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& Construções

INFORMÁTICA APLICADA A PROJETOS

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Instituto Brasileiro do Concreto

NO PROJETO E MODELAGEM DE Ano XLIV

ESTRUTURAS DE CONCRETO 84
OUT-DEZ
2016
ISSN 1809-7197
www.ibracon.org.br

PERSONALIDADE ENTREVISTADA NORMALIZAÇÃO TÉCNICA 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO

NELSON COVAS: NORMAS BRASILEIRAS ATIVIDADES TÉCNICAS,


INFORMÁTICA PARA AUXILIAR SOBRE BIM CIENTÍFICAS E SOCIAIS
O PROJETO ESTRUTURAL DO CONGRESSO DO IBRACON
Esta edição é um oferecimento das
seguintes Entidades e Empresas

Adote concretamente
a revista
CONCRETO & Construções
u sumário

seções
& Construções & Construções

INFORMÁTICA APLICADA A PROJETOS 6 Editorial INFORMÁTICA APLICADA ÀS CONSTRUÇÕES EM CONCRETO

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO REVISTA OFICIALTECNOLOGIA


DO IBRACON DA INFORMAÇÃO
PRESIDENTE DO COMITÊ
7
Instituto Brasileiro do Concreto Instituto Brasileiro do Concreto

NO PROJETO E MODELAGEM DE
ESTRUTURAS DE CONCRETO
Ano XLIV

84 Coluna Institucional NO PROJETO, CONTROLE


Revista de caráter científico, tecnoló- EDITORIAL
E EXECUÇÃO 84
Ano XLIV

gico e informativo para o setor produ- à Guilherme Parsekian


OUT-DEZ OUT-DEZ
2016 2016
ISSN 1809-7197
www.ibracon.org.br
8 Converse com o IBRACON tivo da construção civil, para o ensino (alvenaria estrutural)
ISSN 1809-7197
www.ibracon.org.br

e para a pesquisa em concreto.


9 Encontros e Notícias COMITÊ EDITORIAL – MEMBROS
CRÉDITOS ISSN 1809-7197 à Arnaldo Forti Battagin
CAPA 10 Personalidade Entrevistada: Tiragem desta edição: (cimento e sustentabilidade)
Modelo Estrutural, à Bernardo Tutikian
5.000 exemplares
Análise Estática Nelson Covas Publicação trimestral distribuida
(tecnologia)
(momentos fletores), à Eduardo Millen
gratuitamente aos associados
Análise Dinâmica 68 Entidades da Cadeia
Técnicas Técnicas
de reforço de reforço
(pré-moldado)
e Armaduras no à Enio Pazini de Figueiredo
JORNALISTA RESPONSÁVEL
projeto de edificação PERSONALIDADE ENTREVISTADA NORMALIZAÇÃO TÉCNICA 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO
89 Mantenedor à Fábio Luís Pedroso - MTB 41.728
PERSONALIDADE ENTREVISTADA
(durabilidade)
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO

multipavimentos. NELSON COVAS: NORMAS BRASILEIRAS ATIVIDADES TÉCNICAS, NELSON COVAS: à Ercio Thomas
NORMAS BRASILEIRAS ATIVIDADES TÉCNICAS,

97 Acontece nas Regionais


INFORMÁTICA PARA AUXILIAR SOBRE BIM CIENTÍFICAS E SOCIAIS INFORMÁTICA PARA AUXILIAR SOBRE BIM CIENTÍFICAS E SOCIAIS
O PROJETO ESTRUTURAL DO CONGRESSO DO IBRACON
fabio@ibracon.org.br
O PROJETO ESTRUTURAL
(sistemas construtivos)
DO CONGRESSO DO IBRACON

Edatec Engenharia.
à Evandro Duarte
PUBLICIDADE E PROMOÇÃO (protendido)
à Arlene Regnier de Lima Ferreira à Frederico Falconi
arlene@ibracon.org.br (projetista de fundações)
à Guilherme Parsekian
PROJETO GRÁFICO E DTP (alvenaria estrutural)
à Gill Pereira à Helena Carasek

58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO gill@ellementto-arte.com (argamassas)


à Hugo Rodrigues

ASSINATURA E ATENDIMENTO (cimento e comunicação)

24 Atividades motivam profissionais a aprenderem mais office@ibracon.org.br à Inês L. da Silva Battagin

(normalização)
sobre o concreto e a pensarem sobre sua profissão GRÁFICA à Íria Lícia Oliva Doniak

Ipsis Gráfica e Editora (pré-fabricados)

31
à José Martins Laginha Neto
Profissionais de Destaque do Ano Preço: R$ 12,00
(projeto estrutural)
à José Tadeu Balbo
As ideias emitidas pelos entre-
(pavimentação)

34
vistados ou em artigos assinados
Prêmio de Teses e Dissertações são de responsabilidade de seus
à Nelson Covas

(informática no projeto
autores e não expressam, neces-
estrutural)
sariamente, a opinião do Instituto.

35
à Paulo E. Fonseca de Campos
Concursos Técnicos Estudantis (arquitetura)
© Copyright 2016 IBRACON à Paulo Helene

(concreto, reabilitação)

46
Todos os direitos de reprodução à Selmo Chapira Kuperman
Comitê lança Prática Recomendada sobre concreto reservados. Esta revista e suas (barragens)
reforçado com fibras partes não podem ser reproduzidas
nem copiadas, em nenhuma forma IBRACON

49 Seminário discute ensino de engenharia civil no país de impressão mecânica, eletrônica, Rua Julieta Espírito Santo
ou qualquer outra, sem o consen- Pinheiro, 68 – CEP 05542-120
timento por escrito dos autores Jardim Olímpia – São Paulo – SP
e editores. Tel. (11) 3735-0202
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA

54 Normas brasileiras sobre BIM

60 Revisão das normas brasileiras para controle e


Instituto Brasileiro do Concreto

aceitação do CAA INSTITUTO BRASILEIRO DIRETORA DE MARKETING


DO CONCRETO Iria Licia Oliva Doniak
Fundado em 1972

ESTRUTURAS EM DETALHES Declarado de Utilidade


Pública Estadual | Lei 2538
DIRETOR DE EVENTOS
Bernardo Tutikian
de 11/11/1980

69 A influência do processo BIM no domínio de


estruturas de concreto
Declarado de Utilidade
Pública Federal | Decreto
86871 de 25/01/1982
DIRETORA TÉCNICA
Inês Laranjeira
da Silva Battagin

75 Concepção de tabuleiros curvos e estaiados DIRETOR PRESIDENTE


Julio Timerman DIRETOR DE RELAÇÕES
INSTITUCIONAIS

83
DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE Paulo Helene
Modelagem numérica da interação solo-estrutura Túlio Nogueira Bittencourt
DIRETOR DE PUBLICAÇÕES
DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE E DIVULGAÇÃO TÉCNICA
Luiz Prado Vieira Junior Eduardo Barros Millen
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DIRETOR 1º SECRETÁRIO DIRETOR DE PESQUISA

90
Antonio D. de Figueiredo
E DESENVOLVIMENTO
Estratégias na simulação numérica de viga de Leandro Mouta Trautwein
concreto armado DIRETOR 2º SECRETÁRIO
Carlos José Massucato
DIRETOR DE CURSOS
DIRETOR 1º TESOUREIRO Enio José Pazini Figueiredo
Claudio Sbrighi Neto
DIRETOR DE CERTIFICAÇÃO
DIRETOR 2º TESOUREIRO DE MÃO DE OBRA
Nelson Covas Gilberto Antônio Giuzio

CONCRETO & Construções | 5


u editorial

Balanço das edições do ano


Caro leitor,

C
hegamos ao final de 2016, com as quatro edições comandos programados
da Revista CONCRETO & Construções registran- que o computador reali-
do o mais elevado conteúdo técnico e o estado da zada as inúmeras ativida-
arte de seus temas de capa – pavimentos de con- des e análises, de forma
creto, reforço e reabilitação de estruturas, reação rápida e precisa. Assunto
álcali-agregado e informática aplicada às construções em con- com tantas vertentes, tão
creto. Nas edições tivemos relatos dos eventos relevantes do surpreendente e cheio de
setor, acompanhamentos dos trabalhos de comitês técnicos, novidades, não cabe em
divulgação de artigos técnicos, esclarecimentos de dúvidas e uma única edição e será
discussões sobre nossa atuação profissional para protagonizar, tema de duas capas consecutivas.
com elevada ética e competência, as soluções para diversos Chover no molhado seria fazer um paralelo entre as vigas de
problemas de nossas cidades e da infraestrutura de nosso país. concreto armado calculadas e desenhadas “a mão” há cer-
Um exemplo de caso marcante registrado pela Revista foi o do ca de 30 anos, com os refinados processos de análise, deta-
Viaduto Santo Amaro, em São Paulo, no qual a intervenção da lhamento e disponibilização do projeto em mídias impressas
Engenharia permitiu não só a reabilitação mas também sua rea- ou não, realizados com o auxílio do computador. Mas a In-
dequação, com aumento do gabarito vertical, recuperando uma formática hoje é muito mais que isso. Análises de materiais e
importante obra, outrora condenada pelo poder público em fun- componentes em laboratório são automatizadas, o projeto é
ção do incêndio que a afetou. integrado ao orçamento e ao planejamento da obra através de
Esse resultado foi possível pelo comprometimento de várias detalhados processos BIM, elementos do edifício, quiçá o edi-
pessoas, em especial os membros do Comitê Editorial, o Dire- fício todo, começam a ser “impressos” a partir do computador
tor de Publicações, Eng. Eduardo Millen, e do editor da Revis- através de prototipagem, tema que será tratado na edição 85,
ta, jornalista Fábio Pedroso, bem como os autores e colabora- complexos ensaios de prospecção e caracterização realiza-
dores de cada edição. dos no local são analisados e apresentados instantaneamente
Nesta edição de final de ano um dos destaques é a cobertu- em equipamentos portáteis. O papel vem aos poucos sendo
ra do 58º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado de 11 substituído por esses equipamentos que permitem não só a
a 14 de outubro, em Belo Horizonte, pelo IBRACON. Além da visualização bidimensional, mas realísticos detalhes em várias
apresentação das várias premiações e dos relatos dos trabalhos dimensões. Robôs, já frequentes em outras indústrias, come-
dos Comitês Técnicos, em especial o voltado para a normaliza- çam a fazer parte diretamente da construção de edificações.
ção do concreto reforçado com fibras e para o concreto autoa- Os artigos nesta e na próxima edição mostram um pouco des-
densável, a edição traz as discussões travadas no Seminário se admirável novo mundo virtual, hoje muito concreto.
de Ensino de Engenharia Civil. No evento ficou claro o clamor Destaca-se ainda a entrevista com o Eng. Nelson Covas, pes-
de professores e estudantes para transformação do ensino de soa que muito contribuiu para a informática aplicada ao projeto
graduação, com mudanças nas estruturas curriculares, expan- de construções em concreto, e que aceitou o convite após
são de métodos que façam o aluno aprender com a prática, várias tentativas e a partir da unanimidade do Comitê Editorial
melhoria na formação pedagógica dos docentes. Nessa linha, em torno de seu nome. O esforço valeu a pena e a entrevista é
os tradicionais Concursos do IBRACON muito contribuem para outro marco da Revista em função de seu conteúdo técnico e
estimular o aprendizado e motivação de nossos futuros enge- registro histórico a partir da década de 60 até hoje.
nheiros, como expresso no “Manifesto de Belo Horizonte”, pu- A primeira edição do ano que vem continuará tratando do tema
blicado nesta edição, produto da livre iniciativa dos alunos. de Informática, focando no auxílio ao planejamento e controle de
O tema de capa - Informática Aplicada a Projetos – Tecnolo- obras. Estão previstas ainda edições sobre a questão do ensino
gia da Informação no Projeto e Modelagem de Estruturas de de engenharia, evolução do concreto como material da constru-
Concreto – é pertinente face às inacreditáveis inovações que ção civil, concreto reforçado com fibras e outros.
aparecem de forma incremental a cada ano. A informática Então tome fôlego, aproveite a edição e se prepare para
nada mais é do que o produto da sistematização do pen- o futuro.
samento de grupos de pessoas brilhantes, que conseguem E que venha 2017!
transpor todo seu conhecimento, experiência e inteligên-
cia a máquinas e equipamentos, tornando-os disponíveis e GUILHERME PARSEKIAN
acessíveis, beneficiando milhares de pessoas. É a partir dos Presidente do Comitê Editorial

6 | CONCRETO & Construções CONCRETO & Construções | 6


u coluna institucional

Balanço do último Congresso


Brasileiro do Concreto e informações
importantes sobre o próximo

D
e 11 a 14 de outubro de evento: Estruturas Pré-Fabricadas de
2016, Belo Horizonte re- Concreto, Projeto de Lajes em Con-
cebeu o 58º Congresso creto Armado e Protendido, e Ensaios
Brasileiro do Concreto – Destrutivos e não Destrutivos para
IBRACON. Com o objeti- Avaliação de Estruturas de Concreto.
vo de divulgar e debater sobre a tec- Durante o evento realizado foi lança-
nologia do concreto, o projeto e análise da a Prática Recomendada “Projeto
de estruturas, a normalização técnica de Estruturas de Concreto Reforçado
e sistemas construtivos, o evento com com Fibras”, com o objetivo de for-
a temática “Ciência e Tecnologia para necer material que traz os requisitos
a Construção em Concreto”, contou mínimos necessários para o projeto
com a presença de mais de 1000 pes- de estruturas de concreto reforçado
soas, entre profissionais, professores e com fibras e pode ser adquirido na
estudantes, vindos de todos os esta- Loja Virtual no site www.ibracon.org.br.
dos brasileiros e do exterior. Foram realizados os concursos técni-
No 58° Congresso Brasileiro do Con- cos, com a participação de mais de
creto foram 802 artigos recebidos e 500 estudantes de Engenharia Civil e
678 publicados nos Anais do evento. Para avaliar e revisar todos Arquitetura. E foram homenageados profissionais de destaque
esses artigos, a Comissão Cientifica contou com o apoio de 171 do ano e as melhores teses de doutorado na área de materiais
professores e profissionais que em média revisaram mais de e estruturas de concreto.
seis artigos cada um. Os trabalhos submetidos eram de autores Tudo isso poderá ser conferido nesta edição.
de instituições de ensino e pesquisa, e também profissionais da Acredito que o 58º Congresso Brasileiro do Concreto atingiu
área de engenharia, do Brasil e do exterior. Cabe aqui nossos plenamente seus objetivos, sendo o principal deles: proporcio-
agradecimentos a esses profissionais dedicados, sem os quais nar aos profissionais e estudantes atualização e reciclagem de
o 58º CBC não seria possível. conhecimentos, e informações relevantes na área de concreto.
Além das três palestras magnas de conferencistas internacio- O 59º Congresso Brasileiro do Concreto ocorrerá em Bento
nais, ocorreram durante o evento 18 sessões orais, sendo 145 Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e as atividades para orga-
trabalhos apresentados e oito sessões pôsteres, com mais de nização do evento já se iniciaram. No ano de 2017, o Prêmio
370 trabalhos, sobre os temas Projeto de Estruturas, Análi- de Teses e Dissertações será para os melhores trabalhos de
se Estrutural, Métodos Construtivos, Sistemas Construtivos Mestrado nas áreas de materiais e estruturas. As datas-limite
Específicos, Materiais e Propriedades, Materiais e Produtos para submissão dos trabalhos técnico-científicos para o 59º
Específicos, Gestão e Normalização e Sustentabilidade. Que- CBC são:
remos agradecer a todos que colaboram na coordenação das u Envio dos resumos: 17/02/2017;
mesas das sessões orais e das sessões pôsteres, que trou- u Aceitação dos resumos: 10/03/2017;
xeram sempre um retorno positivo da forma que as sessões u Envio de artigos: 30/04/2017;
transcorreram. Todas essas sessões sempre contaram com u Aceitação de artigos: 14/06/2017;
um grande número de participantes interagindo e debatendo u Aceitação final: 01/09/2017.
com os apresentadores. Boa leitura!
Somado a isso, o Programa Master PEC, programa de educa- LEANDRO MOUTA TRAUTWEIN
ção continuada do IBRACON, ofereceu três cursos durante o Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON

CONCRETO & Construções | 7


u converse com o ibracon

ENVIE SUA PERGUNTA PARA O E-MAIL: fabio@ibracon.org.br

PERGUNTAS TÉCNICAS dadas e Publicações Especiais. Todo A norma de blocos de concreto per-
esse acervo pode ser consultado no mite o uso da largura de 9 cm para até
Gostaria de saber quais os principais site www.ibracon.org.br. um pavimento. Além disso, é preciso
materiais (livros, artigos, sites...) para Há ainda algumas referências em li- atender a norma de projetos, existin-
estudar concreto para fundações. Te- vros de fundações, como “Teoria e do uma limitação quanto à esbeltez
nho estudado o tema e pretendo atuar Prática de Fundações”, editado pela da parede. Em termos práticos, en-
na área. Assim, gostaria de entender PINI/ABMS/ABEF, e o “Manual de Es- tendo que essa solução só será viável
mais sobre os tipos de concreto espe- pecificações de Produtos e Procedi- se a parede tiver alguma armação ou
cificamente para os diferentes tipos de mentos – Engenharia de Fundações e se tiver enrijecedor.
fundação, solos, especificidades de so- Geotecnia “ editado pela ABEF . O
licitações e execução. DFI – Deep Foundation Institute, junto GUILHERME PARSEKIAN, COORDENADOR DA PÓS-
LUCAS DE OLIVEIRA MENDES com o EFFC europeu, tem um manual GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO
Aluno do curso de Engenharia Civil “Best Practice Guide to Tremie Con- CIVIL DA UFSCAR E PRESIDENTE DO COMITÊ
UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná crete for Deep Foundation”. EDITORIAL
Você pode consultar ainda o Euro-
Os tipos de concreto para as mais code 2 - Design of Concrete Struc- Comprei o livro “ABNT NBR 6118 Co-
variadas estruturas e aplicações tures e o Eurocode 7 - Geothecnical mentários e E xemplos de A plicação”,
constam nas normas técnicas bra- Design. Recentemente, o Prof. Pau- muito bom livro , e a qualidade de im -

sileiras, em particular, a ABNT NBR lo Helene em resposta a consulta do pressão é excelente . O P rof. R ubens
12655/2015 Concreto de Cimento presidente da ABEF deu importantes Matheus Fagundes, responsável , den -

Portland – Preparo, Controle, Rece- esclarecimentos sobre a especifica- tre outras , pelas disciplinas de Con-
bimento e Aceitação – Procedimento, ção do concreto para fundações na creto I, II e III, recomendou a compra

ABNT NBR 6118 Projeto de Estru- edição 81 da revista CONCRETO & deste livro , e sempre está incentivando

turas de Concreto – Procedimento, Construções. Outro artigo interessan- a leitura .

ABNT NBR 14931 Execução de Es- te, apresentado em Estocolmo 2014, Gostaria que fosse verificado, na página

truturas de Concreto – Procedimen- é de Karsten Beckhaus, da Bauer, 128, quando trata dos valores da ar-

to , ABNT NBR 10839 Execução de intitulado “Are specifications for deep madura longitudinal, (av), consta como

obras de arte especiais em concreto foundation concrete up-to-date?” valor do diâmetro max do agregado, 1,2,
armado e protendido - Procedimento, É um começo para você que pretende quando deveria constar 0,5 dmax.

entre outras mais de 200 normas re- estudar e gosta do assunto. IZABEL DA CUNHA ALVAREZ
lacionadas a concreto. URCAMP – Sant’ana do Livramento/RS
Você pode encontrar alguma referência FREDERICO FALCONI, DIRETOR DA ZF &
também na ABNT NBR 6122 Projeto e ENGENHEIROS ASSOCIADOS E MEMBRO DO Excelente a sua observação. Real-
execução de fundações. Ao lado das COMITÊ EDITORIAL mente, no que se refere ao av, o cor-
normas técnicas existem várias publi- reto é 0,5.dmáx , como consta na ABNT
cações do IBRACON que tratam do Os blocos de concreto com 9 cm de lar- NBR 6118. Se houver uma nova
assunto, por exemplo, o livro “Concre- gura podem ser utilizados em edificações Errata, iremos corrigir a figura da pá-
to: Ciência e Tecnologia” editado por de um pavimento? Não há impedimento gina 128.
Geraldo C. Isaia, publicado em 2011, e quanto à flambagem para esse tipo de Agradeço pela contribuição.
mais de 4000 artigos técnico-científicos bloco, inviabilizando sua utilização em

divulgados em Congressos e Seminá- edificações de um pavimento? ALIO KIMURA, SECRETÁRIO DO COMITÊ IBRACON/
rios promovidos pelo IBRACON, além LUIZ EDUARDO ABECE DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE
de seus periódicos, Práticas Recomen- Recife – PE CONCRETO

8 | CONCRETO & Construções


u encontros e notícias | LIVROS

Estruturas de
concreto armado
A terceira edição do livro “Estruturas de concreto arma-
do: fundamentos de projeto, dimensionamento e ve-
rificação”, do professor da Universidade de Brasília, João
Carlos Teatini de Souza Clímaco, foi ampliada e atualiza-
da para se adequar à ABNT NBR 6118: 2014 – Projeto
de Estruturas de Concreto Armado – Procedimentos.
Voltada aos estudantes de Engenharia Civil, Arquite-
tura e Tecnologia, a obra objetiva auxiliar os que se
iniciam no projeto de estruturas de concreto armado
de edificações usuais, com a exposição didática de
seus fundamentos e dos principais procedimentos e
disposições normativas para o dimensionamento e a
verificação de elementos estruturais básicos (vigas, pi-
lares e lajes).
à Vendas: www.elsevier.com.br

A INDÚSTRIA DE ESTRUTURAS PRÉ-MOLDADAS NO BRASIL


TEM VIABILIZADO IMPORTANTES PROJETOS.

As vantagens deste Eficiência Estrutural;


Flexibilidade Arquitetônica;
sistema construtivo, Versatilidade no uso;
Conformidade com requisitos estabelecidos em normas técnicas ABNT
presente no Brasil há (Associação Brasileira de Normas Técnicas);

mais de 50 anos: Velocidade de Construção;


Uso racional de recursos e menor impacto ambiental.

CONHEÇA NOSSAS AÇÕES INSTITUCIONAIS Empresa associada


E AS EMPRESAS ASSOCIADAS.
www.abcic.org.br
CONCRETO & Construções | 9
u personalidade entrevistada

Nelson
Covas
E
ngenheiro Civil pela Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, formado na turma
de 1970. Exerceu atividades em empresas de
consultoria e construção, como Maubertec,
Promon, Intertec e Método.

Atua no desenvolvimento, utilização e implantação de


sistemas computacionais aplicados à engenharia estrutural
de concreto armado e protendido.

Conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia e


Consultoria Estrutural (ABECE) e do Instituto Brasileiro do
Concreto (IBRACON).

É diretor da TQS Informática Ltda.

IBRACON – Como começou seu um trabalho muito repetitivo em industriais leves e pesadas, portos,
interesse pela aplicação da informática calculadoras eletrônicas, resolvi ler galerias, passarelas. Naquela
ao projeto, execução e gerenciamento o manual da Olivetti 101 e fiz um época, não existiam os atuais
de obras? programa para calcular os referidos microcomputadores, toda a entrada
Nelson Covas – Comecei a coeficientes. Aí começou a minha de dados era feita com cartão
trabalhar com informática aplicada carreira, por acaso, na informática perfurado e os resultados eram
à engenharia estrutural durante aplicada à engenharia. Depois impressos em papel através de
o ano de 1969, ainda estagiário. de formado, fui contratado pela resultados numéricos. Ganhei uma
Fui contratado por um brilhante empresa do professor Maurício, a enorme experiência em projetos
professor de concreto armado Maubertec, e fui encarregado de estruturais neste período e tive
da EPUSP (Escola Politécnica da elaborar programas computacionais conhecimento bastante aprofundado
Universidade de São Paulo), o para outros tipos de estrutura, das inúmeras dificuldades para se
engenheiro Maurício Gertsenchtein. como vigas, pórticos, e para o elaborar um projeto estrutural. A
Tive como primeira incumbência dimensionamento de concreto qualificação da equipe técnica da
o cálculo de coeficientes K2, K3 armado. Fiquei na Maubertec Maubertec era excelente, boa parte
e K6 da publicação intitulada por 10 anos, sendo autor de eram professores universitários e
“Tabela para Cálculo de Flexão milhares de processamentos profissionais com larga experiência
Normal no Estádio III”, de autoria do de modelos estruturais das em projeto. Como todos sabem,
professor Maurício e do professor mais variadas especialidades, projeto estrutural é uma atividade
John Ulic Burke Jr. Como eu fazia como edifícios, pontes, obras de alta complexidade, que envolve

10 | CONCRETO & Construções


responsabilidade, com uma uma das maiores
remuneração aquém do desejado. contribuições
Pois esta foi a minha grande que este novo
motivação pessoal para trabalhar processo
com informática em projetos proporcionou aos
estruturais. Com a utilização de engenheiros é a
recursos computacionais avançados, expedita definição
o engenheiro poderia analisar melhor geométrica
sua estrutura, reduzir os prazos e dos elementos
aumentar a qualidade do projeto, estruturais, como
enfim, aumentar a competividade no Olivetti 101 utilizada em 1969 vigas, pilares e
mercado e ter melhores condições lajes, permitindo
de exercer sua atividade profissional. etapas de projeto, como modelagem, uma rápida definição da estrutura
Esta questão de criar melhores análise estrutural, dimensionamento, e uma grande interação com os
condições ao projetista estrutural detalhamento e desenho dos arquitetos na definição estrutural. O
para elaborar suas tarefas foi para elementos. Com isso, a mudança na uso da informática tornou possível a
mim a grande motivação para investir forma de se conceber e projetar uma obtenção de uma solução estrutural
no ramo da informática. Esta questão estrutura mudou radicalmente nos mais precisa, uma vez que permitiu
ainda continua até hoje, depois de últimos 20 anos, no Brasil e no mundo. ao engenheiro analisar diversas
passados quase 46 anos, o maior As antigas pranchetas de desenho alternativas para a estrutura de forma
incentivo pessoal para continuar a desapareceram e os excelentes produtiva. Outro importante ponto
desenvolver software para o projeto profissionais “formistas” também estão também é o devido equacionamento
de estruturas. quase em extinção. Hoje em dia, o e atendimento às inúmeras alterações
engenheiro estrutural se concentra na de projeto, que sempre ocorrem, de
IBRACON – Como a informática mudou frente da tela de um microcomputador, forma mais rápida, completa
o modo de se conceber e projetar estru- lança a estrutura e faz, de forma muito e confiável.
turas de concreto? rápida e quase automática, todo o
Nelson Covas – Hoje em dia, no processo rotineiro do projeto, que IBRACON – Que tipos de soluções es-

mundo todo, praticamente não existe demorava significativamente pelos truturais a informática possibilitou que se

projeto estrutural sem a utilização processos convencionais. Apesar tornassem corriqueiras?

intensa dos recursos da informática. disso, o lançamento estrutural, a Nelson Covas – A informática é
O Brasil é um dos países onde criação e definição da estrutura, intensamente aplicada em todo
a automação na elaboração de etapa imprescindível no processo, tipo de projeto de estruturas de
projetos estruturais em edificações continuam exclusivamente com o concreto armado. Entretanto,
convencionais do ramo imobiliário está engenheiro, pois exige recursos, é no segmento de edificações,
entre as mais avançadas do mundo, como a criatividade e o raciocínio onde prevalece o conceito de
se não for a mais avançada. Em nosso lógico consistente com fundamentos pisos sobrepostos, constituídos
país investiu-se muito na automação teóricos, que nunca poderão ser pelos elementos de vigas, lajes e
de forma integrada das diversas supridos pelos softwares. Assim, pilares, que a informática tornou a


ESTA QUESTÃO DE CRIAR MELHORES CONDIÇÕES AO


PROJETISTA ESTRUTURAL PARA ELABORAR SUAS
TAREFAS FOI PARA MIM A GRANDE MOTIVAÇÃO
PARA INVESTIR NO RAMO DA INFORMÁTICA

CONCRETO & Construções | 11



SOFTWARE NÃO ELABORA


PROJETOS. O SOFTWARE É APENAS UMA
FERRAMENTA PARA CÁLCULO E GERAÇÃO DE
DESENHOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS

tarefa mais rotineira e trabalhosa desenhos dos elementos estruturais. para o conhecimento, a experiência
do projeto mais automatizada. É Do ponto de vista mais prático, há e a criatividade do engenheiro. As
importante ressaltar que esta tão uns 20 anos, elaborar um projeto tarefas já mencionadas de geração de
almejada automação não eliminou estrutural de um edifício de 30 pisos modelos de análise, dimensionamento
as inevitáveis complexidades do era algo considerado complexo. e detalhamentos são tarefas
projeto estrutural em razão das Hoje em dia, por todo o país, com o complexas e estão ainda distantes de
inúmeras soluções estruturais auxílio dos recursos da informática, uma automação plena.
possíveis e da diversidade de temos inúmeras empresas e até Geralmente, o engenheiro recém-
formas e dimensões dos elementos engenheiros atuando como pessoa formado não tem conhecimentos
estruturais. A extraordinária liberdade física que realizam esta tarefa. O técnicos suficientes para entender o
de forma que o elemento concreto desafio agora é o de projetar edifícios comportamento do material concreto
armado fornece ao arquiteto e ao com 50, 60 pisos. armado, material heterogêneo, de
engenheiro estrutural para conceber comportamento não elástico e não
a estrutura é uma enorme qualidade IBRACON – Como as limitações e a linear. Um dos equívocos mais comuns
do material de construção, mas traz inexperiência de um engenheiro recém- é o engenheiro recém-formado
inúmeras dificuldades ao projeto. formado podem conduzir a falhas e achar que pode ser capaz projetar
Em qualquer edifício com relativa erros graves no projeto estrutural com uma estrutura de concreto armado
altura, não temos mais elementos a aplicação automática de softwares? utilizando um software sofisticado de
simples de seção retangular - agora Nelson Covas – Software não elabora elementos finitos, discretizando todos
os pilares possuem diferentes projetos. O software é apenas uma os seus elementos em cascas ou
seções transversais, as lajes são de ferramenta para cálculo e geração de sólidos e integrando as tensões de
inúmeros tipos, as vigas possuem desenhos de elementos estruturais. tração para determinar as armaduras.
furos e seção variável. Essa tarefa Esses desenhos somente se tornam Mas, o concreto armado se comporta
mais corriqueira e complexa deve- desenhos representativos de projeto de forma diferente de material elástico
se em grande parte à integração após a análise, verificação e validação e linear, o dimensionamento no ELU
entre as fases de modelagem da sua exatidão. Os softwares ainda (Estado Limite Último) é feito no
estrutural, geração do modelo não estão no estágio de equacionar estádio III, em certos elementos é
analítico para cálculo de solicitações, adequadamente todas as variáveis preciso utilizar a técnica de bielas-
dimensionamento, detalhamento presentes num projeto. O computador tirantes, existem armaduras mínimas a
e geração semiautomática dos e o software não são substitutos respeitar etc. Outro ponto importante
a considerar é que a estrutura de
concreto armado não é construída
instantaneamente - ela vai sendo
erguida aos poucos e as cargas vão
sendo gradativamente aplicadas
ao longo do tempo. Já o modelo
estrutural criado no software,
usualmente, trata a estrutura
Realidade brasileira: automação entre as etapas de projeto como um todo, como um modelo

12 | CONCRETO & Construções


completo. Isto pode trazer uma série projetos estruturais automaticamente, de acordo com o esperado? Os
de incoerências, caso esse efeito mas é uma ferramenta fundamental, deslocamentos da estrutura estão
incremental das cargas não seja nos dias de hoje, para tal. Alguns conforme o previsto? Os softwares
adequadamente considerado. Por pontos importantes a serem seguidos fornecem ferramentas gráficas
exemplo, para as cargas verticais, a no uso de softwares: conhecer para que esses pontos possam ser
estrutura física vai se deformando e as normas técnicas relacionadas analisados com facilidade. Hoje em
as novas concretagens vão nivelando ao projeto; estudar com afinco a dia, não se admite que um engenheiro
o topo dos pilares piso a piso. Já documentação técnica do software, possa projetar uma estrutura sem
para as forças horizontais, por discernindo sua aplicabilidade e visualizar os resultados do pórtico
exemplo, o vento, a estrutura já está limitações; entender que o software espacial, fato que ocorria há alguns
completamente executada. Portanto, fornece, além dos resultados finais, anos. Uma verificação fundamental,
numa análise estrutural mais realista, resultados parciais para validação de simples, mas, às vezes, não realizada,
de concreto armado, temos que ter cada etapa do processo de projetar; é a conferência global das cargas
dois modelos de análise diferentes verificar se a empresa de software verticais aplicadas nas edificações.
para atender a esses dois tipos de fornece suporte técnico adequado; Qual o valor da carga vertical total
ações. Tenho visto muitos casos nos ter conhecimento de que todo média por metro quadrado de projeto?
quais as vigas de transição estão software tem deficiências em casos Qual o valor da força horizontal média
subdimensionadas, as vigas estão particulares não previstos; e consultar devido ao vento? Todo software
com armaduras insuficientes para o os engenheiros estruturais experientes. emite esses valores normalmente
momento positivo devido ao engaste como um resumo das informações
num apoio irreal, as lajes IBRACON – Na utilização de grandes do processamento do projeto. Para
são calculadas como colaborantes programas de cálculo estrutural como edifícios elevados, qual o valor do
para resistir a esforços horizontais, se deve proceder para verificar se os coeficiente de estabilidade global
mas com momentos fletores nos resultados parciais estão coerentes e o GamaZ? Este coeficiente mostra,
apoios, onde o dimensionamento se resultado final é o esperado? geralmente, através de apenas um
torna impossível. Nelson Covas – Em softwares número se a proposta estrutural é
integrados com elevado grau de estável ou não. E os deslocamentos?
IBRACON – Quais são suas automação, as diversas etapas do Também de forma gráfica, é muito
recomendações para o bom uso projeto estrutural são processadas simples analisar se a estrutura se
de aplicativos voltados para a automaticamente. Isto não quer desloca nas direções vertical e
construção civil? dizer que o projeto é feito de horizontal conforme o esperado. Do
Nelson Covas – Existe um antigo ditado forma automática. Um ponto ponto de vista de dimensionamento e
de engenheiros estruturais experientes inicial importante a ser verificado detalhamento, relatórios são sempre
que diz: “se você não consegue é a determinação das solicitações emitidos com mensagens de avisos
enxergar o comportamento global nos elementos estruturais. Itens, de erros, médios ou graves, onde
da sua estrutura, não a projete; não como o modelo estrutural gerado, não houve possibilidade do correto
é apenas o software que vai resolver está coerente com o desejado? Os dimensionamento. Portanto, o mais
o seu problema”. Software algum faz esforços solicitantes principais estão importante é não acreditar cegamente


SE VOCÊ NÃO CONSEGUE ENXERGAR O


COMPORTAMENTO GLOBAL DA SUA ESTRUTURA,
NÃO A PROJETE; NÃO É APENAS O SOFTWARE
QUE VAI RESOLVER O SEU PROBLEMA

CONCRETO & Construções | 13


estruturas de concreto armado.
SIS Engenharia e França & Associados Engenharia

enxergar através

do programa o

choque entre as IBRACON – Como as normas


armações? técnicas influenciam o trabalho de

Nelson Covas – construção e revisão dos softwares

Já existem hoje para construção civil?  


no mercado Nelson Covas – As empresas de
softwares que software para engenharia estrutural
operam em 3D e são obrigadas a seguir normas
que analisam a técnicas para que possam atender
interferência entre aos seus usuários e se manter
as armaduras competitivas no mercado. Como as
das estruturas de normas evoluem permanentemente,
concreto armado. os softwares também são obrigados
Modelos atuais Esses softwares a evoluir conforme elas, sendo isto
ainda possuem um grande desafio. Se a empresa não
no resultado final e, sempre, analisar a sua utilização restrita a obras tiver a capacidade de evoluir conforme
os resultados parciais, desde a especiais e a algumas estruturas pré- as normas, ela, simplesmente,
modelagem, análise estrutural, fabricadas, nas quais a interferência morre. Daí o grande desafio aos
dimensionamento, detalhamento tem certa relevância. Normalmente, os desenvolvedores de software em
e desenho. Conferir sempre o softwares integrados para edificações criar técnicas de programação,
resultado final com pequenas contas existentes no mercado não possuem estruturação de dados, que permitam
feitas manualmente de forma muito esta capacidade, sendo necessária a devida evolução técnica. Uma
aproximada. Nas etapas iniciais de a integração das informações empresa de software corre maior
projeto, a visão global deve prevalecer entre os sistemas de diversos risco de sair do mercado, não pela
sobre a visão local; a chamada “ordem fornecedores. Nas edificações usuais falta de clientes, mas, sim, pela falta
de grandeza” deve ser sempre avaliada e convencionais de concreto moldado de evolução e acompanhamento
e certificada, seja para uma estrutura “in loco”, o mercado não deu ainda das novas tecnologias. Vale a pena
simples ou complexa. Também existe a devida importância a esta questão. lembrar também uma questão sobre
uma regra importante no mercado Atualmente, esses softwares que normas técnicas de concreto armado.
de projetistas estruturais com mais operam com armaduras em 3D ainda É de pleno consenso que o projeto
experiência - se o software não são onerosos e não estão muito estrutural possui uma complexidade
consegue emitir resultados parciais difundidos, mas já existem soluções inevitável; por consequência direta, as
para a devida verificação e validação, práticas e funcionais para a indústria normas técnicas também possuem
troque para um software que atenda a de pré-fabricados. A tendência natural uma complexidade inevitável. Como
este quesito. de mercado é que essas ferramentas não deveria deixar de ser os softwares
se popularizem e que possam ser também possuem essa mesma
IBRACON – Como fazer para melhor aplicados também na maioria das complexidade. Assim, não existem


O MAIS IMPORTANTE É NÃO ACREDITAR CEGAMENTE NO


RESULTADO FINAL E, SEMPRE, ANALISAR OS RESULTADOS
PARCIAIS, DESDE A MODELAGEM, ANÁLISE ESTRUTURAL,
DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO E DESENHO

14 | CONCRETO & Construções



COMO AS NORMAS EVOLUEM


PERMANENTEMENTE, OS SOFTWARES TAMBÉM
SÃO OBRIGADOS A EVOLUIR CONFORME ELAS,
SENDO ISTO UM GRANDE DESAFIO

softwares simples, de fácil utilização, nova norma. Este foi um grande usuário é sempre realizada adotando-
bem como é muito difícil encontrar diferencial para que a norma ABNT se os critérios da norma atual vigente.
um software que atenda a todos os NBR 6118:2003 fosse implantada
requisitos prescritos nas normas de rapidamente em todo o Brasil. IBRACON – Quando um novo software
concreto armado. Com relação à obrigatoriedade de é lançado no mercado construtivo, ele

se utilizar critérios específicos de foi devidamente validado? Como é esta


IBRACON – Você considera que a uma norma, os softwares permitem validação? Quem participa do processo?
informática, da forma como é utilizada geralmente que o usuário utilize alguns Quais critérios são seguidos?
hoje no Brasil, favorece o atendimento critérios secundários em desacordo Nelson Covas – Se estamos tratando
aos requisitos estabelecidos nas normas com a norma. Isto é devido a diversos de um software integrado de um certo
técnicas? O usuário tem como escolha fatores. Um deles é a questão de que porte, a resposta é, geralmente, não.
possível alterar itens obrigatórios por alguns usuários não reconhecem a Desenvolver softwares integrados para
norma e já registrados em um software?  norma com força de lei. Outro fator a engenharia estrutural de concreto
Nelson Covas – Esta é uma questão é a questão de interpretação dos armado é uma tarefa complexa
interessante. Vamos lembrar que itens da norma - alguns entendem e que leva muito tempo. Eu diria
o nosso país possui dimensões de uma maneira e outros de outra. que o tempo de maturação de um
quase continentais. Temos algumas Um ponto importante é relacionada software integrado profissional é de
regiões com culturas técnicas bem a não obediência de itens da norma 5 a 10 anos. Por mais que estudos
diferentes das outras. Implantar brasileira, pois o engenheiro pode se preliminares possam ser feitos, o
uma norma num país como o nosso basear em recomendações de normas desenvolvedor consegue enxergar
é um grande desafio. Quando foi internacionais ou de resultados de apenas uma parte dos problemas
finalizada e publicada a norma ABNT ensaios. Por isso, os softwares vão que serão encontrados, a evolução
NBR 6118 ainda em 2003, com sendo desenvolvidos com diversos da tecnologia do material concreto
substanciais modificações com critérios, alguns deles não exatamente e das normas técnicas não tem fim.
relação à norma anterior, as empresas em conformidade com a norma. Portanto, quando o software vai para
de software tiveram o prazo de um Outro ponto prático a considerar é o mercado é a ocasião para o início
ano para adaptar os sistemas aos quando o usuário deseja verificar um dos desafios do desenvolvimento.
novos requisitos de norma. Era do projeto realizado há tempos atrás Em função das solicitações de
conhecimento de todos também que com a norma anterior - ele tem usuários, muitas vezes é necessário
alguns quesitos importantes desta que ter condições de realizar esta que sejam feitas alterações na
norma de 2003 somente poderiam tarefa com critérios da antiga norma. base de dados, introdução de
ser equacionados adequadamente Portanto, em um software profissional, novos critérios de projeto etc. Um
através de softwares. As empresas principalmente os softwares integrados ponto importante também é que
se prepararam e conseguiram atender que chegam até o detalhamento das os engenheiros estruturais não
o mercado no prazo estabelecido. armaduras, convivem diversas versões projetam de uma única forma. Existem
Algumas empresas também de uma mesma norma, diversos inúmeras e diferentes soluções por
percorreram todo o Brasil, ministrando critérios alternativos a um mesmo ocasião da análise estrutural, das
cursos sobre como utilizar o software quesito. É importante ressaltar que, considerações para dimensionamento,
frente aos novos itens descritos na geralmente, a entrega do software ao detalhamento, desenho etc. É uma

CONCRETO & Construções | 15



O PRINCIPAL TESTE MESMO É FEITO DIARIAMENTE PELOS INÚMEROS


USUÁRIOS QUALIFICADOS QUE, CONSTANTEMENTE, FICAM
PROCESSANDO NOVOS EDIFÍCIOS, ANALISANDO E QUESTIONANDO
RESULTADOS EMITIDOS, E INTERAGINDO COM O DESENVOLVEDOR

tarefa absolutamente sem fim. Dependendo da qualidade, diversidade e que a estrutura não é construída
Desenvolver um software integrado e quantidade dos edifícios de testes, instantaneamente; aplicar cargas
para concreto armado é como podemos dizer que o sistema é mais atuantes na estrutura adequadamente,
projetar a fundação de um edifício ou menos testado. Mas, o principal especialmente as forças horizontais
sem conhecer, “a priori”, o número teste mesmo é feito diariamente pelos devidas ao vento; definir corretamente
de pisos. Depois de feito o edifício é inúmeros usuários qualificados que, os conceitos relacionados ao
preciso, obrigatoriamente, reforçar a constantemente, ficam processando comportamento de vigas, pilares, lajes,
fundação para o incremento de mais novos edifícios, analisando e pilares-parede, sapatas etc.; estudar a
pisos; às vezes, é preciso trocar o questionando resultados emitidos, ligação e a compatibilização entre os
elemento de fundação e, outras vezes, e interagindo com o desenvolvedor. diversos elementos; tratar propriedades
é preciso trocar toda a fundação, tudo Este é o teste final e verdadeiro. Com de seções transversais para cálculo em
isso com o edifício funcionando. Mas, tudo isso, ainda existe uma máxima ELU e ELS (Estado Limite de Serviço);
o ponto mais importante é a validade no mercado de softwares integrados analisar se os pilares estão engastados
dos resultados do software. Apenas para a engenharia estrutural com a nas fundações, os efeitos dinâmicos,
com a participação de diversos qual eu concordo plenamente: “não os efeitos de segunda ordem, casos de
usuários capacitados tecnicamente, existe software sem erros, não existe pilares sem travamento, entre outros.
com diferentes filosofias de projeto, software sem erros graves”. É a Todos esses pontos, alguns softwares
é possível fazer a validação de um pura realidade, existem softwares integrados tratam adequadamente.
software integrado para projetos mais testados e confiáveis e existem Cabe ao engenheiro projetista
estruturais de concreto armado. softwares menos testados e menos selecionar, ao modelar a estrutura, os
Por essas razões é que o software confiáveis. Se o desenvolvedor tivesse quesitos de modelagem que mais lhe
somente chega a uma fase adulta conhecimento do lugar onde estão os convém para o caso em projeto.
depois de muitos anos, talvez erros graves (geralmente, em casos
décadas, de pleno uso no mercado. muito particulares), ele os corrigiria IBRACON – Como está o
Portanto, faz parte do processo de imediatamente. desenvolvimento dos softwares de

validação de um software, tanto a interação fundação-estrutura?

equipe técnica do desenvolvedor IBRACON – Quais os cuidados que Existe boa aceitação dos profissionais
como uma parcela dos usuários. um engenheiro projetista deve ter ao envolvidos? Como se daria, na sua
Como o software continuamente evolui modelar uma estrutura? visão, a integração dos profissionais

e é alterado, para distribuir qualquer Nelson Covas – Esta pergunta poderia envolvidos e quais lacunas precisariam

nova versão ao mercado é preciso ser tema para se escrever um livro ser preenchidas?

garantir a qualidade inicial através de sobre o assunto. Vou tentar apenas Nelson Covas – Existem diversos
testes e mais testes. Geralmente, as relatar alguns itens que considero softwares provenientes do exterior
empresas possuem uma equipe de importantes para estruturas de concreto para calcular a interação fundação-
testes, com programas que testam armado: aplicar os requisitos de estrutura. Geralmente, esses
programas, tanto remotamente como normas técnicas; não tratar elementos softwares são bastante complexos,
interativos, onde os milhares de de concreto armado como elásticos tanto do ponto de vista teórico como
edifícios catalogados são analisados lineares; entender que o concreto do ponto de vista da utilização, e, salvo
e validados permanentemente. armado é um material não homogêneo raras exceções, não são empregados

16 | CONCRETO & Construções


na grande maioria dos edifícios que na hora

França & Associados Engenharia


convencionais do ramo imobiliário. de enfrentar
Em obras especiais, como linhas de esse problema
metrô, barragens, obras especiais, de frente.
esses softwares são empregados Atualmente, está
com frequência. Existem também sendo formado
outros softwares disponíveis para esta um grupo de
função, softwares mais expeditos estudos para
e práticos, que também, nos dias tentar evoluir,
atuais, quase não são empregados. tecnicamente, no
O que sabemos, com certeza, é que equacionamento
a superestrutura de uma edificação dessa importante
Modelos ELU e ELS
e os seus elementos de fundação questão.
estão intimamente ligados. Sabemos Participarão
também que recalques diferenciais deste grupo engenheiros estruturais, recursos têm sido introduzidos “nos
entre os elementos de fundação e, geotécnicos e empresas de software. softwares estruturais” no sentido de

consequentemente, entre os pilares Complementando, creio também que aperfeiçoar as estimativas, considerando

da superestrutura, existem. Por que temos um grande obstáculo técnico a incidência e o desenvolvimento de

então ignorá-los? O assunto está para enfrentar nessa questão - trata- fissuras nas peças fletidas, retração e

presente e é tema atual de grandes se de equacionar o comportamento deformação lenta do concreto?

conversas e discussões. Segundo reológico do concreto armado, tanto Nelson Covas – A questão da
o meio geotécnico, a elaboração dos elementos de fundação como flexibilidade da estrutura é uma
de um projeto totalmente integrado da superestrutura. Especialmente questão prescrita nas nossas
(infra + superestrutura) é ainda neste caso, é preciso que o software normas técnicas. Toda estrutura
complexa. Da forma como se projeta reconheça que a infra e superestrutura se deforma sob a ação de cargas
hoje - fundações independentes da não é executada e carregada verticais e forças horizontais. A
estrutura - os geotécnicos dizem que instantaneamente, e sim ao longo norma brasileira estabelece limites
tem “funcionado” muito bem sem de alguns meses ou anos. Outro para o deslocamento horizontal no
problemas. Segundo os engenheiros ponto importante seria a definição topo edifício, no estado limite de
estruturais, a introdução de recalques de quesitos normativos para auxiliar serviço (ELS), sob a ação de forças
diferenciais na estrutura provoca os estruturalistas e geotécnicos na horizontais. O mesmo ocorre para o
maiores esforços, maiores taxas de abordagem do problema. deslocamento horizontal entre pisos
concreto e armaduras, levando a um de um edifício. O edifício também
projeto mais oneroso financeiramente. IBRACON – Em edifícios residenciais pode se deslocar horizontalmente
No máximo, o engenheiro estrutural e comerciais ainda se tem presenciado a sob a ação de cargas verticais. Com
hoje aplica coeficientes de recalque ocorrência de patologias em alvenarias e relação a deslocamentos verticais,
vertical na base dos pilares. A minha revestimentos, decorrentes de excessiva é necessário verificar a flecha das
experiência diz que já está mais do flexibilidade da estrutura. Quais vigas e lajes no ELS. Além da flecha


SABEMOS QUE RECALQUES DIFERENCIAIS ENTRE OS


ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO E, CONSEQUENTEMENTE,
ENTRE OS PILARES DA SUPERESTRUTURA, EXISTEM.
POR QUE ENTÃO IGNORÁ-LOS?

CONCRETO & Construções | 17


encontrado para desempenho e mais duráveis?

tratar o material Nelson Covas – Nos dias de hoje,


concreto armado tarefas que pareciam impossíveis de
e o processo serem realizadas estão ao alcance
construtivo. de um microcomputador e um bom
Evidentemente software. A visualização 3D dos
que o projeto elementos constituintes de uma
de alvenaria construção é uma realidade. Análise
deve também de interferências entre a estrutura,
contemplar as instalações elétricas, hidráulicas,
o prazo de de ar-condicionado, e arquitetura,
escoramento, pode ser realizada corriqueiramente
cura do concreto hoje em dia. Indo mais além, até as
etc. Voltando ao armaduras dos elementos de concreto
Análise de flechas em pavimentos fator flexibilidade, armado podem ser visualizados
diversos em 3D. E o que é mais importante,
máxima, é também solicitada a colegas julgam os limites de norma associado a esses elementos, temos
verificação da distorção máxima exageradamente rígidos para serem todas as informações técnicas e
angular sob as alvenarias. Todas obedecidos. Se esses parâmetros gerenciais correlacionadas. Com
essas variáveis são calculadas de de norma forem obedecidos e os esses dados, se torna possível analisar
forma automática pelos softwares valores dos deslocamentos obtidos alternativas, estimar custos, programar
disponíveis para o projeto estrutural. forem discriminados no projeto, creio o cronograma de execução, indo até
Alguns desses softwares realizam que o projeto de alvenaria possa a fase de operação e manutenção.
também a análise não linear física ser realizado para que as patologias Acompanhar a execução da edificação
(concreto e aço, estádio II), que sejam minimizadas ou eliminadas. de acordo com o projetado, em todas
considera a fissuração da peça e É importante observar que as as suas funcionalidades (técnicas,
também a deformação lenta do estruturas em geral se tornaram custo, tempo etc.), já está ao alcance
concreto para a verificação de nitidamente mais esbeltas e, portanto, do dia a dia das empresas. Entretanto,
flechas em vigas e lajes num piso. mais flexíveis, ao longo das últimas a única certeza que temos hoje é
O encurtamento vertical de cada décadas, tornando a adequada a contínua evolução dos recursos
lance de pilar sob a ação das cargas análise em serviço, muitas vezes, computacionais e das funcionalidades
verticais também é facilmente obtido. preponderante nos projetos. agregadas aos softwares para facilitar
Portanto, do ponto de vista de e tornar mais acessível o seu emprego.
análise, diversas grandezas podem IBRACON – Como esses recursos
ser obtidas através dos softwares. informacionais de última geração têm IBRACON – Como o desenvolvimento
Eu sempre digo que esses valores de sido usados no projeto, construção, da informática aplicada à construção

flechas obtidos são sempre valores gerenciamento e manutenção de obras civil, aliada à internet, tem possibilitado

estimados pelo grau de complexidade mais econômicas, ousadas, com melhor a integração de projetistas e


ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DA EDIFICAÇÃO DE ACORDO


COM O PROJETADO, EM TODAS AS SUAS FUNCIONALIDADES
(TÉCNICAS, CUSTO, TEMPO ETC.), JÁ ESTÁ AO ALCANCE
DO DIA A DIA DAS EMPRESAS

18 | CONCRETO & Construções



OS COORDENADORES DE PROJETO PODEM AGORA, DE FORMA


DINÂMICA E PRÁTICA, REALIZAR A COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS,
ALERTANDO POSSÍVEIS PONTOS DE INTERFERÊNCIA – É COMO
SE A OBRA FOSSE CONSTRUÍDA VIRTUALMENTE

executores, de fornecedores e interferência sejam sanados na própria Que mudanças ele traz para o mercado
construtores, tornando a coordenação concepção, o processo de criação de softwares no Brasil e no mundo?
de projetos mais eficiente? se torne dinâmico e as modificações Nelson Covas – O BIM é, antes de
Nelson Covas – A nossa construção sejam absorvidas com naturalidade. tudo, uma tecnologia no tratamento
civil está dando um salto tecnológico Na obra, o engenheiro pode, portanto, das informações dos componentes
importante nos dias atuais. Na nossa acompanhar a execução de sua de uma construção. Traduzindo a
modalidade de construção - mercado estrutura com os projetos acessíveis sigla podemos denominar BIM por
imobiliário - temos dezenas de e à sua disposição, controlando modelagem das informações da
fornecedores independentes para a qualidade da montagem das construção. A sigla BIM é novidade de
uma mesma obra. Cada projetista armaduras, concretagem etc. Se a alguns anos, mas a tecnologia, não.
trabalha, de certa forma, como se resistência do concreto ficou abaixo Quando eu trabalhei numa empresa
fosse independente dos demais. Daí da desejada, tanto o construtor como de engenharia consultiva em 1980,
a grande necessidade de integração o projetista estrutural podem visualizar, a Promon Engenharia, tive contato
de informações entre os diversos logo após a disponibilização dos com o engenheiro Luiz Esmanhoto,
fornecedores para um projeto global ensaios dos corpos de prova, imagem que publicou um interessante artigo
de construção. Neste ponto, a em 3D de quais peças estão não intitulado “CAD-Fundamentos e
internet veio suprir uma grande lacuna conformes e tomar as providências Tecnologia”. Este artigo poderia ser
para a integração do projeto e da cabíveis. O acompanhamento do hoje publicado trocando apenas
própria construção. Aliás, depois do cronograma de execução, visualizando o nome por “BIM-Fundamentos
grande salto tecnológico que foi o a obra real é de grande importância ao e Tecnologia” e continuaria muito
CAD (Computer Aided Design) nos construtor. atual. O engenheiro Esmanhoto era
anos 80 e 90, a internet foi a grande Isto sem citar as alternativas de projetos um autêntico visionário nesta área,
revolução e novidade que surgiu para que podem ser realizadas em prazos prevendo o que ocorreria décadas
auxiliar na comunicação e integração exíguos e com a devida confiabilidade à frente. Neste artigo, já estava
entre projetistas e construtores. As na elaboração dos orçamentos, previsto o tratamento da informação
informações fluem com rapidez, visando uma otimização de custos. da construção desde o projeto,
ficam armazenadas “nas nuvens”, planejamento para contratação
acessíveis em qualquer localidade IBRACON –
através de dispositivos móveis Como você vê
portáteis. Os coordenadores de projeto o BIM nesse
podem agora, de forma dinâmica e contexto de

prática, realizar a compatibilização de desenvolvimento

projetos, alertando possíveis pontos de recursos

de interferência – é como se a obra informacionais para

fosse construída virtualmente. Numa construção? O


situação ideal, as diversas disciplinas que é o BIM? Que
de projeto interagem em paralelo, recursos ele traz

e não sequencialmente, criando para projetistas

condições para que problemas de e construtores? Visualização 3D de armaduras

CONCRETO & Construções | 19



A PADRONIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES SE


TORNOU UM ASPECTO FUNDAMENTAL PARA QUE OS DIVERSOS
INTERVENIENTES DO PROCESSO POSSAM TROCAR
DADOS DE FORMA EXPEDITA E PRÁTICA

possível graças preciso padronização, disciplina e


às facilidades de regulamentação entre os diversos
comunicação projetistas, construtores e softwares
atualmente no tratamento das informações.
existentes via web. Sem isto, trabalhos necessitam ser
A padronização e refeitos em outro software, o que
organização das foge completamente à filosofia BIM.
informações se Portanto, BIM não é uma grande
tornou um aspecto novidade, pois já se utilizava o conceito
fundamental para BIM há muito anos, o que temos
que os diversos hoje, muito adequadamente, são
Mapa de concretagem digitalizada intervenientes do equipamentos e softwares muito mais
processo possam potentes, com novas funcionalidades
na indústria, execução, operação trocar dados de forma expedita e e o poder de comunicação via web.
e manutenção. Este artigo foi prática. A tecnologia BIM para ser bem O grande desafio atual é a questão da
fundamental para o desenvolvimento aplicada e gerar bons resultados exige forma de organização das informações
dos sistemas integrados desenvolvidos também muito treinamento de pessoal e da comunicação entre os diversos
pela empresa onde atuo. A filosofia e novos conhecimentos de base de softwares, a tal da interoperabilidade.
geral já estava estabelecida há 35 dados e recursos computacionais. Este é o nosso maior entrave. Em
anos. Evidentemente que os recursos Em suma: BIM não é apenas um países onde existem escritórios de
da informática evoluíram muito software, BIM não é apenas visualizar projeto multidisciplinares, a implantação
desde aquela época e o BIM está se informações em 3D. BIM é antes de do BIM é mais rápida, pois a plataforma
tornando uma realidade. tudo uma tecnologia no tratamento de de software utilizada é padronizada e as
Portanto, BIM nos dias atuais nada informações que afeta diretamente a informações fluem mais facilmente de
mais é do que a tecnologia para qualidade, o custo e o prazo uma especialidade a outra.
tratamento das informações envolvidas da construção. Comentando um pouco mais
na construção, informação estruturada, Atualmente, nenhum grande fornecedor sobre o mercado internacional de
hierarquizada, organizada, com de software mundial, entre as quatro softwares BIM para engenharia,
objetos definidos parametricamente, empresas mais avançadas na temos a concentração em quatro
disponível em diversos dispositivos de tecnologia BIM, possui condições de grandes empresas, três delas atuando
hardware, possível de ser visualizada atender convenientemente a todas as fortemente no Brasil. Cada uma delas
em 3D, acessível por inúmeros especialidades envolvidas no projeto e luta para implantar o seu padrão de
intervenientes do processo construtivo execução de uma obra, principalmente troca de informações e aumentar a sua
e percorrendo todo o ciclo de produção nos detalhes técnicos normativos base de softwares instalados. Outras
de componentes, desde a indústria, existentes em nosso país. Daí a empresas, com softwares especialistas
projeto, construção, operação e absoluta necessidade de comunicação numa determinada etapa do projeto,
manutenção. É a construção virtual entre os diversos softwares. Este é estão sendo adquiridas por essas
acessível a todos os envolvidos o ponto crítico para que a tecnologia quatro gigantes. Não se tem ideia ainda
no processo. Tudo isso se tornou BIM funcione adequadamente. É como este mercado se comportará

20 | CONCRETO & Construções


no futuro. Note o caso específico do como para as pré-fabricadas, acho que atende a todas as modalidades de
Brasil - como temos uma norma própria o desenvolvimento da industrialização da projeto. Se diversos softwares são
para estruturas de concreto (ABNT construção civil obrigatoriamente passa utilizados, como fica a comunicação
NBR 6118), os softwares desenvolvidos pelas características intrínsecas do BIM, entre eles? E a bidirecionalidade?
no exterior não atendem as nossas isto é, pela modelagem das informações Esta é uma questão ainda não
necessidades de projeto, abrindo da construção. Se as vantagens resolvida. Eu noto que, atualmente,
campo para as empresas brasileiras competitivas no uso do BIM serão mais muitos projetos em BIM elaborados
se desenvolverem, mas com o ônus intensas em estruturas moldadas “in em determinado software são
da necessidade de integração aos loco” ou pré-fabricadas é uma afirmação refeitos em outro, o que é um grande
requisitos dos softwares internacionais. difícil de ser comprovada, pois inúmeros contrassenso e perda de muitas
A única certeza que temos hoje é outros fatores influenciam esta questão, horas de trabalho. E as alterações
que este mercado é muito dinâmico especialmente num país como o Brasil. de projeto? Cada vez que se
e mudanças significativas na área de Do ponto de vista prático, a implantação realizam alterações num determinado
software ocorrerão. do BIM está mais software estas também necessitam
próxima e de uso imediato nas serem feitas no outro software, de
IBRACON – O BIM vem sendo estruturas pré-fabricadas; daí, se pode forma duplicada? Infelizmente, esta
considerado por diversos especialistas chegar à conclusão que este segmento é a realidade atual. Acho que as
como indutor do desenvolvimento da poderá aferir, de imediato, maiores exigências para utilização do BIM
industrialização da construção civil. vantagens competitivas com o BIM em precisam ser feitas paulatinamente, de
Como você vê esta relação? menor prazo. forma gradativa, conforme a evolução
Nelson Covas – Como já comentei, a da indústria de software e sua
tecnologia BIM já vem sendo aplicada há IBRACON – Recentemente alguns interoperabilidade, sem considerar
muito tempo. Mas, foi muito oportuna órgãos públicos e empresas privadas já a parte comercial. Com relação a
a designação da nomenclatura BIM começaram a definir em licitações/ prazos, desde a primeira vez que
para a consolidação da tecnologia. As contratos a exigência para que o projeto tive contato com o termo BIM, não
empresas de software adotaram o termo seja apresentado em BIM. O mercado a tecnologia embutida no BIM, já se
BIM para qualificar os seus produtos, está preparado para atender esta passaram dez anos e ainda estamos
divulgaram maciçamente esta nova demanda? Quanto tempo será necessário num estágio inicial, pensando em
funcionalidade e o mercado passou para que o mercado absorva o BIM? termos de mercado em geral. Talvez,
a buscar o BIM como sendo uma Nelson Covas – Eu julgo bastante seja necessário mais uns cinco anos
ferramenta que vai solucionar quase salutar que órgãos públicos e adicionais, desde que o nosso país
todos os problemas. Esta divulgação empresas privadas comecem a exigir volte a crescer de forma sustentada,
e conscientização do mercado foram que projetos sejam apresentados para que possamos afirmar que o
muito importantes para a divulgação em BIM. Entretanto, como foi dito, BIM tenha se tornado uma realidade
da tecnologia BIM. Todos agora temos inúmeros obstáculos a superar consolidada no mercado em geral.
correm atrás do BIM, o que é ótimo! ainda, o principal deles sendo o da IBRACON – O que precisa ainda ser
Conceitualmente, de forma genérica, interoperabilidade. Nenhum software feito para que o desenvolvimento desses

tanto para estruturas moldadas “in loco” que se conceitua como BIM hoje recursos informacionais tragam maior


O GRANDE DESAFIO ATUAL É A QUESTÃO DA FORMA


DE ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E DA
COMUNICAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS SOFTWARES,
A TAL DA INTEROPERABILIDADE

CONCRETO & Construções | 21


que seria muito importante a
França & Associados Engenharia

formação dos alunos em faculdades


de engenharia, arquitetura e
cursos técnicos para a aplicação
dessas novas tecnologias BIM. Os
currículos de graduação e de pós-
graduação das escolas de engenharia
precisariam ser adaptados para dar
maior ênfase no ensino a esses novos
recursos, apresentando os conceitos
básicos do BIM, a importância da
modelagem digital de uma edificação
com todos os seus pormenores, as
vantagens que podem ser aferidas
nessa metodologia, a operação
Armazenamento de fotografias da construção na “nuvem” prática em laboratórios digitais de
sistemas BIM, bem como entender
integração e coordenação nos projetos, abrangência na aplicação, aumento as dificuldades que podem surgir do
principalmente no contexto brasileiro? da interoperabilidade etc. Infelizmente, ponto de vista interoperabilidade.
Nelson Covas – Creio que ainda não no Brasil, não temos uma política
chegamos a um grau de maturação governamental de incentivo e linhas IBRACON – Como o IBRACON e
adequado no desenvolvimento de financiamento favoráveis para as entidades técnicas do setor de

e aplicação dessas inovadoras investimento nesta área. Do ponto construção podem somar esforços

tecnologias. São poucas empresas de vista dos construtores, é preciso, para contribuir tanto com o

que realmente estão investindo os além de óbvios investimentos, desenvolvimento quanto com o uso dos

recursos necessários. Temos também principalmente a firme determinação recursos informacionais aplicados na

que considerar a crise econômica que para a implantação na empresa, construção civil?

passa o nosso país, com uma forte enfrentando as inevitáveis mudanças Nelson Covas – Tanto o IBRACON
recessão há dois anos, especialmente na forma de trabalho, impondo como as demais entidades ligadas
na construção civil. Ainda temos novos procedimentos com o devido a construção civil podem utilizar
muita coisa a fazer na aplicação treinamento da equipe para se os seus meios de comunicação
do BIM e estamos passando por adequar as novas habilidades e e de educação continuada
uma fase de transição. Do ponto funções. As empresas projetistas, para transmitir aos engenheiros
de vista das empresas de software, pulverizadas, precisam principalmente projetistas e construtores essas
muito foi investido e muito ainda de organização e disciplina na forma novas tecnologias que evoluem
precisa ser investido para aprimorar de troca de informações, além de permanentemente. Nos congressos
seus produtos, aumentando seu investimentos e muito treinamento. promovidos pelo IBRACON, já é
desempenho, facilidade de utilização, Como ação de médio prazo, acho comum a apresentação de inúmeros


A IMPLANTAÇÃO DO BIM ESTÁ MAIS PRÓXIMA E DE USO IMEDIATO


NAS ESTRUTURAS PRÉ-FABRICADAS; DAÍ, SE PODE CHEGAR À
CONCLUSÃO QUE ESTE SEGMENTO PODERÁ AFERIR, DE IMEDIATO,
MAIORES VANTAGENS COMPETITIVAS COM O BIM EM MENOR PRAZO

22 | CONCRETO & Construções



SERIA MUITO IMPORTANTE A FORMAÇÃO DOS


ALUNOS EM FACULDADES DE ENGENHARIA,
ARQUITETURA E CURSOS TÉCNICOS PARA A
APLICAÇÃO DESSAS NOVAS TECNOLOGIAS BIM

trabalhos ligados à informática e estão sempre presentes. Neste ano minha maior dedicação no tempo livre
alguns ao BIM. Há alguns anos, de 2016, o SINDUSCON também é o futebol, tanto é que fui há alguns
os fornecedores de software para criou um Prêmio de Excelência em anos até Tóquio assistir a alguns
engenharia de estruturas, em BIM, para que os interessados possam jogos. A pescaria é outro grande
conjunto com a ABECE, redigiram apresentar os projetos elaborados em hobbie – vou ao Pantanal e a rios
um documento estabelecendo regras BIM. Essas ações são importantes da bacia amazônica todos os anos,
e procedimentos a serem seguidos para que o mercado possa ter acesso sempre na companhia de engenheiros
para estreitar o relacionamento entre ao conhecimento, exemplos práticos extraordinários. A pescaria é um
empresas de software e projetistas de aplicação e saber como iniciar a hábito que foi iniciado pelo engenheiro
de estruturas. O SINDUSCON/SP implantação de BIM. Gabriel Feitosa. Além de futebol e
promove anualmente um Simpósio pescaria, também gosto de cinema e
sobre estruturas e um outro mais IBRACON – Quais seus hobbies? O que teatro, mas estou com pouco tempo
especificamente sobre BIM, onde a gosta de fazer em seu tempo livre? livre atualmente devido à atenção
informática e as novas tecnologias Nelson Covas – Indubitavelmente, dada aos queridos netos.

CONCRETO & Construções | 23


u 58º CBC

Atividades do Congresso
motivam profissionais e alunos
a aprenderem mais sobre
o concreto e a pensarem
sua profissão
R
eunidos em Belo Horizonte, destrutivos (15), gestão e normalização nados pelo diretor de pesquisa e desen-
de 11 a 14 de outubro, 1037 (13), materiais e propriedades (245), volvimento do IBRACON, Leandro Trau-
profissionais e estudan- projeto de estruturas (85), métodos twein, e pelo professor da Universidade
tes participaram das atividades e dos construtivos (35), materiais e produtos de Uberlândia, Antonio Carlos dos San-
debates ocorridos no 58º Congresso específicos (46), sistemas construtivos tos. “Na sessão científica que coordenei
Brasileiro do Concreto, evento técnico- específicos (22) e sustentabilidade (95) juntamente com o Prof. César Daher
-científico de divulgação da tecnologia nos anais do evento. foram apresentados dez trabalhos de
do concreto e seus sistemas construti- Esses trabalhos, submetidos por primeira linha, muito interessantes. Ob-
vos, promovido pelo Instituto Brasileiro pesquisadores de instituições de ensino servei também que os autores obede-
do Concreto (IBRACON). e pesquisa, e centros de pesquisa, de- ceram ao tempo disponível para cada
Foram apresentados 614 trabalhos senvolvimento e inovação de empresas, apresentação e que o auditório, lotado,
nas sessões orais e pôsteres e publica- do Brasil e do exterior, foram avaliados participou ativamente com muitas per-
dos 678 artigos técnico-científicos so- e aprovados pelos 171 integrantes da guntas”, registrou o moderador de uma
bre análise estrutural (119), ensaios não comissão científica do evento, coorde- das sessões, Prof. Paulo Helene.

Congressistas no momento de execução do Hino Nacional na cerimônia de abertura do 58º Congresso Brasileiro do Concreto

24 | CONCRETO & Construções


pesquisas cien- durabilidade das estruturas de concre-
tíficas que vêm to, ampliada pela ação física de colma-
sendo realiza- tação dos poros, evitando a entrada de
das no Nanocem agentes agressivos, e pela adequada
para uma melhor combinação química desses materiais,
compreensão da aprisionando íons que poderiam parti-
Autor de trabalho técnico-científico apresenta seu pôster cinética de rea- cipar de reações deletérias, tem-se um
para congressistas numa das sessões
ção dos materiais menor impacto ambiental na constru-
Clímax das apresentações e dis- cimentíceos suplementares, como as ção em concreto, com a redução das
cussões sobre o concreto foram as escórias de alto forno e as cinzas vo- emissões de CO2.
conferências plenárias, nas quais es- lantes. O autor concluiu que a mode- Hugo Corres Peiretti, professor de
pecialistas estrangeiros trouxeram o lagem dos compósitos com base nas estruturas de concreto da Universidade
estado da arte das pesquisas e cons- reações de hidratação dos materiais Politécnica de Madrid (Espanha), vice-
truções em concreto. Donald Macphee, cimentíceos (materiais suplementares -presidente da fib (Federação Internacio-
professor de química da Universidade e cimento) pode fornecer base teórica nal do Concreto) e fundador da empresa
de Aberdeen, na Escócia, e pesquisa- e prática para substituição, em maiores de projetos Fhecor, abordou o tema da
dor do Nanocem, consórcio europeu proporções, do clínquer por materiais engenharia para um mundo mais sus-
de pesquisadores direcionado para a energeticamente menos nobres. Com tentável da perspectiva dos projetos.
pesquisa sobre o cimento, expôs as isso, além das vantagens em termos de Segundo ele, a sustentabilidade é um

II Seminário sobre Obras Emblemáticas

O
II Seminário sobre Obras Emblemáticas, ocorrido no 58º Congresso particularidades envolvidas nas concepções de projeto.
Brasileiro do Concreto, foi um sucesso. Liderada pelo Prof. Paulo Após o coffee break houve uma excelente apresentação sobre os
Helene e pelo Dr. Carlos Britez, a primeira versão do evento, em desafios envolvidos na concretagem da cúpula do Teatro Digital. Foi
Natal, teve a participação de cerca de 80 congressistas. Neste ano, uma apresentação bem diferenciada, pois envolveu três palestrantes:
em Belo Horizonte,esse número mais que dobrou, com a participação o arquiteto Samuel Kruchin (Kruchin Arquitetura) discerniu sobre
aproximada de 200 congressistas e as ilustres presenças do Prof. Augusto a concepção de projeto, inclusive sobre a inspiração da cúpula
Carlos Vasconcelos, Eng. Bruno Contarini, Eng. José Luiz Varela, Eng. relacionada com uma concha marinha; a projetista Neide Góes (NG
Antonio Palmeira, Eng. Jefferson Dias de Souza Júnior, além de notáveis Engenharia) abordou as particularidades e desafios para materializar
pesquisadores, pós-graduandos, estudantes e professores. o sonho do projeto arquitetônico, através de modelos físicos e de
Realizado na tarde do dia 14 de outubro, o II Seminário sobre Obras dimensionamento, com auxílio de softwares baseados no método de
Emblemáticas tratou de temas relacionados com desafios em projetos elementos finitos; e, finalmente, o Eng. Pedro Bilesky (PhD Engenharia)
diferenciados no cenário nacional. A palestra de abertura, apresentada tratou dos aspectos de dosagem e lançamento do concreto projetado
pelo Dr. Carlos Britez (PhD Engenharia), foi sobre a obra do Museu da e suas especificidades para cumprir com os requisitos estéticos do
Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ), trazendo abordagens projeto, no que tange especialmente à superfície externa irregular e
distintas das engenhosidades empregadas na execução da laje rugosa da casca.
de subpressão, dos pilares inclinados e dos grandes paredões das Para fechar com chave de ouro, a Engª Suely Bueno (JKMF)
fachadas, em concreto aparente. Logo após, houve uma interessante apresentou diversos projetos especiais e abordou temas pouco
palestra do Eng. Roberto Amaral (CTMSP), abordando os desafios explorados, como considerações específicas de geometria,
nas concretagens dos prédios do Laboratório de Geração de Energia estabilidade, vento, sismo e outras condicionantes para garantia, além
Eletronuclear (LABGENE) do submarino atômico da Marinha do Brasil, com da segurança estrutural, de uma longínqua vida útil de projeto, com
uso exponencial de concreto do tipo autoadensável, inclusive tratando muitos estudos de casos.
de um elemento de sacrifício (protótipo em escala real), que será fruto O público presente interagiu bastante no final, fazendo perguntas e
de pesquisas permanentes sobre o material concreto. Na sequência, debatendo com os palestrantes. Foi um debate sadio, profícuo
o Eng. Helcio Moraes (PERI do Brasil) explanou sobre os grandes e esclarecedor.
desafios relacionados aos sistemas especiais de fôrmas e escoramentos
nas concretagens da obra do Museu do Amanhã, inclusive sobre as Relato de CARLOS BRITEZ

CONCRETO & Construções | 25


u 58º CBC

conceito recente, surgido em 1987, que materiais usa-


significa, em termos gerais, o desenvolvi- dos na fabrica-
mento comprometido com o futuro das ção do cimento,
nossas vidas, que envolve fatores econô- pelas pesquisas
micos, sociais e ambientais, e que pre- científicas que
cisa ser assimilado pelos seres humanos vem sendo de-
por meio da educação e da cultura. Essa senvolvidas na Hugo Corres Peiretti, ao lado do presidente do IBRACON,
Julio Timerman, responde a perguntas do auditório no final de
assimilação progressiva do conceito de academia sobre sua palestra
sustentabilidade tem acontecido no se- concretos mais
tor construtivo pela consciência cada vez duráveis, de melhor desempenho e de construções, que procuram atestar
maior de seus integrantes quanto ao forte de menor impacto ambiental, pelo uso a economia no uso de recursos e a miti-
impacto ambiental do setor de constru- mais eficiente de recursos em estrutu- gação de impactos nas fases de projeto,
ção, pela diminuição das emissões de ras com desempenho otimizado por execução e uso dessas construções.
dióxido de carbono pela indústria cimen- meio de projetos bem feitos, que levam O palestrante destacou também
teira mundial por meio da incorporação em consideração o ciclo de vida dessas que a sustentabilidade está incorporada
de novas tecnologias, processos e de construções, e de selos de certificação na estrutura organizacional da fib, que,

III Seminário Sobre Pesquisa e O

N
o dia 12 de outubro de 2016, no 58° Congresso Brasileiro do a vasta aplicação, bem como as diversas pesquisas realizadas com
Concreto, ocorreu o III Seminário sobre as pesquisas e a utilização o CAA. A utilização do CAA em obras civis no Brasil ainda é muito
do concreto autoadensável em nosso país. O Seminário foi baixa, sendo a indústria de pré-moldados e pré-fabricados a maior
presidido pelo professor Bernardo Fonseca Tutikian, com a presença consumidora, porque os empresários já notaram que a utilização
de uma ampla plateia e bastante variada, com participações desde deste material é de fato uma solução para diversos problemas que as
professores, pesquisadores, profissionais liberais, empresas e alunos. empresas possuem.
Os assuntos tratados no seminário foram os mais diversos, passando Ao encontro a este tema, Jadna Füchter apresentou um case de
pela tecnologia dos aditivos desenvolvidos para a execução dos sucesso em duas empresas localizadas no estado do Rio Grande do
CAA, aplicações especiais do concreto em diferentes situações, Sul, uma produz postes de concreto, a outra empresa, elementos
a propriedade do concreto no estado fresco, como a robustez da construtivos para pavilhões e placas de concreto. Ambas as empresas
mistura, e alguns estudos de caso nos quais a utilização do CAA se substituíram o concreto convencional pelo concreto autoadensável.
mostrou uma solução técnica de grande impacto, trazendo maior Além de melhorar a qualidade dos seus produtos, as empresas
qualidade ao elemento desenvolvido, proporcionando, assim, maior tiveram uma grande vantagem quanto à redução do ruído a que seus
durabilidade, e também foi apresentado um resumo da revisão colaboradores estavam sendo submetidos diariamente.
da norma de concreto autoadensável (ABNT NBR 15823), que foi A palestrante mostrou também os custos envolvidos. Ambas as
posteriormente aprovada para ser posta em consulta pública. empresas não tiveram que realizar grandes modificações em suas
Participaram do seminário, como ministrantes, pessoas referência na instalações para a produção dos concretos autoadensáveis, foi
área, tais como: engenheiro civil Augusto Gil, mestrando do curso de realizado um trabalho em conjunto unindo a universidade, a empresa
Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio e a fornecedora dos matérias, buscando viabilizar a implantação
dos Sinos e pesquisador do instituto tecnológico em desempenho desta tecnologia nas fábricas. Os custos de produção do concreto
das edificações itt Performance; da mesma instituição, participou autoadensável, se comparados com os do concreto convencional,
o graduando em Engenharia Civil, Cristyan Rissardi; participaram tiveram um aumento de aproximadamente 8%. Porém, deve-se avaliar
ainda do Seminário a Professora Mônica Barbosa, da instituição PUC o sistema como um todo. Os benefícios trazidos pela implantação do
Campinas, o professor Carlos Britez, da PhD Engenharia, o mestre em concreto autoadensável nas empresas foram evidenciados por todos
engenharia, Ricardo Alencar, da ERCA Brasil, e também a engenheira os colaboradores das empresas. A palestrante apresentou números
civil, Jadna Füchter, representante da Votorantim Cimentos. comprovando as diversas vantagens em se utilizar este material em
Cada palestrante trouxe para uma grande discussão temas indústria de pré-fabricados ou pré-moldados.
relevantes para a especificação, utilização e produção dos concretos Carlos Britez apresentou algumas aplicações do concreto autoadensável
autoadensáveis. Na palestra ministrada por Augusto Gil, foi discutida no sistema de paredes de concreto em diferentes estados do Brasil.

26 | CONCRETO & Construções


além de uma comissão dedicada a ela, 2020 vai incluir a sustentabilidade entre em projetos estruturais para edificações
possui subcomissões dentro de outras seus princípios gerais e estendê-la aos e infraestrutura, e professor do Depar-
comissões, como a de estruturas, de requerimentos de desempenho relativos tamento de Estruturas na Universidade
pré-fabricação e de durabilidade, que à segurança e funcionalidade (redun- Nacional do México (UNAM), abordou
se dedicam a pensar e desenvolver o dância de elementos estruturais), além os sistemas estruturais e os materiais
conceito. Como resultado disso, a fib de explicitá-la entre os requerimentos de usados na construção de edifícios al-
lançou diversos boletins dedicados a desempenho ambiental. “O novo Códi- tos no México, região com uma ge-
diferentes aspectos da sustentabilidade, go Modelo da fib será o produto de es- ologia complicada, caracterizada por
o fib Mode Code 2010 para Estruturas forços da comunidade internacional na solos moles, sujeita a terremotos e fu-
de Concreto incluiu o desempenho am- elaboração de uma norma internacional racões. Segundo dados do Conselho
biental entre os requerimentos a serem para incorporar as diferentes dimensões sobre Edifícios Altos e Habitat Urbano
levados em conta como dados de entra- da sustentabilidade no projeto de estru- (CTBUH,na sigla em inglês), a maior
da para a elaboração do projeto de es- turas de concreto”, concluiu Peiretti. parte dos edifícios altos está na Ásia
truturas, o que implica a estipulação de Roberto Stark, presidente da (64%) e no Oriente Médio (21%), sendo
uma longa vida útil para as construções Stark+Ortiz, empresa de consultoria si- que 73% dos edifícios altos no mun-
na fase de projeto, e o fib Mode Code tuada na Cidade do México, envolvida do utilizam o concreto como sistema

bras em Concreto Autoadensável


O palestrante enfatizou a necessidade de verificar a qualidade do
concreto produzido, ainda em seu estado fresco, sendo necessário
realizar ensaios que possam garantir a aceitação do concreto antes
do lançamento do mesmo nas fôrmas. Foram apresentadas diversas
situações nas quais o pesquisador teve que intervir para realizar
melhorias no processo construtivo, a fim de garantir a qualidade dos
elementos estruturais que estavam sendo produzidos.
O palestrante Ricardo Alencar apresentou os diversos aditivos
aplicados na produção, não só dos concretos autoadensáveis, mas
também de outros materiais à base de cimento. A evolução dos
concretos, sem sombra de dúvidas, se dá ao avanço tecnológico
desenvolvido dos aditivos para concreto. Mesa com o coordenador e os palestrantes no
A evolução dos aditivos utilizados para a produção do concreto Seminário para debate com o auditório
autoadensável faz com que a produção do concreto apresente
as características desejáveis no seu estado fresco, sem que haja apresentou de forma sucinta o estudo que está sendo realizado no
grandes variações nos lotes produzidos. Seguindo nesta ideia instituto itt Performance, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
de tornar a produção do CAA mais confiável, Cristyan Rissardi A revisão da norma de concreto autoadensável (ABNT NBR 15823)foi
apresentou a importância de se determinar a robustez nos concretos comentada no seminário pela Profa. Mônica Barbosa, que presidiu os
autoadensáveis. O palestrante apresentou o conceito básico da trabalhos de revisão da norma.
robustez do traço do CAA. A produção em larga escala, as pequenas De forma sucinta e objetiva, o seminário atendeu às expectativas.
variações de pesagem dos materiais e as mudanças constantes das Foi possível perceber o elevado número de pessoas interessadas
propriedades físicas dos agregados, como a granulometria, fazem no tema, de diferentes setores (pesquisadores, alunos, profissionais
com que as variações no produto final sejam notadas, principalmente liberais, fabricantes, fornecedores de produtos entre outros). O
no estado fresco. Foram ilustrados inúmeros fatores que levam à seminário se mostrou, mais uma vez, um excelente evento, onde
perda de robustez nos traços do CAA, bem como alguns métodos todos os envolvidos com a construção civil podem buscar se
utilizados para a avaliação dessa primordial propriedade do concreto. aprofundar sobre o assunto.
Cristyan mostrou as pesquisas já realizadas com relação à robustez
dos traços e também pode expor algumas lacunas que ainda não Relato de ROBERTO CHRIST
são bem conhecidas pelo meio técnico, e, a fim de supri-las, ele Diretor Regional do IBRACON no Rio Grande do Sul

CONCRETO & Construções | 27


u 58º CBC

Mesa com os palestrantes do II Seminário sobre Obras Emblemáticas

construtivo. No México, os edifícios mais cação do CAA na indústria e no can- cionados aos desafios em projetos
altos possuem em média 200 metros, teiro de obras – o Seminário contou diferenciados no cenário nacional
utilizando caracteristicamente um con- com o patrocínio da Capes, Erca e (veja box);
creto com fck de 70Mpa nas suas co- Votorantim Cimentos (veja box); u I Seminário sobre Boas Práticas na
lunas. O ensaio de túnel de vento é um u I Seminário sobre o Ensino de Execução de Estruturas de Con-
requisito indispensável na construção Engenharia Civil, que debateu a creto, onde foram apresentadas as
de edifícios altos no México, em razão qualidade e atualidade do ensino de boas práticas em projetos de lajes
dos fortes ventos e furações frequentes engenharia nas escolas brasileiras, planas, na execução de capitéis de
no país. Outro requisito na construção trazendo recomendações para a lajes nervuradas, na compra e rece-
desses edifícios é o uso de dissipadores reestruturação curricular, para dar bimento do concreto e na execução
de energia, seja com fluidos viscosos, maior autonomia aos alunos e para de edificações, bem como práticas
seja por reação de massas sintonizadas, um aprendizado mais proativo, que preventivas de patologia em obras
para conferir resiliência a terremotos às concilie teoria e prática (veja matéria de concreto.
construções. Segundo o palestrante a nesta edição); Os ensaios não destrutivos fo-
protensão tem sido um sistema bastan- u I Simpósio sobre Ensaios não Des- ram ainda explanados num curso de
te usado na construção dos edifícios al- trutivos para Estruturas de Con- atualização profissional, que integra
tos no México, pois é capaz de viabilizar creto, que traçou um panorama o Programa Master em Produção de
economicamente sua construção, ao das aplicações de ensaios, como Estruturas de Concreto (Master PEC),
propiciar a execução de cada piso em tomografia, frequência ressonante sistema de cursos de educação conti-
até cinco dias. forçada, ultrassonografia, esclero- nuada do IBRACON. Com carga horá-
metria e potencial de corrosão, nas ria de oito horas, o curso foi ministra-
EVENTOS PARALELOS estruturas de concreto para avaliar do pelos profissionais Rodrigo Duarte
Nesta edição do Congresso foram re- suas propriedades, componentes (Proceq), Rodrigo Moysés Costa (Ul-
alizados os seguintes eventos paralelos: e condições – o Simpósio contou traLab Engenharia Diagnóstica), Ênio
u III Seminário sobre Pesquisas e Obras com o patrocínio da Proceq e apoio Pazini Figueiredo (UFG), Maria Teresa
em Concreto Autoadensável, onde institucional da Universidade Fede- Paulino Aguilar (UFMG) e Paulo Helene
especialistas expuseram as proprie- ral de Goiás (UFG) e Universidade (PhD Engenharia). Aulas práticas foram
dades que caracterizam o CAA, os Federal de Minas Gerais (UFMG); realizadas no Laboratório de Carac-
ensaios normalizados para atestar u II Seminário sobre Obras Emble- terização de Materiais de Constru-
essas propriedades e casos de apli- máticas, que tratou de temas rela- ção Civil e Mecânica da Universidade

28 | CONCRETO & Construções


Federal de Minas Gerais, onde foram Construção Indus-
realizados os ensaios de ultrassona- trializada de Con-
grafia, tomografia, medição da profun- creto (Abcic), desde
didade de carbonatação com aspersão 2007, e o curso de
de fenolftaleína, avaliação do potencial projeto de lajes em
de corrosão das armaduras, ensaio concreto armado e
de resistividade elétrica volumétrica e protendido (minis-
aplicação de nitrato de prata. “Os 30 trado pelo engenhei-
alunos do curso interagiram ativamen- ro da EBPX, Fábio
te com os instrutores, transformando Albino de Souza).
o curso num importante momento de Consolidando
aprendizado e troca de experiências”, as discussões ocor-
avaliou o instrutor e diretor regional do ridas no Comitê
IBRACON em Minas Gerais, Rodrigo Técnico IBRACON/ Profª Maria Teresa Paulino Aguilar no curso sobre ensaios
Moysés Costa. ABECE sobre Uso não destrutivos
Outros dois cursos do Master PEC de Materiais não
oferecidos durante o Congresso foram Convencionais para Estruturas de construção da Ponte Rio Niterói. Con-
o curso de pré-fabricados de con- Concreto, Fibras e Concreto Reforça- tarini participou também de uma ses-
creto (ministrado pelo engenheiro da do com Fibras (CT 303), desde 2011, são de autógrafos de sua biografia “O
CAL-FAC Consultoria e Engenharia, foi lançada durante o Congresso a mestre da arte de resolver estruturas”,
Carlos Franco), uma parceria entre o Prática Recomendada “Projeto de Es- escrita pelo jornalista Nildo Carlos Oli-
IBRACON e a Associação Brasileira da truturas de Concreto Reforçado com veira, no estande do IBRACON.
Fibras”, que traz os requisitos mínimos
de projeto de estruturas de concre- ATIVIDADES TÉCNICAS
to reforçado com fibras, inclusive as DE RELACIONAMENTO
apoiadas em meio elástico, como os Concursos técnicos entre estudan-
pisos, revestimentos de túneis e pro- tes de Engenharia Civil, Arquitetura e
teção de encostas (veja matéria nesta Tecnologia aconteceram na Arena das
edição). Para a Enga. Inês Battagin, Competições, com a participação de
superintendente do Comitê Brasileiro 513 estudantes de 42 universidades e
de Concreto, Cimentos e Agregados instituições de ensino O objetivo des-
da Associação Brasileira de Normas ses concursos é fazer o estudante
Técnicas (ABNT/CB-18) e diretora téc- aplicar o conhecimento adquirido nas
nica do IBRACON, “essa Prática Re- aulas para confecção de uma bola re-
comendada é um projeto pioneiro no sistente de concreto (Concrebol), um
país, que vai auxiliar os trabalhos para pórtico de concreto capaz de resistir
elaboração de uma norma brasileira aos impactos dinâmicos (Aparato de
sobre o tema”. Proteção do Ovo), um corpo de prova
Outro destaque no 58º Congresso cúbico colorido (Concreto colorido de
Brasileiro do Concreto foram as pales- alta resistência) e um projeto arquite-
tras do engenheiro da BC Engenha- tônico e estrutural de uma passarela
ria, Bruno Contarini sobre os desafios de concreto (Ousadia). A premiação
na recuperação do Elevado Joá e os das três equipes mais bem coloca-
Bruno Contarini palestra no Seminário
de Novas Tecnologias métodos executivos empregados na das em cada concurso aconteceu no

CONCRETO & Construções | 29


u 58º CBC

Jantar de Confraternização, que en- de investimento em formação e capa- decisão e às atividades do IBRACON,
cerrou as atividades do 58º Congres- citação técnica. Isto porque no evento adequando-os ao contexto social e or-
so Brasileiro do Concreto(veja matéria temos a oportunidade de conhecer as ganizacional do novo milênio. Dentre
nesta edição). pesquisas sobre o concreto que estão as mudanças realizadas, destaca-se a
A Feira Brasileira das Constru- sendo desenvolvidas na academia e criação da diretoria de Atividades Es-
ções em Concreto - Feibracon reuniu as tecnologias que estão sendo apli- tudantis, em reconhecimento à partici-
as empresas e instituições da cadeia cadas nas obras em nosso país e no pação expressiva dos estudantes nas
produtiva do concreto, para exporem mundo. Além disso, temos o contato edições mais recentes do Congresso
seus produtos e serviços oferecidos no com consultores e projetistas de re- Brasileiro do Concreto. “A nova direto-
mercado construtivo brasileiro e para nome nacional e internacional. É por ria foi criada para fortalecer ainda mais
estreitarem relacionamentos com seus isso que a Votorantim tem patrocinado a integração das novas gerações à
clientes. Os patrocinadores do evento o Congresso”, avaliou o consultor de velha guarda e aos experientes profis-
(Eletronorte, Itaipu, Votorantim Cimen- pesquisa, desenvolvimento e qualida- sionais que participam das atividades
tos, Associação Brasileira de Cimento de da Votorantim Cimentos, Eng. Luiz do IBRACON”, avaliou o presidente do
Portland, Instron Emic, GCP Grace, de Brito Prado Vieira. IBRACON, Eng. Julio Timerman.
MC, Intercement e Proceq) apresen- Por fim, foi realizada no evento a Coroando as atividades sociais do
taram palestras técnico-comerciais no 29ª Assembleia Geral do IBRACON, Congresso foram premiados na so-
Seminário das Novas Tecnologias, que onde seus associados reuniram-se lenidade de abertura os profissionais
aconteceu no auditório principal do Mi- para debater assuntos relacionados de destaque do ano e as melhores
nascentro, no primeiro e segundo dias. ao Instituto e aprovaram o novo Esta- teses de doutorado na área de es-
“A Votorantim trouxe para o 58º tuto do IBRACON, que passou a reger truturas e de materiais (veja matérias
Congresso Brasileiro do Concreto sua suas atividades. Atualizando o Estatu- nesta edição).
equipe técnica e comercial e convidou to de 2006, o novo Estatuto procurou
seus clientes em razão de sua política dar mais agilidade aos processos de FÁBIO LUÍS PEDROSO
CRÉDITOS: ALESSANDRO CARVALHO

Congressistas visitam a Feibracon no evento

30 | CONCRETO & Construções


Prêmios de destaque do ano
F
oram homenageados na cerimônia de abertura do leiro do Concreto por suas contribuições para a divulgação e
58º Congresso Brasileiro do Concreto, no dia 11 de para o progresso do conhecimento científico e técnico sobre
outubro, no Minascentro, os profissionais indicados o concreto e seus sistemas construtivos.
por seus pares em votação aberta no site do Instituto Brasi- Confira os agraciados!

à Prêmios de Destaque 2016

PRÊMIO EMILIO BAUMGART | Destaque do Ano em Engenharia Estrutural


ENG. AUGUSTO GUIMARÃES PEDREIRA DE FREITAS

n Augusto é da turma de 1988 da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde rece-
beu prêmio de melhor aluno das cadeiras de estruturas de concreto e de materiais.

n Especializado em projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e


pré-moldados de concreto.

n Coordenou a norma ABNT NBR 16475: 2016 – Painéis de Parede de Concreto Pré-Moldado.

n É titular da Pedreira de Freitas Engenharia, desde 1993, e exerce atualmente o cargo de


Eng. Augusto Pedreira de Freitas Presidente da Abece – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, onde foi
posa com o prêmio entregue
pelo presidente do IBRACON, sócio fundador e participa da diretoria desde 2001.
Eng. Julio Timerman

PRÊMIO LIBERATO BERNARDO | Destaque do Ano Como Tecnologista em Laboratório de Concreto


JOSÉ FLAUZINO MOREIRA

n José Flauzino atua como chefe de laboratório desde 1998, sendo responsável pelo controle
tecnológico de cerca de 8,5 milhões de metros cúbicos de concreto convencional e de 1,6
milhões de metros cúbicos de concreto compactado com rolo.

n Como chefe de laboratório atuou nas Usinas Hidrelétricas de Lajeado, Peixe Angical, São
Salvador e Santo Antonio.

n Atualmente, é Chefe de Laboratório da Hidrelétrica de Belo Monte, onde, além de realizar o


controle tecnológico na produção e aplicação do concreto, elabora estudo de dosagens e de
José Flauzino Moreira recebe aditivos, e exerce o controle da central de britagem de agregados para concreto. Também
o prêmio da diretora técnica do
IBRACON, Engª Inês Battagin idealizou o Sistema Autolab, que modernizou a forma de controle do concreto.

CONCRETO & Construções | 31


u 58º CBC

PRÊMIO FRANCISCO DE ASSIS BASÍLIO | Destaque do Ano em Engenharia na Região do Evento


PROFª SOFIA MARIA CARRATO DINIZ

n Engenheira Civil e Mestre em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal de Minas Gerais,
em 1979 e 1988, respectivamente.

n PHD em Engenharia Estrutural pela Universidade do Colorado, em 1994, foi professora vi-
sitante na Universidade de Pittsburg, de 1999 a 2000, e pesquisadora convidada no NIST
– Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia, de 2001 a 2002, nos Estados Unidos.

n É professora da UFMG, pesquisadora do CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-


tífico e Tecnológico, “fellow” do ACI – American Concrete Institute, especialista no comitê
Profª Sofia Diniz recebe o prêmio sobre concreto armado e protendido da ISO – Organização Internacional de Padronização e
do diretor de eventos do IBRACON,
Prof. Bernardo Tutikian Membro do Conselho Técnico de Atividades do IBRACON.

PRÊMIO EPAMINONDAS MELO DO AMARAL FILHO | Destaque do Ano em Engenharia de Projeto


e Construção de Concreto de Alto Desempenho

ENG. WANDERLEY GUIMARÃES CORRÊA

n Wanderley é engenheiro civil formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
em 1959.

n Foi responsável pelos laboratórios de cimento e concreto do INT - Instituto Nacional de Tecnolo-
gia, de 1961 a 1969, e da ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland, de 1969 a 1974.

n Nas empresas Concremat, Hidroservice, Themag e Engevix, como responsável pelo setor de
tecnologia do concreto, participou de obras, como Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Sobradinho
e Itaipu.
Eng. Wanderley Corrêa recebe
o prêmio do diretor de relações
n Fundador do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto, onde foi tesoureiro, de 1973 a 1980,
institucionais do IBRACON,
Prof. Paulo Helene e de quem recebeu o Prêmio Ary Frederico Torres, em 1988, como Destaque do Ano em
Tecnologia do Concreto.

n Foi professor de Materiais de Construção Civil na Faculdade de Itajubá, de 1977 a 1992.

n Atualmente, é diretor da W.G. Corrêa Consultoria, tendo sido o responsável pelas obras
da laje flutuante do Museu de Arte, Museu do Amanhã, Ponte Estaiada do Fundão e BRT
Barra-Galeão.

32 | CONCRETO & Construções


Prêmios de destaque do ano
à Prêmios de Destaque 2016

PRÊMIO FERNANDO LUIZ ALFREDO FALCÃO BAUER | Destaque do Ano em Engenharia


no Campo das Pesquisas do Concreto e Materiais

DENISE CARPENA COITINHO DAL MOLIN

n Denise Dal Molin é engenheira civil (1982), mestre (1988) pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e doutora em Engenharia Civil (1995) pela Universidade de São Paulo.

n Professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, orientou 75 mestres e 38


doutores, principalmente nas áreas de Tecnologia do Concreto, Aproveitamento de Resíduos
em Materiais Cimentícios, Durabilidade e Patologia das Estruturas de Concreto.

n Autora de mais de 530 artigos publicados em congressos e periódicos nacionais e internacio-


nais, além de 1 livro e 8 capítulos de livro.
Profª Denise Dal Molin
posa com prêmio recebido
n Foi coordenadora do programa de pós-graduação e diretora da Escola de Engenharia da
do diretor tesoureiro do IBRACON,
Prof. Cláudio Sbrighi Neto UFRGS, na gestão 2008-2012.

PRÊMIO OSCAR NIEMEYER SOARES FILHO | Destaque do Ano como Arquiteto


SAMUEL KRUCHIN

n Kruchin é titular do Escritório Kruchin Arquitetura, onde desenvolve projetos de edifícios ins-
titucionais, residenciais e corporativos, desenho urbano e restauro, como a Fábrica Santa
Helena e o Memorial à Poesia Brasileira João Cabral de Melo Neto, premiados na 3ª e 5ª
Bienal de Arquitetura, respectivamente;

n Mestre em estruturas ambientais urbanas pela FAU-USP, coordenador dos Cursos de Espe-
cialização “Patrimônio Arquitetônico – Teoria e Projeto”, e autor de “Uma Poética da História
- Obra de Restauro”.

Arquiteto Samuel Kruchin posa com


prêmio recebido do diretor
2º tesoureiro do IBRACON,
Nelson Covas

CONCRETO & Construções | 33


u 58º CBC

Teses de doutorado premiadas


N a cerimônia de abertura do 58º Congresso Brasileiro
do Concreto foram premiadas as melhores teses de
doutorado sobre o concreto cadastradas no Banco de Teses
diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON, Prof. Lean-
dro Mouta Trautwein, a melhor tese na área de materiais e a melhor
tese na área de estruturas, dentre as teses cadastradas defendidas
e Dissertações do IBRACON. no período de 1º de março de 2014 a 28 de fevereiro de 2016.
Foram escolhidas pela comissão julgadora, coordenada pelo Confira os agraciados!

à Prêmios de Teses e Dissertações 2016

PRÊMIO MELHOR TESE EM ESTRUTURAS PRÊMIO MELHOR TESE EM MATERIAIS


Aplicação de Mantas de Polímeros Reforçados A Problemática dos Concretos Não Conformes
com Fibra de Carbono (PRFC) Como Reforço e Sua Influência na Confiabilidade de Pilares de
à Punção em Lajes Lisas de Concreto Armado Concreto Armado

Autor Autor
Galileu Silva Santos Fabio Costa Magalhães

Orientador Orientador
Prof. Guilherme Sales Soares de Azevedo Melo Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho

Universidade Universidade
Universidade de Brasília Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Galileu Silva Santos (dir.) posa com prêmio entregue Fábio Costa Magalhães (esq.) recebe prêmio do
pelo diretor regional do IBRACON em Minas Gerais, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON,
Eng. Rodrigo Moysés Costa Leandro Trautwein

34 | CONCRETO & Construções


Concursos estimulam
estudantes a aprenderem
competindo
P
ara contribuir com a forma- No 58º Congresso Brasileiro do de 26 instituições, com 26 corpos de
ção dos alunos dos cursos Concreto, ocorrido de 11 a 14 de outu- prova; e o 9º Ousadia, no qual compe-
de graduação em Engenharia bro, no Minascentro, em Belo Horizon- tiram 149 alunos, com nove projetos
Civil, Arquitetura e Tecnologia, o Instituto te, foram realizados o 23º Aparato de de dez instituições.
Brasileiro do Concreto organiza anual- Proteção ao Ovo, que contou com a Além do aprendizado propiciado
mente concursos técnicos, estimulando participação de 14 equipes, formadas pela interação dos membros de cada
a competição saudável entre os estudan- por 338 estudantes, que concorreram equipe, inclusive com seus professo-
tes. Podem participar desses concursos com 21 pórticos; o 13º Concrebol, no res orientadores, no momento em que
os alunos regularmente matriculados em qual competiram 288 estudantes de os estudantes precisam mobilizar seus
instituições de ensino superior, técnico e 23 instituições, com 23 bolas; o 3º Co- conhecimentos para superar o desa-
tecnógico do Brasil e do exterior. car, com participação de 299 alunos fio proposto em cada concurso, os

Estudantes e profissionais acompanham as competições estudantis na Arena dos Concursos

CONCRETO & Construções | 35


u 58º CBC

estudantes têm a chance de aprender, e de incentivo aos


no momento das competições, com estudantes. O Con-
seus próprios erros e acertos, e com os crete Lovers foi pa-
erros e acertos dos alunos das outras trocinado pela Equi-
equipes, bem como com os profissio- librata e teve o apoio
nais sêniores que, entre uma palestra e da PhD Engenharia,
outra, vão até a Arena para assistirem Newton e DCR En-
às competições, divulgando seu co- genharia e Projetos.
nhecimento e experiência sobre o con- A premiação
creto aos presentes. das três equipes
A Arena dos Concursos é um es- mais bem coloca-
paço especialmente projetado, com das cada concur-
arquibancadas ao redor das pistas de so aconteceu no
testes, onde os espectadores – alu- Jantar de Confra- Estudantes reunidos para o jantar Concrete Lovers
nos inscritos ou não nos concursos, ternização do 58º
profissionais do setor, empresários Congresso Brasileiro do Concreto, Lima Engenharia. A equipe que apre-
e consultores, professores e pesqui- realizado no Hotel Ouro Minas. Os sentou o melhor desempenho nos
sadores – torcem, emocionam-se, primeiros colocados do APO, Con- concursos ganhou o Prêmio Medalha
trocam impressões, num ambiente crebol e Cocar receberam, cada um, Concreto IBRACON 2016. Por ter so-
envolvente de aprendizado e conhe- prêmio em dinheiro no valor de cinco mado o maior número de pontos nas
cimento. Nesta edição, a Arena dos mil e quinhentos reais, patrocinados competições, a Universidade Federal
Concursos foi patrocinada pela Voto- pelas empresas S&P Reinforcement, da Bahia (UFBA) ganhou a Medalha
rantim Cimentos e os equipamentos Penetron e Lanxess, respectivamen- Concreto 2016, bem como uma licen-
de testes foram gentilmente cedidos te. A equipe vencedora do Ousadia ça estudantil do software da TQS Infor-
pela Instron/Emic. recebeu o prêmio de 11 mil reais, mática para cada membro da equipe.
Com vistas a tornar a experiência patrocinado pela empresa Mendes Conheça a seguir os premiados!
ainda mais cativante, os inscritos nos
concursos são incentivados a buscar
patrocínios para seus projetos e parti-
cipam gratuitamente de um jantar com
palestras e sorteios. Tudo para incen-
tivar ainda mais a integração entre os
estudantes e destes com os profissio-
nais da cadeia produtiva do concreto.
Na edição deste ano o jantar – conhe-
cido por Concrete Lovers – aconteceu
no dia 12 de outubro, na Churrascaria
Adega do Sul, e contou com as presen-
ças ilustres do projetista Bruno Conta-
rini, do professor Paulo Helene, do pro-
fessor Augusto Carlos Vasconcelos, do
presidente do IBRACON, Julio Timer-
man, e do engenheiro Carlos Britez,
Nelson Covas entrega Medalha Concreto 2016, concedida à equipe da
que trouxeram mensagens técnicas Universidade Federal da Bahia pelo seu desempenho nos concursos

36 | CONCRETO & Construções


Concurso Aparato de
Proteção ao Ovo (APO)
A
competição desafia o estu- consiste em soltar um
dante a projetar e construir cilindro metálico, com
um pórtico de concreto 50 mm de diâmetro e
armado que seja resistente às cargas massa de 15 kg, de
crescentes de impacto produzidas em alturas progressiva-
ensaio de carregamento dinâmico. O mente maiores. Após
pórtico protege o ovo colocado sob cada impacto, o ensaio
ele, de onde vem o nome do concurso. prossegue se o APO
Os pórticos têm suas dimensões resistir, protegendo o
avaliadas e suas massas determinadas ovo sob ele. Dessa
antes dos ensaios. A precisão dimen- forma, o cilindro é sol-
sional é crítica, sobretudo nas dimen- to para as alturas de
sões das bases, pois o pórtico deve 1, 1,5, 2 e 2,5 metros.
ser encaixado no gabarito, que garante Caso o APO ainda re- Certificado concedido à equipe participante do APO

seu alinhamento em relação ao dispo- sista, o cilindro é solto


sitivo de aplicação da carga. O aparato três vezes, encerrando-se o ensaio. No caso de equipes que tenham inscri-
que não atender os requisitos de for- A pontuação obtida por cada equi- to mais de um APO, a pontuação con-
mato, geometria, dimensão e massa pe é a somatória das alturas de impacto siderada é a do melhor APO. Vence a
do Regulamento do Concurso é auto- resistidas pelo APO antes de o ovo ser equipe que obteve a maior pontuação.
maticamente desclassificado. danificado, seja pela ruptura do APO, Em caso de empate, a equipe vencedo-
O ensaio de carregamento dinâmico seja por cair lascas do APO sobre ele. ra é a do APO com menor massa.

Equipe participante acompanha ensaio


com seu pórtico APO resiste a impacto protegendo o ovo sob ele

CONCRETO & Construções | 37


u 58º CBC

à Premiação APO 2016


1º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade Federal da Bahia (UFBA)

EQUIPE
Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna
Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento
Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha,
Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo,
Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva

ORIENTADORES
Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado
Paulo Murgel, da S&P
Reinforcement, entrega prêmio a PONTUAÇÕES
equipe vencedora do APO Massa: 3767g | Pontuação: 5

2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Centro Universitário da FEI

EQUIPE
Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos
Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela
Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira,
Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães
Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva

ORIENTADOR
Rui Barbosa de Sousa
Equipe segunda colocada com
prêmio APO PONTUAÇÕES
Massa: 3774g | Pontuação: 5

3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)

EQUIPE
Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha
Restelatto, Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron

ORIENTADORAS
Angela Zamboni Piovesan, Jhulis Marina Carelli

PONTUAÇÕES
Massa: 3052g | Pontuação: 3
Equipe da Unoesc posa com prêmio pela
terceira colocação no APO

38 | CONCRETO & Construções


Concurso CONCREBOL
O
CONCREBOL desafia
o estudante a construir
uma bola (esfera) de
concreto leve, com dimensões pré-
-estabelecidas e que seja capaz de
rolar em uma trajetória retilínea. O
concurso testa a habilidade dos estu-
dantes para desenvolver um método
construtivo e para produzir concretos
leves e homogêneos, com bons parâ-
metros de resistência.
Formado por quatro etapas:
u Medição do diâmetro e volume
das bolas de concreto;
u Medição da massa das bolas de
concreto e determinação das Capitão da equipe acompanha ensaio de resistência à compressão de sua bola
de concreto
massas específicas dos concretos
utilizados na confecção dessas u Avaliação da uniformidade física maior pontuação final, calculada se-
bolas; das bolas de concreto por meio gundo a equação:
de um equipamento de
2•P V
impulso, dotado de um PF = x x C1 x F [1]
4 • p • r2 m
pêndulo de 20 kg de
massa com braço de onde:
alavanca de 80 cm, libe- PF é o valor da pontuação final;
rado segundo um ângu- P é a máxima carga no ensaio de re-
lo de 37°, que, ao atingir sistência à compressão (kN);
as bolas, faz com que r é o raio da bola, em metros (m);
elas se movimentem por V é o volume da bola (m3);
uma pista plana de rola- m é a massa da bola, em quilogramas
mento em direção a um (kg);
gol com dimensões de C1 é o coeficiente de uniformidade;
40 cm x 35 cm - chute F é o fator atribuído ao diâmetro da
convertido em gol vale bola em função do desvio médio das
1; não convertido vale três medidas de seu diâmetro.
0,6; No caso de equipes que tenham
u Avaliação da resis- inscrito mais de uma bola, a pontu-
tência à compressão ação considerada é a da bola com
das bolas por meio melhor resultado. Em caso de em-
de ensaio. pate, a equipe campeã é a que con-
Vence o concurso a correu com a bola com menor massa
Equipe participante acompanha ensaio de
uniformidade da bola de concreto equipe que conseguir a específica.

CONCRETO & Construções | 39


u 58º CBC

à Premiação CONCREBOL 2016


1º Lugar
INSTITUIÇÃO
Instituto Mauá de Tecnologia

EQUIPE
Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos,
Carolina Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gus-
sarov, Eduardo Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernan-
des Ferreira, Geovana Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique
Fiorentino, Jacqueline Tchia Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza,
Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Mi-
chel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro
Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vasconcelos Medea, Thomas Hachul Bizuti,
Adair da Rosa, da Penetron, entrega Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga
o prêmio à equipe vencedora
do Concrebol ORIENTADORES
Fábio Selleio Prado, Heloisa Cristina Fernandes Cordon

PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,109m | F: 0,97 | Massa (m): 8,962kg | C1: 1
Carga (P): 339,969kN | Pontuação final (PF): 2,674

2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Centro Universitário da FEI

EQUIPE
Equipe da FEI foi também premiada
Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika
pelo segundo lugar no Concrebol Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel
Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Gar-
cia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli,
Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo To-
manin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva

ORIENTADOR
Equipe da FEI foi também premiada Rui Barbosa de Sousa
pelo segundo lugar no Concrebol
PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,108m | F: 0,99 | Massa (m): 7,608kg | C1: 1
Carga (P): 278,901kN | Pontuação final (PF): 2,633

40 | CONCRETO & Construções


à Premiação CONCREBOL 2016

3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)

EQUIPE
Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha Restelatto,
Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron

Equipe da FEI foi também premiada ORIENTADORAS


pelo segundo lugar no Concrebol Angela Zamboni Piovesan, Jhulis Marina Carelli

PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 219mm | Raio: 0,110m | F: 1 | Massa (m): 9,282kg | C1: 1
Equipe comemora premiação Carga (P): 324,038kN | Pontuação final (PF): 2,548
no Concrebol

Menção Honrosa
INSTITUIÇÃO
Faculdade Católica do Tocantins (FACTO)

EQUIPE
Klicha Kelen Boni Rosa, Jônatas Macêdo de Souza, Danilo Rodrigues Martins, Mirelle de
Souza Neres

Equipe da FEI foi também premiada ORIENTADOR


pelo segundo lugar no Concrebol Alexon Braga Dantas

PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 220mm | Raio: 0,110m | F: 0,97 | Massa (m): 9,476kg | C1: 1
Menção Honrosa à equipe FACTO, Carga (P): 308,484kN | Pontuação final (PF): 2,320
pela terceira melhor resistência do
Concurso CONCREBOL 2016

NOTA: Na avaliação definitiva dos resultados, foi verificado que a equipe da FACTO (Faculdade Católica do Tocantins)
foi a vencedora do 4º lugar do Concurso CONCREBOL, resultado este diferente do divulgado no Jantar de Encerramento
do Congresso. Desta forma e em consideração ao excelente desempenho da equipe, a Comissão Organizadora concede
à equipe FACTO a Menção Honrosa pela terceira melhor resistência do Concurso CONCREBOL 2016.

CONCRETO & Construções | 41


u 58º CBC

Concurso Concreto Colorido


de Alta Resistência (COCAR)
O
objetivo do concurso é
testar a habilidade dos
estudantes na preparação
de concretos resistentes, compactos e
coloridos. Desafiam-se os estudantes a
moldarem um corpo de prova cúbico,
com 10 cm de aresta, com concreto
colorido de alta resistência.
A competição é formada por quatro
etapas:
u Medição das dimensões e massa
dos corpos de prova, e avaliação de
suas colorações com base numa
palheta de cores, com atribuição de
Estudantes posam com seus corpos de prova coloridos antes do ensaio
coeficientes de 0 a 1 (C1); de resistência à compressão do Cocar
u Determinação da compacidade dos
corpos de prova através do ensaio u Avaliação da resistência à compres- especificações do Regulamento do
de velocidade ultrassônica (m/s), com são dos corpos de prova por meio concurso.
atribuição de coeficientes (C2) entre de ensaio; A pontuação final de cada corpo de
0,7 (menor velocidade do concurso) u Inspeção visual dos corpos de pro- prova é calculado pelas expressões:
e 1 (maior velocidade do concurso); va rompidos para ver se atendem às
F
PF = fc . C1 . C2 fc = [1]
d 1 . d2

Onde:
fc é a resistência à compressão do cor-
po de prova (MPa);
F é a máxima carga no ensaio de resis-
tência à compressão (kN);
di são as dimensões das arestas me-
didas na face de ruptura do corpo de
prova (mm);
C1 é o coeficiente de cor;
C2 é o coeficiente de compacidade.
Vence o concurso a equipe com
o corpo de prova que obteve a maior
pontuação final. Em caso de empate, a
equipe vencedora é a do corpo de pro-
Corpo de prova despedaça-se no ensaio de resistência à compressão va com menor massa.

42 | CONCRETO & Construções


à Premiação COCAR 2016
1º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade Federal da Bahia (UFBA)

EQUIPE
Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna
Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento
Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha,
Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo. Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo,
Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva

ORIENTADORES
Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado

Tânia Regina Moreno, da Lanxess, PONTUAÇÕES


entrega prêmio ao vencedor M: 2,6497kg | D1: 101,4mm | D2: 101,8mm | C1: 0,90 | C2: 0,91 | F: 1646,896kN
do Cocar fc: 159,591MPa | PF: 131,073MPa

2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Centro Universitário da FEI

EQUIPE
Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos
Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela
Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira,
Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães
Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva

ORIENTADOR
Rui Barbosa de Sousa

Equipe da FEI com prêmio pela PONTUAÇÕES


segunda colocação no Cocar M: 2,6847kg | D1: 100,8mm | D2: 101,4mm | C1: 0,90 | C2: 0,96 | F: 1502,729kN
fc: 147,007MPa | PF: 126,853MPa

3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Instituto Mauá de Tecnologia

EQUIPE
Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos, Carolina
Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gussarov, Eduardo
Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernandes Ferreira, Geovana
Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique Fiorentino, Jacqueline Tchia
Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza, Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto
de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Michel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza
Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vascon-
celos Medea, Thomas Hachul Bizuti, Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga

Equipe posa com prêmio pela ORIENTADORES


terceira colocação Fábio Selleio Prado, Heloisa Cristina Fernandes Cordon

PONTUAÇÕES
M: 2,3917kg | D1: 100,2mm | D2: 100,5mm | C1: 1 | C2: 0,9 | F: 1408,198kN
fc: 139,840MPa | PF: 126,542 MPa

CONCRETO & Construções | 43


u 58º CBC

Concurso Ousadia
E
laborar um estudo culturais – na definição da so-
para a concepção lução arquitetônica adotada.
de um projeto preli- Preliminarmente, os pro-
minar integrado de arquitetura jetos foram avaliados sob os
e engenharia de uma obra de critérios do sistema constru-
arte em concreto que pos- tivo adotado, com relação à
sibilite a acessibilidade entre sua estabilidade, durabilidade
a Rua Sapucaí e o túnel de e manutenção, recebendo
acesso ao Metrô e à Praça da notas de 1 a 10, pelos mem-
Estação, de modo a promover bros da Abece Inovação:
a requalificação urbanística da Renato Rodrigues Coelho,
Rua Sapucaí e seu entorno, Maquete do projeto vencedor do Ousadia 2016 Luciano Rodrigues Coelho,
no bairro Floresta da cidade Pedro Ribeiro Azevedo, Ana
de Belo Horizonte, em Minas Paula Silveira, Ricardo Ga-
Gerais. Este foi o desafio feito ranhani Neto, Ramon Costa
aos estudantes dos cursos de Nascimento, Daniela Baldas-
Engenharia Civil, Arquitetura sarri e Douglas Couto. Em
e Tecnologia pelo Concurso seguida, os projetos foram
Técnico do IBRACON – Ou- avaliados por uma comissão
sadia 2016. local, formada por represen-
A proposta deve eviden- tantes da Prefeitura de Belo
ciar uma percepção global Horizonte, que atribuiu notas
do local, considerando seus de 1 a 10. Por fim, os projetos
usos, a paisagem urbana, a foram apresentados em três
preservação do patrimônio Maquete do projeto segundo colocado pranchas no tamanho A1 da
cultural, as formas naturais ABNT e numa maquete física,
e as matérias-primas dispo- representada em escala, com
níveis, conciliando-a com o no máximo 1m2 de área, no
uso do concreto, a dimen- Minascentro, e foram avalia-
são e proporções da obra de dos pela comissão julgado-
intervenção. ra do concurso, que atribuiu
Os objetivos do Concurso notas de 1 a 10 a cada um
são: desenvolver a aptidão dos quesitos arquitetônicos
dos alunos na concepção considerados.
de projetos ousados; am- Os três projetos mais
pliar os conhecimentos dos bem pontuados receberam
estudantes sobre a tecno- os prêmios de Vencedor (1º
logia do concreto; aumen- lugar), Destaque (2º lugar) e
Maquete do projeto terceiro colocado
tar o entrosamento entre Mérito (3º lugar). O critério de
estudantes de arquitetura, engenha- importância de se considerar as condicio- desempate foi o menor volume total de
ria civil e tecnologia; e evidenciar a nantes locais – ambientais, econômicas e concreto empregado.

44 | CONCRETO & Construções


à Premiação Ousadia 2016
1º Lugar
INSTITUIÇÃO
Escola de Engenharia de São Carlos | Universidade de São Paulo

EQUIPE
Álison Toledo, Amanda Basso Morelli, Ana Carolina Faria, Caio Agrizzi, Fabiana Granusso, Gabriel
Miranda de Faria, Guilherme Grigio Gabriel, Hugo Lourenço, Ingridth Hopp, João Perdoná, Juan
Leles, Luciane Sobral, Masae Kassahara, Renan Antiqueira, Rodrigo Frederice, Gustavo Baeta

ORIENTADORES
Ricardo Carrazedo, Givaldo Luiz Medeiros, Luciana B. Martins Schenk

PONTUAÇÃO
Carlos Britez, representando a 737
Mendes Lima Engenharia, entrega
prêmio ao vencedor do Ousadia

2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade Presbiteriana Mackenzie

EQUIPE
Adriana Araújo, Augusto Estevão Soares de Souza, Aya Saito, Flávia Leisnoch Lima, Gabriel Bar-
beiro Pisani, Gabriel Gomes de Araújo, Gabriel Martins Ramos, Helena Kaori Gomes Silva, Jéssica
Santana Soares, Juliana Villar Valença, Lígia Oliva Doniak, Luis Fernando Guimarães, Luiza Vianna
Figueiredo, Mauricio Canton Pladevall, Nathalia da Mata, Patrícia Sanvito Bonilha, Paula Leonhardt
Miguel, Paula Patocs Alcântara, Rafaela Chaves Dias Honório, Renato Conceição de Almeida, Talita
Ezequiel dos Santos, Victor Bitancourt Sodré, Victor Hugo Oliveira, Vinicius Silva Caruso

ORIENTADORES
Segunda colocada no Ousadia Alfonso Pappalardo Junior, Eleana Patta Flain, Mauro Claro
posa para foto na premiação
PONTUAÇÃO
712

3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade Federal da Bahia (UFBA)

EQUIPE
Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior,
Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do
Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento,
Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos
Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia
Cordeiro, Flávio Carvalho Silva

ORIENTADORES
Antônio Sérgio Ramos da Silva
Equipe terceira colocada
posa com prêmio PONTUAÇÃO
679

CONCRETO & Construções | 45


u 58º CBC

Comitê Técnico trabalha para


a normalização do concreto
reforçado com fibras
O
concreto reforçado com desconhecimento no meio técnico so- Internationale du Béton), com vistas a
fibras (CRF) é um compó- bre o tema, o que dificulta o uso disse- desenvolver textos técnicos, com base
sito caracterizado por uma minado do CRF. em ensaios, pesquisas e na literatura
matriz cimentícia com fibras descontí- No sentido de contribuir para os técnica, para auxiliar nos trabalhos de
nuas. Usado com a finalidade estru- avanços nessa área, o Instituto Brasileiro normalização referentes ao projeto es-
tural, o CRF tem excelente comporta- do Concreto (IBRACON) e a Associação trutural e procedimentos de controle,
mento nos Estados Limite Último e de Brasileira de Engenharia e Consultoria bem como divulgar as recomendações
Serviço, em elementos estruturais com Estrutural (ABECE) criaram em 2015 o consensuadas entre seus integrantes
substituição parcial ou total das arma- Comitê Técnico de uso de materiais não para o emprego desses materiais.
duras de aço. Sem finalidade estrutu- convencionais para estruturas de con- O CT-303 é formado por quatro gru-
ral, o CRF propicia melhor controle da creto, fibras e concreto reforçado com pos de trabalho, denominados GT- 1
abertura e do espaçamento de fissuras fibras (CT-303), que está sob a coorde- (Estruturas de concreto reforçado com
e favorece a capacidade resistente ao nação do engenheiro da Evolução Enge- fibras), GT-2 (Reforço de estruturas
fogo do concreto, com maior desem- nharia, Marco Antônio Cárnio. existentes de concreto com materiais
penho em serviço e durabilidade. O objetivo do Comitê é integrar a não convencionais), GT-3 (Estruturas
Como o uso de fibras no concreto cadeia da construção voltada ao uso de concreto com armaduras de mate-
não é normalizado no Brasil há certo de materiais não convencionais que riais não convencionais) e GT-4 (Carac-
sirvam ao reforço terização de materiais não convencio-
externo de estru- nais e fibras para reforço estrutural).
turas de concre- As discussões no âmbito dos GT-1
to existentes e ao e GT-4 sobre concreto reforçado com fi-
reforço interno de bras estão em estágio avançado, tendo
estruturas de con- sido realizado em abril/2016 o primei-
creto novas, bem ro Workshop Internacional IBRACON/
como ao concre- ABECE “Concreto Reforçado com
to reforçado com Fibras”, onde foram debatidas impor-
fibras, em con- tantes questões para a normalização
sonância com os técnica do CRF no país, como a ca-
trabalhos desen- racterização e a especificação de fibras
volvidos no âmbito destinadas ao reforço estrutural, as di-
internacional pela retrizes de projeto do concreto reforça-
ISO (International do com fibras, métodos de ensaio para
Organization for a caracterização do CRF como material
Standardization) e estrutural e as perspectivas no uso de
Eng. Marco Antônio Cárnio em sua palestra no lançamento da
Prática Recomendada pela fib (Fédération macrofibras poliméricas, de fibras de

46 | CONCRETO & Construções


tipo de macrofibra e os ensaios para Essa Prática foi concebida para o
avaliação do comportamento mecâni- projeto de elementos estruturais em
co do CRF (como o ensaio à flexão de concreto reforçado com fibras por aná-
prismas de CRF com entalhe e o ensaio lise elástica linear ou não linear, plásti-
por duplo puncionamento do CRF). ca ou por meio de modelos físicos. “A
Prática contempla uma divisão de dois
PRÁTICA RECOMENDADA DE grupos de estruturas: elementos estru-
PROJETO DE ESTRUTURAS DE turais de CRF que apresentam capa-
Prática Recomendada “Projeto de CONCRETO REFORÇADO cidade de redistribuição de esforços,
Estruturas de Concreto Reforçado
com Fibras
COM FIBRAS considerando a interface com o meio
Fruto do trabalho do GT-1 do CT elástico (Grupo A) e outros elementos
vidro e de fibras de aço para reforço do 303, foi lançada no 58º Congresso Bra- estruturais de CRF, como elementos
concreto. Atualmente encontra-se em sileiro do Concreto a Prática Recomen- lineares, de superfície ou de volume
discussão o procedimento de contro- dada “Projeto de Estruturas de Concreto (Grupo B)”, esclareceu Cárnio no lança-
le da qualidade do concreto reforçado Reforçado com Fibras”, que estabelece mento e apresentação da publicação.
com fibras, sendo que os membros do os requisitos mínimos de desempenho Baseada nas referências normati-
GT-4 têm se encontrado nas primeiras mecânico do concreto reforçado com vas Mode Code 2010 da fib e no Ane-
sextas-feiras de cada mês na Escola fibras para a substituição parcial ou total xo 14 da Instrução do Concreto Estru-
Politécnica da USP, para debater, entre das armaduras convencionais nos ele- tural do Governo Espanhol, a Prática
outros assuntos, o controle do teor de mentos estruturais de concreto e indica Recomendada está também alinhada
fibras no concreto no estado fresco, o ensaios para a avaliação do comporta- com as discussões do Subcomi-
modo de preparo do CRF para cada mento mecânico do CRF. tê de materiais não convencionais de

u Principais Atividades dos Comitês Técnicos em 2016

CT -201 Comitê Técnico Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15577,
IBRACON de Reação norma brasileira que estabelece os requisitos e critérios para avaliação e prevenção da reação álcali-agregado
Álcali Agregado (composta de seis Partes)
Desenvolvimento da Prática Recomendada “Aplicação da ABNT NBR 15577 para avaliação e prevenção da RAA”
CT -202 Comitê Técnico Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15823, norma que
IBRACON de Concreto estabelece como deve ser realizado o controle e a aceitação do concreto autoadensável no estado fresco e traz o
Autoadensável detalhamento dos ensaios (composta de seis Partes)
Realização do III Seminário sobre Pesquisas e Obras em Concreto Autoadensável, realizado durante o 58º CBC
CT-303 Comitê Realização do Workshop Internacional sobre Concreto Reforçado com Fibras, em abril deste ano nas dependências
IBRACON/ABECE da Escola Politécnica da USP
de Uso de Materiais Desenvolvimento da Prática Recomendada “Projeto de Estruturas de Concreto Reforçado Com Fibras”
Não Convencionais para
Estruturas de Concreto,
Fibras e Concreto
Reforçado com Fibras
CT-402 Comitê Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão das ABNT NBR 8802 (ensaio de
IBRACON de Ensaios ultrassonografia em concreto endurecido) e ABNT NBR 7584 (ensaio de avaliação da dureza superficial do concreto
Não Destrutivos por esclerometria)
Desenvolvimento da Prática Recomendada de Ensaios não Destrutivos, a ser lançada em breve
Realização do Simpósio de Ensaios não Destrutivos para avaliação das estruturas de concreto, realizado durante o
58º CBC
CT-801 Comitê IBRACON Realização de quatro Concursos Técnicos Estudantis (Concrebol, APO, COCAR e Ousadia) durante o 58º CBC
de Atividades Estudantis

CONCRETO & Construções | 47


u 58º CBC

reforço estrutural do Comitê de concre-


to, concreto armado e concreto pro-
tendido da ISO (ISO/TC71, Concrete,
reinforced concrete and pre-stres-
sed concrete, SC 6, Non-traditional
reinforcing materials for concrete struc-
tures), por ter a professora da Universi-
dade de Minas Gerais, Sofia Diniz, como Eng. Inês Battagin em sua apresentação do balanço das atividades dos Comitês
representante da ABNT na ISO e como Técnicos em 2016

membro do Comitê Técnico de Ativida- mento, Concreto e Agregados da Asso- comendadas sobre controle da qua-
des (CTA) do IBRACON, que dá suporte ciação Brasileira de Normas Técnicas) lidade do CRF, controle do teor de
às atividades de seus Comitês. e Diretora Técnica do IBRACON, Enga. fibras no estado fresco, macrofibras
Com 39 páginas, a Prática, em Inês Battagin, com a publicação desta e poliméricas para concreto estrutural,
formato e-book, foi editada pelo de outras práticas relacionadas ao con- macrofibras de vidro álcali-resistentes
IBRACON/ABECE e contou com o creto reforçado com fibras, o IBRACON e para concreto estrutural, caracteriza-
patrocínio da Arcelor Mittal, Owens a ABECE esperam contribuir para desen- ção do CRF por flexão de prismas com
Corning e Braskem. volver uma norma brasileira sobre CRF. entalhes e por duplo puncionamento.
Segundo a Superintendente do Estão previstas, como resultados
ABNT/CB-18 (Comitê Brasileiro de Ci- dos trabalhos no CT-303, práticas re- FÁBIO LUÍS PEDROSO

48 | CONCRETO & Construções


Seminário debate o que
deve mudar nos cursos, nos
professores e nos alunos
para formar mais e melhores
engenheiros civis
P
or que a evasão nos cur-
sos de engenharia no Brasil
é tão alta? Por que os alu-
nos parecem desmotivados nas salas
de aula? Qual é o perfil atual do aluno
brasileiro dos cursos de engenharia? A
formação do engenheiro tem atendido
bem as demandas econômicas e so-
ciais? O ensino evoluiu com a mudança
de perfil dos alunos e com o extraor-
dinário desenvolvimento tecnológico
do século XX? A qualidade dos cursos
brasileiros de engenharia é boa? Existe
necessidade de se expandir a forma-
ção de engenheiros no país? Prof. Marcos Tozzi em momento de sua palestra sobre ameaças e oportunidades no
ensino de engenharia no Seminário
Essas e outras questões perme-
aram as discussões no I Seminário dades e universidades privadas. São dos professores e alunos. Ele exempli-
IBRACON sobre o Ensino de Engenha- formados por ano em torno de 60 mil ficou que os estudantes de engenharia
ria Civil, ocorrido no dia 13 de outubro engenheiros, número que poderia pra- são bastante criativos, mas demasia-
como evento paralelo do 58º Congres- ticamente dobrar se a evasão nesses damente arrogantes. Já os docentes
100
so Brasileiro do Concreto, no Minas- cursos não fosse tão elevada – média raramente possuem uma formação
centro, em Belo Horizonte. de quase 50%, segundo cálculo do pedagógica adequada, carecendo de
95
Segundo o Censo da Educação professor da Universidade Federal de teorias sobre o processo de aprendiza-
75 Superior e o portal do Ministério da Juiz de Fora, Vanderli Fava de Oliveira. gem professor-aluno, de métodos mais
Educação (e-MEC), existem atualmente Para o vice-presidente da Associa- eficazes de avaliação dos alunos e de
no país cerca de 4446 cursos de enge- ção Brasileira de Educação de Enge- uma postura de humildade em sala
25 nharia em todas as modalidades (civil, nharia (Abenge), Marcos José Tozzi, um de aula. Para Tozzi, o ensino de enge-
5
produção, mecânica, elétrica, química, dos palestrantes no Seminário, o cená- nharia no país também precisa mudar
etc.), mais da metade deles em facul- rio clama por mudanças na formação para uma abordagem do aprendizado
0

CONCRETO & Construções | 49


u 58º CBC

CON, tive pessoalmente u Vídeos do TED (Technology, Enter-


que realizar ensaios no tainment and Design), programa de
laboratório, aprender por imersão de especialistas em tecno-
conta própria o que não logia, entretenimento e criação, com
havia aprendido nas au- duração de uma semana, realizado
las e me habilitar a vencer duas vezes por ano – o programa já
os desafios propostos reuniu mais de 1200 especialistas e
nos concursos por meio redundou em mais de 2300 pales-
de tentativas e erros”, tras sobre os mais diversos assun-
Aluno Vinícius Caruso comenta Carta de Belo testemunhou o aluno da tos, como as de Laurent Alexandre
Horizonte, manifesto dos alunos para melhorar o
ensino de engenharia civil no país
Universidade Mackenzie, (nanotecnologia, ciências cogniti-
Vinícius Caruso, a quem vas, informática e biotecnologia),
baseado em casos práticos. “É preciso coube a leitura do manifesto. Ray Kurzweil (pensamento híbrido
fazer para aprender!”, vaticinou. Este espírito empreendedor foi e inteligência artificial), Sergei Brin
A palestra de Tozzi sobre as opor- a tônica da palestra do presidente (inteligência artificial) e Elon Musk
tunidades e ameaças no ensino de en- do Instituto Ermínia Sant’Ana, Ruy (carro elétrico popular, empresa de
genharia civil foi a deixa para a leitura de Sant’Ana, com foco na formação pro- locação de energia solar e foguete
um manifesto dos estudantes no qual é fissional continuada. Com o advento completamente reutilizável).
apontada a falha no ensino de engenharia da internet, as fontes de conhecimen- “Descubra seu talento, tenha amor
no país em oferecer oportunidades para to diversificaram-se e estão acessíveis pelo que faz, trabalhe duro e aproveite
aplicar os conhecimentos repassados a qualquer aluno que disponha de um as oportunidades! Este é o segredo para
em salas de aula – razão indicada para computador ou celular e de uma cone- o sucesso”, aconselhou Ruy Sant’Ana.
a desmotivação dos alunos nos cursos. xão à web. Ruy citou:
A Carta de Belo Horizonte (leia nes- u Open Course Ware, plataforma on- NOVA ESTRUTURA CURRICULAR
ta edição) foi escrita pelos estudantes -line que disponibiliza 2340 cursos Para formar essas e outras compe-
dos cursos de engenharia civil, parti- de graduação e pós-graduação do tências nos alunos de engenharia civil a
cipantes dos concursos técnicos do Instituto Tecnológico de Massa- Escola Politécnica da Universidade de
IBRACON, vistos por eles como uma chussets (MIT); São Paulo (Poli-USP), herdeira de uma
atividade complementar necessária u i Tunes U, que oferece cursos das estrutura político-pedagógica das uni-
para sua boa formação. “Com minha universidades de Harvard, Stanford, versidades alemãs, iniciou um trabalho
participação nos concursos do IBRA- Oxford, Yale, entre outros; de reestruturação curricular nos anos

Prof. Ruy Sant’Ana (esq.), ladeado pelos coordenadores do Seminário, Luís Cesar De Luca e César Daher, em momento de sua
palestra sobre educação continuada

50 | CONCRETO & Construções


1990. Oito professores visitaram, cos, científicos, tecnológicos e ins-
durante 40 dias, escolas europeias trumentais à engenharia;
e americanas de engenharia, para u projetar e conduzir experimentos e
conhecer os princípios, o conteúdo, interpretar resultados;
a carga horária e as perspectivas de u conceber, projetar e analisar siste-
pesquisas nessas escolas de exce- mas, produtos e processos;
lência. Em seguida, foi criada uma u planejar, supervisionar, elaborar e
comissão de reestruturação dos cur- coordenar projetos e serviços de
sos de graduação da Poli-USP, cujos engenharia;
trabalhos redundaram, em 1998, u identificar, formular e resolver pro-
numa nova estrutura curricular, com blemas de engenharia; Prof. José Balbo em sua palestra
redução da carga horária (32h para u desenvolver e/ou utilizar novas fer- sobre a reforma curricular na Poli-USP
no Seminário
28h semanais), para possibilitar aos ramentas e técnicas;
alunos fazerem estágios; na forma- u supervisionar a operação e a manu- para qualquer uma oferecida pela USP.
ção pedagógica dos seus professo- tenção de sistemas; A primeira disciplina para a habilitação
res, com o oferecimento de cursos u avaliar criticamente a operação e a é cursada no primeiro semestre, sendo
de pedagogia para melhoria do de- manutenção de sistemas; que a habilitação é obtida no oitavo se-
sempenho didático dos docentes; e u comunicar–se eficientemente nas mestre. A carga horária de 28h semanais
na estruturação do trabalho de for- formas escrita, oral e gráfica; é reduzida para 24h no oitavo semestre.
matura como momento para o aluno u atuar em equipes multidisciplinares; O último ano, com carga horária de 20h
acompanhar criticamente um projeto u compreender e aplicar a ética e res- semanais, foi transformado em módulo de
ou obra de grande porte. ponsabilidade profissionais; formatura, no qual existe a possibilidade
Dez anos depois, tiveram início u avaliar o impacto das atividades do aluno fazer seu trabalho de conclusão
na Poli-USP as discussões para uma da engenharia no contexto social e e o estágio supervisionado na modali-
transformação radical do ensino de ambiental; dade de habilitação de sua escolha, ou
graduação, com a criação de uma u avaliar a viabilidade econômica de iniciar o mestrado, cursando disciplinas
comissão de graduação, um website projetos de engenharia; para obter créditos para realizar o exame
para receber sugestões de mudanças u assumir a postura de permanente de qualificação.
de alunos e ex-alunos e uma comissão busca de atualização profissional.
de notáveis, formada por presiden- Segundo o professor José Tadeu Bal- MAIS ENGENHEIROS
tes e diretores de grandes empresas, bo, que participou da comissão de gradu- BEM FORMADOS
governos e instituições, para indicar ação e que fez o relato da reestruturação As mudanças e propostas discuti-
suas necessidades atuais e futuras em curricular da Poli-USP no Seminário, sua das no Seminário para os cursos de en-
termos de competências almejadas pedra angular foi dar maior flexibilidade genharia no país miraram as posturas
na contratação de engenheiros civis. e mobilidade aos estudantes entre os éticas, pessoais e coletivas, bem como
A comissão de graduação elaborou o cursos de engenharia. A formação em as competências técnicas, comunicati-
plano político-pedagógico, com base ciências básicas (matemática, ciências vas e de relacionamento, imprescindí-
nessas discussões e colaborações, naturais, ciência dos materiais e ciências veis para que os engenheiros forma-
descrevendo 17 competências míni- sociais) foi reduzida para cinco semestres dos sejam habilitados a enfrentarem
mas comuns para os cursos de enge- e a formação em ciências de engenharia os desafios do milênio com relação às
nharia, sendo três básicas, seis profis- (gerenciamento de empreendimentos, necessidades humanas por infraestru-
sionais e oito técnicas, entre as quais projeto, operação e manutenção), amplia- tura, habitação, mobilidade urbana, sa-
foram destacadas: da para oito semestres. Ao aluno é dada a neamento básico, geração de energia,
u aplicar conhecimentos matemáti- liberdade de escolha em nove disciplinas, sustentabilidade no setor construtivo,

CONCRETO & Construções | 51


u 58º CBC

C A R TA D E B E L O H O R I Z O N T E | E n g e n h a r i a

O
Brasil é um país por se construir. Seu desenvolvimento interessa Vivemos no século XXI, no qual a informação exerce predominância.
a cada cidadão. Dado o verbo que se usou (construir), parte dos Frações de segundos são suficientes para que uma enxurrada de dados
desafios que devem ser enfrentados diz respeito à infraestrutura. apareçam. Os estudantes são ágeis, impacientes, questionadores.
Há os entraves de mobilidade urbana; déficit habitacional; saneamento O conteúdo dado no curso deve ser absorvido na maior proporção
básico e a problemática da geração de energia. possível. É preciso que ocorra a síntese do conhecimento, englobando
O objetivo deste manifesto não é o de enfocar esses problemas. todas as áreas da engenharia, e que as atividades extrapolem o
Mas o de discorrer sobre um fato, unânime: para o enfrentamento momento da exposição em sala de aula ou a realização de exercícios,
dessas questões, o Brasil precisa de Engenharia Civil. O Brasil precisa repetidos e mecânicos. É importante deixar claro que esses são
de bons Engenheiros Civis. Para tanto, vamos direto ao ponto: a evasão processos indispensáveis para a construção do conhecimento, mas não
nos cursos de engenharia. Muito se fala a respeito, pouco se faz. A podem ser os únicos. É necessário preparar o aluno para manter postura
maioria das falas atribui o problema ao frágil Ensino Médio. Pouco se ativa frente aos desafios profissionais. Fazê-lo sedento pela descoberta
fala da desmotivação dos alunos. As Escolas de Engenharia raramente do conhecimento, da lógica dos processos, da resolução de problemas.
conseguem sair do trinômio sala de aula/listas de exercícios/provas. O engenheiro é prático. Dessa maneira, trabalhar a teoria sem
Entendemos que a prática da Engenharia é muito mais do que isto. apontar aonde ela será aplicada é um erro. Sempre que possível,
A sala de aula imobiliza, torna o aprendizado passivo. Provas esta ação deve acontecer in loco, por meio do contato com situações
são método de avaliação questionável. Como instrumento estatístico, e ambientes reais. É de grande importância privilegiar na grade
as chances de erro são grandes: seja por sua má formulação, seja curricular a visão de empreendimento: porque e como se identifica
pelo preparo inadequado por parte dos alunos ou por problemas a necessidade de uma intervenção de engenharia, como se projeta,
emocionais deles. Oportunamente, deve-se lembrar que engenheiros como se executa/fiscaliza a obra, como recursos são captados/geridos
civis não são contratados para fazer provas, mas fazer projetos, obras para sua viabilização, e como se dão os processos que envolvem
ou atividades relacionadas a esses processos. tópicos jurídicos e ambientais.

entre outras. Neste sentido são propos- tos, de obras e de recursos, não tem uma Eliana Monteiro, Paulo Helene, Luiz Pru-
tas que se inserem num contexto de boa comunicação oral e escrita, e care- dêncio, presentes no auditório, ao aluno
transformação do ensino de engenharia cem de liderança e de uma boa atuação Vinícius Caruso e aos coordenadores do
no país e no mundo. Certamente nes- em equipes multidisciplinares”, avaliou Seminário sobre Ensino de Engenharia
sa transformação se inclui a evolução Tozzi. Civil, César Daher e Luís César De Luca,
paulatina da qualidade dos cursos de Por outro lado, o Brasil, país por se numa mesa-redonda para debater, com
engenharia no Brasil. Dados de 2014 construir, segundo dizem os alunos na o público presente, as ações para ala-
do Sistema Nacional de Avaliação da Carta de Belo Horizonte, tem atualmente vancar o ensino de engenharia civil no
Educação Superior (Sinae) do Instituto cerca de apenas 500 mil engenheiros civis Brasil. Das discussões surgiram as se-
Nacional de Estudos e Pesquisas Edu- no mercado de trabalho, com uma taxa guintes propostas gerais:
cacionais (Inep), vinculado ao Ministério de apenas 2,22 engenheiros por mil habi- u Necessidade de mudanças nas es-
da Educação (MEC), mostraram que tantes, bem abaixo da média mundial de truturas curriculares das instituições
mais de 60% dos 239 cursos de enge- 9,13, segundo dados da publicação “For- de ensino superior, implementadas
nharia civil avaliados em 2014 tiveram talecimento das Engenharias”, publicado por meio de programas de rees-
nota 3, enquanto apenas 25% desses em 2015 pela organização Mobilização truturação que abram espaço para
cursos tiveram nota 4 e 5. Consideran- Empresarial pela Inovação (MEI). sondar os interesses dos alunos e
do apenas a nota dos alunos no Exame Os dados das pesquisas revelam ex-alunos, que procurem eliminar,
Nacional de Desempenho dos Estu- que o país precisa de mais e melhores onde possível, os pré-requisitos para
dantes (Enade), o quadro piora: quase engenheiros civis. cursar disciplinas e que enfatizem a
50% dos alunos tiraram notas 1 e 2. área de detalhamento de projetos;
“Os engenheiros profissionais atual- MESA-REDONDA u Adoção de novas metodologias de
mente no mercado de trabalho brasileiro No final das apresentações, os pa- ensino-aprendizagem, que façam
têm dificuldades com a gestão de proje- lestrantes juntaram-se aos professores com que o aluno deixe de ser o

52 | CONCRETO & Construções


civil brasileira: motivar para construir

Não é possível que o estudante não tenha motivação para Entendemos que a prática dos concursos precisa ser ampliada
frequentar a faculdade. É preciso estimulá-lo a gostar do que faz, para outras áreas da Engenharia Civil, inclusive podendo ser
tornando essa atividade envolvente, prazerosa. Não há como melhorar pensada como método de avaliação em alguns casos e/ou como
o nível do ensino sem que existam alunos motivados. uma atividade complementar obrigatória para a obtenção da
É neste sentido, de motivar, que os concursos técnicos habilitação profissional, por meio dos Conselhos Regionais de
(APO, CONCREBOL, COCAR e OUSADIA) promovidos pelo IBRACON Engenharia e Agronomia.
funcionam. Todos apresentam elevado rigor técnico e provocam Este documento não sugere acabar com as práticas tradicionais,
positivamente os alunos a buscar soluções que compreendem vários mas questioná-las como “verdade absoluta”. A mudança é lenta,
tópicos estudados nas cadeiras de Materiais de Construção, Análise mas é preciso que ela comece em algum momento. Queremos reunir
Estrutural e Estruturas de Concreto. Para tanto, há que se ter trabalho compromissados com o aperfeiçoamento dos cursos de Engenharia
em equipe, aplicar corretamente as normas técnicas pertinentes, Civil no Brasil. Queremos ações práticas, e o engajamento do governo,
praticar ferramentas de gestão para organização da viagem para o mercado, sociedade civil e academia.
CBC, captar e gerir recursos, dialogar com empresas para obtenção Só assim é que será possível projetar e construir o Brasil concreto.
de insumos e manipular de ferramentas de comunicação.
A convivência entre alunos é outro aspecto a ser observado, pelo Belo Horizonte (MG), outubro de 2016.
intercâmbio cultural que é realizado. Ademais, há a desconexão das
disciplinas do chamado “ciclo básico” com as disciplinas do “ciclo ENG. JÉSSIKA PACHECO
profissionalizante”. O problema não está no ciclo básico em si, já Diretora de Atividades Estudantis, representando os estudantes
que ele é o responsável por moldar o raciocínio lógico e objetivo do de Engenharia Civil pertencentes às Instituições de Ensino Superior
engenheiro. A falha está na falta de oportunidades para aplicar esses localizadas em todo território nacional, participantes dos concursos
conhecimentos. Os concursos são ótimos para tal. técnicos do IBRACON

Mesa-Redonda para discutir com o auditório o Ensino de Engenharia Civil no país, formada ao final do Seminário

objeto da aprendizagem para ser o ca de ensino critérios fundamentais mos com as discussões e seu devido
sujeito do conhecimento, priorizando para a admissão de professores; encaminhamento contribuir para que o
métodos que façam o aluno aprender u Busca de incentivo governamental ensino da engenharia civil no país seja
com a prática, principalmente com para a graduação semelhante ao in- gratificante, com professores que amam
seus erros, bem como integrando centivo dado pela Coordenação de ensinar e alunos motivados a aprender e
nas salas de aula as novas tecnolo- Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní- aplicar seus conhecimentos”, avaliaram
gias de informação e comunicação; vel Superior (Capes) aos cursos de os coordenadores do Seminário, profes-
u Definição de novos critérios para a pós-graduação. sores Daher e De Luca.
contratação de professores, sendo “O IBRACON espera que este semi-
a formação pedagógica e a didáti- nário seja o primeiro de muitos. Espera- FÁBIO LUÍS PEDROSO

CONCRETO & Construções | 53


u normalização técnica

Normas brasileiras sobre BIM


WILTON SILVA CATELANI – Coordenador EDUARDO TOLEDO SANTOS – Professor
Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção, Escola Politécnica da Universidade
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CEE-134) de São Paulo (EPUSP)

1. INTRODUÇÃO VGV – Valor Geral de Venda usado no nacional. A razão é que seus benefícios

A
indústria da construção ci- Brasil); e nessa mesma unidade de são inúmeros e alcançam toda a cadeia
vil é pouco eficiente, con- medida, o da indústria de manufatura da Construção. Entretanto, BIM não é
sumindo e desperdiçando era de 3,531 e o da indústria como um conceito fácil de ser corretamente
muitos recursos materiais e humanos. um todo era de 3,449. Após 10 anos, entendido, e esse é um dos principais
Outro aspecto intrínseco aos pro- em 2010, a indústria de manufatura entraves que explicam porque tem de-
cessos e atividades realizados na evoluiu para 5,023, enquanto a indús- morado tanto o crescimento da sua
construção civil é a necessidade de tria como um todo alcançou 4,496 e adoção em alguns mercados.
lidar com um volume gigantesco de a construção civil reduziu para 2,817 No Brasil, por uma iniciativa do Mi-
dados, e o envolvimento de muitas yens/homem-hora. nistério do Desenvolvimento, Indústria
pessoas e organizações que pos- Frente a esse diagnóstico a ques- e Comércio Exterior (MDIC) em 2009,
suem motivações diversas, limitações tão que se coloca mais uma vez é foi criada a Comissão de Estudo Es-
e capacitações diferentes, de realizar aquela já enunciada por Barros e pecial de Modelagem de Informação
inúmeros processos e dezenas de Cardoso (2011) [2]: como fazer para da Construção, ABNT/CEE-134, que
trocas de informações durante a rea- “[...] produzir mais, com a qualidade foi incumbida de desenvolver normas
lização de qualquer empreendimento, requerida, em menos tempo, com técnicas sobre BIM. Três atividades
mesmo os mais simples. menores custos, ao longo do ciclo de foram definidas como os temas ini-
O pesquisador alemão Thomas vida de um objeto construído, e de ciais de trabalho da Comissão:
Bock, líder da área de construções e forma sustentável [...]” na indústria da u tradução da norma ISO 12006-2;
robótica da Universidade Técnica de construção civil? u desenvolvimento de um sistema
Munique, publicou no ano passado Qualquer resposta passa, inexora- de classificação para a Constru-
um artigo [1] no qual afirma que os velmente, pela necessidade da inova- ção e;
métodos convencionais da constru- ção e mudanças. u desenvolvimento de diretrizes para
ção civil já teriam alcançado seus limi- O Building Information Modeling criação de componentes BIM.
tes de produtividade e que, portanto, (BIM) ou Modelagem da Informação Já no ano seguinte foi publicada a
nesse quesito, importantíssimo, a in- da Construção é um conjunto de tec- norma ABNT NBR ISO 12006-2:2010
dústria estaria estagnada já há alguns nologias, processos e políticas que Construção de edificação — Orga-
anos. Como evidência, compara da- permite que várias partes interessa- nização de informação da constru-
dos de produtividade da mão de obra das possam, de maneira colaborativa, ção - Parte 2: Estrutura para classi-
de outras indústrias, com a constru- projetar, construir e operar uma edifi- ficação de informação, que define
ção civil. Os dados foram coletados cação ou instalação [3] (BIMDICTIO- diretrizes e uma estruturação para a
no Japão entre 1990 e 2010. Em 90, NARY, 2016). concepção de sistemas de classifica-
os índices médios de produtividade Segundo Bilal Succar [4], “a adoção ção das informações da Construção,
da indústria da construção era 3,714 BIM atualmente é a expressão de ino- permitindo o desenvolvimento de sis-
yens/homem-hora (na média, uma vação para a indústria da construção temas de classificação compatíveis
hora de trabalho de um homem, gera- civil”, a tal ponto que, em alguns países, internacionalmente.
va 3,714 yens – de valor reconhecido como Reino Unido, Cingapura e Chile, Para a segunda ação, toman-
pela indústria – similar ao conceito de o BIM foi definido como uma estratégia do essa Norma como referência, e

54 | CONCRETO & Construções


tendo como texto-base o sistema de
classificação norte-americano Omni- u Quadro 1 – As tabelas da ABNT NBR 15965
Class™, foi iniciado o desenvolvimen-
Tema Assunto Tabela
to do sistema brasileiro, descrito na
seção 2 deste trabalho. Materiais 0M
Características dos objetos
Em julho de 2012, decidiu-se criar Propriedades 0P
um grupo de trabalho no âmbito da Fases 1F
ABNT/CEE-134 para desenvolver a Processos Serviços 1S
terceira atividade planejada: o Grupo Disciplinas 1D
de Trabalho de Componentes BIM Funções 2N
(GT). As principais diretrizes desta Recursos Equipamentos 2Q
frente de trabalho e alguns dos resul- Componentes 2C
tados serão descritos oportunamen- Elementos 3E
te, num segundo artigo. Resultados da construção
Construção 3R
Unidades 4U
2. O SISTEMA DE Unidades e espaços da construção
Espaços 4A
CLASSIFICAÇÃO
Informação da construção Informação 5I
DAS INFORMAÇÕES Fonte: Adaptado de ABNT NBR 15965-1:2011.
DA CONSTRUÇÃO
Num mundo ideal não seria preciso
iniciar nenhum trabalho do zero e sem- lização e a combinação de diversos do sistema de classificação dessa
pre seria possível aproveitar o esforço termos, com seus correspondentes Norma inclui toda a Indústria da Cons-
já feito por alguns e então, partindo do códigos, oriundos de diferentes tabe- trução Civil, considerando os setores
ponto que eles conseguiram alcançar, las, para a discriminação completa de de Edificações e Infraestrutura e tam-
iniciar uma nova etapa de desenvolvi- um componente, recurso, processo bém o Industrial, como de mineração e
mento. Mesmo a realização de ativi- ou resultado gerado. de extração de petróleo e gás.
dades simples como, por exemplo, a A ABNT NBR 15965 é composta Cada uma das tabelas que com-
tarefa de dar nome aos componentes, por 13 Tabelas. Como a maioria das põem o sistema foi cuidadosamente
funções e processos, pode gerar mal Normas Brasileiras está sendo desen- conceituada e definida (Quadro 1).
entendidos e retrabalhos. Uma ques- volvida a partir de um “texto-base” Cada tabela contém duas colunas:
tão crítica à construção civil é a pa- que, no caso específico, são as 15 uma com o código de classificação
dronização das informações utilizadas, tabelas OmniClass™ (www.omni- organizado hierarquicamente e outra
que pode contribuir para a viabilização class.org), um sistema de classifica- com o termo padronizado (Quadro 2).
do trabalho colaborativo. ção aberto, criado para o mercado da A seguir são descritas as tabelas
Primeira norma técnica BIM Brasi- construção da América do Norte. cujos conceitos e usos são de mais
leira, a ABNT NBR 15965 é um siste- Convém ressaltar que os conteú- difícil compreensão.
ma de classificação das informações dos das tabelas propostas na norma
que oferece à indústria da construção brasileira não são uma simples tradu- 2.1 As tabelas de Unidades e
a possibilidade de padronização para ção das tabelas da Omniclass™. De Espaços da construção
o todo país da nomenclatura utilizada fato estão sendo retirados itens que (4U e 4A)
nos seus processos. Embora exista correspondem a técnicas e sistemas
uma organização hierarquizada den- construtivos utilizados tipicamente na A Tabela 4U lista todas as uni-
tro de cada uma de suas várias ta- indústria da construção norte-ameri- dades (ou construções) que podem
belas, o sistema de classificação da cana, e estão sendo incluídas soluções ser produzidas pela indústria da
ABNT NBR 15965 utiliza uma classi- construtivas, técnicas e componentes construção civil, de acordo com suas
ficação “facetada”. Essa requer a uti- específicos do Brasil. A abrangência formas e seus usos.

CONCRETO & Construções | 55


u Quadro 2 – Exemplo de tabela da ABNT NBR 15965 (trecho da Tabela 0M – Materiais)

Código Termo
0M. 10. 00. Elementos químicos
0M. 10. 10. 00. Elementos sólidos
0M. 10. 10. 01. Carbono
0M. 10. 10. 03. Silício
0M. 10. 30. 00. Elementos líquidos
0M. 10. 30. 01. Mercúrio
0M. 10. 40. 00. Elementos gasosos
0M. 10. 40. 01. Hidrogênio
0M. 20. 00. 00. Compostos sólidos
0M. 20. 10. 00. Compostos minerais
0M. 20. 10. 01. 00. Rochas
0M. 20. 10. 01. 01. Granitos
0M. 20. 10. 01. 03. Mármores
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 15965-2:2012.

Suas definições são as seguintes: de maior; não define funções - um das) pela forma, enquanto a Figura 2
u Unidades pela Forma: são unida- arranha-céu (edifício de grande al- mostra a classificação de uma mesma
des definíveis do ambiente cons- tura) pode ter diferentes usos (re- edificação (mesma forma) pela função.
truído, compostas de espaços e sidencial, comercial, etc.). A Tabela 4A lista todos os diferen-
elementos inter-relacionados clas- u Unidades pela Função: unidades tes espaços de uma construção, tais
sificados pela forma; uma entida- definíveis do ambiente construído, como: sala de estar, quarto, vestiário,
de construída é completa e pode compostas de espaços e elemen- estúdio, sala de cirurgia, cofre, etc.
ser vista separadamente, sem ser tos inter-relacionados caracteri-
parte constituinte de outra unida- zados pela função; uma entidade 2.2 As tabelas de Elementos (3E),
construída é completa e pode ser Componentes (2C) e de
vista separadamente, sem ser par- Resultados da construção (3R)
te constituinte de outra unidade
maior; função é o propósito de uso A Figura 3 ilustra uma situação no
de uma entidade construída e é
definida pela ocupação principal e
não necessariamente por todas as
atividades que podem ser acomo-
dadas na entidade; funções podem
determinar formas (ex. Estádio de
Basebol); por outro lado, uma mes-
u Figura 1 u Figura 2
ma entidade construída pode aco-
As unidades construídas podem A mesma edificação, por exemplo,
ser classificadas de acordo com modar diferentes funções ao longo
um prédio de 5 andares, pode ser
sua forma, por exemplo, uma de sua vida útil (um edifício de 2 utilizada tanto para abrigar
residência unifamiliar, um pavimentos pode ser residencial, um pequeno hospital quanto
prédio médio e um edifício de educacional ou comercial). uma escola
30 pavimentos
A Figura 1 ilustra a classificação Fonte: Adaptada de imagens livres
Fonte: Imagens livres e autores pelos autores
de construções (unidades construí-

56 | CONCRETO & Construções


início do desenvolvimento de um em-
preendimento. Sabe-se que a edifica-
ção terá janelas - que precisam ser
consideradas numa estimativa inicial
de custos - mas ainda não se defini-
ram o material de que serão constru-
ídas nem seus sistemas de abertura
ou seus detalhes.
A Tabela 3E tem justamente a fun-
ção de listar esses “Elementos”, cuja
definição é:
u Elementos: um elemento é um u Figura 3
componente principal, uma mon- O uso de “elementos” nas fases mais iniciais de desenvolvimento
de um empreendimento
tagem ou “uma entidade da cons-
Fonte: Autores
trução ou parte que, por si só ou
combinada com outras partes,
desempenha uma função predo- Um dos principais usos da tabela ção de sua aplicação no empreendi-
minante na entidade construída”; de elementos é o desenvolvimen- mento (produto aplicado/instalado).
funções predominantes podem to de orçamentos e estimativas Por exemplo, um painel de vidro
ser, por exemplo: estruturar, ve- de custos. temperado, que tenha 8mm de es-
dar, realizar serviços numa ins- Com a evolução dos esforços de pessura, 210cm de altura e 70cm
talação ou edificação; funções projeto e especificação de um de- de largura: enquanto componen-
predominantes podem também terminado empreendimento che- te ou produto utilizável na indústria
incluir um processo ou uma ati- gará a uma fase em que já se co- da construção civil, esse painel de
vidade; elementos principais nhecem os fabricantes específicos vidro pode ser classificado com a
podem ser compostos de mui- e modelos dos componentes que utilização de um código da Tabela
tos subelementos (por exemplo, serão incorporados na edificação. 2C – Componentes (Figura 4). En-
a Cobertura de uma edificação Então, pode-se utilizar o conteúdo tretanto, esse mesmo painel pode-
pode ser composta pela estru- da Tabela 2C – Componentes: ria ser aplicado em diferentes partes
tura, fechamento externo e te- u Componentes são produtos ou específicas de uma edificação: numa
lhado); são utilizados nas fases montagens para incorporação área molhada, compondo um box
mais iniciais dos projetos, sem a permanente em entidades cons- de chuveiro; como o tampo de uma
definição de um material ou de truídas; componentes são os blo- mesa; como divisória interna de uma
uma solução técnica; para cada cos básicos utilizados para cons-
elemento, existem diversas e dife- trução; um componente pode ser
rentes soluções técnicas capazes um único item industrializado,
de garantir sua função elementar uma montagem industrializada
(exemplos: Pisos estruturais, Pa- composta de várias partes, ou
redes Externas, Escadas, Mobili- um sistema operacional isolado e
ário, etc). industrializado; essa tabela identi-
Então, quando ainda não se sabe fica produtos singulares, catego- u Figura 4
de que material ou que tipo es- rizadas por número e nome numa Exemplo de um componente
pecífico de solução técnica será única localização. comumente fabricado,
comercializado e utilizado pela
aplicado a alguma parte de uma Já a Tabela 3R – Resultados da
indústria da construção
construção, utiliza-se a Tabela 3E construção, fornece classificação
Fonte: Adaptado de imagens livres
- Elementos para a codificação. para um dado componente em fun-

CONCRETO & Construções | 57


• Determinados recursos
construtivos utilizados;
• Determinada parte da
construção que resulta;
• O trabalho temporário ou
preparatório que resulta;
• Representa uma entidade
completa que passa a existir
após a utilização de todas as
necessárias matérias-primas,
esforço humano e trabalho de
equipamentos e processos, que
tenham sido fornecidos e
realizados para sua finalização;
• Podem ser montagens de
diferentes produtos
u Figura 5
industrializados,ou um único
Exemplos do resultado da aplicação de um mesmo componente
produto, ou ainda envolver
Fonte: Adaptado de imagens livres
apenas mão de obra para o
sala de reuniões ou até mesmo como bela 3R – Resultados da Construção, alcance de um resultado
sinalização visual externa, como ilus- cuja conceituação é: desejado e planejado como a
trado na Figura 5. u Resultados da Construção são escavação de valas.
Portanto, nesse exemplo, embora resultados alcançados na fase de Exemplos: Concreto moldado in
o painel de vidro, enquanto compo- produção ou pelos subsequentes loco, Revestimento cerâmico, Ilumi-
nente ou produto em si, possa ter um processos de alteração, manuten- nação interna, Trilhos.
código da Tabela 2C – Componente, ção ou demolição, que podem ser
depois de aplicado (e é preciso con- identificados por um ou mais dos 3. EXEMPLOS DE USOS
siderar que sua aplicação pode ser seguintes aspectos: PRÁTICOS DA ABNT
muito diversa, como exemplificado na • Uma habilidade particular ou NBR 15965
Figura 5) receberia um código da Ta- empresa especializada envolvida; As tabelas de classificação podem
ser utilizadas para criar EAPs (Estrutu-
ra Analítica de Projeto) padronizadas,
que poderão ser corretamente enten-
didas e interpretadas, não apenas por
pessoas (HHI – Interações entre Hu-
manos e Humanos), mas também por
diferentes softwares (CCI – Interações
entre Computador e Computador)
(Figura 6).
A Figura 7 indica quais tabelas da
norma poderiam ser utilizadas para a
codificação de composições de cus-
tos para orçamentos.
u Figura 6 Embora ainda não tenha sido
Ilustração de um possível uso prático da Tabela 4U da ABNT NBR 15965
completamente publicada, a ABNT
Fonte: Autores
NBR 15965 já foi utilizada em projeto

58 | CONCRETO & Construções


real, e muito ambicioso, de implanta- mentos, também significa a remoção trabalho colaborativo na indústria da
ção BIM, na CCDI – Camargo Corrêa de uma barreira para viabilização do construção civil brasileira.
Desenvolvimento Imobiliário [5] (TRIN-
DADE et al., 2016).

4. ESTADO ATUAL DOS


TRABALHOS EM
DESENVOLVIMENTO
DA ABNT NBR 15965
A Figura 8 demonstra como foi pla-
nejado o desenvolvimento da ABNT
NBR 15965, mostrando que as partes
1, 2 , 3 e 7 já foram publicadas, estan-
do as demais em desenvolvimento.
Estão faltando apenas duas tabe- u Figura 7
las para serem trabalhadas e aprova- Tabelas da ABNT NBR 15965 que podem ser utilizadas para a codificação
das na Comissão Especial de Estudos de uma composição de custos unitários para orçamentos
ABNT/CEE-134, a Tabela 2C – Com- Fonte: Autores

ponentes e a Tabela 3R – Resultados


da Construção.
Essas duas tabelas faltantes impe-
dem a finalização das partes 4 (Fun-
ções, Equipamentos e Componen-
tes) e 5 (Elementos e Resultados da
Construção).

5. CONCLUSÃO
As normas brasileiras em desen-
volvimento pela ABNT/CEE-134 visam
organizar aspectos chave para a ado-
ção de BIM no país. A disponibilida-
de de um sistema de classificação de
u Figura 8
informações codificado padronizado, Lista das partes nas quais foi planejada a elaboração da ABNT NBR 15965
além de facilitar muito a implementa- com indicação das Tabelas que já foram publicadas e daquelas que ainda
ção de vários usos de BIM, incluindo estão sendo desenvolvidas
Fonte: Autores
orçamentação, planejamento e supri-

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] BOCK, T. The future of construction automation: Technological disruption and the upcoming ubiquity of robotics. Automation in Construction. v.59, p.113-121,
nov. 2015.
[02] BARROS, M. S. B. e CARDOSO, F. F. Inovação: espiral ou carrossel do conhecimento?. Conjuntura da Construção, São Paulo, p. 10 - 11, jun. 2011
[03] BIMDICTIONARY, Verbete Building Information Modelling. Disponível em: <http://bimdictionary.com/en/building-information-modelling/ >. Acesso em
11 out. 2016.
[04] SUCCAR, B, and KASSEM, M. Building Information Modeling: Point of Adoption, CIB World Congress, Proceedings…, Tampere Finland, May 30 – June 3, 2016.
[05] TRINDADE, L. D.; SALLES, C. C.; MARVEIS, L. D.; SANTOS, E. T. Building Information Models as the Basis of Business Strategy: A Case Study of an Integrated BIM-
Based System for Construction Management. 33rd CIB W78 Conference 2016, Proceedings…, Oct. 31st – Nov. 2nd 2016, Brisbane, Australia.

CONCRETO & Construções | 59


u normalização técnica

Novas normas brasileiras


para controle e aceitação
do concreto autoadensável
BERNARDO TUTIKIAN – Professor RICARDO ALENCAR – Gerente de unidade de químicos para construção
Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos) Erca Brasil

INÊS LARANJEIRA DA SILVA BATTAGIN – Superintendente do Comitê AUGUSTO GIL – Analista de projetos
Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados e Diretora técnica CRISTYAN RISSARDI – laboratorista
ABNT/CB-18 | IBRACON Itt Performance

1. INTRODUÇÃO de seções reduzidas, com grande liber- sobre o tema em 2005 e vem evoluin-

O
concreto autoadensável dade de formas e dimensões. Durante o do constantemente, com a inclusão de
(CAA) é considerado por processo de execução, reduz a mão de novos métodos de ensaio. No Japão,
muitos autores como uma obra no canteiro e os ruídos causados berço do CAA, a Japanese Standards
das maiores inovações em tecnologia pelo processo, tornando o local de tra- Association (JSA) publicou sua primeira
do concreto dos últimos tempos. É um balho mais seguro e saudável aos traba- norma em 2001, passando por diver-
concreto que apresenta a capacidade lhadores e vizinhos [1]. sas revisões e inovações. Apesar de o
de fluir livremente por seu peso próprio, O concreto autoadensável foi pro- mercado europeu dispor de um guia
sem a utilização de adensamento me- posto por Okamura em 1986 no Japão, acessível e explicativo sobre o assun-
cânico, capaz de manter a sua homo- sendo que, o primeiro protótipo cons- to, publicado em 2002 pela European
geneidade durante todas as etapas de truído com o material foi concluído no Federation of Specialist Construction
execução, preencher completamente ano de 1988. No Brasil, sua aplicação Chemicals and Concrete Systems
as fôrmas e passar habilidosamente é amplamente difundida na indústria, (EFNARC), sua primeira norma foi publi-
por embutidos. onde verifica-se um crescimento cons- cada apenas em 2010.
A utilização do CAA, tanto em can- tante e hoje seu emprego é estimando No Brasil, ABNT NBR 15823, com-
teiros de obras quanto na indústria de em 66,7% das empresas associadas à posta de seis partes, foi publicada em
pré-fabricados, apresenta diversas van- ABCIC [2]. Em canteiro, destaca-se a 2010 e está passando por sua primeira
tagens, tanto durante o processo de utilização do CAA em sistemas de pa- revisão, que foi finalizada pela Comissão
execução quanto após a finalização das redes de concreto moldadas no local, de Estudos durante o 58° Congresso
peças. Desenvolvido inicialmente para além de diversas aplicações especiais. Brasileiro de Concreto e, possivelmente,
viabilizar a execução de concretagens O desenvolvimento normativo do entrará em consulta nacional no próximo
em locais de difícil acesso, que impossi- CAA no mundo tem acompanhado o seu ano. A Norma aborda, além dos métodos
bilitavam o uso de vibrador por imersão, crescente uso. As normas mais antigas de ensaio para comprovação das pro-
teve seu uso disseminado para outras datam de pouco mais de uma década priedades do CAA, os requisitos para seu
aplicações após constatada a economia do seu lançamento, sendo que poucas controle e recebimento no estado fresco,
de tempo proporcionada Além disso, o delas já passaram por alguma revisão. considerando diferentes aplicações [3].
uso do CAA resulta em peças com me- Nos Estados Unidos, a American So- Na literatura técnica existem diver-
lhor acabamento superficial, permitindo ciety for Testing and Materials (ASTM) sos métodos que permitem avaliar as
a concretagem de elementos estruturais publicou sua primeira norma técnica quatro principais características que o

60 | CONCRETO & Construções


u Tabela 1 – Itens abordados pela EN 12350 e sua correspondência com a ABNT NBR 15823

Norma técnica européia Assuntos abordados Norma técnica brasileira correspondente


ABNT NBR 15823-2:2010
EN 12350-8:2010
Determinação do espalhamento pelo método do Concreto auto-adensável. Parte 2: Determinação
Testing fresh concrete. Part 8: Self-compacting
cone de Abrams do espalhamento e do tempo de escoamento –
concrete – Slump-flow test
Método do cone de Abrams
ABNT NBR 15823-5:2010
EN 12350-9:2010
Determinação da viscosidade plástica pelo Concreto auto-adensável
Testing fresh concrete. Part 9: Self-compacting
método do funil V Parte 5: Determinação da viscosidade – Método
concrete – V-funnel test
do funil V
ABNT NBR 15823-4:2010
EN 12350-10:2010
Determinação da habilidade passante pelo Concreto auto-adensável
Testing fresh concrete. Part 10: Self-compacting
método da caixa L Parte 4: Determinação da habilidade passante –
concrete – L box test
Método da caixa L
Determinação da resistência à segregação (a ABNT NBR 15823-6:2010
EN 12350-11:2010
Norma Européia adota o método da peneira e Concreto auto-adensável
Testing fresh concrete. Part 11: Self-compacting
a Norma Brasileira usa o método da coluna de Parte 6: Determinação da resistência à
concrete – Sieve segregation test
segregação) segregação – Método da coluna de segregação
ABNT NBR 15823-3:2010
EN 12350-12:2010
Concreto auto-adensável
Testing fresh concrete. Part 12: Self-compacting Determinação da habilidade passante pelo anel J
Parte 3: Determinação da habilidade passante –
concrete – J-ring test
Método do anel J

CAA deve apresentar no estado fresco: diferentes aplicações e, em especial, a u ABNT NBR 15823-3: Concreto
fluidez, viscosidade plástica, habilidade analise do controle do lançamento do auto-adensável – Determinação da
passante e resistência à segregação. CAA, objetivando sua rastreabilidade. habilidade passante – Método do
No entanto, alguns desses métodos se anel J;
mostram inadequados para determi- 2. DESENVOLVIMENTO DAS u ABNT NBR 15823-4: Concreto
nadas aplicações, dificultando a imple- NORMAS TÉCNICAS DE auto-adensável – Determinação da
mentação do controle tecnológico do CONCRETO AUTOADENSÁVEL habilidade passante – Método da
CAA, que, para o controle no estado Apresenta-se, nos itens a seguir, um caixa L;
fresco, é diferente do método emprega- breve histórico do desenvolvimento das u ABNT NBR 15823-5: Concreto
do do concreto convencional e pouco normas técnicas que tratam do CAA, auto-adensável – Determinação da
difundido entre os profissionais da área. nos âmbitos europeu e americano, viscosidade – Método do funil V;
O presente artigo apresenta um his- traçando um paralelo com o conjunto u ABNT NBR 15823-6: Concreto
tórico das normas técnicas internacio- de normas brasileiras sobre o tema, auto-adensável - Determinação da
nais e estrangeiras relativas ao controle que tem como base especialmente a resistência à segregação – Método
e à aceitação do CAA em obras e na ABNT NBR 15823, publicada em 2010 da coluna de segregação.
indústria da pré-fabricação, comparan- e composta das seguintes partes: São apresentadas aindainforma-
do-as à norma brasileira (ABNT NBR u ABNT NBR 15823-1: Concreto au- ções sobre a norma ISO que está em
15823:2010) e à sua versão revisada, to-adensável – Classificação, con- desenvolvimento.
que será submetida ao processo de trole e aceitação no estado fresco;
Consulta Nacional pela ABNT1 nos pró- u ABNT NBR 15823-2: Concreto auto- 2.1 Normas europeias (EN)
ximos meses. São apresentados tam- -adensável – Determinação do espa-
bém os principais desafios relaciona- lhamento e do tempo de escoamento A EN 12350 (Testing fresh concre-
dos a esses processos, considerando – Método do cone de Abrams; te), composta atualmente de 12 partes,

A Consulta Nacional dos Projetos de Norma é realizada pelo site da ABNT (www.abnt.org.br), possibilitando a participação da sociedade brasileira no desenvolvimento das
1

Normas Técnicas do país.

CONCRETO & Construções | 61


prescreve métodos de ensaio para o que trata das operações de preparo, Institute (ACI) e a International Union of
concreto no estado fresco, sendo as controle, recebimento e aceitação do Laboratories and Experts in Construc-
partes 8 a 12 dessa Norma aplicáveis concreto. tion Materials, Systems and Structures
ao CAA [4]. A Tabela 1 apresenta os Historicamente deve ser registrada (RILEM). Na Tabela 2 são apresenta-
itens abordados pela norma europeia, a criação da EN 206-9, em 2009, com dos os principais itens abordados pe-
cujos ensaios têm correspondência requisitos específicos para o CAA, ten- las normas norte-americanas editadas
direta com os prescritos pela norma do sido incorporada à EN 206 na sua pela ASTM sobre o CAA e sua relação
brasileira, com exceção do ensaio de última revisão, em 2013. com a ABNT NBR 15823.
resistência à segregação pelo método A primeira versão de algumas das
da peneira - a norma brasileira utiliza 2.2 Normas americanas (ASTM) normas americanas data de 2010,
o método da coluna de segregação. sendo que todas já passaram por uma
Cumpre mencionar que todas essas Quando o CAA começou a ser ou duas revisões. Verificam-se seme-
normas foram publicadas em 2010 e a estudado e empregado nos Estados lhanças em três dos ensaios prescri-
Norma Brasileira já passa por revisão. Unidos, formaram-se diversos grupos tos pela norma brasileira, sendo estas
Na Europa, os requisitos de recebi- de estudo e discussão para o desen- o slump-flow, o anel J e a coluna de
mento do concreto autoadensável no volvimento de normas e outros docu- segregação. No entanto a ASTM traz,
estado fresco são estabelecidos pela mentos que padronizassem e esta- adicionalmente, um método rápido
EN 206 (Concrete – specification, per- belecessem regras para seu uso. Os para avaliação da resistência à segre-
formance, production and conformity), resultados oferecidos por esses grupos gação através do teste de penetração
apesar de não tratar exclusivamente foram publicados por entidades como e a determinação do Índice de Estabi-
sobre o CAA. Vale mencionar que a EN a American Society for Testing and Ma- lidade Visual (IEV) [5, 6 e 7]. Estes mé-
206 corresponde à ABNT NBR 12655, terials (ASTM), o American Concrete todos apresentam maior facilidade de

u Tabela 2 – Itens abordados por normas norte-americana sobre CAA e sua relação com a ABNT NBR 15823

Norma técnica Assuntos abordados Norma técnica brasileira correspondente


ASTM C1610/C1610M-14 ABNT NBR 15823-6:2010
2
Standard Test Method for Static Segregation Determinação da resistência à segregação Concreto auto-adensável
of Self-Consolidating Concrete Using Column pelo método da coluna Parte 6: Determinação da resistência à
Technique segregação – Método da coluna de segregação
Determinação do espalhamento e do t500 ABNT NBR 15823-2:2010
ASTM C1611/C1611M-14
pelo método do cone de Abrams e do Índice Concreto auto-adensável. Parte 2: Determinação
Standard Test Method for Slump Flow of Self-
de Estabilidade Visual (IEV). A nova versão da do espalhamento e do tempo de escoamento –
-Consolidating Concrete
Norma Brasileira incorporou o IEV. Método do cone de Abrams
ASTM C1712 -14
Standard Test Method for Rapid Assessment of Determinação da resistência à segregação
Não há similar brasileira
Static Segregation Resistance of Self-Consolida- pelo teste rápido de penetração
ting Concrete Using Penetration Test
A ABNT NBR 5738:2015
ASTM C1758/C1758M-15 Concreto – Procedimento para moldagem e cura
Standard Practice for Fabricating Test Specimens Moldagem de corpos de prova de CAA. de corpos de prova, embora não seja específica
with Self-Consolidating Concrete para o CAA, inclui requisitos para esse tipo de
concreto
ABNT NBR 15823-3:2010
ASTM C1621/C1621M-09b
Determinação da habilidade Concreto auto-adensável
Standard Test Method for Passing Ability of Self-
passante pelo anel J Parte 3: Determinação da habilidade passante –
-Consolidating Concrete by J-Ring
Método do anel J

No caso das Normas ASTM, o ano de publicação é informado pelos dois últimos algarismos e grafado após o número da norma, separado deste por hífen. No caso das normas
2

brasileiras e europeias, a identificação do ano de publicação é dada com quatro algarismos, após o número da norma e separado deste por dois pontos.

62 | CONCRETO & Construções


emprego nos processos de controle e classificação (limites para as proprieda-
aceitação do CAA. des no estado fresco), de forma a facili-
Marcação
tar e incentivar sua aplicação. Ø 500mm
2.3 Normas brasileiras –
ABNT NBR 2.4 Norma internacional – ISO

A norma brasileira de CAA teve a sua Em âmbito internacional, o comitê


primeira edição publicada em 2010 e técnico ISO/TC 71 (Concrete, reinfor-
está dividida em seis partes (já apresen- ced concrete and pre-stressed con- u Figura 1
tadas em 2.1), que abrangem métodos crete) em seu subcomitê SC 1 (Test Ensaio de espalhamento
de ensaio, classificação e controle de methods for concrete) criou o grupo de e determinação do t5 00
aceitação do concreto no estado fresco. trabalho WG 2 (Self-compacting con- Fonte: ABNT NBR 15823 – Parte 2

A parte 1 da ABNT NBR 15823 traz crete) para tratar da elaboração de uma
a classificação do concreto autoaden- norma técnica internacional de CAA. O ceitos da norma brasileira de concreto
sável em função de suas propriedades, Brasil participa desse trabalho de nor- autoadensável publicada em 2010, vale
medidas pelos ensaios previstos nas malização representado pela ABNT, citar:
partes 2 a 6 dessa Norma, e estabelece participando de reuniões e discussões a) modificações no procedimento para
os critérios de recebimento em obras e relacionadas ao tema. A versão prelimi- a determinação do espalhamento,
em empresas de pré-fabricação. nar da norma internacional tem como partes 2 e 3 da ABNT NBR 15823
Para os requisitos de composição base a Norma Europeia e, portanto, (alterações no tempo limite de reti-
do concreto e verificação das proprie- aborda todos os ensaios já prescritos rada do molde e definição da altura
dades dos materiais a serem utilizados, pela norma brasileira, com exceção máxima de lançamento do concre-
assim como requisitos de durabilidade do ensaio de resistência à segregação to no molde cônico, de 225 ± 75
e critérios de aceitação final do concre- pelo método da peneira. mm, Figura 1) - essas alterações
to no estado endurecido, a ABNT NBR visam sua uniformização com ou-
15823 referencia a ABNT NBR 12655. 3. REVISÃO DA ABNT NBR 15823 tras normas, como a ASTM C1611/
Ensaios de determinação do espa- A revisão de uma norma técnica C1611M-14;
lhamento, da viscosidade plástica pelo tem, como principais objetivos, sua atu- b) a parte 3 da Norma, além das modi-
t500 e habilidade passante pelo anel J alização com base no desenvolvimento ficações pertinentes à realização do
são atualmente requisitos de aceitação técnico sobre o tema e sua adequação ensaio de espalhamento, também
do CAA no estado fresco para todas às condições do País ou região. Para sofreu alterações nas dimensões
as aplicações, devendo ser realizados a revisão da ABNT NBR 15823 foram do aparato (o anel-J passará a ter
em laboratório, para os estudos de convidados representantes de produto- a espessura das barras alterada
dosagem e verificados em campo. Os res de insumos que entram na prepara- de 10mm para 16mm)- esta medi-
demais ensaios são focados no desen- ção do concreto, empresas de serviços da tem, como principal objetivo, a
volvimento de estudos de dosagem e de concretagem, empresas de pré- padronização da distância entre as
aplicações específicas. Mas, caso sejam -fabricação em concreto, construtoras, barras apresentadas na norma bra-
especificados os ensaios da caixa L e/ laboratórios de controle tecnológico, sileira e nas normas estrangeiras,
ou funil V em campo, podem ser dispen- universidades e outros. permitindo a realização de estudos
sadas a realização do anel J e/ou tempo Os trabalhos de revisão foram ini- comparativos, conforme Figura 2;
de escoamento (t500), respectivamente. ciados em março de 2016, com a pro- c) na parte 4, referente ao método da
A ABNT NBR 15823 apresenta ain- posta de serem finalizados até o final caixa L, também foi realizada uma
da um anexo informativo, com indica- do ano em curso. Como resultado da padronização com as normas es-
ções de uso do CAA em função de sua atualização3 dos procedimentos e con- trangeiras, reduzindo o tempo de

Essas alterações já constam do Projeto a ser submetido ao processo de Consulta Nacional pela ABNT.
3

CONCRETO & Construções | 63


abertura da comporta, após o final
do preenchimento da câmara ver-
tical, de 30s a 60s para 10s ± 2s;
além disso, sugere-se a inserção de
uma comporta frontal optativa na
câmara horizontal, para facilitar a
limpeza do equipamento, conforme
Figura 3;
d) no caso da parte 5, relativa ao mé-
todo do funil V (Figura 4), a única
Dimensões modificação apresentada é a altera-
mm
ção do tempo de permanência do
A 300 ± 3,3
B 38 ± 1,5 concreto no funil que, anteriormen-
C 16 ± 3,0 te, era de 30s e foi alterado para
D 59 ± 2,0
E 25 ± 1,5
10s ± 2s, tempo esse já utilizado no
F 120 ± 1,5 meio técnico internacional;
e) a parte 6, em relação ao método
u Figura 2 da Coluna, sofreu uma modificação
Anel J pontual: padronização com ASTM
Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 3
do tempo para início da retirada
das porções de concreto do topo e
base do equipamento para 15min ±
1min, ao invés de 20min - a Figura 5
ilustra o equipamento utilizado.
A nova versão dessa norma apre-
sentará também três novos procedi-
mentos para avaliação do CAA: o índi-
ce de estabilidade visual (IEV), a caixa U
e o método da peneira. Esses métodos

Fluxo

u Figura 3 u Figura 4
Caixa L Funil V
Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 4
Fonte: NBR 15823 – Parte 5

64 | CONCRETO & Construções


Onde
IEV 0 – indica bom comportamento do concreto e ausência de segregação ou exsudação;
IEV 1 – indica leve exsudação do concreto, sem apresentar segregação;
IEV 2 – indica a existência de uma pequena auréola de argamassa e/ou empilhamento de agregados no
centro do círculo de concreto
IEV 3 – indica segregação do concreto, evidenciada pela concentração de agregados no centro do círculo
e/ou pela dispersão de argamassa nas extremidades
u Figura 5
Coluna de segregação
u Figura 6
Fonte: ABNT NBR 15823 – Parte 6 Classes do índice de estabilidade visual (IEV)
Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 2
são bastante difundidos no meio técni-
co internacional, sendo indicados em sões e a geometria desse equipamento leiro em relação à sua utilização para,
normas de outros países e utilizados podem ser observadas na Figura 7. posteriormente, avaliar se devem ser
em inúmeros trabalhos acadêmicos. A caixa U avalia particularmente a incluídos como obrigatórios em uma
O IEV foi inserido na parte 2 do pro- capacidade do CAA de escoar e ascen- próxima revisão da norma.
jeto de revisão. Esse ensaio tem como der. Essa é uma análise importante para As alterações nas partes 2, 3 e 4 da
principal objetivo avaliar visualmente a estruturas da complexidade das vigas
capacidade de fluidez e a possibilidade calhas pré-fabricadas. Nesses elemen-
de segregação do CAA, pela aparên- tos, para evitar o aprisionamento de ar,
cia do concreto imediatamente após o concreto deve ser lançado a partir de
a retirada do molde tronco-cônico, no uma das abas da fôrma, precisa ter a
ensaio de espalhamento. A concentra- capacidade preencher todos os espa-
ção (ou não) de agregados no centro ços, atingir o nível do miolo negativo de
do círculo formado pelo concreto e a conformação da calha e autonivelar-se
presença (ou não) de borda nesse cír- até o topo da aba paralela [8].
culo (exsudação) dão indicações inte- O método da peneira, por sua vez, é
ressantes sobre o CAA. O IEV classifica um ensaio que tem por objetivo avaliar
o concreto em 4 níveis que variam de 0 a resistência à segregação estática do
a 3, como se pode observar na Figura CAA, por isso esse ensaio será inserido
6. Sendo o nível 3 (segregação aparen- na parte 6. A Figura 8 mostra o aparato.
te) não aplicável. Os ensaios da Caixa U e da Pe-
O método da caixa U aparece na neira são apresentados na revisão
nova versão da parte 4 e tem como da norma brasileira como anexos in-
objetivo a avaliação da habilidade pas- formativos das respectivas partes já
sante do CAA em fluxo confinado. A citadas, e, dessa forma, não são obri-
caixa U, como o próprio nome sugere, gatórios, aparecendo como métodos u Figura 7
consiste em dois compartimentos no alternativos. A inserção desses pro- Caixa U – Perspectiva
formato de um “U”, separado por uma Fonte: Projeto de revisão da
cedimentos tem como objetivo obser-
ABNT NBR 15823 – Parte 4
comporta e barras metálicas. As dimen- var a resposta do meio técnico brasi-

CONCRETO & Construções | 65


4. CONCLUSÃO
Após cinco anos de sua publicação
e disponibilização para a sociedade da
ABNT NBR 15823, o atual projeto de
revisão possibilitou a introdução de
alguns ajustes para sua atualização e
alinhamento com as tendências inter-
nacionais, permitindo que o profissio-
nal brasileiro tenha opções de proce-
dimentos para avaliação de cada uma
das propriedades do CAA.
Vale ressaltar o bom trabalho de-
senvolvido na elaboração da primeira
u Figura 8 versão dessa norma, cujo conteúdo
Execução do ensaio – método da peneira serviu de base durante seis anos à
Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 6
aplicação do CAA nas obras e empre-
sas de pré-fabricação do Brasil e tam-
ABNT NBR 15823, principalmente no dústria de pré-fabricados ou ca-
bém na sua revisão, que, por sua vez,
que se refere à inserção dos novos sos especiais, muito embora não
irá possibilitar aprimoramentos nos
procedimentos de ensaio, causaram seja suficiente para a não aceitação
documentos originais, tendo em vista
algumas mudanças na parte 1, com do concreto.
facilitar o conhecimento e a aplicação
relação à classificação, controle e Outro item de extrema importância
do concreto autoadensável no país.
aceitação do CAA no estado fresco. na utilização do CAA, introduzido na
O trabalho de revisão realizado
Como os limites de classificação são parte 1 da norma, refere-se à sua ras-
possibilita tornar a norma brasileira
apresentados em tabelas da parte 1, treabilidade. Para elementos verticais
uma das mais completas do mundo,
contendo dados de cada tipo de en- recomenda-se a medição da altura de
permitindo ao usuário conhecer me-
saio, decidiu-se introduzir três novas concreto atingida em cada lançamen-
lhor o concreto autoadensável que irá
tabelas, cada qual relativa a um dos to e, para elementos horizontais, a
efetivamente utilizar, a partir dos en-
três novos ensaios da norma. demarcação de zonas de lançamento
saios previstos, e realizar seu controle
O Índice de Estabilidade Visual, para cada lote de concreto.
tecnológico com mais propriedade.
por sua vez, aparece como deter- A Tabela 3 mostra um compara-
Destaca-se como principais contri-
minação obrigatória para o controle tivo entre os ensaios que compõem
buições para o meio técnico nacional:
e o recebimento do CAA no estado cada uma das normas comentadas
u Incorporação do Índice de Estabi-
fresco, tanto em obra quanto na in- neste artigo.

u Tabela 3 – Ensaios de CAA normatizados por diferentes normas técnicas

Propriedade Brasileira (ABNT NBR) Europeia (EN) Americana (ASTM)


– Slump flow – Slump flow – Slump flow
Fluidez
– IEV – IEV – IEV
– Funil V – Funil V
Viscosidade plástica – t500
– t500 – t500
– Anel J
– Anel J
Habilidade passante – Caixa L – Anel J
– Caixa L
– Caixa U (informativo)
– Coluna de segregação – Coluna de segregação
Resistência à segregação – Método da peneira
– Método da peneira (informativo) – Teste da penetração

66 | CONCRETO & Construções


lidade Visual (IEV).: possibilita uma tos estruturais: permite uma maior 5. AGRADECIMENTOS
avaliação qualitativa da estabilida- segurança ao consumidor final Aos participantes da CE-018:300.003
de da mistura aplicada em campo, (construtora);
(Comissão de Estudo de Concreto
visto que os ensaios de resistência u Incorporação de ensaios comple-
Autoadensável do ABNT/CB-18), pe-
à segregação são mais indicados mentares em anexo informativo
las discussões que proporcionaram
para laboratório; – caixa U e Peneira: proporciona
u Elaboração de especificações alternativas de ensaios e ambiente os avanços aqui descritos dessa nova
para melhorar a rastreabilidade para discussão técnico-acadêmica versão da ABNT NBR 15823 em rela-
da aplicação do CAA nos elemen- para avanços futuros. ção à anterior.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] TUTIKIAN, B. F.; DAL MOLIN, D. C. Concreto autoadensável. 2. ed. São Paulo: Pini, 2015.
[02] ASSOCIAÇÃO BRASILERA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA DE CONCRETO (ABCIC). Anuário ABCIC 2015. São Paulo, 2015.
[03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15823: Concreto auto-adensável. Rio de Janeiro, 2010.
[04] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 12350: testing fresh concrete. Brussels, 2010.
[05] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1611-14: Standard test method for slump flow of self-consolidating concrete. West
Conshohocken, 2014a.
[06] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1712-12: Standard test method for rapid assessment of static segregation resistance of self-
consolidating concrete using penetration test. West Conshohocken, 2014b.
[07] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1758-15: Standard practice for fabricating test specimens with self-consolidating concrete.
West Conshohocken, 2015.
[08] ALENCAR, R. S. A. Dosagem do concreto auto-adensável: produção de pré-fabricados. 2008. 179 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de
São Paulo (USP), São Paulo, 2008.

CONCRETO & Construções | 67


u entidades da cadeia

Norma brasileira sobre


Métodos de Ensaios de
Alvenaria de Blocos de
Concreto é publicada
D
esenvolvida dentro da Co­ apresentação dos resul-
missão de Estudo de tados desse ensaio em
Blocos de Concreto (CE- diagrama de tensão-de-
018:600.04), sob coordenação do Arq. formação, melhoria das
Carlos A. Tauil e Eng. Guilherme A. Par- especificações para ca-
sekian, o texto unifica e atualiza todos os peamentos nos diversos
ensaios em elementos de alvenaria que ensaios, padronização do
estavam dispersos em várias normas. procedimento de cura dos
São contemplados ensaios de parede, corpos de prova em pris-
pequena parede, prisma, cisalhamen- ma com necessidade de
to por compressão e tração diagonal, aplicação de filme plásti-
flexão simples e flexo-compressão de co nas faces grauteadas,
paredes e de tração na flexão de pris- indicação da necessidade
mas. Contempla ainda procedimento de molhar os vazados an- Ensaio de cisalhamento
para cálculo de valor característico para tes do grauteamento de
amostras a partir de 3 exemplares. prismas, entre outros.
Algumas melhorias em relação às O Comitê discutiu ainda
versões anteriores incluem: eliminação a inclusão de anexo com
de necessidade de número mínimo de especificação para extra-
3 macacos para ensaios de parede, ção de prismas testemu-
nho em paredes já constru-
ídas, que não fez parte da
Consulta Nacional, porém
deverá ser proposto como
emenda em breve.
Esse trabalho faz parte
de uma séria de ações da
área de Alvenaria Estru-
tural que vêm ocorrendo
Ensaio de prisma
com objetivo de unificar
e melhorar a normalização técnica dos dos de ensaios, que deverá ter reflexos
produtos, das especificações para pro- na Construção Civil com a publicação
Ensaio de pequena parede jeto, execução e controle, e dos méto- de novas normas nos próximos anos.

68 | CONCRETO & Construções


u estruturas em detalhes

A influência do processo BIM


no domínio de estruturas
de concreto
ALEX RODA MACIEL – Engenheiro Civil
iBIM Projetos e Consultoria

1. INTRODUÇÃO como um novo software, uma ferramen- (TIC) é utilizada para criação de um mo-

T
ema cada vez mais frequen- ta computacional que substituirá as fer- delo virtual do empreendimento, o modelo
te na pauta da indústria da ramentas CAD tradicionais, possibilitan- BIM, que representa suas características
construção civil brasileira, o do a evolução do projeto 2D para 3D, físicas e funcionais (NIBS, 2007), bem
BIM vem ganhando amplo destaque o acrônimo BIM (Building Information como o inter-relacionamento entre seus
entre os agentes que atuam em sua Modeling) representa um conjunto inter- elementos e componentes construtivos.
cadeia produtiva. Torna-se cada dia -relacionado de políticas, processos e O processo BIM estabelece um novo
maior a quantidade de empresas ou tecnologia (SUCCAR, 2009). paradigma, um novo modo de se con-
profissionais que buscam conhecimen- A Modelagem da Informação da ceber, projetar, construir e operar em-
to a respeito desta inovação ou que já a Construção é um processo focado no preendimentos de construção civil. O
estejam utilizando, independentemente desenvolvimento, uso e intercâmbio de BIM fomenta um novo fluxo de trabalho,
de seu porte ou segmento de atuação. modelos de informação em formato digital integrado e colaborativo, promovendo
Apesar do destaque ao aspecto tec- (COMPUTER..., 2011). Nesse contexto, a a integração entre os diversos agentes
nológico, sendo ainda visto por alguns tecnologia da informação e comunicação envolvidos e durante as diferentes fases
do ciclo de vida dos empreendimentos.
O modelo BIM representa uma base
de informações, comum e compartilha-
da, que evolui gradualmente ao longo
do ciclo de vida do empreendimento.
Suas informações são complementa-
das progressivamente pelos diversos
intervenientes, permitindo o reuso das
informações geradas ao longo do pro-
cesso e auxiliando a tomada de deci-
sões. A figura 1 ilustra a interação entre
as fases do ciclo de vida do empre-
endimento, baseada na tabela 1F da
ABNT NBR 15965-3.
De modo a suportar o desenvolvi-
mento dos modelos BIM, encontram-
u Figura 1 -se disponíveis no mercado diversas
Estágios do ciclo de vida do empreendimento no contexto BIM
ferramentas computacionais, destina-
Fonte: Elaborada pelo autor com base na ABNT NBR 15965-3
das a atender os mais diversos usos e

CONCRETO & Construções | 69


necessidades específicas dos agentes
envolvidos na indústria da arquitetura,
engenharia e construção (AEC).
Este artigo explora o uso do BIM
aplicado ao domínio de estruturas de
concreto, apresentando os impactos
que sua abordagem provoca no pro-
cesso de projeto tradicional. Algumas
considerações específicas aos seg- u Figura 2
mentos obras de edificações e infraes- Processo tradicional de projeto estrutural
truturas são expostas, bem como os Fonte: Elaborado pelo autor

benefícios promovidos ao longo de sua


cadeia produtiva. contendo definições e premissas, que calculista, usualmente com apoio de
serão usados como base à proposição softwares de análise estrutural, são
2. A INFLUÊNCIA DO da tipologia estrutural adequada ao repassadas ao responsável pelo deta-
PROCESSO BIM NOS empreendimento. lhamento dos desenhos de modo qua-
PROJETOS ESTRUTURAIS A terceira etapa destina-se ao cál- se artesanal, não sendo comum o in-
No processo de projeto tradicional, culo, análise e dimensionamento dos tercâmbio de dados em formato digital
fundamentado na representação gráfica elementos estruturais. Por meio de di- devido as distintas ferramentas usadas
bidimensional, o fluxo de informação en- ferentes níveis de abstração que repre- por esses agentes.
tre os diversos agentes envolvidos é rea- sentam a estrutura física real idealizada Parte considerável do tempo con-
lizado por meio de documentos planifica- (MARTHA, 2010), procede-se a discre- sumido no processo tradicional reser-
dos, exigindo, segundo Ferreira e Santos tização, cálculo e comprovação das hi- va-se documentação do projeto, onde
(2007), um recorrente esforço mental póteses, simplificações e demais consi- o espaço tridimensional, idealizado
para recomposição do espaço tridimen- derações previstas no modelo analítico, pelo projetista estrutural, é novamente
sional a partir da representação 2D. possibilitando o dimensionamento da planificado na elaboração de desenhos
Essas informações, advindas das armadura necessária. de fôrmas e armadura.
distintas especialidades envolvidas, Ao término dessa etapa, as in- Em geral, a interação com as de-
bem como internas da empresa res- formações geradas pelo engenheiro mais especialidades ocorre ao término
ponsável pelo projeto estrutural, pre-
cisavam ser recriadas diversas vezes
ao longo do processo, em função da
interpretação dos desenhos ou uso de
distintos softwares específicos.
A figura 2 representa um fluxo de
trabalho tipicamente adotado no de-
senvolvimento de projetos estruturais.
A primeira etapa destina-se a concep-
ção e definição dos requisitos do em-
preendimento. Embora recomendável,
em muitos casos ainda não há a defini-
ção da empresa que será responsável Fonte: Pries (2010) apud Goes (2011) Fonte: Elaborada pelo autor
pelo projeto estrutural.
O processo de projeto estrutural u Figura 3
inicia-se efetivamente com o recebi- Interação entre agentes da indústria AEC no processo tradicional e
no contexto BIM
mento dos documentos de referência

70 | CONCRETO & Construções


do detalhamento do projeto de fôrmas. etapas de projeto, conforme represen- intercâmbio entre ferramentas de auto-
O repasse e solução de eventuais alte- tado na figura 4. ria BIM e ferramentas de análise estru-
rações, inerentes ao processo de proje- Essa abordagem colaborativa fa- tural. Cada elemento estrutural contém,
to, demandavam um trabalho eficiente vorece a identificação, bem como a além de definições geométricas e de
de coordenação, de modo a garantir a prevenção, de possíveis problemas materiais, elementos analíticos asso-
solução prévia de problemas de interfa- de interface desde as etapas iniciais ciados que podem ser exportados aos
ce antes do início da construção. do projeto, auxiliando a mitigar erros, aplicativos de análise estrutural.
A consistência e atualização dos omissões, retrabalhos, e contribuindo Apesar de compartilhar informações
documentos, ainda que elaboradas para redução dos ciclos de aprovação 1
com o modelo estrutural BIM e possibi-
com auxílio de ferramentas CAD para- e duração dos projetos. litar sua atualização, como, por exemplo,
métricas, que permitem a automação O primeiro aspecto está relaciona- a exportação das armaduras, o modelo
da representação gráfica e quantifica- do aos benefícios proporcionados pela de análise deve ser mantido externamen-
ção dos materiais, requerem grande representação tridimensional. A visua- te à base compartilhada, devido à res-
esforço sendo comum a ocorrência de lização 3D reduz consideravelmente o ponsabilidade técnica e civil associada.
divergência entre as informações conti- esforço cognitivo necessário à percep- Após a modelagem dos elementos
das nos documentos. ção dos objetivos e necessidades do estruturais, armaduras e demais com-
O processo BIM provoca profundas empreendedor. Facilita a transmissão ponentes, desenhos e quantitativos de
mudanças em relação à forma com que das intenções e premissas ao projetista materiais passam a ser subprodutos do
os projetos são desenvolvidos, uma vez estrutural, assim como às empresas res- modelo, gerados a partir de uma base
que deixam de ser representados por ponsáveis pelas demais especialidades. de dados coordenada. Eventuais altera-
desenhos 2D e passam a ser simulados O intercâmbio de dados entre ferra- ções no modelo são reproduzidas nos
por meio de modelos virtuais. mentas de autoria BIM usadas por dis- documentos associados, garantindo a
Seu uso fomenta um novo fluxo de tintas especialidades reduz o esforço consistência e atualização das informa-
trabalho multidisciplinar, integrado e co- inicial necessário à entrada de dados. ções contidas no projeto estrutural.
laborativo, promovendo a interatividade Um elemento estrutural, definido ini- Na figura 5 apresenta-se um exem-
entre as diversas especialidades atuan- cialmente em um projeto arquitetônico, plo de Projeto de Detalhamento de Ar-
tes no processo de projeto. pode ser reconhecido automaticamen- maduras (PDA), elaborado com suporte
Nesse contexto, o modelo estrutu- te pelas ferramentas BIM utilizadas pelo de uma ferramenta de autoria BIM.
ral BIM é mantido em uma base co- projetista estrutural, assim como por Diferentemente do processo tradi-
mum e compartilhada, desenvolven- demais especialidades. cional, no qual a representação gráfica
do-se progressivamente ao longo das Esse conceito também se aplica ao 2D possibilitava o uso de simplifica-
ções, simbolismo e omissões de algu-
mas informações consideradas implíci-
tas (FERREIRA; SANTOS, 2007), como
no caso de barras corridas ou com
comprimento variável, no contexto BIM
cada componente deve ser modelado
de forma explícita.

2.1 O BIM no setor de obras


de edificações
u Figura 4
Processo de projeto estrutural no contexto BIM
Embora os benefícios proporcio-
Fonte: Elaborado pelo autor
nados pela representação 3D serem

Foram omitidas as atividades de análise e aprovação do projeto estrutural pelo contratante que ocorrem ao longo processo de projeto com base no modelo BIM.
1

CONCRETO & Construções | 71


ARMADURA DA LAJE DE FUNDO L1 ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO
CORTE A–A CORTE B–B

DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

CORTE C–C FUNDAÇÕES

ARMADURA DA LAJE DE TAMPA L2 CORTE D–D

CORTE E–E

CORTE F–F

u Figura 5
Exemplo de PDA desenvolvido por meio do processo BIM
Fonte: Nemetschek Structural User Contest (NEMETSCHEK, 2013, p. 150)

conhecidos há décadas pelos projetis- dos desenvolvedores de modelado- 2.2 O BIM aplicado a obras
tas estruturais que atuam no segmen- res estruturais integrados, de modo a de infraestrutura
to de edificações, sobretudo em obras viabilizar o efetivo trabalho colabora-
reticuladas de concreto, seu uso fi- tivo e permitir o reuso de informações Em comparação ao segmento de
cava, em geral, limitado aos proces- advindas das demais especialidades. edificações, onde o uso de modela-
sos internos do projetista estrutural O BIM ajuda a expandir esses be- dores estruturais integrados encontra-
e à exportação de imagens para co- nefícios a estruturas cada vez mais -se estabelecido e proporciona sinergia
municação com o contratante. singulares e ousadas, nas quais ti- entre a análise, dimensionamento e de-
O advento dos modeladores es- pologias formadas por superfícies talhamento estrutural, nos projetos de
truturais integrados, ferramentas em cascas e edificações concebidas estruturas de concreto destinados às
computacionais que abrangem todas em arquitetura estrutural exigem si- obras de infraestrutura este processo é
as etapas do processo de projeto es- nergia entre o arquiteto e o projetis- realizado de forma quase artesanal.
trutural, permitiu aumentar conside- ta estrutural.
ravelmente a produtividade e reduzir
os prazos de desenvolvimento do
projeto, porém a interface entre os
demais agentes se manteve baseada
em documentos 2D.
Atualmente os principais mode-
ladores integrados permitem a ex-
portação dos modelos, por meio de
plugin ou formatos não proprietários
e abertos, como o IFC 2, possibilitan-
do aos projetistas estruturais partici-
parem do processo BIM, porém de u Figura 6
forma coordenada. Edifício do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões
Fonte: Imagem cedida por José Carlos Lino (Newton)
Há um grande esforço por parte

Industry Foundation Classes (IFC) é um schema de dados e um formato de arquivo neutro, não proprietário, usado para o intercâmbio de dados na indústria AEC.
2

Este padrão é desenvolvido e mantido pela organização internacional buildingSMART e registrado pela norma ISO 16739:2013.

72 | CONCRETO & Construções


reduzindo eventuais divergências
entre informações contidas nos mo-
delos e documentos de construção.
A adoção do processo BIM por
empresas que atuam em obras de in-
fraestrutura tende a obter uma forte
expansão nos próximos anos, moti-
vado por seus benefícios internos e,
principalmente, pela indução do se-
tor público, seu principal contratante.
Alguns órgãos e empresas estatais,
como DNIT, METRÔ-SP e CPTM, já
anunciaram intenções ou solicitam
u Figura 7
que seus projetos sejam desenvolvi-
Exemplo de projeto de infraestrutura desenvolvido por meio
do processo BIM dos em BIM.
Fonte: Imagem cedida por Intertechne Consultores S.A.
2.3 O BIM na preparação e
Este fato se deve à peculiaridade denação espacial multidisciplinar, o uso produção de estrutura
dos projetos desenvolvidos e à menor de ferramentas BIM no desenvolvimento em concreto
interoperabilidade entre as ferramentas dos projetos estruturais contribui para:
tradicionalmente utilizadas, sendo ainda a) minimizar a segregação entre as ati- Os empreendimentos de constru-
frequente o uso de ferramentas que de- vidades de análise e detalhamento ção civil têm por característica a singu-
mandam alto grau de intervenção manual. estrutural por meio do intercâmbio laridade. Cada obra possui caracterís-
O emprego do processo BIM em de informações em formato digital; ticas específicas e, diferentemente de
obras de infraestrutura favorece não b) mitigar problemas relativos à inter- outras indústrias, nas quais as defini-
apenas o aumento da integridade e con- face e congestionamento de barras ções de projeto são validadas por meio
sistência dos projetos estruturais, mas de reforço, comuns aos elementos de protótipos antes do início de sua
também propicia maior colaboração en- estruturais robustos e com alta taxa produção em massa, cada empreendi-
tre os diversos agentes envolvidos. de armadura, frequentemente em- mento é, ao mesmo tempo, um produ-
Além dos benefícios proporcionados pregados nesse setor; to final e um protótipo.
pela visualização tridimensional e coor- c) extração precisa de quantitativos, A possibilidade de simular as etapas
construtivas (BIM 4D) e uso dos modelos
para orçamentação e gestão de custos
(BIM 5D) contribui para antever eventuais
problemas, que, em muitos casos, so-
mente eram identificados durante a obra.
A construção virtual da construção
facilita a interpretação do projeto estru-
tural, identificação de possíveis interfe-
rências provocadas por estruturas tem-
porárias, que possam afetar o acesso a
equipamentos, e os estudos de alterna-
tivas antes do início de sua execução.
u Figura 8
Embora questões relativas à cons-
Uso do processo BIM na construção virtual de empreendimentos
trutibilidade serem, em muitos casos,
Fonte: Adaptado de Trimble Buildings (2016, p.10)
abordadas somente após o término do

CONCRETO & Construções | 73


projeto estrutural, recomenda-se que a surgimento de patologias estruturais. concepção estrutural, reduzindo o es-
definição do método e sequenciamen- O emprego da fabricação digital, forço inicial necessário à interpretação
to executivo seja tratado concomitante- processo no qual a informação digital, de desenhos 2D e ao intercâmbio de
mente ao projeto, de modo a possibilitar contida no modelo BIM é usada com dados entre diferentes sistemas compu-
a previsão de juntas de concretagem e objetivo de facilitar a fabricação ou tacionais, resultando em projetos mais
armaduras de espera, e evitar a neces- montagem de produtos de construção econômicos e com maior qualidade.
sidade de adequações durante a etapa (COMPUTER..., 2011), aliada a maior Não obstante aos benefícios pro-
de construção. confiabilidade proporcionada pelo BIM, porcionados pela visualização tridi-
Durante a fase de execução, os contribuem para aumentar o grau de in- mensional, coordenação espacial 3D
modelos BIM desenvolvidos nas fa- dustrialização e pré-fabricação. e maior automação nas atividades de
ses de projeto e preparação podem Destaca-se também o uso de equi- documentação e quantificação, de-
ser utilizados no apoio das atividades pamento Laser Scanning no levanta- vem-se ter em conta os impactos que
de execução. mento de dados para obras de amplia- o BIM promove ao longo da cadeia
O uso de dispositivos móveis e de ção e reforço estrutural, sobretudo em produtiva, os quais transcendem seu
armazenamento de dados baseados ambientes agressivos e locais de difícil aspecto tecnológico.
na nuvem vem tornando o BIM cada acesso, como obras de arte especiais. O uso do processo BIM fomenta um
vez mais presente nos canteiros de De modo a viabilizar o uso do mo- novo fluxo de trabalho, integrado e co-
obras, auxiliando o acompanhamen- delo estrutural BIM ao longo de sua laborativo, auxilia a promover maior in-
to, controle tecnológico e medição cadeia produtiva torna-se fundamen- tegração entre os agentes atuantes na
das atividades de produção, agili- tal a prévia definição dos objetivos e indústria AEC e contribui para reduzir
zando a comunicação entre equipes propósitos de uso do modelo. A clara incertezas, omissões e problemas de
locadas em campo e o projetista es- definição dos objetivos e necessida- interface que ocasionam retrabalhos e
trutural caso seja necessário dirimir des, desde suas etapas iniciais, permi- o aumento de custos e prazos do pro-
alguma dúvida. te maximizar os resultados obtidos e jeto e construção.
A integração do modelo BIM a equi- atender aos agentes atuantes à jusan- Assim como já ocorrido em alguns
pamentos topográficos facilita a loca- te do processo. países, a exigência de uso do BIM
ção das estruturas na obra, tornando- torna-se a cada dia uma realidade no
-as mais precisa e aderentes ao projeto, 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS contexto brasileiro. Iniciativas realizadas
e contribui para identificação de even- O auxílio de ferramentas BIM no de- por órgãos públicos e privados tendem
tuais desvios que possam gerar esfor- senvolvimento dos projetos estruturais a impulsionar o mercado brasileiro na
ços não previstos e, posteriormente, o permite ao projetista focar esforços na implantação do BIM.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] COMPUTER INTEGRATED CONSTRUCTION RESEARCH PROGRAM. BIM Project Execution Planning Guide - Version 2.1. University Park, Pa, USA: The Pennsylvania
State University, 2011. 134 p.
[02] FERREIRA, R. C.; SANTOS, E. T. Limitações da representação 2D na compatibilização espacial em projetos de edifícios e a aposta no CAD 3D como solução.
In ENCONTRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL, 3., Porto Alegre, 11 e 12 de julho de 2007. Anais. Porto Alegre:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. 10 p., 1 CD-ROM.
[03] GOES, R. H. T. B. Compatibilização de projetos com a utilização de ferramentas BIM. 2011. 142p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo, São Paulo, 2011.
[04] MARTHA, L. F. Análise de Estruturas: Conceitos e Métodos Básicos. Rio de Janeiro: Editora Campus/Elsevier, Rio de Janeiro, RJ, 524p., ISBN 978-85-352-3455-8, 2010.
[05] NATIONAL INSTITUTE OF BUILDING SCIENCES (NIBS). United States Nation Building Information Modeling Standard: Version 1- Part 1: Overview, Principles, and
Methodologies. [S.l.], 2007. 182 p.
[06] NEMETSCHEK. Nemetschek Structural User Contest: Inspirations in Engineering, 2013. [S.l]: 2013. 271 p. Disponível em: <http://books.scia.net/UC2013/>.
Acesso em: 02 nov. 2016.
[07] SUCCAR, B. Building Information Modelling Framework: a research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction, v. 18, n. 3, p.
357-375, 2009.
[08] TRIMBLE BUILDINGS. Vico Office introduction: Training manual. [S.l.:s.n.], 2016. 110p.

74 | CONCRETO & Construções


u estruturas em detalhes

Concepção de tabuleiros
curvos e estaiados
GABRIELA MARIANA CHUNG – Mestranda
FERNANDO REBOUÇAS STUCCHI – Professor Doutor
Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo

1. INTRODUÇÃO calculado, para, então, se determinar de um tipo de ponte estaiada foi relatado
forma aproximada a distorção da seção em 1617, por Faustus Verantius, que
1.1 Problema analisado transversal e os efeitos a ela associados propôs um sistema de pontes de barras
pelo Método de Steinle, analisado em de aço inclinadas que sustentavam um

O
estudo da concepção de detalhes em Stucchi (1982). tabuleiro de madeira (Troitsky, 1977).
tabuleiros curvos estaiados Este trabalho tem por objetivo contri- Em contrapartida, acredita-se que as
é ainda pouco difundido buir com o avanço desses estudos, ana- primeiras investigações da forma curva
no Brasil. Atualmente, sendo a otimiza- lisando a influência de alguns fatores que de um cabo suspenso sob seu próprio
ção da infraestrutura viária de extrema definem o comportamento de pontes es- peso ocorreram em meados do século
importância, as pontes estaiadas são taiadas curvas através de modelos estru- XVII por Galileu, que apontou a similari-
bastante exploradas por suas vanta- turais, como o posicionamento do mastro dade entre esta curva e uma parábola.
gens construtivas, não demandando e a suspensão unilateral dos estais. A solução desta geometria, correspon-
grandes áreas de apoio durante a cons- dente à carga uniformemente distribuída
trução que possam interferir no fluxo de 1.2 Histórico ao longo do cabo, que hoje é admitida
veículos já existente. Conjuntamente, a como sendo a da catenária, foi primei-
escolha do tipo de obra de arte deve-se O princípio de transportar cargas, ramente publicada em 1691 por James
a diversos outros fatores, tais como: as suspendendo uma corda, corrente ou e John Bernoulli, Leibnitz e Huigens. O
condições locais da fundação, o consu- cabo através de um obstáculo é conhe- cabo parabólico recebeu considerável
mo de materiais e mão de obra, dificul- cido desde tempos antigos. No entan- atenção não somente por sua formula-
dades construtivas, etc. Muitas vezes é to, não foi antes de 1823 que a primeira ção matemática mais simplificada, mas
necessário estudar outras formas de uti- ponte permanente suportada por ca- também porque, em muitas situações,
lização desse tipo de estruturas, como é bos compostos por fios de ferro esti- tal como em pontes suspensas, Irvine1
o caso de pontes curvas. rados foi construída em Genebra, por (1975 apud Oliveira, 2002) definiu que
Em Luchi (2001) é apresentado um Frenchman Marc Seguin, um dos cinco uma parcela substancial do carrega-
método simplificado de cálculo para irmãos que, nas duas décadas seguin- mento é uniformemente distribuída na
análise de seções celulares em curva – tes, construíram centenas de pontes horizontal ao longo do vão.
mais especificamente as submetidas à suspensas por toda Europa (Gimsing
protensão – no qual primeiramente de- e Georgakis, 2012). Existem relatos de 2. MODELO DE CÁLCULO
terminam-se os esforços longitudinais na pontes estaiadas construídas ainda an- Neste trabalho, foram realizadas
ponte retificada com os carregamentos tes dessa época, porém constituídas análises em um modelo tridimensio-
verticais atuantes na ponte curva, acres- de materiais mais primitivos. nal de barras e cabos com o auxílio
cido do momento torsor devidamente O primeiro registro da utilização de do software SCIA Engineer2, no qual é

Irvine, H.M. Statics of suspended cables. Journal of the Engineering Mechanics Division, vol. 101, n. EM3, pp. 187-205, 1975.
1

SCIA Engineer 2015, ed. 15.1.106, Nemetschek Scia software, 2015.


2

CONCRETO & Construções | 75


comprimento e raio de 25 m, suspensa
simetricamente por estais em seu lado
interno da curva, espaçados a cada 5 m,
sendo utilizados 9 estais. As Figuras 1 e 2
ilustram a geometria proposta.
A altura do mastro é parâmetro im-
portante, uma vez que define a inclina-
ção dos estais e consequentemente sua
u Figura 1 eficiência. Existem diversas recomenda-
Planta do tabuleiro (medidas: cm) ções acerca da altura do mastro. Segun-
do Gimsing4 (1983 apud Torneri, 2002),
empregado o Método dos Elementos deslocamentos e esforços no tabuleiro. a altura ideal para torres é da ordem de
Finitos para análises não lineares. As Em seguida, com o intuito de neutralizar 20% do vão central (medida a partir do
barras foram utilizadas para representar a flecha inicial da estrutura devida ao seu nível do tabuleiro) para configuração de
o tabuleiro e o mastro, ambos de con- peso próprio, simulou-se protensão nos cabos em harpa e 15% para configura-
creto, enquanto os cabos com arranjo estais a partir de uma tensão inicial ob- ções em leque. Assim, adotou-se neste
em leque representam os estais de aço, tida por meio de um modelo auxiliar, no estudo um mastro de seção quadrada
cuja rigidez à flexão é admitida nula. qual a sustentação pelos estais é substi- de 1 m x 1 m e comprimento total de
As propriedades físicas do concreto e tuída por apoios fixos. Essa ideia baseia- 15 m engastado em sua base, de for-
aço respeitaram as recomendações da -se no método de anulação das reações ma que o tabuleiro encontra-se em sua
ABNT NBR 6118:2014. em apoios fictícios proposto por Chen meia altura. O mastro foi posicionado no
Tendo em vista que a suspensão et. al. (2000 apud Ytza, 2009) para se
3 centro de gravidade do tabuleiro a fim de
unilateral do tabuleiro influi nos seus obter uma boa distribuição de momen- minimizar os esforços devidos às excen-
esforços e que cada cabo se anco- tos no tabuleiro mediante um ajuste nas tricidades de carga, conforme Figura 3.
ra numa transversina, foram utilizados tensões aplicadas nos estais de forma a As extremidades do tabuleiro são fi-
braços rígidos para simular a ligação do zerar os deslocamentos na ancoragem xas quanto aos deslocamentos vertical
tabuleiro aos cabos, já que tal ligação do cabo no tabuleiro. e tangencial, condicionando o encontro
não ocorre no centro de gravidade da De posse dos novos resultados, com o terreno, além de possuir restrição
seção transversal. estudou-se a influência da posição do à rotação torsional, de modo que simula
Além disso, sabe-se que esforços mastro e da inclinação dos cabos de a vinculação com as travessas de apoio.
de torção podem ocorrer devido ao fato forma a avaliar se os ganhos ou perdas
de o centro de cisalhamento da seção estruturais são relevantes para as con- 3.2 Modelo inicial (MI)
transversal não coincidir com o centro siderações de projeto.
de gravidade. No entanto, tendo em Para as condições apresentadas,
vista que em seções celulares esses 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
pontos são próximos, é usual adotar o
eixo da barra que representa o tabulei- 3.1 Considerações iniciais
ro no centro de gravidade, tal como foi
feito neste trabalho. O trabalho foi desenvolvido para uma
Em primeira análise verificou-se o passarela de pedestres em concreto com
comportamento estrutural dos elemen- resistência característica a compressão u Figura 2
Seção transversal do tabuleiro
tos sob a ação de peso próprio e so- de 45 MPa, cuja seção tansversal é va-
(medidas: cm)
brecarga, de onde se obtiveram grandes zada com 0,2 m de espessura, 45 m de


3
Chen , D.W.; Au, F.T.K.; Tham, L.G. e Lee, P.K.K. Determination of initial cable forces in prestressed concrete cable-stayed bridges for given design deck
profiles using the force equilibrium method.Computer and Structures, vol.74, pp.1-9, 2000.

4
Gimsing, N.J. Cable supported bridges. Chichester: John Wiley, 1983. 400 p.

76 | CONCRETO & Construções


O equilíbrio é dado segundo as
equações 1, 2 e 3.

R
N= [1]
cos θ

7,5
cos θ = [2]
l
u Figura 3
Vista isométrica do modelo onde:
estrutural N: força no estai;
u Figura 6
R: reação de apoio obtida no modelo;
Corte típico
q: ângulo de inclinação do estai;
l : comprimento do estai em metro.
Substituindo-se a equação (2) em
equação (1), obtém-se a equação 3

R.l
N= [3]
7,5

u Figura 4 Os resultados são apresentados


Estrutura deformada nas Figuras 7 e 8.
A Tabela 1 resume os esforços devi-
do ao peso próprio em cada estai. u Figura 7
Modelo estrutural com apoios
fictícios
3.4 Modelo com cabos
tensionados (MCT) acidental a ser considerada em pas-
sarelas de pedestres é uma carga uni-
Com os dados obtidos na Tabela 1, formemente distribuída de intensidade
elaborou-se um modelo que simula o p = 5 kN/m², não majorada pelo coe-
u Figura 5 tensionamento inicial nos cabos. ficiente de impacto (Figura 9). O carre-
Deslocamentos verticais De acordo com as prescrições da gamento é aplicado no centróide da
no tabuleiro devido ao peso ABNT NBR 7188:2013, a sobrecarga seção, distante de 0,076 m do eixo
próprio – modelo inicial

simulou-se um modelo tridimensional no


qual se extraíram os deslocamentos de-
vidos ao peso próprio da estrutura. Os
resultados são apresentados nas Figu-
ras 4 e 5 com valores característicos.

3.3 Modelo com apoios fictícios


(MAF)

De forma simplificada, a força nos


estais pode ser obtida a partir das rea-
u Figura 8
ções de apoio por meio do equilíbrio dos
Reações nos apoios (unidade: kN)
nós, conforme ilustrado na Figura 6.

CONCRETO & Construções | 77


u Tabela 1 – Determinação dos esforços nos estais

Estai L (m) Reação (kN) N (kN)


1 18,85 149,91 376,77 resultados obtidos pelo método de
2 15,13 268,63 541,92 anulação das reações, elaborou-se
3 11,60 277,30 428,89 outro modelo com a aplicação de uma
4 8,75 275,58 321,51 queda de temperatura nos estais. De
5 7,55 275,15 276,98 acordo com Ytza (2009), é possível si-
6 8,75 275,58 321,51 mular a protensão nos estais por meio
7 11,60 277,30 428,89 de temperaturas fictícias determinadas
8 15,13 268,63 541,92 levando-se em conta as propriedades
9 18,85 149,91 376,77 de cada estai e a força nele atuante de-
vido ao peso próprio.
médio do tabuleiro, o que ocasiona Apresenta-se na equação 4 a for-
um momento torsor correspondente a mulação da variação de temperatura
ser considerado. correspondente à força no estai.
Os resultados nesse caso são apre-
sentados nas Figuras 10 a 15, nas D l = α.l.DT [4]

quais se verifica considerável redução


nos deslocamentos obtidos em relação onde:
ao modelo inicial. Dl: variação de comprimento do estai;
a: coeficiente de expansão térmica,
3.4.1 Equivalência com aplicação considerado como 1,17 x 10-5;
u Figura 9 de temperatura (MT) l: comprimento do estai;
Sobrecarga acidental
DT : variação de temperatura fictícia.
(unidades: kN, m)
A fim de se avaliar a precisão dos

u Figura 12
u Figura 10 Momento torsor no tabuleiro u Figura 14
Deslocamentos verticais devido a cargas permanentes e Momento fletor no mastro devido
no tabuleiro devido ao peso acidentais – modelo com cabos a cargas permanentes – modelo
próprio – modelo com cabos tensionados com cabos tensionados
tensionados

u Figura 11 u Figura 13
Momento fletor no tabuleiro Esforço cortante no tabuleiro u Figura 15
devido a cargas permanentes e devido a cargas permanentes e Momento fletor no mastro devido
acidentais – modelo com cabos acidentais – modelo com cabos a cargas permanentes e acidentais
tensionados tensionados – modelo com cabos tensionados

78 | CONCRETO & Construções


u Tabela 2 – Determinação de
temperaturas dos estais

Estai N (kN) ΔT (°C)


considerada como 1,8.10-5 m² para a variação dos esforços quando da
1 376,77 910,09 existência ou não de sobrecarga aci-
uma cordoalha de ϕ15,2 mm.
2 541,92 1308,98 Igualando-se as expressões (4) e dental é significativa. Dessa forma,
3 428,89 1035,97 (5), obtém-se a equação 6. considerou-se ideal a configuração
4 321,51 776,60 que apresentasse menores diferen-
N
5 276,98 669,05 α.DT = [6] ças entre as diversas combinações
E.A
6 321,51 776,60 de carga, ou seja, valores de esforços
7 428,89 1035,97 Portanto, a variação de temperatu- mais homogêneos. Em outras pala-
8 541,92 1308,98 ra referente a uma força N é dada na vas, o deslocamento ideal do mastro
9 376,77 910,09 equação 7. é aquele em que as excentricidades
na base (e = M / V, sendo M o mo-
N
Por outro lado, a variação de com- DT = [7] mento e V a cortante), tanto para car-
α.E.A
primento de uma barra devida a um es- gas permanentes (g) quanto para car-
forço axial N é dada na equação 5. gas permanentes mais acidentais (g +
A Tabela 2 apresenta as variações q), sejam minimizadas.
N.l
Dl = [5] de temperatura necessárias para anu- A Figura 22 esquematiza o caso.
E.A
lar os deslocamentos verticais quando Escolheu-se aqui a posição que re-
onde: o tabuleiro está submetido à carga de sultasse em |V*e(g)| ≈ |V*e(g+q)|, con-
peso próprio. forme indicam as Figuras 28 e 29.
N: força no estai devido ao peso
Ressalta-se que esses valores fo- Em seguida, fez-se a análise dos
próprio;
ram obtidos a partir da configuração esforços no tabuleiro.
E: módulo de elasticidade do aço con-
final da ponte. Quando se consideram Para um deslocamento de 1,3 m,
siderado como 195000 GPa;
as etapas construtivas, obtêm-se des-
A: área da seção transversal do estai
locamentos maiores em função da evo-
lução dos esforços.
Os resultados são apresentados
nas Figuras 16 a 21.

3.5 Modelo com mastro


deslocado (MCT – MD)
u Figura 18
Momento torsor no tabuleiro
u Figura 16 Para as mesmas condições des- devido a cargas permanentes
Deslocamentos verticais no
critas e com o modelo com cabos e acidentais – modelo com
tabuleiro devidos ao peso próprio
temperatura
– modelo com temperatura tensionados, analisou-se a influência
da posição do mastro no comporta-
mento geral da estrutura. Inicialmente
buscou-se uma posição tal que o mo-
mento fletor na base devido à carga
permanente ficasse próximo de zero.
Uma vez que a maior tensão de tração
ocorre na face mais próxima ao tabu-
u Figura 17 leiro, deslocou-se o mastro no sentido u Figura 19
Momento fletor no tabuleiro de seu afastamento, de forma que o Esforço cortante no tabuleiro
devido a cargas permanentes desequilíbrio causado compense as devido a cargas permanentes
e acidentais – modelo com e acidentais – modelo com
solicitações na seção.
temperatura temperatura
Por outro lado, verificou-se que

CONCRETO & Construções | 79


conforme se apresenta na Figura 23, de concreto, considerado como 45˚;
verifica-se uma redução considerável Ae: área limitada pela linha média da
do momento fletor solicitante no mas- parede da seção vazada, real ou equi-
tro submetido às cargas permanente valente, incluindo a parte vazada, igual
e acidental em aproximadamente 85% a 1,94 m² para as seções junto aos
quando se comparam os resultados apoios;
das Figuras 21 e 29. Para a condição he: espessura equivalente da parede da
em que há somente peso próprio, a re- seção vazada, real ou equivalente, no
dução é de aproximadamente 81%. ponto considerado, igual a 0,2 m nas
Os resultados são apresentados u Figura 23 seções junto aos apoios;
nas Figuras 24 a 29. Estrutura com deslocamento bw.d: simplificadamente adotado como
de mastro

u Figura 25
Momento fletor no tabuleiro
u Figura 20
devido a cargas permanentes
Momento fletor no mastro devido u Figura 24 e acidentais – modelo com
a cargas permanentes – modelo Deslocamentos verticais no deslocamento de mastro
com temperatura tabuleiro devidos ao peso próprio
– modelo com deslocamento
de mastro

3.5.1 Verificação da seção


de apoio sob torção

Apresenta-se aqui uma breve ve-


rificação da seção do tabuleiro para o
u Figura 26
máximo momento torsor encontrado. Momento torsor no tabuleiro
u Figura 21 A resistência decorrente das diago- devido a cargas permanentes
Momento fletor no mastro devido nais comprimidas de concreto é obtida e acidentais – modelo com
a cargas permanentes e acidentais deslocamento de mastro
– modelo com temperatura pela combinação de torção com força
cortante que agem concomitantemente
na seção (equação 8).

Vsd T
+ sd £ 1 [8]
V(g) e(g) VRd 2 TRd 2

V(g+q)
onde:
e(g+q)

VRd2 = 0, 27.α v2.fcd.bw .d u Figura 27


[9]
TRd 2 = 0,5.α v2.fcd.A e.he.sen (2θ ) Esforço cortante no tabuleiro
u Figura 22 devido a cargas permanentes
Excentricidades na base do e acidentais – modelo com
mastro – vista em planta av2 = 1 – fck/250, com fck em MPa; deslocamento de mastro
q: ângulo de inclinação das diagonais

80 | CONCRETO & Construções


u Tabela 3 – Resumo comparativo entre os modelos

δ M Positivo M Negativo M Torsor M Mastro M Mastro


(mm) (kN m) (kN m) (kN m) (kN m) (kN m)
Carga atuante g g+q g+q g+q g g+q
MI 153,5 – – – – –
MCT 15,7 940,05 -1285,42 3396,33 -5273,04 -5026,94
MT 12,1 895,85 -1303,62 3381,68 -5414,21 -5165,13
MCT – MD 13,8 783,87 -828,24 3471,15 -1012,43 757,52

a área da seção, igual a 3 m²; dos entre o modelo com cabos tensio- 4. CONCLUSÕES
Vsd = 114,23 x gf , com coeficiente nados (MCT) e o modelo com aplicação Os resultados deste estudo de-
de ponderação de ações gf adotado de temperatura (MT), obtém-se uma monstraram que os métodos de avalia-
como 1,4; diferença de menos de 5%. Por outro ção das forças nos cabos são válidos,
Tsd = 3471,15 x gf. lado, ao se calcular a diferença entre as como era de se esperar, e devem ser
Portanto, tem-se: flechas, a variação se torna 23%. Isso absolutamente equivalentes se for usa-
se deve ao fato de o cálculo da flecha do um processo iterativo para os dois
TRd2 = 5113,3 kNm e
[10] pelo MCT ser feito por um processo (MCT e MT). A vantagem da tempera-
VRd2 = 21349,3 kNm
iterativo, de forma que os cálculos são tura é poder ser aplicada em qualquer
executados já na configuração defor- programa computacional e levar a um
Substituindo-se a equação (8), ve- mada do elemento, diferentemente do resultado aproximado mesmo com
rifica-se: MT, ainda que os procedimentos sejam apenas uma iteração.
equivalentes.
Vsd T 114,23 ´ 1,4 Embora a variação obtida nos des-
+ sd = +
VRd 2 TRd 2 21349, 3
locamentos seja relativamente grande,
[11]
3471,15 ´ 1,4 é importante destacar que a flecha não
@ 0,96 £ 1
5113, 3 supera o valor de 2 cm em nenhum dos
dois casos.
Tendo em vista que a máxima tor- De forma análoga, comparando-se
ção ocorre nas seções de apoio, estu- com o modelo com mastro deslocado
dou-se outra alternativa com redução (MCT – MD), o resultado é ainda mais
na resistência característica do concre- favorável. A variação entre as flechas é u Figura 28
to para 30 MPa, onde considerou-se da ordem de 14%. Em conjunto com Momento fletor no mastro devido
um aumento na espessura das seções isso, verifica-se uma melhor distribui-
a cargas permanentes – modelo
com deslocamento de mastro
junto aos apoios para 30 cm, como é ção de esforços no tabuleiro, além de
feito usualmente. uma considerável redução, em termos
Verificou-se, para essa nova geo- absolutos, nos momentos fletores. O
metria, que a seção de apoio sob tor- estudo demonstra que as reduções
ção também atende a condição dada chegam a até 35%.
pela equação ( 8 ), onde obteve-se: Por outro lado, o ganho estrutural

Vsd T no mastro é ainda mais relevante. Além


+ sd @ 0,99 [12] de também se obter melhor distribui-
VRd 2 TRd 2
ção de esforços, verifica-se redução
nos momentos fletores de 80% a 85%.
3.6 Comparação de resultados Isso mostra que, por meio de um
u Figura 29
simples ajuste geométrico, pode-se oti- Momento fletor no mastro
A Tabela 3 resume os resultados ex- mizar consideravelmente a seção dos devido a cargas permanentes
traídos das análises. elementos e, consequentemente, redu- e acidentais – modelo com
deslocamento de mastro
Comparando-se os esforços obti- zir o consumo de material.

CONCRETO & Construções | 81


Uma importante conclusão é que trou-se bastante sensível no que de se atrela às restrições do estudo
se pode suspender o tabuleiro ape- se refere à posição do mastro, uma geométrico.
nas pela borda interna sem criar vez que o deslocamento de 1,3 m Neste trabalho foi apresentado
torções insuportáveis. Pretende-se teve considerável influência nas so- um dos fatores que podem otimizar
comparar, em trabalhos futuros, essa licitações da estrutura. Ressalta-se o projeto. Ainda assim, o campo de
suspensão com aquela dos dois la- que, embora tal deslocamento seja estudos referente ao presente as-
dos e ainda apenas do lado externo, pequeno em relação às dimensões sunto ainda é bastante amplo, tendo
eventualmente com mastro inclinado. globais da estrutura, modificações este trabalho a finalidade de contri-
Além disso, verifica-se que o na sua geometria podem não ser buir com a sequência de pesquisas
comportamento da estrutura mos- aplicáveis, visto que tal necessida- nessa área.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] GIMSING, N.J.; GEORGAKIS, C.T. Cable Supported Bridges. 3. ed. Chichester: John Wiley & Sons, 2012. 592p.
[02] LUCHI, L.A.R. Protensão em Pontes Celulares Curvas. 2001. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
[03] OLIVEIRA, P.A.; MACHADO, R.D.; HECKE, M.B. Análise Estática Não-Linear de Cabos Utilizando o Método dos Elementos Finitos In: Jornadas Sul-Americana De
Engenharia Estrutural, 2002, Brasília. Proceedings of Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural. 2002. v. 1, p. 1-19.
[04] STUCCHI, F. R. Sobre o Comportamento Estrutural das Pontes Celulares. 1982. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
[05] TORNERI, P. Comportamento Estrutural de Pontes Estaiadas: Comparação de Alternativas. 2002. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São
Paulo. São Paulo.
[06] TROITSKY, M.S. Cable-Stayed Bridges: Theory and Design. London: Crosby Lockwood Staples, 1977, 385 p.
[07] YTZA, M.F.Q. Métodos Construtivos de Pontes Estaiadas: Estudo da Distribuição de Forças nos Estais. 2009. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo. São Paulo.

82 | CONCRETO & Construções


u estruturas em detalhes

A modelagem numérica da
interação solo-estrutura
FÁBIO SELLEIO PRADO – Engenheiro EGT Engenharia | Professor assistente MARCELO WAIMBERG – Gerente Técnico
Instituto Mauá de Tecnologia EGT Engenharia

1. INTRODUÇÃO Hoje, o custo de processamento não siderar o fato de que modelos mais

P
ara se resolver um problema é mais uma variável relevante na mo- simples incluem mais hipóteses simplifi-
físico real, a solução usual é delagem numérica. Os programas de cadoras. Essas hipóteses podem estar
recorrer a modelos matemá- análise estrutural disponíveis permitem relacionadas com as teorias de cálculo
ticos que representem adequadamente que se simule praticamente qualquer consideradas, com a representação
esse problema. estrutura, sem limites à criatividade na geométrica da estrutura, com as pro-
Nas obras em geral, a análise estrutu- sua concepção. priedades dos materiais, etc.
ral parte sempre de um modelo matemá- Nessas análises, em um caso geral, Tome-se o caso de uma edificação
tico da realidade que se deseja represen- não é possível desconsiderar a interação com fundações profundas, por exemplo
tar. Nesse modelo são adotadas teorias entre solo e estrutura sem se afastar da estacas cravadas. Um primeiro modelo
de cálculo conhecidas, representações realidade que se busca representar. em que o confinamento lateral dessas es-
aproximadas das ações na estrutura e Em algumas estruturas, como nas tacas seja representado por molas ao lon-
do comportamento dos materiais, condi- obras enterradas, essa interação é go do comprimento (modelo de Winkler,
ções de contorno (interfaces da estrutura mesmo o principal fator a definir o com- para mais detalhes ver (1)), pode fornecer
com o ambiente), além de hipóteses sim- portamento estrutural. resultados bastante satisfatórios na aná-
plificadoras para representação da geo- lise da estrutura do prédio. Esse modelo
metria real, com o objetivo de se compre- 2. HIERARQUIA DE MODELOS pode evoluir, incluindo molas verticais re-
ender o comportamento dessa estrutura, A representação de uma estrutu- presentando o atrito lateral entre solo e es-
isto é, essencialmente prever suas defor- ra através de um modelo matemático taca. Molas verticais e horizontais podem
mações e deslocamentos, bem como o sempre esteve, historicamente, con- ser substituídas por elementos de material
“caminho” das cargas pelos elementos dicionada às ferramentas disponíveis elastoplástico, que simulem de maneira
que a compõem. para sua resolução. mais realista o comportamento do solo na
O que se busca é que esses mode- Desse modo, modelos mais simples interação com a fundação.
los representem o mais fielmente pos- sempre foram preferíveis no dia a dia Cada uma dessas alterações corres-
sível aquele comportamento estrutural. do engenheiro de estruturas. ponde à eliminação de hipóteses sim-
A dificuldade para o engenheiro é que A análise dos resultados obtidos plificadoras e a obtenção de resultados
a avaliação dos resultados é feita, no nesses modelos é facilmente com- mais precisos na análise. Note-se que
caso geral, para uma estrutura que ain- parada com resultados prévios de nem sempre esse ganho de precisão é
da não existe e deformações e deslo- estruturas análogas e ajuda a entender relevante (ou mesmo necessário) face
camentos que se desejam prever são, o comportamento das estruturas que às simplificações eliminadas. Muitas ve-
usualmente, imperceptíveis a olho nu. estão sendo projetadas. Por outro lado, zes, esse ganho de precisão é ilusório,
Com a evolução nas últimas duas a repetição dessas análises realimenta o face às incertezas dos dados de entrada
décadas dos equipamentos e progra- processo de concepção e ajuda a agu- (para uma discussão acerca da precisão
mas de informática, é cada vez mais çar a sensibilidade quanto ao comporta- de modelos de cálculo, ver (3)).
simples e menos custoso resolver nu- mento esperado dessas estruturas. Ainda que se continue evoluindo,
mericamente os modelos matemáticos. No entanto, não é possível descon- com a consideração de elementos de

CONCRETO & Construções | 83


comportamento não linear, eventual- mentos Finitos,
mente não isotrópicos, em três dire- permitem análi-
ções, representados por uma matriz ses sofisticadas,
de rigidez, em que os efeitos cruzados em que o solo
também são considerados, há um claro é, ao mesmo
limite para o que pode ser representado tempo, vínculo e
por esse modelo. Não é possível, por carga na estru-
exemplo, conhecer o estado e compor- tura, permitindo
tamento do maciço logo antes e após a incorporação de
execução das fundações. fluxos d’água ou
Para resolver essa questão e obter outros fluidos.
essas informações adicionais, um novo Ressalte-se
modelo numérico, mais sofisticado, que, via de regra,
precisa ser considerado. Por exemplo modelos mais u Figura 1
um modelo em que o solo seja repre- complexos são Seção esquemática
sentado por elementos finitos e a inter- mais custosos
face com as estacas, por elementos de (não tanto quanto ao processamento, crito a seguir o problema da análise do
contato adequadamente definidos. mas sempre com relação às análises revestimento de um túnel em solo.
Esse novo modelo, por sua vez, de resultados). Eles têm também maior
também pode incluir informações adi- probabilidade de que se cometam er- 3. EXEMPLO – REVESTIMENTO
cionais do comportamento dos mate- ros de modelagem e interpretação, já DE UM TÚNEL
riais e da história do maciço, resultando que a checagem dos resultados pode Como exemplo de compara-
análises mais precisas. ser menos intuitiva. ção entre modelos de diferentes ní-
A essa evolução nos modelos nu- Assim, cabe ao engenheiro estabele- veis hierárquicos para a represen-
méricos, desde os mais simples até os cer as informações necessárias e definir tação do problema do revestimento
mais complexos e abrangentes, dá-se modelos em que, com precisão suficiente, de um túnel com diâmetro equiva-
o nome de Modelagem Hierárquica (ver possam ser obtidas essas informações. lente de 11,3m, considere o maciço
(2) para mais detalhes). Cabe também ao engenheiro certi- esquemático e a geometria do túnel in-
As ferramentas computacionais hoje ficar-se de que, mesmo fazendo uso de dicados na Figura 1. Por simplicidade
disponíveis, como o Método dos Ele- modelos hierarquicamente superiores, um não se considerou a presença de água
modelo mais sim- no maciço.
ples para o mes- A análise preliminar dos parâmetros
mo problema (e, da Figura 1 indica pequeno potencial
Molas portanto, menos de arqueamento de carga em torno do
preciso e com túnel. Assim, optou-se inicialmente por
menos informa- um modelo de barras com carregamen-
ções resultantes) to vertical total sobre o revestimento (gh).
seja considerado,
Revestimento 3.1 Modelo de ordem hierárquica
de modo a servir
como parâmetro mais baixa (modelo 1)
de comparação
e análise do com- O modelo em elementos finitos de
portamento glo- barras que representa o túnel de forma
bal da estrutura. simplificada foi elaborado no programa
u Figura 2
Geometria do modelo 1 A título de STRAP 2011, que é um programa de
exemplo, é des- elementos finitos generalista.

84 | CONCRETO & Construções


35 tf/m/m

17.5 tf/m/m 17.5 tf/m/m

to de carga no mentos finitos plano com a representa-


maciço os carre- ção do maciço.
gamentos verti- O modelo em elementos finitos que
cais e horizontais representa o meio contínuo foi elabora-
do túnel ficam do no programa Midas NX, que é um
como indicado na programa especializado em modela-
27 tf/m/m 27 tf/m/m Figura 3. gens de maciços, túneis, valas, etc.
Nas Figuras 4 O modelo elaborado é plano e sua
u Figura 3 e 5 são apresen- matriz constitutiva é para estado plano
Carregamento no revestimento, desprezando tados os diagra- de deformação (EPD).
o arqueamento
mas de momen- Para representar o revestimento do
to fletor e força túnel foram utilizados elementos de barra
Para representar o revestimen- normal no revestimento do túnel para com meio metro de comprimento e com
to do túnel foram utilizados elementos o carregamento indicado na Figura 3. função de forma linear. Para representar
de barra com meio metro de compri- o maciço foram utilizados elementos pla-
mento e com função de forma linear. 3.2 Modelo de ordem hierárquica nos com lados de meio metro e função de
Para representar o maciço foram utili- mais alta (modelo 2) forma linear.
zados elementos de mola elásticos não Manteve-se o revestimento em con-
lineares (só podem ser comprimidos), Para investigar melhor o comporta- creto com comportamento elástico line-
com rigidez equivalente a E/D (E é o mó- mento do maciço e o efeito do possível ar. Já para o maciço foi considerado o
dulo de elasticidade da camada de solo e arqueamento de carga nas solicita- critério de Mohr-Coulomb para resistên-
D o diâmetro equivalente do túnel). ções do revestimento, bem como os cia, adotando os parâmetros da Figura 1.
O revestimento foi considerado recalques causados na superfície, o O modelo foi dividido em duas
em concreto com comportamen- modelo anterior não é suficiente. fases. Na primeira fase instala-se o es-
to elástico linear (em uma primeira Não basta refinar o modelo e os tado inicial de tensões no maciço na
aproximação). parâmetros adotados. É preciso elabo- hipótese geostática. Na segunda fase
O modelo não representou as fases rar um novo modelo, hierarquicamente é feita a abertura do túnel em uma úni-
construtivas. mais avançado que o modelo de bar- ca fase de escavação e aplicado o seu
Desprezando o possível arqueamen- ras. Por exemplo, um modelo em ele- revestimento.

157 tf/m
148 tf.m/m

158 tf.m/m
158 tf.m/m
245 tf/m
245 tf/m

113 tf.m/m
263 tf/m

u Figura 4 u Figura 5
Momento fletor no modelo simplificado Força normal no modelo simplificado

CONCRETO & Construções | 85


u Figura 7
Momento fletor (tf.m/m)

mento de carga, carregamento indicado na Figura 11.


que não é repre- Verifica-se na Tabela 1 que os re-
u Figura 6 sentado no mo- sultados de momento fletor e força
Geometria do modelo 2 em elementos finitos
delo simplificado. normal no modelo simplificado (bai-
A hipótese simpli- xa hierarquia) com o carregamento
O carregamento é gerado automati- ficadora adotada para o carregamento revisado e o modelo em meio con-
camente pelo programa, considerando não estava adequada. Assim, é propos- tínuo (alta hierarquia) são muito pró-
o peso próprio do maciço e do revesti- ta uma nova forma de carregar o mode- ximos. Isso mostra que, mesmo o
mento e sua interação (Figura 6). lo simplificado para que este represente modelo sendo mais simples, se os
Nas Figuras 7 e 8 são apresentados melhor a interação solo-estrutura. parâmetros e os dados de entrada fo-
os resultados de momento fletor e força rem coerentes com o problema físico
normal no revestimento do túnel. 3.3 Modelo de ordem hierárquica que se deseja representar, seus resul-
Com este modelo de ordem hierár- mais baixa – revisão do tados são bastante próximos aos de
quica mais alta é possível ver os resul- carregamento adotado modelos de hierarquia superior.
tados do recalque na superfície do ter- (modelo 3) Note-se que ainda há alguma di-
reno e também se houve plastificação ferença importante nos resultados do
no maciço. Estes resultados são apre- A nova proposta de carregamento, arco invertido, provavelmente decor-
sentados nas Figuras 9 e 10. com uma simulação do arqueamento rente do arqueamento da carga ho-
Nota-se que o momento fletor na do maciço, é apresentada na Figura 11 rizontal aplicada, pois o material da
calota superior do modelo simplificado (notar que a resultante da carga vertical camada inferior de solo é bastanterígido.
possui um valor maior que aquele en- é a mesma). Numa tentativa de melhorar a precisão
contrado no modelo em meio contínuo. Nas Figuras 12 e 13 são apresentados desses resultados, ambos os modelos
Esta diferença ocorre, porque no mode- os diagramas de momento fletor e força poderiam evoluir. No modelo de elemen-
lo em meio contínuo existe um arquea- normal no revestimento do túnel para o tos finitos, o critério de resistência do solo

u Figura 9
u Figura 8 Curva de recalques na superfície do terreno
Força normal (tf/m)

86 | CONCRETO & Construções


60 tf/m/m 60 tf/m/m

25 tf/m/m

u Figura 10
Regiões de plastificação do maciço

poderia ser substituído pelo Mohr-Cou- importante na de-


lomb modificado, enquanto no modelo de finição do com-
barras o carregamento horizontal poderia portamento estru-
ser corrigido para levar em conta o arque- tural e pode ser
amento do empuxo, de maneira análoga modelada numeri-
ao que foi feito para a carga vertical. camente de diver-
Um modelo de barras, mais simples sas formas, desde u Figura 11
Modelo 3 – Adequação do carregamento para modelo
e adequadamente calibrado, pode for- a representação de barras
necer informações iniciais valiosas na do solo por vincu-
análise do problema. lações elásticas,
Nos modelos de hierarquia su- como no modelo de Winkler, até mo- baseados em hipóteses adequadas,
perior é possível, no entanto, ob- delos de elementos finitos não lineares. trazem resultados tão bons quan-
ter informações adicionais, como o Embora seja tentadora a ideia de to, como se observa no exemplo
comportamento do maciço escava- sempre se utilizarem modelos mais apresentado.
do, incluindo a curva de recalques sofisticados para essas análises, uma Ocorre que, em vários casos, os
na superfície, suas tensões e regiões vez que programas e equipamentos de resultados obtidos podem ser insu-
de plastificação. informática estão hoje disponíveis a um ficientes. Cabe ao engenheiro iden-
custo razoável, essa opção deve sem- tificar a possibilidade de, a partir
4. CONCLUSÕES pre ser evitada de início. de modelos hierarquicamente mais
A interação solo-estrutura é muito Modelos mais simples, desde que simples, avançar para modelos mais

140 tf/m
95 tf.m/m

120 tf.m/m 120 tf.m/m


230 tf/m 230 tf/m

95 tf.m/m

255 tf/m

u Figura 12 u Figura 13
Momento fletor – carregamento revisado Força normal – carregamento revisado

CONCRETO & Construções | 87


u Tabela 1 – Comparação de esforços entre os modelos

Modelo 1 Modelo 2 Diferença Modelo 3 Diferença


Posição Solicitação
(barras) (MEF) (2/1) (barras modif.) (2/3)
Momento fletor
148 98 34% 95 3%
Calota (tf.m/m)
Normal (tf/m) 157 180 15% 140 29%
Momento fletor
158 105 34% 120 13%
Lateral (tf.m/m)
Normal (tf/m) 245 250 2% 230 9%
Momento fletor
113 40 65% 97 59%
Arco invertido (tf.m/m)
Normal (tf/m) 263 95 64% 255 63%

sofisticados que permitam obter in- Mas, de todo modo, essa pos- ral o comportamento da estrutura.
formações adicionais e, eventual- sibilidade não prescinde dos mode- Essa compreensão pode ser amplia-
mente, aumentar a precisão dos re- los mais simples, com os quais se da e/ou refinada nos modelos mais
sultados obtidos. pode compreender de maneira ge- sofisticados.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] Velloso, D. A. e Lopes, F. R., 2009, “Fundações, volume 1: critérios de projeto: investigação de subsolo: fundações superficiais”, Nova Ed, São Paulo: Oficina
de Textos.
[02] Bucalem, M. L e Bathe, K. J, 2011, “The mechanics of solids and structures – hierarchical modeling and the Finite Element Solution”, Springer-Verlag.
[03] Duddeck, H., 1987 “Codes need different structural design models than research work”, CEB Bulletin D’Information nº 170/179, Lausanne.

88 | CONCRETO & Construções


u mantenedor

Seminário discute os
desafios e perspectivas
da industrialização da
construção civil
C
om a presença de cerca de cado da construção, respondendo por 2 voltaram-se para exposição de cases
100 participantes, a Associa- a 5% desse mercado. No segundo cená- de obras que optaram pelo sistema de
ção Brasileira da Construção rio (de patchwork), as vulnerabilidades do pré-fabricados. O diretor da construtora
Industrializada de Concreto (Abcic) reali- setor de pré-fabricação serão expostas e Sumitomo Mitsui Construction, Akio Ka-
zou no último dia 22 de setembro o 7º solucionadas por outros sistemas cons- suga, expôs alguns projetos de pontes e
Seminário Internacional Abcic “Inovação trutivos. No terceiro cenário (de solução de edifícios altos executados no Japão.
e ousadia para vencer os atuais desafios completa), projeta-se uma ampliação de Já, o diretor da Commercial Design and
e gerenciar o futuro”. participação dos pré-fabricados no mer- Concepts, George Jones, apresentou a
O secretário geral da fib, Eng. David cado da construção em até 10 vezes, construção da nova estação Paddington,
Fernandez-Ordoñez, expôs os trabalhos pois nele a industrialização da construção que integra importante sistema público
que estão sendo feitos na entidade para será a opção de engenharia preferencial. de transportes de Londres. Por fim, o
o desenvolvimento da pré-fabricação em Por fim, o quarto cenário (de verticaliza- engenheiro da EGT Engenharia, Mar-
concreto no mundo, como a publicação ção) estará sujeito a fatores externos, celo Waimberg, apontou exemplos de
do Model Code 2010, que incluiu as mais como competitividade regional, transfe- pontes no Brasil construídas com pré-
avançadas tecnologias e soluções cons- rência de tecnologias. -fabricados. Ele também comentou os
trutivas relacionadas aos pré-fabricados, Encerrando as palestras do período trabalhos que estão sendo desenvolvidos
contemplando as particularidades de matutino, o professor da Faculdade de Ar- para a publicação de um Boletim sobre
cada país no desenvolvimento e aplica- quitetura e Urbanismo da Universidade de Pontes Pré-Fabricadas pela fib. Segundo
ção dos sistemas pré-fabricados. Segun- São Paulo (FAU-USP), Paulo Fonseca de ele a publicação contará com exemplos
do ele, o Model Code 2010 influenciou a Campos, abordou como a inovação será de uso de pré-fabricados de diferentes
revisão de diversas normas na Europa, a indutora do desenvolvimento sustentável países, para contribuir para o desenvolvi-
Ásia e África e, em razão disso, as ativi- no setor de pré-fabricação. Segundo o ar- mento geral das práticas e tecnologia da
dades preparatórias para o lançamento quiteto, a redução do consumo de cimen- pré-fabricação no mundo.
do Model Code 2020 já estão em anda- to no segmento de pré-fabricados é con- Além da participação da diretora de
mento, com a reunião de especialistas de sequência de uma inovação introduzida marketing do IBRACON, Íria Doniak, que
diversos países nas comissões e grupos no setor, que está permitindo produzir pe- é a presidente-executiva da Abcic, o Se-
de trabalho da fib. ças mais esbeltas, sem perder segurança minário teve a participação do diretor de
Já, o consultor de planejamento es- estrutural. Paulo Fonseca lançou a versão publicações técnicas, Eduardo Millen,
tratégico da Abcic, Gerson Ishikawa, em espanhol do livro “La Tecnología Del e da diretora técnica do IBRACON, Inês
traçou quatro cenários para o setor de Microcad aplicada a la construcción del Battagin. Na ocasião, Battagin informou
pré-fabricação nos próximos anos. No Habitat Social”, do qual foi coordenador e aos presentes a formação de um Comitê
primeiro cenário (de canteiro de obras), o um dos autores. Técnico de Pré-Fabricado, fruto da parce-
setor manterá sua participação no mer- As palestras do período vespertino ria entre Abcic e IBRACON.

CONCRETO & Construções | 89


u pesquisa e desenvolvimento

Discussões de estratégias
aplicadas na simulação
numérica de uma viga de
concreto armado
TÚLIO RAUNYR CÂNDIDO FELIPE – Mestrando • VLADIMIR GUILHERME HAACH – Professor Doutor
Departamento de Engenharia de Estruturas EESC-USP

1. INTRODUÇÃO das através de resultados conhecidos seção homogeneizada. Isto porque

O
método amplamente uti- (experimentais). Também é necessário não é possível no elemento de viga
lizado nos softwares para conhecimento teórico e adequada ope- posicionar a armadura. Os parâme-
simulação atualmente é ração do software de elementos finitos. tros físicos foram utilizados de acordo
dos Elementos Finitos (MEF). De for- Sendo assim, este trabalho tem com os dados experimentais obtidos
ma simplista, consiste em transformar como objetivo discutir estratégias nu- por Takeya (2007). Análise foi realiza-
um problema complexo na soma de méricas a serem utilizadas na simula- da no regime estático linear. Os seus
diversos problemas simples, diminuin- ção de vigas de concreto armado su- resultados foram comparados com os
do o custo computacional. Conforme jeitas à flexão. Para tal, um estudo de resultados teóricos.
Soriano (1990), o MEF é um método caso foi realizado em uma viga de con- Na simulação de elementos de su-
que consiste em aproximar uma função creto armado de seção I. Esta foi en- perfícies é necessário a determinação
contínua de um modelo discreto em um saiada por Takeya (2007) no Laborató- da sua espessura. Uma boa prática é
número finito de pontos pré-seleciona- rio do Departamento de Engenharia de calibrar a espessura da chapa, partindo-
dos no seu domínio. O domínio é divi- Estruturas da Escola de Engenharia de -se da experimentação de valores de
dido em subdomínios ou elementos de São Carlos, Universidade de São Pau- espessuras que resultem no mesmo
dimensão finita interligados por meio de lo (EESC-USP). A mesma foi simulada deslocamento vertical no meio do vão,
pontos. Estes são chamados de nós, com dois tipos de elementos finitos igual ao da viga calculado pelo modelo
aqueles de elementos finitos. (barra e chapa) no software DIANA . ®
teórico. Como a viga é de seção I, deve-
Como o MEF é um método aproxi- Os resultados numéricos foram com- -se experimentar valores no intervalo li-
mado, os seus resultados devem ser parados com resultados experimentais, mitado entre a espessura da alma e a
interpretados com atenção. A ABNT discutindo as diferentes estratégias que espessura da mesa. Assim, utilizou-se
NBR 6118:2014 no item 14.2.2 re- podem ser aplicadas para obter mode- dois modelos numéricos para a simula-
comenda que os modelos estruturais los mais confiáveis. ção da viga considerando elemento de
analisados pelo MEF utilizem uma dis- chapa. No primeiro (modelo numérico I),
cretização de forma a não acarretar er- 2. METODOLOGIA considerou-se a viga formada por uma
ros expressivos para análise. Portanto, Na simulação com elemento de seção retangular. No segundo (modelo
para fugir de tais erros são necessárias viga os parâmetros geométricos foram numérico II), a viga foi simulada conside-
as devidas calibrações dos modelos determinados para a seção homoge- rando sua seção I. Para calibrar a espes-
numéricos. Estas devem ser verifica- neizada. É uma boa prática utilizar a sura destes modelos com os resultados

90 | CONCRETO & Construções


teóricos, considerou-se a carga de rup- A energia de fratura pode ser enten-
u Tabela 1 – Valores de Gf0 em
tura centrada no ponto de aplicação do dida como a energia necessária para
função do diâmetro máximo
modelo experimental. A análise foi reali- causar um dano irreversível no material.
do agregado
zada no regime estático linear. Na tração a energia de fratura é a área
Quando um elemento fletido de necessária para propagação de uma
Diâmetro máximo Gfo
concreto armado está solicitado por fissura de área unitária. Partindo das re- do agregado (mm) (N.mm/mm2)
um momento fletor, com valor maior comendações do CEB-FIP Mode Code 8,00 0,025
que seu momento de fissuração, 1990 (1993), resulta: 16,00 0,030
ocorrerão fissuras. Verifica-se que os 0,70
æ f ö 32,00 0,058
elementos estruturais quando subme- G f = G f 0 ç cm ÷ [1]
è 10 ø
tidos à flexão, estão tipicamente fis-
partir da geometria da malha. No caso
surados. Essas fissuras ocorrem pela Sendo, Gf a energia de fratura à
de estruturas planas, o DIANA® calcula
baixa resistência do concreto à tra- tração em (N.mm/mm2), Gf0 o parâ-
o valor de h, a partir da raiz quadrada
ção. O efeito da fissuração em peças metro que depende do diâmetro má-
da área do elemento adotado na simu-
de concreto armado tem uma grande ximo do agregado, conforme a Tabela
lação. Contudo, se a malha adotada
influência na resposta não linear da 1, fcm a resistência média do concreto
tiver uma geometria ruim, o modelo es-
estrutura. Isto porque a fissuração à compressão.
tará submetido a graves erros.
diminui a sua rigidez. Portanto, para Partindo do valor de fcm apresenta-
Portanto, para fugir deste proble-
aproximar os resultados experimentais do na Tabela 2, e do diâmetro máximo
ma, pode-se determinar o valor de h,
com os numéricos, foram simulados do agregado igual a 8,00 mm, resulta
calculando-se a área sob a curva dada
os modelos numéricos I e II aplicando Gf = 0,0501 N.mm/mm2.
na figura 1.
critérios de fissuração. A resistência à tração do concreto foi
Quando uma estrutura de concre- adotada de acordo com a Tabela 2. O 2G f
h= [2]
to atinge um certo valor de solicitação, coeficiente de retenção ao cisalhamen- e u ft
verifica-se uma redução da sua rigidez to, β, é um parâmetro que reduz o valor
Sendo, ft a resistência à tração do
com um aumento significativo das de- do módulo de elasticidade transversal
concreto e εu a deformação última do
formações. Este comportamento é de- do concreto quando ocorre fissuração.
concreto à tração. Partindo do valor
nominado como strain softening. Este O β pode ser considerado como uma
ft dado na Tabela 2, e, considerando
também é conhecido como amoleci- parcela de cisalhamento que o concre-
que a deformação do concreto a ní-
mento do material. Podendo ocorrer to resiste após a fissuração. Entende-
vel de escoamento do aço CA-50 é
tanto na tração como na compressão. -se como uma maneira de considerar
εu = 0,00238, tem-se, h = 20,70 mm.
Para representar esse comporta- o engrenamento entre os agregados
mento no software DIANA®, adotou-se (SILVA e HAACH (2016)). O valor de β
o modelo de fissuração Multi-Directio- varia entre 0,01 a 0,99. Contudo, como
nal Fixed Crack Model (MDFCM). Este a ruptura da viga foi à flexão o β não
modelo é baseado na deformação dis- tem influência nos resultados.
tribuída com múltiplas fissuras. O mo- O comprimento de banda de fissu-
delo de fissuração distribuída pode ser ração, h, é definido como a largura da
descrito como um método que provoca macrofissura que o elemento de con-
mudança na rigidez da estrutura quan- creto na fissuração está submetido.
do o critério de fissuração for atingido. Este parâmetro é utilizado para suprir a
Para utilizar MDFCM são necessá- dependência da malha do modelo.
rios os valores de: energia de fratura, No software DIANA® o usuário pode u Figura 1
resistência à tração, coeficiente de re- fornecer um valor de entrada ou utili- Representação do modelo de
enrijecimento à tração do concreto
tenção ao cisalhamento e comprimento zar o seu default. Utilizando o default,
(SILVA e HAACH (2016))
de banda de fissuração. o mesmo faz um cálculo aproximado a

CONCRETO & Construções | 91


u Tabela 2 – Dados do experimento (TAKEYA (2007))

fcm fct Eci fy Es Carga de fissuração teórica Carga de ruptura teórica


(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) Fr (kN) Mr (kN.m) Fu (kN) Mu (kN.m)
27 2,09 29098 610 210000 4,00 5,42 45,60 57,05

Para o concreto à compressão tensão de escoamento igual 610 MPa. realidade as cargas concentradas são
adotou-se o critério de resistência de A aplicação de uma carga concentra- distribuídas em pequenas áreas. Na prá-
Drucker-Prager. Os valores de ângulo de da gera tensões que tendem ao infinito. tica, adotam-se as dimensões da chapa
atrito e coesão foram adotados, respec- Assim, uma boa prática de simulação, utilizada na realização do ensaio experi-
tivamente, 10º e 0,42fc. Em que fc é dada neste caso, é criar no ponto de aplica- mental. Contudo, deve-se ter uma aten-
na tabela 2. Para o aço adotou-se o cri- ção da carga uma chapa de dimensões ção na compatibilização da malha. Isso
tério de resistência de Von-Mises, com a e material conhecidos. Isto porque na porque se não houver a compatibilização
dos deslocamentos entre os nós da ma-
lha da chapa com a malha da viga, aque-
la simplesmente vai afundar na malha da
viga. Neste trabalho, adotou-se uma cha-
pa metálica quadrada com lados de 100
mm e altura igual a 25 mm.

3. MODELO EXPERIMENTAL
u Figura 2 Na Figura 2 é mostrado o modelo do
Modelo do protótipo de viga ensaiada (TAKEYA (2007)) protótipo de viga de concreto armado
ensaiada no laboratório de engenharia
de estruturas da EESC-USP. Este pro-
tótipo foi dimensionado para que a ruína
ocorresse por escoamento das barras
de aço da armadura e não por ruptu-
ra à compressão do concreto. As bar-
ras longitudinais superiores (3ϕ6,3mm)
são barras de montagem (construti-
vas). As barras longitudinais inferiores
(3ϕ12,5mm) foram dimensionadas para
suportar o momento positivo, conforme
mostrado na figura 3. Essas barras são
formadas por aço CA-50. O protótipo foi
moldado com concreto tal que a dosa-
gem em massa foi 1: 2,7: 3,7: a/c=0,6.
A Figura 4 apresenta a proposta de ins-
trumentação (TAKEYA, 2007).

4. MODELO NUMÉRICO
u Figura 3 Partindo da Figura 2, pode-se de-
Detalhamento das barras das armaduras da viga de concreto armado
terminar uma estrutura mais simples
(TAKEYA (2007))
para a simulação através da simetria do

92 | CONCRETO & Construções


u Figura 5
Esquema da condição de simetria
da viga

u Figura 6
Representação do elemento
L6BEN
u Figura 4
Instrumentação do protótipo de viga de concreto armado (TAKEYA (2007))
4.2.1 Modelo numérico I

modelo, conforme mostrado na Figura zada em 38 elementos (50 mm) e 39 Utilizou-se o elemento isopara-
5. Esta é uma boa prática de simulação nós, considerando a simplificação métrico Q8MEM do software DIANA®.
que deve ser sempre que possível ado- da simetria. Este elemento é formado por quatro
tada. Isto porque diminui a quantidade nós, conforme mostrado na Figura 7. A
de elementos finitos, e, consequente- 4.2 Elemento de chapa função de aproximação dos seus des-
mente, a capacidade computacional. A locamentos é linear.
seguir, discutem-se os procedimentos Chapa é definida como um elemen- A malha foi discretizada em ele-
adotados na realização das simulações. to estrutural laminar plano de pequena mentos quadrados de 50 mm, em um
espessura, em que as forças de su- total de 238 elementos e 273 nós. A
4.1 Elemento de viga perfície são aplicadas paralelamente armadura positiva foi introduzida no
ao seu plano médio, sem solicitação modelo por meio de uma barra equiva-
Viga pode ser definida de forma atuando perpendicularmente a ele. lente de mesma área. Para aproximar
simplista como um elemento estrutu- Pode-se afirmar que, para forças de ao problema real, a barra foi posicio-
ral reticulado que tem rigidez a flexão superfícies nulas nas faces da chapa, nada distante de 3 cm (cobrimento) da
e possui dois graus de liberdade. Sen- as forças no centro de uma espessura face inferior da viga (ver Figura 8).
do um deslocamento perpendicular ao muito fina são aproximadamente zero. Para a determinação da sua
seu eixo (ν) e uma rotação da seção Por essas características, pode-se
transversal (θ). afirmar que as chapas trabalham no
Para a simulação foi utilizado o Estado Plano de Tensões (EPT). Quan-
elemento de viga L6BEN disponível do utilizam-se os elementos de chapa
no software DIANA . Este elemento
®
no MEF, estes são discretizados em
possui dois nós, conforme mostra- elementos finitos bidimensionais pla-
do na Figura 6. O mesmo é descrito nos. As formas mais comuns destes
por uma função de aproximação dos elementos são a triangular e retangular.
deslocamentos do 3º grau. A sua for- Estes possuem dois graus de liberdade u Figura 7
Representação do elemento
mulação é baseada na cinemática de por nó, que são os deslocamentos u e
Q8MEM
Euler-Bernoulli. A malha foi discreti- v, respectivamente, nas direções x e y.

CONCRETO & Construções | 93


u Tabela 4 – Tensões de tração e
compressão para a carga de
ruptura – modelo teórico

Posição da fibra em relação σx


a linha neutra (cm) (MPa)
-16,17 -25,40
13,83 21,72
u Figura 8
Representação da malha adotada para o modelo I
Para tal, utilizou-se o Princípio dos

espessura, o carregamento adotado foi Trabalhos Virtuais (PTV) para a deter-


4.2.2 Modelo numérico II
a carga de ruptura no nó 248. Este nó é minação dos deslocamentos, varian-

o ponto de aplicação da carga concen- do a carga de zero ao valor da carga


O modelo numérico II também foi si-
trada para o modelo experimental. de ruptura.
mulado com elemento de chapa. Con-
O cálculo das tensões máxima
tudo, utilizaram-se três superfícies S1
de tração e compressão foi realizado
(mesa superior), S2 (alma) e S3 (mesa
u Tabela 3 – Deslocamentos entre a aplicação das cargas concen-
inferior) na discretização da viga, de
verticais no ponto A – modelo tradas. Isto porque neste intervalo o
maneira a considerar a variação da es-
teórico momento fletor é constante (flexão
pessura da seção I.
pura). Partindo da equação deduzida
As superfícies S1 e S3 foram discreti-
F (kN) δ (mm) na mecânica dos sólidos para flexão
zada em 100 elementos. A superfície S2
0 0,00 pura, e considerando o valor do mo-
em 350 elementos. Em um total de 510
5 -0,91 mento de ruptura teórico dado na Ta-
nós em toda a malha. Utilizou-se o ele-
10 -1,83 bela 2, obtém-se:
mento isoparamétrico Q8MEM. A arma-
15 -2,74 Mz y
dura positiva foi disposta com as mes-
sx = [3]
20 -3,65 mas prescrições do modelo numérico I. Iz
25 -4,57
30 -5,48 Em que, Iz é o momento de inércia
5. RESULTADOS
35 -6,39 para a seção homogeneizada, sendo
O primeiro passo é determinar os
40 -7,31
Iz = 36324 cm4. Para o elemento de
deslocamentos e tensões na viga pela
viga, obteve-se os deslocamentos
45 -8,22 Teoria Clássica da Mecânica dos Sóli-
verticais pelo MEF da Tabela 5
45,6 -8,33 dos. Isto é importante para comparar
Sabe-se que a função exata da
com os resultados do modelo numérico.
elástica para um carregamento con-
centrado é um polinômio do 3º grau.
Logo, o valor determinado pelo MEF,
neste caso, é a solução exata para os
deslocamentos da viga. As tensões
devem ser verificadas de acordo com
a Equação 3. Assim, o momento fle-
tor no centro do vão pelo MEF é de
57,00 kN.m, o que resulta nos dados
da Tabela 6.
u Figura 9
Portanto, como era esperado,
Representação da malha adotada para o modelo II
o valor das tensões máximas de

94 | CONCRETO & Construções


u Tabela 5 – Deslocamentos u Tabela 6 – Tensões de tração e u Tabela 7 – Calibração da
verticais no ponto A – modelo compressão – modelo numérico espessura do modelo numérico I
numérico com elemento de viga com elemento de viga
Espessura (mm) Flecha (mm)
F (kN) δ (mm) Posição da fibra em relação σx
180 -6,98
a linha neutra (cm) (MPa)
0 0,00 170 -7,35
-16,17 -25,37
5 -0,91 160 -7,78
13,83 21,70
10 -1,83 150 -8,25
15 -2,74 140 -8,78
20 -3,65 I (44,30 kN), observa-se um aumen- 145 -8,51
25 -4,57 to de 7,26%. Esta diferença pode 148 -8,35
30 -5,48 ser considerada pequena. Em rela- 148,5 -8,33
35 -6,39 ção ao modelo teórico, as cargas de
40 -7,31 ruptura do modelo experimental e do
45 -8,22 modelo numérico I tiveram uma dimi- fissuração MDFCS, obteve-se os re-
45,6 -8,33 nuição, respectivamente, de 10,41% sultados da Tabela 8.
e 2,93%. Como pode ser verificado do Grá-
Partindo da hipótese que a disper- fico 2, a discrepância nos resultados
tração e compressão, também, fo- são dos resultados no início do diagra- iniciais foi muito pequena. Isto confir-
ram aproximadamente as mesmas do ma foi devido à discretização da ma- ma a hipótese adotada anteriormen-
modelo teórico. Para o modelo nu- lha, realizou-se uma nova simulação te. Em relação a carga de ruptura, o
mérico I, obteve-se o valor de 148,5 considerando o modelo numérico II. modelo II teve um aumento de 5,81%
mm para a espessura da viga, de Em relação ao modelo numérico II, em comparação com o resultado ex-
acordo com a Tabela 7. utilizando-se o deslocamento vertical perimental. Também o mesmo teve
Utilizando os dados da Tabela 2, no meio do vão, para a carga de rup- uma redução de 4,11% em relação
e aplicando o MDFCS do software tura dado pelo modelo teórico. Pode- ao valor teórico, mas a mesma car-
DIANA®, obteve-se o Gráfico 1. Ve- -se calibrar a espessura do elemento ga de ruptura do modelo I. Portanto,
rifica-se uma dispersão do resultado de chapa para este novo modelo. adotou-se este modelo como padrão
numérico no início do diagrama. Se Portanto, adotou-se as espes- para a comparação com os outros re-
comparamos o valor de carga de rup- suras da alma e da mesa, respecti- sultados experimentais.
tura da viga do modelo experimental vamente, 40 mm e 187 mm. Assim, Para validar o modelo II, compa-
(41,30 kN) com o modelo numérico utilizando-se a Tabela 2 e o critério de rou-se os resultados experimentais

u Tabela 8 – Calibração da
espessura do modelo numérico II

Mesa Alma Flecha


(mm) (mm) (mm)
200 40 -7,89
200 60 -7,58
180 40 -8,60
185 40 -8,41
190 40 -8,29 u Gráfico 1 u Gráfico 2
Diagrama forca x deslocamento Diagrama forca x deslocamento
187 40 -8,33
modelo numérico I modelo numérico II

CONCRETO & Construções | 95


u Gráfico 3 u Gráfico 4 u Gráfico 5
Diagrama de deformação nas Diagrama de deformação Comportamento do aço após
barras de aço no concreto abertura da primeira fissura

obtido por Takeya (2007) de deforma- mais variações nas suas deformações que a ruína ocorresse por escoamento
ções na armadura, como também as com o aumento da carga. das barras de aço. Logo, verifica-se no
deformações no concreto na região A utilização do critério de fissuração Gráfico 5 a confirmação desta hipótese.
do meio do vão da viga. Partindo do (MDFCS) para a simulação do concreto
Gráfico 3, verifica-se um comporta- traz bons resultados, conforme mostra- 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
mento nos resultados bastante seme- do na Figura 10. Isto porque o compor- Este trabalho apresentou algumas
lhantes para as deformações nas bar- tamento real da estrutura de concreto, estratégias para a simulação de uma
ras de aço. na ocorrência de fissuras, é acompa- viga de concreto armado. Foi verificado
Em relação as deformações no con- nhado com a perda de rigidez. que, para a viga em estudo, o mode-
creto (Gráfico 4) verifica-se uma conver- Partindo do Gráfico 5, observa-se lo numérico II com elemento de chapa
gência dos resultados numéricos em que a partir do instante da primeira fis- apresentou resultados mais próximos
comparação com os resultados experi- sura no elemento 457, a armadura para dos resultados experimentais. Obser-
mentais. Verifica-se também a abertura um passo de carga maior entrou em vou-se que, para o passo de carga de
da fissura no elemento 457, conforme escoamento. abertura da primeira fissura, o modelo
mostrado na Figura 10. Verifica-se, que Como já citado anteriormente, a numérico II provocou o escoamento da
após a abertura da fissura, os elemen- viga de concreto armado ensaiada por armadura (elemento 457).
tos anteriores e posteriores não tiveram Takeya (2007) foi dimensionada para Portanto, a hipótese de considerar
o concreto armado como um material
homogêneo e com comportamento
elástico está longe de refletir o com-
portamento real de uma estrutura de
concreto armado. Isto porque a fissu-
ração provoca a diminuição da rigidez
da estrutura. Por fim, conclui-se que a
calibração de um modelo numérico por
resultados experimentais é fundamental
para a validação do modelo. Pode-se
u Figura 10 afirmar que é a parte mais importante
Viga na posição deslocada mostrado a fissura no elemento 457
na simulação numérica.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118 PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO - PROCEDIMENTO. RIO DE JANEIRO, 2014.
[02] COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990. London, Thomas Telford, 1993.
[03] SILVA, M. F. A; HAACH, V. G.. Parametrical study of the behavior of exterior unreinforced concrete beam column joints thought numerical modeling. Computers and
Concrete, v.18, p. 215-233, 2016.
[04] SORIANO, H. L.. Método dos elementos finitos em análise de estruturas, São Paulo, EDUSP, 1990.
[05] TAKEYA, T.. Relatório de ensaios de protótipo de viga de concreto armado. São Carlos, EESC-USP, 2007.

96 | CONCRETO & Construções


u acontece nas regionais

Regional de Mato Grosso do Sul encerra sua


programação com cursos e workshop
F oi realizado um curso e um workshop
sobre revestimento com argamassa no
campus da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, em Campo Grande, com
apoio da Regional do IBRACON na região.
O Programa de Desenvolvimento de
Construtoras qualificou 15 alunos no
curso que discutiu os conceitos, a via-
bilidade, o projeto e o planejamento na
aplicação de argamassas, com carga
horária de 26 horas, dividida em três Elza Nakakura em aula sobre conceitos e viabilidade na aplicação de
revestimentos de argamassa
módulos. Já o workshop, realizado no
dia 24 de novembro, trouxe estudos de apoio da Construtora Planalto, Crea- de produção e controle de qualidade de
caso, produtos, equipamentos e estu- -MS, Cimento Itaú, IBRACON, IEMS, artefatos de concreto, com o engenhei-
dos para aumentar a qualidade e produ- Sermix Sinduscon-MS, UFMS e Voto- ro Idário Fernandes, com aulas teóricas
tividade do uso da argamassa como re- rantim Cimentos. na Universidade e aulas práticas na Pav
vestimento. Realizada pelo PDC, ABCP Já, nos dias 1 e 2 de dezembro, a UFMS, Tubo. O curso contou com apoio da Ci-
e Comunidade da Construção, teve o ABCP e o IBRACON realizaram o curso mento Itaú e da Votorantim Cimentos.

RAA é tema de palestra no Rio de Janeiro

A misteriosa reação álcali-agregado no concreto foi


o tema da palestra do coordenador do Comitê
de RAA e diretor tesoureiro do IBRACON, Cláudio
Sbrighi Neto, na sua Regional no Rio de Janeiro, no
dia 22 de novembro, no Clube de Engenharia.
Com realização conjunta da ABECE, Clube de En-
genharia e IBRACON, a palestra trouxe para os 50
profissionais presentes, os conceitos, mecanismos,
medidas preventivas e corretivas, casos de estruturas
afetadas por RAA e a apresentação da ABNT NBR
Prof. Cláudio Sbrighi Neto em sua palestra 15577:2014.

II Workshop de Concreto em Natal

N o dia 23 de setembro foi realizado


no Instituto Federal do Rio Grande
do Norte, em Natal, o II Workshop de
torres), George Maranhão (Análises e
dimensionamento de fundações para
torres eólicas) e José Martins de Souza
Com realização do IBRACON,
workshop contou com a colaboração
da Atelier, EEPC e Dois A Engenharia e
o

concretos utilizados em usinas eólicas, Júnior (Experiência em controle tecno- o apoio de UFRN, Instituto Federal do
com os palestrantes Bernardo Tutikian lógico de concreto em 30 usinas eóli- Rio Grande do Norte e Universidade
(CAA para estruturas pré-moldadas de cas no Brasil). Potiguar.

CONCRETO & Construções | 97


II Seminário Pernambucano de Estruturas de Fundações

N a Universidade Católica de Per-


nambuco, no dia 16 de no-
vembro, aconteceu o II Seminário
Fundações, organizado pelo diretor
regional do IBRACON, Prof. Romilde
Almeida de Oliveira.
geotécnicos e estruturais no projeto
e execução de fundações e contou
com o apoio da Unicap e do Sinaen-
Pernambucano de Estruturas de O Seminário discutiu os aspectos co-PE.

Eventos na Regional do Espírito Santo

F oram realizados cursos de aperfei-


çoamento de curta duração (carga
horária de 16 horas) na Universidade
e reforço de estruturas degradadas.
Já, no dia 30 de novembro, a Regional
realizou o I Seminário Capixaba de Ma-
a vida útil da edificação), José Eduardo
de Aguiar (Implantação de plano de ma-
nutenção em estruturas de concreto) e
Federal do Espírito Santo, com a ins- nutenção em Estruturas de Concreto, Paulo Helene (Avaliação da resistência
trutora Profa. Geilma Lima Vieira, sobre no Sinduscon-ES, com palestras de do concreto em estruturas existentes).
patologia das construções, perícias em Oswaldo Cascudo (Projeto de estrutu- O evento foi coordenado pelo diretor re-
edificações e técnicas de recuperação ra de concreto e sua importância para gional, Prof. João Luiz Calmon.

Atividades na Regional de Alagoas

O diretor regional de Alagoas pro-


feriu uma palestra sobre prá-
ticas de projeto em concreto pro-
tendido, no dia 04 de outubro, na
Universidade Federal de Alagoas. A
Regional apoio ainda o Workshop de
Materiais e Estruturas Ecoeficientes,
realizado nos dia 05 e 06 de dezem-
bro, na UFAL.

FSB

para escrever a história de


um país, é preciso cuidar dele.

Para um país crescer, é preciso investimento. Mas é necessário também pensar no meio
ambiente, na sociedade e nas futuras gerações.
A indústria do cimento investe em qualidade e utiliza as tecnologias mais avançadas para
promover um desenvolvimento sustentável. Colabora ainda para tornar o meio ambiente mais
limpo com o co-processamento: a destruição de resíduos industriais e pneus em seus fornos.
Onde tem gente tem cimento.
98 | CONCRETO & Construções
59ª EDIÇÃO
C ONGRESSO
B RASILEIR O DO B E N TO G O NÇA LVE S • R S
31 de outubro a 3 de novembro

C ONCRETO 2017

Ponto de encontro dos profissionais


e das empresas brasileiras da
cadeia produtiva do concreto

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100 | CONCRETO & Construções

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