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10 de Setembro de 2022
Índice
1) Inferência e Relações Lógicas
..............................................................................................................................................................................................3
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Gabriela Batista da Silva
Aula 12
NOÇÕES INICIAIS
Fala aí, pessoal! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Nesta aula, temos um grande desafio: finalmente entender as questões de interpretação da FGV de uma
forma clara o suficiente que permita prever e acertar o que virá na nossa prova. Muita gente odeia a FGV,
por achar que as questões são arbitrárias ou sem cabimento, alguns inclusive optam por nem estudar
profundamente o edital de Português por achar que "não vale a pena", "vou errar de qualquer forma".
Calma! Calma! Não é bem assim!
É bem verdade que a FGV elabora questões difíceis, com uma linguagem própria e desafiadora, e muitas
vezes "entubou" nos alunos gabaritos muito controversos ou notoriamente incorretos. No entanto,
observando a banca nos últimos anos, podemos perceber que o maior desafio é realmente conhecer os
"modelos" e a "forma de cobrança", traduzir os enunciados e descobrir qual é o cerne das questões, muitas
vezes oculto por um enunciado nebuloso.
A FGV "oculta" em suas questões conhecimentos profundos de lógica, argumentação, semântica, linguística
e pragmática. Por exemplo, no edital pode aparecer apenas "texto argumentativo" ou até "tipologia textual",
mas, nas questões em si, ela vai exigir conhecimento de "silogismo, método dedutivo, indutivo, analogias,
estratégias argumentativas, falácias", entre outros temas específicos, e isso vai aparecer de maneira bem
vaga nas alternativas.
Por outro lado, resolvendo um bom número de questões e observando os conceitos mais recorrentes,
começamos a achar as questões mais "familiares", como ocorre com as demais bancas.
Em suma, quero dizer que é sim possível "mapear" a FGV e acertar a maior parte das questões com algum
nível de previsibilidade, desde que façamos uma preparação detalhada e específica para ela. Somente
estudando com foco na banca, com entendimentos e teorias próprios da banca, é que vocês finalmente
conseguirão tirar essa "pedra no sapato".
Venham comigo; ao final desta aula, vocês certamente vão achar o "inimigo" muito menos apavorante do
que antes. Vai valer muito a pena!
INFERÊNCIAS
Quando estudamos "interpretação de texto", aprendemos que há questões mais diretas, mais literais, cuja
resposta repousa numa mera consulta à literalidade do texto; esse tipo de questão é chamado didaticamente
de "questão de recorrência ao texto" ou de "compreensão do texto", justamente por ser normalmente
resolvida com uma leitura mais superficial do que está explícito. Basicamente, o aluno só precisa encontrar
uma "paráfrase", isto é, uma reescritura de parte do texto, com outras palavras, mas sentido notoriamente
equivalente ao da alternativa ou item analisado.
Exemplos de questões de "recorrência"
FGV / PREF. MANAUS / 2022
“Os mais preciosos ingredientes de uma refeição são as pessoas que a compartilham.”
Segundo esse pensamento, a melhor coisa de uma refeição é(são)
(A) a companhia que está conosco.
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a dedução é um tipo de inferência. De uma informação A se extrai uma informação B. Para fazer essas
deduções, é preciso analisar "relações lógicas" diversas, que dão fundamento, sentido, legitimidade,
coerência às afirmações que são feitas. Aqui, associamos a lógica e a argumentação.
De forma cotidiana, menos técnica, chamamos as opiniões de "argumentos", os fundamentos de "tese" ou
até misturamos os conceitos, chamando qualquer ideia apresentada de "argumentação". Conceitualmente,
de forma rigorosa, "tese" é uma proposição, é uma ideia, uma opinião; "argumento" é o fundamento, a
justificativa, o embasamento lógico que sustenta essa ideia. Argumento é uma afirmação que serve de
suporte/base/fundamento para uma outra. Então, "tese" + "argumento" é basicamente "opinião" +
"justificativa".
Resumindo, o processo argumentativo que vai aparecer em nossa prova é oferecer uma tese e algum tipo
de sustentação a ela, para que o leitor concorde com a tese, para que este chegue "à mesma conclusão" do
orador/argumentador ou que reconheça que a tese é razoável, lógica, fundamentada na razão. Raciocínios
adequados dão coerência e consistência às cadeias de pensamento.
As "relações lógicas" que embasam uma conclusão são infinitas, mas podemos citar como as mais
==1520f==
RACIOCÍNIO DEDUTIVO
O raciocínio dedutivo é aquele que parte do geral para o particular (esse conceito despenca em prova!). De
uma regra geral, é possível extrair uma conclusão a respeito de um caso específico. Normalmente, vai
aparecer com uma estrutura lógica chamada de "silogismo", composta por duas premissas e uma conclusão.
Vejamos exemplos da própria FGV:
Todo carioca é brasileiro.
João é carioca.
João é brasileiro.
A proposição "Todo carioca é brasileiro" traz uma regra geral "todo"; a proposição "João é carioca" é o caso
particular em análise; " João é brasileiro" é a conclusão particular extraída do raciocínio, que partiu de uma
regra geral. A conclusão válida deve decorrer das premissas, assumidas como verdadeiras. Vejamos mais
um exemplo:
Todos os que têm febre estão doentes.
João tem febre.
João está doente.
Nessa relação lógica, podemos subentender um "se —> então": SE "Todos os que têm febre estão doentes"
e "João tem febre"; LOGO/ENTÃO: "João está doente".
Agora, cuidado: muitas vezes temos problemas no raciocínio dedutivo, que vão acarretar uma conclusão
inválida. Um dos erros mais comuns é confundir a regra geral com seu inverso. Como assim? Observe:
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Todo carioca é brasileiro (todo A é B), mas isso não implica o seu contrário: Todo brasileiro é carioca (todo B
é A). Temos brasileiros que não são cariocas, como mineiros, gaúchos, baianos. Basta que algum/pelo menos
um brasileiro não seja carioca para invalidar o raciocínio.
Isso é o que a lógica chama de condições suficientes ou necessárias. Ser carioca é condição suficiente para
ser brasileiro, basta ser carioca para estar contido no conjunto dos brasileiros. No entanto, não é condição
necessária, pois é possível ser brasileiro sem necessariamente ser carioca.
Vejamos outro exemplo de conclusão inválida:
Se há rosas, então há espinhos.
Há espinhos.
Logo, há rosas.
Haver rosas é suficiente para haver espinhos; mas haver espinhos não necessariamente implica haver rosas.
Pode haver espinhos de outra fonte. Parece óbvio aqui, mas isso aparece recorrentemente em questões
incorretas. Veja:
(FGV- SEDUC AM)
Todo supermercado vende refrigerante
Meu posto de gasolina vende refrigerante
Meu posto de gasolina é um supermercado
Temos um erro de raciocínio, isto é, uma falácia. Todo supermercado vende refrigerante, ok. Mas será que
todo local que vende refrigerante é um supermercado? Logicamente, não!
Guardem isso ao analisar o método dedutivo: todo A é B, mas nem todo B é A.
Vejamos aqui outros exemplos de raciocínio dedutivo, todos de provas recentes da FGV:
Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar também;
Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter chovido durante toda a noite;
A torcida do Corinthians está presente em todos os jogos; domingo não deve ser diferente;
Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o meu automóvel enguiçou ontem.
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RACIOCÍNIO INDUTIVO
O raciocínio indutivo é aquele que vai do particular para o geral (esse conceito despenca em prova). De um
ou alguns eventos específicos, é possível extrair uma conclusão a respeito de um caso geral. O mecanismo
básico é generalizar uma observação de casos particulares.
O cobre conduz eletricidade.
O ouro conduz eletricidade.
A prata conduz eletricidade.
Os metais conduzem eletricidade.
Observando alguns metais em particular que conduzem eletricidade, chega-se à conclusão de que todos eles,
em geral, conduzem eletricidade.
Observem exemplos corretos da própria FGV:
(FGV- TRT SC- Analista / 2017) Analise o seguinte raciocínio:
Observando alguns turistas brasileiros, deduzimos que os sulistas são mais ricos que os nordestinos.
Esse raciocínio é do tipo indutivo (do particular para o geral); a inferência realizada é fruto da
generalização
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“O livro de Laurentino Gomes sobre a escravidão é de dimensão agradável e de preço acessível, por
isso deve vender bastante."
O hospital Getúlio Vargas atendeu ontem um número excessivo de emergências e enfrentou as
dificuldades oriundas da falta de pessoal, mas, na verdade, os hospitais públicos, em todas as grandes
cidades, estão passando por isso;
Contudo, o raciocínio indutivo, justamente por se basear num mecanismo generalizante, poder apresentar
falhas que invalidam a conclusão: a generalização indevida e a criação de estereótipos. A indução malfeita é
fonte de julgamentos e preconceitos. A falácia da generalização excessiva/indevida/apressada ocorre
justamente porque a conclusão vai se basear numa amostra não representativa, por ser pequena ou
específica demais.
Vejamos:
Ex: Sua tia no jantar diz: "Seu primo passou no Banco do Brasil estudando apenas com apostila da banca
de jornal; logo, todos podem passar em concurso público sem fazer um preparatório".
Será que esse primo isoladamente é suficiente para criar uma regra universal? Será que representa a
realidade dos concurseiros em geral? Evidentemente, não! Aqui temos uma generalização indevida.
Ex: Um gato me atacou do nada quando eu era criança; logo, gatos são traiçoeiros e agressivos.
Novamente, percebam que o exemplo isolado gato, baseado na experiência pessoal, anedótica, não
representa de forma alguma uma regra geral; muito pelo contrário, é fato que a maioria dos gatos é dócil.
Aqui temos novamente uma generalização indevida que invalida a conclusão.
Já a criação de estereótipos pode ser percebida nos rótulos, nos arquétipos, nos modelos de comportamento
ou características de certos grupos, que muitas vezes até se consolidaram numa visão cultural difundida, mas
que não são necessariamente verdadeiras:
Ex: Os japoneses são inteligentes.
Ex: Os cariocas surfam e gostam de samba.
Ex: Os americanos são ricos.
Ex: Os italianos falam gesticulando muito.
Ex: As mulheres são intuitivas e os homens são práticos.
Observem que as sentenças acima representam generalizações, mas por configurarem uma rotulação de
grupos específicos, recebem o nome específico de "estereótipos".
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(E) As eleições são o ponto mais alto do processo democrático; as próximas vão ser ferrenhamente
disputadas.
Comentários:
O raciocínio indutivo parte do particular para o geral; então, devemos procurar um evento/comentário/fato
específico que servirá de base para uma conclusão supostamente aplicável a casos gerais.
(B) Um filme de terror como este (específico) pode causar impactos graves em pessoas mais sensíveis, daí
ser bom (pessoas em geral) evitá-los.
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(Se este filme específico causa impactos em pessoas específicas >> então é bom todo mundo evitar)
Nas demais opções temos raciocínio dedutivo, partindo do geral para o particular.
Os turistas em geral; os livros em geral; os novos celulares em geral; as eleições em geral...
Gabarito letra B.
FGV / PC-AM / 2022
O raciocínio abaixo é construído a partir de uma estratégia:
“Examinando as jabuticabeiras de seu terreno, chegou à conclusão de que o melhor seria contratar um
engenheiro agrônomo que pudesse auxiliá-lo no controle de pragas”.
A estratégia utilizada pode ser explicada do seguinte modo:
(A) vai do particular para o geral.
(B) parte do todo para as partes.
(C) estabelece uma relação de causa e efeito.
(D) se fundamenta em experiências pessoais.
(E) cria uma analogia entre ideias.
Comentários:
Aqui, temos um raciocínio indutivo: vai do particular para o geral.
Examinando as jabuticabeiras de seu terreno (o terreno específico dele e, ainda, árvores específicas desse
terreno)
Concluiu que o melhor seria contratar um engenheiro agrônomo que pudesse auxiliá-lo no controle de
pragas (controle de pragas em geral, das árvores em geral do terreno)
A banca pede a estratégia para o raciocínio.
(B) Incorreto. Não há relação saindo do todo para as partes.
(C) Incorreto. Não uma relação de causa e efeito, mas sim uma inferência indutiva.
(D) Incorreto. De fato, se fundamenta em uma de suas experiências pessoais, mas essa não é a estratégia.
(E) Incorreto. Não cria uma analogia entre ideias, pois não há comparação.
Gabarito letra A.
CAUSALIDADE
A relação de causalidade é mais conhecida como relação "causa-efeito". A causa é um evento
cronologicamente anterior que gera um resultado. O efeito, ou consequência, é o evento cronologicamente
posterior que decorre necessariamente do anterior, ou seja, da causa. O fato A (causa) faz com que o fato B
(consequência) ocorra. Existe não só uma relação de antes e depois, mas também uma decorrência
obrigatória, uma dependência necessária entre os eventos: a causa é condição para a existência do efeito.
Vejamos exemplos de relação causa-efeito:
Ex: A rua está molhada, porque choveu.
A chuva foi o evento anterior que gerou a água, que então molhou o chão. O chão molhado é resultado
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decorrente da chuva.
Ex: Como a batida foi forte, carro ficou destruído.
O que destruiu o carro? O impacto da forte batida. A destruição é consequência de um evento anterior: a
batida. Um gerou diretamente o outro, então temos relação de causalidade.
Ex: Devido à crise no comércio mundial, o Brasil exportou menos.
O que fez o Brasil exportar menos? Uma crise no comércio mundial, do qual o Brasil faz parte. Então, a
redução no comércio mundial acarretou a redução no comércio brasileiro.
A FGV cobra recorrentemente essa relação, observe como aparece em prova:
A Polícia Militar chegou e o bandido ficou com medo
Ficou com medo porque a PM chegou! Observe que a conjunção "E" aqui introduz a consequência.
“Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país decreta emergência”.
Egito decretou emergência porque houve 44 mortes! Observe que a conjunção "E" aqui introduz a
consequência.
“O sentimento de vingança é tão agradável, que muitas vezes o homem deseja ser ofendido para poder
se vingar”
O homem deseja se vingar porque a vingança é agradável. Aqui temos o clássico "que" conjunção
consecutiva, atrelada a um elemento intensificador "tão".
“Se reforma for adiada, direitos serão perdidos”
Aqui, a causa é hipotética e o efeito dependente de uma condição. Mesmo assim, em sentido amplo, temos
também uma relação causa-efeito. Os direitos serão perdidos por causa do adiamento (caso haja).
“...o uso de variedades de fumo geneticamente selecionadas para reduzir o pH da fumaça, o emprego
de papel mais poroso e filtros com mais perfurações, / tornaram menos aversivas, mais profundas e
prolongadas as inalações...”.
A inalação ficou menos aversiva porque foram utilizados fumos selecionados com menor acidez na fumaça
e melhores filtros! Observe não há um conectivo expresso introduzindo a oração com a consequência.
EXPLICAÇÃO
Na prática, a explicação é basicamente a justificativa para um comentário, um esclarecimento que sustenta
uma afirmação anterior. Aprendemos no estudo das conjunções que, geralmente, a oração explicativa vem
após um verbo no imperativo:
Ex: Leve um guarda-chuva, pois vai chover.
Ex: Estude muito, que a prova será difícil.
Isso guarda estreita relação com a teoria da argumentação, em que temos "tese" (opinião/afirmação/ideia)
+ "argumento" (justificativa/sustentação lógica da ideia). Após fazer uma afirmação, muitas vezes há
necessidade de justificar ou esclarecer o que foi dito.
A explicação pode tomar outras formas sintáticas, temos diversos termos explicativos em nossa gramática:
Ex: Putin, o presidente da Rússia, invadiu a Ucrânia. (aposto explicativo- revela quem é Putin)
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Ex: Ele só tinha um arrependimento: não ter investido nas amizades. (oração apositiva - lembrem: o
sinal de dois-pontos tem a função de anunciar um esclarecimento)
Ex: O carro elétrico, que não depende de gasolina, tornou-se muito popular. (oração adjetiva
explicativa- acrescenta um informação acessória em relação ao carro elétrico)
EXEMPLO
O exemplo tem a função textual de tornar concreta uma ideia mais abstrata. Já notaram como o exemplo
ajuda muito tornar os assuntos mais próximos e factíveis? Vejam um exemplo cotidiano:
Ex: Nossa oferta de emprego envolve muitos benefícios!
Ex: Faculdade não é importante, muitos milionários abandonaram a faculdade.
Ok... Quais? Quem? Ficou abstrato... Vejam como tudo fica mais claro e concreto com exemplos:
Ex: Nossa oferta de emprego envolve muitos benefícios, como, por exemplo, vale-refeição, vale-
alimentação, cartão corporativo, bônus de eficiência, plano de saúde, plano odontológico.
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Ex: Faculdade não é importante, muitos milionários abandonaram a faculdade, como Bill Gates, Steve
Jobs e Eike Batista.
Por isso se diz que o exemplo "concretiza" uma tese e serve como estratégia argumentativa. Trata-se de um
caso particular citado para comprovar uma tese. Vejam como caiu em prova:
Ex: “Certos gêneros de filmes (os filmes de terror ou de ficção científica, por exemplo) criam um grande
estresse no espectador.”
As formas gramaticais mais comums para indicar exemplos é o "como" e o "por exemplo".
ANALOGIA
A analogia é uma forma de comparação, mas específica, porque oferece situações em domínios diferentes
para ilustrar um ponto em comum. A analogia permite uma conclusão a partir de casos semelhantes ou
correspondentes. Esse raciocínio é muito utilizado na medicina, por exemplo:
Ex: João teve febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga e vermelhidão. Estava com dengue.
Maria teve febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga e vermelhidão. Logo, está com dengue.
A grande semelhança dos casos permite uma conclusão semelhante. Se os elementos parecidos forem
poucos, se a semelhança não for significativa, ou se as situações forem até diferentes, teremos uma falácia
de analogia indevida. É o que ocorre no exemplo abaixo:
Ex: João teve febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga e vermelhidão. Estava com dengue.
Maria teve febre e corrimento. Logo, está com dengue. (analogia fraca/indevida)
Ex: Os pássaros voam; morcegos voam. Logo, morcegos são pássaros. (analogia fraca/indevida)
Vejamos exemplos de prova:
Ex: Aquele casamento era uma prisão sem progressão de regime.
Aqui, há a comparação entre um casamento e um regime de privação de liberdade, o ponto em comum é a
ausência de liberdade ou perspectiva de redução da pena.
Ex: “Se o átomo fosse do tamanho de uma bola de futebol e seu núcleo estivesse no Cristo Redentor, no
Rio de Janeiro, os elétrons estariam em órbita em Salvador. Por isso somos formados por espaços
vazios.”
A semelhança repousa na ideia de distância, os "espaços vazios". A distância entre núcleo e elétrons está
para a distância entre Rio e Salvador.
Ex: A inteligência é como ferro: sem usar, enferruja.
A primeira parte é uma analogia, compara inteligência e ferro. Depois vem a explicação da imagem: ambos
enferrujam se não forem usados.
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A função de mencionar que o cão viu sua própria imagem na água é explicar/justificar seu ato seguinte:
abandonar o pedaço que tinha na boca. Em suma, é explicar o motivo de o cão soltar o pedaço e perder seu
almoço: justificar outra ação da narrativa.
Cuidado, sintaticamente, a oração é adverbial temporal. Indica tempo, mas sua "função" no texto é mais do
que indicar um momento, e sim explicar a confusão que o animal fez. "Função no texto" remete ao papel
argumentativo, lógico, não apenas o sentido isolado da expressão.
Gabarito letra D.
FGV / PREF. MANAUS / 2022
“Bem-aventuradas as pessoas que nada esperam, porque não ficarão decepcionadas.”
As pessoas não ficarão decepcionadas porque
(A) nada vão receber.
(B) vão receber menos que os demais.
(C) vão ganhar mais que todos.
(D) vão ser presenteadas com algo inesperado.
(E) nunca vão ter um bem qualquer.
Comentários:
Aqui temos uma frase seguida de justificativa, uma relação explicativa. Decepção é uma infelicidade com os
resultados esperados. Logo, quem não espera nada não tem como ficar decepcionado, porque não espera
nada e nunca recebe algo negativo em relação às expectativas, justamente porque não as tinha. Isso foi o
que banca quis dizer com "nada vão receber".
Concordo que uma redação melhor seria: "nada vão receber de diferente das expectativas", mas é a
alternativa mais próxima que temos.
(B) Incorreto. Não sabemos se vão receber menos que os demais.
(C) Incorreto. Não sabemos se vão receber mais (ou menos) que todos.
(D) Incorreto. Não vão ser presenteadas com algo inesperado, pois não há nada esperado.
(E) Incorreto. Não sabemos se nunca vão ter um bem qualquer, apenas que não vão se decepcionar.
Gabarito letra A.
FGV / Câmara Aracaju / 2021
“PMs do Ceará aceitam proposta e encerram motim”
Essa manchete é composta de duas orações; a relação lógica que se estabelece entre elas é:
A a segunda oração indica a causa da primeira;
B a primeira oração é confirmada pela segunda;
C a segunda oração ocorre após a primeira;
D a segunda oração é uma explicação da primeira;
E as duas orações são cronologicamente simultâneas.
Comentários:
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Aqui, temos o contexto de um "motim" ou "greve". PMs do Ceará aceitam uma proposta e,
consequentemente, encerram o motim. A proposta aceita é a causa, isto é, o evento cronologicamente
anterior que acarreta o fim do motim.
Então, a primeira oração é a causa (ocorre antes); a segunda é a consequência (ocorre depois).
Gabarito letra C.
FGV / TCE PI / 2021
Texto 1 – Notícia
“Cientistas americanos apresentaram ontem resultados preliminares de uma vacina contra o fumo. O
medicamento impede que a nicotina – componente do tabaco que causa dependência – chegue ao cérebro.
Em ratos vacinados, até 64% da nicotina injetada deixou de atingir o sistema nervoso central.”
(O Globo, 18/12/99)
No texto 1, o segmento “componente do tabaco que causa dependência” tem a função de:
A explicar o funcionamento da nicotina no organismo;
B indicar o significado do vocábulo “nicotina”;
C mostrar o perigo do uso da nicotina;
D modificar uma informação dada anteriormente;
E alertar o leitor para o risco do fumo para a saúde.
Comentários:
Pessoal, temos aqui um aposto explicativo, justamente para esclarecer o que é a nicotina, indicar seu
significado. A função no texto é "explicar"!
O medicamento impede que a nicotina – componente do tabaco que causa dependência – chegue ao
cérebro.
Gabarito letra B
FALÁCIAS
As falácias são "erros de raciocínio", por definição. No entanto, também podem ser usadas como estratégias
argumentativas na retórica, para vencer/convencer o oponente num debate. As duas análises aparecem em
prova. As falácias, em sua maioria, decorrem da aplicação inadequada dos variados raciocínios que
estudamos na aula. Vejamos as mais relevantes para a FGV:
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Ex: Pedro, Maria, Marcelo, Andreia, Teresa, Francisco têm olhos azuis.
Pedro, Maria, Marcelo, Andreia, Teresa, Francisco são brasileiros.
Então, todos os brasileiros têm olhos azuis.
Ex: Comprei um carro chinês e nunca tive problemas. Logo, os carros chineses são excelentes!
Baseia-se na mera repetição da ideia, com outras palavras, como se fosse uma fundamentação. São
tautologias, mera repetição.
Ex: Comer salada é muito saudável, pois faz bem para o organismo.
Ex: “Você está completamente equivocado, pois o que falou não faz o menor sentido.”
Ex: “Deus existe pois a Bíblia afirma isso. A Bíblia tem autoridade porque foi inspirada por Deus”.
Consiste em "embutir" capciosamente uma conclusão dentro da premissa, de modo que o oponente não
perceba que está aceitando uma declaração implícita. Guarda estreita relação com os "pressupostos".
Ex: O candidato então admite que não mais desvia verbas públicas?
O advérbio "mais" já implica que desviava antes; se o oponente responder que sim ou que não, está
aceitando essa tese implícita.
Falácia do Espantalho
Consiste em distorcer o argumento da pessoa, para atacar a versão caricata do argumento em vez de o
argumento original.
Ex: O candidato A declara: é necessário investir mais na educação superior para melhorar a qualificação
técnica da força de trabalho.
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O candidato B argumenta: lamentável que o senhor defenda abertamente o abandono do ensino básico, o
futuro das crianças mais pobres que tanto precisam do governo, para gastar o dinheiro público na formação
de meia dúzia de tecnólogos.
Observem que o candidato B distorce a fala do oponente a um nível absurdo, desviando a atenção da ideia
original e criando uma versão muito mais fácil de refutar.
O discurso de autoridade é uma estratégia argumentativa válida, desde que tal autoridade seja realmente
competente e consagrada para emitir opiniões sobre determinado campo do conhecimento. Se a autoridade
é irrelevante, vaga, ou não especializada, temos um problema no raciocínio.
Ex: Minha cantora sertaneja favorita defende que não se deve estudar tantas horas por dia para o concurso,
pois isso prejudica a memória.
Um cantor, sertanejo ou não— isso é irrelevante—, como regra geral, não é modelo de autoridade para servir
de argumento em discussões sobre "memória", "funcionamento do cérebro" ou "estudos para concurso".
Ex: Cientistas sul-americanos provam que a inflação é culpa do governo.
Quais cientistas? A fonte é vaga! A ideia foi atribuída a um "coletivo indefinido". Pesquisas, dados estatísticos
e autoridades não identificadas não são argumentos robustos para sustentar uma tese.
Quando o sentido de uma expressão é claro, não ambíguo, dizemos que é "inequívoco", daí o nome desta
falácia, que ocorre quando uma expressão é utilizada com sentidos diferentes.
Ex: "Como você pode dizer que não tem fé, quando age com fé o tempo todo? Fecha negócios, confia em
amigos e até fica noivo?".
Percebam que "fé" foi empregado com dois sentidos: como "crença espiritual ou religiosa" e como
"confiança geral nas pessoas".
Consiste em criar uma disjunção exclusiva, isto é, em criar uma situação que só prevê dois cenários
excludentes, sem considerar qualquer outra possibilidade. OU A ou B, não ambos, nem qualquer alternativa.
Por isso também pode ser chamada de "terceiro excluído" ou "pensamento preto e branco". Essa falácia é
um recurso para forçar o oponente a escolher um lado por não querer ser enquadrado no outro,
especialmente em questões polêmicas em que haja extrema condenação em algum dos polos.
Ex: Você é fã do Pablo Vittar ou também é homofóbico?
Aqui, só há dois cenários: ser fã ou ser homofóbico. Evidentemente, é perfeitamente possível não ser fã por
qualquer outro motivo que não seja "ser homofóbico": não gostar do estilo, não conhecer o trabalho do
artista, não gostar de música etc...
Ex: O senhor é contra as cotas raciais porque não se importa com a minoria negra.
Novamente, é possível ser contra cotas raciais e se importar com a minoria negra. É razoável pensar que
talvez o orador apenas veja algum problema no sistema, ou defenda um sistema ainda mais vantajoso, por
exemplo, sem que isso signifique qualquer desapreço pelos beneficiários.
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O nome já diz tudo: consiste em atribuir um determinado resultado a um evento anterior que não é sua
causa verdadeira. Atenção: correlação não é causalidade! O galo canta todo dia e sol nasce depois, mas de
forma alguma o galo é a causa da alvorada! A causa tem relação direta com seu efeito, não basta ser uma
mera coincidência temporal.
Ex: Todos os motoristas que se acidentaram em agosto tinham sido vacinados contra a varíola. Logo, a vacina
está causando acidentes no trânsito.
Ex: Eu comprei ações daquela empresa e no dia seguinte o preço despencou!
Nos dois casos acima, o evento anterior não guarda nenhuma relação de causalidade.
Também chamada de "nenhum escocês de verdade..."; este argumento se relaciona a uma generalização
sobre um grupo, que é depois desmentida com evidências, mas o orador não admite essa refutação:
Ex: Um orador declara: "todos professores ganham muito mal". Seu oponente mostra um contraexemplo:
"Herbert é professor e ganham muito bem". Então, o orador, em vez de dar o braço a torcer, tenta redefinir
o critério: "ah, mas o Herbert não é um professor de verdade."
Ao dizer que não é um professor "de verdade", tenta manter sua generalização intacta, a despeito da
refutação.
Consiste em sugerir uma ameaça de um futuro assustador se o oponente no debate não aderir à tese
proposta.
Ex: "Peço que todos os funcionários dessa empresa votem no meu candidato na próxima eleição. Se o outro
candidato ganhar, ele irá aumentar impostos e vocês irão perder seus empregos."
Ex: "Melhor pegarmos esse voo de agora, ou o próximo será caríssimo e com maior risco de acidente."
Consiste em que algo é necessariamente verdadeiro simplesmente porque ninguém comprovou que é falso.
Ex: Deus existe com certeza, pois a ciência nunca provou que não existia.
Ex: "Não há evidência definitiva de que os OVNIs não estejam visitando a Terra; portanto, os OVNIs existem."
Ex: Aquele presidente é honesto, pois nunca foi preso nem envolvido em nenhum escândalo de corrupção.
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Gabriela Batista da Silva
Aula 12
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