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Ano 4 - Nº 18
Nov/Dez 2007

ENTREVISTA
Álvaro Teixeira,
secretário executivo do IBP –
Instituto Brasileiro de Petróleo,
Gás e Biocombustíveis

CORROSÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

ENGENHARIA E ARTE
02-C&P17_Sumário/Expediente 1/1/04 1:32 PM Page 1

Sumário

foto da capa:
EMURB

6
Entrevista Artigos Técnicos
IBP comemora 50 anos de atividade 20
Álvaro Teixeira Sistemas de reparo de estruturas
de concreto com corrosão
de armaduras por carbonatação –
8
Parte 1
Matéria de Capa Por José Luis Serra Ribeiro, Sílvia M.
Engenharia e arte contra a corrosão S. Selmo e Zehbour Panossian

28
16
Fosfatização de Metais Ferrosos
ABRACO Informa
Parte 10 - Aceleradores:
Cloratos e Outros
34 Por Zehbour Panossian
Opinião e Célia A. L. dos Santos
A nova fronteira da produtividade
33
José Maria Ferreira
Noções Básicas sobre Processo
de Anodização do Alumínio
e suas Ligas - Parte 6
Por Adeval Antônio Meneghesso

Redação e Publicidade
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Dra. Zehbour Panossian - IPT Rua Emboaçava, 93
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Carta ao leitor

Marco na indústria da energia

ano de 2007 pode ser considerado um marco na indústria da energia no país. Depois de três
décadas de pesquisas e desenvolvimento na produção do álcool combustível e de outros bio-
combustíveis, o tema tornou-se definitivamente global. Aos resultados expressivos da PETRO-
BRAS soma-se a descoberta do novo campo de Tupi, na Bacia de Santos. Apesar de não totalmente co-
nhecida, essa reserva deve colocar o Brasil como um dos mais importantes produtores do mundo.
Inclusive, como candidato natural a participar da OPEP, a poderosa organização que reúne os princi-
pais exportadores de petróleo.
O Brasil tem inúmeros problemas, principalmente um enorme déficit social com sua gente, incluin-
do falta de acesso pleno à educação e saúde. Além disso, têm impostos excessivos e burocráticos e falta
um planejamento estratégico que leve em conta o país que queremos no futuro, não apenas até as pró-
ximas eleições.
Ao comentar as reservas de outras importantes commodities,
O INTERCORR 2008 espera reunir como o níquel, a vanguarda na produção e pesquisa de biocom-
bustíveis e a recente descoberta do maior campo de petróleo dos
os mais renomados profissionais últimos 15 anos, o sisudo Financial Times comentou: Afinal,
do setor e propiciar conhecimento Deus será mesmo brasileiro? Frase singular que reflete o pensa-
mento dos países desenvolvidos com o imenso potencial de cresci-
a mais de 500 profissionais mento do Brasil. Agora temos que fazer a nossa parte, e isso requer
trabalho, determinação e perseverança. Pois, se podemos come-
morar algumas conquistas, por um lado os recentes resultados
divulgados sobre a posição do ensino no país é mais do que desagradável. É um sinal claro de que será
necessário uma postura mais responsável e comprometida de todos os setores da sociedade para que,
finalmente, possamos pleitear a entrada no seleto grupo de países desenvolvidos.

Continuidade – a ABRACO também tem muito a comemorar. A começar pela participação cada
vez mais ativa em cursos e eventos, e a grande expectativa em torno do INTERCORR, que acontece
no mês de maio de 2008, em Recife, PE. Espera-se reunir os mais renomados profissionais do setor, que
vão propiciar conhecimento e reciclagem a mais de 500 profissionais. Essa troca de informações é fun-
damental para a evolução tecnológica, assim como, para o desenvolvimento do setor e do país.
A Revista Corrosão & Proteção, por sua vez, chega à décima edição consecutiva, desde a parceria
firmada entre a ABRACO e a Aporte Editorial. A regularidade da publicação é um dos nossos desafios,
pois para tanto é necessário investir para a produção de um consistente conteúdo editorial, variado e
interessante, que propicie altos índices de leitura. E, para nos mantermos atualizados e alinhados com
as necessidades de nossos leitores, reforçamos o convite para que toda a comunidade técnico-empresa-
rial do setor da corrosão participe ativamente da revista. Seja por meio de sugestões de assuntos, notas
corporativas, artigos técnicos, enfim, o importante é que exista esse canal aberto para que todos os inte-
ressados possam participar.
Boa Leitura!
Os Editores

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Entrevista

Álvaro Teixeira

IBP comemora 50 anos


de atividade
Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis chega ao cinqüentenário reforçando
parcerias e apostando no grande potencial de crescimento do biodiesel
Por Henrique Dias

UNDADO NO DIA 21 DE governamentais na regulamen- integração geológica no Brasil.


novembro de 1957, o tação da nova Lei do Petróleo. De 1972 a 1987 trabalhou nas
Instituto Brasileiro de Um dos principais eventos operações internacionais de ex-
Petróleo, Gás e Biocombustí- organizados pelo IBP é a Rio ploração e produção da empre-
veis (IBP) é uma organização Pipeline, que este ano chegou à sa. Em 1989, Teixeira foi eleito
privada de fins não-econômi- sua sexta edição. Realizado secretário-geral da ARPEL, as-
cos, que tem como missão pro- entre os dias 2 e 4 de outubro, sociação que congregava as em-
mover o desenvolvimento do no Rio Cidade Nova Conven- presas estatais de petróleo da
setor nacional de petróleo e gás, tion Center, o evento contou América Latina e Caribe, com
visando uma indústria compe- com a participação de 1.400 sede em Montevidéu, no Uru-
titiva, sustentável, ética e social- congressistas de 30 países, e teve guai, e desde 1994 ocupa o car-
mente responsável. Ao longo 300 trabalhos apresentados por go de Secretário Executivo do
desses anos, o IBP consolidou a estudantes e profissionais do IBP.
sua credibilidade junto à socie- setor. “O Rio Pipeline tem sido Para falar com mais detalhes
dade, ao setor e ao governo, e de fundamental importância sobre os 50 anos de história do
hoje conta com 230 empresas para a indústria de dutos nacio- IBP, do grande potencial de
associadas. nal e internacional. A cada edi- crescimento do uso dos bio-
Dentre as principais ativida- ção o número de países partici- combustíveis, das parcerias fei-
des exercidas pelo IBP estão: a pantes aumenta, o que mostra tas pelo Instituto, do Prêmio
normalização (que ajuda a so- um grande interesse de todos no Imprensa IBP 50 Anos, entre
ciedade a aferir a qualidade dos transporte de combustíveis”, outros temas, Álvaro Teixeira
produtos de petróleo oferecidos ressalta álvaro Teixeira, secretá- recebeu a Revista Corrosão &
pelo mercado, estabelecendo rio executivo do IBP. Proteção.
meios eficientes de controle e Engenheiro civil formado
facilitando o intercâmbio co- pela Escola Nacional de Enge- Quais são os principais pon-
mercial), a certificação (que ofe- nharia da antiga Universidade tos que o senhor destacaria
rece às empresas uma série de do Brasil, atual Universidade nesses 50 anos de atuação do
benefícios, sendo, inclusive, Federal do Rio de Janeiro IBP?
credenciada pelo INMETRO), (UFRJ), Álvaro Teixeira é tam- O IBP foi fundado em 1957 com
os cursos (desenvolvidos em bém geólogo de petróleo gradu- o objetivo de congregar a PE-
parceria com outras institui- ado pela Universidade Federal TROBRAS, criada três anos an-
ções, entre elas a ABRACO) e da Bahia (UFBA), em curso em tes, com as empresas do setor pri-
os eventos (promovidos para convênio com a PETROBRAS. vado, que, naquela época, eram
atender às necessidades da in- Ele começou sua carreira atuan- responsáveis por cerca de 90% do
dústria, valorizando assuntos de do como geólogo de poços na refino nacional. Ao longo dos
natureza técnica e gestão). A Bacia de Sergipe e Alagoas, em anos, a PETROBRAS foi cres-
essas atividades, a partir de seguida voltou para o Rio de cendo até conquistar o monopólio
1998, veio se juntar as ligadas a Janeiro, onde foi nomeado pela de toda a cadeia de petróleo. A
colaboração com as autoridades PETROBRAS como o chefe da partir de então, o IBP virou uma

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Foto: Henrique A. Dias


espécie de interface entre a estatal diesel. Sendo
e a indústria nacional de bens e assim, o IBP
serviços. Mas eu diria que a tem trabalha-
grande transformação do IBP do muito nessa
aconteceu em 1997, com a pro- área, que é a
mulgação da nova Lei do Petró- mais complexa
leo (Lei 9.478). Com a abertura entre os bio-
do mercado, nós tivemos que nos combustíveis.
adaptar a um outro cenário e, Como vemos o
para isso, contamos com o apoio biodiesel com
da própria PETROBRAS, que grande poten-
nos ajudou a inserir o Instituto cial de cresci-
nesse novo contexto nacional. A mento, estamos
implantação da nova lei fez com desenvolvendo
que o IBP oferecesse mais turmas dois projetos
em seus cursos, uma vez que antes com setores da
eles eram direcionados apenas a UFRJ, um so-
uma empresa, mas passaram a bre logística e
interessar também às empresas outro que trata
da parte técni-


internacionais que se estabelece-
ram no Brasil. Vale lembrar que ca da produção do biodiesel. No A principal característica
durante esses 50 anos, a princi- mês de novembro, o IBP pro- do IBP é trabalhar através
pal característica do IBP conti- moveu, nos dias 12 e 13, no Rio
nua a mesma, ou seja, trabalhar de Janeiro, um evento especial de comissões formadas por
através de comissões formadas por sobre biocombustíveis, que, num seus associados
nossos associados.

Originalmente, o IBP chama-


va-se apenas Instituto Brasi-
leiro de Petróleo e hoje é inti-
futuro próximo, tem tudo para
alcançar a mesma projeção que o
Rio Pipeline tem hoje.

Qual é a importância de orga-


Álvaro Teixeira

de inspeção do IBP e ao longo dos


anos essa parceria vem se amplian-

tulado Instituto Brasileiro de nizar um evento como a Rio do nos cursos, assim como em
Petróleo, Gás e Biocombustí- Pipeline? alguns eventos. Aliás, a parceria é
veis. Quando ocorreu essa É de fundamental importância, uma filosofia adotada pelo IBP
mudança? uma vez que a criação da Rio Pi- que tem dado excelentes resultados,
No ano de 2000, o IBP percebeu peline, que acontece desde 1997, não só para o Instituto, mas tam-
o real potencial de crescimento do sempre em anos ímpares, coincide bém para as associações envolvidas.
mercado de gás no país, sobretu- com a implantação da nova Lei do
do com a construção do Gasoduto Petróleo. Ou seja, há 10 anos as Como aconteceu a escolha do
Brasil – Bolívia (GASBOL), que empresas aumentaram seus in- vencedor do Prêmio Impren-
abriu uma nova era na matriz vestimentos na otimização do sa IBP 50 Anos?
energética brasileira. Dessa for- transporte de combustíveis, que até O Prêmio IBP Imprensa 50 anos
ma a palavra gás foi adicionada então não tinha uma infra-estru- foi a maior premiação de 2007
ao nome original do Instituto. E tura eficiente no Brasil. Além disso, destinada a um único trabalho
a palavra biocombustível foi a- nós firmamos um acordo de coo- jornalístico. Uma comissão for-
gregada à razão social e sigla do peração com a ASME (American mada pelos jornalistas Suely Cal-
IBP este ano, em virtude da Society of Metalurgical Engineers), das, Fátima Belchior e Nelson
grande importância que vem que realiza, nos anos pares, um Lemos decidiu conceder o prêmio
assumindo no cenário nacional. evento semelhante a Rio Pipeline de 50 mil reais ao trabalho “A
na cidade de Calgary, no Canadá. Peteca Não Pode Cair”, de auto-
Das áreas de atuação do IBP, ria de Cláudia Siqueira, Renato
qual tem o maior potencial de Como o senhor analisa a par- Cordeiro e Ricardo Vigliano, da
crescimento? ceria entre o IBP e a Asso- revista Brasil Energia. •
As áreas de petróleo, gás e etanol ciação Brasileira de Corrosão
já estão bem estruturadas tecno- (ABRACO)? Mais informações sobre o IBP
logicamente, ao contrário do bio- A ABRACO nasceu dentro da área no site http://www.ibp.org.br.

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foto: EMURB

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Corrosão Construção Civil

Engenharia e arte contra a corrosão


Números revelam que o Brasil gasta U$ 10 bilhões no combate à corrosão.
Mesmo diante de cifras tão volumosas, os gastos relativos à manutenção de estruturas
são percebidos como insuficientes

CORROSÃO NA CONSTRU- do uso e a operação de uma edificação, especialmente quando se


ção civil preocupa a qua- trata de uma edificação comercial ou industrial (nesta última, há o
se totalidade dos profis- custo relacionado ao prejuízo na produção industrial), entre outros.
sionais do setor. A Associação "A despeito dos elevados custos econômicos, há uma outra catego-
Brasileira de Concessionárias de ria cuja estimativa em termos financeiros é difícil de ser feita, que
Rodovias – ABCR, por exem- são os custos sociais da corrosão. Eventos tais como o desabamento
plo, estima que um quinto da de uma estrutura, que eventualmente impliquem mortes humanas,
produção mundial de aço é des- invalidez ou qualquer dano à saúde da pessoa envolvida, são exem-
tinada a repor perdas causadas plos de casos onde há um custo social de valor incalculável", alerta
pela corrosão. Um estudo do Cascudo. A recente tragédia envolvendo a queda de parte da arqui-
Departamento de Transportes bancada do estádio da Fonte Nova, em Salvador (BA), é um exem-
dos EUA estima que o Brasil plo claro dos custos sociais (veja a página 14).
gaste U$ 10 bilhões (conside- Cascudo confirma que a corrosão na construção civil ainda
rando o PIB nacional da ordem constitui motivo de preocupação para o meio técnico-profissional
de R$ 2 trilhões) no combate à da Engenharia, uma vez que sua incidência é relativamente elevada,
corrosão. Mesmo diante de ci- especialmente em algumas regiões do Brasil. "Do universo de mate-
fras tão volumosas, os gastos re- riais metálicos presentes na construção civil, são as armaduras das
lativos à manutenção de estru- estruturas de concreto aquelas que mais sofrem corrosão. Apesar de
turas já são percebidos como ser um material durável e de bom caráter protetor das armaduras, o
insuficientes. E o mais grave é concreto sofre com freqüentes erros de projeto e de execução, em
que existe tecnologia que pode especial por não se compatibilizar adequadamente alguns aspectos
prevenir acidentes relacionados da estrutura e do concreto com a agressividade ambiental", explica.
à corrosão com gastos relativa- Segundo o especialista é necessário salientar que o concreto po-
mente menores aos atuais. de conferir às armaduras uma excelente capacidade de proteção,
Para o professor e pesquisa- haja vista que o meio propiciado ao aço pelo concreto é altamente
dor da Universidade Federal de protetor, dada a sua elevada alcalinidade, que passiva as armaduras.
Goiás - UFG, Oswaldo Cascu- Por outro lado, diferente de outros materiais de construção, que
do, esse custo envolve a per- têm limites mais estreitos de suas propriedades, o concreto pode ser
da do material original, concebido sob uma ampla variação de características e proprieda-
o custo de reposição des. "O grande equívoco, historicamente, tem sido a concepção de
(recuperação do estruturas e de seus concretos de modo incompatível ao grau de
problema), a solicitação de durabilidade (agressividade) que o meio ambiente
paralisação oferece a elas. O resultado,
então, é a corrosão de ma-
neira precoce e, mais que
isso, a disseminação de
uma idéia equivocada
de que estruturas de Na construção
concreto não são satisfa- da ponte
toriamente duráveis. De Roberto
fato, os concretos de ci- Marinho os
mento Portland, sejam eles estais foram
armados ou protendidos, são protegidos
materiais muito duráveis, con- por tubos
tudo não prescindem de bons fabricados em
projetos para as suas estruturas e, polietileno de
tampouco, de corretos procedi- alta densidade

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A corrosão das

fotos: Anchortec
armaduras é
mais presente
em cidades
litorâneas e
em indústrias
que usam
produtos e
substâncias
agressivas ao
concreto
e ao aço
mentos de dosagem, a fim de tendido, no Brasil. Observo que os países desenvolvidos, de onde
que suas características e pro- vêm boa parte do nosso conhecimento tecnológico atual, não
priedades os capacitem a resis- chegaram aonde estão sem passar pelo caminho da normalização
tir à ação agressiva do ambien- que é um processo muito adequado, por ser contínuo e evoluti-
te no qual eles serão executa- vo", afirma Silvia Selmo.
dos", revela Cascudo. A pesquisadora da Poli/USP acredita que a comunidade técnica
O professor da UFG explica nacional deveria seguir o mesmo exemplo, ainda que o percurso
ainda que a corrosão das arma- possa ser lento e conflitante, pois há muitos segmentos envolvidos
duras em estruturas de concreto no setor, com diferentes linguagens e formas de abordagem da cor-
responde por significativa parte rosão, mas por isto mesmo as normas são importantes. "As univer-
da corrosão na construção civil, sidades e institutos de pesquisa no Brasil têm dado a sua contribui-
especialmente nos ambientes ção e é chegado o momento da conscientização das empresas públi-
essencialmente urbano-indus- cas e privadas darem o necessário passo adiante, pela canalização de
triais e nos ambientes marinhos recursos materiais e humanos, para a atualização e elaboração de
(região litorânea), assim como normas brasileiras relacionadas à corrosão na construção civil. E,
em ambientes particularmente para tanto, que tal começarmos pela terminologia?", argumenta
agressivos como zonas de res- Silvia Selmo.
pingo de maré, estações de tra-
tamento de água e esgoto, e Degradação
alguns ambientes industriais es- Para o engenheiro e consultor técnico da Anchortec, Rafael
pecíficos como fábricas de pa- Moreno Junior, o comportamento da corrosão na construção
pel e celulose, entre outros. civil é o mesmo de outras áreas da engenharia. Por definição, é o
Segundo avalia Silvia Selmo, efeito de alterar quimicamente o material, degradando-o normal-
professora e pesquisadora de mente a partir da superfície. "Eu descartaria a corrosão metálica
materiais de construção do de- como a principal, pois há ainda a corrosão de outros materiais,
partamento de engenharia de como do concreto, dos revestimentos e de outros componentes
construção civil, da Escola Poli- das edificações submetidos a ambientes e substâncias agressivas.
técnica da Universidade de São A corrosão das armaduras do concreto armado, material mais tra-
Paulo - USP, além de diversos dicional e amplamente utilizado para a confecção de estruturas
outros aspectos que envolvem a no Brasil, apresenta uma proporção enorme de incidência e o seu
corrosão na construção civil, há tratamento é de fundamental importância, pois a estabilidade da
a necessidade de se abordar e estrutura e conseqüentemente da edificação depende da integri-
enfrentar o caminho da norma- dade deste material".
lização de conceitos, materiais e Segundo Moreno, a corrosão das armaduras é mais presente
procedimentos, no mínimo, em cidades litorâneas, zonas urbanas e em indústrias que mani-
para as situações mais comuns pulam produtos e substâncias agressivas ao concreto e ao aço.
de corrosão e com maiores ris- "Isto acontece porque, além das características da edificação,
cos de segurança estrutural. definidas principalmente pelo projeto arquitetônico, pelos proje-
"Grande parte dessas situa- tos de engenharia (Estrutural, de Instalações Prediais, de Im-
ções já são bem caracterizadas permeabilização, de Drenagem, entre outros) e pela qualidade da
e conhecidas por pesquisado- execução da obra, a agressividade do ambiente em que a edifica-
res, consultores e empresas en- ção está inserida determina as condições de ataque aos materiais.
volvidas com a manutenção Isto pode ser observado pela norma brasileira NB1 ou NBR
preventiva ou corretiva das es- 6118 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento, que defi-
truturas de aço, de concreto ne uma série de requisitos e critérios de projeto que variam em
armado ou de concreto pro- função do tipo de obra e local de instalação, tomando-se medi-

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Tecnologia
das preventivas que visam ampliar a vida útil da estrutura e da Avançada no
edificação quando da concepção da obra", revela.
Moreno avalia que a corrosão, por degradar os materiais com Tratamento de
uma velocidade proporcional à agressividade do meio, gera a neces-
sidade de reparos rasos, profundos, reforços ou mesmo de modifi- Superfície
cações geométricas que podem ser bastante custosas em função do
descaso dos proprietários ou administradores. Quanto maior o des-
do Alumínio e
caso, maior a degradação e maior o custo de correção das anoma-
lias. No âmbito econômico, significa a necessidade de capital não
de suas Ligas
somente para a realização dos serviços, mas também de prejuízos
para a produção de uma indústria ou de perdas pela necessidade de Tradição em excelência
isolamento de áreas.
de produtos e serviços,
Proteção sintonizados em tempo real
Na visão do gerente de vendas da Henkel, Humberto Marteleto,
a corrosão é mais comum na fabricação de coberturas, fechamentos com os principais avanços
e nas estruturas da construção. "Aqui no Brasil, no entanto, a recor- tecnológicos da Europa.
rência de corrosão é maior nas áreas comercial e industrial, por
conta da construção com material metálico. Quando ocorre a cor-
rosão, há o depreciamento da aparência do material, o que gera
dano visual e menor resistência mecânica. Isto implica dizer que há
uma diminuição da segurança na construção. Existem basicamente
duas formas de proteção, a por barreira (tratamento de superfície)
e a galvânica (outro metal para proteger o aço)".
Segundo Marteleto, o controle permite melhorar a aparência,
aumentar o desempenho dos materiais e garantir que os materiais
metálicos não percam suas propriedades estéticas e funcionais ao
longo do tempo de utilização. Para garantir o desempenho destes
materiais, podem ser realizados ensaios de caráter "acelerado",
criando simulações comparadas à exposição aos agentes corrosivos
naturais. "Como exemplos, temos a câmera de névoa salina, a de
umidade, câmaras de exposição aos raios UV etc. No método por
barreira, há os processos de passivação", destaca.
Já o engenheiro Rafael Moreno diz que, para ele, no caso espe-
cífico do concreto armado, a melhor proteção é dada pela especifi-
cação, em projeto, de concretos mais resistentes e menos porosos,
além da definição de cobrimentos maiores que protejam as arma-
duras com uma camada mais espessa. "No projeto, o ideal é especi-
ficar pinturas e revestimentos adequados à agressividade do meio.
Por exemplo, uma estrutura de concreto numa cidade como São
Paulo pode receber uma pintura com sistema epóxi/poliuretano
que amplia grandemente a proteção à estrutura, além de torná-la
esteticamente mais agradável. Outra forma de proteger o concreto
armado é com o uso de ânodos de sacrifício instalados na armadu-
ra proporcionalmente à quantidade de aço a ser protegida".
E para controlar a ação corrosiva, Moreno acredita que a me-
lhor forma seja reduzir ou, preferencialmente, eliminar o acesso
Aporte

dos agentes agressivos. Para essa finalidade, pinturas e revesti-


mentos protetivos são extremamente eficientes. "Outra forma é
utilizar ânodos de sacrifício, as pastilhas de zinco puro. Natu-
ralmente, o ideal é trabalhar com sistemas associados que irão
propiciar uma vida útil ainda mais longa aos elementos estrutu-
rais. Já nas atividades de recuperação, quando a estrutura de con-
creto armado apresenta o problema de corrosão das armaduras, Av. Angélica 672 • 4º andar
as áreas devem ser tratadas em toda a sua extensão com a remo- O1228-OOO • São Paulo • SP
ção do concreto de cobrimento o suficiente para acessar toda a Tel.: (11) 3825-7022
escrit@italtecno.com.br
www.italtecno.com.br
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fotos: NUTEC
Ao lado,
detalhes do
trabalho
desenvolvido
pela NUTEC
sobre a
corrosão
e a degradação
atmosférica
de materiais
elétricos
no Ceará
área das barras de aço corroí- Quanto aos métodos de proteção das estruturas metálicas apa-
das, com o posterior trata- rentes, bem como para os componentes metálicos da construção, o
mento mecânico da superfície professor Oswaldo Cascudo cita o uso de aços especiais resistentes
do metal, que receberá uma à corrosão ou aços inoxidáveis, além dos tratamentos superficiais
pintura de base epóxi rica em (pinturas, anodização, galvanização, zincagem por imersão a quen-
zinco ou a instalação das pasti- te etc.). "No caso das armaduras para o concreto, o histórico tem
lhas de zinco, no caso de mostrado que os tratamentos superficiais não são efetivos nem prá-
estruturas atacadas pelos clo- ticos, assim como não se mostram viáveis economicamente, pelo
retos (íons de cloro). Outras menos para as obras, convencionais. Invariavelmente, procedimen-
tecnologias também podem tos inerentes ao processo executivo da estrutura levam à ocorrência
ser aplicadas, como inibidores de falhas localizadas nas pinturas ou nos tratamentos superficiais.
de corrosão à base de nitritos, Isto compromete definitivamente tais procedimentos protetores
mas as proteções anódicas ou aplicáveis às armaduras, revertendo completamente o caráter prote-
por barreira são mais acessíveis tor do sistema, pela eventual ocorrência de corrosões localizadas e
e práticas". normalmente intensas (frente a uma dada agressividade do meio).
Portanto, para as armaduras em estruturas de concreto, a
proteção deve vir preponderantemente do concreto".
Cascudo trabalha com a idéia de que o controle da
PINTURA TÉCNICA INDUSTRIAL ação corrosiva passa por um conjunto de ações sistêmi-
cas aplicáveis aos materiais, componentes, elementos ou
TRATAMENTO ANTICORROSIVO COM GRANALHA DE AÇO, sistemas construtivos. "No caso das estruturas de concre-
ÓXIDO DE ALUMÍNIO E MICROESFERAS DE VIDRO to, ações tecnicamente corretas no campo do projeto, da
especificação dos materiais, da execução e do uso da
• Aeronáutica estrutura, todas atreladas ao nível de agressividade do
• Álcool e Açúcar ambiente, são essenciais para o controle da corrosão e
• Alimentícia para que se alcance patamares de durabilidade condizen-
• Caldeiraria tes com a potencialidade que estruturas de concreto po-
• Construção Civil dem produzir".
• Fertilizante Dentro desse conjunto de ações, Douglas Dallemule,
• Hidroelétrica
gerente executivo do ICZ – Instituto de Metais Não
Ferrosos, lembra a importância da utilização de material
• Mecânica Pesada
galvanizado. "É preciso promover a discussão em torno
• Mineração
da importância da galvanização do aço utilizado na in-
• Papel e Celulose dústria e na construção civil, em torno da necessidade de
• Petrolífera itens como a durabilidade da estrutura que suporta as
• Química obras, como nos estádios de futebol, por exemplo; de um
• Saneamento Básico maior conhecimento sobre os custos de manutenção; do
• Siderúrgica estabelecimento de certa cautela na busca por redução de
• Têxtil custos; e, principalmente, ter como prioridade a seguran-
• Transporte (aéreo/náutico/ferroviário/terrestre) ça das pessoas", diz Douglas. "Não podemos correr o
risco de ocorrer uma queda de estrutura por corrosão da
Revestimento com resinas epoxídicas, poliuretânicas, estrutura metálica interna".
betuminosas, alquídicas e outras
O exemplo do Ceará
PROMAR TRATAMENTO ANTICORROSIVO LTDA. O Ceará é um bom exemplo de como a agressivida-
Rua Manoel Maria Fernandes, 622 Av. Dr. Assis Ribeiro, 5861 de atmosférica potencializa a corrosão. O estado tem
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C&P_18_MateriaCapa 1/1/04 7:36 AM Page 6

cerca de 600 quilômetros de praias, clima tropical úmido, atmos- Minimizar prejuízos
fera marinha e alta velocidade dos ventos oriundos de duas dife- No caso do Ceará, Ieda
rentes direções – soprados do litoral para o continente. Estes ven- Montenegro explica que vários
tos, além de contaminarem a atmosfera com altas concentrações meios são aplicados na cons-
de íons cloretos se comportam como jatos de areia compostos trução civil a fim de minimi-
quimicamente com alta salinidade, que provoca desgastes mecâ- zar os prejuízos causados pela
nicos sobre as superfícies dos materiais que se tornam, também, ação da atmosfera tropical
contaminados por cloretos. marinha, tais como o casa-
Para Iêda Nadja Silva Montenegro, doutora em Química da mento do efeito de proteção
Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará – NUTEC, por barreira e o aspecto deco-
essas características desencadeiam reações de corrosão aceleradas rativo resultantes da utilização
pela participação dos íons cloretos e destacam-se como conse- de materiais cerâmicos ou
qüência a taxa de corrosão do aço carbono 1010 em torno de rochas ornamentais nas facha-
6590 g/m2.ano. Isso significa a perda de 57% da massa original das dos edifícios. Tais materi-
dos corpos-de-prova de aço carbono expostos sem revestimentos ais proporcionam a Fortaleza
durante um ano, segundo dados resultantes da pesquisa em um crescimento vertical. "Ou-
desenvolvimento sobre a corrosão e a degradação atmosférica dos tros tipos de obras civis como
materiais elétricos, solicitada pela Companhia Energética do as pontes e os viadutos, as
Ceará – COELCE, a qual tem como uma das principais finalida- chamadas superestruturas, são
des a elaboração de um mapa de agressividade atmosférica no otimizadas pela ação da tecno-
Estado. Esses altos índices são prejudiciais aos materiais utiliza- logia dos aditivos nos concre-
dos na rede de distribuição de energia elétrica, telecomunicação, tos que levam à diminuição da
transportes, construção civil, indústria metal-mecânica entre porosidade dos mesmos e tam-
outras áreas. bém pela opção do aumento
"Os bairros mais próximos da costa, em torno de 5 quilôme- da camada de revestimento do
tros de distância da praia, são predominantemente residenciais concreto sobre as armaduras, o
caracterizados por maior concentração de edifícios modernos que dificulta a penetração dos
construídos em estrutura de concreto armado, os quais sofrem as poluentes", comenta.
maiores conseqüências dos desgastes provocados pelos cloretos "Diante da impossibilidade
(maresia) e pelos demais agressores típicos de uma atmosfera tro- de amenizar-se o efeito natu-
pical marinha, que provocam alta agressividade às estruturas ralmente agressivo dos fatores
metálicas como conseqüência da agilidade da penetração dos climáticos da região, aumenta-
íons cloretos na argamassa/concreto. Este fenômeno leva à for- se consideravelmente as exi-
mação de produtos de corrosão que se refletem no ganho de gências quanto à aplicação de
volume das armações ferrosas e conseqüentemente no apareci- tecnologias modernas e efi-
mento de trincas e rupturas da estrutura de concreto, comprome- cientes das proteções anticor-
tendo dessa forma sua integridade física e seu desempenho", rosivas. Outra contribuição
explica Narcelio de Araújo Pereira, mestre em Engenharia de importante no sentido de mi-
Produção do Instituto Centro de Ensino Tecnológico – CEN- nimizar os problemas oriun-
TEC. dos da corrosão atmosférica é
O professor Cascudo, da UFG, salienta ainda que as armaduras o desenvolvimento de pesqui-
de aço carbono para concreto armado, por exemplo, são ligas ferro- sas, como as solicitadas pela
carbono simples do ponto de vista da resistência à corrosão, ou seja, comunidade da construção
são aços que, em relação à sua composição química, não sofreram civil do Ceará, com a finalida-
ações que os credenciem a desenvolver alguma capacidade de resis- de de classificar a agressivida-
tência à corrosão. Também essas armaduras não possuem tratamen- de da atmosfera e de estudar a
tos de superfície (pinturas anti-corrosivas, zincagem etc.) como resistência à corrosão e/ou
forma de proteção contra a corrosão. "Desse modo, é fácil depreen- degradação dos materiais para
der que a durabilidade alcançada por esse tipo de aço é de primor- possibilitar a seleção de produ-
dial responsabilidade do concreto, em função de aspectos, tais tos adequados ao uso em con-
como: adequada espessura de cobrimento, alta compacidade, baixa dições agressivas do meio",
porosidade, baixa permeabilidade etc. Se estes requisitos falharem, argumenta Narcelio de Araújo
principalmente em situações em que a agressividade do ambiente Pereira.
for elevada, ter-se-á, inevitavelmente, a corrosão da armadura, Pereira explica que para
como se vê de forma relativamente freqüente no cotidiano da cons- tanto existe no Ceará um
trução civil", explica. grupo de trabalho formado

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 13


C&P_18_MateriaCapa 1/1/04 7:36 AM Page 7

por profissionais peritos de áreas multidisciplinares (além de Alumínio


Pereira fazem parte dessa equipe Ana Luíza Maia, Solange Maria No setor da construção civil,
Bastos Girão, Waydson Martins Ferreira e os engenheiros eletri- apesar do caráter de resistência
cistas especialistas em materiais elétricos Anadite Maria de Luna do alumínio à corrosão e às
e Antônio Ribamar) que, através da parceria de algumas institui- intempéries, cuidados na aplica-
ções como NUTEC, CENTEC, FUNCEME, UFC, COELCE, ção são necessários. Contatos
coordenados pela doutora Iêda Nadja Silva Montenegro, do com argamassas, concretos e resí-
NUTEC, desenvolve trabalhos de pesquisas dirigidos ao estudo duos de materiais de construção
e solução de problemas apresentados nos materiais expostos para que contenham cloro podem por
finalidades diversas sob as condições de atmosfera tropical mari- em risco a eficiência do alumínio
nha típica do Estado e de toda a região Nordeste. "Dessa forma pós-obra. "Esses agentes podem
esforços estão sendo concentrados para a formação, em causar danos irreversíveis à su-
Fortaleza, do Centro de Excelência em Corrosão na região perfície do alumínio. Esses con-
Nordeste", conta. tatos devem ser extremamente

CORROSÃO PROVOCA ACIDENTE NO ESTÁDIO

A recente tragédia que ocorreu no estádio da médio de 60 quilos seriam suficientes para provocar
Fonte Nova, em Salvador, na Bahia, confirma que a um acidente. Todo mundo sabe que castelo de areia
corrosão na construção civil é um problema grave. O é fácil de cair", comenta Eduardo de Castro Mello.
próprio Ministério Público da Bahia vinha alertan- O governo baiano interditou a Fonte Nova por
do para problemas no estádio, a ponto de pedir sua tempo indeterminado e há a possibilidade de implo-
interdição. No início de novembro, o Sindicato dir a construção. O laudo da perícia, que vai apon-
Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia tar as causas do acidente deve ficar pronto no mês de
Consultiva (Sinaenco), apresentou um estudo que dezembro, quando será apresentado o relatório final
analisou 29 estádios em 18 cidades do Brasil. sobre a tragédia que culminou com a morte de sete
Dos 29 estádios avaliados, a Fonte Nova ficou torcedores e dezenas de feridos.
em último lugar e apresentou

fotos: Sinaenco
as piores condições de segu-
rança. O arquiteto da Sina-
enco, Eduardo de Castro
Mello, integrante da comissão
organizada pelo sindicato
para realizar esse trabalho,
chamou a atenção para a
necessidade de planejamento
e da contratação de projetos
para desenvolver as obras de
infra-estrutura. "O rompi-
mento da malha de aço pro-
vocado pela corrosão causou o
desabamento", acredita Cas-
tro Mello.
Ele alerta ainda que a falta
de nivelamento do concreto, a
não utilização de um aditivo
para a porosidade, o clima lito-
râneo de Salvador e a urina de
torcedores foram suficientes
para prejudicar a malha de
aço. "Para se ter uma idéia,
com a malha de aço compro-
metida, oito pessoas com peso

14 C & P • Novembro/Dezembro • 2007


C&P_18_MateriaCapa 1/1/04 7:36 AM Page 8

evitados durante a obra e ao tér- construção civil levou a empresa a criar uma nova divisão para desen-
mino das construções, principal- volver soluções aos projetos de esquadrias voltadas para esse segmento
mente durante a fase de acaba- econômico, a Votoral Sistemas. "Vamos oferecer produtos de acordo
mento onde a presença do alu- com as necessidades específicas dos clientes e dos usuários", explica o
mínio é maior", ressalta João gerente de vendas do segmento de construção civil, José Carlos Garcia
Inácio Graciolli, especialista na Noronha.
área de tratamento de superfícies Recentemente a CBA, visando ampliar o setor da extrusão, adqui-
da Companhia Brasileira de Alu- riu duas novas prensas italianas de 2,5 mil toneladas de pressão e com
mínio – CBA. "Existem vários uma capacidade produtiva de 30 mil toneladas/ano. "Além disso, efe-
processos para evitar a corrosão tuamos a aquisição de uma linha completa de pintura vertical para
do alumínio, sendo a anodização perfis de alumínio com uma capacidade de 12 mil toneladas/ano e a
um dos principais em relação à implantação de uma nova linha de anodização com uma capacidade
eficácia", comenta. de 12 mil toneladas/ano, inclusive com o acabamento multicolor,
O aumento da demanda da variedades de cor por eletrocoloração", explica Noronha. •

PONTE SERÁ CARTÃO POSTAL DA CIDADE

Antes mesmo de sua inauguração, a arquitetura rosão, os estais – feixes de cabos de protenção – foram
da ponte Jornalista Roberto Marinho chama a aten- protegidos por tubos fabricados em polietileno de
ção dos motoristas que trafegam pela Marginal alta densidade, com a função de proteger as cordoa-
Pinheiros, uma das mais importantes vias expressas lhas contra raios ultra-violeta e outras intempéries,
da cidade. A obra faz parte da implantação de um com absorção de água inferior a 0,01%, e nervuras
Complexo Viário que consiste na execução de duas helicoidais externas com diâmetro de 3,5 mm e passo
pontes estaiadas que se cruzam em um único mastro, de 60,00 cm. Espessura superior a 1,5 mm será
fazendo a interligação da avenida Jornalista preenchida com cera. Com relação aos cabos de pro-
Roberto Marinho com a Marginal Pinheiros, no tenção das vigas e lajes dos tabuleiros, será executa-
sentido Interlagos e no sentido Pinheiros. do processo convencional, ou seja, injeção de calda de
O engenheiro e gerente de obras da Empresa cimento", conta Duran.
Municipal de Urbanização – SP (EMURB), Com o término das pontes, estima-se que passa-
Norberto Duran, diz que essa é uma obra é a única rão por cada uma delas entre 800 a mil veículos por
do mundo a ter um mastro a sustentar duas pontes hora, o que deve melhorar o acesso à rodovia dos
estaiadas em curva. "A complexidade da obra vem Imigrantes, que liga a capital paulista ao litoral do
demandando o uso das mais modernas tecnologias Estado, entre outras melhorias quanto ao trânsito
de engenharia. Quando concluído o projeto a obra local. Duran destaca que as alças de acesso localiza-
se tornará um importante cartão postal da cidade de das na margem direita (sentido Interlagos/Pinhei-
São Paulo". ros) do Rio Pinheiros estão concluídas e em operação
A expectativa é de que as obras sejam concluídas e foram entregues a população em março de 2006.
em meados de 2008 e seu custo deve chegar aos
foto: EMURB

R$ 230 milhões. As duas pontes compartilham um


único mastro, apenas 10 metros mais baixo que o
prédio do Banespa, o marco mais alto da cidade. "A
exuberância da obra está presente em seu mastro
com 138 metros de altura que estarão sustentados e
ligados ao mastro por 144 estais, compostos por cabos
de aço, totalizando 492 toneladas de peso. Para aces-
sar os tabuleiros serão executadas alças de acesso,
tanto na margem direita quanto na margem esquer-
da do Rio Pinheiros", revela Duran.
"Essa torre é construída em estrutura de aço e
concreto. Estão em execução, atualmente, o tabulei-
ro estaiado e as alças de acesso da margem esquerda.
O tabuleiro estaiado, quando concluído, terá 580
metros", comenta. "Quanto à proteção contra a cor-

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 15


C&P_18_Noticias do Mercado 1/1/04 7:40 AM Page 1

Notícias do Mercado

Latingalva reúne autoridades da galvanoplastia

Evento dos, Canadá e Alemanha, e contou com o patro-


propiciou cínio da Votorantim Metais, Mangels, Lumegal,
uma visão do BBosch e Lisy Galvanização. “A indústria de
desenvolvimento metais não-ferrosos vive um momento muito
de novos importante, de fortes investimentos, e o ICZ é o
mercados interlocutor dessa indústria para fomentar seu
crescimento no mercado brasileiro, que ainda re-
gistra um consumo per capita muito aquém dos
registrados nos países desenvolvidos”, Dallemule.
A pesquisadora e responsável pelo labo-
ratório de corrosão e proteção do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo –
IPT, Doutora Zehbour Panossian, também
esteve presente. “Em minha opinião, o congres-
O Instituto de Metais Não Ferrosos - ICZ e a so também serviu para mostrar e difundir a pre-
Asociación Latino Americana de Zinco - Latiza ocupação do setor com o meio ambiente, a reci-
realizaram o primeiro Congresso Latino Ameri- clagem e a responsabilidade social”, comenta
cano de Galvanoplastia – Latingalva. O congres- Zehbour Panossian.
so, que aconteceu em novembro na capital pau- Com a participação na Latingalva, a Voto-
lista, teve como ponto alto o intercâmbio de infor- rantim Metais, aproveitou o congresso para
mações sobre os mais recentes progressos e tec- difundir o uso deste metal na proteção contra cor-
nologias de processo, as regulamentações do am- rosão dos bens duráveis, bens de capital e estru-
biente e o conhecimento da comercialização no turas metálicas utilizadas nas torres de transmissão,
campo da galvanização. O evento ainda ofereceu e largamente utilizadas nas indústrias petroquími-
aos participantes uma visão de desenvolvimento cas, celulose, metais, sucroalcooleira e de cons-
de novos mercados para a galvanização a quente e trução metálica.
contínua. “A Votorantim Metais apóia a realização da
“O principal objetivo da Latingalva foi Latingalva, pois acredita no enorme potencial de
mostrar ao setor da construção civil que a durabi- crescimento do mercado de galvanização da
lidade da estrutura das obras, a diminuição subs- América Latina. As perspectivas de incremento
tancial de gastos com manutenção e a garantia de 0,8 kg/hab sobre o consumo per capita do
permanente da qualidade são atributos eternos do Zinco atual duplicará o consumo de zinco da
vergalhão galvanizado. Para tanto, o congresso América Latina em 10 anos, embora o consumo
reuniu profissionais e empresários da América La- previsto de 1,9 kg/hab ainda fique bem abaixo
tina do setor da Galvanização, engenheiros da dos países desenvolvidos”, afirma Cilon Lage,
construção, fornecedores, representantes de ór- gerente-geral comercial do negócio zinco da
gãos públicos, arquitetos, empresas da cadeia au- empresa e presidente do ICZ.
tomotiva, infra-estrutura e construção civil”, afir- Segundo dados divulgados pelo ICZ, o custo
ma o gerente executivo do ICZ, Douglas da corrosão do aço na América Latina represen-
Dallemule. ta hoje cerca de 2,5% do PIB, o que corres-
O diretor da Associação Brasileira de Corrosão ponde a aproximadamente US$ 70 bilhões,
– ABRACO, Doutor Gutemberg de Souza sendo esse apenas o custo direto na substituição
Pimenta, que participou do congresso, avalia que das estruturas metálicas ou reparos, sem consi-
um evento desse porte é muito importante para o derar os custos indiretos com essas manutenções.
setor. “No encontro foi possível reunir especialis- Das 70 milhões de toneladas de aço bruto que
tas do mundo todo, e serviu para reforçar que essa serão produzidas na América Latina em 2007,
é mais uma medida preventiva importantíssima e cerca de 10% serão destinadas somente para
que deve acontecer com mais freqüência. A troca repor o material danificado pela corrosão.
de informações e de experiência é fundamental
para qualquer profissional desse mercado”, argu-
menta Souza Pimenta. • Para maiores informações acesse:
Além dos brasileiros, o evento reuniu também www.icz.org.br/latingalva ou
profissionais da Inglaterra, Rússia, Estados Uni- www.portaldagalvanizacaocom.br

16 C & P • Novembro/Dezembro • 2007


C&P_18_Noticias do Mercado 1/1/04 7:40 AM Page 2

ABRACO Informa

Workshop em comemoração aos 20 anos de implantação


do curso de inspetor de pintura industrial
A Associação Brasileira de de novas tecnologias nesse seg- nagear os inspetores de pintura
Corrosão (ABRACO) promove mento. Patrícia França de Vilhena e
em 18 de dezembro no audi- Um dos destaques do work- Evaldo dos Santos Ferreira, os
tório do Instituto Nacional de shop será a mesa de debates, cujo dois primeiros alunos qualifica-
Tecnologia (INT), no Rio de tema abordado será: “Novas dos pela instituição. Também
Janeiro, o Workshop Come- Tecnologias no Preparo de Su- serão homenageados todos os
morativo dos 20 Anos do Cur- perfícies e Tintas Ecologica- instrutores que ao longo desses
so de Inspetor de Pintura In- mente Corretas”. A mesa terá co- 20 anos contribuíram para a
dustrial. O evento tem como mo palestrantes Fernando Fraga- formação desses profissionais.
objetivo mostrar a importância ta (CEPEL), Joaquim Quintela As inscrições para o work-
que o curso adquiriu na qualifi- (PETROBRAS / CENPES), Ro- shop, que tem como patroci-
cação de pessoal especializado berto Mariano (International nadores a International Paint,
na área de pintura industrial Paint) e Aécio Castelo Branco as Tintas Jumbo e a Blasting
como técnica de proteção anti- (Tintas Jumbo). Pintura Industrial, podem ser
corrosiva, além de ser uma boa A ABRACO vai aproveitar a feitas pelo e-mail cursos@abra-
oportunidade para a discussão realização do evento para home- co.org.br.

EVENTOS

EBRATS 2009 é lançada Núcleo Inox lança


em grande evento a INOX 2008
Em 7 de novembro ocorreu, no Salão Promo- O Núcleo de Arturo Chao
cional da FIESP, a Federação das Indústrias do Desenvolvimento Maceiras,
Estado de São Paulo, o lançamento das vendas Técnico Merca- diretor-
dos estandes para a feira industrial do EBRATS dológico do Aço executivo do
2009, o Encontro e Exposição Brasileira de Inoxidável realiza Núcleo Inox.
Tratamentos de Superfícies. a Feinox 2008 –
O evento, uma realização da ABTS, a Asso- III Feira da Tec-
ciação Brasileira de Tratamentos de Superfície, nologia de Trans-
acontece entre 7 e 9 de maio de 2009, no Transa- formação do Aço Inoxidável, entre os dias 12 a 14 de
mérica Expo Center, em São Paulo, e já conta novembro de 2008, no Centro de Eventos São Luís,
com o apoio institucional de diversas entidades, em São Paulo. A feira, que acontece bimestralmente,
entre as quais a FIESP, o SINDISUPER,o integra a programação do Inox 2008 junto com o IX
Sindicato da Indústria de Proteção, Tratamento e Seminário Brasileiro do Aço Inoxidável e o ciclo de
Transformação de Superfícies do Estado de São palestras temáticas.
Paulo, o SINTIVESP, o Sindicato da Indústria de
Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo, o
SIAMFESP, o Sindicato da Indústria de Metais Seminário de Dutos em 2008
Não-ferrosos do Estado de São Paulo, do CRQ- A ABENDE - Associação Brasileira de Ensaios
4, o Conselho Regional de Química da 4ª Não Destrutivos e Inspeção, realizará o 3° EN-
Região, e da ABRACO, a Associação Brasileira Dutos – Seminário de END em Dutos em outu-
de Corrosão. bro de 2008, no Rio de Janeiro. O objetivo do
Dentro em breve a ABTS divulgará seu plane- evento é difundir os benefícios do uso das Novas
jamento para o recebimento dos trabalhos técni- Tecnologias de END e Inspeção em Dutos. A
cos a serem apresentados nesse evento. ABRACO apoia o evento.
• Mais informações Tel.: (11) 5574-8333 – • Para mais informações Tel.: (11) 5586 3172 / 3197
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C & P • Novembro/Dezembro • 2007 17


MundoMulticolor 1/1/04 12:05 AM Page 1

O mundo
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da ITALTECNO
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Muito mais Cores no Tratamento da Superfície
do Alumínio Anodizado

Processo de tecnologia Italtecno que promove


a “modificação” da camada anódica,
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Aporte
C&P18_PoliParte1 1/1/04 10:20 AM Page 1

Artigo Técnico

Sistemas de reparo de estruturas de


concreto com corrosão de armaduras
por carbonatação – Parte 1
Artigo colabora para ampliar o conhecimento científico sobre uma das tecnologias
mais comuns e empíricas de recuperação de estruturas afetadas por corrosão
de armaduras, que são os reparos localizados de argamassa
técnica de intervenção passivação, inibição, barreira (na A retração plástica e a retra-
corretiva mais utilizada barra ou na superfície do concre- ção por secagem, inerentes aos
em estruturas de concreto to) e proteção catódica [1, 2]. materiais à base de cimento Port-
com corrosão de armaduras é a Os sistemas de reparo locali- land, são talvez as variáveis mais
de reparos localizados com arga- zado de estruturas de concreto importantes para a durabilidade
Por José Luis massas à base de cimento Port- deterioradas por corrosão de ar- dos reparos, mas são processos
Serra Ribeiro land. Uma das deteriorações das madura são usualmente compos- contínuos e de difícil distinção
estruturas de concreto armado tos de: tratamentos da superfície na prática. Quando uma arga-
mais freqüentes, quando do uso do concreto e da armadura (com massa compacta possui uma bai-
deste tipo de intervenção, é a vol- ou sem pintura); ponte de ade- xa retração e uma resistência à
ta da corrosão, porém, localizada rência e argamassa de reparo, pa- tração elevada, o reparo resulta
em área adjacente ao reparo, a ra restaurar a geometria inicial da com uma baixa permeabilidade.
qual antes estava protegida. Este peça de concreto. Especialistas Porém, as argamassas de cimento
Por Sílvia M. S. mecanismo de corrosão é comu- concluíram há algum tempo que Portland são materiais frágeis e
Selmo mente atribuído à corrosão por estes sistemas, que atuam por re- freqüentemente apresentam mi-
macrocélula por incompatibili- passivação, induzem a um au- crofissuras, decorrentes, princi-
dade eletroquímica entre o mate- mento da atividade de corrosão palmente, da retração por seca-
rial de reparo e o concreto origi- na zona não reparada, adjacente gem. A restrição da retração pelo
nal. Este trabalho faz uma revisão ao reparo (substrato), caso esteja substrato de concreto provoca o
teórica sobre os mecanismos de carbonatada ou contaminada por surgimento de tensões de tração
formação de macrocélula de cor- íons cloreto, acima de um limite diferenciais no reparo. Quando
Por Zehbour rosão por incompatibilidade ele- crítico, neste segundo caso [3, 4]. estas tensões ultrapassam a resis-
Panossian troquímica, decorrente de repa- Segundo Emmons et al. [5], tência à tração da argamassa,
ros localizados de argamassa, a compatibilidade de um sistema aparecem as fissuras. As fissuras
com a finalidade de contribuir de reparo é o equilíbrio das pro- dependem das propriedades da
no seu entendimento. É focaliza- priedades físicas, químicas e ele- argamassa, como o módulo de
do o comportamento eletro- troquímicas entre o reparo e o elasticidade, a contração dimen-
químico de reparos em estruturas substrato. Estas propriedades sional pela secagem inicial, a
de concreto armado com cor- devem permitir que o reparo re- resistência à tração e a defor-
rosão induzida por carbonatação, sista a todas as tensões causadas mação lenta.
em uma situação teórica e ideal, pelas variações de volume e aos Nos materiais cimentícios,
para um reparo não fissurado. efeitos químicos e eletroquími- como é o caso das argamassas, al-
Com base nos princípios da cos, sem deteriorar-se, num meio gumas propriedades são antagô-
Eletroquímica, são interpretados específico, num determinado pe- nicas, por exemplo: quanto mai-
os prováveis mecanismos da cor- ríodo de tempo. or a resistência à tração, maior o
rosão prematura da armadura, As principais causas relacio- módulo de elasticidade e o risco
em regiões adjacentes a reparos nadas com a corrosão prematu- de retração é mais alto. Assim, as
localizados, nessa situação. ra do aço, após um reparo loca- fissuras de retração podem apare-
lizado com material à base de cer nas interfaces do reparo com
Introdução cimento Portland, são as fissu- o concreto ou regularmente es-
As tecnologias de controle da ras, decorrentes da retração paçadas no interior do reparo. As
corrosão de armaduras em estru- plástica ou por secagem da ar- partes da armadura, assim ex-
turas de concreto baseiam-se na gamassa; as mudanças no inte- postas, são despassivadas pela
intervenção em uma ou mais eta- rior do concreto original, cau- ação da carbonatação da arga-
pas do processo corrosivo e são sadas pelo reparo; e a incompa- massa junto às fissuras e/ou pela
classificadas de acordo com o seu tibilidade eletroquímica entre o contaminação por íons agressi-
principal mecanismo de ação: re- reparo e o substrato [6]. vos que podem induzir à corro-

20 C & P • Novembro/Dezembro • 2007


C&P18_PoliParte1 1/1/04 10:20 AM Page 2

Ecorr = potencial de corrosão;


icorr = densidade de corrente
de corrosão;
EO2/OH- = potencial de equilíbrio
da reação:
2H2O + O2 + 4e- 4OH- ;
EFe/Fe3O4 = potencial de equilíbrio
da reação:
3Fe + 4H2O Fe3O4 + 8H+ + 8e- e
EFe/Fe2+ = potencial de equilíbrio
da reação:
Fe Fe2+ + 2e-.
(a) Aço em concreto ou argamas- (b) Aço em concreto ou argamassa
sa não-carbonatados (pH ~ 13) carbonatados (pH ~ 9)
Fig. 1. Diagrama de Evans da cinética de corrosão do aço em concreto ou argamassa.

são na região do reparo. patibilidade eletroquímica para a rosão, para que os reparos lo-
Além disso, após a execução durabilidade do reparo tem sido calizados em estruturas de con-
de um reparo localizado, são esta- enfatizada por alguns pesquisa- creto sejam bem sucedidos.
belecidas sobre a armadura duas dores [9, 10, 11, 12]. Gulikers e O objetivo deste artigo é
regiões de eletrólito com carac- van Mier [13, 14] estudaram o fazer uma discussão teórica sobre
terísticas diferentes: o meio pro- efeito de reparos localizados de os mecanismos de formação de
porcionado pelo concreto origi- argamassa na corrosão de arma- macrocélulas de corrosão por
nal (substrato) e o meio propor- duras em concreto carbonatado, concentração diferencial, decor-
cionado pelo sistema de reparo. discutiram a repassivação do aço rente de reparos localizados, com
Assim, pode surgir a incompati- promovida pelo reparo e os seus a finalidade de contribuir no seu
bilidade eletroquímica, que é o efeitos sobre os potenciais da entendimento. É interpretado o
desequilíbrio do potencial eletro- barra nas regiões do reparo e do comportamento eletroquímico
químico entre diferentes locais de concreto original, assim como a de reparos não-fissurados em
uma barra de aço causado pelas corrente de macrocélula entre estruturas de concreto armado
diferenças dos meios proporcio- estas áreas. Seus estudos mostra- com corrosão induzida por car-
nados pelo reparo e o concreto ram que reparos localizados de bonatação. Este trabalho é parte
do substrato [7]. Nessas condi- argamassa à base de cimento da tese de doutorado do autor
ções, podem surgir áreas anódicas Portland induzem a uma grave principal [15].
e catódicas decorrentes da he- corrosão por macrocélula.
terogeneidade do meio, propor- Schieβl et al. [3] pesquisaram o Corrosão de armadura
cionada pela diferença de con- comportamento do aço em es- induzida por reparo
centração de alguma espécie truturas de concreto com reparos localizado
ativa. Este mecanismo ocorre co- localizados. Estes autores estuda- A corrente e o potencial de
mo conseqüência do estabeleci- ram o comportamento da cor- corrosão de um metal imerso
mento de células de longo alcan- rosão do aço no substrato, antes em um meio corrosivo podem
ce, também conhecidas como e após a execução do reparo e ser determinados teoricamente
macrocélulas, entre aquelas regi- constataram que, quando o con- pela representação gráfica das
ões de eletrólitos com caracterís- creto carbonatado do substrato curvas de polarização das rea-
ticas diferentes. Neste trabalho, não é totalmente removido, ções anódicas e catódicas, por
esse processo corrosivo será de- ocorre corrosão por macrocélula meio dos diagramas de Evans,
nominado corrosão por concen- após o reparo. Zhang e Mailva- com fundamentos já bem esta-
tração diferencial1 [8]. ganam [12] fizeram uma revisão belecidos e discutidos em livros
O entendimento dos princí- teórica, para verificar a correla- e manuais de eletroquímica [16,
pios da Eletroquímica envolvidos ção entre os mecanismos de cor- 17, 18]. Assim, estes diagramas
na incompatibilidade é essencial rosão por macrocélula e por mi- são aqui usados, para ilustrar e
para o projeto de reparos crocélula. No seu estudo analis- discutir os mecanismos de for-
duráveis. A importância da com- aram os principais fatores que mação de macrocélula decor-
caracterizam a corrosão em re- rente de reparos localizados, e
1. No meio técnico da engenharia civil, a paros localizados e concluíram os seus efeitos na taxa de cor-
corrosão das armaduras de concreto devida que há necessidade de mais rosão das armaduras, nos casos
às macrocélulas é também mencionada pesquisas focadas na identifi- de reparos em estruturas de
como corrosão galvânica. cação dos mecanismos de cor- concreto com carbonatação.

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Fig. 2
Possíveis locais
de corrosão
antes e após
reparos
localizados

Comportamentos do aço apenas a região passiva2. Na figu- (macrocélula) entre a região do


imerso em concreto ra 1(b), a curva A2 representa a reparo e o substrato adjacente.
ou argamassa reação anódica em um concreto Esses mecanismos são anali-
A figura 1(a) ilustra a cinética carbonatado. As curvas C1, C2 sados a seguir, sendo que a cor-
da corrosão do aço num meio al- referem-se à reação catódica, re- rosão por concentração diferen-
calino, como no caso do concreto presentando a reação de redução cial é principalmente atribuída à
ou argamassa não-carbonatados; do O2. Os interceptos das curvas incompatibilidade eletroquímica
a figura 1(b) mostra o caso de cor- A1 com C1, e A2 com C2, onde entre o reparo e o substrato.
rosão de armadura em um con- as velocidades das reações anódi-
creto ou argamassa carbonatados cas se igualam às das reações ca- Corrosão generalizada no
(pH ~ 9). Nestes casos de meios tódicas, determinam os potenci- concreto original
alcalinos e aerados [17], as duas ais de corrosão (Ecorr) e as den- A abordagem aqui inicia pela
reações prováveis de ocorrer são: sidades de corrente de corrosão estrutura original antes da inter-
– reação anódica em meio não- (icorr). venção. A frente de carbonatação
carbonatado: avança para o interior da estrutu-
3Fe + 4H2O → Fe3O4 + 8H+ + 8e- (1) Mecanismos de corrosão ra de concreto de modo irregular,
– reação anódica em meio car- induzidos por reparos seja por diferença de concen-
bonatado: localizados tração dos contaminantes ao
Fe → Fe2+ + 2e- (2) A corrosão que um reparo lo- longo da superfície da estrutura,
– reação catódica em ambos os calizado pode induzir em estrutu- por diferença de umidade ou
meios: ras de concreto carbonatado com- pela heterogeneidade característi-
2H2O + O2 + 4e- → 4OH- (3) põe-se, normalmente, de corrosão ca do concreto de cimento Port-
generalizada e, também, corrosão land. Deste modo, a frente de
Na figura 1(a), a curva A1 re- por concentração diferencial carbonatação pode atingir a
presenta a reação anódica da cor- armadura e despassivá-la, inicial-
rosão de armadura no concreto 2 O aço não apresenta região ativa, quan- mente em pontos isolados, le-
não-carbonatado. Nestas condi- do está submerso em concreto ou argamas- vando à corrosão da armadura
ções, a curva anódica apresenta sa não-carbonatados (pH ~ 13). em regiões descontínuas.

22 C & P • Novembro/Dezembro • 2007


C&P18_PoliParte1 1/1/04 10:20 AM Page 4

passivado; enquanto que as cur-


vas A2 e C2 (Fig. 3(b)) represen-
tam as reações anódica e catódica
do aço imerso no substrato (con-
creto carbonatado, pH ~ 9), com
a armadura despassivada, junto
ao reparo. Ecorr(rp) e icorr(rp)
representam o potencial e a
intensidade de corrosão do aço
(a) Armadura imersa no reparo (b) Armadura no substrato no interior do reparo. Ecorr(sb)
(pH ~ 13) carbonatado (pH ~ 9) e icorr(sb) correspondem ao po-
tencial e à intensidade de cor-
Fig. 3. Diagramas de Evans ilustrando a incompatibilidade
rosão do aço no substrato.
eletroquímica entre o reparo e o substrato de concreto carbonatado.
Na situação da figura 3, surge
uma diferença de potencial ele-
A atividade anódica numa re- Assim, a corrosão no subs- troquímico, |Ecorr(rp) – Ecorr(sb)|
gião da superfície do aço, antes trato carbonatado pode tornar-se entre as regiões da armadura no
da execução de um reparo loca- significativa e ser agravada pela reparo e no substrato, que pode
lizado, polariza catodicamente a corrosão por macrocélula, indu- induzir à formação de uma ma-
reação de redução do O2 nas zida pela incompatibilidade ele- crocélula por concentração di-
suas áreas adjacentes. Assim, es- troquímica entre o reparo e o ferencial de hidróxidos (dife-
tas áreas resistem mais ao avanço substrato, a qual será abordada rença de pH) nas soluções de
da frente de carbonatação, pela no próximo item. poro do reparo e do concreto
alcalinidade decorrente da pro- do substrato. Esta diferença de
dução de hidroxilas que susten- Corrosão por concentração potencial representa a incompa-
tam o processo corrosivo, man- diferencial entre o reparo e o tibilidade eletroquímica entre o
tendo a passivação do aço nessas substrato reparo e o concreto original.
áreas (áreas catódicas) (Fig. 2(a)). A causa mais comum que in- A parte final deste artigo irá
A substituição do material duz à corrosão por macrocélula abordar o estudo teórico do efei-
que envolve o trecho da armadu- em reparos localizados é a in- to da macrocélula na taxa de cor-
ra em corrosão, pelo material de compatibilidade eletroquímica rosão e será publicada na próxi-
reparo, repassiva o aço na zona entre o material de reparo e o ma edição. •
reparada e eleva o seu potencial concreto original, quando este se
eletroquímico, eliminando, deste encontra carbonatado. Agradecimentos
modo, a polarização catódica do Nos casos usuais, não é viável Os autores agradecem ao
aço no concreto original, adja- a remoção completa do concreto Prof. Dr. Stephan Wolynec
cente ao reparo. Assim, a frente carbonatado. Nestes casos, a par- (EPUSP-PMT), ao Instituto de
de carbonatação, já adiantada no te da armadura, dentro do con- Pesquisas Tecnológicas de São
substrato, continua avançando e creto carbonatado (no substrato) Paulo - IPT, pela participação da
pode atingir outros pontos das e adjacente ao reparo, perde a Profa. Dra. Zehbour Panossian,
armaduras. (Fig. 2(b)). polarização catódica que lhe era e ao Projeto Temático FAPESP
Desse modo, a alcalinidade proporcionada pela atividade 03/01729-2.
decorrente da atividade catódica anódica contígua, antes do repa-
é perdida, pela diminuição signi- ro, como visto em Corrosão ge- Referências bibliográficas
ficativa da produção de OH-. O neralizada no concreto origi- [1] Helene, P. Contribuição ao estudo
excesso destes íons, responsável nal. Por outro lado, a armadura da corrosão em armaduras de con-
pela manutenção do pH elevado na região reparada é repassivada, creto armado. São Paulo, 1993.
e, em conseqüência, pela passiva- devido ao meio altamente alcali- Tese (Livre docência) – Escola Poli-
ção das áreas catódicas, diminui, no proporcionado pelo reparo. técnica, Universidade de São Paulo.
por difusão, para as áreas vizi- Esta condição é ilustrada na figu- [2] Castro, P.; Pazini, E.; Andrade, C.;
nhas, com menor concentração ra 3. As curvas A1 e C1 (Fig. Alonso, C. Macrocell activity in
de OH-. Em seguida, são grada- 3(a)) representam, respectiva- slightly chloride-contaminated con-
tivamente consumidos pela car- mente, a reação anódica e a rea- crete induced by reinforcement
bonatação do concreto, causan- ção catódica do aço na ar- primers. Corrosion, NACE, v. 59,
do perda de alcalinidade e a con- madura, no interior do reparo n. 6, p.535-546, jun 2003.
seqüente despassivação do aço. (meio alcalino), com o aço re- [3] Schieβl, P ; Breit, W; Raupach, M.

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 23


C&P18_PoliParte1 1/1/04 7:37 AM Page 5

Durability of local repair measures Concrete International. v. 15. [16] Wolynec, S. Técnicas Eletro-
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Malhotra ed.), 3., 1994, Nice, Materials, v. 10, n.1, p.57-67, 1996. tos e Estruturas Metálicas, vol. 1,
France, Proceedings… American [11] Mailvaganam, N. P. Concrete São Paulo: Instituto de Pesquisas
Concrete Institute, ACI SP-145, repair and rehabilitation: issues and Tecnológicas, 1993. (Publicação
1994. p. 1195-1215. trends. The Indian Concrete Jour- IPT 2032).
[4] Raupach M. Chloride-induced nal, v. 75, p. 759-764. 2001. [18] Evans, U. R. An introduction to
macrocell corrosion of steel in con- [12] Zhang, J.; Mailvaganam, N.P. Cor- metallic corrosion. 3a. Ed. Edward
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in reinforced concrete. Concrete CSIRO/ACRA Conference on Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
International. v. 19. Issue 8. p.68- Rehabilitation of Concrete Struc- Mestre e Doutora pela USP em
72. 1997. tures, 1992. Melbourne. Proceed- Engenharia Civil, ênfase em Engenharia
[8] ASTM G 15 – 99b – Standard Ter- ings… Melbourne: D.W.S. Ho and de Construção Civil e Urbana.
minology Relating to Corrosion and F. Collins eds. 1992 p. 341-353 Contato: silvia.selmo@poli.usp.br
Corrosion Testing. Disponível em (ISBN 0 643 05413 8). Zehbour Panossian
http://standards.astmpubs.com/ [15] RIBEIRO, J. L. S. Formação de Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
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McDonald, J.E. A rational ap- SP: EP-USP, 2005. 156 f. Projeto Responsável pelo LCP.
proach to durable concrete repairs. de Pesquisa (Doutorado). Contato: zep@ipt.br

INTERCORR 2008 - 28º Congresso Brasileiro de


Corrosão e 2nd International Corrosion Meeting
A ABRACO realizará, de 12 a 16 de maio de 2008 em Recife - PE, o INTERCORR 2008. Inscrições e informações através de
nosso site www.abraco.org.br/intercorr2008, pelo e-mail eventos@abraco.org.br ou pelo telefone (21) 2516-1962 R25.
C&P18_Publieditorial 1/1/04 10:18 AM Page 1

PubliEditorial Surtec

Surtec: de olho no futuro


SURTEC INICIOU A SUAS um centro de desenvolvi-
atividades no Brasil em mento tecnológico que 1
1999 e, de olho no futu- permitiu ampliar as possi-
ro, a filial brasileira chegou com o bilidades de desenvolvi-
objetivo de fabricar, desenvolver e mento de novos proces-
comercializar produtos químicos sos, além é claro, de ofere-
para a indústria de tratamentos cer para nossos clientes
de superfícies (galvanoplastia e um atendimento com ex-
fosfatização). A empresa é dona celência”, comenta Cami-
da patente mundial dos produtos la Boin, do departamento
de passivação à base de cromatos de pesquisa e desenvolvi-
trivalentes, aplicados geralmente mento.
em superfícies zincadas, com Ainda na área de
resultados de resistência à cor- desenvolvimento de seus
rosão melhores do que os dos colaboradores, a empresa
produtos à base de cromo hexa- encontrou no intercâmbio presa tem mais duas linhas de
valente disponíveis no mercado. profissional uma excelente for- produtos para atender a requi-
ma de troca de experiência. sitos ambientais”, informa o
“Temos hoje em nosso quadro coordenador de marketing da
2 de profissionais alguns pes- empresa, Roberto Motta de
quisadores vindos de outros Sillos.
países para aprender e desen- Entre suas especialidades
volver projetos junto com nos- químicas, a SurTec possui mo-
sos técnicos. Assim como cri- derno processo de banho alca-
amos possibilidades de mandar lino de zinco sem cianetos, on-
brasileiros conhecerem novas de são utilizados anodos inertes
tecnologias no exterior”, co- catalisados, combinados a um
menta Jansen. gerador automático de zinco
A preservação do meio am- no banho e um controle ri-
biente é a principal prioridade goroso das grandezas voltamé-
Subsidiária da SurTec Inter- do grupo SurTec aqui no Bra- tricas do processo, de modo a
nacional, da Alemanha, a em- sil. “Somos detentores de alta manter a operação no ponto
presa detém uma alta tecnologia tecnologia em processos de úl- ótimo, com as flutuações de
em processos de última geração, tima geração, ecologicamente seus parâmetros totalmente
ecologicamente corretos e que corretos e que atendem às mais atenuadas. Para completar a li-
atendem às mais rígidas exigên- rígidas exigências da indústria nha ecológica, a empresa dis-
cias da indústria nacional. Rolf nacional. Paralelamente aos ponibiliza os desengraxantes
Jansen, diretor de pesquisa e cromatos trivalentes, a em- recicláveis com tensoativos bio-
desenvolvimento, re- degradáveis.
vela que a empresa de-
senvolveu um proces-
3 Sillos explica que
esses tensoativos de-
so eficiente de fabri- mulsificam o óleo no
cação do produto com processo de desengra-
qualidade e com me- xamento, de modo
lhor preço. “Isso tam- que, separado o óleo,
Foto 1: bém é fruto dos inves- é possível reciclar-se
Linha piloto timentos no desen- mais de 90% do de-
Foto 2: volvimento técnico sengraxante. “Temos
Laboratório de que a empresa oferece consciência de que
desenvolvimento para sua equipe de trabalhamos todos os
Foto 3: colaboradores”. dias sempre em busca
Parte da equipe A empresa investiu pelo menor impacto
técnica pesado na criação de ambiental”.

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 25


C&P18_ZehbourCelia 1/1/04 10:52 AM Page 1

Artigo Técnico

Fosfatização de Metais Ferrosos


Parte 10 - Aceleradores:
Cloratos e Outros
Aceleradores à base de cloratos, misturas com cloratos e outros

Cloratos muito baixo os íons ferrosos em 1974; Biestek & Weber, 1976), a
PRIMEIRO BANHO ACELE- solução. Quando o processo é saber:
rado com clorato tinha, por aspersão, pode ser utilizado
em sua composição, uma junto com um acelerador exter-
ClO3- + 6H+ + 6Fe2+ Cl- + 3H2O + 6Fe3+
quantidade excessiva de íons no, por exemplo, com nitrito.
Por Zehbour clorato, o que determinava a for- Geralmente, nos banhos de
Panossian mação de uma quantidade exces- fosfatização, é adicionado na for- Esta reação desloca-se para a
siva de lama. Este fato restringiu ma de clorato de sódio (Lorin, direita em meios ácidos e a tem-
o uso deste acelerador em plantas 1974) ou de clorato de zinco peraturas próximas a 60ºC. Ela é
de grande porte, por um período (Biestek & Weber, 1976). Neste a responsável pela transformação
de tempo (Freeman, 1988, último caso, o produto é forneci- dos íons ferrosos produzidos
p.22). Em 1940, o clorato passou do como solução concentrada durante o ataque ao metal para
a ser utilizado em escala comer- porque o clorato de zinco é mui- íons férricos, que precipitam na
Por Célia A. L. cial em processos à base de fosfa- to higroscópico. forma de fosfato férrico, forman-
dos Santos to de zinco, quando então a sua A ação aceleradora do clorato do a lama. Isto garante a baixa
concentração passou a ser con- é devida à seguinte reação: concentração de íons ferrosos no
trolada e mantida em teores mais banho sem a adição de oxidantes
baixos. Aliás, o clorato é o acele- ClO3- + 6H+ + 6e Cl- + 3H2O externos. Quando opera a tem-
rador usado quase que exclusiva- peraturas mais elevadas, (80ºC a
mente para os processos à base de Com isto, o íon clorato con- 100ºC) o teor de íons de ferro
fosfato de zinco, sendo incom- some os cátions hidrogênio no banho fica abaixo de 0,1g/L
patível com os banhos à base de (determinando aumento do pH (Rausch, 1990, p.118). Cabe
fosfato de ferro e também não- na interface metal/banho, sem lembrar, no entanto, que os ba-
adequado para os banhos à base liberação de gás hidrogênio) e nhos acelerados com cloratos
de fosfato de manganês (Free- consome, também, os elétrons operam a temperaturas mais
man, 1988, p.22), podendo ser liberados pela reação de oxidação baixas do que aqueles acelerados
utilizado nos banhos à base de do metal (Fe → Fe2+ + 2e). só com nitratos (65ºC a 70ºC -
fosfato de metais alcalinos Pela reação apresentada, po- Freeman, 1988, p.22).
(Freeman, 1988, p.26). de-se verificar que o clorato de A reação global de um
Historicamente, este acele- zinco (ou de sódio), adicionado processo à base de fosfato de
rador foi o primeiro a ser utiliza- ao banho, se transforma em zinco acelerado com clorato
do para a fosfatização de arames cloreto de zinco (ou de sódio) pode ser assim representada
de aço, e ainda hoje é utilizado cuja concentração aumenta con- (Freeman, 1988, p.23):
para esta finalidade, pois as carac- tinuamente no banho. Por esta
terísticas das camadas obtidas razão, recomenda-se utilizar con- 3Zn(H2PO4)2 + Fe + 2NaClO3 →
com este acelerador parecem ser centrações tão baixas quanto → Zn3(PO4)2 + 4FePO4 + 2NaCl + 6H2O
muito adequadas para os proces- possíveis de clorato de zinco (ou
sos de conformação mecânica de sódio) (Biestek & Weber,
que os arames são submetidos. 1976). Uma outra razão que Camada de fosfato Lama
O íon clorato, de fórmula exige que o teor de cloratos seja
molecular ClO3-, é um poderoso mantido o mais baixo possível é Outras duas reações que
agente oxidante, mesmo a tem- a possibilidade de ocorrência de podem ocorrer em banhos ace-
peraturas moderadas da ordem passivação de alguns tipos de lerados com o íon clorato são as
de 50ºC e 60ºC. Normalmente, aços na presença de altos teores seguintes:
este acelerador não necessita de de cloratos.
um acelerador externo, visto que Uma outra reação ocorre na 4ClO3- 3ClO4- + Cl-
ele sozinho é capaz de manter presença de clorato (Lorin, - +
ClO3 + 6H + 5e 1/2 Cl2➚ + 3H2O

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A segunda das reações citadas banhos de fosfato de zinco ace- ra (James & Freeman, 1971);
é mais significativa. lerados com cloratos são espe- • as camadas fosfatizadas, a partir
Com os banhos acelerados cialmente adequadas para fios de banhos acelerados com
com cloratos, obtêm-se camadas de aço (fato já mencionado); cloratos, apresentam a tendên-
fosfatizadas finas (geralmente • não apresentam o inconveni- cia à formação de manchas
inferiores a 10g/m2 - James & ente dos banhos acelerados brancas se não forem secas logo
Freeman, 1971) formadas com com nitrato/nitrito que é a li- após a fosfatização (James &
cristais muito finos. Apesar de beração de gases nitrosos. Freeman, 1971);
finas, as camadas obtidas são • nos banhos acelerados com
pouco porosas, constituindo-se Apesar de apresentar vanta- cloratos, a quantidade de lama
em efetivas barreiras (Biestek & gens, o íon clorato apresenta al- formada é maior o que requer
Weber, 1976, p.141). Além gumas desvantagens, a saber: remoção mais freqüente da
disso, por ser um oxidante pode- • libera gás cloro (Cl2) o que lama;
roso, em banhos acelerados com acelera a corrosão do aço. O gás • nos banhos acelerados com clo-
cloratos, o aumento da concen- cloro pode ainda ser absorvido rados, ocorre incrustação sobre
tração do banho não inibe a for- pela camada de fosfatos em os aquecedores o que prejudica
mação da camada fosfatizada e crescimento e formar comple- a transferência de calor (Wick
não determina a formação de xos do tipo [Fe(Cl3PO4)]3-, & Veilleux, 1985, p.19-7);
cristais grosseiros (Biestek & estando o íon de ferro na forma • é um banho que apresenta ca-
Weber, 1974, p. 140). de Fe3+; racterísticas mais corrosivas,
Algumas das vantagens dos • os banhos com clorato podem devido tanto ao próprio clorato
banhos acelerados com cloratos tornar-se turvos com o tempo como também ao produto de
são (Freeman, 1988): de operação devido à formação sua decomposição, o íon clore-
• é possível fosfatizar aços que são de um precipitado gelatinoso to. Isto poderá trazer proble-
altamente resistentes a outros ti- (Biestek & Weber, 1976). Este mas de corrosão na própria
pos de banhos de fosfatização, produto pode aderir-se na camada fosfatizada, quando a
devido à alta agressividade dos superfície da camada fosfatiza- lavagem não for eficiente e fica-
banhos acelerados com cloratos; da, podendo ser retirado so- rem vestígios de íons cloreto na
• íon clorato pode ser adicionado mente com escovamento. Este superfície fosfatizada. Este fato
ao banho numa larga faixa de problema pode ser contornado pode ser superado através de
concentração (5g/L a 10g/L); aumentando a concentração lavagem eficiente (Freeman,
• clorato é estável em soluções do banho ou adicionando 1988, p.22)
concentradas. Por esta razão, é ácido sulfúrico ou ácido bórico Devido às desvantagens
adicionado ao banho já incor- ou fosfato de zinco neutro ou citadas, a fosfatização por as-
porado ao concentrado (xaro- fosfato férrico neutro no ba- persão com banhos acelerados
pe), à semelhança do nitrato e nho. Com isto o precipitado com cloratos foi praticamente
ao contrário do nitrito; gelatinoso transforma-se em abandonada durante algum tem-
• quando o processo é adequada- um produto pulverulento que po. No entanto, o desenvolvi-
mente controlado, o mesmo se deposita no fundo do tan- mento de métodos de controle
concentrado pode ser utilizado que (Biestek & Weber, 1976); sofisticados determinou a volta
tanto para preparar um banho • os banhos acelerados com clo- do uso de banhos acelerados com
novo como para a reposição de rato apresentam consumo ele- cloratos. Tais controles permitem
um banho em operação, o que vado de produtos químicos e o uso de concentrações de clora-
não pode ser feito com os ba- formação de grande quanti- tos e temperaturas de operação
nhos com o nitrato; dade de lama (James & baixas (James & Freeman,
• o clorato é um acelerador mui- Freeman, 1971); 1971).
to eficiente inclusive para ope- • como nos banhos acelerados
rar em temperaturas baixas, com cloratos tem-se enrique- Nitratos e cloratos
podendo os banhos acelerados cimento de íons cloreto, com Como acelerador, pode ser
com cloratos operarem à tem- o tempo de uso, a lavagem utilizada uma mistura de nitratos
peratura ambiente. No entan- após a imersão no banho e cloratos. Os primeiros banhos
to, quando se opta por esta torna-se crítica, devendo ser para aplicação por aspersão eram
temperatura, é necessária a adi- feita rigorosamente a fim de formulados com fosfato de zinco
ção de um álcali para o controle eliminar vestígios destes íons. acelerados com cloratos e nitra-
do banho; Se a lavagem não for rigorosa, tos (James & Freeman, 1986).
• as camadas obtidas a partir de ter-se-á problemas após pintu- Com o uso destes dois acelera-

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 29


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dores, dispensa-se o uso do nitri- Acredita-se que os benefícios fina camada passiva sobre a
to e consegue-se um aumento da adição dos nitritos são devidos superfície do zinco, o que difi-
significativo da reatividade do à reação entre o íon clorato e culta a aplicação de camadas
banho que opera com tempera- nitrito com recuperação do fosfatizadas. A presença de fluo-
turas moderadas (50ºC a 65ºC). nitrato (já citado). retos no banho determina a
Estes banhos podem ser operados quebra da camada passiva possi-
com temperaturas mais baixas Cloratos e nitritos bilitando a fosfatização. Além
ainda. Apesar disto, a sua utiliza- O uso simultâneo de cloratos disso, os íons fluoretos são adi-
ção é restrita devido à formação e nitritos em banhos aplicados cionados aos banhos de fosfati-
dos íons cloretos que, conforme por aspersão já ocorreu muito no zação de zinco para controlar a
já citado, são prejudiciais. passado, porém atualmente pa- presença nociva de íons de
Quando se adiciona con- rece que seu uso está mais restri- alumínio, formando o com-
comitantemente o clorato e o ni- to (Freeman, 1988, p.23, p.54). plexo AlF63-. O íon alumínio é
trato, ambos agem como oxidan- Os banhos acelerados com clo- altamente prejudicial aos ba-
tes. No entanto, o poder oxidan- rato/nitrito operam a uma tem- nhos de fosfato de zinco, pois
te do clorato predomina (a taxa peratura entre 50ºC e 60ºC, pro- inibe a formação da camada
de oxidação do clorato é maior). duzem revestimentos com uma fosfatizada. Já o complexo
Possivelmente, as reações de oxi- camada ao redor de 2,0 g/m2 e AlF63- é inerte. Com o uso cor-
dação são as seguintes (Lorin, podem ser aplicados tanto por reto de íons fluoreto pode-se
1974, p.29): aspersão quanto por imersão fosfatizar o alumínio com ba-
(Freeman, 1988, p.58, 62). nhos à base de fosfato de zinco.
NO3- + 2H+ + 2e → NO2- + H2O O íon fluoreto também é utiliza-
ClO3- + 6H+ + 6e → Cl- + 3H2O Cloratos com substâncias do quando se deseja fosfatizar o
orgânicas nitrogenadas aço zincado pelo processo de
O clorato reage ainda com o A literatura cita ainda o uso imersão a quente, quando no
nitrito regenerando o nitrato, concomitante de cloratos com banho de zinco fundido é adi-
segundo a reação: metanonitrobenzeno sulfonato cionado alumínio, por exemplo,
de sódio com resultados com- processo Sendzimir (Rausch,
ClO3- + 3NO2- → Cl- + 3NO3- paráveis aos banhos que contêm 1990, p.120).
nitrito, com a vantagem de uma
Acredita-se que o íon cloreto maior estabilidade dos acelera- Água oxigenada ou peróxido
formado pela redução do clorato dores (lembrar que o nitrito é tó- de hidrogênio
reage com o nitrato formando xico) e não-emissão de gases ni- A água oxigenada é um oxi-
nitrito e cloro, segundo a reação: trosos nocivos. dante muito forte, sendo utiliza-
do quase que exclusivamente
NO3- + 3Cl- + 4H+ → Cl2 + NOCl + 2H2O Bromatos como acelerador em banhos de
NOCl + H2O → Cl- + NO2- + 2H+ Os bromatos também fun- fosfato de zinco, aplicado por
cionam como aceleradores de aspersão e a temperaturas relati-
Como o clorato é um forte banhos de fosfatização, apresen- vamente baixas (50ºC a 60ºC)
oxidante, nestes banhos não é ne- tando comportamento seme- (Freeman, 1988, p.24). Em ba-
cessária a adição de nitritos para lhante aos cloratos (Rausch, nhos à base de fosfato de man-
oxidar os íons ferrosos. No en- 1990, p.118). ganês, acelerados com nitrato
tanto, muitas vezes, o nitrito é contendo íons de níquel, a água
adicionado com vantagens, a Fluoretos oxigenada pode ser utilizada para
saber: A adição de fluoretos au- controlar o teor de íons ferrosos
• obtenção de depósitos de cris- menta a agressividade dos ba- no banho (Freeman, 1988, p.75,
tais finos, principalmente nhos de fosfatização. Devido ao p.83).
quando o pré-tratamento en- seu pequeno raio atômico, os A água oxigenada é pouco
volve desengraxe em meios fluoretos são capazes de pene- estável em meios ácidos, por esta
muito alcalinos; trar na camada passiva presente razão deve ser adicionada conti-
• substancial redução do tempo sobre vários metais (por exem- nuamente aos banhos de fosfati-
para fosfatização, muito impor- plo, alumínio e aço zincado) zação, para manter a sua concen-
tante para os processos por possibilitando a fosfatização tração ao redor de 0,05 g/L que é
aspersão; (Rausch, 1990, p.119). Por a ideal (Freeman, 1988, p.23).
• temperatura baixa de operação exemplo, no caso de se fosfati- A reação de oxidação de íons
(40ºC a 60ºC). zar aço zincado, tem-se uma ferrosos para férricos pela ação da

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água oxigenada é a seguinte: derão ser reutilizadas; determinar a formação de um


• temperatura baixa de operação. volume menor de lama;
2Fe(H2PO4)2 + H2O2 → 2FePO4 + 2H3PO4 + 2H2O • as camadas obtidas, apesar de
Ao lado das vantagens cita- serem finas, constituem exce-
Pode-se verificar, pela reação das, existem desvantagens que lente base para pintura catafo-
apresentada, que ocorre libera- restringem o uso da água oxige- rética utilizada na indústria
ção de ácido fosfórico. Assim nada como acelerador, a saber: automobilística;
sendo, deve-se adicionar álcalis • necessidade de controle rigoro- • as camadas fosfatizadas a partir
para neutralizar o ácido formado so do processo, principalmente de banhos acelerados com
e assim manter o banho dentro no que se refere ao teor de áci- perboratos não necessitam ser
das condições preestabelecidas do livre e de água oxigenada; secadas em estufa antes da apli-
no que diz respeito à acidez livre • necessidade de adição constan- cação da pintura cataforética. É
e total. Como álcali, no passado te de neutralizadores (de pH); conhecido o fato de que
era utilizado o hidróxido de só- • consumo elevado dos constitu- camadas fosfatizadas quando
dio. Isto determinava o aumento intes do banho; aquecidas em estufa e depois
gradativo de íons de sódio nos • grande volume de lama. pintadas apresentam maior
banhos que trazia dificuldades. Na indústria automobilística, resistência à corrosão do que
Atualmente, utiliza-se óxido de a água oxigenada tem sido pre- aquelas que não foram secadas
zinco ou o carbonato de zinco na ferida nos últimos anos por ques- em estufas. No caso de perbo-
forma de pó ou de pasta. Estes tões ambientais em substituição ratos, este aquecimento é des-
álcalis, além de não trazerem aos banhos tricátions (banhos necessário;
nenhum tipo de problema, não que contêm zinco, manganês e • na necessidade de interrupções
introduzem íons estranhos ao níquel) acelerados com nitrito. curtas do processo por proble-
banho (Freeman, 1988, p.23). Na Europa, banhos formulados mas operacionais, não ocorre a
Este acelerador apresenta as com baixo teor de zinco isentos formação de manchamento de
seguintes vantagens (James & de níquel e acelerados com água camadas fosfatizadas que ainda
Freeman, 1971; Freeman, 1986; oxigenada têm sido utilizados não foram completamente for-
Gehmecker & Kaul, 1994): nos últimos anos para fosfatizar madas;
• obtenção camadas fosfatizadas carrocerias de automóveis. Neste • os produtos da reação dos
de baixa espessura e de granu- tipo de banho, a função dos íons perboratos são os boratos que
lação fina sem a necessidade de de níquel é conseguida com a são benéficos aos banhos de
utilizar refinadores de grão; adição de pequenas quantidades fosfatização (Biestek & Weber,
• os produtos da redução da água de íons de cobre (Gehmecker & 1976).
oxigenada (água e oxigênio) Kaul, 1994). É praticamente impossível
são inócuos ao banho e ao um acelerador que não apresente
meio ambiente; Perborato de sódio desvantagens. No caso do perbo-
• na necessidade de interrupções O perborato de sódio muitas rato, têm-se as seguintes desvan-
curtas dos processos por pro- vezes é utilizado em substituição tagens (James & Freeman,
blemas operacionais, não ocor- à água oxigenada principalmente 1971):
re a formação de manchamen- na indústria automobilística. • as soluções de perboratos são
to de camadas fosfatizadas que Com o perborato, é possível a instáveis. Sendo assim, o per-
ainda não foram completa- obtenção de camadas fosfati- borato deve ser adicionado ao
mente formadas; zadas duras e uniformes com banho continuamente na for-
• a possibilidade de utilizar ba- massa de revestimento da ordem ma de pó;
nhos que contêm somente fos- de 1,3 g/m2 à temperatura de • a lama é mais volumosa do que
fato diácido de zinco e água operação relativamente baixa aquela formada em banhos
oxigenada, sem outros aditivos; (55ºC). Este acelerador apresen- acelerados com nitrato/nitrito;
• quando se utiliza somente o ta muitas vantagens quando • tempo de fosfatização é da or-
fosfato diácido de zinco e o car- comparado com água oxigenada, dem de 2 minutos.
bonato de zinco como neutra- a saber (James & Freeman,
lizador, as águas de lavagem 1971): Compostos orgânicos
conterão somente íons de zin- • não necessita de neutralizado- Alguns compostos orgânicos
co e fosfatos, podendo ser facil- res (de pH); possuem a capacidade de acelerar
mente removidos com a adição • não necessita de um controle a fosfatização (Biestek & Weber,
de cal. Nestes casos, as águas de rigoroso tanto do perborato 1974, p.141). O uso de acele-
lavagem após tratamento po- como do ácido livre, além de radores orgânicos data de 1930.

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 31


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Muitos aceleradores foram pro- TRATAMENTO DE SUPER-


postos, no entanto os únicos que FÍCIE, 7. São Paulo, 1994, Anais.
tiveram maior aceitação foram São Paulo : ABTS, 1994. p. 245-
nitroguanidina e o metanoni- 255. LEVE SUA EMPRESA PARA RECIFE
trobenzeno sulfonato de sódio JAMES, D.; FREEMAN, D. B. 1971.
(Freeman, 1986). O primeiro Accelerator systems for zinc phosphate
apresenta a vantagem de não ser processes with particular references to
corrosivo e nem prejudicial aos their use before electropaint. A Revista Corrosão& Proteção
banhos de fosfatização, o mesmo Transactions of the Institute of Metal estará circulando no
ocorrendo com os seus produtos Finishing Conference issue, part 2,
de decomposição. O seu uso, no v.49, p. 79-83. INTERCORR 2008
entanto, apresenta limitações: LORIN, G. 1974. Phosphating of met- 28º Congresso Brasileiro
• é pouco solúvel e portanto não als. Great-Britain : Finishing
pode ser adicionado ao con- Publications. 222p. de Corrosão
centrado (xarope); MURPHY, J. A. 1971. Surface prepara- 2nd International Corrosion Meeting
• não controla o teor de íons fer- tion and finishes for metals. New
rosos no banho, tendo-se a York : McGraw-Hill. p.396-401.
necessidade de se adicionar RAUSCH, W., 1990. The phosphating De 12 a 16 de Maio de 2008
periodicamente um oxidante of metals. 1st.ed. Great Britain :
mais forte; Redwood Press, 416p.
• é um produto explosivo, por Uma excelente oportunidade para
esta razão o transporte e arma- divulgar marcas, produtos e serviços
zenamento do produto puro é
controlado. junto aos mais renomados
O metanonitrobenzeno sul- profissionais do setor
fonato de sódio é mais solúvel,
no entanto, é menos efetivo,
sendo normalmente utilizado
com um outro oxidante, como o
clorato. Reserve já seu
Aceleradores orgânicos da fa- espaço publicitário
mília dos amino poliácidos já
eram conhecidos antes de 1955
(Lorin, 1974, p.131). Dentre
eles podem-se citar: os nitrilo tri-
acetatos, os etileno diamino te-
traacetatos e o EDTA.
Na próxima edição, o assun-
to aceleradores será encerrado ci-
tando-se outros métodos empre-
gados para a obtenção de cama-
Zehbour Panossian
das fosfatizadas com redução do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
tempo de imersão. •
Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
Proteção – LCP. Doutora em Ciências
Referências Bibliográficas
(Fisico-Química) pela USP.
BIESTEK, T.; WEBER, J. 1976.
Responsável pelo LCP.
Electrolytic and chemical conversion
Célia A. L. dos Santos
coatings. 1st ed. Wydawnictwa :
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
Porteceilles. 432p.
Paulo – IPT. Laboratório de Corrosão e
FREEMAN, D. B. 1988. Phospating
Proteção – LCP. Doutora em Química
and metal pre-treatment. 1st ed.
(Fisico-Química) pela USP.
New York : Industrial Press, 229p.
Pesquisadora do LCP.
GENMECKER, H.; KAUL, L. 1994.
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32 C & P • Novembro/Dezembro • 2007
10_C&P18_Artigo_Aderval 1/1/04 10:22 AM Page 1

Artigo Técnico

Noções Básicas sobre Processo


de Anodização do Alumínio
e suas Ligas - Parte 6
Esta parte do artigo irá tratar dos processos mais comuns de eletrocoloração da camada de
anodização, que utilizam íons metálicos de Sn, Ni e Co e outros

6ª Etapa – Coloração Num banho contendo apenas Impedância da camada de


Eletrolítica da Camada de sulfato de níquel e em outro con- óxido tratada em banho de
Anodização com sais de tendo sulfato de níquel e ácido sulfato de níquel/ácido bórico
Níquel bórico, iF é quase reduzida a zero, Antes do estágio da colo-
STE PROCESSO É MUITO após 4 minutos, enquanto iF é ração, a impedância é 6,3kΩcm2.
Por Adeval utilizado no Japão, de quase constante num banho de Caso seja aplicada tensão catódi-
Antônio onde procede a maior sulfato de amônia e ácido bórico. ca, a impedância cairá brusca-
Meneghesso quantidade de literatura a res- Estas diferenças se devem às várias mente para 1,2kΩcm2. Durante
peito do assunto. Os parâme- reações eletroquímicas. Nos últi- a polarização catódica, a impe-
tros de operação, geralmente, mos casos há uma redução de hi- dância aumentará gradualmente.
Colaborador: são os seguintes: drogênio durante a reação catódi- Esta impedância inclui a da ca-
João Inácio ca. Esta reação ocorre com veloci- mada barreira, impedância fará-
Gracciolli Sulfato de Níquel 38 g/l dade constante e iF é quase cons- dica e a do material eletro depo-
(Surface Ácido Bórico 38 g/l tante. Sempre que o sulfato de ní- sitado.
Finishing - CBA) Aditivo 10 – 30 g/l quel estiver presente, os íons de Após a polarização catódica,
Voltagem 10 – 18 Volts C.A. níquel serão reduzidos na interfa- a camada será colorida e a im-
Densidade de Corrente 0,1 – 0,5 A / dm2 ce óxido/solução. Quando o ní- pedância da camada de óxido
Contra – Eletrodos Grafite, Aço Inox, quel for depositado, cessará a rea- será maior do que antes da colo-
Níquel ção de redução e iF será quase ze- ração. Isto é, devido a deposição
Tempo de coloração 0,5 – 25 min ro, após poucos minutos. de metais colóides nos poros de
Temperatura 21 +/- 1ºC óxido e as alterações nas pro-
pH 3,5 - 5,5 Efeito da tensão anódica priedades elétricas da camada
Cores Bronze claro ao preto durante a coloração barreira.
Sempre que se aplicar uma O uso da coloração eletro-
Nota importante: tensão assimétrica com tensão lítica baseada no níquel não é
Pode-se obter a cor "Aço anódica pequena, tanto o pico da muito simples devido às seguin-
Inox" com uma variação na for- corrente anódica como os da tes razões:
mulação e nos parâmetros acima. catódica serão pequenos. a) Dificuldade de se obter
uma mesma coloração
Um fenômeno interessante Relação entre a espessura da b) Dificuldade de se obter
que ocorre quando uma camada camada porosa e a corrente cores escuras
óxido é tratada e colorida eletro- catódica c) Risco de rompimento da
liticamente, com corrente alterna- Existe uma relação entre a camada de óxido, ocasionando
da numa solução como a indica- espessura da camada porosa e a desplacamento ("spalling")
da acima, é a obtenção de ondas corrente catódica. Sempre que a O corretivo para os dois pri-
com as curvas de corrente defor- camada porosa for menor do que meiros problemas é modificar li-
mada. A corrente de onda defor- 2 µm, o fluxo de corrente catódi- geiramente a solução com aditi-
mada é dividida em dois pontos, ca dos íons H+ será muito eleva- vos, enquanto que para o tercei-
sendo, um ponto, chamado de do e a camada anodica não será ro, a solução tem sido o uso de
corrente inF, não-farádica ou não- colorida em virtude da polariza- eletrodos de níquel. •
capacitiva, que é a corrente car- ção catódica.
regada ou descarregada pela Sempre que a camada de Eng. Adeval Antônio Meneghesso
camada de óxido e causa so- óxido tiver menos que 5 – 6 µm, Diretor superintendente da Italtecno
mente, transformações físicas, e o aparecerão o primeiro e segundo do Brasil – Contato com o autor:
outro ponto, chamado de cor- picos, mas não o terceiro, e a ca- adeval.meneghesso@italtecno.com.br
rente iF que é farádica ou reativa. mada não será colorida. Fax.: (11) 3825-7022

C & P • Novembro/Dezembro • 2007 33


C&P_18_Opinião 1/1/04 7:43 AM Page 1

Opinião

José Maria Ferreira

A nova fronteira da produtividade


Quem começou a trabalhar na década de 80 saiu da máquina de escrever e telefone fixo para a
realidade de hoje, na qual nossos cérebros são acionados centenas de vezes mais do que há 20 anos

O TELEX AO FAX. DA da tecnologia, mas por não estarem educados e organizados para o seu
agenda de papel para as uso. O que causa este descompasso entre os executivos e a realidade?
eletrônicas, passando Ora, voltando a 1990 e poucos, quantos contatos um típico executivo
pelos palms, combinados com fazia em um dia de trabalho? Era só atender ao telefone fixo – quando
o bip, que passou a ser Pager e estava no escritório – participar de reuniões ou escrever memorandos.
que depois foi condensado no E hoje, 70 a 500 e-mails por dia, conferences calls, reuniões inter-
celular, que virou smartphone. nas, reuniões externas com clientes, vídeos conferências, telefonemas
Da máquina de escrever ao PC, diversos. E o follow-up de cada reunião que participei? E os telefone-
passando pelo PC com docksta- mas que prometi fazer algo ou aquele e-mail importante que não posso
tion e chegando ao notebook, deixar de responder? E o futebol do meu filho na escola, e tem minha
que hoje também é wireless. Do filha que está me pedindo para ir ao balé na sexta! A diferença é brutal.
memorando interno ao correio Isto não é ficção, é a realidade e temos que estar preparados para
eletrônico, passando pela Inter- ela. Como? Entre outras coisas sabendo o que queremos para nossas
net e chegando ao e-mail, vidas (profissional e pessoal) e tendo uma maneira fácil de definir,
MSN, etc. Tudo isto nos últi- acompanhar e validar se estamos investindo o nosso tempo nas coisas
mos 20 anos, ou seja, quem co- certas, ajudando nosso cérebro a processar apenas o que interessa e na
meçou a trabalhar na década de hora que interessa.
80 saiu da máquina de escrever Nós elaboramos uma maneira de ajudar os executivos. Criamos um
e do telefone fixo para a reali- programa chamado "Coach de Produtividade Galileo", em que nosso
dade de hoje, na qual nossos consultor acompanha o executivo na montagem de um processo de
cérebros são acionados centenas organização baseado no outlook. Este “Coach” tem o objetivo de orga-
de vezes mais do que era há 15 nizar a vida do executivo e dar a ele o pulo do gato de como fazer isto.
ou 20 anos atrás. A diferença dos programas tradicionais é de que neste caso nós
Como conviver e se adaptar montamos, junto com o executivo, o que chamamos o "painel de con-
com estas mudanças? Onde co- trole" da vida dele, e a partir daí ele usa nossa metodologia para ali-
meça e termina o meu tempo de mentar, acompanhar e rever o que ele tem a fazer, trabalhando muito
trabalho e minha vida pessoal? mais em tarefas planejadas, e não apenas apagando incêndios. Pro-
Será que existe esta fronteira? Co- cessamento de e-mails, organização e acompanhamento de assuntos
mo lidar com centenas de e- de reuniões, administração do calendário, definição e acompa-
mails, reuniões presenciais, con- nhamento de tudo o que tenho para fazer, organização dos contatos e
ference calls, vídeo conferências, do networking, e sincronismo destas informações de modo que eu as
visitas a clientes e fornecedores? tenha quando precisar são alguns dos pontos endereçados pelo
A Galileo, empresa da qual “Coach de Produtividade”.
sou um dos fundadores, tem aju- Como é simples, e quem vai operar é o próprio executivo, ele tam-
dado na preparação de executivos bém pode fazer customizações, e deixar o seu painel de controle mais
para usar a tecnologia móvel a seu jeito. O impacto na vida dos executivos tem ido além do que
desde o lançamento do primeiro imaginávamos, fazendo com que eles alcancem um bem-estar em
smartphone no Brasil, em 2005. todos os campos das suas vidas que estavam, antes, perturbando sua
Nestes anos, entendemos as concentração e desempenho. •
necessidades e as dores que afe-
tam esta legião de pessoas, que José Maria Ferreira
estão literalmente à beira de um Sócio-fundador da Galileo Consultoria em Produtividade & Mobilidade
ataque de nervos. Não pelo uso Contato do autor: josemaria@galileoconsult.com.br

34 C & P • Novembro/Dezembro • 2007


C&P_18_Associados 1/1/04 10:40 AM Page 1

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