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ESTRUTURAS DE CONCRETO 84
OUT-DEZ
2016
ISSN 1809-7197
www.ibracon.org.br
Adote concretamente
a revista
CONCRETO & Construções
u sumário
seções
& Construções & Construções
NO PROJETO E MODELAGEM DE
ESTRUTURAS DE CONCRETO
Ano XLIV
multipavimentos. NELSON COVAS: NORMAS BRASILEIRAS ATIVIDADES TÉCNICAS, NELSON COVAS: à Ercio Thomas
NORMAS BRASILEIRAS ATIVIDADES TÉCNICAS,
Edatec Engenharia.
à Evandro Duarte
PUBLICIDADE E PROMOÇÃO (protendido)
à Arlene Regnier de Lima Ferreira à Frederico Falconi
arlene@ibracon.org.br (projetista de fundações)
à Guilherme Parsekian
PROJETO GRÁFICO E DTP (alvenaria estrutural)
à Gill Pereira à Helena Carasek
(normalização)
sobre o concreto e a pensarem sobre sua profissão GRÁFICA à Íria Lícia Oliva Doniak
31
à José Martins Laginha Neto
Profissionais de Destaque do Ano Preço: R$ 12,00
(projeto estrutural)
à José Tadeu Balbo
As ideias emitidas pelos entre-
(pavimentação)
34
vistados ou em artigos assinados
Prêmio de Teses e Dissertações são de responsabilidade de seus
à Nelson Covas
(informática no projeto
autores e não expressam, neces-
estrutural)
sariamente, a opinião do Instituto.
35
à Paulo E. Fonseca de Campos
Concursos Técnicos Estudantis (arquitetura)
© Copyright 2016 IBRACON à Paulo Helene
(concreto, reabilitação)
46
Todos os direitos de reprodução à Selmo Chapira Kuperman
Comitê lança Prática Recomendada sobre concreto reservados. Esta revista e suas (barragens)
reforçado com fibras partes não podem ser reproduzidas
nem copiadas, em nenhuma forma IBRACON
49 Seminário discute ensino de engenharia civil no país de impressão mecânica, eletrônica, Rua Julieta Espírito Santo
ou qualquer outra, sem o consen- Pinheiro, 68 – CEP 05542-120
timento por escrito dos autores Jardim Olímpia – São Paulo – SP
e editores. Tel. (11) 3735-0202
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
83
DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE Paulo Helene
Modelagem numérica da interação solo-estrutura Túlio Nogueira Bittencourt
DIRETOR DE PUBLICAÇÕES
DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE E DIVULGAÇÃO TÉCNICA
Luiz Prado Vieira Junior Eduardo Barros Millen
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DIRETOR 1º SECRETÁRIO DIRETOR DE PESQUISA
90
Antonio D. de Figueiredo
E DESENVOLVIMENTO
Estratégias na simulação numérica de viga de Leandro Mouta Trautwein
concreto armado DIRETOR 2º SECRETÁRIO
Carlos José Massucato
DIRETOR DE CURSOS
DIRETOR 1º TESOUREIRO Enio José Pazini Figueiredo
Claudio Sbrighi Neto
DIRETOR DE CERTIFICAÇÃO
DIRETOR 2º TESOUREIRO DE MÃO DE OBRA
Nelson Covas Gilberto Antônio Giuzio
C
hegamos ao final de 2016, com as quatro edições comandos programados
da Revista CONCRETO & Construções registran- que o computador reali-
do o mais elevado conteúdo técnico e o estado da zada as inúmeras ativida-
arte de seus temas de capa – pavimentos de con- des e análises, de forma
creto, reforço e reabilitação de estruturas, reação rápida e precisa. Assunto
álcali-agregado e informática aplicada às construções em con- com tantas vertentes, tão
creto. Nas edições tivemos relatos dos eventos relevantes do surpreendente e cheio de
setor, acompanhamentos dos trabalhos de comitês técnicos, novidades, não cabe em
divulgação de artigos técnicos, esclarecimentos de dúvidas e uma única edição e será
discussões sobre nossa atuação profissional para protagonizar, tema de duas capas consecutivas.
com elevada ética e competência, as soluções para diversos Chover no molhado seria fazer um paralelo entre as vigas de
problemas de nossas cidades e da infraestrutura de nosso país. concreto armado calculadas e desenhadas “a mão” há cer-
Um exemplo de caso marcante registrado pela Revista foi o do ca de 30 anos, com os refinados processos de análise, deta-
Viaduto Santo Amaro, em São Paulo, no qual a intervenção da lhamento e disponibilização do projeto em mídias impressas
Engenharia permitiu não só a reabilitação mas também sua rea- ou não, realizados com o auxílio do computador. Mas a In-
dequação, com aumento do gabarito vertical, recuperando uma formática hoje é muito mais que isso. Análises de materiais e
importante obra, outrora condenada pelo poder público em fun- componentes em laboratório são automatizadas, o projeto é
ção do incêndio que a afetou. integrado ao orçamento e ao planejamento da obra através de
Esse resultado foi possível pelo comprometimento de várias detalhados processos BIM, elementos do edifício, quiçá o edi-
pessoas, em especial os membros do Comitê Editorial, o Dire- fício todo, começam a ser “impressos” a partir do computador
tor de Publicações, Eng. Eduardo Millen, e do editor da Revis- através de prototipagem, tema que será tratado na edição 85,
ta, jornalista Fábio Pedroso, bem como os autores e colabora- complexos ensaios de prospecção e caracterização realiza-
dores de cada edição. dos no local são analisados e apresentados instantaneamente
Nesta edição de final de ano um dos destaques é a cobertu- em equipamentos portáteis. O papel vem aos poucos sendo
ra do 58º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado de 11 substituído por esses equipamentos que permitem não só a
a 14 de outubro, em Belo Horizonte, pelo IBRACON. Além da visualização bidimensional, mas realísticos detalhes em várias
apresentação das várias premiações e dos relatos dos trabalhos dimensões. Robôs, já frequentes em outras indústrias, come-
dos Comitês Técnicos, em especial o voltado para a normaliza- çam a fazer parte diretamente da construção de edificações.
ção do concreto reforçado com fibras e para o concreto autoa- Os artigos nesta e na próxima edição mostram um pouco des-
densável, a edição traz as discussões travadas no Seminário se admirável novo mundo virtual, hoje muito concreto.
de Ensino de Engenharia Civil. No evento ficou claro o clamor Destaca-se ainda a entrevista com o Eng. Nelson Covas, pes-
de professores e estudantes para transformação do ensino de soa que muito contribuiu para a informática aplicada ao projeto
graduação, com mudanças nas estruturas curriculares, expan- de construções em concreto, e que aceitou o convite após
são de métodos que façam o aluno aprender com a prática, várias tentativas e a partir da unanimidade do Comitê Editorial
melhoria na formação pedagógica dos docentes. Nessa linha, em torno de seu nome. O esforço valeu a pena e a entrevista é
os tradicionais Concursos do IBRACON muito contribuem para outro marco da Revista em função de seu conteúdo técnico e
estimular o aprendizado e motivação de nossos futuros enge- registro histórico a partir da década de 60 até hoje.
nheiros, como expresso no “Manifesto de Belo Horizonte”, pu- A primeira edição do ano que vem continuará tratando do tema
blicado nesta edição, produto da livre iniciativa dos alunos. de Informática, focando no auxílio ao planejamento e controle de
O tema de capa - Informática Aplicada a Projetos – Tecnolo- obras. Estão previstas ainda edições sobre a questão do ensino
gia da Informação no Projeto e Modelagem de Estruturas de de engenharia, evolução do concreto como material da constru-
Concreto – é pertinente face às inacreditáveis inovações que ção civil, concreto reforçado com fibras e outros.
aparecem de forma incremental a cada ano. A informática Então tome fôlego, aproveite a edição e se prepare para
nada mais é do que o produto da sistematização do pen- o futuro.
samento de grupos de pessoas brilhantes, que conseguem E que venha 2017!
transpor todo seu conhecimento, experiência e inteligên-
cia a máquinas e equipamentos, tornando-os disponíveis e GUILHERME PARSEKIAN
acessíveis, beneficiando milhares de pessoas. É a partir dos Presidente do Comitê Editorial
D
e 11 a 14 de outubro de evento: Estruturas Pré-Fabricadas de
2016, Belo Horizonte re- Concreto, Projeto de Lajes em Con-
cebeu o 58º Congresso creto Armado e Protendido, e Ensaios
Brasileiro do Concreto – Destrutivos e não Destrutivos para
IBRACON. Com o objeti- Avaliação de Estruturas de Concreto.
vo de divulgar e debater sobre a tec- Durante o evento realizado foi lança-
nologia do concreto, o projeto e análise da a Prática Recomendada “Projeto
de estruturas, a normalização técnica de Estruturas de Concreto Reforçado
e sistemas construtivos, o evento com com Fibras”, com o objetivo de for-
a temática “Ciência e Tecnologia para necer material que traz os requisitos
a Construção em Concreto”, contou mínimos necessários para o projeto
com a presença de mais de 1000 pes- de estruturas de concreto reforçado
soas, entre profissionais, professores e com fibras e pode ser adquirido na
estudantes, vindos de todos os esta- Loja Virtual no site www.ibracon.org.br.
dos brasileiros e do exterior. Foram realizados os concursos técni-
No 58° Congresso Brasileiro do Con- cos, com a participação de mais de
creto foram 802 artigos recebidos e 500 estudantes de Engenharia Civil e
678 publicados nos Anais do evento. Para avaliar e revisar todos Arquitetura. E foram homenageados profissionais de destaque
esses artigos, a Comissão Cientifica contou com o apoio de 171 do ano e as melhores teses de doutorado na área de materiais
professores e profissionais que em média revisaram mais de e estruturas de concreto.
seis artigos cada um. Os trabalhos submetidos eram de autores Tudo isso poderá ser conferido nesta edição.
de instituições de ensino e pesquisa, e também profissionais da Acredito que o 58º Congresso Brasileiro do Concreto atingiu
área de engenharia, do Brasil e do exterior. Cabe aqui nossos plenamente seus objetivos, sendo o principal deles: proporcio-
agradecimentos a esses profissionais dedicados, sem os quais nar aos profissionais e estudantes atualização e reciclagem de
o 58º CBC não seria possível. conhecimentos, e informações relevantes na área de concreto.
Além das três palestras magnas de conferencistas internacio- O 59º Congresso Brasileiro do Concreto ocorrerá em Bento
nais, ocorreram durante o evento 18 sessões orais, sendo 145 Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e as atividades para orga-
trabalhos apresentados e oito sessões pôsteres, com mais de nização do evento já se iniciaram. No ano de 2017, o Prêmio
370 trabalhos, sobre os temas Projeto de Estruturas, Análi- de Teses e Dissertações será para os melhores trabalhos de
se Estrutural, Métodos Construtivos, Sistemas Construtivos Mestrado nas áreas de materiais e estruturas. As datas-limite
Específicos, Materiais e Propriedades, Materiais e Produtos para submissão dos trabalhos técnico-científicos para o 59º
Específicos, Gestão e Normalização e Sustentabilidade. Que- CBC são:
remos agradecer a todos que colaboram na coordenação das u Envio dos resumos: 17/02/2017;
mesas das sessões orais e das sessões pôsteres, que trou- u Aceitação dos resumos: 10/03/2017;
xeram sempre um retorno positivo da forma que as sessões u Envio de artigos: 30/04/2017;
transcorreram. Todas essas sessões sempre contaram com u Aceitação de artigos: 14/06/2017;
um grande número de participantes interagindo e debatendo u Aceitação final: 01/09/2017.
com os apresentadores. Boa leitura!
Somado a isso, o Programa Master PEC, programa de educa- LEANDRO MOUTA TRAUTWEIN
ção continuada do IBRACON, ofereceu três cursos durante o Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON
PERGUNTAS TÉCNICAS dadas e Publicações Especiais. Todo A norma de blocos de concreto per-
esse acervo pode ser consultado no mite o uso da largura de 9 cm para até
Gostaria de saber quais os principais site www.ibracon.org.br. um pavimento. Além disso, é preciso
materiais (livros, artigos, sites...) para Há ainda algumas referências em li- atender a norma de projetos, existin-
estudar concreto para fundações. Te- vros de fundações, como “Teoria e do uma limitação quanto à esbeltez
nho estudado o tema e pretendo atuar Prática de Fundações”, editado pela da parede. Em termos práticos, en-
na área. Assim, gostaria de entender PINI/ABMS/ABEF, e o “Manual de Es- tendo que essa solução só será viável
mais sobre os tipos de concreto espe- pecificações de Produtos e Procedi- se a parede tiver alguma armação ou
cificamente para os diferentes tipos de mentos – Engenharia de Fundações e se tiver enrijecedor.
fundação, solos, especificidades de so- Geotecnia “ editado pela ABEF . O
licitações e execução. DFI – Deep Foundation Institute, junto GUILHERME PARSEKIAN, COORDENADOR DA PÓS-
LUCAS DE OLIVEIRA MENDES com o EFFC europeu, tem um manual GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO
Aluno do curso de Engenharia Civil “Best Practice Guide to Tremie Con- CIVIL DA UFSCAR E PRESIDENTE DO COMITÊ
UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná crete for Deep Foundation”. EDITORIAL
Você pode consultar ainda o Euro-
Os tipos de concreto para as mais code 2 - Design of Concrete Struc- Comprei o livro “ABNT NBR 6118 Co-
variadas estruturas e aplicações tures e o Eurocode 7 - Geothecnical mentários e E xemplos de A plicação”,
constam nas normas técnicas bra- Design. Recentemente, o Prof. Pau- muito bom livro , e a qualidade de im -
sileiras, em particular, a ABNT NBR lo Helene em resposta a consulta do pressão é excelente . O P rof. R ubens
12655/2015 Concreto de Cimento presidente da ABEF deu importantes Matheus Fagundes, responsável , den -
Portland – Preparo, Controle, Rece- esclarecimentos sobre a especifica- tre outras , pelas disciplinas de Con-
bimento e Aceitação – Procedimento, ção do concreto para fundações na creto I, II e III, recomendou a compra
ABNT NBR 6118 Projeto de Estru- edição 81 da revista CONCRETO & deste livro , e sempre está incentivando
ABNT NBR 14931 Execução de Es- te, apresentado em Estocolmo 2014, Gostaria que fosse verificado, na página
truturas de Concreto – Procedimen- é de Karsten Beckhaus, da Bauer, 128, quando trata dos valores da ar-
to , ABNT NBR 10839 Execução de intitulado “Are specifications for deep madura longitudinal, (av), consta como
obras de arte especiais em concreto foundation concrete up-to-date?” valor do diâmetro max do agregado, 1,2,
armado e protendido - Procedimento, É um começo para você que pretende quando deveria constar 0,5 dmax.
entre outras mais de 200 normas re- estudar e gosta do assunto. IZABEL DA CUNHA ALVAREZ
lacionadas a concreto. URCAMP – Sant’ana do Livramento/RS
Você pode encontrar alguma referência FREDERICO FALCONI, DIRETOR DA ZF &
também na ABNT NBR 6122 Projeto e ENGENHEIROS ASSOCIADOS E MEMBRO DO Excelente a sua observação. Real-
execução de fundações. Ao lado das COMITÊ EDITORIAL mente, no que se refere ao av, o cor-
normas técnicas existem várias publi- reto é 0,5.dmáx , como consta na ABNT
cações do IBRACON que tratam do Os blocos de concreto com 9 cm de lar- NBR 6118. Se houver uma nova
assunto, por exemplo, o livro “Concre- gura podem ser utilizados em edificações Errata, iremos corrigir a figura da pá-
to: Ciência e Tecnologia” editado por de um pavimento? Não há impedimento gina 128.
Geraldo C. Isaia, publicado em 2011, e quanto à flambagem para esse tipo de Agradeço pela contribuição.
mais de 4000 artigos técnico-científicos bloco, inviabilizando sua utilização em
divulgados em Congressos e Seminá- edificações de um pavimento? ALIO KIMURA, SECRETÁRIO DO COMITÊ IBRACON/
rios promovidos pelo IBRACON, além LUIZ EDUARDO ABECE DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE
de seus periódicos, Práticas Recomen- Recife – PE CONCRETO
Estruturas de
concreto armado
A terceira edição do livro “Estruturas de concreto arma-
do: fundamentos de projeto, dimensionamento e ve-
rificação”, do professor da Universidade de Brasília, João
Carlos Teatini de Souza Clímaco, foi ampliada e atualiza-
da para se adequar à ABNT NBR 6118: 2014 – Projeto
de Estruturas de Concreto Armado – Procedimentos.
Voltada aos estudantes de Engenharia Civil, Arquite-
tura e Tecnologia, a obra objetiva auxiliar os que se
iniciam no projeto de estruturas de concreto armado
de edificações usuais, com a exposição didática de
seus fundamentos e dos principais procedimentos e
disposições normativas para o dimensionamento e a
verificação de elementos estruturais básicos (vigas, pi-
lares e lajes).
à Vendas: www.elsevier.com.br
Nelson
Covas
E
ngenheiro Civil pela Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, formado na turma
de 1970. Exerceu atividades em empresas de
consultoria e construção, como Maubertec,
Promon, Intertec e Método.
IBRACON – Como começou seu um trabalho muito repetitivo em industriais leves e pesadas, portos,
interesse pela aplicação da informática calculadoras eletrônicas, resolvi ler galerias, passarelas. Naquela
ao projeto, execução e gerenciamento o manual da Olivetti 101 e fiz um época, não existiam os atuais
de obras? programa para calcular os referidos microcomputadores, toda a entrada
Nelson Covas – Comecei a coeficientes. Aí começou a minha de dados era feita com cartão
trabalhar com informática aplicada carreira, por acaso, na informática perfurado e os resultados eram
à engenharia estrutural durante aplicada à engenharia. Depois impressos em papel através de
o ano de 1969, ainda estagiário. de formado, fui contratado pela resultados numéricos. Ganhei uma
Fui contratado por um brilhante empresa do professor Maurício, a enorme experiência em projetos
professor de concreto armado Maubertec, e fui encarregado de estruturais neste período e tive
da EPUSP (Escola Politécnica da elaborar programas computacionais conhecimento bastante aprofundado
Universidade de São Paulo), o para outros tipos de estrutura, das inúmeras dificuldades para se
engenheiro Maurício Gertsenchtein. como vigas, pórticos, e para o elaborar um projeto estrutural. A
Tive como primeira incumbência dimensionamento de concreto qualificação da equipe técnica da
o cálculo de coeficientes K2, K3 armado. Fiquei na Maubertec Maubertec era excelente, boa parte
e K6 da publicação intitulada por 10 anos, sendo autor de eram professores universitários e
“Tabela para Cálculo de Flexão milhares de processamentos profissionais com larga experiência
Normal no Estádio III”, de autoria do de modelos estruturais das em projeto. Como todos sabem,
professor Maurício e do professor mais variadas especialidades, projeto estrutural é uma atividade
John Ulic Burke Jr. Como eu fazia como edifícios, pontes, obras de alta complexidade, que envolve
mundo todo, praticamente não existe demorava significativamente pelos truturais a informática possibilitou que se
intensa dos recursos da informática. disso, o lançamento estrutural, a Nelson Covas – A informática é
O Brasil é um dos países onde criação e definição da estrutura, intensamente aplicada em todo
a automação na elaboração de etapa imprescindível no processo, tipo de projeto de estruturas de
projetos estruturais em edificações continuam exclusivamente com o concreto armado. Entretanto,
convencionais do ramo imobiliário está engenheiro, pois exige recursos, é no segmento de edificações,
entre as mais avançadas do mundo, como a criatividade e o raciocínio onde prevalece o conceito de
se não for a mais avançada. Em nosso lógico consistente com fundamentos pisos sobrepostos, constituídos
país investiu-se muito na automação teóricos, que nunca poderão ser pelos elementos de vigas, lajes e
de forma integrada das diversas supridos pelos softwares. Assim, pilares, que a informática tornou a
“
ESTA QUESTÃO DE CRIAR MELHORES CONDIÇÕES AO
“
PROJETISTA ESTRUTURAL PARA ELABORAR SUAS
TAREFAS FOI PARA MIM A GRANDE MOTIVAÇÃO
PARA INVESTIR NO RAMO DA INFORMÁTICA
“
PROJETOS. O SOFTWARE É APENAS UMA
FERRAMENTA PARA CÁLCULO E GERAÇÃO DE
DESENHOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS
tarefa mais rotineira e trabalhosa desenhos dos elementos estruturais. para o conhecimento, a experiência
do projeto mais automatizada. É Do ponto de vista mais prático, há e a criatividade do engenheiro. As
importante ressaltar que esta tão uns 20 anos, elaborar um projeto tarefas já mencionadas de geração de
almejada automação não eliminou estrutural de um edifício de 30 pisos modelos de análise, dimensionamento
as inevitáveis complexidades do era algo considerado complexo. e detalhamentos são tarefas
projeto estrutural em razão das Hoje em dia, por todo o país, com o complexas e estão ainda distantes de
inúmeras soluções estruturais auxílio dos recursos da informática, uma automação plena.
possíveis e da diversidade de temos inúmeras empresas e até Geralmente, o engenheiro recém-
formas e dimensões dos elementos engenheiros atuando como pessoa formado não tem conhecimentos
estruturais. A extraordinária liberdade física que realizam esta tarefa. O técnicos suficientes para entender o
de forma que o elemento concreto desafio agora é o de projetar edifícios comportamento do material concreto
armado fornece ao arquiteto e ao com 50, 60 pisos. armado, material heterogêneo, de
engenheiro estrutural para conceber comportamento não elástico e não
a estrutura é uma enorme qualidade IBRACON – Como as limitações e a linear. Um dos equívocos mais comuns
do material de construção, mas traz inexperiência de um engenheiro recém- é o engenheiro recém-formado
inúmeras dificuldades ao projeto. formado podem conduzir a falhas e achar que pode ser capaz projetar
Em qualquer edifício com relativa erros graves no projeto estrutural com uma estrutura de concreto armado
altura, não temos mais elementos a aplicação automática de softwares? utilizando um software sofisticado de
simples de seção retangular - agora Nelson Covas – Software não elabora elementos finitos, discretizando todos
os pilares possuem diferentes projetos. O software é apenas uma os seus elementos em cascas ou
seções transversais, as lajes são de ferramenta para cálculo e geração de sólidos e integrando as tensões de
inúmeros tipos, as vigas possuem desenhos de elementos estruturais. tração para determinar as armaduras.
furos e seção variável. Essa tarefa Esses desenhos somente se tornam Mas, o concreto armado se comporta
mais corriqueira e complexa deve- desenhos representativos de projeto de forma diferente de material elástico
se em grande parte à integração após a análise, verificação e validação e linear, o dimensionamento no ELU
entre as fases de modelagem da sua exatidão. Os softwares ainda (Estado Limite Último) é feito no
estrutural, geração do modelo não estão no estágio de equacionar estádio III, em certos elementos é
analítico para cálculo de solicitações, adequadamente todas as variáveis preciso utilizar a técnica de bielas-
dimensionamento, detalhamento presentes num projeto. O computador tirantes, existem armaduras mínimas a
e geração semiautomática dos e o software não são substitutos respeitar etc. Outro ponto importante
a considerar é que a estrutura de
concreto armado não é construída
instantaneamente - ela vai sendo
erguida aos poucos e as cargas vão
sendo gradativamente aplicadas
ao longo do tempo. Já o modelo
estrutural criado no software,
usualmente, trata a estrutura
Realidade brasileira: automação entre as etapas de projeto como um todo, como um modelo
“
SE VOCÊ NÃO CONSEGUE ENXERGAR O
“
COMPORTAMENTO GLOBAL DA SUA ESTRUTURA,
NÃO A PROJETE; NÃO É APENAS O SOFTWARE
QUE VAI RESOLVER O SEU PROBLEMA
enxergar através
do programa o
“
O MAIS IMPORTANTE É NÃO ACREDITAR CEGAMENTE NO
“
RESULTADO FINAL E, SEMPRE, ANALISAR OS RESULTADOS
PARCIAIS, DESDE A MODELAGEM, ANÁLISE ESTRUTURAL,
DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO E DESENHO
“
PERMANENTEMENTE, OS SOFTWARES TAMBÉM
SÃO OBRIGADOS A EVOLUIR CONFORME ELAS,
SENDO ISTO UM GRANDE DESAFIO
softwares simples, de fácil utilização, nova norma. Este foi um grande usuário é sempre realizada adotando-
bem como é muito difícil encontrar diferencial para que a norma ABNT se os critérios da norma atual vigente.
um software que atenda a todos os NBR 6118:2003 fosse implantada
requisitos prescritos nas normas de rapidamente em todo o Brasil. IBRACON – Quando um novo software
concreto armado. Com relação à obrigatoriedade de é lançado no mercado construtivo, ele
“
USUÁRIOS QUALIFICADOS QUE, CONSTANTEMENTE, FICAM
PROCESSANDO NOVOS EDIFÍCIOS, ANALISANDO E QUESTIONANDO
RESULTADOS EMITIDOS, E INTERAGINDO COM O DESENVOLVEDOR
tarefa absolutamente sem fim. Dependendo da qualidade, diversidade e que a estrutura não é construída
Desenvolver um software integrado e quantidade dos edifícios de testes, instantaneamente; aplicar cargas
para concreto armado é como podemos dizer que o sistema é mais atuantes na estrutura adequadamente,
projetar a fundação de um edifício ou menos testado. Mas, o principal especialmente as forças horizontais
sem conhecer, “a priori”, o número teste mesmo é feito diariamente pelos devidas ao vento; definir corretamente
de pisos. Depois de feito o edifício é inúmeros usuários qualificados que, os conceitos relacionados ao
preciso, obrigatoriamente, reforçar a constantemente, ficam processando comportamento de vigas, pilares, lajes,
fundação para o incremento de mais novos edifícios, analisando e pilares-parede, sapatas etc.; estudar a
pisos; às vezes, é preciso trocar o questionando resultados emitidos, ligação e a compatibilização entre os
elemento de fundação e, outras vezes, e interagindo com o desenvolvedor. diversos elementos; tratar propriedades
é preciso trocar toda a fundação, tudo Este é o teste final e verdadeiro. Com de seções transversais para cálculo em
isso com o edifício funcionando. Mas, tudo isso, ainda existe uma máxima ELU e ELS (Estado Limite de Serviço);
o ponto mais importante é a validade no mercado de softwares integrados analisar se os pilares estão engastados
dos resultados do software. Apenas para a engenharia estrutural com a nas fundações, os efeitos dinâmicos,
com a participação de diversos qual eu concordo plenamente: “não os efeitos de segunda ordem, casos de
usuários capacitados tecnicamente, existe software sem erros, não existe pilares sem travamento, entre outros.
com diferentes filosofias de projeto, software sem erros graves”. É a Todos esses pontos, alguns softwares
é possível fazer a validação de um pura realidade, existem softwares integrados tratam adequadamente.
software integrado para projetos mais testados e confiáveis e existem Cabe ao engenheiro projetista
estruturais de concreto armado. softwares menos testados e menos selecionar, ao modelar a estrutura, os
Por essas razões é que o software confiáveis. Se o desenvolvedor tivesse quesitos de modelagem que mais lhe
somente chega a uma fase adulta conhecimento do lugar onde estão os convém para o caso em projeto.
depois de muitos anos, talvez erros graves (geralmente, em casos
décadas, de pleno uso no mercado. muito particulares), ele os corrigiria IBRACON – Como está o
Portanto, faz parte do processo de imediatamente. desenvolvimento dos softwares de
equipe técnica do desenvolvedor IBRACON – Quais os cuidados que Existe boa aceitação dos profissionais
como uma parcela dos usuários. um engenheiro projetista deve ter ao envolvidos? Como se daria, na sua
Como o software continuamente evolui modelar uma estrutura? visão, a integração dos profissionais
e é alterado, para distribuir qualquer Nelson Covas – Esta pergunta poderia envolvidos e quais lacunas precisariam
nova versão ao mercado é preciso ser tema para se escrever um livro ser preenchidas?
garantir a qualidade inicial através de sobre o assunto. Vou tentar apenas Nelson Covas – Existem diversos
testes e mais testes. Geralmente, as relatar alguns itens que considero softwares provenientes do exterior
empresas possuem uma equipe de importantes para estruturas de concreto para calcular a interação fundação-
testes, com programas que testam armado: aplicar os requisitos de estrutura. Geralmente, esses
programas, tanto remotamente como normas técnicas; não tratar elementos softwares são bastante complexos,
interativos, onde os milhares de de concreto armado como elásticos tanto do ponto de vista teórico como
edifícios catalogados são analisados lineares; entender que o concreto do ponto de vista da utilização, e, salvo
e validados permanentemente. armado é um material não homogêneo raras exceções, não são empregados
consequentemente, entre os pilares Complementando, creio também que aperfeiçoar as estimativas, considerando
da superestrutura, existem. Por que temos um grande obstáculo técnico a incidência e o desenvolvimento de
então ignorá-los? O assunto está para enfrentar nessa questão - trata- fissuras nas peças fletidas, retração e
conversas e discussões. Segundo reológico do concreto armado, tanto Nelson Covas – A questão da
o meio geotécnico, a elaboração dos elementos de fundação como flexibilidade da estrutura é uma
de um projeto totalmente integrado da superestrutura. Especialmente questão prescrita nas nossas
(infra + superestrutura) é ainda neste caso, é preciso que o software normas técnicas. Toda estrutura
complexa. Da forma como se projeta reconheça que a infra e superestrutura se deforma sob a ação de cargas
hoje - fundações independentes da não é executada e carregada verticais e forças horizontais. A
estrutura - os geotécnicos dizem que instantaneamente, e sim ao longo norma brasileira estabelece limites
tem “funcionado” muito bem sem de alguns meses ou anos. Outro para o deslocamento horizontal no
problemas. Segundo os engenheiros ponto importante seria a definição topo edifício, no estado limite de
estruturais, a introdução de recalques de quesitos normativos para auxiliar serviço (ELS), sob a ação de forças
diferenciais na estrutura provoca os estruturalistas e geotécnicos na horizontais. O mesmo ocorre para o
maiores esforços, maiores taxas de abordagem do problema. deslocamento horizontal entre pisos
concreto e armaduras, levando a um de um edifício. O edifício também
projeto mais oneroso financeiramente. IBRACON – Em edifícios residenciais pode se deslocar horizontalmente
No máximo, o engenheiro estrutural e comerciais ainda se tem presenciado a sob a ação de cargas verticais. Com
hoje aplica coeficientes de recalque ocorrência de patologias em alvenarias e relação a deslocamentos verticais,
vertical na base dos pilares. A minha revestimentos, decorrentes de excessiva é necessário verificar a flecha das
experiência diz que já está mais do flexibilidade da estrutura. Quais vigas e lajes no ELS. Além da flecha
“
SABEMOS QUE RECALQUES DIFERENCIAIS ENTRE OS
“
ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO E, CONSEQUENTEMENTE,
ENTRE OS PILARES DA SUPERESTRUTURA, EXISTEM.
POR QUE ENTÃO IGNORÁ-LOS?
flechas obtidos são sempre valores gerenciamento e manutenção de obras civil, aliada à internet, tem possibilitado
estimados pelo grau de complexidade mais econômicas, ousadas, com melhor a integração de projetistas e
“
ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DA EDIFICAÇÃO DE ACORDO
“
COM O PROJETADO, EM TODAS AS SUAS FUNCIONALIDADES
(TÉCNICAS, CUSTO, TEMPO ETC.), JÁ ESTÁ AO ALCANCE
DO DIA A DIA DAS EMPRESAS
“
DINÂMICA E PRÁTICA, REALIZAR A COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS,
ALERTANDO POSSÍVEIS PONTOS DE INTERFERÊNCIA – É COMO
SE A OBRA FOSSE CONSTRUÍDA VIRTUALMENTE
executores, de fornecedores e interferência sejam sanados na própria Que mudanças ele traz para o mercado
construtores, tornando a coordenação concepção, o processo de criação de softwares no Brasil e no mundo?
de projetos mais eficiente? se torne dinâmico e as modificações Nelson Covas – O BIM é, antes de
Nelson Covas – A nossa construção sejam absorvidas com naturalidade. tudo, uma tecnologia no tratamento
civil está dando um salto tecnológico Na obra, o engenheiro pode, portanto, das informações dos componentes
importante nos dias atuais. Na nossa acompanhar a execução de sua de uma construção. Traduzindo a
modalidade de construção - mercado estrutura com os projetos acessíveis sigla podemos denominar BIM por
imobiliário - temos dezenas de e à sua disposição, controlando modelagem das informações da
fornecedores independentes para a qualidade da montagem das construção. A sigla BIM é novidade de
uma mesma obra. Cada projetista armaduras, concretagem etc. Se a alguns anos, mas a tecnologia, não.
trabalha, de certa forma, como se resistência do concreto ficou abaixo Quando eu trabalhei numa empresa
fosse independente dos demais. Daí da desejada, tanto o construtor como de engenharia consultiva em 1980,
a grande necessidade de integração o projetista estrutural podem visualizar, a Promon Engenharia, tive contato
de informações entre os diversos logo após a disponibilização dos com o engenheiro Luiz Esmanhoto,
fornecedores para um projeto global ensaios dos corpos de prova, imagem que publicou um interessante artigo
de construção. Neste ponto, a em 3D de quais peças estão não intitulado “CAD-Fundamentos e
internet veio suprir uma grande lacuna conformes e tomar as providências Tecnologia”. Este artigo poderia ser
para a integração do projeto e da cabíveis. O acompanhamento do hoje publicado trocando apenas
própria construção. Aliás, depois do cronograma de execução, visualizando o nome por “BIM-Fundamentos
grande salto tecnológico que foi o a obra real é de grande importância ao e Tecnologia” e continuaria muito
CAD (Computer Aided Design) nos construtor. atual. O engenheiro Esmanhoto era
anos 80 e 90, a internet foi a grande Isto sem citar as alternativas de projetos um autêntico visionário nesta área,
revolução e novidade que surgiu para que podem ser realizadas em prazos prevendo o que ocorreria décadas
auxiliar na comunicação e integração exíguos e com a devida confiabilidade à frente. Neste artigo, já estava
entre projetistas e construtores. As na elaboração dos orçamentos, previsto o tratamento da informação
informações fluem com rapidez, visando uma otimização de custos. da construção desde o projeto,
ficam armazenadas “nas nuvens”, planejamento para contratação
acessíveis em qualquer localidade IBRACON –
através de dispositivos móveis Como você vê
portáteis. Os coordenadores de projeto o BIM nesse
podem agora, de forma dinâmica e contexto de
“
TORNOU UM ASPECTO FUNDAMENTAL PARA QUE OS DIVERSOS
INTERVENIENTES DO PROCESSO POSSAM TROCAR
DADOS DE FORMA EXPEDITA E PRÁTICA
tanto para estruturas moldadas “in loco” que se conceitua como BIM hoje recursos informacionais tragam maior
“
O GRANDE DESAFIO ATUAL É A QUESTÃO DA FORMA
“
DE ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E DA
COMUNICAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS SOFTWARES,
A TAL DA INTEROPERABILIDADE
e aplicação dessas inovadoras investimento nesta área. Do ponto construção podem somar esforços
tecnologias. São poucas empresas de vista dos construtores, é preciso, para contribuir tanto com o
que realmente estão investindo os além de óbvios investimentos, desenvolvimento quanto com o uso dos
recursos necessários. Temos também principalmente a firme determinação recursos informacionais aplicados na
que considerar a crise econômica que para a implantação na empresa, construção civil?
passa o nosso país, com uma forte enfrentando as inevitáveis mudanças Nelson Covas – Tanto o IBRACON
recessão há dois anos, especialmente na forma de trabalho, impondo como as demais entidades ligadas
na construção civil. Ainda temos novos procedimentos com o devido a construção civil podem utilizar
muita coisa a fazer na aplicação treinamento da equipe para se os seus meios de comunicação
do BIM e estamos passando por adequar as novas habilidades e e de educação continuada
uma fase de transição. Do ponto funções. As empresas projetistas, para transmitir aos engenheiros
de vista das empresas de software, pulverizadas, precisam principalmente projetistas e construtores essas
muito foi investido e muito ainda de organização e disciplina na forma novas tecnologias que evoluem
precisa ser investido para aprimorar de troca de informações, além de permanentemente. Nos congressos
seus produtos, aumentando seu investimentos e muito treinamento. promovidos pelo IBRACON, já é
desempenho, facilidade de utilização, Como ação de médio prazo, acho comum a apresentação de inúmeros
“
A IMPLANTAÇÃO DO BIM ESTÁ MAIS PRÓXIMA E DE USO IMEDIATO
“
NAS ESTRUTURAS PRÉ-FABRICADAS; DAÍ, SE PODE CHEGAR À
CONCLUSÃO QUE ESTE SEGMENTO PODERÁ AFERIR, DE IMEDIATO,
MAIORES VANTAGENS COMPETITIVAS COM O BIM EM MENOR PRAZO
“
ALUNOS EM FACULDADES DE ENGENHARIA,
ARQUITETURA E CURSOS TÉCNICOS PARA A
APLICAÇÃO DESSAS NOVAS TECNOLOGIAS BIM
trabalhos ligados à informática e estão sempre presentes. Neste ano minha maior dedicação no tempo livre
alguns ao BIM. Há alguns anos, de 2016, o SINDUSCON também é o futebol, tanto é que fui há alguns
os fornecedores de software para criou um Prêmio de Excelência em anos até Tóquio assistir a alguns
engenharia de estruturas, em BIM, para que os interessados possam jogos. A pescaria é outro grande
conjunto com a ABECE, redigiram apresentar os projetos elaborados em hobbie – vou ao Pantanal e a rios
um documento estabelecendo regras BIM. Essas ações são importantes da bacia amazônica todos os anos,
e procedimentos a serem seguidos para que o mercado possa ter acesso sempre na companhia de engenheiros
para estreitar o relacionamento entre ao conhecimento, exemplos práticos extraordinários. A pescaria é um
empresas de software e projetistas de aplicação e saber como iniciar a hábito que foi iniciado pelo engenheiro
de estruturas. O SINDUSCON/SP implantação de BIM. Gabriel Feitosa. Além de futebol e
promove anualmente um Simpósio pescaria, também gosto de cinema e
sobre estruturas e um outro mais IBRACON – Quais seus hobbies? O que teatro, mas estou com pouco tempo
especificamente sobre BIM, onde a gosta de fazer em seu tempo livre? livre atualmente devido à atenção
informática e as novas tecnologias Nelson Covas – Indubitavelmente, dada aos queridos netos.
Atividades do Congresso
motivam profissionais e alunos
a aprenderem mais sobre
o concreto e a pensarem
sua profissão
R
eunidos em Belo Horizonte, destrutivos (15), gestão e normalização nados pelo diretor de pesquisa e desen-
de 11 a 14 de outubro, 1037 (13), materiais e propriedades (245), volvimento do IBRACON, Leandro Trau-
profissionais e estudan- projeto de estruturas (85), métodos twein, e pelo professor da Universidade
tes participaram das atividades e dos construtivos (35), materiais e produtos de Uberlândia, Antonio Carlos dos San-
debates ocorridos no 58º Congresso específicos (46), sistemas construtivos tos. “Na sessão científica que coordenei
Brasileiro do Concreto, evento técnico- específicos (22) e sustentabilidade (95) juntamente com o Prof. César Daher
-científico de divulgação da tecnologia nos anais do evento. foram apresentados dez trabalhos de
do concreto e seus sistemas construti- Esses trabalhos, submetidos por primeira linha, muito interessantes. Ob-
vos, promovido pelo Instituto Brasileiro pesquisadores de instituições de ensino servei também que os autores obede-
do Concreto (IBRACON). e pesquisa, e centros de pesquisa, de- ceram ao tempo disponível para cada
Foram apresentados 614 trabalhos senvolvimento e inovação de empresas, apresentação e que o auditório, lotado,
nas sessões orais e pôsteres e publica- do Brasil e do exterior, foram avaliados participou ativamente com muitas per-
dos 678 artigos técnico-científicos so- e aprovados pelos 171 integrantes da guntas”, registrou o moderador de uma
bre análise estrutural (119), ensaios não comissão científica do evento, coorde- das sessões, Prof. Paulo Helene.
Congressistas no momento de execução do Hino Nacional na cerimônia de abertura do 58º Congresso Brasileiro do Concreto
O
II Seminário sobre Obras Emblemáticas, ocorrido no 58º Congresso particularidades envolvidas nas concepções de projeto.
Brasileiro do Concreto, foi um sucesso. Liderada pelo Prof. Paulo Após o coffee break houve uma excelente apresentação sobre os
Helene e pelo Dr. Carlos Britez, a primeira versão do evento, em desafios envolvidos na concretagem da cúpula do Teatro Digital. Foi
Natal, teve a participação de cerca de 80 congressistas. Neste ano, uma apresentação bem diferenciada, pois envolveu três palestrantes:
em Belo Horizonte,esse número mais que dobrou, com a participação o arquiteto Samuel Kruchin (Kruchin Arquitetura) discerniu sobre
aproximada de 200 congressistas e as ilustres presenças do Prof. Augusto a concepção de projeto, inclusive sobre a inspiração da cúpula
Carlos Vasconcelos, Eng. Bruno Contarini, Eng. José Luiz Varela, Eng. relacionada com uma concha marinha; a projetista Neide Góes (NG
Antonio Palmeira, Eng. Jefferson Dias de Souza Júnior, além de notáveis Engenharia) abordou as particularidades e desafios para materializar
pesquisadores, pós-graduandos, estudantes e professores. o sonho do projeto arquitetônico, através de modelos físicos e de
Realizado na tarde do dia 14 de outubro, o II Seminário sobre Obras dimensionamento, com auxílio de softwares baseados no método de
Emblemáticas tratou de temas relacionados com desafios em projetos elementos finitos; e, finalmente, o Eng. Pedro Bilesky (PhD Engenharia)
diferenciados no cenário nacional. A palestra de abertura, apresentada tratou dos aspectos de dosagem e lançamento do concreto projetado
pelo Dr. Carlos Britez (PhD Engenharia), foi sobre a obra do Museu da e suas especificidades para cumprir com os requisitos estéticos do
Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ), trazendo abordagens projeto, no que tange especialmente à superfície externa irregular e
distintas das engenhosidades empregadas na execução da laje rugosa da casca.
de subpressão, dos pilares inclinados e dos grandes paredões das Para fechar com chave de ouro, a Engª Suely Bueno (JKMF)
fachadas, em concreto aparente. Logo após, houve uma interessante apresentou diversos projetos especiais e abordou temas pouco
palestra do Eng. Roberto Amaral (CTMSP), abordando os desafios explorados, como considerações específicas de geometria,
nas concretagens dos prédios do Laboratório de Geração de Energia estabilidade, vento, sismo e outras condicionantes para garantia, além
Eletronuclear (LABGENE) do submarino atômico da Marinha do Brasil, com da segurança estrutural, de uma longínqua vida útil de projeto, com
uso exponencial de concreto do tipo autoadensável, inclusive tratando muitos estudos de casos.
de um elemento de sacrifício (protótipo em escala real), que será fruto O público presente interagiu bastante no final, fazendo perguntas e
de pesquisas permanentes sobre o material concreto. Na sequência, debatendo com os palestrantes. Foi um debate sadio, profícuo
o Eng. Helcio Moraes (PERI do Brasil) explanou sobre os grandes e esclarecedor.
desafios relacionados aos sistemas especiais de fôrmas e escoramentos
nas concretagens da obra do Museu do Amanhã, inclusive sobre as Relato de CARLOS BRITEZ
N
o dia 12 de outubro de 2016, no 58° Congresso Brasileiro do a vasta aplicação, bem como as diversas pesquisas realizadas com
Concreto, ocorreu o III Seminário sobre as pesquisas e a utilização o CAA. A utilização do CAA em obras civis no Brasil ainda é muito
do concreto autoadensável em nosso país. O Seminário foi baixa, sendo a indústria de pré-moldados e pré-fabricados a maior
presidido pelo professor Bernardo Fonseca Tutikian, com a presença consumidora, porque os empresários já notaram que a utilização
de uma ampla plateia e bastante variada, com participações desde deste material é de fato uma solução para diversos problemas que as
professores, pesquisadores, profissionais liberais, empresas e alunos. empresas possuem.
Os assuntos tratados no seminário foram os mais diversos, passando Ao encontro a este tema, Jadna Füchter apresentou um case de
pela tecnologia dos aditivos desenvolvidos para a execução dos sucesso em duas empresas localizadas no estado do Rio Grande do
CAA, aplicações especiais do concreto em diferentes situações, Sul, uma produz postes de concreto, a outra empresa, elementos
a propriedade do concreto no estado fresco, como a robustez da construtivos para pavilhões e placas de concreto. Ambas as empresas
mistura, e alguns estudos de caso nos quais a utilização do CAA se substituíram o concreto convencional pelo concreto autoadensável.
mostrou uma solução técnica de grande impacto, trazendo maior Além de melhorar a qualidade dos seus produtos, as empresas
qualidade ao elemento desenvolvido, proporcionando, assim, maior tiveram uma grande vantagem quanto à redução do ruído a que seus
durabilidade, e também foi apresentado um resumo da revisão colaboradores estavam sendo submetidos diariamente.
da norma de concreto autoadensável (ABNT NBR 15823), que foi A palestrante mostrou também os custos envolvidos. Ambas as
posteriormente aprovada para ser posta em consulta pública. empresas não tiveram que realizar grandes modificações em suas
Participaram do seminário, como ministrantes, pessoas referência na instalações para a produção dos concretos autoadensáveis, foi
área, tais como: engenheiro civil Augusto Gil, mestrando do curso de realizado um trabalho em conjunto unindo a universidade, a empresa
Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio e a fornecedora dos matérias, buscando viabilizar a implantação
dos Sinos e pesquisador do instituto tecnológico em desempenho desta tecnologia nas fábricas. Os custos de produção do concreto
das edificações itt Performance; da mesma instituição, participou autoadensável, se comparados com os do concreto convencional,
o graduando em Engenharia Civil, Cristyan Rissardi; participaram tiveram um aumento de aproximadamente 8%. Porém, deve-se avaliar
ainda do Seminário a Professora Mônica Barbosa, da instituição PUC o sistema como um todo. Os benefícios trazidos pela implantação do
Campinas, o professor Carlos Britez, da PhD Engenharia, o mestre em concreto autoadensável nas empresas foram evidenciados por todos
engenharia, Ricardo Alencar, da ERCA Brasil, e também a engenheira os colaboradores das empresas. A palestrante apresentou números
civil, Jadna Füchter, representante da Votorantim Cimentos. comprovando as diversas vantagens em se utilizar este material em
Cada palestrante trouxe para uma grande discussão temas indústria de pré-fabricados ou pré-moldados.
relevantes para a especificação, utilização e produção dos concretos Carlos Britez apresentou algumas aplicações do concreto autoadensável
autoadensáveis. Na palestra ministrada por Augusto Gil, foi discutida no sistema de paredes de concreto em diferentes estados do Brasil.
construtivo. No México, os edifícios mais cação do CAA na indústria e no can- cionados aos desafios em projetos
altos possuem em média 200 metros, teiro de obras – o Seminário contou diferenciados no cenário nacional
utilizando caracteristicamente um con- com o patrocínio da Capes, Erca e (veja box);
creto com fck de 70Mpa nas suas co- Votorantim Cimentos (veja box); u I Seminário sobre Boas Práticas na
lunas. O ensaio de túnel de vento é um u I Seminário sobre o Ensino de Execução de Estruturas de Con-
requisito indispensável na construção Engenharia Civil, que debateu a creto, onde foram apresentadas as
de edifícios altos no México, em razão qualidade e atualidade do ensino de boas práticas em projetos de lajes
dos fortes ventos e furações frequentes engenharia nas escolas brasileiras, planas, na execução de capitéis de
no país. Outro requisito na construção trazendo recomendações para a lajes nervuradas, na compra e rece-
desses edifícios é o uso de dissipadores reestruturação curricular, para dar bimento do concreto e na execução
de energia, seja com fluidos viscosos, maior autonomia aos alunos e para de edificações, bem como práticas
seja por reação de massas sintonizadas, um aprendizado mais proativo, que preventivas de patologia em obras
para conferir resiliência a terremotos às concilie teoria e prática (veja matéria de concreto.
construções. Segundo o palestrante a nesta edição); Os ensaios não destrutivos fo-
protensão tem sido um sistema bastan- u I Simpósio sobre Ensaios não Des- ram ainda explanados num curso de
te usado na construção dos edifícios al- trutivos para Estruturas de Con- atualização profissional, que integra
tos no México, pois é capaz de viabilizar creto, que traçou um panorama o Programa Master em Produção de
economicamente sua construção, ao das aplicações de ensaios, como Estruturas de Concreto (Master PEC),
propiciar a execução de cada piso em tomografia, frequência ressonante sistema de cursos de educação conti-
até cinco dias. forçada, ultrassonografia, esclero- nuada do IBRACON. Com carga horá-
metria e potencial de corrosão, nas ria de oito horas, o curso foi ministra-
EVENTOS PARALELOS estruturas de concreto para avaliar do pelos profissionais Rodrigo Duarte
Nesta edição do Congresso foram re- suas propriedades, componentes (Proceq), Rodrigo Moysés Costa (Ul-
alizados os seguintes eventos paralelos: e condições – o Simpósio contou traLab Engenharia Diagnóstica), Ênio
u III Seminário sobre Pesquisas e Obras com o patrocínio da Proceq e apoio Pazini Figueiredo (UFG), Maria Teresa
em Concreto Autoadensável, onde institucional da Universidade Fede- Paulino Aguilar (UFMG) e Paulo Helene
especialistas expuseram as proprie- ral de Goiás (UFG) e Universidade (PhD Engenharia). Aulas práticas foram
dades que caracterizam o CAA, os Federal de Minas Gerais (UFMG); realizadas no Laboratório de Carac-
ensaios normalizados para atestar u II Seminário sobre Obras Emble- terização de Materiais de Constru-
essas propriedades e casos de apli- máticas, que tratou de temas rela- ção Civil e Mecânica da Universidade
Jantar de Confraternização, que en- de investimento em formação e capa- decisão e às atividades do IBRACON,
cerrou as atividades do 58º Congres- citação técnica. Isto porque no evento adequando-os ao contexto social e or-
so Brasileiro do Concreto(veja matéria temos a oportunidade de conhecer as ganizacional do novo milênio. Dentre
nesta edição). pesquisas sobre o concreto que estão as mudanças realizadas, destaca-se a
A Feira Brasileira das Constru- sendo desenvolvidas na academia e criação da diretoria de Atividades Es-
ções em Concreto - Feibracon reuniu as tecnologias que estão sendo apli- tudantis, em reconhecimento à partici-
as empresas e instituições da cadeia cadas nas obras em nosso país e no pação expressiva dos estudantes nas
produtiva do concreto, para exporem mundo. Além disso, temos o contato edições mais recentes do Congresso
seus produtos e serviços oferecidos no com consultores e projetistas de re- Brasileiro do Concreto. “A nova direto-
mercado construtivo brasileiro e para nome nacional e internacional. É por ria foi criada para fortalecer ainda mais
estreitarem relacionamentos com seus isso que a Votorantim tem patrocinado a integração das novas gerações à
clientes. Os patrocinadores do evento o Congresso”, avaliou o consultor de velha guarda e aos experientes profis-
(Eletronorte, Itaipu, Votorantim Cimen- pesquisa, desenvolvimento e qualida- sionais que participam das atividades
tos, Associação Brasileira de Cimento de da Votorantim Cimentos, Eng. Luiz do IBRACON”, avaliou o presidente do
Portland, Instron Emic, GCP Grace, de Brito Prado Vieira. IBRACON, Eng. Julio Timerman.
MC, Intercement e Proceq) apresen- Por fim, foi realizada no evento a Coroando as atividades sociais do
taram palestras técnico-comerciais no 29ª Assembleia Geral do IBRACON, Congresso foram premiados na so-
Seminário das Novas Tecnologias, que onde seus associados reuniram-se lenidade de abertura os profissionais
aconteceu no auditório principal do Mi- para debater assuntos relacionados de destaque do ano e as melhores
nascentro, no primeiro e segundo dias. ao Instituto e aprovaram o novo Esta- teses de doutorado na área de es-
“A Votorantim trouxe para o 58º tuto do IBRACON, que passou a reger truturas e de materiais (veja matérias
Congresso Brasileiro do Concreto sua suas atividades. Atualizando o Estatu- nesta edição).
equipe técnica e comercial e convidou to de 2006, o novo Estatuto procurou
seus clientes em razão de sua política dar mais agilidade aos processos de FÁBIO LUÍS PEDROSO
CRÉDITOS: ALESSANDRO CARVALHO
n Augusto é da turma de 1988 da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde rece-
beu prêmio de melhor aluno das cadeiras de estruturas de concreto e de materiais.
n Coordenou a norma ABNT NBR 16475: 2016 – Painéis de Parede de Concreto Pré-Moldado.
n José Flauzino atua como chefe de laboratório desde 1998, sendo responsável pelo controle
tecnológico de cerca de 8,5 milhões de metros cúbicos de concreto convencional e de 1,6
milhões de metros cúbicos de concreto compactado com rolo.
n Como chefe de laboratório atuou nas Usinas Hidrelétricas de Lajeado, Peixe Angical, São
Salvador e Santo Antonio.
n Engenheira Civil e Mestre em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal de Minas Gerais,
em 1979 e 1988, respectivamente.
n PHD em Engenharia Estrutural pela Universidade do Colorado, em 1994, foi professora vi-
sitante na Universidade de Pittsburg, de 1999 a 2000, e pesquisadora convidada no NIST
– Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia, de 2001 a 2002, nos Estados Unidos.
n Wanderley é engenheiro civil formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
em 1959.
n Foi responsável pelos laboratórios de cimento e concreto do INT - Instituto Nacional de Tecnolo-
gia, de 1961 a 1969, e da ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland, de 1969 a 1974.
n Nas empresas Concremat, Hidroservice, Themag e Engevix, como responsável pelo setor de
tecnologia do concreto, participou de obras, como Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Sobradinho
e Itaipu.
Eng. Wanderley Corrêa recebe
o prêmio do diretor de relações
n Fundador do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto, onde foi tesoureiro, de 1973 a 1980,
institucionais do IBRACON,
Prof. Paulo Helene e de quem recebeu o Prêmio Ary Frederico Torres, em 1988, como Destaque do Ano em
Tecnologia do Concreto.
n Atualmente, é diretor da W.G. Corrêa Consultoria, tendo sido o responsável pelas obras
da laje flutuante do Museu de Arte, Museu do Amanhã, Ponte Estaiada do Fundão e BRT
Barra-Galeão.
n Denise Dal Molin é engenheira civil (1982), mestre (1988) pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e doutora em Engenharia Civil (1995) pela Universidade de São Paulo.
n Kruchin é titular do Escritório Kruchin Arquitetura, onde desenvolve projetos de edifícios ins-
titucionais, residenciais e corporativos, desenho urbano e restauro, como a Fábrica Santa
Helena e o Memorial à Poesia Brasileira João Cabral de Melo Neto, premiados na 3ª e 5ª
Bienal de Arquitetura, respectivamente;
n Mestre em estruturas ambientais urbanas pela FAU-USP, coordenador dos Cursos de Espe-
cialização “Patrimônio Arquitetônico – Teoria e Projeto”, e autor de “Uma Poética da História
- Obra de Restauro”.
Autor Autor
Galileu Silva Santos Fabio Costa Magalhães
Orientador Orientador
Prof. Guilherme Sales Soares de Azevedo Melo Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho
Universidade Universidade
Universidade de Brasília Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Galileu Silva Santos (dir.) posa com prêmio entregue Fábio Costa Magalhães (esq.) recebe prêmio do
pelo diretor regional do IBRACON em Minas Gerais, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do IBRACON,
Eng. Rodrigo Moysés Costa Leandro Trautwein
EQUIPE
Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna
Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento
Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha,
Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo,
Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva
ORIENTADORES
Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado
Paulo Murgel, da S&P
Reinforcement, entrega prêmio a PONTUAÇÕES
equipe vencedora do APO Massa: 3767g | Pontuação: 5
2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Centro Universitário da FEI
EQUIPE
Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos
Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela
Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira,
Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães
Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva
ORIENTADOR
Rui Barbosa de Sousa
Equipe segunda colocada com
prêmio APO PONTUAÇÕES
Massa: 3774g | Pontuação: 5
3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)
EQUIPE
Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha
Restelatto, Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron
ORIENTADORAS
Angela Zamboni Piovesan, Jhulis Marina Carelli
PONTUAÇÕES
Massa: 3052g | Pontuação: 3
Equipe da Unoesc posa com prêmio pela
terceira colocação no APO
EQUIPE
Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos,
Carolina Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gus-
sarov, Eduardo Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernan-
des Ferreira, Geovana Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique
Fiorentino, Jacqueline Tchia Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza,
Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Mi-
chel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro
Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vasconcelos Medea, Thomas Hachul Bizuti,
Adair da Rosa, da Penetron, entrega Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga
o prêmio à equipe vencedora
do Concrebol ORIENTADORES
Fábio Selleio Prado, Heloisa Cristina Fernandes Cordon
PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,109m | F: 0,97 | Massa (m): 8,962kg | C1: 1
Carga (P): 339,969kN | Pontuação final (PF): 2,674
2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Centro Universitário da FEI
EQUIPE
Equipe da FEI foi também premiada
Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika
pelo segundo lugar no Concrebol Cristine dos Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel
Giacobini Ramiro, Gabriela Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Gar-
cia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira, Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli,
Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo To-
manin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva
ORIENTADOR
Equipe da FEI foi também premiada Rui Barbosa de Sousa
pelo segundo lugar no Concrebol
PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 217mm | Raio: 0,108m | F: 0,99 | Massa (m): 7,608kg | C1: 1
Carga (P): 278,901kN | Pontuação final (PF): 2,633
3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)
EQUIPE
Alexandre Luiz de Matos, Guilherme Salvador, Leonardo Schena, Natali da Rocha Restelatto,
Renata Piva Chiarani, Rodrigo Limana Salla, Rodrigo Stechenski Zaccaron
PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 219mm | Raio: 0,110m | F: 1 | Massa (m): 9,282kg | C1: 1
Equipe comemora premiação Carga (P): 324,038kN | Pontuação final (PF): 2,548
no Concrebol
Menção Honrosa
INSTITUIÇÃO
Faculdade Católica do Tocantins (FACTO)
EQUIPE
Klicha Kelen Boni Rosa, Jônatas Macêdo de Souza, Danilo Rodrigues Martins, Mirelle de
Souza Neres
PONTUAÇÕES
Diâmetro médio: 220mm | Raio: 0,110m | F: 0,97 | Massa (m): 9,476kg | C1: 1
Menção Honrosa à equipe FACTO, Carga (P): 308,484kN | Pontuação final (PF): 2,320
pela terceira melhor resistência do
Concurso CONCREBOL 2016
NOTA: Na avaliação definitiva dos resultados, foi verificado que a equipe da FACTO (Faculdade Católica do Tocantins)
foi a vencedora do 4º lugar do Concurso CONCREBOL, resultado este diferente do divulgado no Jantar de Encerramento
do Congresso. Desta forma e em consideração ao excelente desempenho da equipe, a Comissão Organizadora concede
à equipe FACTO a Menção Honrosa pela terceira melhor resistência do Concurso CONCREBOL 2016.
Onde:
fc é a resistência à compressão do cor-
po de prova (MPa);
F é a máxima carga no ensaio de resis-
tência à compressão (kN);
di são as dimensões das arestas me-
didas na face de ruptura do corpo de
prova (mm);
C1 é o coeficiente de cor;
C2 é o coeficiente de compacidade.
Vence o concurso a equipe com
o corpo de prova que obteve a maior
pontuação final. Em caso de empate, a
equipe vencedora é a do corpo de pro-
Corpo de prova despedaça-se no ensaio de resistência à compressão va com menor massa.
EQUIPE
Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior, Bruna
Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do Nascimento
Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento, Lucas Freitas Rocha,
Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo. Ronald Bastos Santos Cajado, Tauane da Cruz Araujo,
Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia Cordeiro, Flávio Carvalho Silva
ORIENTADORES
Antônio Sérgio Ramos da Silva, Daniel de Souza Machado
2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Centro Universitário da FEI
EQUIPE
Andressa Corrêa Garcia, Bruno Nardini Innocenti, Caio Fernando de Moraes Reigado, Érika Cristine dos
Santos Ferreira, Felipe Eduardo O. Pinto, Felipe Gonçalves dos Santos, Gabriel Giacobini Ramiro, Gabriela
Prado de Oliveira, Gustavo Zerbinatti Afonso, João Antônio R. Garcia, Júlio Victor Casimiro de Oliveira,
Lucas Camargo Carvalho, Luis Paulo De Spirito Palazzolli, Marcelo Toyoshima Hirata, Marina Magalhães
Rodrigues, Mayara Lumi Monma, Ronaldo Tomanin Alves Monteiro, Victor Hugo Alves da Silva
ORIENTADOR
Rui Barbosa de Sousa
3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Instituto Mauá de Tecnologia
EQUIPE
Airton Brandini Soares Junior, Aaron Rubio, Bruna Loro Ferraz, Carolina Moraes Mattos, Carolina
Moreira Pollan, Caroline Moreno Lima, Daniel Jozala Lopes, Dimitri Braguim Gussarov, Eduardo
Brandão, Felipe Moreno dos Anjos, Filipe Kuziv do Amaral, Flavia Fernandes Ferreira, Geovana
Bruno Valente, Gustavo Cardoso Peres, Gustavo Lombardo, Henrique Fiorentino, Jacqueline Tchia
Lin Chen, Jéssica Andrade Dantas, João Vitor Vaz de Souza, Luana Sardinha Basso, Lucas Giroto
de Souza, Luigi Orrico Di Stosi, Matheus Sakano, Michel Freitas Miudo de Oliveira, Natália de Souza
Fiacador, Nathalie June Marumoto, Pedro Amoroso Giraldi, Rafael Soares Brasilio, Rodrigo Vascon-
celos Medea, Thomas Hachul Bizuti, Victor Nahum, Yan Flavio da Costa Alvarenga
PONTUAÇÕES
M: 2,3917kg | D1: 100,2mm | D2: 100,5mm | C1: 1 | C2: 0,9 | F: 1408,198kN
fc: 139,840MPa | PF: 126,542 MPa
Concurso Ousadia
E
laborar um estudo culturais – na definição da so-
para a concepção lução arquitetônica adotada.
de um projeto preli- Preliminarmente, os pro-
minar integrado de arquitetura jetos foram avaliados sob os
e engenharia de uma obra de critérios do sistema constru-
arte em concreto que pos- tivo adotado, com relação à
sibilite a acessibilidade entre sua estabilidade, durabilidade
a Rua Sapucaí e o túnel de e manutenção, recebendo
acesso ao Metrô e à Praça da notas de 1 a 10, pelos mem-
Estação, de modo a promover bros da Abece Inovação:
a requalificação urbanística da Renato Rodrigues Coelho,
Rua Sapucaí e seu entorno, Maquete do projeto vencedor do Ousadia 2016 Luciano Rodrigues Coelho,
no bairro Floresta da cidade Pedro Ribeiro Azevedo, Ana
de Belo Horizonte, em Minas Paula Silveira, Ricardo Ga-
Gerais. Este foi o desafio feito ranhani Neto, Ramon Costa
aos estudantes dos cursos de Nascimento, Daniela Baldas-
Engenharia Civil, Arquitetura sarri e Douglas Couto. Em
e Tecnologia pelo Concurso seguida, os projetos foram
Técnico do IBRACON – Ou- avaliados por uma comissão
sadia 2016. local, formada por represen-
A proposta deve eviden- tantes da Prefeitura de Belo
ciar uma percepção global Horizonte, que atribuiu notas
do local, considerando seus de 1 a 10. Por fim, os projetos
usos, a paisagem urbana, a foram apresentados em três
preservação do patrimônio Maquete do projeto segundo colocado pranchas no tamanho A1 da
cultural, as formas naturais ABNT e numa maquete física,
e as matérias-primas dispo- representada em escala, com
níveis, conciliando-a com o no máximo 1m2 de área, no
uso do concreto, a dimen- Minascentro, e foram avalia-
são e proporções da obra de dos pela comissão julgado-
intervenção. ra do concurso, que atribuiu
Os objetivos do Concurso notas de 1 a 10 a cada um
são: desenvolver a aptidão dos quesitos arquitetônicos
dos alunos na concepção considerados.
de projetos ousados; am- Os três projetos mais
pliar os conhecimentos dos bem pontuados receberam
estudantes sobre a tecno- os prêmios de Vencedor (1º
logia do concreto; aumen- lugar), Destaque (2º lugar) e
Maquete do projeto terceiro colocado
tar o entrosamento entre Mérito (3º lugar). O critério de
estudantes de arquitetura, engenha- importância de se considerar as condicio- desempate foi o menor volume total de
ria civil e tecnologia; e evidenciar a nantes locais – ambientais, econômicas e concreto empregado.
EQUIPE
Álison Toledo, Amanda Basso Morelli, Ana Carolina Faria, Caio Agrizzi, Fabiana Granusso, Gabriel
Miranda de Faria, Guilherme Grigio Gabriel, Hugo Lourenço, Ingridth Hopp, João Perdoná, Juan
Leles, Luciane Sobral, Masae Kassahara, Renan Antiqueira, Rodrigo Frederice, Gustavo Baeta
ORIENTADORES
Ricardo Carrazedo, Givaldo Luiz Medeiros, Luciana B. Martins Schenk
PONTUAÇÃO
Carlos Britez, representando a 737
Mendes Lima Engenharia, entrega
prêmio ao vencedor do Ousadia
2º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade Presbiteriana Mackenzie
EQUIPE
Adriana Araújo, Augusto Estevão Soares de Souza, Aya Saito, Flávia Leisnoch Lima, Gabriel Bar-
beiro Pisani, Gabriel Gomes de Araújo, Gabriel Martins Ramos, Helena Kaori Gomes Silva, Jéssica
Santana Soares, Juliana Villar Valença, Lígia Oliva Doniak, Luis Fernando Guimarães, Luiza Vianna
Figueiredo, Mauricio Canton Pladevall, Nathalia da Mata, Patrícia Sanvito Bonilha, Paula Leonhardt
Miguel, Paula Patocs Alcântara, Rafaela Chaves Dias Honório, Renato Conceição de Almeida, Talita
Ezequiel dos Santos, Victor Bitancourt Sodré, Victor Hugo Oliveira, Vinicius Silva Caruso
ORIENTADORES
Segunda colocada no Ousadia Alfonso Pappalardo Junior, Eleana Patta Flain, Mauro Claro
posa para foto na premiação
PONTUAÇÃO
712
3º Lugar
INSTITUIÇÃO
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
EQUIPE
Adriana dos Santos da Silva, Adrielle Nascimento Marques, Andre Luis Santos Rodrigues Junior,
Bruna Silva Santos, Débhora Flávia Soto França, Jaconias Carneiro Gomes, João Dantas do
Nascimento Neto, Kamilla Wanderley Pinto, Lázaro Sabas Marques Silva Cheles Nascimento,
Lucas Freitas Rocha, Nicolas de Aquino Araujo, Raquel Arraes Argolo, Ronald Bastos Santos
Cajado, Tauane da Cruz Araujo, Léo Oliveira Kikuchi, Júlia de Oliveira Pires, Gabriela Silva Correia
Cordeiro, Flávio Carvalho Silva
ORIENTADORES
Antônio Sérgio Ramos da Silva
Equipe terceira colocada
posa com prêmio PONTUAÇÃO
679
CT -201 Comitê Técnico Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15577,
IBRACON de Reação norma brasileira que estabelece os requisitos e critérios para avaliação e prevenção da reação álcali-agregado
Álcali Agregado (composta de seis Partes)
Desenvolvimento da Prática Recomendada “Aplicação da ABNT NBR 15577 para avaliação e prevenção da RAA”
CT -202 Comitê Técnico Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão da ABNT NBR 15823, norma que
IBRACON de Concreto estabelece como deve ser realizado o controle e a aceitação do concreto autoadensável no estado fresco e traz o
Autoadensável detalhamento dos ensaios (composta de seis Partes)
Realização do III Seminário sobre Pesquisas e Obras em Concreto Autoadensável, realizado durante o 58º CBC
CT-303 Comitê Realização do Workshop Internacional sobre Concreto Reforçado com Fibras, em abril deste ano nas dependências
IBRACON/ABECE da Escola Politécnica da USP
de Uso de Materiais Desenvolvimento da Prática Recomendada “Projeto de Estruturas de Concreto Reforçado Com Fibras”
Não Convencionais para
Estruturas de Concreto,
Fibras e Concreto
Reforçado com Fibras
CT-402 Comitê Elaboração dos textos-base entregues à ABNT como colaboração à revisão das ABNT NBR 8802 (ensaio de
IBRACON de Ensaios ultrassonografia em concreto endurecido) e ABNT NBR 7584 (ensaio de avaliação da dureza superficial do concreto
Não Destrutivos por esclerometria)
Desenvolvimento da Prática Recomendada de Ensaios não Destrutivos, a ser lançada em breve
Realização do Simpósio de Ensaios não Destrutivos para avaliação das estruturas de concreto, realizado durante o
58º CBC
CT-801 Comitê IBRACON Realização de quatro Concursos Técnicos Estudantis (Concrebol, APO, COCAR e Ousadia) durante o 58º CBC
de Atividades Estudantis
membro do Comitê Técnico de Ativida- mento, Concreto e Agregados da Asso- comendadas sobre controle da qua-
des (CTA) do IBRACON, que dá suporte ciação Brasileira de Normas Técnicas) lidade do CRF, controle do teor de
às atividades de seus Comitês. e Diretora Técnica do IBRACON, Enga. fibras no estado fresco, macrofibras
Com 39 páginas, a Prática, em Inês Battagin, com a publicação desta e poliméricas para concreto estrutural,
formato e-book, foi editada pelo de outras práticas relacionadas ao con- macrofibras de vidro álcali-resistentes
IBRACON/ABECE e contou com o creto reforçado com fibras, o IBRACON e para concreto estrutural, caracteriza-
patrocínio da Arcelor Mittal, Owens a ABECE esperam contribuir para desen- ção do CRF por flexão de prismas com
Corning e Braskem. volver uma norma brasileira sobre CRF. entalhes e por duplo puncionamento.
Segundo a Superintendente do Estão previstas, como resultados
ABNT/CB-18 (Comitê Brasileiro de Ci- dos trabalhos no CT-303, práticas re- FÁBIO LUÍS PEDROSO
Prof. Ruy Sant’Ana (esq.), ladeado pelos coordenadores do Seminário, Luís Cesar De Luca e César Daher, em momento de sua
palestra sobre educação continuada
C A R TA D E B E L O H O R I Z O N T E | E n g e n h a r i a
O
Brasil é um país por se construir. Seu desenvolvimento interessa Vivemos no século XXI, no qual a informação exerce predominância.
a cada cidadão. Dado o verbo que se usou (construir), parte dos Frações de segundos são suficientes para que uma enxurrada de dados
desafios que devem ser enfrentados diz respeito à infraestrutura. apareçam. Os estudantes são ágeis, impacientes, questionadores.
Há os entraves de mobilidade urbana; déficit habitacional; saneamento O conteúdo dado no curso deve ser absorvido na maior proporção
básico e a problemática da geração de energia. possível. É preciso que ocorra a síntese do conhecimento, englobando
O objetivo deste manifesto não é o de enfocar esses problemas. todas as áreas da engenharia, e que as atividades extrapolem o
Mas o de discorrer sobre um fato, unânime: para o enfrentamento momento da exposição em sala de aula ou a realização de exercícios,
dessas questões, o Brasil precisa de Engenharia Civil. O Brasil precisa repetidos e mecânicos. É importante deixar claro que esses são
de bons Engenheiros Civis. Para tanto, vamos direto ao ponto: a evasão processos indispensáveis para a construção do conhecimento, mas não
nos cursos de engenharia. Muito se fala a respeito, pouco se faz. A podem ser os únicos. É necessário preparar o aluno para manter postura
maioria das falas atribui o problema ao frágil Ensino Médio. Pouco se ativa frente aos desafios profissionais. Fazê-lo sedento pela descoberta
fala da desmotivação dos alunos. As Escolas de Engenharia raramente do conhecimento, da lógica dos processos, da resolução de problemas.
conseguem sair do trinômio sala de aula/listas de exercícios/provas. O engenheiro é prático. Dessa maneira, trabalhar a teoria sem
Entendemos que a prática da Engenharia é muito mais do que isto. apontar aonde ela será aplicada é um erro. Sempre que possível,
A sala de aula imobiliza, torna o aprendizado passivo. Provas esta ação deve acontecer in loco, por meio do contato com situações
são método de avaliação questionável. Como instrumento estatístico, e ambientes reais. É de grande importância privilegiar na grade
as chances de erro são grandes: seja por sua má formulação, seja curricular a visão de empreendimento: porque e como se identifica
pelo preparo inadequado por parte dos alunos ou por problemas a necessidade de uma intervenção de engenharia, como se projeta,
emocionais deles. Oportunamente, deve-se lembrar que engenheiros como se executa/fiscaliza a obra, como recursos são captados/geridos
civis não são contratados para fazer provas, mas fazer projetos, obras para sua viabilização, e como se dão os processos que envolvem
ou atividades relacionadas a esses processos. tópicos jurídicos e ambientais.
entre outras. Neste sentido são propos- tos, de obras e de recursos, não tem uma Eliana Monteiro, Paulo Helene, Luiz Pru-
tas que se inserem num contexto de boa comunicação oral e escrita, e care- dêncio, presentes no auditório, ao aluno
transformação do ensino de engenharia cem de liderança e de uma boa atuação Vinícius Caruso e aos coordenadores do
no país e no mundo. Certamente nes- em equipes multidisciplinares”, avaliou Seminário sobre Ensino de Engenharia
sa transformação se inclui a evolução Tozzi. Civil, César Daher e Luís César De Luca,
paulatina da qualidade dos cursos de Por outro lado, o Brasil, país por se numa mesa-redonda para debater, com
engenharia no Brasil. Dados de 2014 construir, segundo dizem os alunos na o público presente, as ações para ala-
do Sistema Nacional de Avaliação da Carta de Belo Horizonte, tem atualmente vancar o ensino de engenharia civil no
Educação Superior (Sinae) do Instituto cerca de apenas 500 mil engenheiros civis Brasil. Das discussões surgiram as se-
Nacional de Estudos e Pesquisas Edu- no mercado de trabalho, com uma taxa guintes propostas gerais:
cacionais (Inep), vinculado ao Ministério de apenas 2,22 engenheiros por mil habi- u Necessidade de mudanças nas es-
da Educação (MEC), mostraram que tantes, bem abaixo da média mundial de truturas curriculares das instituições
mais de 60% dos 239 cursos de enge- 9,13, segundo dados da publicação “For- de ensino superior, implementadas
nharia civil avaliados em 2014 tiveram talecimento das Engenharias”, publicado por meio de programas de rees-
nota 3, enquanto apenas 25% desses em 2015 pela organização Mobilização truturação que abram espaço para
cursos tiveram nota 4 e 5. Consideran- Empresarial pela Inovação (MEI). sondar os interesses dos alunos e
do apenas a nota dos alunos no Exame Os dados das pesquisas revelam ex-alunos, que procurem eliminar,
Nacional de Desempenho dos Estu- que o país precisa de mais e melhores onde possível, os pré-requisitos para
dantes (Enade), o quadro piora: quase engenheiros civis. cursar disciplinas e que enfatizem a
50% dos alunos tiraram notas 1 e 2. área de detalhamento de projetos;
“Os engenheiros profissionais atual- MESA-REDONDA u Adoção de novas metodologias de
mente no mercado de trabalho brasileiro No final das apresentações, os pa- ensino-aprendizagem, que façam
têm dificuldades com a gestão de proje- lestrantes juntaram-se aos professores com que o aluno deixe de ser o
Não é possível que o estudante não tenha motivação para Entendemos que a prática dos concursos precisa ser ampliada
frequentar a faculdade. É preciso estimulá-lo a gostar do que faz, para outras áreas da Engenharia Civil, inclusive podendo ser
tornando essa atividade envolvente, prazerosa. Não há como melhorar pensada como método de avaliação em alguns casos e/ou como
o nível do ensino sem que existam alunos motivados. uma atividade complementar obrigatória para a obtenção da
É neste sentido, de motivar, que os concursos técnicos habilitação profissional, por meio dos Conselhos Regionais de
(APO, CONCREBOL, COCAR e OUSADIA) promovidos pelo IBRACON Engenharia e Agronomia.
funcionam. Todos apresentam elevado rigor técnico e provocam Este documento não sugere acabar com as práticas tradicionais,
positivamente os alunos a buscar soluções que compreendem vários mas questioná-las como “verdade absoluta”. A mudança é lenta,
tópicos estudados nas cadeiras de Materiais de Construção, Análise mas é preciso que ela comece em algum momento. Queremos reunir
Estrutural e Estruturas de Concreto. Para tanto, há que se ter trabalho compromissados com o aperfeiçoamento dos cursos de Engenharia
em equipe, aplicar corretamente as normas técnicas pertinentes, Civil no Brasil. Queremos ações práticas, e o engajamento do governo,
praticar ferramentas de gestão para organização da viagem para o mercado, sociedade civil e academia.
CBC, captar e gerir recursos, dialogar com empresas para obtenção Só assim é que será possível projetar e construir o Brasil concreto.
de insumos e manipular de ferramentas de comunicação.
A convivência entre alunos é outro aspecto a ser observado, pelo Belo Horizonte (MG), outubro de 2016.
intercâmbio cultural que é realizado. Ademais, há a desconexão das
disciplinas do chamado “ciclo básico” com as disciplinas do “ciclo ENG. JÉSSIKA PACHECO
profissionalizante”. O problema não está no ciclo básico em si, já Diretora de Atividades Estudantis, representando os estudantes
que ele é o responsável por moldar o raciocínio lógico e objetivo do de Engenharia Civil pertencentes às Instituições de Ensino Superior
engenheiro. A falha está na falta de oportunidades para aplicar esses localizadas em todo território nacional, participantes dos concursos
conhecimentos. Os concursos são ótimos para tal. técnicos do IBRACON
Mesa-Redonda para discutir com o auditório o Ensino de Engenharia Civil no país, formada ao final do Seminário
objeto da aprendizagem para ser o ca de ensino critérios fundamentais mos com as discussões e seu devido
sujeito do conhecimento, priorizando para a admissão de professores; encaminhamento contribuir para que o
métodos que façam o aluno aprender u Busca de incentivo governamental ensino da engenharia civil no país seja
com a prática, principalmente com para a graduação semelhante ao in- gratificante, com professores que amam
seus erros, bem como integrando centivo dado pela Coordenação de ensinar e alunos motivados a aprender e
nas salas de aula as novas tecnolo- Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní- aplicar seus conhecimentos”, avaliaram
gias de informação e comunicação; vel Superior (Capes) aos cursos de os coordenadores do Seminário, profes-
u Definição de novos critérios para a pós-graduação. sores Daher e De Luca.
contratação de professores, sendo “O IBRACON espera que este semi-
a formação pedagógica e a didáti- nário seja o primeiro de muitos. Espera- FÁBIO LUÍS PEDROSO
1. INTRODUÇÃO VGV – Valor Geral de Venda usado no nacional. A razão é que seus benefícios
A
indústria da construção ci- Brasil); e nessa mesma unidade de são inúmeros e alcançam toda a cadeia
vil é pouco eficiente, con- medida, o da indústria de manufatura da Construção. Entretanto, BIM não é
sumindo e desperdiçando era de 3,531 e o da indústria como um conceito fácil de ser corretamente
muitos recursos materiais e humanos. um todo era de 3,449. Após 10 anos, entendido, e esse é um dos principais
Outro aspecto intrínseco aos pro- em 2010, a indústria de manufatura entraves que explicam porque tem de-
cessos e atividades realizados na evoluiu para 5,023, enquanto a indús- morado tanto o crescimento da sua
construção civil é a necessidade de tria como um todo alcançou 4,496 e adoção em alguns mercados.
lidar com um volume gigantesco de a construção civil reduziu para 2,817 No Brasil, por uma iniciativa do Mi-
dados, e o envolvimento de muitas yens/homem-hora. nistério do Desenvolvimento, Indústria
pessoas e organizações que pos- Frente a esse diagnóstico a ques- e Comércio Exterior (MDIC) em 2009,
suem motivações diversas, limitações tão que se coloca mais uma vez é foi criada a Comissão de Estudo Es-
e capacitações diferentes, de realizar aquela já enunciada por Barros e pecial de Modelagem de Informação
inúmeros processos e dezenas de Cardoso (2011) [2]: como fazer para da Construção, ABNT/CEE-134, que
trocas de informações durante a rea- “[...] produzir mais, com a qualidade foi incumbida de desenvolver normas
lização de qualquer empreendimento, requerida, em menos tempo, com técnicas sobre BIM. Três atividades
mesmo os mais simples. menores custos, ao longo do ciclo de foram definidas como os temas ini-
O pesquisador alemão Thomas vida de um objeto construído, e de ciais de trabalho da Comissão:
Bock, líder da área de construções e forma sustentável [...]” na indústria da u tradução da norma ISO 12006-2;
robótica da Universidade Técnica de construção civil? u desenvolvimento de um sistema
Munique, publicou no ano passado Qualquer resposta passa, inexora- de classificação para a Constru-
um artigo [1] no qual afirma que os velmente, pela necessidade da inova- ção e;
métodos convencionais da constru- ção e mudanças. u desenvolvimento de diretrizes para
ção civil já teriam alcançado seus limi- O Building Information Modeling criação de componentes BIM.
tes de produtividade e que, portanto, (BIM) ou Modelagem da Informação Já no ano seguinte foi publicada a
nesse quesito, importantíssimo, a in- da Construção é um conjunto de tec- norma ABNT NBR ISO 12006-2:2010
dústria estaria estagnada já há alguns nologias, processos e políticas que Construção de edificação — Orga-
anos. Como evidência, compara da- permite que várias partes interessa- nização de informação da constru-
dos de produtividade da mão de obra das possam, de maneira colaborativa, ção - Parte 2: Estrutura para classi-
de outras indústrias, com a constru- projetar, construir e operar uma edifi- ficação de informação, que define
ção civil. Os dados foram coletados cação ou instalação [3] (BIMDICTIO- diretrizes e uma estruturação para a
no Japão entre 1990 e 2010. Em 90, NARY, 2016). concepção de sistemas de classifica-
os índices médios de produtividade Segundo Bilal Succar [4], “a adoção ção das informações da Construção,
da indústria da construção era 3,714 BIM atualmente é a expressão de ino- permitindo o desenvolvimento de sis-
yens/homem-hora (na média, uma vação para a indústria da construção temas de classificação compatíveis
hora de trabalho de um homem, gera- civil”, a tal ponto que, em alguns países, internacionalmente.
va 3,714 yens – de valor reconhecido como Reino Unido, Cingapura e Chile, Para a segunda ação, toman-
pela indústria – similar ao conceito de o BIM foi definido como uma estratégia do essa Norma como referência, e
Código Termo
0M. 10. 00. Elementos químicos
0M. 10. 10. 00. Elementos sólidos
0M. 10. 10. 01. Carbono
0M. 10. 10. 03. Silício
0M. 10. 30. 00. Elementos líquidos
0M. 10. 30. 01. Mercúrio
0M. 10. 40. 00. Elementos gasosos
0M. 10. 40. 01. Hidrogênio
0M. 20. 00. 00. Compostos sólidos
0M. 20. 10. 00. Compostos minerais
0M. 20. 10. 01. 00. Rochas
0M. 20. 10. 01. 01. Granitos
0M. 20. 10. 01. 03. Mármores
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 15965-2:2012.
Suas definições são as seguintes: de maior; não define funções - um das) pela forma, enquanto a Figura 2
u Unidades pela Forma: são unida- arranha-céu (edifício de grande al- mostra a classificação de uma mesma
des definíveis do ambiente cons- tura) pode ter diferentes usos (re- edificação (mesma forma) pela função.
truído, compostas de espaços e sidencial, comercial, etc.). A Tabela 4A lista todos os diferen-
elementos inter-relacionados clas- u Unidades pela Função: unidades tes espaços de uma construção, tais
sificados pela forma; uma entida- definíveis do ambiente construído, como: sala de estar, quarto, vestiário,
de construída é completa e pode compostas de espaços e elemen- estúdio, sala de cirurgia, cofre, etc.
ser vista separadamente, sem ser tos inter-relacionados caracteri-
parte constituinte de outra unida- zados pela função; uma entidade 2.2 As tabelas de Elementos (3E),
construída é completa e pode ser Componentes (2C) e de
vista separadamente, sem ser par- Resultados da construção (3R)
te constituinte de outra unidade
maior; função é o propósito de uso A Figura 3 ilustra uma situação no
de uma entidade construída e é
definida pela ocupação principal e
não necessariamente por todas as
atividades que podem ser acomo-
dadas na entidade; funções podem
determinar formas (ex. Estádio de
Basebol); por outro lado, uma mes-
u Figura 1 u Figura 2
ma entidade construída pode aco-
As unidades construídas podem A mesma edificação, por exemplo,
ser classificadas de acordo com modar diferentes funções ao longo
um prédio de 5 andares, pode ser
sua forma, por exemplo, uma de sua vida útil (um edifício de 2 utilizada tanto para abrigar
residência unifamiliar, um pavimentos pode ser residencial, um pequeno hospital quanto
prédio médio e um edifício de educacional ou comercial). uma escola
30 pavimentos
A Figura 1 ilustra a classificação Fonte: Adaptada de imagens livres
Fonte: Imagens livres e autores pelos autores
de construções (unidades construí-
5. CONCLUSÃO
As normas brasileiras em desen-
volvimento pela ABNT/CEE-134 visam
organizar aspectos chave para a ado-
ção de BIM no país. A disponibilida-
de de um sistema de classificação de
u Figura 8
informações codificado padronizado, Lista das partes nas quais foi planejada a elaboração da ABNT NBR 15965
além de facilitar muito a implementa- com indicação das Tabelas que já foram publicadas e daquelas que ainda
ção de vários usos de BIM, incluindo estão sendo desenvolvidas
Fonte: Autores
orçamentação, planejamento e supri-
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] BOCK, T. The future of construction automation: Technological disruption and the upcoming ubiquity of robotics. Automation in Construction. v.59, p.113-121,
nov. 2015.
[02] BARROS, M. S. B. e CARDOSO, F. F. Inovação: espiral ou carrossel do conhecimento?. Conjuntura da Construção, São Paulo, p. 10 - 11, jun. 2011
[03] BIMDICTIONARY, Verbete Building Information Modelling. Disponível em: <http://bimdictionary.com/en/building-information-modelling/ >. Acesso em
11 out. 2016.
[04] SUCCAR, B, and KASSEM, M. Building Information Modeling: Point of Adoption, CIB World Congress, Proceedings…, Tampere Finland, May 30 – June 3, 2016.
[05] TRINDADE, L. D.; SALLES, C. C.; MARVEIS, L. D.; SANTOS, E. T. Building Information Models as the Basis of Business Strategy: A Case Study of an Integrated BIM-
Based System for Construction Management. 33rd CIB W78 Conference 2016, Proceedings…, Oct. 31st – Nov. 2nd 2016, Brisbane, Australia.
INÊS LARANJEIRA DA SILVA BATTAGIN – Superintendente do Comitê AUGUSTO GIL – Analista de projetos
Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados e Diretora técnica CRISTYAN RISSARDI – laboratorista
ABNT/CB-18 | IBRACON Itt Performance
1. INTRODUÇÃO de seções reduzidas, com grande liber- sobre o tema em 2005 e vem evoluin-
O
concreto autoadensável dade de formas e dimensões. Durante o do constantemente, com a inclusão de
(CAA) é considerado por processo de execução, reduz a mão de novos métodos de ensaio. No Japão,
muitos autores como uma obra no canteiro e os ruídos causados berço do CAA, a Japanese Standards
das maiores inovações em tecnologia pelo processo, tornando o local de tra- Association (JSA) publicou sua primeira
do concreto dos últimos tempos. É um balho mais seguro e saudável aos traba- norma em 2001, passando por diver-
concreto que apresenta a capacidade lhadores e vizinhos [1]. sas revisões e inovações. Apesar de o
de fluir livremente por seu peso próprio, O concreto autoadensável foi pro- mercado europeu dispor de um guia
sem a utilização de adensamento me- posto por Okamura em 1986 no Japão, acessível e explicativo sobre o assun-
cânico, capaz de manter a sua homo- sendo que, o primeiro protótipo cons- to, publicado em 2002 pela European
geneidade durante todas as etapas de truído com o material foi concluído no Federation of Specialist Construction
execução, preencher completamente ano de 1988. No Brasil, sua aplicação Chemicals and Concrete Systems
as fôrmas e passar habilidosamente é amplamente difundida na indústria, (EFNARC), sua primeira norma foi publi-
por embutidos. onde verifica-se um crescimento cons- cada apenas em 2010.
A utilização do CAA, tanto em can- tante e hoje seu emprego é estimando No Brasil, ABNT NBR 15823, com-
teiros de obras quanto na indústria de em 66,7% das empresas associadas à posta de seis partes, foi publicada em
pré-fabricados, apresenta diversas van- ABCIC [2]. Em canteiro, destaca-se a 2010 e está passando por sua primeira
tagens, tanto durante o processo de utilização do CAA em sistemas de pa- revisão, que foi finalizada pela Comissão
execução quanto após a finalização das redes de concreto moldadas no local, de Estudos durante o 58° Congresso
peças. Desenvolvido inicialmente para além de diversas aplicações especiais. Brasileiro de Concreto e, possivelmente,
viabilizar a execução de concretagens O desenvolvimento normativo do entrará em consulta nacional no próximo
em locais de difícil acesso, que impossi- CAA no mundo tem acompanhado o seu ano. A Norma aborda, além dos métodos
bilitavam o uso de vibrador por imersão, crescente uso. As normas mais antigas de ensaio para comprovação das pro-
teve seu uso disseminado para outras datam de pouco mais de uma década priedades do CAA, os requisitos para seu
aplicações após constatada a economia do seu lançamento, sendo que poucas controle e recebimento no estado fresco,
de tempo proporcionada Além disso, o delas já passaram por alguma revisão. considerando diferentes aplicações [3].
uso do CAA resulta em peças com me- Nos Estados Unidos, a American So- Na literatura técnica existem diver-
lhor acabamento superficial, permitindo ciety for Testing and Materials (ASTM) sos métodos que permitem avaliar as
a concretagem de elementos estruturais publicou sua primeira norma técnica quatro principais características que o
CAA deve apresentar no estado fresco: diferentes aplicações e, em especial, a u ABNT NBR 15823-3: Concreto
fluidez, viscosidade plástica, habilidade analise do controle do lançamento do auto-adensável – Determinação da
passante e resistência à segregação. CAA, objetivando sua rastreabilidade. habilidade passante – Método do
No entanto, alguns desses métodos se anel J;
mostram inadequados para determi- 2. DESENVOLVIMENTO DAS u ABNT NBR 15823-4: Concreto
nadas aplicações, dificultando a imple- NORMAS TÉCNICAS DE auto-adensável – Determinação da
mentação do controle tecnológico do CONCRETO AUTOADENSÁVEL habilidade passante – Método da
CAA, que, para o controle no estado Apresenta-se, nos itens a seguir, um caixa L;
fresco, é diferente do método emprega- breve histórico do desenvolvimento das u ABNT NBR 15823-5: Concreto
do do concreto convencional e pouco normas técnicas que tratam do CAA, auto-adensável – Determinação da
difundido entre os profissionais da área. nos âmbitos europeu e americano, viscosidade – Método do funil V;
O presente artigo apresenta um his- traçando um paralelo com o conjunto u ABNT NBR 15823-6: Concreto
tórico das normas técnicas internacio- de normas brasileiras sobre o tema, auto-adensável - Determinação da
nais e estrangeiras relativas ao controle que tem como base especialmente a resistência à segregação – Método
e à aceitação do CAA em obras e na ABNT NBR 15823, publicada em 2010 da coluna de segregação.
indústria da pré-fabricação, comparan- e composta das seguintes partes: São apresentadas aindainforma-
do-as à norma brasileira (ABNT NBR u ABNT NBR 15823-1: Concreto au- ções sobre a norma ISO que está em
15823:2010) e à sua versão revisada, to-adensável – Classificação, con- desenvolvimento.
que será submetida ao processo de trole e aceitação no estado fresco;
Consulta Nacional pela ABNT1 nos pró- u ABNT NBR 15823-2: Concreto auto- 2.1 Normas europeias (EN)
ximos meses. São apresentados tam- -adensável – Determinação do espa-
bém os principais desafios relaciona- lhamento e do tempo de escoamento A EN 12350 (Testing fresh concre-
dos a esses processos, considerando – Método do cone de Abrams; te), composta atualmente de 12 partes,
A Consulta Nacional dos Projetos de Norma é realizada pelo site da ABNT (www.abnt.org.br), possibilitando a participação da sociedade brasileira no desenvolvimento das
1
u Tabela 2 – Itens abordados por normas norte-americana sobre CAA e sua relação com a ABNT NBR 15823
No caso das Normas ASTM, o ano de publicação é informado pelos dois últimos algarismos e grafado após o número da norma, separado deste por hífen. No caso das normas
2
brasileiras e europeias, a identificação do ano de publicação é dada com quatro algarismos, após o número da norma e separado deste por dois pontos.
A parte 1 da ABNT NBR 15823 traz crete) para tratar da elaboração de uma
a classificação do concreto autoaden- norma técnica internacional de CAA. O ceitos da norma brasileira de concreto
sável em função de suas propriedades, Brasil participa desse trabalho de nor- autoadensável publicada em 2010, vale
medidas pelos ensaios previstos nas malização representado pela ABNT, citar:
partes 2 a 6 dessa Norma, e estabelece participando de reuniões e discussões a) modificações no procedimento para
os critérios de recebimento em obras e relacionadas ao tema. A versão prelimi- a determinação do espalhamento,
em empresas de pré-fabricação. nar da norma internacional tem como partes 2 e 3 da ABNT NBR 15823
Para os requisitos de composição base a Norma Europeia e, portanto, (alterações no tempo limite de reti-
do concreto e verificação das proprie- aborda todos os ensaios já prescritos rada do molde e definição da altura
dades dos materiais a serem utilizados, pela norma brasileira, com exceção máxima de lançamento do concre-
assim como requisitos de durabilidade do ensaio de resistência à segregação to no molde cônico, de 225 ± 75
e critérios de aceitação final do concre- pelo método da peneira. mm, Figura 1) - essas alterações
to no estado endurecido, a ABNT NBR visam sua uniformização com ou-
15823 referencia a ABNT NBR 12655. 3. REVISÃO DA ABNT NBR 15823 tras normas, como a ASTM C1611/
Ensaios de determinação do espa- A revisão de uma norma técnica C1611M-14;
lhamento, da viscosidade plástica pelo tem, como principais objetivos, sua atu- b) a parte 3 da Norma, além das modi-
t500 e habilidade passante pelo anel J alização com base no desenvolvimento ficações pertinentes à realização do
são atualmente requisitos de aceitação técnico sobre o tema e sua adequação ensaio de espalhamento, também
do CAA no estado fresco para todas às condições do País ou região. Para sofreu alterações nas dimensões
as aplicações, devendo ser realizados a revisão da ABNT NBR 15823 foram do aparato (o anel-J passará a ter
em laboratório, para os estudos de convidados representantes de produto- a espessura das barras alterada
dosagem e verificados em campo. Os res de insumos que entram na prepara- de 10mm para 16mm)- esta medi-
demais ensaios são focados no desen- ção do concreto, empresas de serviços da tem, como principal objetivo, a
volvimento de estudos de dosagem e de concretagem, empresas de pré- padronização da distância entre as
aplicações específicas. Mas, caso sejam -fabricação em concreto, construtoras, barras apresentadas na norma bra-
especificados os ensaios da caixa L e/ laboratórios de controle tecnológico, sileira e nas normas estrangeiras,
ou funil V em campo, podem ser dispen- universidades e outros. permitindo a realização de estudos
sadas a realização do anel J e/ou tempo Os trabalhos de revisão foram ini- comparativos, conforme Figura 2;
de escoamento (t500), respectivamente. ciados em março de 2016, com a pro- c) na parte 4, referente ao método da
A ABNT NBR 15823 apresenta ain- posta de serem finalizados até o final caixa L, também foi realizada uma
da um anexo informativo, com indica- do ano em curso. Como resultado da padronização com as normas es-
ções de uso do CAA em função de sua atualização3 dos procedimentos e con- trangeiras, reduzindo o tempo de
Essas alterações já constam do Projeto a ser submetido ao processo de Consulta Nacional pela ABNT.
3
Fluxo
u Figura 3 u Figura 4
Caixa L Funil V
Fonte: Projeto de revisão da ABNT NBR 15823 – Parte 4
Fonte: NBR 15823 – Parte 5
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[05] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1611-14: Standard test method for slump flow of self-consolidating concrete. West
Conshohocken, 2014a.
[06] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1712-12: Standard test method for rapid assessment of static segregation resistance of self-
consolidating concrete using penetration test. West Conshohocken, 2014b.
[07] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (ASTM). ASTM C1758-15: Standard practice for fabricating test specimens with self-consolidating concrete.
West Conshohocken, 2015.
[08] ALENCAR, R. S. A. Dosagem do concreto auto-adensável: produção de pré-fabricados. 2008. 179 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de
São Paulo (USP), São Paulo, 2008.
1. INTRODUÇÃO como um novo software, uma ferramen- (TIC) é utilizada para criação de um mo-
T
ema cada vez mais frequen- ta computacional que substituirá as fer- delo virtual do empreendimento, o modelo
te na pauta da indústria da ramentas CAD tradicionais, possibilitan- BIM, que representa suas características
construção civil brasileira, o do a evolução do projeto 2D para 3D, físicas e funcionais (NIBS, 2007), bem
BIM vem ganhando amplo destaque o acrônimo BIM (Building Information como o inter-relacionamento entre seus
entre os agentes que atuam em sua Modeling) representa um conjunto inter- elementos e componentes construtivos.
cadeia produtiva. Torna-se cada dia -relacionado de políticas, processos e O processo BIM estabelece um novo
maior a quantidade de empresas ou tecnologia (SUCCAR, 2009). paradigma, um novo modo de se con-
profissionais que buscam conhecimen- A Modelagem da Informação da ceber, projetar, construir e operar em-
to a respeito desta inovação ou que já a Construção é um processo focado no preendimentos de construção civil. O
estejam utilizando, independentemente desenvolvimento, uso e intercâmbio de BIM fomenta um novo fluxo de trabalho,
de seu porte ou segmento de atuação. modelos de informação em formato digital integrado e colaborativo, promovendo
Apesar do destaque ao aspecto tec- (COMPUTER..., 2011). Nesse contexto, a a integração entre os diversos agentes
nológico, sendo ainda visto por alguns tecnologia da informação e comunicação envolvidos e durante as diferentes fases
do ciclo de vida dos empreendimentos.
O modelo BIM representa uma base
de informações, comum e compartilha-
da, que evolui gradualmente ao longo
do ciclo de vida do empreendimento.
Suas informações são complementa-
das progressivamente pelos diversos
intervenientes, permitindo o reuso das
informações geradas ao longo do pro-
cesso e auxiliando a tomada de deci-
sões. A figura 1 ilustra a interação entre
as fases do ciclo de vida do empre-
endimento, baseada na tabela 1F da
ABNT NBR 15965-3.
De modo a suportar o desenvolvi-
mento dos modelos BIM, encontram-
u Figura 1 -se disponíveis no mercado diversas
Estágios do ciclo de vida do empreendimento no contexto BIM
ferramentas computacionais, destina-
Fonte: Elaborada pelo autor com base na ABNT NBR 15965-3
das a atender os mais diversos usos e
Foram omitidas as atividades de análise e aprovação do projeto estrutural pelo contratante que ocorrem ao longo processo de projeto com base no modelo BIM.
1
DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
CORTE E–E
CORTE F–F
u Figura 5
Exemplo de PDA desenvolvido por meio do processo BIM
Fonte: Nemetschek Structural User Contest (NEMETSCHEK, 2013, p. 150)
conhecidos há décadas pelos projetis- dos desenvolvedores de modelado- 2.2 O BIM aplicado a obras
tas estruturais que atuam no segmen- res estruturais integrados, de modo a de infraestrutura
to de edificações, sobretudo em obras viabilizar o efetivo trabalho colabora-
reticuladas de concreto, seu uso fi- tivo e permitir o reuso de informações Em comparação ao segmento de
cava, em geral, limitado aos proces- advindas das demais especialidades. edificações, onde o uso de modela-
sos internos do projetista estrutural O BIM ajuda a expandir esses be- dores estruturais integrados encontra-
e à exportação de imagens para co- nefícios a estruturas cada vez mais -se estabelecido e proporciona sinergia
municação com o contratante. singulares e ousadas, nas quais ti- entre a análise, dimensionamento e de-
O advento dos modeladores es- pologias formadas por superfícies talhamento estrutural, nos projetos de
truturais integrados, ferramentas em cascas e edificações concebidas estruturas de concreto destinados às
computacionais que abrangem todas em arquitetura estrutural exigem si- obras de infraestrutura este processo é
as etapas do processo de projeto es- nergia entre o arquiteto e o projetis- realizado de forma quase artesanal.
trutural, permitiu aumentar conside- ta estrutural.
ravelmente a produtividade e reduzir
os prazos de desenvolvimento do
projeto, porém a interface entre os
demais agentes se manteve baseada
em documentos 2D.
Atualmente os principais mode-
ladores integrados permitem a ex-
portação dos modelos, por meio de
plugin ou formatos não proprietários
e abertos, como o IFC 2, possibilitan-
do aos projetistas estruturais partici-
parem do processo BIM, porém de u Figura 6
forma coordenada. Edifício do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões
Fonte: Imagem cedida por José Carlos Lino (Newton)
Há um grande esforço por parte
Industry Foundation Classes (IFC) é um schema de dados e um formato de arquivo neutro, não proprietário, usado para o intercâmbio de dados na indústria AEC.
2
Este padrão é desenvolvido e mantido pela organização internacional buildingSMART e registrado pela norma ISO 16739:2013.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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State University, 2011. 134 p.
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In ENCONTRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL, 3., Porto Alegre, 11 e 12 de julho de 2007. Anais. Porto Alegre:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. 10 p., 1 CD-ROM.
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Estado de São Paulo, São Paulo, 2011.
[04] MARTHA, L. F. Análise de Estruturas: Conceitos e Métodos Básicos. Rio de Janeiro: Editora Campus/Elsevier, Rio de Janeiro, RJ, 524p., ISBN 978-85-352-3455-8, 2010.
[05] NATIONAL INSTITUTE OF BUILDING SCIENCES (NIBS). United States Nation Building Information Modeling Standard: Version 1- Part 1: Overview, Principles, and
Methodologies. [S.l.], 2007. 182 p.
[06] NEMETSCHEK. Nemetschek Structural User Contest: Inspirations in Engineering, 2013. [S.l]: 2013. 271 p. Disponível em: <http://books.scia.net/UC2013/>.
Acesso em: 02 nov. 2016.
[07] SUCCAR, B. Building Information Modelling Framework: a research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction, v. 18, n. 3, p.
357-375, 2009.
[08] TRIMBLE BUILDINGS. Vico Office introduction: Training manual. [S.l.:s.n.], 2016. 110p.
Concepção de tabuleiros
curvos e estaiados
GABRIELA MARIANA CHUNG – Mestranda
FERNANDO REBOUÇAS STUCCHI – Professor Doutor
Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo
1. INTRODUÇÃO calculado, para, então, se determinar de um tipo de ponte estaiada foi relatado
forma aproximada a distorção da seção em 1617, por Faustus Verantius, que
1.1 Problema analisado transversal e os efeitos a ela associados propôs um sistema de pontes de barras
pelo Método de Steinle, analisado em de aço inclinadas que sustentavam um
O
estudo da concepção de detalhes em Stucchi (1982). tabuleiro de madeira (Troitsky, 1977).
tabuleiros curvos estaiados Este trabalho tem por objetivo contri- Em contrapartida, acredita-se que as
é ainda pouco difundido buir com o avanço desses estudos, ana- primeiras investigações da forma curva
no Brasil. Atualmente, sendo a otimiza- lisando a influência de alguns fatores que de um cabo suspenso sob seu próprio
ção da infraestrutura viária de extrema definem o comportamento de pontes es- peso ocorreram em meados do século
importância, as pontes estaiadas são taiadas curvas através de modelos estru- XVII por Galileu, que apontou a similari-
bastante exploradas por suas vanta- turais, como o posicionamento do mastro dade entre esta curva e uma parábola.
gens construtivas, não demandando e a suspensão unilateral dos estais. A solução desta geometria, correspon-
grandes áreas de apoio durante a cons- dente à carga uniformemente distribuída
trução que possam interferir no fluxo de 1.2 Histórico ao longo do cabo, que hoje é admitida
veículos já existente. Conjuntamente, a como sendo a da catenária, foi primei-
escolha do tipo de obra de arte deve-se O princípio de transportar cargas, ramente publicada em 1691 por James
a diversos outros fatores, tais como: as suspendendo uma corda, corrente ou e John Bernoulli, Leibnitz e Huigens. O
condições locais da fundação, o consu- cabo através de um obstáculo é conhe- cabo parabólico recebeu considerável
mo de materiais e mão de obra, dificul- cido desde tempos antigos. No entan- atenção não somente por sua formula-
dades construtivas, etc. Muitas vezes é to, não foi antes de 1823 que a primeira ção matemática mais simplificada, mas
necessário estudar outras formas de uti- ponte permanente suportada por ca- também porque, em muitas situações,
lização desse tipo de estruturas, como é bos compostos por fios de ferro esti- tal como em pontes suspensas, Irvine1
o caso de pontes curvas. rados foi construída em Genebra, por (1975 apud Oliveira, 2002) definiu que
Em Luchi (2001) é apresentado um Frenchman Marc Seguin, um dos cinco uma parcela substancial do carrega-
método simplificado de cálculo para irmãos que, nas duas décadas seguin- mento é uniformemente distribuída na
análise de seções celulares em curva – tes, construíram centenas de pontes horizontal ao longo do vão.
mais especificamente as submetidas à suspensas por toda Europa (Gimsing
protensão – no qual primeiramente de- e Georgakis, 2012). Existem relatos de 2. MODELO DE CÁLCULO
terminam-se os esforços longitudinais na pontes estaiadas construídas ainda an- Neste trabalho, foram realizadas
ponte retificada com os carregamentos tes dessa época, porém constituídas análises em um modelo tridimensio-
verticais atuantes na ponte curva, acres- de materiais mais primitivos. nal de barras e cabos com o auxílio
cido do momento torsor devidamente O primeiro registro da utilização de do software SCIA Engineer2, no qual é
Irvine, H.M. Statics of suspended cables. Journal of the Engineering Mechanics Division, vol. 101, n. EM3, pp. 187-205, 1975.
1
3
Chen , D.W.; Au, F.T.K.; Tham, L.G. e Lee, P.K.K. Determination of initial cable forces in prestressed concrete cable-stayed bridges for given design deck
profiles using the force equilibrium method.Computer and Structures, vol.74, pp.1-9, 2000.
4
Gimsing, N.J. Cable supported bridges. Chichester: John Wiley, 1983. 400 p.
R
N= [1]
cos θ
7,5
cos θ = [2]
l
u Figura 3
Vista isométrica do modelo onde:
estrutural N: força no estai;
u Figura 6
R: reação de apoio obtida no modelo;
Corte típico
q: ângulo de inclinação do estai;
l : comprimento do estai em metro.
Substituindo-se a equação (2) em
equação (1), obtém-se a equação 3
R.l
N= [3]
7,5
u Figura 12
u Figura 10 Momento torsor no tabuleiro u Figura 14
Deslocamentos verticais devido a cargas permanentes e Momento fletor no mastro devido
no tabuleiro devido ao peso acidentais – modelo com cabos a cargas permanentes – modelo
próprio – modelo com cabos tensionados com cabos tensionados
tensionados
u Figura 11 u Figura 13
Momento fletor no tabuleiro Esforço cortante no tabuleiro u Figura 15
devido a cargas permanentes e devido a cargas permanentes e Momento fletor no mastro devido
acidentais – modelo com cabos acidentais – modelo com cabos a cargas permanentes e acidentais
tensionados tensionados – modelo com cabos tensionados
u Figura 25
Momento fletor no tabuleiro
u Figura 20
devido a cargas permanentes
Momento fletor no mastro devido u Figura 24 e acidentais – modelo com
a cargas permanentes – modelo Deslocamentos verticais no deslocamento de mastro
com temperatura tabuleiro devidos ao peso próprio
– modelo com deslocamento
de mastro
Vsd T
+ sd £ 1 [8]
V(g) e(g) VRd 2 TRd 2
V(g+q)
onde:
e(g+q)
a área da seção, igual a 3 m²; dos entre o modelo com cabos tensio- 4. CONCLUSÕES
Vsd = 114,23 x gf , com coeficiente nados (MCT) e o modelo com aplicação Os resultados deste estudo de-
de ponderação de ações gf adotado de temperatura (MT), obtém-se uma monstraram que os métodos de avalia-
como 1,4; diferença de menos de 5%. Por outro ção das forças nos cabos são válidos,
Tsd = 3471,15 x gf. lado, ao se calcular a diferença entre as como era de se esperar, e devem ser
Portanto, tem-se: flechas, a variação se torna 23%. Isso absolutamente equivalentes se for usa-
se deve ao fato de o cálculo da flecha do um processo iterativo para os dois
TRd2 = 5113,3 kNm e
[10] pelo MCT ser feito por um processo (MCT e MT). A vantagem da tempera-
VRd2 = 21349,3 kNm
iterativo, de forma que os cálculos são tura é poder ser aplicada em qualquer
executados já na configuração defor- programa computacional e levar a um
Substituindo-se a equação (8), ve- mada do elemento, diferentemente do resultado aproximado mesmo com
rifica-se: MT, ainda que os procedimentos sejam apenas uma iteração.
equivalentes.
Vsd T 114,23 ´ 1,4 Embora a variação obtida nos des-
+ sd = +
VRd 2 TRd 2 21349, 3
locamentos seja relativamente grande,
[11]
3471,15 ´ 1,4 é importante destacar que a flecha não
@ 0,96 £ 1
5113, 3 supera o valor de 2 cm em nenhum dos
dois casos.
Tendo em vista que a máxima tor- De forma análoga, comparando-se
ção ocorre nas seções de apoio, estu- com o modelo com mastro deslocado
dou-se outra alternativa com redução (MCT – MD), o resultado é ainda mais
na resistência característica do concre- favorável. A variação entre as flechas é u Figura 28
to para 30 MPa, onde considerou-se da ordem de 14%. Em conjunto com Momento fletor no mastro devido
um aumento na espessura das seções isso, verifica-se uma melhor distribui-
a cargas permanentes – modelo
com deslocamento de mastro
junto aos apoios para 30 cm, como é ção de esforços no tabuleiro, além de
feito usualmente. uma considerável redução, em termos
Verificou-se, para essa nova geo- absolutos, nos momentos fletores. O
metria, que a seção de apoio sob tor- estudo demonstra que as reduções
ção também atende a condição dada chegam a até 35%.
pela equação ( 8 ), onde obteve-se: Por outro lado, o ganho estrutural
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] GIMSING, N.J.; GEORGAKIS, C.T. Cable Supported Bridges. 3. ed. Chichester: John Wiley & Sons, 2012. 592p.
[02] LUCHI, L.A.R. Protensão em Pontes Celulares Curvas. 2001. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
[03] OLIVEIRA, P.A.; MACHADO, R.D.; HECKE, M.B. Análise Estática Não-Linear de Cabos Utilizando o Método dos Elementos Finitos In: Jornadas Sul-Americana De
Engenharia Estrutural, 2002, Brasília. Proceedings of Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural. 2002. v. 1, p. 1-19.
[04] STUCCHI, F. R. Sobre o Comportamento Estrutural das Pontes Celulares. 1982. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
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Universidade de São Paulo. São Paulo.
A modelagem numérica da
interação solo-estrutura
FÁBIO SELLEIO PRADO – Engenheiro EGT Engenharia | Professor assistente MARCELO WAIMBERG – Gerente Técnico
Instituto Mauá de Tecnologia EGT Engenharia
1. INTRODUÇÃO Hoje, o custo de processamento não siderar o fato de que modelos mais
P
ara se resolver um problema é mais uma variável relevante na mo- simples incluem mais hipóteses simplifi-
físico real, a solução usual é delagem numérica. Os programas de cadoras. Essas hipóteses podem estar
recorrer a modelos matemá- análise estrutural disponíveis permitem relacionadas com as teorias de cálculo
ticos que representem adequadamente que se simule praticamente qualquer consideradas, com a representação
esse problema. estrutura, sem limites à criatividade na geométrica da estrutura, com as pro-
Nas obras em geral, a análise estrutu- sua concepção. priedades dos materiais, etc.
ral parte sempre de um modelo matemá- Nessas análises, em um caso geral, Tome-se o caso de uma edificação
tico da realidade que se deseja represen- não é possível desconsiderar a interação com fundações profundas, por exemplo
tar. Nesse modelo são adotadas teorias entre solo e estrutura sem se afastar da estacas cravadas. Um primeiro modelo
de cálculo conhecidas, representações realidade que se busca representar. em que o confinamento lateral dessas es-
aproximadas das ações na estrutura e Em algumas estruturas, como nas tacas seja representado por molas ao lon-
do comportamento dos materiais, condi- obras enterradas, essa interação é go do comprimento (modelo de Winkler,
ções de contorno (interfaces da estrutura mesmo o principal fator a definir o com- para mais detalhes ver (1)), pode fornecer
com o ambiente), além de hipóteses sim- portamento estrutural. resultados bastante satisfatórios na aná-
plificadoras para representação da geo- lise da estrutura do prédio. Esse modelo
metria real, com o objetivo de se compre- 2. HIERARQUIA DE MODELOS pode evoluir, incluindo molas verticais re-
ender o comportamento dessa estrutura, A representação de uma estrutu- presentando o atrito lateral entre solo e es-
isto é, essencialmente prever suas defor- ra através de um modelo matemático taca. Molas verticais e horizontais podem
mações e deslocamentos, bem como o sempre esteve, historicamente, con- ser substituídas por elementos de material
“caminho” das cargas pelos elementos dicionada às ferramentas disponíveis elastoplástico, que simulem de maneira
que a compõem. para sua resolução. mais realista o comportamento do solo na
O que se busca é que esses mode- Desse modo, modelos mais simples interação com a fundação.
los representem o mais fielmente pos- sempre foram preferíveis no dia a dia Cada uma dessas alterações corres-
sível aquele comportamento estrutural. do engenheiro de estruturas. ponde à eliminação de hipóteses sim-
A dificuldade para o engenheiro é que A análise dos resultados obtidos plificadoras e a obtenção de resultados
a avaliação dos resultados é feita, no nesses modelos é facilmente com- mais precisos na análise. Note-se que
caso geral, para uma estrutura que ain- parada com resultados prévios de nem sempre esse ganho de precisão é
da não existe e deformações e deslo- estruturas análogas e ajuda a entender relevante (ou mesmo necessário) face
camentos que se desejam prever são, o comportamento das estruturas que às simplificações eliminadas. Muitas ve-
usualmente, imperceptíveis a olho nu. estão sendo projetadas. Por outro lado, zes, esse ganho de precisão é ilusório,
Com a evolução nas últimas duas a repetição dessas análises realimenta o face às incertezas dos dados de entrada
décadas dos equipamentos e progra- processo de concepção e ajuda a agu- (para uma discussão acerca da precisão
mas de informática, é cada vez mais çar a sensibilidade quanto ao comporta- de modelos de cálculo, ver (3)).
simples e menos custoso resolver nu- mento esperado dessas estruturas. Ainda que se continue evoluindo,
mericamente os modelos matemáticos. No entanto, não é possível descon- com a consideração de elementos de
157 tf/m
148 tf.m/m
158 tf.m/m
158 tf.m/m
245 tf/m
245 tf/m
113 tf.m/m
263 tf/m
u Figura 4 u Figura 5
Momento fletor no modelo simplificado Força normal no modelo simplificado
u Figura 9
u Figura 8 Curva de recalques na superfície do terreno
Força normal (tf/m)
25 tf/m/m
u Figura 10
Regiões de plastificação do maciço
140 tf/m
95 tf.m/m
95 tf.m/m
255 tf/m
u Figura 12 u Figura 13
Momento fletor – carregamento revisado Força normal – carregamento revisado
sofisticados que permitam obter in- Mas, de todo modo, essa pos- ral o comportamento da estrutura.
formações adicionais e, eventual- sibilidade não prescinde dos mode- Essa compreensão pode ser amplia-
mente, aumentar a precisão dos re- los mais simples, com os quais se da e/ou refinada nos modelos mais
sultados obtidos. pode compreender de maneira ge- sofisticados.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[03] Duddeck, H., 1987 “Codes need different structural design models than research work”, CEB Bulletin D’Information nº 170/179, Lausanne.
Seminário discute os
desafios e perspectivas
da industrialização da
construção civil
C
om a presença de cerca de cado da construção, respondendo por 2 voltaram-se para exposição de cases
100 participantes, a Associa- a 5% desse mercado. No segundo cená- de obras que optaram pelo sistema de
ção Brasileira da Construção rio (de patchwork), as vulnerabilidades do pré-fabricados. O diretor da construtora
Industrializada de Concreto (Abcic) reali- setor de pré-fabricação serão expostas e Sumitomo Mitsui Construction, Akio Ka-
zou no último dia 22 de setembro o 7º solucionadas por outros sistemas cons- suga, expôs alguns projetos de pontes e
Seminário Internacional Abcic “Inovação trutivos. No terceiro cenário (de solução de edifícios altos executados no Japão.
e ousadia para vencer os atuais desafios completa), projeta-se uma ampliação de Já, o diretor da Commercial Design and
e gerenciar o futuro”. participação dos pré-fabricados no mer- Concepts, George Jones, apresentou a
O secretário geral da fib, Eng. David cado da construção em até 10 vezes, construção da nova estação Paddington,
Fernandez-Ordoñez, expôs os trabalhos pois nele a industrialização da construção que integra importante sistema público
que estão sendo feitos na entidade para será a opção de engenharia preferencial. de transportes de Londres. Por fim, o
o desenvolvimento da pré-fabricação em Por fim, o quarto cenário (de verticaliza- engenheiro da EGT Engenharia, Mar-
concreto no mundo, como a publicação ção) estará sujeito a fatores externos, celo Waimberg, apontou exemplos de
do Model Code 2010, que incluiu as mais como competitividade regional, transfe- pontes no Brasil construídas com pré-
avançadas tecnologias e soluções cons- rência de tecnologias. -fabricados. Ele também comentou os
trutivas relacionadas aos pré-fabricados, Encerrando as palestras do período trabalhos que estão sendo desenvolvidos
contemplando as particularidades de matutino, o professor da Faculdade de Ar- para a publicação de um Boletim sobre
cada país no desenvolvimento e aplica- quitetura e Urbanismo da Universidade de Pontes Pré-Fabricadas pela fib. Segundo
ção dos sistemas pré-fabricados. Segun- São Paulo (FAU-USP), Paulo Fonseca de ele a publicação contará com exemplos
do ele, o Model Code 2010 influenciou a Campos, abordou como a inovação será de uso de pré-fabricados de diferentes
revisão de diversas normas na Europa, a indutora do desenvolvimento sustentável países, para contribuir para o desenvolvi-
Ásia e África e, em razão disso, as ativi- no setor de pré-fabricação. Segundo o ar- mento geral das práticas e tecnologia da
dades preparatórias para o lançamento quiteto, a redução do consumo de cimen- pré-fabricação no mundo.
do Model Code 2020 já estão em anda- to no segmento de pré-fabricados é con- Além da participação da diretora de
mento, com a reunião de especialistas de sequência de uma inovação introduzida marketing do IBRACON, Íria Doniak, que
diversos países nas comissões e grupos no setor, que está permitindo produzir pe- é a presidente-executiva da Abcic, o Se-
de trabalho da fib. ças mais esbeltas, sem perder segurança minário teve a participação do diretor de
Já, o consultor de planejamento es- estrutural. Paulo Fonseca lançou a versão publicações técnicas, Eduardo Millen,
tratégico da Abcic, Gerson Ishikawa, em espanhol do livro “La Tecnología Del e da diretora técnica do IBRACON, Inês
traçou quatro cenários para o setor de Microcad aplicada a la construcción del Battagin. Na ocasião, Battagin informou
pré-fabricação nos próximos anos. No Habitat Social”, do qual foi coordenador e aos presentes a formação de um Comitê
primeiro cenário (de canteiro de obras), o um dos autores. Técnico de Pré-Fabricado, fruto da parce-
setor manterá sua participação no mer- As palestras do período vespertino ria entre Abcic e IBRACON.
Discussões de estratégias
aplicadas na simulação
numérica de uma viga de
concreto armado
TÚLIO RAUNYR CÂNDIDO FELIPE – Mestrando • VLADIMIR GUILHERME HAACH – Professor Doutor
Departamento de Engenharia de Estruturas EESC-USP
O
método amplamente uti- (experimentais). Também é necessário não é possível no elemento de viga
lizado nos softwares para conhecimento teórico e adequada ope- posicionar a armadura. Os parâme-
simulação atualmente é ração do software de elementos finitos. tros físicos foram utilizados de acordo
dos Elementos Finitos (MEF). De for- Sendo assim, este trabalho tem com os dados experimentais obtidos
ma simplista, consiste em transformar como objetivo discutir estratégias nu- por Takeya (2007). Análise foi realiza-
um problema complexo na soma de méricas a serem utilizadas na simula- da no regime estático linear. Os seus
diversos problemas simples, diminuin- ção de vigas de concreto armado su- resultados foram comparados com os
do o custo computacional. Conforme jeitas à flexão. Para tal, um estudo de resultados teóricos.
Soriano (1990), o MEF é um método caso foi realizado em uma viga de con- Na simulação de elementos de su-
que consiste em aproximar uma função creto armado de seção I. Esta foi en- perfícies é necessário a determinação
contínua de um modelo discreto em um saiada por Takeya (2007) no Laborató- da sua espessura. Uma boa prática é
número finito de pontos pré-seleciona- rio do Departamento de Engenharia de calibrar a espessura da chapa, partindo-
dos no seu domínio. O domínio é divi- Estruturas da Escola de Engenharia de -se da experimentação de valores de
dido em subdomínios ou elementos de São Carlos, Universidade de São Pau- espessuras que resultem no mesmo
dimensão finita interligados por meio de lo (EESC-USP). A mesma foi simulada deslocamento vertical no meio do vão,
pontos. Estes são chamados de nós, com dois tipos de elementos finitos igual ao da viga calculado pelo modelo
aqueles de elementos finitos. (barra e chapa) no software DIANA . ®
teórico. Como a viga é de seção I, deve-
Como o MEF é um método aproxi- Os resultados numéricos foram com- -se experimentar valores no intervalo li-
mado, os seus resultados devem ser parados com resultados experimentais, mitado entre a espessura da alma e a
interpretados com atenção. A ABNT discutindo as diferentes estratégias que espessura da mesa. Assim, utilizou-se
NBR 6118:2014 no item 14.2.2 re- podem ser aplicadas para obter mode- dois modelos numéricos para a simula-
comenda que os modelos estruturais los mais confiáveis. ção da viga considerando elemento de
analisados pelo MEF utilizem uma dis- chapa. No primeiro (modelo numérico I),
cretização de forma a não acarretar er- 2. METODOLOGIA considerou-se a viga formada por uma
ros expressivos para análise. Portanto, Na simulação com elemento de seção retangular. No segundo (modelo
para fugir de tais erros são necessárias viga os parâmetros geométricos foram numérico II), a viga foi simulada conside-
as devidas calibrações dos modelos determinados para a seção homoge- rando sua seção I. Para calibrar a espes-
numéricos. Estas devem ser verifica- neizada. É uma boa prática utilizar a sura destes modelos com os resultados
Para o concreto à compressão tensão de escoamento igual 610 MPa. realidade as cargas concentradas são
adotou-se o critério de resistência de A aplicação de uma carga concentra- distribuídas em pequenas áreas. Na prá-
Drucker-Prager. Os valores de ângulo de da gera tensões que tendem ao infinito. tica, adotam-se as dimensões da chapa
atrito e coesão foram adotados, respec- Assim, uma boa prática de simulação, utilizada na realização do ensaio experi-
tivamente, 10º e 0,42fc. Em que fc é dada neste caso, é criar no ponto de aplica- mental. Contudo, deve-se ter uma aten-
na tabela 2. Para o aço adotou-se o cri- ção da carga uma chapa de dimensões ção na compatibilização da malha. Isso
tério de resistência de Von-Mises, com a e material conhecidos. Isto porque na porque se não houver a compatibilização
dos deslocamentos entre os nós da ma-
lha da chapa com a malha da viga, aque-
la simplesmente vai afundar na malha da
viga. Neste trabalho, adotou-se uma cha-
pa metálica quadrada com lados de 100
mm e altura igual a 25 mm.
3. MODELO EXPERIMENTAL
u Figura 2 Na Figura 2 é mostrado o modelo do
Modelo do protótipo de viga ensaiada (TAKEYA (2007)) protótipo de viga de concreto armado
ensaiada no laboratório de engenharia
de estruturas da EESC-USP. Este pro-
tótipo foi dimensionado para que a ruína
ocorresse por escoamento das barras
de aço da armadura e não por ruptu-
ra à compressão do concreto. As bar-
ras longitudinais superiores (3ϕ6,3mm)
são barras de montagem (construti-
vas). As barras longitudinais inferiores
(3ϕ12,5mm) foram dimensionadas para
suportar o momento positivo, conforme
mostrado na figura 3. Essas barras são
formadas por aço CA-50. O protótipo foi
moldado com concreto tal que a dosa-
gem em massa foi 1: 2,7: 3,7: a/c=0,6.
A Figura 4 apresenta a proposta de ins-
trumentação (TAKEYA, 2007).
4. MODELO NUMÉRICO
u Figura 3 Partindo da Figura 2, pode-se de-
Detalhamento das barras das armaduras da viga de concreto armado
terminar uma estrutura mais simples
(TAKEYA (2007))
para a simulação através da simetria do
u Figura 6
Representação do elemento
L6BEN
u Figura 4
Instrumentação do protótipo de viga de concreto armado (TAKEYA (2007))
4.2.1 Modelo numérico I
modelo, conforme mostrado na Figura zada em 38 elementos (50 mm) e 39 Utilizou-se o elemento isopara-
5. Esta é uma boa prática de simulação nós, considerando a simplificação métrico Q8MEM do software DIANA®.
que deve ser sempre que possível ado- da simetria. Este elemento é formado por quatro
tada. Isto porque diminui a quantidade nós, conforme mostrado na Figura 7. A
de elementos finitos, e, consequente- 4.2 Elemento de chapa função de aproximação dos seus des-
mente, a capacidade computacional. A locamentos é linear.
seguir, discutem-se os procedimentos Chapa é definida como um elemen- A malha foi discretizada em ele-
adotados na realização das simulações. to estrutural laminar plano de pequena mentos quadrados de 50 mm, em um
espessura, em que as forças de su- total de 238 elementos e 273 nós. A
4.1 Elemento de viga perfície são aplicadas paralelamente armadura positiva foi introduzida no
ao seu plano médio, sem solicitação modelo por meio de uma barra equiva-
Viga pode ser definida de forma atuando perpendicularmente a ele. lente de mesma área. Para aproximar
simplista como um elemento estrutu- Pode-se afirmar que, para forças de ao problema real, a barra foi posicio-
ral reticulado que tem rigidez a flexão superfícies nulas nas faces da chapa, nada distante de 3 cm (cobrimento) da
e possui dois graus de liberdade. Sen- as forças no centro de uma espessura face inferior da viga (ver Figura 8).
do um deslocamento perpendicular ao muito fina são aproximadamente zero. Para a determinação da sua
seu eixo (ν) e uma rotação da seção Por essas características, pode-se
transversal (θ). afirmar que as chapas trabalham no
Para a simulação foi utilizado o Estado Plano de Tensões (EPT). Quan-
elemento de viga L6BEN disponível do utilizam-se os elementos de chapa
no software DIANA . Este elemento
®
no MEF, estes são discretizados em
possui dois nós, conforme mostra- elementos finitos bidimensionais pla-
do na Figura 6. O mesmo é descrito nos. As formas mais comuns destes
por uma função de aproximação dos elementos são a triangular e retangular.
deslocamentos do 3º grau. A sua for- Estes possuem dois graus de liberdade u Figura 7
Representação do elemento
mulação é baseada na cinemática de por nó, que são os deslocamentos u e
Q8MEM
Euler-Bernoulli. A malha foi discreti- v, respectivamente, nas direções x e y.
u Tabela 8 – Calibração da
espessura do modelo numérico II
obtido por Takeya (2007) de deforma- mais variações nas suas deformações que a ruína ocorresse por escoamento
ções na armadura, como também as com o aumento da carga. das barras de aço. Logo, verifica-se no
deformações no concreto na região A utilização do critério de fissuração Gráfico 5 a confirmação desta hipótese.
do meio do vão da viga. Partindo do (MDFCS) para a simulação do concreto
Gráfico 3, verifica-se um comporta- traz bons resultados, conforme mostra- 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
mento nos resultados bastante seme- do na Figura 10. Isto porque o compor- Este trabalho apresentou algumas
lhantes para as deformações nas bar- tamento real da estrutura de concreto, estratégias para a simulação de uma
ras de aço. na ocorrência de fissuras, é acompa- viga de concreto armado. Foi verificado
Em relação as deformações no con- nhado com a perda de rigidez. que, para a viga em estudo, o mode-
creto (Gráfico 4) verifica-se uma conver- Partindo do Gráfico 5, observa-se lo numérico II com elemento de chapa
gência dos resultados numéricos em que a partir do instante da primeira fis- apresentou resultados mais próximos
comparação com os resultados experi- sura no elemento 457, a armadura para dos resultados experimentais. Obser-
mentais. Verifica-se também a abertura um passo de carga maior entrou em vou-se que, para o passo de carga de
da fissura no elemento 457, conforme escoamento. abertura da primeira fissura, o modelo
mostrado na Figura 10. Verifica-se, que Como já citado anteriormente, a numérico II provocou o escoamento da
após a abertura da fissura, os elemen- viga de concreto armado ensaiada por armadura (elemento 457).
tos anteriores e posteriores não tiveram Takeya (2007) foi dimensionada para Portanto, a hipótese de considerar
o concreto armado como um material
homogêneo e com comportamento
elástico está longe de refletir o com-
portamento real de uma estrutura de
concreto armado. Isto porque a fissu-
ração provoca a diminuição da rigidez
da estrutura. Por fim, conclui-se que a
calibração de um modelo numérico por
resultados experimentais é fundamental
para a validação do modelo. Pode-se
u Figura 10 afirmar que é a parte mais importante
Viga na posição deslocada mostrado a fissura no elemento 457
na simulação numérica.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118 PROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO - PROCEDIMENTO. RIO DE JANEIRO, 2014.
[02] COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990. London, Thomas Telford, 1993.
[03] SILVA, M. F. A; HAACH, V. G.. Parametrical study of the behavior of exterior unreinforced concrete beam column joints thought numerical modeling. Computers and
Concrete, v.18, p. 215-233, 2016.
[04] SORIANO, H. L.. Método dos elementos finitos em análise de estruturas, São Paulo, EDUSP, 1990.
[05] TAKEYA, T.. Relatório de ensaios de protótipo de viga de concreto armado. São Carlos, EESC-USP, 2007.
concretos utilizados em usinas eólicas, Júnior (Experiência em controle tecno- o apoio de UFRN, Instituto Federal do
com os palestrantes Bernardo Tutikian lógico de concreto em 30 usinas eóli- Rio Grande do Norte e Universidade
(CAA para estruturas pré-moldadas de cas no Brasil). Potiguar.
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98 | CONCRETO & Construções
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