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Ano XXXVIII | # 57
Jan. • Fev. • Mar. | 2010
ISSN 1809-7197
www.ibracon.org.br
IBRACON
Instituto
Instituto Brasileiro
Brasileiro do
do Concreto
Concreto
ENTIDADES PARCEIRAS
Vantagens da
Alvenaria Estrutural
Lições
PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
aprendidas
com acidentes
Impermeabilização e
Diagnóstico e prognóstico
Norma de Desempenho
|1|
de obras que falharam
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[Concreto & Contruções] |2|
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sumário
seções
5 Editorial
6 Converse com IBRACON
8 Personalidade Entrevistada – Marcelo Chamma
26 Acontece nas Regionais
Créditos Capa: 37 Mercado Nacional
Vista geral da ruptura da contenção
em cava de escavação a céu aberto em 56 Mantenedor
Curitiba e detalhe da ruptura 67 Entidades Parceiras
do paramento 80 Pesquisa Aplicada
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converse com o ibracon
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personalidade entrevistada
Marcelo Chamma
Engenheiro de Mineração pela
Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, Marcelo Chamma fez
Administração em Marketing pela
Fundação Getúlio Vargas, MBA
Executivo pela Serta/Brasil e MBA
de Franchising pela Lousiana State
University/Estados Unidos.
I bracon – C onte- nos um pouco sobre a feita três anos depois, sendo que a ca-
história da V otorantim C imentos . S obre os pacidade do primeiro forno era de 250
desafios de se fundar uma fábrica de cimento toneladas/dia.
no B rasil. S obre o desenvolvimento da Havia obstáculos na década de 30, no
companhia , do ponto de vista comercial e sentido de instalar fábricas e também
tecnológico . de dominar processos. Naquela época, o
Marcelo C hamma – Em 1933, se iniciou a empresário José Ermírio de Moraes, con-
construção da fábrica de Santa Helena, tou com o apoio da engenharia estran-
em Sorocaba – primeira fábrica com ca- geira, entre elas a dinamarquesa, além
pital 100% nacional. A inauguração foi de equipes especializadas de fora do
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I bracon – Q uando e por que a Votorantim superior a R$ 2 bilhões. Parte disso já
Cimentos iniciou seu processo de foi aplicado ou está em andamento des-
internacionalização ? P ara aonde a empresa de 2007. Está em operação duas novas
pensa em investir nos próximos anos ? fábricas integradas, contempladas nesse
Marcelo C hamma – O primeiro passo para a plano - uma em Porto Velho (RO), com
internacionalização aconteceu em 2001, capacidade de produção de 750 mil to-
com a aquisição da St. Marys Cement, neladas; e outra em Xambioá (TO), com
em Ontário, Canadá. Foram compradas capacidade de 1 milhão de toneladas.
duas plantas de cimento, em Bowman- Também está em pleno funcionamento
ville e em St. Marys; e uma moagem de as fábricas recém-construídas em Aratu
cimento em Detroit (Michigan), assim (BA), Pecém (CE) e Barcarena (PA), além
como vários terminais de distribuição de outras unidades que foram reativa-
de cimento e instalações para concreto das, ampliadas e modernizadas em todo
e agregados. território nacional.
Em 2003, a companhia adqui- As fábricas que entraram em
riu 50% da Suwannee American operação em 2009 e as que
Cement, na Flórida, e o con- entrarão em 2010 vão gerar
trole da S&W Materials Inc., um aumento de 5,25 milhões
concreteira na região de Jack- de toneladas adicionais de ci-
sonville (Flórida) e que, pos- mento por ano.
teriormente, integrou-se
ao Anderson Group e pas- I bracon – Q uais os
sou a se chamar Trinity mais recentes avanços
Materials. As fábricas que tecnológicos implantados
Em 2005, a Votorantim entraram em nas fábricas da V otorantim
Cimentos adquiriu duas operação em 2009 e as Cimentos no país ?
plantas de cimentos e que entrarão M arcelo C hamma – Uma
terminais de distribuição em 2010 vão gerar um notória inovação no pro-
na região dos Grandes aumento de 5,25 milhões cesso de fabricação da
Lagos: Charveloix (Michi- de toneladas adicionais Votorantim Cimentos é a
gan) e Dixon-Marquette de cimento por ano. produção de pozolana a
(Illinois), ativos integra- partir de argila calcina-
dos à St. Marys. Em 2007, da em quatro unidades
comprou a concreteira da empresa – Cocalzinho
Prestige, sediada na Fló- (GO), Paulista (PE), No-
rida (EUA) e, mais recentemen- bres (MT) e Porto Velho (RO).
te, adquiriu a Prairie, líder em Nestas unidades, o percentu-
concreto e agregados no meio- al de uso da pozolana para a
oeste norte americano, com fabricação do cimento varia
sede em Chicago (Illinois). de 30% a 50%, dependendo da
A Votorantim Cimentos está necessidade de cada cliente.
presente na América do Nor- Os cimentos com adição de
te com 30% de participação de pozolana apresentam maior
mercado na região dos Grandes Lagos e resistência aos sulfatos, maior inibição
15% de participação de mercado no Es- da reação álcali/agregado, menor calor
tado da Flórida. de hidratação , maior impermeabilidade
e maior resistência mecânica.
I bracon – Q uais as previsões de investimentos Por esses motivos esses cimentos são
para os próximos anos no B rasil ? muito utilizados na construção de bar-
Marcelo Chamma – A Votorantim Cimentos ragens. Para construção das Usinas de
possui um plano de expansão definido Santo Antonio e Jirau , no Rio Madeira
até 2011, que engloba um investimento (RO), serão consumidos grandes volumes
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Empresarial Mundial para o Desenvolvi- empreiteiras, transformadores, reven-
mento Sustentável), buscando se alinhar das de materiais de construção e consu-
às melhores práticas ambientais. midores em geral.
O Conselho de Clientes, formado por 20
I bracon – A s especificações de cimentos clientes de cada região do Brasil, se re-
atuais atendem plenamente o mercado úne a cada dois meses para a troca de
construtivo nacional ? experiências. Com isso, a Votorantim
M arcelo C hamma – A variedade de cimen- Cimentos pode adotar novos processos e
tos acompanha a crescente sofisticação metodologias baseadas em informações
da construção civil, o que demonstra obtidas diretamente com o mercado.
uma significativa evolução. O parque Das melhorias mais simples às propostas
da Votorantim Cimentos, por exemplo, mais complexas, diversas idéias que sur-
compete em todos os aspectos com os gem das reuniões do Conselho têm sido
mais avançados do mundo (alta implementadas com sucesso.
tecnologia, inovação, uso de Para garantir a qualidade dos
recursos alternativos, moder- produtos e dos serviços ofere-
nidade nos processos, entre cidos, a Votorantim Cimentos
outros). investe no desenvolvimento
de pessoas e no aprimora-
I bracon – D os projetos nos quais mento das competências
a V otorantim participou ,
internas. O Canal do
qual considera exemplar
Conhecimento promo-
do ponto de vista do avanço
Recentemente, foi ve, além da integração
da tecnologia do concreto
criado pela Engemix entre os profissionais, a
no país ?
o projeto perda zero, disseminação da cultura
Marcelo Chamma – Foram que consiste em reduzir organizacional em todas
inúmeros. Recentemen- o volume de resíduos as regiões onde a empre-
te, foi criado pela Enge- gerados nas betoneiras sa atua. As informações
mix - negócio concreto e diminuir a quantidade estão dispostas em um
da Votorantim Cimentos de água usada nas único portal, garantin-
- o projeto perda zero, centrais dosadoras do que todos os funcio-
que consiste em reduzir de concreto.
o volume de resíduos ge- nários tenham acesso,
rados nas betoneiras e independentemente de
diminuir a quantidade de sua localização. Outra
água utilizada nas centrais do- vantagem desse forma-
sadoras de concreto. to é proporcionar a inclusão
digital em todos os níveis da
I bracon – Q uais pontos o senhor organização.
destaca em relação à gestão
empresarial na Votorantim I bracon – Q ual sua avaliação da
A
arte de projetar em Engenharia manas, qualquer obra de engenharia, mes-
relaciona diversos aspectos, tais mo as menores ou mais simples, deve ser
como: a adequação à concepção projetada e executada, observando-se os
arquitetônica; a segurança contra a ruína bons princípios da Engenharia ditados pelas
da edificação; a avaliação do desempenho normas técnicas competentes.
em serviço; a economia de materiais; o Neste artigo, pretendemos descrever
processo construtivo; e o respeito ao meio e discutir os sucessivos vícios de condução
ambiente. Todos esses fatores estão asso- de um projeto de engenharia de uma obra
ciados e não se pode admitir, atualmente, de múltiplos subsolos que culminaram com
algum projeto que não contemple cada um o colapso da cava de escavação em três
deles de maneira concreta e clara. frentes de serviço. Felizmente, os prejuí-
Independentemente do porte da obra, é zos ocorridos, além dos atrasos inevitáveis
fundamental que os seus projetistas respei- nos cronogramas, foram apenas econômi-
tem as abordagens técnicas que garantem cos. Mais do que informar, gostaríamos de
níveis adequados de segurança às soluções salientar alguns procedimentos de geren-
da Engenharia. Evitariam assim o empirismo ciamento de projeto que poderiam ter evi-
subjetivo, que, muitas vezes, apresenta so- tado todos os transtornos ocorridos.
luções dúbias com exposição exagerada ao
risco. É razoável esperar que obras de maior 2. DESCRIÇÃO DO
porte sejam tratadas com maior rigor, pois EMPREENDIMENTO
as possibilidades de colapso podem gerar O empreendimento em questão refe-
conseqüências graves em termos econô- re-se a um estabelecimento comercial de
micos e ambientais. Porém, sob o aspecto grande porte concebido para proporcio-
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nar ao cliente requinte, diversidade de cerca de 14m da linha de divisa do lote.
produtos e serviços, com facilidade de Ao longo do lado B, tem-se a presença
estacionamento. Para tanto, o projeto de um aterro de acesso a um importante
original previa a execução de três subso- viaduto distante 32m da crista da esca-
los, salão de vendas e estruturas anexas vação executada previamente no local.
para fins de administração e estocagem. Pelo acesso do lado C, existia a passagem
A concepção inicial estabelecia uma es- enterrada de uma rede de fibras óticas,
trutura de contenção autoportante inde- que era considerada uma importante in-
pendente da superestrutura. A superes- fovia da cidade.
trutura, por sua vez, foi concebida de A Figura 2 mostra esquematicamente
forma mista, onde os subsolos, salão de um corte parcial da estrutura, onde se
vendas, administração e estocagem se- podem observar os três pavimentos de
riam em concreto armado pré-moldado e subsolo. Nesta região, em especial, as
a cobertura em estrutura metálica apoia- profundidades de escavação variaram
da nos pilares pré-moldados de concreto. entre 12m e 13,5m, considerando-se,
A Figura 1 mostra esquematicamente o por último, as cotas das bases dos blo-
lay-out da obra, destacando-se em (A) o cos de fundação dos pilares próximos à
acesso frontal da obra, em (B) o acesso contenção.
lateral 1, em (C) o acesso lateral 2 e em Para executar uma obra desse por-
(D) o terreno vizinho. A área da constru- te, de maneira geral, pode-se dividir
ção corresponde a 38.500m2 aproxima- os sistemas de gerenciamento de um
damente, sendo o volume de escavação projeto de engenharia em dois grandes
igual a 103.000m3. A geometria do terre- grupos. O primeiro caracteriza-se por
no assemelha-se a um polígono irregular, empresas que possuem departamen-
com medidas de 87 metros de compri- tos de engenharia consolidados e estes
mentos (lados A e D) e larguras variando mesmos conduzem o gerenciamento dos
entre 110m e 97m (lados B e C). Ao longo trabalhos de arquitetura, de engenha-
dos lados A, B e C a edificação é acessível ria e de compatibilização dos projetos
por meio de três vias distintas enquanto complementares com critérios técnicos
que aos fundos, lado D, faz divisa com e econômicos concisos e claros. Uma
uma instituição privada que possui sede das vantagens desse tipo de sistema é
edificada de três pavimentos, distante a maior sinergia entre fornecedores e
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quando houve a necessidade de interven- tirantes, posicionada ao longo da viga
ção na mesma. de coroamento do paramento de conten-
ção, era composta por tirantes com in-
3. DESCRIÇÃO DO clinação de 45º, enquanto que a segunda
ACIDENTE OCORRIDO linha de tirantes, localizada à altura da
O local do empreendimento localiza-se laje de piso do 1 o subsolo, era composta
no bairro do Tarumã, cidade de Curitiba- por tirantes com inclinação vertical de-
PR, sobre uma formação geológica carac- finida a partir da horizontal igual a 10º.
terística da região, denominada de for- A terceira linha de tirantes, localizada
mação Guabirotuba. Essa formação possui aproximadamente ao nível das lajes do
por características um elevado estado de 2º subsolo, era constituída por tirantes
pré-adensamento do solo e a presença de com inclinação de 5º. Baseando-se em
argilominerais do grupo esmectita-mont- informações fornecidas pelos repre-
morilonita, altamente expansivos, quando sentantes da proprietária do empreen-
não confinados. dimento, os tirantes foram executados
O projeto original da contenção era com 8 m de comprimento total, incluin-
composto por um paramento em estacas do 3 m de trecho livre de ancoragem.
hélice contínuas monitoradas, com diâ- Em 2008, durante a execução das esca-
metros variando entre 30 cm e 40 cm, e vações, quando, em alguns pontos da obra,
executadas com espaçamentos entre ei- já se havia atingido a cota inferior mínima
xos longitudinais variando entre 60 cm de projeto, ocorreu a primeira perda de
e 68 cm, interligadas por uma viga de equilíbrio de uma das contenções executa-
coroamento em concreto armado. Com- das. O problema se deu ao longo da cortina
plementando o paramento, o projeto da atirantada do Lado C (Figura 1). Ao mesmo
estrutura de contenção previu a execu- tempo, foram observados significativos mo-
ção de três linhas de tirantes definitivos, vimentos das contenções nos Lados B e D,
distantes 1,9m horizontalmente entre sem, contudo, ocorrerem rupturas do talu-
si, alinhados tanto verticalmente quan- de. Como medida para contornar a questão,
to horizontalmente. A primeira linha de a empresa executora foi orientada a realizar
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as profundidades das sondagens executa- do empreendimento, tanto na cota do
das não alcançavam a cota da ponta pre- fundo da escavação, como nas regiões ao
vista para as estacas de fundação do em- longo da crista da escavação
preendimento. Deste modo, decidiu-se É de conhecimento da Mecânica dos
pela realização de uma campanha com- Solos que os empuxos horizontais de terra
probatória de sondagens a percussão para são função do estado de pré-adensamento
reavaliação das espessuras das camadas do solo e da rigidez da estrutura de conten-
de solos do local, incluindo o posiciona- ção em permitir ou não deslocamentos da
mento do lençol freático. As informações massa de solo potencialmente mobilizada.
levantadas indicam que o subsolo do lo- Quanto mais rígida for a estrutura de con-
cal é constituído por uma camada de silte tenção, maior será a tendência em não per-
argiloso de coloração cinza-avermelhado mitir o desconfinamento da massa de solo e,
(formação Tinguís), de consistência va- por conseguinte, mais próximo do estado de
riando de média a rija, com espessura va- repouso (caracterizado por deformações ho-
riando entre 6m e 9m, sobreposto a uma rizontais nulas) será o estado de tensões do
camada de areia argilosa cinza-esverdea- solo atuando no paramento de contenção. A
da (formação Guabirotuba). Ambas as for- norma brasileira de segurança de escavação
mações são caracterizadas pela presença a céu aberto, NBR 9061, considera estes as-
de argilo-minerais do grupo esmectita. pectos quando da definição dos procedimen-
Tal característica indica que esses solos tos normativos de avaliação dos empuxos de
possuem um alto potencial de expansão terra. Para o caso em questão, consideran-
quando não confinados, o que pode ser do-se as características de expansibilidade
comprovado na Figura 3 pela perda de do solo e a solução do paramento de con-
solo entre as estacas de contenção. En- tenção, os empuxos de terra necessariamen-
saios de laboratório para a determinação te deveriam ter sido avaliados próximos ao
da pressão de expansão de amostras con- estado de repouso do solo. As formulações
finadas sob processo de umedecimento comumente utilizadas na Mecânica dos Solos
indicaram que o solo vermelho apresenta indicam que, quanto maior for a tensão de
pressões de expansão variando entre 120 pré-adensamento em relação a tensão ver-
kPa e 160 kPa. As sondagens indicaram tical atuante, maior será o coeficiente de
presença de nível d’água variando entre empuxo no repouso. Nesse caso, observou-se
1,5m de profundidade e 5m de profundi- que a razão de pré-adensamento variou en-
dade. Foram coletados blocos indefor- tre 8,81, próxima à superfície, a 2,28, a dez
mados dos solos característicos da região metros de profundidade. Isso significou que
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executado. Tal procedimento
visou estimar qual o diâmetro
de estaca e respectiva arma-
dura necessária para garantia
da estabilidade da escavação.
O dimensionamento do para-
mento de contenção obede-
ceu às prescrições normativas
da NBR-6118/03. Simulou-se
o processo gradativo de esca-
vação, de modo a verificar as
situações de esforços críticos
sobre a estrutura do paramen-
to, incluindo a remobilização
do empuxo do solo, devido à
deformação da estrutura de
contenção. Apresenta-se na
Tabela 1 um resumo dos esfor-
ços e deslocamentos máximos
previstos durante o processo
construtivo. Como ilustração,
apresentam-se nas Figuras 7 e
8 os diagramas de esforços e
momentos atuantes ao longo
de uma estaca do paramento
de contenção para a situação
bilidade global da estrutura de contenção anterior à instalação da 2ª linha de tiran-
somente seria garantida com a utilização tes e anterior à instalação da 6ª linha de
de tirantes ativos (protendidos) temporá- tirantes, respectivamente.
rios. Como exemplo, os resultados das aná- As análises indicaram a necessidade
lises de estabilidade indicaram que, inde- de adoção de estacas justapostas (sem
pendentemente da situação, a cortina de espaçamento entre elementos) com 70cm
estacas na região do corte de 10m neces- de diâmetro. A armadura longitudinal das
sitaria de seis linhas de tirantes, para ga- estacas do paramento de contenção foi
rantia da estabilidade global da estrutura calculada assumindo-se aço tipo CA-50A e
com fatores de segurança iguais ou acima concreto classe C20. A armadura longitudi-
do nível mínimo preconizado pelas normas nal necessária para garantia da integridade
NBR – 11682 (estabilidade de taludes) e estrutural do elemento deveria ser com-
NBR – 9064 (escavação a céu aberto). Os posta por 16 barras de 20mm de diâmetro
comprimentos livres de ancoragem teóri- de aço, enquanto que a armadura transver-
cos dos tirantes foram definidos conside- sal seria composta por 1 barra de 10mm de
rando-se as disposições normativas da NBR diâmetro, posicionada a cada 9cm.
5629/94 – Execução de Tirantes Ancorados Comparando-se o projeto original ao
no Terreno. Neste caso, os comprimentos necessário para garantia da estabilidade,
livres de ancoragem mínimos variaram de pode-se concluir que as tensões horizontais
12,5m para a 1ª linha de tirantes a 3m de foram subestimadas entre 50% (na base da
comprimento para a 6ª linha de tirantes. escavação) e 300% (próximo à superfície).
Os comprimentos mínimos de ancoragem A subestimativa das tensões horizontais
estimados variaram entre 8m para a 1ª li- atuantes sobre o paramento de contenção
nha de tirantes a 12m para as 4ª e 5ª li- induziu a um subdimensionamento estrutu-
nhas de tirantes. Adotou-se um paramen- ral deste, culminando com a ruptura por
to de contenção similar ao originalmente cisalhamento do paramento em uma das
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forme indicado no projeto fornecido pela 12m, enquanto que os comprimentos das
empresa originalmente contratada. Tal in- 2ª e 3ª linhas deveriam ser, respectiva-
terferência induziu a uma perda substan- mente, superiores a 9m e 4m.
cial da eficiência do tirante devido a: (a) Um outro vício fundamental de con-
sobreposição dos bulbos de transferência cepção do projeto original de contenção
de carga do tirante para o solo; (b) dano foi a definição de execução das estacas
à barra do tirante da 1ª linha pela passa- do paramento afastadas cerca de 65cm
gem da sonda rotativa durante execução entre eixos longitudinais. Tal disposi-
da 2ª linha, não tendo sido improvável ção construtiva induziu a ocorrência de
o corte das barras da 1ª linha. Esse erro trechos sucessivos de solo não confina-
na concepção do projeto contribuiu deci- do com largura variando entre 30cm e
sivamente para a instabilidade da estru- 45cm. Devido à natureza expansiva do
tura de contenção. Da Figura 1, pode-se solo em questão (verificada nos ensaios
concluir que não foram respeitados os es- de laboratório), o detalhe construtivo de
paçamentos horizontais constantes entre afastamento das estacas do paramento
ancoragens de uma mesma linha. Aliado à contribuiu para ocorrência do efeito de
subestimativa das tensões atuantes e, por expansão do solo contido, observado no
conseguinte, das cargas de trabalho das campo por um desplacamento gradativo
ancoragens, os comprimentos livres de de porções do solo não confinado locali-
ancoragem adotados pela empresa origi- zado entre estacas. O efeito de perda de
nalmente contratada feriram os preceitos solo entre as estacas também contribuiu
normativos indicados pelas NBR 5629/96 para a instabilidade da cortina de conten-
e NBR 9061/96. O comprimento de anco- ção. A auditoria do projeto indicou que a
ragem da 1ª linha deveria ser superior a definição de espaçamento entre estacas
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de frente de trabalho da superestrutura estrutura de contenção e de um plano
e recuperação das vias secundárias de de gerenciamento de risco. O projeto de
tráfego de veículos danificadas durante instrumentação contemplou o monitora-
a ruptura da contenção original; e (b) mento dos deslocamentos do paramento,
estabilização definitiva da contenção. as pressões de água na massa de solo e
O projeto necessariamente envolveu os possíveis deslocamentos na região da
a modelagem do processo construtivo ficha de embutimento do paramento. O
da contenção definitiva, uma vez que a plano de gerenciamento de risco guiou
execução desta obrigatoriamente esta- as equipes de campo na comparação do
ria ligada à demolição da cortina rom- desempenho observado (aferido a partir
pida. A estabilização provisória da con- dos deslocamentos da face do paramento
tenção foi executada com seis linhas de medidos por topografia) ao desempenho
tirantes com cargas de trabalho varian- previsto (conforme indicado na Tabela
do entre 200kN e 600kN. A estabilização 1). O plano de gerenciamento do risco da
definitiva da obra envolveu a construção obra definiu três níveis de desempenho
de contrafortes em concreto armado ao denominados de normalidade, de atenção
longo dos lados B e C, e de uma grelha e de colapso iminente. O nível de norma-
metálica ao longo do lado D da cava de lidade foi definido para deslocamentos
escavação, que foi absorvida por uma iguais ou menores que os deslocamentos
estrutura de concreto armado moldada estimados no projeto. O nível de atenção
in loco. O processo de estabilização de- foi definido para deslocamentos superio-
finitiva envolveu também a elaboração res aos deslocamentos de projeto, mas
de um plano de descarregamento grada- inferiores aos deslocamentos estimados
tivo dos tirantes provisórios e monito- para o paramento, considerando-se a si-
ramento da transferência de carga aos tuação anterior à instalação de uma linha
contrafortes. de tirantes. O nível de colapso iminente
Devido às especifidades do projeto de foi definido caso ocorressem deslocamen-
estabilização, a sua implementação en- tos iguais ou superiores aos deslocamen-
volveu, obrigatoriamente, a elaboração tos previstos para a situação anterior à
de um projeto de instrumentação para instalação de uma linha de tirantes. Para
monitoramento do desempenho real da facilitar o entendimento do risco por par-
Referências Bibliográficas
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11682 Estabilidade de
taludes, 1991
[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5629 Execução de tirantes
ancorados no terreno, 1996
[03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 Projeto de estruturas
de concreto armado, 2003
[04] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 Fundações – projeto
e execução, 1996
[05] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9061 Segurança de escavação
a céu aberto, 1985
[06] DELL’ AVANZI, E.; MACHADO, R. D.; QUEVEDO, J.R.S.; GUIZELINI, A.P., COLLE NETO,
S. - Discussão sobre os Aspectos Geotécnicos Contribuintes à Ruptura de
Uma Escavação a Céu Aberto em Curitiba, PR. Anais do 5º Congresso Internacional
sobre Patologia e Reabilitação de Estruturas, CINPAR 2009, Junho / 2009 n
| 25 | [www.ibracon.org.br]
acontece nas regionais
J
á está disponível o calendário de quanto aos aspectos positivos e negativos
exames 2010 do Programa de Qua- em seu processo de avaliação.
lificação e Certificação de Pessoal
vinculado ao Instituto Brasileiro do Concre- Centros de Exames de Qualificação
to – IBRACON. ABCP
Acreditado pelo Instituto Nacional de Associação Brasileira de Cimento Portand – Unidade São Paulo
Metrologia, Normalização e Qualificação Av. Torres de Oliveira, 76 - Jaguaré - São Paulo - SP
Industrial - INMETRO, o IBRACON, através
de seu Núcleo de Qualificação e Certifica- Alphageos Tecnologia Aplicada S.A.
ção de Pessoal (NQCP), programou para o Rua João Ferreira de Camargo, 703 – Tamboré - Barueri - SP
ano corrente um conjunto de exames para
certificação dos profissionais de controle EPT - Engenharia e Pesquisas Tecnológicas
Av. São José, 450 - Ayrosa - Osasco - SP
tecnológico do concreto (veja tabela).
Os interessados devem inscrever-se
Escola SENAI - SP “ORLANDO LAVIERO FERRAIUOLO”
no Programa, acessando o site
R. Teixeira de Melo, 106 - Tatuapé – São Paulo – SP
www.ibracon.org.br, preenchendo a ficha
de inscrição e entregando ao NQCP os do- ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica
cumentos pessoais, o comprovante de ex- Praça Marechal Eduardo Gomes, 50 –São José dos Campos – SP
periência profissional e o exame de acuida-
de visual requeridos para a certificação. SEQUI – Gerência de Certificação, Qualificação
Para obter o certificado, emitido pelo e Inspeção de Engenharia
Conselho de Certificação, o candidato pre- Petrobras – Petróleo Brasileiro SA
cisa obter de 70 a 80% de aprovação nos
exames teórico geral (avaliação dos conhe- TECOMAT - Tecnologia da Construção e Materiais LTDA
cimentos nas áreas de matemática e cál- R. Serra da Canastra, 391 - Cordeiro – Recife - PE
culo; segurança do trabalho; calibração de
equipamentos; comportamento em labora- Mais informações sobre o Pro-
tório; manuseio de instrumentos; e norma- grama podem ser obtidas no site
lização), teórico específico (avaliação dos www.ibracon.org.br, tais como: Manual do
conhecimentos relativos às normas técnicas Candidato; Bibliografia técnica; Documen-
específicas para cada categoria profissional), tação; e Investimentos. n
e exame prático (avaliação do
desempenho do profissional
na prática, nos laboratórios
conveniados, simulando uma
situação típica do cotidiano
de trabalho do profissional).
Por fim, passa ainda por uma
entrevista de caráter técnico-
pedagógico, onde é orientado
| 27 | [www.ibracon.org.br]
pesquisa e desenvolvimento
a impermeabilização e a norma de desempenho
Impermeabilização
versus nbr 15.575 –
norma de desempenho
Marcos Storte – Gerente de Negócios
Viapol Ltda
N
ormas de desempenho são esta- de impermeabilização são aplicados.
belecidas buscando atender exi- A forma de estabelecimento do de-
gências dos usuários, que, inde- sempenho é comum e internacionalmente
pendentemente dos materiais constituintes pensada por meio da definição de requisi-
e do sistema construtivo utilizado, têm o tos (qualitativos), critérios (quantitativos
foco nas exigências da impermeabilização, ou premissas) e métodos de avaliação, os
ou de maneira mais ampla, da estanquei- quais sempre permitem a mensuração cla-
dade, quanto ao seu comportamento em ra do seu cumprimento.
As normas, assim elaboradas, visam, de
um lado, incentivar e balizar o desenvolvi- normas estão identificadas entre aspas (“) e
mento tecnológico e, de outro, orientar a meus comentários em texto corrente.
avaliação da eficiência técnica e econômi- Na NBR 15.575, temos inúmeras defini-
ca das inovações tecnológicas. ções e entre elas considero relevante co-
Normas de desempenho traduzem as mentar algumas, conforme segue:
exigências dos usuários em requisitos e n Durabilidade - “Capacidade do edifício
critérios, e não substituem as normas ati- ou de seus sistemas de desempenhar
nentes à impermeabilização; todavia são suas funções, ao longo do tempo e sob
complementares a estas últimas. condições de uso e manutenção
Por sua vez, as normas sobre imper- especificadas, até um estado limite
meabilização estabelecem requisitos de utilização.”
com base no uso consagrado de produtos Como podemos ter durabilidade em uma
ou procedimentos, buscando o atendi- estrutura de concreto sem estanqueidade,
mento às exigências dos usuários de for- se a passagem de água acarreta corrosão
ma indireta. nas armaduras e deterioração do concreto?
A abordagem deste artigo explora con- n Manutenção - “Conjunto de atividades
ceitos que, muitas vezes, não são conside- a serem realizadas e respectivos recursos
rados em normas prescritivas específicas para conservar ou recuperar a capacida
como, por exemplo, a durabilidade dos ti- de funcional da edificação e de seus
pos de impermeabilização, a manutenabili- sistemas constituintes de atender as
dade da edificação, o conforto do usuário e necessidades e segurança dos seus
a integridade estrutural da edificação. usuários.”
Em caso de infiltração, não podemos
1.1 Histórico usar as áreas afetadas, alterando a capa-
Para estabelecermos uma visão sistê- cidade funcional da edificação, bem como
mica, vamos verificar as interfaces da NBR temos conseqüências, tais como: refa-
9574 e NBR 9575, normas de Impermeabi- zimento de pinturas; troca de carpetes;
lização, com a NBR 15.575, norma de de- danos a equipamentos e veículos; riscos à
sempenho das edificações. As referências às instalação elétrica.
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Figura 3 - Manta asfáltica aplicada em laje
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te do uso do edifício habitacional, inclusive n c) impermeabilização (3.23) de
quanto à condensação, devem ser conside- fundações e pisos em contato com
radas em projeto, pois a umidade acelera o solo;
os mecanismos de deterioração e acarreta n d) ligação entre os diversos elementos
a perda das condições de habitabilidade e da construção (como paredes e
de higiene do ambiente construído.” estrutura, telhado e paredes,
Em 10.2 - Requisito de estanqueidade a corpo principal e pisos ou calçadas
fontes de umidade externas à edificação. laterais).”
“Assegurar estanqueidade às fontes de Em 10.3 - Requisito de estanqueidade a
umidades externas ao sistema.” fontes de umidade internas à edificação.
Em 10.2.1 - Critério de estanqueidade “Assegurar a estanqueidade à água uti-
à água de chuva e à umidade do solo e do lizada na operação e manutenção do imó-
lençol freático. vel em condições normais de uso.”
“Atendimento aos requisitos especifica- Observamos que a estanqueidade é im-
dos nas Partes 2 a 5 desta Norma.” portante e necessária para cumprir com a
Em 10.2.2 - Método de avaliação. NBR 15.575 - Parte 1, item 4 – Exigências dos
“Análise do projeto e métodos de en- usuários.Mais claro isto tudo fica, quando en-
saio especificados nas Partes 2 a 5 desta tramos na discussão do Anexo C, nas Consi-
Norma.” derações sobre durabilidade e vida útil.
Em 10.2.3 - Premissas de projeto. n A vida útil de projeto (VUP) é
“Devem ser previstos nos projetos a basicamente uma expressão de caráter
prevenção de infiltração da água de chuva econômico de uma exigência do usuário.
e da umidade do solo nas habitações por Isso significa avaliarmos os riscos ineren-
meio dos detalhes indicados a seguir: tes a manutenabilidade e o impacto da im-
n a) condições de implantação dos permeabilização, que fica evidente na clas-
conjuntos habitacionais, de forma a sificação das tabelas, C.1; C.3, C.4 e C.7.
drenar adequadamente a água de chuva É visível a importância da impermeabili-
incidente em ruas internas, lotes zação nas edificações, pois, ao conferirmos
vizinhos ou mesmo no entorno próximo as normas, observamos que a habitabilida-
ao conjunto; de, a segurança da estrutura, a funciona-
n b) impermeabilização de porões e lidade da edificação, a manutenabilidade,
sub-solos, jardins contíguos às depende da estanqueidade.
fachadas e quaisquer paredes em O custo de uma impermeabilização cor-
contato com o solo; ou pelo reta gira entre 1% e 3% do custo da obra,
direcionamento das águas, sem prejuízo mas sabemos que uma intervenção pós-
da utilização do ambiente e dos obra eleva este custo a cerca de 10%, sem
sistemas correlatos e sem comprometer contar o desgaste inevitável da relação
a segurança estrutural; usuário/incorporador ou construtora.
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Como vamos evitar a reincidência dos presença de umidade comprometem todos
mesmos erros? requisitos demandados.
Como efetuar reparos ou manutenção? O código de ética profissional do CON-
FEA, Resolução 1002/2002, no Artigo 9º,
2. Incumbências dos estabelece que, no exercício da profissão,
intervenientes são deveres do profissional adequar sua for-
ma de expressão técnica às necessidades
2.1 Projetistas do cliente e às normas vigentes aplicáveis.
Vemos uma grande oportunidade de A palavra chave é Especificação.
expansão do trabalho dos projetistas,
que terão que “projetar” diferente e 2.2 Fabricantes
cumprir com análise de projetos de ou- O fornecedor ou prestador de serviços
tras áreas, onde a habitabilidade, fun- deve cumprir com as normas técnicas dos
cionalidade e segurança no uso e ope- produtos ou serviços estabelecidas pelo CB 22
ração da edificação serão os requisitos – Comitê Brasileiro de Impermeabilização.
mais demandados. Como as normas prescrevem técnicas e
O projetista da impermeabilização tem requisitos para que um produto ou serviço
essas responsabilidades, cumprindo com as seja de boa qualidade, o fornecedor tem
normas existentes, especificando adequa- obrigação de cumpri-las, conforme esta-
damente, detalhando a execução, anali- belecido Código de Defesa do Consumidor,
sando os ensaios, pois uma infiltração ou a Art. 20, § 2º, impróprio.
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Assim, os gestores de edifícios são res- tivas dos produtos, abrange também requisi-
ponsáveis, civil e criminalmente, por even- tos postulados nas normas de elaboração de
tuais falhas estruturais, descuidos e suas projetos e de desempenho das edificações,
conseqüências. E, por isso, devem ter co- que espelha a expectativa do usuário.
nhecimento de procedimentos a tomar na Isto significa a necessidade de pensar-
contratação de equipes para avaliação e mos profundamente no desempenho da
conforme o caso, para recuperação e im- impermeabilização e das edificações, pois
permeabilização das estruturas. temos um paradigma de sustentabilida-
A palavra chave é Responsabilidade. de ambiental implícito.A construção civil,
(kerorguen-2005) é responsável por 40% de
3. Considerações toda emissão mundial de CO², pela extra-
finais ção de 40% de todos os recursos naturais e
Quando discutimos expectativa de vida pela produção de 40% de todos os rejeitos
útil de uma impermeabilização na edifica- produzidos no planeta.
ção, no âmbito técnico, pensamos sempre Considerando que os edifícios duran-
em especificações, custos, tempo de exe- te seus 50 anos de vida útil média, cons-
cução, mão de obra qualificada, garantias, trução, manutenção e demolição, conso-
pós-obra. mem segundo (Adam-2001), 50% de toda
Estamos começando a pensar em susten- energia global, pode-se afirmar categori-
tabilidade como um contexto mais amplo, camente que esta indústria representa a
onde uma impermeabilização eficiente e efi- atividade humana de maior impacto so-
caz, como estabelecido nas normas prescri- bre o meio ambiente.
Referências Bibliográficas
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15.575 – Edifícios habitacionais
de até cinco pavimentos – Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. São Paulo – SP, 2007.
[06] KERORGUEN, Y. La construction durable devient um enjeu stratégique pour les entreprises.
Paris; La Tribune, 2005.
Desempenho recente
do setor da Construção
e perspectivas para
os próximos anos
Paulo Macena – Analista Setorial
AllConsulting
O
ano de 2009 começou em Contudo, ainda nos primeiros meses
meio a uma crise financeira do ano, o governo lançou um plano de in-
mundial que trouxe uma série centivo à construção de moradias popu-
de complicações à maioria dos setores lares e criou medidas como a redução de
econômicos no país. Nesse período, o impostos sobre o preço dos materiais de
setor de construção civil sentiu uma de- construção. Essas ações beneficiaram di-
saceleração na atividade, uma vez que retamente a construção civil, que voltou
havia incerteza no mercado. a intensificar seus investimentos.
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A criação do programa habitacional pelo fato de se tratar de ano eleitoral,
“Minha Casa, Minha Vida” deu novo ânimo período em que, historicamente, o go-
ao mercado imobiliário e impulsionou as verno realiza maiores investimentos em
vendas de imóveis nos meses seguintes. obras públicas.
A recuperação da economia do país, Cabe destacar, no entanto, que o
que foi sentida de maneira mais inten- foco das construtoras deverá ser o pri-
sa a partir do segundo semestre do ano meiro semestre do ano, visto que, em
passado, foi muito importante para a ano de eleições presidenciais, um clima
retomada do setor, através da recupe- de incerteza provoca queda na deman-
ração do nível de emprego e do aumento da e na tomada de financiamentos de
da renda da população, pois contribuiu longo prazo.
para aumentar a confiança do trabalha- Além disso, como forma de evitar
dor e, com isso, melhorar os ânimos na aumento de inflação, o governo já de-
construção civil de uma maneira geral, monstrou que a taxa Selic irá subir, o
impulsionando as vendas do setor e as que naturalmente impacta negativa-
contratações de mão-de-obra. mente a venda de imóveis.
Neste último ano, a construção ci- O ganho de participação no mercado
vil apresentou consecutivas melhoras e a conquista de melhores resultados
no nível de emprego. De acordo com o não irão depender apenas do cenário
SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da macro, mas, principalmente, das estra-
Construção Civil do Estado de São Pau- tégias de cada construtora, do estoque
lo) e FGV (Fundação Getulio Vargas), de terrenos que possui e das oportuni-
no acumulado até o mês de novembro, dades que poderá tirar proveito.
o setor apresentou um total de 2,35 De uma maneira geral, podemos in-
milhões de empregados, o que já re- ferir que existirá forte demanda por
presenta um crescimento de 12,8% em serviços de construção no país, po-
relação ao número de empregados ao rém ocorrerá de maneira segmenta-
término de 2008. da e pulverizada no mercado, não se
restringindo apenas ao Sudeste. Obras
Perspectivas para escolares, em hospitais (públicos e pri-
o setor em 2010 vados), em estádios de futebol, refor-
Após encerrar 2009 em alta, a ex- ma e construção de fábricas e hotéis,
pectativa é de que a construção civil construção de espaços culturais, entre
seja o destaque entre os setores que outros, são apenas alguns exemplos
irão gerar vagas em 2010. As contrata- que contribuirão para o aquecimento
ções deverão se manter aquecidas em do setor em 2010.
todos os níveis, desde os primeiros me- Vale frisar que investidores estran-
ses do ano. As perspectivas são de que geiros já estão de olho no país e nas
aproximadamente 200 mil vagas sejam oportunidades que estão surgindo. Mui-
criadas no ano. tos investimentos já estão saindo do
Além da continuidade na contrata- papel. Porém, é essencial que as cons-
ção de funcionários, estima-se também trutoras se antecipem e deem aten-
para o ano de 2010 que o setor deverá ção às demandas que estão nascendo,
apresentar um bom desempenho em re- caso contrário, poderão correr o risco
lação a novos empreendimentos. O mo- do acirramento da concorrência com a
mento favorável se dará em decorrência chegada de novas construtoras ao mer-
dos programas de moradia e também cado, provenientes do exterior.
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Figura 1 - Corrosão dos tirantes da cortina Figura 2 - Parede da cortina com perda de seção
apresentando perda de seção das armaduras com indicação de presença de
cloretos (cor marrom, após aspersão de nitrato
de prata)
melhores práticas
análise e recuperação estrutural
Análise estrutural de
cortina atirantada em
iminência de colapso
devido à corrosão
de armaduras
Fábio Sérgio da Costa Pereira - Diretor
Engecal - Engenharia e Cálculos Ltda
A
Cortina em questão, situada na Av. agressividade IV de acordo com a NB-1, ou
Governador Silvio Pedroza, Praia seja, uma agressividade muito forte com risco
de Areia Preta,Via Costeira, possui de deterioração elevado(agressividade mais
um extensão de aproximadamente 240 m e severa existente). Após nove anos da reali-
encontra-se em contato direto e permanen- zação da última intervenção reparadora em
te com a água do mar e seus respingos, sen- suas estruturas, após vistoria, evidenciou-se
do submetida a ciclos de molhagem e seca- um estado de iminência de colapso estrutu-
ral, devido à grande perda de seção produzi- postos ortogonalmente, fixados em pilares de
da em suas armaduras, partindo-se, então, de sustentação, que recebem amarração de uma
imediato, para a realização de uma avaliação viga corrida. A estrutura da avenida é compos-
completa de suas estruturas, com execução ta de uma viga corrida de maiores dimensões
de ensaios e elaboração de projetos de re- (40 x 70 cm), localizada sob o pavimento, que
cuperação e reforço de suas estruturas com recebe os engastes, tanto na viga em balanço
descrição das metodologias executivas a se- quanto na laje da faixa de rolamento. No topo
rem realizadas, visando, primeiramente, a da cortina há outra viga, denominada viga de
garantia da estabilidade global da estrutura crista, com dimensões de (40 x 50 cm), que
da Cortina e, em segundo lugar, o aumento da possui a função de amarração dos pilares da
vida útil da mesma cortina e sustentação do passeio público, exe-
cutado em laje maciça. Há, ainda, na extre-
2. DESCRIÇÃO midade externa das vigas em balanço, outra
DA CORTINA viga, também corrida, chamada viga de bordo
A estrutura da cortina atirantada consiste com dimensões de (25 x 40 cm), que serve
em uma cortina de 240 m de extensão e 4m de de apoio à laje do passeio. Ao longo da viga
altura, sustentada por pares de tirantes, dis- de bordo existem guarda-corpos em concre-
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Figura 7 - Vigas em balanço com corrosão, Figura 8 - Viga com corrosão, com perda
com perda de seção das armaduras de seção das armaduras
Figura 11 - Vigas em balanço com corrosão, com Figura 12 - Detalhe de viga em balanço com
perda de seção das armaduras corrosão, com perda de seção das armaduras
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polimérica com 1 cm. Com aplicação da tal falta de manutenção dos órgãos públicos
proteção catódica galvânica(tela de e a falta de consideração dos mesmos pelos
zinco) e a argamassa polimérica, a vida cidadãos que podem a qualquer momento
útil da estrutura da cortina terá um serem vítimas de um colapso estrutural, ao
significativo ganho de durabilidade. passarem em cima do calçadão da cortina.
n A resistência especificada para o A análise estrutural realizada concluiu que a
concreto projetado foi de 35 MPa. intervenção de recuperação e reforço estru-
n Os tirantes sem perda de seção, serão tural é urgente e inadiável, visando restabele-
submetidos à limpeza da corrosão, cer as condições da segurança global da corti-
através de hidrojateamento de areia na e também de proporcionar um aumento de
e posterior aplicação de pintura vida útil das estruturas de concreto armado,
anti-corrosiva de zinco, com proteção sem que isso retire a imperiosa necessidade
através de grout expansivo com de, ao longo dos anos, se realizarem manu-
recobrimento de 5 cm (formas). tenções periódicas por parte dos órgãos pú-
n Os tirantes com perda de seção, serão blicos, principalmente pela região altamente
substituídos por novos tirantes com o agressiva em que a obra está inserida.
mesmo diâmetro e mesma profundidade, Em se tratando de Brasil, onde não
com execução de nova protensão. se tem a prática de manutenções (nem
n As fissuras apresentadas na cortina preventivas,muito menos periódicas) pelos
receberão injeção de epóxi a cada 20 cm, órgãos públicos, espera-se que não se faça
em toda sua extensão, com furos de mais uma ação paliativa, e sim uma ação
10 cm de profundidade, com broca de mais duradoura, como foi proposto na aná-
diâmetro de 12.5 mm. lise estrutural realizada, para que se tenha
pelo menos um período com as estruturas
5. Conclusão que compõem a cortina em perfeito estado
O grau de deterioração em que se encon- de conservação, após a realização dos servi-
tram as estruturas da cortina, retratam a to- ços de recuperação e reforço estrutural. n
O
momento atual da Engenharia rabilidade das armaduras frente aos me-
Civil, no Brasil e no mundo, canismos de deterioração mais comuns.
tem se caracterizado por uma Essa nova visão foi também incorporada
grande preocupação com a qualidade e na revisão da NBR 12655:2006 – Concreto
a durabilidade das edificações e obras de Cimento Portland: preparo, controle
em geral, com vistas a contribuir para o e recebimento.
Desenvolvimento Sustentável. A durabili- Ainda com respeito às estruturas de
dade dos edifícios em concreto armado concreto armado, há a necessidade de
só pode ser alcançada se atendido um melhorar e avançar em critérios de pro-
conjunto de requisitos nas etapas de pro- jeto, execução e controle tecnológico
jeto, execução e manutenção. Em cada dessas estruturas; como também em
uma, há propriedades específicas a serem tecnologias de manutenção preventiva
atendidas pelos concretos de cimento e corretiva. O comportamento indese-
Portland, enquanto material estrutural jado, a perda de durabilidade, o sur-
envolvente e de proteção das armaduras gimento de anomalias prematuras e a
de aço carbono, de forma exclusiva, em diminuição do desempenho das estrutu-
concreto aparente, ou integrado a um ras, de uma maneira geral, preocupam,
revestimento espesso de proteção final, devido aos altos custos de restaurações
que é o caso mais comum. ou reparos.
Os avanços conseguidos no Brasil na A qualidade do concreto depende,
qualidade das estruturas de concreto ar- principalmente, da relação água/cimen-
mado aconteceram em função da utiliza- to, da cura e do grau de hidratação, sen-
ção de normas técnicas de projeto, exe- do esses os principais fatores que contro-
cução e produção mais atualizadas; dos lam as propriedades de absorção capilar
documentos de idoneidade técnica e selos de água, permeabilidade, migração de
de qualidade. íons e de difusividade de água ou gases;
A partir da NBR 6118:2003 – Proje- e das propriedades mecânicas, como re-
tos de Estruturas de Concreto e da NBR sistência à compressão, à tração, módulo
14931:2003 – Execução de Estruturas de de elasticidade, dentre outras, e, conse-
Concreto – Procedimento, a questão da qüentemente, a durabilidade das estru-
durabilidade das estruturas passou a ser turas (HELENE, 1998).
tratada de maneira sistêmica, como ne- Tem crescido o número de estruturas de
cessário, e deu ênfase a características concreto armado com manifestações patológi-
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cas, principalmente com problemas de corro- certo limite em relação à concentração de
são de armaduras, como resultado do envelhe- hidroxilas, despassivam a superfície do aço
cimento precoce das construções existentes. carbono e dá inicio ao processo corrosivo.
A resistência da estrutura de concreto à ação A corrosão da superfície das armaduras se
do meio ambiente é muito influenciada pela manifesta pelo aparecimento de manchas,
resistência do concreto aos agentes agressi- fissuras, destacamento de pedaços de con-
vos e pela espessura de cobrimento (HELENE, creto, promovendo a ruína da estrutura.
1998). De acordo com ANDRADE (1997), este As fontes de cloretos nos concretos e
crescimento acontece devido a práticas ina- argamassas podem ser os agregados, a água
dequadas de planejamento, materiais, exe- ou o solo contaminados, o aditivo acele-
cução, utilização, manutenção e pelo efeito rador de pega à base desses íons, os sais
combinado da agressividade ambiental com de degelo, a atmosfera marinha ou a ação
problemas estruturais. direta da água, sendo que a maior incidên-
A corrosão de armaduras no concreto cia de cloretos nas estruturas de concre-
pode ser essencialmente por dois motivos to ocorre em regiões litorâneas. A maioria
principais: fenômeno da diminuição da al- dos problemas gerados pelos íons cloretos
calinidade do concreto, ocasionado pela são provocados pelos íons provenientes do
carbonatação do concreto; e devido à pre- meio ambiente (HELENE, 1993).
sença de cloretos livres no concreto. “A formação do aerosol marinho e o
seu transporte na direção do continente
2. Agentes agressivos representam o início de todo o processo
As manifestações patológicas no con- agressivo frente às estruturas de concreto
creto armado têm na corrosão das armadu- armado no que se refere à ação dos clore-
ras um dos seus principais fatores, que, por tos na região da costa” (MEIRA, 2004).
sua vez, está correlacionado com a ação SWAMMY et al. (1994) citado por MEIRA
dos agentes ambientais, tais como: CO2 e (2004) segmentaram o ambiente marinho
cloretos. Neste trabalho será dada mais em cinco zonas: zona submersa, zona de
ênfase nos íons cloretos, por estarem mais flutuação de maré, zona de respingo, zona
relacionados com o tema do trabalho. de interface solo/respingo e zona de solo,
como pode ser visto na Figura 1.
2.1 Cloretos Os íons cloretos podem ser encontrados
Os cloretos são um dos responsáveis na matriz de concretos ou argamassas de duas
pela despassivação das armaduras, sendo formas: livres na água dos poros e/ou com-
capazes de despassivá-las mesmo em pH binados com o C3A e C4AF do cimento, for-
extremamente elevado. Os cloretos pe- mando os cloroaluminatos e cloroferratos. O
netram no concreto por meio de difusão, somatório de cloretos livres e cloretos com-
impregnação ou absorção capilar de águas binados é denominado de cloretos totais. É
contendo teores de cloreto que, ao supe- consenso geral que apenas os cloretos livres
rarem na solução dos poros do concreto são os agentes nocivos à armadura. Porém,
solucionando problemas
livres, através de reações deletérias, como Pessoa-PB está localizado na praia de Tam-
a carbonatação e a elevação da temperatura baú. Esta estrutura foi construída no ano
do concreto. de 1994, com o objetivo de incrementar
A corrosão causada por íons cloretos é as atividades turísticas da cidade de João
a mais danosa à armadura no que diz res- Pessoa-PB.
peito ao período de iniciação quanto ao O píer é uma estrutura de concreto
de propagação. De acordo com CASCUDO armado com 3,0 metros de largura, que
(1997), os cloretos aumentam a conduti- adentra ao mar numa extensão de 100
vidade elétrica do eletrólito, acelerando metros. Em Dezembro de 2007, os dois
o processo de corrosão e participando da primeiros vãos da estrutura do píer entra-
formação dos produtos de corrosão. Os ram em colapso e ruíram, após 14 anos
mesmos são responsáveis pela corrosão por de sua construção. Na Foto 1, a estrutura
pites (corrosão localizada pontualmente), pode ser vista antes e após ruína.
a qual apresenta grande risco do ponto de
vista das estruturas de concreto. 3.1 Dados da estrutura
O mecanismo de penetração dos íons
cloreto através do concreto, para que cer- 3.1.1 Infraestrutura
ta quantidade chegue até as armaduras, A infraestrutura é constituída por
na forma de cloretos livres, depende de estacas circulares de 30 centímetros
uma série de fatores relacionados, entre de diâmetro, pré-moldadas de concreto
os quais pode-se citar: o tipo de cátion armado, cravadas a 4,0 metros de pro-
associado aos cloretos; o tipo de acesso ao fundidade do leito do oceano e, sacando
concreto; a presença de outro ânion como acima dessa cota, um comprimento de
o sulfato; o tipo de cimento utilizado no arranque variável até alcançar a cota do
concreto, a relação água/cimento, o esta- bloco de coroamento. Para cada bloco de
do de carbonatação do concreto; as con- coroamento existem três estacas, sendo
dições de produção e cura do concreto; a duas laterais inclinadas e a central na
umidade ambiental (condição de satura- posição vertical. Os detalhes podem ser
ção dos poros); e o consumo de cimento. melhor observados nas Figuras 2 e 3.
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no topo das estacas, distantes do solo 3.2 Agressividade ambiental
do oceano de alturas variáveis, possuem A agressividade do meio ambiente está
as seguintes dimensões: relacionada às ações físicas e químicas que
Comprimento – 3,0 m; atuam sobre as estruturas de concreto, inde-
Largura – 0,6 m pendente das ações mecânicas, das variações
Altura – 0,7 m volumétricas de origem térmica, da hidrata-
ção e outras previstas no dimensionamento
n Estrutura do tabuleiro das estruturas de concreto (NBR 6118:2003).
O tabuleiro é uma estrutura retangular O píer de atracação da cidade de João
com dimensões de (3,00x10,0)m. Pessoa foi construído sob os preceitos e re-
A estrutura do tabuleiro é constituída comendações da antiga norma de projetos
de duas vigas longarinas biapoiadas de estruturas de concreto a NBR 6118:1978,
de 10,0 metros de vão e seção de no que diz respeito à durabilidade da es-
(20x70) cm, moldadas in-loco, trutura (proteção às armaduras e especi-
extremidades apoiadas nos blocos de ficação da espessura de cobrimento). Essa
coroamento, através de chapas versão da norma fazia poucas recomenda-
de neoprene. ções à durabilidade.
A laje do tabuleiro possui 15 cm de Levando em conta as recomendações
espessura e dimensão de (3,0x10,0)m, da NBR 6118:2003, a estrutura do píer de-
apoiadas nas longarinas nos lados veria ser classificada na classe de agressi-
maiores e com bordo livre nos lados
menores.
A geometria da estrutura e seus
detalhes podem ser melhor observados na
Figura 4 e nas Fotos 2 e 3.
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ções e aditivos que o da estrutura em
sejam adequados estudo. Porém, na
para resistir à agres- época da constru-
sividade ambiental. ção, esse tipo de
Portanto, para re- cimento era muito
duzir a penetração utilizado na região
de cloretos, são pre- e também não se ti-
feríveis os cimentos nha o conhecimento
com adições tipo CP dos requisitos de
III e CP IV. durabilidade hoje
O tipo de ci- existentes.
mento utilizado não
é o recomendado 3.4 Inspeção
para um ambiente e diagnóstico
marinho altamen- Em Dezembro
te agressivo como de 2007, as vigas
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para verificar se as mesmas apresentam mesmas desmanchavam com um simples
inércia suficiente para um comporta- toque de alicate. O concreto apresentava
mento adequado quanto às deformações. manchas causadas pelos produtos da cor-
Pode-se deduzir que essas deformações rosão, característico da corrosão causada
exageradas existentes nas vigas de 10,0 por cloretos (Foto 10).
m de vão criaram fissuras no concreto, Para identificar as causas prováveis e
que aceleraram responsáveis pelo
a penetração de surgimento do
agentes externos problema patoló-
agressivos, contri- gico existente na
buindo para a pre- estrutura, vários
coce corrosão das ensaios foram pre-
armaduras nessas vistos e realizados
regiões (Fotos 8 e para aprofundar e
9). embasar as con-
As barras de aço clusões de um lau-
não mais apresen- do amplo e com-
tavam à seção de pleto das causas
origem, não exis- dos problemas pa-
tindo mais aderên- tológicos. Na Foto
cia entre a armadu- 11, pode ser visto
ra e o concreto, as parte da inspeção.
onde,
Fcm(t) é a resistência média à compressão
a idade t dias;
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4. Conclusão não era o recomendado para uma
Após todas as considerações e análises estrutura em ambiente com alta
apresentadas nos itens anteriores sobre a agressividade. Seria mais recomendável
estrutura do píer Tambaú, onde se mos- o uso de um cimento com maior
trou, através de fotos e ensaios, o estado porcentagem de adições minerais,
avançado de impregnação de cloretos no tipo CP III e CPIV, para fixar os cloretos;
concreto e de corrosão de suas armadu- n O fator água/cimento do concreto
ras, necessário se faz enumerar os prin- de 0.52 é um valor muito alto para
cipais fatores que levaram essa estrutura produzir um concreto impermeável,
capaz de garantir a durabilidade
de concreto armado, precocemente, a
da estrutura;
tão elevado grau de deterioração e até
n A baixa qualidade do concreto, já que
de ruína.
a resistência à compressão aos 28 dias,
As fissuras encontradas em todos os
simulada pelo CEB – FIP Model Code
vãos das vigas, originadas pela deformação
(1990), não atendeu ao fck especificado
acentuadas das mesmas, foram prepon-
em projeto, comprometeu a
derantes para a penetração dos agentes durabilidade da estrutura.
agressivos e, conseqüentemente, para o A falta de manutenção da estrutura foi
colapso da estrutura. Uma análise estrutu- muito importante para a deterioração pre-
ral mais detalhada não foi possível ser rea- coce da mesma.
lizada devido à perda do projeto estrutural A recuperação da super-estrutura não
pelos responsáveis da construção. é recomendado, pelo elevado custo de
Pode-se destacar, também, para a pene- substituir todas as armaduras com corro-
tração de cloreto e a deterioração precoce são e o concreto carbonatado, bem como
da estrutura, a falta de critérios e requisitos a difícil execução, já que a estrutura está
de durabilidade da norma vigente na época dentro do mar.
da elaboração do projeto estrutural. Com A solução recomendada é a recons-
uma visão mais atualizada da tecnologia dos trução da estrutura, aproveitando a
concretos, pode-se enumerar alguns fatores infraestrutura (estacas), após uma ins-
que podem ter contribuído para a precoce peção detalhada que comprove a capa-
deterioração da estrutura: cidade portante das mesmas e o estado
n O tipo de cimento utilizado, o CP II, de conservação.
solucionando problemas
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projetos de Estruturas de Concreto –
Procedimento. NBR 6118 (2003). Rio de Janeiro, 2004.
[02] ANDRADE, J.J.O. Durabilidade das estruturas de concreto armado: análise das manifestações
patológicas nas estruturas no Estado de Pernambuco. Porto Alegre, 1997. Dissertação
(Mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
[03] CASCUDO, O. O controle da corrosão de armaduras de concreto: inspeção e
técnicas eletroquímicas. São Paulo, Pini, 1997.
[04] HELENE, P. R. L. Controle de Qualidade do Concreto. São Paulo, 1981. Dissertação (Mestrado)
- Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia Civil.
________. Corrosão em armaduras para concreto armado. São Paulo, 1986. PINI: Instituto
de Pesquisas Tecnológicas, 1986. 46p.
[05] ________. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto armado.São Paulo, 1993.
Tese (Livre Docente) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de
Engenharia Civil.
[06] ________. Introdução a Prevenção da Corrosão das Armaduras no Projeto das Estruturas
de Concreto – Avanços e Recuos. Simpósio sobre Durabilidade do Concreto. São Paulo, 1998.
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
[07] JUCÁ, T. R. P. Avaliação de cloretos livres em concretos e argamassas de cimento portland
pelo método de aspersão de solução de nitrato de prata. Goiânia, 2002. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal de Goiás.
[08] MEHTA, P. K. & MONTEIRO, P.J.M. Concreto: Estrutura, Propriedades e Materiais, Pini, 1994.
[09] MEIRA, G. R. Agressividade por cloretos em zona de atmosfera marinha frente ao problema
da corrosão de em estruturas de concreto armado. Santa Catarina, 2004. Tese (Doutorado)
– Universidade Federal de Santa Catarina.
[10] TUUTTI, K. (1982). “Corrosion of steel in concrete”. Swedish Cement and Concrete Research
Institute, Stockholm, 469p. n
n Quantidade de vigas
pré-moldadas
213 vigas
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pesquisa e desenvolvimento
método de avaliação do potencial de corrosão
Inspeção em prédios
no Rio de Janeiro:
corrosão em pilares
M. H. F. Medeiros – Professor Doutor
G. B. Balbinot – Aluno de Iniciação Científica
Departamento de Construção Civil, Universidade Federal do Paraná
O
emprego do método de avaliar o o mais recomendável para o monitoramen-
potencial de corrosão para inspeção to da durabilidade das armaduras de estru-
em estruturas de concreto armado turas de concreto armado.
iniciou-se nos EUA por volta da década de 70, O presente trabalho tem como objetivo
passando a ser muito utilizada tanto neste analisar as medidas de potencial de corro-
país como na Europa nos últimos anos. Uma são relativas ao eletrodo de cobre/sulfato
boa utilidade desse método é o mapeamento de cobre obtidas no trabalho de inspeção
dos valores de potencial de corrosão, pois tais de 4 edifícios residenciais localizados na
mapas possibilitam a identificação de zonas Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. A avalia-
comprometidas e com aço despassivado. ção visa mais especificamente investigar a
O potencial de corrosão pode identificar influência da posição da leitura nos valores
os locais com as condições termodinâmicas de potencial de corrosão.
que viabilizam o início do fenômeno de cor-
rosão eletroquímica das armaduras no con- 2. Detalhamento
creto armado, ainda que esta corrosão não do método
esteja manifestada de forma aparente na O método de avaliação do potencial de
superfície da peça de concreto armado. corrosão compreende o uso de um eletrodo
Atualmente, existem outros métodos de referência acoplado a um voltímetro de
com fundamento eletroquímico que possi- alta impedância, como ilustra a Figura 1. O
bilitam não apenas a identificação dessas ensaio geralmente é realizado em corpos-de-
zonas, mas que também fornecem dados prova ou em estruturas de concreto armado
quantitativos sobre a cinética do processo para o monitoramento ou avaliação pontual,
corrosivo, como, por exemplo, o método no caso de uma inspeção em que não se dis-
de avaliação da velocidade de corrosão por ponha de tempo para o acompanhamento da
impedância eletroquímica ou por resistên- variação das leituras ao longo do tempo.
cia de polarização linear. Dessa forma, é necessário que se tenha
Esse procedimento, que alia a interpre- um eletrodo de referência (geralmente de
tação de valores de potencial de corrosão cobre/sulfato de cobre) em relação aos quais
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cloretos atuam melhorando o movimento
iônico na solução dos poros do concreto,
fundamental num processo de corrosão
eletroquímica.
Por essas razões, a ASTM C 876 especi-
fica que os critérios da Tabela 1 devem ser
tomados com restrições, quando o concreto
estiver muito seco, profundamente carbona-
tado, que tenha uma pintura ou revestimen-
to de filme/película superficial, ou quando
a armadura tiver um revestimento metálico
tipo galvanização ou pintura com epóxi. Em-
bora esse método de potencial de meia-cé-
lula seja muito aplicado, deve-se reconhecer
que não é quantitativo, uma vez que a taxa
de corrosão não é determinada.
A Figura 2 mostra um esquema geral da
seqüência de atividades que compõem o mé-
todo de avaliação do potencial de corrosão.
3. Metodologia
Um trabalho de inspeção é algo muito
mais amplo do que realizar leituras de po-
comparativamente a regiões fissuradas tencial de corrosão. Contudo, este estudo
ou com concreto destacado, ou seja, na tem como foco a avaliação deste método em
fase final do processo (HELENE, 1993). 4 edificações residenciais onde o trabalho de
n Microfissuras – A corrosão eletroquímica inspeção foi realizado de forma completa.
localizada pode ser acelerada ou Na Tabela 2 constam as edificações que
facilitada por microfissuras que também fizeram parte deste trabalho.
reduzem a resistividade iônica do Todos estes edifícios estão localizados
concreto, afetando a medição do na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, e se po-
potencial de corrosão. sicionam a cerca de 700m de distância do
n Frente de penetração de Cloretos – mar. O ambiente onde estão inseridos to-
Segundo Browne et al. (1993), uma dos os quatro edifícios é classificado como
pequena frente de cloretos nas de agressividade forte, de acordo com a
camadas superficiais do concreto pode NBR 6118:2003, classe III.
alterar os valores de potencial para As determinações de potencial de corro-
índices mais negativos, uma vez que os são foram conduzidas nos pilares das edifica-
4. Resultados
4.1 Edifício 1
ções inspecionadas e o local de cada leitura A Figura 4 apresenta os resultados ob-
foi previamente saturado. O procedimento tidos para cada pilar e andar em que as
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[Concreto & Contruções] | 62 |
pesquisa e desenvolvimento
base dos pilares (A2) e o percentual com
os valores mais negativos na região central
pilares (A1). Neste caso ficou demonstra-
do que, em 75% dos casos, os valores mais
negativos de potencial de corrosão encon-
tram-se na base dos pilares.
4.2 Edifício 2
A Figura 6 apresenta os resultados
obtidos para cada um dos 45 pilares
amostrados ao longo dos andares em que
as leituras de potencial de corrosão fo-
ram registradas no Edifício 2. A partir
dela é fácil perceber que este edifício
apresentou uma tendência de resultados
contrária ao obtido para o edifício 1. A
Figura 7 mostra uma visão geral destes
leituras de potencial de corrosão foram resultados evidenciando que, nesta edi-
registradas no Edifício 1. A partir dela é ficação, em 59% dos pilares, os valores
fácil perceber que existe uma tendência de potencial de corrosão mais negati-
de existência de valores de potencial de vos se concentram no meio dos pilares
corrosão mais negativos na base dos pila- (1,5 m de altura).
res desta edificação. Isso fica mais eviden-
te a partir da verificação da Figura 5, que 4.3 Edifício 3
mostra o percentual de pilares com valores As Figuras 8 e 9 indicam mesma ten-
de potencial de corrosão mais negativos na dência de resultados do edifício 1. É im-
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tendência dos resultados dos edifícios
1 e 3, como mostram as Figuras 10 e
11, onde os resultados individuais para
cada pilar inspecionado e o resultado
global deste estudo de caso estão apre-
sentados, respectivamente. Vale desta-
car que para o Edifício 4, a Figura 11
evidencia que em 75% dos casos os valo-
res mais negativos se localizam na base
dos pilares.
5. Discussão
dos Resultados
A Figura 12 apresenta os dados globais
de todas os quatro edifícios avaliados, in-
dicando que 77% de todos os 120 pilares
portante notar que, neste caso, o valor
avaliados ao longo dos quatro trabalhos
de potencial de corrosão na base do pi-
lar é mais negativo do que a leitura rea- de inspeção apresentam valores mais ne-
lizada a meia altura dos pilares em 100% gativos de potencial de corrosão na base
dos pilares inspecionados. dos pilares. Isto é uma parcela bastante
relevante, indicando a alta predominân-
4.4 Edifício 4 cia desta ocorrência no espaço amostral
Finalmente, o Edifício 4 indica a mesma aqui apresentado.
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n 4. Sinergia entre 1, 2 e 3 – A influência que ficaram com sua estrutura exposta
do meio ambiente com o efeito ao intemperismo direto durante mais de
sinérgico dos fatores citados 5 anos.
anteriormente também serve para Com o que foi apresentado nos itens
explicar a tendência dos resultados anteriores, é possível concluir que é in-
encontrados. Se o concreto da base discutível a forte tendência existente
dos pilares apresenta uma maior para existência de valores de potencial
tendência a ser mais poroso pela de corrosão mais negativos na base dos
segregação e dificuldade de adensamento pilares.
devido a alta concentração de Neste trabalho foram montadas algu-
armaduras, é fácil concluir que esta
mas teorias para explicar esta tendên-
será uma região com tendência a
cia, mas uma pesquisa científica com
sofrer mais com a contaminação
a fixação de variáveis não possíveis de
por íons cloretos e pelo dióxido de
serem controladas em campo seria de
carbono. A conseqüência disso é que
grande valia para produzir constatações
estas regiões tendem a sofrer
despassivação do aço mais rapidamente. definitivas nesta área.
Como já foi defendido, esta é também O método de avaliação do potencial
uma região com tendência a maior de corrosão se mostrou um importante
permanência de umidade, o que meio de detectar mudanças no estado
favorece ao desenvolvimento de do aço, ajudando a perceber quando a
corrosão de armaduras. armadura muda do estado passivo para
o estado de corrosão ativa e vice-versa,
6. Conclusões reafirmando este método como uma fer-
Os dados apresentados neste traba- ramenta útil nos serviços de inspeção e
lho são resultado de trabalhos de inspe- avaliação da durabilidade de estruturas
ção de estruturas de concreto armado de concreto armado.
Referências Bibliográficas
[01] BROWNE, R. D.; GEOGHEGAN, M. P.; BAKER, A.F., Corrosion of reinforcement
in concrete construction. Society of chemical Industry. London, 1983.
[02] HELENE, Paulo R.L. Contribuição ao estudo da corrosão de armaduras nas estruturas
de concreto armado. São Paulo, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, Brasil,
1993. (tese de livre-docência)
[06] RINCÓN, O. T.; CARRUYO, A. R.; ANDRADE, C.; HELENE, P. R. L.; DÍAZ, I.; Manual de
inspeccion, evaluacion y diagnostico de corrosion en estructuras de hormigon armado.
RED IBEROAMERICANA XV.B., Rio de Janeiro, 1998. n
Alvenaria estrutural:
vantagens para
o construtor
e a sociedade
Carlos Alberto Tauil – Secretário Executivo
Bloco Brasil (Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto)
A
alvenaria estrutural com blocos bilidade, qualidade garantida por normas,
de concreto apresenta vantagens ensaios e pelo Selo da Qualidade, custos
muito superiores aos novos con- competitivos e benefícios à sociedade.
correntes no mercado, tais como confia- O extraordinário crescimento do
Execução de
alvenaria
no topo
de um dos
edifícios
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Vista de um
mercado imobiliário nos últi- dos edifícios também essa tecnologia é en-
mos três anos tem induzido ao xergada por muitos como uma
correspondente aumento na de- solução. Por isso, é importante
manda por sistemas construtivos que fazer um comparativo em relação a um
aliem economia e qualidade técnica, sistema já bastante desenvolvido no
sempre de olho na equação final clien- Brasil, em todos os sentidos: de nor-
tes satisfeitos e aumento das margens mas técnicas, aperfeiçoamento tec-
de lucro apertadas. Afinal, empreendi- nológico, capacitação de mão de obra
mentos como os desenvolvidos para o e, fundamentalmente, que oferece a
programa Minha Casa, Minha Vida, lan- melhor relação custo/benefício entre
çado pelo governo federal no ano passa- todos, de acordo com pesquisadores de
do e que se propõe a construir 1 milhão universidades e institutos de pesquisa,
de moradias num prazo relativamente técnicos e profissionais da construção ci-
curto exigem controle preciso de todos vil. Esse sistema vem sendo aprimorado
os componentes da planilha de custo e, desde a década de 1970 e chama-se alve-
fundamentalmente, a industrialização naria estrutural com blocos de concreto.
da construção Esse sistema construtivo, que uti-
Nesses momentos de euforia do liza a alvenaria estrutural com blocos
mercado da construção, sempre costu- de concreto, oferece solução eficaz,
mam aparecer “soluções milagrosas”, testada em empreendimentos públi-
que prometem o melhor dos mundos. cos e privados há mais de três décadas
Porém, é importante que construtores e que, ao longo desse tempo, evoluiu
e incorporadores lembrem-se do ve- extraordinariamente. Hoje, grandes
lho ditado que diz que “não há bônus construtoras e incorporadoras, como
sem ônus”. É preciso, portanto, muita Cyrela-Living, MRV , Tibério, Tenda-
cautela e avaliação objetiva dos prós Gafisa, Cyrela, Even, CCDI-Camargo
e contras dos sistemas, especialmente Corrêa Desenvolvimento Imobiliário,
daqueles que ou não foram suficiente- Goldztein, entre diversas outras, de
mente testados, ou não têm tradição pequeno, médio e grande porte, recor-
na cultura construtiva brasileira. Assim rem ao sistema construtivo de alvena-
como aconteceu no auge do chamado ria estrutural com blocos de concreto
“Milagre Brasileiro”, nos anos 1970 e para imprimir métodos produtivos in-
1980, com sistemas de fôrmas metá- dustrializados, diminuir cronograma,
licas como o francês Outinord, agora garantir custos e qualidade.
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rejeitos de canteiro e quase não utili- tual da arrecadação desse imposto vai
zar fôrmas e escoras de madeira. obrigatoriamente para financiar os con-
Além disso, o sistema de alvenaria juntos habitacionais desenvolvidos pela
estrutural com blocos de concreto tem Companhia de Desenvolvimento Habita-
vantagens comparativas importantes, cional e Urbano (CDHU). No total, mais
em relação ao sistema de fôrmas. Ao de 400 mil unidades já foram construí-
contrário deste, que exige elevado in- das, desde 1986, com esses recursos.
vestimento inicial para compra de todo E, fundamentalmente, a construção
o sistema, com o construtor correndo o civil brasileira tem hoje fornecedores de
risco de subutilização, posteriormente, blocos de concreto qualificados, avaliza-
a aquisição dos blocos de concreto é sob dos por instrumentos como o Selo de Qua-
demanda e a custo imensamente mais lidade, fornecido sob critérios rigorosos
baixo. A compra de blocos, assim, pode de inspeção pela Associação Brasileira de
ser programada e interrompida, em caso Cimento Portland, e que vêm investindo
de necessidade. O sistema de alvenaria cada vez mais na ampliação da produção,
estrutural com blocos de concreto tam- com a construção de novas fábricas nas
bém é forte gerador de emprego, por diversas regiões do país. Assim, a alvena-
utilizar mão de obra intensiva, e contri- ria estrutural com blocos de concreto é
bui para a formação de fundos governa- a melhor alternativa – para construtores
mentais específicos para a construção e incorporadores, para seus clientes, que
de moradias populares, como o do go- compram qualidade a custos menores, e
verno paulista, porque paga ICMS – no para a sociedade, pelo seu potencial de
Estado de São Paulo, um ponto percen- emprego e geração de renda. n
Recuperação de
problemas estruturais
gerados no projeto
de fundações em um
edifício de 14 pavimentos
Silvio Edmundo Pilz • Marcelo Fabiano Costella • Cláudio Alcides Jacoski
Mauro Leandro Menegotto • Roberto Carlos Pavan
Rodnny Jesus Mendoza Fakhye – Professores
Área de Ciências Exatas e Ambientais - Unochapecó
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recebidas, ou da expectativa de inconfor- solução viável pode se dar com as chama-
midades, o projetista de fundações deve das estacas injetadas (estacas raiz), já que
solicitar informações geotécnicas comple- esses equipamentos caracterizam-se por
mentares para que sua análise possa ser suas pequenas dimensões, permitindo o
baseada em informações mais fidedignas. acesso a locais com limitações de altura,
Além de um bom projeto de fundações, a como, por exemplo, subsolos de prédios.
análise e previsão do comportamento estru- Este trabalho apresenta as causas que
tural, principalmente quando as fundações levaram quase ao colapso um edifício de
estão apoiadas em solos distintos, deve ser 14 pavimentos, que apresentou recalques
objeto de estudo do projetista da estrutura, totais e diferenciais elevados, e o método
com o uso de técnicas adequadas. Pode-se de recuperação empregado.
citar: a utilização de juntas, que se fazem re-
comendadas em edifícios longos; e também 2. Caracterização
em edifícios com fundações em cotas dife- da obra e do solo
rentes. Além disso, as estruturas devem ter
a verificação do seu comportamento de um 2.1 Características da obra
modo geral, e não somente das peças estrutu- O prédio em que ocorreram as mani-
rais tomadas isoladamente. Um bom critério festações patológicas é dividido por uma
para a verificação da deformação são os valo- junta de dilatação, sendo que, no bloco 2,
res das distorções angulares e a realização de onde ocorreram os recalques, a edificação
análises de interação tem 14 pavimentos.
solo-estrutura. No outro bloco (1),
Constatado o com 13 pavimen-
problema em funda- tos, não ocorreram
ções de uma obra, recalques. O pavi-
deve-se proceder mento a mais no
sua recuperação bloco 2 , destinado
ou reforço. Os re- a vagas de gara-
forços de fundação gens, foi projeta-
representam uma do após terem sido
intervenção no sis- executadas as esta-
tema solo-fundação cas Franki (estaca
existente, visando moldada in loco,
modificar seu de- que consiste na cra-
sempenho. vação de um tubo no solo com o impacto de
O diagnóstico é fundamental para per- queda um pilão numa bucha – tampão – de
mitir uma diretriz adequada na decisão concreto seco) da obra. Este prédio estava
do reforço da fundação. Para chegar a um em fase final de pintura e de início de ocu-
bom diagnóstico, são aconselháveis: pação, quando apresentou problemas nas
n a) inventariar os danos ocorridos para fundações.
quantificar o direcionamento dos Nas regiões onde as cargas nas funda-
movimentos; ções, devido ao pavimento extra, ultra-
n b) executar novas sondagens e/ou passariam a capacidade da estaca ou do
novos ensaios; conjunto de estacas, segundo o projeto de
n c) instrumentar a obra para avaliar fundações, foram previstos pilares adicio-
a magnitude e velocidade das nais, como no exemplo da figura 01, onde
deformações. foi criado o pilar P27A, próximo ao pilar
A solução de reforço de fundação a ser P27. Nesses pilares, a fundação foi execu-
adotada para uma obra poderá ser o refor- tada em perfis metálicos, já que o equipa-
ço das fundações existentes ou execução mento de estaca Franki não se encontrava
de novas fundações, desprezando-se as mais na obra e não haveria disponibilida-
existentes como elemento resistente. Uma de do equipamento por várias semanas.
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presença de argila principal da edifica-
orgânica. Isso leva- ção ser suportado
ria a uma fundação, por somente uma
que, se em estacas, estaca Franki, citan-
atuaria somente com do como exemplo
capacidade de carga os pilares P10, P17,
de ponta, sendo pra- P23 e P27 (figura 3),
ticamente desprezí- que, mesmo a es-
vel a capacidade de taca tendo um diâ-
carga lateral das es- metro considerável
tacas. (Ø 52cm), maximiza
Numa análise a possibilidade de
da sondagem foi que um erro execu-
verificado, poste- tivo em uma destas
riormente, que a estacas, tal como o
capacidade total apoio de base estar
admissível de uma sobre um matacão
estaca Franki com ou em falso topo ro-
Ø 52cm seria de, no choso (como de fato
máximo, 450kN. Porém, considerando as ocorreu), ocasione recalques ou até ruptura
cargas atuantes nas fundações dos princi- das fundações.
pais pilares envolvidos nas manifestações
patológicas, há várias estacas com carga 3. A ocorrência
atuante de mais de 1300kN e até 1500kN. dos recalques e
Os carregamentos verticais atuantes manifestações
nas fundações, em alguns pilares, estavam patológicas
assim distribuídos: Vinte dias antes da manifestação prin-
P09 = 2135 kN P10 = 1475 kN P17 = 1375 kN cipal ocorrer, foi verificada pelos enge-
P18 = 3330 kN P19 = 2630 kN P23 = 1355 kN nheiros da empresa construtora a pre-
P27 = 1650 kN P30 = 3345 kN P31 = 2220 kN sença de pequenas fissuras em algumas
Outra constatação, que, se não é um paredes dos apartamentos. Em presença
erro, mas uma temeridade, foi o fato de ha- do projetista da estrutura, um breve diag-
ver um grande número de pilares do corpo nóstico foi o de que essas fissuras muito
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já se iniciaram os procedimentos de recu- do bloco de fundação em função do recal-
peração emergencial do mesmo, apresen- que diferencial entre as estacas do mesmo
tava fissuras indicativas de ruptura pelos bloco (figura 11 e figura 12). Observa-se
esforços combinados de compressão, fle- nesta figura que as barras de contenção se
xão e torção, esta originada pela rotação deformaram, devido a continuidade da
ocorrência dos recalques.
Ao final do terceiro dia, quando foi fina-
lizado o escoramento em dois andares do
bloco 2, os recalques se estabilizaram.
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sidade de armadura de reforço. A espes-
sura deste reforço foi de 10 cm em todas
4.3 Recuperação do pilar P19 as faces e o concreto utilizado teve re-
A recuperação do pilar P19 foi execu- sistência de 60 MPa(figura 17).
tada em duas etapas: uma antes da exe- A segunda etapa de reforço também
cução dos reforços de fundações pelo risco se constituiu de laminas de aço soldados,
do colapso estrutural do mesmo; e outra para combater os esforços de torção, e
posterior ao reforço das fundações. ferragens longitudinais e transversais adi-
Na primeira etapa de reforço foram
colocadas barras de aço soldados (figura
11), para combater os esforços de tor-
ção, e pré-cintamento do pilar, com-
plementadas com ferragens adicionais
longitudinais armadas e nova armadura
de cintamento. A concretagem do pilar
foi efetuada com microconcreto de alta
fluidez, para que pudesse penetrar nas
fendas e falhas do pilar, e devido à den-
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pesquisa aplicada
ensaio acelerado brasileiro
Reação álcali-agregado
– Método Acelerado
Brasileiro de Prismas
de Concreto (ABCPT)
Leandro Sanchez – MSc – Doutorando
Université Laval
M
uitos são os métodos de ensaio de seixo de quartzo de Três Lagoas, basalto
laboratório que vêm sendo atual- de Americana, basalto de Birigui, milonito
mente utilizados na prevenção de Recife e calcário de Spratt, Canadá). Os
da reação álcali-agregado (RAA). Dentre agregados foram testados pelos métodos AB-
estes, destacam-se: a análise petrográfica, CPT e CPT e, após a confecção dos ensaios,
preconizada pela NBR-15577-3 ou ASTM C uma análise comparativa entre os métodos
295; o método acelerado de barras de arga- foi realizada. Paralelamente aos ensaios de
massa (AMBT), preconizado pela NBR 15577- expansão, foi feita a análise petrográfica
4 ou ASTM C 1260; e o método de prismas das amostras. Os resultados indicam que
de concreto (CPT), preconizado pela NBR o ABCPT demonstra grande potencial para
15577-6 ou ASTM C 1293. Entretanto, ainda utilização na análise e classificação de agre-
não existe um ensaio que seja consenso no gados em obras correntes de engenharia,
meio técnico/científico no que diz respeito apresentando grande correlação com o mé-
à sua confiabilidade e eficiência. Este tra- todo CPT (método mais confiável existente
balho apresenta a tentativa de desenvolvi- na atualidade). No entanto, para a sua real
mento de um novo método de ensaio acele- comprovação, torna-se muito importante a
rado denominado ABCPT (método acelerado realização do ensaio com um maior número
brasileiro de prismas de concreto), com o de amostras de diferentes litologias.
intuito de que este possa, de maneira confi-
ável e em apenas trinta dias, analisar e clas- Palavras-chave: Reação álcali-agregado,
sificar agregados mediante a sua potencial métodos de ensaio, método de prismas de
reatividade em laboratório. Para o desen- concreto (CPT), método acelerado brasi-
volvimento desta pesquisa, foram utilizados leiro de prismas de concreto (ABCPT).
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2. Desenvolvimento de n A diluição dos íons alcalinos dos
métodos acelerados prismas de concreto imersos em água
de prismas de concreto faz com que suas expansões sejam
menores do que às dos prismas
Muitos pesquisadores tentaram desen- imersos em solução (tanto de NaOH
volver ensaios acelerados em concreto, quanto de NaCl) e dos prismas
através do aumento de temperatura do en- submetidos à 100% de umidade relativa
saio de prismas de concreto convencional em qualquer idade analisada. Portanto,
(CPT). No entanto, a lixiviação ocorrida a imersão em água não é uma forma
nestes ensaios, devido ao ambiente de ar- eficiente de acelerar o ensaio;
mazenamento proposto pela norma ASTM C n Prismas de concreto imersos em NaCl
1293, distorcia a resposta dos mesmos. podem gerar formação de cloroaluminatos
Por acreditar que ensaios realizados (mecanismo expansivo), que, por sua
em concreto representam de maneira mais vez, podem superestimar suas expan
fiel as condições que um agregado normal- sões, distorcendo a resposta do ensaio.
mente encontra em campo e, tentando LEE, LIU & WANG (2004) desenvolveram
combater o fenômeno da lixiviação, alguns um método acelerado de prismas de con-
pesquisadores decidiram testar imersões creto imersos em solução a 80°C (ACPST).
de prismas de concreto (semelhantes aos Neste ensaio, os corpos-de-prova são dosa-
utilizados no método CPT) em soluções de dos de acordo com o método CPT (ASTM C
NaOH, NaCl ou, ainda, em água a 80oC (BE- 1293), no entanto, o ambiente de armaze-
RUBÉ, FRENETTE, 2003). namento e o procedimento operacional são
Shayan et al. desenvolveram um ensaio realizados de acordo com o método AMBT
acelerado a 80°C onde os corpos-de-prova (ASTM C 1260).
são confeccionados de maneira similar ao No desenvolvimento deste ensaio, fo-
CPT, (tendo um equivalente alcalino supe- ram testados 22 agregados que se encon-
rior - 1,35% de Na2Oe), sendo desmoldados tram na China e seus resultados foram
após 24 horas e curados em câmara úmi- comparados com o método CPT. Os pesqui-
da durante três dias. Após este período, sadores concluíram que a correlação entre
os prismas são imersos em uma solução de os métodos CPT e ACPST aos 3 meses é ex-
NaOH-1N. Os autores adotaram o período celente (0,90), muito embora a correlação
de 14 dias para análise das expansões dos a 1 mês já seja satisfatória (0,89).
prismas e o limite de 0,062% foi escolhido Embora o ensaio tenha sido bastante
para a classificação da potencial reativida- inovador, segundo os próprios autores, este
de dos agregados. Segundo os idealizadores vem se mostrando um pouco severo quando
do ensaio, a correlação de seus resultados comparado com o CPT, assim como com o
com o método CPT e com o desempenho desempenho em campo de concretos con-
em campo de concretos confeccionados feccionados com um mesmo agregado.
com um mesmo agregado não foi satisfató-
ria (LEE, LIU & WANG 2004). 3. Método acelerado
BERUBÉ & FRENETTE (2003) estudaram brasileiro de prismas
prismas de concreto similares ao CPT imer- de concreto (ABCPT)
sos, a 80o C, em soluções de NaCl e NaOH O método ABCPT, proposto pelos auto-
(com diversas concentrações); imersos res deste trabalho, foi desenvolvido devido
em água; e expostos à umidade relativa à necessidade da análise e classificação da
(100%). Após análise dos resultados, os au- potencial reatividade de agregados em la-
tores concluíram que: boratório de maneira rápida e eficiente.
n Em 1 mês, prismas de concreto imersos Baseando-se nos trabalhos previamente
em NaOH já podem ser avaliados e, descritos, pôde-se perceber que a imersão
sendo assim, os agregados já podem ser de prismas de concreto em soluções extre-
classificados mediante a sua potencial mamente alcalinas em altas temperaturas
reatividade; pode, em determinados casos, gerar re-
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Análise petrográfica dos de acordo com a dosagem do método CPT
A análise petrográfica foi realizada de (ASTM C 1293). Após a confecção, os prismas
acordo com a norma NBR 15577-3. foram armazenados por 24 horas em câmara
úmida, sendo então desformados e imersos em
Método CPT solução de NaOH - 0,3125 N a 80°C. Os prismas
O método CPT foi realizado de acordo permaneceram imersos em solução durante 28
com a norma NBR 15577-6. A resposta do dias. Leituras semanais foram realizadas.
ensaio em uma idade considerada é dada
pela expansão média de três corpos-de- 5. Resultados
prova de concreto.
5.1 Análise petrográfica
Método ABCPT
Foram confeccionados dois corpos-de-pro- A Tabela 1 mostra os resultados da análise
va de 7,5 x 7,5 x 28,5 cm com os seis agrega- petrográfica de acordo com a NBR 15577-3.
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(“um” e “dois”) de maneira perpendicu- parativa entre os métodos CPT e ABCPT
lar aos seus eixos, divide-se o gráfico em (28 dias).
quatro quadrantes. O primeiro e tercei- Pode-se perceber que todos os agrega-
ro quadrantes são regiões de discórdia dos seriam classificados da mesma maneira,
de classificação de agregados mediante se a classificação fosse feita através do CPT
dois métodos, ou seja, caso um agrega- e ABCPT, respectivamente a 1 ano e 1 mês
do se encontre nestas regiões significa (28 dias), mostrando este último bastante
que os dois ensaios que o testaram não potencial. O coeficiente de correlação (R2)
o classificam da mesma maneira. Caso o entre ensaios pode ser considerado bastan-
agregado permaneça no segundo ou no te razoável (0,89 ou 89%), principalmente
quarto quadrante, existe boa correla- em se tratando de ensaios acelerados.
ção entre dois métodos analisados, ou Como o método de ensaio é extremamen-
seja, o agregado foi classificado equi- te recente, sugere-se que este seja testado
valentemente mediante os dois ensaios. com mais agregados para sua futura confir-
A Figura 3 apresenta uma análise com- mação. A Tabela 4 mostra a classificação geral
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2008. n
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13 a 17 de outubro de 2010
IBRACON TEMAS
O IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto é
uma organização técnico-científica de defesa e 1 – Gestão e Normalização
valorização da engenharia. Seu objetivo é (Management and Standardization)
proporcionar aos profissionais e empresas da 2 – Materiais e Propriedades
(Materials and Properties)
cadeia de produção do concreto e de seus
3 – Projeto de Estruturas
materiais constituintes conhecimentos e
(Structural Design)
informações que assegurem a qualidade, a 4 – Métodos Construtivos
durabilidade, a segurança e a sustentabilidade no (Construction Methods)
setor construtivo. 5 – Análise Estrutural
(Structural Analysis)
Para esse fim, realiza cursos, eventos e 6 – Materiais e Produtos Específicos
certificação de pessoal; edita publicações e (Specific Products)
revistas; promove comitês técnicos; e incentiva a 7 – Sistemas Construtivos Específicos
divulgação de pesquisas científicas e (Specific Construction Systems)
tecnológicas.
DATAS IMPORTANTES
Feira Brasileira das Construções
em Concreto – FEIBRACON Envio de Resumos até 15/03/2010
A feira vai reunir empresas nas áreas de energia, Aceitação de Resumos até 19/03/2010
construção, materiais e produtos construtivos, Envio de Artigos até 28/05/2010
ferramentas e equipamentos numa área de
Aceitação de Artigos até 25/06/2010
exposição no 52º Congresso Brasileiro do
Concreto. Além de seus produtos e serviços, as Envio de Revisão de Artigos até 23/07/2010
empresas têm a chance de oferecer palestras Evento 13 a 17 de outubro de 2010
técnico-comerciais aos participantes (categoria
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