões do mundo” (p. 39) ? Algum Estado europeu conseguiu acumular recursos suficientes para ultrapassar os demais e dominá-los? Entre 1519 e 1659, os Habsbusgos quase conseguiram se tornar hegemônicos nos campos da política e da religião no continente. Em 1519: Carlos V se torna Imperador do SIRG; Em 1659: uma coalizão de Estados europeus consegue deter a hegemonia dos Habsburgos sobre o continente e restaurar o equilíbrio de poder entre as “grandes potências” (blocos dinástico-militares) que impede que apenas um Estado se torne o “Senhor da Europa”. Segundo Paul Kennedy, será da coalizão de Estados europeus formada contra a hegemonia dos Habsburgos e, vitoriosa em 1659, que teremos a “pluralidade da Europa” (base de sua força extracontinental e para o mundo): um sistema político de 5 ou 6 Estados importantes e outros menores o qual fundamenta o equilíbrio de poder no continente, rompido a posteriori apenas por Napoleão Bonaparte e por Adolf Hitler. Outra “tese” (argumentação) do autor: “As guerras dos séculos XVI e XVII foram diferentes das guerras anteriores a 1500” (p. 39): - foram campanhas militares que visaram o predomínio da Europa; - foram diferentes em grau e em gênero: mais intensas e mortíferas; e anti-hegemônicas (envolveram uma disputa pelo domínio continental: as guerras/batalhas entre França e Espanha foram travadas na Itália; Batalha de Pávia , 1525 guerras entre cavaleiros germânicos + franceses + protestantes versus Papa e Carlos V foram travadas no Império) em contrate com as guerras e conflitos localizados durante a Baixa Idade Média: entre os estados italianos; entre França e Inglaterra; incursões imperiais e papais. A Reforma protestante e a Contra Reforma Católica acrescentaram outras motivações às disputas dinásticas do continente, tornando os conflitos mais violentos e introduzindo uma nova dimensão as rivalidades. Uma verdadeira “fratura” da cristandade e inúmeros europeus arrastados para uma luta transnacional, segundo P. Kennedy, no continente sobre doutrina religiosa. Por casamentos, heranças e conquistas: a casa habsburgo a partir de 1500 A casa de Habsburgo formou uma rede de territórios que se estendiam de Gibraltar à Hungria; da Sicília à Amsterdam, além das colônias americanas, superando o SIRG de Barbarosa e até mesmo o Império Carolíngeo. Há 700 anos não se via na Europa esta possibilidade de unificação. Tais conquistas dos Habsburgos geraram um padrão mais generalizado e mais interligado para a guerra. Havia rivalidades tradicionais entre Estados europeus. ? Os Habsburgos superaram estas rivalidades? ? Poderiam os Habsburgos se alicerçarem na “Era Vasco da Gama” e obter recursos para construírem um império uniforme e centralizado como era o chinês da dinastia Ming?
O que impediu a sequencia de
crescimento do poder Habsburgo na Europa? Segundo P. Kennedy, as rivalidades das dinastias combinadas com as Reformas protestantes impediram este processo... Carlos V está entronizado e cercado por seus inimigos (a sua esquerda): Solimão, o Magnifico , o Papa Clemente VII, Francisco I Valois, (à sua direirta): os Duques de Cleves, da Saxonia e o Landgrave de Hesse. Os vários fronts dos Habsburgos: 1. as sucessivas tentativas francesas de expansão no norte da Itália e ao sul dos Países Baixos (1519, 1525, 1529 e nas décadas de 1530 e 1540); 2. O cerco do império Turco-Otomano (Solimão, o Magnífico) ao Sacro Império Romano-germânico herdado por Carlos V desde 1519; 3. o embate entre os príncipes protestantes alemães e Carlos V Rivalidades dinásticas de Carlos V e Felipe II: - 1540: Príncipes protestantes germânicos; - 1566: Holanda calvinista; - 1588: Inglaterra anglicana; + Reformas: “os zelo religioso faz os homens lutarem quando antes poderiam inclinarem-se a concessões” (p. 43) Conflito franco-espanhol (Carlos V e Francisco I e seus sucessores) 1515 1525 1529 Décs. de 1530/40/50 -Francisco I se torna Carlos V ocupa Paz de Cambrai (paz 1537: Francisco I Rei da França; Genova; das duas damas: ocupa Savoia e Turim; -Francisco I derrota os Vitória habsburga na Francisco I renuncia 1538: Trégua de Nice suíços em Marignano Batalha de Pávia: aos domínios entre Carlos V e e ocupa Milão; (prisão de Francisco I) italianos, a Flandress e Francisco I; -1521: Inicio da guerra e o Tratado de Madrid Artois e Carlos V 1542: Nova fase da entre Carlos V e (Milão e Borgonha); renuncia a Borgonha guerra entre Carlos V Francisco I (a guerra - 1526: Liga de ); e Francisco I; italiana de 1521-26) Cognac: (Papa Tratado de Barcelona 1543: Aliança secreta -Tratado de Bruges Clemente VII de entre Carlos V e o entre Carlos V e entre Carlos V e Medici, Inglaterra, Papa Clemente VII; Henrique VIII Henrique VIII e o Papa Veneza, Firenze e 1535: Acordo entre (intervenção na Leão X: acordo contra Francisco I); Francisco I e Solimão I França em 1544 pelas Francisco I; -Luísa de Savoia, mãe - Carlos V conquista a duas potências); -1522: Carlos V invade de Francisco I envia Tunísia; -1556: Felipe II se Milão e vence a um emissário a Retomada do conflito torna Rei da Espanha batalha de Biccoca; Solimão; entre Carlos V e Retomada da guerra -1524: Francisco I 1527: o Saque de Francisco I entre Espanha e reocupa Milão; Roma; Carlos V anexa Milão; França; -Tratado de Os Habsburgos 1559: Paz de Cateau- Westminister entre atacam a Provance; Cambrésis; Francisco I e Henrique França ocupa Savoia; Revolução Militar: - A força das armas de fogo supera a dos combatentes; - cavalaria, quadrados de piques e infantaria, vulneráveis à artilharia: com canhões e mosquetes; - frente a carga de cavalaria só se pode disparar 1 vez (1 tiro a cada 2 min.) até que o impacto dos cavalos se faça sentir. Os piqueiros continuam armados para proteger os mosquetes; - Em 1590/1600, o Exército da República das Províncias Unidas introduziu 1 novidade tática: inspirada no Exército romano - manter uma linha de fogo continua para frear o inimigo em suas posições: 10 linhas de mosquetes, cada uma abre fogo e retrocede. Quando a décima atira, a primeira recarrega. (esta técnica foi adotada por Gustavo Adolfo II) Quatro inovações da Revolução Militar do século XVI: 1. o desenvolvimento no mar do tiro de canhão embarcado/fixado no navio; 2. o aparecimento do mosquete que sustenta o fogo da artilharia; 3. o crescimento dos efetivos militares empregados nas batalhas; 4. o surgimento da “fortaleza de artilharia”, ou de cidades e praças fortificadas.
A guerra se afasta de sua essência medieval e
adquire uma dimensão politica: a instituição progressiva de exércitos, formados por soldados treinados, inicialmente mercenários e depois voluntários, numerosos, disciplinados, a serviço do Estado que se organizam em função da guerra que estende o conflito até os mares e, projetam a sua rivalidade sobre outros continentes... O Legado dinástico dos Habsburgos e os recursos arrecadados a partir das seguintes fontes: - Castela: reino governado diretamente, impostos regulares, laicos e religiosos; - Estados Italianos e Países Baixos: Capital móvel, fruto de atividades mercantis e financeiras; - América Espanhola: o quito da prata e do ouro, impostos sobre o comércio entre metrópole e colônia, tarifas aduaneiras, impostos da Igreja no Novo Mundo;
Estes impostos indiretos e atividades
mercantis geravam mais recursos sobre a renda e criavam um lastro para os empréstimos do monarca junto aos banqueiros cujas principais casas se localizavam no sul da Alemanha (Fugger), na Antuérpia e na Itália. Funções do capital vivo + o crédito para os Habsburgos: - Equipar as frotas de combate ( a armada espanhola); - manter topas regulares e controlar soldados mercenários; - sustentar a base da força militar dos Habsburgos (artilharia teinada na Espanha, o Tercio espanhol – 1 formação de infantaria do Exército espanhol de 300 lanceiros (ou piqueiros), espadachins, arcabuzeiros treinados para se apoiarem mutuamente. A ruidosa política econômica da Espanha XVI/XVII. - Não havia unidade fiscal nos domínios dos Hasburgos: Castela era a “vaca leiteira” do sistema tributário espanhol ; - Tributos como a Alacabala (imposto de 10%), tarifas aduaneiras, receitas extraordinárias tendiam a recair todos sobre o comércio, espalhando desta forma pobreza e o descontentamento e contribuindo para o despovoamento (emigração). - impostos sobre os alimentos; - A prata americana entre 1560 e 1630 (auge) constituiu ¼ a 1/3 da renda de Castela; - A Contra Reforma e as muitas guerras dos Habsburgos estimularam os elementos militares e religiosos da sociedade espanhola, enfraquecendo simultaneamente os setores comerciais e produtivos; A ruidosa política econômica da Espanha XVI/XVII. - não se incentivava o artesanato e o comércio interno, inclusive a indústria de armamento era precária; - excesso do rigidez dos monopólios internos (gildas e corporações de ofícios); - o privilégio da mesta (guilda dos donos de carneiros) que possibilitava que os carneiros pastassem por todo o reino, prejudicava o desenvolvimento da agricultura; - Uma economia dependente das importações inglesas de manufaturados e de uma gama de serviços, proporcionados por não espanhóis: genoveses, portugueses e flamengos; - Esta dependência estrangeira se estendia também para o transporte de mercadorias nos portos espanhóis: ¾ das mercadorias dos portos eram transportadas em navios holandeses em plena guerra contra as Províncias Unidas. A ruidosa política econômica da Espanha XVI/XVII: - desequilíbrio da balança comercial + insolvência crônica do Estado (reequilibrada apenas temporalmente com a reexportação do ouro e da prata americana); - “A enchente de metais preciosos das Índias, era para a Espanha, como chuva no telhado – caia em quantidade, mas perdia-se toda”