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GESTÃO AMBIENTAL
EMPRESARIAL
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Editora
IIPSaraiva
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2* edição
1-tiragem: 2007 2*
tiragem: 2008 3*
tiragem: 2008 4*
tiragem: 2009 5-
tiragem: 2010
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Sobre o autor
José Carlos Barbieri é professor do Departament o de Administra ção da Produção e Operações da Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP-POl) desde 1992. É
doutor em administração pela FGV/EAESR Lecionou na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
onde coordenou o curso de Administração, atuou como membro do Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão da Universidade, foi Coordenador do Planejamento Administrativo e desenvolveu diversas
atividades de extensão universitária. Como Pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
de São Paulo (1PT) desenvolveu atividades nas áreas de Sistemas de Informações, Propriedade Industrial e
Transferência de Tecnologia. É fundador e atual coordenador do Centro de Estudos de Administração e do
Meio Ambiente na EAESP (Ceama), que tem, entre outras funções, a de realizar pesquisas e desenvolver
práticas administrativas e operacionais ambientalmente corretas. É membro do Forum de Inovação da
EAESP Atua na área de gestão do meio ambiente no Programa de Pós-Graduação da EAESP. Coordena e
atua em diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão do meio ambiente e da inovação. Participa de
comitês científicos de diversas revistas e congressos científicos nacionais e internacionais, bem como de
várias agências de fomento para as áreas científicas e tecnológicas. Autor de livros, capítulos de livros e
dezenas de artigos sobre gestão ambiental e inovação publicados no Brasil e em diversos países.
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Sumário
Introdução 1
Capítulo 1: Meio ambiente e gestão ambiental 5
0 meio ambiente como fonte de recursos 8
Recursos e nível de produção 16
0 meio ambiente como recipiente de resíduos 20
Gestão ambiental 25
Dimensões da gestão ambiental 26
Termos e conceitos importantes 29
Questões para revisão 29
Referências 30
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Globais comuns 63
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Sumário
Referências 279
Capítulo 8 : Estudo de Impacto Ambiental 281
Ciclo do projeto 284
Impacto ambiental 289
O EIA como instrumento de política pública 291
Licenciamento ambiental 292
0 EIA na legislação brasileira 296
Obrigatoriedade do EIA 297
Conteúdo do EIA 299
Responsável pela elaboração do EIA 301
Relatório de impacto ambiental (Rima) 302
Publicidade o EIA/Rima 303
Estudos auxiliares, substitutos e assemelhados 305
Alguns métodos de avaliação de impacto 308
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ín di ce re mi ssiv o 37 9
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Introdução
A preocupação com o estado do meio ambiente não é recente, mas foi nas últimas três décadas do
século XX que ela entrou definitivamente na agenda dos governos de muitos países e de diversos
segmentos da sociedade civil organizada. No âmbito empresarial, essa preocupação é ainda mais recente,
embora não faltassem empresas e entidades empresariais que buscassem práticas ambientalmente
saudáveis, mesmo quando o assunto apenas começava a despertar interesse fora dos círculos restritos de
especialistas e das comunidades afetadas diretamente pelos problemas ambientais. Na atualidade, o meio
ambiente é um tema que ganhou as ruas, os auditórios, a imprensa e faz parte do vocabulário de políticos,
empresários, administradores, líderes sindicais, dirigentes de ONGs e cidadãos de um modo geral. Porém,
para a maioria das empresas, essa preocupação ainda não se transformou em práticas administrativas e
operacionais efetivas, pois se tal já estivesse ocorrendo o acúmulo de problemas ambientais que coloca em
risco todos os seres vivos certamente não se verificaria com a intensidade que hoje se observa. A
globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável e as empresas estão, desde a sua origem, no
centro desse processo.
Todos os temas deste livro são desenvolvidos mediante o confronto de opiniões, com o objetivo de
apresentar alternativas para as ações de gestão e mostrar as dificuldades de tratar assuntos tão polêmicos
como são os decorrentes da relação empresa-meio ambiente. Da diversidade de opiniões e propostas
concernentes a cada tema tratado, esse texto procura apresentar as mais importantes do ponto de vista da
gestão ambiental empresarial. A gravidade dos problemas ambientais requer uma gestão aberta às
inúmeras influências e propostas para se chegar às que melhor se aplicam a cada caso concreto.
O primeiro capítulo discute os problemas ambientais e apresenta o conceito de gestão ambiental e suas
diferentes dimensões. Corno se verá, os problemas ambientais, por mais variados que sejam, decorrem do
uso do meio ambiente como fonte de recursos para a produção da subsistência humana e como recipiente
de resíduos da produção e consumo,
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problemas que são agravados pelo modo como os humanos concebem a sua relação com a natureza.
Qualquer solução efetiva para os problemas ambientais terá necessariamente que envolver as empresas,
pois são elas que produzem e comercializam a maioria dos bens e serviços colocados à disposição da
sociedade em praticamente todos os cantos do Planeta.
O Capítulo 2 apresenta iniciativas de gestão ambiental global. Três problemas globais foram
selecionados para exemplificar a gestão nesse nível de abrangência: aquecimento global, destruição da
camada de ozônio e proteção à biodiversidade. A globalização dos problemas ambientais tem sido uma
das principais forças indutoras das práticas de gestão ambiental nos níveis de abrangência regional,
nacional e local. A maioria dos órgãos ambientais governamentais começou a ser criada após a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, que
pode ser considerada como o marco importante na percepção da globalização dos problemas ambientais.
A legislação ambiental começa a crescer vertiginosamente a partir desse evento, cuja maior contribuição
foi a de vincular as questões ambientais às do desenvolvimento. A percepção da globalização desses
problemas se deu muito antes que a palavra globalização se tornasse amplamente conhecida e associada à
expansão e integração das economias sob a égide do mercado, um fenômeno econômico, social, político e
cultural que, embora não seja em essência novo, se aprofunda nas duas últimas décadas do século
passado. As iniciativas de gestão ambiental no nível regional estão representadas pelas experiências da
União Européia, Mercosul e Nafta. A importância das organizações da sociedade civil é ressaltada neste e
nos demais capítulos, sendo que vários modelos e instrumentos de gestão ambiental discutidos neste texto
foram propostos por essas organizações.
As pressões exercidas pela opinião pública e pelos setores organizados da sociedade civil em relação
aos problemas ambientais têm levado os governos de praticamente todos os países a incorporarem de
modo crescente as dimensões ambientais em suas políticas públicas. O objetivo do Capítulo 3 é mostrar os
principais instrumentos explícitos de política pública ambiental e as polêmicas que giram em torno deles,
quer quanto à sua eficácia na resolução dos problemas para os quais foram criados, quer quanto aos seus
efeitos sobre a competitividade das empresas. Depois disso, são apresentadas de modo resumido algumas
considerações sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Permeia este livro a idéia de que as soluções
para os problemas ambientais, no estado em que eles se encontram na atualidade, exigem novas posturas
empresariais, que por sua vez dependem da condução de políticas públicas ambientais apropriadas. Longe
de propor a redução da intervenção estatal nesse campo, este texto defende a idéia de que uma política
pública adequada deve contemplar uma cesta equilibrada de instrumentos de gestão ambiental de
diferentes tipos.
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Introdução 3
A gestão ambiental empresarial propriamente dita começa no Capítulo 4. É de pouca valia falar desse
assunto sem antes apresentar o contexto dos problemas ambientais, da regulamentação pública e das
iniciativas globais e regionais. Por isso a demora em chegar ao assunto que dá título a este livro. Mas o
leitor será recompensado, pois as diferenças de abordagens e de modelos cle ação empresarial estão
relacionadas em muitos aspectos com as posturas adotadas pelas empresas diante dos problemas
ambientais gerados por elas, com a legislação à qual estão sujeitas e com as suas respostas com respeito a
essas iniciativas.
modelos de gestãoNesse momento
propostos, sãoo discutidas
como da Gestão asdaabordagens
Qualidade aos problemas
Ambiental ambientais
Total, ProduçãoeMais
os diversos
Limpa,
Ecoeficiência, Ecologia Industrial, Simbiose Industrial e outros. Esses modelos são aqui considerados
espécies de acordos voluntários estabelecidos entre as empresas e a sociedade, pois eles trazem
componentes pró-ativos no tratamento das questões ambientais pertinentes. Ir além do que a legislação
exige é uma característica marcante desses modelos e cada um procura cumprir esse objetivo sob
diferentes abordagens e enfoques. Na apresentação e discussão dos modelos foram ressaltadas as
diferenças e as semelhanças entre eles, com o intuito de facilitar a sua combinação e estimular a criação de
outros que atendam melhor às peculiaridades de uma empresa específica.
Os demais capítulos são dedicados a alguns instrumentos de gestão ambiental empresarial. Também
não faz sentido falar de instrumentos de gestão sem falar nas diferentes abordagens aos problemas
ambientais, nos modelos de gestão e na regulamentação pública. Apesar da existência de um verdadeiro
arsenal de instrumentos para solucionar ou minimizar os problemas ambientais existentes, bem como para
evitar que novos sejam criados, o fato é que eles ainda são pouco compreendidos no próprio ambiente
empresarial. Os instrumentos de gestão também suscitam polêmicas infindáveis, sendo que as mais
relevantes foram discutidas, como é o caso da obrigatoriedade ou não de alguns deles. Há inúmeros
instrumentos à disposição das empresas e o texto faz referências a diversos deles, embora dedique a
atenção aos seguintes: sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais, relatórios ambientais externos
e estudos de impactos ambientais. Cada instrumento é apresentado segundo diferentes propostas em
termos de concepção e procedimentos, além de uma discussão mais ampla sobre o contexto em que eles se
aplicam. Seis anexos completam o texto, sendo que o primeiro é um glossário que apresenta informações
adicionais sobre palavras, expressões e organizações citadas no texto.
Os modelos de gestão e instrumentos aqui apresentados devem ser vistos como meios para alcançar o
desenvolvimento sustentável, assunto tratado no Capítulo 2. A vinculação entre meio ambiente e
desenvolvimento está presente ao longo do texto. Desenvolvimento
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deve ser entendido como um processo que objetiva a melhoria qualitativa das condições de vida da
população de um país, de uma região ou de um local específico. Assim, onde se lê gestão ambiental,
entenda-se gestão socioambiental , pois o obj etivo últim o das práticas aqui tratadas é melhorar a qualidade de
vida para todos, tanto para os atuais quanto para os futuros habitantes do Planeta.
O papel das empresas na promoção de um desenvolvimento que respeite o meio ambiente não resulta
apenas da necessidade de resolver os problemas ambientais acumulados ao longo dos anos em decorrência
das suas atividades. Resulta também da ampliação da sua influência em todas as esferas da atividade
humana. As empresas se tornaram as principais forças condutoras da sociedade em todos os níveis de
abrangência, do global ao interior dos lares, dos acordos multilaterais comerciais às decisões corriqueiras
do dia-a-dia de bilhões de pessoas em todas as partes do mundo. Daí a emergência de uma nova
concepção de responsabilidade social empresarial que rejeite a velha fórmula que se satisfazia em
produzir bens e serviços dentro da lei. A gestão ambiental deve fazer parte dessa nova responsabilidade
social e, como tal, deve refletir o poder ampliado das empresas de modo que elas possam de fato se tornar
parceiras do desenvolvimento sustentável.
A segunda edição desse livro atualiza dados e informações sobre os assuntos tratados que sofreram
modificações após o seu lançamento em 2004, bem como os instrumentos de gestão ambiental que
passaram por revisões durante este período. Em função da extensão das alterações, algumas seções foram
completamente modificadas, como as que tratam do Sistema de Gestão Ambiental de acordo com os
requisitos da norma ISO 14001, cujo processo revisional promoveu mudanças profundas em relação à
versão anterior. Além das atualizações, esta segunda edição amplia ou reelabora as explicações sobre
certos conceitos, modelos e instrumentos com o objetivo de torná-los ainda mais claros. Essas mudanças
resultaram do contato direto ou por e-mail com diversos leitores que apresentaram suas dúvidas, críticas e
sugestões. A estes os meus sinceros agradecimentos e espero poder contar novamente com a sua
colaboração.
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1
Meio ambiente e
gestão ambiental
Meio ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. A palavra ambiente vem do latim e o
prefixo ambi d{ a idéia de ‚ao redor de algo‛ ou de ‚ambos os lados‛. O verbo la tino ambio, ambire significa
‚andar em volta ou em torno de alguma coisa‛. Cabe notar que as palavras meio e ambiente trazem per se a
idéia de entorno e envoltório, de modo que a expressão meio ambiente encerra uma redundância. Essa é a
expressão consagrada no Brasil, na Espanha e nos demais países que falam o castelhano ( medio ambiente)',
em Portugal utiliza- se apenas a palavra ambiente, da mesma forma que no italiano. No idioma francês e no
inglês utilizam-se as palavras environnement e environment, respectivamente, ambas originadas do francês
antigo environer que significa circunscrever, cercar e rodear. O que envolve os seres vivos e as coisas ou o
que está ao seu redor é o Planeta Terra com todos os seus elementos, tantos os naturais, quanto os
alterados e constmídos pelos seres humanos. Assim, por meio ambiente se entende o ambiente natural e o
artificial, isto é, o ambiente físico e biológico originais e o que foi alterado, destruído e construído pelos
humanos, como as áreas urbanas, industriais e rurais. Esses elementos condicionam a existência dos seres
vivos, podendo-se dizer, portanto, que o meio ambiente não é apenas o espaço onde os seres vivos existem
ou podem existir, mas a própria condição para a existência de vida na Terra.
Odum e Sarmiento distinguem três tipos de ambientes: (1) o fabricado ou desenvolvido pelos
humanos, constituído pelas cidades, parques industriais e corredores de transportes como rodovias,
ferrovias e portos; ( 2 ) o ambiente domesticado, que envolve áreas agrícolas, florestas plantadas, açudes,
lagos artificiais etc. e; (3) o ambiente natural, por exemplo as matas virgens e outras regiões auto-
sustentadas, pois são acionadas apenas pela luz solar e outras forças da natureza, como precipitação,
ventos, fluxo de água etc. e não dependem de qualquer fluxo de energia controlado diretamente pelos
humanos, como
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ocorre nos dos dois outros ambientes. O ambiente de suporte à vida é, segundo estes autores, aquela parte
da Terra que satisfaz as necessidades fisiológicas vitais, provendo alimentos e outras formas de energia,
nutrientes minerais, ar e água 1. A vida ocorre apenas na biosfera, uma estreita faixa do Planeta constituída
pela interação de três ambientes físicos: o ambiente terrestre ou litosfera, o aquático ou hidrosfera, e o
atmosférico, que envolve os outros dois ambientes. A parte terrestre da biosfera é apenas a camada sólida
superficial da litosfera; a da atmosfera é a camada rente à crosta terrestre denominada troposfera e que al-
cança cerca de llkm de altitude nos pólos e 16km no equador. O meio ambiente, como condição de
existência da vida, envolve a biosfera e estende-se muito além dos limites em que a vida é possível. Por
exemplo, os seres vivos estão condicionados a uma certa exposição às radiações ultravioleta que, por sua
vez, dependem da camada de ozônio existente na estratosfera, região da atmosfera que vai até cerca de
35km de altitude e onde não há vida.
Organismos da mesma espécie vivendo juntos formam as populações e as populações de várias
espécies vivendo numa mesma área constituem uma comunidade biológica. Os organismos e os elementos
físicos e químicos do meio em que vivem formam um ecossistema ou sistema ecológico. Segundo Odum,
ecossistema é uma unidade funcional básica da ecologia (veja Quadro 1.1), pois inclui os organismos e o
ambiente abiótico, sendo que cada um destes fatores influencia as propriedades do outro e ambos são
necessários para a manutenção da vida na Terra 2. Como qualquer sistema, o ecossistema é um conjunto de
partes ou subsistemas em interações, que são os organismos ou seres vivos de diversas espécies, inclusive
os seres humanos, e os elementos do ambiente físico ou abiótico, tais como ar, água, solo, relevo, luz,
temperatura, pressão atmosférica etc. Os organismos e o ambiente físico são interdependentes e, portanto,
se influenciam mutuamente funcionando como uma totalidade, ou seja, o que ocorre com uma de suas
partes acaba influenciando as demais. Um ecossistema pode ser parte de outro; no limite, todos fazem
parte da biosfera e o ser humano é um de seus componentes. Os ambientes artificiais ou domesticados
pelos seres humanos formam ecossistemas específicos, como as regiões agrícolas e agroindusiriais e até
mesmo as cidades e os distritos industriais, embora estes últimos casos sejam concessões ao termo
ecossistema. Odum e Sarmiento denominam estes últimos como tecnoecossistemas urbanos-industriais,
que se caracterizam por serem parasitas dos ambientes naturais e domesticados, pois não produzem os
alimentos de que sua população necessita, não limpam o ar e reciclam muito
1 ODUM, Eugene P.; SARMIENTO, Fausto. Ecologia: el puente enire ciência y sociedad. México: McGraw-Hill
Interamericana, 1997. p. 9-15.
ODUM, Eugene R Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. p. 9.
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pouco as águas que utilizam 3. Enfim, esses ambientes não possuem capacidade de regeneração, uma
característica importante dos ambientes naturais e até mesmo dos domesticados.
Os problemas ambientais provocados pelos humanos decorrem do uso do meio ambiente para obter os
recursos necessários para produzir os bens e serviços que estes necessitam e dos despejos de materiais e
energia não aproveitados no meio ambiente. Mas isso nem sempre gerou degradação ambiental, em razão
da escala reduzida de produção e consumo e da maneira pela qual os seres humanos entendiam sua
relação com a natureza e interagiam com ela. O aumento da escala de produção tem sido um importante
fator que estimula a exploração dos recursos naturais e eleva a quantidade de resíduos. Há quem sustente
que os povos que se sentem parte da natureza apresentam um comportamento mais prudente em relação
ao meio ambiente e utilizam seus recursos com parcimônia. A concepção de um ser humano separado dos
outros elemenios da natureza talvez tenha sido o fato de maior relevância para o aumento dos problemas
ambientais. A crença de que a natureza existe para servir ao ser humano contribuiu para o estado de
degradação ambiental que hoje se observa. Mas certamente foi o aumento da escala de produção e
consumo que iria provocar os problemas ambientais que hoje conhecemos.
É comum apontar a Revolução Industrial como um marco importante na intensificação dos problemas
ambientais. A maior parcela de emissões ácidas, de gases de estufa e de substâncias tóxicas resulta das
atividades industriais em todo o mundo. O lixo gerado pela população cada vez mais está composto por
restos de embalagens e de produtos industriais. O uso de inseticidas, herbicidas, fertilizantes, implementos
e outros produtos industrializados fez com que a agricultura se tornasse uma atividade intensiva em
degradação ambiental. O mesmo pode-se dizer da pesca, dos transportes e inclusive das atividades
comerciais e de serviço. Grande parte dos problemas ambientais produzidos por agências bancárias,
escritórios, consultórios, lojas, escolas, repartições públicas, hotéis, hospitais, aeroportos e outros
estabelecimentos de serviço se deve aos materiais industrializados que dão suporte às suas atividades. Não
que antes cla Revolução Industrial não existisse tais problemas - basta lembrar das florestas devastadas em
todos os continentes para os mais diversos fins, dos rios assoreados e da perda de fertilidade de muitas
áreas. Entretanto, a possibilidade de encontrar novas áreas para obter recursos escondia a gravidade
desses problemas. Se a degradação do ambiente fosse considerada um sério risco pelas sociedades daquele
tempo, Dante certamente teria atribuído aos degradadores do meio ambiente um círculo no inferno. A
poluição gerada pelas atividades humanas ficava confinada em áreas específicas e era
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absorvida com mais facilidade, pois era basicamente de origem orgânica. A partir da Revolução Industrial
surge uma diversidade de substâncias e materiais que não existiam na natureza. Mais de 10 milhões de
substâncias foram sintetizadas e esse número não pára de crescer. A era industrial alterou a maneira cle
produzir degradação ambiental, pois ela trouxe técnicas produtivas intensivas em material e energia para
atender mercados de grandes dimensões, de modo que a escala de exploração de recursos e das descargas
de resíduos cresceu a tal ponto que passou a ameaçar a possibilidade de subsistência de muitos povos na
atualidade e das gerações futuras.
A maneira como a produção e o consumo estão sendo realizados desde então exige recursos e gera
resíduos, ambos em quantidades vultosas, que já ameaçam a capacidade de suporte do próprio Planeta,
isto é, a quantidade de seres vivos que ela pode suportar sem se degradar. Considerando que a capacidade
cle suporte de um ecossistema específico não é algo fácil de estimar, o que não dizer então da capacidade
do Planeta? No entanto, há diversos sinais de que a Terra já se encontra nos limites de sua capacidade para
suportar as espécies vivas. Entre esses sinais estão os diversos problemas ambientais provocados pelas
atividades humanas que vêm se agravando ao longo do tempo, sendo que alguns já adquiriram dimensões
globais ou planetárias, como a perda de biodiversidade, a redução da camada de ozônio, a contaminação
das águas, as mudanças climáticas decorrentes da intensificação do efeito estufa e outros. O resultado
desse quadro caracterizado pela escalada dos problemas ambientais de toda ordem é o comprometimento
do próprio futuro da Terra e de todos os seres vivos e não apenas os humanos.
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biológico, pois desse ponto de vista nem tudo o que existe na natur eza constitui recurs o, mas apenas
aquilo que de alguma forma pode ser do interesse humano. Porém, sendo o meio ambiente a condição da
existência de vida, como dito anteriormente, todos os seus elementos devem ser considerados recursos
naturais.
Os recursos naturais são tradicionalmente classificados em renováveis (energia solar, ar, água, plantas,
animais, beleza cênica etc.) e não renováveis (areia, argila, minérios, carvão mineral, petróleo etc.). Essa
classificação, embora bastante utilizada, deve ser vista com reserva, pois ela depende de uma escala
temporal humana. A noção de esgotamento ou renovação de recursos envolve a dimensão de tempo, e a
perspectiva de tempo dos humanos nem sempre é a mesma daquela que seria necessária para a renovação
de um certo recurso. Assim, por recurso renovável se entende aquele que pode ser obtido indefinidamente
de uma mesma fonte, enquanto o não renovável possui uma quantidade finita, que em algum momento irá
se esgotar se for continuamente explorado. Na realidade, todos os recursos podem se renovar através de
ciclos naturais, embora alguns possam levar até milhões de anos, o que é impensável para o padrão
humano de tempo. A perspectiva de tempo humana e o modo de usar os recursos são as condições que os
tornam renováveis ou não, como mostra a Figura 1.1.
Recursos naturais
(ar, água, espaço, beleza cênica, Esgotáveis, mas podem ser reutilizados
Alteram-se com o uso: e reciclados
navegabilidade dos rios e lagos,
esgotam-se, mantêm-se ou aumentam polinização, assimilação de poluentes, (areia, argila, granito, metais)
(colheita anual, rebanhos, animais ciclos dos nutrientes, regulação do
selvagens, cardumes, lenha, madeira, clima, retenção de sedimentos, filtro
solo) solar, biodiversidade, controle natural de
pragas e outros serviços ambientais)
Fonte: Adaptado de T1VY, J.; O'HARE, G. Human impact on the ecosystem. Edimburgo: Oliver & Boyd, 1991.
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Ecologia é a ciência que estuda as inter-relações dos organismos vivos com o seu meio ambiente e dos
organismos entre si, inclusive o homem (NBR 9896:1993) 4. Para Odum, ecologia significa estudo do
ambiente da casa, incluindo todos os organismos que ela contém e os processos funcionais que a tornam
habitável. É uma disciplina científica que permanece firmemente radicada na biologia, embora lenha se
tornado integradora unindo os processos físicos e biológicos e servindo de ponte entre as ciências naturais
e sociais. Por isso, a ecologia constitui um vasto campo de conhecimentos que inclui tanto as ciências
biológica s e fís ica s quan to as humanas e sociai s. A eco logia é uma ciê nci a que enf oca os níveis de
organização à direita do espectro biológico apresentado na Figura abaixo, ou seja, dos organismos até os
ecossistemas, pois os componentes anteriores a estes não possuem vida autônoma 5. A ecologia, como
outras disciplinas científicas, também apresenta diversos ramos de estudo, entre os quais ecologia de
comunidades, ecologia de paisagem, ecologia humana e outros.
Acot mostra que a palavra ecologia (oekologie) foi inventada por Ernst Haeckel em 1866, aparecendo
pela primeira vez em nota de rodapé de seu livro, Generelle morphologie der Organismen, substituindo o
termo biologia. É no segundo volume dessa obra que se encontra a defi nição mais célebre de ecologia: ‚a
totalidade da ciência das relações do organismo com o meio
4 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9896:1993. Glossário de poluição da água. Rio de
Jane iro, 1 993.
5 ODUM, Eugene P. Ecologia, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. p.l e 2.
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ambiente". A palavra ecologia é formada pelos vocábulos gregos oikos e lógos, significando lite-
ralmente ciência do habitat. Em geral, nos textos oikos é traduzido como casa. Acot ressalta que esse
étimo grego deriva do radical inclo-europeu weik que indica uma unidade social imediatamente
superior á casa cio chefe dc família e que, portanto, já denota uma dimensão biocenólica contida nas
acepções modernas da palavra ecologia 6. Para Odum, biocenose significa literalmente vida e terra
funcionando juntos. Essa palavra é usada também para se referir ao ecossistema ou à comunidade
biótic a. Veja mais sobre estes termos no Anexo I - Glossário.
A palavra economia também é formada pelos étimos gregos oikos e nomia, este significando
manejo ou gerenciamento‛. Essa palavra é muito mais antiga que ecologia. Aristóteles (384 - 322
a.C.), por exemplo, a emprega em sua obra A política. No entanto, a partícula eco tornou-se prefixo de
palavras associadas à ecologia e aos assuntos relacionados com questões ambientais de um modo
geral, tais como: ecossistema, ecogestão, ecologismo, ecoturismo, ecodesign, ecoeficiência,
ecoindústria, ecotaxa, ecofeminismo, ecocenirismo, ecoutopia, ecoe- nergia e muitas outras. As
palavras que levam esse prefixo são em geral portadoras de significados positivos, o que reflete a
preocupação com o meio ambiente por grande parte da população mundial. O ecologismo constitui
um importante movimento de expressão mundial voltado para a busca de uma relação harmoniosa
do ser humano com o seu meio. Em linguagem corrente é comum o uso do termo ecologia como
sinônimo de meio ambiente, bem como o adjetivo ecológico como sinônimo de ambiental.
O petróleo não se renova independentemente do uso que se faça dele, seja para produzir combustível
que é consumido no ato da sua utilização ou materiais mais duráveis, como o plástico que pode ser
reciclado diversas vezes, mas não indefinidamente. O mesmo acontece com os metais e outros produtos
obtidos de recursos minerais metálicos e não metálicos, que são considerados reutilizáveis e renováveis.
Quando se diz que ferro, cobre, alumínio, vidro e outros são 100% recicláveis, estamos diante de uma
meia-verdade, e não só porque sempre ocorrem perdas nos processos de reciclagem. Estes produtos se
tornaram possíveis graças ao fato de que os recursos minerais de onde foram extraídas suas matérias-
primas encontravam-se acumulados em grandes depósitos, tornando viável a sua exploração. O uso dos
produtos dissipa os seus materiais pelo atrito, oxidação, quebras e outras
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formas de perdas disseminando-os pelo meio ambiente de modo atomizado, o que impede a sua
recuperação. Milhões de toneladas de metais dissipados anualmente pela fricção e atrito, por exemplo, não
são recuperáveis para efeito de reciclagem por se encontrarem espalhados em porções muito diminutas por
todo Planeta. Assim, com o uso continuado desse material, algum dia esse recurso irá acabar, mesmo que
seja só daqui a milhares de anos.
Excetuando a energia solar que incide diretamente sobre o Planeta, os demais recursos renováveis
podem se exaurir, dependendo de como eles são usados ou de como a natureza é afetada pelas
transformações naturais e humanas. As plantas são consideradas recursos renováveis, mas uma árvore que
leva mais de 20 0 anos para fornecer um determinado tipo de madeira é na realidade um recurso não
renovável na escala humana. As espécies vivas deixam de ser recursos renováveis se a sua exploração
comprometer a sua capacidade de reprodução, o que pressupõe que apenas uma certa quantidade anual
poderia ser extraída para uso humano. Essa quantidade denomina-se rendimento sustentável de um dado
recurso renovável numa dada área e a quantidade máxima de exploração que equilibra a capacidade de
regeneração com a quantidade coletada é o rendimento máximo sustentável. A beleza de uma paisagem é
um recurso renovável para as atividades de turismo, desde que as suas características não se degradem
pelo excesso de visitantes. O solo agrícola é um recurso renovável, pois os ciclos biogeoquímicos do
nitrogênio, fósforo, potássio e de outros elementos restabelecem sua fertilidade indefinidamente, mas o
uso inadequado pode comprometer a realização desses ciclos tornando o solo estéril, cuja regeneração
pode levar séculos. As ações humanas podem, no entanto, produzir alterações positivas, por exemplo,
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meio ambiente que já são tradicionalmente considerados como tal (solo, água, minérios, madeira, animais,
espaço, paisagem etc.), quanto os serviços ou as funções ambientais, como mostra o Quadro 1.2. Certos
recursos naturais podem ser apropriados em diferentes quantidades por pessoas, grupos, empresas e
países e transformados em mercadorias, enquanto os serviços não são passíveis de apropriação, estando,
portanto, disponíveis para todos indistintamente. O uso de um serviço ambiental por uma pessoa ou uma
coletividade não impede que outras possam também usá-lo. A circulação do ar permitindo a dispersão dos
poluentes beneficia todas as pessoas de uma região. O mesmo não ocorre com um cardume, uma jazida ou
uma parcela do solo, cujo uso ou consumo por parte de uns exclui outros de usarem ou consumirem.
Os recursos naturais não podem ser considerados entidades independentes, pois o que ocorre com um,
influencia o outro. O uso perdulário ou inadequado de um recurso natural em larga escala pode
comprometer as funções ambientais, que por sua vez acabam afetando sua utilização nos períodos
seguintes. A argila e o húmus arrastados do solo devido a uma prática agrícola inadequada prejudicam a
capacidade de retenção da água e se esse processo for mantido, o solo, antes um recurso produtivo,
transforma-se num deserto. Ao longo do tempo, muitas terras férteis foram se degradando pelo uso
intensivo e pelas práticas impróprias às condições do solo, do relevo e do clima. O Conselho Econômico e
Social da ONU8 mostra que atualmente cerca de 2 bilhões de hectares de terra estão degradados, pondo em
perigo a subsistência de mais de 1 bilhão de pessoas e que cerca de 65% de todas as terras cultiváveis já
teriam perdido algumas funções físicas e biológicas. Embora o ser humano também saiba transformar
terras estéreis em campos férteis, o fato é que os processos cle desertificação avançam em praticamente
todo o mundo, principalmente nos países mais pobres.
A água, que tecnicamente é um recurso renovável, também dá sinais inequívocos de deterioração em
quase todos os cantos do Globo. Os prognósticos sobre a qualidade e quantidade dos recursos hídricos são
verdadeiramente alarmantes e já se tornou lugar-comum afirmar que a água será o recurso mais escasso do
século XXI e que provavelmente será a causa de muitas guerras. Diante disso, a Unesco e a Cruz Verde
Internacional concluíram em dezembro de 2001 um acordo para atuarem em conflitos bélicos que poderão
ser
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deflagrados pela posse da água 1-1. De um lado os processos de desflorestamentos e de deser- lificação e, de
outro, o uso intenso para os mais variados fins comprometem sua capacidade de renovação. De acordo
com a Agenda 21, cada pessoa deveria ter acesso a pelo menos 40 litros de água potável por dia para
desfrutar de uma vida digna e saudável 10 . Considerando que a população global passa de seis bilhões de
pessoas, seriam necessários mais de 240 bilhões de litros de água tratada diariamente. Para se ter uma
idéia do tamanho do problema, some a essa quantidade, cuja magnitude já é expressiva, as necessidades
de água para as demais espécies e para outros usos humanos (irrigação, navegação, processos industriais,
limpeza pública, geração de energia etc.). No início do século XXI, cerca de 1, 2 bilhão de humanos
continuam vivendo na pobreza e sem acesso à água potável e quase 2,5 bilhões ainda carecem de
saneamento adequado 11 . O acesso à água potável é um problema gravíssimo e de difícil solução. Tanto
que, entre os objetivos de desenvolvimento do milênio, assumidos por 191 países membros da ONU e
considerados ambiciosos e até ine- xeqúíveis, uma das metas a ser alcançada até 2015 é reduzir apenas
pela metade a população sem acesso permanente e sustentável a água potável 12 . Como a oferta desse
recurso é bastante desigual entre os países e regiões, tem-se aí um pomo de discórdia explosivo. A Unesco
e a Cruz Verde estão certíssimas em se preparar para o pior.
Há diversos entendimentos sobre bens e serviços ambientais. Um deles refere-se aos produtos
resultantes das atividades humanas voltadas para proteger o meio ambiente. O conjunto dos produtores
desses bens e serviços forma a industria ambiental, composta por diversos segmentos econômicos de
acordo com a natureza do produto. Por exemplo, para a Environmental Business International (EB1), uma
organização privada sediada em San Diego, Califórnia, são três os segmentos dessa indústria: (1)
equipamentos, instalações, instrumentos e outros materiais
(continua)
Jane iro. Agen da 21, Cap ítul o 18, seç ão 18. 58. Disponí vel em: <www.nima.gov.br> ou <www. unep. org>.
11 Declaração Ministerial que encerrou a Conferência Internacional sobre Água Doce, realizada em Bonn, 04 de
dezembro de 2001 (dados obtidos em <www.unesco.org/water/wwap/> em 13 fev. 2002).
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Veja mais em <www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade>.
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(continuação)
para controle e prevenção de poluição e recuperação do meio ambiente; (2) recursos ambientais, como
distribuição de água, venda de materiais recuperados e geração de energia de fontes solar, eólica e outras
consideradas ambientalmente limpas; e (3) serviços como análises laboratoriais, gestão de resíduos
perigosos, descontaminação de sítios, engenharia e consultoria ambiental 13 . Esse tipo de classificação segue
uma sistemática semelhante à das classificações de setores econômicos para efeito fiscal. Esse é um
entendimento tradicional e seu foco são as atividades geradoras de bens e serviços para gerenciar,
controlar, prevenir e remediar problemas ambientais como poluição, ruídos, desperdícios de recursos e
danos aos ecossistemas. Esse também é o entendimento dado pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) 14 .
A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) apresenta um
entendimento mais amplo, pois considera, além daqueles citados acima, os bens e serviços ambientalmente
preferíveis, isto é, os que causam menos danos ao meio ambiente do que seus similares. Exemplos: um
equipamento de uso doméstico que consome menos energia é preferível em relação a um similar que
consome mais energia; entre os produtos que cumprem a mesma função, são preferíveis os isentos de
substâncias tóxicas. As condições de trabalho também devem ser levadas em conta na caracterização
desses bens e serviços, que não se restringem apenas à minimização do uso de recursos naturais e da
geração de poluentes. Eles deixam de ser ambientalmente preferíveis se forem obtidos com trabalho
forçado, trabalho infantil, cm ambientes insalubres, com remunerações aviltadas e outras condições que
desrespeitem o ser humano. A Unctad também considera os serviços proporcionados pelos ecossistemas
como seqüestro de carbono c as respostas humanas a determinados problemas ambientais, como a gestão
de águas residuais 15 .
Resumindo, os serviços ambientais podem referir-se às atividades humanas voltadas para resolver
problemas ambientais ou impedir que eles aconteçam; por exemplo, recolhimento de lixo doméstico,
monitoramento da qualidade do ar, gerenciamento de resíduos, análises laboratoriais, implantação de
sistemas de gestão ambiental em empresas, treinamento e educação ambiental, realização de auditorias e
estudos de impactos ambientais. Também são serviços ambientais as funções realizadas pelos componentes
dos ecossistemas, como a reciclagem de materiais que restitui a fertilidade do solo, a produção de oxigênio
pelas plantas, a dispersão dos poluentes pela circulação do ar e a preservação de mananciais e rios pelas
matas ciliares. Todos os ciclos biogeoquimicos são exemplos de serviços ambientais. A continuidade da
vida e o provimento da subsistência humana não seriam possíveis sem a manutenção desses serviços
ambientais, que por sua vez dependem muito do modo como os humanos intervêm no meio ambiente.
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pobreza. Hardin, um autor neomalthusiano, em seu artigo amplamente citado, ‚The tragedy of the
commons‛, publicado em 1968 na prestigiada revista Science, afirma que h{ certos tipos de problemas
para os quais não há solução técnica, demre eles, as questões relativas ã população, pois uma Terra finita
pode suportar apenas uma população finita e não é isso o que se observa face á liberdade de ter filhos. Por
isso, esse autor considera intolerável essa liberdade e se opõe ao direito das famílias de decidirem sobre
essa questão. Segundo Hardin, como não há solução técnica capaz de salvar a humanidade da miséria
resultante da superpopulação, a liberdade de procriar arruinará a todos 16 , uma tese que faz um imenso
sucesso nas hostes neomalthuseanas e fornece justificativas para os programas autoritários de esterilização
em massa. Nesse mesmo ano de 1968, o casal Paul e Anne Ehrlich tornaria famosa a expressão bomba
populacional, título de uma de suas obras, nas quais as teses neo- malthusianas foram largamente
divulgadas, tais como previsões sombrias sobre períodos de fome generalizada nas próximas décadas.
Esses autores voltaram a insistir nesse tema nas décadas seguintes, como mostra o seu livro Populalional
explosion, de 1990.
Os relatórios do Clube de Roma são expressões típicas da visão neomalthusiana que tiveram destaque
tanto no meio acadêmico quanto na grande imprensa e contribuíram para divulgar o pessimismo sobre as
possibilidades de a Terra sustentar o crescimento econômico. No mais famoso desses relatórios, publicado
em plena crise do petróleo do início dos anos 1970 por Meadows et al. com o título ‚Limites do
crescimento‛, esse pessimismo foi sustentado por simulações realizadas num modelo de sistema mundial.
O relatório afirma que caso não haja mudanças significativas nas relações físicas, econômicas e sociais
observadas até então, a produção industrial e a população vão crescer rapidamente para decrescer depois
no decorrer do próximo século; a produção decrescerá devido à diminuição de recursos e a população,
pela elevação da taxa de mortalidade devido à diminuição dos alimentos e dos serviços médicos. Mesmo a
duplicação dos recursos naturais não impediria o colapso da população, porque o elevado crescimento
industrial sustentado pela maior oferta de recursos elevaria o nível de poluição para além da capacidade
de assimilação do meio ambiente, o que aumentaria a taxa de mortalidade e reduziria a produção de
alimentos. Se a única mudança for a possibilidade de dispor de recursos ilimitados, ainda assim ocorreria
esse colapso devido ao crescimento dos níveis de poluição. Em todas as simulações apresentadas, sempre
haverá crise de abastecimento decorrente do crescimento econômico, mesmo
^ HARDIN, Garret. The tragedy of the commons. Science, v. 162, n. 3.859, p. 1.246-1.248, Dec. 13, 1968.
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na hipótese de reservas ilimitadas de recursos obtidas com progresso técnico, controle de poluição e de
natalidade 17 . Como resultado dessa análise pessimista, esses autores defendem um esiaclo de crescimento
zero para a sociedade humana 18 , uma proposta que só poderia intere ssar aos países desenvolvidos, daí
porque o relatório de 1972 do Clube de Roma e os que vieram depois foram duramente criticados nos
demais países. Passados 30 anos do primeiro relatório, os seus autores tornaram-se ainda mais pessimistas
quanto ao futuro global. Todas as suas simulações posteriores reafirmam as conclusões anteriores de um
modo ainda mais drástico, uma vez que a humanidade passou a esbanjar recursos de um modo mais
intenso do que em 1972 19 .
No outro extremo encontram-se os que demonstram um otimismo exagerado em relação aos recursos
necessários à vida humana. Estes se baseiam na crença de que qualquer problema de escassez no presente
ou no futuro próximo será solucionado mais adiante, de modo que sempre haverá a possibilidade de
substituição de insumos e processos produtivos. À medida que o mercado visualiza a possibilidade de
esgotamento de um certo recurso natural, o seu preço de mercado aumentaria e isso estimularia as
atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico para melhor aproveitar esse recurso
escasso, bem como para encontrar alternativas para substituí-lo. Essa visão otimista quanto às soluções
tecnológicas considera, na prática, todos os recursos infindáveis, pois diante da iminente escassez de um
dado recurso sempre será encontrado algum substituto. Essa postura em relação ao meio ambiente é
denominada comucopiana em referencia à conuicópia , uma figura da m itologia grega que simboliza a fortuna
e a abundância eternas, representadas por um vaso na forma de chifre que verte continuamente frutas,
flores e cereais.
Pode-se encontrar tal postura na obra de Adam Smith, ‚A riqu eza das nações", quando diz que,
independentemente do solo, clima ou extensão territorial de uma determinada nação, a abundância ou
escassez de bens de que esta irá dispor dependerá de duas circunstâncias: ( 1 ) da habilidade, destreza e
bom senso com que o traba lho é executado; e ( 2 ) da proporção entre os que executam e os que não
executam o trabalho útil, sendo que a primeira parece ser mais importante que a segunda 20 . Segundo
Adam Smith, sempre haverá demanda por alimentos, pois da mesma forma que os animais, os humanos se
multiplicam
17
MEADOWS et al. Limites do crescimento. São Paulo: Perspectiva, 1972. p. 120-138.
18 Ibid., p. 168-177.
MEADOWS et al. Limits to growth: the 30-year update, 2006, pgs. 167-179.
20 SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigações sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural,
1983. p. 35.
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proporcionalmente aos meios de subsistência. Assim, o autor conclui que os alimentos sempre irão
demandar trabalho e sempre haverá alguém disposto a produzi-los, de modo que a terra irá sempre
produzir uma quantidade de alimentos mais que suficiente para remunerar o trabalho e repor o capital 21 .
Talvez seja em decorrência desse tipo de argumento que o fator Terra tem sido omitido em muitos textos
econômicos nos quais apenas o trabalho e o capital foram considerados fatores de produção.
Julia n Simon, econom ista da Universidade de Maryland, talvez seja o que mais tenha se destacado
dentro da corrente cornucopiana em todos os tempos, lendo empreendido uma verdadeira cruzada contra
as visões neomalthusianas até o final de sua vida em 1998. Esse autor afirmava que os seres humanos
sempre souberam resolver seus problemas. Prova disso é a melhor qualidade de vida de que a
humanidade dispõe hoje comparativamente ao passado. E quanto mais pessoas, maior a capacidade para
resolver problemas. Simon afirma que o crescimento da população ao elevar os preços constitui uma
oportunidade para os empreendedores procurarem novos meios para resolver os problemas de escassez,
desde que haja uma economia livre. Para esse autor, o resultado final é surpreendente, pois as condições
finais seriam melhores do que se a escassez nunca tivesse ocorrido 22 . Como se vê, o otimismo desse autor é
comparável ao de Pangloss, para quem tudo se encaminha necessariamente para o melhor fim. Os
cornucopianos continuam com a idéia exposta por Adam Smith de que cada indivíduo, buscando o melhor
para si, acabaria gerando o melhor para todos. Na realidade, para este autor o auto-interesse nem sempre
produziria efeitos benéficos, mas muitos dos seus seguidores se encarregaram de transformá-lo no único
princípio para alcançar a riqueza, dando-lhe stalus de virtude e usando-o ad nauseam para justificar toda
sorte de ações em proveito próprio, independentemente dos prejuízos para os demais e o meio ambiente.
Essas duas posturas estão equivocadas, embora deva-se reconhecer que elas trazem contribuições
importantes para o debate a respeito dos recursos naturais. A obra de Malthus e de seus seguidores
contribuíram para o desenvolvimento da dinâmica populacional e continuam fornecendo uma base
conceituai para muitos modelos que buscam relacionar o crescimento das populações de qualquer espécie
com os seus fatores limitantes, dentre eles a oferta de recursos. As idéias relativas à capacidade de suporte
e rendimento sustentável estão entre as muitas contribuições dessa corrente de pensamento. O grande
problema é quando esses modelos explicativos são transformados em modelos normativos para serem
Ibid., p. 153.
22 SIMON, Julian L. Population panic. Fortune, May 21, 1990, p. 160.
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aplicados aos seres humanos, como os programas de esterilização em massa de populações pobres. As
pessoas que afirmam que há gente em excesso no Planeta não costumam se incluir entre os que estão
sobrando, de modo que suas propostas sempre se voltam contra os outros, os que não podem se defender.
A questão cla população mundial é preocupante mais pelos desníveis entre os diversos grupos sociais do
que pelo seu tamanho absoluto. Os 5,8 bilhões de humanos em 1996 dispunham em média de 15% a mais
de alimentos do que os 4 bilhões de 20 anos antes, porém, mais de 800 milhões de pessoas em todo o
mundo, mas principalmente nos países em desenvolvimento, não dispunham de alimentos suficientes para
atender suas necessidades nutricionais básicas 23 .
Há indícios suficientes de que o crescimento explosivo da população em certas áreas está associado à
miséria, uma vez que várias sociedades ricas chegam a apresentar taxas negativas de crescimento. A
melhor forma para desarmar a bomba populacional é a erradicação da pobreza, o que certamente não irá
ocorrer apenas pelos mecanismos de livre mercado como defendem os liberais de todos os tempos, a
exemplo de Julian Simon. Mas apenas eliminar a pobreza não basta, embora este deva ser um objetivo
prioritário, pois diversos países desenvolvidos também estão entre os que mais degradam o meio
ambiente, quer pela utilização intensiva de recursos para manter o alto padrão de consumo das suas
populações afluentes, quer pela quantidade de poluentes que resultam dos processos de produção e
consumo que ultrapassam a capacidade de assimilação do meio ambiente. Os problemas ambientais não
podem ser resolvidos sem considerar o estado de conhecimento e os padrões de desenvolvimento dos
diferentes países e dentro destes, dos diferentes grupos sociais. Muitos países que ostentam um padrão de
vida elevado para seu povo dependem de recursos obtidos em outros países. Por isso, trata-se de
problemas socioambien-
sua subsistência e menos tais, pois eles decorrem
da disponibilidade mais do modo como os diferentes grupos sociais obtêm
de recursos.
23 FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Declaración de Roma sobre la seguridad alimentaria
mundial. In: Cumbre Mundial Sobre la Alimentación, Roma, 2001. Disponível em:
<www.fao.org/wfs/homepage/htm>.
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por outros seres vivos, de modo que nada se perde. O mesmo não acontece com as sobras das atividades
humanas, que serão denominadas aqui genericamente de poluição. A poluição é um dos aspectos mais
visíveis dos problemas ambientais e a percepção dos seus problemas se deu de forma gradativa ao longo
do tempo. Primeiro foi no nível local, nas proximidades das unidades geradoras de poluição; depois
descobriu-se que ela não respeita fronteiras entre países e regiões; finalmente, verificou-se que certos
problemas atingem proporções planetárias. A percepção dos danos causados pela poluição se deu também
de forma fragmentada quanto a seu meio receptor, resultando daí uma repartição do meio ambiente em ar,
água e solo, ou atmosfera, hidrosfera e litosfera, respectivamente. As legislações nacionais criadas para
combater ou controlar a poluição geralmente seguem essa divisão, estabelecendo disposições relativas à
poluição do ar, da água e do solo, como faz, por exemplo, a legislação brasileira, que será comentada
oportunamente, e a de muitos outros países.
Poluir é sujar, corromper, contaminar, degradar, manchar; poluição é ato ou efeito de poluir; e poluente é
o que polui, segundo os verbetes correspondentes cle qualquer dicionário da língua portuguesa. Neste
trabalho as palavras poluir e contaminar, poluição e contaminação, poluente e contaminante,
respectivamente, serão usadas como sinônimas, pois somente será considerado aquilo que produz
impactos indesejáveis ao meio ambiente físico, biológico e social. Poluenies são materiais ou energia que
produzem algum tipo de problema indesejável devido às suas propriedades físico-químicas, às
quantidades despejadas e à capacidade de assimilação no meio ambiente. A poluição é um fenômeno que
pode ser visto sob vários aspectos e classificado segundo diversos critérios. A Figura 1.2 apresenta de
modo resumido as diferentes classificações relativas à poluição, sendo que alguns dos termos mais usados
sobre o tema e outras questões ambientais comentadas neste e em outros capítulos encontram-se no Anexo
1.
Os poluenies podem ser gerados por/onfes naturais, como a fumaça liberada em queimadas
espontâneas, as cinzas vulcânicas e as tempestades marítimas carregadas de sais. Porém, não há dúvida de
que são os poluentes gerados por/oníes antropogênicas os que causam os maiores problemas ambientais.
Muitos poluenies podem ser produzidos por essas duas fontes, como o sulfeto de hidrogênio (H 2 S) que é
gerado naturalmente em vulcões, pela decomposição de material orgânico presente no solo, ou em corpos
d’{gua por bactérias anaeróbias; e também é produzido em refinarias de petróleo, fábricas de celulose e
outros processos industriais. As fontes antropogênicas podem ser identificadas pelos setores da atividade
humana, como agropecuária, mineração, transportes, indústria, serviços de saúde etc., pois cada um deles
produz certos tipos de poluentes específicos em decorrência dos seus insumos e processos típicos,
conforme exemplificado no Quadro 1.3.
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Ainda sobre as fontes, estas podem ser pontuais ou difusas. As primeiras são: fábricas, hospitais,
depósitos, portos, domicílios, veículos e outras fontes fixas ou móveis identificáveis. A sujeira deixada
numa praia depois do fim de semana, o lixo que se espalha pelas ruas e beiras de estradas, as partículas de
fertilizantes agrícolas carregados pelas chuvas e as milhares de substâncias desprendidas de produtos de
uso cotidiano são exemplos de poluição por fontes difusas. Os poluentes são chamados de primários
quando emitidos diretamente por uma fonte geradora ou atingem o meio imediato da forma como foram
emitidos. Os poluentes secundários são substâncias nocivas ao meio ambiente que resultam da reação ou
combinação de poluentes primários ou destes com as substâncias constituintes do meio receptor. Exemplo:
o óxido nítrico (NO) é um poluente primário gerado na queima de combustíveis fósseis, que diante da luz
solar reage com o oxigênio do ar ( 0 2 ) formando o dióxido de nitrogênio (N0 2), um poluente altamente
nocivo ao meio ambiente. O N0 2 , que também é gerado pela queima de combustíveis fósseis e em diversas
atividades industriais, na presença da luz do sol reage com o oxigênio para formar o ozônio
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(0 3), uma substância tóxica para os seres vivos quando concentrada nas camadas baixas da atmosfera.
Conforme os tipos de poluentes, a poluição pode ser biológica, físico-química, radiativa, sonora, entre
outras.
Setor Poluentes
Agropecuária metano (CH4), dióxido de carbono (C0 2), compostos orgânicos voláteis (COV), metais pesados,
embalagens de agrotóxicos, fertilizantes não aproveitados, materiais particulados
Mineração C02, monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NO*), óxidos de enxofre (S0,<), metais
pesados, águas residuais, resíduos sólidos, ruídos, vibração
Siderurgia materiais particulados, S02, N0 2, CO, COV, DBO, escórias e Iodos de tratamento de efluentes,
ruídos
Metais não metálicos S02, CO, materiais particulados, DBO, Iodos de tratamento de efluentes, ruído
Usinas termoelétricas CO, C02, CH4, N0x, S02, materiais particulados, Iodos
Têxtil Materiais particulados, S02, HC, DBO, ruídos
Refinaria de petróleo S02, N0?, CO, COV, DBO, DCO, materiais particulados, derramamentos
Transportes CO, C02, N0„, S02, hidrocarbonetos, materiais particulados, derramamentos de óleos e
combustíveis, ruídos
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água e mantêm-se estáveis por longo tempo no ar, na água e no solo, contaminando áreas muito distantes
dos locais em que foram lançados. Hoje já não há mais área do Planeta que não esteja contaminada por
estes poluentes. Se nenhum grama de POP for lançado a partir de agora, eles ainda continuarão causando
danos durante décadas em todo o mundo.
O meio receptor imediato é o que recebe o poluente diretamente da sua fonte, mas os danos podem se
estender para outros meios. O solo é meio receptor imediato do lixo doméstico depositado em ‚lixões‛,
mas os metais pesados e outras substâncias tóxicas presentes no lixo podem contaminar os mananciais e
aqüíferos e daí podem se acumular nos organismos e afetar a cadeia alimentar. Alguns problemas
decorrentes da poluição afetam elementos específicos do meio ambiente, como os efeitos sobre a saúde
humana ou das plantas pela exposição a certo poluente lançado em algum local, não necessariamente pró-
ximo à fonte emissora. Outros poluentes ultrapassam os limites do local de emissão e acabam se tornando
problemas de dimensão regional ou planetária, como a chuva ácida, a destruição da camada de ozônio ou
o aquecimento global. Os danos provocados pela poluição também afetam os ecossistemas e, portanto, os
recursos naturais e artificiais. A chuva ácida, por exemplo, afeta a cadeia alimentar, provocando danos
generalizados nos ecossistemas. Suas principais causas antrópicas são as emissões de S0 2 e N0 2 , que
reagem com outros componentes do ar formando ácido sulfúrico (H2 SO 4 ), ácido nítrico (HNO 3 ) e ácido
nitroso (HNO 2 ). No solo, a água da chuva com uma acidez além do normal dificulta a absorção de
nutrientes pelas plantas e exige mais insumos agrícolas para corrigir os solos, tornando as atividades
agrícolas mais caras, além de exigir uma exploração adicional sobre os recursos naturais. As precipitações
questões de ordem política, econômica, social e cultural que estão na raiz dos problemas ambientais
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retardam ou inviabilizam a adoção de soluções. Todas essas questões devem ser consideradas quando se
pretende enfrentar os problemas ambientais e isso é o que grosso modo se denomina gestão ambiental.
Gestão ambiental
Os termos administração , gestão do meio ambiente , ou simplesmente gestã o ambiental serão aqui entendidos
como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção,
controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio
ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer
evitando que eles surjam. As atividades que de um modo geral visam proteger o meio ambiente das
conseqüências das próprias ações humanas podem ser observadas em tempos mais remotos, como as
medidas proibindo serras hidráulicas na Inglaterra no século XIV e leis para proteger as florestas e as
águas em meados do século XVII na França, a fim de resolver as questões da escassez de madeira,
conforme citadas por Acot. As primeiras manifestações de gestão ambiental foram estimuladas pelo
esgotamento de recursos, como o caso da escassez de madeira para construção de moradias, fortificações,
móveis, instrumentos e combustível, cuja exploração havia se tornado intensa desde a era medieval.
Muitas florestas foram destruídas, por exemplo, para produzir ferro, pois segundo nos informa o mesmo
autor, para obter 50kg de ferro era necessário queimar 25m 3 de lenha. Acot denomina esses primeiros atos
de defesa da natureza como proteção dos gerentes, pois não eram resultantes cle uma preocupação com a
natureza por ela mesma, mas do interesse em preservar os recursos do país lendo em vista sua utilização 24 .
As ações para combater a poluição só começaram efetivamente a partir da Revolução Industrial,
embora desde a Antigüidade diversas experiências haviam sido tentadas para remover o lixo urbano que
infestava as ruas das cidades, prejudicando a saúde de seus habitantes. Na segunda metade do século XIX,
começa também um intenso debate entre membros da comunidade científica e artística para delimitar
áreas do ambiente natural a serem protegidas das ações humanas, para criar santuários onde a vida
selvagem pudesse ser preservada. Destaca-se, nesse aspecto, a criação do Parque Nacional de Yellowstone
nos
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Estados Unidos em 1872, considerado o primeiro no mundo. O crescimento da consciência ambiental por
amplos setores da sociedade é outro fato indutor da emergência da gestão ambiental. No pós-guerra,
começa efetivamente o crescimento dos movimentos ambientalistas apoiados numa crescente
conscientização de parcelas cada vez maiores da população. Entende-se por ambienialismo as diferentes
correntes de pensamento de um movimento social que tem na defesa do meio ambiente sua principal
atividade.
A preocupação com o meio ambiente, antes restrita a pequenos grupos de artistas, cientistas e alguns
politicos, atingiu também amplos setores da população de praticamente todo o mundo, dado o elevado
grau de degradação observado em todas as partes do Planeta. Contribuíram para isso as catástrofes
ambientais de grande proporção, como Seveso, Minamata, Three Miles Island, Bophal, Exxon Valez,
Cubatão, Chernobil, Baía de Guanabara e muitas outras. As informações sobre as conseqüências das
contaminações, obtidas por meio de pesquisas e divulgadas pela grande imprensa, têm sido uma constante
nestas últimas décadas, de modo que dificilmente alguém minimamente letrado desconhece a existência de
problemas ambientais, principalmente os decorrentes da poluição, pois estes são os que afetam mais
diretamente as pessoas. As últimas décadas do século XX foram particularmente ricas em denúncias e
debates sobre problemas ambientais detectados por pesquisadores dos mais variados campos do
conhecimento, como a luta contra o DDT, que até então era considerado um grande benfeitor da
humanidade pelo combate às pragas agrícolas e aos vetores da malária e de outras doenças. Um marco
importante dessa luta foi a obra de Rachel Carson, Silent spring , de 1962, que se torn ou um grande bcst seller
por muitos anos. As obras neomalthusianas como as do Clube de Roma e do casal Ehrlich contribuíram
para aumentar as preocupações com o meio ambiente, principalmente alertando para a escassez de re-
cursos e os problemas decorrentes da superpopulação. O contingente de pessoas preocupadas com o meio
ambiente, que já é significativo, tende a crescer ainda mais à medida que as populações se dão conta que
os problemas ambientais não só afetam a qualidade de vida atual, mas comprometem a sobrevivência da
própria humanidade.
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gestão ambiental inclui no mínimo três dimensões, a saber: ( 1 ) a dimensão espacial que concerne a área na
qual espera-se que as ações de gestão tenham eficácia; ( 2 ) a dimensão temática que delimita as questões
ambientais às quais as ações se destinam; e (3) a dimensão institucional relativa aos agentes que tomaram
as iniciativas de gestão. Essas três dimensões estão representadas na Figura 1.3, na qual cada eixo indica
uma dessas dimensões. Exemplos de gestões sob diferentes dimensões serão apresentados nos próximos
capítulos, a começar pela gestão de abrangência global sobre temas específicos, como aquecimento global e
proteção da biodiversidade.
Abrangência espacial
Questões ambientais
A essas dimensões pode-se acrescentar a filosófica que trata da visão de mundo e cla relação entre o
ser humano e a natureza, questões que sempre estiveram entre as principais preocupações humanas como
mostram as incontáveis obras artísticas, filosóficas e científicas de todos os tempos. E as respostas às
indagações sobre essas questões foram e continuam sendo as mais variadas, gerando diferentes
posicionamentos e propostas que refletem
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a diversidade de entendimentos sobre o Universo, o ser humano, os demais seres vivos e os elementos não
vivos da natureza. Apesar da variedade de posicionamentos, pode-se pensar em duas grandes vertentes
situadas em pólos extremos de uma linha contínua repleta de matizes, que refletem situações
intermediárias em diferentes gradações. Em uma ponta dessa linha encontram-se as posições
antropocêniricas extremadas, nas quais a natureza só tem valor enquanto instrumento dos seres humanos
e estes possuem direitos absolutos sobre ela. A preocupação com o meio ambiente se dá na medida que
este se torna um problema para os humanos. Subjacente a essa postura está a concepção de um ser
humano separado da natureza; essa dualidade lhe daria o direito de ser o seu senhor e de utilizá-la em seu
benefício. Em termos gerais, os antropocêntricos mais extremados não se preocupam com a quantidade e a
natureza da produção e do consumo, pois o importante é satisfazer as necessidades humanas, sejam elas
essenciais ou não. A gestão ambiental de acordo com essa visão, caso exista, se restringe a seguir as
legislações ambientais. A crença na capacidade da ciência e tecnologia de resolver os problemas
ambientais legitima o uso abusivo do meio ambiente. Os cornucopianos, já citados, encontram-se neste
pólo. O que se denomina ambientalismo representa uma contestação a esse modo de pensar e agir.
Na outra ponta estão as posições ecocêntricas extremadas, que atribuem aos elementos da natureza
um valor intrínseco e independente de qualquer apreciação humana; e os humanos, sendo apenas um
desses elementos, não possuem nenhum direito a mais que os outros seres. A eqüidade biológica, uma das
idéias-chave das posições desse pólo, decorre de uma concepção unitária da natureza, na qual todos os
organismos, inclusive os seres humanos, fazem parte da natureza em igualdade de condições. Os que
defendem essa tese se baseiam na idéia de que todos os seres vivos de um ecossistema são
interdependentes e por isso nenhuma espécie pode ser superior às demais, nem mesmo os humanos. Suas
propostas procuram levar em conta o fato de que a Terra é finita, ou seja, possui capacidades de carga e de
absorção de poluentes limitadas, de modo que o crescimento econômico também deve ter um limite. Não
crêem que a ciência e a tecnologia dominantes possam dar conta dos problemas ambientais, pois elas são
partes desses problemas, uma vez que foram desenvolvidas para serem instrumentos de domínio sobre a
natureza. Essa visão de mundo sugere o uso mínimo de recursos para não afetar a capacidade de
regeneração do meio ambiente, algo que só seria possível modificando significativamente os hábitos de
consumo para restringi-los às necessidades humanas básicas. Esse tipo de pensamento não raro acaba
gerando propostas idílicas e escapistas como retorno à vida campestre, vida em comunidades fechadas,
ascetismo religioso e outras de cunho elitista e até mesmo ecofascista disfarçadas em amor pela natureza.
Também geram propostas malthusianas , com su as conhecidas queixas sobre a bom ba-r elógio da explosão
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populacional e suas previsões pessimistas sobre a iminente era de escassez de recursos que nenhum ajuste
ou avanço tecnológico poderá deter.
Entre esses extremos encontram-se as abordagens socioambientais que reconhecem o valor intrínseco
da natureza, mas admitem que ela deve ser usada para atender às necessidades humanas presentes e
futuras e, por isso, buscam sistemas de produção e consumo sustentáveis, entendidos como aqueles que
procuram atender às necessidades humanas respeitando as limitações do meio ambiente, que não são
estáticas e que o ser humano pode e deve ampliar para atender a todos. Este texto adota essa perspectiva,
o que significa manter-se distante das posturas extremas comentadas anteriormente. As propostas de
gestão ambiental empresarial decorrentes dessa visão devem se apoiar em três critérios de desempenho, a
saber: eficiência econômica, eqüidade social e respeito ao meio ambiente, critérios estes que devem ser
considerados simultaneamente. Espera-se que a adoção dessas propostas possa contribuir para gerar
renda e riqueza, os objetivos básicos das empresas: minimizar seus impactos ambientais adversos,
maximizar os benefícios e tornar a sociedade mais justa.
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Acrescente novas linhas nesse Quadro, rela- 7. Por que a distinção entre recursos renováveis e
cionando os poluentes típicos de atividade ou não renováveis deve ser vista com reservas?
setor econômico importante para o local onde Apresente exemplos.
você vive. 8. Explique por que a visão de mundo dos gestores
4. Ainda em relação ao Quadro 1.3, acrescente deve ser entendida como uma das dimensões da
novas linhas relativas a hospitais, centros de gestão ambiental. Apresente exemplos.
compra (shopping centers), escolas, aeroportos, 9. Certas pessoas reconhecem que os problemas
rodoviárias, estádio de futebol, parques de ambientais existem, mas que serão resolvidos
diversão e outros estabelecimentos de serviço. com o avanço da ciência e tecnologia. Outras não
5. Neste capítulo foram apresentadas duas con- professam a mesma confiança ou atê duvidam
cepções diametralmente opostas sobre a ca- que elas podem trazer soluções aos problemas
pacidade da Terra de prover os recursos ambientais. Há, ainda, os qüe entendem que a
necessários para a subsistência da humanidade. maioria dos problemas ambientais foi criada pela
Discuta cada uma delas e apresente as possíveis ciência e tecnologia, e não se pode esperar que
práticas de gestão ambiental que podem ser a elas tragam soluções. Discuta essas opiniões com
elas associadas. um grupo de colegas e identifique práticas de
6. Enumere diversas fontes de energia classificadas gestão ambiental coerentes com cada uma delas.
10. Relacione as diferenças entre uma proposta de
em renováveis e não renováveis. Depois, faça gestão socioambiental e outras propostas
uma pesquisa sobre cada uma delas,
apresentando as disponibilidades e as relacionadas com as posições situadas nos pólos
expectativas para os próximos anos. Indique o extremos, conforme mostrado nesse Capítulo.
grau de importância que essas fontes repre-
sentam hoje e deverão representar no futuro.
Referências
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ARISTÓTELES. A política. São Paulo, Ediouro, |s/d|.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9896:1993. Glossário de poluição da água. Rio de
Jane iro, 1 993.
CARSON, Rachel. Silent spring. Boston: Houghton Mifflin, 2.022 (Obs. 1 ed. de 1962).
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MALTHUS, Thomas Robert. Ensaio sobre a população. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
(Obs. 1. ed. de 1798)
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ODUM, Eugene P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
________ ; SARMIENTO, Fausto. Ecologia: el puente entre ciência y sociedad. México:
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In: Comisión sobre el Desarrollo Sostenible. Doc. E/CN. 17/200l/PC/13, 2001.
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SMITH,Abril
Paulo: Adam. A riqueza
Cultural, 1983das nações:
(Obs. 1. ed.investigações
de 1776). sobre sua natureza e suas causas. São
T1VY, J.; O’HARE, G. Human impact on the ecosystem. Edimburg: Oliver & Boyd, 1991.
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2
Gestão
global eambiental
regional
Problemas ambientais globais exigem respostas globais. As iniciativas para enfrentá-los propiciaram
ao longo do tempo o surgimento de diversos acordos multilaterais, bem como de órgãos
iniergovernamentais para administrá-los e mecanismos de ação internacional. O Anexo 11 apresenta uma
relação dos principais acordos multilaterais envolvendo questões ambientais e correlatas. Atualmente,
pode-se falar numa verdadeira Ordem Ambiental Internacional, como mostra Ribeiro numa brilhante
análise sobre a evolução dos acordos multilaterais concernentes aos mais diversos temas ambientais.
Ribeiro distingue três fases dessa evolução; a primeira começa no início do século XX, quando surgem os
primeiros acordos multilaterais com o objetivo de regular a ação dos colonos das metrópoles imperialistas
no continente africano, que destruíam a base natural das terras conquistadas. Esses acordos não
alcançaram seus objetivos e a devastação não foi contida 1. Na segunda fase, que começa com a Guerra Fria,
surgem iniciativas bem-sucedidas como o Tratado Antártico e a emergência da temática ambiental no
âmbito da ONU e de suas entidades como a Unesco, a FAO e o PNUMA. A terceira fase corresponde ao
período pós-Guerra Fria, no qual se destaca a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNU- MAD), no Rio de Janeiro, em 1992 2. A partir de então, as questões
centrais dos acordos multilaterais privilegiam os conceitos de segurança ambiental global e o
desenvolvimento sustentável. Apoiado numa análise minuciosa dos termos acordados pelos países,
Ribeiro constata que essa Ordem Ambiental Internacional foi construída com base no realismo político,
pois os países não abdicaram dos conceitos de soberania e interesse nacional.
1 RIBEIRO, Wagner Costa. A Ordem Ambiental Internacional. São Paulo: Contexto, 2001. p. 53.
2 Ibid., p. 107.
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Acot mostra que a idéia de realizar um encontro internacional sobre proteção da natureza segue
paralelamente à criação de parques nacionais nos Estados Unidos, iniciada com o Parque de Yellowstone
em 1872. O primeiro acordo internacional foi assinado em Paris em 1883 e seu objetivo era proteger as
focas no mar de Behring. Esta cidade também foi sede da convenção para a proteção dos pássaros úteis à
agricultura, realizada em 1895, e do Congresso Internacional para a Proteção da Paisagem. Diversos
congressos científicos internacionais antecederam as iniciativas de gestão ambiental de caráter global.
Acot considera o 1 Congresso Internacional para a Proteção da Natureza, realizado em Paris em 1923, o
início de um novo período na história da gestão ambiental global, quer por ter apresentado uma
abordagem bastante completa sobre os problemas ambientais, quer pela luta para criar uma instituição
internacional permanente para a proteção da natureza. Os problemas ambientais seriam apresentados pela
primeira vez na sua forma moderna somente no final da década de 1960, na ONU 3. Por forma moderna
entende-se um tratamento global e integrado e não fragmentado como ocorrera até então. Soares expressa
opinião semelhante, pois acredita que seria inútil buscar manifestações do fenômeno da regulamentação
internacional ambiental global em épocas anteriores à segunda metade do século XX. Antes desse período,
as convenções internacionais ambientais se moviam em função de interesses do comércio e da preservação
de certas espécies para fins econômicos 4.
Neste livro, como a ênfase é a gestão ambiental, será considerada uma outra periodização. Na fase
inicial, que vai do início do século XX até 1972, prevalece um tratamento pontual das questões ambientais
(acordos para a proteção de pássaros, peixes, mamíferos marítimos, animais selvagens etc.) e desvinculado
de qualquer preocupação com os processos de desenvolvimento. A palavra desenvolvimento será aqui
utilizada para indicar os processos de promoção da melhoria das condições de vida da população de um
país, de uma região ou de um local específico. Os processos de desenvolvimento envolvem a
transformação das estruturas produtivas para torná-las mais eficientes e, dessa forma, mais apropriadas à
geração de renda e bem-estar para as populações. Daí porque esse processo tem sido associado com
progresso técnico, crescimento econômico, industrialização, modernização e outras expressões correlatas.
Mais ainda, em muitos casos essas expressões têm sido utilizadas de modo intercambiável, como se
fossem sinônimas. Isso se deve em grande parte às experiências de desenvolvimento vividas em diversos
países, nas quais o crescimento econômico e
o
ACOT, Pascal. História da ecologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. p. 162, 164, 167.
4 SOARES, Guido Fernando da Silva. Direito Internacional do meio ambiente: emergência, obrigações e
responsabilidade. São Paulo: Atlas, 2001. p. 42.
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^ Declaraiion of the United Nations Conference on the Human Environment, principie 21. Disponível em
<www.unep.org>.
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(PNUMA), que passaria a centralizar grande parte das ações da ONU em relação às questões ambientais.
A Conferência de Estocolmo, em 1972, contribuiu de maneira importante para gerar um novo
entendimento sobre os problemas ambientais e a maneira como a sociedade provê sua subsistência. Todos
os acordos ambientais multilaterais que vieram depois procuraram incluir esse novo entendimento a
respeito das relações entre o ambiente e o desenvolvimento. Talvez uma das suas principais contribuições
tenha sido a de colocar em pauta a relação entre meio ambiente e formas de desenvolvimento, de modo
que, desde então, não é mais possível falar seriamente em desenvolvimento sem considerar o meio
ambiente e vice- versa. Da vinculação entre desenvolvimento e meio ambiente é que surge um novo
conceito de desenvolvimento denominado desenvolvimento sustentável.
O uso indiscriminado e pouco criterioso dessa expressão, que está em voga no momento, tem
contribuído para dificultar seu entendimento. A Comissão Mundial para o Desenvolvimento e Meio
Ambiente (CMDM), criada pela ONU em 1987, em seu relatório ‚Nosso futuro comum‛, apresenta uma
definição que já correu os quatro cantos do mundo e pode ser um bom ponto de partida para a
compreensão do que vem a ser este novo modo de pensar o desenvolvimento vinculado ao meio ambiente.
É a seguinte: desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
ossibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades 6. Ainda conforme a citada Comissão,
os principais objetivos de políticas ambientais e desenvolvimentistas derivados desse conceito de
desenvolvimento são os seguintes:
6 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de
Jane iro: F undação G etulio Vargas , 1 991. p. 46.
7 Ibid., p. 53.
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Aquecimento global
A radiação solar é o fator determinante do clima. São as condições térmicas da atmosfera e da
superfície do solo que determinam as temperaturas médias e extremas de uma região, as precipitações, os
ventos e outros fenômenos climáticos. Alterações climáticas por motivos antrópicos têm sido uma
constante em todos os tempos. A derrubada de matas para a obtenção de madeira, lenha, espaço para
agricultura, indústrias e assentamentos humanos, sempre provoca alterações no clima local. Quase
sempre, essas mudanças são imperceptíveis a curto prazo, mas com o passar do tempo, elas podem ser
ampliadas a ponto de inviabili
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zar as atividades humanas no local ou região. A alteração do clima, que levou ao colapso a civilização do
norte da Mesopotâmia no terceiro milênio antes de Cristo, teve entre suas causas uma exploração agrícola
intensa, como mostraram as pesquisas arqueológicas relatadas por Weiss et al8. A garoa da cidade de São
Paulo, que inspirava prosas e versos, já não ocorre com a freqüência de antigamente. Apesar de ser um
problema antigo, a novidade em termos de mudanças climáticas é a constatação da sua dimensão
planetária.
Dióxido de carbono (C0 2), ozônio (0 3 ), metano (CH4), óxido nitroso (N2 0), vapor d’{gua e outros gases
de efeito estufa (greenhouse gases) deixam passar as radiações solares de ondas curtas e retardam as
radiações infravermelhas de ondas longas refletidas pela superfície terrestre, mantendo a atmosfera
aquecida. Sem esse fenômeno natural, a Terra seria mais fria. O aquecimento global é um fenômeno
associado ao aumento das emissões de gases de efeito estufa gerado pelas atividades humanas, que
aumenta ainda mais a retenção das radiações infravermelhas e, conseqüentemente, eleva a temperatura
média global do Planeta. Segundo dados do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), a
temperatura da superfície da Terra durante o século XX foi a mais alta de todos os períodos de que se tem
registros, tendo aumentado de 0,4°C a 0,8°C nos últimos 100 anos. Estudos do IPCC mostram que a
concentração de C0 2 na atmosfera aumentou de 280 para 365 partes por milhão desde 1750, considerado 0
ano de início da Revolução Industrial, como mostra a Tabela 2.1.
^ WEISS, H. et al. The genesis and collapse of third millennium north Mesopotamian civilization. In: Science, v.
261, p. 995-1004, Aug 20, 1993
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A queima de combustíveis fósseis está entre as principais fontes geradoras de C0 2 , bem como as
queimadas de florestas e de resíduos. Como o C0 2 pode ficar por décadas na atmosfera, seus efeitos se
prolongam por muito tempo após a sua emissão. As concentrações de metano e de óxido nitroso, que
também cresceram em decorrência das atividades antró- picas, geram danos maiores do que quantidades
equivalentes de C0 2. Porém, em razão das grandes quantidades de C0 2 lançadas ao longo do tempo por
uma diversidade de fontes ligadas aos mais variados setores da atividade humana, esse gás acabou sendo
usado como base para medir o grau de aquecimento global. Baseando-se no tempo médio de permanência
dos gases de efeito estufa na atmosfera, o IPCC criou uma medida de potencial de aquecimento global,
tendo o C0 2 como unidade de referência. Por exemplo, o CH 4 possui um potencial de aquecimento 21 vezes
maior que o C0 2 e o potencial do N 2 0 é 310 vezes maior que o do C0 2.
Usando modelos matemáticos de clima global, chegou-se a prever que a temperatura se elevaria entre
1,5°C e 4,5°C caso o nível de concentração desses gases duplicasse. Por isso, a associação entre o aumento
da concentração dos gases de estufa e o aumento da temperatura média tornou-se uma espécie de quase
consenso na comunidade científica. As vozes discordantes geralmente argumentam que o clima envolve
uma grande diversidade de variáveis e que os modelos usados para simular mudanças climáticas
dificilmente seriam capazes de abranger sua totalidade. Argumentam também que há inúmeras causas
naturais que provocam mudanças climáticas, por exemplo, os movimentos da Terra e as atividades solares,
de modo que seria prematuro associar a elevação da temperatura superficial da Terra ao aumento da
concentração de gases de efeito estufa.
Entre os problemas decorrentes do aumento da temperatura estão as mudanças nos regimes de chuvas
e de circulação de ar, bem como o aumento da freqüência de turbulências climáticas como furacões e
maremotos. A intensificação das chuvas em certos locais e das secas em outros é uma das conseqüências
previstas nos modelos de clima global. Os registros meteorológicos mostram que de fato ocorreram nas
últimas décadas um aumento das precipitações pluviais em certas regiões temperadas cio hemisfério norte
e uma diminuição nas zonas tropicais no hemisfério sul. Outra conseqüência prevista é a elevação do nível
dos oceanos pelo derretimento das geleiras e pela expansão do volume das águas decorrentes do aumento
da temperatura. As regiões litorâneas seriam afetadas diretamente e, por extensão, todo o Planeta, pois
uma quantidade significativa dos mais de 6 bilhões de humanos vive atualmente em áreas litorâneas. A
redução de espaços, de áreas agricultáveis e de outros recursos das zonas litorâneas provocaria
gigantescas ondas de migrações humanas em direção às terras firmes, gerando incontáveis conflitos sociais
pela posse de recursos, que ficariam cada vez mais escassos.
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As mudanças de temperatura, pressão e luminosidade provocadas pelo aumento do nível das águas
produziriam alterações profundas nos ecossistemas marinhos, com conseqüências danosas para os
organismos que aí vivem. Como os efeitos previstos são catastróficos, mesmo que não haja consenso sobre
o aquecimento global, a melhor atitude é adotar o princípio da precaução, como propõe a Declaração do
Rio cle Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, aprovada na CNUMAD em 1992, no Rio de
Janeiro. Segundo esse princípio, quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta
certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para
prevenir a degradação ambiental 9. O princípio da precaução foi adotado pela Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas 10 , ou simplesme nte Convenç ão sobre o Clima, e seus protocolos, dos
quais o de Quioto é um dos mais importantes e o que mais tem gerado polêmicas.
Precaução difere de prevenção. Prevenir (do latim prcevénio) significa antecipar soluções diante de algo
que se sabe que irá ocorrer ou poderá ocorrer segundo alguma estimativa. Para isso é necessário ter algum
conhecimento sobre o que se pretende prevenir, seus efeitos e modos de ocorrência. Por exemplo,
sabendo-se que o processamento de uma dada matéria-prima produz poluentes tóxicos, uma medida de
prevenção seria a sua substituição ou, caso não seja possível, a captura e tratamento dos poluentes
gerados antes que sejam lançados ao meio ambiente. Precaução significa antecipar a cautela (do latim
praxautio) diante da incerteza, de algo que não se conhece ou cujo conhecimento é insuficiente para
estabelecer medidas de prevenção. Uma medida de precaução seria, por exemplo, adiar a introdução de
um novo produto cujos efeitos sobre o meio ambiente são desconhecidos, antes mesmo de conseguir
provas definitivas da sua periculosidade. O produto poderá ser introduzido se estudos posteriores
provarem que ele não gera danos irreversíveis ao meio ambiente, mas antes que isso ocorra, o seu
adiamento é a medida correta diante da incerteza a respeito dos seus efeitos. Tanto na medicina quanto
em relação à ecologia, afirma o conhecido biólogo Edvvard Wilson, um diagnóstico errado pode causar
muito mais sofrimento se negativo do que positivo 11 . Ou seja, como é sempre possível
9 Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ver Anexo III.
10 Denominação completa: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conhecida pela sigla
UNFCCC, de United Nations Framework Convention on Climate Change. Disponível cm <www.unep.org> o u
em <www.mma.gov.br>.
11 WILSON, Edward, O futuro da vida: um estudo da biosfera para a proteção de todas as espécies, inclusive a
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cometer erros diante de situações incertas, é preferível que o erro seja um falso positivo a um falso
negativo.
A Convenção sobre Mudança do Clima, assinada durante a realização da CNUMAD no Rio de Janeiro,
em 1992, e que entrou em vigor em 1994, tem por objetivo controlar as emissões de gases de estufa, exceto
os CFCs, que são objetos de outro acordo por causarem efeitos mais danosos sobre a camada de ozônio. Os
Estados que formam parte dessa Convenção devem, entre outras obrigações, elaborar, atualizar e publicar
inventários nacionais sobre as emissões desses gases; formular programas nacionais e regionais para
controlar as emissões antrópicas e mitigar os seus efeitos; promover processos de gerenciamento
sustentável de elementos da natureza que contribuem para remover ou fixar esses gases; promover a
educação e a conscientização pública e estimular a participação de todos para alcançar os objetivos desta
Convenção 12 . A Convenção tem como órgão supremo a Conferência das Partes (COP - Conference oj Lhe Pai
Lies), que se reúne periodicamente para avaliar resultados, estabelecer metas, dirimir controvérsias e criar
mecanismos de gestão 13 . O aprofundamento dos conceitos referentes ao vínculo entre desenvolvimento e
meio ambiente, que caracteriza a fase atual da gestão global do meio ambiente, se deve em muito às
medidas adotadas nas Conferências das Partes dos acordos multilaterais globais. Outra característica dessa
fase é a centralização da sua gestão no nível global nas entidades da ONU, sendo que no caso dessa
Convenção, seu secretariado funciona no PNUMA, criado em 1972 com o objetivo de coordenar as ações da
ONU relativas ao meio ambiente.
A Convenção sobre Mudança do Clima tem encontrado grande dificuldade para chegar a resultados
concretos pela resistência de países cujas economias dependem de combustíveis fósseis, principalmente
dos Estados Unidos, responsáveis por 25% dos 7 bilhões de toneladas de C0 2 lançados anualmente. Em
1995 foi realizada a primeira Conferência das Partes (COP-1) com resultados pífios, em virtude da
resistência dos Estados Unidos, do Japão e dos países árabes exportadores de petróleo. Isso confirma a
constatação de Ribeiro 14 a respeito da prevalência dos interesses nacionais nesses acordos ambientais
globais. Em dezembro de 1997, durante a COP-3, foi aprovado o Protocolo de Quioto, pelo qual os países
incluídos no Anexo I da Convenção sobre Mudança do Clima, individual ou conjuntamente, devem
assegurar uma redução agregada das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em pelo
12 Convenção sobre Mudança do Clima, art. 4°. Disponível etn <www.unep.org> ou em <www. mma.gov. br>.
13 Ibid., art. 7 o.
14 RIBEIRO, Wagner Costa, 2001.
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menos 5% abaixo dos níveis de 1990 no período compreendido entre 2008 e 2012 15 . Esse compromisso
só se aplica aos países relacionados no Anexo I da Convenção sobre Mudança do Clima (Tabela 2.2) e em
relação aos gases de efeito estufa listados no Anexo A do Protocolo de Quioto (Quadro 2.1). Para que esse
Protocolo entre em vigor, é necessário que pelo menos 55 países signatários da Convenção, englobando os
do Anexo 1 que contabilizaram no total pelo menos 55% das suas emissões totais de C02 em 1990, tenham
depositado seus instrumentos de ratificação ou adesão 16 perante o Secretario Geral da ONU, o depositário
desse Protocolo 17 . Com a ratificação depositada pela Rússia, esse Protocolo finalmente entrou em vigor em
16 de fevereiro de 2005, oito anos após a sua aprovação.
O Protocolo de Quioto constitui um grande avanço em termos de gestão ambiental, não só, pela
fixação de metas, mas por ter criado três importantes mecanismos para implementá-las, conhecidos como
mecanismos de flexibilização, a saber: Implementação Conjunta, Comércio de Emissões e Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo. Pelo mecanismo de Implementação Conjunta (Joint lmplcmentation), estão
previstas entre os países do Anexo I a transferência ou a aquisição das unidades de redução de emissões
por fonte ou de aumento da remoção antrópica por sumidouros, ambas resultantes de projetos que tenham
sido aprovados pelos paises envolvidos 18 . Os países do Anexo I podem participar cio Comércio de
Emissões (Emission Trade) com o objetivo de cumprir os compromissos de redução mencionados acima 19 . O
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Clean Development Mechanism) permite aos países não incluídos no
Anexo I se beneficiarem de projetos que resultem em reduções certificadas de emissões e os incluídos no
Anexo 1 de utilizar essas reduções para contribuir com o cumprimento de parte dos seus compromissos
assumidos em decorrência do Art. 3 o , comenta do acima 20 . Enquanto os dois primeiros mecanismos de
flexibilização só se aplicam entre países do Anexo 1, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
permitirá que estes países contabilizem como suas as reduções certificadas decorrentes de projetos
realizados nos países não incluídos nesse Anexo, uma vez que estes não estão obrigados a cumprir metas
de reclução.
^ Protocolo de Quioto à Convenção sobre Mudança do Clima, art. 3 o . Disponível em: <www. unep.org>.
16 Ibid, art. 25.
17 Ibid., art. 23.
18 Ibid., art. 6 o .
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A regulamentação desses mecanismos foi tratada nas COPs que vieram depois, tendo sido criado um
Conselho Executivo no âmbito da ONU para administrar o MDL. Na COP-7, realizada em Marrakech em
2002, ficou estabelecido que os países do Anexo I deverão usar o MDL para cumprir suas obrigações de
redução. Os mecanismos de flexibilização, especialmente o MDL, incentivam a redução de carbono via
estímulo econômico e podem se dar pela implantação de projetos para criar sumidouros de carbono, para
aumentar a eficiência energética de plantas industriais existentes, para usar fontes de energia renovável,
entre outras possibilidades.
T ABELA 2.2 Protocolo de Quioto - Países do Anexo I e total de emissões de C02 em 1990*
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Q UADRO 2.1 Protoco o e Quioto - Anexo A: gases e e eito estu a e ontes e emiss o
Gases de efeito estufa Dióxido de carbono (C02), metano (CH4), óxido nitroso (N20), hidrofluorcarbonos (HFCs),
perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF 6)
Energia
1. Queima de combustível
e de transformação, : setor energético,
transportes indústria de construção
e outros setores.
2. Emissões fugitivas de combustíveis sólidos, petróleo, gás natural
e outros.
Processos industriais Produtos minerais, indústria química, produção de metais,
Setores e tipos de fonte produção e consumo de halocarbonos e hexafluoreto de enxofre
de emissão de e, entre outros .
gases de efeito estufa Uso de solventes e
1. Agricultura: fermentação entérica, tratamento de dejetos, cultivo
outros produtos de arroz, solos agrícolas, queimadas prescritas em regiões de
savanas, queima de resíduos agrícolas.
2. Resíduos: disposição no solo, tratamento de esgoto, incineração
e outros.
Fonte: Protocolo de Quioto à Convenção sobre Mudança do Clima, Anexo A, 1997. Disponível em: www.unes.org.
O MDL foi uma contribuição brasileira nas COPs dessa Convenção. A idéia que justifica esse
mecanismo é bastante engenhosa: tratando-se de um problema ambiental global, não importa onde os
gases de efeito estufa estejam sendo retidos ou evitados, o resultado será benéfico para todos. Há
posicionamentos contrários a esse mecanismo, como os que argumentam ser o MDL uma espécie de anistia
à contribuição histórica dos países do Anexo 1 para o aquecimento global, permitindo a estes cumprir suas
metas de redução de emissões sem ter que reduzi-las em seus próprios territórios, onde os custos são
elevados.
As oportunidades de obter vantagens econômicas no mercado de carbono desencadearam inúmeras
iniciativas envolvendo empresas emissoras de gases de efeito estufa, empresas de consultorias, instituições
de ensino e financeiros,
pesquisa, órgãos
bolsasgovernamentais,
de mercadoriasONGs,
órgãosoutras
de normalização, organismos certificadores,
operadores e muitas entidades, criando o que se poderia
denominar indústria do crédito de carbono. Porém, apesar de todo esse esforço e do sucesso de muitos
projetos realizados em diversos países, o resultado global ainda está muito aquém das metas de redução
do Protocolo de Quioto. As avaliações sobre os resultados obtidos mostram que poucos países que se com-
prometeram com esse Protocolo conseguiram reduzir suas emissões, enquanto outros até
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aumentaram 21 . Para conter o avanço da concentração de gases de efeito estufa, é necessário ampliar os
compromissos de redução para todos os países com emissões significativas de gases de efeito estufa e
incluir outras fontes de emissões além daquelas que constam do Quadro 2.1, como as decorrentes de
processos de desflorestamento.
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(CHFBr), hidroclorofluorcarbonos (CHFC1), metano, óxido nitroso e outros. Muitas dessas substâncias não
existiam na natureza, como é caso dos CFCs, que começaram a ser produzidos comercialmente por volta
de 1930 pela DuPont com o nome comercial de Freon. Por serem gases inertes na baixa atmosfera, não
corrosivos, não tóxicos e não inflamáveis, os CFCs passaram a ser usados para muitas finalidades, como
fluidos para transferência de calor em equipamentos de refrigeração e ar condicionado, solventes na
indústria eletroele- trônica, agentes de expansão para produzir espumas plásticas, propelentes em
aerossóis etc. Os CFCs foram saudados pela comunidade científica, tecnológica e empresarial como subs-
tâncias altamente benéficas, pois não eram corrosivos, inflamáveis ou tóxicos, podendo substituir com
vantagens o gás de amónia na refrigeração, este sim um gás considerado muito perigoso. Levou quase 40
anos para se verificar que eles causavam danos significativos ao meio ambiente. Em meados da década de
1980, foi descoberto o buraco na camada de ozônio correspondente à região da Antártida. Esse é um
exemplo importante a respeito das incertezas que cercam a criação de novos produtos quanto aos seus
impactos ambientais negativos.
Com o reconhecimento da gravidade desse problema de natureza planetária, em 1985 foi assinada a
Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. Com o Protocolo de Montreal de 1987 a essa
Convenção, deu-se o início efetivo de uma gestão internacional para eliminar as substâncias destruidoras
do ozônio estratosférico. Inicialmente foram estabelecidas metas para a redução da produção e consumo
de apenasOutras
oito substâncias
substância dentre
as mais foram
usadas,acrescentadas
sendo cinco CFCs e três halons (substâncias que contêm
bromo). s controladas em outras Conferências das Partes, como
mostra o Quadro 2.2.
Ao aderir à Convenção de Viena e ao Protocolo de Montreal, o país deve realizar pesquisas e
avaliações científicas, cooperar com outros em matéria de transferência de tecnologia e estabelecer
medidas de controle da produção e consumo das substâncias controladas, com o objetivo de eliminá-las
gradualmente de acordo com cronogramas acordados entre as Partes. Essas medidas de controle são
estabelecidas em termos de níveis calculados de produção e consumo para cada grupo de substância
controlada (CFCs, HCFCs etc.), incluindo no consumo a produção interna somada às importações e
excluindo as exportações. Com isso, procura-se evitar o aumento das exportações decorrentes da
desativação do consumo interno. Além disso, os países que aderirem ao Protocolo de Montreal devem
proibir as importações dessas substâncias de qualquer outro país que não fizer parte deste acordo. O prazo
final para eliminar completamente as substâncias controladas pelo Protocolo de Montreal e suas Emendas
é o ano de 2010 nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
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Para apoiar as medidas de redução da produção e consumo das substâncias controladas nos países em
desenvolvimento, foi criado em 1990 um Fundo Multilateral constituído por contribuições dos países
desenvolvidos, lendo como órgãos de apoio o PNUMA, PNUD, Unido e o Banco Mundial. Desde a sua
criação, esse Fundo já investiu cerca de US$ 1,4 bilhão em projetos e programas para reduzir as substâncias
controladas pelo Protocolo de Montreal 22 . Muitas oportunidades de negócios surgiram em decorrência da
implementação das medidas estabelecidas pelo Protocolo de Montreal e suas emendas, desencadeando
uma verdadeira corrida tecnológica para encontrar substitutos para as substâncias controladas, como o
hidrofluoreter (HFE), desenvolvido pela 3M. Os hidrofluorcarbonos (HFC) têm sido usados no lugar dos
CFCs, mas deverão ser substituídos futuramente por serem
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também gases de efeito estufa. Os halons usados em extintores de incêndio estão sendo substituídos por
C0 2 , água e outras substâncias inertes à camada de ozônio.
Com a implementação desse Protocolo e suas emendas, já se observam boas notícias nesse front,
embora haja muito ainda a ser feito. O consumo de CFC caiu de 1,1 milhão de toneladas em 1986 para 156
mil em 1998 23 . O uso dos CFCs em espumas foi reduzido em mais de 90%, considerando o valor máximo
observado em 1988. O uso do HCFC também registra redução em relação ao ano de 2000 , quando se
observou a sua máxima utilização. Também é significativa a redução do brometo de metila e de muitas
outras substâncias controladas 24 . A taxa anual negativa de Mudança da Concentração de CFC-11 mostrada
na Tabela 2.1 é resultado desse esforço de gestão ambiental de abrangência global, conduzido por um
acordo multilateral. Diferentemente do que ocorre com o aquecimento global, esse é um exemplo
razoavelmente bem-sucedido de gestão ambiental global.
Proteção da biodiversidade
Diversidade biológica ou biodiversidade são outras formas de dizer vida, pois referem-se a todos os
seres vivos e seus elementos. A diversidade da vida apresenta-se como diversidade genética, de espécies,
de indivíduos dentro de uma mesma espécie e de ecossistemas. As características de cada organismo
resultam da interação de milhares de genes. O gene é uma seqüência de DNA (ácido desoxirribonucléico)
que contém a informação genética responsável por uma dada característica dos seres vivos. A reprodução
pela via sexual gera diferenças genéticas entre os indivíduos de uma mesma espécie. A quantidade total de
espécies ainda é uma incógnita; existem apenas estimativas. Somente uma pequena parcela da variedade
existente é conhecida, no sentido de ter sido identificada e classificada em termos de gêneros e espécies. A
Tabela 2.3 mostra as estimativas do número de espécies por reino, a mais alta divisão taxionômica dos
organismos. São dados incompletos e sujeitos a permanentes revisões e contestações. Há quem estime o
total de espécies em mais de 20, 30 ou 40 milhões. O que se sabe é que ainda há muito a ser descoberto
sobre a dimensão da biodiversidade.
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A diversidade de ecossistemas resulta da variedade das espécies que vivem em uma área, de seus
habitats e dos componentes abióticos. Ela pode se apresentar como diversidade em número de espécies,
tamanho das populações, densidade, distribuição espacial, formas de interações entre e intra-espécies e
outras mais. A biodiversidade sempre foi e continua sendo um dos recursos naturais mais importantes
para todas as atividades humanas. Genes, células, órgãos, organismos, populações e comunidades, enfim,
todos os componentes bió- ticos da Terra são recursos biológicos, mesmo quando não são utilizados de
modo específico ou quando não se vislumbra qualquer uso potencial. Além de fornecer bens tangíveis de
importância crucial para a humanidade (alimentos, madeira, lenha, fibras, princípios ativos cle
medicamentos etc.), a biodiversidade realiza serviços ambientais importantes, como reciclagem de
nutrientes, estabilidade climática, regulação hídrica e muitos outros. A perda de biodiversidade reduz a
resiliência de um ecossistema, isto é, sua capacidade de retornar ao estado anterior após sofrer algum
impacto. Além disso, qualquer componente biológico possui valor intrínseco pelo simples fato de existir,
independentemente de servir para algum propósito humano, atual ou futuro.
A redução da diversidade por fatores humanos é um dos mais graves problemas ambientais. O
desaparecimento de espécies sempre ocorreu na natureza, basta lembrar dos dinossauros que tanto atiçam
o imaginário humano, mas o alto número de perdas de espécies pelas ações humanas tornou
insignificantes todas as perdas naturais. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, elaborada pela World
Conservalion Union (Iunc) em 2000, mostra que 816 espécies foram extintas nos últimos 500 anos em virtude
das atividades humanas, uma
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taxa de extinção milhares de vezes superior à taxa natural 25 . Em 2002 eram 11.167 espécies ameaçadas com
elevado risco de serem extintas no futuro próximo 26 . Nas listas vermelhas de 2004 e 2006 esse número
salta para 15.589 e 16.119, respectivamente, sendo que nesse último ano o Brasil contribui com 721
espécies ameaçadas de extinção 27 . Mesmo que espécies ameaçadas possam ser protegidas evitando sua
extinção, ainda assim muita diversidade dentro da espécie ficará perdida para sempre, pois os novos
indivíduos serão geneticamente mais homogêneos, comparativamente aos que os antecederam.
A Convenção da Biodiversidade foi aprovada na CNUMAD em 1992; em julho de 2006, contava com a
adesão de 188 países, dentre eles o Brasil 28 . Seu objetivo é a conservação da diversidade biológica, o uso
sustentável dos seus componentes e a justa e eqúitativa distribuição dos benefícios obtidos da utilização
dos recursos genéticos, incluindo o acesso apropriado a esses recursos e a devida transferência de
tecnologia. Ela adota como princípio básico o direito dos países de explorarem de modo soberano os seus
próprios recursos conforme suas políticas de desenvolvimento, com a responsabilidade de garantir que as
atividades dentro de sua jurisdição ou controle não causem danos aos demais 29 . Pela Convenção, os
estados signatários reconhecem que a conservação da biodiversidade diz respeito a toda a humanidade,
que os estados são responsáveis pela conservação de seus próprios recursos biológicos e que o
desenvolvimento socioeconômico e a erradicação da pobreza constituem a primeira e inadiável prioridade
dos países em desenvolvimento. Determina, também, a conservação e o uso sustentável da diversidade
biológica para o benefício das gerações pr esentes e futuras.
A diversidade biológica tem sido uma fonte permanente de conflito entre os países que possuem
recursos biológicos e os que detêm conhecimentos para usá-los, ou seja, os que dominam a biotecnologia
moderna. Biotecnologia é qualquer tecnologia que utilize componentes bióticos (genes, células, enzimas
etc.) para produzir bens e serviços. Ela envolve
25 1UCN. Red list of threatened species 2000. Disponível em: <www.iucn.org/redlist/2000>. Acesso em: 13 mar.
2002.
26 Id. Red list of threatened species 2002. Disponível em: <www.iucn.org/redlist/2002>. Acesso em: 15 out. 2002.
27 Id. 2006 IUCN Red list of threatened species . Disponível em <www.iucnredlist.org>. Acesso: 15 out. 2006.
10 jul. 2006.
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uma ampla gama de produtos e processos, alguns conhecidos há milênios, como a fermentação usada para
fazer pão, queijo, vinho e cerveja. A biotecnologia moderna é um conjunto de técnicas baseadas na biologia
molecular e na manipulação de material genético de qualquer organismo, com o objetivo de criar produtos
e processos apropriados a fins específicos. Suas aplicações se estendem a praticamente todos os setores da
atividade humana: saúde, agricultura, geração de energia, recuperação de minerais, descontaminação
ambiental, bioeletrônica e muitos outros. Por isso, ela tem sido considerada uma das áreas mais
promissoras da nova economia, daí o aumento acelerado dos investimentos em pesquisa e
desenvolvimento experimental (P&rD), principalmente nos países mais ricos. Desse modo, o conhecimento
científico e tecnológico relativo a essa área tem se concentrado nesses países, muitos deles de baixa
biodiversi dade, enquanto m uitos países megadiversos pobres ou em vias de desenvolvimento não dispõem
desses conhecimentos, nem de condições para obtê-los, dada a intensidade de P&D que essa área requer.
Pelos termos da Convenção, o acesso aos recursos biológicos, inclusive para efeito de pesquisa cientifica,
fica condicionado à autorização dos governos dos países detentores, devendo as partes contratantes encon-
trar mecanismos para facilitar o acesso ao uso ambientalmente sadio dos recursos pelos outros países em
termos mutuamente pactuados. Os benefícios do uso desses recursos devem ser compartilhados com os
países de onde eles se originam 30 .
As diferenças entre estes dois grupos de países, os que apenas possuem recursos biológicos em seus
territórios e os que detêm os conhecimentos que permitem a sua exploração nessa moderna indústria
intensiva em conhecimentos, acirraram as polêmicas em torno dos direitos de propriedade intelectual
(patente de invenção, informações confidenciais ou outra forma de proteção de conhecimentos) resultantes
das atividades de P&D e da transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento detentores dos
recursos biológicos. Na Convenção da Biodiversidade, ficou estabelecida a necessidade de encontrar
mecanismos para facilitar o acesso e a transferência de tecnologia para estes últimos, providenciando a
adequada e efetiva proteção para as tecnologias amparadas por qualquer forma de direitos de propriedade
intelectual 31 . Também ficou estabelecida a necessidade de cooperação entre os países, para que as leis
nacionais sobre propriedade intelectual não contrariem os objetivos da Convenção da Biodiversidade. No
entanto, pouco tem sido feito nesse sentido.
30 UNEP. The Convention on Biological Diversity, 1992, art. 15. Disponível em: <www.biodiv.org/conveti- tion> ,
acesso em 10 jul. 2006.
31 CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE, 1992, art 16.
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A apropriação indevida de recursos biológicos, a biopirataria, anda solta e conta muitas vezes cotn a
conivência dos governos dos países desenvolvidos. Shiva mostra que empresas do Japão e dos Estados
nidos obtiveram dezenas de patentes a partir da Azaríchdita indica, uma árvore da índia conhecida como
im (neem , em inglês) e utilizada pela população por mais de 2 mil anos para produzir medicamentos e
esticidas naturais. Segundo a autora, em todos os recantos da índia muita gente inicia o dia usando essa
lanta para proteger seus dentes graças às suas propriedades antibacterianas. As comunidades indianas
que respeitaram, protegeram e ampliaram os conhecimentos sobre o neem durante séculos, agora se
deparam com pesticidas, pastas de dentes e outros produtos com base nessa planta, patenteados ou
roduzidos por processos patenteados em outros países 32 . A Banisteriopsis caapi, nativa do Amazonas e
conhecida como auhasca, foi objeto de uma patente norte-americana concedida a um cidadão norte-
mericano em 1986. Essa planta que possui propriedades analgésicas e alucinógenas é considerada sagrada
or muitos povos amazônicos e utilizada em rituais religiosos. Felizmente o órgão de patente norte-
mericano voltou atrás e cancelou a patente em 1999, tendo concorrido para isso a intervenção de muitas
ONGs de várias partes do mundo.
Esses exemplos também mostram as dificuldades de proteger de modo eficaz tanto os recursos
iológicos quanto os conhecimentos das comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, ribeirinhos,
caiçaras, seringueiros etc.) sobre animais, plantas e processos biológicos, conforme previsto na Convenção
da Biodiversidade 33 . Essa questão é objeto do Princípio n 2 22 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio
mbiente e o Desenvolvimento (veja Anexo 111). A Convenção da Biodiversidade incorpora esse princípio
o estabelecer que cada país deve, na medida do possível e cm conformidade com a sua legislação nacional, respeitar e
anter o conhecimento, inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas com estilos de vida
radicionais relevantes ã conservação e utilização sustentável da diversidade (Art. 8o , alínea j). Esse artigo também
coloca a necessidade de prover a estas comunidades a repartição eqüitativa dos benefícios oriundos da
tilização desses conhecimentos, inovações e práticas. A 8a Conferência das Partes dessa Convenção (COP-
8 ), realizada em março de 2006, em Curitiba, estabeleceu que até o ano 2010 essa disposição da Convenção
32 SHIVA, Vandana. Biopiracy: the plunder of nature and knowledge. Dartington, Devon (UK): Green Books e
Gaia, 1998. p. 73-75.
33 CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE. 1992, art. 8°, letra j.
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(continua)
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(continuação)
cluíram as suas em 1998; o Peru e a Colômbia, em 2001. Antes disso, os Estados Unidos e a Costa Rica
haviam tentado sem sucesso incluir o mogno no Anexo II. Para incluir uma espécie no Anexo III, basta
uma notificação unilateral do país que quiser protegê-la em seu território. A inclusão de novas espécies no
Anexo 1 e II exige aprovação de 2/3 das partes da Cites (Art. 15) e requer a apreciação de critérios
biológico s (t amanho da população , á reas d e d ist ribu ição, po tencia l reprodutivo e tc. ), conform e esta bel ece a
a a
Resolução 9.24 da Cites, aprovada durante a 9 COP, realizada em Fort Lauderdale em 1994. Na 10 COP,
realizada em 1997, em Harare, Zimbábue, uma proposta para incluir o mogno no Anexo II obteve 67 votos
a favor e 45 contra, ou seja, ela foi rejeitada, pois não alcançou 2/3 de aprovação entre as partes da Cites.
Na 12a COP da Cites, realizada em Santiago do Chile em 2002, o mogno finalmente foi incluído no Anexo
II. Em 2008, fazem parte do Cites 172 países e em seus anexos constavam cerca de 5 mil espécies de animais
e 25 mil plantas sujeitas às restrições comerciais.
Fonte: Texto oficial da Cites e documentos de suas COPs. Disponível em: <www.cites.org>. Acesso em: 10 mar.
2008.
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de documentos, dentre eles a Carta da Terra. Muitas dessas organizações mantém programas de
cooperação internacional e aplicam recursos, próprios ou intermediados por elas, em programas que
contemplem soluções para os problemas globais em diferentes países. Com a emergência desses atores, a
Ordem Ambiental Internacional já não se restringe apenas aos governos e instituições
intergovernamentais. Dela fazem parte uma variedade de atores não-governamentais com grande
capacidade de mobilização de pessoas e recursos financeiros, bem como de articulação com empresas,
governos e instituições de ensino e pesquisa, resultando daí uma diversidade de iniciativas mistas de
gestão em todos os níveis de abrangência espacial e envolvendo todo tipo de questão ambiental, conforme
indicado na Figura 1.3. O crescimento do número de ONGs e de sua importância para o desenvolvimento
não deve, no entanto, servir de instrumento para fortalecer as propostas neoliberais que defendem a
redução das atividades estatais no campo do desenvolvimento e da defesa do meio ambiente.
no oceano Índico de 1986 e a pesca em geral no nordeste do Atlântico de 1963, ambas conduzidas pela FAO
e dentro de acordos globais relativos aos mares e oceanos. Alguns acordos ambientais da fase inicial,
conforme comentado no início desse Capítulo, embora manifestassem uma intenção global, eram de fato
de alcance regional, uma vez que suas motivações e preocupações eram as regiões sob administração colo-
nial. Outro tipo de gestão regional são as iniciativas que procuram alcançar efeitos em dois ou mais países,
geralmente limítrofes, para resolver problemas específicos, como a gestão de uma bacia hidrográfica
comum e o combate à chuva ácida. A Convenção para a Proteção da Flora, Fauna e Belezas Naturais dos
Países Americanos, o Tratado da Bacia do Rio da Prata, o Tratado Amazônico e os acordos para a
conservação da fauna aquática nos cursos dos rios fronteiriços celebrados entre o Brasil e seus vizinhos são
exemplos desse tipo de acordo regional sobre questões ambientais 34 . De modo geral, esses acordos
procuram estabelecer
34 Veja, por exemplo, os acordos celebrados enire os governos do Brasil e do Paraguai (Decreto Legislativo 138 de
10 de nov. 1995) e entre Brasil e Uruguai (Decreto Legislativo 74, de 4 de maio 1995).
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ações comuns e facilitar a responsabilização por danos ambientais num país, decorrentes de atividades
realizadas em outros.
O terceiro tipo de gestão ambiental regional faz parte do conjunto de medidas de um bloco econômico
como União Européia (UE), Nafta e Mercosul. Nesse caso a gestão envolve uma pluralidade de questões
ambientais. Uma preocupação típica desse último tipo de gestão ambiental regional é a harmonização das
leis nacionais com vistas a reduzir as assimetrias no tratamento das questões ambientais e correlatas, para
não prejudicar a livre circulação de mercadorias e serviços. A imposição por parte de um país de uma
legislação muito rigorosa ou muito diferente dos demais pode tornar-se uma barreira disfarçada ao
comércio externo. Por outro lado, uma legislação muito frouxa num país pode aumentar a competitividade
dos produtores aí localizados frente aos produtores de itens similares de países com legislações rigorosas.
Os impactos ambientais praticados por uma empresa podem ser classificados em impactos internos e
externos ao país onde a empresa se situa, embora os limites entre eles nem sempre sejam facilmente
estabelecidos. A degradação ambiental que não ultrapassa o território de um país seria apenas um
problema de ordem interna. Porém, como as questões concernentes à competitividade das empresas
ocorrem em um espaço internacionalizado, esse problema também adquire uma dimensão internacional.
Se a degradação ambiental, mesmo quando restrita aos limites de um país, não for considerada um custo
da empresa que a produziu, esta poderá apresentar preços mais competitivos diante das empresas que
produzem o mesmo tipo de produto, mas são obrigadas a arcar com os custos ambientais em decorrência
de uma legislação mais rigorosa. Daí a importância que a harmonização de normas ambientais adquire nos
blocos econôm icos.
União Européia
A questão ambiental não estava contemplada inicialmente no Tratado de Roma de 1957 que instituiu a
Comunidade Econômica Européia (CEE). E isso é plenamente justificável; basta ver a data, pois nessa
época a principal preocupação era reconstruir uma economia devastada pela Segunda Guerra Mundial.
Foi sob a influência da Conferência de Estocolmo de 1972 que o Conselho da CEE criou o primeiro
Programa de Meio Ambiente, para vigorar de 1973 a 1979. Só em 1987, no início do quarto Programa, a
questão ambiental passou a ser incorporada definitivamente no Tratado de Roma por meio do Ato Único
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Europeu 35 . Esse Ato introduziu disposições específicas sobre meio ambiente e determinou que os processos
de harmonização das legislações nacionais sobre saúde, segurança, meio ambiente e defesa do consumidor
se baseiem num nível de proteção elevado O artigo 130-R do Tratado de Roma estabelece que a ação da
Comunidade em matéria ambiental terá por objetivo preservar, proteger e melhorar a qualidade do meio
ambiente; contribuir para a proteção da saúde das pessoas; e assegurar uma utilização prudente e racional
dos recursos naturais. Para alcançar esses objetivos, as ações devem se fundamentar no princípio da ação
preventiva, da reparação dos danos na fonte e do poluidor-pagador. As ações a serem empreendidas
devem ser deliberadas por unanimidade no Conselho da Comunidade. As medidas adotadas em comum
não impedem que cada Estado adote outras mais rigorosas, desde que compatíveis com as demais
disposições do Tratado de Roma.
O quinto Programa de Meio Ambiente, que vigorou de 1993 a 2000, foi profundamente influenciado
pelos conceitos relativos ao desenvolvimento sustentável discutidos na CNUMAD e dedicou especial
atenção aos problemas ambientais globais que resultaram nos acordos multi laterais ambientais
comentados na seção anterior. O Tratado de Maastricht, de 1992, que funda a União Européia, acrescenta
entre os objetivos do bloco o crescimento sustentável e não-inflacionário que respeite o meio ambiente. A gestão
ambiental é implementada mediante instrumentos de regulação pública que seguem a sistemática
estabelecida para regular qualquer matéria no âmbito da União Européia. São eles:
(1) os regulamentos, obrigatórios para todos os países em todos os seus elementos e que adquirem
eficácia direta sem a necessidade de serem transformados em leis nacionais;
(2) as decisões, idênticas aos regulamentos, porém restritas aos países indicados ou até mesmo
organizações específicas;
(3) as diretivas, que só entram em vigor num dado país após serem convertidas em leis segundo seu
processo legislativo, deixando às instâncias nacionais decidir quanto às formas e meios; e
(4) recomendações e pareceres de caráter não obrigatório.
As diretivas têm sido os instrumentos mais utilizados para as questões ambientais e não poderia ser
diferente, pois não só o meio ambiente difere de país para país, mas também as condições econômicas,
sociais, políticas e culturais. O exemplo a seguir mostra como uma diretiva foi adotada em dois países.
35 COMUNIDADE ECON MICA EUROP IA. Ato nico Europeu, 1986, art. 130-R, S e T.
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A Diretiva 94/62 da Comunidade Européia estabelece medidas para prevenir a geração de resíduos de
embalagens, adotando como princípios fundamentais a reutilização, a reciclagem e outras formas de
valorização e, por conseguinte, a redução de seu volume para efeito de disposição final. Com base nessa
Diretiva, os países da União Européia criaram legislações específicas para ampliar a coleta e reciclagem de
embalagens e implementaram seu próprio sistema de recuperação, coleta e valorização das embalagens e
de seus resíduos. Na Alemanha, por exemplo, as empresas do setor de embalagem e seus fornecedores de
matérias-primas criaram uma empresa sem fins lucrativos, a Duales System Deutschland GmbH, com o
objetivo de realizar a coleta de embalagens e providenciar a sua reciclagem mediante o pagamento de
taxas por parte das empresas usuárias de embalagens e seus fabricantes. Em Portugal, foi criada a
Sociedade Ponto Verde em 1996, tendo como acionistas empresas embaladoras, importadoras,
distribuidores e fabricantes de embalagens e de materiais de embalagem. Entre os objetivos dessa
Sociedade está a reciclagem das embalagens não reutilizáveis comercializadas em Portugal, com um
mínimo de 15% para cada tipo de material: plástico, metal, vidro, papel, papelão e outros.
Além da regulamentação pública, a União Européia conta com outros instrumentos de gestão
ambiental, como o apoio à pesquisa e desenvolvimento em áreas de interesse ambiental, os mecanismos de
informação ao público, os programas de educação ambiental, a cooperação entre países e as linhas de
financiamento para projetos de cunho ambiental, principalmente as administradas pelo Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional e do Banco Europeu de Investimento.
Mercosul
O Mercosul, criado pelo Tratado de Assunção de 1991, é um bloco que visa estabelecer uma zona de
livre comércio e uma união aduaneira entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. No referido Tratado, o
meio ambiente foi citado apenas no preâmbulo e nada mais. As questões ambientais só começam a ser
debatidas após a criação da Reunião Especializada em Meio Ambiente (Rema), em 1992, que se
transformou em 1996 no Subgrupo de Trabalho n£ 6 , subordinado ao Gr upo do Mercado Comum (GMC), o
órgão executivo do Mercosul. Os estudos e as propostas sobre questões ambientais elaborados nas Remas
antes e depois no Subgrupo n^ó devem ser aprovados pelo GMC para serem transformados em resoluções.
Por exemplo, a Recomendação 01/94 resultante da III Rema transformou-se na Resolução 10/94 do GMC,
que estabelece diretrizes básicas em matéria de política ambiental, como harmonizar as legislações
ambientais, internalizar os custos
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ambientais para apuração do custo total de produção, tornar obrigatório o licenciamento ambiental para
atividades com alto potencial de degradação ambiental e assegurar o menor grau de deterioração
ambiental nos processos produtivos e nos produtos de intercâmbio.
As resoluções do GMC necessitam de aprovação pelos legislativos dos países-membros quando
envolvem disposições legislativas; não são, portanto, aplicáveis diretamente como as resoluções da União
Européia. Apenas as resoluções sobre matérias administrativas são aplicadas diretamente, mediante
portarias expedidas pelos ministérios envolvidos. A gestão ambiental regional no Mercosul ainda é muito
tímida e não é para menos, pois passados mais de 15 anos de sua criação, sequer pode-se considerar um
bloco consolidado, dadas as constant es crises por que passam os países da região.
Um Acordo-Quadro sobre meio ambiente foi assinado pelos países do Mercosul em 2001 , tendo como
objetivo o desenvolvimento sustentável e a proteção ao meio ambiente mediante a articulação entre as
dimensões econômica, social e ambiental, para uma melhor qualidade do meio ambiente e de vida das
populações. Para alcançar os objetivos do Acordo-Quadro foram enunciados os seguintes princípios:
(a) promoção da proteção do meio ambiente e aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis
mediante a coordenação de políticas setoriais, com base nos princípios de gradualidade, flexibilidade e
equilíbrio;
(b) incorporação da componente ambiental nas políticas setoriais e inclusão das considerações ambientais
na tomada de decisões que se adotem no âmbito do Mercosul para fortalecimento da integração;
(c) promoção do desenvolvimento sustentável por meio do apoio recíproco entre os setores ambientais e
econômicos, evitando a adoção de medidas que restrinjam ou distorçam de maneira arbitrária ou
injustificável a livre circulação de bens e serviços no âmbito do Mercosul;
(d) tratamento prioritário e integral às causas e fontes dos problemas ambientais;
(e) promoção da efetiva participação cla sociedade civil no tratamento das questões ambientais; e
(0 fomento à internalização dos custos ambientais por meio do uso de instrumentos econômicos e
regulatórios de gestão 36 .
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O Acordo-Quadro estabelece quatro áreas temáticas ou questões ambientais que deverão ser
desenvolvidas em consonância com a agenda de trabalho ambiental do Mercosul. O Quadro 2.4 apresenta
as áreas e subáreas mencionadas no referido Acordo-Quadro, formando uma lista exemplificativa de
questões socioambientais, que é uma das dimensões da gestão ambiental, conforme o esquema da Figura
1.3. Em 2004 foi aprovado um protocolo adicional para incrementar a cooperação entre os países em
termos de assistência perante emergências ambientais 37 , uma questão pertinente à área 3 do Quadro 2 .4.
Q UADRO 2.4 Acor o-Qua ro so re meio am iente o Mercosu - reas tem ticas
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Nafta
O Nafia (North American Free Trade Agreement), uma zona de livre comércio entre Estados Unidos,
Canadá e México, contempla o tratamento das questões ambientais desde sua criação, em 1992. Como é
típico dos blocos econômicos, a harmonização das leis ambientais se torna uma das questões centrais,
pelos motivos já expostos. Desde o início, as entidades ambientalistas manifestaram o temor de que
ocorresse uma fuga de empresas dos Estados Unidos e do Canadá para o México, para se beneficiarem de
uma regulamentação ambiental menos exigente; também tinham receio de que a harmonização se fizesse
rebaixando os padrões de exigências que haviam se elevado à custa de muito esforço.
Dentre os instrumentos de gestão desse bloco regional, merece destaque um plano para a fronteira
entre os Estados Unidos e o México ( Integrated Environmental Plan for the Mexican-US Border Area), com o
objetivo de aumentar as ações das agências ambientais desses dois países nessa área, ampliar os
investimentos em soluções ambientais por parte dos agentes econômicos e desenvolver programas
conjuntos de formação de pessoal e de educação ambiental em larga escala. Como se vê, a preocupação
ambiental no Nafta está subordinada à necessidade de reduzir os desníveis de competitividade entre os
países da zona de livre comércio, uma vez que o tratamento ambiental distinto pode resultar em diferen-
cial de custo e, portanto, de competitividade em favor dos produtores situados nos países com leis de
Globais comuns
Apesar de tratar de questões tão diferentes como aquecimento global, poluição dos oceanos, destruição
do ozônio da estratosfera, poluição transfronteiriça e outros, os acordos in- tergovemamentais globais e
regionais, bem como as gestões desencadeadas por eles nos demais níveis de abrangência, apresentam um
traço comum. Todos procuram transformar oceanos, atmosfera, espécies nativas e outros recursos de livre
acesso em recursos de propriedade comum, no caso, propriedade de todas as nações ou de uma
comunidade de nações. Essa transformação é essencial para a solução dos problemas que concernem aos
recursos disponíveis para todos ou para uma dada coletividade. Recursos de livre acesso e de propriedade
comum não raro são confundidos, talvez pelo fato de que ambos se aplicam aos mesmos tipos de recursos
naturais, como ar, água, pássaros, peixes e animais selvagens.
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Hardin popularizou a expressão tragédia dos comuns para referir-se às conseqüências negativas do uso
de recursos comuns ou coletivos. Ele reproduz uma parábola em que vários pastores utilizam uma mesma
área para alimentar seu rebanho. Os pastores poderiam chegar a um acordo sobre a quantidade máxima de
animais que cada um poderia ter para usar essa área ad (eterno. Porém, procurando maximizar seus ganhos,
um certo pastor se pergunta o que ele ganhará adicionando mais um animal ao seu rebanho. Uma
conseqüência positiva é que ele receberá integralmente os benefícios da venda desse animal e as
conseqüências negativas decorrentes de um animal a mais para pastar serão repartidas entre todos os pas-
tores. Assim, esse pastor concluirá que para ele, o melhor mesmo é aumentar seu rebanho. Se cada pastor
pensar e agir assim, o resultado será a superlotação da área de pastagem comum, levando à ruína de
todos, a tragédia dos comuns. Ainda conforme Hardin, a poluição também leva à tragédia dos comuns,
pois lançar os resíduos no meio ambiente custa menos que purificá-los. A tragédia dos comuns pode ser
evitada pela propriedade privada ou algo semelhante, como a aplicação de leis coercitivas ou taxas que
tornam mais barato para o poluidor tratar seus poluentes que descarregá-los no meio ambiente 38 . Esses
argumentos ganharam uma grande popularidade entre os neomalthusianos, pois Hardin arremata dizendo
que o problema da poluição é uma conseqüência da população e a partir daí começa a destilar sua
catilinária contra a liberdade de procriar, conforme comentado no Capítulo 1.
Os argumentos de Hardin baseiam-se numa grande confusão entre recursos de livre acesso e recursos
de propriedade comum, como bem observou Pearce. Ambos são recursos de uso comum, mas os primeiros
não são propriedades de ninguém, enquanto os segundos possuem proprietários que podem ser uma
comunidade local ou uma comunidade de nações. A propriedade comum é passível de ser administrada; a
de livre acesso, não. Por isso, os recursos de livre acesso tendem a ser usados de modo abusivo. Pearce
mostra que tal distinção é crucial. Os recursos de propriedade comum, apesar de correrem o risco de
superexploração, freqüentemente podem ser administrados de forma viável e sustentável, pois os
proprietários comuns podem realizar um acordo entre eles para limitar ou regulamentar o seu uso. Os
regimes de propriedade comum tendem a definir grupos gestores para cuidar dos recursos, algo que não
ocorre se eles forem de livre acesso. Por isso, esse
38 HARDIN, Garret. The tragedy of the commons. Science, v. 162, n. 3.859, p. 1243-1248, Dec. 13 1968. (Obs.: a
parábola da i raged ia dos comuns foi a presentada pela primeira vez por Willian Forster Ll oyd em 1833).
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autor conclui que a tragédia dos comuns é, na verdade, a tragédia do recurso de livre acesso39 . Hardin não
acredita que os recursos comuns possam ser administrados, pois se os pastores podiam adicionar animais
à vontade, então o pasto da parábola é de fato um recurso de livre acesso e não um recurso de propriedade
comum.
Os globais comuns, como a atmosfera e os oceanos fora das águas territoriais, inicialmente constituem
recursos de livre acesso em escala global, estando disponíveis para todos. Porém, quando as nações
estabelecem acordos para limitar seu uso e evitar abusos, elas estão efetivamente transformando recursos
globais de livre acesso em recursos globais de propriedade comum. É isso o que procuram fazer os acordos
intergovernamentais sobre meio ambiente, como os comentados anteriormente. Como os globais comuns
são bens públicos, nenhuma nação sente a obrigação de cuidar desses recursos sozinha, uma vez que os
resultados decorrentes de uma ação isolada irão beneficiar a todos. Mesmo assim, o realismo político não
impede que signatários do acordo se beneficiem do esforço coletivo sem dar sua contribuição; basta
protelar a implementação das ações acordadas nos níveis nacionais e locais, aprovar leis que não serão
cumpridas e outras semelhantes. No entanto, todos se beneficiam quando um determinado país resolve
implementá-las de modo rigoroso, pois a proteção ambiental sempre gera externalidades positivas. Tanto
um país não signatário de um acordo concernente aos globais comuns como aquele que assina o acordo,
mas não o executa de modo adequado, serão favorecidos pelas melhorias alcançadas sem pagar por elas,
isto é, estarão pegando uma carona dos que estão se esforçando para implementar os acordos.
39 PEARCE, David. Economic analysis of global environmental issues: global warning, stratospheric ozone and
biod iversi ty. In: BER G, Joroen C. J. M van der (e d.). Handboo k of environmen tal and res ourc e economics .
Cheltenham, UK: [s.n.l, 1998. p. 499.
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consumidores. O realismo político de que fala Ribeiro 40 faz com que cada país faça tal incorporação
segundo seus interesses e limitações, daí a grande assimetria que se observa entre eles em termos de
implementação. Além disso, cada país e suas divisões internas possuem problemas específicos, como as
características de seus ambientes físicos, biológicos e sociais, bem como dos recursos naturais aí existentes
(água, solo, reservas minerais, biomas etc.), que exigem soluções específicas.
A gestão ambiental local não pode perder de vista os problemas globais, isto é, ela deve ser formulada
também com o objetivo de contribuir para a solução ou redução desses problemas no seu nível de atuação
espacial. Esse é o sentido da expressão pensar globalmente e agir localmente, que se tornou uma espécie de
lema do desenvolvimento sustentável. Um requisito que se depreende desse conceito é a necessidade de
ampliar a participação da população nos processos decisórios. Isso significa considerar a participação
efetiva de uma multiplicidade de atores que compõem uma dada sociedade na elaboração das políticas
públicas ambientais nacionais e locais, que constituem as bases da gestão ambiental no âmbito de um
determinado país e de suas subdivisões. A gestão ambiental nos níveis nacionais e locais se efetiva por
meio da implementação de diversos instrumentos de políticas ambientais públicas e privadas, como será
mostrado a seguir.
40 RIBEIRO, Wagner Costa. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001.
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MERCOSUL. Tratado de Assunção de 26/03/1991 (Tratado para a Constituição de um Mercado Comum entre a
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A gestão ambiental começou efetivamente pelos governos dos Estados nacionais e clesen- volveu-se à
medida que os problemas surgiam. As primeiras manifestações de gestão ambiental procuram solucionar
problemas de escassez de recursos, mas só após a Revolução Industrial os problemas que concernem à
poluição começaram a ser tratados de modo sistemático. Por um longo período as iniciativas dos governos
eram quase exclusivamente de caráter corretivo, isto é, os governos só enfrentavam os problemas
ambientais depois que eles já haviam sido criados, embora isso ainda ocorra. Esse modo de agir produz
ações fragmentadas apoiadas em medidas pontuais, pouco integradas e de baixa eficácia. A partir da
década de 1970, em vários países, começam a surgir políticas governamentais que procuram tratar as
questões ambientais de modo integrado e introduzir uma abordagem preventiva. Contribuíram para essa
mudança os debates sobre a relação entre meio ambiente e desenvolvimento e os acordos ambientais
multilaterais após a Conferência de Estocolmo de 1972, comentados no capítulo anterior.
Gestão ambiental pública é a ação do poder público conduzida segundo uma política pública
ambiental. Entende-se por política pública ambiental o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de
ação que o poder público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente. A participação
cada vez mais intensa dos Estados nacionais em questões ambientais e a diversidade dessas questões
fizeram surgir uma variedade de instrumentos de políticas públicas ambientais de que o poder público
pode se valer para evitar novos problemas ambientais, bem como para eliminar ou minimizar os
existentes. Esses instrumentos podem ser explícitos ou implícitos.
Os primeiros são criados para alcançar efeitos ambientais benéficos específicos, enquanto os segundos
alcançam tais efeitos pela via indireta, pois não foram criados para isso. Por exemplo, uma lei para ordenar
o trânsito de veículos numa grande cidade e evitar congestionamentos, acabará indiretamente melhorando
a qualidade do ar, reduzindo o nível de
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ruído e a ulilizaçâo de recursos, pois os veículos podem trafegar com marchas mais leves. Investimentos
em educação tornam a população mais consciente dos problemas ambientais, aumentando assim o
contingente de pessoas que estarão cobrando melhor desempenho das empresas e dos órgãos ambientais
governamentais. Os exemplos envolvem as mais variadas situações e não poderia ser diferente, pois
qualquer ação humana afeta o meio ambiente. Por isso, quando se fala em instrumento de política pública
ambiental, geralmente se quer indicar aquele que visa diretamente às questões ambientais, ou seja, os
instrumentos explícitos, que por sua vez podem ser classificados em três grandes grupos, conforme mostra
o Quadro 3.1.
Os padrões de qualidade ambiental referem-se aos níveis máximos admitidos para os poluentes
constantes no meio ambiente, geralmente segmentado em ar, água e solo. Tais níveis são estabelecidos, via
de regra, como médias aritméticas ou geométricas de concentração diária ou anual, permitindo, com isso,
incorporar as variações climáticas que afetam a dispersão e a concentração dos poluentes. Exemplo:
80pg/m3 (oitenta microgramas por metro cúbico) como o nível máximo de materiais particulados em
suspensão na atmosfera.
1 De acordo com a Lei n e 5.172, de 25 de outubro de 1966, que institui normas gerais de direito tributário
aplicáveis aos entes da Federação Brasileira, considera-se poder de polícia a atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de atos ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder
público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos (art. 78).
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Entende-se, portanto, que a qualidade do ar estará normal com respeito a esse poluente se sua
concentração, medida segundo uma metodologia especificada na regulamentação, estiver igual ou abaixo
desse nível. Porém, como se trata de uma média, em certos períodos a qualidade do ar poderá ser
considerada normal, mesmo quando o nível de concentração desse poluente estiver acima desse padrão.
Gênero Espécies
Comando e controle • Padrão de emissão
• Padrão de qualidade
• Padrão de desempenho
• Padrões tecnológicos;
• Proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de produtos e
processos
• Licenciamento ambiental
• Zoneamento ambiental
• Estudo prévio de impacto ambiental
Econômico
• Tributação sobre poluição
• Tributação sobre uso de recursos naturais
• Incentivos fiscais para reduzir emissões e conservar recursos
• Remuneração pela conservação de serviços ambientais
• Financiamentos em condições especiais
• Criação e sustentação de mercados de produtos ambientalmente saudáveis
• Permissões negociáveis
• Sistema de depósito-retorno
• Poder de compra do Estado
Outros
• Apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico
• Educação ambiental
• Unidades de conservação
• Informações ao público
ela fixa ou estacionária, como são os estabelecimentos fabris, os armazéns e as lojas, ou móvel, como
automóveis, caminhões, embarcações e outros veículos. De modo geral, os padrões de emissão
estabelecem uma quantidade máxima aceitável de cada tipo de poluente por fonte poluidora (exemplo:
0,5mg/l de chumbo) ou uma
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quantidade máxima por unidade de tempo (ex.: tonelada de C0 2 por dia, mês ou ano). Um tipo especial de
padrão de emissão é o que estabelece exigências quanto ao desempenho de máquinas, equipamentos e
operações, com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes específicos a um nível aceitável, como normas
legais que estabelecem valores máximos permitidos para as emissões de gases e fumaça em veículos
automotores (exemplo: limite máximo de emissão de monóxido de carbono de veículos automotores:
24g/km). Os padrões de qualidade ambiental estão condicionados pelas quantidades e características das
emissões das fontes individualizadas, porém a relação entre essas duas espécies de padrão não é simples e
muito menos linear, pois as características geográficas do meio ambiente (relevo, clima, direção dos
ventos, velocidade dos rios etc.) podem favorecer ou dificultar a assimilação e a dispersão dos poluentes.
O controle da poluição pode ser estabelecido de acordo com o padrão tecnológico que as fontes devem
adotar. O termo tecnologia abrange tanto máquinas, instalações, ferramentas, materiais e outros elementos
físicos de um estabelecimento ou uma unidade produtiva, quanto as práticas administrativas e
operacionais, por exemplo, especificação e seleção de materiais, avaliação de fornecedores, métodos de
inspeção, roteiro de produção, planejamento da manutenção e treinamento. Há alguma semelhança entre o
padrão de emissão já citado e o baseado em tecnologia, pois ambos referem-se às fontes de poluição indivi-
dualizadas. Mas há diferenças substanciais: o primeiro estabelece níveis máximos de poluição para as
fontes sem especificar como eles devem ser alcançados, de modo que seus responsáveis poderão escolher
as opções tecnológicas que estiverem a seu alcance. Quando o padrão é estabelecido com base em
tecnologia, o poder público restringe as opções e direciona a escolha de equipamentos, instalações e
práticas operacionais e administrativas, e acaba promovendo uma certa uniformização entre os agentes
produtivos que atuam num mesmo segmento.
A definição do padrão tecnológico não é tarefa fácil, seja porque as tecnologias estão em constante
evolução, seja porque elas constituem ativos apropriados privativamente pelos que as desenvolvem, de
modo que a melhor tecnologia para uma determinada finalidade nem sempre está disponível para todos os
agentes produtivos. Por isso, o padrão a ser adotado deve considerar a disponibilidade da tecnologia.
Geralmente, esse tipo de padrão é estabelecido após consultas com especialistas, fornecedores de
tecnologia e os responsáveis pelas unidades produtivas, a fim de verificar o estado da técnica de uma
determinada atividade e quais tecnologias estão disponíveis. O objetivo final das consultas é alcançar um
consenso entre as partes quanto ao melhor padrão tecnológico disponível a ser adotado e elaborar os
critérios técnicos a serem observados.
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Esses critérios baseiam-se no conceito de Melhor Tecnologia Disponível (BAT: Best Available Technology)
ou de Melhor Tecnologia Disponível que Não Acarreta Custo Excessivo (Balneec: Best Available Technology
Not Entailing Excessive Cost). Este último procura evitar que se adote como padrão uma tecnologia
disponível que apresente um resultado adicional muito pequeno em relação às outras, porém com um
custo proporcionalmente bem mais elevado. Tenta também evitar que o custo adicional da implementação
da melhor tecnologia disponível não inviabilize os empreendimentos do ponto de vista econômico. O
critério Batneec é muito utilizado nos Estados Unidos, no Reino Unido e em outros países da Europa para
fixar limites máximos de emissões de poluentes. A prática brasileira mais usual é a definição de padrões de
qualidade e de emissão; critérios baseados na melhor tecnologia disponível (BAT) são usados apenas na
ausência de padrões de emissão fixados em normas legais 2.
Outros instrumentos de comando e controle são as proibições ou banimentos da produção,
comercialização e uso de produtos e o estabelecimento de cotas de produção, comercialização ou utilização
de materiais ou recursos. Por exemplo, os países que aderiram ao Protocolo de Montreal e a suas emendas
devem restringir a produção e o consumo das substâncias controladas em sua área de jurisdição, como
mostrado no capítulo anterior. O licenciamento ambiental para atividades ou obras potencialmente
poluicloras e o zonea- mento ambiental são outros instrumentos desse tipo. Este último restringe o direito
de propriedade na medida em que estabelece categorias de zonas destinadas à instalação de unidades
produtivas. Nesse gênero de instrumentos estão as normas sobre parcelamento do uso do solo, pois elas
representam uma limitação ao direito dos proprietários de dispor livremente sobre seus imóveis.
Instrumentos fiscais
Os instrumentos econômicos procuram influenciar o comportamento das pessoas e das organizações
em relação ao meio ambiente, utilizando medidas que representem benefícios ou custos adicionais para
elas. Esses instrumentos podem ser de dois tipos; fiscais e cle mercado. Os primeiros, que se realizam
mediante transferências de recursos entre os agentes
2 Veja, por exemplo, o Decreto 8.468/1976 que regulamenta a Lei 997/1976 do Estado de São Paulo: as fontes de
poluição para as quais não foram estabelecidos padrões de emissão adotarão sistemas de controle do ar
baseados na melhor tec nologia prática disponível para cad a caso (Art. 41) .
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privados e o setor público, podem ser tribuios ou subsídios. Por subsídio eniende-se qualquer tipo de
renúncia ou transferência de receita dos entes estatais em benefício dos agentes privados, para que estes
reduzam seus níveis de degradação ambiental. Ele é executado por meio de isenções, reduções,
diferimenio de impostos e de financiamentos em condições especiais, com o objetivo de estimular práticas
ambientais específicas e auxiliar a implementação de projetos cle controle e prevenção da poluição ou
substituição de recursos produtivos. A depreciação acelerada para equipamentos e instalações para
proteção ambiental é um exemplo de subsídio, pois alivia o caixa da empresa no ano de sua aquisição, ao
reduzir a base de lucro tributável. Outras formas de subsídios são as compensações financeiras pela
restrição do uso da propriedade com objetivos de proteger o meio ambiente.
Os tributos ambientais transferem recursos dos agentes privados para o setor público em decorrência
de algum problema ambiental. Eles são denominados impostos e encargos ambientais (environmental taxes
and charges ) pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que congrega
os países mais ricos de economia de mercado e uma das entidades que mais defendem esse tipo de
instrumento. No âmbito da União Européia, esses tributos são denominados ecotaxas. Há diversas espécies
desses tributos, sendo que as mais conhecidas são as seguintes:
(a) tributação sobre emissões (emission taxes and charges ) que são encargos cobrados sobre a descarga de
poluentes geralmente calculados com base nas características dos poluentes e nas quantidades
emitidas por uma unidade produtiva. Exemplos: na França, sobre as descargas atmosféricas de S0 2 ,
N20, H2S e outras emissões ácidas, incidem taxas que podem chegar até US$ 22,00 por tonelada de
emissão;
(b) tributação sobre a utilização de serviços públicos de coleta e tratamento de efluentes (user taxes and
charges);
(c) tributação que incide sobre os preços de produtos que geram poluição ao serem utilizados em
processos produtivos ou pelo consumidor final, como as taxas cobradas sobre derivados de petróleo,
carvão, energia elétrica, baterias, pneus, produtos que contêm enxofre e CFCs ( product taxes and
charges );
(d) tributação que incide sobre produtos supérfluos (cxcise taxes and charges ); e
(e) tributação baseada em alíquotas diferenciadas ( taxes differentiation) sobre produtos, gravando os
produtos de acordo com o seu grau de impacto ambiental, com o objetivo de induzir a produção e
consumo dos produtos mais benéficos ao meio ambiente 3.
3 As informações sobre tributos ambientais foram extraídas das publicações da OCDE. Veja as referências.
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Vale aqui fazer as seguintes considerações: a palavra inglesa taxes refere-se a impostos, taxas e outras
contribuições compulsórias e não retribuíveis pagas pelas pessoas físicas e jurídicas aos entes estatais e a
palavra charge, entre outros significados, indica encargos, cobrança, obrigação e responsabilidade. De
acordo com a OCDE, taxes são pagamentos compulsórios e não retribuíveis pagos ao governo, sendo que,
em geral, os benefícios aos pagadores não são proporcionais a seus pagamentos. E charges são pagamentos
compulsórios e retribuíveis, ou seja, o serviço prestado pelo agente público é proporcional ao pagamento;
por exemplo, a cobrança pela coleta de esgotos urbanos (sewerage charges) 4. Conforme a legislação
brasileira, imposto é uma contribuição pecuniária compulsória , que tem como fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. As taxas são tributos que
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de
serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Como os tributos
citados nos itens (a) e (b) são divisíveis ou decorrem do exercício do poder de polícia, taxa é a melhor
tradução para essas espécies de instrumento econômico. Já os tributos citados nos itens (c), (d) e (e) podem
ser impostos ou taxas, dependendo de como são estabelecidos pelo poder público. As multas pelo não-
cumprimento de medidas de comando e controle ( non-compliance charges), por exemplo, por emitir
poluentes acima do nível máximo admitido em lei, também são consideradas nos documentos da OCDE
como instrumentos econômicos do tipo tributo. Esse posicionamento baseia-se no fato de que tais multas
representam receitas fiscais, porém, melhor seria incluí-las como complemento das medidas de comando e
controle.
Princípio do poluidor-pagador
A cobrança de tributos ambientais objetiva internalizar os custos ambientais produzidos pelos
particulares. Nas economias de mercado, as decisões sobre o que, como, quanto e onde produzir são feitas
considerando os preços dos bens que serão produzidos e seus custos internos de produção e distribuição,
tais como força de trabalho, matérias-primas, energia e depreciação dos equipamentos. Para o empresário,
os custos incorridos pela empresa devem ser os mínimos possíveis para que ele possa maximizar os lucros.
Além desses custos de produção e distribuição, as atividades produtivas também geram outros custos, que
se não forem pagos pela empresa, recaem sobre a sociedade, daí porque são denominados
4 OCDE Environmental taxes and green tax reform. Paris, 1997. p. 18.
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custos externos ou sociais. Um desses custos refere-se à perda da qualidade do meio ambiente, seja
decorrente do uso de recursos naturais, seja da poluição resultante de processos de produção, distribuição
e utilização dos bens produzidos pela empresa. A poluição de um rio causada por um processo produtivo
representa custos reais desse processo, porém, é a sociedade que paga por eles, constituindo-se, dessa
forma, em custos externos à empresa polui- dora. Os custos totais da produção dos bens e serviços são,
portanto, constituídos pelos custos internos e externos: os primeiros são aqueles que a empresa paga para
poder produzir e comercializar; os segundos são pagos por todas as pessoas desta e das futuras gerações.
As idéias sobre tributos ambientais têm suas origens na obra de Pigou sobre externali- dades do início
do século XX 5. A externalidade é um fenômeno externo ao mercado, que não afeta o seu funcionamento.
Ela ocorre quando as ações realizadas por alguém provocam impactos sobre o bem-estar de outras pessoas
que não as envolvidas. Uma externalidade negativa ocorre quando as atividades de um agente econômico
produzem perdas a outras pessoas não envolvidas nas relações econômicas e essas perdas não são
compensadas pelo sistema de preço. A degradação ambiental é entendida como uma externalidade
negativa, um efeito adverso que recai sobre outros agentes que não participaram dos processos de
produção e consumo, representando, portanto, um custo social. Uma ação de política pública coerente é
forçar a internalização dos custos sociais decorrentes da poluição por parte do poluidor, de modo que este
seja estimulado a reduzir esses custos, o que significa melhorar o seu desempenho ambiental. A cobrança
de um imposto ao poluidor é um modo de internalizar os custos sociais no sistema de preço do poluidor,
afetando desse modo a demanda pelos seus produtos e a realização de lucros.
A Figura 3.1 ilustra de modo simplificado esta questão. Para a produção de um certo produto, os
custos marginais internos ou privados e os custos externos ou sociais estarão representados pelas curvas
CMP e CMS, respectivamente. Trata-se de uma simplificação, pois admite-se que o dano ao meio ambiente
é constante por unidade de produto, o que nem sempre ocorre na realidade pelos seus efeitos cumulativos.
Além disso, considera a tecnologia de produção imutável para diferentes níveis de produção e de
poluição. A curva dos custos totais (CMT) para diferentes níveis de produção é a soma desses dois custos.
O nível de produção eficiente ocorre quando os benefícios marginais são iguais aos custos marginais. Dada
a curva da demanda D, o nível de produção eficiente será OQ a um preço P, se o produtor não incorporar
os custos externos ou sociais. Nesse caso, o tamanho da
1 PIGOU, Arthur Cecil The economics of welfare. New York: MacMillan Publisher, 1932.
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degradação ambiental será igual a OBQ. Incluindo os custos externos, o nível ótimo de produção será
então OQ* ao preço P*. A degradação ambiental agora será igual a OAQ*, ou seja, ABQQ* menor que a
degradação anterior. A cobrança de um imposto que aumente o preço do produto de P para P* é uma
forma de internalização dos custos externos de produção. Cabe mencionar que o nível de degradação
ambiental sempre será maior que zero, desde que haja atividade econômica. A cobrança de um imposto
associado à exter- nalidade é o que se denomina de imposto pigouviano (pigouvian Lax). Esse tipo de
imposto não é fácil de ser estabelecido na prática, a começar pelas dificuldades para determinar os custos
externos.
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Desenvolvimento. Veja Anexo III. São dois os objetivos esperados da aplicação desse princípio. O primeiro
é de natureza fiscal, relacionado com a necessidade de arrecadar receita para custear os serviços públicos
ambientais, evitando que os prejuízos causados pelos po- luidores privados recaiam sobre a sociedade. O
outro objetivo é de natureza extrafiscal, isto é, ele cumpre melhor seu papel à medida que induz um
comportamento ambiental preventivo por parte dos agentes privados. Uma extensão do princípio
poluidor-pagador é o do usuário-pagador, um princípio voltado para reduzir a exploração e o uso de um
recurso escasso, como as taxas cobradas pelo uso da água, dos derivados de petróleo e de outros recursos
naturais considerados escassos pelo poder público.
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órgão governamental ambiental, para medir a poluição emitida pelas fontes e estabelecer metas de
redução.
Outra espécie de instrumento econômico são os sistemas de depósito-retorno (deposit- refund systems).
Os valores depositados na aquisição de certos produtos serão devolvidos quando retornarem aos pontos
de armazenagem, tratamento ou reciclagem. Em vários países europeus, há esquemas que garantem o
fluxo de vasilhames de vidro e plástico de cervejas, refrigerantes, vinhos e outras bebidas. Um exemplo é o
sistema tradicional de depósito entre o usuário e o supermercado ou mercearia, no qual o consumidor
recebe um vale sobre os vasilhames e depois o desconta na hora de pagar as compras. Na Suécia e Noruega
foram criados sistemas de depósitos para a compra de automóveis novos que serão devolvidos ao final de
sua vida útil, desde que os veículos sejam entregues em locais predeterminados para proceder ao
desmanche e recuperar os materiais. Esse tipo de instrumento pode ser incentivado por leis que
estabeleçam a co-responsabilidade do produtor sobre seus produtos mesmo depois da venda, entrega e
transferência da propriedade.
A sustentação de mercado para os produtos com materiais reciclados ou de baixo impacto ambiental
pode receber um grande impulso com a adoção por parte dos governos do conceito de Responsabilidade
Estendida do Produtor (EPR - Extended Pmducer Responsibílity ). A OCDE define EPR como uma abordagem
de política ambiental na qual a responsabilidade dos produtores pelos produtos que fabricam é estendida
para os estágios de pós-consumo do seu ciclo de vida. Espera-se, com essa política, que os produtores
sintam a necessidade de considerar as questões ambientais concernentes aos seus produtos, desde o
momento em que estes estão sendo desenvolvidos até a sua disposição final. A função primária do EPR é
transferir a responsabilidade física e financeira da gestão dos resíduos das autoridades governamentais
locais e do pagador de imposto para o produtor. Ainda segundo a OCDE, os governos nacionais
desempenham um papel importante na condução de políticas de EPR, estabelecendo a estrutura normativa
legal e os parâmetros para as iniciativas voluntárias 6.
Uma das atribuições dos governos nacionais seria a eliminação de disposições legais inconsistentes
com os objetivos do EPR, por exemplo, programas que subsidiam a extração de matéria-prima. Os
governos locais desempenham papel crucial, estimulando a criação de mercados para os materiais
recicláveis, auxiliando as empresas a criarem capacidade para reciclar, estimulando a adoção de produção
mais limpa etc. Consumidores, produto-
6 OCDE Extended producer responsibility: a guidance manual for governments. Paris, 2001. p. 16.
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res, distribuidores, varejistas, todos devem participar dessa política, cada qual com seus papéis definidos 7.
A Diretiva 94/62 da Comunidade Européia, comentada no Capítulo 2, é um exemplo da aplicação do
conceito de responsabilidade expandida dos produtores, no caso, de embalagens e embaladores.
O governo pode usar seu poder de compra para selecionar seus fornecedores de bens e serviços
segundo critérios ambientais. Sendo os governos os maiores compradores individuais, tais critérios
incentivam a busca de soluções ambientais desejáveis por parte das empresas que pretendem contratar
com os agentes públicos. Assim, as compras desempenhariam, ao lado da função típica de aquisição de
bens e serviços que a organizaçã o necessita, uma função extra - aquisição voltada para premiar os
produtores que adotam boas práticas socioambientais. Isso pode ser feito por meio das especificações dos
bens e serviços considerados individualmente, por exemplo, definindo p adrões de eficiência energética, de
consumo de água, as propriedades físico-químicas das matérias-primas e as características dos resíduos
pós-consumo. Os critérios ambientais podem referir-se aos processos produtivos, estabelecendo um
padrão de desempenho desejado em relação a emissões e uso de recursos. Pode-se ainda adotar critérios
que busquem alcançar efeitos sobre as etapas anteriores do processo produtivo, examinando o ciclo de
vida do produto desde a extração da matéria-prima.
Diversas iniciativas desse tipo foram implementadas em vários países, como o programa
Environmentally Preferable Purchasing, administrado pela agência ambiental federal norte-americana, a
Environmental Protection Agency (Usepa). Esse programa tem por objetivo auxiliar as entidades públicas a
adquirirem produtos e serviços que gerem impacto menor sobre a saúde e o meio ambiente,
comparativamente a outros que atendam aos mesmos propósitos 8. No mínimo, os governos deveriam
abster-se cle negociar com empresas autuadas pelos órgãos ambientais por não estarem conforme a
legislação ambiental. O poder de compra dos governos deve proporcionar oportunidades de cooperação
com o setor produtivo e as instituições de ensino e pesquisa, para buscar alternativas viáveis segundo os
três eixos que sustentam as abordagens de desenvolvimento sustentável: eficiência econômica, eqüidade
social e proteção do meio ambiente.
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9 O WBCSD foi criado a partir de duas entidades empresariais ambientalistas, Business Council for Sustainable
Development (BCSD) e World Industry Council for Environment (Wice), que se fundiram em 1995.
SCHMIDHEINY, Stephan. Mudando o rumo. Rio de Janeiro: FGV, 1992. p. 14-15 e 20.
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que, no caso do comando e controle, uma vez tendo alcançado os níveis estipulados pelas normas
regulamentadoras, as empresas relaxariam seus esforços para reduzir a poluição continuamente. Assim, os
instrumentos econômicos contribuiriam também para estimular as atividades de P&D, pois induziriam as
empresas a persistirem no seu empenho de minimizar a geração de poluição por meio de novas
tecnologias 11 . Outras vantagens associadas a esses instrumentos são a flexibilidade e a seletividade.
Quanto aos tributos ambientais, sua grande vantagem é a de trazer receita para os governos investirem no
meio ambiente, evitando, com isso, que os gastos decorrentes da degradação ambiental produzida por
indivíduos e organizações sejam socializados.
Na prática, essas vantagens nem sempre são observadas. Não é fácil estabelecer tributos que se
transformem em incentivos para mudar o comportamento de empresários e consumidores; se eles forem
elevados, podem inviabilizar os negócios; se forem baixos, não provocam as mudanças esperadas. Além
disso, para que os tributos sejam justos e eficazes, eles devem ser estabelecidos de acordo com as
características específicas de cada setor econômico. Com isso, sua aplicação não seria tão simples e barata
como alegam seus defensores. No caso de tributos sobre produtos, nem sempre o adicional de preço reduz
sua demanda se esta for inelástica, como no caso de derivados de petróleo num país dependente de
transporte rodoviário ou com sérias deficiências nos sistemas de transportes coletivos. Outra critica a esse
instrumento vem do fato de que ele acaba tendo uma função muito mais arrecadadora que estimuladora
de comportamentos ambientais desejáveis. Quanto aos subsídios, eles são criticados pelo fato de serem
incoerentes com o princípio do poluidor-pagador, pois representam a concessão de prêmios aos
poluidores.
Opiniões a favor dos instrumentos de comando e controle também não faltam. A ausência de estímulo
para melhorar o desempenho ambiental após atender aos padrões de controle é um argumento válido
apenas nos casos em que esses parâmetros fiquem inalterados por longos períodos. Segundo Porter e
Linde, regulamentações ambientais adequadas podem estimular o surgimento de inovações que reduzem
os custos ambientais e permitem o uso mais eficiente de recursos, contrariando a visão predominante que
proclama a existência de um antagonismo irreconciliável entre economia e ecologia. O problema não é a
regulamentação em si, mas o modo como ela é formulada. Esses autores fazem a seguinte
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pergunta: se as inovações em resposta à regulamentação ambiental podem ser lucrativas, será que a
regulamentação ainda é necessária? Eles respondem que sim. A regulamentação é necessária porque:
Porter colocou lenha na fogueira do debate sobre a eficácia dos instrumentos de gestão ambiental, ao
defender a idéia de que uma regulamentação ambiental pública rigorosa pode se tornar uma vantagem
competitiva para a empresa e o país. Foi uma espécie de voz dissonante num cenário político e
empresarial marcado pelo triunfalismo pós-muro de Berlim e União Soviética, quando tudo o que vinha
do Estado era visto como menos eficiente do que os instrumentos de mercado. Segundo Porter, uma
regulamentação pública ambiental rigorosa estimula as empresas a adotarem posturas inovadoras
ofensivas, fato este que contribui para gerar um mercado internacional para as suas tecnologias. Em outras
palavras, a proteção ambiental, via instrumento de comando e controle, pode ser um importante fator de
competitividade das empresas e dos países 13 .
A explicação para esse fato já estava presente em outra obra de Porter sobre a competitividade das
nações. Dentre os fatores que condicionam a competitividade de uma nação, estão as condições da
demanda interna, que podem contribuir para determinar as tendências e as
12 PORTER, Michael E.; LINDE, Claas, van der. Verde e Competitivo: acabando com o impasse. In: PORTER,
Michael E. Competição: estratégias competitivas essenciais. 3. ed., Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 384-385.
PORTER, Michael E. America’s green strategy. Scientific American, v. 264, n. 4, Apr. 1991
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características das inovações tecnológicas a serem realizadas pelas empresas aí instaladas. As empresas
adquirem vantagens competitivas internacionais, se os seus compradores internos forem mais exigentes e
sofisticados do que os dos demais países e se essas exigências se tornarem precursoras das necessidades
destes últimos. Exigências e sofisticações que não se universalizam, ao contrário, enfraquecem a
competitividade. No raciocínio de Porter, uma legislação ambiental rigorosa cumpriria essa condição de
demanda interna favorável à competitividade em termos mundiais, pois as questões ambientais são de
natureza planetária 14 .
Na realidade não há como prescindir desses dois tipos de instrumentos comentados anteriormente.
Uma política ambiental consistente deve se valer de todos os instrumentos possíveis e estar atenta aos
efeitos sobre a competitividade das empresas. Deve ser eficiente para prevenir danos ambientais sem, no
entanto, prejudicar a competitividade das empresas, principalmente quando elas atuam em mercados
externos. No curto prazo, é necessário impedir a degradação ambiental emergente por meio cle
instrumentos de comando e controle, incluindo medidas administrativas e judiciais. Sem esses
instrumentos, a Terra provavelmente já estaria inabitável. Os mecanismos econômicos, ao atuar sobre a
estrutura de custo e benefício das empresas, incentivam a adoção contínua de soluções que atentem para
as causas dos problemas ambientais. No longo prazo, a educação ambiental e o desenvolvimento científico
e tecnológico deverão dar as melhores contribuições para a melhoria das práticas empresariais.
São os avanços
e processos no campoconstantemente
que aumentem da ciência e tecnologia que dos
a eficiência irãorecursos
possibilitar o surgimento
produtivos de novos
e reduzam produtos
os níveis de
emissão. No entanto, é preciso considerar que as alternativas tecnológicas são limitadas aos padrões do
setor de atuação da empresa, de modo que as escolhas dos empresários também são restritas. Um processo
de inovação, concretamen- te considerado, depende das características do setor, das oportunidades
tecnológicas existentes e percebidas, da acumulação anterior de conhecimentos e de muitos outros fatores
internos e externos à empresa.
Dosi estuclou essa questão usando o conceito de paradigma científico de Kuhn, segundo o qual um
paradigma científico define os problemas relevantes, o modelo e o padrão de
14 PORTER, Michael E. The competitive advantage of nations. New York: The Free Press, 1990. p.68
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A educação ambiental
Uma política pública ambiental deve contemplar a educação ambiental como um de seus instrumentos.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano realizada em Estocolmo em 1972,
comentada no Capítulo 2, atribuiu atenção especial a esse instrumento de política pública, com o objetivo
de preparar o ser humano para viver em harmonia com o meio ambiente. A partir de então, a educação
ambiental passou a ser considerada em praticamente todos os fóruns relacionados com a temática do
desenvolvimento e meio ambiente. Num desses fóruns foi aprovada a ‚Carta de Belgrado", contendo
metas, objetivos e diretrizes para estruturar um programa de educação ambiental em diferentes níveis,
nacional, regional ou local, em consonância com uma proposta socioambiental. A meta da educação
ambiental é desenvolver uma população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente, para
atuar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas atuais e para a prevenção de
novos problemas. Seus objetivos são os seguintes:
(a) tornar os indivíduos e grupos conscientes e sensíveis em relação ao meio ambiente e aos problemas
ambientais;
(b) proporcionar conhecimentos sobre o meio ambiente, principalmente quanto às influências do ser
humano e de suas atividades;
(c) fomentar valores e sentimentos que motivem as pessoas e grupos a se tornarem participantes ativos
na defesa do meio ambiente e na busca de soluções para os problemas ambientais;
(d) gerar as habilidades que uma participação ativa requer;
(e) oferecer condições para avaliar as medidas tomadas em relação ao meio ambiente e aos programas de
educação ambiental;
(0 promover o senso de responsabilidade e de urgência com respeito às questões ambientais que estimule
A educação ambiental deve estimular as pessoas a serem portadoras de soluções e não apenas de
denúncias, embora estas devam ser as primeiras atitudes diante dos desmandos so- cioambientais. Deve
também produzir mudanças nas suas próprias condutas, modificando,
18 UNESCO E O PNUMA. Carta de Belgrado. Seminário internacional sobre Educação Ambiental de 1975.
Disponível em: <www.mec.gov.br>.
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por exemplo, seus hábitos de consumo. Como os problemas socioambientais apresentam uma dimensão
planetária, a educação ambiental deve assentar-se numa nova ética universal. O relatório denominado
‚Nossa diversidade criadora‛, elaborado pela Comissão Mundia l de Cultura e Desenvolvimento, criada
pela Unesco em 1991, sugere que essa ética tenha como núcleo central as seguintes preocupações morais:
direitos humanos, democracia, proteção das minorias, compromisso com a solução pacífica das
controvérsias, eqüidade em cada geração e entre gerações e um compromisso com o pluralismo cultural 19 .
Dado que as questões sociais, econômicas, políticas e culturais se entrelaçam com as ambientais, como
várias vezes mencionado neste livro, deveria se falar, na realidade, em educação socioambiental.
A eficácia dos instrumentos explícitos de política pública ambiental depende dos instrumentos de
outras políticas públicas. Se estes contribuírem favoravelmente para a consecução dos objetivos dos
instrumentos ambientais, podem ser considerados instrumentos implícitos da política ambiental. Porém,
com freqüência ocorre o contrário, ou seja, a convivência conflituosa entre diversas políticas. Exemplos:
uma política agrícola voltada para a produtividade pode induzir o uso abusivo de água, fertilizantes e
agrotóxicos. Políticas de transportes e de energia baseadas em combustível fóssil não ajudam em nada as
políticas ambientais. A falta de uma política de transporte coletivo em diversos grandes centros urbanos
neutraliza as políticas ambientais. Subsidiar combustíveis fósseis para ampliar a oferta de energia elétrica
pode inviabilizar a utilização de fontes renováveis de energia. Uma política monetária baseada em altas
taxas de juros, ao penalizar o setor produtivo reduzindo suas margens e, portanto, os fundos para
investimentos, contribui negativamente para a atualização tecnológica das empresas, obrigando-as a
operarem com equipamentos e instalações obsoletos. A falta de coerência e de interação entre os diversos
instrumentos de políticas públicas acaba se tornando um incentivo às práticas ambientais insustentáveis
por parte de muitos agentes privados.
Acordos voluntários
Por meio de acordos voluntários as organizações privadas se comprometem a realizar a lgum tipo de
ação para melhorar seu desempenho ambiental. A OCDE os considera uma
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ampla categoria de instrumentos de política ambiental, que podem ser de quatro tipos: programas
públicos voluntários, acordos negociados, comprometimentos unilaterais e acordos privados 20 . Apenas os
dois primeiros podem ser entendidos como instrumentos de política pública e mesmo assim não devem ser
vistos como espécies diferentes de instrumentos, mas sim formas diferentes de criar e implementar
instrumentos de política ambiental explícita. Os acordos voluntários, públicos ou privados, resultam do
aperfeiçoamento das relações entre órgãos públicos e agentes privados em relação às questões ambientais.
O Quadro 3.2 apresenta um resumo esquemático dos diversos tipos de acordos voluntários.
QUADRO 3.2 Acordos
voluntários - Tipos e exemplos
Acordos
voluntários 3. Comprometimentos bilaterais (acordos entre uma empresa,
seus funcionários e vizinhos para ressarcir danos ambientais)
Privados 4.1. Iniciativas Individuais (qualquer empresa que faça
mais do que a legislação exige)
4. Iniciativas 4.2.1. promovidas por grupos de
unilaterais empresas ou entidades empresariais
(Ex.: Atuação Responsável e Cempre)
4.2. Iniciativas
coletivas 4.2.2. promovidas por entidades
independentes (Ex.: ISO 14000,
Global Compact, Ceres e Gemi)
Fontc: Adaptado e ampliado a partir de dados de OCDH. Voluntary approaches for environmental policy: an
assessment. Paris, 1999.
20 OCDE. Voluntary approaches for environmental policy: an assessment. Paris, 1999. p. 15-16
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suspender a cobrança de uma taxa ou aceitar um prazo maior para a empresa se ajustar a novos padrões.
Acordos voluntários negociados têm sido utilizados em diversos países para redução de C0 2 , S0 2 , NO x ,
CFCs, POPs e outros poluentes. Japão, Países Baixos, Alemanha, Estados Unidos, França, Itália e
Dinamarca estão entre os países onde a prática desses acordos está mais avançada, quer pelo número de
acordos realizados, quer pelo sucesso das iniciativas. O exemplo a seguir mostra o funcionamento de um
acordo desse tipo.
Os acordos públicos negociados são usados largamente nos Países Baixos como meio para atingir
objetivos estabelecidos em seu plano nacional de política ambiental. Esse plano estabelece, entre outros
objetivos, a redução drástica das emissões de mais de 200 substâncias. Ele parte do princípio que essa meta
audaciosa só será alcançada se a indústria repartir com o poder público a responsabilidade pelo
desenvolvimento e implementação das medidas de redução dessas substâncias. Para isso, o plano nacional
prevê a realização de acordos voluntários formais ( covenants ) entre o governo e as empresas, com o
objetivo de atingir metas de redução ou eliminação desses poluentes. Isso é feito em dois momentos.
Primeiro, o governo firma um acordo com uma entidade ou associação representativa de um setor, com o
objetivo de estabelecer um quadro de referência para enfrentar o problema segundo as características
setoriais. Esse acordo não tem valor legal, é uma carta de princípios e de intenções, que resulta de um
processo de consultas e debates públicos. No segundo momento, o governo e as empresas desse setor,
individualmente consideradas, firmam um contrato, estabelecendo obrigações a serem cumpridas de
ambas as partes, que tem valor legal sob as leis civis do país. Esse contrato define com detalhes os
objetivos que a empresa desse setor deve alcançar em termos de redução de emissões, conforme sua
22
capacidade, que serão monitorados por um comitê público local .
Como pode-se ver por esse exemplo, o acordo voluntário público negociado é uma forma de
implementar instrumentos econômicos e de comando e controle de modo flexível, que leve em conta as
características específicas de cada setor. A forma tradicional de estabelecer padrões de emissões, por
exemplo, não faz distinção entre as empresas; todas são tratadas do mesmo modo, independentemente das
enormes diferenças entre elas. Os acordos voluntários negociados podem estabelecer objetivos
diferenciados em razão do tamanho da empresa, de sua situação financeira, da idade dos equipamentos e
do tipo de tecnologia adotado. Eles permitem estabelecer o desempenho ambiental desejável por parte das
empresas, levando em conta as limitações e oportunidades decorrentes dos paradigmas e trajetórias
tecnológicas, conforme mostrado anteriormente.
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judiciais não são incluídos nessa ca tegoria. A idéia é que a empresa se antecipe ao problema media nte um
acordo voluntário antes de chegar às barras dos tribunais.
As iniciativas privadas de caráter unilateral podem ser individuais ou coletivas, como mostra o
Quadro 3.2. As primeiras se dão por meio de uma ação isolada de uma empresa que procura
espontaneamente tratar dos problemas ambientais de um modo mais rigoroso que o previsto pela
legislação à qual está sujeita. Qualquer medida empreendida voluntariamente por uma empresa que faça
mais do que a legislação exige é uma iniciativa de auto-re- gulamentação de caráter unilateral individual.
As iniciativas coletivas podem ser de dois tipos. Um pertence à categoria dos acordos criados por um
grupo de empresas, uma associação de empresas ou uma entidade que as representem. A definição dos
objetivos e dos meios para alcançá-los é determinada por elas mesmas, daí o caráter unilateral do acordo.
As empresas podem eventualmente delegar o monitoramento e a resolução de conflitos a uma terceira
parte, com o objetivo de reforçar a credibilidade do programa e a efetividade de seu compromisso 24. Um
exemplo de iniciativa coletiva é o R esponsable Care , um progra ma criado pela Canadian Chemical
Manufactureis Association em 1988 e adotado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim)
com o nome de Atuação Responsável.
Outra categoria de acordos unilaterais coletivos é constituída pelas iniciativas de entidades
independentes, como a Câmara de Comércio Internacional (ICC) e a Organização Internacional de
Normalização (ISO). Enquanto as iniciativas voluntárias unilaterais do primeiro tipo envolvem questões
específicas do setor ou do grupo de empresas, esta última aborda questões de caráter geral, que podem ser
adotadas por empresas de qualquer setor, tamanho e local. Esses dois últimos tipos de iniciativas de
caráter coletivo apresentam-se como programas e modelos de gestão ambiental, códigos de conduta e
normas ambientais
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Câmara de Comércio Internacional (ICC) Paris Carta de Princípios, Auditoria Ambiental e Código de
Publicidade Ambiental
Ceres Boston Princípios Ceres (ex-Princípios Valdez)
Compromisso Empresarial para a Reciclagem São Paulo Apoio a programas de coleta seletiva, reciclagem e
(Cempre) valorização de material reciclado e avaliação do ciclo
de vida
Bruxelas Programa Voluntário de Eficiência Energética
Conselho Europeu da Indústria Química (CEFIC)
Global Reporting Initiative (GRI) Amsterdam Relatórios de sustentabilidade
Grenpeace Amsterdam Produção Limpa (Clean Production)
International Organization for Standardization (ISO) Genebra Normas da Série ISO 14000
Onudi/Unido Viena Produção mais Limpa
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente Nairobi International Hotels Environment Initiative; Insurance
(PNUMA) Industry Initiative for the Environment, Princípios para
investimentos responsáveis etc.
Society of Environmental Toxicology and Chemistry Bruxelas Avaliação do Ciclo de Vida
(Setae)
The Global Environmental Management Initiative
(Gemi) Washington Total Quality Environmental Management (TQEM)
The Natural Step Foundation Estocolmo Sistemas de Condições para Sustentabilidade
WBCSD Genebra Promoção da Ecoeficiência
Zero Emissions Research and Initiative (Zeri) Genebra Emissões zero
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A ONU e suas agências têm estimulado a criação de iniciativas unilaterais coletivas. É o caso do
Código de Ética para o Comércio Internacional de Produtos Químicos, concluído em 1994 pelo PNUMA
mediante intensa articulação com governos, diversas empresas privadas, associações de classe e ONGs.
Esse Código foi elaborado para tornar efetivas as recomendações da Agenda 21 referentes à gestão
ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas, incluindo a prevenção do tráfico internacional
ilegal dos produtos tóxicos e perigosos. O Código estabelece princípios e diretrizes a serem aplicados
voluntariamente por qualquer empresa, para que seu cumprimento possa ser acompanhado por governos,
sindicatos, associações de consumidores e outras partes interessadas 25 . O Global Compact, iniciativa lançada
pela ONU no início do século XXI, procura facilitar o aprendizado organizacional por meio do diálogo e
da transparência, com o objetivo de disseminar boas práticas de gestão. Essa iniciativa se apóia em dez
princípios extraídos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, dos princípios fundamentais dos
direitos dos trabalhadores da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Declaração do Rio de
Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvim ento, de 1992, como o princípio da precaução, já
comentado no capítulo anterior, e o combate à corrupção 26 .
Pelo menos no nível da intenção, as iniciativas empresariais de auto-regulamentação sào apresentadas
pelos seus promotores como instrumentos para alcançar a liderança em questões ambientais mediante uma
relação do tipo ganha-ganha entre empresa e meio ambiente. Porém, essas iniciativas despertam a
desconfiança de muitos ambientalistas. Há quem sustente que esses empreendimentos buscam adiantar-se
às normas legais apenas para indicar os rumos que estas deverão tomar no futuro e, com isso, neutralizar
as propostas mais rigorosas ou que contrariem os interesses empresariais. Muitos vêem nelas uma
escalada das propostas neoliberais que postulam uma diminuição da intervenção estatal na ordem
econômica e social. Outros entendem que essas iniciativas constituem mais um lance de publicidade do
que um efetivo compromisso com o meio ambiente. Também têm havido queixas de empresários alegando
que estes programas foram desenhados apenas para grandes empresas. A adesão em programas de auto-
regulamentação de empresas responsáveis por acidentes ambientais de grandes proporções tem sido
apontada por muitos grupos ambientalistas como indício de falta de seriedade dessas iniciativas.
25 PNUMA. Código de ética para o comércio internacional de produtos químicos. Capítulo 19, item
19.66.
26 Sobre o Global Compact, veja mais em <www.unglobalcompact.org>.
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Outra critica decorre do fato de que muitas empresas que aderiram a esses programas de auto-
regulamentação possuem dois pesos e duas medidas, isto é, seus estabelecimentos ou filiais apresentam
diferentes desempenhos ambientais, conforme as características da regulamentação pública dos países
onde se situam. Isto é, tais empresas adotam um comportamento ambiental exemplar apenas onde a
legislação e a sociedade são exigentes e empurram as atividades sujas ou degradadoras para outros locais
onde são toleradas, conforme a política conhecida por ‚Não em meu quintal‛, conhecida pela sigla Nimby
(do inglês not in my back- yard). Para muitos é a regulamentação pública o que de fato imporia, pois é ela
que fornece os limites da atuação da empresa. Em suma, as iniciativas de auto-regulamentação ensejam
diversas questões polêmicas quanto às suas intenções e à eficácia na solução dos problemas ambientais.
Apesar do mau uso que muitas empresas podem fazer das suas próprias iniciativas, não há dúvida de que
elas constituem atualmente uma fonte importante de propostas para a gestão ambiental empresarial, como
se verá no capítulo seguinte.
27 SIMONSEN, R.C. História econômica do Brasil (1500/1800). Sào Paulo: Cia Editora Nacional, 1969, p. 63.
28 CASTRO, Patrícia E de. Cuia das unidades de conservação ambiental do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
Ibam/Duma, PCRJ/SMAC, 1998. p. 109-110.
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viajantes com a pura proteção das espécies aclimatadas. O que ocorreu por aqui não foi muito diferente; o
objetivo inicial de D. João VI foi utilizar o Jardim Botânico para o cultivo de especiarias das índias
Orientais e da Ásia, para suprir o mercado português 29 .
Até o início do século XX, o campo político e institucional brasileiro não se sensibilizava com os
problemas ambientais, embora não faltassem problemas e nem vozes que os apontassem. A abundância de
terras férteis e de outros recursos naturais, enaltecida desde a carta de Caminha ao rei de Portugal,
tornou-se uma espécie de dogma que impedia enxergar a destruição que vinha ocorrendo desde os
primeiros anos da colonização. A degradação de uma área não era considerada um problema ambiental
pela classe política, pois sempre havia outras a ocupar com o trabalho escravo. As denúncias sobre o mau
uso dos recursos naturais não encontravam ecos na esfera política dessa época, embora muitos
denunciantes fossem políticos ilustres, como José Bonifácio, Joaquim Nabuco e André Rebouças.
Nenhuma legislação explicitamente ambiental teve origem nas muitas denúncias desses políticos, que
podem ser considerados os precursores dos movimentos ambientalistas nacionais e que, já nas suas
origens, apresentavam uma tônica socioambiental dada pela luta contra a escravatura, a monocultura e o
latifúndio. Somente quando o Brasil começa dar passos firmes em direção à industrialização, inicia-se o
esboço de uma política ambiental. A adesão do Brasil aos acordos ambientais mullilaterais das primeiras
décadas do século XX, citados no Anexo 11 , praticamente não gerou nenhuma repercussão digna de not a na
ordem interna do país. Tomando como critério a eficácia da ação pública e não apenas a geração de leis,
pode-se apontar a década de 1930 como início de uma política ambiental efetiva.
Uma data de referência é o ano de 1934, quando foram promulgados os seguintes documentos
relativos à gestão de recursos naturais: Código de Caça 30 , Código Florestal 31 , Código de Minas 32 e Código
de Aguas33 . Outras iniciativas governamentais importantes desse período foram as seguintes; criação do
Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro do Brasil 34 e a organização do patrimônio histórico e artístico
nacional 35 . As políticas públicas dessa primeira fase procuram alcançar efeitos sobre os recursos naturais
por meio de ges-
29 ACOT, Pascal. História da ecologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. p. 133.
30 BRASIL. Decreto 23.672 de 2 de janeiro de 1934.
31 Id., Decreto 23.793 de 23 de janeiro de 1934.
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tões setoriais (água, florestas, mineração etc), para as quais foram sendo criados órgãos específicos,
como o Departamento Nacional de Recursos Minerais, Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica
e outros. Os problemas relativos ã poluição só seriam sentidos em meados da década de 1960, quando o
processo de industrialização já havia se consolidado. No início dessa fase, na década de 1930, o rio Tietê,
por exemplo, era usado para o lazer de muitos paulistanos, algo que se tornaria inviável algumas décadas
depois. Até meados da década de 1970, a poluição industrial ainda era vista como sinal de progresso e,
por isso, muito bem-vinda para muitos políticos e cidadãos.
Uma segunda fase da política pública ambiental tem início com a Conferência de Estocolmo de 1972,
quando as preocupações ambientais se tornam mais intensas, embora nessa ocasião o governo militar
brasileiro não reconheceu a gravidade dos problemas ambienta is e defen deu sua idéia de
desenvolvimento econômico, na verdade um maldesenvol- vimento, em razão da ausência de preocupações
com o meio ambiente e a distribuição de renda. Porém, os estragos ambientais mais do que evidentes e a
colocação dos problemas ambientais em dimensões planetárias exigiram do poder público uma nova
postura. Em 1973, o Executivo Federal cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente e diversos estados
criam suas agências ambientais especializadas, como a Cetesb no Estado de São Paulo em 1973 e a Feema
em 1975 no Estado do Rio de Janeiro.
Em matéria ambiental o Brasil também seguiu uma tendência observada em outros países. Nessa
segunda fase, os problemas ambientais são percebidos e tratados de modo isolado e localizado, repartindo
o meio ambiente em solo, ar e água, e mantendo a divisão dos recursos naturais: água, florestas, recursos
minerais e outros. Só no início da década de 1980 é que passariam a ser considerados problemas
generalizados e interdependentes, que deveriam ser tratados mediante políticas integradas. A legislação
federal sobre matéria ambiental nessa segunda fase procurava atender problemas específicos, dentro de
uma abordagem segmentada do meio ambiente, conforme exemplificado pelos textos legais a seguir:
Decreto-lei 1.413 de 14/8/1975 sobre medidas de prevenção da poluição industrial;
Lei 6.453 de 17/10/1977 sobre responsabilidade civil e criminal relacionada com atividades nucleares;
Lei 6.567 de 24/9/1978 sobre regime especial para exploração e aproveitamento das substâncias
minerais;
Lei 6.803 de 2/7/1980 sobre diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição;
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medida que procura integrar as ações governamentais dentro de uma abordagem sistêmica. Essa lei tem
por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar condições de desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança nacional e a proteção
da dignidade humana 36 . O meio ambiente como um todo é considerado um patrimônio público e deve ser
protegido tendo em vista o uso coletivo. Com isso, retira-se do meio ambiente a característica de um
recurso de acesso comum, que é a origem da tragédia dos comuns, citada no capítulo anterior.
A Lei 6.938/1981 instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), responsável pela proteção
e melhoria do meio ambiente e constituído por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios, como mostra o Quadro 3.5. Espelhando-se no Sisnama, os estados criaram os
seus Sistemas Estaduais do Meio Ambiente para integrar as ações ambientais de diferentes entidades
públicas nesse âmbito. Outra inovação importante foi o conceito de responsabilidade objetiva do poluidor.
O po- luidor
causados fica obrigado,
ao meio ambiente independentemente de por
e a terceiros afetados existência de culpa,37 .a Embora
suas atividades indenizar ou reparar
aprovada em os danos
1981, sua
implementação só deslanchou efetivamente ao final dessa década, principalmente a partir da promulgação
da Constituição Federal de 1988.
36 BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto dc 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências. Brasília, DOU de 02/9/1981. , art. 2°
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• Órgão superior
- Conselho de Governo, que deve auxiliar o Presidente da República na formulação de políticas públicas.
• Órgão consultivo e deliberativo
- Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), presidido pelo Ministro do Meio Ambiente. Esse órgão
analisa, delibera e propõe diretrizes e normas sobre política ambiental.
• Órgão central
- Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA). É o órgão responsável pelo
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que o Congresso elaborava a Constituição de 1988. Por isso, pode-se afirmar que se irata de uma
constituição socioambiental.
Além de um capítulo específico para o meio ambiente, a atual Constituição ampliou os mecanismos
para a defesa da natureza, conferindo a qualquer cidadão o direito de propor ação popular para proteger o
meio ambiente, o patrimônio histórico e cultural 40 . E também ampliou a autonomia do Ministério Público
na defesa de questões socioambientais 41 . Muitos textos legais anteriores à Constituição de 1988 foram
recepcionados por ela, entre eles as Leis 6.938/1981 e 7.347, de 24/7/1985, o que conferiu maior eficácia à
proteção do meio ambiente e a outros direitos difusos mediante ação civil pública de responsabilidade por
danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artísticos, estéticos, históricos
e paisagísticos. Foi estabelecida uma distribuição melhor da competência para legislar sobre matéria
ambiental entre os entes da federação brasileira. Outras inovações importantes são as seguintes:
estabeleceu o respeito ao meio ambiente e o aproveitamento racional dos recursos como um dos requisitos
para caracterizar a função social da propriedade rural 42 ; incluiu os sítios ecológicos como elementos do
patrimônio cultural 43 ; e estabeleceu disposições em defesa de grupos vulneráveis, como povos indígenas 44 ,
crianças, idosos e deficientes físicos 45 .
(continua)
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(continuação)
II - preservar a diversidade e a integração do patrimônio genético do País e fiscalizar as en-
tidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de
lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
IV - exigir, na forma de lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade,
§ 2^ - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado,
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3 2 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação
de reparar os danos causados.
§ 4 2 - A floresta amazônica brasileira, a mata atlântica, a serra do mar, o pantanal mato-grossense e a
zona costeira são patrimônios nacionais, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.
§ 5 2 - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos estados, por ações discriminatórias.
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 62 - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal,
sem o que não poderão ser instaladas.
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VIII.
Cadastro Técnico Federal de Atividades e instrumentos de defesa ambiental; o
IX. as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção da degradação ambiental;
X. a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo
Ibama;
XI. a garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o poder
público a produzi-las, quando inexistentes;
XII. o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de
recursos ambientais;
XIII. instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e
outros 46 .
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• cobrança cle tarifa pelo lançamento de despejo industrial baseado nas características dos poluentes
em diversos estados 47 ;
• exclusão da cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR) das áreas de matas nativas, retirando-lhes o
caráter de propriedade rural improdutiva;
• Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), cujo fato gerador é o exercício do poder de polícia
conferido ao Ibama para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e
utilizadoras de recursos naturais 48 ;
• cobrança pelo uso de recursos hídricos, conforme estabelece a Lei 9.433/1997, que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos.
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financeiras aos estados, Distrito Federal e municípios pelo resultado da exploração econômica de petróleo,
gás natural, recursos hídricos para fins de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, conforme estabelece a
Constituição Federal 52 .
Os impostos que incidem sobre produtos, tais como o ICMS e o IPI, não podem ser considerados
tributos ambientais, mesmo quando os produtos são nocivos ao ambiente, tais como substâncias tóxicas,
combustíveis fósseis, pilhas, baterias e embalagens compostas que dificultam a reciclagem, pois visam
apenas arrecadar recursos para os entes estatais. Além de não terem corno objetivo induzir os
contribuintes a apresentarem comportamentos ambientais mais adequados, os montantes arrecadados vão
para uma conta do tesouro, ou seja, uma vala comum e, na hora de distribuir o bolo, as ações voltadas
para o meio ambiente acabam recebendo uma parcela insignificante. Esses impostos poderiam ser utiliza-
dos para incentivar ou não o uso de certos produtos conforme seus impactos sobre o meio ambiente e a
saúde pública, bastando adotar isenções e alíquotas diferenciadas. Por exemplo, as operações de coleta,
transporte e recebimento de óleo lubrificante usado ou contaminado são isentas de ICMS, atendendo o
disposto na Resolução Conama 09/1993, que estabelece a obrigatoriedade de reciclar todo o óleo
lubrificante usado 53 . As operações com vasilhames, recipientes, embalagens e sacarias também são isentas
de ICMS, desde que esses produtos retornem ao estabelecimento do remetente ou a outro do mesmo
titular em condições de reutilização 54 . Infelizmente, os exemplos são poucos e não seguem uma política
coerente de apoio às iniciativas ambientalmente saudáveis.
Além das normas citadas, merece destaque a Lei dos Crimes Ambientais, 9.605/1998, que estabelece
sanções administrativas e penais derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Essa lei
amplia a tipificação dos crimes ambientais e consolida outros crimes que eram objetos de outras leis, como
os códigos de caça, pesca e florestal. Uma de suas maiores novidades, a responsabilidade penal das
empresas, é a regulamentação de um ditame constitucional, no caso, o § 3 U do Art. 225, como pode ser
visto no Quadro 3.6. Apesar das polêmicas acirradas entre os juristas a respeito da pessoa jurídica poder
ou não praticar crimes, o fato é que os congressistas constituintes de 1988 entenderam que ela pode delin-
qüir e se cometer delitos estará sujeita às penas a estes cominadas, além de outras sanções
54 Decreto 33.118 /1991, Regulamento do ICMS do estado de São Paulo, itetn 12 da Tabela I do Anexo 1.
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nos âmbito civil e administrativo 55 . A responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras e partícipes do mesmo fato 56 . Além de multas, as pessoas jurídicas estão sujeitas às
penas restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade, que podem ser aplicadas isolada,
cumulativa ou alternadamente 57 . As penas restritivas de direitos podem ser: suspensão parcial ou total de
atividades: interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; e proibição de contratar com o
poder público por um período de três anos, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações 58 .
Todos os incisos e parágrafos do artigo 225 da Constituição Federal estão regulados por leis, algumas
anteriores a ela, mas que foram por ela recepcionadas por não colidirem com suas disposições e princípios.
O Anexo IV apresenta uma relação das principais leis ordinárias sobre matéria ambiental.
Freqüentemente, ouve-se dizer que a legislação ambiental brasileira é muito boa, completa e avançada, o
que falta é aplicação e fiscalização eficazes por parte dos órgãos governamentais encarregados de executá-
las. Afirmações como essas merecem reparos. De fato, o Brasil apresenta atualmente uma legislação
ambiental bastante extensa, mas centrada de modo enfático sobre instrumentos de comando e controle.
Como foi mostrado, a Política Nacional do Meio Ambiente não apresenta um conjunto equilibrado de
instrumentos públicos. O peso excessivo nos instrumentos de comando e controle, comparativamente aos
econômicos, pode agir contrariamente a um dos objetivos específicos dessa política, a saber: o
desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional dos recursos
naturais e a difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente 59 .
Os instrumentos cle comando e controle são fundamentais, pois obrigam as empresas a adotarem
providências para controlar a poluição, mas eles tendem a induzir um comportamento acomodado após o
cumprimento das exigências legais, caso estas não sejam atualizadas com freqüência. Além disso, uma
política centrada em instrumentos de regulamentação direta gera sobrecarga de trabalhos sobre os órgãos
de controle, que, mesmo quando bem aparelhados para cumprir suas funções, sempre estarão aquém das
necessidades de fiscalização. Como nenhum desses órgãos possui o dom da ubiqüidade, essa sobrecarga
acaba estimulando soluções precárias e o descumprimento das normas legais por parte das empresas
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menos comprometidas com as questões ambientais. O fato de que muitas empresas relutem em incorporar
as melhores tecnologias ambientais pode ter origem nessa característica da política ambiental brasileira,
uma política que aposta quase todas as suas fichas nos instrumentos de comando e controle.
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6. Um dos grandes problemas da atualidade pública no Brasil. Esse livro não concorda com
refere-se aos resíduos sólidos resultantes da isso. Qual foi o argumento usado para
produção e consumo dos produtos indus- considerar outro período como início da gestão
trializados. Tem sido afirmado com freqüência ambiental pública e quais os objetivos dos
que esse problema, hoje já encarado como um primeiros instrumentos de gestão?
problema de dimensão planetária, dificilmente 9. Que argumentos são usados nesse Capítulo para
terá solução apenas com a adoção de sustentar a afirmação de que a atual Constituição
instrumentos de comando e controle. Concorda Federal adota uma postura so- cioambiental?
com essa afirmação? Discorda? Por quê? Que Para melhor responder essa questão, não deixe
outros instrumentos de política pública de consultar a própria Constituição.
poderiam ser instituídos para enfrentar esse 10. A responsabilidade civil objetiva por danos
problema? ambientais e a responsabilidade penal das
7. Quais os tipos de acordos voluntários que pessoas jurídicas consta da atual legislação
podem ser considerados instrumentos de brasil eira. Dis cuta ess as duas formas de res -
política pública ambiental. Cite exemplos. ponsabilidade e indique que implicações elas
8. Alguns autores consideram a legislação por- geram para as empresas e seus administradores.
tuguesa para a proteção do pau-brasil ou a
Referências
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BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.
Brasília, DOU de 02/9/1981.
BRASIL, Constituição Federal, 1988, art. 3 Ü e Lei 9.605/1998, art. 3^.
______________ Lei 9.605/1998, art. 3", § único.
. ___________ __ Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.
Brasília, DOU de 13/2/1998.
_____________ Lei 5.172, DE 25 de outubro de 19606. Dispõe sobre o Sistema Tributário
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.
Brasília, DOU de 27/10/1966.
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CASTRO, Patrícia E de. Guia das unidades dc conservação ambiental do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
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____________ . Technological paradigms and technological trajec tories. Research Policy, v. 11, n. 3,
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ESTADO DO PARANÁ. Lei complementar 55, de 01/10/199 1. Dispõe sobre a repartição de 5% do ICMS, a que
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ESTADO DE SÃO PAULO. Lei 8.510, dc 29 de dezembro de 1993. Altera a Lei 3.201, de 23/12/1981, que
dispõe sobre a parcela pertencente aos municípios do produto da arrecadação do ICMS. São Paulo,
29/12/1993.
____________ . Decreto 33.118 /1991, Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo, item 25 da Tabela
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____________ . Decreto 33.118 /1991, Regulamento do ICMS do estado de São Paulo, item 12 da Tabela 1
do Anexo 1.
ESTADO DE MINAS GERAIS. Lei 12.040 de 28/12/1995. Dispõe sobre a distribuição da parcela de receita do
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A solução dos problemas ambientais, ou sua minimização, exige uma nova atitude dos empresários e
administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar concepções
administrativas e tecnológicas que contribuam para ampliar a capacidade de suporte do planeta. Em
outras palavras, espera-se que as empresas deixem de ser problemas e façam parte das soluções. A
experiência mostra que essa atitude dificilmente surge espontaneamente. Como mostra a Figura 4.1, as
preocupações ambientais dos empresários são influenciadas por três grandes conjuntos de forças que
interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o mercado. Se não houvesse pressões da sociedade e
medidas governamentais, não se observaria o crescente envolvimento das empresas em matéria ambiental.
As legislações ambientais geralmente resultam da percepção de problemas ambientais por parte de
segmentos da sociedade que pressionam os agentes estatais para vê-los solucionados.
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A aprovação de leis ambientais com a freqüência com que se observa na atualidade mostra que o tema
entrou definitivamente na agenda dos políticos. As organizações da sociedade civil que aluam nas áreas
ambientais e sociais têm se tornado influências poderosas que se manifestam por meio de denúncias, da
formação cle opiniões perante o grande público, de pressões políticas nas instâncias legislativas e
executivas e de cooperação com as empresas. O crescente envolvimento das ONGs nas questões globais
tem sido uma garantia de que as resoluções e recomendações dos acordos ambientais não acabem
esquecidas nas gavetas dos governantes. Muitas iniciativas voluntárias privadas comentadas no Capítulo
anterior foram criadas e são administradas por ONGs. Muitas delas desenvolveram modelos de gestão
ambiental para as empresas e auxiliam sua implementação.
Embora o mercado seja uma instituição da sociedade, suas influências são tantas e tão específicas que
ele merece ser considerado à parte. As questões ambientais passaram a ter impactos importantes sobre a
competitividade dos países e c le suas empresas. O dilema ‚economia ou meio ambiente‛ est{ relacionado
com esse lato. As preocupações com as harmonizações das legislações ambientais, comentadas no
Capítulo 2, devem-se aos profundos impactos das leis ambientais sobre a competitividade das empresas
no comércio internacional. A intensificação dos processos cle abertura comercial, expondo produtores com
diferenças pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma competição mais acirrada e de âmbito
mundial tem sido uma poderosa força indutora de regulamentação e auio-regulamentação
socioatnbientais. Os produtores com custos sociais e ambientais baixos, em função de uma regulação
frouxa ou ausente, estariam praticando dumping social e ambiental, comparativamente aos que operam sob
legislações ambientais rigorosas. O surgimento de iniciativas voluntárias de auto-regulamentãção se deve,
em grande parte, às dificuldades de proteção de mercados nacionais por meio de barreiras comerciais
após o Tratado de Marrakech de 1994, que encerrou a Rodada Uruguai de negociações comerciais
muhilaterais no âmbito do General agreement on taríjfs and trade (Gatt) e criou a Organização Mundial do
Comércio (OMC). Uma das conseqüências esperadas da adoção generalizada dessas iniciativas é o ni-
velamento dos custos de produção entre empresas produtoras de bens similares, situadas em países
diferentes com diferentes exigências legais com respeito às questões socioambientais.
Outro tipo de pressão vem dos investidores que procuram minimizar os riscos de seus investimentos.
A geração de passivos ambientais pelo não-cumprimenio cla legislação pode comprometer a rentabilidade
futura de uma empresa, pois esses passivos poderão ser cobrados em alguma data futura, seja por acordos
bilat erais voluntários, seja por meio de ações judiciais. Essa questão tem sido tão decisiva para os
investimentos que já foram criados diversos indicadores para informar os investidores sobre a situação da
empresa em
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relação a essas questões, como o Dow Joncs Suslaincibility Indexes , criado pela Dow Jones e SAM Group em
1999. Dados da Dow Jones mostram que as empresas incluídas nesse indicador apresentam rentabilidade
superior às não incluídas 1. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) lançou em 2005 o índice
de Sustentabilidade Empresarial (ISE), com base em metodologia desenvolvida pela Fundação Getulio
Vargas, que procura refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com os melhores
desempenhos em termos econômicos, sociais e ambientais, bem como em governança corporativa. Essas
iniciativas têm por objetivo criar referências para os produtos financeiros baseados no conceito de
empresa sustentável e medir seu desempenho 2.
Considerando o conceito de desenvolvimento sustentável apresentado no Capítulo anterior, uma
empresa sustentável seria aquela que cria valor de longo prazo aos acionistas ou proprietários e contribui
para a solução dos problemas ambientais e sociais. Para Crosbie e Knight (1995), os negócios ou empresas
sustentáveis são as que:
Atualmente existem diversas iniciativas voluntárias do setor financeiro que estabelecem critérios
ambientais para os tomadores de créditos, como é o caso da Iniciativa das Instituições Financeiras
promovida pelo PNUMA, que em março de 2008 contava com a adesão de mais de 170 bancos e
seguradoras de 40 países, muitos deles com atuação global. Para aderir à iniciativa, o banco deve se
comprometer com a aplicação do princípio da precaução, respeitar a legislação ambiental nacional e local,
bem como as resoluções dos acordos ambienta is multi laterais que se aplicam às suas operações e serviços
financeiros, independentemente do fato de terem sido ratificadas ou não pelo governo do país onde atua 4.
1
DOW JONES SUSTA1NABILITY INDEXES. Disponível em: <www.sustainability-index.com/>. Acesso em: 21 abr.
2002.
2 ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL. Disponível em:<www.bovespa.com.br> e em
UNER Financial services initiatives. Disponível em: <www.unepfi.org/>. Acesso em: 25 jul. 2006.
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O setor de seguro tem exercido pressão para que as empresas melhorem seus desempenhos
ambientais, uma vez que os sinistros ambientais podem atingir proporções vultosas. As instituições
signatárias da iniciativa voluntária promovida pelo PNUMA se comprometem a fortalecer a atenção
prestada aos riscos ambientais em suas atividades básicas, que compreendem a gestão de risco, prevenção
de perdas, projeto de produtos, tramitação das reclamações e gestão de ativos. Comprometem-se também
a auxiliar seus clientes, sócios e fornecedores a cumprirem a legislação ambiental e a adotarem melhores
práticas administrativas e operacionais. A ONU lançou em 2005 os Princípios para o Investimento
Responsável, elaborados em conjunto com o PNUMA e o Global Compat. São seis princípios baseados nas
melhores práticas de investimentos que levem em conta as questões ambientais, sociais e de governança
corporativa 5. Estas iniciativas do setor financeiro têm como pressuposto que os investidores também são
responsáveis pelos impactos adversos causados pelos empreendimentos apoiados por eles.
Outra fonte de pressão sobre as empresas advém do aumento da consciência da população em geral e,
principalmente, dos consumidores que procuram cada vez mais utilizar produtos e serviços
ambientalmente saudáveis. Um aspecto visível desse novo tipo de consumidor é a prática de diferenciar
produtos e serviços pelo desempenho ambiental. O surgimento de rótulos ou selos verdes em muitos
países desde as últimas décadas do século XX é um indicador da importância do desempenho ambiental
como critério definidor das escolhas por parte dos consumidores na hora de realizar suas compras. O
Quadro 4.1 apresenta um breve relato de um dos selos ambientais mais antigos.
Os rótulos e as declarações ambientais, popularmente denominados selos ou rótulos verdes, indicam
atributos ambientais em produtos e serviços, que podem tomar a forma de afirmações, símbolos aplicados
nos produtos ou nas suas embalagens, informações em bulas e manuais, expressões de propaganda,
anúncios publicitários e outras formas de comunicação direta com os consumidores. Seu objetivo é atrair
consumidores ou usuários que se preocupam com o meio ambiente, destacando as qualidades do produto
ou serviço em termos ambientais, por exemplo, biodegradabilidade, retornabilidade, percentual de
material reciclado e eficiência energética. Na medida que diferenciam produtos e serviços em função dos
seus impactos ambientais, os rótulos e as declarações podem se tornar instrumentos da estratégia de
marketing da empresa.
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rótulos verdes
o European foram
Union criados em outros países, nae França,
, o NF-Environnement
Eco-label hoje há Environmental
centenas deles:Choice no Canadá,
Cisne Branco em países escandinavos e muitos outros, criados por organizações independen-
tes e governos.
Incluem-se entre os selos ambientais os relativos á eficiência energética, como o Energy Star
criado pelo Usepa e o Selo Procel de economia de energia, criado pelo governo brasileiro para
combater o desperdício de energia elétrica em equipamentos elétricos. São selos verdes os que
indicam que o atum ou o produto que contenha esse peixe foi pescado com dispositivos que salvam
os golfinhos (dolphin safe, golfinho salvo). Os sinais de reciclagem impressos em produtos ou em
embalagens talvez sejam os selos ou rótulos verdes mais conhecidos do grande público.
Fonte: TUE BLUE ANGEL ENVIRONMENTAL LABEL. Disponível em: <www.blauer-engel.de>. Acesso em: 25
jul . 2006 .
Enfim, nào faltam pressões para que as empresas adotem medidas de proteção ao meio ambiente.
Diversos pesquisadores têm mostrando que a reputação da empresa é um importante ativo intangível que
se relaciona fortemente com o seu desempenho financeiro e
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mercadológico. Por exemplo, Miles e Covin 6 verificaram mediante uma ampla pesquisa que a reputação é
uma vantagem competitiva importante e entre as fontes de reputação está o modo como a empresa trata as
questões sociais e ambientais. As setas mais finas da Figura 4.1 indicam que as empresas também exercem
influências sobre os governos, a sociedade e o mercado. As iniciativas empresariais voluntárias,
individuais ou coletivas, comentadas no capítulo anterior, na medida que pretendem ir além da legislação,
acabam indicando os caminhos para as futuras leis.
Controle da poluição
Esta abordagem se caracteriza pelo estabelecimento de práticas para impedir os efeitos decorrentes da
poluição gerada por um dado processo produtivo. Esse controle pode ser realizado por meio de ações
localizadas e pouco articuladas entre si. As ações ambientais da empresa resultam de uma postura reativa
da empresa, na qual ela centra suas atenções sobre os efeitos negativos de seus produtos e processos
produtivos mediante soluções pontuais. Via de regra, o controle da poluição tem por objetivo atender às
exigências estabelecidas nos instrumentos de comando e controle às quais a empresa está sujeita e às
pressões da comunidade.
As soluções tecnológicas típicas dessa abordagem procuram controlar a poluição sem alterar
significativamente os processos e os produtos que as produziram, podendo ser de dois tipos: tecnologia de
remediação e tecnologia de controle no final do processo ( end-of-pipe control). A primeira procura resolver
um problema ambiental que já ocorreu, como são as
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tecnologias desenvolvidas para descontaminar o solo degradado por algum tipo de poluente ou para
recuperar o petróleo derramado no mar e limpar as praias. As tecnologias end- oj-pipe objetivam capturar e
tratar a poluição resultante de um processo de produção antes que seja lançada ao meio ambiente,
adicionando novos equipamentos e instalações nos pontos de descarga dos poluentes. Exemplos: estações
de tratamento de efluentes, ciclones, precipitadores eletrostáticos, filtros, incineradores e outros.
Conforme o tipo e a quantidade dos poluentes, as soluções end-of-pipe tornam-se complexas e custosas.
Não raro, envolvem mais de um tipo de tecnologia. Por exemplo, um incinerador de resíduos sólidos
perigosos gera gases que precisam ser lavados e as cinzas resultantes devem ser acondicionadas e
dispostas em aterros industriais, instalações construídas especialmente para receber esse tipo de resíduo.
No caso da incineração de resíduos líquidos e pastosos, é necessário captar e tratar os efluentes líquidos e
transformar o lodo resultante desse processo em material seco para dar-lhe um destino seguro.
Características Abordaqens
Controle da poluição Prevenção da poluição Estratégica
Preocupação básica Cumprimento da legislação Uso eficiente dos insumos Competitividade
e respostas às pressões da
comunidade
Postura típica Reativa Reativa e proativa Reativa e proativa
Ações típicas Corretivas Corretivas e preventivas Corretivas, preventivas e
Uso de tecnologias de Conservação e substituição antecipatórias Antecipação
remediação e de controle no de insumos Uso de de problemas e captura de
final do processo (end-of- tecnologias limpas oportunidades utilizando
pipé) soluções de médio e longo
Aplicação de normas de prazos Uso de tecnologias
segurança limpas
Percepção dos empresários e Custo adicional Redução de custo e Vantagens competitivas
administradores aumento da produtividade
Envolvimento da alta Esporádico Periódico Permanente e sistemático
administração
reas envolvidas
Ações ambientais
confinadas nas áreas Crescente
outras áreasenvolvimento de
como produção, Atividades ambientais
geradoras de poluição. compras, desenvolvimento de disseminadas pela
produto e marketing organização Ampliação das
ações ambientais para toda a
cadeia produtiva
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Essas soluções tecnológicas nem sempre eliminam os problemas de modo definitivo. Desde que exista
regulamentação governamental eficaz, essas tecnologias agregam custos adicionais durante toda a vida
útil da planta industrial em decorrência das operações necessárias ao controle da poluição e das
providências para solucionar os problemas gerados pelos poluentes capturados. O que ocorre muitas
vezes é a permanência dos poluentes sob novas formas, como mostrado anteriormente. A cinza e o lodo
resultantes do tratamento da poluição no final de um processo industrial são exemplos típicos de
transformação de gases e líquidos poluentes em resíduos sólidos. Se esses resíduos contiverem
substâncias perigosas, a sua disposição final em condições seguras irá requerer autorização do órgão
ambiental. O local de destino dos resíduos precisa ser licenciado pelo órgão ambiental segundo normas
específicas e está sujeito à realização de inspeções periódicas, manutenção dos sistemas de drenagem de
águas pluviais e de gases, coleta de líquidos percolados, notificações ao órgão ambiental e outras
atividades administrativas e operacionais, como indica o Quadro 4.3.
chumbo etc;
(continua)
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(continuação)
Pela norma NBR 12235:1992, o armazenamento de resíduos Classe I deve ser feito sem alterar sua
quantidade e qualidade e após uma análise prévia de suas propriedades físicas e químicas, uma vez que
disso depende sua caracterização. O local de armazenamento deve ser tal que o perigo de contaminação
ambiental seja mínimo, que haja aceitação por parte da população e que esteja de acordo com o
zoneamento da região. Deve manter distâncias de mananciais, redes viárias, núcleos habitacionais e
logradouros públicos, conforme estabelecidas em legislações específicas. Esse local deve possuir sistema
de isolamento para impedir o acesso de pessoas estranhas, além de conter sinalizações de segurança. Há
necessidade de um plano de emergência e de um funcionário designado para coordenar todas as medidas
de controle necessárias em caso de emergência. Inspeções semanais devem ser realizadas e registros devem
ser mantidos durante toda a vida útil da instalação de armazenamento. As condições de armazenagem dos
resíduos Classe II são menos severas, mas exigem cuidados especiais, para a escolha do local, o
acondicionamento dos resíduos e as operações no local de armazenagem.
As normas e regulamentos sobre resíduos sólidos exigem atividades operacionais e administrativas
específicas, dentre elas, captação, segregação, transporte em condições especiais, elaboração de inventários
dos resíduos, inspeções, registro das operações e emissão de relatórios periódicos.
A produção de resíduos gera custos para os seus geradores e movimenta uma indústria altamente
especializada que provê bens e serviços, como análises laboratoriais, laudos periciais, estudos de impacto
ambiental, licenciamento ambiental, sistemas de controle, coleta, transpone, destinação final em aterros
industriais, incineração, projeto e construção de aterros, projeto e produção de equipamentos para captar,
tratar, transportar e dispor os resíduos, entre outros.
Do ponto de vista empresarial, essa abordagem significa elevação dos custos de produção que não
agregam valor ao produto e que dificilmente podem ser reduzidos face às exigências legais. Ao contrário,
esses custos tendem a aumentar à medida que as exigências se tornam Wais rigorosas. Se os custos forem
repassados aos preços dos produtos, esse tipo de solução também não é interessante para os
consumidores. Entender a preocupação ambiental como
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um cusio adicional para a empresa e o consumidor é um dos paradigmas empresariais mais arraigados,
que dificulta o envolvimento mais ativo das empresas na solução desses problemas. Esse é um dos motivos
pelos quais muitos empresários e seus administradores relutam em considerar as questões ambientais de
modo sistemático, sendo que, em muitos casos, quando essa preocupação existe, ela decorre da
necessidade de atender a legislação ambiental.
Do ponto de vista ambiental, as soluções voltadas exclusivamente para o controle da poluição são
fundamentais, mas insuficientes. Sem esse controle, a humanidade e a maioria dos outros seres vivos
teriam perecido, pois a quantidade e a toxicidade dos poluentes captados antes de serem lançados
ultrapassariam em muito a capacidade de assimilação da Terra. Essas soluções são insuficientes, porque
são voltadas apenas para um lado do problema, o da poluição. Suas contribuições para economizar
recursos são indiretas, por exemplo, o controle das emissões ácidas de uma determinada fonte faz com que
esta deixe de contribuir para a formação de precipitações ácidas que, entre outras conseqüências negativas,
aceleram a corrosão de materiais, empobrecem o solo e prejudicam a reprodução de plantas e peixes.
Prevenção da poluição
Esta é a abordagem pela qual a empresa procura atuar sobre os produtos e processos produtivos para
prevenir a geração de poluição, empreendendo ações com vistas a uma produção mais eficiente e,
portanto, poupadora de materiais e energia em diferentes fases do processo de produção e
comercialização. A prevenção da poluição requer mudanças em processos e produtos a fim de reduzir ou
eliminar os rejeitos na fonte, isto é, antes que eles sejam produzidos e lançados ao meio ambiente. Os
rejeitos que ainda sobram - e sempre sobrarão alguns, pois não existe nenhum processo 100% eficiente - são
captados, tratados e dispostos por meio de tecnologias de controle da poluição do tipo end-of-pipe. A
prevenção da poluição aumenta a produtividade da empresa, pois a redução de poluentes na fonte
significa recursos poupados, o que permite produzir mais bens e serviços com menos insu- mos. Os
resultados esperados de um programa de prevenção da poluição são os mesmos de qualquer programa de
redução de custo ou melhoria da produtividade, como redução dos custos com materiais e energia,
economia na disposição final dos resíduos, diminuição dos passivos ambientais, melhora geral das
condições de trabalho e da imagem da empresa.
A prevenção da poluição combina duas preocupações ambientais básicas: uso sustentável dos recursos
e controle da poluição. Os instrumentos típicos para o uso sustentável dos
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recursos podem ser sintetizados pelas seguintes atividades, conhecidas como 4Rs: redução de poluição na
fonte, reuso, reciclagem e recuperação energética, seguindo essa ordem de prioridade, como ilustra a
Figura 4.2. Reduzir é sempre a primeira opção, independentemente das quantidades e características clos
poluentes. Reduzir na fonte significa diminuir o peso ou o volume dos resíduos gerados, bem como
modificar suas características. Para isso, pode ser necessário reprojetar os produtos para adequar suas
dimensões e características fisico-químicas, a fim de produzir o mínimo de resíduos e reduzir seu grau de
pericu- losidade. Modificar equipamentos, substituir materiais, conservar energia, reusar e reciclar
resíduos internamente, estabelecer planos de manutenção preventiva e rever a gestão de estoques estão
entre as práticas administrativas e operacionais de prevenção da poluição.
Reusar internamente significa utilizar os resíduos da mesma forma que foram produzidos no próprio
estabelecimento que os gerou, por exemplo, retrabalhar as peças com defeitos, reaproveitar os restos de
matérias-primas, utilizar o calor antes dissipado no ambiente de trabalho para pré-aquecimento, usar a
água servida para esfriar algum equipamento antes de tratá-la, usar tambores e outras embalagens para
estocar resíduos, espichar a vida útil de pallets, tambores e outras embalagens de transportes, desde que
não prejudique a qualidade dos produtos que serão transportados. Um tipo especial de reuso é a
remanufatura de peças e componentes empregados novamente nos mesmos equipamentos.
A reciclagem interna é o tratamento dos resíduos para torná-los novamente aproveitáveis na própria
fonte produtora, como o tratamento da água residuária antes de sua reutilização. Pela reciclagem externa,
os resíduos de uma unidade produtiva são utilizados em outras. Embora benéfica ao meio ambiente na
medida que reduz as necessidades de matérias-
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primas originais, a reciclagem também gera problemas ambientais. Os processos de reciclagem requerem
energia e outros materiais originais e podem gerar poluentes tóxicos como a produção de qualquer outro
produto, como o destintamento de papel e as borras ácidas resultantes dos processos de reciclagem de
óleos lubrificantes usados.
A empresa geradora de resíduos de produção geralmente não os recicla, pois trata-se de uma
atividade especializada que requer uma outra planta produtiva, cuja viabilidade econômica e operacional
exige, via de regra, uma capacidade muito além das quantidades de resíduos geradas por ela. Para que a
reciclagem seja feita externamente, os resíduos gerados precisam ser acondicionados e estocados em locais
adequados, até formar uma quantidade que compense seu transporte até o estabelecimento do reciclador.
No caso de resíduos perigosos, a área de estocagem deve conter dispositivos de segurança, sinalizações e
outros estabelecidos em documentos normativos para serem aprovados pelos órgãos ambientais, como
exemplificado no Quadro 4.3. O transporte até o reciclador exige providências semelhantes por parte do
gerador e do transportador. Dada a necessidade de atender tais requisitos, os resíduos produzidos
internamente geram custos para a empresa que geralmente não são compensados com a sua venda. Por
isso a prioridade deve ser a minimização dos resíduos.
Como nem todo resíduo pode ser reusaclo ou reciclado, interna ou externamente, uma terceira
alternativa é o reaproveitamento do seu poder calorífico para geração de energia, caso seja possível.
Plásticos, papel e papelão contaminados e degradados, pallets e engradados de madeira inservíveis, certos
resíduos resultantes do processamento de matérias-primas orgânicas podem ser recuperados como fonte
de energia primária. Por fim, espera-se que os resíduos sem possibilidades de aproveitamento sejam
mínimos e que sua disposição final seja feita com segurança e sempre que possível segregando-os pelos
seus elementos constitutivos. Quem sabe algum dia, o desenvolvimento tecnológico torne a recuperação
desses elementos economicamente viável. A prevenção da poluição não elimina completamente a
abordagem de controle, mas reduz sua necessidade.
A prática da prevenção pode ser iniciada numa parte do processo produtivo que não exija
investimentos elevados e gere muitos desperdícios. Algumas práticas de prevenção podem ser realizadas
com relativa facilidade e baixo custo, por exemplo, usando boas práticas de housekeeping (organização do
local de trabalho, limpeza, arrumação sistemática e padronização), redesenho dos produtos, revisão do
lay-out do chão da fábrica, manutenção preventiva, gestão de estoques e outras práticas conhecidas de
administração da produção e operações. Conforme o processo produtivo ou o produto, um programa de
prevenção da poluição pode exigir novas tecnologias que representem investimentos elevados e
recuperáveis a longo prazo. Por isso, mesmo com tantas vantagens da prevenção, comparativamente ao
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controle da poluição, nem todas as empresas têm condições econômicas e financeiras para adotarem
projetos de prevenção que exijam recursos elevados e tempo de recuperação longo. Apoios
governamentais nas formas de financiamentos a taxas privilegiadas, depreciação acelerada e outras
modalidades de incentivos econômicos podem ser necessários para a difusão dessas novas tecnologias de
modo mais abrangente.
Abordagem estratégica
Nessae, abordagem,
empresa os problemas
portanto, relacionadas com ambientais são tratados
a busca de uma situação como umanodas
vantajosa seu questões estratégicas
negócio atual da
ou futuro.
Além das práticas de controle e prevenção da poluição, a empresa procura aproveitar oportunidades
mercadológicas e neutralizar ameaças decorrentes de questões ambientais existentes ou que poderão
ocorrer no futuro. O envolvimento das empresas com os problemas ambientais adquire importância
estratégica à medida em que aumenta o interesse da opinião pública sobre as questões ambientais, bem
como dos grupos interessados nesses problemas: trabalhadores, consumidores, investidores e
ambientalistas. Muitos investidores já consideram as questões ambientais em suas decisões, pois sabem
que os passivos ambientais estão entre os principais fatores que podem corroer a rentabilidade e a
substância patrimonial das empresas. O crescimento do contingente de consumidores que preferem
comprar produtos e serviços que respeitem a natureza é outro fator que impulsiona o tratamento
estratégico das questões ambientais. Os estímulos para uma abordagem estratégica são muitos e variados.
De acordo com North, a gestão ambiental pode proporcionar os seguintes benefícios estratégicos:
(a) melhoria da imagem institucional;
(b) renovação do portfolio de produtos;
(c) produtividade aumentada;
(d) maior comprometimento dos funcionários e melhores relações de trabalho;
(e) criatividade e abertura para novos desafios;
(0 melhores relações com autoridades públicas, comunidades e grupos ambientalistas ativistas;
(g) acesso assegurado aos mercados externos; e
(h) maior facilidade para cumprir os padrões ambientais 7.
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O foco central da estratégia empresarial é o ambiente de negócios da empresa. Cabe aqui uma
explicação adicional. Na literatura convencional sobre administração de empresas, a palavra ambiente tem
sido usada para indicar os fatores externos que influenciam e são influenciados pela empresa. Entre os
fatores externos estão a estrutura da indústria, a situação macroeconômica do país, o perfil demográfico
da população, o sistema financeiro, a regulamentação pública, a situação política, a demanda agregada, o
grau de organização dos trabalhadores e da sociedade civil, o desenvolvimento científico e tecnológico, os
valores da sociedade e outros que estão fora do controle da empresa ou são parcialmente controlados, mas
que influenciam seus objetivos e resultados. Em termos mais restritos, esse ambiente envolve clientes,
concorrentes, fornecedores, investidores, agentes governamentais, formadores de opinião e outros grupos
que afetam positiva ou negativamente o desempenho da empresa. Assim, a expressão ambiente de negócio
será usada nesse contexto para não haver confusão com ambiente ou meio ambiente, enquanto condição
da vida.
Por estratégia pode-se entender o estabelecimento de objetivos e ações que alcancem efeitos no
ambiente de negócio em que a empresa atua ou pretende atuar, colocando-a numa posição de vantagem.
As ações de uma empresa para atender a uma nova legislação do tipo comando e controle, mesmo
referindo-se a uma mudança no seu ambiente de negócio, não podem ser consideradas estratégicas, pois
não trazem vantagens específicas para a empresa no seu ambiente de negócio, uma vez que todas estarão
igualmente obrigadas a atender a mesma legislação. Seguindo esse raciocínio, a redução de custo
proporcionada pela prevenção da poluição só irá gerar vantagens competitivas para a empresa se os
consumidores forem sensíveis aos preços e melhorarem sua capacidade de atrair investidores. Essa
questão ficará mais clara com a distinção entre eficácia operacional e estratégia, ambas essenciais para
alcançar um desempenho superior, o objetivo primordial de todas as empresas.
De acordo com Porter, eficácia operacional significa desempenhar atividades melhor que as empresas
concorrentes e diz respeito a qualquer prática pela qual a empresa utiliza melhor os insumos, por
exemplo, a redução dos defeitos nos produtos ou o desenvolvimento de produtos superiores com mais
rapidez, ou como as práticas de prevenção da poluição comentadas há pouco. Posicionamento estratégico
‚significa desempenhar atividades diferentes dos rivais ou desempenhar as mesmas atividades de modo
diferente‛8. Competir com base na eficácia operacional não é suficiente para manter um desempenho
superior prolongado, em função da rápida difusão das melhores práticas entre os concorrentes e da
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convergência competitiva, expressão usada por Porter para indicar a prática de competir baseando-se no
benchmarking e na terceirização. Para esse autor, estratégia competitiva é a busca de diferenças que
proporcionem um mix único de valores aos clientes 9. Esse é o entendimento da abordagem estratégica que
será usado neste trabalho. A abordagem ambiental estratégica significa tratar sistematicamente as questões
ambientais, para proporcionar valores aos componentes do ambiente de negócio da empresa que os
diferenciem dos seus concorrentes e contribuam para dotá-la de vantagens competitivas sustentáveis.
A empresa que se antecipa no atendimento dessas novas demandas por meio de ações legítimas e
verdadeiras acaba criando um importante diferencial estratégico. É importante ressaltar as palavras
legítimas e verdadeiras, pois são freqüentes os casos de empresas que usam o prestígio que as questões
ambientais adquiriram nas últimas décadas perante as populações de muitos países para obterem
benefícios sem clar uma contribuiçã o efetiva para reduçã o dos problemas ambientais. As expressões
lavagem verde e maquiagem verde referem- se às práticas das empresas que se apropriam indevidamente do
discurso ambiental. Exemplos: o uso de padrões diferenciados de atuação ambiental, conforme a execrável
política do Not in my backyard (Nimby); subscrever iniciativas voluntárias coletivas e depois financiar
políticos predadores do meio ambiente ou sabotadores de acordos multilaterais ambientais; mascarar as
ações que degradam o meio ambiente com programas ambientais de fachada e peças publicitárias.
Constitui lavagem verde qualquer prática deliberada para esconder os impactos ambientais adversos
mediante ações paliativas, que geram uma imagem falsa da empresa quanto ao seu real envolvimento com
as questões ambientais. A lavagem verde não deve ser confundida com a prática de abordar os problemas
ambientais por aproximações sucessivas, seguindo um plano ou padrão de decisão baseado no conceito de
melhoria contínua. O que caracteriza a lavagem verde é a intenção deliberada de cuidar mais da imagem
cla empresa que do meio ambiente.
Nem todas as empresas têm necessidade de implementar uma abordagem estratégica ambiental, pois
esta só faz sentido se houver ameaças ou oportunidades significativas. Se não houver, as abordagens de
controle e de prevenção da poluição em conjunto são suficientes para tratar adequadamente os problemas
ambientais. A identificação das ameaças e oportunidades pode ser realizada mediante avaliações das
demandas da sociedade manifestadas ou latentes, previsões tecnológicas, projetos de leis e de normas
nacionais e internacionais, debates e propostas apresentadas nas Conferências das Partes dos acordos
9 lbid.,p. 51-53.
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ambientais mukilaierais, bem como da avaliação dos produtos, processos, materiais e outros elementos
internos.
Em organizações complexas é possível verificar as três abordagens simultaneamente, em diferentes
aspectos clas suas áreas de atuação. É o caso de uma empresa que realiza melhorias continuamente em
seus processos e produtos para minimizar a geração de poluição, conforme a abordagem prevencionista. A
poluição em quantidades cada vez menores é captada e tratada em equipamentos do tipo end-of-pipe. A
redução do consumo de matérias- primas por unidade de produção, bem como do custo de controle da
poluição, aumenta a produtividade da empresa e permite que ela pratique preços competitivos, caso seus
clientes sejam sensíveis aos preços. Se não for o caso, ela irá ampliar a sua lucratividade. Se a redução dos
custos de produção gera um diferencial competitivo, as práticas de prevenção da poluição passam a
adquirir uma dimensão estratégica para a empresa. As práticas de controle e de prevenção podem se
tornar elementos de diferenciação se os clientes estiverem dispostos a selecionar produtos ambientalmente
saudáveis ou produzidos por meio de processos mais limpos. A proliferação de selos ou rótulos
ambientais e de empresas que se au- todeclaram amigas do meio ambiente são sinais inequívocos da
existência de contingentes significativos de consumidores ambientalmente responsáveis e que tendem a
aumentar à medida em que as pessoas se dão conta da gravidade dos problemas ambientais.
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diversos modelos genéricos de gestão ambiental, que começaram a ser criados a partir de tneados da
década de 1980. Esses modelos, embora representem de modo simplificado a realidade empresarial,
permitem orientar as decisões sobre como, quando, onde e com quem abordar os problemas ambientais e
como elas se relacionam com as demais questões empresariais. Os modelos genéricos apresentados a
seguir são apropriados para implementar gestões ambientais em empresas individualmente consideradas,
combinando os elementos das três abordagens já descritas.
Atuação responsável
Um exemplo de acordo voluntário privado unilateral é o Responsible Care, um programa criado pela
Ccmadian Chemical Producers Association em resposta à perda de confiança do público em relação a esta
indústria e à ameaça de uma regulamentação mais rigorosa. Criado em meados da década de 1980, o
Responsible Care é adotado atualmente em cerca de 50 países. A Associação Brasileira da Indústria Química
(Abiquim) é a responsável pela implementação desse programa no Brasil, onde é denominado Atuação
Responsável. Quando foi implantado, em f 992, era um programa de adesão voluntária, mas a partir de
1998, tornou-se obrigatório para todas as empresas associadas à Abiquim, como ocorre em outros países
que o adotaram.
O programa Atuação Responsável baseia-se em seis componentes, a saber: princípios diretivos,
códigos e práticas gerenciais, comissões de lideranças empresariais, conselhos comunitários consultivos,
avaliação de progresso e difusão na cadeia produtiva. Como se pode ver no Quadro 4.4, os princípios
diretivos formam um código de conduta que orienta as ações da empresa nas áreas de saúde, segurança e
meio ambiente, recomendando uma abordagem de prevenção da poluição. Para implementar esses
princípios diretivos, o programa estabelece códigos de práticas gerenciais relativos aos processos de
produção, distribuição e utilização dos produtos da empresa, que devem ser incorporados nos seus
programas internos sobre saúde, segurança e meio ambiente. São seis os códigos gerenciais referentes às
seguintes questões:
1. segurança de processos, com o objetivo de garantir que não ocorram acidentes nas instalações industriais,
identificando as fontes de risco para atuar preventivamente;
2. saúde e segurança do trabalhador: para garantir melhores condições de trabalho tanto
para os trabalhadores próprios quanto para terceiros;
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3. proteção ambiental: com o objetivo de gerenciar os processos de produção da forma mais eficiente
possível, procurando reduzir a geração de efluentes, emissões e resíduos;
4. transporte e distribuição: para otimizar todas as etapas de distribuição, visando reduzir os riscos das
atividades de transporte e melhorar as ações em respostas aos acidentes no transporte de produtos
químicos;
5. diálogo com a comunidade, preparação e atendimento a emergências: objetiva manter canais de comunicação
com os trabalhadores, vizinhos e outras comunidades e atuar em casos de emergências;
6. gerenciamento do produto: para que as questões relativas à saúde, à segurança e ao meio ambiente sejam
consideradas em todas as fases de desenvolvimento, produção, manuseio, utilização e descarte de
produtos químicos 11 .
Para adotar esse programa, a empresa e a Abiquim assinam um acordo pelo qual a empresa se
compromete a: comunicar a todos os departamentos da companhia sua adesão ao programa e seus
princípios; trabalhar na implantação dos códigos de práticas gerenciais e de outros elementos do processo;
ampliar os canais de comunicação com a comunidade envolvida com a empresa; apoiar a divulgação dos
elementos do processo nos setores ligados às atividades do setor químico; e fornecer os resultados de sua
auto-avaliação periódica à Abiquim. Esta, por sua vez, se compromete a salvaguardar a integridade do
processo; viabilizar as ações conjuntas das empresas associadas, coordenando e produzindo os materiais
que sintetizem as posições do setor químico em todos os elementos do processo; representar a indústria
química nacional perante todas as autoridades ligadas às áreas de interesse do processo, tanto no país
como no exterior; acompanhar permanentemente a evolução do processo, fornecendo subsídios para
melhorias contínuas; divulgar os resultados globais da indústria química brasileira no contexto da
Atuação Responsável; e tratar confidencialmente os relatórios de auto-avaliação das empresas,
assegurando a utilização de dados de forma institucional.
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QUADRO 4.4 Atuação
responsável - Princípios diretivos
1. Respeitar as pessoas, trabalhando e convivendo em um ambiente de diálogo, participação,
honestidade, justiça e integridade;
2. Desenvolver adequadamente suas atividades, gerando valor para todas as partes interessadas;
3. Gerenciar os riscos inerentes às suas atividades e produtos, adotando as melhores práticas,
disponíveis, com o objetivo de eliminar acidentes e controlar os aspectos que possam im- pactar
negativamente a sociedade e o meio ambiente;
4. Solucionar os imapctos negativos ao meio ambiente e à saúde humana decorrentes da produção e do
uso do produto, do lançamento de emissões e efluentes e do descarte de resíduos;
5. Buscar
6. Fornecer produtos e serviços
sistematicamente seguros,como
o aprendizado socialbase
e ambientalmente corretos; das pessoas e da inovação
para o aprimoramento
dos processos, produtos e serviços;
7. Melhorar continuamente o desempenho de toda a cadeia de valor por meio da cooperação entre as
empresas do setor químico e do estabelecimento de parcerias;
8. Dialogar com todas as partes interessadas de forma permanente e transparente;
9. Cumprir a legislação brasileira e os compromissos assumidos voluntariamente pelo setor químico;
10. Trabalhar com as comunidades com as quais mantenham relações de interesse recíproco, atuando
como cidadãs em prol do bem comum;
11. Utilizar mecanismos de verificação externa como meio de comprovação de seus compromissos e da
transparência de seus propósitos;
12. Disseminar e divulgar a Atuação Responsável® para a indústria química, sua cadeia de valor e a
sociedade.
Fonte: ABIQUIM, 2008. Disponível em <www.abiquim.org.br> , a ces so em 10 mar. 200 8.
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TQEM, pois ambos apresentam os mesmos elementos básicos, a saber: foco no cliente, qualidade como
uma dimensão estratégica, processos como unidade de análise, participação de todos, trabalho em equipe,
parcerias com os clientes e fornecedores e melhoria contínua.
Em outras palavras, o TQEM é o conhecido TQM preocupado com as questões ambientais. Ambos,
portanto, consideram que o atendimento das expectativas dos clientes é a base do sucesso empresarial.
Uma das idéias básicas que orientam essas concepções administrativas é a realização de melhorias
contínuas em todas as instâncias da empresa, mediante a participação de todos os seus integrantes e
colaboradores, incluindo fornecedores e clientes, para atender às demandas por qualidade, preço e
variedade de produtos com a rapidez e a confiabilidade das entregas que o atual padrão de
competitividade exige. Melhoria significa tanto as inovações incrementais de pequena monta em produtos
e processos administrativos e operacionais existentes, quanto a introdução de novos produtos e processos.
As atividades geradoras de melhorias em produtos e processos decorrem do aprendizado no trato com
materiais, equipamentos, informações, rotinas e relacionamentos interpessoais, podendo ocorrer de modo
espontâneo ou planejado.
Atividades específicas para realizar melhorias sempre existiram e sempre foram praticadas, porém no
TQM e TQEM elas devem ser realizadas continuamente em todos as atividades da empresa, pois rejeitam a
idéia de objetivos e níveis de qualidade fixos, tais como níveis aceitáveis de defeitos, de reclamação, de
poluição e de outros indicadores de desempenho. A eliminação de desperdícios é um conceito central do
TQM e do TQEM, mas este amplia o entendimento de desperdício para incluir tudo que pode causar
problemas ambientais. Se a qualidade no TQM é definida como a produção de bens e serviços que aten-
dam ou superem as expectativas dos clientes, a qualidade ambiental no TQEM é a superação das
expectativas dos clientes internos e externos em termos ambientais. Se defeito zero é uma meta do TQM,
poluição zero é uma meta do TQEM.
Para alcançar um desempenho ambiental cada vez mais elevado, o TQEM se vale de ferramentas
típicas da qualidade, como benchmarking, diagramas de causa e efeito (diagrama espinha-de-peixe ou de
Ishikawa), gráfico de Pareto, diagramas de fluxos de processos e o ciclo PDCA ( Plan-Do-Check-Act ),
desenvolvidos por Shewart na década de 1930 e popularizados por Deming, um dos maiores gurus do
movimento da qualidade. O ciclo PDCA permite elaborar planos de trabalhos para qualquer área-
problema de modo contínuo, tornando-se desse modo uma metodologia básica para se alcançar
permanentemente novos padrões de desempenho (Figura 4.3). Assim que um certo padrão é alcançado ele
já se torna objet o de novos estudos, ou seja , o ciclo se repete, inicia lmente para sus tentar o padrã o
alcançado, depois, para superá-lo.
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é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de
atenderem as suas próprias necessidades‛. Coere nte com esse entendimento de desenvolvimento, o Dies
foi concebido como um novo padrão ou modelo de industrialização, que amplia as contribuições
econômicas e sociais da indústria para as presentes e futuras gerações sem degradar os processos
ecológicos básicos. Para promover o desenvolvimento, esse novo modelo deve atender aos seguintes
critérios: usar com eficiência os recursos não renováveis, conservar os renováveis e não ultrapassar a
capacidade do meio ambiente de assimilação de resíduos 13 .
Produção Mais Limpa (P+L) foi definida, num seminário realizado pelo PNUMA em 1990, como uma
abordagem de proteção ambiental ampla que considera todas as fases do processo de manufatura ou ciclo
de vida do produto, com o objetivo de prevenir e minimizar os riscos para os seres humanos e o ambiente
a curto e a longo prazos. Essa abordagem requer ações para minimizar o consumo de energia e matéria-
prima e a geração de resíduos e emissões. A P+L envolve produtos e processos e estabelece uma
hierarquia de prioridades de acordo com a seguinte seqüência: prevenção, redução, reuso e reciclagem,
tratamento com recuperação de materiais e energia, tratamento e disposição final H. Conforme um do-
cumento do PNUMA de 1993, a P+L é uma abordagem compreensiva e preventiva para a proteção
ambiental, que requer a criatividade das pessoas para investigar as fases dos processos de manufatura e o
ciclo de vida dos produtos, inclusive os produtos usados nos escritórios e nos lares. Essa abordagem
requer ações para conservar energia e matéria-prima, eliminar substâncias tóxicas e reduzir os
desperdícios e a poluição resultantes dos produtos e dos processos produtivos 15 .
O PNUMA adverte sobre a existência de expressões similares à P+L, como tecnologia limpa, redução
de desperdícios, ecoeficiência, prevenção da poluição, para as quais não há consenso universal 16 . Sobre as
propostas similares, a Declaração Internacional sobre Produção Mais Limpa do PNUMA diz o seguinte:
‚reconhecemos que a P+L e outras estra tégias preventivas, como a ecoeficiência, produtividade ambiental
e prevenção da poluição
12 ONUDi. La ecologia al servicio dei desarrollo. Viena, Unido, documento PI.l ISAfer 2, 1993.
13 ONUDl/UNlDO, 1991. p. 14.
14 Ibid., p. 47-49.
15 UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (UNEP/PNUMA), 1993. p. 1.
16 Ibid, 1993, p. 3.
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são opções preferíveis‛. Pela Declaração, a P+L deve ser entendida como a aplicação contí nua de uma
estratégia preventiva integrada envolvendo processos, produtos e serviços a fim de alcançar benefícios
econômicos e sociais, para a saúde humana e o meio ambiente. As organizações signatárias dessa
Declaração se comprometem a usar sua influência para encorajar a adoção de práticas de produção e
consumo sustentáveis nas suas relações com os stakeholders. Ao fazer isso, essas organizações estariam
participando, portanto, de uma espécie de acordo voluntário unilateral coletivo, conforme mostrado no
capítulo anterior.
A P+L vem sendo difundida pelo PNUMA e pela Onudi, a agência executiva que coordena os Centros
Nacionais de Produção Mais Limpa que funcionam em mais de 30 países, um deles o Brasil. Esses centros
difundem as práticas de P+L auxiliando as empresas a realizarem projetos de prevenção da poluição,
capacitando pessoal, difundindo informações e estabelecendo mecanismos de cooperação. No Brasil essa
missão vem sendo cbordenada pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas do Senai do Rio Grande do
Sul (CNTL/Senai- RS). De acordo com o CNTL, ‚produção mais l impa significa a aplicação contínua de
uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar
a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, por meio da não-geração, minimização ou
reciclagem de res íduos gerados‛ 17 .
A Figura 4.4 apresenta os diferentes níveis de produção mais limpa. As alternativas do nível 1 , que
constituem a prioridade máxima, envolvem modificações em produtos e processos com o objetivo de
reduzir emissões e resíduos na fonte, bem como eliminar ou diminuir a sua toxicidade. As emissões e os
resíduos que continuam sendo gerados devem ser reutilizados internamente, o segundo nível de
prioridade. O nível 3 ocorre quando a emissão ou o resíduo produzido não tem como ser aproveitado pela
própria unidade produtiva que o gerou. Nesse caso, a alternativa é a reciclagem externa, isto é, vendendo
ou doando os resíduos para quem possa utilizá-los, ou, se isso ainda não for possível, eles devem ser
tratados com vistas à sua disposição final em lugar seguro. Note que essa seqüência de prioridades é a
mesma da Figura 4.2, referente à abordagem de prevenção da poluição.
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Ecoeficiência
Ecoeficiência é um modelo de gestão ambiental empresarial introduzido em 1992 pelo Business Council
or Sustainable Development, atualmente World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Em 1996,
os Ministros do Meio Ambiente dos países que integram a OCDE identificaram a ecoeficiência como uma
proposta promissora para as empresas, governos e famílias reduzirem a poluição e o uso de recursos nas
suas atividades e passaram a recomendá-la 18 . Atualmente, a OCDE e a WBCSD são os promotores mais
atuantes dessa proposta de gestão ambiental. Para essas entidades, a ecoeficiência se alcança pela entrega
de produtos e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e
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melhorem a qualidade de vida, enquanto reduzem progressivamente os impactos
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tornaria ecoeficiente por meio de
A ecoeficiência baseia-se na idéia de que a redução de materiais e energia por unidade de produto ou
serviço aumenta a competitividade da empresa, ao mesmo tempo que reduz as pressões sobre o meio
ambiente, seja como fonte de recurso, seja como depósito de resíduos. É um modelo de produção e
consumo sustentável, na medida que ressalta a produção de bens e serviços necessários e que contribuam
para melhorar a qualidade de vida. O modelo pressupõe que a empresa promova uma nova relação com os
consumidores para reduzir os impactos ambientais negativos decorrentes do consumo, assumindo, por
exemplo, a responsabilidade estendida do produtor, comentada no Capítulo anterior.
A reciclagem interna e externa é muito valorizada pela ecoeficiência, diferentemente da P+L, na qual
essa é opção de segundo e terceiro níveis. A preocupação com os produtos na P+L decorre basicamente da
necessidade de prevenir a poluição durante o seu processo de produção, enquanto a ecoeficiência
preocupa-se também com o produto em si e seus impactos ambientais, daí as recomendações a respeito da
sua durabilidade. Apesar dessas e de outras diferenças, esses dois modelos de gestão possuem muitas
semelhanças entre si. Como visto na seção anterior, a ecoeficiência é uma proposta similar à P+L e aceita
como uma opção preferível pela Declaração Internacional sobre Produção Mais Limpa do PNUMA.
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20 FIKSEL, Joseph. Ingeniería de diseno medioambiental. DEF: desarrollo integral de productos y pro- cesos
ecoeficientes. Madrid: McGrawHill, 1997. p. 3.
Ibid., p. 54.
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segmentos da empresa, bem como de fornecedores e outros membros do canal de distribuição. Por isso,
pode-se considerá-lo um modelo de gestão, pois não se trata da realização de atividades isoladas e nem
episódicas. Enquanto modelo de gestão, o DfE exige novos arranjos organizacionais para reduzir ou
solucionar conflitos entre os diferentes segmentos da organização, por exemplo, os inúmeros conflitos
entre as áreas de produção, compras, marketing e pesquisa, que freqüentemente surgem durante os
processos de inovação. A idéia básica desse modelo é atacar os problemas ambientais na fase de projeto,
pois as dificuldades e, conseqüentemente, os custos para efetuar modificações crescem à medida em que
as etapas do processo de inovação se consolidam.
O Design for Environment como um modelo de gestão prepara a organização para realizar inovações de
modo sistemático, procurando sempre eliminar os problemas antes que eles surjam. Enquanto projeto
específico, o DfE se desdobra em diferentes possibilidades conforme os objetivos ambientais a serem
alcançados: aumentar a quantidade de material reciclado no produto, reduzir o consumo de energia para o
cliente, facilitar a manutenção, favorecer a separação de materiais pós-uso etc.. Graedel & Allenby
popularizaram o conceito de Design for X (DfX), em que o X pode ser substituído por outras letras
referentes ao que se quer obter, por exemplo:
• DfA (A de a ssembly) que significa projeto para facilitar a montagem do produto;
O Quadro 4.5 resume os objetivos e práticas de alguns tipos de projetos DfX, nos quais o X representa
a inclusão de questões ambientais. Os projetos sobre novos produtos e processos ou para melhorar os
existentes podem incluir questões ambientais como critérios que se somam aos comumente utilizados,
como exigência dos clientes, qualidade, custo e funcionalidade, para orientar as decisões e atividades
concernentes às diferentes fases do projeto, por exemplo, avaliação de idéias, definição do conceito do
produto, desenvolvimento, testes de mercado, lançamento comercial e aperfeiçoamentos posteriores, como
ilustra a Figura 4.5. Embora melhore o desempenho ambiental da empresa, esse ainda é um modo limitado
de incorporar o meio ambiente aos projetos de produtos e processos, pois os critérios ambientais serão
mais alguns a serem considerados entre muitos outros e não
22 GRAEDEL, T.E.; ALLENBY, B. R. Industrial ecology. New Jersey: Prentice Hall, 1995. p. 186-187.
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há garaniias de que terão a mesma importância que os demais. No modelo de gestão baseado em projetos
para o meio ambiente, todos estes critérios são permeados por objetivos e práticas ambientais para
otimizar o uso de recursos e minimizar a disposição final. As questões ambientais são tratadas
transversalmente a partir dos critérios orientadores comuns, o que significa incorporá-las a estes critérios,
como indica a Figura 4.6. Assim, as preocupações com o meio ambiente passam a integrar todos os
critérios, deixando de ser um critério isolado competindo com os demais. Por exemplo, custo enquanto
critério de decisão do projeto incluirá a internalização dos custos ambientais externos, como discutido no
Capítulo 3. Cada uma dessas inovações individualmente considerada se orienta pela abordagem da
prevenção da poluição, mas o seu conjunto adquire uma dimensão estratégica para a empresa e, desse
modo, passa a ser um componente da sua competitividade.
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F IGURA 4.6 Projeto o pro uto permea o por crit rios am ientais
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Combinando modelos
Os modelos de gestão ambiental já comentados incorporam a idéia de prevenção da poluição e
encaram os problemas ambientais a partir de uma visão mais ampla, que pode ser alinhada à estratégia da
empresa. Excetuando o Programa Atuação Responsável, exclusivo para as empresas químicas, os demais
podem ser adotados por empresas de qualquer setor e de qualquer porte. Embora cada modelo possua
características diferenciadoras marcantes, conforme resumidas no Quadro 4.6, eles podem ser combinados
para adequar-se às peculiaridades da empresa, uma vez que não são mutuamente exclusivos. O TQEM
tem seu foco no melhoramento contínuo e no combate a todo tipo de desperdícios. A Produção Mais
Limpa e a Ecoeficiência procuram, por meios diferentes, levar a prevenção da poluição além das fronteiras
da empresa; a primeira, enfatizando a eficiência dos processos produtivos e a segunda, as características
do produto ou serviço. O projeto para o meio ambiente (DfE) procura fazer o mesmo atuando nas fases
iniciais dos processos de inovação de produto e processo.
Esses modelos ou suas variações permitem implementações isoladas, ou seja, uma empresa pode
adotar um desses modelos com seu próprio esforço, embora sempre haverá a necessidade de articulação
com fornecedores, transportadores, recicladores, entidades apoiadoras e outros agentes. Os modelos que
serão mostrados a seguir exigem mais do que isso, eles só podem ser implementados por um conjunto de
empresas.
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que, igual a um sislema natural, esse modelo rejeita o conceito de resíduo 23 . O objetivo básico dessas
propostas é a criação de sistemas de produção inspirados nos fluxos de materiais e energia entre os
organismos e seu meio físico, nos quais as perdas são mínimas.
A palavra metabolismo, empregada na Biologia, refere-se ao conjunto de processos físi- co-químicos
que transforma os compostos orgânicos em energia para as atividades biológicas dos organismos. De
modo análogo,
químicas metabolismo
que converte matérias-primas (biomassa,metabolism
industrial (industrial ) é umminerais,
combustíveis conjuntometais
de transformações físico-
etc.) em produtos
manufaturados, estruturas produtivas e resíduos, conforme explica Ayres. A Figura 4.7 apresenta dois
modelos de quatro blocos que descrevem dois fluxos de materiais: o da esquerda representa o fluxo da
natureza que se caracteriza por ser um ciclo fechado, pois não há resto que não desempenhe uma função.
O modelo da direita representa um sistema industrial em ciclo aberto, portanto, .insustentável, pois os
recursos extraídos do ambiente natural, que são os nutrientes desse sistema, retornam para o ambiente
como resíduos que não são completamente reciclados. Como diz Ayres, há apenas dois destinos para os
resíduos materiais no longo prazo: a maior quantidade é reciclada ou reusada, mas uma parte menor será
dissipada no meio ambiente, representando perdas que devem ser repostas por fontes de materiais
virgens 24 . Como sempre ocorrem perdas nos sistemas industriais, sempre haverá a necessidade de
extrações adicionais de recursos para manter o nível de produção.
de capital
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O parque industrial de Kalundborg, na Dinamarca, é um dos exemplos mais ciiados para demonstrar
que tais modelos não são utopias. Nesse parque, esquematizado na Figura 4. 9 , encontram-se diversas
empresas integradas, como a Statoil, maior refinaria de petróleo da Dinamarca, com capacidade para
processar 5,2 milhões de toneladas de petróleo e a maior geradora de energia elétrica, a Asnxs Power Station,
que produz por ano cerca de 170 mil toneladas de cinzas resultantes da queima de carvão, usadas como
insumos pela fábrica de cimento Aalborg Portland e para pavimentos em estradas. Cerca de 200 mil
toneladas anuais de gesso resultante do processo de remoção do S0 2 , um dos principais poluentes
atmosféricos, são usadas pela Gyproc na fabricação de painéis para a indústria de construção. A energia
excedente é transferida para a rede local de aquecimento. A Novo Nordisk produz insulina e enzimas
industriais e gera resíduos ricos em fósforo e nitrogênio, que são transformados em fertilizantes.
A experiência de Kalundborg também tem sido denominada simbiose industrial (industrial symbiosis).
Simbiose, outra expressão extraída da biologia, simplificadamente, significa qualquer relacionamento ou
associação entre organismos de diferentes espécies, inclusive o parasitismo. No caso da simbiose
industrial, espera-se construir um relacionamento permanente e harmônico entre empresas de diferentes
segmentos do processo produtivo situadas num parque ou região industrial. O exemplo de Kalundborg é
muito significativo para os
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promotores de modelos baseados no meio natural, pelo fato de que a integração dos fluxos de materiais e
energia entre as unidades desse parque foi formada ao longo de décadas, de modo espontâneo.
Num parque industrial, é possível alcançar um alto grau de simbiose por meio de uma sucessão de
integrações parciais do tipo dois a dois, ou seja, por meio de projetos que integrem empresas de dois
segmentos diferentes de cada vez. Por exemplo, a Copesul, empresa do pólo petroquímico do Rio Grande
do Sul, gastava cerca de USS 50,00 por tonelada para descartar a sulfocáustica, um rejeito químico
perigoso. Essa empresa identificou a possibilidade de usar esse resíduo como insumo para uma empresa
vizinha da indústria de papel e investiu numa pequena planta para adequá-lo às necessidades desse
usuário. Com isso, ela transformou um problema ambiental em oportunidade de negócio 25 . Exemplos
como esse são alentadores, mas nem sempre se consegue aproveitar os resíduos em um local próximo. As
bolsa s de resíduos podem ser uma opção para a falta de oportun idade de uso dos resíduos próximo do
local onde foram gerados.
É verdadeiramente auspiciosa a possibilidade de criar parques ou distritos industriais à semelhança
de um ecossistema, em que as sobras de uma unidade produtiva são aproveitadas por outras. Tratar a
questão ambiental em conjunto e não de forma isolada promete ser mais vantajoso em termos de
sustentabilidade ambiental, embora isso nem sempre seja viável economicamente. Esses modelos
dependem da concentração de unidades produtivas de setores diferentes para que os resíduos de umas
sirvam para outras. A possibilidade do uso de resíduos é menor em distritos relacionados com um tipo de
produto, como os distritos calçadistas, moveleiros, cerâmicos, têxteis e metalúrgicos. As economias
decorrentes da especialização estimulam a criação de distritos que produzem bens próximos entre si e que
geram também resíduos do mesmo tipo. Atrair para esses distritos empresas de outros setores para
aproveitar esses resíduos pode ser econômica e ambientalmente menos vantajoso, caso estas empresas
necessitem de outros insumos em grande quantidade que precisam ser transportados por longas
distâncias, ou então é o produto final que deve ser transportado até mercados consumidores distantes.
Nesse caso, modelos como P+L, TQEM e outros que podem ser adotados pelas empresas isoladamente
podem dar uma contribuição melhor, pelo menos até surgirem soluções adequadas que possam ser
aplicadas coletivamente. Os projetos para o meio ambiente (DfE e DfX) podem ser ampliados para projetar
sistemas produtivos integrados desde o início da implantação de um parque industrial ou para
reestruturar os existentes.
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As duas famílias de modelos de gestão ambiental apresentadas neste Capítulo não devem ser vistas
como antagônicas, apesar das enormes diferenças entre elas. A primeira diferença é que uma família é
composta de modelos que podem ser adotados por uma empresa de modo isolado, enquanto a outra é
composta por modelos aplicáveis a um conjunto de empresas, formando uma comunidade empresarial
inspirada na comunidade biológica. Nos modelos de adoção individual, os resíduos são encarados como
problemas que devem ser minimizados, enquanto nos modelos baseados na natureza, os resíduos podem
ser o início da solução, pois é por meio deles que se processam as articulações entre as diferentes unidades
produtivas de um parque ou região. Lembrando, a P+L considera a reciclagem e o reuso externos como
uma opção secundária. Para a ecologia industrial, a simbiose industrial e outros modelos assemelhados, os
resíduos serão eliminados muito mais pela sua circulação nos sistemas produtivos, de modo análogo aos
ciclos dos nutrientes no ambiente natural, do que pelas práticas de prevenção da poluição e controle no
fim do processo. Daí a grande importância que esses modelos atribuem à reciclagem e ao reuso externos às
fontes geradoras, para os quais dedicam especial atenção no sentido de ampliar os conhecimentos a
respeito das suas prováveis utilizações. A gravidade dos problemas ambientais não recomenda a exclusão
de qualquer possibilidade de solução.
Instrumentos de gestão
A adoção de qualquer modelo de gestão requer o uso de instrumentos, aqui entendidos como meios ou
ferramentas para alcançar objetivos específicos em matéria ambiental. Auditoria ambiental, avaliação do
ciclo de vida, estudos cle impactos ambientais, sistemas de gestão ambiental, relatórios ambientais,
rotulagem ambiental, gerenciamento de riscos ambientais, educação ambiental empresarial são alguns
entre muitos instrumentos que as empresas podem utilizar para alcançar objetivos ambientais. Muitos
também são instrumentos de política pública, como, em cerios casos, o estudo de impactos ambientais e a
auditoria ambiental. Alguns são específicos de um dado modelo, por exemplo, os códigos e as práticas
gerenciais do programa Atuação Responsável. Outros são de caráter horizontal, 'sto é, são instrumentos
que podem ser aplicados em qualquer empresa independentemente de seu porte e setor de atuação, como
os sistemas de gestão ambiental. Alguns se aplicam diretamente aos produtos, como a rotulagem
ambiental e a avaliação do ciclo de vida; °utros, na empresa como um todo ou em parte dela, como o
sistema de gestão, a auditoria e a avaliação do desempenho ambiental. Há instrumentos, como estes
últimos, que são
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empresa que pretende adotar uma abordagem 9. Que argumentos você apresentaria para
estratégica em termos ambientais. contestar quem afirmasse que os modelos da
5. Discuta a seguinte afirmação constante nesse questão anterior são utópicos para países
capitulo: se a redução dos custos de produção gera grandes como o nosso e que o exemplo da
um diferencial competitivo, as práticas de prevenção Dinamarca não vale?
da poluição passam a adquirir uma dimensão 10. Além dos modelos apresentados nesse capi-
estratégica para a empresa. tulo, há muitos outros propostos por em-
6. Esse capítulo apresenta uma distinção entre presas, entidades empresariais e ONGs.
abordagem ambiental e modelo de gestão. Greenpeace, Natural Step Foundation e Zero
Discuta os significados que foram dados a Emission Research and lnitiative, todas citadas no
cada um desses termos e responda a seguinte Capitulo 3 (Quadro 3.3). São exemplos de
questão: um modelo de gestão pode adotar ONGs que criaram concepções de gestão
mais de uma abordagem? ambiental, mas há muitas outras. O mesmo
7. Apresente as diferenças e semelhanças mais fizeram várias empresas, como a Xerox, que
significativas entre os seguintes modelos: criou um modelo de gestão para introduzir
TQEM, Produção Mais Limpa, Ecoeficiên- cia produtos livres de resíduos produzidos em
e Projeto Para o Meio Ambiente. Depois, fábricas livres de resíduos, ou o Programa
Pollution Prevention Pays Plus, da 3M. Faça uma
responda a seguinte pergunta: há mais se- pesquisa e obtenha informações sobre as
melhanças ou diferenças entre eles?
8. Faça o mesmo em relação aos modelos de- propostas dessas e de outras organizações e
nominados simbiose industrial, metabolismo compare com as que foram apresentadas
industrial e ecologia industrial. nesse Capítulo. Depois, faça uma lista de
elementos comuns a todas elas.
Referências
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recursos vultosos, por exemplo, a instalação e manutenção de equipamentos para controlar emissões
hídricas e atmosféricas. Um sistema de gestão ambiental (SGA) requer a formulação de diretrizes,
definição de objetivos, coordenação de atividades e avaliação de resultados. Também é necessário o
envolvimento de diferentes segmentos da empresa para tratar das questões ambientais de modo integrado
com as demais atividades empresariais. Um dos benefícios da criação de um SGA é a possibilidade de
obter melhores resultados com menos recursos, em decorrência de ações planejadas e coordenadas.
Qualquer SGA requer um conjunto de elementos comuns que independem da estrutura
organizacional, do tamanho e do setor de atuação da empresa. Em primeiro lugar está o comprometimento
com a sua efetivação por parte da alta direção ou dos proprietários, se estes forem os dirigentes. Um alto
grau de envolvimento facilita a integração das áreas da empresa e permite a disseminação das
preocupações ambientais entre funcionários, fornecedores, prestadores de serviços e clientes. Um bom
sistema é aquele que consegue integrar o maior número de partes interessadas para tratar as questões
ambientais. Outros elementos essenciais são o estabelecimento da política ambiental, a avaliação dos
impactos ambientais atuais e futuros, os planos fixando objetivos e metas, os instrumentos para
acompanhar e avaliar as ações planejadas e o desempenho do SGA como um todo.
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A empresa pode criar o seu próprio SGA ou adotar um dos modelos genéricos propostos por outras
entidades nacionais ou internacionais, alguns dos quais serão descritos mais adiante. A criação e a
operação de um SGA, próprio ou baseado num modelo genérico, podem ser consideradas uma espécie de
acordo voluntário unilateral, conforme mostrado no Capítulo 3, desde que a empresa se comprometa a
alcançar um desempenho superior ao exigido pela legislação ambiental a que está sujeita. No mínimo, o
SGA deve contribuir para que a empresa atue conforme a legislação num primeiro momento, mas com o
compromisso de promover melhorias que a levem gradualmente a superar as exigências legais.
assegurar a conformidade com as leis locais, regionais, nacionais e internacionais; (2) estabelecer políticas
internas e procedimentos para que a organização alcance os objetivos ambientais propostos; (3) identificar
e administrar os riscos empresariais resultantes dos riscos ambientais; e (4) identificar o nível de recursos
e de pessoal apropriado aos riscos e aos objetivos ambientais, garantindo sua disponibilidade quando e
onde forem necessários 1. A Figura 5.1 mostra os elementos de um SGA genérico proposto pela ICC.
O SGA proposto pela ICC é constituído por um conjunto articulado de processos administrativos
(planejamento, organização, implementação e controle) integrado à gestão empresarial global mediante
uma política ambiental formulada pela própria empresa e coerente com sua política global. É a política
ambiental que dará se/iíido às incontáveis ações que serão realizadas na empresa. A palavra sentido
significa aqui razão de ser e direção; o primeiro indicando o comprometimento da organização diante dos
problemas ambientais e o segundo apontando o rumo, a orientação e os princípios de ação decorrentes
desse
1 INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE (ICC). ICC guide to effective environmental auditing. Paris:
OCDE, 1991. p. 7.
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comprometimento. No âmbito das organizações, as políticas são diretrizes ou orientações para a tomada
de decisão, que se expressam por enunciados escritos ou padrões de decisão estabelecidos informalmente.
Um SGA exige que a política ambiental seja explicitada em documentos da empresa.
Motivação e delegação
Fonte: Adaptado de INTERNATIONAL CHAMBER OF COMM ERCE (ICC). ICC Guide to effective en vironmental
auditing. Paris: OCDE, 1991. p. 6-7.
Nem todas as políticas ambientais escritas se transformam em orientações efetivas para as decisões. As
empresas que praticam a maquiagem ou lavagem verde, conforme comentado no Capítulo 4, apresentam
práticas ambientais diferentes de suas políticas explícitas. Obviamente, essas não são políticas e práticas
que interessam a um SGA com os objetivos listados acima. A política ambiental de um SGA deve ser
formulada em documentos e referir-se a propostas positivas que orientem as decisões sempre no sentido
de melhorar o desempenho ambiental da empresa e de acatar todas as disposições legais a que estiver
sujeita. No modelo de SGA da ICC, os ciclos de retroalimentação estabelecidos a partir de mensurações,
diagnósticos e auditorias trazem implicitamente uma proposta de melhoria continua.
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início, o Emas era um sistema de gestão ambiental aberto à participação voluntária apenas para as
empresas industriais. O Regulamento nfi 761/2001 do Parlamento Europeu e Conselho da União Européia,
ao substituir o de 1993, tornou o Emas acessível a qualquer organização interessada em melhorar seu
comportamento ambiental, entendido como o resultado da gestão de seus aspectos ambientais. Aspecto
ambiental é um elemento das atividades, dos produtos ou serviços da organização que possa interagir
(a) seja adequada à natureza, à escala e aos impactos ambientais de suas atividades, seus produtos e
serviços;
2
CONSELHOS DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS. Regulamento 761, de 19 de março de. 2001 , que ins titui a
participação voluntária das empresas industriais num sistema comunitário de ecogestão e au
ditorias (revoga o Regulamento n- 1836/93). Jornal Oficial das Comunidades Européias, n. L.114/2001, p. 01-29,
24 de abril de 2001. Art. I o. (Obs.: Depois deste Regulamento, esse programa passou a ser denominado Emas II).
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disponível ao público 4.
Enquanto o sistema proposto pela ICC não define a abordagem dos problemas ambientais, o Emas
claramente se volta para a prevenção da poluição, como mostra a exigência constante no item (b) anterior.
Quanto aos requisitos do SGA, além da política ambiental, eles devem atender às disposições
estabelecidas no Anexo I, letra A do Regulamento 761/2002, que são os mesmos da norma ISO 14001:1996.
Os requisitos desta norma já haviam sido reconhecidos como correspondentes aos do Emas pela Decisão
265 da Comissão Européia de 1997, ou seja, ainda durante a vigência da Resolução 1.836/1993 5. O
Regulamento 196/2006 reafirma a adoção dos requisitos da norma ISO 14001 revistos em 2004, conforme
será mostrado mais adiante6.
O SGA do Emas também pode ser visto como um ciclo PDCA conforme mostrado anteriormente. A
melhoria contínua é uma preocupação explicitada diversas vezes tanto no Regulamento 1.836/1993, quanto
no 761/2002 que substituiu o primeiro. Um aspecto importante desse SGA é a gestão, implementação e
análise de um programa sistemático e periódico de auditoria para verificar se a gestão ambiental está
conforme a política e os planos estabelecidos e se ela está sendo implementada de modo eficiente. O Emas
criou um sistema para o credenciamento de verificadores ambientais independentes nos países da União
Européia. Em cada país do bloco foi criado ou designado um organismo competente responsável pelas
funções determinadas no Regulamento, dentre elas, proceder ao registro das organizações no Emas. Só as
organizações registradas nesses organismos podem usar o logotipo do Emas de acordo com certas regras,
por exemplo, podem usar na publicidade de produtos, serviços e atividades, mas não no próprio produto
ou em sua embalagem.
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abertura comercial,
uma competição expondo
mais acirradaprodutores com diferenças
e internacional; e restriçõespronunciadas
à criação de de custos técnicas
barreiras ambientais
parae proteger
sociais a
mercados dentro da lógica da globalização. Essas restrições foram ampliadas com a aprovação do Tratado
de Marrakech de 1994, que encerrou a Rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais no âmbito
do Gatt e criou a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A primeira norma sobre SGA foi a BS 7750, criada pelo Brítish Standards Institution (BSI) em 1992. A
Figura 5.2 apresenta o esquema de um SGA conforme essa norma. Embora não mais aplicada, sua
importância é inquestionável, seja por ter sido a primeira norma de gestão sobre o assunto, seja porque o
seu modelo de SGA baseado no ciclo PDCA serviu de inspiração para diversas normas voluntárias sobre
SGA criadas em outros países e para a International Organization for Standardizalion (ISO). A BS 7750 foi
cancelada pela BSI em 1997 após a publicação das normas internacionais da ISO sobre SGA. A BS 7750
define SGA como estrutura organizacional, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e
recursos para implementar o gerenciamento ambiental. Por gerenciamento ambiental entende-se os
aspectos da função de gerenciamento global, incluindo o planejamento, que determinam e implementam a
política ambiental. A administração deve assegurar que essa política:
(a) seja relevante para suas atividades, seus produtos, serviços e impactos ambientais;
(b) seja conhecida, implementada e mantida em todos os níveis da organização;
(c) torne-se disponível publicamente;
(d) inclua um comprometimento com a melhoria contínua do desempenho ambiental; e
(e) proporcione o estabelecimento e a publicação de objetivos ambientais.
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As normas que integram a família ISO 14000 começaram a ser elaboradas em 1993 pelo Comitê Técnico
207 (TC 207) e seus subcomitês (SC) e grupos de trabalhos (WG). Cada subcotnitê é independente e
T QUADRO 5.2 0 IS0/TEC 207 e as normas da família ISO 14000
istemas e gest o am ienta 161
administrado por uma entidade nacional de normalização membro da ISO. Para desenvolverem suas Comitê técnico 207 Coordenação e Secretaria: Canadian Standards Association (Canadá)
atividades, o TC 207 e seus subcomitês interagem com os outros comitês técnicos cla ISO que estão • WG 4 (Estados Unidos): comunicação ambiental
realizando trabalhos de normalização sobre sistemas de qualidade (TC 176), poluição do ar (TC 146), da • WG 5 (Malásia): mudança climática
água (TC 147), do solo (TC 190), entre outros. O desenvolvimento de uma norma internacional pela ISO é • WG 6 (África do Sul): gases de efeito estufa
feito mediante estágios sucessivos, começando por um item de trabalho preliminar e terminando com a • WG 7 (Dinamarca): inclusão de aspectos ambientais em normas de produto
sua publicação, como mostra o Quadro 5.1. Cada avanço de estágio representa uma evolução na busca de Área temática
Subcomitê Órgão
de normalização que exerce a Grupo de Trabalho WG - (pais do órgão que exerce ou exerceu a
consenso sobre o tema tratado. Pelo fato de serem essas normas construídas com elevado consenso
função de secretaria (País) função de secretaria): tema específico
internacional, elas não representam barreiras técnicas ao comércio. SC 1 Sistemas de gestão ambiental British
Standards Institution (Reino Unido) • WG 1 (França): especificações
• WG 2 (Estados Unidos): guia geral
• WG 3 (França): guia para implementação
SC 2 Auditoria ambiental e investigações
QUADRO 5.1 Estágios o esenvovimento e uma norma internaciona pe a I
relacionadasNederlands • WG 1 (Canadá): princípios gerais
Normalisatie-lnstituut (Países Baixos) • WG 2 (Estados Unidos): procedimentos de auditoria
Estágio Nome do produto ou documento resultante do estágio (productname) Sigla em Inglês
• WG 3 (Reino Unido): critérios de qualificação de auditores
Preliminar Item de trabalho preliminar - projeto (PreliminaryWork Item-project) PWI • WG 4 (Canadá): avaliação ambiental de lugares
Proposta Proposta de novo item de trabalho (New Proposal for a Work Item) NP SC 3 Rotulagem ambiental
Standards Australia International • WG 1 (Suécia): programas de rotulagem
Preparatório Rascunho de Trabalho (WorkingDraft) WD
(Austrália) • WG 2 (Reino Unido): autodeclaração
Comitê Rascunho de Comitê (Committee Draft) CD • WG 3 (Estados Unidos): princípios básicos para todos os rótulos
Consulta Rascunho de Norma Internacional (DraftInternationalStandard) DIS • WG 4 (Dinamarca): rótulos tipo III
Aprovação Rascunho Final de Norma Internacional (FinalDraft InternationalStandard) FDIS SC 4 Avaliação do desempenho ambiental • WG 1 (Estados Unidos): avaliação do desempenho ambiental do
American National Standards Institute sistema gerencial e suas relações com o meio ambiente
Publicação Norma Internacional ( InternationalStandard) IS (Estados Unidos da América)
Fonte: ISO Central Secretariat. My ISO job: guidance for delegates and experts. Genebra, ISO, 2005, p.l 1-
• WG 2 (Noruega): avaliação do desempenho ambiental do sistema
operacional e suas relações com o meio ambiente
• WG 3 (Dinamarca): exemplos de avaliação do desempenho
O Quadro 5.2 apresenta os subcomitês e grupos de trabalhos do TC 207 com suas respectivas áreas ambiental
temáticas. Inicialmente estava previsto um subcomitê para tratar de aspectos ambientais em normas de SC 5 Avaliação do ciclo de vida Association • WG 1 (Estados Unidos): princípios gerais e procedimentos
produtos, que acabou não se efetivando. Um grupo de trabalho (WG) vinculado diretamente ao TC 207 foi Française de Normalisation (França) • WG 2 (Alemanha): análise de inventário - geral
incumbido dos aspectos ambientais em normas de produtos. Alguns grupos de trabalho estão vinculados • WG 3 (Japão): análise de inventário - específico
• WG 4 (Suécia): avaliação de impacto do ciclo de vida
diretamente à coordenação do TC, enquanto outros, à do subcomitê. O TC 207 produziu uma família de • WG 5 (França): interpretação do ciclo de vida
normas sobre gestão ambiental concernentes às seguintes áreas temáticas: sistemas de gestão ambiental, TGC Termos e definições • Termos e definições
auditoria ambiental, avaliação do desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida do produto, Norges Standardiseringsforbund
rotulagem ambiental e aspectos ambientais em normas de produtos. As normas relativas às três primeiras (Noruega)
áreas são aplicáveis às organizações, enquanto as demais, aos produtos e processos, como mostra o Fonte: Elaborado pelo autor com informações da TC/ISO 207. Disponível em: <\v\vw.iso.ch> ou em 2006.
<www.ic207.org>. Acesso em: 15 de outubro de Obs.: muitos desses WG deixaram de existir após
Quadro 5.3. concluírem seus trabalhos.
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Avaliação do ISO 14031:1999 desempenho Gestão ambiental - avaliação do desempenho ambiental - diretrizes
ambiental ISO 14032:1999
Gestão ambiental - exemplos de avaliação do desempenho ambiental
Produtos Rotulagem ISO 14021:1999 Rótulos e declarações ambientais - reivindicações de
ambiental autodeclarações ambientais - rotulagem ambiental tipo II
ISO 14024:1999 Rótulos e declarações ambientais - rotulagem ambiental tipo I -
princípios e procedimentos
ISO 14025:2000 Rótulos e declarações ambientais - declarações ambientais tipo III
(continua)
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ISO 14042:2000
IS0/TR
Avaliação
14043:2000 Avaliação do do ciclo
ciclo de de vida
vida - avaliação de
- interpretação impacto
dos do ciclo
resultados de vida
de um
estudo de avaliação do ciclo de vida
IS0/TS 14048:2002 Avaliação do ciclo de vida - informações sobre apresentação de
dados para um estudo de avaliação do ciclo de vida
IS0/TR 14049:2002 Avaliação do ciclo de vida - exemplos para aplicação da norma
ISO 14041:1998
Aspectos ISO Guia 64:1997 Guia para a inclusão de aspectos ambientais em normas de
ambientais produtos
em normas ISO 14062:2002 Integração dos aspectos ambientais no desenvolvimento
de produtos de produtos - diretrizes
Termos e ISO 14050:2002 Gestão ambiental - vocabulário
definições
Fonte: Adaptado de Application of the ISO 14000 family, disponível em: <www.iso.ch/> ou em <www.tc207.org>.
Acesso em: 15 ago. 2006. OBS.: (1) Não estão incluídos documentos na forma de CD. WD, DIS e FID1S,
concernentes aos estágios iniciais e intermediários da criação de uma norma ISO, como mostrado no Quadro 5.1.
(2) TR = Relatório técnico (Technical report) e TS = Especificações técnicas (Technical Specifications).
As normas sobre SGA e auditoria ambiental serão apresentadas neste e no próximo capitulo,
respectivamente. A auditoria ambiental e a avaliação do desempenho ambiental são dois tipos de
instrumentos de gestão ambiental que permitem à administração avaliar o sta- tus da atuação ambiental da
organização e identificar as áreas ou funções que necessitam de melhorias. A auditoria ambiental tratada
pelas normas ISO 14000 é uma avaliação periódica para verificar o funcionamento do SGA. A avaliação do
desempenho ambiental é um processo permanente de coleta e análise de dados e informações para
verificar a situação atual das questões ambientais pertinentes à organização e prever as tendências futuras
com base em indicadores previamente estabelecidos. São duas as normas relativas aos indicadores de
desempenho ambiental. A ISO 14031 apresenta diretrizes para selecionar e utilizar indicadores ambientais
para avaliar o desempenho ambiental de organizações, enquanto a ISO 14032 apresenta exemplos de
aplicação desse instrumento.
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A norma ISO 14050, que trata dos termos e definições sobre gestão ambiental, foi elaborada sob a
orientação do órgão norueguês de normalização, como mostra o Quadro 5.2. Ela é análoga à norma ISO
9000:2000, que define o vocabulário relacionado com os sistemas de gestão da qualidade da família de
normas ISO 9000, a primeira família de normas de gestão criada pela ISO.
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A variedade de conceitos e métodos adotados por entidades e governos sobre a ACV gera
conseqüências negativas para as organizações que pretendem atuar em mais de um mercado. Avaliações
feitas segundo critérios diferentes chegam a conclusões diferentes sobre os impactos ambientais de um
mesmo produto, confundindo o público e lançando desconfianças quanto a esse instrumento de gestão
ambiental. Pior que isso, uma empresa ou uma associação de empresas pode encomendar uma ACV de
cartas marcadas , que valorize o seu produto em detrimento de outros produt os substitutos para ganhar
mercado. Daí a preocupação da ISO em estabelecer conceitos, diretrizes e requisitos que tornem a ACV uni
instrumento com credibilidade e não discriminatório no comércio internacional.
Rótulos ambientais
Os selos ou rótulos ambientais visam informar os consumidores ou usuários sobre as características
benéficas ao meio ambiente presentes em produtos ou serviços específicos, como biodegrada bilidade,
retornabilidade, uso de material reciclado, eficiência energética e outras. As normas ISO 14000 classificam
os rótulos ambientais em três tipos. Rótulos tipo 1 são aqueles criados por entidades independentes ou de
terceira parte aplicáveis aos produtos que apresentem certos padrões ambientais desejáveis na sua
categoria. O rótulo Anjo Azul pode ser citado como exemplo do tipo I (veja o Quadro 4.1 no Capítulo 4). A
norma ISO 14024, que trata desse tipo de rótulo, estabelece critérios para a criação de programas
voluntários de terceira parte baseados em múltiplos critérios, que concedem licença para o uso de rótulos
em produtos que atendam esses critérios dentro da sua categoria. Esses rótulos devem basear-se na
abordagem do ciclo de vida do produto para que os impactos ambientais sejam considerados em todas as
etapas do processo. Essa abordagem evita que uma visão míope enxergue como ambientalmente saudáveis
os produtos de uma certa etapa da cadeia produtiva, transferindo às demais o ônus da degradação
ambiental.
O rótulo tipo II, objeto da norma ISO 14021, refere-se à reivindicação de autodeclara- ção, sem
certificação independente ou com uma certificação feita por produtores, comerciantes, distribuidores ou
por quem se beneficie de tal reivindicação, para informar aos consumidores as qualidades ambientais de
seus produtos ou serviços. A autodeclaração é uma afirmação da qualidade ambiental do produto ou
serviço, por exemplo, um texto ou um símbolo informando que o produto foi elaborado com certo
percentual de material reciclado, que o equipamento economiza energia, que o atum foi pescado com
dispositivos que salvam os golfinhos e que a geladeira não contém substâncias nocivas ao ozônio estra-
tosférico. As autodeclarações mais comuns são os símbolos de reciclagem estampados em produtos e
embalagens.
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Qual a garantia que o consumidor tem de que as autodeclarações trazem informações verdadeiras? A
resposta é nenhuma, se elas não forem feitas segundo critérios objetivos, ambiental mente significativos,
mensuráveis e verificáveis. Além disso, certas autodeclarações nada têm a ver com o produto em si, como
é o caso da empresa que se diz amiga do meio ambiente ou que patrocina projetos ambientais em escolas.
Outras vezes, a autodecla- ração ressalta apenas os aspectos positivos e esconde os negativos. Por
exemplo, o produto é biodegradável, mas seu processo produtivo gera poluentes tóxicos que são lançados
ao meio ambiente. De acordo com a norma ISO 14021, as autodeclarações ambientais devem ser
verificáveis, referir-se a aspectos relevantes do produto ou serviço, ser específicas e claras em relação às
qualidades ambientais que pretendem reivindicar e prover informações relevantes para as decisões dos
consumidores. Deve-se evitar expressões como produto verde, ecológico, amigo da Terra, da natureza, da
Mata Atlântica, das tartarugas, da arara azul e de outros bichos. Além de verdadeiras e verificáveis, deve-
se cuidar para que as au- todeclarações não gerem interpretações equivocadas por parte dos
consumidores.
A norma ISO 14025 trata dos rótulos do tipo 111, que trazem informações sobre dados ambientais de
produtos, quantificados de acordo com um conjunto de parâmetros previamente selecionados e baseados
na avaliação do ciclo de vida. São rótulos concedidos e licenciados por entidades de terceira parte. A sua
concessão não está baseada no alcance ou superação de parâmetros previamente selecionados, como no
caso dos rótulos tipo 1 , mas os atributos ambientais do pr oduto ou ser viço concer nentes a esses parâmetros
devem ser comunicados de forma tal que facilitem ao consumidor compará-los com outros produtos si-
milares. O selo norte-americano Energy Star e o brasileiro Procel seriam exemplos desse terceiro tipo de
rótulo ambiental. Os princípios gerais para todos os tipos de rótulos e declarações encontram-se na ISO
14020. Dentre esses princípios, um diz que os rótulos devem ser acurados, verificáveis, relevantes e não
enganadores; outro, que eles não devem ser criados ou adotados com objetivo de criar obstáculos
desnecessários ao comércio internacional.
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São elas: a NBR ISO 14001:2004 - Sistemas de Gestão Ambiental: requisitos com orientações para uso; e a
NBR ISO 14004:2005 - Sistemas de Gestão Ambiental - diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e
técnicas de apoio 7. Essas duas normas são voluntárias e podem ser aplicadas em qualquer organização,
pública ou privada, independentemente de seu porte ou do setor de atuação. A NBR ISO 14001 é uma
norma que contém os requisitos que podem ser objetivamente auditados para fins de certificação, registro
ou autodeclara- ção e a NBR ISO 14004 fornece diretrizes, recomendações e exemplos para a empresa criar
e aperfeiçoar o seu SGA.
A Figura 5.3 apresenta o modelo de SGA da família ISO 14000, que também se baseia no ciclo PDCA,
tendo como ponto de partida o comprometimento da alta administração e a formulação de uma política
ambiental. Conforme a NBR ISO 14001, o SGA é a parte de um sistema de gestão de uma organização
utilizada para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos
ambientais. É um conjunto de elementos inter-relacionados utilizados para estabelecer a política ambiental
e os objetivos e para atingir esses objetivos. Um SGA inclui a estrutura organizacional, atividades de
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos 8.
Fonte: ABNT. NBR ISO 14001:2004: sistemas de gestão ambiental - requisitos com orientações para uso. Rio de
Jane iro, 2 004.
' Para efeito de simplificação, as normas NBR ISO 14001:2004 e NBR ISO 14004:2005 serão citadas apenas como
ISO 14001 e ISO 14004, respectivamente.
8
NBR ISO 14001:2004. definição 3.8.
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9
ABNT. NBR ISO 14001:2004: Sistemas de Gestão Ambiental : requisitos com orientações para uso.
Rio de Janeiro, 2004. Anexo 1, A. 1.
10
Ibicl., definição 3.2.
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(b) descubra os aspectos ambientais decorrentes de suas atividades, produtos e serviços passados,
existentes ou planejados, para determinar os impactos ambientais significativos;
(c) identifique os requisitos legais aplicáveis e outros subscritos;
(d) determine prioridades e estabeleça objetivos e metas ambientais apropriadas;
(e) estabeleça uma estrutura e programas para implementar a política e atingir objetivos e metas;
(0 facilite as atividades de planejamento, controle, monitoramento, ação preventiva e corretiva, auditoria e
análise, para assegurar que a política seja obedecida e que o SGA permaneça apropriado; e (g) seja capaz
de adaptar-se às mudanças de circunstâncias 11 .
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Política ambiental
A política ambiental é uma declaração da organização expondo suas intenções e princípios gerais em
relação a seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ação e definição de seus
objetivos e metas ambientais 12 . A alta administração deve definir a política ambiental da organização e
assegurar que, dentro do escopo definido de seu SGA, ela:
(a) seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos ambientais de suas atividades, produtos e
(b) serviços;
inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição;
(c) contenha um comprometimento com o atendimento ao requisitos legais aplicáveis e outros subscritos
que se relacionem com seus aspectos ambientais;
(d) forneça uma estrutura para o estabelecimento e a análise dos objetivos e metas ambientais;
(e) seja documentada, implementada e mantida;
(0 seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome; e (g) esteja
disponível para o público 13 .
julgadas. Os debat es sobre a definição da política devem ser antecedidos por uma avaliação ambie ntal
inicial, para assegurar que ela seja estabelecida com base no reconhecimento dos impactos ambientais que
a empresa produz. As políticas devem se expressar mediante declarações escritas que reafirmem o
compromisso da alta administração com um dado desempenho ambiental. A ISO 14004 recomenda que
uma política ambiental considere os seguintes elementos:
12
ABNT. 2004. definição 3.10.
13
ABNT. 2004, cláusula 4.2.
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14 ABNT. NBR ISO 1 4004:2005 - Sistemas de Gestão Ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e
técnicas de apoio, Rio de Janeiro, 2005, cláusula 4.2.
15
Id, 2004, definição 3.13.
16
ABNT. NBR ISO 14004:1996 - Sistemas de Gestão Ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e
técnicas de apoio, Rio de Janeiro, 1996, Anexo A.
17
ABNT. NBR ISO 14001:2004: Sistemas de Gestão Ambiental: requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro,
2004, definição 3.18.
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comunidades vizinhas. A política não deve ser redigida de modo a transmitir uma mensagem genérica a
ponto de valer para qualquer tipo de organização. Lembrando o que foi dito acima, a política ambiental
deve ser apropriada à natureza, escala e impactos ambientais das atividades, produtos e serviços da
organização. Deve-se também evitar o uso de palavras que podem ser interpretadas como evasivas ou que
indiquem um comprometimento pro forma, apenas para dar uma satisfação aos possíveis interessados. A
organização que concebe uma política desse modo está, na verdade, praticando a maquiagem verde.
Aspectos ambientais
Aspecto ambiental é definido como elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização
que pode interagir com o meio ambiente 18 . Os aspectos ambientais decorrem do uso de água, matérias-
primas, energia, espaço e outros recursos produtivos e do uso do meio ambiente como receptáculo de
resíduos dos processos de produção e consumo, assunto discutido no primeiro Capítulo desse livro. O
aspecto ambiental é a causa e o impacto ambiental, o efeito. A ISO 14001 define impacto ambiental como
qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos as-
pectos ambientais da organização. Um aspecto ambiental pode interagir com o meio ambiente de
diferentes modos, gerando diferentes tipos de impactos. Exemplo: o uso de combustível fóssil para gerar
energia é um aspecto ambiental de uma atividade e seus impactos ambientais são, entre outros, a redução
das reservas de um recurso natural não renovável e a emissão de C0 2 , S0 2 , NOx e outros gases poluentes,
sendo que alguns contribuem para o aquecimento global. O Quadro 5.5 apresenta outros exemplos de
aspectos e seus respectivos impactos. Note que este quadro apresenta exemplos de impactos positivos
decorrentes de aspectos ambientais da organização.
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para identificar os aspectos
ambientais de suas atividades, produtos e serviços, dentro do escopo de seu SGA, para que ela possa
controlá-los ou influenciá-los. Ela deve determinar os aspectos significativos, isto é, os que tenham ou
possam ter impactos ambientais significativos, assegurando que eles serão considerados no
estabelecimento, implementação e manutenção do seu SGA 19 . Note que a norma recomenda considerar
apenas os aspectos significativos para
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efeito desse requisito. Para identificar tais aspectos, o Anexo A da norma ISO 14001 recomenda considerar
as entradas e saídas, intencionais ou não, associadas às suas atividades, produtos ou serviços relevantes,
presentes, passados ou planejados, em condições de operações normais e anormais, incluindo novas
atividades, manutenção e situações de emergência.
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O Emas, embora baseie-se na ISO 14001 como mostrado anteriormente, é muito mais específico com
relação à identificação dos aspectos ambientais, podendo servir de guia para qualquer SGA. O Emas
estabelece que a organização deve ponderar os aspectos ambientais diretos e indiretos de suas atividades,
seus produtos e serviços. Os diretos são aqueles cujo controle de gestão a organização detém, como
emissões atmosféricas, descargas em corpos d agua, uso e contaminação do solo, utilização de recursos
naturais, reciclagem, transporte e manuseio de materiais, descarga de resíduos sólidos, ruídos, vibrações,
odores, poeiras, efeitos visuais e riscos de acidentes ambientais. Os aspectos indiretos são aqueles cujo
controle integral de gestão a organização pode não possuir, por exemplo, comportamento ambiental de
empreiteiros, sub-empreiteiros e fornecedores, investimentos cle capital, concessão de empréstimos e
serviços de seguros, concepção e desenvolvimento de embalagem e outras questões relacionadas com
produtos 21 .
O Quadro 5.6 apresenta uma relação de fontes de informação para determinar aspectos e impactos
ambientais. Identificados os aspectos ambientais, a organização deve avaliar os impactos ambientais
associados a cada um deles, não sem antes estabelecer critérios para determinar aqueles que serão
considerados significativos. A norma não define o que é um impacto significativo, e nem indica métodos
e/ou critérios específicos para avaliá-los, o que é correio, uma vez que cada atividade, produto ou serviço
apresenta aspectos e impactos específicos para cada organização e o seu entorno. Para determinar a
significância do aspecto identificado, a ISO 14004 recomenda que se leve em conta o seguinte:
• os critérios ambientais, como escala, severidade e duração do impacto, ou lipo, tamanho e freqüência
de um aspecto ambiental;
• os requisitos legais aplicáveis, como os limites de emissão e lançamento em autorizações e
regulamentos; e
• as preocupações com as partes interessadas, internas e externas, como as relacionadas aos valores da
organização, sua imagem pública, ruído, odor e degradação visual 22 .
21
CONSELHOS DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS, Resolução CE 761/2001, Anexo VI, item 6.2.
22
ABNT. NBR ISO 14004:2005 - Sistemas de Gestão Ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e
técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 2005, cláusula 4.3.1.5.
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QUADRO 5.6 Fontes de informação para determinar aspectos e impactos ambientais - Exemplos
Fonte: ABNT, NBR ISO 14004:2005 - Sistemas de Gestão Ambiental: diretrizes geraissobreprincí
pios, sistemas e técnicas de apoio, Rio de Janeiro, 2005, cláusula 4.3.1.5 - ajuda prática.
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• as características da localização que podem afetar o impacto, como condições meteorológicas locais,
altura do lençol freáiico e tipo de solo;
• a natureza das alterações ambientais, por exemplo, se elas se referem a questões locais ou globais, o
potencial de acúmulo de intensidade e o período de ocorrência 23 .
Conforme a ISO 14004, os critérios de significância podem ser aplicados aos aspectos ambientais, aos
impactos associados ou a ambos, sendo que na maioria das vezes aplicam- se aos impactos. Ela recomenda
a determinação de níveis ou valores de significância para cada critério com base numa combinação de
probabilidade de uma ocorrência e suas conseqüências, como severidade e intensidade 24 . As escalas de
mensuração podem ser qualitativas, por exemplo: baixa, média ou alta freqüência de ocorrência do
aspecto ou de um dos seus impactos, ou escalas quantitativas com pontuações associadas a sua gradação,
por exemplo, valores de 1 a 5, nas quais nos extremos, o valor 1 indique uma freqüência muito baixa e 5,
muito alta. Em geral, os seguintes critérios devem ser considerados na avaliação do aspecto ou do
impacto: ( 1) abrangência, isto é se eles geram conseqüências nacionais ou globais; (2) severidade, que
indica o grau de intensidade dos danos ao meio ambiente; (3) freqüência da ocorrência; e (4) probabilidade
de escapar ao controle. A avaliação deve ser feita de modo combinado, por exemplo, um impacto de
elevada severidade com freqüência de ocorrência desprezível é menos significativo que um outro de
severidade média e elevada freqüência.
Nem todos os aspectos identificados devem ser considerados no ciclo de planejamento do SGA. A
norma fala em aspectos significativos, que são os que apresentam impactos significativos. Isto impede que
a organização selecione aspectos associados com impactos insignificantes só para mostrar que está fazendo
alguma coisa, o que caracteriza uma prática de lavagem verde. Um SGA conforme a norma em questão
não combina com esse tipo de prática.
23
ld, 2005, cláusula 4.3.1.4.
24
Ibid, 2005 cláusula 4.3.1.5.
25
ABNT, 2004, cláusula 4.3.2.
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que esses requisitos sejam considerados no estabelecimento, implantação e manutenção do SGA. Para
atender a esse requisito, é necessário identificar e analisar a legislação aplicável dos três entes da
Federação brasileira (União, Estados ou Distrito Federal e Municípios) nos quais a organização desenvolve
atividades. Cabe lembrar que a Constituição de 1988 ampliou a competência dos estados e municípios para
legislar em matéria ambiental, o que torna essa fase mais complexa e trabalhosa. Essa complexidade
também decorre do fato de que as questões ambientais são regulamentadas em praticamente todos os
ramos do édireito
requisito (direito constitucional,
de importância civil, penal,
crucial, pois refere-se tributário, trabalhista,
ao atendimento administrativo
da conformidade legal dae outros). Esse
organização,
um comprometimento de política ambiental imprescindível. Por isso, um SGA requer a criação e
atualização permanente de um banco de dados relativos às normas legais aplicáveis em todos os locais
onde ela atua.
Requisitos subscritos são, por exemplo, os códigos de conduta e as diretrizes de acordos voluntários
feitos pela organização, públicos ou privados, conforme discutidos no Capítulo 3. Além dos requisitos de
origem externa, impostos por força de lei ou adotados como acordos voluntários, a organização também
pode estabelecer seus próprios critérios de desempenho ambiental. Os critérios internos cle desempenho
devem ser desenvolvidos e implementados quando não existem normas externas, ou quando a
organização pretende ir além das exigências legais. Eles podem se referir à gestão dos produtos da
organização, prevenção e controle da poluição, gerenciamento de materiais perigosos, gerenciamento de
resíduos, rotulagem ambiental, educação ambiental, compromissos com a comunidade e outras atividades
da ação ambiental. São esses critérios que definem o quanto a organização é pró-ativa na proteção ao meio
ambiente. Os critérios internos e os requisitos externos, legais ou subscritos, são elementos importantes
para a definição dos objetivos e metas ambientais da organização.
geral, decorrente
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da política ambiental, que uma organização se propõe a atingir. E meta ambiental é um requisito de
desempenho detalhado, aplicável à organização ou a parte dela, resultante dos objetivos ambientais, que
precisa ser estabelecido e atendido para que tais objetivos sejam alcançados 27 . Essa é a distinção
convencional entre objetivos e metas, sendo que um objetivo pode se desdobrar em várias metas e estas
podem ser etapas a serem cumpridas para alcançar um certo objetivo.
Os objetivos ambientais devem ser coerentes com os comprometimentos constantes na política. A ISO
14004 recomenda que eles sejam considerados objetivos gerais da organização, para reforçar a interação
do SGA com os demais componentes da organização. Um objetivo pode ser expresso como um nível
específico de desempenho ambiental, por exemplo, reduzir em 40% o consumo de água por tonelada de
produção nos próximos cinco anos, ou pode ser expresso de um modo genérico (exemplo: reduzir a
geração, de gases de efeito estufa) e complementar por uma ou mais metas (exemplo: reduzir o uso de
combustível fóssil nas atividades de transporte em 20% comparado com ano anterior). Recomenda- se que
estas sejam mensuráveis por níveis de desempenho que devem ser atingidos para cumprir os objetivos
relacionados 28 .
Ao estabelecer e revisar seus objetivos, a organização deve considerar os requisitos legais e outros,
seus aspectos ambientais significativos, suas opções tecnológicas, seus requisitos financeiros, operacionais
e comerciais, bem como a visão das partes interessadas. Ao avaliar as opções tecnológicas, a empresa deve
considerar a melhor tecnologia disponível, quando economicamente viável, rentável e apropriada 29 . A
empresa não precisa adotar a tecnologia mais avançada ou a melhor tecnologia disponível, mas pode
partir do status atual e perseguir melhorias ao longo do tempo continuamente. Essa recomendação se
aproxima do conceito de Best Available Tecnology Not Entailing Excessive Cost (BATNEEC), ou seja, a melhor
tecnologia disponível cujo custo de implantação e operação não seja excessivo em relação aos resultados
ambientais, conforme comentado no Capítulo 3. Para acompanhar o alcance dos objetivos e metas,
recomenda-se que a organização estabeleça indicadores mensuráveis, adequados às suas atividades,
produtos e serviços e consistentes com a política ambiental. O Quadro 5.7 apresenta uma lista
exemplificativa de indicadores de desempenho.
Para atingir os objetivos e as metas definidas, a organização deve estabelecer, implementar e manter
programas, incluindo: (a) a atribuição de responsabilidade em cada função e
27
Id., definições 3.9 e 3.12.
28
ABNT, 2005, cláusula 4.3.3.1.
29
ABNT, 2004, cláusula 4..3.3.
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nível pertinente e (b) os meios e o prazo dentro do qual eles devem ser atingidos 30 . Recomenda-se que
cada projeto descreva como os objetivos e metas serão atingidos, incluindo cronograma, recursos e pessoal
responsável. Na Figura 5.4, encontra-se um esquema para a fase de planejamento extraído da norma ISO
14001. Os programas devem ser revisados regularmente, para incorporar as modificações em objetivos e
metas. Esse é o sentido das setas de dupla direção da Figura 5.4.
• Quantidade de poluentes específicos emitidos (ex.: NO x , S 0 2 , C O, COVs, Pb, CFCs etc .).
• Investimento em proteção ambiental.
• Número de ações judiciais.
• Área de terreno reservada para habitat de vida selvagem.
Uma das vantagens que um SGA pode proporcionar é a possibilidade de integrar a gestão ambiental à
gestão global da organização, tornando mais eficazes as ações em todas as áreas e níveis de decisões, pois
evitam esforços duplicados ouconflitantes. Porexemplo,
um programa para reduzir os resíduos de produção pode atender,ao mesmo tempo, obje
tivos ligados ao cumprimento da legislação ambiental, ao aumento da produtividade, à redução de custo
pela diminuição da quantidade de resíduos que requerem tratamento especial, entre outros. Supondo que
um dos objetivos gerais da organização seja aumentar
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sua produtividade, o SGA pode contribuir com um programa para reduzir os custos dos resíduos, que
pode se desdobrar em diversos projetos específicos, como melhorar o processo de produção do produto A,
desenvolver aplicações para os rejeitos com objetivo de comercializá-los e revisar o projeto do produto B
para substituir matérias-primas geradoras de resíduos Classe I. Um SGA deve contribuir para que a
preocupação ambiental seja incorporada em todas as atividades da organização.
Fonte: Elaborado a partir de ABNT. NBR ISO 14001:2004: sistemas de gestão ambiental: especificação e diretrizes
para uso. Rio de Janeiro, 2004. Obs.:* Os números entre parênteses referem-se às cláusulas da seção 4 da ISO
14001:2004.
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Recomenda-se que o comprometimento com o SGA comece pelos níveis mais elevados da organização.
E a alta administração que deve formular a política e assegurar que o SGA seja implantado. A designação
dos representantes específicos com responsabilidade e autoridade explícitas para implantar o SGA faz
parte desse compromisso. Esses representantes são os administradores do SGA, ou seja, os responsáveis
pelo cumprimento dos requisitos estabelecidos conforme a norma 32 . No caso de pequenas e médias
empresas, essa responsabilidade pode ser assumida por uma só pessoa, que pode ser o seu proprietário;
nas grandes e complexas, é necessário designar mais de um representante, como exemplificado no Quadro
5.8.
As responsabilidades ambientais não devem ser restritas às funções de gestão ambientais. Essa
recomendação constante no Anexo da norma ISO 14001 reflete o entendimento de que as questões
ambientais interessam a todas as áreas da organização, embora algumas possam ter um envolvimento
mais intenso que as demais. Embora espera-se que todos os funcionários da organização se comprometam
com a gestão ambiental, apenas aqueles que possuem funções específicas devem ter suas atribuições
definidas e comunicadas aos que trabalhem
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(a) da importância de estar em conformidade com a política ambiental e com os requisitos do SGA;
(b) dos aspectos ambientais significativos e seus respectivos impactos reais ou potenciais associados com
o seu trabalho e dos benefícios provenientes da melhoria de seu desempenho pessoal;
(c) de suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com os requisitos do SGA; e
(d) das potenciais conseqüências da inobservância de procedimentos especificados 33 .
As tarefas que possam causar impactos ambientais significativos devem ser executadas por pessoal
competente, com educação, treinamento e/ou experiência apropriados 34 . O Anexo A dessa norma
recomenda que o nível de experiência, competência e treinamento seja determinado de modo a assegurar
a capacitação dos funcionários, especialmente daqueles que desempenham atividades especializadas de
gestão ambiental 35 . Cabe à administração decidir sobre o nível de detalhamento dos programas de
treinamento e conscientização.
33
ABNT, 2004, cláusula 4.4.2.
34
lbid., cláusula 4.4.2.
35
lbid., Anexo A, 4.2.
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Quanto a essa questão, a norma ISO 14004 recomenda que esses programas tenham os seguintes
elementos:
Essa norma recomenda que o nível de competência, experiência e treinamento seja determinado pela
administração, especialmente para aqueles que exercem funções especializadas em gestão ambiental.
Recomenda também que os prestadores de serviços que trabalhem na organização demonstrem que o seu
pessoal possui o requisito de competência ou treinamento apropriado 37 . Os treinamentos necessários para
cumprir esse requisito podem ter diferentes objetivos: por exemplo, alguns procuram aumentar a
conscientização do pessoal administrativo e operacional com a política ambiental da empresa; outros,
melhorar os conhecimentos e habilidades do pessoal que exerce funções ambientais específicas ou que de
alguma forma podem afetar o cumprimento dos requisitos do SGA. Isso pode ser suficiente para atender
esse requisito da norma ISO 14001, porém, uma educação ambiental, conforme mostrado no Capítulo 3,
requer mais que isso. Os programas de treinamento e conscientização devem avançar no sentido de
ampliar o entendimento sobre o meio ambiente, para incluir a sua dimensão social e promover mudanças
de atitudes diante das questões socioam- bientais mais amplas que as relacionadas com a atuação da
empresa.
Comunicação
Esse requisito estabelece que a organização, com relação aos seus aspectos ambientais e ao seu SGA,
deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para: (a) comunicação interna entre vários níveis e
funções da organização e (b) recebimento, documentação e resposta a comunicações pertinentes oriundas
de partes interessadas externas. Deve ainda decidir se realizará comunicação externa sobre seus aspectos
ambientais significativos e
3
ABNT, 2005, cláusula 4.3.2.5.
37
ABNT, 2004, Anexo A, seção A.4.2.
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'-'-'iiici os pontfiç i
1
vista e considerações de todas as partes interessadas. A comunicação externa pode mediante relatórios
COrrer 39
anuais, boletins informativos, páginas na Internet e reuniões n° nidade . Outras questões
pertinentes à elaboração de relatórios ambientais extern C0ITlU " tratadas no Capítulo 7.
A comunicação interna deve ser vista como mais um instrumento para ampliar a cons cientização dos
funcionários, complementando o requisito já comentado. O quanto a organi zação irá comunicar é uma
prerrogativa da administração, como se depreende das normas em pauta. A ISO 14004 recomenda que a
organização, ao estabelecer um programa de comunicação, leve em consideração a sua natureza e porte,
seus aspectos ambientais significativos e a natureza e necessidades das partes interessada s’ 10 . Os
trabalhadores e seus sindicatos, a comunidade, os clientes, os investidores, os representantes do poder
público local, estadual e federal, as ONGs e outras partes interessadas podem ter determinadas
preocupações específicas sobre as operações da organização e desejam ter informações específicas e
detalhadas. A atenção a essas preocupações contribui para legitimar os esforços da organização para
melhorar o seu desempenho ambiental perante seus públicos internos e externos.
A norma ISO 14004 recomenda que os resultados das atividades de monitoramento, auditoria e
análise do SGA pela administração, três requisitos que serão apresentados oportunamente, sejam
comunicados às pessoas apropriadas dentro da organização. Quanto aos processos de comunicação, essa
norma recomenda as seguintes etapas:
38
ld., 2004, cláusula 4.4.3.
39
Ibid, 2004, Anexo A, item A.4.3.
■*0 ABNT, 2005, cláusula 4.4.3.1.
41
Ibid., 2005 cláusula 4.4.3.3.
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ISO 14004 recomenda que, no mínimo, a organização estabeleça, implemente A n°' p r0 cedimentos para
recepção, documentação e resposta em relação às comuni-
e manter
1 vantes das partes interessadas externas. A ISO 140 63 42 fornece diretrizes sobre
[o s gerais,
c3ÇÔeS
políticas, estratégias e atividades para realizar comunicações ambientais in- pP nC *I :)ÍO eX ^ ernaSt
independentemente do tamanho, do setor da economia e de ter ou não tern^ ^ con forme a norma ISO 14001.
Essarelatórios
norma será comentada no Capítulo 7 que trata
ambientais.
Documentação
é um requisito importante em qualquer sistema de gestão. A norma 14001 especifica que a
i A documentação
documentação do SGA deve incluir os seguintes elementos:
o controle eficazes dos processos associados aos seus aspectos ambientais significativos 43 .
Entre os documentos expressamente requeridos pela norma estão, por exemplo, os registros relativos à
conformidade com os requisitos legais e outros subscritos, a decisão de se comunicar com os públicos
externos, como mostrado acima e os registros das análi- ses do SGA pela administração, que serão tratados
logo mais. Há certos requisitos que não Podem ser adequadamente atendidos sem uma documentação
adequada. Cabe perguntar, P°r exemplo, como é possível manter informações atualizadas sobre os requisitos
legais e os aspectos ambientais sem documentá-los. O Anexo informativo dessa norma recomenda jl Ue a decisão
de documentar procedimentos leve em conta as conseqüências de não fazê- * lr >clusive em relação ao meio
ambiente; a necessidade de demonstrar o atendimento aos
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requisitos legais e outros subscritos pela organização; a necessidade de assegurar que a atividade seja
realizada de forma constante e os requisitos da norma. Documentos criados originariamente para outros
fins podem ser usados como parte integrante do SGA, desde que sejam referenciados para esse fim.
O nível de detalhamento dos documentos é decidido pela organização, mas deve ser suficiente para
descrever os principais elementos do SGA e suas interações, fornecendo orientação sobre fontes de
informações mais detalhadas de suas partes específicas. A documentação pode ser integrada com a de
outros sistemas implantados pela organização e não precisa estar na forma de um único manual 44 . A
propósito, essa é uma diferença fundamental em relação aos requisitos de um sistema de gestão da
qualidade, conforme a ISO 9000:2000, pois para esse sistema o manual da qualidade é um requisito
essencial, como estabelece a cláusula 4.2.1 desta última norma. Seguindo o exemplo do sistema de gestão
da qualidade, a documentação do SGA pode conter os seguintes elementos: declaração documentada da
política ambiental da organização; manual de gestão ambiental; documentos relativos aos procedimentos
requeridos pela norma ISO 14001, instruções de trabalho e outros documentos necessários para tornar
efetiva a implantação e manutenção dos procedimentos; e os registros requeridos pela norma.
A organização dos documentos gerados pelo SGA pode seguir a hierarquia ilustrada na Figura 5.5,
que tem como base as diretrizes para documentação de um sistema de gestão da qualidade, estabelecidas
pela norma ABNT ISO/TR 100 1 3:2002 45 . O manual do SGA constitui o primeiro nível da hierarquia de
documentos. Embora não seja um requisito da norma, um manual facilita a gestão dos documentos
fundamentais para operar e auditar o SGA. O manual pode adquirir diferentes formas. A mais simples é
um índice cotn referências sobre esses documentos, indicando sua localização. O manual pode ser feito na
forma de pasta, em papel ou meio eletrônico, contendo, entre outros, a política ambiental, os objetivos e
metas, as interações do SGA com outros sistemas e as definições de responsabilidades. Nesse caso, o seu
núcleo central se compõe de diversos capítulos concernentes aos requisitos da norma, com referências que
remetem aos procedimentos correspondentes. No segundo nível estão os documentos relativos aos
procedimentos, envolvendo métodos, critérios e referências para aplicar os requisitos do SGA. Os
procedimentos específicos, as instruções técnicas e outros documentos de trabalho detalhados fazem parte
do terceiro nível.
44
ld., 2004, Anexo A, item A.4.4.
45
ABNT. ABNT ISO/TR 10013: 2002 - Diretrizes para a documentação de sistemas de gestão da qualidade. Rio de
Jane iro, 2 002.
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Uma critica que tem sido feita com certa insistência a respeito da norma ISO 14001 refere-se ao fato de
que o atendimento ao requisito de documentação levaria a organização a praticar um excesso de
formalismo que reduziria a sua mobilidade e capacidade de resposta às mudanças, esses sim, requisitos
fundamentais para poder atuar em ambientes de negócio competitivos. Essa crítica não procede, pois a
norma exige apenas a documentação dos principais elementos e não de todos. Além dos elementos
mencionados na norma, cabe aos dirigentes da organização determinar quais outros também devem ser
documentados. Vale mencionar, no entanto, que a documentação é um elemento fundamental para reduzir
as variabilidades desnecessárias, bem como para reter e transmitir o aprendizado.
Controle de documentos
Quanto a esse requisito, diz a norma que a organização deve controlar todos os documentos
requeridos pelo SGA. Os registros são um tipo especial de documento e devem ser controlados conforme
os requisitos estabelecidos na cláusula 4.5.4, que será comentada mais adiante. A organização deve
estabelecer, implantar e manter procedimentos para:
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(d) assegurar que as versões relevantes de documentos aplicáveis estejam disponíveis em seu ponto de
uso;
(e) assegurar que os documentos de origem externa entendidos como necessários ao planejamento e
operação do SGA sejam identificados e que sua distribuição seja controlada;
(0 prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos e utilizar identificação adequada, caso
Os documentos do SGA devem ser legíveis, datados, incluindo datas das revisões facilmente
identificáveis. Se a organização já mantém um sistema de gestão da qualidade conforme a norma ISO
9001:2000, ela pode manter um sistema de controle da documentação baseado nessa norma, que é mais
rigorosa que a ISO 14001 quanto a esse requisito. Como alerta o Anexo A dessa norma, o foco principal
deve ser a efetiva implementaçâò do SGA e não a criação de um complexo sistema de documentação 47 .
Essa é mais uma indicação de que a norma não pretende engessar a organização com um formalismo
desnecessário.
Controle operacional
Este requisito estabelece que a organização deve identificar e planejar as operações associadas aos
aspectos ambientais significativos identificados de acordo com sua política, objetivos e metas, para
assegurar que elas sejam realizadas sob condições especificadas por meio:
46
Id., 2004, cláusula 4.4.5.
47
Id., 1996a, Anexo A, informativo, seção A.4.5.
48
ABNT, 2004, cláusula 4.4.6.
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Esse requisito se cumpre mediante um conjunto de procedimentos para assegurar que as operações do
SGA estão sendo controladas e se reporia apenas às operações concernentes aos aspectos ambientais
identificados e avaliados conforme a cláusula 4.3.1, comentada anteriormente. Essas operações devem ser
documentadas. A ISO 14004 recomenda que, para a identificação das necessidades de controle operacional,
a organização considere todas as suas operações, inclusive as relacionadas com as funções gerenciais,
como vendas, marketing, atendimento aos clientes, pesquisa e desenvolvimento, engenharia, manutenção,
armazenamento e manuseio de materiais, laboratórios, transporte, aquisições, construção ou modificação
da propriedade e instalações 49 .
Os controles operacionais devem se estender também aos prestadores de serviços e fornecedores. Vale
mencionar que os processos de aquisição são requisitos essenciais nos sistemas de gestão de qualidade,
conforme a ISO 9000:2000 5°. De modo análogo ao que estabelece essa norma, no caso do SGA, o tipo e a
extensão do controle operacional aplicado aos fornecedores e aos produtos adquiridos devem depender
dos efeitos associados a aspectos ambientais significativos identificados. O controle sobre esses agentes
externos pode se dar, por exemplo, a partir do estabelecimento de critérios ambientais para selecionar e
avaliar produtos e serviços, bem como o desempenho ambiental dos fornecedores e prestadores de serviço,
com respeito aos aspectos significativos identificados.
49
ABNT, 2005, cláusula 4.4.6.1.
50
ABNT, NBR ISO 9001:2000, cláusula 7.4.
51
ABNT, 2004, cláusula 4.4.7.
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Como dito anteriormente, essa norma adota uma abordagem de prevenção da poluição, o que
significa, quanto ao requisito em pauta, preparar-se para realizar ações necessárias diante da ocorrência:
(1) de acidentes ambientais (explosões, incêndios, emissões e derrames acidentais, desastres durante o
transporte de produtos perigosos e outros); ou ( 2) de situações de emergência que podem produzir tais
acidentes, por exemplo, panes e incidentes em equipamentos que se não forem consertados a tempo e com
procedimentos adequados podem provocar acidentes graves.
A norma recomenda que a organização estabeleça procedimentos de preparação e resposta a
emergências que atendam suas necessidades específicas e levem em conta, entre outros, os seguintes
elementos:
• a natureza do perigo e medidas que devem ser tomadas;
• o tipo e a escala mais provável de uma situação de emergência ou acidente;
• métodos apropriados para responder a essa situação;
• planos de comunicação interna e externa;
• ações para minimizar o impacto e ações de mitigação e resposta a serem tomadas em diferentes tipos
de acidentes e emergências;
• lista de pessoas-chave e de órgãos de atendimento, incluindo informações para contato;
• rotas de evacuação e pontos de encontro;
• treinamento do pessoal de resposta a emergências; e
• possibilidades de assistências mútuas entre organizações vizinhas 52 .
Acidentes e emergências sempre podem acontecer, mesmo quando a organização se cerca de todos os
cuidados. Quando isso ocorre, a organização deve estar preparada para as ações de mitigação. Mitigar
significa abrandar ou aliviar os impactos produzidos por tais acidentes, ou seja, atuar sobre as
conseqüências por meio de medidas para corrigir e reparar os danos provocados. É importante ressaltar
que a extensão da mitigação está relacionada com os requisitos legais e voluntários subscritos.
Relembrando o que foi dito no Capítulo 3, a legislação brasileira estabelece que o poluidor é obrigado,
independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a
terceiros afetados por suas atividades53 . Se a organização subscreveu os Princípios Ceres,
52
ABNT, 2004, Anexo A, item A.4.7.
53
BRASIL. Lei 9.605, de 12/2/1998 - Dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências (Lei dos Crimes Ambientais ), art. 14, § 1 •
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por exemplo, além de compensar os atingidos pelos danos causados ao meio ambiente, ela também deve
se esforçar para recuperar inteiramente o meio ambiente afetado (ver Quadro 3.4, no Capítulo 3). Veja
também o que diz a carta empresarial para o desenvolvimento sustentável da ICC no Anexo V, item 12,
com respeito aos planos de emergência.
Monitoramento e medição
Esse requisito faz parte do processo de controle, que corresponde ao C (de checar, verificar) de um
ciclo PDCA. Monitorar significa acompanhar uma atividade com base em informações coletadas ou
observações a respeito dessa atividade, para verificar o alcance de objetivos e metas (por exemplo,
acompanhar diariamente o consumo de água para verificar se a meta de redução de consumo está sendo
alcançada). Essa fase encerra um ciclo de atividades do SGA, que se inicia com a identificação dos
aspectos ambientais significativos, como ilustra o Quadro 5.9, sendo a base para as atividades de correção
e ajustes de acordo com a idéia de melhoria contínua.
Conforme a norma ISO 14001, a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos
para monitorar e medir regularmente as características principais de suas operações que possam ter
impacto significativo sobre o meio ambiente. Característica principal é aquela que precisa ser considerada
para determinar se a organização está gerenciando seus aspectos ambientais significativos, atingindo os
objetivos e metas e melhorando o seu desempenho ambiental. Esses procedimentos devem ser
documentados e incluir na documentação os controles operacionais pertinentes e a conformidade com os
objetivos e metas ambientais da organização. A idéia básica é verificar se o SGA está funcionando como
planejado e, caso contrário, quais medidas corretivas e preventivas deverão ser tomadas 54 .
A organização deve assegurar que os equipamentos de monitoramento e medição calibrados ou
verificados sejam utilizados e mantidos, devendo-se manter os registros associados a esses processos,
segundo procedimentos definidos pela organização. Para assegurar a validade dos resultados do
monitoramento e medição, recomenda-se que a calibragem ou verificação desses instrumentos seja feita
em intervalos especificados, ou antes do uso, com base em padrões nacionais ou internacionais. A norma
ISO 14004 recomenda que a organização atenda esse requisito por meio de uma abordagem sistemática,
monitorando e medindo regularmente o seu desempenho ambiental.
54
ld., 2004, cláusula 4. 3. 1.
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concluído em 2004 referia-se ao fato de não enfatizar o atendimento legal como um requisito normativo.
Para dar ênfase a esse atendimento como patamar mínimo de um SGA, a nova versão da ISO 14001 inovou
ao destacar a sua avaliação, separando-a da cláusula 4.5.1, comentada anteriormente 55 .
Esse requisito estabelece que a organização deve determinar, implementar e manter procedimentos
para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis e manter os registros dos
resultados dessa avaliação, como parte de seu comprometimento com a conformidade legal. O mesmo
deve ser feito quanto ao atendimento dos outros requisitos subscritos pela organização, que pode ser
realizado de modo combinado com os requisitos legais ou separadamente 56 .
Vale ressaltar que o atendimento às normas legais aplicáveis à organização e aos demais requisitos
subscritos por ela constituem o patamar mínimo que se espera em termos de desempenho ambiental. Com
a abordagem de prevenção da poluição conduzida por meio da prática da melhoria contínua, dois
requisitos do SGA, espera-se um crescente aperfeiçoamento desse desempenho. Dentre os requisitos
subscritos, estão os acordos voluntários privados, como mostrado no Capítulo 3. Se a organização assume
um compromisso com eles, deverá atendê-los como se fosse uma norma legal, daí a importância em avaliar
periodicamente o seu atendimento. É importante lembrar que a organização melhora sua inserção na
sociedade ao realizar esses acordos voluntários, pois eles denotam uma postura proativa em termos de
cuidado com o meio ambiente. Porém, esse compromisso pode ficar só na intenção e com isso a empresa
estará desfrutando uma reputação que não merece e praticando a maquiagem verde. Por isso, faz sentido
enfatizar o atendimento desses requisitos subscritos voluntariamente como se fossem normas legais cuja
conformidade é obrigatória.
55
CAJAZEIRA, J.H.R; BARBIERI, J.C. A nova versão da norma ISO 14001: as influências presentes no primeiro
ciclo revisional e as mudanças efetuadas. In: Revista Eletrônica de Administração - REAd Porto Alegre,
UFRGS, Edição 48, Vol. 11 No. 6 , Nov. - De z. de 2005. Disponí vel em <ww \v. rea d.ea.ufrgs .br>.
56
ABNT, 2004, cláusula 4.5.2 e suas sub cláusulas 4.5.2.1 (requisitos legais) e 4.5.2.2 (outros requisitos subscritos).
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a causa de uma potencial não-conformidade 57 . Uma não-conformidade potencial é uma situação que
apresenta uma elevada probabilidade de vir a ocorrer. Essas definições constantes na ISO 14001 são as
mesmas da ISO 9000:2000, o que mostra mais uma vez a grande interação entre o TC 207 e o TC 176,
responsável pelas normas de gestão da qualidade.
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para tratar as não-
conformidades, reais ou potenciais e para executar ações corretivas e preventivas. Esses procedimentos
devem definir requisitos para:
(a) identificar e corrigir não-conformidades e executar ações para mitigar seus impactos ambientais;
(b) investigar as causas das não-conformidades e executar ações para evitar a sua repetição;
(c) avaliar a necessidade de ações para preveni-las e implementar ações apropriadas para evitar a sua
ocorrência;
(d) registrar os resultados das ações corretivas e preventivas executadas; e
(e) analisar a eficácia dessas ações 58 .
57
Ibid., 2004, definições 3.15, 3.3 e 3.17, respectivamente.
5
Ibid., cláusula 4.5.3.
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Controle de registros
Registro é um documento que apresenta os resultados obtidos ou fornece as evidências de atividades
realizadas 59 , uma definição que já const ava da norma ISO 9000:2000 . Há uma diversidade de tipos de
registros associados a um SGA, pois toda ação que traga alguma evidência sobre o cumprimento ou não
de um requisito deve gerar algum tipo de registro, por exemplo, registro de não-conformidade, de
reclamações da comunidade, das inspeções e testes, da calibração de instrumentos de medição, dos
treinamentos realizados e pessoas treinadas e dos resultados cle auditoria. Como os registros referem-se a
fatos observados para efeito de controle, não estão sujeitos a revisões como os documentos concernentes
às fases de planejamento e implementação, objeto do requisito comentado anteriormente.
Conforme a ISO 14001, a organização deve estabelecer e manter registros, conforme necessário, para
demonstrar conformidade com os requisitos do seu SGA e dessa norma, bem como os resultados obtidos.
Deve também estabelecer, implementar e manter procedimentos para a identificação, armazenagem,
proteção, recuperação, retenção e descarte de registros. Esses registros devem ser legíveis e identificáveis,
permitindo rastrear a atividade, produto ou serviço envolvido 60 . É conveniente estabelecer o período de
retenção de cada tipo de registro.
Ao desenvolver cada elemento do SGA que constará como um capitulo do seu manual, deve-se incluir
o tipo de registro apropriado para prover a evidência do cumprimento do que foi aí estabelecido. Por isso,
é comum encontrar os registros fazendo parte de um quarto nível na hierarquia de documentos, um nível
abaixo das instruções e outros documentos de trabalho, como mostra a Figura 5.5. Não é demais enfatizar
a importância dos registros, pois são eles que fornecem as evidências demonstráveis de que o SGA foi
implantado e está operando, ou seja, permitem verificar o cumprimento de um ciclo de atividades pelo
qual a organização diz o que pretende fazer, faz o que disse e mostra o que fez.
Auditoria interna
A auditoria interna é a última etapa da fase de verificação ou controle. Por esse requisito, a
organização deve assegurar que as auditorias internas do SGA sejam conduzidas em intervalos planejados
para:
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.«*. y’
196 Gestão ambiental empresarial
(a) determinar se o SGA: (1) está em conformidade com os arranjos planejados para a gestão ambiental,
incluindo os requisitos da norma ISO 14001; e (2) foi adequadamente implementado e mantido; e
(b) fornecer à administração informações sobre os resultados das auditorias 61 .
ambientais como instrumentos de gestão ambiental de um modo geral, e em particular as auditorias dos
SGAs, esse instrumento de gestão ambiental será tratado no próximo capitulo com mais detalhe.
1
Ibid, cláusula 4.5.5.
2
Ibid, 2004, cláusula 4.6.
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ou se é necessário realizar mudanças para ajustá-los às novas circunstâncias. O seu objetivo é a melhoria
do SGA e, por via das conseqüências, a melhoria do desempenho ambiental da organização. Deve-se
ressaltar que a responsabilidade por essa análise é da alta administração, sendo esta, portanto, quem deve
conduzi-la e não os administradores de outros níveis hierárquicos mediante delegação. Esses
administradores, no entanto, devem participar da análise, desde que tenham recebido responsabilidades
definidas no SGA, como estabelece um dos seus requisitos, comentado anteriormente.
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O mesmo ocorre com os sistemas de gestão da saúde ocupacional e segurança do trabalho constituídos
a partir de normas voluntárias, como as normas BS 8800 e OHSAS 18000 (de Occupacional Healíh and Safety
Assessment). A BS 8800, criada pelo British Standard Institute em 1996, é um guia para implantar um sistema
de gestão da saúde ocupacional e segurança do trabalho e, como tal, não apresenta requisitos certificáveis.
A família OHSAS 18000 está constituída pelas seguintes normas: OHSAS 18001, que especifica os
requisitos do sistema, e a 18002, que é um guia para auxiliar sua concepção e implementação. Apesar da
semelhança estrutural com as normas ISO 14001 e 14004, trata-se de uma família de normas independentes
criadas por diversas entidades, inclusive organismos de certificações. Essa semelhança foi produzida com
o objetivo de facilitar a integração entre os dois sistemas de gestão. Nelas se encontram tabelas de
correspondência com a ISO 9001 e a ISO 14001.
Observa-se uma tendência para juntar as questões relativas à qualidade, ao meio ambiente, à
segurança e à saúde, formando sistemas de gestão complexos pelo fato de tratarem de questões diferentes,
mas bem menos do que criar e gerir sistemas separados para cada uma dessas questões. O resultado é a
criação de sistemas de gestão integrados envolvendo qualidade, meio ambiente e saúde e segurança do
trabalho. Na literatura inglesa, esses sistemas são conhecidos pela sigla SHEQ, de safcty (segurança), health
(saúde), environment (meio ambiente) e qualily (qualidade). Esses sistemas de gestão integrados são criados
a partir de comprometimentos e políticas comuns no nível estratégico, que se desagregam a partir de
requisitos específicos (requisitos legais e outros subscritos, objetivos e metas, programas, controles
operacionais, comunicações e outros), mas sempre mantendo em comum tudo o que tiver alta
correspondência mesmo no nível operacional, por exemplo, treinamentos documentação, controle de
documentos, registros e outros.
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TABELA 5.1 NBR ISO 14001:2004 e NBR ISO 9000:2000 - Correspon ncias
5.3
8.5.1 Comprometimento
Melhoria contínua da direção Política da qualidade
Planejamento (título somente) 4.3 5.4 Planejamento (título somente)
Aspectos ambientais 4.3.1 5.2 Foco no cliente
7.2.1 Determinação de requisitos relacionados ao produto
7.2.2 Analise critica dos requisitos relacionados ao produto
Requisitos legais e outros 4.3.2 5.2 Foco no cliente
7.2.1 Determinação de requisitos relacionados ao produto
Objetivos, metas e programas 4.3.3 5.4.1 Objetivos da qualidade
5.4.2 Planejamento do SGQ
8.5.1 Melhoria contínua
Implementação e operação 4.4 7 Realização do produto (título somente)
(título somente)
Recursos, funções, 4.4.1 5.1 Comprometimento da direção
responsabilidades e autoridades 5.5.1 Responsabilidade e autoridade
5.5.2 Representante da direção
6.1 Provisão de recursos
6.2 Recursos humanos
6.3 Infra-estrutura
Competência, treinamento 4.4.2 6.2.1 Generalidades
e conscientização 6.2.2 Competência, conscientização e treinamento
Comunicação 4.4.3 5.5.3 Comunicação interna
7.2.3 Comunicação com o cliente
Documentação 4.4.4 4.2.1 Generalidades
Controle de documento 4.4.5 4.2.3 Controle de documentos
Controle operacional 4.4.6 7.1 Planejamento da realização do produto
7.2.1 Determinação dos requisitos relacionados ao produtos
7.2.2 Análise crítica dos requisitos relacionados ao produtos
7.3.1 Planejamento de projeto e desenvolvimento
7.3.2 Entradas de projeto e desenvolvimento
7.3.3 Saídas de projeto e desenvolvimento
(contínua)
g
mm\\a
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TABELA 5.1 NBR ISO 14001:2004 e NBR ISO 9000:2000 - Correspondências (continuação)
7.3.7
7.4.1 Controle de
Processo dealterações
aquisição de projeto e desenvolvimento
7.4.2 Informações de aquisição
7.4.3 Verificação do produto adquirido
7.5 Produção e fornecimento de serviços
7.5.1 Controle de produção e fornecimento de serviço
7.5.2 Validação dos processos de produção e
fornecimento de serviço
7.5.3 Identificação e rastreabilidade
7.5.5 Preservação do produto
Preparação e resposta 4.4.7 8.3 Controle de produto não-conforme
a emergencias
Verificação (somente título) 4.5 8 Medição, análise e melhoria (somente titulo)
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Outros sistemas têm sido criados para gerir a responsabilidade social, como a SA 8000, criada em 1997
pela Social Accountability International, uma norma voluntária que especifica requisitos de responsabilidade
social auditáveis, de modo que a organização possa im- plementá-los e demonstrá-los a terceiros. As
questões centrais dessa norma são as relações de trabalho, como trabalho infantil, liberdade de
sindicalização, remuneração, discriminação e outras. Entre os requisitos dessa norma está o atendimento a
diversas convenções da Organização Internacional do Trabalho. A norma AA 1000, criada em 1999 pelo
Institute of Social and Ethical AccounlAbility, com sede em Londres, é uma norma de processo que auxilia a
organização a estabelecer melhores práticas de responsabilidade social, tendo como base o diálogo com as
partes interessadas (stakcholders), internas e externas. Os exemplos não param por aí. Observa-se, a partir
de meados da década de 1990, o surgimento de diversas normas e códigos de conduta que tratam de temas
relacionados de algum modo com o meio ambiente e que se enquadram na categoria de acordos
voluntários unilaterais promovidos por entidades independentes. Um elemento facilitador é que a maioria
dessas normas voluntárias é estruturada de acordo com o ciclo PDCA. Essas normas e códigos devem se
articular com o SGA, pois qualquer que seja o entendimento de responsabilidade social, a questão
ambiental deverá ser considerada, ainda que na sua forma mais restrita, que é a conformidade legal.
1. auto-avaliação ou autodeclaração;
2. confirmação por partes interessadas na organização, como os clientes;
3. confirmação de sua autodeclaração por meio de uma organização externa; ou
4. certificação ou registro do seu SGA por uma organização externa 63 .
Em outras
externos. palavras, um
A autodeclaração de SGA pode ser secriado
conformidade realizae por
implementado para alcançar objetivos internos e
meio de avaliações
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internas conduzidas pela própria organização que a criou. Certificação é o procedimento pelo qual uma
terceira parle dá garantia escrita de que um produto, processo ou serviço está em conformidade com os
requisitos especificados. Terceira parte é uma pessoa ou organismo reconhecido como independente das
partes envolvidas, no que se refere a um dado assunto. Registro é o procedimento pelo qual um organismo
indica as características pertinentes de um produto, processo ou serviço, ou características particulares de
64
um organismo ou pessoa, em lista apropriada e disponível ao público .
O SGA pode ser certificado por outras organizações, por exemplo, clientes ou quem os representem. É
possível que clientes avaliem o SGA da organização fornecedora, porém, na prática, o que se observa é a
preferência pelas organizações externas acreditadas para tal no país onde o SGA opera, pois isso evita o
inconveniente de ter organizações interessadas realizando visitas, medindo e conferindo dados,
entrevistando o pessoal e outros procedimentos para verificar a conformidade do SGA aos requisitos da
norma. Com o uso de organizações externas credenciadas, os custos de transações entre as empresas
interessadas se reduzem, o que explica a grande procura por certificações realizadas por organizações
independentes, denominadas Organismos de Certificação Credenciados.
4
ABNT, NBR 1SO/1EC. Guia 2. 1998.
65
ABNT. ABNT ISO/IEC. Guia 66:2001- requisitos gerais para organismos que atuam na avaliação, certificação e
registro de sistemas de gestão ambiental. Rio de Janeiro, 2001.
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Integram o Sinmetro todas as entidades públicas e privadas que exerçam atividades rela-
cionadas com os objetivos acinia.
Principais órgãos
• Órgão normativo: Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Conmetro).
• Órgão executivo central: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro).
• Outros organismos (exemplos):
- Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
Membros do Conmetro
• Ministros de Estado dos seguintes Ministérios: Desenvolvimento; Indústria e Comércio
Exterior; Meio Ambiente; Saúde; Ciência e Tecnologia; Relações Exteriores; Justiça;
Agricultura e Abastecimento.
• Presidentedo Inmetro.
• Presidentedas seguintes instituições: ABNT, Confederação Nacional da Industria (CNI)
e Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
Comitês do Conmetro
• Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade (CBAC).
• Comitê Brasileiro de Normalização (CBN).
• Comitê Brasileiro de Metrologia (CBM).
• Comitê Brasileiro de Regulamentação (CBR).
• Comitê Codcx Alimentarius do Brasil (CCSB).
• Comitê deCoordenação de Barreiras Técnicas ao Comércio (CBTC).
Fonte: Lei 5.966, de 11/12/1973 e outros textos legais decorrentes.
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A certificação de conformidade, que pode ser compulsória ou voluntária, é o ato pelo qual um
organismo de certificação atesta que um sistema, processo, produto ou serviço atende os requisitos
especificados pelas normas pertinentes. No caso do SGA tratado nesse capítulo, trata-se de certificação
voluntária. No Brasil, um Organismo de Certificação Credenciado (OCC) é uma organização de terceira
parte credenciada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro),
órgão executivo central do Sinmetro. Credenciamento é o modo pelo qual um órgão autorizado reconhece
formalmente que uma entidade, pessoa ou organização é competente para realizar tarefas específicas,
segundo os princípios e requisitos estabelecidos pela legislação do país. Um desses requisitos procura
manter a independência dos organismos de certificação, para impedir que eles sejam contratados para
auxiliar a organização em relação ao funcionamento do seu SGA com vistas a facilitar a certificação.
Todos os OCCs devem passar por um processo de credenciamento segundo os critérios estabelecidos
pela legislação brasileira, para poderem emitir certificados de conformidade válidos no Brasil. Isso pode
ser insuficiente quando o que está em jogo é o comércio internacional. Por isso, os OCCs têm como prática
se credenciarem em vários países para que os certificados emitidos por eles tenham uma aceitação mais
ampla. A quantidade de credenciamentos estrangeiros e a credibilidade do sistema de credenciamento
atuam como elementos de promoção do OCC, quando da escolha por parte da organização interessada em
certificar seu SGA. Um OCC credenciado apenas pelo Inmetro terá menos apelo promocional que outro
que ostente em seu portfólio credenciamentos pelo RAB norte-americano, DAR alemão, JAB do Japão e
outros órgãos credenciadores de importância reconhecida mundialmente 66 .
Um SGA requer a formulação de diretrizes e o envolvimento de todos os segmentos da empresa para
tratar das questões ambientais de modo integrado com as demais atividades da empresa. Segundo a
norma ISO 14001, uma organização que possua um SGA poderá equilibrar e integrar interesses
econômicos e ambientais e alcançar vantagens competitivas significativas. Um dos objetivos explícitos das
normas ISO em geral é contribuir para eliminar as barreiras técnicas injustificadas de acordo com as novas
regras de comércio
66
RAB = Registrar Accréditation Board/National Accreditation Program ; DAR = Deutscher AkkrediticriingsRat; JAB =
Japan Accreditation Board for Conformity Assessment. Outros órgãos credenciadores importantes: RvA = Raad
Voor Acreditatie (Países Baixos); Enac = Entidad Nacional de Acreditación (Espanha); Ukas = United Kingdom
Accreditation Service (Reino Unido); Confrac = Comité Français d’Accreditacum; Sincert = Sisiema Nazionale per
IlAccreditamento degli Organsimi di Cenificazione (Itália).
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internacional pós Rodada Uruguai. Tem sido voz corrente afirmar que a certificação do SGA constitui um
pedágio que a empresa deve pagar para poder participar desse mercado.
A normalização de um modo geral desempenha um papel fundamental nos processos de produção e
distribuição, podendo facilitar ou criar obstáculos ao comércio internacional. A existência de várias
normas de âmbito nacional sobre uma mesma matéria constitui uma barreira ao comércio, pois aumenta os
custos do exportador que pretende atender a mais de um mercado. Uma norma internacional gera
economia de recursos para o produtor e maior segurança para o consumidor e torna mais ágil o comércio
entre nações, pois permite simplificar e uniformizar procedimentos administrativos e operacionais. Apesar
disso, há uma certa desconfiança nos países não desenvolvidos de que as normas sobre SGA elaboradas
pela ISO possam se tornar barreiras técnicas para proteger empresas dos países desenvolvidos, que
operam com custos mais elevados decorrentes de legislações mais rigorosas. Essa preocupação não é
totalmente desprovida de sentido, porquanto se sabe que as questões ambientais têm sido usadas como
pretexto para práticas protecionistas e a normalização ambiental no âmbito da ISO está sendo conduzida
sob a regência de órgãos de normalização de países desenvolvidos (ver Quadro 5.2), nos quais a prática do
protecionismo comercial baseado em critérios técnicos é amplamente difundida.
Para concluir, um SGA é um instrumento cle gestão ambiental que deve estar integrado ã gestão global
da organização. Não faltam os que criticam os SGAs, lembrando que eles podem ser certificados mesmo
não estando totalmente conforme a legislação ambiental. Notícias na imprensa sobre problemas ambientais
em organizações com SGAs certificados alimentam o ceticismo em relação a esse instrumento de gestão
ambiental empresarial. Não faz sentido exigir que uma organização esteja totalmente conforme a
legislação para só então criar um SGA. Esse sistema permite que se identifique onde e de que modo a orga-
nização não está atendendo a legislação, para encontrar meios de superar as não-conformi- dades. Mesmo
que a organização esteja cumprindo plenamente os requisitos legais num momento, dada a natureza
evolutiva das legislações, no momento seguinte ela poderá deixar de atendê-los, necessitando novos
procedimentos para ajustar-se às novas exigências legais. Um SGA conforme os requisitos da ISO 14001
facilita o acompanhamento da legislação e a busca de conformidade legal. Mas um SGA não gira apenas
em torno da legislação. A melhoria contínua é um requisito essencial do SGA, de modo que a sua imple-
mentação deve produzir ao longo do tempo um desenvolvimento geral no desempenho ambiental da
organização que ultrapasse as exigências legais. Se críticas como as apontadas anteriormente não
condizem com os objetivos e alcances de um SGA, conforme os modelos aqui citados, por outro lado, esse
instrumento de gestão não deve ser entendido como
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ma panacéia para todos os problemas ambientais gerados pela empresa. O SGA deve ser entendido como
m entre muitos instrumentos para abordar tais problemas e, se for bem implantado e operado, fará com
que a empresa melhore continuamente o seu desempenho ambiental.
ermos e conceitos
Aspecto ambiental importantes ISO 9000:2000 Sistema Comunitário de
Avaliação do ciclo de vida Ecogestão e Auditoria
Família de Normas ISO
Avaliação do desempenho (Emas)
14000 Normas voluntárias
ambiental Sistema Nacional de
de SGA Organismo de
Certificação do Sistema de Metrologia,
Certificação Credenciado
Gestão Ambiental (SGA) Normalização e
Política ambiental
Conceito de sistema Qualidade Industrial
Requisitos de um SGA
Elementos de um SGA (Sinmetro)
Rótulos ambientais
Impacto ambiental Sistemas de gestão ambiental
Indicadores de desempenho (SGA)
ambiental
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Nossa empresa utilizará princípios e práticas de gestão ambiental coerentes com esses compromissos e com os objetivos e metas
ambientais estabelecidos e revistos anualmente. Iodos os interessados poderão obter informações sobre nossos objetivos e
práticas ambientais, bem como de nosso desempenho ambiental em nosso website. \wAv.produtosqueduramuitomais.com.br.
Anualmente publsaremos um relatório ambiental que estará disponível nesse site e aceitaremos com satisfação as criticas
construtivas que nos erwiarem.
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Referências
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ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 2005.
. ABNT. NBR ISO 14004:2005 - Sistemas de Gestão Ambiental: diretrizes gerais sobre
princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 2005, cláusula 4.2.
. NBR ISO 14001:2004 - Sistemas de Gestão Ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro, 2004.
ABNT ISO/TR 10013:2002. Diretrizes para a documentação de sistemas de gestão da
qualidade. Rio de Janeiro, ABNT, 2002.
. NBR ISO 9000:2000: Sistemas de Gestão da Qualidade: fundamentos e vocabulário.
Rio de Janeiro, 2000.
. NBR ISO 9001:2000: Sistemas de Gestão da Qualidade: requisitos. Rio de Janeiro,
2000.
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________ . ABNT ISO/irC Guia 66:2001- Requisitos gerais para organismos que atuam na
avaliação, certificação e registro de sistemas de gestão ambiental. Rio de Janeiro, 2001.
________ . NBR 1SO/IEC: Guia 2:1998 - normalização e atividades relacionadas: vocabulário
geral. Rio de Janeiro, julho de 1998.
BRASIL. Lei 9.605, de 12/2/1998 - Dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
o
atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências (Lei dos Crimes Ambientais), art. 14, § I .
BRITISH STANDARDS INSTITUTION. BS 7750 - Specification for environmental management system. London:
British Standards Institution, 1992.
CAJAZE1RA, J.E.R; BARB1ERI, J.C. A nova versão da norma ISO 14001: as influências presentes no primeiro
ciclo revisional e as mudanças efetuadas. In: Revista Eletrônica de Administração - REAd. Porto Alegre, UFRGS,
Edição 48, v. 11 n. 6, Nov. - Dez. de 2005. Disponível em <www.read.ea.ufrgs.br>.
CONSELHOS DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS. Regulamento (CEE) N 2 1.836, de 29/07/1993, que institui a
participação voluntária das empresas industriais num sistema comunitário de ecogestão e auditorias (Emas) -
Eco-management and audit scheme). Jornal Oficial das Comunidades Européias, n. L. 168/1, p. 01-18, 10 julho de
1993.
. Regulamento n. 761, de 19 de março de 2001, que institui a participação voluntária das
empresas industriais num sistema comunitário de ecogestão e auditorias (revoga o Regulamento n. 1836/93).
Jornal Ofic ial das Comuni dades Européi as, n. L. 114, p. 0 1-29, 24 de abri l de 2001.
. Decisão n. 265, de 16 de abril de 1997, relativa ao reconhecimento da norma internacional
ISO 14001:1996 e da norma européia EN ISO 14001:1996, que estabelecem especificações para os SGA. Jornal
Oficial das Comunidades Européias, n. L. 104, p. 37-38, 22 de abril de 2001.
CONSELHOS DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS. Decisão n. 196, de 03 de fevereiro de 2006, que altera o
Anexo I do Regulamento 761/2001 para tomar em conta a norma européia EM ISO 14001:2004 e revoga a
Decisão 97/265/CE. Jornal Oficial das Comunidades Européias, n. L.32/2004, p. 32-34, 04 de fevereiro de 2006.
INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE (ICC). ICC Guide to effective environmental auditing. Paris:
OCDE. 1991.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO/Central Secretariat). My ISO job:
guidance for delegates and experts. Genebra, ISO, 2005.
_________ ISO 14063:2006 - environmental management - environmental communication -
guideline and exemples. Genebra, ISO, 01/8/2006.
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6
Auditorias ambientais
As auditorias ambientais são instrumentos de múltiplos propósitos e um dos mais antigos que se
conhece. A auditoria entendida como exame, conferência ou apuração de fatos já era empregada há muito
tempo e existem relatos de seu uso na Antigüidade, como atestam diversos textos sobre auditoria contábil.
Boynion e Kell mostram que as autoridades do aniigo Egito, da Grécia e de Roma usavam verificações
independentes sobre registros de cobranças de impostos e pagamentos autorizados 1. Com o
desenvolvimento do comércio e da contabilidade a partir do século XV, essa atividade de conferência se
desenvolve, recebe o nome de auditoria contábil e surgem pessoas encarregadas de executá-la, os
auditores, uma palavra de origem latina, auditore, que significa ouvinte ou aquele que ouve, indicando que
ouvir as pessoas era um dos principais meios para realizar as conferências, revisões e apurações dos
registros contábeis. As conferências e registros sobre a segurança de navios e cargas para efeito de seguro
tornaram-se habituais a partir dos séculos XVII e XVIII. As auditorias de qualidade só começaram a ser
praticadas nas primeiras décadas do século XX, impulsionadas pelos programas de fornecimento de
material bélico. As auditorias ambientais são mais recentes; elas começam a aparecer em meados do século
XX como parte dos trabalhos de avaliação de desastres de grandes proporções, envolvendo explosões e
vazamentos seguidos de contaminações em fábricas, refinarias, gasodutos, terminais portuários e outros.
Porém, é a partir da década de 1970 que ela se torna um instrumento autônomo de gestão ambiental,
inicialmente com o objetivo de averiguar o cumprimento das leis ambientais que estavam se tornando
cada vez mais rigorosas, principalmente sob a influência da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo
em 1972.
No inicio, as auditorias ambientais buscavam basicamente assegurar a adequação das empresas às leis
ambientais dentro de uma postura defensiva, ou seja, procuravam identificar
1 BOYNTON, William C.; KELL, Walter G. Modern auditing. New York: John Wiley & Sons, 1992. p. 8.
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possíveis problemas relacionados com multas, indenizações e outras penalidades ou restrições contidas
nas diversas leis federais, estaduais e locais. Muitas organizações começaram a realizar auditorias
voluntárias e os órgãos governamentais passaram a estimular tal prática. Ao final da década de 1980, já
existia uma razoável experiência internacional sobre esse instrumento, que em grande parte se beneficiou
dos avanços em outros tipos de auditoria, como a contábil e a de qualidade. A preocupação legalista
predominava nessas auditorias, denominadas auditorias de conformidade ou de cumprimento. Com o
tempo, outras considerações foram sendo acrescentadas e, com isso, a expressão auditoria ambiental tornou-
se bastante elástica, podendo significar uma diversidade de atividades de caráter analítico voltadas para
identificar, averiguar e apurar fatos e problemas ambientais de qualquer magnitude e com diferentes
objetivos.
Praticamente todas as iniciativas voluntárias, algumas já mencionadas anteriormente, recomendam a
realização de auditorias ambientais de modo regular e sistemático. A Carta Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável da ICC estabelece no seu 16 e princípio que a empresa deve medir o
desempenho ambiental, realizar auditorias ambientais regularmente, obedecer às normas legais e divulgar
informações apropriadas ao conselho de diretores, aos empregados, aos acionistas, às autoridades e ao
público em geral (ver Anexo V). As auditorias anuais e a divulgação dos seus resultados constam do 10 a
princípio Ceres (Quadro 3.4). A realização de auditorias de modo regular faz parte dos estágios mais avan-
çados de preocupação ambiental, como são as abordagens de prevenção da poluição e estratégica,
mostradas no Capítulo 4.
(a) atendimento à legislação nacional, estadual e local aplicável ao setor em que a organização ou suas
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(c) situação das licenças concedidas e em tramitação nos órgãos ambientais e correlatos;
(d) termos de compromisso firmados com o órgão ambiental;
(e) situação das ações movidas contra a organização, por exemplo, para reparação de danos ambientais;
(f) reclamações de trabalhadores, sindicatos, vizinhos, imprensa, ONGs e outros quanto ao não-
atendimento de medidas legais.
Em sua origem a auditoria de conformidade teve um caráter reativo, uma vez que as primeiras normas
legais quase sempre eram do tipo comando e controle. Com o surgimento de instrumentos econômicos de
política pública ambiental, as auditorias de conformidade também podem apresentar um caráter proativo,
na medida que revelem oportunidades relacionadas a tributos, subsídios, compras governamentais e
outras espécies desse gênero de instrumentos tratados no Capítulo 3. Uma extensão desse tipo de
auditoria é a de desempenho ambiental, que tem o propósito de identificar o grau de atendimento a certos
parâmetros de planejamento e controle, por exemplo, redução das quantidades de emissões lançadas ao
meio ambiente por tipo de poluente, previstos ou não pela legislação.
A due diligence é um tipo de auditoria de escopo amplo voltada para identificar questões que afetam ou
poderão afetar o patrimônio da empresa. Ela avalia a responsabilidade da empresa perante acionistas,
governos, empregados, clientes, bancos, fornecedores, representantes comerciais e outras partes
interessadas, com o objetivo de avaliar a situação legal (civil, comercial, trabalhista, tributária, ambiental
etc.) e conhecer o verdadeiro valor da empresa identificando os passivos ocultos e as contingências não
provisionadas no balanço patrimonial. Além das questões ambientais anteriormente mencionadas, outras
tratadas na due diligence são as seguintes:
(a) questões societárias: contrato social, acordos com acionistas, emissões de ações, distribuição de
dividendos, participação em outros grupos econômicos;
(b) questões fiscais: planejamento tributário, incentivos fiscais, créditos fiscais, processos administrativos
e judiciais, passivos fiscais e contingências;
(c) questões trabalhistas: política de recursos humanos, contratos de trabalho, acordos com sindicatos,
acidentes de trabalho, atendimento às normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, processos
administrativos e judiciais, passivos trabalhistas e contingências;
(d) questões financeiras e contratuais: empréstimos, contratos com fornecedores, empreiteiros, clientes,
garantias, provisões para devedores duvidosos;
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uestões patrimoniais: escrituras e certidões negativas, compromissos de compra e venda de bens móveis e
imóveis, impostos, taxas e multas, valor dos ativos e critérios de depreciação, valor das marcas (brand equity ),
patentes e outros ativos intangíveis.
Tipo de
Auditoria Objetivoso grau de conformidade com a
Verificar Principais instrumentos de referência
Legislação ambiental
conformidade legislação ambiental. Licenças e processos de licenciamentos
Termos de ajustamento
Auditoria de
desempenho ambiental Avaliar o desempenho de unidades produtivas Legislação ambiental em relação à geração de
poluentes e ao Acordos voluntários subscritos consumo de energia e materiais, bem como
Normas técnicas aos objetivos definidos pela organização. Normas da própria organização
Due diligence Verificação das responsabilidades de uma
empresa perante acionistas, credores,
fornecedores, clientes, governos e outras Legislação ambiental, trabalhista, societária,
partes interessadas. tributária, civil, comercial etc Contrato social,
acordos com acionistas e empréstimos
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A due diligence tem sido utilizada nos processos de avaliação de empresas para efeito de cisão,
aquisição e fusão, bem como em aplicações de recursos em participação societária, em empresas sob a
modalidade de prívate cquity. A identificação de passivos ocultos permite que os investidores paguem o
preço mais próximo da realidade, pois do contrário, poderão estar pagando duas vezes, uma quando das
transações e outra depois que os passivos ocultos começarem a ser exigidos. Para o comprador, as
informações obtidas por esse tipo de auditoria permitem conhecer o valor das obrigações futuras (custo
para descontaminar uma área, indenizações por danos etc) para descontar do preço a ser pago na
transação, bem como para elaborar medidas para administrar a transição do controle societário, uma fase
geralmente turbulenta e que pode comprometer os objetivos do novo controlador.
A auditoria de fornecedor é empregada nos processos de seleção e avaliação de produtos e fornecedores.
Esse tipo de auditoria pode ser necessário para empresas que mantêm um Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) de acordo com as normas ISO 14001 e o Emas, comentados no capítulo anterior. Como os produtos
e serviços adquiridos pela organização interagem com o meio ambiente, eles devem ser considerados
como aspectos ambientais e avaliados, de modo que os que geram impactos significativos devem ser
considerados ao definir objetivos e metas do SGA. Como esses produtos e serviços são aspectos
ambientais de controle indireto da empresa, é importante incluir critérios ambientais nos processos de
seleção de produtos e serviços e de seus fornecedores. O exame desses critérios pode exigir, além da
análise do produto em si ou dos materiais que suportam os serviços, uma verificação do processo de
produção e de seus impactos ambientais.
Auditorias ambientais localizadas podem ser realizadas com o objetivo específico de detectar
problemas ou oportunidades em áreas ou atividades, tais como:
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Um exemplo de auditoria localizada é a de desperdício (wastc audit). Para o PNUMA e Unido, esse
tipo de auditoria é o primeiro passo de um programa permanente para otimizar o uso dos recursos e
aperfeiçoar o desempenho ambiental de uma organização. Ela permite conhecer os fluxos de materiais e
identificar os pontos que merecem atenção para reduzir desperdícios e os custos decorrentes. Essa
auditoria procura identificar os pontos de perdas ou desperdícios de materiais e energia nos processos
produtivos, examinando equipamentos, rotinas e procedimentos produtivos de modo sistemático, a fim de
eliminar ou reduzir emissões e resíduos, ao mesmo tempo que aumenta a eficiência do processo produtivo
e melhora as condições de trabalho 2.
2
PNUMA; UNIDO. Audit and reduction manual for industrial emissions and waste. Technical Report Series, n.
7, Viena, 1991.
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uma auiodeclaração de conformidade com os requisitos. Auditoria de segunda parte ocorre quando uma
organização cliente, ou alguém em nome dela, audita o SGA da organização fornecedora para atestar sua
conformidade com os requisitos da norma e sua eficácia para promover melhorias no desempenho
ambiental. A auditoria de terceira parte é conduzida por uma entidade externa independente, por
exemplo, um Organismo de Certificação Credenciado (OCC), conforme mostrado no final do capítulo
anterior, com o objetivo de certificação.
registros de conformidade
normativos, com requisitos
como os das normas NBR ISO constantes em documentos
9001 e NBR ISO 14001.
Fonte: adaptado de ABNT. NBR ISO 9000:2000: sistemas de gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário,
Rio de Janeiro, 2000. Subseção 3.9.1.
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3
INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE (ICC). ICC Guidc to cffcctive environmental audi- ting. Paris,
1991. p. 3.
4
Ibid., p. 4.
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Uma questão amplamente enfatizada pela ICC é o caráter voluntário da auditoria ambiental. Porém,
como se verá mais adiante, há quem defenda a sua obrigatoriedade, sendo que diversas normas legais já
foram aprovadas em diversos países, inclusive no Brasil, tornando- a uma obrigação legal. O Quadro 6.4
resume os objetivos e os benefícios da auditoria ambiental segundo a ICC. Entre os principais objetivos
estão a identificação e a documentação do síatus da conformidade da empresa e o aperfeiçoamento dos
sistemas de gestão. Conforme os programas de auditoria amadurecem, os seus critérios vão evoluindo,
como mostra a Figura 6.1. A evolução caminha no sentido da identificação de problemas ambientais para
5
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Resolução Nü 986. de 21/11/2003 - aprova a
Norma Brasileira de Contabilidade NBC-T-12 de auditoria independente. Brasília, 2003.
6
BRASIL. Resolução N 820, de 17/12/1997 - aprova a Norma Brasileira de Contabilidade NBC-T- 11 de auditoria
ü
independente das demonstrações contábeis com alterações e dá outras providências. Brasília, CFC, 1997.
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a verificação do status do cumprimento das normas legais e das políticas internas e daí segue para a
confirmação da ausência de problemas, à medida em que eles são resolvidos ou controlados de modo
seguro. As linhas interrompidas da Figura 6.1 indicam que sempre haverá a necessidade de identificar
problemas e verificar o status do cumprimento das normas e das políticas da empresa. Como uma
atividade típica do processo de controle, genericamente considerada, a auditoria compara resultados com
políticas, objetivos e metas, com vistas a detectar o grau de seu alcance e, com isso, realimentar o processo
de planejamento.
Objetivos Benefícios
• Identificar e documentar o status da Provê segurança aos administradores de que os
conformidade • riscos
ambiental. estão sendo geridos adequadamente.
• Prover confiança ao administrador sênior. • Melhora a reputação da empresa na comunidade
• Auxiliar os administradores a melhorar o e
entre as autoridades ambientais.
desempenho ambiental da empresa. • Mostra aos empregados que a administração
• Acelerar o desenvolvimento dos sistemas de dedica alta prioridade para a proteção ambiental.
gestão ambiental. • Assegura à administração da planta que os
• Aperfeiçoar o sistema de gestão de riscos riscos
serão adequadamente controlados.
ambientais.
• Proteger a empresa de responsabilidades
ambientais.
Fonte: Adaptado de ICC, 1991, p. 9 e 11.
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Figura 6.2, e que será resumido a seguir, é o indicado pela ICC para a realização de uma auditoria do SGA.
Este esquema também pode ser adaptado para outros tipos de auditoria ambiental.
Grau de sofisticaç o
Tempo
A pré-auditoria (Fase 1) envolve a seleção da unidade ou dos recursos que serão audi- tados, o
planejamento da auditoria propriamente dita, incluindo os objetivos, a abrangência, as prioridades e a
definição da equipe. A definição do escopo é uma das áreas-chave para conduzir um programa de
auditoria. É nessa fase que se definem os limites da atuação dos auditores, limites que podem ser
estabelecidos em termos:
(a) geográficos, que delimitam a área (país, estado, município ou bairro) que será coberta pelo programa
de auditoria. É mais fácil começar a auditoria em territórios mais familiares e depois expandir para
outros locais. Línguas e culturas diferentes dificultam as auditorias e exigem mais tempo para planejá-
las;
(b) temáticos, que definem as questões que serão objeto da auditoria, por exemplo, saúde, segurança e
meio ambiente. Em auditorias de escopo restrito, como auditoria de fornecedor,
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o seu escopo temático pode se referir a um ou mais aspectos ambientais do fornecedor atual ou
potencial, por exemplo, controle da poluição ou eficiência energética;
(c) de unidades de negócio, que definem quais operações ou unidades da organização serão auditadas;
(d) de tempo, que delimitam o período que será considerado para efeito de coleta de informações e
análise. Não se confunde com o período da auditoria, ou seja, o tempo para realizá-la. Exemplo: se
uma organização realiza auditoria numa de suas unidades a cada dois anos, esse é o período a ser
considerado e terá como início o final da auditoria anterior; as atividades de auditorias poderão levar
duas semanas.
▼ trabalho
Definir a equipe e »
conlirmar a sua Avaliar pontos fracos e fortes
disponibilidade Riscos internos -> Controles Relatório final ->
internos Distribuição
▼
T
Colher evidências -» Plano de ação Propor
Avaliação -»Verificação -> ações coerentes com os
Plano da auditoria -> Definir
Amostragem
escopo -> Prioridades -> resultados Estabelecer as
Recursos -> Protocolos responsabilidades para as ações
1
▼
Avaliação dos resultados
corretivas [ Estabelecer prazos
Coletar informações -> Reunião de
-> Discutir o plano encerramento
-> Visitar o local, se ▼
for necessário Relatório inicial I
-> Questionário de -> Discussão das
Acompanhamento
pré-auditoria conclusões
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Protocolo é um guia ou uma lista de verificação que estabelece procedimentos a fim de obter
evidências de auditoria. Esse documento é preparado pelo auditor-líder e varia caso a caso, conforme os
objetivos e o escopo da auditoria. O seu grau de detalhamento também depende de cada caso, podendo
variar de um guia genérico até uma lista com perguntas especificas 7. O importante é que ele facilite o
trabalho dos auditores e permita que haja uniformidade no tratamento de questões similares. Um
protocolo detalhado e seqüenciado passo a passo facilita as etapas posteriores, pois permite que sejam
feitas anotações com respeito às questões especificas, de modo que ele se torna também um documento de
trabalho de campo.
A auditoria propriamente dita (Fase 2: atividades no local) se desenvolve em cinco passos, começando
pelas atividades voltadas para a compreensão do sistema de gestão e dos processos e controles
administrativos e operacionais. Nessa fase, o plano inicial pode ser revisto para incluir aspectos não
considerados na pré-auditoria. No segundo passo, avaliam- se os pontos fortes e fracos dos controles
internos e dos riscos associados a eles. No terceiro são reunidas evidências fazendo perguntas, observando
in loco e realizando testes. O passo seguinte é a avaliação das evidências e a elaboração de uma lista
completa dos resultados. A auditoria propriamente dita se completa com a elaboração de um relatório
preliminar apresentando as evidências e as conclusões das avaliações e submetendo-o a discussões para
eliminar ambigüidades e identificar possíveis ações a serem empreendidas.
As atividades de pós-auditoria envolvem a preparação de um esboço de relatório final, incorporando
as considerações pertinentes feitas durante essas discussões, tais como recomendações sobre medidas
urgentes ou inadiáveis, progressos alcançados e sugestões de melhoria para a elaboração de um plano de
ação 8. Uma questão sempre problemática nos processos de auditoria é a distribuição do relatório. É
comum a preparação de relatórios distintos para profissionais diferentes. Por exemplo, o relatório para a
diretoria geralmente apresenta os dados de modo sintético, enfatizando os resultados mais significativos; o
relatório para o gerente da fábrica deve ser detalhado, pois deve conter questões operacionais pertinentes
à fábrica. Com base nos elementos fornecidos pela auditoria, preparam-se planos de ação que podem já ter
sido esboçados durante as fases finais da auditoria.
Uma das principais contribuições da ICC foi sem dúvida a de promover a auditoria ambiental como
um componente da gestão ambiental e enfatizar que ela não deve se restringir
7
INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE (ICC), 1991. p. 33.
lbicl., p. 25-33.
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aos aspectos meramente legalistas, embora a verificação da conformidade legal constitua um aspecto
central desse instrumento de gestão. Na realidade, esse instrumento será mais ou menos legalista
conforme o estágio da empresa em matéria ambiental. Quando a empresa adota uma abordagem de
controle da poluição, como mostrado no Capítulo 4, as auditorias ambientais se voltam preferencialmente
para avaliar a conformidade da empresa às normas legais a que está sujeita. Quando as questões
ambientais são abordadas preventivamente ou como uma dimensão estratégica do seu negócio, as
auditorias ambientais tornam-se auditorias de negócio sem, evidentemente, deixar de contemplar as
disposições legais vigentes e as tendências de alterações futuras.
9
CONSELHOS DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS. Regulamento 761, de 19 de março 2001, Art. 2 o , d efi niç ão 1 .
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O programa de auditoria ambiental da organização deve definir por escrito os objetivos de cada
auditoria ou ciclo de auditoria, incluindo a respectiva freqüência de cada uma das atividades. Esses
objetivos devem incluir, expressamente, a avaliação do SGA existente e a determinação da conformidade
com a política e o programa da organização, bem como o cumprimento das disposições regulamentares
relevantes em matéria ambiental. Deve, ainda, definir e identificar explicitamente, para cada fase do ciclo,
as áreas temáticas abrangidas, as atividades que serão objetos do programa de auditoria, os critérios
ambientais considerados e o período abrangido.
O auditor pode ser uma pessoa ou uma equipe, pertencente ou não aos quadros da organização, que
age em nome do órgão superior de administração da organização e que dispõe, individual ou
coletivamente, das seguintes competências: conhecimento adequado dos setores e áreas a serem auditadas,
incluindo conhecimentos e experiências sobre as questões referentes aos aspectos ambientais, técnicos,
regulamentares e de gestão; formação e competência específica para a realização de auditorias, necessárias
para atingir os objetivos fixados; e suficiente independência em relação às atividades que são objeto da
auditoria para a emissão de pareceres objetivos e isentos 10 .
10
Ibid., Regulamento CE r£ 761/2001, Anexo II - requisitos relativos à auditoria ambiental, seções 2.1 a 2.4.
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O regulamento do Emas não detalha o processo de auditoria em fases, mas apenas os pontos
essenciais que devem ser considerados. Pode-se usar o esquema recomendado pela ICC, pois não há
conflito entre esses dois processos. Os resultados e as conclusões da auditoria devem ser formalmente
comunicados ao órgão superior de administração da organização. O cliente da auditoria é esse órgão e
isso faz com que as conclusões e os resultados da auditoria sejam encaminhados a ele. Ao final de cada
auditoria ou ciclo de auditoria, os auditores devem elaborar um relatório de auditoria escrito, cuja
apresentação e conteúdo assegurem uma comunicação exaustiva e formal dos resultados e conclusões.
Entre os objetivos desse relatório estão os seguintes: comunicar à administração o grau de
cumprimento da política ambiental e os progressos ambientais da organização; fornecer informações sobre
a eficácia e a confiabilidade das medidas adotadas para monitorar os impactos ambientais produzidos
pela organização; e demonstrar a necessidade de medidas corretivas, sempre que justificadas. Se for o
caso, o processo de auditoria deve culminar na elaboração e aplicação de um plano de medidas corretivas
pertinentes. Devem ser criados mecanismos que assegurem que a organização dará seguimento aos
resultados e às conclusões da auditoria.
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por esse Subeomitê foram substituídas pela ISO 19011:2002 12 . Também foram substituídas as normas sobre
auditoria de sistemas de gestão da qualidade relacionadas com as normas da série ISO 9000. A partir de
então, os dois sistemas de gestão passam a ter suas auditorias orientadas pela mesma norma.
A norma ISO 19011:2002 apresenta orientações sobre princípios de auditoria, gestão de programas de
auditoria, realização de auditorias de sistemas de gestão da qualidade e gestão ambiental, bem como sobre
a competência, educação e avaliação dos auditores. É uma norma abrangente quanto aos temas tratados,
embora não estabeleça requisitos como fazia a norma ISO 14010:1996, que foi substituída. Mas como diz a
norma ISO 19011, embora só forneça orientações, os usuários podem aplicá-la no desenvolvimento de seus
próprios requisitos relativos à auditoria. Essa norma vale para todos os tipos de auditorias consideradas
no Quadro 6.2, ou seja, auditorias internas e externas, ou ainda, de primeira, segunda e terceira partes.
Essa norma define auditoria ambiental como um processo sistemático, documentado e independente para
obter evidências de auditoria e avaliá-las objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios de
auditoria são atendidos. Percebe-se claramente a influência da ICC nessa definição de auditoria.
Um aspecto presente em todas as definições de auditoria de sistemas de gestão é a idéia de atividade
sistemática, documentada e baseada em critérios objetivos. Evidências de auditoria são registros,
apresentação de fatos ou outras informações, pertinentes aos critérios de auditoria. As evidências são
verificáveis e normalmente baseiam-se em entrevistas, exames de documentos, observações das atividades,
resultados de medições e ou
políticas, procedimentos ensaios ou outros
requisitos meios
que são de coleta
usados comodereferência
informação. Critérios
contra a qualde asauditoria são
evidências
coletadas são comparadas. Cliente é a organização ou pessoas que solicitaram uma auditoria. Constatações
cle auditoria são os resultados das evidências da auditoria coletadas e comparadas com os critérios de
auditoria acordados. Escopo, como apresentado anteriormente, descreve a extensão e demarca os limites
da auditoria como localizações físicas, unidades da organização, atividades e processos a serem auditados,
bem como o período a ser considerado 13 .
12
As normas substituídas pela ISO 19011:2002 são as seguintes: ISO 14010:1996 - Diretrizes para auditoria
ambiental: princípios gerais: ISO 14011:1996 - Diretrizes para auditoria ambiental: procedimentos de
auditoria de sistema de gestão ambiental e ISO 14012:1996 - Diretrizes para auditoria: critérios de
qualificação de auditores ambientais. Todas foram publicadas pela ABNT. Para efeito de simplificação, a
norma NBR ISO 19011: 2002 será citada como ISO 19011.
13
ABNT. NBR ISO 19011:2002: Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. Rio
de Janeiro, 2002. Todas essas definições foram extraídas da Seção 3 - termos e definições.
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Princípios de auditoria
Os princípios de auditoria da norma ISO 19011 constituem um pré-requisito para fornecer conclusões
de auditoria relevantes e suficientes. Eles objetivam gerar confiança ao trabalho dos auditores e permitem
que, mesmo quando trabalham de modo independente, cheguem a conclusões semelhantes, se as
circunstâncias forem semelhantes. Essa norma subdivide os princípios em dois conjuntos: um relacionado
à auditoria e outro, aos auditores. Esse último contém os seguintes princípios:
(a) conduta ética, na qual se fundamenta o profissionalismo do auditor e se manifesta pela confiança,
integridade, confidencialidade e discrição como atributos essenciais para auditar;
(b) apresentação justa, que é a obrigação de reportar com veracidade e exaiidão as constatações,
conclusões e relatórios de auditoria, refletindo verdadeiramente e com precisão as atividades de
auditoria;
(c) devido cuidado profissional, considerando a importância da tarefa confiada aos auditores, depositada
pelos clientes e outras partes interessadas.
devem ser independentes das atividades a serem auditadas e livres de tendências e conflitos de interesses.
O segundo princípio refere-se ao método racional para alcançar conclusões de auditoria confiáveis e
reproduzíveis em um processo sistemático de auditoria. As evidências devem ser verificáveis, podendo
basear-se em amostras das informações disponíveis, uma vez que a audit oria se realiza em períodos de
tempo finitos e com recursos finitos 14 .
Programas de auditoria
Programa de auditoria é um conjunto de auditorias planejado para um período de tempo específico e
direcionado a um propósito específico. Pode referir-se a uma ou mais auditorias e inclui todas as
atividades necessárias para o seu planejamento, organização e execução. Pode ocorrer a necessidade de
mais de um programa de auditoria, dependendo
14 Ibid., seção 4.
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(a) uma série de auditorias internas que cobrem o sistema de gestão da qualidade de uma organização
durante o ano em curso;
(b) auditorias de segunda parte do sistema de gestão de fornecedores potenciais de produtos críticos, a
serem realizadas num período de seis meses;
(c) auditorias de certificação e de acompanhamento realizadas por uma organização de terceira parte em
um SGA, dentro de um período de tempo acordado contratualmente entre esta organização e o
cliente 15 .
Caso a organização a ser auditada opere sistemas de gestão da qualidade e de gestão ambiental, o
programa de auditoria pode incluir auditorias conjuntas, desde que leve em consideração as competências
da equipe de auditoria. Duas ou mais organizações podem cooperar entre si para realizar auditorias
conjuntas, caso em que se recomenda prestar atenção especial à divisão de responsabilidade, à
competência da equipe, à provisão de recursos adicionais e aos procedimentos adequados 16 .
A norma ISO 19011 recomenda que a organização conceda autoridade a um ou mais indivíduos para
gerenciar o programa de auditoria e quem for designado para isso deve estabelecer, implementar,
monitorar, analisar criticamente e melhorar o programa, bem como identificar os recursos necessários ao
programa e assegurar que eles sejam providos. As atividades de um programa cle auditorias obedecem à
metodologia do PDCA, conforme ilustra a Figura 6.3. O Quadro 6.5 apresenta um resumo das atividades
típicas de auditoria recomendadas por essa norma. Note a semelhança dessas atividades com as da Figura
6.2, referente ao processo de auditoria proposto pela ICC.
Os objetivos do programa podem basear-se em: prioridades da direção; intenções comerciais;
requisitos do sistema de gestão da qualidade ou ambiental; requisitos estatutários, regulamentares e
contratuais; necessidades cle avaliação de fornecedor; requisitos do cliente; necessidades de outras partes
interessadas; e riscos para a organização. Exemplos: verificar conformidade com requisitos contratuais,
obter confiança na capacidade de um fornecedor e contribuir para a melhoria do sistema de gestão. A
abrangência do programa
le
Ibid., item 5 - Ajuda prática.
1
Ibid., item 5.1 - Gerenciando programas de auditoria - generalidades.
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17
ld., item 5.2 - Objetivos e abrangência do programa de auditoria.
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Fonte: ABNT. NBR ISO 19011:2002: Diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da qualidade e/ou
ambiental. Rio de Janeiro, 2002, Figura 1. Obs.: os números entre parênteses referem-se às subseções da norma
ISO 19011:2002.
(a) métodos e técnicas de gestão ambiental, como terminologia ambiental, princípios e ferramentas de
gestão;
(b) ciência e tecnologia ambientais que permitam ao auditor compreender as relações fundamentais entre
as atividades humanas e o meio ambiente, incluindo métodos gerais de proteção ambiental, gestão de
recursos naturais, impactos das atividades humanas; e
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1
ld., seção 7 - Competência e avaliação de auditores.
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Para efeito de certificação de sistemas de gestão ambiental, conforme os requisitos da norma ISO
14001:2004, comentada no capítulo anterior, as auditorias devem ser conduzidas por auditores que
atendam os critérios estabelecidos em normas do Inmetro, órgão acreditador do Sinmetro (veja o Quadro
5.10). O auditor de SGA, um profissional com certificação e registro para realizar auditorias de SGA, deve
possuir os seguintes atributos e habilidades pessoais:
(a) competência para expressar claramente conceitos e idéias, verbalmente e por escrito;
(b) habilidades interpessoais que permitam o desempenho efetivo e eficiente da auditoria, como
diplomacia, tato e habilidade para ouvir;
(c) manter a independência e objetividade suficientes para permitir a realização das responsabilidades
do auditor;
(d) organização pessoal necessária para o desempenho efetivo e eficiente da auditoria;
(e) fazer julgamento adequado baseado em evidências objetivas;
(0 reagircom sensibilidade às convenções e cultura do país ou região em que a auditoria for realizada;
(g) capacidade analítica e tenacidade;
(h) reagir de forma sensata em situações de tensão 19 .
9
INMETRO. Norma NIT-Dicor N c 006/2002, que estabelece critérios para a certificação de auditores de sistemas
de gestão ambiental. Inmetro, Agosto de 2002, Anexo A, seção 1.5.
Ibid., Anexo A, seções 1.5.2 e 1.6.6.
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Fonte: lnmetro. Norma NIT Dicor 006: 2002. Critérios para certificação de auditores de sistema de gestão
ambiental. Rio de Janeiro, agosto de 2002, Anexo A, seção A.5.
Elementos de análise
As auditorias ambientais exigem equipes interdisciplinares, pois elas devem analisar os seguintes
elementos: conformidade legal, produtos e processos produtivos, processos administrativos e processos e
registros contábeis. Esses quatro elementos não devem ser encarados de modo estanque e depois
justapostos, mas sim vistos com suas múltiplas intera ções. A avaliação das quest ões legais envolve o
levantamento e a análise da legislação aplicável nas esferas municipais, estaduais e federais sobre
poluição, matérias-primas, processos de produção, armazenagem, transporte e manuseio, resíduos,
produtos e embalagens, bem como os relativos a higiene, segurança e medicina do trabalho, pois muitos
problemas ambientais também são de natureza ocupacional. Envolve também o levantamento e a análise
do estado atual e das demandas futuras em termos de licenciamentos
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ambientais perante os órgãos públicos e dos processos administrativos e judiciais em andamento. Numa
visão prospectiva, devem-se levantar os projetos de leis em andamento nas casas legislativas e verificar as
tendências mundiais, principalmente em relação aos problemas planetários, como perda da
biodiversidade, aqueciment o global, banimento de produ tos tóxic os e dest ruição da camada de ozônio.
Os aspectos ambientais relativos aos processos e produtos envolvem, entre outros, os seguintes
elementos: identificação dos pontos de geração e emissão de poluentes atmosféricos; pontos e níveis de
ruído; pontos de geração e lançamento de efluentes líquidos; pontos de geração de resíduos sólidos;
quantificação e classificação dos poluentes; balanço hídrico dos processos; propriedades físico-químicas
dos insumos e produtos; geração, transporte e armazenagem de resíduos; identificação das áreas
degradadas; estado de conservação dos equipamentos; métodos de trabalho e de controle operacional;
higiene e segurança do trabalho. Esses elementos devem ser analisados para determinar seus impactos
ambientais, avaliar os riscos envolvidos e a adequação dos planos de emergência ou de contingência. Esses
são os elementos centrais da auditoria de fornecedor, de desperdício e de certas auditorias localizadas. A
Figura 6.4 ilustra os componentes de um balanço de material, que é a identificação e quantificação precisa
de todas as entradas e saídas de uma planta produtiva, processo ou unidade operacional, para realizar
uma auditoria de emissões e desperdícios, conforme recomendado pela Unido e PNUMA 21 . Esse tipo de
auditoria pode ser empregado para definir prioridades dentro de um plano de ação para redução de
desperdícios, de acordo com a abordagem da prevenção da poluição, tendo como base uma auditoria
ambiental esquematizada na Figura 6.5.
Quanto aos aspectos administrativos, a auditoria analisa os componentes do sistema de gestão, a
declaração de princípios e os comprometimentos, a organização interna, a estrutura de delegação de
autoridade e responsabilidade, a definição de objetivos e metas, a alocação cie recursos, o treinamento de
pessoal, a aquisição de bens e serviços, a comunicação às diferentes partes interessadas, como acionistas,
trabalhadores, clientes, fornecedores, transportadores, empreiteiros, agentes públicos e organizações
ambientalistas. A auditoria verifica se o planejamento, o arranjo organizacional, os instrumentos
gerenciais, as pessoas responsáveis e outros aspectos administrativos estão em consonância com a política
ambiental, os objetivos e as metas definidas e os programas de ação decorrentes.
21
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (PNUMA); United Nations Industrial Development
Organization (Unido). Audit and reduction manual for industrial emissions and waste. Technical Report
Series, n 7, Viena, 1991
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Entre os aspectos contábeis a serem avaliados estão a aplicação das normas contábeis e os planos de
contas para a contabilização dos dados referentes às questões ambientais. Sob esse aspecto, é importante
saber se esses dados estão sendo segregados corretamente, de modo a refletir os esforços da empresa na
condução dessas questões. Os aspectos contábeis envolvem a identificação de custos e despesas
decorrentes dos procedimentos ambientais, como controle da poluição, recuperação de danos,
compensações às vítimas, contratação de seguros, taxas, multas, impostos incorridos na aquisição de
equipamentos e serviços ambientais, despesas decorrentes da disposição final de resíduos sólidos, entre
muitos outros. O ideal é segregar tanto os elementos contábeis diretamente ligados aos processos de con-
trole cla poluição (equipamentos, materiais e pessoal envolvidos na captura, tratamento e disposição final
de poluentes), quanto os decorrentes dos processos de prevenção, por exemplo, substituição de um
material por outro com melhores condições do ponto de vista ambiental, como um que apresente menor
toxicidade, maior grau cle pureza ou menor necessidade de energia para o seu processamento.
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Fase I Preparação
Fase II Balanço de
material
Fase III
Síntese
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(a) estoques: são os materiais disponíveis imediatamente com aplicações específicas nos processos
ambientais, por exemplo, insumos de uma estação de tratamento de águas;
(b) imobilizado: bens e direitos relacionados com os aspectos ambientais associados às atividades fins da
organização, cuja permanência na organização ultrapasse um exercício social; exemplos:
equipamentos para controle e prevenção da poluição; instrumentos de análise e mensuração; terrenos,
construções civis e equipamentos usados para transportar e estocar resíduos; e peças de reposição
usadas nesses equipamentos;
(c) diferido: aplicação de recursos em despesas que contribuem para gerar resultados em mais de um
exercício, como os investimentos no desenvolvimento de produtos ambien- talmente saudáveis.
Outra questão objeto de análises são as provisões para investimentos futuros em ativos ambientais
voltados para melhorar seu desempenho ambiental. Em certos casos, pode ser necessário reavaliar os
ativos para adequá-los aos valores de mercado. A capacidade da organização de gerar lucros futuros em
cenários de elevada restrição ambiental pode gerar valores diferenciados a favor da empresa que não são
captados pelos procedimentos contábeis rotineiros. A identificação desse diferencial (fundo de comércio
ou goodwill) pode ser útil em processos de fusão, venda ou redefinição societária.
A identificação dos passivos ambientais tem sido considerada uma questão contábil fundamental para
estimar o real valor de uma organização. É um dos aspectos importantes da due diligence, comentada no
início deste Capítulo. O passivo é composto de recursos que representam obrigações para com terceiros.
Os passivos ambientais são, portanto, as obrigações perante terceiros decorrentes de ações e problemas
ambientais ocorridos no passado e reconhecidos como tal segundo algum critério. Esse reconhecimento
pode se dar em decorrência: ( 1) de uma obrigação legal, por exemplo, reparação de danos ambientais; ( 2)
de um acerto feito com terceiros afetados pelos aspectos ambientais da organização, gerando a
necessidade de indenizá-los em períodos definidos; ou (3) de serviços contratados e aquisições de ativos
para executar atividades ambientais, como honorários de consultores
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para auxiliar a implantação de práticas ambientais, materiais e equipamentos adquiridos para as ações
ambientais e que geram, como contrapartida, aqueles ativos ambientais comentados anteriormente.
Esse último caso refere-se às despesas que devem constar do passivo circulante, se for uma obrigação
para o período subseqüente ao da data do balanço patrimonial, ou do exigível de longo prazo, se for após
o término desse período. Uma obrigação pode-se dar também pelo não-cumprimenio de requisitos de
acordos voluntários privados subscritos, como mostrado no Capítulo 3. Embora tais acordos sejam
voluntários, uma vez que a organização divulga a sua adesão ao acordo, ela deve responder pelo não-
cumprimento, caso contrário ficaria caracterizado um embuste deliberado, uma maquiagem verde, pois
com certeza ela se beneficia desse requisito, na medida que tal adesão amplia sua legitimidade perante
clientes, comunidade, agentes governamentais e outros públicos.
O reconhecimento da obrigação nem sempre é tarefa fácil, pois há diversas situações que geram
controvérsias quanto à existência ou não da obrigação, bem como quanto aos valores envolvidos nas
obrigações, caso elas existam. Isso ocorre quando:
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Auditorias obrigatórias
As auditorias já se firmaram como um dos principais instrumentos de gestão ambiental. Seu uso tem
sido estimulado por diversas entidades públicas e privadas, como as citadas neste livro, como a ICC,
Usepa e Ceres, e foram também incluídas em diversas normas ambientais, como no Emas e na série ISO
14000. Assim como os demais instrumentos de gestão ambiental, as auditorias também apresentam pontos
polêmicos para os quais não há pacificação à vista. Um dos mais importantes refere-se ao debate entre os
que entendem ser esse um instrumento voluntário e os que defendem a sua obrigatoriedade em casos
específicos.
ICC, Ceres, ISO e outras entidades aqui citadas defendem a auditoria ambiental como instrumento
voluntário e, por esse fato, ela seria um elemento de diferenciação entre as empresas. Em defesa de seu uso
voluntário, argumenta-se que a obrigatoriedade levaria à sua banalização, criando uma indústria da
auditoria e um cartório da auditoria na burocracia estatal. A própria Agenda 21 tem sido usada para reforçar
os argumentos dos que defendem essa posição. Em seu Capítulo 30, que trata do fortalecimento do papel
do comércio e da indústria, há uma referência aos dirigentes empresariais esclarecidos que já estariam
implementando auditorias ambientais como iniciativas voluntárias. Cabe dizer, no entanto, que a Agenda
21 apenas exemplifica um tipo de postura desejável, realizar auditorias ambientais, mas não toma
nenhuma posição nesse debate, pois não há, em todos os seus 40 capítulos, nenhuma afirmação contra a
auditoria obrigatória.
Os defensores da obrigatoriedade da auditoria em casos específicos são muitos e eles já ganharam
muitas batalhas. No Estado do Rio de Janeiro, a obrigatoriedade da auditoria ambiental para empresas a
partir de certo porte foi estabelecida pela Lei 1.898, de 26 de novembro de 1991, cle autoria do
ambientalista e Deputado Estadual Carlos Mink. Conforme essa lei, denomina-se auditoria ambiental a
realização de avaliações e estudos destinados a determinar:
(a) os níveis efetivos ou potenciais de poluição ou de degradação provocados por atividades cle pessoas
físicas ou jurídicas;
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Tendo constatado qualquer infração nas empresas ou atividades sujeitas à auditoria, conforme a lista
acima, deverão ser realizadas auditorias trimestrais até a correção das irregularidades, independentemente
da aplicação de penalidades administrativas 26 . As diretrizes
22
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Lei 1898, de 26 de novembro de 1991, art. 1°, com alterações estabelecidas pela
Lei 3.471, de 04/10/2004.
23
Ibid., art. 3 o.
Ibid., art. 3 o e 4 o.
25
Ibid., art. 5 o.
26
Ibid., art. 6 o.
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para realizar as auditorias poderão incluir: impactos ambientais decorrentes de atividades de rotina;
avaliação de riscos de acidentes e planos de contingência para evacuação e proteção de trabalhadores e da
população situada na área de influência; atendimento aos regulamentos e às normas técnicas em vigor
relacionadas aos itens anteriores; alternativas tecnológicas, inclusive de processo industrial e sistemas de
monitoramento contínuo disponíveis no Brasil e em outros países para redução dos níveis de emissão de
27
poluentes; saúde dos trabalhadores e da população vizinha . Depreende-se que a Lei 1.898/1991 do Estado
do Rio de Janeiro adota o já citado conceito de melhor tecnologia disponível (BAT), comentado no terceiro
capítulo.
Vale lembrar que em 1999, o relatório de auditoria da refinaria Duque de Caxias, da Petrobras,
envolvida num dos maiores desastres ambientais no Brasil, não foi aceito pelo órgão estadual responsável
pela implementação da Lei 1.898/1991 28 . Esse desastre colocou munições nas armas de quem defende a
obrigatoriedade da auditoria ambiental. Talvez não tivesse ocorrido o desastre ambiental de Vila Carioca
se a Shell fosse obrigada a realizar auditorias ambientais, conforme disposições semelhantes a da Lei
1.898/1991 do Estado do Rio de Janeiro. O exemplo desse Estado foi seguido por outras unidades da
Federação, como Minas Gerais (Lei 10.627/1992) e Espírito Santo (Lei 4.802/1993). Este último tornou a au-
ditoria ambiental obrigatória para indústrias de celulose, papel, mineração, para os resíduos hospitalares e
todas aquelas atividades relacionadas no artigo 5- da lei fluminense.
O Estado do Paraná instituiu a auditoria ambiental compulsória, com uma periodicidade de quatro
anos, para as atividades com elevado potencial poluidor ou de degradação ambiental. Alem de
empreendimentos de setores como os citados acima, essa lei também tornou obrigatória a auditoria para
empreendimentos do setor madeireiro, de cimento, de processamento, recuperação e destinação de lixo
urbano e hospitalar e de atividades agrícolas intensivas em uso de agrotóxicos. Essa auditoria compulsória
objetiva, além da verificação da conformidade legal, a avaliação dos níveis efetivos de poluição e
degradação ambiental, das condições de operação e de manutenção de equipamentos e sistemas de
controle da poluição, da capacitação dos responsáveis por essas operações e manutenções, das medidas
necessárias para assegurar a proteção do meio ambiente e da saúde humana e para minimizar impactos
negativos e os fatores de risco decorrentes dessas atividades 29 .
27
lbid., art. 7-,
28
FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE (Feema). Auditoria
ambiental. Disponível em: <www.feema.rj.gov.br/controle/cpi/audiio.htm >. Acesso em: 14 set.
29
ESTADO DO PARANÁ. Lei 13.448, de 11 de janeiro de 2002, dispõe sobre a auditoria ambiental
compulsória e adota outras providências.
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Na esfera cia União, a Lei 9.966, de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a
fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em
águas sob jurisdição nacional, estabelece que as entidades exploradoras de portos organizados e os
proprietários ou operadores de plataformas e suas instalações de apoio deverão realizar auditorias
ambientais bianuais, independentes, com o objetivo de avaliar o sistema de gestão e o controle ambiental
em suas unidades 30 . Essa lei faz parte das providências para implementar o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro, instituído pela Lei 7.661/1988 e três acordos ambientais multilaterais, a saber:
Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios (Marpol), Convenção
Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo e Convenção
Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo (ver Anexo II). O não-
cumprimento dessa obrigação acarreta infração punida com multa sem prejuízo de outras sanções
administrativas e penais previstas na Lei 9.605/1998 e em outras normas específicas que tratem dessa
matéria, nem da responsabilidade civil pelas perdas e danos causados ao meio ambiente e ao patrimônio
público e privado 31 .
Os requisitos mínimos, critérios e termos de referência para a realização dessas auditorias ambientais
estabelecidas pela Lei 9.996/2000 foram estabelecidos pela Resolução Conama 306, de 5 de julho de 2002 32 .
Essa Resolução estabelece um processo cle auditoria com passos muito parecidos com os da ICC
mostrados no início deste capítulo. O relatório de auditoria e o plano de ação devem ser apresentados a
cada dois anos ao órgão ambiental competente, para incorporação ao processo de licenciamento ambiental
da instalação auditada. O relatório de auditoria deverá conter no mínimo:
50
BRASIL, Lei 9.966, de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional
e dá outras providências. Art. 9 Ü .
31
Ibid., Lei 9.605/1998,132.
^ Ibid., CONAMA, Resolução 306, de 05/7/2002, que estabelece requisitos mínimos e o termo de referência para a
realização de auditorias ambientais. Brasília, DOU 19/7/2002.
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O plano de ação deverá conter no mínimo os seguintes elementos: ( 1) ações corretivas e preventivas
associadas às não-conformidades e deficiências apontadas pela auditoria no relatório; (2) cronograma
físico para implementar essas ações; (3) indicação do responsável pelo cumprimento do cronograma; e (4)
cronograma físico das avaliações do cumprimento das ações do plano e seus respectivos relatórios 34 .
Como se trata de auditoria independente, a organização responsável pelas instalações a serem auditadas
não pode interferir nas atividades da equipe de auditoria contratada por ela, e a equipe não pode ter entre
seus membros funcionários da organização ou pessoas com algum outro tipo de vínculo que não seja
especificamente para efeito da auditoria.
33
ld., Conama, 2002, Anexo 11, seção 4.1.
34
Ibid., seção 4.2.
35
ABNT. NBR ISO 19011:2002: diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental.
Rio de Janeiro, 2002, seção 6.7.
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código de ética de auditores mostrado no Quadro 6.6 e que a confidencialidade é um dos princípios
relacionados a auditores, conforme mostrado anteriormente.
Quem defende a obrigatoriedade da auditoria também o faz em virtude de tornar públicos os seus
resultados e evidências. Por exemplo, a Lei 1.898/1992 do Estado do Rio de Janeiro estabelece que todos os
documentos relacionados às auditorias ambientais, incluindo as diretrizes específicas e o currículo dos
técnicos responsáveis por sua realização, serão acessíveis à consulta pública 36 . As demais leis estaduais
citadas estabelecem que os documentos das auditorias devem estar acessíveis para consulta pública. Os
resultados das auditorias de que trata a citada Lei 9.966/2000 devem ser do conhecimento das autoridades
marítimas e dos órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis pelo cumprimento dessa lei. E a po-
lêmica não termina aqui: subjacente a esses debates está a seguinte questão: para quem trabalham os
auditores? Para o cliente, dirão os defensores da auditoria voluntária, cabendo exclusivamente a ele
decidir sobre a divulgação dos resultados da auditoria. Os que defendem a obrigatoriedade da auditoria
entendem que o auditor trabalha para a sociedade, pois as questões ambientais interessam a todos,
principalmente quando há riscos ampliados envolvidos, daí a necessidade de tornar públicos os resultados
da auditoria.
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com seu próprio pessoal no estabeleci- Se houver, faça uma análise desses projetos e
mento de um provável fornecedor. emita uma opinião sobre eles.
(d) Empresa que contrata uma organização 11. Faça uma busca nos balanços patrimoniais
para realizar auditoria ambiental no es- de empresas, publicados na imprensa escrita
tabelecimento de um fornecedor. durante determinado mês, e verifique se eles
6. A ISO 14001:2004 estabelece entre os re- apresentam obrigações provisionadas no ba-
quisitos do SGA a realização de auditoria lanço patrimonial ou notas explicativas a
interna (cláusula 4.5.5). Veja o que diz essa respeito de passivos ambientais relacionados
cláusula no Capítulo 5 na seção auditoria dos com suas atividades. Não se esqueça de in-
sistemas de gestão ambiental, conforme a ISO cluir nessa coleta os balanços das empresas
14001, e compare com outros tipos de que atuam em setores potencialmente causa-
auditoria descritos nesse capítulo. dores de significativa degradação ambiental,
7. Um Organismo cle Certificação Credenciado bem como as que freqüentam com certa as-
(OCC) pode realizar atividades de consulto- siduidade os noticiários por conta de proble-
ria numa empresa com a finalidade de im- mas ambientais.
plantar ou melhorar o SGA e depois realizar
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Referências
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Janeiro, ABNT, 31 de out ubro de 20 05.
_________ . NBR ISO 14001:2004: sistemas de gestão ambiental: requisitos com orientação
para uso. Rio de Janeiro, 2004.
_________ . NBR ISO 19011:2002: diretrizes para a auditoria de sistemas de gestão da
qualidade e/ou ambiental. Rio de Janeiro, novembro de 2002.
_________ . NBR ISO 9000:2000: sistemas de gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário. Rio
de Janeiro, 2000.
_________ . NBR ISO 14001:1996: sistemas de gestão ambiental: especificação e diretrizes para
uso. Rio de Janeiro, 1996a.
_________ . NBR ISO 14010: 1996: diretrizes para auditoria ambiental: princípios gerais. Rio de
Janeiro, 1996.
_________ . NBR ISO 14011: 1996: diretrizes para auditoria ambiental: procedimentos de
auditoria de sistemas de gestão ambiental. Rio de Janeiro, 1996.
______ ____ NBR ISO 14012: 1996: diretrizes para auditoria: critérios de qualificação de auditores
ambientais. Rio de Janeiro, 1996.
BRASIL. Lei 9.966, de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas cm águas sob jurisdição nacional e
dá outras providências. Brasília, DOU 29/4/2000. An. 9 o.
____________ Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.
Brasília, DOU de 2/9/1981.
- ________ • Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre sanções penais e administrati
vas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.
Brasília, DOU de 13/2/1998.
------------ -- CONAMA. Resolução 306, de 5 de julho de 2002, que estabelece requisitos mínimos e
o termo de referência para a realização de auditorias ambientais. Brasília, DOU 19/7/2002.
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Resolução 986, de 21/11/2003 - aprova a
Norma Brasileira de Contabilidade NBC-T-12 de auditoria independente.
Brasília, 2003.
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BRASIL. Resolução 820, de 17/12/1997 - aprova a Norma Brasileira de Contabilidade NBC-T- 11 de auditoria
independente das demonstrações contábeis com alterações e dá outras providências. Brasília, CFC, 1997.
BOYNTON, William C.; KELL, Walter G. Modem auditing. New York: John Wiley & Sons, 1992.
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(revoga o regulamento n. 1.836/1993). Jorn al Ofi cia l das Comunidades Européias, n. L. 114, p. 01-29,
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(disponível em <www.feam.br/Norrnas >)
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ESTADO DO PARANÁ. Lei 13.448 de 11 dc janeiro de 2002. Dispõe sobre a auditoria ambiental
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PUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE (Feema). Auditoria ambiental.
Disponível em: <www.feema.rj.gov.br/controle/cpi/audito.httn >. Acesso em 14/9/1999. 1NMETRO. Norma
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PNUMA; UNIDO. Audit and reduction manual for industrial emissions and waste. Technical Report
Series, n. 7, Viena, 1991.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (PNUMA); United Nations Industrial Development
Organization (Unido). Audit and reduction manual for industrial emissions and waste. Technical Report
Series, n. 7, Viena, 1991.
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7
Relatórios ambientais
1. Origem da demanda
- exclusivamente ambiental
3. Questões relatadas - ambientais, sociais, econômicas e outras questões relacionadas
- próprio
4. Modelo do relatório - padronizado
- combinação dos dois
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A Constituição Federal estabelece que todos têm o direito de receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular ou de interesse coletivo 1. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas é um dos princípios da administração pública direta e indireta de qualquer esfera e ente
público2 . Um dos instrumentos de política pública ambiental instituídos pela Lei 6.938, de 1981, como
mostrado no segundo capítulo, é a garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente por
parte das entidades do poder público, cabendo a eles produzir tais informações caso elas sejam inexisten-
tes 3. Todos os órgãos pertencentes ao Sisnama (ver Quadro 5.10) ficam obrigados a permitir o acesso
público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a
fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, especialmente sobre:
• qualidade do meio ambiente;
• políticas, planos e programas potencialmente causadores de impacto ambiental;
• resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e de atividades
potencialmente poluidoras, bem como de planos e ações de recuperação de áreas degradadas;
• acidentes, situações de risco ou de emergência ambientais;
• emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos sólidos;
• substâncias tóxicas e perigosas;
• diversidade biológica;
• organismos geneticamente modificados 4.
Outros relatórios ambientais resultam de atos voluntários determinados por uma postura proativa da
empresa em relação ao meio ambiente, constituindo-se, desse modo, em instrumentos de prestação de
contas dos acordos voluntários privados, unilateral ou bilateral, conforme tratado no Capítulo 3.
Exemplos: a divulgação de informações consta do 162 princípio da Carta da Câmara de Comércio
Internacional (Anexo V) e do 10 2 Princípio Ceres (Quadro 3.4). No Capítulo 30 da Agenda 21, que trata do
papel do comércio e da indústria para a promoção do desenvolvimento sustentável, considera-se que as
empresas, inclusive as
1
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Art. 5 o , inc iso XXX IU.
2
Ibid., Art. 37, inciso XXI, § I o. g
3
Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, Art. 9 . inciso IX.
4
BRASIL. Lei 10.650 de 16 de abril de 2003, art 2°
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transnacionais, devem ser estimuladas a informar anualmente seus resultados ambientais, bem como o uso
de energia e recursos naturais 5. Conforme comentado no Capítulo 5, a norma ISO 14001:2004 estabelece
que a organização deve decidir a respeito da comunicação externa sobre seus aspectos ambientais
significativos e documentar essa decisão como um dos documentos do SGA. Ou seja, para cumprir o
requisito da comunicação externa de caráter voluntário, a norma apenas exige que a organização considere
essa possibilidade e documente a sua decisão. Porém, a organização deve implementar e manter
procedimentos para responder formalmente as informações solicitadas de partes interessadas externas
sobre assuntos relacionados com seus aspectos ambientais e a condução da sua gestão ambiental 6 .
Os relatórios ambientais tratados a seguir decorrem de compromissos assumidos voluntariamente, que
são comunicações sobre as condições e o desempenho ambiental da empresa sem demandas legais
explícitas. Os relatórios de auditoria, espécies de relatórios ambientais, não serão aqui considerados, pois
são peças resultantes de outros instrumentos específicos, as auditorias ambientais, conforme mostrado no
capítulo anterior.
basicament
ambientais eque
aos podem
acionistas ou positiva
afetar proprietários e objetivam dar
ou negativamente a estes informações
os resultados relat
da empresa noivas às questões
presente e em
diferentes períodos futuros. Essa concepção de responsabilidade social baseada no atendimento exclusivo
dos interesses dos proprietários ou acionistas da empresa, embora ainda amplamente praticada, é
incompatível com as expectativas da sociedade de um modo geral e injustificada perante os graves
problemas sociais, ambientais e econômicos do Planeta.
A responsabilidade social empresarial, como aponta Wood, decorre do fato de que a sociedade tem
certas expectativas quanto ao comportamento empresarial e aos resultados de
5
CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1992, Rio de
Jan eiro. Age nda 2 1, Cap ítulo 30, seç ão 30. 10.
6
ABNT. NBR ISO 14001:2004 Rio de Janeiro, 2004. cláusula 4.4.3.
FRIEDMAN. M. The social responsibility of business is to increase its profits. New York Times, Sept. 13, 1970.
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suas atividades. Essas expectativas recaem sobre: (1) os negócios pelo papel que eles desempenham
enquanto instituições econômicas; (2) as empresas pelo que são e fazem; e (3) os administradores como
agentes morais das empresas. De acordo com esse autor, desses três níveis de expectativas da sociedade
decorrem os princípios de responsabilidade social empresarial, a saber: princípio da legitimidade, da
responsabilidade pública e da discrição ou do discernimento dos administradores, como mostra de modo
resumido o Quadro 7.2.
O princípio da legitimidade estabelece que a sociedade concede legitimidade e poder às empresas,
desde que usados de modo responsável. O princípio da responsabilidade pública refere-se ao fato de que
as empresas são responsáveis pelos resultados relacionados com as áreas primárias e secundárias de
envolvimento com a sociedade. O terceiro principio define as responsabilidades dos administradores para
serem atores morais e para perceberem e praticarem escolhas a serviço da responsabilidade social. Esse
último princípio estabelece que os administradores devem exercer com discernimento as atividades que
forem exeqüíveis em qualquer domínio da responsabilidade social empresarial, para alcançar resultados
socialmente responsáveis8. Entre as expectativas da sociedade quanto ao comportamento das empresas e
aos resultados das suas atividades, estão as concernentes às soluções para os problemas ambientais qtu. já
alcançaram dimensões gigantescas que comprometem o próprio futuro da humanidade.
Para Buchholz e Rosenthal, responsabilidade implica uma obrigação com alguém ou algo. No campo
da moral, entendida como a conduta de indivíduos e grupos orientada por normas, princípios e valores, a
responsabilidade é a capacidade de assumir compromissos e decidir sobre questões que afetam outras
pessoas e assumir as conseqüências dessas decisões 9. Inscreve-se, portanto, num ambiente de liberdade
para decidir e de conhecimento sobre os efeitos da decisão. Como diz Vásques, um dos elementos do ato
moral é a consciência de um fim e a decisão de realizá-la 10 . Só tem responsabilidade quem tiver liberdade
para decidir sobre questões que afetam positiva ou negativamente, indivíduos, grupos, países e o meio
ambiente com todos os seus elementos vivos e não-vivos. A liberdade é um elemento essencial da
responsabilidade para o qual muitas tintas foram gastas e muitas ainda serão, a começar pelo seu próprio
entendimento, podendo significar a possibilidade de decidir entre alternativas conformadas por uma dada
situação. A responsabilidade social empresarial, como uma responsabilidade que se dá no campo da
moral, também decorre da liberdade entendida como possibilidade de decidir sobre ações que afetam
outras pessoas e outros seres.
8
\VOOD, D. J„ 199 1, p. 696..
9
BUCHHOLZ, R. A.; ROSENTHAL, S.B. 1999, p. 369.
10
VÁSQUES, A. S.,1999, p. 77.
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Excetuando os casos nos quais a empresa é obrigada por lei a divulgar o seu desempenho ambiental,
como os citados no início deste capítulo, há um amplo espectro de questões cuja divulgação depende de
decisão da alta administração. A comunicação externa voluntária dos resultados socioambientais também
beneficia a admin istração comprometi da com esse conceito de responsabilidade socia l ampli ada
decorrente do conceito de desenvolvimento sustentável. Ao divulgar o desempenho socioambiental da
empresa, a administração pode receber avaliações, críticas e sugestões feitas por outros atores sociais
quanto aos resultados que ela está obtendo. O acesso às informações sobre esse desempenho representa
uma prestação de contas à sociedade com respeito às atividades da empresa. A ampliação da divulgação
para outros atores sociais, e não apenas os acionistas ou proprietários, faz parte de uma nova concepção
de responsabilidade social empresarial.
Segundo Buchholz e Rosenthal (2001), a responsabilidade social empresarial é um conceito
fundamentalmente ético e que pressupõe um novo modo de pensar o bem-estar humano e um
compromisso com a melhoria da qualidade de vida 11 . Porém, não se tem efetivamente um novo pensar
sobre o bem-estar e a qualidade de vida humana sem levar em conta as condições de vida dadas pelo meio
ambiente na sua concepção ampla que envolve os meios físico, biológico e social, como colocado no
Capítulo 1. A inclusão de preocupações com o meio ambiente é que de fato conduz a um novo
entendimento sobre responsabilidade social. Para a Comissão da Comunidade Européia, a
responsabilidade social empresarial é um conceito por meio do qual as empresas integram preocupações
sociais e ambientais às operações dos seus negócios e às interações com outras partes interessadas 12 . A
norma brasileira NBR 16.001:2004 define responsabilidade social como itma relação ética e transparente cia
organização com todas as suas partes interessadas, visando o desenvolvimento sustentável 13 . Em outras palavras, a
responsabilidade social empresarial é um meio pelo qual as empresas podem se tornar parte ativa do
movimento em torno do desenvolvimento sustentável.
Esse modo de entender a responsabilidade social exige que a administração leve em conta outros
interessados e não apenas os acionistas ou proprietários. E impõe, ab initio, uma dificuldade de ordem
prática: saber o que significa resultados socialmente responsáveis, diante da pluralidade de interesses em
escala planetária e de percepções influenciadas por diferentes culturas, bem como das incertezas que
acompanham as ações empresariais.
11
BUCHHOLZ, R. A.; ROSENTHAL, S.B, 1999, p. 367.
12
COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, 2002, p. 5.
n ABNT, NBR 16001:2004, definição 2.13.
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Identificação de usuários
Identificar os diferentes atores sociais com interesse no desempenho ambiental da empresa é uma
questão importante a ser resolvida para a elaboração de relatórios ambientais voluntários. Qualquer
indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental da empresa é uma parte
interessada, como definido nas normas de gestão ambiental da família ISO 14000 H . A palavra stakeholder
como sinônimo de parte interessada já era usada na literatura administrativa desde a década de 1960, mas
ganhou popularidade com a obra de Freeman de 1984 sobre estratégia empresarial 15 . Stakeholders são os
grupos com interesses na empresa, que afetam de algum modo o seu desempenho. Para Clarkson,
stakeholders são pessoas ou grupos que têm ou reivindicam propriedades, direitos ou interesses numa
empresa e nas suas atividades presentes, passadas e futuras. Stakeholders com os mesmos interesses,
direitos e reivindicações podem ser classificados num mesmo grupo, por exemplo, empregados, acionistas,
clientes e concorrentes. Esse autor distingue dois tipos de grupos de stakeholders: (1) os grupos primários,
cuja participação continuada é vital para a sobrevivência da empresa; e ( 2) os secundários, que influenciam
ou afetam a empresa, bem como os que são influenciados ou afetados por ela, mas que não estão engajados
em transações com essa empresa e não são essenciais para a sua sobrevivência. Investidores, clientes,
funcionários e fornecedores são exemplos de grupos primários; os meios de comunicação e uma grande
variedade de organizações que têm capacidade de mobilizar a opinião pública contra ou a favor da
empresa são exemplos de grupos secundários. As ONGs ambientalistas são stakeholders secundários,
conforme opinião desse auior, pois elas mobilizam a sociedade e os órgãos do governo e constituem uma
importante fonte de conscientização das populações em relação aos problemas ambientais 16 .
14
ABNT 2004, norma NBR ISO 14001:2004, definição 3.13 ou a NBR ISO 14031:2004, definição 2.13.
15
FREEMAN, R. E. 1984.
16
C1ARKSON, M.B.E., 1995.
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A prática de uma responsabilidade social empresarial ampliada, conforme mostrado na seção anterior,
exige uma nova postura em matéria de comunicação com os diferentes grupos de stakeholders. De acordo
com o Gemi, que desenvolveu e popularizou o conceito de TQEM (veja Capítulo 4), são os seguintes os
grupos-chave (key audiences ) que a empresa deve considerar para efeito de comunicação externa:
empregados, acionistas ( shareholders ), instituições financeiras, clientes e consumidores, comunidade local,
grupos ambientalistas e de cidadãos, meios de comunicação, público em geral e agências reguladoras 17 .
Assim, se a empresa adota o modelo de gestão ambiental do TQEM, esses grupos devem ser ne-
cessariamente considerados para efeito de relatórios ambientais, embora outros possam ser também
contemplados para atender as especificidades da empresa.
Azzone et al. mostram que os relatórios ambientais inicialmente objetivavam demonstrar o
comprometimento da empresa em relação às questões ambientais, mas o debate atual sobre esse assunto
ampliou a gama de objetivos, de modo que eles podem variar de uma simples declaração pública até uma
análise em profundidade do desempenho ambiental da empresa. Qualquer relatório ambiental,
independentemente de seu objetivo ou do público a que se destina, deve apresentar quatro atributos: ser
um documento relevante, confiável, compreensivo e comparável. Esses autores entendem que para
produzir um documento claro e efetivo para comunicação externa, deve-se:
(a) identificar quais são os stakeholders da empresa;
Os autores citados apresentam uma abordagem que parte da identificação dos stakeholders para a
elaboração de uma lista de diferentes grupos usuários (target group) de relatórios ambientais. Uma idéia
básica desses autor es é que nem todos os stakeholders são usuários de relatórios ambientais. Por exemplo,
eles recomendam retirar da lista de usuários os consumidores, o público em geral e os meios de
comunicação, por entenderem que não é prático atendê-los com relatórios ambientais ou porque eles não
expressaram necessidades específicas que justifiquem o recebimento de informações regulares e
consistentes sobre o desempenho ambiental da empresa. Os consumidores, nesse caso, por estarem
dispersos, tornam
17
GLOBAL ENVIRONMENTAL MANAGEMENT INITIATIVE (Gemi). 1994. p. 15.
1
AZZONE G. et al., 1997, p. 700.
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inviável a elaboração e distribuição de um relatório especifico 19 . O mesmo raciocínio não vale quando os
consumidores são empresas. Mesmo os consumidores finais, pessoas físicas, poderiam receber algum tipo
de informação gravada no produto, na embalagem ou nos documentos que o acompanham, como bulas,
manuais e certificados de garantias.
A norma ISO 14031: 2004, que traz diretrizes sobre avaliação de desempenho ambiental, explica que
diferentes partes interessadas de uma organização apresentam diferenças consideráveis em termos de
suporte para a sua administração, contribuições potenciais para o planejamento e como expressam ou
comunicam seus interesses. Como exemplos de partes interessadas numa organização genericamente
considerada, esta norma cita os seguintes:
• representantes da administração;
• empregados;
• investidores atuais e potenciais;
• prestadores de serviço;
• instituições financeiras e seguradoras;
• entidades legislativas e regulamentadoras;
• comunidades regionais e circunvizinhança;
• meios de comunicação;
• instituições de negócio, administrativas, acadêmicas e de pesquisa;
• grupos ambientalistas, de defesa do consumidor e outras ONGs;
• público em geral 20 .
Para identificar a visão das partes interessadas e suas necessidades de comunicação, a referida norma
cita entre outros os seguintes métodos: pesquisas e questionários, sugestões de empregados, reuniões e
seminários, audiências públicas, pesquisas cle mercado, rastrea- mento das regulamentações e suas
tendências, diretrizes e normas voluntárias, comunicação direta com vizinhos, clientes, fornecedores e
órgãos públicos e informações da mídia. Para efeito de seleção e uso desses métodos, a norma recomenda
21
que a organização considere as circunstâncias e características das suas partes interessadas .
19
Ibid., 1997, p. 701.
20
ABNT 2004, norma NBR ISO 14031:2004. Anexo A, seção A.2.1.
Ibid., 2004, Anexo A, seçüo A.2.2.
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Quaisquer que sejam os métodos adotados, a comunicação ambiental externa deve resultar de um
diálogo constante da empresa com as suas partes interessadas. Porém, há certos grupos que ainda não
existem, como as gerações futuras, mas que são partes interessadas fundamentais, como se depreende do
conceito de desenvolvimento sustentável mencionado anteriormente. Outros grupos não têm vozes como
os seres vivos não humanos. Há ainda os grupos que dependem de outros para se fazerem ouvir, como os
povos indígenas e as crianças. O diálogo com os consumidores também nào é tarefa fácil, seja por se
encontrarem dispersos
ambientais dos em vastos
produtores territórios,
e comerciantes dosseja pela dificuldades
produtos queadquirem.
e serviços que eles têm para avaliar
Por isso, os impactos
o diálogo deve
incluir os que falam em nome dos que não possuem vozes, como os agentes públicos, as ONGs
ambientalistas e de ajuda humanitária e as entidades de defesa do consumidor.
0 que divulgar?
Decidir o que divulgar para cada um dos grupos de stakeholders identificados como usuários dos
relatórios é outra questão importante a ser considerada pelos dirigentes da organização. Divulgar o
desempenho ambiental não é algo fácil, tanto pela complexidade das questões envolvidas, quanto pela
necessidade de dar informações que atendam as exigências ou interesses de usuários específicos, como
mostrado há pouco.
Para cada grupo de usuário específico, Azzone et al22. recomendam que a elaboração do relatório leve
em conta objetivos, conteúdos e formatos específicos, conforme resumido no Quadro 7.3. Por exemplo, os
empregados desejam conhecer as conseqüências ambientais das operações da empresa sobre o ambiente
interno de trabalho, enquanto as ONGs ambientalistas tem seu foco nos esforços da empresa com respeiio
ao conceito de sustentabi- lidade e na capacidade de suporte da Terra. Os objetivos a serem alcançados
pela empresa também diferem conforme o usuário do relatório. Para os empregados, os relatórios obje-
tivam ampliar a comunicação e criar um clima favorável à implementação da política ambiental; para as
ONGs, a meta é demonstrar responsabilidade social e a contribuição da empresa para reduzir os
problemas ambientais. As informações relevantes para os empregados podem referir-se à sua participação
nas decisões, aos programas de educação e treinamento, à responsabilidade e conformidade com as
normas legais e à avaliação dos riscos; as ONGs estariam interessadas em informações que mostrem em
detalhes as tendências do desempenho ambiental cla empresa e questões relativas ao ciclo de vida dos
produtos.
22 Ibid-, p. 701-705.
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Outros usuários podem ser acrescentados como os clientes, fornecedores e agentes públicos. O
importante é definir para cada usuário identificado quais os objetivos do relatório e quais as informações
que eles devem trazer. As informações devem ser verificáveis, compreensíveis e apresentadas com a
formatação adequada aos usuários. Por exemplo, os empregados estão interessados em conhecer de modo
detalhado os programas de formação e treinamento, enquanto os acionistas e a comunidade financeira
podem estar interessados apenas em dados agregados sobre a quantidade de pessoas atendidas pelo
programa e o montante de recursos aplicados.
Caso a organização pretenda relatar seu desempenho ambiental para um público indiferenciado, ela
deve elaborar uma lista de questões ambientais que serão tratadas de uma única forma. O Sistema
Comunitário de Ecogestão e Auditoria (Emas), em relação à comunicação externa, estabelece que a
organização deve disponibilizar ao público e partes interessadas, no mínimo, os seguintes elementos:
(a) descrição clara e inequívoca da organização e um resumo de suas atividades, seus produtos e
serviços, bem como das relações com outras organizações, caso existam;
(b) a política ambiental e uma descrição sumária do seu SGA;
(c) uma descrição de todos os aspectos ambientais diretos e indiretos que resultam em impactos
significativos e uma explicação da relação entre a natureza desses impactos e aqueles aspectos;
(d) uma descrição dos objetivos e metas ambientais relacionados com seus impactos ambientais
significativos;
(e) um resumo dos dados disponíveis sobre o comportamento da organização relativo aos seus objetivos
e metas, incluindo os valores das emissões de poluentes, produção de resíduos, consumo de materiais,
energia e água, nível de ruído etc., de modo que permita fazer comparações anuais e acompanhar a
evolução do comportamento ambiental da organização;
0 outros fatores relacionados com esse comportamento, inclusive perante a legislação relacionada com os
impactos significativos;
(g) o nome e o número da certificação do verificador ambiental e a data de validade 23 .
23
CONSELHOS DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS. Regulamento na 761, de 19 de março de 2001.
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Esses elementos mínimos do Emas podem ser classificados como exemplos a serem considerados num
relatório externo enxuto para as organizações que pretendem efetuar comunicações voluntárias para o
público em geral. Como mostrado no início deste capítulo, a comunicação externa é um requisito
facultativo do SGA conforme a norma ISO 14001:2004. Ou seja, a organização decide se pretende
comunicar e para quem deve fazê-lo. Esta norma não estabelece o conteúdo mínimo a ser comunicado,
como faz o Emas. Porém, a norma ISO 14004:2005, a título de ajuda prática, apresenta a seguinte relação
de itens que podem ser incluídos na comunicação interna e externa:
(a) informações gerais sobre a organização;
(b) declaração da administração;
(c) política, objetivos e metas ambientais;
(d) processos de gestão ambiental, incluindo o envolvimento dos empregados e das partes interessadas;
(e) compromisso da organização com a melhoria contínua;
(0 informações sobre os aspectos ambientais dos produtos e serviços fornecidos;
(g) informações sobre o desempenho ambiental da organização, incluindo tendências, tais como redução
de resíduos e gerenciamento de produtos;
(h) conformidade com os requisitos legais e outros subscritos; bem como as ações corretivas e
preventivas em resposta aos casos de não-cumprimento identificados;
(i) informações suplementares, tais como glossários;
(j) informações financeiras, como reduções de custo e investimentos em projetos ambientais;
(k) estratégias potenciais para aprimorar o desempenho ambiental;
(1) informações sobre acidentes ambientais;
(m) fontes de informações adicionais, tais como pessoas para contato ou site 24 .
Há outras listas de elementos socioambientais nas quais a empresa pode se inspirar para selecionar
aqueles que pretende comunicar para um público indiferenciado. Por exemplo, os Indicadores Ethos de
Responsabilidade Social foram criados pelo Instituto Ethos com o
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objetivo de serem usados pelas empresas como instrumentos de acompanhamento e monitoramento das
suas práticas de responsabilidade social, ou seja, como instrumentos de auto- avaliação. Esses indicadores
apresentam-se na forma de um questionário que deve ser respondido para cada unidade de negócio da
empresa. O Instituto Ethos trata as informações contidas em todos os questionários enviados e elabora um
relatório cle benchmarking, com os resultados das empresas com as dez maiores notas em desempenho
final. A empresa que enviou questionários recebe o relatório de benchmarking e os resultados de sua auto-
avaliação, e poderá comparar seu próprio desempenho com o do grupo de benchmarking. O questionário e
o relatório dos resultados permitem à empresa avaliar sua gestão de responsabilidade social e planejar
ações pára melhorar seu desempenho em indicadores específicos. Esses indicadores não foram concebidos
para serem divulgados, mas eles ou parte deles podem ser considerados para compor os itens de um
relatório destinado ao público em geral.
Como divulgar?
A empresa pode optar por modelos de relatórios próprios ou adotar modelos ou diretrizes
padronizadas dentre as centenas que existem, ou, ainda, utilizar uma combinação de ambos. As
considerações feitas na seção anterior servem de orientação para elaborar relatórios com formatos próprios
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dimensões permite que a empresa enxergue a sua contribuição atual em relação aos objetivos do
desenvolvimento sustentável e estabeleça objetivos e metas para o futuro.
segurança aplica
Ceres Reporting (Ceres) X X Todas
Company Environmental Reporting X Todas
(Unep/Pnuma)
Corporate Environmental Report X X X X Todas
Scorecard (Deloitte Touche Tohmatsu)
Environmental Reporting for the X X Química
European Chemical Industry (Cefic)
Gemi Stakeholder Communication X X Todas
Global Reporting Initiative (GRI) X X X X X Todas
Instituto Brasileiro de Análises Sociais X X X X Todas
e Econômicas (Ibase)
OECD Guide for Multinational X X X X X Todas
Enterprise (0ECD/0CDE)
Public Environmental Reporting X Todas
Initiative (Peri)
Report Hazardous Substance X Todas
Releases and Oil Spill (Usepa)
Responsible Care Report (ICCA) X X Química
Balanço social
O balanço social é um instrumento para tornar transparente a responsabilidade social da empresa. Esse
instrumento se tornou mundialmente conhecido a partir da experiência francesa, mais especificamente a
partir da Lei 77-769, de 1977, que tornou obrigatório o balanço social (bilan social ) para as empresas e
organizações com mais de 300 funcionários, incorporando-o ao Código de Trabalho 25 . Segundo essa norma
legal francesa, o balanço
R PUBLIQUE FRANÇAISE. Loi 77-769 du 12 juillet 1977, relative au bilan s ocial de l’entreprise.
25
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■ 264 Gestão ambiental empresarial
social resume em um documento único os principais dados que permitam avaliar a situação da empresa no
domínio social, registrar as realizações efetuadas e as medidas implementadas no ano em curso e nos dois
anos anteriores. O balanço comporta informações sobre nível de emprego, remunerações, condições de
higiene e segurança, formação e treinamento, relações profissionais e outras condições de vida dos
funcionários e seus familiares. As questões ambientais não foram contempladas no modelo de balanço
social da lei francesa. A lei francesa não prevê qualquer controle sobre as informações contidas no balanço
social e a única pena prevista refere-se à não-apresentação do balanço ao comitê da empresa.
Outros modelos de balanço social foram criados em outros países por outras entidades públicas e
privadas, mas sempre mantendo o mesmo objetivo: divulgar a atuação da empresa no campo social
durante o ano para um público indiferenciado. O modelo de balanço social do Ibase, uma ONG criada pelo
sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, tem por objetivo principal dar conhecimento à sociedade de um
modo geral, portanto, usuários indiferenciados, sobre os resultados das ações da organização que
traduzam sua concepção de responsabilidade social ampliada. Esse balanço é constituído de indicadores
sociais (internos e externos), ambientais, do corpo funcional e informações quanto ao exercício da ci-
dadania empresarial. Como pode-se ver na Tabela 7.2, trata-se de modelo bastante simples e sintético para
facilitar a sua divulgação em qualquer meio, impresso ou eletrônico, inclusive para acompanhar a
publicação de demonstrativos contábeis. O objetivo é esse mesmo, prover um conjunto de informações
relacionadas com a responsabilidade social da organização, fácil de ser entendido e acompanhado pelas
partes interessadas.
O balanço social pode adquirir muitas formas, mas um formato padronizado permite comparar o
desempenho de diferentes empresas em termos de responsabilidade social, bem como a evolução do
desempenho de uma empresa ao longo do tempo. A padronização evita que a empresa divulgue apenas os
indicadores que apresentam bom desempenho, passando desse modo uma falsa imagem perante o público
que teve acesso ao balanço social. O Ibase estimula o uso do seu modelo padronizado conferindo à
empresa que o utilize um selo Balanço Social Ibase/Betinho. Para receber o selo, a organização deve
preencher o modelo de balanço social do Ibase na sua totalidade, não sendo admitido o uso de expressões
vagas, como informações não disponíveis ou itens que não se aplicam. Todos os funcionários devem receber o
modelo de forma individualizada e nominal em material, não sendo admitido o envio exclusivamente por
meio da Internet ou intranet. Além disso, o Ibase realiza uma consulta pública para receber opiniões sobre
a organização que pretende obter o selo. Desse modo, pode-se dizer que a auditoria do balanço social para
efeito da concessão do selo é auditada pela sociedade e pelos próprios funcionários da organização.
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1) Base de Cálculo 2006: Valor (Mil Reais) 2005: Valor (Mil Reais)
Creches ou auxilio-creche
Participação nos lucros ou resultados
Outros
Total - Indicadores sociais internos
3) Indicadores Sociais Externos Valor (Mil RS) % Sobre RO % Sobre RL Valor (Mil RS) % Sobre RO % Sobre RL
Educação
Cultura
Saúde e saneamento
Esporte
Outros
(continua)
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4) Indicadores ambientais
Valor (Mil RS) % Sobre RO % Sobre RL Valor (Mil RS) % Sobre RO % Sobre RL
Investimentos relacionados com a
produção/operação da empresa
Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos ( ) direção ( ) direção e () todos os gerências ( ) direção () direção e () todos os gerências
pela empresa foram definidos por: empregados (as) empregados (as)
(continua)
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trabalhadoresfas), a empresa:
A previdência privada
contempla: as da OIT normas da OIT e seguirá as da OIT normas da OIT
( ) direção ( ) direção e ( ) todos os ( ) direção ( ) direção e () todos os
gerências empregadosfas) gerências empregados(as)
Número total de reclamações e críticas de na empresa no Procon na Justiça na empresa no Procon na Justiça
consumidores(as)
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS (lbase). Balanço social anual - 2005.
Disponível em: < www.balancosocial.org.br >. Acesso em: 01 set. 2006. Nesse site o leitor encontrará bibliografia
e textos sobre responsabilidade social das empresas e balanço social, este modelo de balanço social com as
instruções para o seu preenchimento, os critérios para a concessão do selo e os balanços sociais de diversas
empresas.
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(continua)
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Relatórios ambientais | 269
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A Global Reporting Initiative (GRI) é uma iniciativa voluntária multi-stakeholder que teve sua origem
ligada ao Ceres e ao PNUMA no final do século passado, tornando-se uma organização independente em
2002 com sede em Amsterdam. Tem por objetivo promover e disseminar nas organizações a prática de
medir o seu desempenho em termos ambientais, sociais e econômicos, e divulgar os resultados como
forma de prestação de contas à sociedade. Ela desenvolve e atualiza periodicamente um conjunto formado
por estrutura, diretrizes e protocolos técnicos para elaborar relatórios de sustentabilidade com base no
diálogo com múltiplos stakeholclers. Esse conjunto é revisto periodicamente por meio de consultas
públicas.
A estrutura refere-se ao conteúdo básico do relatório, que se aplica a organizações de qualquer tipo ou
tamanho. As diretrizes são formadas por duas classes de princípios: uma voltada para orientar a definição
do conteúdo do relatório e a outra, para assegurar a qualidade das informações relatadas, como mostra o
Quadro 7.5. A transparência é um valor e ao mesmo tempo um objetivo, sendo a base na qual se assenta
todo o relatório, como mostram as diretrizes do GRI. A transparência é definida como a divulgação
completa e equilibrada de informações sobre as questões e os indicadores necessários para as partes in-
teressadas tomarem decisões e sobre os processos, procedimentos e hipóteses usadas para preparar o
relatório. A ênfase na transparência de todo o processo de comunicação é um ponto central de um novo
entendimento sobre responsabilidade social afinada com o movimento do desenvolvimento sustentável.
As diretrizes da GRI também apresentam indicadores de sustentabilidade econômica, ambiental e
social. Para cada indicador há um protocolo técnico que estabelece definições e orientações para tratar os
dados que serão relatados. O Quadro 7.6 apresenta a lista de indicadores de desempenho ambientais
constantes na terceira versão das diretrizes da GRI, divididos em indicadores essenciais e adicionais: os
primeiros são indicadores relevantes para a maioria das empresas e seus stakeholclers ; os adicionais
também são importantes, especialmente para a empresa que relata, mas são usados em poucas empresas.
Além das questões ambientais, o relatório com base nas diretrizes da GRI apresenta indicadores sobre
o desempenho econômico e social da empresa. Quanto aos aspectos econômicos, o relatório contempla o
valor econômico gerado e distribuído, a ajuda financeira dos governos, a proporção de gastos com
fornecedores locais, os investimentos em infra-estrutura, entre outros. Os indicadores de desempenho
social tratam das relações de trabalho, segurança e saúde no trabalho, treinamento e educação,
diversidade e igualdade de oportunidade.
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Princípios para definir o conteúdo do relatório Princípios para assegurar a qualidade da informação
Materialidade: a informação em um relatório deverá Equilíbrio: o relatório deverá refletir os aspectos positivos e
cobrir tópicos e indicadores que refletem os impactos negativos do desempenho da organização relatora, para
econômicos, sociais e ambientais significativos ou que permitir uma avaliação fundamentada do desempenho
influenciarão substancialmente as avaliações e global.
decisões das partes interessadas. __________________
Inclusão das partes interessadas: a organização Comparabilidade: as questões e informações deverão ser
relatora deverá identificar suas partes interessadas e selecionadas, compiladas e relatadas consistentemente, de
explicar como ela tem respondido às suas modo que as partes interessadas possam analisar as
expectativas no relatório. mudanças no desempenho da organização ao longo do
tempo e em relação a outras organizações. _____________
Contexto da sustentabilidade: o relatório deverá Exatidão: a informação relatada deverá ser suficientemente
apresentar o desempenho da organização no contexto precisa e detalhada para que as partes interessadas possam
mais amplo de sustentabilidade. avaliar o desempenho da organização _________________
Abrangência: a cobertura dos tópicos relevantes e Periodicidade: o relatório deve ser apresentado de acordo
materiais, e a definição dos limites do relatório deverão com uma programação regular e em tempo hábil, para que
ser suficientes para que as partes interessadas possam as partes interessadas possam tomar decisões
avaliar o desempenho econômico, ambiental e social da informadas. ______________________________________
organização no período relatado. Clareza: a informação deverá ser disponibilizada de modo
compreensível e acessível às partes interessadas usuárias
do relatório. ______________________________________
Confiança: a informação e os processos usados na
preparação do relatório deverão ser registrados, compilados,
analisados e divulgados de modo que possam ser
verificados quanto à qualidade e à materialidade das
informações. _____________________________________
Fonte: Sustainability Reporting Guidelines, 2006, Disponível em: <www.globalreponing.org.>
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serviços sobre a biodiversidade nas áreas protegidas e com operações por nível de risco de extinção.
elevado valor em biodiversidade fora delas.
Emissões,
efluentes e Total de emissões diretas e indiretas de gases de estufa por peso. Iniciativas para reduzir os gases de efeito estufa e as Outras
resíduos emissões indiretas relativas aos gases de efeito estufa reduções obtidas.
por peso. Peso dos resíduos perigosos transportados, importados ou Emissões de substâncias nocivas à camada de ozônio por
peso. exportados conforme os termos da Convenção de Basiléia, N0X, S0X e outras emissões significativas por tipo e peso. anexos
1, II, III e IV e porcentagem de resíduos transportados Total de descargas de água por qualidade e destino. i nternacionalmente.
Peso total dos resíduos por tipo e método de disposição. Identificação, tamanho, tipo de proteção legal e valor da Número total e
volume de derramamentos significativos. biodiversidade dos corpos d’água e habitats relacionados,
afetados significativamente pela descarga e escoamento
de água.
(continua)
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Organizaç o
Partes
interessadas
Princípios de
comunicação
ambienta!
Grupos de
interesse
seccionados
A política de comunicação ambiental deve ser coerente com a política ambiental e consistente com os
princípios expressamente mencionados na norma ISO 14063. Os princípios visam assegurar: a
transparência do processo de comunicação; o provimento de informações relevantes para as partes
interessadas; a credibilidade da comunicação assegurada por meio de uma condução honesta e o
fornecimento de informações confiáveis, exatas e substantivas para as parles interessadas; o atendimento
das questões e dúvidas das partes interessadas de modo integral e a periodicidade; e o relato de modo
claro com formato, linguagem e meio de divulgação adequados às partes interessadas de modo a mini-
mizar as ambigüidades 27 . A política de comunicação deve enunciar com clareza as seguintes questões:
^ Ibid., cláusula 3.
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De acordo com a norma 14063, o exame e a revisão da comunicação por parte da alta administração
fecha um ciclo e dá início a outro, levando em conta as oportunidades de melhorias e necessidades de
mudanças, conforme a idéia de melhoria contínua que preside todas as normas ISO de gestão. Decidindo
ou não por realizar mudanças na política, estratégia ou em qualquer atividade de comunicação, a
organização deve considerar como as partes interessadas irão percebê-las e como comunicar a elas as
razões das mudanças 29 . Todas as recomendações da norma estão claramente voltadas para que a
comunicação ambiental faça sentido para as partes interessadas e contribua para a melhoria do desem-
penho ambiental da organização, evitando que seja apenas o cumprimento pro forma de uma expectativa
da sociedade.
A divulgação do desempenho das empresas em relação às três dimensões da sustentabili- dade é um
meio importante para promover a educação ambiental, sem dúvida, um dos instrumentos mais
importantes para a formação de grupos sociais ambientalmente responsáveis. Já se firmou entre diversos
grupos formadores de opinião uma expectativa positiva sobre esse tipo de divulgação, de modo que
muitos dirigentes empresariais acabam aceitando esse fato, mesmo a contragosto. Um dos graves
problemas que pode ocorrer é o uso indevido da comunicação externa na medida que ela venha a ser
entendida por parte dos dirigentes como uma espécie de obrigação para atender a essa expectativa. A
divulgação voluntária se tornaria compulsória, propiciando todo tipo de escamoteação, uma vez que ela
deixa de ser feita a partir de uma convicção interna dos dirigentes para atender uma expectativa externa.
A comunicação externa deve ser entendida como um importante instrumento de responsabilidade social
da empresa, relacionado com a necessidade de dar transparência às suas atividades, como um meio para
proporcionar um diálogo permanente com suas partes interessadas e como um processo para levantar e
analisar a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Tornar os relatórios ambientais públicos por força de lei é uma questão polêmica semelhante à da
obrigatoriedade de realizar auditorias ambientais, confonne mostrado no final do capítulo anterior.
Quanto às auditorias, há casos em que a obrigatoriedade procede em razão da natureza do
empreendimento ou atividade e de seus impactos sobre o meio ambiente.
28
ISO 14063:2006, cláusula 4.1
29
ISO 14063:2006, cláusula 6.5.
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Referências
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_______ _ . NBR ISO 14031: 2004: Gestão ambiental - avaliação de desempenho ambiental -
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_______ _ . NBR 16001:2004: Responsabilidade social - sistema de gestão - requisitos. Rio de
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a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em
águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. Brasília, DOU 29/4/2000.
_______ _ . Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 5°, inciso XXXI11.
Brasília, 05/10/1988.
_______ _ . Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 37, inciso XXI, §1°
Brasília, 05/10/1988.
_______ _ . Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política nacional do meio
ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.
Brasília, DOU de 2/9/1981.
BRASIL. Lei 9.966, de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da
poluição causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob
jurisdição na cional e dá outras providências. Brasília, DOU 29/4/2000. BUCHHOLZ, R. A.; ROSENTHAL,
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DF Oxford University Press México, 1999. CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO
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Disponível em: <vvwvv.mma.gov.br> ou <www.unep.org>.
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8
Estudo de impacto ambiental
Para agir sobre os impactos ambientais é necessário conhecê-los, daí a necessidade de estudá-los, tanto
os que resultam das atividades humanas em curso, quanto os que podem vir a ocorrer no futuro em
decorrência de novos produtos, serviços e atividades. Em qualquer caso, o estudo dos impactos constitui
um instrumento de gestão ambiental sem o qual não seria possível promover a melhoria dos sistemas
produtivos em matéria ambiental. Qualquer abordagem de gestão ambiental de uma organização, seja ela
corretiva, preventiva ou estratégica, requer a identificação e análise de impactos ambientais para
estabelecer medidas para agir em conformidade com a legislação ou com a sua política ambiental. Estudos
de impacto ambiental podem ser efetuados a qualquer momento, antes de realizar ações e depois que tais
ações foram realizadas, ou seja, para produtos, atividades e empreendimentos existentes e propostos.
Um exemplo do primeiro caso já foi comentado no Capítulo 5. Recordando: para atender os requisitos
do SGA de acordo com a ISO 14001, uma organização deve estabelecer, implementar e manter
procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços que possam
ser controlados por ela e os aspectos que possam ser influenciados, para determinar aqueles que tenham
ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente. A identificação dos aspectos ambientais
deve ser feita mediante um processo contínuo que determine os impactos, positivos ou negativos,
passados, presentes e potenciais das atividades da organização sobre o meio ambiente 1. Assim, o estudo
dos impactos ambientais faz parte do processo de implantação e operação de um SGA e das auditorias
ambientais pertinentes. Mais adiante será apresentado o estudo de impacto ambiental para
empreendimentos e atividades em fase de proposta. É importante salientar que há diversos instrumentos
de gestão ambiental baseados em estudos de impacto, como a avaliação
1
ABNT. NBR ISO 14001: 2004 - Sistemas de gestão ambiental: requisitos com orientação para uso.
Rio de Janeiro, 2004, seção 4.3.1.
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Quadro 8.1
do Avaliar o status do desempenho ambiental das organizações e identificar áreas que necessitam de Organizações e melhorias,
CD
Avaliação 3T3
desempenho mediante um processo contínuo de coleta e avaliação de dados e informações. Esse _ suas unidades instrumento se C
caracteriza por ser um processo contínuo de coleta e avaliação de dados e informações produtivas oara avaliar o desempenho O
ambiental O
corrente da organização e as tendências futuras (ISO 14031:2004). O
CO
Avaliação ambiental Processo para identificar objetivamente os aspectos ambientais, para identificar questões ambientais de Locais e 3
locais e para determinar as conseqüências nos negócios em locais e organizações, como resultado de e organizações organizações cr
atividades passadas, presentes e de expectativas futuras (ISO 14015:2003).
Avaliação ambiental Instrumento que procura avaliar as condições de sustentabilidade ambiental de políticas, planos ou Planos, programas
estratégica programas de desenvolvimento para uma região ou setor, considerando os níveis de decisão mais elevados. e políticas públicas
r
Estudo prévio de Identificar e avaliar os prováveis impactos de uma atividade ou empreendimento com elevado potencial Projetos de oo
impacto ambiental de degradação ambiental durante a fase de projeto, isto é, antes que sejam implantados. empreendimentos
e atividades
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Ciclo do projeto
O EIA que será tratado a seguir é um instrumento de gestão ambiental aplicável a projetos de
empreendimentos e atividades, para identificar e avaliar previamente os impactos e antecipar soluções
antes de implantá-los. Projeto é uma palavra de ampla utilização nos ambientes de negócio, podendo
significar qualquer conjunto de atividades com objetivos específicos. Por projeto se entende tanto o
conjunto de informações articuladas para auxiliar a tomada de decisões sobre investimentos, quanto as
atividades resultantes dessas decisões. No primeiro caso, o projeto é um plano e no segundo, um
empreendimento, mas um empreendimento que se caracteriza por ter um objeto específico, um tempo
finito e um montante de recursos destinados à sua realização. A essas características acrescentam-se,
conforme o caso, objeto único (produto, serviço ou atividade específica), atividades únicas ou pouco
repetitivas, incertezas quanto aos resultados e gerenciamento complexo.
Os projetos são compostos de diversas fases ou ciclos de desenvolvimento que dependem do próprio
objeto, sua duração, complexidade, processos de decisão e outras questões administrativas e operacionais.
O conhecido Manual de Preparação de Estudos de Viabilidade Industrial da Unido 2 distingue três fases de
um ciclo de projeto:
1. Fase de pré-invesiimento:
1.1. identificação de oportunidades de investimento (idéias de projetos);
1.2. estágio de seleção preliminar (estudo de pré-viabilidade);
1.3. estágio de formulação do projeto (estudo de viabilidade técnico-econômica);
1.4. estágio de decisão e avaliação (relatório de avaliação).
2. Fase de investimento:
2.1. estágio de negociação e contratação;
2.2. estágio de concepção do projeto;
2.3. estágio cle construção;
2.4. estágio de colocação em marcha.
3. Fase operacional.
2
ORGANIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DAS NAÇÕES UNIDAS (UNIDO). Manual
cle preparação dc estudos de viabilidade industrial. São Paulo: Atlas, 1987.
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específicas. Um projeto pode ser segmentado em grandes fases, como: (1) concepção do projeto, quando se
definem objetivos, se realizam os estudos de viabilidade técnica e econômica e se avaliam as alternativas;
(2) detalhamento da alternativa escolhida; (3) implementação dessa alternativa; (4) início das operações
em condições normais, quando se dá por concluído o projeto.
A Figura 8.1 mostra a incorporação de custos ao longo do tempo e à medida em que as fases do projeto
vão
maisavançando
etapas dodesde sua vão
projeto concepção
sendo até o inicio de
concluídas, operação
mais difícil do
ficaempreendimento ou atividade.
realizar modificações Quanto
para atender
necessidades não especificadas no projeto original. Quando se avança na implementação do projeto,
aumentam os custos para efetuar alterações, o que reduz as oportunidades para realizá-las. Por isso,
quanto mais cedo o ElA for realizado, mais fácil será a introdução cle modificações que reduzam ou
eliminem os impactos ambientais negativos previamente estudados. Desse modo, o ElA é um instrumento
para prever e avaliar os impactos negativos de um projeto sobre o meio ambiente físico, biótico e social e
identificar meios e alternativas para evitá-los antes de implementar o projeto.
O ElA pode ser realizado em qualquer momento do ciclo de vida de um projeto, conforme ilustra a
Figura 8.2. A Figura 8.2(a) mostra uma situação na qual não se realizou
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nenhum EIA em qualquer fase da elaboração do projeio, mas se vier a ser feito, será realizado após a
implementação do projeto. Nesse caso, as medidas decorrentes desse estudo ficam limitadas às decisões já
tomadas e executadas, de modo que a localização, a escolha dos equipamentos, a capacidade de produção
e outras questões pertinentes ao empreendimento ou atividade passam a ser consideradas fatos
consumados. As ações para minimizar ou eliminar os impactos indesejáveis podem levar tempo e
consumir muitos recursos, pois as opções possíveis se restringem àquelas que podem ser aplicadas aos
componentes da alternativa escolhida e implantada. Grosso modo, tais ações se realizam conforme as
abordagens de controle (remediação ou end-of-pipe) ou de prevenção da poluição, por exemplo, 4Rs,
Produção Mais Limpa e outras mostradas no Capitulo 4. Na Figura 8.2(b), o EIA foi realizado após a
elaboração do projeto detalhado do empreendimento ou atividade, mas antes da sua implementação.
Nesse caso, pode ser necessário rever o projeio para incluir as contribuições desse estudo. O esforço para
incluir melhores soluções do ponto de vista ambiental é muito menor que no primeiro caso. O ideal,
porém, é a situação mostrada na Figura 8.2(c), pois o EIA passa a ser uma etapa do processo cle
desenvolvimento do projeto desde o início, participando dos demais estudos técnicos e econômicos.
Noie que o EIA também aparece no final do ciclo do projeto em todos os casos da Figura 8.2. Sempre
haverá a necessidade de estudar os impactos ambientais, mesmo quando o empreendimento ou a
atividade já tiver incorporado um EIA na sua fase de projeto, pois seus componentes e seu entorno se
alteram com o passar do tempo, equipamentos envelhecem, matérias-primas e fornecedores são
substituídos, novos produtos são acrescentados, enfim, qualquer empreendimento ou atividade sempre
muda com o tempo, assim como a sua circunvizinhança ou a área de influência. E os conhecimentos sobre
os
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impactos e o meio ambiente também se alteram ao longo do tempo, com o desenvolvimento científico e
tecnológico.
A Figura 8.3 apresenta exemplos de como e quando o E1A pode contribuir para o desenvolvimento de
uma atividade ou empreendimento ao longo do ciclo do projeto. A rigor, ele deve ser um processo
contínuo ao longo do ciclo do projeto. O E1A associado a um projeto é um trabalho complexo, constituído
de várias fases, cada qual com diversas atividades envolvendo recursos específicos e a participação de
grupos de pessoas com interesses diversos. Ou seja, não é uma tarefa fácil. A gestão do EIA já é, por si
mesma, complexa e requer uma gestão adequada. O Quadro 8.2 apresenta os princípios elaborados pelo
Pnuma para planejar e conduzir as atividades de um EIA de modo que ele alcance seus objetivos de
maneira apropriada.
Avaliação detalhada de impactos significativos, identificação de medidas preventivas e considerações para análise custo-beneficio
Fonte: PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE (PNUMA). Evaluación dcl impacto
ambiental: proceclimientos básicos para países en desarrollo. Bangkok: Pnuma/Officina Regional para Asia y el
Pacífico, 1988. p. 84.
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Princípio Comentários
Princípio 1 Não tentar cobrir demasiados tópicos com detalhes
• Focalizar as questões principais. excessivos. Em qualquer fase do projeto, o escopo do EIA
deve limitar-se aos mais prováveis e mais sérios impactos
ambientais.
Princípio 2 Geralmente são necessários três tipos de participantes: (1)
• Envolver as pessoas e grupos pertinentes. os que vão administrar e executar o EIA; (2) os que podem
contribuir com idéias, fatos, pontos de vista ou preocupações
com o projeto - por exemplo, cientistas, engenheiros,
administradores, políticos e representantes de grupos de
interesse ou de grupos que serão afetados pelo
empreendimento ou atividade; e (3) os que podem autorizar,
controlar ou alterar o projeto, isto é, os responsáveis pelas
decisões, tais como projetistas, agentes financeiros,
investidores, autoridades competentes, legisladores e
políticos.
Principio 3 0 EIA deve ser organizado de tal modo que possa apoiar as
• Relacionar as informações do EIA com as decisões do diversas decisões tomadas durante o projeto. Ele deve
projeto. começar cedo, para prover informações que permitam
aperfeiçoar o projeto básico.
Princípio 4 Para auxiliar os tomadores de decisão, o EIA deve
• Apresentar opções claras para mitigar os impactos e apresentar alternativas claras e deixar evidentes os prováveis
para uma adequada gestão ambiental. resultados de cada uma. Por exemplo, para possibilitar a
compatibilização ambiental do projeto, o EIA pode sugerir
várias alternativas de locais, mudanças nos parâmetros do
projeto, limitação do tamanho inicial ou do seu crescimento,
identificação de programas separados que possam contribuir
de modo positivo para incrementar os recursos ou a
qualidade ambiental locais.
Principio 5 0 objetivo de um EIA é assegurar que os problemas
• Apresentar informações numa forma útil aos tomadores ambientais foram previstos e comunicados aos tomadores de
de decisão. decisão. Para alcançar esse objetivo, os tomadores de
decisão devem entender completamente as conclusões do
EIA, que devem ser apresentadas em termos e formatos
compreensíveis.
Fonte: Pnuma, 1988, p. 85-86.
Resumindo, o EIA pode ser aplicado em empreendimentos e atividades existentes e nas diversas fases de
um projeto para implantá-los. Esse instrumento dá a sua melhor
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contribuição quando aperfeiçoa o projeto do ponto de vista ambiental, à medida em que permite realizar
escolhas que eliminem ou minimizem as fontes dos impactos ambientais antes da sua implementação. Para
isso, o EIA deve levar em conta as características do empreendimento ou atividade e da sua área de
influência para:
(a) identificar e avaliar previamente os impactos sobre o meio ambiente físico, biológico e social;
(b) estudar alternativas para os diferentes componentes do empreendimento ou atividade;
(c) desenvolver medidas para agir sobre as fontes dos impactos ambientais e sobre os próprios impactos;
(d) desenvolver medidas para monitorar as operações, caso o projeto seja implantado; e
(e) desenvolver planos para compensar e mitigar os impactos ambientais adversos.
Impacto ambiental
Para efeito do EIA, entende-se por impacto ambiental qualquer mudança no ambiente natural e social
decorrente de uma atividade ou de um empreendimento proposto. Mesmo considerando que mudanças
podem ocorrer por causas naturais, as que interessam aqui são as resultantes de ações humanas. A palavra
impacto refere-se, portanto, às alterações no meio ambiente físico, biótico e social decorrentes de atividades
humanas em andamento ou propostas. Ou seja, o impacto pode ser real ou potencial, neste caso, se a
atividade vier a ser implementada no futuro. Os impactos podem gerar efeitos positivos e negativos.
Quando se efeitos
fala emnegativos
impactos sobre
ambientais decorrentes de açõesnatural
humanas, há uma
poistendência
em associá-los
apenas aos os elementos do ambiente e social, a degradação ambiental
que nos rodeia é basicamente um resultado indesejável dessas ações. Porém, não se deve esquecer dos
impactos positivos, que em última instância são os que conferem sustentabilidade econômica, social e
ambiental ao empreendimento ou atividade.
A Resolução n 2 1, de 1986, do Conarna, que estabeleceu os critérios básicos e as diretrizes para uso e
implementação do EIA, considera como impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
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Segundo essa definição, apenas os impactos negativos são considerados. De acordo com o artigo citado
no parágrafo anterior, o entendimento a respeito de impacto ambiental corresponde ao de poluição. De
fato, conforme a Lei 6.938/1981, poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
(a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
(b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
(c) afetem desfavoravelmente a biota;
(d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
(e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos 4.
Impacto ambiental está definido na norma ISO 14001 como qualquer modificação do meio ambiente,
adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização. Já quanto
ao meio ambiente, essa norma apresenta um conceito restrito: circunvizinhança em que uma organização
opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas interações 5. Como foi
dito mais de uma vez aqui, as questões ambientais não se restringem a um local específico, à
circunvizinhança, pois podem adquirir em certos casos uma dimensão regional ou planetária. A definição
da Lei 6.938/1981 sobre meio ambiente também deixa a desejar: conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas 6.
A esse conjunto de condições, leis e interações, devem ser incluídas também as de ordem socioeconômica.
3
BRASIL/CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução Conama 01, dc
23 de janeiro dc 1986, art. 1°.
■ * BRASIL, Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981- Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente,
seus fins c mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências, art. 3 o , inc iso III.
5
ABNT, NBR ISO 14001:2004, definições 3.5 e 3.7.
6
BRASIL, Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, ari. 3 o , I.
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país. Em alguns países, a aprovação do E1A pelo órgão governamental competente é condição necessária
para a continuidade do processo de licenciamento do empreendimento ou atividade proposta. Esse é o
caso do Brasil, como se verá a seguir.
Licenciamento ambiental
A Lei 6.938/1981, que dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, estabeleceu, entre os
instrumentos de política pública, o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente
poluidoras 7. Nesses termos, entende-se que o licenciamento ambiental, enquanto autorização conferida
pelo poder público às atividades de que trata o artigo supracitado, deve ter um caráter temporário, ou
seja, seu prazo de validade não pode se estender indefinidamente. A Resolução Conama 237, de 1997,
define licenciamento ambiental como um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso 8 . Licença ambiental é definida neste texto legal
como ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica,
para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos com as características apontadas acima 9. E
estudos ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à
localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como
subsídios para a análise da licença requerida 10 . Trata-se, portanto, de um entendimento restrito, pois os
estudos ambientais podem ser usados para diferentes propósitos, como num SGA, conforme já comentado.
Com o Decreto 88.351/1983, que regulamentava a Lei 6.938/1981 até junho de 1990, o E1A tornou-se
parte integrante do processo de licenciamento de atividades e empreendimentos efetiva ou
potencialmente poluidores ou causadores de degradação ambiental 11 . A
7
BRASIL. Lei 6.938/1981, art. 9°, inciso IV
8
Resolução Conama n‚ 237, de 19/12/1997 - Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos
na política nacional do meio ambiente, art. l^, I.
9
Ibid., art. Iß, II.
10
Ibid., art. I* 2 , 111 .
11
BRASiL. Decreto 88.351,de01 de junho de 1983, que regulamenta as Leis 6.938/81 e 6.902/81; art. 18.
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nova regulamentação estabelecida pelo Decreto 99.274/1990 manteve essa exigência, determinando que o
poder público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes modalidades de licença
ambiental:
(a) licença prévia, para a fase preliminar de planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a
serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais,
A Resolução Conama 237/1997 apresenta outras disposições sobre o licenciamento ambiental como
instrumento de política pública ambiental. A licença prévia é concedida na fase preliminar do
planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando a sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases do projeto. Essa licença é condição para a continuidade do processo cle licenciamento, podendo ser
entendida como um sinal verde para o empreendedor prosseguir adiante com seu projeto. O início da
instalação do empreendimento ou atividade só deve ocorrer após a expedição da licença de instalação, na
qual se verificam as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados, bem como as
medidas de controle ambiental, de compensação e outras consideradas importantes na fase anterior. A
licença de operação é a que finalmente autoriza o início das operações do empreendimento ou atividade
objeto do projeto, cuja expedição depende da verificação do cumprimento das questões estabelecidas nas
etapas anteriores.
Nem toda atividade ou empreendimento estão sujeitos ao licenciamento ambiental. A Resolução
Conama 237/1997 apresenta uma relação de atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento
ambiental (ver Anexo VI), mas trata-se de uma lista não exaustiva, pois cabe ao órgão ambiental
competente definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento e a complemeniação dessa relação,
considerando as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento
ou atividade 13 . Ou seja, os
12
ld.. Decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, que regulamenta a Lei 6.902/81 e a Lei 6.938/81; art 19.
13
CONAMA, Resolução 237/1997, art. 2°, § 2‛.
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órgãos ambientais competentes podem considerar outros tipos de empreendimentos e atividades sujeitos
ao licenciamento ambiental, além dos que estão expressamente citados no Anexo VI. Quanto ao
procedimento de licenciamento, as seguintes etapas devem ser consideradas:
(a) definição pelo órgão ambiental competente, integrante do Sisnama (ver Capítulo 3), com a
participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início
14
Ibid., art. 10 .
15
lbid., art. 11 , § 2°
16
Ibid., art. 14.
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máximo para o órgão ambiental realizar sua parte no processo de licenciamento, pois a demora por parte
desses órgãos tem sido uma clas queixas freqüentes dos empreendedores.
Todas as licenças ambientais são válidas por tempo determinado. A Resolução Conama 237/1997
estabelece para cada tipo de licença um prazo de validade mínimo e um máximo, como mostra o Quadro
8.3. O prazo de prorrogação não pode ultrapassar o prazo máximo estabelecido para a modalidade cle
licença. No caso da licença de operação, o órgão ambiental, após avaliação do desempenho ambiental da
atividade ou do empreendimento, poderá aumentar ou diminuir o prazo de validade da licença,
respeitando os prazos mínimos e máximos dessa modalidade. A prorrogação da licença de operação deve
ser requerida com antecedência mínima de 120 dias do término do seu prazo de validade, ficando esta
automaticamente prorrogada até manifestação definitiva do órgão ambiental 17 .
O órgão ambiental que expediu uma licença, mediante decisão motivada, poderá modificar suas
condições e medidas de controle, ou suspender ou cancelar uma licença em vigor diante das seguintes
situações: (a) violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; (b) omissão ou falsa
descrição cle informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença; e (c) superveniência de
18
graves riscos ambientais e de saúde . A temporalidade e a possibilidade de suspensão ou cancelamento
da licença atuam no sentido de desestimular o relaxamento das condições estabelecidas na fase de
licenciamento após a expedição da licença.
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19
BRASIL. Lei 6.803, de 02 de julho de 1980, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial
nas áreas críticas de poluição e dá outras providências, art. 10°, § 3 o .
20
Ibid., Lei 6.938/1981, art. 9°; 1 1 1 .
21
Ibid., Constituição Federal, art. 24, VI, VII e VIU.
22
Ibid., art. 24, § I o .
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que for aplicável, conforme estabelece a Constituição Federal 23 . Com a Lei 10.257 de 10 de julho de 2001,
que estabelece diretrizes gerais de política urbana, o E1A e o estudo prévio de impacto de vizinhança
(EIV) foram considerados instrumentos dessa política 24 .
Obrigatoriedade do EIA
A Resolução n 2 01 de 1986 do Conama estabeleceu os critérios básicos e as diretrizes para o uso e
implementação de EIA, como instrumento da política nacional sobre o meio ambiente, de acordo com a Lei
6.938/1981. De acordo com o art. 22 dessa Resolução, dependerá de elaboração de EIA e respectivo
Relatório de Impacto Ambiental (Rima), a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente e
do Ibama em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:
23
BRASIL. Constituição Federal, art. 30.
24
lbid. Lei 10.257 de 10 de julho de 2001; art. 4°
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Além das atividades acima relacionadas, depende de EIA a ser submetido ao Ibatna, o
licenciamento de atividades que por lei sejam de competência privativa da União, como
instalações nucleares, portos marítimos e infra-estrutura aeroportuária. O EIA também é
necessário para o licenciamento de outros empreendimentos e atividades, por exemplo:
25
Os itens 16 e 17 do art. 2 o foram acrescentados pela Resolução Conama 11, de 18/3/1986 e o item 18, pela
Resolução 05, de 6/8/1987.
2 ^ BRASIL. Lei 7.661, de 16 de maio de 1988 - Institui o plano nacional de gerenciamento costeiro e dá outras
providências, art. 6 -.
27
ld., Resolução Conama n^ 05, de 15/06/1988 - Dispõe sobre o licenciamento de obras de saneamento básico.
2S BRASIL. Resolução Conama n 2 305, de 12/6/2002 - Dispõe sobre licenciamento ambiental, estudo de impacto
ambiental e relatório de impacto no meio ambiente de atividades e empreendimentos com organismos
geneticamente modificados e seus derivados.
29
Id., Resolução Conama 334, de 3/4/2003. Dispõe sobre procedimentos para licenciamento de estabe lecimentos
destinados ao recebimento de embalagem vazia de agrotóxicos. Brasília, DOU 4/ 4 / 2003 .
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O art. 2Ü da Resolução 01/1986 do Conama usa a exemplificação para indicar os tipos de atividades ou
empreendimentos modificadores do ambiente que dependem da aprovação de EIA e de seu respectivo
Relatório de Impacto Ambiental (Rima) por órgão estadual competente, ou federal em caráter supletivo.
Sendo de caráter exemplificativo, esses órgãos podem exigir a realização de EIA para outros tipos de
empreendimentos não explicitamente citados nesse artigo. E não poderia ser de outro modo, pois a
Constituição Federal refere-se a qualquer instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente 30 . Esse artigo da Resolução 01/86 do Conama tem sido objeto de
inúmeras críticas por parte de empreendedores, sob o argumento de que a sua redação permite aos órgãos
governamentais exigir a realização de EIA para qualquer empreendimento ou atividade. Se isso vier a
ocorrer, esse importante instrumento de política ambiental corre o risco de ser banalizado. Mas não é isso
que as normas legais pertinentes estabelecem.
O EIA deve ser utilizado apenas para os projetos que, pelo seu vulto e pela incerteza quanto aos seus
possíveis impactos, exigem um estudo especial, mais detalhado e, conseqüentemente, mais demorado. Para
os empreendimentos menores, bem como para os que possuem impactos amplamente conhecidos devido à
sua freqüência, ele pode ser substituído por outros tipos de estudos de impactos ambientais. Em outras
palavras, o EIA/Rima só deve ser usado para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou
potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental. Para os que não apresentam essa ca-
racterística, o órgão ambiental deverá estabelecer o tipo de estudo de impacto ambiental compatível com o
seu processo de licenciamento 31 .
Conteúdo do EIA
Cabe ao proponente do projeto realizar o EIA segundo as normas estabelecidas pelo órgão ambiental
competente. Para a finalidade de licenciamento ambiental, o EIA deverá conter, entre outros, os seguintes
itens:
1 diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos
ambientais e suas interações, tais como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área
antes da implementação do projeto, considerando:
30
BRASIL Constituição Federal, 1988, art. 225, IV.
31
BRASIL. Resolução Conama. 237/1997, Art. 3 o , cap ut e § úni co.
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(a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia,
os tipos e aptidões do solo, os corpos d’{gua, o regime hidrológico, as correntes marinhas e
atmosféricas;
(b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras
cle qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas
de preservação permanentes;
(c) o meio socioeconômico - o uso e a ocupação do solo, os usos da água e a socioeco- nomia,
destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as
relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a sua potencial
utilização futura.
II análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas, por meio da identificação, previsão da
magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os
impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e
permanentes; seu grau de reversibilidade, suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição
de ônus e benefícios sociais;
III definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e
sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas;
IV elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos,
indicando fatores e parâmetros a serem considerados 32 .
Uma das diretrizes para a elaboração do EIA é a delimitação da área de influência do projeto, a área
geográfica que será direta ou indiretamente afetada pelos impactos, considerando, em todos os casos, a
bacia hidrográfica na qual se localiza 33 . Assim, tem-se uma área de influência direta e uma de influência
indireta. Se a área de influência direta do projeto ultrapassar os limites estaduais, no todo ou em parte,
tem-se o que se denomina impacto ambiental regional, cabendo, nesse caso, ao Ibama, o licenciamento
ambiental 34 .
Delimitar a área de influência não é tarefa fácil, em virtude das inúmeras e complexas interações entre
os componentes dos meios físico, biológico e socioeconômico. A natureza da atividade ou
empreendimento pode impor dificuldades adicionais a essa tarefa. Por exemplo, uma fábrica que irá
exportar para diversos países acabará gerando algum tipo de
32
CONAMA, Resolução 01/1986, art. 6 o.
33
Ibid., art. 5 o.
34
Id , Resolução 237/1997, art. I o , i nci so IV e a rt. 4 o , inc iso III.
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impacto nesses países, bem como naqueles de onde serão extraídos seus insumos. Tintas e pigmentos de
produtos e embalagens podem conter metais pesados; graxas, óleos, solvente e aditivos presentes nos
produtos podem liberar poluentes no local de uso ou consumo. Nesses casos, a avaliação do ciclo de vida
é o instrumento de gestão ambiental mais apropriado. Incluir todos esses países na área de abrangência,
além de aumentar o tempo de realização do EIA, pode acabar inviabilizando o projeto. Um dos princípios
do EIA recomenda focalizar a atenção nas questões ambientais mais significativas e não tentar cobrir
todos os tópicos, como mostrado no Quadro 8.2. A área de influência do projeto deve compreender
apenas a região que poderá sofrer uma degradação significativa, tendo como limite mínimo a bacia
hidrográfica, considerando os elementos físicos, biológicos e sociais.
35
Conama, Resolução 01/1986, art. 8o .
36
ld., Resolução 01/1997, art 7°, revogado pela Resolução 237/1997.
37
ld., Resolução 237/1997, art. 21.
38
Ibid., art. 11 , § único.
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mostra que o cusio desses estudos varia de 0,5% a 2% do valor do projeto e eles necessitam de 12 a 18
meses para a sua realização 39 . Estes custos não incluem as revisões do projeto, se tal for necessário em
decorrência do processo de análise dos impactos ambientais. Lembrando o que foi dito anteriormente, os
custos do projeto aumentam na medida que suas fases avançam, de modo que o custo de um EIA/Rima
bem elabor ado pode ser compensado ao evitar a necessidade de proceder ajustes no projeto em fases mais
avançadas da sua implementação.
39
TOMMASI, Luiz Roberto. Estudo de impacto ambiental. São Paulo: Cetesb, 1994. p. 33.
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incidência dos impactos e indicando métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação,
quantificação e interpretação;
V. a caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes
situações de adoção do projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não-realização;
VI. a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos
negativos, mencionando aqueles que puderem ser evitados e o grau de alteração esperado;
VII. o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII. recomendações quanto à alternativa mais favorável 40 .
Publicidade do EIA/Rima
Uma característica fundamental do E1A e seu Rima é a sua publicidade, conforme estabelece a
Constituição Federal de 1988, como mostra o Quadro 3.6. O princípio da publicidade plena admite
restrição para os casos que contenham sigilo industrial, cabendo ao proponente do projeto ou
empreendedor demonstrar a necessidade de resguardar tal sigilo. Trata-se de uma providência necessária
para impedir que o proponente sonegue informações importantes para o EIA/Rima sob a alegação de sigilo
industrial. A possibilidade de restringir o acesso público aos segredos industriais também é uma tradição
na legislação mundial. Fora essa limitação, os procedimentos para tornar público o EIA e seu Rima
envolvem:
(a) acesso às cópias do Rima;
(b) divulgação da existência desse material;
(c) estabelecimento de uma fase de comentários a serem feitos por órgãos públicos e demais interessados;
e
(d) realização de audiências públicas para discussão do Rima.
Cópias do Rima devem permanecer à disposição dos interessados na biblioteca ou centro de
documentação do órgão ambiental competente. Os outros órgãos públicos interessados ou que tenham
relação direta com o projeto, por exemplo, a Secretaria de Transportes no caso
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de projetos de uma rodovia, devem receber cópias do Rima para conhecimento e manifestação" 1. Para
assegurar a publicidade, não basta apenas tornar acessível a documentação resultante dos estudos
realizados. Agiu corretamente o Conama ao determinar que o Rima deve ser apresentado de forma
objetiva e adequada ã sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível,
ilustrada por mapas, quadros, cartas, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se
possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de
sua implementação42 . Veja sobre esse aspecto o quinto princípio do E1A apresentado no Quadro 8.2.
Os comentários podem ser feitos por qualquer pessoa física ou jurídica interessada, tais como órgãos
de classe, sindicatos, instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais, empresas, pessoas
individualmente consideradas ou em grupos. O próprio empreendedor pode comentar o Rima,
acrescentando aspectos não considerados nos estudos. Os comentários devem ser sempre escritos e, dessa
forma, anexados ao processo. O órgão ambiental competente determinará o prazo para recebimento de
comentários. Como a legislação não define nenhum prazo, entende-se que cabe ao órgão ambiental
competente defini-lo, tomando o cuidado de que seja suficiente para o exame do Rima por parte dos
interessados. Um prazo mínimo de 30 dias seria razoável; menos que isso pode ensejar alguma contestação
por algumas clas partes interessadas. A abertura da fase de comentários deve ser precedida pela
comunicação em veículo cle publicação oficial, como o Diário Oficial da União ou do Estado, bem como em
periódicos de grande circulação na área de abrangência do projeto.
O órgão ambiental, se julgar necessário, poderá promover a realização de audiências públicas para
informar sobre o projeto e seus impactos. A Resolução n^ 09/1987 do Conama disciplina as audiências
públicas previstas na Resolução n 2 01/1986. A audiência também pode ser solicitada por entidades da
sociedade civil, pelo Ministério Público ou por 50 ou mais cidadãos 43 . Seu objetivo é expor aos interessados
o conteúdo do EIA e do Rima correspondente, para dirimir dúvidas e colher críticas e sugestões,
ressalvado o sigilo industrial, quando houver. O local da audiência pública deve ser acessível às partes
interessadas. Pode ocorrer mais de uma audiência pública, caso se constate a existência de vícios no Rima,
por exemplo, linguagem não adequada, ou nos procedimentos para torná-lo público, como defeitos no
edital de convocação. As atas das audiências, seus anexos e o próprio Rima servem
1
BRASIL, Conama, Resolução 01/1986, art. 10 e 11.
2
lbid., art. 9° , § único
4
Md., Resolução Conama 09, de 3/12/1987 - Dispõe sobre audiências públicas referidas na Resolução Conama
01/1986, art. 2°.
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de base para a análise e o parecer final do órgão licenciador quanto à aprovação ou não do projeto44 . As
informações obtidas durante o processo de estudos e a participação do público, quer diretamente, quer
através de representantes ou de órgãos públicos, complementam os estudos da equipe responsável pelo
EIA/Rima. A licença prévia concedida será nula se a audiência pública tiver sido solicitada e o órgão
ambiental não a tiver promovido 45 .
Há que se registrar que a fase de consulta pública pode servir também para fins políticos e econômicos
ilegítimos. Por exemplo, um concorrente do empreendedor pode solicitar mais informações e fazer
comentários ao Rima com o objetivo de retardar o início da implantação do projeto ou até mesmo
inviabilizá-lo. Representantes de partidos políticos podem utilizar procedimentos procrastinatórios para
impedir ou retardar a conclusão de uma obra que possa beneficiar seus adversários na próxima eleição. O
empreendedor pode manipular grupos para defender seu projeto, sob argumento da geração de empregos
e negócios para a cidade ou região onde pretende implementar o seu projeto. Não obstante a possibilidade
de as audiências e consultas serem usadas indevidamente, deve-se ressaltar que a publicidade e a
participação de outros agentes interessados são meios para aperfeiçoar o projeto sob ângulos diferentes.
44
ld.. Resolução Conama n ü 09, de 3/12/1987, art 5 o .
45
Ibid., art. 2o , § 2o .
46
ESTADO DE SÀO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente. Resolução SMA 42, de 29/12/1994 - Aprova
procedimentos para análise do EIA/Rima no âmbito da SMA
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dispensa do EIA/Rima, o empreendimento receberá uma licença prévia. Se a decisão for pela exigência de
EIA/Rima, o interessado deverá submeter à SMA um Plano de Trabalho para a sua elaboração,
explicitando a metodologia e o conteúdo dos estudos, levando em consideração as manifestações escritas
durante a apreciação do RAP e as que forem feitas durante a audiência pública, se houve alguma. Com
base nesse Plano de Trabalho, no RAP, nas manifesta ções escritas e em outras informações, o SMA
definirá o termo de referência, um roteiro ou conjunto mínimo de quesitos que deverá ser considerado na
elaboração do EIA/Rima e fixará o prazo para sua realização. A Figura 8.4 mostra o procedimento adotado
no Estado de São Paulo, que tem por objetivo tornar mais flexível o licenciamento ambiental, evitando
que o EIA seja exigido para atividades e empreendimentos que não representem um potencial de
degradação ambiental significativo.
No âmbito da legislação federal, o EIA/Rima pode ser dispensado, a critério do órgão ambiental
competente, para os empreendimentos voltados para a extração de minerais de emprego imediato na
construção civil, tais como areia, cascalho e saibro, em função de sua natureza, porte, localização e demais
peculiaridades 47 . Na hipótese de dispensa do EIA/Rima, o empreendedor deverá apresentar um Relatório
de Controle Ambiental (RCA), elaborado de acordo com diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental
competente, como condição para a expedição da licença prévia. Já a solicitação da licença de instalação
deverá ser instruída com um Plano de Controle Ambiental (PCA), que conterá os projetos executivos de
minimização dos impactos ambientais identificados na fase de licença prévia.
Os empreendimentos destinados à exploração de recursos minerais deverão, quando da apresentação
do EIA e respectivo Rima, submeter à aprovação do órgão ambiental competente um Plano de
Recuperação cle Áreas Degradadas (Pracl), indicando as ações que serão implementadas quando a
exploração mineral chegar ao fim 48 . A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a
uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção
de uma estabilidade do meio ambiente. Essa é uma exigência estabelecida na Constituição Federal, art.
225, § 22 , cujo enunciado pode ser visto no Quadro 3.6. Para a elabora ção do Prad, a empresa pode seguir a
orientação da norma NBR 13030, de 1999, que fixa diretrizes e estabelece recomendações e condicionantes
para a elaboração e apresentação de projetos de reabilitação de áreas degradadas pela mineração.
47
BRASIL, Conama, Resolução n« 10, de 06/12/1990 - Dispõe sobre normas específicas para o licenciamento
ambiental de extração mineral, classe II
48
BRASIL, Decreto n 2 97.632, de 10/4/1989 - Dispõe sobre a regulamentação do art. 2 o , inc iso V III da Lei 6.9 38,
de 31/8/81 e dá outras providências.
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Fonte: adaptado de SMA; CPRN; DA1A. Relatório Ambiental Preliminar - RÀP: roteiros básicos. São Paulo,
março de 1998. p. 33.
O Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) é um instrumento de política urbana instituído pela
Lei 10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade. Os empreendimentos e atividades sujeitos à
realização de EIV para obter licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento,
deverão ser definidos por lei municipal. Esse estudo deve contemplar os efeitos positivos e negativos do
empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas
proximidades, incluindo na análise, no mínimo, as seguintes questões:
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A publicidade também é um requisito essencial do EIV e seus documentos devem estar disponíveis,
no órgão municipal competente, para a consulta de qualquer interessado. O EIV não substitui a elaboração
de EIA, caso este seja exigido pela legislação ambiental.
Com o objetivo de estabelecer procedimentos simplificados para o licenciamento ambiental de
empreendimentos de pequeno porte e ampliar a oferta de energia elétrica, foi criado o Relatório
Ambiental Simplificado (RAS), tendo como conteúdo mínimo:
(a) realização,
descrição do projeto e suas
especificando áreaalternativas tecnológicas e locacionais, considerando a hipótese de não-
de influência;
(b) diagnóstico e prognóstico ambiental com uma descrição dos prováveis impactos ambientais e
socioeconõmicos, indicando métodos, técnicas e critérios para a sua identificação, quantificação e
interpretação; e
(c) medidas mitigadoras e compensatórias, identificando os impactos que não possam ser evitados.
Deve o RAS indicar também o programa de acompanhamento, monitoramento e controle. O processo
de licenciamento não pode exceder o prazo máximo de 60 dias de tramitação 50 . Essa pressa foi ditada pela
necessidade de agilizar a implantação de empreendimentos geradores de energia elétrica e evitar os
blackouts, mais conhecidos como apagões, que se tornaram freqüentes no País nos últimos anos do século
passado e no início deste século.
50
BRASIL, Conama, Resolução n." 279, dc 27 de junho de 2001- Estabelece procedimentos para o licenciamento
ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental.
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vantagens desse método são as mesmas de qualquer lista de verificação, acrescida da quantificação dos
impactos listados, apesar do subjetivismo que pode estar associado ao sistema de ponderação utilizado.
Porém, deixa a desejar no que concerne às interações entre os
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admiração
impactos, pois esse método continua apresentando as mesmas limitações das listas de verificação
unidirecionais.
Impactos
Fonte: OREA, Domingo Gómes. Evaluación dei impacto ambiental. Madrid/Barcelona: Ediciones Mundi -Prensa
e Editorial Agrícola Espanõla, 1999. p. 438.
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Os métodos baseados em matrizes de interação têm sua origem na conhecida matiiz de leopold, concebida
para avaliar os impactos ambientais da mineração no início da década de 1970. Essa matriz é uma tabela de
dupla entrada, na qual as colunas relacionam 100 ações causadoras de impactos decorrentes do projeto e as
linhas, 88 fatores ambientais da área de influência do projeto que podem ser afetados pelas ações, formando
8.800 células, cada uma representando o cruzamento entre uma ação e um fator ou característica ambiental.
O Quadro 8.4 apresenta as entradas da matriz cle Leopold, que são duas listas cle verificação, uma
contendo as ações causadoras de impacto e a outra, os fatores ambientais.
Fatores ambientais (linhas da matriz) ______________ Ações impactantes (colunas da matriz) _____________
A. Características físicas e químicas A. Modificações de regime
1. Terra a. introdução de flora e fauna exóticas
a. recursos minerais b. controles biológicos
b. materiais de construção c. modificações de hábítats
c. solos d. alteração na cobertura vegetal
d. geomorfologia e. alteração hidrológica
e. campos magnéticos e radioatividade de f. alteração de drenagem
íundo t. fatores físicos singulares g. controle de rio e modificação do fluxo
2. Água h. canalização
a. continentais i. irrigação
b. marítimas j. modificação do clima k. queimadas
c. subterrâneas
d. qualidade I. superfície e pavimentação m. ruídos e vibrações
e. temperatura B. Transformação do território e construção
f. recarga a. urbanização
g. neve, gelo e geadas b. localização das indústrias e dos edifícios
3. Atmosfera c. aeroportos
a. qualidade (gases, particulados) d. pontes e rodovias
b. clima (macro e micro) e. estradas e caminhos
c. temperatura f. ferrovias
4. Processos g. cabos e elevadores
a. inundações h. linhas de transmissão, oleodutos e corredores
b. erosão (continua)
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K. Outros
Fonte: adaptado de ORHA, Domingo Gómes. Evaluation dei impacto ambiental Madrid/Barcelona: Ediciones
Mundi-Prensa e Editorial Agrícola Espanõla, 1999, p. 430-431.
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anota-se a importância do impacto, também numa escala de 1 a 10. A magnitude do impacto, que
corresponde ao efeito causado por uma ação, pode ser benéfica ou adversa, daí a necessidade de usar os
sinais + e - para a natureza do efeito identificado, respectivamente. O sinal ± é usado para efeitos
indefinidos ou desconhecidos. A importância mede a intensidade do impacto que pode referir-se ( 1) ao
grau de alteração do meio físico, biótico ou antrópico; (2) a sua dimensão temporal, ou seja, de curto,
médio ou longo prazos; e (3) a sua extensão espacial (local, regional, global).
Ações impactantes
Fatores ambientais a b c d e f 9
A
3
5
B
9 5 7
// 7 // 4 2
C
8 ' 5
D 8 7 3
9 7 ..Z 2
E
A atribuição de valores para compor a matriz exige reflexão e busca de consenso entre os membros da
equipe responsável pelo EIA/Rima, o que não exclui uma boa dose de subjetividade. Para cada impacto
ambiental significativo é feita uma descrição, apontando suas características (por exemplo: permanente,
irreversível ou cumulativo), incluindo, sempre que possível, propostas de ações alternativas. Essa é a
parte mais importante do método, a matriz é só um ponto de partida e funciona como uma lista de
verificação bidimensional.
Os componentes da matriz original criada por Leopold et al. (1971) enfatizam as ações e os impactos
das atividades de mineração. As entradas da matriz (linhas e colunas) têm sido modificadas por diferentes
profissionais especializados em E1A, para adaptar esse método a outros tipos de atividades e
empreendimentos. A lista das ações impactantes pode ser a própria relação de atividades do projeto,
dispostas nas linhas conforme o cronograma previsto. A matriz de Leopold inspirou inúmeras variações,
sendo que hoje as matrizes de interação estão entre os métodos mais usados no mundo, pois apresentam a
facilidade operacional das listas de verificação, com a vantagem de permitir uma avaliação geral dos
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impactos associados às ações previstas no projeto. Permite também avaliar cada elemento de entrada da
matriz, pois a soma dos valores de uma dada linha mostra o grau de alteração previsto sobre um certo
fator ambiental e a soma de uma dada coluna, o impacto decorrente de uma ação prevista no projeto.
Cabe esclarecer que, a rigor, operações aritméticas com números gerados por escalas ordinais que
estabelecem uma hierarquização de atributos não podem ser executadas. As somas ponderadas
mencionadas acima referem-se a ordens numéricas de 1 a 10 , correspondentes aos atributos considerados:
magnitude e importância. Trata-se, portanto, de uma espécie de licença do método. A matriz deve ser
repetida para cada proposta alternativa. Entre as principais desvantagens desse método merecem
destaques o subjetivismo na mensuração da magnitude e da importância dos impactos identificados, a
dificuldade para tratar os impactos indiretos e a interação entre impactos. Apesar de suas inúmeras varia-
ções, a matriz de Leopold continua limitada quando se pretende avaliar as interações além da primeira
ordem de impactos ambientais.
Os métodos baseados em redes de interação procuram alcançar os impactos diretos e indiretos,
imediatos e mediatos. Eles se baseiam na elaboração de diagramas de fluxo, ou gráficos de causa-efeito,
que representam cadeias de impactos associados a partir das ações previstas, como exemplificado pela
Figura 8 . 6 . Além dos citados, há uma grande diversidade de métodos envolvendo diferentes abordagens
para avaliar impactos, como os métodos baseados em cartografia, em modelagem matemática de
ecossistemas e em valoração
Novos métodos econômica
e variações do meio
de métodos ambiente.estão sendo permanentemente desenvolvidos e
conhecidos
aplicados, o que atesta a importância desse instrumento de gestão ambiental, bem como a grande
dificuldade de realizar a avaliação de impacto de modo satisfatório. A participação de representantes da
comunidade da área de influência do projeto, de ONGs e outros interessados no empreendimento ou
atividade, além dos empreendedores e dos agentes públicos encarregados do processo de avaliação e
licenciamento, constitui uma oportunidade para corrigir falhas, omissões e erros resultantes da aplicação
de qualquer método de avaliação.
O E1A apresenta diversas deficiências, algumas delas decorrentes dos métodos de avaliação, conforme
comentado. Uma deficiência é a dificuldade de avaliar os impactos considerando as diversas interações
que podem ocorrer entre eles. Outro problema típico é a dificuldade de delimitar corretamente a área de
influência dos impactos, sendo este um dos motivos freqüentes de contestações por parte dos agentes
públicos envolvidos no processo de avaliação. Nem sempre é possível avaliar corretamente os impactos
globais, principalmente em função da dificuldade de considerar as interações, os efeitos retardados e
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acumulativos. Outro problema decorre do fato de que o uso desse instrumento se dá de modo
fragmentado, projeto a projeto, cada um sendo elaborado sem considerar os demais. Como se sabe, a soma
de bons projetos do ponto de vasta ambiental não garante que a área ou a região de destino estará
resguardada de problemas ambientais à medida em que os projetos sejam implantados.
Perda de
(arecadação ^Diminuição da » receita . Aumento da alíquota dos
de imposto orçamentária impostos
predial
Fonte: Adaptado de RAU, John G.: WOOTEN, David C. Environmental impact analysis handbook. New York:
McGraw-Hill, 1980, p. 8-25.
Esses problemas podem ser atenuados ou sanados por meio de um instrumento de avaliação que vá
além de projetos individuais, como é o caso da Avaliação Ambiental Estratégica (AEA), que tem como foco
as políticas, os planos e programas coerentes com as propostas de desenvolvimento sustentáveis,
considerando-os desde a sua formulação e seus processos de decisão. Esse instrumento pode gerar
parâmetros para os projetos individuais, uma vez que ele se dá em níveis de decisão mais elevados e seu
escopo é mais abrangente. A relação com o EIA pode se dar de várias formas: a Figura 8.7(a) ilustra uma
situação na qual a AEA contribui para sanar as deficiências de um EIA de um projeto individual pelas
avaliações realizadas antes e desde um nível de decisão mais elevado; a
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Figura 8.7 (b) representa uma interação plena entre esses dois instrumentos, levando em conta as
limitações do meio ambiente considerado em sua forma ampla, tendo como objetivo o desenvolvimenio
sustentável 51 .
A EAE é um instrumento de gestão ambiental bem mais recente que a E1A, embora já tenha um bom
caminho andado. Uma das experiências mais ricas ocorreu em diversos países da Europa, cujas iniciativas
pioneiras datam do final da década de 1980, com os preparativos para a Convenção da Comissão
Econômica das Nações Unidas para a Europa, de 1991, sobre a avaliação de impactos ambientais num
contexto transfronteiriço, conhecida como Convenção de Espoo. Em 2001 foi adotada a Diretiva 2001/42
CE do Parlamento Europeu e do Conselho da União Européia, com o objetivo de integrar as considerações
ambientais na elaboração de planos e programas com vistas a promover odesenvolvimen to sustentável 52 .
Sendo uma diretiva, os países membros da União Européiativeram um
prazo para adotar as suas disposições, como mostrado no Capítulo 2, prazo este que se encerrou em julho
de 2004. Canadá e Austrália também já legislaram sobre esse instrumento. No Brasil há diversas iniciativas
isoladas, mas ainda não há uma legislação federal estabelecendo normas gerais sobre este instrumento.
(b)
51
ONATE, J. et al., 2002 ; p. 27-33.
52
PARLAMENTO EUROPEU E CONSELHO DA UN1ÂO EUROPÉIA. Diretiva 2001/42/CE, de 27 de junho de
2001 , rel ati va ã avali ação dos efeito s de det ermina dos pla nos e pro gra mas no amb ien te. Jorn al Oficial da
Comunidade Européia, L 197/30, de 21/7/2001.
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( Comentários escritos
Denúncias EIA/Rima
Licença de instalação
Licença de operação
Licença prévia
Instrumentos <
Medidas de mitigação
Plano de recuperação de áreas degradadas
Programa de acompanhamento e monitoramento de impacto
Relatório Ambiental Prévio
Relatório de Controle Ambiental
9. Comente cada um dos modelos de avaliação 11. Que providências foram tomadas pelo poder
apresentados nesse capítulo, apresentando público para evitar a banalização do
suas vantagens e desvantagens. EIA/Rima? Você concorda com elas? Por quê?
10. Nas bibliotecas ou centros de documentação Apresente sugestões para tornar o EIA/Rima
dos órgãos ambientais estaduais ou do Ibama mais efetivo do ponto de vista das três
você encontrará cópias de Rimas, conforme dimensões da sustemabilidade - respeito ao
estabelece a legislação comentada no capítulo. meio ambiente, eficiência econômica e
Vá até esses locais e verifique as metodologias equidade social, conforme apresentadas no
de avaliação de impactos dos Rimas que você Capítulo 1.
consultar.
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Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13030:1999 - Elaboração e apresentação
de projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração. Rio de Janeiro, 1999.
________ . NBR ISO 14001:2004 - Sistemas de gestão ambiental: requisitos com
orientações para uso. Rio de Janeiro, dez. 2004.
------------- . NBR ISO 14040:2001 - Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios
e estruturas. Rio de Janeiro, nov. 2001.
______ __ . NBR ISO 14020: 2002 - Rótulos e declaraçõe s ambientais - princípios gerais. Rio
de Janeiro, jun. 2002.
________ . NBR ISO 14015: 2003 - Avaliação ambiental de locais e organizações. Rio de
Janeiro, jul. 2003.
BRAS1L/CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução Conama 01, de 23 jan .
1986 - Estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente. Brasília, DOU de 17/2/1986. Disponível em : http://wvvw.mma.gov. b r.
________ . Resolução Conama n ü 237 de 19/12/1997 - Regulamenta os procedimentos e
critérios de licenciamento ambiental como instrumento de gestão ambiental instituído pela Política Nacional do
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BRASIL. Lei 6.938 de 31/8/1981- Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DOU de 2/9/1981.
_________ . Decreto 88.351, de 1/6/1983, que regulamenta as Leis 6.938/81 e 6.902/81.
Brasília, DOU de 5/7/1983.
_________ . Decreto 99.274, de 6/6/1990, que regulamenta as Leis 6.902/81 6.938/81. Brasília,
DOU de 7/6/1990.
_________ . Lei 6.803, de 2//1980, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o
zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição e dá outras providências. Brasília, DOU de 6/7/1980.
_________ . Lei 10.257, de 10/7/2001 - regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição
Federal, estabelece diretrizes gerais de política urbana e dá outras
providências. Brasília, DOU de 11/7/2001.
_________ . Lei 7.661, de 16/5/1988 - Institui o plano nacional de gerenciamento costeiro e dá
outras providências. Brasília, DOU de 18/5/1988.
_________ . Decreto n.° 97.632, de 10/4/1989 - Dispõe sobre a regulamentação do art. 2 o ,
inciso VIII da Lei 6.938 de 31/8/81 e dá outras providências. Brasília, 12/4/1989.
ESTADO DE SÃO PAULO/Secretaria do Meio Ambiente. Resolução SMA 42, de 29/12/1994 — Aprova
procedimentos para análise do EIA/Rima no âmbito da SMA. São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente.
_________ . SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE/COORDENADORIA DE LICENCIAMENTO
AMBIENTAL E DE PROTEÇÃO DE RECURSOS NATURAIS; DEPARTAMENTO DE AVALIAÇÃO
AMBIENTAL (SMA/CPRN/DALA). Relatório Ambiental Preliminar - RAP: roteiros básicos. São Paulo,
março de 1998.
LEOPOLD, L. B.; CLARK, F.E; HANSHAW, B.B.; BALSLEYJR, T. A procedure for evaluating
environinent impact. Washinton, US, Geological Survey (Circular 645), 1971.
ONATE.J; PEREIRA,D.; SUÁREZ, F; RODRÍGUEZ,J.J; CACHÓNJ. Evaluación ambiental estratégica; la
evaluación ambiental de políticas, planes y programas. Madrid, Ediciones Mundi-Prensa, 2002.
OREA, D. G. Evaluación dei impacto ambiental. Madrid/Barcelona: Ediciones Mundi-Prensa e Editorial
Agrícola Espanõla, 1999.
ORGANIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DAS NAÇÕES UNIDAS (UNIDO).
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9
A guisa de conclusão
A gestão ambiental empresarial teve e continuará lendo nas iniciativas ambientais públicas globais,
regionais, nacionais e locais as suas principais fontes de desenvolvimento. Neste texto tomou-se a
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, como
um marco importante para o desenvolvimento da gestão ambiental em todas essas dimensões, de acordo
com uma proposta socioambiental. Os ciclos de conferências que vieram depois, com destaque especial
para a do Rio de Janeiro em 1992, trouxeram uma diversidade de medidas de gestão socioambiental
consubstanciadas em acordos multilaterais ambientais e em programas de ação envolvendo governos,
instituições mul- tilaterais, empresas, organizações não-governamentais e instituições de ensino e
pesquisa.
O Brasil acompanhou esse movimento global, que passou a ser identificado pela expressão
desenvolvimento sustentável O crescimento das ações empresariais ambientais tem sido impulsionado pela
escalada da legislação ambiental federal, estadual e municipal desde as últimas três décadas do século XX,
que tomou um impulso considerável com a regulamentação de diversos dispositivos constantes na
Constituição de 1988 e a incorporação de vários acordos multilaterais ambientais, alguns deles tratados no
Capítulo 2. Ao longo desse tempo, o próprio papel do poder público passou por transformações
profundas. De uma atuação inicialmente centrada no exercício do poder de policia, passou a contar com
uma diversidade de instrumentos cle política pública, como os incentivos fiscais e as medidas baseadas no
princípio do poluidor-pagador. Novas formas cle relacionamento entre os governos e as empresas também
foram aperfeiçoadas em diversos países e locais. Os governos deixam de atuar exclusivamente de acordo
com o binômio regulamentai ■ e fiscalizar e passam a desenvolver diversas formas de cooperação com as
empresas, como os acordos voluntários públicos de adesão ou negociados, como explicado no Capítulo 3.
Mas não é só do lado governamental que surgem motivos para a inclusão das preocupações ambientais
nas empresas. Muitas empresas que atuam no mercado exterior, ou que pretendem atuar, estão cada vez
mais atentas às questões ambientais, pois estas são usadas
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freqüentemente como barreiras técnicas ao comércio internacional. Dentre as dez exceções gerais
permitidas pelo Gatt para estabelecer restrições ao comércio estão: (1) as medidas para proteger a saúde e
a vida das pessoas e dos animais e para preservar os vegetais; e ( 2) as medidas relativas à conservação dos
recursos naturais esgotáveis, desde que sejam aplicadas juntamente com as restrições à produção ou ao
consumo nacionais 1. O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, outro acordo multilateral de
comércio administrado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), permite que os governos
estabeleçam restrições às importações de produtos que possam causar danos à saúde ou ao meio ambiente,
desde que não se trate de uma prática discriminatória. Essas e outras questões concernentes às questões
ambientais relacionadas com o comércio têm colocado para as empresas a necessidade de demonstrarem
que são ambientalmente responsáveis.
A busca de certificação para os Sistemas de Gestão Ambiental com base na norma ISO 14001, assunto
tratado no Capítulo 5, tem sido estimulada em grande parte pelas possibilidades de restrição permitidas
pelas regras do comércio multilateral no âmbito da OMC. Presume-se que a empresa que possua um
Sistema de Gestão Ambiental de acordo com os requisitos dessa norma e certificado por um Organismo de
Certificação Credenciado seja ambientalmente correta em âmbito nacional e internacional. Vale lembrar
que as normas internacionais produzidas com elevado consenso, como são as normas ISO, não são consi-
deradas barreiras ao comércio. É importante considerar que a implantação de um Sistema de Gestão
Ambiental, certificado ou não por um organismo de terceira parte, constitui apenas uma etapa importante,
na qual a empresa conseguiu com êxito introduzir a preocupação ambiental de modo integrado à gestão
global da organização.
As ONGs ambientalistas têm exercido um papel fundamental e diversificado, por exemplo,
denunciando e mobilizando a população para boicotar empresas e produtos ambientalmente incorretos;
cooperando com empresas, governos e comunidades; e criando oportunidades de negócios sustentáveis,
ou seja, negócios que atendam simultaneamente os seguintes requisitos: são economicamente viáveis,
socialmente inclusivos e ambientalmente corretos. São incontáveis os trabalhos que elas realizam em
parcerias com empresas com respeito aos mais variados temas ambientais. Muitas ONGs foram criadas
especificamente para dar suporte à gestão ambiental segundo concepções próprias, como são os casos do
Gemi, Ceres, Cempre, GR1 e muitas outras, algumas delas citadas ao longo deste livro. Diversos bancos,
agências de financiamentos e seguradoras deram-se conta da importância
1 GATT, General agreement on tariffs and trade (Gan 1947) as amended through 1996. Genebra, 1999, art. XX,
incisos b e g, respectivamente.
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das questões ambientais, pois elas podem prejudicar os negócios. Por isso, instituições financeiras já estão
avaliando o cuidado ambiental como um dos critérios para habilitar as empresas como tomadoras de
empréstimos. O crescente número de selos ou rótulos verdes criados por organizações independentes e
governos em diversos países, regiões e locais reflete o aumento da conscientização popular em relação aos
problemas ambientais e ao mesmo tempo contribui para o desenvolvimento de novos padrões de produção
e consumo.
Se não há dúvidas a respeito da necessidade da gestão ambiental nas empresas, o mesmo não se pode
dizer quanto aos seus aspectos organizacionais. Implementar a gestão ambiental é uma questão em aberto
e cada empresa deve encontrar o seu próprio caminho, pois a diversidade das empresas e das suas
circunvizinhanças não recomenda qualquer sugestão universal. Nas grandes empresas, cabe a criação de
departamentos específicos e até mesmo de divisões dedicadas à gestão ambiental. Um dos princípios Ceres
estabelece que pelo menos um membro da alta administração deve estar qualificado para atuar na área
ambiental, que seriam os administradores e diretores ambientais (ver Quadro 3.4). Nas médias e pequenas
empresas, as atividades ambientais podem ser conduzidas em conjunto com outras questões empresariais,
principalmente com áreas correlatas, como segurança e saúde ocupacional. Mais do que o tamanho da
empresa, é a natureza das suas atividades que deve ser considerada para efeito de implementar a gestão
ambiental. Empresas com atividades geradoras ou potencialmente geradoras de elevado impacto
ambiental adverso deveriam conduzir sua gestão ambiental a partir de um órgão ambiental específico, o
mais perto possível do centro de poder da empresa.
Um departamento ou órgão ambiental específico não alcança a totalidade das questões ambientais,
pois estas estão presentes em todas as atividades da empresa, no chão de fábrica, no armazém, no
almoxarifado, na movimentação e no manuseio de mercadorias, nos escritórios, no desenvolvimento de
produtos e processos, na seleção de materiais e de fornecedores, nas atividades de venda e pós-venda, em
qualquer lugar onde insumos produtivos são adquiridos, processados e utilizados. A política ambiental
explícita e a criação e operação de um Sistema de Gestão Ambiental, conforme mostrado no Capítulo 5, são
modos de orientar esse esforço coletivo. A preocupação com a qualidade ambiental deve ser disseminada
em todos os níveis hierárquicos e funções, o que significa que ela deve ser tratada de modo transversal,
ainda que em certos casos seja necessário criar e manter órgãos ambientais específicos. Em todos os locais
e atividades de uma empresa sempre haverá a possibilidade de gerar problemas ambientais.
Quanto mais a preocupação ambiental estiver interiorizada em todos os funcionários, in-
dependentemente dos cargos que ocupam ou funções que exercem, mais eficaz será a gestão ambiental. O
ideal é alcançar um nível de comprometimento tal que as preocupações
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com o meio ambiente sejam consideradas em todas as decisões, tanto as estratégicas quanto as
operacionais que ocorrem no clia-a-dia e em todos os cantos da empresa. Em outras palavras, as
preocupações ambientais devem permear todas as atividades e funções desenvolvidas pela empresa.
Qualquer lista de instrumentos de gestão ambiental nunca será exaustiva. As técnicas para melhorar a
produtividade podem ser entendidas como instrumentos implícitos de gestão ambiental, uma vez que
uma das classes de problemas ambientais refere-se ao uso dos recursos naturais. Eliminar o vazamento de
óleo lubrificante de uma máquina, reduzir o consumo desnecessário de energia, reaproveitar materiais
usados, realizar manutenção preventiva, fazer bem da primeira vez para que o trabalho não precise ser
refeito e evitar perdas de materiais e energia são exemplos de incontáveis práticas empresariais positivas
ao meio ambiente. Produzir mais com menos é uma preocupação permanente de qualquer empresário ou
administrador. Mas esses instrumentos não bastam, pois seu alcance é limitado e a motivação para
implementá-los nem sempre coincide com as necessidades de proteger o meio ambiente. Além disso, o que
uma mão pode fazer a favor do meio ambiente, a outra pode fazer contra, de modo que não se deve
esperar grandes melhorias ambientais pela via espontânea, deixada ao sabor das iniciativas voltadas para
a busca de melhor eficiência, tais como aumento de produtividade ou melhoria da qualidade. A
degradação do meio ambiente ultrapassou os limites da capacidade de suporte da Terra e medidas como
as citadas demoram para mostrar seus resultados do ponto de vista ambiental.
E preciso ter pressa para com os problemas ambientais, antes que seja tarde demais. No âmbito das
empresas, isso significa implementar a gestão ambiental integrada à sua gestão global e adotar
instrumentos de gestão específicos que incorporem o princípio da precaução, da prevenção e da
responsabilidade socioambiental, a exemplo dos que foram apresentados nos quatro últimos capítulos. Se
hoje tais providências servirem para reverter a degradação ambiental em curso, futuramente elas serão
indispensáveis para manter a qualidade ambiental do Planeta, impedindo o retorno desse estado
lamentável que se presencia nesse momento. Em outras palavras, a gestão ambiental empresarial veio para
ficar: neste momento como um imperativo diante do agravamento dos problemas ambientais; depois, na
medida cla resolução desses problemas, para sustentar as melhorias alcançadas e evitar o surgimento de
novos problemas ambientais.
Referências
GATT, General agreement on tariffs and trade (Gau 1947) as amended through 1996. Genebra, 1999, art.
XX, incisos b e g, respectivamente.
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Anexo 1
Glossário - Informações adicionais sobre algumas
palavras, expressões e siglas
ABIÓTICO. A parle sem vida do meio ambiente (NBR 9896:93; 2.1). Termo usado para indicar as condições
físicas e químicas do meio ambiente.
ABSORÇÃO . Processo físico e/ou químico no qual um material colhe e relém outro. Processo através do qual
uma substância é incorporada a um organismo vivo (NBR 9896:93; 2.6).
AERÓBIO. Ambiente onde há disponibilidade de oxigênio molecular. Organismo ou processo que necessita
de oxigênio molecular ou ar disponível no meio, ou que é prejudicado pela sua ausência (NBR 10703:
89; 2.42).
AEROSOL . Partículas sólidas ou líquidas muito pequenas suspensa no ar. Sistemas dispersos em um meio
gasoso, compostos de partículas sólidas e/ou liquidas de tamanho inferior a lOOptn. Em inglês: aerosol
(NBR 8969:1985; 2.15).
AGENDA 21. Documento aprovado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. É um conjunto de recomendações para orientar
governos de países, regiões e cidades, organizações e grupos da sociedade nos seus processos de
desenvolvimento sustentável. A relação das principais questões a serem tratadas numa política de
desenvolvimento encontra-se na Agenda 21, nos seus 40 capítulos distribuídos em quatro seções que
tratam dos seguintes aspectos: Seção 1 - aspectos sociais e econômicos do desenvolvimento; Seção 2 -
aspectos ambientais e gerenciamento de recursos naturais; Seção 3 - fortalecimento do papel dos
principais grupos sociais; e Seção 4 - os meios de implementação. Veja a Agenda na integra nos
seguintes sites: www.unep.org e www.mma.gov.br .
ÁGUA RESIDUÁRIA. Despejo ou resíduo líquido proveniente de atividades domésticas, industriais, comerciais,
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resíduos, inclusive sólidos, com potencial para causar poluição. O mesmo que esgoto (NBR 9896:93;
2.112).
ANAERÓBIO. Ambiente que não contém oxigênio molecular (oxigênio livre). Organismo ou processo que não
necessita de oxigênio molecular ou que é prejudicado pela sua presença (NBR 10703: 89; 2.42).
AQÜÍFERO. Toda formação geológica capaz de armazenar e transmitir água em quantidades apreciáveis. Usa-se também o termo
1 ACOT, Pascal. Histöria da Ecologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990. p. 78.
ODUM, 1988, p. 3.
2
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Anexo 1 331
BiOMASSA. Quantidade de matéria de origem orgânica (NBR 9896:1993; 2.275). É uma fonte renovável de
energia (Exemplos: álcool de cana-de-açúcar, lenha, resíduos agrícolas, resíduos industriais orgânicos).
BIOSFERA. É a faixa do Planeta onde existe vida. É a Terra vista como um gigantesco ecossistema que abriga
todas as formas de vida. Também denominada ecosfera.
BIOTA. Flora e fauna cle uma mesma região. Todos os organismos ou componentes vivos de um ecossistema.
BIOTECNOLOGIA. Qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus
derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilizações específicas (Convenção
da Biodiversidade; An. 2 o).
BIÓTICO. Termo relativo ao conjunto de seres vivos de um determinado ambiente ecológico (NBR 9896:93;
2.288). Adjetivo relacionado com os seres vivos de um modo geral.
CERTIFICAÇÃO. Procedimento pelo qual uma terceira parte dá garantia escrita de que um produto, processo ou serviço está em
conformidade com os requisitos especificados (ABNT ISO/IEC Guia 2: 1998; 15.1.2). Ver Terceira parte.
CHUVA ÁCIDA. A água destilada isolada do ambiente apresenta pH 7, ou seja, encontra-se no nível neutro, nem
ácida e nem alcalina. Como o pH da água diminui em contato com o C0 2 do ar, a água da chuva
apresenta normalmente um pH em torno de 5,6. Abaixo dessa faixa, tem-se a chuva ácida. As causas
humanas da chuva ácida são as emissões de S0 2 , NO x e outros poluentes gasosos que reagem com
componentes da atmosfera, formando ácido sulfúrico (H 2S0 4 ), nítrico (HN0 3) e nitroso (HN0 2 ). Esse
fenômeno também ocorre com neves e nevoeiros, daí a expressão genérica de precipitação ácida.
CICLO BIOGEOQUÍMICO. Série de fenômenos relacionados à transferência cíclica de elementos químicos nos
ecossistemas, desde a matéria mineral, sua transformação em compostos orgânicos, transformações e
assimilações ao longo das cadeias tróficas (cadeias alimentares) e ulterior mineralização, retornando ao
estágio inicial (NBR 9896:93; 2.339). Exemplos de ciclos biogeoquímicos: ciclo da água, do nitrogênio,
do enxofre, carbono etc.
COMUNIDADE BÍÓTICA. Todas as populações de plantas, animais etc. que vivem numa dada área. Conjunto de
seres pertencentes a variadas populações que coabitam determinado ambiente ecológico (NBR 9896:93;
2.392). Termos equivalentes: comunidade biológica, biota, biotna e biocenose.
COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS (COVs OU DO INGLÊS VOCs). Poluentes atmosféricos provenientes da vaporização
de compostos orgânicos como os hidrocarbonetos. Possuem ponto de fusão
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baixo, de modo que evaporam com facilidade. Os COVs estã o presentes em diversos produtos como
solventes, tintas, aditivos, propulsores, combustíveis e outros produtos industriais. Exemplos:
benzeno, clorobenzeno, cloreto de vinil, etilb enzeno, tolueno, xi - leno etc. O tratamento de água com
uso de produtos que contêm cloro também é outra fonte desses compostos. Os COVs são uma das
principais causas do smog fotoquímico. Podem causar câncer, mutações genéticas, distúrbios
hepáticos, depressão etc.
C ONSERVAÇÃO DA NATUREZA . É O manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a
manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que
possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial
de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres
vivos em geral (Lei 9.985/2000; art. 2 o , II). Conservação in siíu é a conse rvação de ecossistemas e
hábitats naturais e a manutenção e recuperação de populações de espécies em seus meios naturais e,
no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas
propriedades características (Art. 2 o , VII). Conservaç ão exsitu é a que se dá fora do ecossistema ou
hábitat naturais por meio de coleta de recursos biológicos e sua manutenção em bancos genéticos,
jardins botânicos e zoológicos.
C REDENCIAMENTO. Modo pelo qual um organismo autorizado dá reconhecimento formal de que um
organismo ou pessoa é competente para desenvolver tarefas específicas (ABNT ISO/IEC Guia 2:1998).
DDT. Sigla do didoro-difenil-tricloroetano. Inventado na década de 1930, esse inseticida foi um sucesso
comercial mundial. Por ter contribuído para debelar surtos de malária e de pragas agrícolas, ele
chegou a ser muito bem-visto pela comunidade científica e pela população em geral. Foi tão popular
que tornou-se sinônimo de inseticida. Até hoje a palavra dedetizar continua sendo usada como
sinônima de desinsetizar. Seu prestígio começou a ser contestado em meados dos anos 1950. A luta
pelo banimento desse produto constitui um marco importante dos movimentos ambientalistas, tendo
como figura central a pesquisadora Rachel Carson, com o seu livro Silent Spring, de 1962. Vários países
proibiram o seu uso, dentre eles o Brasil. Ver: Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs).
D EMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DB0). É a quantidade de oxigênio necessária para decompor bio-
logicamente os materiais org}nicos biodegrad{veis presentes num corpo d’{gua. É um indicador do
grau de poluição hídrica por matéria orgânica. Quanto maior a quantidade de material orgânico,
maior a quantidade de oxigênio demandada pelos microrganismos que irão realizar a decomposição
microbiana aeróbia desse material.
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Anexo 1 | 333
DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÉNIO (DBQ). É a quantidade de oxigénio necessária para decompor materiais orgânicos presentes num
corpo d’água por meio de agentes químicos (anidro sulfuroso, sulfetos, sais ferrosos etc.). É um indicador de poluição hídrica por
matéria orgânica.
DESERTIFICAÇÃO. Processo de acentuada diminuição hídrica num ambiente terrestre, em virtude de diferentes
fatores, tanto naturais quanto antropocêntricos (NBR 10703:1998; 2.156). A Convenção das Nações
Unidas para o Combate à DesertificaçãO apresenta a seguinte definição: degradação da terra nas
zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de vários fatores, incluindo as variações
climáticas e as atividades humanas (Art. 1; a). Por degradação da terra nessas zonas entende-se a
redução da produtividade biológica ou econômica e da complexidade das terras agrícolas de sequeiro
e irrigadas, das pastagens naturais e semeadas, das florestas e matas nativas em razão do sistema de
utilização da terra ou de um processo ou combinações de processos, incluindo os que resultam das
atividades humanas e das suas formas de ocupação do território, como a erosão do solo causada pelo
vento ou pela água, a deterioração das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e a
deterioração da vegetação por períodos prolongados (Art. I; Q.
D IÓXIDO DE CARBONO (CO 2). Também chamado gás carbônico. É um gás incolor constituinte da atmosfera
terrestre em pequena proporção, apenas cerca de 0,03%. O C0 2 integra o ciclo do carbono (ver Ciclos
Biogeoquímicos), sendo absorvido do meio ambiente pelas plantas através da fotossíntese e retornando
ao ambiente através da respiração. É produzido industrialmente para diversas aplicações, por
exemplo, extintores, bebidas carbonatadas etc. Não é um poluente, mas é um gás de efeito estufa, cuja
concentração tem crescido principalmente em razão da queima de combustíveis fósseis e das
queimadas de matas (ver Gases de efeito estufa).
D IÓXIDO DE ENXOFRE (SO 2). Poluente atmosférico formado pela queima de moléculas que contenham
enxofre, como é caso do carvão mineral e outros tipos de combustíveis. Provoca graves distúrbios
respiratórios, como bronquite e enfisema pulmonar. Por ser corrosivo, causa danos aos equipamentos
e materiais. É um dos causadores de precipitações ácidas, pois reage com 0 vapor d agua presente na
atmosfera (ver Chuva Ácida).
DISPOSIÇÃO FINAL . Lançamento de resíduos ou sólidos em corpos receptores com o objetivo de obter a sua
estabilização ou diluição. O mesmo que destino final (NBR 9896:93; 2.537).
ECOLOGIA. Ciência que estuda as inter-relações dos organismos vivos com o seu meio ambiente e dos
organismos entre si, inclusive o homem (NBR 9896:93; 2.575). Essa palavra também é usada para
indicar natureza ou meio ambiente. Veja mais detalhes sobre este termo no Quadro 1.1.
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E COSSISTEMA ( SISTEMA ECOLÓGICO ). É uma unidade básica de estudo da ecologia que incluí todos os
organismos de uma determinada área, interagindo com o meio físico, de forma a originar um fluxo de
matéria e energia (NBR 9896:93; 2.576). Para Odum, é qualquer unidade que abranja todos os
organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica) numa dada área, interagindo com o
ambiente físico de tal fonna que um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas
e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não vivas. Ainda segundo Odum, essa palavra foi
criada pelo ecólogo britânico A. G. Tansley em 1935, embora o conceito seja bem mais antigo 3.
E FEITO ESTUFA . A energia luminosa do Sol que atravessa a atmosfera e incide sobre a superfície da Terra é
absorvida e convertida em radiações infravermelhas. Quando essas radiações retornam ao espaço,
uma parte é absorvida por certos gases presentes na atmosfera e transformada em energia calorífica.
Esses gases funcionam como se fossem o telhado de vidro de uma estufa, daí a denominação de gases
de efeito estufa.
E FLUENTE. Substância líquida, sólida ou gasosa emergente de um sistema, como de uma estação de
tratamento ou processo industrial (NBR 9896:93; 2.580).
EMISSÃO. Etn sentido geral, é qualquer descarga de materiais no meio ambiente. Em sentido restrito, descarga cle poluentes na
atmosfera por uma fonte de lançamento ou ein virtude de reações fotoquímicas.
E MISSÕES FUGITIVAS . Ou fugidias. Emissões resultantes de vazamentos e escapamentos de equipamentos,
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reemitem radiação infravermelha (Convenção sobre Mudança do Clima; An. 1). Existem mais de 70
gases de estufa, parte deles existente na natureza (vapor d agua, dióxido de carbono, metano, óxiclo
nitroso, ozônio etc.) e outros sintetizados pelos humanos como os clorofluorcarbonos (CFCs) e os
hidrofluorcarbonos (HFCs). Apenas seis foram considerados pelo Protocolo de Quioto à Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. São os seguintes: dióxido de carbono (C0 2),
metano (Cl l4), óxido nitroso (N 20), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluo-
reto de enxofre (SF 6). Ver Efeito estufa.
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HABITAT. Local ou área homogênea do meio ambiente onde uma espécie vive.
ICC (I NTERNATIONAL C HAMBER Of COMMERCE). Entidade não-govemamenta! fundada cm 1919 e com sede em
Paris. Ela é formada por centenas de empresas e associações empresariais do mundo todo. Tem como
objetivo promover o comércio internacional. Tem-se destacado na busca de soluções para as questões
relacionadas com o comércio e o meio ambiente. Mais informações em <www.iccwbo.org>.
IAF (INTERNATIONAL ACCREOITATION Forum). Associação mundial constituída de organismos de acre- ditação ou de
credenciamento para avaliação da conformidade nas áreas de sistema de gestão, produtos, serviços,
pessoal e outros programas similares de avaliação da conformidade. Tem por objetivo assegurar que
os Organismos de Certificação Credenciados (OCCs) pelos organismos de credenciamento associados
demonstrem competência nos assuntos objeto do credenciamento. Pelo Acordo de Reconhecimento
Multilateral (Alultilcitcral Recognition AmmgcmaU ) do IAF. os organismos de credenciamento associa-
dos garantem que todos os certificados e registros emitidos pelos Organismos Credenciados por eles
são equivalentes. No Brasil, é o lnmetro o organismo de certificação membro do IAF
IMPACTO AMBIENTAL. Qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no lodo ou em
parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização (NBR ISO 14001:1996; 3.4). Alteração
da qualidade do meio ambiente resultante de uma ação, antrópica ou não (NBR 10703:1989; 2.242).
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam: (a) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; (b) as atividades sociais e econômicas; (c)
a biota; (d) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (e) a qualidade dos recursos
ambientais (Resolução Conama n^ 1/1986; Art. I a). Compare esse último entendimento de impacto com
o de poluição.
IPCC (I NTERGOVERNMENÍAL P ANEL ON C LIMATE C HANGE/P AINEL I NTERGOVERNAMENTAL SOBRE M UDANÇA
C LIMÁTICA). Painel criado em 1989 pela Organização Mundial de Meteorologia e pelo PNUMA para
prover informações científicas, técnicas e socioeconômicas concernentes à mudança do clima. Esse
painel não realiza pesquisas, embora tenha entre seus membros pesquisadores, e tampouco faz
monitoramentos. Ver mais informações em < www.ipcc.ch>.
ISO (I NTERNATIONAL ORGANIZATION F OR S TANDADIZATION). Organização criada em 1947, com sede em
Genebra. É formada por órgãos de normalização de mais de 140 países, um de cada país. Tem por
objetivo promover a normalização e as atividades relacionadas visando
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Anexo 1 337
estabilizada ou de resíduos líquidos, como chorume dos aterros sanitários (NBR 9896:93; 2.897). Ver:
Estabilização e Agt/as residuárías.
LIXIVIAÇÃO. Remoção de partículas do solo pela água percolante. Remoção das partículas solúveis ou coloidais
de um solo pela percolação de água (NBR 10703:1989; 2.270). Colóide do solo são matérias orgânicas e
inorgânicas com tamanho de partícula muito pequena (menor que 2um), tendo uma grande área de
exposição por unidade de massa (2.116). Ver Percolação.
Lixo. Restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou
descartados, conforme IPT/Cempre. Nessa obra, lixo e resíduo sólido são expressões sinônimas 4. O lixo
deve ser disposto em aterros sanitários construídos de acordo com critérios de engenharia e de normas
operacionais específicas, para controlar a poluição e evitar danos ao ambiente físico, biológico e social.
Ver Resíduo, Resíduo sólido e Limo.
LlXÃO. Forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples
descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. O mesmo que
descarga de resíduos a céu aberto (NBR 9896:93; 2.269). O lixão é uma forma precária de disposição
final de lixo, sem qualquer cuidado para impermeabilizar o solo e controlar as emissões, causando
graves problemas ambientais. Uma das conseqüências desse modo de disposição de resíduos sólidos é
a formação do chorume, um líquido com elevado potencial poluidor que resulta da infiltração da água
da chuva e da digestão biológica das partes orgânicas desses resíduos (NBR 9896:93; 2.237).
MATÉRIAL PARTICULADO. Termo genérico usado para definir qualquer material sólido ou líquido em suspensão no
ar ou na água, cujas dimensões são menores que lOOpm de diâmetro (NBR 9896:93; 2.989). Os
materiais particulados se apresentam na forma de poeira, fumaça, cinza, aerossóis e outros.Eles
resultam de emissões naturais e humanas, tais corno
4
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (IPT); COMPROMISSO
EMPRESARIAL PARA A RECICLAGEM (CEMPRE). Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. São
Paulo: IPT/Cempre, 2000. p. 29.
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ventanias, combustão, operações mecânicas para beneficiamento de cereais, madeira, minérios, cultivo
da terra etc., bem como de partículas resultantes de reações químicas produzidas na própria atmosfera
em decorrência da presença de certas substâncias, como as partículas de sulfato geradas pelo dióxido
de enxofre (S0 2) proveniente da queima de combustíveis fósseis. Problemas respiratórios, alergias,
irritações cutâneas são alguns problemas causados por esse tipo de poluente.
M EIO AMBIENTE . O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Lei 6.938/1981; Ari. 3 o , 1 ). C ircunvizinhança
em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, fauna, flora, seres
humanos e suas inter-relações (NBR ISO 14001:1996; 3.2). Local onde se desenvolve a vida dos
homens, animais, plantas ou microrganismos, em estreita relação com o conjunto de circunstâncias
externas, que se caracterizam não só pelas propriedades físicas, químicas e biológicas desse local, mas
também por outros fatores que regem a vida, como os relacionados às associações dos seres vivos em
geral e particularmente dos seres humanos, tais como os aspectos de ordem cultural, legal e outros. O
mesmo que meio e ambiente (NBR 9896:93; 2.1.004).
Metais pesados. Denominação genérica para elementos com peso atômico elevado, como chumbo, cádmio,
mercúrio, cromo, arsênio, bário, zinco, cobalto, manganês etc. Alguns são essenciais à vida, como o
cobre e o zinco, mas dentro de certas faixas de concentração. A expressão metais pesados associada à
poluição inclui o arsênio e o selênio, que não são metais. Os resíduos de processos e de produtos
industriais são as fontes mais freqüentes de materiais pesados. São metais largamente usados em
produtos e processos industriais. Por serem absorvidos com facilidade pelos organismos, esses metais
podem causar danos sérios à saúde, mesmo em baixas concentrações. Eles se acumulam nos or-
ganismos e são transmitidos via cadeia alimentar. O famigerado desastre ambiental ocorrido em
Minamata, pequena cidade de pescadores do Japão, decorreu da contaminação por mercúrio lançado
ao mar pela empresa petroquímica Chisso. O mercúrio acumulado nos peixes contaminou os que se
alimentavam deles, como os pássaros pescadores, cães, gatos e os habitantes do local, provocando
morte, loucura e defeitos congénitos.
M ONÓXIDO DE CARBONO (CO). Gás incolor e inodoro produzido pela queima incompleta cle moléculas
contendo carbono, por exemplo, combustíveis fosseis. É um poluente perigoso que pode causar danos
graves aos seres humanos e animais. Diante de uma exposição prolongada, pode causar até a morte.
Os veículos a motor cle combustão são as principais fontes desse poluente.
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Anexo 1 339
M UTAÇÃO GENÉTICA . Alteração cromossômica que é transmitida às gerações sucessivas de células (NBR
9896:93; 2.18)
N ORMA . Documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece,
para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados,
visando a obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto (ABNT 1SO/IEC Guia
2:1998; 3.2). Ver Normalização e Regulamento.
N ORMALIZAÇÃO. Atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições
destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um
dado contexto (ABNT ISO/IEC Guia 2:1998).
O RGANISMO . Neste texto, a palavra organismo é usada com dois significados muito diferentes. Um deles
refere-se a qualquer ser vivo, ou seja, a toda entidade biológica capaz de produzir e/ou de transferir
material genético, inclusive Vírus, prions e outras classes que venham a ser conhecidas (Lei 8.974 de
5/1/1995; Art. 3 o). O outro significado é atribuído às organizações humanas. Conforme o Guia 2 da
ABNT 1SO/IEC: organismo é toda entidade de direito público ou privado com funções e composições
específicas (4.1).
O RGANISMO DE CREDENCIAMENTO . Ou de acreditação. Organismo que dirige e administra um sistema de
credenciamento e concede credenciamento (ABNT 1SO/1EC Guia 2:1998, 17.1). O Inmetro é o
organismo de credenciamento ou de acreditação no Brasil no âmbito do Sinmetro. Veja IAF
O RGANISMO DE C ERTIFICAÇÃO CREDENCIADO (OCC). Uma organização de terceira parte credenciada por
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políticas visando a expansão e a estabilidade econômica dos países-membros e nào- membros, bem
como a expansão do comércio mundial sobre uma base multilateral. É um dos maiores incentivadores
dos instrumentos econômicos de política pública ambiental. Veja mais em <www.oecd.org>.
OXIDANTE FOTOQUÍMICO. Mistura de poluentes atmosféricos secundários resultantes da ação da luz sobre
óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos e outros poluentes gasosos. Seus efeitos mais conhecidos são
problemas respiratórios e oculares. Ver Smog fotoquímico.
OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD). Oxigênio contido em corpo d agua e que sustenta a vida aquática. É um indicador da qualidade da
água. Ver: DBO e DBQ.
PARTE INTERESSADA. Indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental da organização
(NBR ISO 14001:2004, definição 3.13). Essa é uma definição restrita à dimensão ambiental do
desempenho de uma organização. De modo mais amplo, é todo indivíduo ou grupo interessado ou
afetado pela organização.
PCBs. Sigla para identificar os biofinil policlorados , compostos orgânicos produz idos com biofinil de
diferentes porcentagens de cloro. Quimicamente inertes ao fogo e pouco solúveis em água, eles são
usados na transferência de calor, sistemas hidráulicos, adesivos resistentes ao fogo, aditivos para
tintas, lubrificantes, óleos de corte, formulações de resinas, papel auto-reprodutor de cópia sem
carbono e em líquidos dielétricos em transformadores e capacitores (NBR 9896:93; 2.1165). São
conhecidos por Askarel, Aroclor, Phenolor e outros nomes comerciais. A Portaria Interministerial n-
19, de 29 de janeiro de 1981, proibiu a produção e comercialização dos PCBs no território nacional,
bem como o seu despejo diret a ou indir etamente nos corpos d agua e outros locais expost os às
intempéries. Ver Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs).
PERCOLAÇÃO. Movimento de água feito através dos poros ou fissuras de um solo ou rocha, sob pressão
hidrodinâmica (NBR 9896:93; 2.1166).
PH. Medida usada para indicar o grau de acidez ou alcalinidade de uma solução. É o logaritmo do inverso
da concentração hidrogeniônica (íons de hidrogênio). É uma característica físico-química, por
exemplo, da água ou do solo. O pH é expresso de 0 a 14, sendo que: pH < 7 indica meio ácido; pH = 7,
neutro; e pH > 7, meio alcalino (NBR 9896:93; 2.1167).
PLÂNCTON. Conjunto de seres vivos, animais e vegetais que vive em suspensão num corpo d agua. Esses seres são na maioria
microscópicos e caracterizados pelo fato de que o seu potencial de locomoção é desprezível em relação ao movimento das
correntes e mares
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Anexo 1 341
reação fotoquímica (NBR 8969:1985; 2.219, 2.220). Poluente secundário também pode ocorrer em outros
meios além da atmosfera.
POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES (POPS). São compostos orgânicos sintéticos resistentes à degradação biológica,
química ou fotoquímica, daí o adjetivo persistente. Por apresentarem baixa solubilidade em água e alta
em lipídios, eles se acumulam no meio ambiente e nas células e são transmitidos a outros seres vivos,
ou seja, são bioacumuláveis. São tóxicos poderosos que afetam os seres vivos mesmo quando expostos
em pequenas doses por períodos prolongados. Câncer, mutações genéticas, enfermidades hepáticas,
nervosas e renais estão entre seus efeitos. As aplicações mais usuais dos POPs são as seguintes: pes-
ticidas, solventes, isolatues, fabricação de plásticos, tratamento de madeira, incineração etc. A
Convenção de Estocolmo sobre POPs, de 2001, relacionou 12 POPs para serem
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eliminados, a saber: aldrim, clordane, DDT, diedrim, endritn, hexaclorobenzeno (HCB), heptacloro,
mirex, policloreto de bifenilas (PCBs), loxafeno, policloreio de dibenzofu- ranos (PCDFs). Alguns deles
já estavam banidos no Brasil, como o aldrin, DDT, eldr in, mirex e PCBs. Outros são admitidos para
certos usos controlados, como o HCB. Em muitos textos, os POPs também são denominados
organoclorados.
POPULAÇÃO. Grupo de indivíduos de uma espécie que habita uma determinada área. Exemplo, população
ação do poder público federal. Em termos mais amplos, refere-se a qualquer componente da natureza.
RECURSOS BIOLÓGICOS. Compreendem os recursos genéticos, organismos ou partes destes, populações, ou
qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para a
humanidade (Convenção da Biodiversidade; Art. 2°).
RECURSOS GENÉTICOS. Material genético de valor real ou potencial. Material genético significa todo material
de origem vegetal, animal, microbiana ou outra forma que contenha unidades funcionais de
hereditariedade (Convenção da Biodiversidade; Art. 2 o).
REGULAMENTO. Documento que contém regras de caráter obrigatório e que é adotado por uma autoridade
(ABNT 1SO/IEC Guia 2:1998; 3.6). Documento que enuncia as características de um produto ou os
processos e métodos de produção a ele relacionados, incluídas as disposições administrativas
aplicáveis, cujo cumprimento é obrigatório (Anexo I do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio,
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Anexo 1 343
REQUISITO. Prescrição que expressa critérios a serem atendidos. Requisito essencial é o requisito de um
documento normativo que necessariamente deve ser atendido, para se obter conformidade com uma
determinada opção permitida por tal documento (ABNT ISO/IEC Guia 2:1998; 7.5.1). De acordo com
essa norma, o termo requisito mandató- rio deve ser usado somente para designar um requisito
exigido por lei ou regulamento. Documento normativo é o documento que estabelece regras, diretrizes
ou características para atividades e seus resultados. É um termo genérico que engloba documentos,
normas, especificações técnicas, códigos de práticas e regulamentos (3.1). Ver Norma e Regulamento.
RESÍDUO. Material ou resto de material cujo proprietário ou produtor não mais o considera com valor
suficiente para conservá-lo (NBR 9896:93; 2.1285). Fase sólida separada de um líquido por filtragem,
sedimentação, evaporação ou calcinação. Pela primeira definição, resíduo ou lixo são expressões
equivalentes. Esse é o mesmo entendimento dado por IPT/Cempre 5. A segunda definição da NBR
9896:1993 refere-se aos resíduos sólidos e que são denominados também refugos, rejeitos ou dejetos,
sendo que este último se aplica aos excrementos.
RESIDUOS SÓLIDOS. Resíduos das atividades humanas que normalmente apresenta-se sob estado sólido, semi-
sólido ou semi-líquido e é vulgarmente denominado lixo (NBR 9897:93; 2.1296).
S MOG. Termo de origem inglesa derivado da combinação das letras iniciais de smoke (fumaça) com as finais
de/og (nevoeiro), que qualifica certos tipos de poluição atmosférica por aerossóis (NBR 9896:93; 2.237).
S MOG FOTOQUÍmico. Denominação dada às condições da atmosfera quando esta apresenta visibilidade
reduzida e coloração marrom, em função da evolução de reações fotoquímicas entre óxidos de
nitrogênio e hidrocarbonetos reativos, produzindo compostos oxiclan- tes (NBR 9896:93, 2.238). Ver
Oxidante fotoquímico.
STAKEHOLDER . Ver parte interessada.
TERCEIRA PARTE. Pessoa ou organismo reconhecido como independente das partes envolvidas, no que se refere
a um dado assunto (ABNT ISO/IEC Guia 2; 12.9).
TRANSGÊNICO. Veja Organismo Geneticamente Modificado.
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UNCTAD. Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento. Entidade integrante das
Nações Unidas criada em 1964 com o objetivo de promover a integração dos países em
desenvolvimento no comércio internacional, como parte do processo de desenvolvimento desses
países. A cada quatro anos, em algum lugar do Planeta, se realiza uma conferência com os estados
membros da Unctad para discutir os assuntos relativos ao comércio e desenvolvimento e sugerir
propostas que serão levadas à Assembléia Geral da ONU ou a outras entidades intergovernamentais.
Em 2004, foi realizada a XI Conferência da Unctad na cidade de São Paulo. Ver mais em
<www.unctad.org>.
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO. Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas ju- risdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo poder público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção (Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação; art. 2 o , 1). A Convenção da Biodiversidade denom ina área protegida uma área
definida geograficamente, destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos
específicos de conservação (Art. 2 o).
UNIDO/ONUDI (UNITED NATIONS INDUSTRIAL DEVELOPMENT ORGANIZATION). Ou Onudi (Organização das Nações Unidas para
o Desenvolvimento Industrial). Agência especializada do sistema ONU, com sede em Viena, que tem
por objetivo promover e coordenar ações voltadas para o desenvolvimento industrial dentro do
conceito de desenvolvimento sustentável (Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável). A
Unido coordena, entre outras atividades relacionadas com esse objetivo, os centros nacionais de
Produção Mais Limpa. Veja mais em <www.unido.org/>.
Uso SUSTENTÁVEL. Exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de
forma socialmente justa e economicamente viável (Lei 9.985, de 18/7/2000; Art. 2 o , XI). Para a
Convenção da Biodiversidade, a expressão utilização sustentável significa a utilização de componentes
da biodiversidade de modo e em ritmo tais que não levem, no longo prazo, à sua diminuição,
mantendo assim o seu potencial para atender as necessidades e aspirações das gerações presentes e
futuras (Art. 2 o).
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Anexo 1 345
Referências
ACOT, Pascal. História da Ecologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8.969:1985: Poluição do ar:
terminologia. Rio de Janeiro, julho de 1985.
____________ . NBR 10703: 1989: Degradação do solo: terminologia. Rio de Janeiro, julho de
1989.
____________ . NBR 9896:1993: Glossário de poluição das águas. Rio de Janeiro, agosto de 1993.
____________ . NBR ISO 14001: 2004: Sistemas de gestão ambiental: especificação e diretrizes
para uso. Rio de Janeiro, outubro de 1996.
____________ . ABNT ISOAEC Guia 2: Normalização e atividades relacionadas: vocabulário
geral. Rio de Janeiro, julho de 1998.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÂO PAULO (IPT). COMPROMISSO
EMPRESARIAL PARA A RECICLAGEM (CEMPRE). Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. São
Paulo: IPT/Cempre, 2000.
ODUM, Eugene P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
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Anexo 2
Principais acordos multilaterais sobre
A TÉ 1972
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A TE 1972 (continuação)
Tratado para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina (Tratado de Tlatelolco) México
Bruxelas 1967
1969
Convenção Internacional sobre Intervenção em Alto Mar em Caso de Poluição por Óleo
Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Poluição por Óleo Bruxelas 1969
Tratado da Bacia do Prata Brasilia 1969
Convenção sobre Medidas para Proibir a Importação, Exportação e Transferência de
Propriedade Ilícita de Bens Culturais Paris 1970
Convenção Sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional (Ramsar) Ramsar (Irã) 1971
De 1972 A 1992
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Anexo 2 349
DE 1992 EM DIANTE
Acordo Local Data
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Rio de Janeiro 1992
Convenção da Biodiversidade (CDB) Rio de Janeiro 1992
Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Armazenamento de Paris 1993
Armas Químicas e sobre Destruição de Armas Químicas
Convenção sobre Banimento de Despejo de Resíduos de Baixo índice de Radiação nos Londres 1993
Oceanos
Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação em Países Afetados por Nova York 1994
Desertificação e/ou Seca
Nova York 1995
Acordo para Implementação das Disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o
Direito do Mar sobre Estoques de Peixes Transzonais e de Peixes Altamente Migratórios
Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares Nova York 1996
Convenção Internacional sobre Responsabilidade e Compensação por Londres 1996
Danos Conexos com o Transporte de Substâncias Nocivas e Perigosas por Mar (HNS)
Protocolo de Quioto à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Quioto 1997
(continua)
Vît' \\\ VXI
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Anexo 3
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, tendo se reunido no Rio
de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Humano, aprovada em Estocolmo em 16 de julho de 1972, e baseando-se nela com o objetivo de
estabelecer uma aliança mundial nova e eqüitativa por meio da criação de novos níveis de cooperação
entre os Estados, os setores-chave da sociedade e as pessoas, procurando alcançar acordos internacionais em
que se respeitem os interesses de todos e se proteja a integridade do sistema ambiental e de
desenvolvimento mundial, reconhecendo a natureza integral e interdependente da Terra, nosso lar, proclama
que:
PRINCÍPIO N® 1 - Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável.
Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com o meio ambiente.
PRINCÍPIO fí- 2 - Os Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e os princípios do Direito
Internacional, têm o direito soberano de explorar os seus próprios recursos, segundo suas próprias
políticas de meio ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob
sua jurisdição ou controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos
limites da jurisdição nacional.
PRINCÍPIO N2 3 - O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as
necessidades de gerações presentes e futuras. P RINCÍPIO NS 4 — Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental
deve constituir parte integrante do p rocesso de desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste.
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PRINCÍPIO N^ 5 - Todos os Estados e todos os indivíduos, como um requisito indispensável para o
desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, de forma a
reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da
população do mundo.
PRINCÍPIO Nrj 6 - A situação e necessidades especiais dos países em desenvolvimento, em particular dos países de menor
desenvolvimento relativo e daqueles ambientalmente mais vulneráveis, devem receber prioridade especial. Ações internacionais
no campo do meio ambiente e do desenvolvimento devem também atender os interesses e as neces sidades de todos os países.
PRINCÍPIO NM 7 - Os Estados devem cooperar, em um espírito de parceria global, para a conservação, proteção
e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as distintas
contribuições para a degradação ambiental global, os Estados têm responsabilidades comuns, porém
diferenciadas.
Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que têm na busca internacional do
desenvolvimento sustentável, em vista das pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio
ambiente global e das tecnologias e recursos financeiros que controlam.
PRINCÍPIO N 8 - Para atingir o desenvolvimento sustentável e a mais alta qualidade de vida para todos, os
Estados devem reduzir e eliminar padrões insustentáveis de produção e consumo e promover políticas
demográficas adequadas.
PRINCÍPIO N 9 - Os Estados devem cooperar com vistas ao fortalecimento da capacitação endógena para o
desenvolvimento sustentável, pelo aprimoramento da compreensão científica por meio do intercâmbio
de conhecimento científico e tecnológico, e pela intensificação do desenvolvimento, adaptação, difusão
e transferência de tecnologias, inclusive de novas e inovadoras.
PRINCÍPIO ns 10 — A melhor maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, no nível
apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso
adequado a informações relativas ao meio ambiente de que disponham autoridades públicas, inclusive
informações sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade
de participar em processos de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a
conscientização e a participação pública, colocando a informação à disposição de todos. Deve ser
propiciado acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que diz respeito à
compensação e reparação de danos.
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Anexo 3 353
N Í 11— Os Esiados devem adotar legislação ambiental eficaz. Padrões ambientais e objetivos e
PRINCÍPIO
prioridades em matéria de ordenação do meio ambiente devem refletir o contexto ambiental e de
desenvolvimento a que se aplicam. Padrões utilizados por alguns países podem resultar
inadequadamente para outros, em especial países em desenvolvimento, acarretando custos sociais e
econômicos injustificados.
PRINCIPIO N» 12 - Os Estados devem cooperar para o estabelecimento de um sistema econômico internacional
aberto e favorável, propício ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável em todos os
países, de modo a possibilitar o tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental.
Medidas de política comercial para propósitos ambientais não devem constituir-se em meios para a
imposição de discriminações arbitrárias ou justificáveis ou em barreiras disfarçadas ao comércio
internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o tratamento de questões ambientais fora da
jurisdição do país impor tador. Medidas destinadas a trata r de problem as ambien tais transfrontei riços
ou globais devem, na medida do possível, basear-se em um consenso internacional.
PRINCÍPIO N- 13 - OS Estados devem desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade de
indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais. Os Estados devem ainda cooperar de
forma expedita e determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional ambiental
instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os
investimentos internacionais.
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PRINCÍPIO NS 17 - A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas
que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade
nacional competente.
PRINCÍPIO Na 18 - O S Estados devem notificar imediatamente outros Estados, de quaisquer desastres naturais
ou outras emergências que possam gerar efeitos nocivos súbitos sobre o meio ambiente destes últimos.
Todos os esforços devem ser empreendidos pela comunidade internacional para auxiliar os Estados
afetados.
PRINCÍPIO N219 - Os Estados devem prover, oportunamente, a Estados que possam ser afetados, notificação
prévia e informações relevantes sobre atividades potencialmente causadoras de considerável impacto
transfronteiriço negativo sobre o meio ambiente, e devem consultar-se com estes tão logo quanto
possível e de boa fé.
PRINCÍPIO NÜ 20 - As mulheres desempenham papel fundamental na gestão do meio ambiente e no desenvolvimento. Sua
participação plena é, portanto, essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável.
PRINCÍPIO N° 21 - A criatividade, os ideais e a coragem dos jovens do mundo devem ser mobilizados para forjar uma parceria global
com vistas a alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para todos.
PRINCÍPIO N« 22 - As populações indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, têm
papel fundamental na gestão do meio ambiente e no desenvolvimento, em virtude de seus
conhecimentos e práticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer a identidade, cultura e interesses
dessas populações e comunidades, bem como habilitá-las a participar efetivamente da promoção do
desenvolvimento sustentável.
PRINCÍPIO N2 23 - O meio ambiente e os recursos naturais dos povos submetidos à opressão, dominação e ocupação devem ser
protegidos.
PRINCÍPIO NS 24 - A guerra é, por definição, contrária ao desenvolvimento sustentável. Os Estados devem,
por conseguinte, respeitar o direito internacional aplicável à proteção do meio ambiente em tempos de
conflito armado e cooperar para seu desenvolvimento progressivo, quando necessário.
PRINCÍPIO N'-1 25 - A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interdependentes e indivisíveis.
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Anexo 3 355
P RINCÍPIO N 26 - Os Estados devem solucionar todas as suas controvérsias ambientais de forma pacífica,
utilizando-se dos meios apropriados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas.
P RINCÍPIO N 27 - O S Estados e os povos devem cooperar de boa fé e imbuídos de um espírito de parceria
Fonte: Documento aprovado na Conferência das Nações Unidas para o Meio e Ambiente e Desenvolvimento,
realizado no Rio de Janeiro em 1992. (Tradução elaborada pelo Ministério das R elações Exteriores). Disponível
em <www.interlegis.gov.br.> Ver tatnbém em <\vww.unep.org.>
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LEI 7.347, DE 24/7/1985 - Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio
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Anexo 4 359
LEI 9.966. DE 28/4/2000 - Dispõe sobre a preservação, o controle e a fiscalização da poluição causada por
lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em água sobre jurisdição nacional e dá
outras providências.
LEI 9.984, DE 17/7/2000 - Dispõe sobre a criação da Agência Nacional da Água (ANA), entidade federal de
implementação da política nacional de recursos hídricos e coordenação do sistema nacional de
gerenciamento de recursos hídricos e dá outras providências.
LEI 9.985, DE 18/7/2000 - Regulamenta os incisos I, 11, 111 e IV do § I o do Ati. 225 da Constituição Federal,
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e dá outras
providências.
LEI 10.165, DE 27/12/2000 - Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - Altera a Lei n£ 6.938, de 31 de
agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação e dá outras providências.
LEI 10.257. DE 10/7/2001 - Regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes
gerais de política urbana e dá outras providências (Estatuto das Cidades).
Lei 10.308, DE 20/11/2001 - Estabelece normas para o destino final de rejeitos radiativos e dá outras
providências.
LEI DE
10.410, 11/1/2002 - Cria a disciplina e carreira de Especialista em Meio Ambiente.
LEI 10.650, DE 16/4/2003 - Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e
entidades integrantes do Sisnama.
Lei 11.105. DE 24/3/2005 - Regulamenta os incisos II, IV e V do § l ü do art. 225 da Constituição Federal,
estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos
geneticamente modificados - OGM e seus e dá outras providências.
LEI 11.284, DE 2/3/2006 - Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na
estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional
de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003; 5.868, de 12 de
dezembro de 1972; 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; 4.771, de 15 de setembro de 1965; 6.938, de 31 de
agosto de 1981; e 6.015, de 31 de dezembro de 1973 e dá outras providências.
LEI 11.428. DE 22/12/2006 - Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata
Atlântica, e dá outras providências.
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Anexo 5
Carta empresarial para o desenvolvimento
sustentável da Câmara de Comércio
Internacional (ICC)
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9. PESQUISAS
Realizar ou patrocinar pesquisas sobre os impactos ambientais das matérias-primas, dos produtos, dos
processos, das emissões e dos resíduos associados às atividades da empresa e sobre os meios de
minimizar tais impactos adversos.
casos apropriados, exigindo a melhoria dos seus procedimentos de modo compatível com aqueles em
vigor na empresa; e encorajar a mais ampla adoção destes princípios pelos fornecedores.
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Anexo 5 363
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14004:1996: Sistemas de gestão
ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas c técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 1996. Anexo A.
Disponível também em <www.iccvvbo.org/policy/environment/>
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Anexo 6
INDÚSTRIA METALÚRGICA
• fabricação de aço e de produtos siderúrgicos
• produção de fundidos de ferro e aço/forjados/arames/relaminados com ou sem tratamento de
superfície, inclusive galvanoplastia
• metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias, inclusive ouro
• produção de laminados/ligas/artefatos de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície,
incluindo galvanoplastia
• relaminação de metais não-ferrosos, incluindo ligas
• produção de soldas e ânodos
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• fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com ou sem tratamento térmico
e/ou de superfície
INDÚSTRIA DE MADEIRA
• serraria e desdobramento de madeira
• preservação de madeira
• fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada
• fabricação de estruturas de madeira e de móveis
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Anexo 6 367
INDÚSTRIA DE BORRACHA
INDÚSTRIA QUÍMICA
• produção de substâncias e fabricação de produtos químicos
• fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas betuminosas e da
madeira
• fabricação de combustíveis não derivados de petróleo
• produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais vegetais e outros produtos da
destilação da madeira
• fabricação de resinas e de fios artificiais e sintéticos e de borracha e látex sintéticos
• fabricação de pólvora/explosivo/detonantes/munição para caça e desporto, fósforo de segurança e
artigos pirotécnicos
• recuperação e refino de solventes e óleos minerais, vegetais e animais
• fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos
• fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas, germi- cidas e
fungicidas
• fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes, impermeabilizanies, solventes e secantes
• fabricação de fertilizantes e agroquímicos
• fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários
• fabricação de sabões, detergentes e velas
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INDUSTRIA DE PLÁSTICO
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Anexo 6 369
INDÚSTRIA DO FUMO
• fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo
INDÚSTRIAS DIVERSAS
OBRAS CIVIS
SERVIÇOS E UTILIDADES
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TRANSPORTE, TERMINAIS E DEPÓSITOS
TURISMO
• complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos
ATIVIDADES DIVERSAS
• parcelamento do solo
• distrito e pólo industrial
ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS
• projeto agrícola
• criação de animais
• projetos de assentamentos e de colonização
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Siglas
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Siglas 373
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167
180
187
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Quadros
QUADRO 1.1 Ecologia e outros termos relacionados 10
QUADRO 1.2 Bens e serviços ambientais — Entendimentos e classificações 14
QUADRO 1.3 Exemplos de poluentes típicos de setores selecionados 23
Quadro 2.1 Protocolo de Quioto - Anexo A: gases de efeito estufa
e fontes de emissão 44
Quadro 2.2 Protocolo de Montreal e suas emendas - Substâncias controladas 47
Quadro 2.3 A Cites e as espécies ameaçadas de extinção - Resumo 54
Quadro 2.4 Acordo-Quadro sobre meio ambiente do Mercosul - Áreas temáticas 62
Quadro 3.1 Instrumentos de política pública ambiental - Classificação e exemplos 73
QUADRO 3.2 Acordos voluntários - Tipos e exemplos 90
QUADRO 3.3 Iniciativas voluntárias unilaterais coletivas - Exemplos 94
Quadro 3.4 Princípios Ceres (Ex-Princípios Valdez) 95
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Tabelas
Tabela 2.1 Concentração de alguns gases de estufa na atmosfera 38
Tabela 2.2 Protocolo de Quioto - Países do Anexo I e total
de emissões de Co 2 em 1990 43
Tabela 2.3 Variedade de espécies conhecidas e estimadas 49
Tabela 5.1 NBR ISO 14001:2004 e NBR ISO 9000:2000 - Correspondências 199
Tabela 7.1 Lista parcial de modelos e diretrizes para relatórios ambientais 263
Tabela 7.2 Modelo Ibase de balanço social anual 265
Tabela 8.1 Matriz de Leopold - Exemplos de células marcadas 315
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Indice remissivo
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ozônio bom e ozônio mau, 45 Protocolo de Ecologia, 6 , 10- 11, 333 Ecologia ind ust ria l, 143-
Montreal, 46-47, 55 Substâncias que destroem a, 24, 146,149 Ecossistema, 6 , 1 0- 11, 15, 48, 1 43, 334
41, 48, 55 Certificação Educação ambiental, 88-89 Empresa sustentável, 115
finalidades, 168, 201-202 do Sistema de Gestão Estudo de Impacto Ambiental (E1A), 281 ciclo do
Ambiental, 168, 201- 202 projeto, 284 conteúdo, 298 definições, 281
Chuva ácida, 24, 331 Ciclo PDCA, 133- obrigatoriedade, 297 área de abrangência, 288
134, 331
144, 150 Clube
Ciclos de
biogeoquímicos,
Roma, 17-18, 2612, instrumentos
Leopold, de gestão
311 método baseados em, 283
Battelle-Columbus Matriz
, 3 10 de s
mét odo
Comunicação de avaliação de impactos, 308 princípios do, 288
interna, 183-184, 194, 261 Estudo de Impacto de Vizinhança (E1V), 307-308 Eco
externa, 183-184, 251, 254, 256, 261-262, Management and Audit Scheme (Emas), 155- 157, 174,
276 261 End-of-pipe, 119 Espécies ameaçadas, 49-50
política de, 274-275 Conferências das Nações Convenção Cites, 54 lista vermelha, 49 Estratégia
Unidas para o ambiental, 125-128 conceito, 126
Desenvolvimento e Meio Ambiente-Rio-1992, 33, eficiência operacional versus posicionamento
37, 291, 351-355 Conferências das Nações Unidas estratégico, 126
para o Meio Ambiente Humano, Estocolmo - 1972,
35-36, 58, 99, 134, 211, 296, 325 Consumidores
F
verdes, 158 Controle da poluição, 74, 118 -120 Funções ambientais: ver serviços ambientais.
abordagem de gestão, 118, 150 instrumento de G
política pública; 97-100 prática de, 118-122 Gatt, 114, 335 Gemi. 132-133, 256 Gestão ambiental,
Cornucopiano, 19 Custos ambientais, 77-80 25-29 abordagens, 25-26 conceito de, 25-26
D dimensões, 26-29 empresarial, 118 global, 33-66
local, 65
Desenvolvimento sustentável conceito,
modelo de gestão, 129-132
36-37,66
Desenvolvimento Industrial Ecologicamente
Sustentável, 135 dimensões, 35-37 Direito à
informação, 250 Due diligence, 213-215, 238 Dumping
ambiental, 114
E
Ecocentrismo, 11
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