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Palavras chaves:
DEMOCRACIA; POLÍTICA INDÍGENA; XAVANTE; JÜRGEN HABERMAS.
Neste artigo, posiciono-me ao lado de Graham como um terceiro no par de sua crítica a
Habermas a fim de detalhar quais mecanismos da Teoria da Ação Comunicativa não se
subsumem à prática político-discursiva xavante, e o que isso revela a respeito da
maneira com que entendemos nosso próprio modelo de democracia. Para tanto,
promovo uma exposição em dois distintos registros. Na primeira parte, exploro a leitura
de Habermas a Hebert Mead, centrada no processo de individuação pela linguagem; na
segunda parte, reconstruo etnograficamente uma prática discursiva xavante. Minha
hipótese, consonante com a de Graham, é de que as oposições entre ambos são
comparáveis no ponto em que cruzam o indivíduo e localizam os loci da ação política.
Se a Teoria da Ação Comunicativa localiza o indivíduo a partir da intersecção entre as
dimensões cultural, social, e pessoal em um movimento de individuação pela
linguagem, os Xavante trabalham ativamente para multiplicar as vozes do discurso entre
metades rituais, clãs e classes de idade – elementos próprios da constituição da pessoa
xavante.
Ensaiando uma leitura dos dados etnográficos, Pierre Clastres e Mikhail Bakhtin guiam
minhas considerações finais, entre filosofia política e da linguagem. Que conselhos
tomaria Habermas das vozes da warã?