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Sumário

foto da capa:
divulgação empresas e
Joffre Oliveira Júnior

6 Artigos Técnicos
Entrevista
Reordenação de foco amplia ações do IPT 27
Marcos Tadeu Pereira e Neusvaldo Lira de Almeida Fosfatização de Metais Ferrosos –
Parte 3 - A utilização prática das
10 diferentes camadas fofatizadas
Matéria de Capa por Zehbour Panossian e
Em Sintonia com o Mundo Célia A. L. dos Santos

19 30
ABRACO Informa Comportamento de um organo silano
como inibidor de corrosão para
21 o aço carbono em HCl 2M
Notícias do Mercado por Paulo Renato de Souza, Idalina
24 Vieira Aoki e Isabel Correia Guedes
Artigo & Instituição 34
Evolução no Tratamento de Superfícies
33
“do Cromatizante à Nanotecnologia” –
Saúde & Segurança Ocupacional
Parte 3 por Silvio Renato de Assis
39 36
Tecnologia & Novos Talentos Noções básicas sobre processo de
42 Anodização do Alumínio e suas Ligas –
Opinião Parte 1 por Adeval Antônio Meneghesso
10 razões pelas quais seus funcionários
não vestem a camisa Erik Penna

Dra. Zehbour Panossian Redação e Publicidade


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gregar toda a comunidade técnico-empre- Eng. Jorge Fernando Pereira Coelho - João Conte - Denise B. Ribeiro Conte
sarial do setor, difundir o estudo da corro- ROSEN BRASIL
são e seus métodos de proteção e controle, M.Sc. Gutemberg Pimenta - PETROBRAS - Editor
as experiências bem sucedidas e os princi- CENPES Alberto Sarmento Paz - Vogal Comunicações
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Carta ao leitor

O conhecimento como geração de valor

EMOS INÚMEROS EXEMPLOS DE NAÇÕES E EMPRESAS QUE SE DESENVOLVERAM BASEADAS NO


investimento contínuo na geração do conhecimento. É uma tarefa árdua que exige planeja-
mento, comprometimento, investimento e, principalmente, visão de longo prazo. Nosso
país tem se destacado em diversas áreas do conhecimento, sendo reconhecido internacionalmente
pela excelência de seus profissionais em campos complexos, como na indústria petrolífera e de
açúcar e álcool.
Diversos institutos de pesquisas ligados às universidades têm se destacado pela prestação de
serviços relevantes para o desenvolvimento do setor de corrosão. E eles vêm sendo apresentados
na Revista Corrosão & Proteção, na seção Instituição. Primeiro, o Laboratório de Eletroquímica
e Corrosão – LEC do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da Universi-
dade de São Paulo; depois, o Laboratório de Processos Quí-
micos – ELETROCORR do Departamento de Engenharia
Todos têm a ganhar em Metalúrgica da UFRGS, e agora o Laboratório de Corrosão e
Tratamento de Superfícies LABCORTS do Centro de Ciência
uma relação ganha-ganha e Tecnologia de Materiais CCTM – IPEN / CNEN – SP. E
entre a universidade muitas outras estão programadas para a apresentação de seus
perfis. O objetivo dessa apresentação individual dos labora-
e a indústria tórios é propiciar aos leitores uma exata dimensão do expertise
nacional, e as possibilidades que surgem a partir do funciona-
mento adequado desses centros de excelência.
A atuação muito próxima dos centros de excelência com a indústria se traduz em maior
produtividade e competitividade, menos riscos na operação e melhor controle dos processos. E,
por outro lado, abre um campo imenso de atuação para os pesquisadores brasileiros no Brasil –
esse é um dado importante, visto que o país tem se notabilizado por “exportar” muitas de suas
mais primorosas “cabeças”. Essa junção de fatores levará inexoravelmente a uma relação ganha-
ganha entre a universidade e a indústria.
Muitos exemplos desse compromisso mútuo podem ser dados, e um caso interessante pode
ser acompanhando na seção Entrevista desta edição. O tradicionalíssimo Instituto de Pesquisas
Técnicas de São Paulo – IPT está finalizando um processo de reorganização interna para atuar
com mais desenvoltura junto à iniciativa privada. E o mais importante, o primeiro grande tema
apresentado aos clientes foi exatamente Tecnologia em Dutos, um sinal mais do que positivo
sobre a importância do tema em debates futuros, incluindo aí a corrosão em Dutos.
Se juntarmos a esse caldo de informação a notícia veiculada na mídia especializada sobre
petróleo e derivados sobre o fechamento do maior poço norte-americano, por problemas rela-
cionados à corrosão interna, identificamos claramente a importância do negócio “corrosão” nas
discussões sobre a infra-estrutura desse setor industrial.
Fica o registro de que o debate é agora. E não temos o direito de negar às nossas futuras
gerações muito mais oportunidades para o desenvolvimento e inovação tecnológica. E os centros
de excelência são a prova de que os profissionais brasileiros são capazes de, com muita criativi-
dade, inovar e encontrar soluções tecnológicas para o desenvolvimento do país.
Boa leitura!

Alberto Sarmento Paz


Editor

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Produtos em Base Aquosa

Totalmente isentos de Crômio e de quaisquer


outros metais prejudiciais à saúde e ao meio
ambiente

Baixa espessura de camada e altíssima resistência


à corrosão

Ausência total de fragilização por Hidrogênio

Coeficiente de atrito controlado

Opção de acabamento na cor preta

Aplicados em parafusos, porcas, molas,


estampados, discos de freio, conjuntos
montados, etc

Tecnologia diferenciada pela praticidade, baixo


custo e superior qualidade

Mundialmente disponíveis e especificados em


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Entrevista

Marcos Tadeu Pereira e Neusvaldo Lira de Almeida

Reordenação de foco
amplia ações do IPT
O centenário Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, acompanhando as tendências globais,
se reestrutura para atender com maior agilidade as mais diversas demandas da indústria
Por Alberto Paz

O FINAL DO SÉCULO XIX A corrosão, por sua vez, necessário uma reestruturação para
o Brasil passava por um ocupa uma das áreas de destaque que continuássemos mantendo o
período de efervescência. no instituto. O Laboratório de propósito do instituto. São dois pon-
Era o início da industrialização Corrosão e Proteção (LCP) foi tos que foram levados em conta: fo-
do País e essa novidade mobili- criado em 1963 e hoje atua em car com muito mais intensidade o
zou diversas áreas do conheci- toda a área de tratamento de cliente e buscar recursos para a ma-
mento. Em São Paulo, era criada, superfícies, especialmente revesti- nutenção de toda a nossa estrutura.
em 1894, a Escola Politécnica, e mentos anticorrosivos tanto Ao final de dois anos de trabalho
cinco anos depois, para atender orgânicos quanto metálicos. Até muito já foi feito. Temos hoje uma
às crescentes demandas de en- o final de 2004, o LCP já havia instituição muito mais ágil e dinâ-
saios de materiais de construção e emitido 9.205 laudos técnicos, mica. Ainda vamos avançar, mas o
às necessidades do curso desen- executado mais de 50 projetos de IPT hoje tem uma configuração
volvido na Politécnica, era criado pesquisa básica e publicado 265 mais apropriada para as necessida-
o Gabinete de Resistência de artigos técnicos em revistas espe- des do mercado e, na verdade, segue
Materiais, que se tornaria o nú- cializadas. “Além disso, os profis- a tendência mundial dos institutos
cleo básico do que viria a ser o sionais do LCP, que está ligado serem verdadeiros parceiros para o
Instituto de Pesquisas Tecno- ao Centro de Integridade de Es- desenvolvimento da indústria.
lógicas – IPT. trutura e Equipamentos – Cin-
Presente em todas as etapas da tep, têm grande atuação junto às Abrigar diversas áreas do co-
história contemporânea do Bra- entidades relacionadas ao negó- nhecimento com alto grau de
sil, o IPT deu apoio técnico, por cio, especialmente com a ABRA- especialização foi positivo nes-
exemplo, à construção de estra- CO”, diz Neusvaldo Lira de sa mudança?
das de ferro no início do século Almeida, pesquisador do LCP. Marcos Tadeu – Quando começa-
XX, foi responsável pelos estudos Para falar sobre essa nova eta- mos trabalhamos em torno de qua-
para as fundações da Usina Volta pa do IPT, sua atuação em dutos tro “Rs” - refocalização, reorganiza-
Redonda da Companhia Side- e do LCP, Marcos Tadeu e Neus- ção, redimensionamento e recom-
rúrgica Nacional, nos anos 40, e valdo receberam a Revista Cor- pensa. Colocamos isso claramente
destacou-se na construção da pri- rosão e Proteção. para os nossos pesquisadores e par-
meira linha do metrô de São timos para a ação. Antes o IPT
Paulo, nos anos 70. “Esses são O IPT vem passando por uma estava organizado de maneira clás-
alguns exemplos da atuação do reestruturação. A que se deve sica, ou seja, divisão de Civil, de
instituto, e entendemos porque essa mudança e qual será a “no- Mecânica, de Química, etc. Agora,
atualmente o IPT é associado à va face” do IPT? aproveitando nossas competências,
produção técnica de qualidade, Marcos Tadeu – O instituto histo- podemos atuar de forma transver-
sejam serviços laboratoriais, co- ricamente sempre se posicionou co- sal, o que atende de maneira muito
mo ensaios e calibrações, sejam mo um elo entre a indústria e a mais adequada a complexidade
serviços tecnológicos especializa- universidade. Nos últimos 25 anos, tecnológica atual. Então, as divisões
dos e projetos de inovação e pes- o IPT vem sofrendo com uma re- técnicas foram desmontadas e fo-
quisa”, conta Marcos Tadeu Pe- dução contínua de repasses de ver- ram criados os centros tecnológicos.
reira, diretor técnico do IPT. ba e, em 2005, foi definido que era A competência do IPT ajudou en-

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tão a darmos uma nova forma ao Em setembro, o IPT, por meio
instituto em pouco tempo e com
excelência. Hoje, no IPT, cada la-
boratório responde técnica e comer-
cialmente pelos seus serviços.
“ Escolhemos
atuar inicialmente
em quatro cadeias
do LCP, ajustou um convênio
com a ABRACO para organi-
zar cursos e seminários. O que
os profissionais podem esperar
dessa parceria?
O primeiro material de apre- de negócios, e o Neusvaldo – Somos parceiros de
sentação desenvolvido pelo IPT tema dutos atravessa longa data da ABRACO, inclusive
nessa nova fase foi sobre a Tec- quase todos os profissionais do LCP
nologia em Dutos, editado em todas elas são associados. Eventualmente já
setembro. Pela avaliação do
instituto esse é um grande tema
e onde há espaço de atuação?
Marcos Tadeu Pereira
” havíamos organizado algumas
ações em conjunto, e o convênio de
cooperação surgiu da idéia de esta-
Marcos Tadeu – Escolhemos ini-
cialmente quatro grandes cadeias
de negócios para atuar: gás, petró-
leo, cana-de-açúcar e transporte,
em todas as questões de infra-estru-
“ O LCP hoje atua
em toda a área
de tratamento
belecermos algumas ações mais
regulares. O Seminário de Reves-
timento e Proteção Catódica para
Dutos e Equipamentos foi o pri-
meiro nesse acordo, organizado em
de superfícies
tura e maquinário. O tema dutos
atravessa todos esses temas e, além
disso, já tínhamos um histórico téc-
nico bem consistente. A transversa-
lidade que temos, com geólogos,

Neusvaldo Lira de Almeida

fluência de contaminantes no de-


sempenho de pintura interna de
setembro, no IPT, teve como obje-
tivo discutir medidas preventivas e
novas tecnologias, além de conhe-
cimento de novos projetos e identi-
ficação de oportunidades de redu-
químicos, especialistas em cristali- dutos. Existem outras ações para ção de custos. No total, cerca de 80
zação, biotecnologia, corrosão, etc. corrosão externa, tais como avalia- profissionais estiveram presentes, e
permite a prestação de um serviço ção das características do solo onde puderam acompanhar informações
único e que atende às mais comple- o duto está enterrado, e a influên- técnicas para seu dia-a-dia além de
xas necessidades das indústrias. cia das correntes alternadas nos tomar contato com novos temas,
Além disso, podemos também aten- processos de corrosão dos dutos. como a interferência da corrente
der agências de fomento, como a alternada nos dutos, um assunto
FAPESP e FINEP, e as agências Podemos avaliar que o tema cor- que o mundo inteiro está estudan-
reguladoras. rosão tem hoje uma importân- do e que não existe um conheci-
cia relevante para os negócios? mento bem fundamento a respeito
Como é a atuação do Labora- Neusvaldo - Sem dúvida, o impac- do fenômeno. Agora, IPT e ABRA-
tório de Corrosão e Proteção - to da corrosão na infra-estrutura do CO estão estudando um programa
LCP? petróleo, na sua cadeia de transpor- para 2007 para montarmos cursos
Neusvaldo – Fazemos uma quan- te é decisivo para o negócio. A de curta duração que atendam o
tidade grande de ensaios, análises indústria tem que ter uma atuação mercado. Não queremos ministrar
de falha de corrosão e projetos de contínua de inovação, pois tanto o cursos muito genéricos, estamos Para mais
desenvolvimento. Grande parte do vazamento quanto as conseqüên- detectando as demandas do merca- informações,
trabalho está hoje relacionado com cias da ação, ambientais e sociais, do por ações mais específicas para acesse:
a PETROBRAS, principalmente podem causar perdas importantes. fechar a programação. • www.ipt.br
na área de desenvolvimento, onde
são cerca de 20 projetos tanto em TECNOLOGIA EM DUTOS
corrosão interna quanto externa.
Como exemplo, o LCP desenvolve
estudos na área de monitoramento • Definição do traçado de dutos e avaliação ambiental;
da corrosão interna (com medições • Ensaios e avaliação de desemepnho de dutos e suas interações;
periódicas para avaliar a agressivi- • Escoamento de fluidos e gestão metrológica de vazão;
dade dos derivados que passam • Análise química de produtos transportados e geração de materiais de referência
através dos dutos), sobre inibidores pra fluidos e dutos;
de corrosão (nesse caso, avaliando a • Solucões em corrosão e proteção interna de dutos;
dosagem certa para tornar a ação • Monitoramento e prevenção de riscos ambientais e geológicos em áreas de dutos;
mais eficaz, e ajudando a selecio- • Análise de falhas mecânicas em dutos.
nar os inibidores) e avaliar a in-

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Matéria de Capa

Em Sintonia com o Mundo


Apesar dos baixos investimentos em P&D, as empresas brasileiras estão
alinhadas com as modernas práticas em tratamentos galvânicos

INDÚSTRIA DE TRATAMEN- também de plásticos (ABS), para evitar corrosão ou conferir-lhes


to de superfície caminha aspecto decorativo. São quatro áreas detectadas dentro da galvanoplas-
a passos largos no Brasil. tia: sais, anodos (metálicos), processos químicos e equipamentos. Os
Nos últimos anos, muitas em- dois principais se caracterizam por abrigar grandes corporações e ser
presas do setor desenvolveram, um mercado classificado como commodities. É na área de processos
basicamente apoiadas em parce- químicos que são detectadas as principais evoluções nesse campo.
rias com congêneres européias, O processo químico de galvanização pode, em linhas gerais, ser
processos e técnicas que substi- dividido em dois segmentos distintos, onde se percebe o maior impac-
tuem o fazer químico tradicional to de toda essa transformação, visando atender às exigências dos gran-
- que não se preocupa com os des clientes. O primeiro deles é o de pré-tratamento de superfícies
rejeitos tóxicos produzidos em (limpeza e preparação da peça) – que utiliza em larga escala processos
larga escala - por processos que à base de fosfato, que vem sendo desbancado por uso de nanotecno-
empregam o uso de rotas sintéti- logia. O segundo mercado, a eletrodeposição (plating), são os acaba-
cas neutras, matérias-primas inó- mentos técnicos (anti-corrosivos) e/ou decorativos. Especialistas acre-
cuas e renováveis, reduzindo o ditam que na eletrodeposição já está consolidada a zincagem sem cia-
impacto no ambiente e na saúde neto e produtos como o cromo trivalente, mas os fornecedores de pro-
humana. Nota-se tanto no con- cessos químicos têm um grande desafio: consolidar essas soluções
tato com profissionais da indús- junto aos usuários da galvanização.
tria quanto com pesquisadores Na opinião da dou-
ligados aos centros de pesquisa tora em ciências e chefe
que a qualidade exigida nos do agrupamento de cor-
processos de tratamentos gal- rosão da divisão de me-
vânicos já está disponível no talurgia do Instituto de
Brasil, em patamares Pesquisas Tecnológicas
próximos aos de do Estado de São Paulo
países mais (IPT), Zehbour Panos-
indus- sian, desde os anos 80
trializa- ocorreu um grande de-
dos. O senvolvimento tecnoló-
ponto é gico no segmento das in- Zehbour: “Atenção às questões ambientais,
que esse dústrias que trabalham de segurança industrial e sanitária”
nível de exi- com tratamento de su-
gência é possí- perfície no Brasil. “As empresas que atuam nessa área ficaram mais
vel de ser aten- atentas às questões ambientais, de segurança industrial e sanitária”.
dido apenas por Segundo a pesquisadora, a questão ambiental passou ao primeiro
um grupo de gal- plano de discussões no cenário industrial, dentre as quais no planeja-
vânicas conside- mento de investimentos e principalmente quando trata da questão da
radas de médio sobrevivência. “A sociedade conscientizou-se de que o progresso de
ou grande portes, nada vale se não forem implementadas condições mínimas de susten-
algo em torno de tabilidade dos meios produtivos”.
30 empresas no Para a doutora Zehbour, as demandas por processos mais limpos e
Brasil. sustentáveis tem sido extremamente positivas. “Cabe agora à socieda-
Para contex- de em geral o emprego de esforços para que a adoção de tecnologias e
tualizar, a galva- de práticas ambientalmente adequadas sejam efetivamente implemen-
noplastia é o tra- tadas, na medida em que estas comprovem sua viabilidade econômi-
tamento utilizado ca e se mostrem sustentáveis”.
para tratar super- Zehbour também chama a atenção para a necessidade de investi-
foto: Weril

fícies de metais, e mentos, por parte das empresas brasileiras, na área de pesquisa. “O
mais recentemente número de empresas nacionais que investem em pesquisa no Brasil é

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fotos: Deca
foto: Papaiz

Metais sanitários e
fechaduras representam dois
dos principais usuários de
galvanoplastia

quase zero. Quero destacar o “Isto significa que o conteúdo tecnológico dos produtos ofertados pela
papel da Atotech do Brasil, que indústria brasileira terá de crescer substancialmente nos próximos anos
foi a primeira empresa até agora e que a força de trabalho do País terá de receber treinamento em um
a financiar uma bolsa-pesquisa volume muito maior do que o atual,
destinada à galvanoplastia no para atuar de forma adequada com esses
nosso laboratório. Além dessa, novos produtos”.
existem outras duas empresas Barbieri acredita que, para se con-
que colaboram com matéria- quistar o nível exigido de conhecimento
prima para pesquisa. Fora isso, dos profissionais envolvidos com as ope-
todo investimento feito na área rações de galvanização, é necessário
de pesquisa é da iniciativa do saber qual é o tamanho do setor de tra-
setor público. Não podemos tamento de superfície no Brasil.
simplesmente receber a tecnolo- “Atualmente, não existe nenhum núme-
gia que vem de fora. Contamos ro oficial que revele esse dado. Tanto é
com um grande número de pro- que o sindicato está desenvolvendo um Marco Antonio Barbieri, presidente do
fissionais altamente qualificados projeto para conhecer mais o setor de Sindisuper
para desenvolver essas tecnolo- tratamento de superfície no Brasil. Em
gias aqui mesmo no Brasil. alguns casos, o problema é cultural. Muitas empresas preferem não
Precisamos que as empresas divulgar informações. Em outros, são empresas que ainda não aten-
invistam em pesquisas”, diz dem à legislação vigente com relação às questões de meio ambiente e
Zehbour. preferem não aparecer”.
Preocupação semelhante é demonstrada pelo presidente da
Conhecer o setor Associação Brasileira de Tratamento de Superfícies – ABTS, Airi
Paralelamente, mas em harmo- Zanini. “A busca pelo conhecimento é o grande diferencial para qual-
nia com essa nova forma de visão quer tamanho de empresa no setor. É isso que vai garantir sua conti-
da indústria de tratamento de su- nuidade”, avalia. Zanini diz que um dos principais focos da associação
perfície, surge a nanotecnologia, é justamente abrir possibilidades para a disseminação do conhecimen-
que coloca em xeque os proces- to, seja por meio de palestras e seminários, seja por divulgação de arti-
sos à base de fosfato, que exigem gos técnicos nos veículos de comunicação da associação. “A ABTS é
gastos elevados em tratamentos uma entidade comprometida
de efluentes. A nanotecnologia com o desenvolvimento dos
visa criar novos materiais e profissionais do setor e, ao
desenvolver produtos e processos mesmo tempo, incentiva o
baseados na crescente capacidade desenvolvimento das empresas
da tecnologia moderna de ver e que nele atuam”, conclui
manipular átomos e moléculas. Zanini.
Na opinião do vice-presiden- Já o Sindicato da Indústria
te do Sindicato da Indústria de de Artefatos de Metais Não
Proteção, Tratamento e Transfor- Ferrosos no Estado de São
mação de Superfície do Estado Paulo - Siamfesp, que agrega as
de São Paulo (Sindisuper), Mar- empresas de um dos principais
co Antonio Barbieri, a nanotec- Denis Perez Martins, presidente do setores-cliente dos processos
nologia ainda está começando. Siamfesp de galvanização, aponta para a

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foto: Honda

Galrei Galvanoplastia
Em busca constante para evitar a degradação do meio ambiente
e oferecer melhores condições de trabalho para seus colaboradores,
a Galrei Galvanoplastia Industrial traçou um caminho diferen-
ciado: a parceria. “A iniciativa visa abrir a possibiliade de troca
de experiências entre as empresas do nosso ramo de ativida-
de, obtendo melhores práticas na indústria de tratamento
de superfície”, diz José Adolfo Gazabin Simões, diretor da
Galrei.
Ele revela que o baixo custo é uma das principais van-
tagens de se usar a parceria como ferramenta de troca de
conhecimento. “Como o processo é feito basicamente com
empresas concorrentes, o ônus é praticamente zero e o resul-
tado é surpreendente. Da mesma forma que a indústria concor-
rente abre suas portas para que nossos funcionários tenham acesso a
troca de informações e experiências, nós da Galrei fazemos a mesma
necessidade de todas as empresas coisa sempre que solicitado”.
de galvanoplastia se adequarem à Alfredo Teodoro Kuesteis Filho, Gerente industrial, destaca que
legislação ambiental específica aliado à busca da parceria está o investimento em tecnologia. “Não
para o setor e, por outro lado, basta só a troca de informações. Temos que investir no setor tecno-
trabalha na busca de regulamen- lógico. Eu acredito que as empresas que não estiverem atentas a essa
tações atualizadas para reivindi- realidade, estão fadadas a fechar em um curto espaço de tempo”,
car junto aos órgãos públicos diz. Ele acredita que o número total de empresas no segmento de
Municipais, Estaduais e Federais, tratamento de superfície no Brasil deverá baixar para bem menos de
mudanças na legislação, que em mil empresas no prazo de cinco anos. “As empresas que não inves-
alguns casos está obsoleta. tiram terão muitas dificuldades para continuar operando”.
“Um dos programas que o
Siamfesp participa e orienta seus Surtec do Brasil
associados a conhecer é o Pro- A alemã Surtec, fabricante de produtos para a decapagem, lim-
grama de Prevenção e Risco Am- peza e desengraxe, remoção de tintas, proteção à corrosão e produ-
biental Galvânico (PPRAG)”, re- tos de eletrodeposição, é outra empresa que visa o cuidado com o
vela Denis Perez Martins, presi- meio ambiente e com os profissionais que atuam nesse segmento. O
dente da entidade. O PPRAG diretor de pesquisa e desenvolvimento da empresa, Rolf Jansen, disse
visa a preservação da saúde e da que a filial brasileira desenvolveu um processo de fabricação de pro-
integridade física dos trabalha- dutos eficientes, a ponto de permitir a produção com qualidade e
dores, através da antecipação, re- em maior escala, conquistando melhor preço.
conhecimento, avaliação e con- Para desenvolver toda tecnologia, a filial da Surtec no Brasil
seqüente controle da ocorrência conta com centro tecnológico de primeiro mundo. “Esse centro é
de riscos ambientais existentes tão importante como o centro que existe na Alemanha. Com tanta
no ambiente de trabalho. tecnologia, o Brasil é considerado o segundo maior mercado com-
O presidente do Siamfesp
aponta como um entrave a po-
lítica econômica. “Se de um
lado o Banco Nacional de De-
senvolvimento Econômico
Social (BNDES) tem dinheiro
para emprestar com taxa de
juros menores, do outro as
exigências e a burocracia
fazem o processo emperrar.
Enquanto nossos governantes
não reduzirem a carga tributá-
ria, os impostos e os juros, o
empresário brasileiro vai ter
que usar a criatividade para se
manter de pé”. Equipamento de raio-x para análise não-destrutiva, da Surtec do Brasil.

12 C & P • Setembro/Outubro • 2006


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controle, o que nos proporciona de qualidade e redução de custos ao nosso Benchmarking, qualidade, assistência
tranqüilidade para atender às processo.” técnica e tecnologia.”
necessidades de nossos clientes.” Vicente D. Jimenez Perez Luiz A. Garcia
Rogério Fornachari Diretor Industrial R.D. e Supervisor da Qualidade
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parado as outras empresas do banho, para aumentar a produtividade, reduzir rejeitos e diminuir
grupo. A expectativa do grupo é paradas pode ser uma alternativa interessante para ampliar a competi-
que o Brasil consiga atingir o tividade das empresas de processos químicos”, avalia.
mesmo nível de faturamento no
período de um ano”, comenta Atotech do Brasil
Rolf Jansen. O diretor superintendente da Atotech do Brasil, Milton Silveira
comenta que a empresa atua em praticamente todos os segmentos de
Dileta tratamentos galvânico de superfícies para metais e plásticos. Além
A Dileta abastece, com pres- disso, fornece produtos para a produção de circuitos impressos e car-
tação de serviço e fornecimento tões telefônicos. A Atotech possui ainda um departamento de equipa-
de peças próprias, os usuários mentos, que fabrica desde equipamentos auxiliares e periféricos, como
dos produtos para pré-tratamen- linhas completas para galvanoplastia.
to (limpeza), deposição química
e eletrolítica sobre todos os subs-
tratos, pós-acabamentos (proteti-
vo), sendo a única empresa no
Brasil que disponibiliza todo o
necessário para essa finalidade.
Além disso, desenvolve processos
avançados que se utilizam da Na-
notecnologia.
Tadeu Barbosa Porto, gerente
comercial e de marketing da Di-
leta, aponta alguns desafios para
o setor. “A busca por soluções
ambientalmente corretas implica
necessariamente em investimen-
tos. Mas dificilmente consegue-se Laboratório de Desenvolvimento e Pesquisa da Atotech do Brasil
repassar essa elevação de custo,
portanto, as empresas têm que Sempre buscando aperfeiçoar os processos químicos para trata-
aumentar a produtividade da mento de superfície, a Atotech ressalta o desenvolvimento de equipa-
operação”, explica. Um dos pon- mentos que, atuando conjuntamente com os produtos químicos, pro-
tos apontados por Tadeu é agre- porcionam uma produção mais segura e econômica. O último lança-
gar valor a operação de plating mento é um recuperador de Níquel, tecnologia desenvolvida e paten-
com a associação à soluções que teada pela Atotech do Brasil. Este equipamento é utilizado para recu-
garantam melhor desempenho perar níquel das águas de lavagem de banhos de Níquel eletrolítico.
da aplicação pelos equipamentos. Todo o metal recuperado retorna para a solução de trabalho gerando
“Controlar com mais eficiência o economia tanto no processo como no tratemento de efluentes. Se
comparado a um evaporador, a grande vantagem do recuperador de
Níquel da Atotech é o baixo consumo de energia. Outro fator impor-
tante é a redução substâncial no consumo de água pois a água recupe-
rada pode ser reaproveitada. Com o elevado preço do níquel metal e
dos sais de níquel, a economia gerada pode ser facilmente mensurada,
diminuindo significativamente o impacto econômico na produção.

Votorantim Metais Níquel


A Votorantim Metais Níquel, única
produtora de níquel eletrolítico na
América Latina, disponibiliza
diversas medidas e formas de
anodos para os processos gal-
vânicos, atendendo os mais
diversificados e exigentes
mercados. Dentre as solu-
ções para o segmento de gal-
vanoplastia, a empresa desta-

14 C & P • Setembro/Outubro • 2006


Astra (Níquel
Brilhante)

Lanthane Black 707


(Passivador Preto Trivalente
para Zinco Ferro) Cubrac 480
(Cobre Ácido)

Lanthane Black 710


(Passivador Preto
Trivalente para
Zinco Puro)

Processos
Inovações para
tratamento de superfície:
Decorativo: cobre ácido, Enova
níquel brilhante. (Níquel
Protetivo: passivadores com nano Químico)
particulas isentos de cromo hexavalente.
Funcional: novos processos de níquel químico.

Equipamentos
Para solucionar um dos mais complexos problemas
que as atividades produtivas enfrentam diariamente,
o da diminuição dos efluentes líquidos,
a CGL Coventya oferece o que há de mais
Lanthane avançado no mundo: A Troca Iônica e a Dosadores
TR 175 Evaporação à Vácuo, possibilitando a Automáticos
(Passivador de Aditivos
Trivalente com reutilização de água, através de
Nano Particulas) um circuito fechado.

Sistemas Purificadores
de Troca Iônica de Banhos

Sistemas Evaporadores
de Agitação a Vácuo

w w w. c g l c o v e n t y a . c o m . b r

Unidade Caxias do Sul - RS Unidade São Paulo - SP


Telefone: (54) 2101.3800 • DDG: 0800.510.4555 Telefone: (11) 4055.6600 • Fax: (11) 4057.1583
cglcoventya@cglcoventya.com.br coventya@coventya.com.br
CGP Centro Galvanotécnico Paulista Ltda. distribuidor CGL Coventya • Fone/Fax: (11) 6959.2844 • e-mail: cgplanza@terra.com.br
CGI Coventya Ltda. distribuidor CGL Coventya • Fone: (19) 3922.8423 • Fone: (19) 3864.0674 • e-mail: cgicoventya@terra.com.br
que o NÍQUEL COINS, pro- trolítico, e não há ociosidade. Desse volume, cerca de 55% é exporta-
duto especificamente desenvol- do para América Latina, Estados Unidos, Ásia e Europa, sempre para
vido para aplicação nesse seg- aplicações nobres. A Votorantim Metais conta com duas minas para
mento, visto que, segundo dados extração de níquel, em Niquelândia (GO) e Fortaleza de Minas
da empresa, sua melhor acomo- (MG), além de metalurgia em São Miguel Paulista (SP). A compa-
dação no cesto utilizado como nhia, que no último ano alcançou a marca de 27 mil toneladas de
porta-anodos em banhos galvâ- níquel produzidas, investe constantemente na expansão de negócio,
nicos permite uma melhor den- aprimoramento de processos, geração própria de energia, projetos de
sidade e, consequentemente, gestão ambiental e capacitação de profissionais.
uma maior fluidez e aumento da
superfície anódica, reduzindo-se Anion MacDermid
a necessidade de reposição e Segundo Gilberto Avanzo, diretor financeiro da Anion
interrupções do processo de gal- MacDermid, a empresa atua como fornecedora de produtos e proces-
vanoplastia. sos para a área de tratamentos de superfície, e, por meio da parceria
Além da galvanoplastia, o MacDermid, o grupo dispõe de produtos que se encaixam em todas
níquel é utilizado nos mercados requisições.
de aço inox, de fundições, de Hoje o mercado,
superligas e ligas não-ferrosas. e não mais os forne-
Segundo a Votorantim Metais, o cedores, dita quais
níquel produzido pela empresa itens devem ser for-
possui grau de pureza de 99,9%, necidos, por isso a
superando os mais exigentes preocupação com o
padrões internacionais de quali- meio ambiente e
dade. Hoje, a companhia tem com as normas.
capacidade de produzir 23 mil Outros itens im-
toneladas por ano de níquel ele- portantes para co-
mercializa-
ção são os aprovados pelas indústrias automobilísticas e
aeronáuticas. Com a globalização, a parceria em diversos
países torna-se importante também no momento do forne-
cimento de produtos químicos de alta qualidade.
O mercado brasileiro, com grandes parcerias, pode com-
petir com as indústrias do setor e produzir itens de alta tec-
nologia, como os que são produzidos na Europa, EUA e mais
recentemente China. Ainda sofremos com altas taxas gover-
namentais, especialmente na importação de produtos quími-
cos, muitas vezes necessários para fabricação destes itens.

Votorantim Metais Zinco


A Votorantim Metais Zinco, a sexta maior empresa pro-
dutora de zinco eletrolítico (SHG – Special High Grade,
com 99,995% de pureza) do mundo, líder na América
Latina é também a única empresa brasileira a produzir esse
produto, assim como outras ligas de zinco, em diferentes
formatos, com a finalidade de serem utilizados nos proces-
sos galvânicos existentes no mercado, tanto o processo ele-
trolítico quanto, e principal-
mente, o processo de galvani-
zação por imersão a quente,
nos segmentos de Galvani-
zação Contínua e de
Galvanização Geral. E é no
processo por imersão a
quente que a Votorantim Zinco recebe o
maior volume de solicitações dos clientes relacionadas às
inovações de ligas.
Entre os produtos disponibilizados no mercado, estão: anodos inviabilizar negociações.
de zinco de diferentes formatos e dimensões, i.e., retangulares, esfé- Atualmente a VMZ exporta
ricos (de duas polegadas), grânulos de zinco (lágrimas), incluindo para Argentina, EUA, Europa e
ainda lingotes de 25 kg e outros lingotes de ligas de zinco de 1 e até Ásia. O volume de exportação
2 toneladas, chamados comercialmente de “jumbos”, além de ou- corresponde a cerca de 25%
tros. Segundo dados da empresa, mais de 50% do zinco e ligas de das vendas. Em complemento,
zinco consumidos no Brasil é destinado ao segmento de galvaniza- a empresa está em desenvolvi-
ção. O mercado brasileiro, avalia, tem qualidade para atender às mento de novos produtos e
exigências globais, porém falta infra-estrutura que permita atingir mercados, ampliando assim,
alguns mercados, onde os custos logísticos e lead time acabam por sua atuação global. •

A P ERSPECTIVA DO C LIENTE

Para Antonio Carlos de Oliveira Sobrinho, do TLQ Centro mos uma evolução. Atual-
Tecnológico da DaimlerChrysler, a outra novidade desse mercado é mente essas empresas têm a
a tecnologia que foi desenvolvida para ajudar a montadora na esco- preocupação de desenvolver e
lha de seus fornecedores. “Eu estou falando do IMDS – apresentar novos produtos
International Material Data Systen, onde a empresa fornece especi- menos agressivos ao meio
ficações técnicas sobre seu produto diretamente para as montadoras ambiente e também aos ope-
cadastradas, conhecidas também como signatárias”. radores que têm contato com
As empresas cadastradas que compõe o IMDS são: BMW, estes produtos químicos, neste
DaimlerChrysler, Porsche, Fiat, Ford, Fuji, Hyundai, Isuku, caso os melhores exemplos são
Mazda, Mitsubishi, Nissan, Suzuki, Toyota, VW, Volvo, Renault a eliminação do cianeto e do
Truck e Mack Trucks. Vale lembrar que o IMDS surgiu a partir da cromo hexavalente”.
aprovação da Diretiva Européia, que proíbe o uso de chumbo, cád- O executivo alerta para
mio, mercúrio e cromo hexavalente no tratamento dos metais. As dois pontos quanto aos inves-
empresas interessadas em conhecer um pouco mais sobre os mecanis- timentos no setor: priorizar o
mos de funcionamento dessa nova ferramenta pode acessar o ende- investimento em linhas total-
reço eletrônico www.mdsystem.com. Sobrinho explica que o merca- mente automatizadas para a
do europeu é um dos mais exigente quando se trata da prática do aplicação dos produtos, para
tratamento de superfície ecologicamente correto. “A exigência inter- obter ganhos de produtivida-
foto: Mangles/Joffre Oliveira Junior

nacional é muito positiva para o Brasil. de, e na conscientização e


Hoje a indústria nacional comercializa o seu produto interna- treinamento dos colaboradores
mente com o mesmo padrão de qualidade e a mesma tecnologia que das empresas de tratamento de
opera com outros países no resto do mundo”. superfície. “Eu confio muito
Maurício Correa, profissional da área de tecnologia da General no potencial e na criatividade
Motors, também acha que as empresas de tratamento de superfície dos nossos aplicadores e fontes
apresentaram grande evolução nos últimos anos, buscando junto a de tecnologia, que apesar da
fontes de tecnologia produtos e processos de alta tecnologia objeti- grande concorrência do mer-
vando atender às necessidades dos seus clientes. cado externo, em alguns casos
“Eu acho que temos plenas condições de atender ao mercado somos pioneiros no desenvol-
externo sem deixar nada a desejar se compararmos a produtos e pro- vimento e aplicações de certos
cessos importados, porém alguns controles feitos nos aplicadores de revestimentos. É isto que nos
tratamento de superfície devem ser mais efetivos. Essa realidade se diferencia, a capacidade de
deve aos processos químicos, que ainda contam com produtos que inovar, criar”, ressalta
agridem menos o meio ambiente”, revela Correa. “Mas acompanha- Maurício Correa.

18 C & P • Setembro/Outubro • 2006


ABRACO Informa
LL–Multicolor

Fechamento de campo de
petróleo indica desgaste da
infra-estrutura do setor Tecnologia desenvolvida
pela Italtecno s.r.l. –
Falha provocada por corrosão interna serve de alerta
Itália, largamente
para que as autoridades e profissionais do setor tomem utilizada na Europa e
medidas corretivas e preventivas mais rígidas EUA, agora
disponível
EM AGOSTO, A IMPRENSA INTERNACIONAL DEU DESTAQUE À PARALISAÇÃO
da produção do maior campo de petróleo dos Estados Unidos, pertencente à
no Brasil.
BP, localizado no Alasca. Essa pode ser a primeira de várias iniciativas seme-
lhantes. O motivo: a deterioração interna, por corrosão, dos oleodutos de Processo:
produção do campo de Prudhoe Bay, onde sugere o alto desgaste da infra-
O LL-Multicolor é um
estrutura do setor do petróleo, principalmente no que se refere à contami-
nação do meio ambiente e a imagem da CIA de petróleo. processo inovador de
Essa situação, porém, não deve, em curto prazo, ter um impacto impor- eletrocoloração, capaz de
tante no mercado brasileiro. “Isso porque o nosso país é auto-suficiente na fornecer uma gama de
produção de petróleo. Agora, se para os norte-americanos a deterioração tonalidades que atende a todo
destes oleodutos provocou perdas incalculáveis, para o resto do mundo esse o espectro de cores,
terrível acontecimento pode servir de exemplo de alerta para que as autori- abrangendo tons de cinza, azul,
dades e profissionais do setor tomem medidas corretivas e preventivas mais amarelo, verde e vermelho.
rígidas para que este tipo de acidente não ocorra mais”, comenta o M. Sc. Gu-
temberg de Souza Pimenta, diretor da Associação Brasileira de Corrosão - O processo ocorre em
ABRACO. quatro etapas:
Este acidente deverá provocar uma perda de pelo menos 3% na produção
do petróleo nos Estados Unidos, conforme relato em documentos obtidos na • Primeira Etapa - Anodização
Internet “Isso significa que os norte-americanos deixarão de produzir aproxi- LL-WM80 L.
madamente 500 mil barris de petróleo por dia, podendo até inflacionar o
preço do barril de petróleo. Além disso, como a falha ocorrida é do tipo cor- • Segunda Etapa - Modificação
rosão interna, a demora para encontrar o local de vazamento, assim como sua da Camada Anódica
extensão pode ser muito grande, o que poderá acarretar uma contaminação LL-Colourmix M1.
maior do solo”.
Especialistas norte-americanos avaliam que o atual sistema de produção e • Terceira Etapa -
transporte de petróleo deverá comprometer o fornecimento dos combustíveis Eletrocoloração
necessários durante a próxima década. Isso também afetará diretamente o
LL-Salmix NF 45
preço do barril. A corrosão interna tem sido a causadora de vazamentos nos
oleodutos dos EUA, estando relacionada a 16% de todos os acidentes re- LL-Sn 225.
gistrados entre janeiro e agosto de 2006, segundo a Divisão de Segurança dos
Oleodutos do Departamento de Transporte dos EUA. A agência calcula a • Etapa Final - Selagem
perda de pelo menos 68 mil barris de petróleo no período em função da dete- LL-24 HARDWALL 3 CB/1
rioração interna das tubulações. LL-HARDWAL MTS-VF.
Aporte

A Agência Internacional de Energia (AIE), que foi criada em 1974, em


resposta à crise do Petróleo de 1973-1974, informou que existem aproxi-
madamente US$ 6 trilhões para ser utilizado até 2030 com o objetivo de
atender às necessidades mundiais de petróleo e gás. Esses recursos estão libera-
dos para a realização dos reparos necessários das unidades de produção de
petróleo construídas na década de 70.
Av. Angélica 672 • 4º andar
O1228-OOO • São Paulo • SP
Central telefônica: (11) 3825-7022
E-mail: escrit@italtecno.com.br
Site: www.italtecno.com.br
PETROBRAS:
ABRACO / IPT 53 anos
A realização do Seminário sobre A PETROBRAS comemora,
Revestimento e Proteção Catódica em outubro, 53 anos de história
para Dutos e Equipamentos, foi uma como a maior provedora de
iniciativa da ABRACO e do Instituto riquezas do Brasil. Para conti-
de Pesquisas Tecnológicas do Estado nuar crescendo como uma com-
de São Paulo – IPT. O evento, que panhia integrada de energia,
aconteceu nos dias 20 e 21 de setem- com forte presença no mercado
bro, contou com a participação de de petróleo, gás e derivados na
renomados técnicos que proferiram, América Latina, a PETROBRAS
ao longo dos dois dias, palestras de incorporou em seu escopo de
grande interesse para os diversos seg- negócios os biocombustíveis e as
mentos relacionados a revestimentos e proteção catódica. energias renováveis e lançou um
Segundo o presidente da entidade, Jorge Fernando Pereira Coe- importante plano de negócios
lho, a ABRACO sedia em suas dependências, o Comitê Brasileiro 2007 - 2011 que prevê investi-
CB-43 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, res- mentos de 87 bilhões de dólares.
ponsável, através de seus diversos comitês, pela elaboração de nor- Os recordes recentes de pro-
mas nas áreas de pintura industrial e proteção catódica. “Acho im- dução e refino, aumentam as pá-
portante que técnicos, fornecedores, usuários, institutos de ensino e ginas históricas de sucesso da
pesquisa participem das comissões de normalização”. empresa, iniciadas logo em sua
A doutora Zehbour Panossian, presente no seminário, disse se fundação em outubro de 1953.
sentiu honrada e privilegiada pelo seminário ter acontecido nas
dependências do IPT. “Espero que esse evento marque o começo de Eleições 2006
uma série de outros. É fundamental esse tipo de integração. Pre-
cisamos cada vez mais trocar experiências e buscar o conhecimento A ABRACO - Associação Bra-
e essa é uma grande oportunidade”. sileira de Corrosão, que foi fun-
dada em 1968, hoje com sede
Palestras Apresentadas própria situada no Rio de Janei-
• Estudo de Corrosão em Fundação de Torres Estaiadas - ro, se prepara para a eleição de
Sidney Pagotto – IPT sua nova diretoria. Nestas quase
• Corrosão por Influência de Interferência de Linhas de Tração quatro décadas a ABRACO pro-
Eletrificadas - Antonio Carlos Valente – Comgás moveu diversos cursos, semi-
• Corrosão em Estruturas Enterradas - Denise Freitas – INT nários e congressos, envolvendo
• Utilização de Sondas de Resistência Elétrica para Monitoração
empresas privadas e estatais, uni-
de Corrosão e de Proteção Catódica de Estruturas Enterradas ou
Submersas - Mauro Barreto – IEC versidades, centros de pesquisas e
• Resultados da Inspeção e Reabilitação de Revestimento Externo consultores dedicados a corrosão
em Dutos - Lásaro Andrade – TRANSPETRO e sua prevenção.
• Estudo de Corrosão por Corrente Alternada em Dutos Instalados A ABRACO tem como obje-
em Corredores com Linhas de Transmissão Elétrica - Sergio Filho - IPT tivo estatutário congregar profis-
• Evolução do Método PCM (Método de Atenuação de Corrente) sionais de alto nível que estejam
e A-frame no Período de 2000 a 2006 - Jorge Dequeck – Sondeq diretamente voltados para o co-
• Proteção Catódica de Equipamentos Submarinos em Águas Rasas nhecimento e solução dos proble-
e Profundas - Walmar Baptista – PETROBRAS/CENPES mas de corrosão, assim como pro-
• Ferramenta de Inspeção Pig de Corrosão e suas Aplicações na mover intercâmbio com enti-
Detecção de Anomalias em Dutos - Reinaldo Neves – TRANSPETRO
dades nacionais e internacionais.
• Proteção Catódica por Corrente Impressa em Estruturas Metálicas
Enterradas ou Submersas. Desenvolvimento, Projeto e Instalação de Sem fins lucrativos, a entidade é
Leito de Anodos - Luis Pivetta/Décio Barros – De Nora do Brasil mantida através de anuidades de
• Inspeção da Proteção Contra a Corrosão Externa de um Duto sócios (empresa e pessoa física),
Enterrado pelos Métodos “CIPS e DCVG” - Nicola Alagia - Engeduto de receitas vindas de realizações
de cursos, seminários e congres-
Patrocinadores sos de alta capacitação técnica e
de patrocínio de empresas e insti-
tuições governamentais de apoio
à pesquisa.

20 C & P • Setembro/Outubro • 2006


Notícias do Mercado

Feira Rio Oil &


WEG Inaugura nova fábrica de tinta em pó Gás 2006
Com a presença de autori- A ABRACO esteve presente na Feira
dades regionais, dos fundadores Rio Oil & Gas 2006, principal evento de
do Grupo WEG, de clientes e Petróleo e Gás da América Latina. A con-
da imprensa, foi inaugurada, no ferência, que aconteceu na primeira
último dia 23 de agosto, em quinzena de setembro, é realizada a cada
Guaramirim, Santa Catarina, a dois anos e desde sua primeira edição, em
nova fábrica de tinta em pó da 1982, vêm colaborando na consolidação
WEG Química. Foram gastos do Rio de Janeiro como “capital do
cerca de 15 milhões de reais na petróleo”, já que o estado concentra 80%
construção e implantação da de todo o óleo produzido no país, além
nova fábrica, que abrange uma de 50% da produção de gás.
área total de nove mil metros A Exposição foi uma importante vi-
quadrados. trine para as empresas nacionais e estran-
No discurso de abertura da cerimônia de inauguração, o diretor da geiras que apresentaram seus produtos e
WEG Química, Martin Werninghaus, fez questão de destacar que o alto serviços, bem como, a conferência deu a
investimento feito em tecnologia possibilitará um atendimento ainda me- oportunidade de discutir sobre os princi-
lhor ao mercado consumidor, uma vez que sua produção será de 900 pais temas relativos às inovações tecnoló-
toneladas/mês. gicas. Para a edição 2006 da Rio Oil &
“A nova fábrica foi projetada com base em pesquisas feitas em todo o Gas Expo and Conference o Lema esco-
mundo; utilizamos tecnologia de ponta e os melhores conceitos para pro- lhido foi: Auto-suficência do Brasil em
dução de tinta em pó. Contamos com estoque estratégico emergencial e petróleo: uma nova era de oportunidades
com uma equipe de assistentes técnicos em todo o Brasil que acompanha, e desafio
interage e assessora nossos clientes, com rapidez, buscando as melhores
alternativas para resolução de problemas”, afirma Werninghaus.
Fundada em 1961, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, a WEG S.A. é,
atualmente, a maior indústria de motores elétricos da América Latina, Gancheiras New Mann
exportando para mais de 100 países em todos os continentes. A unidade de
tintas (WEG Química), no entanto, iniciou suas atividades em 1983, Galvanoplastia e Pintura
quando a WEG adquiriu a fábrica de tintas Michigan. “Hoje, a WEG
Química já corresponde a seis por cento do faturamento de todo o grupo,
que este ano deve girar em torno de 3,5 bilhões de reais”, conta Décio da
Silva, presidente do Grupo WEG.
Com o auxílio da mais alta tecnologia, a WEG Química é uma das
líderes em vendas de tintas em pó, tintas líquidas, tintas anti-corrosivas e
vernizes desde 1993 e tem colocado à disposição do mercado produtos ino-
vadores. Dos quais podemos destacar: a tinta em pó NOBAC, sistema de
revestimento antimicrobiano do Brasil, a linha W-Zn, tinta em pó com
propriedade anti-corrosiva do país e a linha W-Eco, que atende as normas
nacionais e internacionais referentes à isenção de metais pesados.
“A unidade de tintas tem um comitê científico e tecnológico próprio
que reúne anualmente diversos especialistas do mundo em tintas líquidas, PROJETAMOS MODELOS COM PROTÓTIPOS
em pó e resinas a fim de discutir as tendências de mercado a curto, médio
Produzimos gancheiras para linhas galvânicas manuais
e longo prazo. Nossos engenheiros trabalham com consultores externos no e automáticas e para linhas de pintura a pó e eletroforese.
intuito de aprimorar processos e produtos, bem como de afinar as linhas de Nossos produtos são fabricados com excelente matéria-
desenvolvimento tecnológico”, explica Reinaldo Richter, gerente de vendas prima, oferecendo proteção e qualidade, conforme normas
da WEG Química. técnicas, tendo como objetivo aumentar a produtividade
e a qualidade da producão dos nossos clientes.
Em matéria publicada na Revista Conjuntura Econômica, da Fundação Consulte nosso departamento técnico.
Getúlio Vargas, que aponta as 500 maiores companhias abertas do Brasil, a
WEG subiu nove posições em relação ao ano passado e aparece em 94º APLICAMOS REVESTIMENTOS COM PLASTISOL
lugar. Além disso, a empresa catarinense figura pelo quinto ano consecuti- PARA TERCEIROS E PEÇAS TÉCNICAS
vo entre as 150 melhores do Brasil para se trabalhar, em pesquisa feita pelo EM VÁRIAS CORES.
Guia Exame/Você S.A., onde é citada como exemplo na gestão de pessoas. Gancheiras para Galvanoplastia New Mann Ltda.
Tel.: 11 6692-5036 – Fax: 11 6692-6631
Rua Rubião Júnior, 227/231
03110-030 – São Paulo – SP
ganchnewmann@uol.com.br
C & P • Setembro/Outubro • 2006 00
www.ganchnewmann.com.br
Artigo Instituição

Laboratório de Corrosão e
Tratamento de Superfícies –
LABCORTS - CCTM IPEN/CNEN-SP
O LABCORTS envolve principalmente pesquisas e desenvolvimento de
materiais e revestimentos convencionais e avançados

Por Lalgudi LABORATÓRIO DE COR- res de imagens; um FTIR; uma variedade de máquinas de ensaios
V. Ramanathan rosão e Tratamento de mecânicos; quase todas as técnicas para caracterizar materiais particu-
e por Isolda Superfícies (LABCORTS) lados; diversos tipos de fornos e acessórios para a preparação de novos
Costa do Centro de Ciência e Tecno- materiais em atmosferas controladas.
logia de Materiais (CCTM) do
IPEN foi criado em 1978. A área Equipe:
total ocupada pelos laboratórios A equipe atuante no LABCORTS – CCTM é constituída por 8
que compõem o LABCORTS é pesquisadores, sendo 4 em tempo integral, 10 alunos de pós-gradua-
de aproximadamente 1500 m2. ção e 4 pós-doutores.
As principais atividades reali- Os pesquisadores responsáveis pelo Laboratório de Corrosão e
zadas nestes laboratórios são: Tratamentos de Superfícies do CCTM – IPEN/CNEN-SP são o Dr.
1. Pesquisas básicas e aplicadas Lalgudi V. Ramanathan, que atualmente também é o gerente do
em todas as áreas de corro- CCTM, e a Dra. Isolda Costa.
são e seu controle.
2. Desenvolvimento de novos Os ensaios realizados nestes laboratórios consistem de:
materiais e revestimentos 1. Ensaios eletroquímicos.
resistentes à corrosão. Equipamentos disponíveis: potenciostatos/galvanostatos, analisa-
3. Estudos da correlação dores de resposta em freqüência (FRA), ZRA.
microestrutura-corrosão de
materiais e revestimentos 2. Ensaios acelerados para simulação de corrosão atmosférica.
4. Consultoria nas diversas áreas Equipamentos disponíveis: Câmaras de névoa salina para ensaios
de corrosão e seu controle. cíclicos e contínuos, Câmaras de envelhecimento natural.
5. Cursos especializados.
As atividades destes laborató- 3. Corrosão a temperaturas elevadas em meios gasosos (en-
rios são complementadas com a saios isotérmicos e cíclicos de oxidação, sulfetação, erosão e
infra-estrutura disponível nos erosão-oxidação).
outros laboratórios do CCTM, Equipamentos disponíveis: Balanças termogravimétricas, Calorí-
que incluem: cinco difratôme- metro diferencial, Fornos com atmosfera controlada, Equipamentos
tros de raios-X; dois microscó- para ensaios de erosão-corrosão.
pios eletrônicos de transmissão;
um microscópio eletrônico de 4. Ensaios de caracterização de superfícies e de revestimentos
varredura; vários microscópios metálicos, cerâmicos, orgânicos e de conversão.
óticos acoplados com analisado- Equipamentos disponíveis: Cortadeiras, pHmetros, condutivíme-

Fig.1 - 1 2
Laboratório
de ensaios
eletroquímicos.

Fig.2 -
Laboratório
de ensaios
acelerados para
simulação
de corrosão
atmosférica

24 C & P • Setembro/Outubro • 2006


tros, equipamentos para determinação de espessura, aderência, poro- 3
sidade, perda de brilho de revestimentos.

As principais pesquisas em desenvolvimento


nos laboratórios são:
(1) Interconectores metálicos para células combustíveis. Os objeti-
vos deste projeto incluem desenvolvimento de ligas para uso como
interconectores em células a combustível estacionárias. O composto
LaCrO3 foi sintetizado ‘in situ’ durante oxidação das ligas, conferindo
aumento da resistência à oxidação das ligas FeCr e FeCrAl.
(2) Corrosão de elementos combustíveis nucleares queimados
durante armazenamento. O Dr. Lalgudi V. Ramanathan vem coorde-
nando as atividades deste projeto da Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), que inclui a participação de 14 países. Produção científica Fig. 3 -
(3) Revestimentos nanoestruturados. As principais atividades deste A produção científica dos in- Laboratório de
projeto incluem obtenção de nanotubos de dióxido de Ti via anodiza- tegrantes destes laboratórios no ensaios de
ção, e revestimentos nanoestruturados de carbetos de cromo via pro- período 2000-2006 foi: erosão-corrosão
cesso HVOF. Livros – 3
(4) Erosão-oxidação de diversas ligas e revestimentos. Foi construí- Capítulos em livros – 12
do um aparato para realizar ensaios de erosão-oxidação a temperatu- Periódicos – 75
ras de até 900ºC. Com este aparato foi avaliada a resistência à erosão Anais de congressos – 120
e erosão-oxidação de vários materiais. Mapas de erosão-oxidação de
vários revestimentos e ligas foram elaborados para auxiliar na seleção Parcerias (nacionais e
de materiais. internacionais):
(5) Estudos para eliminação da fragilização por hidrogênio em 1. IAEA – Coordenação de
tubos de elementos combustíveis nucleares de reatores de potência projetos sobre corrosão de
tipo PWR fabricados com a liga Zircaloy-4. elementos combustíveis nu-
(6) Controle da corrosão em temperaturas elevadas com revesti- cleares que inclui a participa-
mentos de óxidos de terras raras obtidos via processo sol-gel. ção de mais de 15 países.
(7) Ligas resistentes à sulfetação em temperaturas elevadas. A inte- 2. Portugal /Instituto Superior
ração de materiais metálicos com enxofre ou gases contendo enxofre Técnico
em temperaturas elevadas é extremamente rápida. Os sulfetos de 3. França – Université de Bour-
metais comuns são termodinamicamente menos estáveis, fundem a gogne - Dijon
temperaturas mais baixas e demonstram transições significativas na 4. Universidade Estadual do
estequiometria, comparados com os óxidos correspondentes. Estão Centro Oeste - UNICENTRO
sendo desenvolvidas ligas com maior resistência à sulfetação. - GPEL (Grupo de Pesquisa
(8) Instalação de um equipamento de MOCVD para obtenção de em Eletroquímica)
revestimentos micro/nanoestruturados. A técnica MOCVD deriva da 5. Universidade de São Paulo –
técnica CVD, e foi desenvolvida nos anos 1990 para deposição de Departamento de Engenharia
metais e cerâmicas. Os objetivos incluem obtenção e caracterização de Química •
depósitos nanocristalinos de TiO2/TiNO e de Y2O3 sobre substratos
mono e policristalinos.
(9) Estudos de corrosão e proteção de materiais metálicos para uso Lalgudi V. Ramanathan
como implantes. Está sendo investigada a resistência à corrosão de Eng. metalúrgico; M.Sc. e Ph.D. em Ciência
ligas de Ti, aços inoxidáveis, e o efeito de revestimentos obtidos por e Engenharia de Corrosão pelo Sir. John Cass
processos de PVD e de revestimentos biocerâmicos obtidos por depo- College of Science and Engineering, Inglaterra.
sição assistida por feixe iônico nas propriedades de resistência à corro- Gerente do Centro de Ciência e Tecnologia de
são destas ligas. Materiais do IPEN/CNEN-SP.
(10) Tratamentos superficiais para proteção anti-corrosiva de ligas de Isolda Costa
alumínio e de zinco visando substituição do processo de cromatização. Engenheira química; mestre em Tecnologia
(11) Revestimentos para proteção contra a corrosão de aços ao car- Nuclear (Materiais) e Ph.D. em Corrosão pela
bono comuns. Está sendo investigado o efeito de modificações no UMIST, Inglaterra.
processo de fosfatização para obtenção de camadas com melhores pro-
priedades anti-corrosivas. Está também em estudo o efeito de inibido- Contatos com os autores:
res de corrosão para aços de uso como reforço em estruturas de con- (11) 3816-9356
creto na construção civil. icosta @ipen.br

C & P • Setembro/Outubro • 2006 25


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Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 3 - A utilização prática das
diferentes camadas fosfatizadas
As autoras relacionam os diferentes tipos de fosfatos com as diversas aplicações práticas

S CAMADAS FOSFATIZADAS fosfatizadas mais grossas, as de lubrificantes mantendo


são aplicadas para várias quais, são constituídas de fos- uma camada lubrificante en-
finalidades, dentre as fato de zinco, podendo tam- tre duas superfícies sob pres-
quais, as mais importantes são bém ser utilizadas camadas são (superfície da peça que
(Metals handbook, 1987; ISO de fosfato de ferro obtido a está sendo deformada e a
Por Zehbour 9717, 1990; BS 3189, 1991; partir de banhos à base de superfície da matriz de defor-
Panossian Rodzewich, 1974): fosfato diácido de ferro ou de mação). Para esta aplicação,
• para melhorar a aderência fosfato de manganês; as camadas fosfatizadas são,
entre um metal e um não- • pré-tratamento de superfícies em geral, constituídas de fos-
metal (como madeira, plásti- submetidas à abrasão e ao fato de zinco;
co, borracha); desgaste, tais como pistões, • como isolante elétrico. As
• pré-tratamento de superfícies anéis, eixos, girabrequins. A camadas fosfatizadas apresen-
metálicas para pintura. Com fosfatização aumenta a anco- tam alta resistividade sendo
Por Célia A. L. a fosfatização aumenta-se a ragem dos lubrificantes per- por esta razão utilizadas para
dos Santos ancoragem das tintas o que mitindo que o contato direto isolamento elétrico entre lâ-
melhora a aderência destas e metal-metal nos primeiros minas de transformadores, de
consegue-se reduzir a propa- movimentos, chamados de rotores, etc. Para esta finali-
gação da corrosão por debai- assentamento, seja evitado. dade são, em geral, utilizadas
xo das camadas de tinta nos Isto previne o engripamento camadas fosfatizadas de zinco
locais de danificação. Isto o- e diminui o barulho próprio e ferro.
corre devido ao fato das ca- de superfícies não-assentadas. Além do tipo de fosfato, um
madas de fosfatos serem pou- Para esta aplicação são utiliza- dos parâmetros importantes de
co condutoras o que desfavo- das, quase que exclusivamen- se conhecer é o de massa de fos-
rece o estabelecimento das te, camadas fosfatizadas à fato por unidade de área1 que
células de corrosão. Além dis- base de fosfato de manganês. também direciona o uso das ca-
to, as camadas fosfatizadas No entanto, camadas de fos- madas fosfatizadas. Ao se tentar
aumentam a resistência ao fato de zinco também podem procurar na literatura os valores
impacto e a flexibilidade das ser utilizadas; de massa de fosfato por unidade
tintas. Para esta aplicação, • pré-tratamento para confor- de área mais adequados para
geralmente, as camadas fosfa- mação mecânica. A fosfati- uma determinada aplicação, se-
tizadas são finas, densas com zação aumenta a ancoragem rão encontradas faixas diferentes,
cristais pequenos e são cons-
tituídas de fosfato de zinco TAB. 1 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
e/ou de fosfato de ferro obti- À BASE DE FOSFATO DE FERRO (ISO 9717, 1990; BS EN 12476, 2000)
do a partir de banhos à base
de fosfato de metais alcalinos Tipo de Massa por unidade Aplicação
e de amônio; fosfato de área (g/m2)
• pré-tratamento de superfícies Feph 0,1 a 1,5 Sem proteção suplementar, para proteção contra
oleadas ou com graxas, com corrosão entre operações de fabricação em
o objetivo de proteção con- ambientes secos por períodos inferiores a 24 h
tra corrosão. A fosfatização Fehph > 5 de preferência > 10 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra
aumenta a ancoragem destes corrosão durante armazenamento e transporte
produtos, evitando a perda Feph 0,1 a 1,0 Como base para tintas ou vernizes
dos mesmos por escorrimen- Nota: Feph - camadas obtidas a partir de fosfato de metais alcalinos ou de amônio
to. Para esta aplicação, em Fehph - camadas obtidas a partir de banhos à base de fosfato ferroso
geral, são utilizadas camadas

C & P • Setembro/Outubro • 2006 27


TAB. 2 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS devem ser lavadas primeira-
À BASE DE FOSFATO DE ZINCO (ISO 9717, 1990; BS EN 12476, 2000) mente com água corrente e
em seguida com água deioni-
Massa por unidade Aplicação zada para se ter garantia da
de área (g/m2) ausência de contaminantes
1a5 Sem proteção suplementar, para proteção contra corrosão entre na superfície os quais podem
operações de fabricação em ambientes secos por períodos determinar a formação de
inferiores a 24 h bolhas sob as camadas de tin-
> 5 de preferência > 10 Sem proteção suplementar, para proteção contra corrosão entre tas ou vernizes. Além disto,
operações de fabricação em ambientes secos por períodos deve-se evitar o manuseio
inferiores a 7 dias sem luvas das camadas fosfa-
> 5 de preferência > 10 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão tizadas antes da aplicação de
durante armazenamento e transporte tintas ou vernizes para evitar
1 a 10 de preferência 1 a 4 Como base para tintas ou vernizes marcas de impressão digital;
5 a 15 Trefilação de fios • camadas fosfatizadas à base
3 a 10 Extrusão de tubos de aço soldados de fosfato de zinco são as
4 a 10 Extrusão de tubos de precisão de aço mais indicadas para a confor-
5 a 20 Conformação a frio mação mecânica. Para esta
2a5 Estampagem com redução de espessura de parede finalidade, estas camadas
5 a 15 Estampagem sem redução de parede devem ser neutralizadas após
> 10 (BS 3189, 1991) Para elementos de fixação a fosfatização com soluções
26 a 32 (ASTM F 1137, 1993) Para elementos de fixação com tratamento suplementar fracamente alcalinas e, em
com óleo seguida, deve ser aplicado um
13 a 16 (ASTM F 1137, 1993) Para elementos de fixação com tratamento suplementar lubrificante. O estearato de
com resinas epóxi rica em zinco sódio (sabão) é muito empre-
gado para lubrificação, mas,

porém, da mesma ordem de TAB. 3 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
grandeza. Por esta razão, neste À BASE DE FOSFATO DE ZINCO E DE CÁLCIO (ISO 9717, 1990; BS EN 12476, 2000)
trabalho optou-se por apresentar
faixas indicadas por normas, que Massa por unidade
Aplicação
acabam sendo os valores mais de área (g/m2)
adotados na prática. >5 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão durante
As Tabelas de 1 a 4 apresen- armazenamento e transporte
tam, por tipo de fosfato, a faixa 1 a 10 de preferência 1 a 4 Como base para tintas ou vernizes
de massa de camada por unidade
de área para as diferentes aplica-
ções. Em relação a elas, convém TAB. 4 - VALORES DE MASSA POR UNIDADE DE ÁREA PARA CAMADAS FOSFATIZADAS
citar ainda que: À BASE DE FOSFATO DE MANGANÊS (ISO 9717, 1990; BS 7371, 1996)
• as camadas de fosfatos desti-
nadas à proteção contra cor- Massa por unidade Aplicação
rosão com ou sem aplicação de área (g/m2)
de óleos, graxas e ceras, são > 5 de preferência > 10 Sem proteção suplementar, para proteção contra corrosão entre
geralmente submetidas, após operações de fabricação em ambientes secos por períodos inferiores
a fosfatização, a uma lavagem a 7 dias
em uma solução contendo > 5 de preferência > 10 Com óleos, graxas ou ceras para proteção contra corrosão durante
ácido crômico2 ou outros armazenamento e transporte
compostos selantes; 3a5 Revestimentos constituídos principalmente de fosfato de
• as camadas fosfatizadas utili- manganês, obtidos a partir de banhos sem íons de ferro.
zadas como base para tintas e Para componentes com pouca folga, como pistão de compressor
vernizes também são subme- de refrigeradores
tidas a uma lavagem conten- 5 a 20 Revestimentos constituídos de fosfato de ferro e manganês ,
do ácido crômico2 ou outros obtidos a partir de banhos com íons de ferro.
compostos para aumentar a Para componentes com folga, como engrenagens
resistência à corrosão. Porém, >8 Para elementos de fixação
neste caso, após este estágio

28 C & P • Setembro/Outubro • 2006


emprega-se também o bórax, A próxima edição abordará, to, portanto estas duas denominações
a cal ou o metassilicato de com maiores detalhes, a forma- serão utilizadas indistintamente neste
sódio; ção dos fosfatos sobre superfícies trabalho. Deve-se citar que a massa de
• camadas fosfatizadas à base ferrosas com as reações e equilí- fosfato por unidade de área é a mais uti-
de fosfato de manganês são as brios químicos envolvidos no lizada na prática, com a denominação
mais indicadas para superfí- processo de fosfatização. massa de fosfato.
cies deslizantes, nas quais se
deseja resistência ao desgaste Referências Bibliográficas 2
O emprego deste processo está sendo
e à abrasão. Estas camadas BS - British Standards. 1996. BS 7371: desestimulado devido à toxicidade do
são utilizadas com lubrifican- part 9 - coatings on metal fasteners íon Cr6+.
tes adequados; – specification for phosphate or
• camadas fosfatizadas à base phosphate and oil coatings. 4p. Zehbour Panossian
de fosfato de zinco ou a base BS - British Standards. 2000. BS EN Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
de fosfato de manganês são 12476: phosphate conversion coa- – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
mais adequadas para elemen- tings of metals. Method of specify- LCP. Doutora em Ciências (Fisico-Química)
tos de fixação, devendo ser ing requirements. 15 p. pela USP. Responsável pelo LCP.
utilizadas oleadas. ISO – International Organization for Célia A. L. dos Santos
Standardization. 1990. ISO 9717: Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
Analisando-se a necessidade phosphate conversion coatings for – IPT. Laboratório de Corrosão e Proteção –
do emprego das camadas fosfati- metals, method of specifying requi- LCP. Doutora em Química (Fisico-Química)
zadas, o tipo de camada e a sua rements. 15 p. • pela USP. Pesquisadora do LCP.
espessura (massa por unidade de
área), pode-se fazer a seleção ade- 1
Convém esclarecer que a massa de Contato com as autoras:
quada do fosfato a ser utilizado fosfato por unidade de área é uma zep@ipt.br / clsantos@ipt.br
para o uso especificado. medida da espessura da camada de fosfa- fax: (11) 3767-4036

LATINCORR 2006
Empresas participantes do LATINCORR 2006, Congresso Latino-Americano de Corrosão
e Exposição Empresarial de Corrosão e Proteção, realizado em Fortaleza, de 21 a 26 de maio.

P ATROCINADORES
Ouro Prata Bonze
Bayer Materialscience Orvic Engeduto
Blasting VCI Brasil Logos Química
CENPES – Centro de Pesquisas Votorantim Metais Super Finishing
da PETROBRAS Zerust & Northern Tintas Renner
Euronavy / Tintas Jumbo De Nora do Brasil Tintas Sumaré
International Paint Triquimica

E XPOSITORES
Aselco Automação GE Water & Process Technologies Rust Engenharia
Bayer Materialscience Honeywell Super Finishing
Chesterton Naja Turismo Trenton
De Nora do Brasil Nalco Brasil Triex Sistemas
Equilan Indústria e Comércio Pensalab
Fortaleza Convention Bureau Rogertec

C & P • Setembro/Outubro • 2006 29


Artigo Técnico

Comportamento de um organo silano


como inibidor de corrosão
para o aço carbono em HCl 2M
O trabalho investiga a eficiência de um inibidor ambientalmente
amigável à base de polissilanos

Por Paulo Resumo peração de poços de petróleo, tratados superficialmente com


Renato de OBJETIVO DESTE TRABA- somado a um baixo impacto lixas d’água de granas 320, 400 e
Souza, Idalina lho é investigar o desem- ambiental. 600, foram lavados com água des-
Vieira Aoki e penho de um organo-si- Palavras-chave: Organo-silano, tilada, álcool, acetona e secos em
Isabel Correia lano, copolímero de polioxialqui- inibidor de corrosão, aço carbo- corrente de ar quente. A seguir
Guedes leno e polidimetilsiloxano modi- no, ácido clorídrico. foram pesados em balança analí-
ficado (CPPM), como inibidor tica com precisão de décimo de
de corrosão para aço ABNT 1. Introdução miligrama e imersos no meio cor-
1010 em meio de ácido clorídri- Nos últimos anos, os estudos rosivo. Ao final dos ensaios, os
co 2M. Para avaliar a eficiência dos derivados do silano como cdp’s foram retirados, lavados,
desta molécula como inibidor de protetores de superfícies de me- secos e pesados. A velocidade de
corrosão foram utilizadas as tais contra o ataque corrosivo corrosão foi calculada em mg/
seguintes técnicas: ensaios gravi- vem aumentando cada vez mais. (cm2.d), segundo a equação:
métricos, medidas de potencial Os resultados têm sido promis- icorr = 6m
de corrosão, curvas de polariza- sores para alguns metais como A.t
ção potenciodinâmicas anódicas alumínio e suas ligas, cobre e aço onde icorr é a velocidade de
e catódicas, e espectroscopia de [1-3]
. O copolímero de polioxial- corrosão, 6m é a variação de
impedância eletroquímica (EIE). quileno e polidimetilsiloxano massa, A é a área exposta na solu-
Com o uso dessas técnicas foi modificado (CPPM) é uma mis- ção e t é o tempo de imersão. Os
possível verificar a influência do tura de polímeros de elevado ensaios foram realizados em tri-
CPPM no meio corrosivo. Dos peso molecular, utilizada comer- plicata e o tempo de imersão foi
ensaios gravimétricos obteve-se cialmente como tensoativo, que de duas horas. A eficiência, d, foi
uma eficiência maior que 93% por possuir baixo HLB [4], fun- calculada a partir da seguinte
para todas as concentrações estu- ciona como emulsificante de equação:
dadas. As curvas de polarização água em óleo. No levantamento d = i0 - ii
potenciodinâmicas anódicas e bibliográfico, nenhum trabalho i0
catódicas mostram que o CPPM relacionado a este composto co- onde i0 é a velocidade de
age como inibidor do tipo misto. mo inibidor de corrosão foi en- corrosão obtida sem o inibidor e
Os diagramas de impedância contrado. No entanto, as suas ii é a velocidade de corrosão na
mostram que o organo-silano for- características motivaram o seu presença do inibidor.
ma um filme sobre a superfície estudo com esta finalidade. Com objetivo de comparar
do aço carbono, resultado que é os resultados da técnica gravimé-
observado através dos valores de 2. Materiais e Metodologia trica com os resultados das cur-
resistência de transferência carga Empregada vas de polarização, os valores de
(Rtc) obtidos dos diagramas de Neste trabalho foi usado co- velocidade de corrosão obtidos
impedância em baixas freqüên- mo inibidor de corrosão para o foram convertidos para densida-
cias. Concluí-se assim que o uso aço carbono ABNT 1010 um de de corrente de corrosão, icorr,
do organo-silano em solução de copolímero de polioxialquileno pela seguinte equação:
HCl 2M para aço carbono, pro- e polidimetilsiloxano modifica- icorr = icorr . F
move uma proteção significativa do (CPPM) com peso molecu- Eq
contra a corrosão, sendo um lar de 17.000g/mol em meio de sendo que F é a constante de
composto promissor no uso co- HCl 2 M. Faraday e equivale a 96.500C e
mo inibidor de corrosão em si- O estudo do CPPM como Eq é o equivalente grama do metal.
tuação práticas e reais onde se inibidor de corrosão foi iniciado As medidas eletroquímicas
tem elevada acidez como banhos pelos ensaios gravimétricos onde foram obtidas em um Potencios-
de decapagem e fluidos de recu- os corpos-de-prova (cdp) foram tato/Galvanostato EG&G Prin-

30 C & P • Setembro/Outubro • 2006


ceton Applied Research (PAR TAB. 1 - VALORES DE VCORR, ICORR, d E ECORR PARA O AÇO CARBONO EM MEIO DE HCl 2M NA
modelo 273) associado a um AUSÊNCIA E PRESENÇA DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DO CPPM.
analisador de freqüências So- Ensaios de Imersão Ensaios Eletroquímicos
latron 1255. Foi usado como re- Conc. Vcorr icorr Eficiência, d Ecorr icorr Eficiência, d
ferência um eletrodo de pra- (M) (mg.cm-2.t -1) (A.cm-2) (%) (mV) (A.cm-2) (%)
ta/cloreto de prata (Ag/AgCl) 0 4,7 ± 0,33 4,5.10-3 0 -372 2,6.10-3 0
conectado a um capilar Luggin e 1.10-6 0,35 ± 0,03 3,3.10-4 93,0 -352 3,8.10-4 85
como contra eletrodo foi usada 1.10-5 0,19 ± 0,02 1,8.10-4 96,0 -360 1,5.10-4 94
uma folha de platina com área 1.10-4 0,16 ± 0,02 1,6.10-4 96,5 -362 5,1.10-5 98
plana exposta de 15cm2. O ele- 1.10-3 0,13 ± 0,01 1,2.10-4 97,0 -365 6,5.10-5 98
trodo de trabalho, aço ABNT
1010, teve área plana exposta de
1cm2. Os corpos-de-prova tive- das, as taxas de corrosão foram
ram o mesmo tratamento super- drasticamente reduzidas alcan-
ficial realizado para os ensaios çando uma eficiência de 97%. A
gravimétricos. comparação dos valores de icorr
Para as medidas de potencial e eficiência obtida pelas duas téc-
de corrosão (Ecorr), os cpd’s foram nicas estudadas, mostra que são
imersos no meio corrosivo, onde de mesma ordem de grandeza.
o sistema evoluiu espontanea- Os ensaios eletroquímicos
mente durante uma hora, tempo mostram que os valores de Ecorr
este suficiente para a estabiliza- (Tab. 1) foram levemente altera- Fig. 1 - Diagramas de impedância.
ção do potencial de corrosão. dos em relação ao valor obtido na (a) Nyquist. (b) Bode.
A seguir foram obtidos os es- ausência do inibidor, indicando
pectros de impedância eletroquí- que a molécula estudada deve agir Pelos diagramas de Bode, Fi-
mica, cuja faixa de freqüência es- como inibidor misto de corrosão. gura 1b, observa-se que o ângu-
tudada foi de 50kHz a 25mHz. Através dos diagramas impe- lo de fase é crescente com o au-
Foram feitas dez leituras por dância de Nyquist (Fig. 1a) obser- mento das concentrações de
década de freqüência e foi usada va-se uma diferença significativa CPPM e esses altos valores apa-
uma perturbação no potencial de dos resultados obtidos com a recem em uma grande faixa de
amplitude de 10mV. presença do CPPM e o obtido freqüência, o que está associado
As curvas de polarização po- na ausência deste. O diagrama à formação de um filme mais pro-
tenciodinâmicas anódicas e cató- sem o inibidor, apresenta apenas tetor na superfície do aço. Nos
dicas foram obtidas em uma fai- um arco capacitivo em altas fre- diagramas de Bode pode-se tam-
xa de potenciais de –500mV a qüências. Nos diagramas com a bém observar que os valores dos
+500mV em relação ao potencial presença do inibidor, observa-se módulos de impedância a baixas
de corrosão. Foi usada uma velo- a presença de dois arcos capaciti- freqüências são crescentes para
cidade de varredura de 0,5mV/s. vos, o primeiro em altas freqüên- maiores concentrações do inibi-
Todos os experimentos foram cias e o segundo em freqüências dor indicando a maior proteção
conduzidos em meio natural- intermediárias. Os diâmetros dos contra corrosão na presença deste.
mente aerado e na temperatura arcos capacitivos a altas freqüên- As curvas de polarização po-
de 25°C. cias aumentam de acordo com o tenciodinâmicas anódicas e ca-
aumento das concentrações do tódicas (Fig. 2), mostram que o
3. Resultados e Discussões inibidor, o que deve estar asso-
Os resultados dos ensaios ciado à formação de um filme
gravimétricos e eletroquímicos adsorvido na superfície do metal.
que foram obtidos para o aço Os arcos capacitivos em freqüên-
ABNT 1010 em meio de ácido cias intermediárias são observa-
clorídrico 2M, em ausência e dos na presença do inibidor e
presença do CPPM são apresen- com diâmetro maior para con-
tados na Tabela 1. Os resultados centrações crescentes do inibidor,
mostram que o CPPM age como indicando que os processos de
eficiente inibidor de corrosão transferência de carga entre o Fig. 2 - Curvas de polarização potenciodinâmicas
para o aço ABNT 1010 em meio metal e o meio ficam menos in- anódicas e catódicas para o aço ABNT 1010
de ácido clorídrico 2M. Para tensos na presença de maior con- em meio de HCl 2M na ausência e presença de
todas as concentrações estuda- centração de inibidor. diferentes concentrações de CPPM.

C & P • Setembro/Outubro • 2006 31


CPPM age como um eficiente ção indicam que o CPPM atua [4] GE Advanced Materials – Silicones.
inibidor de corrosão para o aço como inibidor misto de corrosão. Organofunctional silanes for adhe-
ABNT 1010 nas condições estu- Pelos diagramas de impedân- sive and sealant applications. Silwet
dadas, onde todas as curvas de cia constata-se que o CPPM silanes, products and applications.
polarização apresentam-se pola- forma um filme protetor sobre a Disponível em: http://www.gesili-
rizadas em relação àquela obtida superfície do aço nas condições cones.com •
na ausência do inibidor, ou seja, de ensaio.
tanto as reações de dissolução do Os resultados obtidos das Paulo Renato de Souza
aço quanto às reações de libera- diferentes técnicas estudadas são Mestre Engenheiro Químico, Doutorando
ção de H2 foram inibidas, o que concordantes entre si. do Programa de Engenharia Química da
permite concluir que o CPPM EPUSP e Docente do SENAI na área de
age como inibidor misto, porém Agradecimentos Corrosão e Tratamento de Superfícies.
a polarização das reações catódicas À CAPES e à CNPq pelo Idalina Vieira Aoki
é um pouco mais acentuada para suporte financeiro. Professora Doutora responsável pelo
todas as concentrações estudadas. Laboratório de Eletroquímica e Corrosão
Referências Bibliográficas (LEC) do Departamento Engenharia
4. Conclusões [1] BECCARIA, A. M., LAURA, C., Química da EPUSP.
Com os resultados obtidos Corrosion Science, 1999, 26, 885-899 Isabel Correia Guedes
neste trabalho conclui-se que o [2] ZUCCHI, F., GRASSI, V., Professora Doutora do Departamento
CPPM age como um eficiente Frignani, A., TRABANELLI, G., de Engenharia Química da EPUSP-
inibidor de corrosão para o aço Corrosion Science, 2004. pertence ao LEC
carbono ABNT 1010 em meio [3] SCHAFTINGHEN, T. V., PEN, Contato com os autores:
de ácido clorídrico 2M. C. L.; TERRYN, H., HORZEN- paulo.renato@poli.usp.br;
Os valores de potencial de BERGER, F., Electrochimica Acta, idavaoki@usp.br ; icguedes@usp.br
corrosão e as curvas de polariza- 2004, 49, 2997-3004. fax: (11) 3031-3020

Evento ABRACO

Seminário de Corrosão Interna


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O 1º evento do convênio de cooperação tecnológica

A ABRACO e o INT darão início à parceria realizando um evento que traz no seu tema um assunto de
grande importância para o país e para o mundo: a Corrosão Interna em Dutos e Equipamentos.

Vários especialistas na área discutirão técnicas preventivas como monitoramento, revestimentos, entre outras,
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Saúde & Segurança Ocupacional

A Falsa Impressão de Estar


Protegido
A importância de questionar as medidas de proteção para saber se,
afinal, se está mesmo protegido

iante dos recentes acon- podíamos ou que dispúnhamos. fabricante idôneo? Foi testa-
tecimentos, presenciados Porém, essas tais medidas de pro- do e avaliado quanto sua efi-
por todos nós e, à época, teção eram realmente eficazes? cácia? Possui C.A. - Certi-
exaustivamente divulgado por Ou, apenas nos traziam aparente ficado de Aprovação, emitido
todas as mídias; assunto da se- sensação de segurança? por órgão competente? Mui-
Por José Adolfo mana em todas as rodas, como Da mesma forma, por analo- tos são os produtos fabrica-
Gazabin Simões em cidade do interior quando gia, como vimos nos protegendo dos sem a observância de
perturbada por qualquer aconte- em nosso ambiente de trabalho? qualquer norma técnica.
cimento atípico, ocorreu-me o Os Equipamentos de Proteção Saber se estes produtos real-
seguinte: Estamos melhor com Individual e Coletiva instalados mente protegem, só após a
os ataques terroristas do PCC, são realmente eficazes? Funcionam ocorrência de um evento
que sem eles. como devem? Protegem? Ou, indesejável.
Senão, vejamos: aprendi nas apenas nos passam a agradável 3. Se o EPI foi corretamente
disciplinas de Saúde e Segurança sensação de estarmos protegidos? especificado e neutraliza o
Ocupacional, que o maior con- A importância deste questio- risco, e se foi adequadamente
tribuinte para acidentes, doenças, namento reside no fato de às ve- adquirido de um fabricante
etc., são na verdade os relaciona- zes, ser melhor não utilizar um idôneo, estamos utilizando-o
dos à falta de informação ou des- determinado EPI, que utilizá-lo de maneira correta? Por
conhecimento do risco. A menos de forma errada. É melhor não exemplo, os protetores auri-
do “stress” causado pela onda de utilizar um determinado EPI, culares do tipo de inserção,
são comumente utilizados de
maneira inadequada; ou pela
Por vezes, é melhor não utilizar equipamento colocação ou pela conserva-
de proteção do que utilizá-lo de maneira errada. ção. Comuns são os casos de
otites e infecções causadas
Daí a necessidade de conhecer sua especificação, por protetores auriculares su-
sua origem e seu uso correto jos ou contaminados.

Finalmente, se não questio-


boatos e tentativa de se instaurar que utilizar um EPI errado. E, narmos ao menos os três quesi-
o pânico na população, os even- quanto a isto, são três os aspectos tos colocados, mesmo conhe-
tos patrocinados pelo PCC - e à abordar: cendo os riscos, podemos conti-
seus comparsas em todos os esca- 1. O EPI foi corretamente espe- nuar a ele expostos, acreditando
lões, indubitavelmente contri- cificado? Neutraliza efetiva- que não existe, pela falsa impres-
buíram para tomarmos conheci- mente o risco ao qual esta- são de que foi neutralizado. E,
mento (ou nos lembrarmos) do mos expostos? Tenho visto, neste caso, estaríamos melhor
risco a que estamos, diuturna- mais de uma vez, por exem- sem o EPI que com eles: ao
mente, exposto. E, conhecendo plo, trabalhadores expostos a menos, tomaríamos conheci-
o risco, podemos, ao menos, névoas e vapores diversos, mento (ou nos lembraríamos)
dele nos defender. Deixamos de utilizando máscaras com fil- dos riscos a que estamos, diutur-
trabalhar, trancamo-nos em casa, tros inadequados; ou pior, namente, expostos. •
tiramos nossos filhos da escola, e máscaras para poeiras. Ao tra-
tantas outras coisas, deixamos de balhador, geralmente, fica a José Adolfo Gazabin Simões
fazer com o intuito claro e ine- sensação de estar protegido Diretor do SINDISUPER e Centralsuper,
quívoco de nos defender do risco quando na verdade não esta. Diretor da Galrei Galvanoplastia Industrial
conhecido. Aplicamos, na épo- 2. O EPI corretamente especifi- zegazaba@uol.com.br
ca, as medidas de proteção que cado foi adquirido de um fax: (11) 4075-1888

C & P • Setembro/Outubro • 2006 33


Artigo Técnico

Evolução no Tratamento de
Superfícies “do Cromatizante à
Nanotecnologia” – Parte 3
Com este artigo, explicou-se a evolução dos cromatizantes e passivadores e, a partir dele, inicia-se
uma nova fase, a do estudo da evolução da nanotecnologia dentro do tratamento de superfícies

Por Silvio NTES DE ENTRARMOS NA res, nanocompósitos, biomate- nico intenso (necessidade do
Renato de Assis terceira e última parte riais, chips entre outros). O ob- efeito de auto-cura).
do trabalho aqui expos- jetivo principal é chegar em um
to, gostaria de aproveitar para controle preciso e individual Características:
elucidar algumas dúvidas que dos átomos. • Camada de 300 à 500 nm
me foram apresentadas em rela- A palavra “nanotecnologia” • Excelente resistência à
ção à segunda parte do trabalho: foi utilizada pela primeira vez corrosão
pelo professor Norio Tanigu- • Ótima autocicatrização
• Quando me refiro à presença chi, em 1974, para descrever as • Opera em temperatura
de oxigênio na camada, en- tecnologias que permitam a ambiente
tenda-se como o mesmo sen- construção de materiais a uma • Resistência da camada à
do proveniente das moléculas escala de 1 nanômetro (1nm = temperatura até 210ºC
de água presentes na camada 1 milionésimo de mm). Para se • Proporciona maior vida útil
de passivação. Não se trata de perceber o que isto significa, do passivador devido à baixa
oxigênio livre, mas sim na for- imagine uma praia com 1000 dissolução de Zinco e Ferro
ma combinada. O hidrogê- km de extensão e um grão de • Ausência de aditivos orgâni-
nio das moléculas de água areia de 1 mm, este grão está cos e agentes complexantes
presentes na camada de pas- para esta praia como um nanô- • Isento de fluoretos
sivação não pode ser analisa- metro está para o metro. • Custo mais baixo se compa-
do pelo Espectrômetro de rado aos passivadores triva-
Energia Dispersiva. A libera- 1ª Fase de Desenvolvimento lentes com utilização de
ção desse oxigênio, se dá na A nanotecnologia está sendo selante
forma combinada, como va- utilizada para apresentar novos
por d’água; tipos de passivação, através de Desvantagens
• Assim sendo, quando analiso uma solução coloidal (emulsói- • Alto Custo na Montagem em
os grãos presentes na superfí- de) de material `à base de SiO2 relação ao cromatizante hexa-
+3
cie, os mesmo também pode- e sais de Cr . valente
riam ser classificados como O princípio ativo é baseado
hidróxidos. nos emulsóides, onde a viscosi- Composição da Camada1
dade é geralmente muito maior As figuras na página seguin-
Nanotecnologia que a da água e a tensão super- te apresentam como é a camada
A nanotecnologia está asso- fial é menor. Portanto, a estabi- do passivador nanoparticulado.
ciada a diversas áreas (como a lidade destas soluções depende, Na figura 1, temos uma visão
medicina, eletrônica, ciência da em grande parte, da natureza do superior da camada, com uma
computação, física, química, meio em que estão dispersas as ampliação de 500 vezes, e aqui
biologia e engenharia dos mate- partículas: pH, concentração de também podemos perceber a
+3
riais) de pesquisa e produção na Cr e Inibidores. formação de grãos. Na figura 2,
escala nano (escala atômica). O O produto em questão é um numa visão angular com 2.500
princípio básico da nanotecno- composto inorgânico nano- vezes de ampliação, podemos
logia é a construção de estrutu- particulado para utilização em perceber mais claramente, além
ras e novos materiais a partir dos passivadores trivalentes. Pro- dos grãos, que a superfície está
átomos. É uma área promisso- porciona melhor resistência à uniformemente irregular, fato
ra, mas que dá apenas seus pri- corrosão, cuja principal utiliza- esse devido à “saída” de água da
meiros passos, mostrando, con- ção será para os casos em que camada passivada. Também po-
tudo, resultados surpreendentes não é permitido o uso de selan- demos visualizar que por baixo
(na produção de semiconduto- tes ou que haja desgaste mecâ- dos grãos, apesar da ruptura da

34 C & P • Setembro/Outubro • 2006


camada provocada pela expul- 1 2
são de água, houve a recupera-
ção do passivador.
Já na figura 3, foram anali-
sados dois pontos distintos da
camada depositada: ambos nu-
ma área sem grãos, porém um
sobre uma região de cor clara e
outro sobre uma região de cor
escura, e obtivemos os seguintes
resultados e conclusões: Fig. 1 - Visão superior com 500 Fig. 2 - Visão angular com 2500
vezes de ampliação vezes de ampliação 2

Zn O Cr Si Conclusão 3
Ponto 1: 66,6% 22,8% 0,4% 8,7% Demonstra que a camada de passivador
Ponto 2: 56,9% 28,9% 0,3% 13,1% é quase isenta em Cromo e concentrada
em Silicio e Água

Fig. 3 - Visão superior com


2500 vezes de ampliação
Resistência à Corrosão para análise de pontos na
camada depositada

Agradecimento Referências
Agradeço a todos os que aju- (1)
As fotos microscópicas foram feitas no
daram a realizar esse estudo e Microscópio de Varredura Eletrônica do
principalmente aos leitores da re- Instituto de Geociências da USP
vista, que fizeram com que tal
artigo tivesse grande repercussão (2)
Análise feita por Espectrômetro de
em nossa área. Energia Dispersiva. A variação de cor
Gostaria de avisá-los que esse apresentada representa a variação de
estudo foi o primeiro de muitos elementos conforme sua massa média.
na busca do conhecimento da
tecnologia que oferecemos e apli- (3)
Os corpos de prova utilizados neste
camos em nossos clientes, e que, estudo são chapas de ferro, banhadas em
em breve, já teremos uma nova Zinco Alcalino e posteriormente
fase de estudos, com novos graus Cromatizadas ou Passivadas, sofreram um
de conhecimento atingidos. corte em X até a base e foram submetidas
à 96 horas de Salt Spray, conforme norma
ABNT MB 787
Ampliação do corte Pessoas envolvidas
no estudo
Fábio F. J. Cardoso -
Podemos visualizar que após Gerente de Processos
o Salt Spray3, o corpo de prova Paulo Brito - Representante
NÃO apresenta corrosão bran- Técnico-Comercial
ca, tanto onde houve o corte, Silvio Renato de Assis -
como no restante do corpo de Gerente de Suporte à Clientes e de
prova. Assistência Técnica
Esse processo apresentou re- Fernanda Mendes Bereta - Silvio Renato de Assis
sistência à corrosão de, no míni- Assistente Técnica de silvio.assis@dileta.com.br
mo, 576 horas de Salt Spray. Desenvolvimento • fax: (11) 2139-7500

C & P • Setembro/Outubro • 2006 35


Artigo Técnico

Noções básicas sobre processo


de Anodização do Alumínio
e suas Ligas - Parte 1
A Anodização é um processo muito aceito e bem definido para produzir
uma película decorativa e protetiva de alta qualidade

IMAGEM DO ALUMÍNIO É à anodização, propriamente dita, não se dissolve, ocorrendo uma


definida e fixada pelo aca- e à selagem da camada anódica. passivação pela formação de um
bamento aplicado sobre Essa camada por ser uma oxida- filme de óxido. A imersão do
sua superfície. Essa afirmativa ção eletrolítica do próprio metal, alumínio em uma solução de
constata a importância dos pro- irá salientar os defeitos existentes ácido fluorídrico irá produzir
Por Adeval cessos empregados para essa fina- ou mesmo revelar irregularidades um filme insolúvel de fluoreto
Antônio lidade, que determinam as carac- que não são visíveis no metal bru- de alumínio (solúvel no excesso
Meneghesso terísticas protetivas e/ou decora- to. Alguns processos de pré-trata- de ácido fluorídrico), da seguin-
tivas de alta durabilidade. mento disponíveis podem escon- te forma:
A anodização é um processo der ou eliminar a maioria das irre- 2 Al + 6 HF ➠ 2 AlF3 + 3 H2
Colaborador: muito aceito e bem definido gularidades superficiais, mas em
João Inácio para produzir uma película deco- condições metalúrgicas da liga Reações químicas do Alumínio
Gracciolli rativa e protetiva de alta qualida- não podem ser controladas pela com álcalis
(Surface de nas ligas de alumínio, abran- anodização e dependem do pro- A maioria dos metais não-
Finishing - CBA) gendo um amplo espectro de cesso utilizado na fundição do ferrosos, como; níquel, cobre,
aplicações, algumas das quais metal, do controle de processos zinco, etc., tem reações similares
bastante especificas, tais como de extrusão e de laminação du- à do alumínio, com uma exce-
anodização técnica (Dura) para rante a sua fabricação. ção importante, pois são dissol-
peças que estão sujeitas ao des- vidos em solução de ácido nítri-
gaste por abrasão e como camada A Química do Alumínio co. Os metais cobre, níquel e
protetora para refletores e capaci- O alumínio é um metal que ferro são dissolvidos por álcalis,
tores eletrolíticos, anodização aparenta ser inerte a ação atmos- como hidróxido de sódio ou car-
brilhante para frisos, anodização férica, isso devido a uma fina ca- bonato de sódio. Quando me-
em cores para ornamentos e mada de óxido que se forma na- tais como zinco, bismuto esta-
utensílios domésticos e anodiza- turalmente sobre sua superfície, nho, alumínio, etc., são coloca-
ção para fins arquitetônicos (ja- todavia, é um metal bastante rea- dos em solução de soda cáustica
nelas, portas, fachadas, gradis, tivo. O metal alumínio é um ele- (hidróxido de sódio) à quente,
boxes de banheiro, etc.), na cons- mento que reage com ácidos e ál- eles se dissolvem formando um
trução civil. calis com evolução de hidrogênio. sal e desprendem hidrogênio.
A anodização é um processo No caso do alumínio é formado
cientifico, cujos parâmetros quí- Reações químicas do Alumínio um sal conhecido como alumi-
micos e eletroquímicos podem com ácidos nato de sódio:
ser mantidos sob controle. Entre- A diluição de alumínio em 2 Al + 2 NaOH ➠ 2 NaAlO2 + 3 H2
tanto, quando esse controle é fei- uma solução de ácido sulfúrico
to de modo inadequado, ocor- aquecida irá formar o sal sulfato Esse sal resultante se ioniza,
rem defeitos no acabamento da de alumínio, com liberação de produzindo íons de sódio com
superfície prejudiciais a sua apa- hidrogênio da seguinte forma: cargas positivas e íons de alumí-
rência, resultando em uma má 3 Al + 3 H2SO4 ➠ 2 Al2(SO4)3 + 3 H2 nio com cargas negativas:
performance da camada anódica NaAlO2 ➠ Na+ + AlO2
final. Da mesma forma, o alumínio
Para a obtenção desse efeito adicionado a uma solução de Metais que possuem a capa-
decorativo e protetivo deve-se to- ácido fosfórico, reage: cidade de produzir sais, os quais
mar alguns cuidados quanto ao 6 Al + 2 H2PO4 ➠ 2 Al3PO4 + 3 H2 podem estar presentes como íon
acabamento de superfície das pe- metálico em ânions ou cátions,
ças, à estrutura metalúrgica das li- Em solução de ácido nítrico são conhecidos como metais
gas utilizadas, ao pré-tratamento, ou ácido crômico o alumínio Anfoteros.

36 C & P • Setembro/Outubro • 2006


Processo de Anodização Fig. 1 -
O processo de anodização é Fluxograma
composto por uma série de eta- dos estágios
pas básicas (Fig.1), comuns a to- básicos no
dos os tipos de anodização, sen- processo de
do que cada processo adquire anodização
uma característica própria que
identifica o tipo de acabamento.

Etapas Básicas do Processo


de Anodização

1ª Etapa - Montagem /
Enganchamento
Consiste em fixar os perfis ou
peças nas gancheiras de alumínio
ou titânio, de tal forma que per-
mita um bom contato elétrico. O
contato peça - gancheira deve ser
bem firme para não permitir des-
locamentos durante a movimen-
tação da carga entre os vários es-
tágios da anodização ou pela agi-
tação de ar utilizado em alguns Decapagem das Gancheiras alumínio pode
tanques da linha de anodização. (remoção da camada anodica) ser efetuado
Devido a alta resistividade por vários ti-
Gancheiras elétrica da camada anódica, após pos de proces-
“Gancheira” ou “Suporte” é o cada ciclo de anodização, as gan- sos, a saber:
dispositivo no qual são fixadas as cheiras devem ser decapadas (dis-
peças a serem anodizadas, sendo solução da camada de óxido de Desengraxe
que o sucesso da anodização de- alumínio), a fim de se garantir com Solventes
pende de um eficiente projeto de um bom contato elétrico das Os solven-
gancheiras, normalmente fabrica- peças que nelas serão montadas. tes são usados
das em ligas de alumínio, devem A remoção da camada de óxi- para remover
privilegiar os seguintes quesitos; do pode ser por via química, pela grandes quantidades de contami- Fig. 2 -
• Permitir a fácil montagem e imersão da gancheira em solução nantes orgânicos, como óleos e Gancheiras
desmontagem das peças ácida e após lavagem em uma graxas presentes na superfície do de perfis de
• Permitir uma distribuição solução fortemente alcalina de alumínio. Os resíduos de massa alumínio com
simétrica dos pontos de con- soda cáustica que fará dissolução de polimento e lustração são fixação através
tato da peça com a gancheira da camada de óxido de alumínio, facilmente removidos pela maio- de pinças tipo
• Dimensionamento elétrico ou por via mecânica, pelo uso de ria dos solventes quando a limpe- alicate
adequado evitando perdas e uma lixadeira que fará a remoção za é feita imediatamente após as
consumo excessivo de energia mecânica da camada de óxido de operações de polimento.
elétrica alumínio.
• Permitir o rápido escoamen- Desengraxe Alcalino
to de gases liberados pelas 2ª Etapa – Desengraxe / É o método mais utilizado
reações químicas através de Lavagem para a limpeza do alumínio e
posicionamento adequado O desengraxe é efetuado para suas ligas, sendo de fácil aplica-
das peças na gancheira. limpar os produtos de alumínio ção nas operações de produção e
• A gancheira deve ser versátil removendo gorduras, óleos e ou- os custos dos equipamentos são
permitindo o enganchamen- tros resíduos aderentes ao metal, baixos. Normalmente são for-
to de diferentes tipos e formas utilizando-se uma solução aquosa mulações que não agridem a
de peças na mesma gancheira levemente ácida ou alcalina, o superfície do alumínio, manten-
pelo uso de acessórios como qual deve, também, remover fil- do o brilho do polimento mecâ-
molas, ganchos, alicates, mor- mes de óxidos da superfície. nico, removendo e emulsifican-
sas, arames, pinças, etc. (Fig.2) O desengraxe da superfície do do os contaminantes orgânicos.

C & P • Setembro/Outubro • 2006 37


Desengraxe Ácido • A temperatura da solução de 0,04 %. Aconselha-se o uso das
Umas das principais funções de fosqueamento deve ser man- ligas da série 6.000 para perfis a
um desengraxante ácido é a remo- tida acima de 20ºC serem anodizados e chapas da
ção dos óxidos da superfície antes 2 Al + 2 NaOH + 2 H2O ➠ 2 NaAlO2 + 3 H2O (a)
série 1000. A taxa de remoção de
da pintura, camada de conversão, 100 g/m2 é normalmente ade-
abrilhantamento ou anodização. Quando uma dessas condi- quada para produzir um acaba-
A remoção de óleos e gorduras ções é ignorada, principalmente a mento satisfatório, tanto em
da superfície do perfil também é primeira, ocorre o desbalancea- chapas como em extrudados.
realizada pelo desengraxante ácido mento da reação, tornando-se Quanto mais alta a tempera-
de modo satisfatório. irreversível pela formação de um tura de trabalho mais rápida será
precipitado de hidróxido de alu- a taxa de remoção. A temperatu-
Lavagem mínio na forma de pedra nas ra máxima do processo deve ser
A lavagem em água é feita após paredes e no fundo do tanque, de 65ºC e controlada através do
o desengraxe e após cada uma das enquanto a concentração de soda resfriamento da solução.
subseqüentes fases do processo apli- livre aumenta por causa da soda Quanto maior o teor de alu-
cado, (pré-tratamento para pintu- formada pela seguinte reação: mínio dissolvido mais lenta será
ra, anodização, etc.). Sua finalida- NaAlO2 + 2 H2O ➠ Al(OH)2 + NaOH (b)
a taxa de ataque. A soda cáustica
de é garantir a ausência de resí- livre e o alumínio dissolvido estão
duos na superfície das peças pro- O precipitado de hidróxido em equilíbrio, como mostrado
venientes da etapa anterior. É a de alumínio gerado torna-se duro na reação (b), portanto, como o
fase mais importante do processo, devido à perda de água e trans- nível de alumínio cresce no ata-
pois pode ser uma fonte perma- forma-se em alumina pela ocor- que, existe a tendência da reação
nente de contaminação. Exige di- rência da seguinte reação: (b) deslocar-se da esquerda para a
mensionamento correto das vazões 2 Al(OH)3 ➠ Al2O3 + 3 H2O (c)
direita. Para evitar esta ocorrência,
de água, estabelecendo um perfei- é necessário aumentar o nível de
to balanceamento entre a lavagem Essa reação irreversível ocorre soda cáustica livre no ataque.
e o consumo de água, utilizando-se em soluções velhas e/ou soluções Assim, numa orientação aproxi-
técnicas como sistema de spray, que sofreram um resfriamento abai- mada o nível de soda cáustica
cascata e agitação para esse fim. xo de 20ºC sendo que todo pre- livre deve ser igual ao nível de
cipitado endurecido deve ser re- alumínio dissolvido (Al3+).
3ª Etapa – Fosqueamento movido do fundo e das paredes do
O fosqueamento pode ser tanque através de ação mecânica. 4ª Etapa – Neutralização
considerado como uma limpeza Consiste em neutralizar o fil-
da peça de alumínio em processo, Fosqueamento Acetinado / me de solução de fosqueamento,
entretanto, o tratamento com Aveludado que permanece aderido ao mate-
solução alcalina, usualmente 5 a Este tipo de acabamento nor- rial, após a lavagem com água. A
10 % de soda cáustica, aditivada malmente é obtido por ataque Neutralização é realizada para
com inibidores de ataque, resulta alumínio em solução de soda remover quaisquer partículas de
em um acabamento superficial cáustica ou pela combinação de intermetálicos ou hidróxidos pre-
acetinado nos perfis de alumínio um tratamento mecânico, por sentes na superfície do alumínio,
para aplicação arquitetônica. exemplo jateamento, combinado após o ataque alcalino e a lava-
com o ataque na solução de soda gem. Esse é um processo a tem-
Mecanismo de reações cáustica. O grau do fosqueamen- peratura ambiente não consu-
que ocorrem no banho to dependerá de algumas premis- mindo energia. Tem como finali-
de fosqueamento sas adotadas: dade neutralizar os efeitos dos
Conforme a equação apresen- • Liga e tempera do material resíduos alcalinos, bem como dis-
tada a seguir o aluminato de só- que está sendo atacado solver compostos formados em
dio será facilmente mantido em • Quantidade de metal removi- decorrência das reações químicas
solução, caso sejam preservadas as da pelo ataque dos elementos de liga do alumí-
seguintes premissas: • Tipo do ataque usado e as nio, durante a fase de fosquea-
• Manter a relação correta entre condições de operação mento. •
soda cáustica livre e alumínio Para a obtenção de uma boa
dissolvido. performance do fosqueamento Eng. Adeval Antônio Meneghesso
• A solução possuir um podero- acetinado, o teor de Fe na liga, Diretor superintendente da Italtecno do
so agente complexante do alu- deve estar entre 0,16 – 0,30 % e Brasil – Contato: Fax.: (11) 3825-7022
minato. o teor de Zn não deve exceder adeval.meneghesso@italtecno.com.br

38 C & P • Setembro/Outubro • 2006


Tecnologia & Novos Talentos

Avaliação da eficiência dos silanos


aplicados em estruturas de concreto
armado com corrosão por íons cloretos
Trabalho do Grupo de Pesquisa e Recuperação Estrutural - RECUPERAR, da Engenharia Civil
da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco - UPE/Poli

Por: Kalline da 1. Introdução corrosão, que é o período no qual as substâncias agressivas penetram
Silva Almeida, BRASIL POSSUI UMA COS- avançando progressivamente até a armadura (Tuutti, 1982)[4]. Helene
Manuela Queiroz ta marítima superior a (1993)[3] coloca que a duração da fase de iniciação deve corresponder
Oliveira, Eliana 7.400 km de extensão, à estimativa da vida útil de projeto da estrutura quanto à corrosão das
Cristina Barreto região onde se concentra a maior armaduras. Esta despassivação pode ocorrer devido à presença de clo-
Monteiro e Béda parte das metrópoles e da popu- retos no concreto. Uma vez despassivada, dá-se início a fase de propa-
Barkokébas Jr lação, conseqüentemente há um gação, e já se observam manifestações típicas do fenômeno da corrosão.
grande número de obras de con- A relação água/cimento é um dos principais fatores que limitam a pe-
creto armado sujeitas à ação dos netração de cloretos devido à influência na porosidade, ou seja, na for-
agentes agressivos provenientes ma, no volume e na distribuição do tamanho de poros. Quanto me-
da névoa salina, os Íons Cloreto. nor a relação água/cimento menor o ingresso de substâncias agressivas.
Andrade (1997)[2] pesquisou a Visando o aumento da durabilidade e conseqüentemente da vida
incidência de manifestações pa- útil das estruturas de concreto armado, cada vez mais se tem empre-
tológicas em estruturas de con- gado várias técnicas para proteger e reparar as estruturas de concreto
creto no estado de Pernambuco, armado atacadas pela corrosão. Entre estas técnicas que vem sendo
chegando a conclusão que a cor- utilizadas, destacam-se as diferentes pinturas à base de silanos inibido-
rosão das armaduras é o causador res de corrosão.
da maior parte dos danos nas Os silanos são substâncias hidrofugantes com moléculas extrema-
estruturas de concreto, sendo mente pequenas, por este motivo possuem capacidade e compatibili-
responsável por aproximada- dade para penetrar e molhar fácil o concreto, ao mesmo tempo em
mente 62% das manifestações que vai ocorrendo ligações de interligação com o substrato e com a
patológicas registradas nas edifi- própria camada passivante da armadura. Um dos objetivos da utiliza-
cações. ção de pinturas de proteção é garantir a impermeabilidade do concre-
A despassivação determina o to, os silanos atuam penetrando nos poros e capilares de modo a for-
fim do período de iniciação da mar uma fina película protetora, hidrófuga e incolor.
Considerando a gama de produtos e sistemas para prevenção do
reparo de estruturas de concreto, estudos foram feitos para contribuir
no conhecimento dos mecanismos de funcionamento dos diferentes
silanos inibidores de corrosão analisados, que possam fundamentar
em quais condições poderiam ser aplicados, produzindo uma qualida-
de satisfatória nas estruturas de concreto armado. Visto que da maio-
ria das pinturas à base de silanos não são conhecidos o seu real com-
portamento e sua eficácia, são necessários testes de laboratório que
comprovem sua eficiência. Ou seja, o conhecimento da viabilidade
técnica e econômica destes sistemas, não apenas as informações divul-
gadas pelos fabricantes, obtendo subsídios para correta avaliação da
adequação destes às mais diversas situações de campo.

2. Procedimento Experimental
Participação das autoras no
Latincorr 2006. Da esq. para à 2.1.Materiais Utilizados
dir.: Kalline Almeida, Eliana Foram moldados corpos-de-prova de argamassa armados com os
Monteiro, Oladis Trocónis de seguintes materiais: Cimento Portland Composto com Pozolana
Rincón (Comitê Organizador do (CPII-Z 32), aço CA-60, silanos inibidores de corrosão e areia natu-
evento) e Manuela Queiroz. ral oriunda da região.

C & P • Setembro/Outubro • 2006 39


O cimento foi escolhido basicamente pelo
fato de este ser o cimento mais usado em
Pernambuco atualmente. O aço utilizado foi do
tipo CA-60, obtido por trefilação de fio máqui-
na, produzidos segundo as especificações da
NBR 7480/96. O diâmetro utilizado foi de 5
mm.
No presente trabalho foram utilizadas três
marcas de silanos inibidores de corrosão, defi-
nidas como material A, material B, material C.
Elas consistem basicamente em tintas que são
aplicadas na superfície do concreto e que agem Duração da fase de iniciação em dias para corpos de
como barreiras para o acesso dos agentes agres- prova submetidos a ambientes contaminados por cloretos
sivos. para ambas as relações água/cimento.
O material A consiste de uma resina de sili-
cone líquida à base de silano-siloxano, com densidade de 0,79 g / cm3 são parcial em solução de 5% de
e um Ph que varia de 8 a 9,5. O material B consiste de um silano-silo- NaCl durante 2 dias. A condição
xano líquido, branco e inodor, com densidade que varia entre 0,96 e de secagem consistiu em dispor
1,00 g / cm3 e um Ph que varia de 6 a 9. O material C consiste de um os corpos de prova em estufa
silano-siloxano líquido e transparente, com densidade de 0,8 kg / litro ventilada, mantendo-se a tempe-
e um Ph que varia de 9,5 a 10,5. ratura em 50ºC. Na condição de
Segundo os fabricantes, os silanos apresentam um penetrante não imersão parcial manteve-se o
formador de película, com moléculas extremamente pequenas, garan- nível da solução do recipiente em
tindo maior penetração através dos vazios e capilares do concreto. O uma posição que corresponde à
que garante, segundo eles, maior reatividade de suas moléculas com a metade da altura da área de
matriz cimentícia, proporcionando superficial e profunda hidrofobici- exposição da barra. Deste modo,
dade de todo o volume da peça estrutural, com a vantagem de total tem-se absorção por capilaridade
transparência, o que garante a visualização original da estrutura. e, uma vez que ocorra a satura-
Além disso, promove, adicionalmente, o aumento da densidade de ção, temos o processo de difusão.
peças estruturais novas e o fechamento total de todos os poros do con- A freqüência de medição das
creto, impedindo a penetração de líquidos contaminantes, reações de variáveis eletroquímicas era feita
carbonatação e a perniciosa ação da chuva de vento. ao final de cada semiciclo.
Portanto, segundo os fabricantes, este somatório de benefícios A grandeza medida ao longo
garante não só a tão desejada durabilidade da estrutura, como também do ensaio foi potencial de corro-
a beleza arquitetônica superficial do concreto totalmente isenta de são (Ecorr). Para as medidas das
película estranha. variáveis eletroquímicas, utili-
Neste trabalho nos detemos a comparar os silanos de um mesmo zou-se um voltímetro de alta
sistema com uma série de referência, sem a aplicação dos silanos. impedância, eletrodo de referên-
cia (eletrodo de cobre/sulfato de
2.2. Metodologia Utilizada cobre, para medida de potencial
Os corpos de prova do presente trabalho foram confeccionados nas de corrosão).
dimensões de 60 x 80 x 25 mm, com duas barras de 5.0 mm de diâ-
metro, 100 mm de comprimento e com cobrimento de 10 mm. 3. Resultados e Discussão
Os corpos-de-prova foram confeccionados de argamassa armada Observando os resultados
com traço elaborado em massa de 1:3, com consumo de cimento de obtidos, notou-se que os valores
462 kg/m3. Para cada material foram feitos dois corpos-de-prova, de potencial de corrosão das
variando a relação água/cimento (0,4 e 0,7). As séries dos corpos-de- séries com relação a/c 0,4 são
prova consistiram no revestimento da superfície do concreto com três melhores que os encontrados
marcas de pinturas a base de silanos e corpos-de-prova tidos como para as relações a/c 0,7.
referência, ou seja, sem aplicação dos silanos. Para a relação água/cimento
A cura foi feita na câmara úmida no período de 7 dias. Depois de 0,4 pôde-se notar que, ao longo
curados os corpos de prova permaneceram em ambiente de laborató- do experimento, o Material B
rio por 15 dias, com umidade relativa em torno de 80% e temperatu- mostrou melhor desempenho, o
ra de aproximadamente 30°C. qual pôde ser verificado devido
Em seguida, deu-se início ao ensaio com cloretos onde os corpos aos valores mais eletropositivos
de prova foram submetidos a ciclos de secagem durante 5 dias e imer- do potencial. Enquanto que para

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4. Conclusões
Considerando as condições de ensaios aqui
apresentadas podemos concluir para silanos estu-
dados:
• A redução da relação água/cimento melhora o
desempenho dos três tipos de silanos utiliza-
dos, quanto à corrosão por cloretos.
• O Material A teve o melhor desempenho em
relação à corrosão por cloretos, principalmen-
te para a relação água/cimento 0,7.
• Com a técnica utilizada, foi possível classifi-
car os materiais estudados em ordem decres-
cente de desempenho, quanto a ambientes
Ensaio do Potencial de Corrosão contaminados por cloretos:

a relação água/cimento 0,7 ob-


servou-se que o Material A mos- Material A >Material B > Material C
trou melhores resultados entre os
diversos materiais.
Em ambos os casos a primei-
ra série a despassivar foi sempre a 5. Referências
de referência, ou seja, a sem apli- [1] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS Standard test
cação da pintura à base de sila- method for acid-soluble cloride in mortar and concrete. ASTM C 1152: 1992.
nos. Deve ser verificado que os Philadelphia: Annual Book of ASTM Standards.
melhores resultados apresenta- [2] ANDRADE, J.J.O. Durabilidade das estruturas de concreto armado: análise das
dos foram os da série do Ma- manifestações patológicas nas estruturas no estado de Pernambuco. 1997. 148p.
terial A, sendo esta a última a Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
despassivar. Alegre.
Através da utilização da téc- [3] HELENE, P.R.L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concre-
nica do potencial de corrosão to armado. 1993. 231p. Tese (Livre-Docência) - Escola Politécnica, Universi-
avaliou-se o desempenho das dade de São Paulo. São Paulo.
pinturas utilizadas, como tam- [4] TUUTTI, K. (1982). Corrosion steel in concrete. Swedish Cement and
bém a duração da fase de inicia- Concrete Research Institute, Stockolm, 469p. •
ção de corrosão, nos dando in-
formações sobre a probabilidade
de se ter corrosão e a possível
vida útil das séries confecciona-
das com os distintos materiais.
O momento da despassivação
em todos os ensaios foi detecta-
do quando o potencial de corro- Kalline da Silva Almeida
são atingiu o valor de –350 mV Aluna da Graduação em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de
como propõe a ASTM-876[1]. Pernambuco – UPE / POLI, integrante do grupo de Pesquisa em Recuperação Estrutural
Com base nos resultados - RECUPERAR. Contato: kallinealmeida@yahoo.com.br.
notou-se que para a relação a/c Manuela Queiroz Oliveira
0,4 o material B apresentou Engenharia Civil formada pela Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco –
maior fase de iniciação, en- UPE / POLI, integrante do grupo de Pesquisa em Recuperação Estrutural – RECUPERAR.
quanto que para relação a/c 0,7 Contato: manuelaqueiroz82@yahoo.com.br
o material A apresentou maior Eliana Cristina Barreto Monteiro
fase de iniciação em relação aos Professora, Doutora em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de
outros materiais. Pode-se tam- Pernambuco – UPE / POLI, coordenadora do grupo de Pesquisa em Recuperação
bém notar que para relação Estrutural – RECUPERAR. Contato: nana.monteiro@uol.com.br
água/cimento 0,4 as séries de Béda Barkokébas Jr
ensaio apresentaram maior fase Professor, Doutor em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de
de iniciação quando compara- Pernambuco – UPE / POLI. Contato: bedansht@upe.poli.br
das à relação água/cimento 0,7. fax (81) 2119 4125 A/C Eliana Cristina Barreto Monteiro

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Opinião

Erik Penna

10 razões pelas quais seus


funcionários não vestem a camisa
Um roteiro simples e direto pode ajudar sua empresa a detectar falhas no processo de comunicação.
Sem conhecimento não haverá comprometimento dos colaboradores

“ EUS FUNCIONÁRIOS PRE-


1. Qual o nome completo da sua empresa?
cisam vestir a camisa”.
Esta é uma frase escu-
2. Qual a origem do nome ou por que sua empresa
tada em vários cantos de di-
versas empresas há algum tem- tem esse nome?
po. O que muitos superiores 3. Quais são os produtos e serviços que sua
precisam refletir, é que certas organização comercializa?
vezes não damos a “camisa”
para este colaborador e, mesmo 4. Quais os principais diferenciais da sua
assim, exigimos que ele a vista. corporação?
A “camisa” na verdade sim-
boliza as informações, o co- 5. Há quantos anos a empresa existe?
nhecimento sobre tudo que 6. Qual a região de atuação?
cerca a companhia. Todos os
seus colaboradores deveriam 7. Quais são os 5 maiores ou melhores clientes?
saber o que você sabe, pois gos-
tamos e amamos apenas o que 8. É detentora de algum prêmio importante? Qual?
de fato conhecemos. E quanto 9. Exporta seus produtos ou serviços?
mais se conhece um determina-
do assunto, mais nos aprofun-
Para quais países?
damos nele, e o amor será con- 10. Na sua opinião, quais as funções ou atividades
seqüência. que um diretor de empresa deve desempenhar?
Normalmente achamos que
nossa equipe já domina quase
tudo, portanto desafio você a Normalmente, por mais que os chefes achem que todos irão
fazer um teste simples, porém tirar nota 10, a média tem estado em torno de 50%, ou seja, 5 acer-
fundamental, quando quere- tos apenas.
mos maior interação e compro- Já pensou se alguém resolver usar apenas metade da roupa?
metimento dos que compõe o Não é só o presidente, diretor, gerente ou vendedor que devem
quadro executivo do menor ao ter acesso a esses valiosos dados, mas sim todos os funcionários da
maior escalão. empresa.
Note que, rotineiramente, Cientes dessas respostas, todos poderão se tornar parte inte-
preferimos falar de assuntos que grante da organização, ou seja, passar a ser um peixe “dentro”
dominamos e quanto mais sa- d’água e poder então, vestir a camisa.
bemos, mais queremos aprender Com isso sua companhia ganhará mais divulgadores e vende-
sobre tal. dores, que não atuam diretamente na área comercial. •
Segue uma sugestão que
aplico nos treinamentos que Erik Penna
ministro em várias empresas. Graduado em Economia com Pós-Graduação em Marketing, atualmente é professor
Tenho certeza que se surpre- do Senac e coordenador do NJE (Núcleo de Jovens Empreendedores) do CIESP.
enderá com o feedback. www.equilibria.com.br / E-mail: erikpenna@equilibria.com.br

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