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ANTROPOLOGIA JURÍDICA

ANTROPOLOGIA CRIMINAL DE LOMBROSO


Derli Pinto de Souza Junior - RU: 1783992
Graduação: Bacharelado em Direito - Presencial
Professor: Regina Paulista F. Reinert

Antropologia Criminal de Lombroso.


Os antropólogos culturalistas e geneticistas contestam a existência de raças e
confirmam que é impossível estabelecer a superioridade intelectual de um grupo
étnico sobre outros. As diferenças entre os povos se devem à cultura e não existe
cultura superior ou inferior. A cultura não é herdada biologicamente, mas assimilada,
adquirida e até mesmo emprestada. No entanto, no âmbito do direito penal, Cesare
Lombroso (DINIZ, 1988: 99) elaborou uma doutrina totalmente contrária à posição da
antropologia, ou seja, para Lombroso o criminoso já nasce criminoso (Assis, 2011, p.
38).

Lombroso e Suas Ideias.


Cesari Lombroso foi um Criminologista italiano (Verona, 18/11/1835 – Turin,
19/10/1909). Diretor do hospício provincial de Pesaro, e na Universidade de Turim
ensinava medicina legal e higiene pública, onde foi ainda professor de psiquiatria e
clínica psiquiátrica (1896), e de antropologia criminal (1905).
Tinha como preocupação desde seus primeiros trabalhos, as anomalias
hereditárias, neurológicas ou psíquicas que agem sobre a personalidade dos
“delinquentes”. Segundo ele, essas anomalias atribuem-se a processos de reversão
a um estágio primitivo da evolução do ser humano, quando não degenerativas ou
atávicas. Também defendia que características como preguiça, vaidade desmedida e,
absurdamente, até mesmo o uso de tatuagens pertenciam a criminosos natos, como
menciona em sua obra, de O Homem Delinquente.

Esses fatos mostram-nos como os estudos da tatuagem podem conduzir


algumas vezes aos traços de associações criminosas; notei que muitos
camorristas traziam sinal particular; um tinha no braço um alfabeto misterioso
que devia servir para comunicar-se secretamente, como num cárcere em que
os detentos adotam um alfabeto para escrever um jornal secreto, segundo
Lacassagne. (LOMBROSO, 1876, p. 36, Texto traduzido)
A tese de Lombroso é conhecida pela hipótese que determinados estigmas ou
traços físicos podem identificar criminosos, ou seja, como se o indivíduo já trouxesse
de nascença estigmas anatômicos, fisiológicos ou psicológicos, que o caracterizasse
como um criminoso nato. No entanto, a psicologia contemporânea, pela ressonância
que tiveram no âmbito do direito penal e preocupada com um tratamento mais humano
dos criminosos condenados, levou ao descrédito a maior parte das contribuições
deixadas por Lombroso.
Ainda hoje nos deparamos como este mesmo pensamento de Lombroso,
embora sofrido diversas e severas críticas desde sua origem, ainda insistindo em
espaços dentro da sociedade contemporânea, até mesmo no meio mais intelectual
dela, que “julgam” o indivíduo apenas pela sua linhagem, características físicas, e uso
de tatuagens, como defendia Lombroso. O que temos visto no Estudo da Antropologia,
que alguns intelectuais, defensores desse pensamento, autores de obras filosóficas e
cientificas até importantes, demostraram seu apoio ao nazismo, de forma a mostrar
sua natureza racista, ainda que sejam possuidores de grande conhecimento, tal
característica foge há compressão humana.
Se formos pensar como Lombroso, a pessoa que comete delitos e crimes, pelo
menos na grande maioria, não pode estar relacionada com os problemas sociais do
meio em que vive, não poderíamos justificar que este indivíduo segue aquele caminho,
devido à falta de oportunidade social e educacional. Para ele a genética é que
determina o que o indivíduo irá se tornar, como se a pessoa já nascesse predestinada
ao crime. Essa teoria é no mínimo preconceituosa, e sem fundamentos. Marginalidade
não pode ser considerado uma doença hereditária, ou uma característica do DNA
humano. Podemos entender que o caminho do crime está disponível para todas as
pessoas, classes, etnias, e padrões sociais, e o que difere um tipo de indivíduo
criminoso do outro, desde aquele que vive no mais simples barraco de periferias, até
o dono da mais luxuosa cobertura, é apenas o meio empregado no crime, e o próprio
crime cometido. Mas não podemos fechar os olhos à falta de políticas públicas e
oportunidades que sofrem aqueles que nascem em meio a miséria e extrema pobreza.
Muitos tem dito que o desemprego, a miséria, a cor da pele não podem ser
consideradas como desculpas para, principalmente o jovem, entrar no mundo do
crime. A ideia que a condição econômica, ou falta de escolaridade, não justifica tal
atitude, e que ela é apenas uma escolha entre o caminho mais fácil e o mais difícil,
não deixa de ser um pensamento arcaico, discriminatório e no mínimo, semelhante ao
de Lombroso, já que em pleno século XXI ainda vivemos em uma sociedade
preconceituosa e racista. É como dizer, que o indivíduo tem na periferia as mesmas
condições e oportunidades que os indivíduos de bairros mais bem estruturados e
prósperos tem, e já que tem tais oportunidade e escolhem o caminho do crime,
Lombroso tinha razão em sua tese. Logicamente concordar com alguém que viveu no
século XIX, e início do século XX é mais cômodo do que assumir a responsabilidade
ou a culpa de que vivemos em uma sociedade preconceituosa e egoísta, que não
procura atender aos anseios dos menos favorecidos. O mundo do crime é convidativo
quando se falta oportunidades reais de trabalho digno e educação de qualidade, não
tem nada a ver com características físicas ou genéticas. Físico alemão, ganhador do
Prêmio Nobel de Física em 1921, Albert Einstein (1979-1955), em certo momento de
sua vida disse: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um
preconceito”. Pensamento que podemos considerar atual, pois trata a realidade dos
dias de hoje, quando observamos que os princípios e características das obras
literárias de Lombroso ainda estão ativos em nossa sociedade, de modo até sutil de
discriminação através de atos racistas e preconceituosos contra as minorias.

Contraponto da Antropologia, Cultura e Genética.


A Antropologia vem de encontro a estas ideias, sem embasamento cientifico,
como as de Lombroso e Gobineau. Desde o século XVIII estudos antropológicos vêm
desmistificando essa teoria de que existem diferentes raças humanas. O que existe
são as diversidades humanas, que acontecem pela região que vive, ou iniciou
determinados povos, aí temos diferenças no tom de pele, cabelos, olhos, e tantas
outras influencias que ao longo dos séculos foram se perpetuando, e dando as
características físicas de cada povo. Podemos também aqui nos referir as questões
culturais, crenças, mitos e costumes, que foram, são e serão sempre diferentes.
Como podemos afirmar nos dias de hoje que existem raças superiores e
inferiores, que existem criminosos natos como afirma Lombroso, apenas por suas
características físicas, que a cor da pele determinada por um importante pigmento
chamado melanina pode definir a inteligência de um ser humano, como afirmou o
geneticista Dewey Watson ao Sunday Times (outubro / 2007) referindo-se ao futuro
da África sob a alegação de que existe uma desigualdade de inteligência entre
pessoas negras e pessoas de pele clara, se estudos e pesquisas comprovam que a
sequência base no DNA humano é 99,9% idêntica?
Estudos como esses vem ao encontro de uma sociedade mais igualitária e
justa, onde pessoas com diferentes tons de pele, costumes, etnias e culturas deixarão
de ser “raça”, para serem humanos, um pensamento ainda utópico, mas possível. É
isto que busca o estudo da antropologia, desmistificar essa ideia de raça, e reconhecer
o homem como um ser biológico, social e cultural, buscando um entendimento amplo
dos seres humanos, e suas diversas formas de ser, e diferentes culturas, mostrando
que o comportamento moral de cada indivíduo não pode estar ligado à sua sequência
genética, mas a cultura do meio em que vive. Aprender e compreender essas
diferenças seria a solução para a diminuição de práticas racistas, assim apagando
esta mancha histórica, causada por processos influenciados por obras estapafúrdias
e irracionais, como “O Homem Delinquente” de Cesare Lombroso.

Referencias
ASSIS, Olney Queiroz; Kümpel, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica. São
Paulo/SP: Editora Saráiva, 2011.

Wikipédia. Cesare Lombroso. Wikipédia 2021.


Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cesare_Lombroso. Acesso em 13/04/2021

CESARE, Lombroso. O Homem Delinquente. Tradução Sebastião José Roque. 2ª


Reimpressão. São Paulo/SP: Editora Ícone, 2013.
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/. Acesso em: 13/04/2021.

Wikipédia. Albert Esinstein. Wikipédia 2021.


Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Einstein. Acesso em 13/04/2021

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