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Ano 3 | n° 3 | 2014

1.500 pessoas
no maior encontro do setor
O maior encontro de operadores regionais de internet e telecomunicações
da América Latina aborda temas técnicos e regulatórios relatados com
exclusividade nesta edição

Fibra óptica | Financiamento | Infraestrutura | Postes | Regulamentos | IPv6 | Marco Civil


2
3
editorial

Basílio Perez
Presidente da Abrint

A pesquisa realizada anualmente pelo CGI. culo de maior dimensão. Conseguimos avanços
br sobre a internet identificou pela primeira vez com o PGMC, mas o sistema ainda não oferta insu-
que mais de 50% da população já tiveram contato mos em condições favoráveis aos operadores re-
com a rede mundial de computadores. O deta- gionais. Chamamos a atenção dos órgãos públicos
lhamento do resultado revela que quanto maior a para o disparate dos valores praticados para o alu-
escolaridade, maior é o percentual de pessoas que guel de postes, mas os entendimentos caminham
utilizam a rede. para um valor de referência que divide o setor.
A proporção se agiganta também quando o com- Reivindicamos acesso ao leilão de espectro para
parativo passa a ser a renda familiar. O percentual operarmos com frequência própria e recebemos a
de pessoas que têm acesso à rede é predominante promessa de que em 2014 a teremos.
nas classes A e B (98% e 80%, respectivamente). Na Nós demonstramos ao mercado e ao setor go-
classe C o percentual é de 39% e nas D e E é de 8%. vernamental que a demanda reprimida demonstra-
A internet é o meio que aproxima os seres hu- da na pesquisa do CGI.br nos interessa. Os obstácu-
manos, que proporciona a realização de negócios los geográficos, aos quais a dificuldade de acesso
e abre oportunidades. É, paradoxalmente, tam- é atribuída, nós temos condições de transpor. Nos
bém o abismo que os separa. Existem na sociedade interessa ofertar internet na zona rural, e existe de-
aqueles que desfrutam dos benefícios e oportuni- manda. Nos interessa oferecer internet nas grandes
dades da internet. E também aqueles que sequer cidades, e há áreas que precisam de nós.
sabem do que estamos falando. Os operadores regionais têm, dentre suas carac-
Nós, operadores regionais de acesso à internet, terísticas, o fato de acreditarem em seus negócios
sabemos que existem formas de conectar todos de tal forma que investem parte de suas receitas
à rede, usando tecnologia e investimento com- na ampliação da rede. A constatação é de Arthur
patíveis. Diferentemente das empresas que detêm Coimbra, do Minicom.
PMS, porém, não acessamos linhas de crédito dife- A Abrint trabalha para que a característica prin-
renciadas e enfrentamos obstáculos violentos no cipal dos provedores regionais seja a capacidade de
nosso cotidiano. atender à demanda reprimida e promover uma ver-
No atual período, a infraestrutura é o obstá- dadeira revolução tecnológica no Brasil.
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expediente

Abrint
Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações
SCS Q1, Bloco L, Sala 407, Ed. Márcia, CEP 70307-900 Brasília/DF
Telefones: (61) 3024-8985 | (11) 3522-9505

Diretoria da Gestão 2014/2015


Diretoria Executiva
Presidente Basilio Rodriguez Perez
Vice-presidente Diógenes Marodim Ferreira
Diretor administrativo Euclydes Viera Neto
Diretor de comunicação e marketing Marcelo Barbosa Couto
índice Diretor financeiro Mauricélio Lucas de Oliveira Júnior
Diretor de projetos Israel Arruda Neto
Diretor de regulação e legislação Kleber de Albuquerque Brasil
Diretor de relacionamento com associados Breno de Castro Laranjo Vale
Diretor técnico Marcelo Corradini
06 Rumo à fibra ótica
Conselho Fiscal
Jackson Antônio Castro Almeida
12 Planejamento: a chave para o sucesso do negócio Julinayde Adorno Souza
Múcio Camargo de Assis Filho
14 Mapa dos associados da Abrint Suplentes
Lacier da Costa Dias Junior
15 Fotos do 6º ISP Ricardo Galdiks Gardim
Samyr Musse Moreira Bechelane
20 Marco Civil, o primeiro e mais difícil passo Conselho Consultivo
Presidente: Wardner Maia
22 O acesso à infraestrutura
Vice-presidente: Erich Matos Rodrigues
Membros do Conselho Consultivo
26 Análise
Alonso Oliveira Neto
André Felipe B. Rodrigues
Átil Gallarreta Faviero
28 IPv4 acabou e agora? Carlos Ariel Guarisco Ferreira
César Miguel Canavezzi
29 Novas regras de atendimento ao consumidor Edson Xavier Veloso Júnior
Eliana Maria Simioni
Evandro Antônio Ramos Terra Varonil de Sousa
30 TV por assinatura chega aos ISPs Luis Fernando dos Santos
Marcelo Ladwig Watson Coelho
Rosauro Baretta
Sidnei Batistela
Abrint
Conselho Editorial: Basilio Perez, Diógenes Ferreira, Erich Rodrigues
Mattos e Wardner Maia
Coordenação:
Recria – Rua Augusto Veraldi 79, Jardim Laranjeiras
Palestrantes 6º ISP CEP 14711-040 Bebedouro/SP
Fones: 17 3044.0003 | 98168.6769
Responsável: Regina Barros
Abraão Balbino e Silva, da Anatel Felipe Wilhelms Damasio, da Taghos
Adeílson Evangelista, da Anatel Giovana Labegalini, da Furukawa Coordenação Editorial:
Alessandro Molon, deputado e Hartmut Glaser, do CGI.br Texto & Cia Comunicação – www.textocomunicacao.com.br
relator Marco Civil Hernán Seoane, do Cabase/ Fone: 16 3916.2840 - contato@textocomunicacao.com.br
Alex Jucius, da NeoTV Argentina Editores: Blanche Amancio – MTb 20907 e Daniela
Américo Tristão, do Minicom Israel Arruda, da Fasternet
Artur Coimbra, do Minicom
Antunes – MTb 25679
Jorge Salomão, do P&D Brasil
Basílio Perez, presidente da Abrint Luiz Paulo Costa Silva, da Volare Colaboração e editoração eletrônica: Bruna Zanutto –
Carlos Buzogany Jr, gerente de Consultoria MTb 73044
outorga da Anatel Luiz Vergueiro, gerente comercial da
Clovis de Barros Filho, consultor região de SP da Telebras Tiragem: 5.000 exemplares
Edson Veloso, da Klisa Telecom Peter Franz Woiblet Jr, do BCMG Impressão e Fotolito: Quatro Pontos Gráfica Digital Ltda.
Eduardo Grizendi, da RNP Raquel Gatto, do Isoc Fotos do 6° ISP: Bruno Carrara
Eduardo Tude, do Telecom Rodrigo Zerbone, conselheiro Anatel
Edwin Cordeiro, do Nic.br Wardner Maia, do conselho da Abrint não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os
Felipe Roberto de Lima, da Anatel Abrint e do Lacnic mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.
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Rumo à
6

fibra ótica
Abrint defende
investimento de R$
9 bilhões para levar
internet com operadores
regionais para 40
milhões de pessoas
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A té dezembro de 2014, o Brasil deverá


ter 7 mil provedores regionais cadas-
trados no Sistema de Coleta de Informa-
ções (Sici) da Anatel, segundo Luiz Ver-
gueiro, gerente comercial do escritório
regional de São Paulo da Telebras. Até
fevereiro de 2014, foram contabilizados
no Brasil 3.986 provedores de acesso à
internet em operação.
Um estudo feito pela Abrint mostra que
se forem mantidas as características atuais
das infraestruturas utilizadas pelos prove-
dores regionais de acesso, a capacidade
instalada é suficiente para operar até 2018.
Entretanto, a necessidade de aumento da
velocidade e de melhor qualidade do ser-
viço é incompatível com a tecnologia de
radioenlace, utilizada pela maioria dos pro-
vedores regionais, que também tem redes
de cabos de cobre e coaxial.
A principal conclusão do 6º ISP, o en-
contro nacional de provedores regionais
promovido anualmente pela Abrint, está
expressa no estudo da entidade: os pro-
vedores devem investir em fibras ópticas
para consolidar a vocação de agente de
interiorização da internet no país. Para
isso, devem investir mais de R$ 9 bilhões
em infraestrutura. Com essa perspectiva,
em cinco anos os provedores querem co-
brir o país com fibras ópticas.
“O volume real é muito superior, uma
vez que a internet exerce forte impacto
econômico nas comunidades, fomentan-
do negócios e abrindo oportunidades. In-
vestir no acesso à internet hoje é tão ou
mais importante do que investir em estra-
das”, observa Erich Rodrigues, vice-presi-
dente do Conselho Consultivo da Abrint.
O estudo contempla 2.739 municípios
brasileiros, com até 100 mil habitantes, que
são atendidos por 1.500 empresas do setor
de telecomunicações. A realidade desse
mercado empurra os provedores para in-
vestimentos na modernização das redes. É
o que devem fazer para competir com as gi-
gantes do setor, que têm acesso a condições
diferenciadas de financiamento.
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Distribuição de Acesso por Tecnologia - Japão


Características
50.00%
Arthur Coimbra, diretor do Departa-
45.00%
mento de Banda Larga do Ministério das
40.00%
Comunicações, afirmou, no 6º ISP, que a LTE
35.00%
confiança em seus próprios negócios é Wimax
30.00%
FTTH
reconhecida pelo governo como uma das 25.00% DSL
principais características dos provedores 20.00% Cable Modem
regionais, uma vez que investem parte da 15.00%
receita na ampliação das redes e em in- 10.00%
fraestruturas próprias. 5.00%
O estudo da Abrint conclui, porém, 0.00%
que o governo federal deve adotar uma
Fonte: Ministry of Internal Affairs and Comunications, Japan
política pública de estímulo à migração
para redes ópticas com modelos de fi-
nanciamento compatíveis com as caracte- Além do acesso a condições diferencia- com algumas contrapartidas para viabilizar
rísticas financeiras desses empresários. O das de investimento, o sucesso do projeto a negociação, como a identificação de pro-
documento exemplifica: no Japão foram depende também da implantação de back- vedores nas localidades onde ninguém se
necessários 15 anos de estímulo governa- bones ópticos até as cidades escolhidas, que manifestar, buscar empresários interessa-
mental para alcançar 47 milhões de aces- são apontadas como mercados promissores dos em localidades menos atrativas comer-
sos fixos à banda larga, a maior parte pela Abrint. A associação já encaminhou cialmente, contemplando municípios que
usando redes de fibras ópticas FTTH. a proposta ao governo e se comprometeu tenham a partir de 15 mil habitantes.

Cidades Digitais
Para Américo Tristão, diretor do Departamento
de Infraestrutura para Inclusão Digital do Ministério
das Comunicações, redes de fibra óptica são essen-
ciais para o projeto das Cidades Digitais, que já se-
lecionou 262 municípios com até 50 mil habitantes. Apoio do governo pode
Ele pondera que não é possível prever hoje o que vai
trafegar pela rede em uma ou duas décadas. Mas, oferecer cobertura
é possível garantir a estrutura para isso. O projeto de qualidade a 15
Cidades Digitais pretende oferecer acesso à internet
milhões de domicílios
para os serviços públicos e promover desenvolvi- Américo Tristão
mento dos municípios por meio da tecnologia. Em 2013, foram incluídos municípios com brasileiros
menos de 50 mil habitantes – o que eleva para 340 cidades com 6 milhões de habitantes
no total e que abrigam 3 mil escolas públicas aproximadamente. A expectativa é chegar a 6
mil quilômetros de fibra óptica nesse cenário. 40% dos municípios brasileiros são atendidos
por fibra óptica; outros 60% ainda não.

Expositores do 6° ISP
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Hoje
Arthur Coimbra sugere três linhas de
financiamento adequadas para atender às
necessidades dos provedores, porém com
limitações. O cartão BNDES é uma delas e é
indicado como solução imediata. Há, ainda,
o BNDES Automático e o BNDES Finame
para equipamentos. Essas linhas são dis-
ponibilizadas para empresas consideradas
de médio porte, com faturamento de até
R$ 90 milhões. Mas, Arthur reconhece que
sabe apenas de uma empresa brasileira que
possui Cartão BNDES com o limite máximo,
que é de R$ 1 milhão. “A média varia de R$
200 mil a R$ 300 mil”. Além disso, o BNDES
Automático, que tem taxas parecidas com
cussão para definir se fibra óptica poderia
Finame e é acessado por meio de outros
ser caracterizada como equipamento ou
agentes financeiros (bancos credenciados),
não mas, isso já foi superado e agora com
não tem nem um caso de financiamento
o Finame é possível financiar fibra óptica”.
aprovado para provedores regionais, se-
A associação pleiteia ir além da aquisição
gundo Coimbra.
de insumos e abrir caminhos para investi-
mentos em rede, do projeto à instalação.
Duas soluções são defendidas pelo
Ministério das Comunicações, segundo
Coimbra. A primeira é que possam aceitar
recebíveis como garantia. O financiador
alega dificuldade de obtenção de infor-
mações claras dos provedores regionais e
“isso nos leva a uma última solução que
é, provavelmente, a que vamos encami-
nhar”, explica. Segundo ele, as discussões
são no sentido de criar uma linha de fi-
nanciamento específica para provedores
regionais e também um fundo de aval,
com critérios mais práticos para cobrir
Arthur Coimbra
eventual inadimplência.
A inserção da fibra óptica no Finame “Os problemas do setor estão mais
é considerada uma vitória, por Coimbra conhecidos hoje e soluções estão sendo
e também pela Abrint. “Houve uma dis- encaminhadas paulatinamente”, afirma.

Técnico em Minas Gerais implanta rede de fibra óptica

Expositores do 6° ISP
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Oportunidade: conectar
universidades
Infraestrutura
Luiz Vergueiro, gerente comercial do es- Eduardo Grizendi, diretor de Engenharia e
critório regional de São Paulo da Telebras, Operações da Rede Nacional de Ensino e Pes-
afirma que a empresa investe, a partir quisa (RNP), afirma que o projeto Veredas Novas
deste ano de 2014, em uma estratégia co- é oportunidade de novos negócios para prove-
mercial que a faz mais próxima do mercado dores de acesso em todo o país. O objetivo é
brasileiro. A Telebras já inaugurou escritórios conectar todos os campi de universidades e ins-
em algumas capitais, como a cidade de São titutos tecnológicos do interior do Brasil, uma Eduardo Grizendi
Paulo, objetivando prestar atendimentos re- iniciativa dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, Educação e Comu-
gionalizados. O foco é atender as demandas nicações, em parceria com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
do governo e dos ISPs, priorizando os pro- Federais de Educação Superior e Conselho Nacional das Instituições da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
A meta é ampliar a infraestrutura de acesso à rede de educação e pesquisa
brasileira, elevando para até 1 Gb/s a velocidade de conexão dos campi das uni-
versidades localizadas no interior do país. Para isso, a RNP prevê cessão de fibras
em redes metropolitanas da Rede em troca de manutenção ou construção con-
junta de rotas urbanas, intraestaduais e interestaduais. Até 2013, segundo ele,
havia 84 circuitos em 4 Mb/s. “Estou falando de circuitos que atendem campi
de instituições de ensino”. Para Grizendi, o desafio é levá-los para o mínimo de
20 Mb/s, de forma escalonada, até 100 Mb/s. Para o caso de instituição-sede,
a contratação é de 1 Gb. “E digo que um ou outro de vocês [provedores] já está
nos atendendo com 1 Gb, como é o caso da cidade de Pelotas [RS]”, conta.
A região norte do Brasil é uma área crítica para o projeto. Mas Grizendi con-
sidera que há provedores com excelente estrutura e que não são conhecidos.
“Temos de oportunidade, além da contratação de circuitos, a implantação de
rede metropolitana em São Carlos, Campinas e São José dos Campos [no estado
Luiz Vergueiro de São Paulo]. O objetivo é interligar até 2014 todas as instituições usuárias da
RNP no interior – os campi em 100 Mb/s e as sedes em 1 Gb/s”.
jetos de cabos submarinos e do satélite de
Banda K. A Telebras tem bakbones e back-
hauls em todo o território nacional. Fortale-
cer a própria rede atende a metas comerci-
ais – de preços, competitividade e ampliação
do acesso à internet – mas, também tem O que queremos
foco em objetivos políticos. “Desde aquele
episódio da NSA [Agência de Segurança Na- • financiamento com carência e prazo de amortização
cional dos Estados Unidos], nós recebemos condizentes com investimentos em telecomunicações
uma determinação: o governo quer rodar • cidades servidas por backbones ópticos
os interesses governamentais em uma rede • rede nacional para oferta de serviços baseados em vídeo e
mais segura e tem que ser uma rede gover- disponibilizados nos backbones
namental. A Telebras vai propiciar essa rede
para o governo”, explica Vergueiro.

Expositores do 6° ISP
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12

Planejamento:
a chave para o sucesso do negócio
Premissa do estudo é o acesso ao financiamento

O plano de negócios do operador que


pretende oferecer serviços de inter-
net, TV por assinatura e telecomunicação
Plano de negócios da rede FTTH

deve partir de um mapa econômico e so- Definição de


Serviços
cial da região de interesse. Luiz Paulo Costa
e Silva, da Volare Consultoria, lista os três
Características Características de Área Geográfica
passos seguintes a esse: arquitetar a rede Consumo
Técnicas de Interesse
de tal forma que possa otimizar recursos de
banda e equipamentos, quantificar o inves-
Tecnologias e Pacotes de Demanda Base de Dados
timento em rede e prever o investimento Arquitetura Serviços Potencial Domicílios e
na operação. Empresas
A qualificação da demanda pelo serviço
Segmentação de Market
é uma das importantes variáveis a serem
Área em Módulos Share
listadas para determinar se o investimento
será viável. Silva avalia que, no caso da in-
Modelo de Custos
ternet, o capital pode ser recuperado em Investimentos
Implantação Operacionais
um prazo de até cinco anos. Uma projeção
feita por ele demonstra, por exemplo, que
Receita
quanto mais pessoas viverem em um mes-
mo domicílio, a renda familiar mínima não
Resultados
sofre grande alteração para comportar o
custo pelo serviço, viabilizando a oferta de
mais banda e velocidade.

Renda domiciliar mensal mínima para consumo de pacotes de serviços - R$


Pacotes Preço pacote Número de moradores
serviços serviços
1 2 3 4 5 6 7
INT 1 R$ 90 R$ 1.125,00 R$ 1.510,81 R$ 1.645,73 R$ 1.862,46 R$ 2.066,08 R$ 2.243,89 R$ 2.407,95
INT 2 R$ 110 R$ 1.375,00 R$ 1.568,81 R$ 1.703,73 R$ 1.920,46 R$ 2.124,08 R$ 2.301,89 R$ 2.465,95
INT 3 R$ 130 R$ 1.625,00 R$ 1.649,33 R$ 1.724,73 R$ 1.941,46 R$ 2.145,08 R$ 2.322,89 R$ 2.486,95
INT 4 R$ 170 R$ 2.125,00 R$ 2.149,33 R$ 2.175,97 R$ 2.206,32 R$ 2.240,15 R$ 2.378,79 R$ 2.542,85

Expositores do 6° ISP
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A projeção de Silva leva em consideração
Piauí
a implantação de uma rede de FTTH, cujo União
cronograma deve atender a etapas prolonga-
das por dois anos. O custo mais significativo Sou técnico em eletrônica e
refere-se ao aluguel de postes. Os gráficos de trabalhei muito tempo com isso.
receita e custo operacional demonstram que Em 2004, abri uma lan house na
o investimento em redes de FTTH, planejado minha cidade, União-PI. Quando
de forma consistente, é viável.
comecei, cobrava R$ 79 do cliente
e para levantar a primeira torre,
Luiz Paulo Costa e Silva
de 21 metros, no terreno do meu
sogro, tive que fazer empréstimo
no meu nome, no nome da minha
Receita mãe, da minha esposa e de vários
Receita, Impostos e Taxas - Valores acumulados
parentes.
R$ 45.000.000,00
Hoje, meu provedor atende a
R$ 40.000.000,00 350 usuários. Além da minha ci-
R$ 35.000.000,00 dade, também levo internet para
cinco povoados da região, com
R$ 30.000.000,00
Receita Bruta a ajuda de quatro funcionários.
R$ 25.000.000,00 ICMS Em União, a maior dificuldade
R$ 20.000.000,00 PIS + COFINS é chegar o sinal, por causa da
Anatel
R$ 15.000.000,00 Receita Líquida topografia, pois lá tem muito
morro.
R$ 10.000.000,00
Faz um tempo em que ouço boa-
R$ 5.000.000,00 tos de que existe uma onça em
R$ 0,00 um dos morros onde tenho torre.
ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 Mas não acreditava, porque eu
nunca tinha visto. Outro dia, fui
subir o morro e vi a marca da
Custos operacionais pata da onça e de seu filhote,
Custos operacionais - valores acumulados fiquei com medo, mas não tinha
R$ 14.000.000,00 jeito, eu tinha que subir na torre.
R$ 12.000.000,00 Agora, sempre levo mais três
Pessoal
funcionários comigo e um facão;
R$ 10.000.000,00 Parceiros
e só não levo arma porque tam-
R$ 8.000.000,00 Aluguel de bém tenho medo.
postes
R$ 6.000.000,00 Total
R$ 4.000.000,00 Marcelino
Silva
R$ 2.000.000,00
WNews
R$ 0,00
ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6

A premissa para os resultados obtidos no exige carência de 12 meses para capital des-
estudo de Silva é o acesso a linhas de finan- tinado à infraestrutura e o mínimo de cinco
ciamento com garantias compatíveis às dos anos de pagamento, com juros compatíveis
projetos de telecomunicações. O modelo aos praticados no mercado de telecom.

Expositores do 6° ISP
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Associados da
Abrint

A Abrint tem associados em todos


os estados brasileiros e cresce a cada
ano, como demonstram os resultados
obtidos nos encontros nacionais, chamados,
a partir de 2014, de 6º ISP. A entidade atingiu
objetivos traçados nos sete anos de fundação.
Promoveu a aproximação com os operadores
de todo o país, oferecendo respaldo técnico
e institucional aos seus negócios. Além disso,
atuou fortemente na defesa dos provedores regionais
e da rede mundial de computadores, com agendas
institucionais na Anatel, no Ministério das Comunicações,
participação técnica nas consultas públicas e grupos de
trabalho. Integrou delegações oficiais nos principais
encontros do mundo sobre o tema, tais como IGF,
Icann, Lacnic e Netmundial. As próximas páginas
mostram as mais relevantes imagens do 6º ISP, um
ambiente técnico e de negócios que reuniu 1.500 pessoas e
73 expositores.

Acompanhe a Abrint o ano todo: Abrint.com.br


15

Diretoria e Conselho da Abrint

Posse da nova diretoria da Abrint Diretores e conselheiros com o deputado Alessandro Molon Conversa nos bastidores do 6º ISP

1.500 pessoas participaram do encontro


16

Hernán Seoane, Demi Getschko, Basílio Perez, Francisco Ziober e Wardner Maia

73 expositores participaram do evento em 2014

O público em 2014 foi 33% superior ao de 2013 Basílio Perez, Rodrigo Zerboni, Euclydes Vieira, Veridiana Alimonti e Alan Silva Faria
17

Adeílson Evangelista, Kleber Brasil e Paulo Silva Vitor Leandro Kessler

Marcelo Couto e Luiz Vergueiro Marcelo Couto, Alexandre Brito e Manoel Santana Wardner Maia e Evandro Varonil
Sobrinho

Eduardo Grizendi, André Felipe e Américo Tristão

Peter Franz Woiblet e Diógenes Ferreira Artur Coimbra e Erich Rodrigues


18

Wardner Maia, Basílio Perez e Marcelo Corradini Alex Jucius, Marcelo Corradini e Israel Arruda Neto

Carlos Buzogany Junior, Kleber Brasil e Basílio Perez Allan Caldas

Breno Vale, Wardner Maia, Diógenes Ferreira e Jantar de confraternização dos associados Clóvis de Barros Filho
Wardner Maia
19

Homologado
20

Marco Civil,
o primeiro e mais difícil passo
Brasil dá exemplo de governança da rede

A os provedores regionais de acesso


à internet, o Marco Civil, aprovado
e sancionado no primeiro semestre de
Estados Unidos, ofereceu o argumento fi-
nal para que a governança da rede e a se-
gurança dos usuários fossem tratadas com
relator do Marco Civil na Câmara dos Depu-
tados, contou, durante o 6º ISP, que a presi-
dente Dilma Rousseff pediu urgência na
2014, definiu regras claras que tornam a seriedade pelos governos. No Brasil, o pri- votação do projeto depois das revelações
operação mais segura. A Abrint considera meiro resultado foi mesmo o Marco Civil. de Snowden. Em 2012, os deputados já ti-
que, ao estabelecer na lei o prazo de ar- O deputado federal Alessandro Molon, nham tentado votar a lei por quatro vezes,
mazenamento de informações de acesso, sem sucesso. “A internet nasceu como uma
o Congresso Nacional oferece condições rede livre, aberta e descentralizada. A neu-
seguras de atuação para as empresas do tralidade de rede é fundamental para que a
setor. O advogado Paulo Sá Elias, espe- internet continue existindo da forma como
cialista em direito de informática, escla- foi criada”, ressalta.
rece que, agora, somente com uma solici- Basílio Perez, presidente da Abrint, ob-
tação formal da justiça o provedor deverá serva também que os avanços tecnológi-
informar os logs de acesso de seus usuári- cos poderão impor novos desafios, tanto
os. Antes, essa exigência seguia uma reco- para usuários quanto para os operadores,
mendação do CGI.br. e que o respaldo da lei brasileira oferece
A lei brasileira, na avaliação da Abrint, condições de dirimir conflitos e dúvidas
dá exemplo ao mundo. Hartmurt Glaser, que possam surgir.
secretário executivo do CGI.br, considera
que Edward Snowden, o analista de siste- Neutralidade
mas que abalou o mundo com as revela- A lei agora vigente proporciona
ções acerca das investigações secretas dos Hartmurt Glaser condições equânimes de disputa do mer-

Expositores do 6° ISP
21
São Paulo
Regente Feijó
Comecei trabalhando como auto-
rizado da LG e Samsung, conser-
tando celular. Depois fiz um curso
técnico em eletrônica, com ênfase
cado. Para Perez, “a lei garante que todos em telecomunicações, foi aí que
tenham acesso igualitário à rede, essen- peguei gosto pela área. Em 2006,
cial para a valorização da cidadania e para abri meu negócio e hoje opero
a manutenção de negócios de internet”. A em cinco cidades do interior de
garantia da neutralidade de circulação de São Paulo: Regente Feijó, Taciba,
conteúdos na rede, para a Abrint, preser- Anhumas, Indiana e Espigão,
va direitos dos usuários e dos operadores. chegando a 4 mil usuários. Levo
A definição da Anatel e do CGI.br, internet para prefeituras, postos
como fóruns para dirimir conflitos em de saúde, empresas e em lugares
relação ao uso da internet, confere aos
que só chegamos com trator.
Quando comecei, minha maior
órgãos a responsabilidade de refletir os
dificuldade foi construir uma
anseios da sociedade nas decisões que
antena para captar sinal com
vierem a ser tomadas. “E, apesar de a in-
alta qualidade. Hoje, conto com
ternet não ser telecomunicação, carece o apoio de 10 funcionários. Já
dessa rede para operar”, afirma Perez. trabalhei com tecnologia 2.4, 5.8 e
Molon argumentou que a democracia agora com fibra óptica.
vai passar cada vez mais pela internet” Alessandro Molon
Percebo que as grandes empresas
“E o futuro da internet passa pela neu- de telecomunicações são robo-
tralidade da rede, que significa inclusão e tão por vir. “A estratégia é criar conceitos tizadas e os consumidores sofrem
cidadania”, finalizou. falsos. Oferecer o Facebook de graça por desconforto com isso. Já nós,
Para Wardner Maia, Molon enfren- pacote, por exemplo, é quebra de neutra- provedores regionais, resolvemos
tou pressões fortes para aprovar a lei da lidade”, explica. problemas simples dos clientes,
forma que está. “Muitas vezes nós corre- temos um pós-venda satisfatório.
mos o risco de ter uma colcha de retalhos, Governança Esse é o nosso diferencial e o que
que não era boa para o futuro da internet. Para Glaser, o exemplo brasileiro de cativa o consumidor.
Antes do Marco Civil, teríamos um monte governança da rede, que circula agora
de leis descompassadas. Hoje, o provedor em um ambiente legalmente estável, é
de acesso é impedido de guardar registro respeitado em fóruns mundiais dos quais Rodrigo
ele participa. Os Estados Unidos se dis-
Sanches
de navegação, ele é obrigado a guardar o
Skynet
log”, lembra. puseram a compartilhar a supervisão da
Maia explica que a dificuldade dos pro- rede e os organismos internacionais es-
vedores de acesso em um ambiente sem tão dispostos a desenvolver em conjunto
a neutralidade seria a negociação dos pa- um novo modelo de governança.
cotes de conteúdo, à semelhança do que “Há extremos em toda essa história,
ocorre no mercado de TV por assinatura. mas o Brasil tem diálogo com todos. A
Apesar da aprovação da lei, alerta Maia, bola estava com os americanos, agora está
as entidades e os operadores interessados no campo e vamos jogar juntos”, afirma
devem estar sempre alertas para as ex- Glaser, que defende um modelo represen-
ceções e regulamentações que ainda es- tativo de gestão.

Expositores do 6° ISP
Connectoway
Connectoway
22

O acesso
à infraestrutura
Snoa entra em operação e é esperança para derrubar preços

O acesso à infraestrutura é um dos


maiores entraves para a atividade
dos operadores regionais de internet. A
de insumos de telecomunicações. Nele,
as operadoras com PMS são obrigadas
a ofertar abertamente seus produtos –
meses de operação, Perez considera que
as negociações foram tímidas, do ponto
de vista do acesso de empresários interes-
Abrint considera que, a partir da adoção links, redes apagadas, torres etc. – para sados, da quantidade de insumos e preços
do PGMC, alguns nós começaram a ser transações comerciais isonômicas. ofertados. A expectativa, entretanto, é que
desatados. “É o acesso à infraestrutura O sistema entrou em operação em esse modelo comercial seja aperfeiçoado
que impede a pulverização da internet no setembro de 2013 e oferece insumos com o tempo e derrube os preços dos in-
país”, afirma Basílio Perez, presidente da homologados pela Anatel. Nos primeiros sumos para o setor.
Abrint, que reputa ao comércio dos espa- Abraão Balbino e Silva, gerente de
ços nos postes o maior obstáculo imposto competição da Superintendência de Ser-
ao setor. viços privados da Anatel, explica que o
Os valores praticados para o aluguel de Snoa não é da agência e tem gestão com-
postes são diferenciados para operadores partilhada pelas empresas de telecomu-
de pequeno porte e para as grandes cor- nicações. A Abrint tem um assento no
porações. Os demais insumos, que são de conselho de gestão do Snoa e trabalhou
propriedade das empresas que dominam na definição dos termos do regulamento
o mercado, são contemplados no PGMC, do sistema.
cujas normas resultaram no Sistema de “Os preços praticados pelas grandes
Negociação de Ofertas de Atacado (Snoa), empresas do setor, detentoras da in-
uma espécie de home broker de oferta Abraão Balbino e Silva fraestrutura instalada no país, inviabilizam

Expositores do 6° ISP
23

precificação dos insumos compartilhados. da infraestrutura instalada.


O texto diz que os valores praticados de- Nascimento considera que a definição
vem ser justos e razoáveis, conceitos que, do valor de referência será balisadora das
para ele, são subjetivos. “As variações são relações comerciais que acontecerem
grandes e ultrapassam o limite da discri- a partir da edição da norma. Deve, em
minação”, afirma. sua visão, derrubar o valor praticado em
A infraestrutura, além disso, é usada várias regiões do país.
de forma desordenada, sem respeito às O advogado Paulo Silva Vitor, consultor
regras técnicas e urbanísticas. Ele lembra jurídico da Abrint, considera que o argu-
que as prefeituras tomam atitudes isola- mento de economia de escala, usado na
das para regrar, por exemplo, a identifica- negociação diferenciada de valores para o
Breno Valle
ção das companhias nos pontos de fixação aluguel dos postes, não se sustenta. “Os
dos postes. São, entretanto, questões que operadores regionais não reivindicam
negócios e tiram operadores do mercado”, em nada interferem na precificação do in- privilégios, mas precisam de condições
observa Breno Valle, diretor da Abrint, sumo, mas que concorrem para o bom uso iguais de disputa do mercado”, afirma.
que participou dos grupos de trabalho e
das consultas que resultaram no Snoa.

Postes
Silva considera que a Aneel pode acor-
dar com a Anatel a inclusão dos postes no
Snoa. Até o início da operação do siste-
ATENÇÃO
ma, o aluguel dos mais de 20 milhões de Contrato assinado não poderá ser revogado
postes existentes no país não obedecia a após a adoção da nova resolução do aluguel
qualquer regramento das agências regu-
ladoras.
de postes.
O gerente de Interconexão da Anatel,
Adeilson Evangelista Nascimento, avalia
que a melhor alternativa para regular a
questão é a edição de uma resolução con-
junta que fixe um valor de referência, que
é exatamente o encaminhamento dado
pelas agências.
Para ele, o debate, que começou com
a precificação do insumo, não está restrito
a essa questão. Na agência, a maior parte
dos processos administrativos se refere à
falta de informação sobre a questão regu-
latória, mas não existe tanto questiona-
mento sobre os preços praticados.
A Lei Geral de Telecomunicações, ava-
Adeilson Evangelista Nascimento Paulo Silva Vitor
lia Nascimento, é imprecisa em relação à

Expositores do 6° ISP
24

Postes: regulamento pode


consolidar práticas anticompetitivas

A resolução da Anatel e a Aneel sobre


o aluguel de postes deverá estabelecer um
valor de referência, em torno de R$ 2,50, que
poderá ser usado na resolução de conflitos.
Para a Abrint, o resultado vai consolidar práti-
cas anticompetitivas do mercado de provi-
mento de acesso à internet no Brasil.
“Entendemos que possa haver diferenças
regionais entre preços de postes. Não defende-
mos um preço único para todo o Brasil. Porém,
é inaceitável que, à luz do novo regulamento,
um mesmo poste tenha preços diferentes
para diferentes companhias e prestando exa-
tamente o mesmo serviço”, afirma Wardner
Maia, presidente do Conselho Consultivo da
Abrint. Maia considera “um total disparate”
os valores praticados para o aluguel de postes.
Em alguns lugares do país, grandes companhias
pagam R$ 0,60 no mesmo poste em que uma
pequena paga R$ 13,80.
Maia propõe que o regulamento deter-
mine que o valor cobrado pelo aluguel do
poste seja igual para todos que o ocuparem,
independente do tamanho da empresa. “Essa
é a chance de corrigir uma assimetria imoral
que beneficia os grandes em detrimento dos
pequenos. As agências devem agir com respon-
sabilidade”, afirma Maia.
Na visão da Abrint, falta isonomia no merca-
do, o que provoca distorções regionais que com-
prometem investimentos em inclusão digital em
todo o país. Durante o 6º ISP, a Abrint apresen-
tou a questão ao deputado federal Alessandro
Molon, relator do Marco Civil da Internet, que se
comprometeu em estar ao lado dos provedores
nos debates em relação ao tema.

Expositores do 6° ISP
25

A Telebras oferece serviços de acesso dedicado


à internet aos prestadores de serviços de
telecomunicações, além de prover
infraestrutura a serviços de
telecomunicações prestados
por empresas privadas, Estados,
Distrito Federal, Municípios e
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26
análise

A ausência de isonomia
no compartilhamento de infraestrutura
e demais problemas
Paulo Henrique da Silva Vitor
Advogado e Consultor Jurídico
Sócio-fundador da Silva Vitor & Advogados Associados

As empresas atuantes nos serviços de compartilhamento, “ultrapassando os Ressalte-se que a isonomia no com-
de telecomunicações aguardam ansiosa- limites do legitimamente consentido, em partilhamento de infraestrutura já possui,
mente a Resolução Conjunta a ser celebra- termo de razoabilidade, evidenciando o inclusive, previsão legal e normativa. É o
da entre a Anatel e a Aneel, que irá regu- abuso de poder econômico, caracterizado que se extrai do Artigo 73 da Lei 9.472/97
lamentar o preço de referência do ponto pelo poder coercitivo utilizado pela con- e dos artigos 4° e 9° da Resolução Con-
de fixação para o compartilhamento de cessionária de energia elétrica, monopoli- junta n° 001/99. Lembrando ainda que a
postes entre as distribuidoras de energia zadora da infraestrutura em questão (...)”. Constituição Federal, em seus artigos 170
elétrica e as operadoras de telecomunica- Na mesma linha, cumpre destacar a e 173, bem como a Lei n° 12.529/2011, ve-
ções, dentre outras questões. Nota Técnica n° 0027/2006 – SRD-SER/ dam qualquer prática considerada como
Ressalte-se que, até o momento, foram Aneel, através da qual a Aneel confirmou “abuso do poder econômico” ou contrária
celebrados entre Anatel, Aneel e ANP tão a prática pelas distribuidoras de energia à “livre concorrência”.
somente duas resoluções que tratam so- elétrica de preços discrepantes. Sendo Além disso, na nova regulamentação,
bre o compartilhamento de infraestrutura constatadas diferenças de até 800,08% é preciso solucionar outros problemas en-
entre estes setores, quais sejam, a Re- entre os preços. frentados pelas empresas de telecomunica-
solução Conjunta n° 001/99 e 002/2001. Mas, na nova regulamentação (que já ções, quais sejam: a) é necessário otimizar
Contudo, tais regulamentos, além de ul- passou por Consulta Pública), além de se a ocupação de postes pelas operadoras de
trapassados, não tratam sobre todas as fixar um preço de referência, é fundamental telecomunicações, evitando-se que uma
questões que precisam ser normatizadas que as agências reguladoras adotem a iso- empresa utilize mais de um ponto de ocu-
para possibilitar a utilização pacífica e nomia como princípio fundamental, evitan- pação por poste; b) é preciso eliminar os
isonômica por uma empresa de recursos do-se a prática de preços discriminatórios, privilégios concedidos pelas distribuidoras
detidos por outra empresa. benefícios ou privilégios a qualquer empre- de energia elétrica às operadoras de teleco-
Dentre as matérias que precisam ser sa. Em outras palavras, não basta a fixação municações pertencentes ao mesmo grupo
normatizadas, destaca-se a fixação do de um preço de referência. Na nova regula- econômico, como a reserva de espaço nos
preço de referência do ponto de fixa- mentação, deve-se estipular que a isonomia postes, desconto ou isenção no preço de
ção. Isso porque, atualmente, existe uma prevalecerá em todas as situações, de modo compartilhamento; e) é preciso minimizar
grande desproporção entre os preços co- que as distribuidoras de energia elétrica de- os entraves burocráticos impostos pelas dis-
brados por cada distribuidora de energia vem ser impedidas de conceder desconto, tribuidoras de energia elétrica quando da
elétrica em face de cada operadora de tele- benefício ou privilégio a qualquer operado- apresentação de projetos de compartilha-
comunicações. Segundo um estudo reali- ra, ainda que haja diferenças quantitativas mento, devendo ainda ser estabelecidas re-
zado pela Fundação Getúlio Vargas, foram entre o número de pontos de ocupação a gras e prazos uniformes a serem observados
detectadas diferenças gritantes de preço ser utilizado por cada operadora. pelas distribuidoras de energia elétrica.

Expositores do 6° ISP
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28

IPv4 acabou
e agora?
Para Wardner Maia, a implementação do IPv6 precisa ser imediata e os provedores
regionais devem estar na vanguarda desse processo

O IPv4 está esgotado. Aqueles que têm


endereçamentos estocados podem
operar com certa tranquilidade por um
seja, 4,8 milhões de IPv4. “O último bloco
/9 vira fila única para todo o Lacnic e se
o pedido estiver incompleto o provedor
período. Porém, a adaptação à tecnologia volta para o fim da fila de pedidos”, expli-
do endereçamento em IPv6 é urgente e ina- ca Cordeiro. Já o último bloco /10 significa
diável, segundo a Abrint. IPv4 esgotado e faz parte do estoque de
Wardner Maia, presidente do Conselho terminação gradativa.
Consultivo da Abrint e diretor do Lacnic. Cordeiro defende que não basta so-
“Nesse período, chamado de fase do es- mente pedir o bloco IPv6 é preciso tam-
gotamento, o IPv4 não se exaure completa- bém anunciar. Para ele, a implantação do
mente, mas serão adotadas políticas restri- IPv6 é inevitável e o adiamento do uso não
tivas de distribuição na região do Lacnic” , resolve a questão. “Quanto mais demorar
afirma Maia. para começar a usar, menos tempo terão
Edwin Cordeiro, do Nic.br, explica para aprender e testar. E quanto menos
que 54% do restante do último bloco /8, tempo tiver, mais investimento a curto Wardner Maia
só 29% realmente estão disponíveis, ou prazo será necessário”, alerta.

Pioneirismo
O empresário Israel Arruda tentou, de negócios, que abrange mais de 30 mil
durante dois anos, implantar o protocolo usuários, é fazer a substituição gradual da
IPv6 em sua rede de internet. Ele opera rede. Os novos usuários já são conecta-
em 35 municípios do interior do estado dos com a nova tecnologia. E os antigos
de São Paulo e do Ceará e há dois anos recebem os equipamentos novos quando
investe na ampliação da rede usando precisam de manutenção.
equipamentos com suporte para IPv6. Dessa forma, o custo para a implanta-
Segundo Israel, a maior dificuldade ção do primeiro bloco foi zero. “Não esta-
que encontrou foi na identificação de um mos gastando nada mais do que já gastá-
fabricante de equipamentos que tivesse vamos”. Israel defende que os provedores
um modelo de roteador adaptado para a regionais comecem, o quanto antes, a pe-
tecnologia. Superada essa etapa, segue dir para as operadoras o IPv6. “Eu bato nes-
investindo em ampliação de rede exclusi- sa tecla, porque se a gente não fizer isso, as
Israel Arruda vamente com o protocolo IPv6. Seu plano operadoras não vão correr atrás”.

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Novas regras de
atendimento ao consumidor
Regulamento da Anatel estabelece critérios segundo o porte das empresas

C ancelamento automático de serviços


de telecomunicações, facilidades para
contestar cobranças, mais transparência
do diante da crescente insatisfação dos con-
sumidores com a prestação de serviços de
telecomunicações”, informa o conselheiro
usuários precisam seguir somente as re-
gras do Código de Defesa do Consumidor
e os princípios gerais de atendimento.
na oferta de serviços e fim da cobrança da Anatel Rodrigo Zerbone. A Anatel, segundo ele, pretende que
antecipada são algumas das inovações do As exigências, por exemplo, não se médias e grandes empresas de teleco-
Regulamento Geral de Direitos do Con- aplicam aos prestadores com menos de municações invistam no atendimento
sumidor de Serviços de Telecomunicações 5 mil assinantes. “A Anatel acredita que ao cliente e atualizem seus sistemas.
(RGC), que fazem parte da Resolução n° uma carga regulatória pesada representa “Demonstrando essa política, a operadora
632, aprovada recentemente. um fardo para as micro e pequenas ope- Oi aplicou um bônus para seus executivos
radoras, além de ser uma enorme bar- e funcionários: quanto menos reclama-
reira de entrada para novos empresários”. ção na Anatel, mais os funcionários rece-
Nesse caso, as operadoras com até 5 mil berão”.

As regras do regulamento
Até 5 mil usuários
A empresa deve cumprir normas do Código de Defesa do Consumidor. Não pre-
cisa ter call center e página na internet. A cobrança pode ser enviada até cinco
dias antes do vencimento.
De 5 a 50 mil usuários
Call center disponível em dias úteis, das 8h às 20h, e não precisa ser serviço gra-
Rodrigo Zerbone tuito. O documento de cobrança pode ser simplificado e o contrato disponibili-
zado por e-mail. Deve ter página na internet com chat para atendimento on-line.
O objetivo é garantir transparência nas Gravações dos contatos telefônicos devem ser guardadas por 90 dias.
relações de consumo e ampliar os direitos
Acima de 50 mil
de quem utiliza telefonia fixa e móvel, inter-
O atendimento no call center deve estar disponível nos sete dias da semana e
net e televisão por assinatura, delimitando
durante 24 horas. As gravações têm de ser guardadas por seis meses.
os deveres dos prestadores conforme o
porte da empresa. “O regulamento foi cria-

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Operadores podem ofertar pacotes combo

TV por assinatura
chega aos ISPs

O mercado de TV por assinatura passou


por grande evolução nos últimos anos.
Em 2001, existiam 3,6 milhões de assinan-tes
dois operadores de SeAC. Em 64,7% das
cidades, o nível é considerado médio
(têm entre 3 a 4 empresas operando). E
no Brasil. Doze anos depois, em 2013, eram somente 9,9% dos municípios são con-
18 milhões, com crescimento de 10% ao ano. siderados com alto índice de competição
“Um dos interesses em adquirir a TV por assi- (acima de cinco empresas de SeAC).
natura é a diferença do conteúdo da TV aber- A TV por assinatura pode ser um com-
ta. Cada vez mais, as pessoas buscam coisas plemento da oferta de serviço no pacote de
alternativas”, ressalta Alex Jucius, da NeoTV. internet. Para isso, Jucius alerta que é ne-
Segundo ele, existem 96 empresas cessário um estudo de mercado (definição
operando o SeAC no país. Dessas, 96,88% da área a ser entendida, concorrência, pú-
são controladas por empreendedores blico-alvo, objetivos e metas), definir a for-
brasileiros e 65% deles têm menos de matação do produto (criação dos pacotes,
5 mil assinantes. Em 25,5% das cidades montagem de custos) e a viabilidade técnica
brasileiras, o nível de competição é con- e econômica (custo de instalação, marke-
siderado baixo, pois possui no máximo ting, call center e assistência técnica).
Alex Jucius

Apoio
31
32

OTT: Permite a operadores de Pay TV e outros, chegar à assinantes fora da


fronteira de suas redes, otimizando a largura de banda externa em redes
fechadas.
MULTIPLATAFORMA:
VOD SERVER: Disponibiliza conteúdos sob demanda através da Internet,
possibilita o armazenamento de conteúdos de forma escalável. • Windows PC
• OS Mac
CAS: Integrado a sistemas de acesso condicional e de manejos de direitos de
conteúdo Conax, CrytpoGuard, Verimatrix e Playready. • iPad
• iPhone
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fabricantes de STB, são compatíveis com nossos sistemas e com protocolos de
certificação aprovados. • Telefones Android
• Tablets Android
MAM: Permite armazenar seus ativos digitais em um servidor local e também na
nuvem, integrado com BOLD - CDN e outros.

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