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Ano 5
Nº 24
Nov/Dez 2008
ISNN 0100-1485

ENTREVISTA
Carlos Cunha,
gerente de tecnologia
de materiais,
equipamentos
e corrosão
do CENPES

LIGAS ESPECIAIS

MAIOR RESISTÊNCIA
À CORROSÃO
Sumário/Expedient24 1/1/04 3:18 PM Page 1

Sumário

Foto: Divulgação
Villares Metals
Efeitos: Intacta Design

6 Artigo Técnico
Entrevista
21
Pré-sal: o grande desafio da PETROBRAS
A corrosão por corrente alternada
Carlos Cunha
em dutos instalados sob linhas de
transmissão elétrica – Parte 1
8
Por Sérgio E. A. Filho (compilador)
Matéria de Capa
Ligas com maior resistência à corrosão
32
Noções Básicas sobre Processo
14 de Anodização do Alumínio
Treinamento & Desenvolvimento e suas Ligas - Parte 11
Orlando Pavani Júnior
Por Adeval Antônio Meneghesso

16
ABRACO Informa

18
Notícias do Mercado

34
Opinião
Por que coaching?
Mizuji Kajii

Redação e Publicidade
Dr. Eduardo Homem de S. Cavalcanti - INT Aporte Editorial Ltda.
Jeferson da Silva - AKZO NOBEL Rua Emboaçava, 93
Dra. Olga Baptista Ferraz - INT São Paulo - SP - 03124-010
A revista Corrosão & Proteção é uma publi- Dra. Zehbour Panossian - IPT Fone/Fax: (11) 2028-0900
cação oficial da ABRACO – Associação Brasileira aporte.editorial@uol.com.br
de Corrosão, fundada em 17 de outubro de 1968, Conselho Editorial
e tem como objetivo congregar toda a comu- Eng. Aldo Cordeiro Dutra - INMETRO Diretores
nidade técnico-empresarial do setor, difundir o Dra. Denise Souza de Freitas - INT João Conte - Denise B. Ribeiro Conte
estudo da corrosão e seus métodos de proteção. M.Sc. Gutemberg Pimenta - PETROBRAS -
ISNN 0100-1485 CENPES Editor
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Eng. Laerce de Paula Nunes - IEC Dra. Iêda Nadja S. Montenegro – NUTEC
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M.Sc. Gutemberg de Souza Pimenta - Dr. Luís Frederico P. Dick – UFRGS de 2009.
PETROBRAS /CENPES M.Sc. Neusvaldo Lira de Almeida – IPT
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Editorial24 1/1/04 2:21 PM Page 1

Carta ao leitor

O know-how fará a diferença em 2009


o momento em que se renovam as esperanças para mais um ano, período que por tradição
se estabelecem novas metas profissionais e pessoais necessitamos revigorar nossas energias para os
desafios que se anunciam.
Os executivos brasileiros são altamente valorizados no exterior pela experiência acumulada e competên-
cia em administrar situações políticas e econômicas turbulentas. Os trabalhadores brasileiros, de uma forma
geral, também adquiriram um know-how invejável no “milagre” de fazer com que seus ganhos resistam até
o final do mês. O que dizer então das administradoras do lar, brilhantes na capacidade de conduzir um orça-
mento doméstico, aprimorada ao longo dos anos, e de fazer inveja aos mais graduados economistas de reno-
madas instituições acadêmicas da área.
Então, certamente estamos preparados para enfrentar 2009. Não, se não tivermos em mente a palavra-
chave “superação”, que terá de comandar nossas ações e determinará a performance de cada indivíduo e de
cada corporação. Leis trabalhistas terão que ser flexibilizadas, nichos
de mercado terão que ser valorizados e conquistados, orçamentos
Nosso mercado interno é muito precisarão ser ajustados e colocados em prática de forma efetiva. O
representativo, pois contamos com governo por sua vez terá que cortar gastos e priorizar investimentos.
Tudo seria muito adequado, mas não temos a certeza de que será
uma demanda reprimida em várias implementado e com qual intensidade.
camadas da sociedade alimentada Nosso mercado interno é muito representativo, pois contamos
com uma demanda reprimida em várias camadas da sociedade ali-
pelos sonhos de consumo mentada pelos sonhos de consumo. Brasileiros de todas as partes
ainda sonham com a casa própria, com o automóvel, com o celular,
com a TV de última geração, com a viagem de férias. Os governan-
tes já anunciaram que manterão os investimentos em infra-estrutura.
Nossas fronteiras agrícolas se expandem cada vez mais com a produção de grãos. A implantação do sanea-
mento básico ainda precisa atender cerca de 50% da população, o que exigirá altos investimentos e absor-
verá mão-de-obra. Temos abundância em matéria-prima, um invejável programa de energia renovável e as
reservas de petróleo que exigirão altos investimentos e desenvolvimento de novas tecnologias. Ou seja, há
um cenário promissor, porém a internacionalização dos negócios pode também afetar de alguma forma a
economia nacional.
Focando agora no nosso segmento, a ABRACO iniciará em 2009 mais uma gestão com a composição
de uma diretoria renovada (ver página 16). Laerce Nunes volta ao comando da associação e já estabeleceu
diretrizes que visam ampliar a atuação da entidade e integrar cada vez mais a difusão do estudo da corrosão
e seus métodos de prevenção e controle.

Propaganda e Marketing – A Revista Corrosão & Proteção chega à sua 15ª edição ininterrupta edi-
tada pela Aporte Editorial em parceria com a ABRACO. Neste período foram publicados artigos e repor-
tagens de renomados autores que atenderam o interesse dos leitores, compartilhando conhecimento, divul-
gando os principais avanços tecnológicos do setor e fomentando negócios através da circulação nacional.
A revista técnica continua sendo a primeira opção na procura por novos fornecedores, produtos e servi-
ços. Atinge de forma direta profissionais com os quais temos dificuldades de contatar em nosso dia-a-dia,
para apresentação dos diferenciais de produtos e serviços. É preciso consolidar a marca junto ao cliente, afi-
nal quem não é visto não é lembrado. Lembra-se?
Historicamente, em tempos difíceis, todas as empresas que mantiveram seus investimentos em propa-
ganda e marketing, saíram da situação muito mais fortalecidas de quando neles entraram.
Superação será a palavra-chave em 2009.

Boa Leitura!

Os Editores

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Alugold1pag 1/1/04 3:09 PM Page 1

Aporte
LINHA ECOLÓGICA DE ÚLTIMA GERAÇÃO PARA
PRÉ-TRATAMENTO DO ALUMÍNIO PARA PINTURA

LL AluGold
Linha No-Rinse com Redução de 50% nos Custos Operacionais

Acompanhando a tendência mundial, a Italtecno lança com exclusividade


no mercado nacional a Linha Ecológica de última Geração no pré-tratamento
para pintura do alumínio, atendendo todas as necessidades de operação.

No-Rinse (dispensa a lavagem em água corrente após o processo de conversão


química) Inerte ao meio ambiente com descarte zero de efluentes.

A linha LL AluGold substitui com muita vantagem os processos convencionais que


agridem o meio ambiente, com redução de mais de 50% nos custos operacionais.

LL AluGold Tri
Redução de 99 % de Cromo – No-Rinse
Camada de Conversão Inorgânica não-sensível aos Raios UV.
Aprovado em ensaios de Salt Spray Acético, seguindo a norma Qualicoat
Class 1 / ISO 9227:1990, realizados na AkzoNobel / Inglaterra.

LL AluGold SCF
Isenção Total de Cromo – No-Rinse
Tecnologia Organo/Metálico – Processo em aplicação em perfis de alumínio,
em várias instalações na Itália. Em fase de lançamento no Brasil.

LL AluGold 001
Isenção Total de Cromo – No-Rinse
Nanotecnologia – Tem como base os princípios da engenharia molecular –
Processo versátil que atende a todas condições operacionais ao que o banho
pode ser submetido.

Linha ecológica aprovada em todos os requisitos da norma Qualicoat e atende


também as normas técnicas requisitadas pela ABNT NBR 14125 (revestimento
orgânico para fins arquitetônicos – requisitos).
Somos todos responsáveis
pelo futuro do planeta
Av. Angélica 672 • 4º andar
O1228-OOO • São Paulo • SP
Tel.: (11) 3825-7022
escrit@italtecno.com.br – www.italtecno.com.br
Entrevista24 1/1/04 1:51 PM Page 1

Entrevista

Carlos Cunha

Pré-sal: o grande desafio


da PETROBRAS
Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES) da
PETROBRAS se estrutura para enfrentar os ambientes corrosivos da camada do pré-sal

Por Henrique Dias

ocalizado na Cidade Uni- instalações de produção”, explica Corrosão do CENPES?


versitária, na Ilha do Fun- Carlos Cunha, Gerente de Tec- Cunha – Nossa gerência se divide
dão, no Rio de Janeiro, o nologia de Materiais, Equipa- em quatro grupos: integridade es-
CENPES conta com cerca de mentos e Corrosão do CENPES. trutural, inspeção, materiais não-
dois mil funcionários, distribuí- Além do trabalho de pesqui- metálicos e corrosão. Este último é
dos em uma área de 122 mil sa, a Gerência de Tecnologia de nosso maior grupo, trabalhando
metros quadrados, e tem como Materiais, Equipamentos e com análise de falhas devido à cor-
principal objetivo atender às Corrosão atua nas áreas de assis- rosão, revestimentos e seleção de
demandas tecnológicas que im- tência técnica e apoio a novos materiais. É importante ressaltar
pulsionam a PETROBRAS. As projetos. “Em 2008, alcança- que atuamos não só em pesquisas,
tecnologias desenvolvidas no mos metas importantes, com mas também nas áreas de assistên-
CENPES fazem da estatal brasi- destaque para a pesquisa que cia técnica e apoio a novos projetos,
leira a empresa do seu setor que realizamos com a qualificação e que os trabalhos de seleção de ma-
mais gera patentes em todo o de revestimentos para vasos teriais e análises de falhas envol-
mundo. operando em altas temperatu- vem, muitas vezes, todos os grupos
Com a descoberta de novas ras”, conta Cunha. da gerência, pois as questões técni-
reservas, como o campo de Tupi, Formado em Engenharia Ci- cas permeiam as diversas áreas.
na Bacia de Santos, esses núme- vil pela Universidade Federal do
ros deverão crescer mais, uma vez Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Quais foram os principais tra-
que a PETROBRAS tem pela Cunha Dias Henriques fez Mes- balhos realizados pelo grupo
frente o desafio de produzir pe- trado em Estruturas Oceânicas de corrosão em 2008?
tróleo e gás natural em áreas a- na COPPE/UFRJ, iniciando sua Cunha – Com relação à área de
baixo da camada de sal. Assim, carreira na PETROBRAS no pesquisas, destaco o trabalho que
faz-se necessário o desenvolvi- ano de 1989. Durante 18 anos fizemos na qualificação de revesti-
mento de uma tecnologia susten- esteve no setor de produção e ex- mentos para vasos operando em al-
tável para a futura produção nas ploração de petróleo da empresa, tas temperaturas, e no apoio a no-
bacias de Campos e de Santos. onde trabalhou na implantação vos projetos, a seleção dos materiais
Um dos assuntos mais im- da Plataforma P-50 e na gerência que serão usados na exploração da
portantes em pauta no CENPES de Suporte Técnico de Instala- camada do pré-sal, principalmen-
é a seleção dos materiais que se- ções de Superfície. Desde dezem- te, no campo de Tupi, na bacia de
rão usados na exploração da ca- bro de 2007, ocupa a gerência do Santos. Cabe citar ainda as pes-
mada do pré-sal. “Os campos da CENPES. Para falar dos desafios quisas de seleção de materiais e re-
camada do pré-sal possuem um do pré-sal, entre outros assuntos vestimentos para transporte e ar-
ambiente altamente corrosivo, sobre corrosão, ele recebeu a mazenamento de biocombustíveis.
em virtude do grande teor de gás Revista Corrosão & Proteção.
carbônico (CO2) encontrado. Para o ano de 2009, quais são
Sendo assim, a seleção de mate- Como funciona o trabalho fei- os projetos em pauta?
riais é essencial para otimizar os to pela Gerência de Tecnologia Cunha – Para 2009, nossos princi-
custos e aumentar a vida útil das de Materiais, Equipamentos e pais projetos na área de corrosão são
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os relacionados à avaliação da cor-


rosão por gás carbônico (CO2) em
tubulações rígidas e em linhas fle-
xíveis. Estamos estudando o pro-
blema da permeação do CO2 pelas
camadas das linhas flexíveis, a fim
de evitar a corrosão das armadu-
ras. Além disso, continuaremos os
trabalhos na área de materiais
não-metálicos e revestimentos resis-
tentes à corrosão que têm sido uma
grande demanda dentro da PE-
TROBRAS. Devo citar ainda as
pesquisas sobre corrosão biológica e
por H2S (ácido sulfídrico).

A PETROBRAS está investin-


do pesado nos estudos sobre a
exploração da camada do pré-
sal. Qual é o impacto da cor-
rosão nesses estudos?
Cunha – É muito grande, pois, opinião do senhor sobre esse lembrar: o custo da falha é sempre
como vem sendo divulgado nos assunto? maior do que o da prevenção.
meios de comunicação, esses cam- Cunha – Nos últimos anos, temos
pos da camada do pré-sal apresen- usado o aço inox (ver matéria na A Associação Brasileira de
tam um ambiente bastante corro- página 8) e o inox duplex nas pla- Corrosão (ABRACO), em par-
sivo, em virtude do alto teor de taformas da PETROBRAS, e, em ceria com a COPPE/UFRJ,
CO2 encontrado. Sendo assim, função de estarmos explorando está desenvolvendo um banco
nosso trabalho se torna muito im- ambientes mais corrosivos, a ten- de dados contendo informa-
portante não só para avaliar o im- dência é aumentarmos seu uso. ções sobre o histórico de de-
pacto da corrosão, mas para otimi-
zar custos através de uma apro-
priada seleção de materiais. Ou se-
ja, precisamos escolher aqueles que
sejam adequados tecnicamente e
que permitam manter a viabilida-
“ A seleção dos materiais que serão usados
na exploração da camada do pré-sal é essencial
para otimizar os custos e aumentar
a vida útil das instalações de produção
de econômica desses projetos.

Como anda a evolução tecno-


lógica desses materiais?
Cunha – Por enquanto, não
Quais são os gastos anuais da
PETROBRAS com a proteção
anticorrosiva?

sempenho de materiais nos di-
ferentes setores da indústria
nacional. O que o senhor acha
acreditamos ser necesário desen- Cunha – Os Estados Unidos per- dessa iniciativa?
volver um novo material. As ligas dem, anualmente, bilhões de Cunha – Acho uma excelente ini-
resistentes à corrosão, dentro de dólares com a corrosão. No Brasil ciativa. Em outros países, existem
suas limitações de mercado, nos não temos estatísticas nesse senti- ferramentas similares e isso ajuda
atendem bem. Como eu já disse, do, mas é razoável supor que são muito. Há situações em que a pró-
é necessário definir de forma ob- gastos bastante significativos. pria PETROBRAS não chega a es-
jetiva quais os limites de aplica- Muitas vezes, as condições opera- pecificar totalmente os materiais, já
ção dessa ligas, na busca da oti- cionais de poços e plataformas que alguns aspectos ficam por conta
mização dos projetos. mudam com o tempo, sendo as- dos fornecedores. Sendo assim, a
sim, passamos a ter um ambiente criação desse banco de dados será
O uso do aço inox na indús- mais corrosivo do que o previsto útil para toda a cadeia produtiva.
tria de extração do petróleo em projeto, o que acaba originan-
em áreas offshore vem sendo do falhas nas tubulações e conse- Mais informações sobre a PETRO-
bastante discutido. Qual é a qüentes perdas de produção. Vale BRAS no site www.petrobras.com.br.

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Divulgação: Villares Metals


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Ligas Especiais

Maior resistência à corrosão


Apesar da queda brusca do preço do barril de petróleo no final de 2008, a atual discussão
sobre o atingimento ou não do chamado “pico de produção” mundial de petróleo
é um tema recorrente na mídia especializada.
Por Carlos Sbarai

ara muitos o pico de produção de petróleo já foi atingido


enquanto que para outros ainda não. A teoria econômica
do pico de produção diz que, ao se atingir tal ponto, o
petróleo entraria numa fase contínua e crescente de preços. “O
fato é que está cada vez mais cara a produção de hidrocarbonetos
derivados de petróleo e a demanda mundial cresceu muito nos
últimos anos, apenas sendo interrompida com a crise desencadea-
da nos Estados Unidos. Acredito que essa fase de crescimento seja
retomada em breve e, nesse caso, a prospecção e exploração de
campos offshore remotos e em águas profundas tornam-se atual-
mente uma realidade inimaginável há décadas atrás. Enquanto a
produção onshore declina, a produção offshore cresce continua-
mente”, revela o engenheiro metalurgista e gerente de tecnologia
e P&D da Villares Metals, Celso A. Barbosa.
Barbosa destaca que a participação da produção offshore cresceu
nos últimos 30 anos de 10% da produção mundial de petróleo para
38% em 2007. “Mas os desafios deslocam as buscas para profundi-
dades de lâminas d’água acima de 2.000 metros, sendo o Brasil um
exemplo dessa tendência através do esforço liderado pela Petrobrás.
Os campos de Tupi, Júpiter e Carioca são exemplos desse tipo de
reserva e que podem ultrapassar a barreira de 50 bilhões de barris,
colocando o Brasil entre os dez maiores produtores mundiais. Mas
os desafios são proporcionalmente enormes como a reserva Tupi,
por exemplo, localizada a cerca de 280 quilômetros da costa, tem
uma lâmina d’água de mais de 2.000 metros, situada a 5.000
metros abaixo do fundo do mar e coberta por 2.000 metros de
camada de sal. Essa camada de sal a essa profundidade é quente e
pastosa e as pressões são gigantescas”.

A Estratégia do Uso das Ligas Resistentes à Corrosão –


LRCs
Segundo Barbosa, os revestimentos dos poços (downhole tu-
bing) têm como função fundamental evitar o colapso do furo feito
no solo para atingir a reserva de óleo. “Nas altas profundidades
como as encontradas nas reservas do pré-sal, a pressão pode defor-
mar a tubulação. As principais solicitações presentes nos atuais
ambientes produtivos e nas novas áreas exigem dos materiais a
serem empregados uma combinação bem estabelecida de resistên-
cia à corrosão e resistência mecânica, proteção contra CO2, clore-
tos, H2S e a formação de condensados. O uso de LRCs, Ligas Re-
sistentes à Corrosão (em inglês CRAs), para combater a corrosão
em campos de petróleo e gás vem crescendo nos últimos quinze
anos”.
Segundo o pesquisador da Villares Metals, os operadores dessas
instalações estão cada dia mais familiarizados com uma extensa
família de soluções propiciadas por essas ligas, ao invés de recorrer
às clássicas soluções de uso de inibidores e outras práticas de manu-
tenção. Em muitos casos, as tradicionais soluções como o uso de
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Divulgação
Celso A. inibidores já não são aplicáveis devido às altas velocidades do fluxo
Barbosa, das linhas e altas temperaturas (acima de 200°C). “Inibidores tam-
engenheiro bém são itens de custo que persistem por toda a vida do poço
metalurgista enquanto o maior custo de emprego das LRCs recai apenas sobre o
investimento inicial da unidade o que pode ser justificado por uma
bem conduzida analise de valor (CAPEX x OPEX). Não são raros
os casos de vida de projeto de 15 anos. Assim o uso de aço carbo-
no e inibidores ou revestimentos resultam inefetivos e a saída são as
LRCs”, explica Barbosa.
Este assunto também foi tema de palestras que aconteceram
durante a III FEINOX – Feira da Tecnologia de Transformação do
Aço Inoxidável, na primeira quinzena de novembro de 2008.
Segundo o diretor executivo do Núcleo Inox, Arturo Chao
Maceiras, uma das palestras foi proferida pela consultora do Nickel
Institute doutora Liane Smith e pelo gerente de tecnologia, equipa-
Divulgação

Liane Smith, mentos e corrosão do CENPES – Centro de Pesquisa da Petrobrás,


consultora do engenheiro Carlos Cunha Dias Henriques. “A doutora Liane dis-
Nickel correu sobre os critérios a serem observados na seleção de materiais
Institute para a indústria offshore de petróleo e gás. Tendo em vista a produ-
ção de fluidos extremamente agressivos nos campos de petróleo e
gás, torna-se necessário utilizar materiais resistentes à corrosão e os
aços inoxidáveis e ligas de níquel têm sido os materiais que respon-
dem de forma mais eficiente em diversas partes do mundo”.
Durante sua palestra, Liane Smith disse que há mais de 30 anos
a indústria de petróleo e gás é uma grande consumidora de aço ino-

Carlos
“ No revestimento resultante da combinação
entre o aço inoxidável e o aço carbono, o inox
proporciona a resistência à corrosão enquanto
Cunha Dias o aço carbono responde pela força
Henriques,
gerente de
tecnologia,
equipamentos
” Liane Smith
xidável e ligas de níquel, e existem referências a gasodutos de aço
inox que remontam aos anos 20. Em termos de aplicação, a utiliza-
e corrosão do ção das ligas resistentes à corrosão é generalizada em nível mundial.
CENPES Muitos campos de petróleo e gás apresentam fluidos bastante agres-
sivos ao aço carbono comum e, por isso, desde os primórdios do
desenvolvimento da indústria internacional do petróleo surgiram
problemas de corrosão. Embora existam várias abordagens possíveis
para controlar a corrosão em diferentes equipamentos, o uso das
LRCs tem se mostrado bastante confiável.
O aço inoxidável, explica Liane, pode ser utilizado tanto isola-
Núcleo Inox

Arturo Chao damente como revestimento ou em combinação com o aço carbo-


Maceiras, no. “Nessa fórmula, o aço carbono responde pela força e o inox
diretor proporciona a resistência à corrosão”, argumenta.
executivo do
Núcleo Inox Trabalho Técnico
O Gerente de Tecnologia e Desenvolvimento da Villares Metals,
Celso A. Barbosa, desenvolve nessa matéria uma abordagem técni-
ca desses materiais relacionada ao tema Offshore procurando escla-
recer o desafio imposto por essa aplicação. Após a introdução e a
estratégia do uso das LRCs – Ligas Resistentes à Corrosão apresen-
tadas nessa matéria, ele dá continuidade ao tema abordando crité-
rios de seleção, as principais famílias de LRCs e os critérios de sele-
ção em função da agressividade ambiental. Acompanhe.
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A contribuição das LRCs no revestimento de poços


Por Celso Antonio Barbosa

Critérios de Seleção Celso A.


Após vários anos de testes de campo, analises de falhas e extensivos Barbosa,
programas de avaliação esses materiais alcançaram um alto nível de engenheiro
confiabilidade atendendo as vidas esperadas de operação (acima de 10 metalurgista
anos). O emprego de aços inoxidáveis duplex, ligas a base de níquel e gerente
em poços profundos no golfo do México, Estados Unidos e no Mar de tecnologia
do Norte em poços com altas pressões (20.000 psi), presença signifi- e P&D
cativa de CO2 e H2S e cloretos em até 200.000 ppm consolidaram as da Villares
LRCs como uma solução que veio para ficar. Metals
As tubulações são projetadas para resistir as enormes tensões de tra- Contato:
ção axial bem como ao colapso e ruptura brusca. As ligas mais resis- celso.barbosa@
tentes que aliam também uma maior resistência a corrosão permitem villaresmetals.
ao projetista obter uma tubulação de poço mais leve. Numa coluna de As LRCs com.br
produção com 6.000m de profundidade isto deve ser considerado, A tabela da página 12 apre-
especialmente com a tendência de aumento do diâmetro das tubula- senta as principais famílias de
ções para permitir maiores vazões. Assumindo a hipótese de que um LRCs usadas em revestimentos
poço de 6.000 m de profundidade use uma tubulação de 6 5/8” OD de poços. O primeiro grupo é
(diâmetro externo) e 3/8” de parede, a tensão teórica suportada pelo formado pelas ligas baseadas nos
topo dessa tubulação alcança cerca de 450 MPa , o que pode ser aten- aços inoxidáveis com 13% Cr. O
dido por apenas algumas das LRCs, como veremos mais adiante. segundo grupo, mais ligado, é
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FAMÍLIAS DE LRCS E SUAS PRINCIPAIS LIGAS


Família Nome UNS Cr Ni Mo Cu N C LE
PREN
Comum (MPa)
Inox 13 Cr S41000 13 – – – – 0,2 550 13
Martensítico SuperCr S41426 13 5,5 2,0 – – 0,02 660 20
Inox Duplex e 2205 S32205 22 5.5 3,3 – 0,15 0,03 450 35
Superduplex 2507 S32750 25 7,0 4,0 0,5 0,28 0,03 550 41
Inox Superaustenítico 254 S31254 25 20 5,8 – 0,20 – 310 55
Inox Alto Ni 904 L N08904 20 25 4,5 1,5 – – 220 34
(Incoloy) 825 N08825 22 42 3,0 2,5 – – 240 32
Ligas de Níquel 625 N06625 21 70 9,0 – – – 380 51
C276 N10276 16 68 16 – – – 280 68
A tabela acima mostra as famílias de LRCs e suas principais ligas. A resistência mecânica é indicada com valo-
res típicos e o valor de PREN = %Cr + 3,3%Mo + 16%N, indicativo da resistência à corrosão por pites.
formado pelos aços inoxidáveis rosão por frestas e o trincamento causado por condições ambientais tal
duplex e superduplex, os quais como a causada pelo trincamento por corrosão por sulfetos sob tensão
podem ser usados em limitadas (SSCC). Especial consideração deve ser dada também à inerente resis-
condições de H2S na maioria das tência a corrosão das LRCs durante e após a acidificação dos poços e o
ligas austenicas, apresentando efeito sinérgico de ácidos e gases por eles gerados (H2S e CO2).
resistência mecânica superior.
Para crescentes temperaturas de Fragilização por Hidrogênio
operação e agressividade corrosiva O carregamento de hidrogênio nas LRCs pode ocorrer durante a
surgem os aços inoxidáveis de operação devido a concentração de hidrogênio nas regiões próximas
alto níquel (20 a 40%) e alto dos componentes Entre as causas pode-se citar a evolução de hidrogê-
cromo (20 a 27%) com alto Mo nio devido ao carregamento catódico em conjunto com pares galvâni-
(até 4%) desde que o enxofre cos com metais que corroem preferencialmente à LRC, como aço car-
livre não esteja presente e para bono ou mesmo a perda da proteção catódica. Nesse aspecto a maioria
temperaturas abaixo de 200°C. das LRCs são sensíveis à fragilização por hidrogênio , especialmente na
Neste grupo se destaca a liga 825. presença de tensões elevadas. Assim o hidrogênio deve ser mantido
Nas condições mais severas do longe dessas ligas desde a fabricação até o serviço. Cuidados adicionais
poço surge o último grupo de devem ser tomados no projeto para minimizar a ocorrência dessa falha
ligas de alto teor de níquel (acima que é catastrófica. Recente analise de falha do Mar do Norte indicou
de 50%) como as ligas 625 (9% que cuidados especiais devem ser tomados nas regiões soldadas pela
Mo) e até C 276 (16% Mo). adoção de corretos tratamentos de alivio após solda (PWHT).
A figura ao lado mostra o
relacionamento estabelecido da Trincamento por corrosão por sulfetos sob tensão-SSCC
adequação de cada família de Apesar dos ensaios propostos pela NACE, a recomendação dos
LRC em termos de pressões par- especialistas da indústria de petróleo é conduzir os ensaios das ligas
ciais de CO2 e H2S. O aumento
da corrosividade causada por
crescentes teores de CO2 e H2S
e a agressividade do sal nos le-
vam às LRCs do quadrante su-
perior direito da figura.

Critérios de Seleção em
Mapa de pres- Função da Agressividade
sões parciais de Ambiental
CO2 e H2S e As LRCs possuem uma bai-
a adequabili- xíssima taxa de corrosão generali-
dade de apli- zada. Entretanto o grande desa-
cação das fio imposto pelos meios produti-
LRCs (zona vos é a corrosão localizada, tal Fonte: Schillmoller, C.M. Jan 87
verde). como a corrosão por pites e cor-
12 C & P • Novembro/Dezembro • 2008
MateriaCapa24 1/1/04 12:29 AM Page 6

quanto a SSCC nas condições específicas de operação ou


bem próximas disso. Apesar de caro e demorados esses
ensaios se justificam ao evitar uma falha em serviço. Sob
altas pressões parciais de H2S, a susceptibilidade à ocorrên-
cia da SSCC fica associada a dureza do material, a necessi- Produtos de proteção
dade de baixos níveis de tensões residuais e cuidados com
materiais de alta resistência. De um modo geral as ligas Ni- anticorrosiva com
Cr-Mo podem ser aplicadas nas condições mais severas. Os responsabilidade
inox de alto alto Ni e o superaustenitico nas condições
intermediárias e os duplex e martensíticos nos sistemas ambiental
contendo pouco ou nenhum H2S.

Corrosão por pites


O pite é fundamentalmente causado pela ruptura da
camada passiva da liga por íons haletos(Cl por exemplo). A
resistência a esse tipo de corrosão por pites pode ser bem
determinada pelo índice PREN = %Cr +3,3%Mo+(16-
22)%N. Algumas das LRCs apresentam índices tão altos
como 40 e se tornam praticamente imunes a corrosão por
cloretos . A temperatura critica de pite também deve ser
considerada pois varia de liga para liga. Na tabela da pági-
na 12 os valores de PREN de algumas ligas são apresenta-
dos. As ligas C-276 e 625 são as mais resistentes na presen-
ça de altos teores de cloretos (>100.000 ppm) em meios
ácidos sendo também resistentes ao CO2 úmido e H2S.

Corrosão por Frestas


Condições de bloqueio de acesso do oxigênio em frestas
e quebra do filme passivo pelos íons cloro, podem levar a
este tipo particular de corrosão localizada. Testes de resistên-
cia à corrosão por frestas indicam uma tendência apenas. As Procuramos meios alternativos
condições reais de projeto devem ser consideradas como, de energia limpa?
por exemplo, as encontradas em flanges (torque de fixação).
O que utilizamos para proteger
Corrosão Microbiológica estas estruturas?
Conhecida como MIC se preocupa do efeito de mi-
croorganismos que produzem substancias corrosivas quan-
Ter consciência também na
do aderidas à superfície do material, como as bactérias redu-
toras de sulfatos, causam aeração diferencial e acidificação. especificação dos componentes
destas estruturas é um ato
Conclusões de responsabilidade.
As LRCs devem ser selecionadas diante das reais condi-
ções de cada poço e da vida esperada de operação . Os prin- Por isso, quando pensar verde,
cipais aspectos de corrosividade do poço, como pressão, pense Doerken.
velocidade de fluxo e temperatura devem ser considerados
como pontos de partida na seleção. A disponibilidade do
material também é fator crítico da escolha. A grande pro-
fundidade de exploração a redução de peso, garantida pelas Doerken do Brasil Anticorrosivos Ltda.
ligas de mais alta resistência mecânica, tornam-nas também Rua Conselheiro Cândido de Oliveira, 386
mais atrativas. Novos desenvolvimentos, como os aços
hiperduplex, visando aumentar não só a resistência mecâ- Vila Anastácio – CEP 05093-010 – São Paulo
nica dessas ligas bem como a sua resistência à corrosão Fone: 11 3837-9058
devem ajudar os produtores de óleo offshore a vencer o Fax: 11 3837-9617
desafio. Os tubos bimetálicos (obtidos por clad mecânico
ou metalúrgico) também se apresentam como uma exce- e-mail: JKurz@doerken.de
lente solução para reduzir os custos na utilização das LRCs. Site: www.doerken-mks.de
MateriaCapa24 1/1/04 3:40 AM Page 7

Treinamento & Desenvolvimento

Vender x merecer
negócios
O “Sistema Estruturado” ao invés da “Arte” na Gestão da área Comercial

realmente uma questão (ou ela) “saia de sua aba”!


interessante! A palavra Em realidade, este tipo de reação se deve realmente pela própria
“vender” tem sido ao conduta de determinados vendedores “campeões”! Pelo simples fato
longo dos anos, infelizmente, de ter conseguido sucesso em vender bastante (seja lá o que for),
muito mal interpretada! É co- suas práticas são tidas como “corretas” e “exemplares”! Raramente
Por Orlando
mum as pessoas sinalizarem o seus atos são replicáveis a outros vendedores e a explicação que estes
Pavani Júnior
comportamento de “vendedor” profissionais “campeões” normalmente dão é que seu estilo é inde-
como aquela pessoa que aplica cifrável, uma vez que a venda é realmente uma arte!
o “171” (famigerado “papinho Vender definitivamente não é uma arte! Não pode ser uma arte
de vendedor”) para repassar porque se for, somente os artistas é que vão viabilizar uma série de
alguma coisa (produto ou servi- empresas com seus produtos e serviços espetaculares.
ço) em prol de seu interesse A lacuna acadêmica sobre o verbo vender é antiga. Nas escolas
meramente financeiro. e nos cursos de administração não existe a disciplina de vendas.
Quando não estamos inte- Alegam que este conteúdo faz parte da disciplina de marketing. Os
ressados em comprar absoluta- livros de vendas editados normalmente são tipificados como redigi-
mente nada e chega alguém dos por autores que foram vendedores campeões no passado (quase
com este tipo de conduta, logo nunca no presente) e que fornecem as “dicas” para serem iguais a
nos manifestamos para que ele eles. Uma superficialidade que chega à beira do charlatanismo e da

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12 C & P • Maio/Junho • 2008
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MateriaCapa24 1/1/04 3:34 PM Page 8

enganação enrustida! comercial que registra tudo


Pretendemos conceituar diferentemente a atividade de vendas a que acontece nas quatro fases
começar pela redefinição de sua nomenclatura: o que precisa ser deste fluxo, isto é, no atendi-
feito para vender é uma pergunta antiga, o moderno a perguntar é mento; na abordagem; na
o que precisa ser feito para merecer o negócio? negociação e no fechamento.
Defendemos que a Gestão Comercial é muito mais que mera- • Pré da Próxima Venda – uma
mente vender, significa uma série de esforços pontuais e estrutura- série de práticas pertinentes e
dos que considerarão o merecimento do negócio (ex-venda) como que normalmente são sim-
uma colheita convicta de quem fez a plantação corretamente e em plesmente delegadas a outras
solo fértil. áreas da organização e que
A Gestão Comercial mais ampla atualmente enfrenta dificulda- deveriam ser executadas pela
des alinhadas ao mundo globalizado e aos fenômenos de “commo- área comercial.
ditização” (tendência em minimizar o processo decisório somente Se fizermos estas etapas com
no aspecto do menor preço) e da tecnologia (tendência de que se o detalhamento metodológico
não é tecnologicamente inovador não é bom). sugerido pela Gestão de Vendas
Tem também sido tratada em literaturas academicamente las- Complexas, a colheita é certa…
treadas (Gestão de Vendas Complexas – Jeff Thull, Reinventando a e as vendas deixarão de ser uma
Gestão de Vendas – Neil Rackham, Revista Marketing Industrial, arte para ser uma atividade bem
Edição de julho/2006, da Harvard Business Review) como “Venda remunerada e executável por
Complexa” e/ou “Venda Consultiva”, nas quais o relacionamento é qualquer ser humano normal e
o grande mote a ser desenvolvido sistematicamente. disciplinado!
Pode-se dizer que um sistema estruturado de merecimento de
negócios é composto por três etapas distintas:
• Sistema Plantativo – toda sistemática que envolve o comissiona-
mento pelo simples cadastro do cliente na empresa (que sempre é
uma pessoa física e jamais uma pessoa jurídica, pois quem com-
pra é sempre alguém da empresa e não a empresa sozinha) e as for-
mas de relacionamento à distância com o mesmo (e-mail marke-
ting profissional e mídia espontânea por meio de uma assessoria
de imprensa comprometida). O Sistema Plantativo da Venda
Complexa desvaloriza toda e qualquer mídia paga e entende que
o cadastro do cliente não pode ser confundido com o cadastro da Adm. M.Sc. Prof. Orlando Pavani Jr.
área financeira; Consultor Titulado CMC pelo
• Fluxo de Merecimento de Negócios – todo o registro das ocor- IBCO/ICMCI e Diretor da Solutty, empresa
rências relevantes da OSC (Ordem de Serviço Comercial), uma de soluções em gestão comercial –
espécie de OSP (Ordem de Serviço de Produção) aplicável à área pavani@gaussconsulting.com.br
AbracoInforma24 1/1/04 2:08 PM Page 1

ABRACO Informa

ABRACO apresenta sua diretoria para o biênio 2009/2010


Os Conselhos Deliberativo e Fiscal e Diretoria SURTEC DO BRASIL LTDA.
Executiva para o biênio 2009/2010, foram eleitos Rep.: Cássia Maria Rodrigues dos Santos
em 26 de novembro de 2008 e homologados e
empossados pelo Conselho Deliberativo atual, em PPG INDUSTRIAL DO BRASIL TINTAS E VERNIZES LTDA.
reunião realizada aos 11 dias do mês de dezembro Rep.: Jeferson da Silva
de 2008, conforme Ata da 50ª Reunião do Con-
selho Deliberativo e composta da seguinte forma: Representantes dos Associados Coletivos

Diretoria Executiva INT – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA.


Rep.: Olga Baptista Ferraz
Presidente
Laerce de Paula Nunes CEPEL - CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA
IEC – INSTALAÇÕES E ENGENHARIA DE CORROSÃO LTDA. Rep.: Fernando de Loureiro Fragata

Vice-presidente WEG INDÚSTRIAS S/A – TINTAS


João Hipólito de Lima Oliver Rep.: Mauro José Deretti
PETROBRAS TRANSPORTES S/A - TRANSPETRO
QUÍMICA INDUSTRIAL UNIÃO LTDA.
Diretora-financeira Rep.: Aécio Castelo Branco Teixeira
Olga Baptista Ferraz
INT – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA GP NÍQUEL DURO LTDA.
Rep.: Roberto Newton Perantunes
Diretores
Alysson Helton Santos Bueno BLASTING PINTURA INDUSTRIAL LTDA.
AKZO NOBEL LTDA. Rep.: Isidoro Barbiero

Fernando Benedicto Mainier NICONTROL INTERNATIONAL LTDA.


INDIVIDUAL Rep.: Edson Cleiton Rioto

Fernando de Loureiro Fragata ALCLARE REVEST. ANTICOR. E PINT. IND. LTDA.


CEPEL – CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA Rep.: Geraldo José Pinheiro Sant’Ana

Mauro José Deretti CORROCOAT SERVIÇOS LTDA.


WEG INDÚSTRIAS S/A - TINTAS Rep.: Paulo Roberto Novaes Vasconcelos

Neusvaldo Lira de Almeida Representantes dos Associados Individuais


INDIVIDUAL
Neusvaldo Lira de Almeida.
Simone Louise Delarue Cezar Brasil Zehbour Panossian
INDIVIDUAL Aldo Cordeiro Dutra
Fernando Benedicto Mainier
Conselho Deliberativo Conselho Fiscal

Representantes dos Associados Patrocinadores Membros Efetivos


Maria Carolina Marques da Silva
PETROBRAS TRANSPORTE S/A – TRANSPETRO Iraci Carneiro Xavier
Rep.: João Hipólito de Lima Oliver Walter Marques da Silva

AKZO NOBEL LTDA. Membros Suplentes


Rep: Alysson Helton Santos Bueno Jorge Fernando Pereira Coelho
Eduardo Homem de Siqueira Cavalcanti
RENNER HERRMANN S/A Everaldo de Souza Luna
Rep.: Adauto Riva

16 C & P • Novembro/Dezembro • 2008


AbracoInforma24 1/1/04 2:08 PM Page 2

ABRACO Informa

ABRACO promove confraternização de final de ano


Tradicional churrascaria do Rio de Janeiro foi Pedro Paulo Barbosa Leite deixou o cargo em Foto maior:
palco para a festa de confraternização de final de Dezembro de 2008, com a certeza de ter exercido Colaboradores
ano da ABRACO. Funcionários, colaboradores e uma gestão coroada de êxito, com várias ações diretos da
amigos proporcionaram um ambiente festivo que empreendedoras para a ABRACO, destacando-se ABRACO.
marcou o encerramento das atividades de 2008 da o INTERCORR 2008, realizado na cidade de Da esquerda
associação e a apresentação da nova diretoria para Recife, que contou com cerca de 600 congressis- para a direita:
o biênio 2009/2010. tas e várias empresas patrocinadoras e expositoras. Rosangela
Gomes –
Responsável
pelo Coffee
Break
Marialva
Leandro –
Estagiária de
Cursos
Ana Sousa –
Assistente de
Eventos
Adalgiza
Barcellos –
Assistente
Administrativo
Simone Maciel
– Coordenadora
de Eventos
Alessandra
Nunes –
Coordenadora
de Cursos
Yla Bonder –
Bibliotecária
Ednilton Alves
– Gerente
Técnico
Walter
Marques –
Gerente
Administravo-
financeiro
Maria
Carolina
Marques da
Silva – Sócia
Fundadora da
ABRACO
À frente:
Ana Carolina
– Estagiária do
Setor de
Certificação
As fotos
menores são
flagrantes do
evento.
C & P • Novembro/Dezembro • 2008 17
Mercado24 1/1/04 2:06 PM Page 1

Notícias do Mercado

Ebrats 2009 – Evento maior da ABTS


O EBRATS – Encontros Brasileiros de Tra- tivo maior destas 12 edições já realizadas, que sem-
tamentos de Superfícies completa em maio de pre são acompanhadas de uma vigorosa Exposição
2009 seu trigésimo aniversário. “Para um evento Empresarial onde as empresas do setor têm a
técnico, atingir tal marca significa oportunidade de estabelecer o contato direto com
antes de mais nada a certeza de os profissionais que especificam, influenciam ou
contribuir decisivamente para o decidem a compra de produtos e serviços para o
desenvolvimento técnico e mer- segmento.
cadológico do tema no Brasil, ele- “No Ebrats 2009 teremos cerca de 100 empre-
vando-o a patamares de represen- sas expositoras ocupando uma área de mais de
tação e qualificação equivalentes 10.000 m2 reunindo as mais expressivas organiza-
aos principais eventos semelhan- ções do setor e representando a mais avançada tec-
tes organizados no exterior” diz nologia disponível para o mercado de tratamento
Airi Zanini, coordenador do de superfície”, comenta Zanini.
Ebrats 2009. O Ebrats 2009 reforça as metas projetadas
Desde os primórdios da 1ª e- quando de sua criação. “Contamos com a partici-
Airi Zanini, dição, em 1979, no Hilton Hotel, em São Paulo, pação dos senhores para que possamos estabelecer
coordenador o objetivo era transformar o Ebrats num evento um novo recorde de visitantes, palestrantes e expo-
do Ebrats que pudesse expor a atividade de Tratamento de sitores. Em nome da ABTS, e como coordenador
2009 Superfície de forma compatível com a importân- do Ebrats 2009, ratifico o convite e aguardo a pre-
cia do setor, congregando toda a comunidade téc- sença dos senhores de 7 a 9 de maio próximo, no
nico-empresarial que nele milita. Transamérica, em São Paulo”, finaliza Zanini.
Compartilhar conhecimentos tem sido o obje- Mais informações em www.abts.org.br

Bayer é premiada a melhor empresa de indústria química do Brasil


Da esquerda questionários, foram seleciona-
para a direita: das as 100 Empresas de Maior
Rainer Krause, Prestígio do Brasil, divididas em
Dir. Geral da 25 setores da economia. Ao
Bayer Schering todo, 224 organizações fizeram
Pharma, parte do universo da pesquisa.
Horstfried “O prêmio de empresa de maior
Laepple, prestígio no setor químico é um
Presidente da importante reconhecimento do
Bayer S.A. e esforço diário de cada um de
porta-voz do nossos funcionários, realizado
Grupo Bayer com foco em nossos clientes e
no Brasil, em seus mercados. É mais uma
Frederic confirmação de que a Bayer é
Kachar, Dir. reconhecida não somente como
Geral da Ed. Qualidade de produtos e ser- Época Negócios e divulgada em uma empresa farmacêutica, mas
Globo, Ulrich viços, confiança e ética, compro- seu anuário das 100 empresas de também como um dos mais
Ostertag, misso social e ambiental, postura maior prestígio no Brasil. importantes produtores de polí-
Head da Bayer inovadora, admiração, história e Realizada em parceria com a meros de alta tecnologia”, afirma
MaterialScience evolução. Estes foram os quesitos Troiano Consultoria de Marcas, Ulrich Ostertag, head da Bayer
na América que garantiram à Bayer e à sua a pesquisa entrevistou mais de MaterialScience na América
Latina, e unidade de negócio Bayer 12 mil consumidores de todo o Latina.
Eckart- MaterialScience, o prêmio de Brasil que avaliaram a relevância O Anuário Época Negócios
Michael Pohl, empresa de maior prestígio no da marca corporativa, atribuindo 100 – As Empresas de Maior
Dir. de Brasil no setor de Indústria notas para cada uma das empre- Prestígio no Brasil também pre-
Comunicação Química, de acordo com uma sas nos seis diferentes quesitos miou a Bayer como melhor
Corp. da Bayer pesquisa realizada pela revista acima descritos. A partir destes empresa do setor Farmacêutico.

18 C & P • Novembro/Dezembro • 2008


Mercado24 1/1/04 2:06 PM Page 2

Notícias do Mercado

Novo site da divisão de Tintas de Proteção da International Paint


Paint, John Dunk, diz que o
novo site facilita a vida dos clien-
tes por ser uma ótima forma de
acesso a informação rápida e efi-
ciente. Com visual mais moder-
no e fácil navegação, o site atrai
novos olhares. “Fotos mostram
nossa extensa experiência e com-
provam os projetos industriais
mais prestigiados, no passado e
no presente”, diz Dunk.
Os visitantes que acessarem
o novo site da International
Protective Coatings e entrar no
free prize draw têm a chance de
ganhar uma caneta digital
Mais funcional, o novo site de todos os mercados, incluin- Dane Z-Pen, capaz de digitali-
da International Paint quer co- do petróleo e gás, infra-estrutu- zar os seus textos manuscritos
nectar os profissionais do mer- ra, energia e mineração, calcu- para o computador. Os vence-
cado com os especialistas da in- lar VOC dos seus projetos com dores serão selecionados de
dústria de revestimentos da em- a calculadora VOC, entre ou- forma aleatória e serão comuni-
presa. Os interessados terão a- tras funcionalidades. cados por e-mail.
cesso aos boletins técnicos, in- O gerente mundial de Mar- Acesse:
formações e ver os track records keting PC da International www.international-pc.com
Mercado24 1/1/04 2:06 PM Page 3

Notícias do Mercado

Termogal recebe prêmios de desenvolvimento sustentável


Pedro de A galvanoplastia Termogal
Araújo (ao Tratamento de Superfícies, loca-
centro), com o lizada em Itu, no interior de São
presidente da Paulo, recebeu, em setembro, o
CNI, Troféu de Vencedora da fase esta-
Armando dual do Prêmio CNI 2008 de
Monteiro Desenvolvimento Sustentável,
Neto (à dir.) e modalidade pequena indústria,
o primeiro em cerimônia realizada durante
secretário da o “III Congresso das Micro e
CNI e Pequenas Indústrias”, realizado
presidente da pela Fiesp e o Ciesp, na sede da
Federação das Fiesp, em São Paulo, com o pro-
Indústrias de jeto “Descarte Zero de Efluentes
Goiás, Paulo Industriais – Sistemas de recu-
Afonso peração e reuso de matéria-
Ferreira prima e água em circuito fecha- força para evoluir nossos siste- realizar qualquer sonho, pois
(à esq.) do da Galvanoplastia”. mas de produção com responsa- simplesmente é permitido so-
(Crédito da O projeto, que já havia con- bilidade socioambiental, compe- nhar e realizar tudo. Depende da
Foto: Miguel quistado também o Prêmio titividade e garantindo a susten- escolha de cada um”, finaliza.
Ângelo – Fiesp de Conservação e Reuso tabilidade do nosso empreendi-
Banco de de água, foi também seleciona- mento. Uma prova de que a Resumo do projeto
Mídia CNI – do para a fase Nacional do mudança de paradigma faz dife- Desenvolvimento sustentável
Brasília-DF). Prêmio CNI 2008, organizado rença, principalmente quando se Modalidade: Pequena e Micro
durante o 3º Encontro Nacio- considera que o movimento da Indústria
nal da Indústria (ENAI), nos economia brasileira se dá através 1º – Termogal Tratamento de
dias 28 e 29 de outubro, em da pequena e micro empresa, Superfícies – SP
Brasília. Na fase nacional con- que pode ser e é altamente espe- A Termogal venceu a modali-
correram 90 projetos de 78 cializada e criativa no cenário de dade com o projeto “Descarte
empresas, sendo que apenas 18 competitividade mundial”. zero de efluentes industriais –
projetos de empresas diferentes O consultor galvanotécnico Sistema de recuperação e reuso
foram classificados nas mesmas Pedro de Araújo lembra que de matéria-prima e água em cir-
categorias e modalidades que Termogal foi a primeira galvano- cuito fechado da galvanoplastia”.
concorreram na fase estadual. plastia brasileira a adotar tecno- O grande desafio do trabalho foi
E novamente a galvanoplas- logias que permitem reutilizar desmistificar paradigmas e efeti-
tia Termogal foi a vencedora da 100% de suas águas de processos vamente introduzir as tecnolo-
categoria Desenvolvimento Sus- em regime de circuito fechado gias disponíveis, provando sua
tentável, modalidade pequena com descarte zero de efluentes, viabilidade técnica e econômica.
indústria. Na ocasião, seu dire- pela combinação da sua técnica A empresa recorreu às técnicas
tor Luiz Donizeti Rocha foi inovadora de lavador cascata de existentes que poderiam ser
representado pelo consultor gal- múltiplos estágios em contra- implantadas e, ao final de um
vanotécnico Pedro de Araújo, fluxo ao processo produtivo determinado período de estudos
responsável pela implantação do segregado e acoplado às colunas e comparações, concluiu que a
projeto. A Termogal é a primei- contendo resinas trocadoras de melhor proposta seria combinar
ra e única indústria paulista a íons. “Nosso processo iniciou-se algumas técnicas conhecidas do
receber dupla premiação esta- com a mudança dos antigos galvanizador com outra técnica
dual e nacional, ambos troféus paradigmas. E com a crença de menos usual. A proposta con-
de primeiro lugar em desenvol- que tudo é possível neste reino templou redução de até 95% no
vimento sustentável até o pre- de todas as possibilidades. Basta uso de água nova, no consumo
sente momento das edições do que façamos uma proposição, de matéria-prima que passou a
Prêmio CNI. deliberemos sobre ela, decida- ser reutilizada de forma segrega-
Segundo Luiz Donizeti Ro- mos sobre sua execução e passe- da, com redução de 86% na
cha, diretor da Termogal, “rece- mos a ação, que materializa os geração de resíduo sólido para a
ber a premiação nos dá mais nossos pensamentos. É possível disposição legal.

20 C & P • Novembro/Dezembro • 2008


CA24Novo 1/1/04 1:46 PM Page 1

Artigo Técnico

A corrosão por corrente alternada


em dutos instalados sob linhas de
transmissão elétrica – Parte 1
O presente trabalho tem o objetivo de propor metodologias de medição para avaliar
os níveis de tensão AC em dutos, bem como avaliar termodinamicamente
a probabilidade de ocorrência de corrosão por corrente AC dos dutos

evido ao aumento cres- Nenhum dos critérios cita- onda resultante deste acopla- Autores:
cente de casos de corrosão dos na literatura, incluindo os mento, que em última análise é o Sérgio E.
provocados por corrente apresentados na tabela 1, é con- responsável por qualquer proces- A. Filho,
AC em dutos, muitos grupos de siderado como sendo um crité- so eletroquímico que venha a Zehbour
pesquisa estão em busca de expli- rio seguro para a mitigação da ocorrer na interfase duto/solo. Panossian,
cações plausíveis para a corrosão corrosão por AC, uma vez são Havendo o acoplamento, o po- Neusvaldo L.
por corrente AC e técnicas de relatados, na literatura, inúme- tencial a ser considerado é a so- de Almeida
medição estão sendo estudadas e ros casos de falhas em campo ma do potencial AC com DC, Mário L.
desenvolvidas para detectar, em dutos cujas condições de em cada instante, e o critério pa- Pereira Filho,
quantificar e mitigar este tipo de operação satisfaziam os critérios ra verificar se um determinado Diogo L. Silva,
corrosão. A partir de estudos de estabelecidos (1, 4-6). duto está ou não protegido cato- Eduardo W.
casos de falhas em campo e de Fazendo uma análise crítica dicamente não pode ser feito Laurino , João
experiências em laboratório, das informações encontradas na com base no potencial tubo/solo Hipólito de L.
alguns critérios foram estabeleci- literatura consultada, verificou- DC, mas sim com base no po- Oliver
dos para serem usados como fer- se que os critérios estabelecidos tencial de pico da forma de onda Gutemberg de
ramenta para detecção e posterior têm como base parâmetros ciné- do acoplamento AC + DC, o S. Pimenta ,
mitigação da corrosão por cor- ticos (densidade de corrente) e qual deve ser comparado com o José Álvaro de
rente AC (1-3). Tais critérios tive- não termodinâmicos, o que é potencial de equilíbrio de ferro C. Albertini
ram como base medidas de den- uma incongruência visto que (potencial de proteção catódica).
sidade de corrente JAC e/ou JDC, as previsões de ocorrência ou não Assim, neste estudo é proposto o
quais são determinadas experi- de qualquer evento devem ser seguinte critério: um duto sujei-
mentalmente em cupons de cor- feitas tendo como base a termo- to às interferências de correntes
rosão instalados em campo, dinâmica e não a cinética. Além AC estará protegido se, e somen-
sendo o valor de JAC também esti- disto, percebeu-se que todas as te se, o potencial de pico da for-
mado com uma fórmula empíri- medidas realizadas referiam-se ma de onda do potencial tubo
ca, usando os valores de potencial individualmente à corrente AC /solo resultante do acoplamento
eficaz AC e de resistividade do (JAC ou EAC eficaz) ou à corrente AC + DC for mais negativo do
solo. Os critérios mais aceitos pe- DC (JDC ou EDC), não havendo que –0,85 VECSC.
los autores e aqueles mais restriti- nenhuma citação que considera Assim sendo, neste estudo,
vos estão apresentados de manei- o acoplamento da corrente AC são propostas técnicas alternati-
ra resumida na tabela 1. com a corrente DC e a forma de vas de medição em campo. São

TABELA 1 – CRITÉRIOS DE PREVISÃO DE OCORRÊNCIA DE CORROSÃO POR AC MAIS ACEITOS E RESTRITIVOS (1-3)
Parâmetro Critério
JAC < 20 A/m2 Corrosão por AC não ocorre
JAC 20 A/m2 < JAC < 100 A/m2 A corrosão por AC não pode ser prevista
JAC > 100 A/m2 A corrosão por AC ocorre
JAC/JDC < 2 Baixa probabilidade de corrosão por AC
JAC/JDC 2 < JAC/JDC < 10 Existe probabilidade de corrosão por AC, devendo ser investigada
JAC/JDC > 10 Alta probabilidade de corrosão por AC
Nota: os valores de JAC e JDC são obtidos em campo por meio de cupons de corrosão interligados aos dutos.
O valor de JAC pode ser estimado usando a fórmula empírica:
JAC 8.EAC
=
ρ.π.d

C & P • Novembro/Dezembro • 2008 21


CA24Novo 1/1/04 1:46 PM Page 2

(a) (b)
(b) (a)

Figura 1 – Cupom cilíndrico de Figura 2 – Cuba de vidro usada Figura 3 – Fonte de tensão
aço-carbono COPANT 1020 de no levantamento de curvas EDC alternada utilizada no
4,8 cm2 de área (a) e contra-ele- em função de JDC com imposição levantamento de curvas EDC em
trodo de aço inoxidável ABNT de diferentes valores de JAC (a) e função de JDC com imposição de
316 utilizados no levantamento detalhe do eletrodo de trabalho, diferentes valores de JAC
de curvas de EDC em função de do contra-eletrodo e eletrodo de
JDC com imposição de diferentes referência (b). foram realizadas com o auxílio de
valores de JAC (b). um eletrodo de referência de ca-
potencial de eletrodo EDC, medi- lomelano saturado (ECS).
apresentados também os resulta- do em laboratório com um ele- Os ensaios foram conduzidos
dos de alguns ensaios em labora- trodo de calomelano saturado, em uma cuba de vidro com
tório e os resultados de medições de cupons de corrosão imersos capacidade de 2l, provido de
em campo e, com base nestes, em meios de diferentes resistivi- uma tampa, também de vidro,
apontados as melhorias que ain- dades e submetidos a diferentes com aberturas para a inserção
da devem ser introduzidas nas níveis de proteção catódica e in- dos eletrodos (ver figura 2). Para
técnicas de medição propostas terferência de corrente AC. imposição da corrente AC, utili-
para então se aplicar de maneira Os ensaios foram realizados zou-se uma fonte de tensão alter-
segura o critério proposto para com cupons cilíndricos de aço- nada 3 kVA AC da California
diagnosticar a corrosão por AC. carbono COPANT 1020, com Instruments modelo 3001Xi (ver
cerca de 10 mm de altura e 12 figura 3).
Metodologia e resultados mm de diâmetro, totalizando A figura 4 mostra os valores
uma área de 4,8 cm2. O cupom do potencial EDC em função da
Ensaios de laboratório: levan- usado nos ensaios está mostrado densidade de corrente JDC em
tamento de curvas EDC em fun- na figura 1a. Como contra-ele- soluções com resistividades iguais
ção de JDC para verificação trodo utilizou-se uma barra cilín- a 5000 Ω.cm, 10000 Ω.cm e
qualitativa da influência da drica de aço inoxidável ABNT 65000 Ω.cm. Estas curvas nada
queda ôhmica e da imposição 316, com cerca de 60 mm de mais são do que as curvas de
da corrente AC em meios de altura e 17 mm de diâmetro, polarização do aço-carbono no
diferentes resistividades totalizando uma área de cerca de meio considerado: o ramo anó-
Estes ensaios tiveram a finali- 35 cm2, como mostrado na figu- dico representa a reação de cor-
dade de mostrar como varia o ra 1b. As medidas de potencial rosão do aço-carbono e o ramo

Figura 4 – Curvas de potencial versus densidade de Figura 5 – Curvas de potencial EDC em função da
corrente de proteção catódica para um sistema na densidade de corrente DC, em meio de resistividade
ausência de corrente AC. 5000 Ω.cm, para diferentes densidades de corrente AC.
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Figura 6 – Curvas de potencial EDC em função da Figura 7 – Curvas de potencial EDC em função da
densidade de corrente DC, em meio de resistividade densidade de corrente DC, em meio de resistividade
10000 Ω.cm, para várias densidades de corrente AC. 65000 Ω.cm, para várias densidades de corrente AC.

catódico representa a reação de AC. As medidas de potencial co para as correntes com inten-
redução do hidrogênio, visto que foram realizadas, aplicando den- sidades de 50 A/m2, 100
a reação de redução de oxigênio, sidades de corrente DC variando A/m2, 147 A/m2, sendo que a
nestas condições, é desprezível. A de –10000 mA/m2 a 10000 despolarização aumenta quan-
diferença entre as curvas deve-se mA/m2, em diferentes densida- do a corrente AC é aumentada
exclusivamente à queda ôhmica, des de corrente AC. de 50 A/m2 para 100 A/m2. Já
que é maior quanto maior a Na ausência de corrente AC, quando se aumenta a corrente
resistividade do meio. Observan- a curva preta da figura 5 é a pró- AC para 147 A/m2, a curva
do tais curvas, verifica-se que, pria curva de polarização do aço- aproxima-se da curva de polari-
mesmo nas condições de labora- carbono no meio estudado (já zação do aço-carbono (a despo-
tório, nas quais é possível a apro- apresentada na figura 4). Com a larização passa a ser menos
ximação do eletrodo de referên- aplicação da corrente AC com acentuada). Para a corrente AC
cia ao cupom de corrosão, a que- intensidades de 50 A/m2, 100 de 200 A/m2, é verificada uma
da ôhmica exerce uma influência A/m2, 147 A/m2 e 200 A/m2, os polarização do ramo anódico;
significativa, especialmente em seguintes fatos são observados: • aumento do potencial corres-
soluções que representam solos • formato das curvas semelhante pondente à corrente JDC igual a
de alta resistividade. ao da curva de polarização do zero, potencial este que na
A figura 5 mostra as variações aço-carbono; ausência de corrente AC é o de
do potencial de eletrodo para o • despolarização no ramo catódi- corrosão do sistema.
cupom imerso num meio de re- co, sendo esta despolarização Pelo exposto, pode-se obser-
sistividade de 5000 Ω.cm em tanto maior quanto maior a var que a imposição de corrente
função da densidade de corrente densidade de corrente AC; AC causa mudanças significati-
DC, sob a influência de corrente • despolarização no ramo anódi- vas nas curvas EDC em função de

Corrente de dispersão

Revestimento anticorrosivo

Parede do duto

Figura 8 – Desenho esquemático do defeito do reves-


timento anticorrosivo e dispersão da corrente na Figura 9 – Forma de onda do potencial da saída do
falha do revestimento. retificador no domínio do tempo.
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Epico qualquer critério, que for sugeri- no potencial de pico da forma de


do para verificar a condição ter- onda do potencial tubo/solo re-
Tempo (s) modinâmica de ocorrência ou sultante do acoplamento dos
não da corrosão do aço pela potenciais AC + DC. Para isto,
influência de corrente AC, deve- foram realizadas as medidas tra-
rá levar em consideração a queda dicionais tanto nos cupons como
ôhmica. no duto em estudo. Além destas
Figura 10 – Desenho esquemáti- Na prática, as medidas para medidas, técnicas alternativas de
co da forma de onda do potencial compensar a queda ôhmica em medição foram propostas e ado-
tubo/solo (potencial instantâneo). sistemas que operam com cor- tadas.
rente DC já são realizadas (po- A seguir, primeiramente é
JDC. Quanto à previsão termodi- tencial on/off), consistindo de apresentada a proposição das
nâmica de ocorrência ou não de instalação de cupons de corro- técnicas alternativas, a metodo-
corrosão, nada pode ser extraído são com cerca de 1 cm2 de área logia adotada para a realização
pelo gráfico apresentado na figu- enterrado e conectado ao duto das medidas, breve descrição do
ra 5, visto que os valores de po- por meio do ponto de teste. O duto em estudo, os critérios ado-
tencial locados no eixo das orde- eletrodo de referência, instalado tados para a escolha dos locais de
nadas são o potencial EDC, sendo nas proximidades do cupom de instalação dos cupons de corro-
que a previsão termodinâmica corrosão, irá medir o potencial são, a metodologia referente ao
deve levar em consideração a imediatamente após a desinter- preparo e instalação dos cupons
forma de onda e verificar quan- ligação do cupom do duto. No e os resultados obtidos.
do o potencial de pico da forma entanto, este procedimento é
de onda do acoplamento dos feito quando somente há a cor- Proposição de medidas
potenciais AC + DC assume rente de proteção catódica e alternativas para serem
valores acima do potencial de não há interferências externas realizadas em campo
equilíbrio do ferro. de corrente DC e AC. Em um circuito de corrente
As medidas também foram AC, o potencial elétrico EAC(t) e
realizadas em meios com resisti- Ensaios de campo a sua resposta elétrica IAC(t)
vidade de 10000 Ω.cm e 65000 Os ensaios de campo consis- variam com o tempo segundo a
Ω.cm, como mostrado nas figu- tiram da avaliação da interferên- eq.(1) e a eq.(2):
ras 6 e 7, respectivamente. cia de corrente AC em um duto
Observando tais figuras, pode-se da Petrobrás, em São Paulo, e EAC(t) = Eo.cos(2.π.f.t) (1)
verificar que o aumento da resis- instalação de cupons de corrosão IAC (t) = Io.sen(2.π.f.t + φo) (2)
tividade causa distorções mais a- em pontos selecionados do refe- onde:
centuadas do que aquelas obser- rido duto. A verificação da inter- Eo e Io = amplitude do potencial
vadas na figura 5, visto que a ferência ou não de corrente alter- elétrico AC e da corrente elétrica
queda ôhmica é aumentada não nada foi feita usando alguns dos AC
só pelo aumento da resistividade critérios citados na literatura, os f = freqüência do potencial elé-
como pelo aumento da corrente quais foram apresentados na trico AC
total circulante com a imposição tabela 1 e, também, o critério t = tempo
da corrente AC. Isto indica que proposto neste estudo, baseado φο = defasagem da corrente em

Figura 11 – Conteúdo harmônico da forma de onda Figura 12 – Forma de onda das correntes trifásicas
do potencial de um retificador de proteção catódica. numa linha de transmissão de alta tensão.
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(a)

(b)

Figura 14 – Metodologia adotada para a obtenção da forma de onda


usando um osciloscópio. Um dos terminais do osciloscópio foi conectado
Figura 13 – Osciloscópio digital ao eletrodo de referência de Cu/CuSO4 enterrado dentro do tubo de
usado nas medidas de potencial. PVC alocado sobre os dutos e cupons (a) sendo o outro terminal conecta-
do ao ponto de teste que estava interligado ao duto ou ao cupom (b).
relação ao potencial elétrico.
O potencial elétrico medido, I0
nente AC e, para ondas pura-
geralmente com um multímetro, IAC = (4) mente senoidais, pode ser calcu-
é o potencial eficaz ou potencial √2 lado segundo a eq. (6); o EAC+DC,
médio quadrático RMS. Para Alguns dos parâmetros elétri- também eficaz, é obtido conside-
ondas puramente senoidais, o cos bastante utilizados em resul- rando o acoplamento das com-
potencial eficaz segue uma rela- tados práticos de laboratório e de ponentes AC e DC e calculado
ção com a amplitude do poten- campo são os potenciais medidos segundo a eq.(7).
cial elétrico segundo a eq.(3): corriqueiramente com um mul-

√∫
tímetro: potencial e corrente DC (5)
EDC = 1
E0 T
EAC = (3) (EDC e IDC), potencial e corrente T (E(t)dt
√2 0
eficaz AC (EAC e IAC) e potencial
A corrente AC medida, geral- eficaz AC + DC (EAC+DC). O EDC (6)
mente com um multímetro, é a é um valor médio obtido devido
√∫
EAC = 1 T
corrente eficaz (IAC). Esta corren- à componente DC e calculado T (E(t) – EDC)2dt
te também segue uma relação segundo a eq. (5); o EAC é o 0

com a amplitude da corrente AC potencial eficaz, sendo obtido (7)


(Io) conforme indicado na eq.(4). considerando apenas a compo-
√∫ (E(t)) dt
EAC + DC = 1 T
2
T
0

onde:
E(t) = potencial elétrico em fun-
ção do tempo
T = período

Figura 16 – Pinça de corrente de


508 mm de diâmetro (20”) utili-
zada nas medidas de corrente AC
Figura 15 – Alicate amperímetro nos dutos. Ao centro, transdutor Figura 17 – Medida de corrente
utilizado para medida de corrente de sinal com fator de transdução AC nos dutos utilizando pinça de
AC nos cupons. de 5 mV/A. corrente flexível.
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Figura 18 – V 05-02 pode ser ilustrada na Figura 8 e


Registro de calculada segundo a eq.(9). Esta é
potencial tubo a chamada RS, ou resistência de
solo (EDC) das dispersão (spread resistance):
caixas de vál-
vula V 05-02 ρ (9)
RS =
e V 05-03 e 2.d
do retificador
RF 05-06 do onde:
OBATI. RS = resistência de dispersão de
um defeito num duto revestido
d = diâmetro do defeito
No caso de um defeito de diâ-
metro d, pode-se calcular a densi-
V 05-03 dade de corrente eficaz AC (JAC)
que passará por este defeito apli-
cando-se a 1a Lei de Ohm, de
acordo com a eq. (10) e eq. (11):

(10)
E E 2.d.EAC
IAC = AC = ρAC = ρ
RS
2.d

2.d.EAC
I ρ
JAC = AC = =
Adefeito π.d2 (11)
4
RF 05-06 2.d.EAC . 4
= ρ π.d2

8.EAC (12)
JAC =
π.ρ.d
onde:
Adefeito = área do defeito

Assim, pode-se calcular a


densidade de corrente eficaz
AC (JAC) que passará por um
defeito de diâmetro d aplican-
do-se a eq.(12). Esta equação é
amplamente utilizada pelos
Outro conceito bastante persa é dado pela eq. (8): profissionais que estudam cor-
importante é o de resistência elé- rosão por corrente AC (1,6,8).
trica. O valor da resistência elé- (8) Além desta metodologia, na
ρ
trica de um defeito de revesti-
mento depende da forma deste
R=
π.L
(ln
( 2.L
√ 2.D.P ) – 1) prática, o JAC pode ser medido
em cupons de corrosão com
defeito e do meio onde a corren- cerca de 1 cm2 de área e conec-
te se dispersa. onde: tado ao duto por meio do
Para um duto metálico sem R = resistência de dispersão de ponto de teste, com o uso de
revestimento de comprimento um duto não-revestido alicate amperímetro. Finalmen-
L, de diâmetro externo D, enter- Já para um duto enterrado te, a corrente JAC nos dutos po-
rado a uma profundidade P e revestido, com diâmetro do duto de-se ser medido usando uma
num solo de resistividade ρ, o muito maior que o diâmetro do pinça de corrente flexível.
valor da resistência elétrica (R) defeito, em solo de resistividade ρ, Além das grandezas elétricas
da região onde a corrente se dis- a resistência elétrica deste defeito mencionadas, uma das medidas
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Obtida a forma de onda do Figura 19 –


potencial com o osciloscópio, é Registro de
possível analisar o conteúdo har- potencial tubo
mônico desta forma de onda. O solo (EDC) das
conteúdo harmônico mostra-se caixas de vál-
uma ferramenta eficaz para ma- vula V 05-04
pear as possíveis fontes de inter- e V 05-05 e
ferência em uma faixa de dutos, do retificador
seja de uma linha de transmissão RF 05-07 do
de alta tensão, seja de um sistema OBATI.
de distribuição de energia elétri-
ca, ou do próprio sistema de pro-
teção catódica. Quando a forma
de onda do potencial é vista no
V 05-05 domínio da freqüência nota-se a
assinatura típica de cada circuito.
A forma de onda do poten-
cial característica de saída do reti-
ficador de proteção catódica é
uma onda pulsada de freqüência
120 Hz, na qual o período de ca-
da ciclo é aproximadamente 8
ms. Nos retificadores, há uma
componente DC corresponden-
te a 100% e harmônicas pares
(120 Hz, 240 Hz, 360 Hz) com
amplitude caindo rapidamente,
conforme mostrado na figura 11.
RF 05-07 As linhas de transmissão de
alta tensão, como geralmente
operam em sistema trifásico,
apresentam os primários dos
transformadores rebaixadores
com ligação delta. Neste caso, a
somatória das correntes é nula e
não pode haver circulação de
corrente de seqüência zero, ou
seja, aquelas múltiplas de três.
Portanto, não é esperado compo-
nente 180 Hz (terceira harmôni-
ca) na forma de onda de poten-
cial tubo/solo induzida por um
de grande importância para ava- No caso de um retificador de sistema de transmissão de alta
liar os níveis de interferência AC proteção catódica, o potencial é tensão. A figura 12 mostra a for-
nos dutos é a medida da forma medido nos retificadores e ob- ma de onda das correntes trifási-
de onda do potencial tubo/solo, tém-se a forma de onda do po- cas de uma linha de transmissão
ou potencial instantâneo, e a tencial na saída do retificador no de alta tensão.
outra é a medida de corrente AC domínio do tempo, como mos- Pela análise das correntes
que atravessa a interfase tubo/so- trado na figura 9. trifásicas circulantes em uma li-
lo, ou corrente instantânea, as Na medida da forma de onda nha de transmissão de alta ten-
quais podem ser obtidas com do potencial tubo/solo, além das são, mostradas na figura 12, ve-
auxílio de um osciloscópio. Estas informações tradicionais como rifica-se que o somatório das
medidas fornecem informações EDC, EAC eficaz e EAC+DC eficaz, é correntes é igual a zero.
da variação do potencial ou da possível obter a informação do Por exemplo, o somatório
corrente em um período da potencial de pico Epico, mostrado das correntes neste sistema tri-
ordem de milissegundos (ms). na figura 10. fásico para o tempo igual a
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Figura 20 – V 05-10 onda DC + AC (Epico) e a aná-


Registro de lise espectral de harmônicos
potencial tubo (medidas não consideradas na
solo (EDC) das literatura);
caixas de vál- • medida de corrente AC nos
vula V 05-10 cupons de corrosão (medidas já
e do retifica- recomendadas na literatura);
dor RF 05-08 • medida de corrente AC em
do OBATI. dutos (medida não considera-
da na literatura).
Não foi desenvolvido ne-
nhum equipamento novo, ape-
nas introduzidas técnicas de me-
dição já conhecidas, porém não
RF 05-08 usadas pelos profissionais da área
de proteção catódica.

Metodologia para realização


das medidas em campo
Para a obtenção da forma de
onda do potencial duto/solo e
cupom/solo, foi utilizado um
osciloscópio digital (ver figura
13). Para tal, um dos terminais
do osciloscópio foi conectado ao
duto ou ao cupom, por meio do
ponto de teste (ver figura 14) e o
outro terminal ao eletrodo de
0,01s é dada por: zidas novas medidas, a saber: referência de cobre/sulfato de
• medidas de potencial tubo/ cobre, o qual era enterrado den-
ITOTAL (A) = 1,4 + (- 0,7) + (- 0,7) solo EDC on em relação ao ele- tro do tubo de PVC instalado
trodo de Cu/CuSO4 (medida sobre os dutos e sobre os cupons
ITOTAL (A) = 0 normalmente realizada pelos de corrosão.
profissionais dedicados à prote- Além da forma de onda do
O fato do somatório das cor- ção catódica); potencial, com osciloscópio digi-
rentes trifásicas ser igual a zero ex- • medidas de potencial AC eficaz tal é possível obter o conjunto de
plica não haver circulação de cor- EAC (medida amplamente utili- medidas EDC, EAC, EAC+DC e Epico.
rente de seqüência zero, ou seja, zada quando há suspeita de Utilizando-se um software do
harmônicas múltiplas de três. corrosão por AC); próprio equipamento, ainda, é
Face ao exposto neste estudo, • medida de potencial AC + DC, possível analisar o conteúdo har-
além das medidas tradicionais da forma de onda DC + AC, mônico da forma de onda do
feitas em campo, foram introdu- potencial de pico da forma de potencial e mapear as possíveis
fontes de interferências de cor-
rente AC nos dutos.
Ponto de teste (PT) Para avaliar a probabilidade
Tubo de PVC de corrosão por corrente AC de
Tubo de PVC Eletrodo de referência portátil um duto, muitas vezes, opta-se
Solo pela instalação de cupons de cor-
Eletrodo de referência Interligação do duto ao PT rosão e nestes são feitas, entre
permanente
Duto outras, medidas de potencial tu-
bo/solo DC, AC e AC+DC e
Coupons corrente elétrica.
Corpos de prova Para a realização da medida
de corrente AC nos cupons de
corrosão foi utilizado um alicate
Figura 21 – Dispositivo de corrosão para ensaios em campo padrão NACE amperímetro, mostrado na figu-
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TABELA 2 – VALORES MÁXIMOS, MÉDIOS E MÍNIMOS OBTIDOS DOS REGISTROS DE POTENCIAL TUBO/SOLO EDC OBATI
Local da medida Potencial tubo-solo EDC (VECSC) EDC máximo – EDC mínimo (V)
EDC máximo EDC médio EDC mínimo
V 05-02 -2,0 -2,4 -2,9 0,9
V 05-03 -1,0 -1,5 -1,7 1,7
RF 05-06 -3,4 -3,9 -4,2 0,8
V 05-04 -0,8 -1,8 -2,9 2,1
V 05-05 -1,0 -2,3 -3,6 2,6
RF 05-07 -2,5 -3,3 -4,1 1,6
V 05-10 -1,9 -2,0 -2,2 0,3
RF 05-08 -1,4 -2,0 -2,6 1,2

ra 15. O alicate amperímetro é ram instalados e nestes foram foi o registro de potencial tubo-
utilizado para medir correntes realizadas uma série de medidas solo (EDC) em função do tempo.
AC da ordem de miliamperes e/ elétricas e eletroquímicas, além Isto porque, tais variações apre-
ou Amperes. da análise visual com registros sentam uma correlação com as
As medidas de corrente AC fotográficos e determinação das interferências de corrente nos
circulantes nos dutos foram rea- taxas de corrosão. dutos: pontos de mínimo indi-
lizadas utilizando uma pinça de Será apresentada toda a cam saída de corrente do duto e
corrente flexível de 508 mm de metodologia empregada para a pontos de máximo indicam
diâmetro (20”) e transdutor de seleção dos locais de instalação entrada de corrente neste duto.
sinal (5 mV/A) (ver figura 16). dos cupons de corrosão, a con- Disto decorre que:
Estas medidas foram auxiliadas cepção e a instalação destes cu- • se a diferença entre os poten-
pelo osciloscópio digital mostra- pons e a metodologia empregada ciais EDC máximos e mínimos
do na figura 13. nas medições. for grande, então os níveis de
A Figura 17 mostra a medida Os seguintes critérios foram interferência de correntes nos
de corrente AC nos dutos utili- utilizados para a seleção dos lo- dutos são elevados;
zando-se a pinça de corrente fle- cais de inspeção e instalação dos • se a diferença entre os poten-
xível, transdutor de sinal e osci- cupons: ciais EDC máximos e mínimos
loscópio de mão. • proximidade dos grandes cen- for pequena, então os dutos
Neste trabalho, optou-se por tros urbanos; estão com baixos níveis de
instalar cupons de corrosão em • proximidade de subestação de interferência de correntes.
alguns trechos do duto, em São energia elétrica; As figuras 18, 19 e 20 mos-
Paulo, na qual os dutos estavam • paralelismo com a linha de tram os registros de potencial tu-
sujeitos a fortes interferências transmissão de alta tensão; bo/solo DC (EDC) realizados em
tanto de linhas de transmissão de • perfil do registro de potencial algumas regiões do OBATI e a
alta tensão quanto de distribui- DC tubo/solo (EDC) em função tabela 2 mostra os valores de po-
ção de energia elétrica dos gran- do tempo. tencial tubo/solo EDC máximos,
des centros urbanos. Dentre os parâmetros cita- médios e mínimos verificados
Nestes locais, os cupons fo- dos, aquele de maior relevância nos registros de potencial mos-

Figura 23 – Abertura da vala


de 1,5 m de profundidade
para instalação dos cupons de
Figura 22 – Cupons em processo de instalação em campo corrosão.
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Figura 24 – Aspecto da parte Figura 25 – Ponto de teste onde Figura 26 – Cupom e tubo de
superior do tubo de PVC de 10 foi feito o contato elétrico do PVC recém-retirado
cm de diâmetro colocado na parte cupom de teste (fio verde).
superior do dispositivo de polipro- Para a instalação dos disposi-
pileno com a tampa já colocada rência: o permanente e o por- tivos de polipropileno já com os
tátil, ambos de Cu/CuSO4. O cupons em campo foram abertas
trados nas referidas figuras bem eletrodo de referência perma- valas com cerca 1,5 m de pro-
como as diferenças entre os po- nente foi instalado bem próxi- fundidade e 20 cm de diâmetro.
tenciais máximos e mínimos pa- mo ao cupom para minimizar A figura 23 mostra a vala aberta,
ra cada um dos registros. o efeito da queda ôhmica nas bem como o dispositivo alocado
Pelos resultados mostrados medidas de potencial e perma- dentro desta vala. Cabe esclare-
na tabela 2, pode-se verificar necem instalados no local por cer, que a profundidade de 1,5
regiões em que os dutos apre- um longo tempo; o eletrodo de m foi adotada devido ao fato dos
sentam altos níveis de interfe- referência portátil foi utilizado dutos estarem enterrados a esta
rência de corrente e regiões que nas medições periódicas e foi profundidade.
apresentam baixos níveis de retirado após cada uma das Sobre os cupons de corro-
interferência de corrente. Al- medidas. Assim, pôde-se esta- são foram colocados tubos de
guns dos locais com maiores belecer um critério comparati- PVC de 10 cm de diâmetro
níveis de interferência foram vo entre as medidas de poten- (4”) e o fio elétrico que fazia
selecionados para a inspeção do cial tubo/solo realizadas com o contato com o cupom foi posi-
duto e para instalação de cu- eletrodo de referência portátil cionado de modo a passar pelo
pons de corrosão. e as medidas realizadas como interior deste tubo. Em segui-
Assim, como as caixas de eletrodo de referência perma- da o tubo foi preenchido com
válvula V 05-03, V 05-04 e V nente. o solo do local e finalmente foi
05-05 apresentaram maiores Os cupons utilizados no colocada uma tampa. O obje-
níveis de interferência, somente presente estudo foram confec- tivo da colocação do tubo de
estes locais foram selecionadas cionados em aço-carbono CO- PVC era melhorar a reproduti-
para instalação dos cupons de PANT 1020, com geometria bilidade das medidas de poten-
corrosão. cilíndrica com cerca de 12 mm cial tubo/solo ao longo do
Os cupons instalados em de diâmetro, 1 mm de altura, o tempo. A figura 24 mostra o
campo foram desenvolvidos que corresponde a uma área aspecto de um tubo já tampa-
tendo como base o padrão do aproximada de 1,5 cm2. Estes do. Cada um dos cupons foi
dispositivo de corrosão da cupons eram fixados em um interligado aos dutos por meio
NACE, o qual está mostrado dispositivo de polipropileno, dos pontos de teste, utilizando
na figura 21. Conforme verifi- sendo o contato elétrico feito fio elétrico, conforme mostra-
cado nesta figura, o dispositivo por meio de fio elétrico, con- do na figura 25. Este tipo de
de corrosão padrão NACE é forme mostrado na figura 22. montagem foi realizado para
composto por dois cupons en- demarcar o local exato de ins-
camisados por um tubo de talação dos cupons e para pa-
PVC. Os cupons foram insta- dronizar as medidas em cam-
lados próximos ao duto e po. Assim, as medidas de cam-
interligados a ele por meio do po poderiam ser realizadas
ponto de teste. O tubo de sempre no mesmo local permi-
PVC foi preenchido com solo tindo a comparação entre me-
do próprio local e o potencial didas realizadas em períodos
tubo/solo foi medido com au- Figura 27 – Esquema de diferentes. Para garantir ainda
xílio de dois eletrodos de refe- instalação dos cupons. mais a reprodutibilidade, antes
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das medidas, a tampa do tubo cas para acompanhar os níveis


de PVC era retirado e o solo de interferência AC nos cupons Sérgio E. A. Filho
presente no interior do tubo e nos dutos. Químico, pesquisador do Laboratório de
era umedecido até a saturação Corrosão e Proteção do Instituto de
com água destilada. Em segui- Referências bibliográficas Pesquisas Tecnológicas – IPT
da o eletrodo de referência era 1. GOIDANICH, S.; LAZZARI, L.; seabud@ipt.br
inserido no solo saturado e as ORMELLESE, M; PEDEFERRI,
medidas necessárias eram en- M. P., Influence of AC on carbon steel Zehbour Panossian
tão realizadas. Esta montagem corrosion in simulated soil solutions, Doutora em Ciências, Professora convida-
facilitava a retirada dos cu- 16th ICC, paper n. 04-03, Beijing, da da Escola Politécnica da Universidade
pons, quando necessário, uma China, 2005 de São Paulo e responsável pelo
vez que esta operação era reali- 2. FUNK; PRINZ, SCHONEICH, Laboratório de Corrosão e Proteção do
zada de maneira a retirar todo Investigation of Corrosion of Catho- Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT
o conjunto: tubo de PVC e dically Protected Steel Subjected to zep@ipt.br
dispositivo de polipropileno. A Alternating Currents, 3R Internatio-
figura 26 mostra o aspecto de nal, 32, 1992 Neusvaldo L. de Almeida
um conjunto recém-retirado. 3. NACE INTERNATIONAL 2007, Mestre em Engenharia, Pesquisador do
No OBATI, a instalação dos AC Corrosion State-of-the-Art: Cor- Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT
cupons de corrosão foi realizada rosion Rate, Mechanism, and Miti- neuval@ipt.br
da seguinte maneira (figura 27): gation Requirements, NACE TG 327,
• foram instalados cinco cupons 2007 Mário L. Pereira Filho
em cada uma das caixas de vál- 4. WAKELIN, R., R. GUMMOW, S. Doutor em Engenharia, Responsável pelo
vula selecionadas; SEGALL, AC Corrosion – Case Laboratório de Equipamentos Elétricos e
• dos cinco cupons, três foram Histories, Test Procedures and Miti- Ópticos do Instituto de Pesquisas
interligados ao ponto de teste e gation, Corrosion/98, paper n. 98565, Tecnológicas – IPT
dois foram apenas enterrados e Houston, 1998 mleite@ipt.br
mantidos sem interligação aos 5. COLLET, E; DELORES, B.;
dutos. Os cupons sem interli- GABILLARD, M.; RAGAULT, I., Diogo L. Silva
gação tinham a função de ava- Corrosion due to AC influence of very Técnico em Metalurgia, Instituto de
liar o grau de corrosividade do high voltage power lines on polyethyle- Pesquisas Tecnológicas – IPT
solo e foram chamados de ne-coated steel pipelines: evaluation of diogols@ipt.br
brancos; risks – prevestive measures, 4, p. 221-
• os cupons foram instalados 226, 2001 Eduardo W. Laurino
eqüidistantes dos dutos Claros 6. D. FUNK, H.G. SCHOENEICH, Consultor Técnico, PETROBRAS TRANS-
e Escuros a uma distância de 1 Problems with Coupons when Assessing PORTE/TRANSPETRO
m de cada um dos dutos, já the AC-Corrosion Risk of Pipelines, 3R laurino@petrobras.com.br
que a distância entre dutos era International, Special steel Pipelines
de 2 m. 41, 10-11, p. 54, 2002 João Hipólito de L. Oliver
Para a realização das medidas Consultor Técnico, Petrobras
nos dutos, o mesmo arranjo Transporte/Transpetro
experimental foi feito nos tre- jolito@petrobras.com.br
chos dos dutos situados nas vizi-
nhanças do local de instalação Gutemberg de S. Pimenta
dos cupons, a saber: Consultor Sênior, PETROBRAS/CENPES
• abertura de valas na parte supe- gutembergsp@petrobras.com.br
rior dos dutos;
• instalação de tubos de PVC José Álvaro de C. Albertini
com 10 cm de diâmetro; Engenheiro de Automação,
• preenchimento do interior do PETROBRAS/TRANSPETRO
duto com o solo do local; alvaro.albertini@petrobras.com.br
• colocação de uma tampa.
O período de permanência A parte 2 desta matéria
dos cupons instalados em cam- será publicada na próxima
po foi de três meses e, dentro edição e apresentará: Resulta-
deste intervalo de tempo, fo- dos, Discussão e Conclusão do
ram realizadas medidas periódi- Trabalho.
C & P • Novembro/Dezembro • 2008 31
Adeval24 1/1/04 2:00 PM Page 1

Artigo Técnico

Noções Básicas sobre Processo


de Anodização do Alumínio
e suas Ligas – Parte 11
10ª Etapa – Defeitos

sta parte do artigo irá tra- Correção: Controlar o nível ciais tendo diferentes caracterís-
tar dos defeitos que são de ferro e utilizar práticas de ticas metalúrgicas ou composi-
revelados no processo de homogeneização para eliminar ção química devido à segrega-
anodização, porém são oriun- a presença do FeAl6. ção do lingote ou contamina-
dos de diversas fontes e diversos ção superficial.
estágios de manuseio das peças Faixas de projeto de Onde ocorre: No ataque
Por Adeval a serem tratadas. ferramenta alcalino e na anodização.
Antônio Característica: Faixas na di- Correção: Atenção às práti-
Meneghesso Defeitos da matéria-prima reção da extrusão, geralmente cas de refusão, extrusão e lami-
revelados no processo de localizadas sobre superfícies nação.
anodização planas ou perfis tubulares nas
Colaborador: linhas de caldeamento, com Formação de estrutura
João Inácio Contaminação com outras variações na espessura da secção alinhada – grãos grosseiros
Gracciolli ligas (Ex.: Olhal). Característica: Bandas de
(Surface Característica: Mais co- Causas: Variações no con- grãos de diferentes tamanhos.
Finishing - CBA) mum em perfis tubulares. Su- torno superficial, modificações Causas: Deficiência no pro-
perfície com zonas de brilhos na estrutura do grão ou na tex- cesso de homogeneização, no
diferentes, cujas larguras dimi- tura, onde ocorrem diferenças processo de extrusão (temperatu-
nuem gradativamente ao longo significativas da espessura das ra de extrusão, fator de transfor-
do perfil. secções ou acumulo de massa. mação e velocidade) ou leves di-
Causas: Contaminação do Onde ocorre: No ataque ferenças no projeto das ferra-
recipiente da prensa de extrusão alcalino e na anodização. mentas.
ou da câmara de ferramenta por Correção: Controle no pro- Onde ocorre: No ataque
uma liga de diferente composi- jeto das ferramentas, evitando- alcalino e/ou na anodização.
ção química. se variações bruscas de espessu- Correção: Controlar os pro-
Onde ocorre: No ataque ra nas regiões críticas de anodi- cessos de homogeneização/ex-
alcalino. zação. Na impossibilidade de trusão. A mudança das práticas
Correção: Limpeza do reci- modificação do projeto de fer- de anodização não resolverá o
piente, da prensa e da ferra- ramentas, o problema pode ser problema.
menta, após a troca de tarugos minimizado pela redução da
com diferentes composições velocidade ou temperatura de Linhas de ferramenta
químicas. extrusão. Característica: São linhas de
extrusão no sentido longitudi-
Faixas de constituintes Faixas de segregação (Wood nal que, em função ou não da
Característica: Geralmente Grain) sua rugosidade, poderão ser
observadas em produtos extru- Característica: Nos produtos removidas por ataque alcalino.
dados como faixas longitudi- extrudados aparecem na forma Causas: Teor elevado de fer-
nais de cor acinzentada. de nó de madeira, com largura ro na composição química, ho-
Causa: Presença do constitu- uniforme ao longo dos mesmos, mogeneização deficiente, proje-
inte FeAl6 em forma segregada. nos laminados aparecem na to da ferramenta e velocidade
Onde ocorre: Quando pre- forma de faixas claras/escuras, de extrusão.
sente sobre a superfície extru- diminuindo gradativamente sua Onde ocorre: Na extrusão e
dada, aparece em bandas ou fai- largura na direção da laminação. na anodização.
xas acinzentadas após o fos- Causas: Ataque alcalino pre- Correção: Controlar o pro-
queamento. ferencial de camadas superfi- cesso de homogeneização/ex-

32 C & P • Novembro/Dezembro • 2008


Adeval24 1/1/04 2:00 PM Page 2

trusão e corrigir o projeto da Ponto de aquecimento (Hot Causas: outras inclusões


ferramenta. Spot) não-metálicas retidas na inter-
Característica: São manchas face formando a junta de solda
Inclusões de óxidos cinzas que aparecem em inter- entre sucessivos tarugos.
Característica: Visíveis em valos regulares ao longo do Onde ocorre: No ataque
superfícies como as extrudadas comprimento do perfil. alcalino e na anodização.
e, geralmente, associadas com Causas: Ataque alcalino ou Correção: Ajustar os descar-
arrancamentos. São usualmente acido preferencialmente nos tes (comprimento do talão do
vistos como filetes estreitos es- precipitados grosseiros (Mg2Si), tarugo).
curos e intermitentes. devido a velocidades de res-
Causas: Retenção de óxido friamento deferenciadas nas
da matéria-prima devido a fa- regiões que estão em contato
lhas de refusão/laminação à com o suporte de grafite das
quente. Na extrusão do perfil, o mesas de resfriamento.
defeito é causado pela interface Onde ocorre: No ataque al-
recipiente/tarugo, com o arras- calino e na anodização.
te de filmes de óxidos ou de ele- Correção: Não trabalhar
mentos de ligas segregados da com a esteira na mesma veloci-
periferia do tarugo. dade do puxador (“puller”).
Onde ocorre: No ataque
alcalino e na anodização. Solda transversal
Correção: Adotar controles Característica: Associada à Eng. Adeval Antônio Meneghesso
de fusão e de laminação à quen- perfis tubulares. Apresenta a Diretor superintendente da Italtecno
te recomendados e ajustar as forma de um “V” preto e difu- do Brasil – Contato com o autor:
temperaturas do tarugo e do so, cuja ponta é direcionada adeval.meneghesso@italtecno.com.br
contêiner. para o fim da mesa de extrusão. Fax.: (11) 3825-7022
Opinião24 1/1/04 1:49 PM Page 1

Opinião

Mizuji Kajii

Por que coaching?


O coaching está na moda. Dizem alguns que é a profissão que mais cresce no mundo.
O que é afinal coaching?

oaching é um modelo de não tem mais a mesma eficácia nos dias de hoje. A globalização, a ter-
comunicação de mão du- ceirização, o horário flexível, o fim dos empregos etc., estão derruban-
pla, que dá suporte a defi- do este tipo de gestão.
nição clara e alcance de metas de Deter conhecimentos e informação não é mais vantagem compe-
forma rápida e eficaz. titiva. A informação é farta, disponível para quem quiser. O conheci-
O coaching não é terapia. O mento envelhece rapidamente. Por isso, a necessidade cada vez maior
último tem como foco a solução de trabalhos em parceria.
de problemas, através da investi- Separar a vida pessoal e profissional está cada vez mais difícil. Há
gação do passado que deu ori- grande número de pessoas trabalhando a partir de suas casas, conecta-
gem ao mesmo, o coaching está das 24 horas via internet, telefone celular, etc. As empresa precisam de
orientado para o futuro a ser pessoas capazes de pensar e agir por iniciativa própria, mantendo o ali-
construído. nhamento com a visão da organização.
O coaching não é aconselha- Daí o grande interesse por coaching. Um coach profissional traba-
mento. São raríssimas as oca- lha em parceria com o cliente. O sucesso do cliente é seu sucesso. Para
siões em que um coach (o pro- isso, ele ajuda seu cliente a melhorar seu performance.
fissional que pratica o coaching) Ele tem ouvidos treinados para ouvir, olhos treinados para ver, tra-
dá conselhos. tando cada cliente como único. Tem perguntas cuidadosamente ela-
O coaching não é consultoria. boradas para extrair do cliente as soluções, as estratégias e as ações.
O coach não propõe nem imple- Quais são suas metas para 2009?
menta soluções para seu cliente. Como você sabe que não confundiu a previsão com a meta? Você
O coach ajuda o cliente a en- sabia que muitas pessoas não têm consciência dessa diferença?
contrar e implementar sua pró- E que uma das maiores dificuldades das pessoas é formular metas
pria solução. de maneira correta, com maiores chances de serem concretizadas?
O coaching não é ensino, Infelizmente, o currículo da educação oficial é muito deficiente
nem treinamento, embora mui- nesse aspecto. Não fomos treinados para pensar com clareza sobre
tos confundam o coaching com metas a serem alcançadas. E assim repetimos muitas vezes os mesmos
treinamento (nos esportes, a padrões ano após ano. Livros e palestrantes dizem: “saia da caixa”. O
palavra coach foi traduzida para problema é que as instruções para sair da caixa estão do lado de fora.
treinador). O coach não ensina. Um coach é alguém que está “do lado de fora”; ele não está envolvido
Parte do pressuposto de que o diretamente nos problemas do cliente. Ele não faz parte do problema.
conhecimento e recursos já este- Por isso ele poderá sugerir ao cliente maneiras diferentes de olhar para
jam presentes no cliente; sua a situação.
tarefa é ajudá-lo a identificar e Quais são suas estratégias para alcançar as metas em 2009? Como
usar de maneira produtiva esses seria o plano de ação que traduz essas estratégias? Qual o primeiro
recursos. passo? O papel do coach é ajudar você a tornar tudo isso uma realida-
O mundo dos negócios tem de, respeitando sua maneira de ser.
apresentado mudanças cada vez
mais velozes. O modelo de ges- Mizuji Kajii
tão baseado em estruturas rígidas Coach Certificado; Master-practitioner em PNL; EFT practitioner; Membro do ICC -
e hierarquizadas – onde o chefe International Coaching Community. Coach de empresários e público em geral.
manda e o subordinado obedece, Contato: www.mizuji.com/atendimentoonline.htm – Fones: 11 3484 6739 – 8920 0994

34 C & P • Novembro/Dezembbro • 2008


Associados24 1/1/04 2:22 PM Page 1

Associados ABRACO

Empresas associadas à ABRACO


A ABRACO agradece às empresas associadas pelo apoio e colaboração às diversas iniciativas da entidade, que possibilitam
o desenvolvimento de atividades culturais e de fomento comercial. A ABRACO espera estreitar ainda mais as parcerias com as empre-
sas, para que os avanços tecnológicos e o estudo da corrosão sejam compartilhados com a comunidade técnico-empresarial do setor.

ADVANCE TINTAS E VERNIZES LTDA. INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIE REVEX METALIZAÇÃO LTDA.
www.advancetintas.com.br www.mackenzie.com.br www.revexbrasil.com.br
AKZO NOBEL LTDA - DIVISÃO COATINGS INTECH ENGENHARIA LTDA. RUST ENGENHARIA LTDA.
www.international-pc.com/pc/ www.intech-engenharia.com.br www.rust.com.br
ALCLARE REVEST. E PINTURAS LTDA. INT – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA SACOR SIDEROTÉCNICA S/A
www.alclare.com.br www.int.gov.br www.sacor.com.br
BLASTING PINTURA INDUSTRIAL LTDA. KURITA DO BRASIL LTDA. SEMOT COM. E SERVIÇOS EM CORROSÃO LTDA.
www.blastingpintura.com.br www.kurita.com.br semot@uninet.com.br
CEPEL - CENTRO PESQ. ENERGIA ELÉTRICA MAX PINTURAS E REVESTIMENTOS LTDA. SHERWIN WILLIAMS DO BRASIL - DIV. SUMARÉ
www.cepel.br maxpint@terra.com.br www.sherwinwilliams.com.br
CIA. METROPOLITANO S. PAULO - METRÔ METAL COATINGS BRASIL IND. E COM. LTDA. SOCOTHERM BRASIL
www.metro.sp.gov.br www.dacromet.com.br www.socotherm.com.br
CIKEL LOGISTICA E SERVIÇOS LTDA. MORKEN BRA. COM. E SERV. DE DUTOS E INST. LTDA. SOFT METAIS LTDA.
www.cikel.com.br www.morkenbrasil.com.br www.softmetais.com.br
COMÉRCIO E INDÚSTRIA REFIATE LTDA. MTT ASELCO AUTOMAÇÃO LTDA. SURTEC DO BRASIL LTDA.
www.vpci.com.br www.aselco.com.br www.surtec.com.br
CONFAB TUBOS S/A MULTIALLOY METAIS E LIGAS ESPECIAIS LTDA. TBG - TRANSP. BRAS. GASODUTO BOLIVIA-BRASIL
www.confab.com.br www.multialloy.com.br www.tbg.com.br
CORROCOAT SERVIÇOS LTDA. MUSTANG PLURON QUíMICA LTDA. TECNOFINK LTDA.
www.corrocoat.com.br www.pluron.com.br www.tecnofink.com
DEPRAN MANUTENÇÃO INDUSTRIAL LTDA. NALCO BRASIL LTDA. TEC-HIDRO IND. COM. E SERVIÇOS LTDA.
www.depran.com.br www.nalco.com.br tec-hidro@tec-hidro.com.br
DETEN QUÍMICA S/A NORDESTE PINTURAS E REVESTIMENTOS LTDA. TECNO QUÍMICA S/A.
www.deten.com.br www.nrnordeste.com.br www.reflex.com.br
DUROTEC INDUSTRIAL LTDA. NOVA COATING TECNOLOGIA, COM. SERV. LTDA. TRIEX - SISTEMAS, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA.
www.durotec.com.br www.novacoating.com.br www.triexsis.com.br
ELETRONUCLEAR S/A OPTEC TECNOLOGIA LTDA. TTS - TEC. TOOL SERV. E SIST. DE AUTOMAÇÃO LTDA.
www.eletronuclear.gov.br www.optec.com.br info@ttsbr.com.br
ENGEDUTO ENG. E REPRESENTAÇÕES LTDA. PERFORTEX IND. DE RECOB. DE SUPERF. LTDA. ULTRAJATO ANTICORROSÃO E PINT. INDUSTRIAIS
www.engedutoengenharia.com.br www.perfortex.com.br www.ultrajato.com.br
EQUILAM INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. PETROBRAS S/A - CENPES UNICONTROL INTERNATIONAL LTDA.
www.equilam.com.br www.petrobras.com.br www.unicontrol.ind.br
FIRST FISCHER CONSTRUÇÕES PETROBRAS TRANSPORTES S/A - TRANSPETRO VCI BRASIL IND. E COM. DE EMBALAGENS LTDA.
firstfischer@wnetrj.com.br www.transpetro.com.br www.vcibrasil.com.br
FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S/A PPL MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA. VERTICAL SERVICE CONSTRUÇÕES LTDA.
www.furnas.com.br www.pplmanutencao.com.br verticalservice@verticalservice.com.br
GAIATEC COM. E SERV. DE AUTOM. DO BRASIL LTDA. PROMAR TRATAMENTO ANTICORROSIVO LTDA. VOTORANTIM METAIS ZINCO S.A.
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www.henkel.com.br www.tintasjumbo.com.br www.woanticorrosao.com.br
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