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APRESENTAÇÃO

DE APOIO

CRIMES DE ÓDIO
Ementa da disciplina
Estudo do fenômeno dos crimes de ódio e os estragos causados ao sistema
democrático. Principais causas dos crimes de ódio..
Professores
LEANDRO KARNAL GUSTAVO DE LIMA PEREIRA
Professor convidado Professor PUCRS
Leandro Karnal se tornou o pensador mais popular do Brasil, com livros e Doutor em Filosofia pela PUC/RS (2014). Graduado em
conteúdos que ajudaram a fomentar o pensamento crítico, social e intelectual da Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
população. Por meio de sua obra e atuação, ajudou a colocar a intelectualidade e Sul (2005). Especialista em Ciências Penais pela Pontifícia
conhecimento em um novo nível de importância, de uma maneira leve, acessível Universidade Católica do Rio Grande do sul (2007). Mestre em
e crítica. Dentre as obras que é autor, coautor e organizador destacam-se: Direito Público pela Unisinos (2009). Professor de Direito
“Teatro da Fé: Representação Religiosa no Brasil e no México do Século XVI”, Internacional, Direitos Humanos e Filosofia do Direito da
“História da Cidadania”, “História na Sala de Aula” , “Estados Unidos: a Formação PUC/RS. Tem experiência na área de pesquisa acadêmica,
da Nação” , “História dos Estados Unidos: das origens ao Século XXI” e com ênfase em Direito Internacional dos Direitos Humanos,
“Conversas com um Jovem Professor”. Sua participação em programas e internacionalização do Direito, Migrações forçadas e Proteção
debates de alto nível na TV e no rádio, somada a uma carreira brilhante como Internacional para Apátridas e Refugiados, criminalização do
professor e palestrante, o transformaram em uma das vozes mais respeitadas da estrangeiro, ética da Alteridade, Hospitalidade, desconstrução,
atualidade dentro ou fora do meio acadêmico. Karnal também é colunista, além democracia no pensamento de Jacques Derrida, Filosofia
de inúmeras colaborações com artigos e entrevistas para veículos como Estadão, Política, Filosofia e Teoria do Direito. Advogado colaborador
Globo, Exame, Istoé, Band, entre muitos outros. Sua formação inclui: Historiador do GAIRE - Grupo de assessoria a imigrantes e a refugiados,
com especialização em História da América, doutor em História Social pela USP, Vinculado ao Serviço de Assessoria Jurídica Universitária da
com pós-doutorado pela UNAM (México) e pelo CNRS (Paris), professor e UFRGS. Coordenador do projeto de Extensão SADHIR -
escritor. Sua formação une história cultural, antropologia e filosofia, e suas Serviço de Assessoria em Direitos Humanos para Imigrantes e
publicações abordam temas como ensino, filosofia, história, política e Refugiados da PUCRS.
comportamento. É professor da Universidade Estadual de Campinas, Membro de
corpo editorial da Revista Brasileira de História (Impresso) e Membro de corpo
editorial da Revista Poder & Cultura.
Encontros e resumo da disciplina
AULA 1 AULA 2 AULA 3

O discurso de ódio não é o


O ódio é o mais poderoso Evidentemente a discussão
crime, mas o solo fértil
instrumento analgésico já relacionada ao ódio corresponde,
para o crime.
inventado: ele evita também, à uma relação do ser
qualquer dor da reflexão. Antes do ato concreto do crime, humano hegemônico da história
existe um discurso: o discurso de com o ser humano resto da história.
ódio é prévio, amplo e está no ar
O perfeito oposto ao amor, de tal forma que o criminoso vem Hoje em dia nós vemos
segundo a maioria dos sendo preparado para aquele discursos de ódio se
especialistas, é a indiferença.. crime há muitos anos. colocando em uma posição
de democráticos.
Ser humano significa estar mais
Quando falamos em relacionado com a pluralidade, com
liberdade como um todo, a capacidade de se relacionar com Quem atua, seja do ponto de
evidentemente incluindo a os outros de forma afetuosa, no vista prático, seja do ponto de
liberdade de expressão, nós sentido coloquial da palavra afeto, vista acadêmico, na temática
estamos falando de diretos mas é próprio do humano o ódio e migratória, não se vale da ideia
humanos de primeira a violência. de estrangeiros ilegais.
dimensão.
A LIBERDADE DE EXPRESSÃO
C O M O U M DIREITO H U M A N O
(PRIMEIRA D I M E N S Ã O )
1787 - C O N S T I T U I Ç Ã O D O S E S T A D O S U N I D O S D A A M É R I C A -
PRIMEIRA E M E N DA
"O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma
religião, ou proibindo o livre exercício dos cultos; ou cerceando a
liberdade de palavra..."
1789 - D E C L A R A Ç Ã O U N I V E R S A L D O S D I R E I T O S D O H O M E M
E D O C I D A D Ã O - A R T I G O 11º

"Alivre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos


mais preciosos do homem: todo cidadão pode, portanto, falar,
escrever, imprimir livremente, embora deva responder pelo abuso
dessa liberdade nos casos determinados pela lei"
1948 - D E C L A R A Ç Ã O U N I V E R S A L D O S D I R E I T O S H U M A N O S -
A R T I G O 19º
"Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão;
esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de
procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer
meios e independentemente de fronteiras"
A
LIBERDADE
DE
EXPRESSÃO
SOBTENSÃO
O"PARADOXODA TOLERÂNCIA"
"A tolerância ilimitada levará ao desaparecimento da
tolerância. Se estendemos tolerância ilimitada até àqueles
que são intolerantes, se não estamos preparados para
defender a sociedade tolerante contra o ataque dos
intolerantes, então os tolerantes serão destruídos, juntamente
com a tolerância. Nesta formulação não pretendo dizer que
devamos sempre suprimir a verbalização de filosofias
intolerantes; conquanto que possamos contradizê-las através
de discurso racional e combatê-las na opinião pública,
censurá-las seria extremamente insensato. Mas devemos
reservar o direito de suprimi-las, mesmo através de força;
porque poderá facilmente acontecer que os intolerantes se
recusem a ter uma discussão racional, ou pior, renunciarem a
racionalidade, proibindo os seus seguidores de ouvir
argumentos racionais, porque são traiçoeiros, e responder a
argumentos com punhos e pistolas. Devemos pois reservar o
direito, em nome da tolerância, de não tolerar os
intolerantes. Devemos afirmar que qualquer movimento que
prega a intolerância está fora da lei, e considerar criminoso o
incitamento à intolerância e perseguição, da mesma forma
que é criminoso o incitamento ao homicídio, ao rapto ou ao
reavivar da escravatura.”

KARL POPPER - "A SOCIEDADE ABERTA E SEUS


INIMIGOS"
O MOVIMENTO
"NO PLATFORM"
1. O ÓDIO COMO AFETO HUMANO
“PARA LACAN O ÓDIO É UM A FETO LIGADO À S E PA R A Ç Ã O (...). AO
LADO DO AMOR E DA IGNORÂNCIA, O ÓDIO É UMA DAS TRÊS PAIXÕES DO SER.
PAIXÃO QUE É UM EMPUXO A NOMEAR, A DIZER, A TRADUZIR A VERDADE DO
MAL- ESTAR. (...) SEM O ÓDIO NÃO NOS SEPARAMOS. MAS EXISTEM FORMAS
PATOLÓGICAS QUE FAZEM DO ÓDIO UM PRINCÍPIO DE UNIÃO EM TORNO DO
PIOR: “JUNTO-ME A O OUTRO, SOLIDARIZO-ME C O M O OUTRO,
C O M O OBJETIVO MAIOR DE ODIAR UM TERCEIRO”. E PARA
TANTO PRECISO NOMEAR SEM AMBIGUIDADE QUEM SO MO S NÓS E
QUEM SÃ O ELES. DESTA FORMA NOSSAS DIFERENÇAS INTERNAS
DIMINUEM E NOSSA PROJEÇÃO DO MAL PARA FORA TORNA-SE UM
IMPORTANTE FATOR DE COESÃO GRUPAL”

Christian Dunker
QUEM É O MAIOR ALVO DO ÓDIO?
O HUMANO DA HISTÓRIA HEGEMÔNICA
X
O HUMANO " RESTO DA HISTÓRIA "

“A natureza dessa tristeza se tornará mais clara


se nos perguntarmos com quem o investigador
historicista estabelece uma relação de empatia.
A resposta é inequívoca: com o vencedor”

WALTER BENJAMIN

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