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GESTÃO AMBIENTAL
EMPRESARIAL
CONCEITOS, MODELOS E INSTRUMENTOS
3 â Edição
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Gestão ambiental empresarial : conceitos, modelos e instru-
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2a tiragem: 2012
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A preocupação com o estado do meio ambiente não é recente, mas foi nas últimas
três décadas do século X X que ela entrou definitivamente na agenda do governo de
muitos países e de diversos segmentos da sociedade civil organizada. No âmbito empre-
sarial, essa preocupação é ainda mais recente, embora nunca tenham faltado empresas
e entidades empresariais que buscassem práticas ambientalmente saudáveis, mesmo
quando o assunto apenas começava a despertar interesse fora dos círculos restritos de
especialistas e das comunidades afetadas diretamente pelos problemas ambientais. Na
atualidade, o meio ambiente é um tema que ganhou as ruas, os auditórios, a imprensa
e faz parte do vocabulário de políticos, empresários, administradores, líderes sindicais,
dirigentes de O N G s e cidadãos de modo geral. Porém, para a maioria das empresas,
essa preocupação ainda não se transformou em práticas administrativas e operacionais
efetivas, pois, se isso já estivesse ocorrendo, o acúmulo de problemas ambientais que
coloca em risco todos os seres vivos certamente não seria visto com tanta intensidade.
A globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável e as empresas estão,
desde a sua origem, no centro desse processo.
Todos os temas deste livro são desenvolvidos mediante o confronto de opiniões,
com o objetivo de apresentar alternativas para as ações de gestão e mostrar as dificul-
dades de tratar assuntos tão polêmicos como são os decorrentes da relação empresa-
-meio ambiente. Da diversidade de opiniões e propostas concernentes a cada tema
tratado, essa obra procura apresentar as mais importantes do ponto de vista da gestão
ambiental empresarial. A gravidade dos problemas ambientais requer uma gestão aber-
ta às inúmeras influências e propostas para se chegar às que melhor se aplicam a cada
caso concreto.
O primeiro capítulo discute os problemas ambientais e apresenta o conceito de
gestão ambiental e suas diferentes dimensões. Como se verá, os problemas ambientais,
por mais variados que sejam, decorrem do uso do meio ambiente como recurso para a
produção da subsistência humana e como recipiente de resíduos da produção e consu-
mo, problemas que são agravados pelo modo como o ser humano concebe a sua rela-
ção com a natureza. Qualquer solução efetiva para os problemas ambientais terá
necessariamente que envolver as empresas, pois são elas que produzem e comerciali-
zam a maioria dos bens e serviços colocados à disposição da sociedade em praticamen-
te todos os cantos do planeta.
O Capítulo 2 apresenta iniciativas de gestão ambiental global. Três problemas glo-
bais foram selecionados para exemplificar a gestão nesse nível de abrangência: aqueci-
mento global, destruição da camada de ozônio e proteção à biodiversidade. A globalização
dos problemas ambientais tem sido uma das principais forças indutoras das práticas de
gestão ambiental nos níveis de abrangência regional, nacional e local. A maioria dos ór-
gãos ambientais governamentais começou a ser criada após a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972, que pode
ser considerada o marco mais importante na percepção da globalização dos problemas
ambientais. A legislação ambiental começa a crescer vigorosamente a partir desse evento,
cuja maior contribuição foi a de vincular as questões ambientais às do desenvolvimento.
A percepção da globalização desses problemas se deu muito antes de a palavra glo-
balização se tornar amplamente conhecida e associada à expansão e integração das
economias sob a égide do mercado, um fenômeno econômico, social, político e cultu-
ral que, embora não seja em essência novo, foi aprofundado nas duas últimas décadas
do século passado. As iniciativas de gestão ambiental no nível regional estão represen-
tadas pelas experiências da União Européia, Mercosul e Nafta. A importância das or-
ganizações da sociedade civil é ressaltada neste e nos demais capítulos, sendo que
vários modelos e instrumentos de gestão ambiental discutidos neste livro foram pro-
postos por essas organizações.
Nesta terceira edição do livro foram atualizados dados e informações sobre os assun-
tos tratados que sofreram modificações após a publicação da segunda edição, em 2 0 0 4 .
Alguns instrumentos de gestão ambiental contemplados no livro passaram por revisões
durante esse período e elas foram incorporadas. Além das atualizações, esta terceira edi-
ção traz muitas inovações em relação à edição anterior; a mais importante foi a inclusão
de um capítulo exclusivo sobre avaliação do ciclo de vida, um instrumento de gestão
ambiental que nas edições anteriores foi posto apenas como informação introdutória.
Esse novo capítulo mantém a mesma sistemática dos demais, ou seja, apresenta a origem
do instrumento, seu contexto de aplicação, métodos e pontos polêmicos. U m glossário
revisto e ampliado encontra-se no site do livro junto a outros materiais de apoio. Grande
parte das mudanças de uma edição para outra resultaram do contato direto ou por e-
-mail com diversos leitores que apresentaram suas dúvidas, críticas e sugestões. A estes os
meus sinceros agradecimentos e espero poder contar novamente com a colaboração.
SIGLAS
Batneec Best Available Tecnology Not Entailing Excessive Cost (Melhor Tecnologia
Disponível que Não Acarreta Custo Excessivo)
Cebds Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
Ceres Investors and Environmentalists for Sustainable Prosperity
Cetesb Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
Cites Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da
Flora Selvagens em Perigo de Extinção
Cnumad Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento (Rio de Janeiro, 1992)
Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente
PDCA Ciclo PDCA = Planejar (Pían), Fazer (Do), Verificar (Check) e Agir (Act)
Meio ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. A palavra ambiente
vem do latim e o prefixo ambi denota "ao redor de algo" ou "ambos os lados". O verbo
latino ambio, ambire significa "andar em volta ou em torno de alguma coisa". C a b e
notar que as palavras meio e ambiente trazem per se a idéia de entorno e envoltório, de
modo que a expressão meio ambiente encerra uma redundância. Essa é a expressão con-
sagrada n o Brasil, na Espanha e nos demais países que falam o castelhano (médio am-
biente); em Portugal utiliza-se apenas a palavra ambiente, da mesma forma que n o
italiano. N o idioma francês e no inglês utilizam-se as palavras environnement e environ-
ment, respectivamente, ambas originadas do francês antigo environer que significa cir-
cunscrever, cercar e rodear. O que envolve os seres vivos e as coisas, ou o que está ao
seu redor, é o planeta Terra com todos os seus elementos, tantos os naturais quanto os
alterados e construídos pelos seres humanos. Assim, por meio ambiente se entende o
ambiente natural e o artificial, isto é, o ambiente físico e biológico originais, e o que
foi alterado, destruído e construído pelos humanos, como as áreas urbanas, industriais
e rurais. Esses elementos condicionam a existência dos seres vivos, podendo-se dizer,
portanto, que o meio ambiente não é apenas o espaço onde os seres vivos existem ou
podem existir, mas a própria condição para a existência de vida na Terra.
Um ecossistema pode ser parte de outro; no limite, todos fazem parte da biosfera e
o ser humano é um de seus componentes. Os ambientes artificiais ou domesticados pe-
los seres humanos formam ecossistemas específicos, como as regiões agrícolas e agroin-
dustriais e até mesmo as cidades e os distritos industriais, embora estes últimos casos
sejam concessões ao termo ecossistema. Odum e Sarmiento denominam estes últimos
de tecnoecossistemas urbano-industriais, que se caracterizam por serem parasitas dos
A palavra ecologia é formada pelos vocábulos gregos oíkos (casa) e logya (tratado, discurso, estudo). Para Odum, Ecologia é "o
estudo do ambiente da casa, incluindo todos os organismos que ela contém e os processos funcionais que a tornam habitável" 3 .
É uma disciplina científica que permanece firmemente radicada na Biologia, embora tenha se tornado uma disciplina integradora
que une os processos físicos e biológicos e serve de ponte entre as ciências naturais e sociais. Por isso, a Ecologia constitui um
vasto campo de conhecimentos que inclui tanto as ciências biológicas e físicas quanto as humanas e sociais. A Ecologia é uma
ciência que enfoca os níveis de organização à direita do espectro biológico apresentado na figura abaixo, ou seja, dos organismos
aos ecossistemas, pois os componentes anteriores a estes não possuem vida autônoma. A Ecologia, assim como outras
disciplinas científicas, também apresenta diversos ramos de estudo, como Ecologia de comunidades, Ecologia de paisagem.
Ecologia humana e outras.
Componentes
bióticos
+
Componentes
abióticos
Biossistemas
A palavra ecologia aparece pela primeira vez em 1866, em um livro de Ernst Haeckel substituindo o termo biologia. Haeckel define
ecologia como "a totalidade da ciência das relações do organismo com o meio ambiente"4. Em 1895, essa palavra aparece pela
primeira vez no título do livro de Eugen Warning, botânico dinamarquês considerado o criador da Ecologia como disciplina científica5.
Porém, somente no início do século XX que a Ecologia seria reconhecida como campo científico distinto6. Em linguagem corrente é
comum o uso do termo ecologia como sinônimo de meio ambiente e de ecológico como sinônimo de ambiental.
A palavra economia é formada pelos étimos gregos oíkose nomia, que significa manejo ou gerenciamento. Literalmente, significa
"manejo da casa" 7 . Economia é a "ciência que estuda a atividade produtiva" e seu foco são os problemas concernentes ao uso
mais eficiente dos recursos escassos para a produção de bens8. A palavra economia é muito mais antiga que ecologia. Aristóteles
(384-322 a.C.), por exemplo, já a empregava em sua obra A Política. No entanto, a partícula eco tornou-se prefixo de palavras
associadas à ecologia e às questões ambientais, como: ecoeficiência, ecoenergia, ecoindústria, ecodesign, ecoinovação,
ecoturismo, ecoutopia e muitas outras. As palavras que levam esse prefixo são em geral portadoras de significados positivos, o
que reflete a preocupação com o meio ambiente por grande parte da população mundial.
3 O D U M , 1988, p. 1-2.
4 ACOT, P., 1990. p. 27.
5 ACOT, 1990, p. 34.
6 O D U M , 1988, p. 2.
7 Ibid., p. 1.
8 SANDRONI, P., 2006.
ambientes naturais e domesticados, pois não produzem os alimentos de que sua popula-
ção necessita, não limpam o ar e reciclam muito pouco as águas que utilizam9. Enfim,
esses ambientes não possuem capacidade de regeneração, uma característica importante
dos ambientes naturais e até mesmo dos domesticados.
P R O B L E M A S AMBIENTAIS
O D U M ; S A R M I E N T O , 1997, p. 295.
perda de fertilidade de muitas áreas em épocas anteriores. Entretanto, a possibilidade
de encontrar novas áreas para obter recursos escondia a gravidade desses problemas.
Se a degradação do ambiente fosse considerada um sério risco pelas sociedades do
seu tempo, Dante certamente teria atribuído um círculo no inferno aos degradadores
do meio ambiente. A poluição gerada pelas atividades humanas ficava concentrada em
áreas específicas e era absorvida com mais facilidade, pois era basicamente de origem
orgânica. A partir da Revolução Industrial surge uma diversidade de substâncias e
materiais que não existiam na natureza. Milhões de substâncias químicas foram sinte-
tizadas e esse número não para de crescer. A era industrial alterou a maneira de produ-
zir degradação ambiental, pois ela trouxe técnicas produtivas intensivas em material e
energia para atender mercados de grandes dimensões, de modo que a escala de explo-
ração de recursos e das descargas de resíduos cresceu a ponto de ameaçar a possibilida-
de de subsistência de muitos povos, da atualidade e das gerações futuras.
Esgotam-se c o m o uso
N ã o se a l t e r a m c o m o u s o
Qualidade ambiental: (combustíveis f ó s s e i s e
(energia solar direta e
esgotam-se, mantêm-se energia nuclear)
indireta c o m o ventos
ou aumentam
e marés)
(ar, água, beleza cênica,
espaço, controle natural
de pragas, navegabilidade Esgotáveis, mas p o d e m
A l t e r a m - s e c o m o uso: de rios, lagos e mares, ser r e u t i l i z a d o s
esgotam-se, mantêm-se ciclos dos nutrientes, e reciclados
ou aumentam polinização, regulação d o (a maioria dos metais)
(energia solar indireta: clima, assimilação de
c a r d u m e s , solo, poluentes, biodiversidade
colheita anual, árvores, e outros serviços
animais e outros ambientais)
recursos biológicos)
Fonte: Adaptado de TIVY, J.; 0'HARE, G. Human impact on the ecosystem. Edimburgo: Oliver & Boyd, 1991. p. 171.
O N U , 2001.
Q Q u a d r o 1.2 Bens e serviços ambientais: entendimentos e classificações.
Há diversos entendimentos sobre bens e serviços ambientais. Um deles refere-se aos produtos da atividade humana focados
em proteger o meio ambiente. 0 conjunto dos produtores desses bens e serviços forma a indústria ambiental, composta de
diversos segmentos econômicos, de acordo com a natureza do produto. Para a Environmental Business International são três
os segmentos dessa indústria: (1) equipamentos, instalações, instrumentos e outros materiais para controle e prevenção da
poluição e recuperação do meio ambiente; (2) recursos ambientais, como distribuição de água, venda de materiais recuperados
e geração de energia de fontes solar, eólica e outras consideradas ambientalmente limpas: e (3) serviços como análises
laboratoriais, gestão de resíduos, descontaminação de sítios, engenharia e consultoria ambiental, implantação de sistemas de
gestão ambiental em empresas, programas de educação ambiental". Esse tipo de classificação segue uma sistemática
semelhante à das classificações de setores econômicos para efeito fiscal. Seu foco são as atividades geradoras de bens e
serviços para gerenciar, controlar, prevenir e remediar problemas ambientais, como poluição, ruídos, desperdícios de recursos
e danos aos ecossistemas. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) apresenta um entendimento
semelhante a esse' 2 .
A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) também considera como bem ambiental os
produtos ecologicamente preferíveis, tais como os produtos orgânicos, os produzidos com conhecimento dos povos tradicionais e os
que utilizam energia renovável". Produtos preferíveis também são os que causam menos danos ao meio ambiente do que seus
similares. Exemplos: um equipamento de uso doméstico que consome menos energia é preferível a um similar que consome mais;
entre os produtos que cumprem a mesma função, são preferíveis os isentos de substâncias tóxicas. Um entendimento mais completo
deveria considerar o processo de produção na comparação, pois o que importa ao meio ambiente é a soma total de impactos
causados ao longo do ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias-primas no meio ambiente até a disposição final após
o fim da sua vida útil. As condições de trabalho também devem ser levadas em conta na caracterização desses bens e serviços. Eles
deixam de ser ambientalmente preferíveis se forem produzidos com trabalho forçado, trabalho infantil, em ambientes insalubres,
com remunerações aviltadas e outras condições que desrespeitem o ser humano.
Os entendimentos apresentados consideram apenas os bens e serviços produzidos pelas atividades humanas para resolver
problemas ambientais ou impedir que eles aconteçam e os que são ecologicamente preferíveis por gerar impactos ambientais
adversos significativamente menores do que os similares. Também são bens ambientais os materiais extraídos diretamente da
natureza, como lenha, minérios, água doce, peixes, fibras vegetais, frutos e petróleo. São serviços ambientais as funções
realizadas pelos componentes dos ecossistemas Como a reciclagem de materiais que restitui a fertilidade do solo, a produção de
oxigênio pelas plantas, a dispersão dos poluentes pela circulação do ar e a preservação de mananciais e rios pelas matas
ciliares. Todos os ciclos biogeoqufmicos são exemplos de serviços ambientais. A continuidade da vida e o provimento da
subsistência humana não seriam possíveis sem a manutenção desses serviços ambientais, que por sua vez dependem do modo
como os humanos intervém no meio ambiente.
14
C O N F E R Ê N C I A DAS N A Ç Õ E S UNIDAS PARA O M E I O A M B I E N T E E D E S E N V O L V I M E N T O , 1992.
15
C O N F E R Ê N C I A I N T E R N A C I O N A L S O B R E ÁGUA D O C E , 2001.
P R O G R A M A DAS N A Ç Õ E S U N I D A S PARA O D E S E N V O L V I M E N T O , 2010.
início do século X V I I , pois elas incentivariam os pobres a aumentar ainda mais sua
prole, ampliando o descompasso entre a população e os meios de subsistência. Mal-
thus também condenava os sindicatos, pois, n o seu entender, conceder melhores salá-
rios aos trabalhadores estimularia o crescimento populacional.
Malthus fez escola e o adjetivo malthusiano é utilizado para indicar pessoas pessi-
mistas quanto ao futuro devido ao descompasso entre recursos e necessidades e à difi-
culdade de conter o crescimento populacional, principalmente das populações pobres.
Achar que a pobreza decorre da falta de controle da natalidade e que os pobres são os
maiores responsáveis pela degradação da natureza são alguns argumentos inspirados
na obra desse autor. O s vaticínios pessimistas sobre a escassez de recursos não se con-
firmaram a não ser em situações localizadas. C o m as crises do petróleo a partir da dé-
cada de 1960, começa uma nova fase de debates sobre os recursos naturais. Despido
dos exageros de Malthus em relação aos métodos para reequilibrar o nível de popula-
ção à oferta de alimentos e outros recursos, o neomalthusianismo continua pessimista
quanto ao futuro da Humanidade, prega a necessidade de controle da população e
acha que os pobres são os responsáveis pela degradação ambiental. Segundo seus argu-
mentos, altas taxas de natalidade geram populações muito jovens e como estes conso-
mem mais do que produzem, o resultado final é o aumento da pobreza.
17 HARDIN, G „ 1968.
18 E H R L I C H , P. R. ; E H R L I C H , A. H„ 1968.
" E H R L I C H , P. R. ; E H R L I C H , A.H., 1990.
O s relatórios do Clube de Roma são expressões típicas da visão neomalthusiana
que tiveram destaques tanto n o meio acadêmico quanto na grande imprensa e contri-
buíram para divulgar o pessimismo sobre as possibilidades de a Terra sustentar o cresci-
mento econômico. N o mais famoso desses relatórios, denominado Limites do crescimento,
publicado em plena crise do petróleo do início dos anos 1970, esse pessimismo foi
sustentado por simulações realizadas num modelo computacional de sistema mundial.
O relatório afirma que caso não haja mudanças significativas nas relações físicas, econô-
micas e sociais observadas até então, a produção industrial e a população vão crescer
rapidamente para decrescer depois no decorrer do próximo século; a produção decres-
cerá devido à diminuição de recursos, e a população, pela elevação da taxa de mortali-
dade devido à diminuição dos alimentos e dos serviços médicos. M e s m o a duplicação
dos recursos naturais não impediria o colapso da população, porque o elevado cresci-
mento industrial sustentado pela maior oferta de recursos elevaria o nível de poluição
para além da capacidade de assimilação do meio ambiente, o que aumentaria a taxa de
mortalidade e reduziria a produção de alimentos. Se a única mudança for a possibilida-
de de dispor de recursos ilimitados, ainda assim ocorreria esse colapso por conta do
aumento de poluição. Em todas as simulações apresentadas sempre haverá crise de
abastecimento decorrente do crescimento econômico, mesmo na hipótese de reservas
ilimitadas de recursos obtidas com progresso técnico, controle de poluição e de natali-
dade 20 . C o m o resultado dessa análise pessimista, esses autores defendem um estado de
crescimento zero para a sociedade humana 2 1 , uma proposta que só poderia interessar
aos países desenvolvidos, daí porque o Relatório de 1972 do Clube de R o m a e os que
vieram depois foram duramente criticados nos demais países. Passados 3 0 anos do pri-
meiro relatório, os seus autores tornaram-se ainda mais pessimistas quanto ao futuro
global. Eles realizaram novas simulações e reafirmaram as conclusões anteriores de um
modo ainda mais drástico, pois verificaram que a humanidade passou a esbanjar recur-
sos de um modo ainda mais intenso do que em 1972 2 2 .
N o outro extremo estão os que demonstram um otimismo exagerado em relação
aos recursos necessários à vida humana. Estes se baseiam na crença de que qualquer
problema de escassez no presente ou n o futuro próximo será solucionado mais adian-
te, de modo que sempre haverá a possibilidade de substituição de insumos e processos
produtivos. A medida que o mercado visualiza a possibilidade de esgotamento de certo
recurso natural, seu preço de mercado aumentaria e isso estimularia as atividades de
20 M E A D O W S , H. D. ; R A N D E R S , J. ; M E A D O W S , D. L„ 2006. p. 120-138.
21 M E A D O W S , H. D. ; R A N D E R S , J., 2006, p. 168-177.
22 Ibid., p. 167-179.
pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico para melhor aproveitar esse recur-
so escasso e para encontrar alternativas para substituí-lo. Essa visão otimista quanto às
soluções tecnológicas, considera, na prática, todos os recursos infindáveis, pois diante
da iminente escassez de um dado recurso sempre será encontrado algum substituto.
Essa postura em relação ao meio ambiente é denominada cornucopiana em referencia à
cornucópia, uma figura da mitologia grega que simboliza a fortuna e a abundância eter-
nas, representadas por um vaso na forma de chifre que verte continuamente frutas,
flores e cereais.
Pode-se encontrar tal postura na obra de Adam Smith, A riqueza das nações, quando
diz que, independentemente do solo, clima ou extensão territorial de determinada na-
ção, a abundância ou escassez cie bens que esta irá dispor dependerá de duas circunstân-
cias: (1) da habilidade, destreza e bom senso com que o trabalho é executado e (2) da
proporção entre os que executam o trabalho útil e os que não executam trabalho útil,
sendo que a primeira parece ser mais importante que a segunda 23 . Segundo Adam Smith,
sempre haverá demanda por alimentos, pois assim como os animais, os humanos se
multiplicam proporcionalmente aos meios de subsistência. Assim, o autor conclui que
os alimentos sempre irão demandar trabalho e sempre haverá alguém disposto a produ-
zi-los, de modo que a terra irá sempre produzir uma quantidade de alimentos mais que
suficiente para remunerar o trabalho e repor o capital 24 . Talvez seja em decorrência
desse tipo de argumento que o fator terra tem sido omitido em muitos textos econômi-
cos nos quais apenas o trabalho e o capital foram considerados fatores de produção.
23
S M I T H , A., 1983. p. 35.
24
S M I T H , 1983, p. 153.
S I M O N , J. L., maio 1990.
cornucopianos continuam com a idéia exposta por Adam S m i t h de que cada indiví-
duo, buscando o melhor para si, acabaria gerando o melhor para todos 2 6 . Na realida-
de, para esse autor o autointeresse nem sempre produziria efeitos benéficos 2 7 , mas
muitos dos que se dizem seus seguidores transformaram o autointeresse n o único
princípio para alcançar a riqueza, dando-lhe status de virtude e usando-o ad nauseam
para justificar toda sorte de ações em proveito próprio, independentemente dos pre-
juízos para os demais e para o meio ambiente.
S M I T H , 1983, p. 24.
Ibid., p. 66.
FAO, 2001.
FAO, 2 0 0 9 .
degradam o meio ambiente, quer pela utilização intensiva de recursos para manter o
alto padrão de consumo das suas populações afluentes, quer pela quantidade de po-
luentes que resultam dos processos de produção e consumo que ultrapassam a capa-
cidade de assimilação do meio ambiente. Os problemas ambientais não podem ser
resolvidos sem considerar o estado de conhecimento e os padrões de desenvolvimen-
to dos diferentes países e dentro destes, dos diferentes grupos sociais. Muitos países
que ostentam um padrão de vida elevado para seu povo dependem de recursos obti-
dos em outros países. Por isso, trata-se de um problema socioambiental, pois decorre
mais do modo c o m o os diferentes grupos sociais obtêm sua subsistência e menos da
disponibilidade de recursos.
C o m o qualquer ser vivo, o ser humano retira recursos do meio ambiente para pro-
ver sua subsistência e devolve as sobras. No ambiente natural, as sobras de um organis-
mo, ao se decomporem, devolvem ao meio ambiente matérias que serão absorvidas por
outros seres vivos, de modo que nada se perde. O mesmo não acontece com as sobras
das atividades humanas, denominadas aqui genericamente de poluição. A poluição é
um dos aspectos mais visíveis dos problemas ambientais e a percepção dos seus proble-
mas se deu de forma gradativa ao longo do tempo. Primeiro, no nível local, nas proxi-
midades das unidades geradoras de poluição, depois descobriu-se que ela não respeita
fronteiras entre países e regiões, e finalmente, verificou-se que certos problemas atin-
gem proporções planetárias. A percepção dos danos causados pela poluição se deu tam-
bém de forma fragmentada quanto a seu meio receptor, resultando daí uma repartição
do meio ambiente em ar, água e solo, ou atmosfera, hidrosfera e litosfera, respectiva-
mente. As legislações nacionais criadas para combater ou controlar a poluição geral-
mente seguem essa divisão, estabelecendo disposições relativas à poluição do ar, da água
e do solo, como faz, por exemplo, a legislação brasileira e de muitos outros países.
Ainda sobre as fontes, estas podem ser pontuais ou difusas. As pontuais são fábri-
cas, hospitais, depósitos, portos, domicílios, veículos e outras fontes fixas ou móveis
identificáveis. A sujeira deixada numa praia depois do fim de semana, o lixo que se es-
palha pelas ruas e beiras de estradas, as partículas de fertilizantes agrícolas carregadas
pelas chuvas e as milhares de substâncias desprendidas de produtos de uso cotidiano
são exemplos de poluição por fontes difusas. Os poluentes são chamados de primários
quando emitidos diretamente por uma fonte geradora ou atingem o meio imediato da
forma como foram emitidos. Os poluentes secundários são substâncias nocivas ao meio
ambiente que resultam da reação ou combinação de poluentes primários ou destes com
as substâncias constituintes do meio receptor. Exemplo: o oxido nítrico ( N O ) é um
poluente primário gerado na queima de combustíveis fósseis, que diante da luz solar
reage com o oxigênio do ar ( 0 2 ) formando o dióxido de nitrogênio ( N 0 2 ) , um poluente
altamente nocivo ao meio ambiente. O N O z , que também é gerado pela queima de
combustíveis fósseis e em diversas atividades industriais, na presença da luz do Sol reage
com o oxigênio para formar o ozônio ( 0 3 ) , uma substância tóxica para os seres vivos
quando concentrada nas camadas baixas da atmosfera. Conforme os tipos de poluen-
tes, a poluição pode ser biológica, físico-química, radiativa, sonora, entre outras.
SETOR POLUENTES
metano (CHJ, dióxido de carbono (C02), Compostos Orgânicos Voláteis (COV), metais pesados,
Agropecuária
embalagens de agrotóxicos, fertilizantes não aproveitados, materiais particulados
C0 2 , monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOJ, óxidos de enxofre (SOJ, metais pesados,
Mineração
águas residuais, resíduos sólidos, ruídos, vibração
Siderurgia materiais particulados, S0 2 , N0 2 , CO, COV, DBO, escórias e Iodos de tratamento de efluentes, ruídos
Metais não metálicos S0 2 , CO, materiais particulados, DBO, Iodos de tratamento de efluentes, ruído
O meio receptor imediato é o que recebe o poluente diretamente da sua fonte, mas
os danos podem se estender para outros meios. O solo é o meio receptor imediato do
lixo doméstico depositado de maneira inadequada em terrenos baldios e lixões, mas os
metais pesados e outras substâncias tóxicas presentes no lixo podem contaminar os
mananciais e aqüíferos, e podem se acumular nos organismos e afetar a cadeia alimen-
tar. Alguns problemas decorrentes da poluição afetam elementos específicos do meio
ambiente, como os efeitos sobre a saúde humana ou das plantas pela exposição a certo
poluente lançado em algum local, não necessariamente próximo à fonte emissora.
Outros poluentes ultrapassam os limites do local de emissão e acabam se tornando
problemas de dimensão regional ou planetária, como a chuva ácida, a destruição da
camada de ozônio ou o aquecimento global.
G E S T Ã O AMBIENTAL
A C O T , 1990, p. 132-133.
Ibid-, p. 132.
da malária e de outras doenças. U m marco importante dessa luta foi a obra de Rachel
Carson, Silent spring, de 1962, que se tornou um grande best-seller por muitos anos. As
obras neomalthusianas, como as do Clube de R o m a e do casal Ehrlich, contribuíram
para aumentar as preocupações com o meio ambiente, principalmente alertando para
a escassez de recursos e os problemas decorrentes da superpopulação. O contingente
de pessoas preocupadas com o meio ambiente, que já é significativo, tende a crescer
ainda mais à medida que as populações se dão conta que os problemas ambientais não
só afetam a qualidade de vida atual, mas comprometem a sobrevivência da própria
Humanidade.
Abrangência Espacial
Global
Regional
Nacional
Iniciativa
Subnacional
^ ^ etc.
Local
^ ^ Instituição multilateral
Sindicato
Empresarial
^ ^ ONG
^ ^ Governo
etc.
Empresa
Água ^ —
Solo ^ ^ ^ ^
Fauna e flora ^ ^ ^ ^
Recursos minerais ^ ^ ^ ^
A q u e c i m e n t o global
etc. •*•
Questões Ambientais
Na outra ponta estão as posições ecocêntricas extremadas que atribuem aos ele-
mentos da natureza um valor intrínseco e independente de qualquer apreciação huma-
na; e os humanos, sendo apenas um desses elementos, não possuem n e n h u m direito
a mais que os outros seres. A equidade biológica, uma das ideias-chave das posições
extremadas desse polo, decorre de uma concepção unitária da natureza, na qual todos
os organismos, inclusive os seres humanos, fazem parte da natureza em igualdade de
condições. O s que defendem essa tese se baseiam na idéia de que todos os seres vivos
de um ecossistema são interdependentes e por isso nenhuma espécie pode ser superior
às demais, nem mesmo os humanos. Suas propostas procuram levar em conta o fato
de que a Terra é finita, ou seja, possui capacidade de carga e de absorção de poluentes
limitadas, de modo que o crescimento econômico também deve ter um limite. N ã o
creem que a ciência e a tecnologia dominantes possam dar conta dos problemas am-
bientais, pois elas são parte desses problemas, uma vez que foram desenvolvidas para
serem instrumentos de domínio sobre a natureza. Essa visão de m u n d o sugere o uso
mínimo de recursos para não afetar a capacidade de regeneração do meio ambiente,
algo que só seria possível modificando significativamente os hábitos de consumo para
restringi-los às necessidades básicas dos humanos.
Esse tipo de pensamento não raro gera propostas idílicas e escapistas, como o re-
torno à vida campestre ou em comunidades fechadas, bem como propostas ecofascis-
tas que pregam o amor aos bosques e animais, ao mesmo tempo em que desprezam as
massas de pessoas pobres. Também geram propostas malthusianas, com suas conheci-
das queixas sobre a bomba-relógio da explosão populacional e suas previsões pessimistas
sobre a iminente era de escassez de recursos que nenhum ajuste ou avanço tecnológico
poderá deter.
Entre esses extremos encontram-se as abordagens socioambientais que reconhecem
o valor intrínseco da natureza, mas admitem que ela deve ser usada para atender às
necessidades humanas presentes e futuras e, por isso, buscam sistemas de produção e
consumo sustentáveis, entendidos como aqueles que procuram atender às necessidades
humanas, respeitando as limitações do meio ambiente, limitações que não são estáticas
e que o ser humano pode e deve ampliá-las para poder atender a todos. Este livro adota
essa perspectiva, o que significa manter-se distante das posturas extremas comentadas
anteriormente. As propostas de gestão ambiental empresarial decorrentes dessa visão
apoiam-se em três critérios de desempenho, a saber: eficiência econômica, equidade
social e respeito ao meio ambiente, critérios que devem ser considerados simultanea-
mente. Espera-se que a adoção dessas propostas contribua para que as empresas gerem
renda e riqueza, que são seus objetivos declarados, ao mesmo tempo em que cuidem do
meio ambiente e promovam benefícios sociais para tornar a sociedade mais justa.
Ambientalismo Malthusianismo
Bens ambientais Meio ambiente
Capacidade de suporte Neomalthusianismo
Cornucopianismo Poluentes
Ecologia Poluição
Ecossistema Problemas ambientais
Funções ambientais Rendimento sustentável
Gestão ambiental Recursos naturais
Indústria ambiental Serviços ambientais
2. Vivemos num lugar onde a quantidade de água existente excede muito a demanda de
água pelos seus habitantes. Assim, não se prevê nenhum problema de escassez por
muitos anos. Nessas circunstâncias, que argumentos você usaria para sustentar uma
campanha contra o desperdício de água?
4. Ainda em relação ao Quadro 1.3, acrescente novas linhas relativas a hospitais, shopping
centers, escolas, aeroportos, rodoviárias, estádio de futebol, parques de diversão e ou-
tros estabelecimentos de serviço.
5. Neste capítulo foram apresentadas duas concepções diametralmente opostas sobre a
capacidade da Terra de prover os recursos necessários para a subsistência da Humanida-
de. Discuta cada uma delas e apresente as possíveis práticas de gestão ambiental que
podem ser a elas associadas.
7. Por que a distinção entre recursos renováveis e não renováveis deve ser vista com reser-
vas? Apresente exemplos.
8. Explique por que a visão de mundo dos gestores deve ser entendida como uma das di-
mensões da gestão ambiental. Apresente exemplos.
9. Certas pessoas reconhecem que os problemas ambientais existem, mas que serão
resolvidos com o avanço da ciência e da tecnologia. Outras não professam a mesma
confiança ou até duvidam de que esses fatores podem trazer soluções aos problemas
ambientais. Há, ainda, os que entendem que a maioria dos problemas ambientais foi
criada pela ciência e pela tecnologia, e que não se pode esperar que elas tragam solu-
ções. Discuta essas opiniões com um grupo de colegas e identifique práticas de gestão
ambiental coerentes com cada uma delas.
10. Relacione as diferenças entre uma proposta de gestão socioambiental e outras propos-
tas relacionadas com as posições situadas nos polos extremos, conforme mostrado
neste capítulo.
Referências
em: 13 fev. 2 0 0 9 .
EHRLICH, P. R.; EHRLICH, A.H. The popiilation explosion. Nova York: Simon & Schuster, 1990.
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2010.
HARDIN, G . The tragedy of the commons. Science, v. 162, n. 3.859, p. 1.243-1.248, 13 dez., 1968.
O R G A N I Z A Ç Ã O PARA A C O O P E R A Ç Ã O E D E S E N V O L V I M E N T O E C O N Ô M I C O ( O E C D / O C D E ) .
Environmental goods and services: the benefits of further global trade liberalízation. Paris: O E C D , 2001.
O R G A N I Z A Ç Ã O PARA A C O O P E R A Ç Ã O E D E S E N V O L V I M E N T O E C O N Ô M I C O ( O E C D / O C D E ) . The
environmental industry: the Washington meeting. Paris: O E C D , 1996.
S M I T H , A. A riqueza das nações: investigações sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
TIVY, J.[ 0 ' H A R E , G . Human impact on the ecosystem. Edimburgo: Oliver & Boyd, 1991.
Na segunda fase, que começa com a Guerra Fria, surgem iniciativas bem-sucedi-
das, como o Tratado Antártico e a emergência da temática ambiental no âmbito da
O N U e de suas entidades como a Unesco, a FAO e o PNUMA. A terceira fase corres-
ponde ao período pós-Guerra Fria, no qual se destaca a realização da Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento ( C N U M A D ) no Rio de Ja-
neiro, em 1992 2 . A partir de então as questões centrais dos acordos multilaterais privi-
legiam os conceitos de segurança ambiental global e desenvolvimento sustentável.
Apoiado numa análise minuciosa dos termos acordados pelos países, Ribeiro constata
que essa Ordem Ambiental Internacional foi construída com base no realismo políti-
co, pois os países não abdicaram dos conceitos de soberania e interesse nacional.
Com a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada
em Estocolmo em 1972, inicia-se a segunda fase que se estende até 1992 e se caracteriza
pela busca de uma nova relação entre meio ambiente e desenvolvimento. Essa Confe-
rência foi marcada pelo antagonismo entre dois blocos: os países desenvolvidos, preo-
cupados com a poluição e o esgotamento de recursos naturais estratégicos, como
petróleo, e os demais países, que defendiam o direito de usarem seus recursos para
crescer e assim terem acesso aos padrões de bem-estar alcançados pelas populações dos
países ricos. Apesar dessas divergências, a Conferência conseguiu avanços positivos,
dentre eles, a aprovação da Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, um plano de
ação constituído de 110 recomendações e o início de um envolvimento mais intenso
da O N U nas questões ambientais de caráter global.
5 UNEP, 1972.
A Conferência de Estocolmo de 1972 deu uma contribuição significativa para ge-
rar um novo entendimento sobre os problemas ambientais e o modo c o m o a socieda-
de provê sua subsistência. Todos os acordos ambientais multilaterais que vieram depois
procuraram incluir esse novo entendimento a respeito das relações entre meio ambien-
te e desenvolvimento. Talvez uma das suas principais contribuições tenha sido a de
colocar em pauta a relação entre meio ambiente e formas de desenvolvimento, de
modo que, desde então, não é mais possível falar seriamente em desenvolvimento sem
considerar o meio ambiente e vice-versa. Da vinculação entre desenvolvimento e meio
ambiente é que surge um novo conceito denominado desenvolvimento sustentável.
O uso indiscriminado e pouco criterioso da expressão desenvolvimento sustentável,
que está em voga n o m o m e n t o , tem contribuído para dificultar seu entendimento. A
Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento ( C M M A D ) , criada
pela O N U , em 1983, ao concluir seus trabalhos em 1987 elaborou o relatório deno-
minado Nosso futuro comum, n o qual apresenta uma definição que já correu os quatro
cantos do m u n d o e que pode ser um b o m ponto de partida para a compreensão do
que vem a ser esse novo m o d o de pensar o desenvolvimento vinculado ao meio am-
biente. É a seguinte: "desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessida-
des do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem
às suas próprias necessidades" 6 .
Ainda conforme a C M M A D , os principais objetivos de políticas ambientais e de-
senvolvimentistas derivados desse conceito de desenvolvimento são os seguintes:
6 C O M I S S Ã O M U N D I A L S O B R E M E I O A M B I E N T E E D E S E N V O L V I M E N T O , 1991. p. 46.
7 Ibid., p. 53.
constante com o gerenciamento e a preservação dos recursos para as gerações futuras, e
um pacto intrageracional, que se expressa nas preocupações quanto ao atendimento às
necessidades básicas de todas as pessoas. As gestões socioambientais, esboçadas no final
do capítulo anterior, são abordagens coerentes com as idéias relativas ao desenvolvimen-
to sustentável.
A terceira fase da gestão ambiental global (fase atual) tem início com a realização
da C N U M A D , realizada em 1992 no Rio de Janeiro e que contou com a participação
de 178 países. Nessa Conferência foram aprovados documentos importantes relativos
aos problemas socioambientais globais, dentre eles a Declaração do Rio de Janeiro
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ver Anexo 2, p. 363), a Convenção so-
bre Mudanças Climáticas, a Convenção da Biodiversidade e a Agenda 21.
A Agenda 21, uma das principais contribuições dessa fase, apresenta recomenda-
ções específicas para os diferentes níveis de atuação, do internacional ao organizacio-
nal (sindicatos, empresas, O N G s instituições de ensino e pesquisa etc.) sobre
assentamentos humanos, erradicação da pobreza, desertificação, água doce, oceanos,
atmosfera, poluição e outras questões socioambientais constantes em diversos relató-
rios, tratados, protocolos e outros documentos elaborados durante décadas pela O N U
e outras entidades globais e regionais. Na sua essência, a Agenda 21 é uma consolida-
ção das resoluções já tomadas por essas entidades e estruturadas a fim de facilitar sua
implementação nos diversos níveis de abrangência. A fase atual da gestão ambiental
global se caracteriza pela implementação e aprofundamento desses acordos multilate-
rais, o que implica colocar em prática as suas disposições e recomendações pelos esta-
dos nacionais, governos locais, empresas e outros agentes. O s exemplos a seguir
mostram o modus operandi típico das gestões ambientais globais multilaterais.
A Q U E C I M E N T O GLOBAL
Fonte: IPCC. Climate Change 2001. Obs.: ppm = partes por milhão; ppb = partes por bilhão e ppt = partes por trilhão.
C o m o os efeitos previstos são catastróficos, mesmo que não haja consenso sobre
o aquecimento global, a melhor atitude é adotar o princípio da precaução, c o m o
propõe a Declaração do R i o de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
comentada na seção anterior. Segundo esse princípio, "quando houver ameaça de
danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser
utilizada c o m o razão para postergar medidas eficazes e e c o n o m i c a m e n t e viáveis para
prevenir a degradação ambiental" 1 3 . O princípio da precaução foi adotado pela C o n -
venção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, ou simplesmente
Convenção sobre o Clima, e pelo Protocolo de Kyoto.
Precaução difere de prevenção. Prevenir (do latim prxvenio) significa antecipar so-
luções diante de algo que sabe-se que poderá ocorrer segundo alguma estimativa. Para
isso é necessário ter algum conhecimento sobre o que se pretende prevenir, seus efeitos
e modos de ocorrência. Por exemplo, sabendo-se que o processamento de determinada
matéria-prima produz poluentes tóxicos, uma medida de prevenção seria a sua substi-
tuição ou, caso não seja possível substituí-la, a captura e tratamento dos poluentes ge-
rados antes que sejam lançados ao meio ambiente. Precaução significa antecipar a
cautela (do latim prxcautio) diante da incerteza, de algo que não se conhece ou cujo
c o n h e c i m e n t o é insuficiente para estabelecer medidas de prevenção.
" Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ver Anexo 2.
U m a medida de precaução seria, por exemplo, adiar a introdução de um novo pro-
duto n o mercado cujos efeitos sobre o meio ambiente são desconhecidos, antes mesmo
de conseguir provas definitivas da sua periculosidade. O produto poderá ser introduzido
se estudos posteriores provarem que ele não gera danos irreversíveis ao meio ambiente
ou se foram adquiridos conhecimentos suficientes para estabelecer medidas de preven-
ção, mas antes que isso ocorra o seu adiamento é a medida correta diante da incerteza a
respeito dos seus efeitos. Tanto na medicina quanto em relação à ecologia, afirma o co-
nhecido biólogo Edward Wilson, um diagnóstico errado pode causar muito mais sofri-
mento se negativo do que positivo. O u seja, como é sempre possível cometer erros diante
de situações incertas, é preferível que o erro seja um falso positivo do que um falso nega-
tivo14. Usando outra linguagem, o custo de rejeitar a hipótese do aquecimento global, se
ela for certa, é muito maior que o custo de aceitar a hipótese se ela resultar falsa 15 .
14 W I L S O N , Edward, 2 0 0 2 . p. 88.
15 C O N S T A N Z A , R. et al., 1999. p. 11.
16 UNEP, art. 4°.
17 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, art. 7 a .
n o caso dessa Convenção, seu secretariado funciona no P N U M A , criado em 1972
com o objetivo de coordenar as ações da O N U referentes ao meio ambiente.
A Convenção sobre Mudança do Clima tem encontrado grande dificuldade para
chegar a resultados concretos pela resistência de países cujas economias dependem de
combustíveis fósseis. Em 1995 foi realizada a primeira Conferência das Partes (COP-1)
com resultados pífios, devido à resistência dos Estados Unidos, do Japão e dos países
árabes exportadores de petróleo. Isso confirma a constatação de Ribeiro 1 8 a respeito da
prevalência dos interesses nacionais nesses acordos ambientais globais. Em dezembro
de 1997, durante a COP-3, foi aprovado o Protocolo de Kyoto, pelo qual os países in-
cluídos no Anexo I da Convenção sobre Mudança do Clima, individual ou conjunta-
mente, devem assegurar uma redução agregada das emissões antrópicas de gases de
efeito estufa em pelo menos 5 % abaixo dos níveis de 1990, no período compreendido
entre 2 0 0 8 e 2012 1 9 . Esse compromisso só se aplica aos países relacionados n o Anexo I
da Convenção sobre Mudança do Clima (Tabela 2.2) e em relação aos gases de efeito
estufa listados n o Anexo A do Protocolo de Kyoto (ver Quadro 2.1).
Para que o Protocolo de Kyoto entrasse em vigor seria necessário que pelo menos
5 5 países signatários da Convenção - englobando os do A n e x o I que contabilizaram
n o total pelo menos 5 5 % das suas emissões totais de C 0 2 em 1 9 9 0 - , tivessem depo-
sitado seus instrumentos de ratificação ou adesão 20 , perante o Secretario Geral da
O N U , que é o depositário desse Protocolo 2 1 . C o m a ratificação feita pela Rússia em
16 de fevereiro de 2 0 0 5 , o Protocolo finalmente entrou em vigor, oito anos após a
sua aprovação.
R I B E I R O , 2001.
Protocolo de Kyoto à Convenção sobre Mudança do Clima, art. 3". Disponível em: <http://www.unep.org>.
Acesso em: 14 dez. 2010.
Protocolo de Kyoto à Convenção sobre Mudança do Clima, art. 25.
Ibid., art. 23.
T a b e l a 2.2 Protocolo de Kyoto - Países do A n e x o I e total d e e m i s s õ e s d e C 0 2 e m 1990".
Fonte: Protocolo de Kyoto à Convenção sobre Mudança do Clima, 1997. Disponível em: <http://www.unep.org>.
* Obs.: Não estão incluídos Belarus, Lituânia e Turquia, que são partes do Anexo I da Convenção sobre o Clima.
22 Ibid., art. 6 a .
23 Ibid, art. 17.
O Ü u a d r o 2.1 Protocolo de Kyoto - A n e x o A: Gases de e f e i t o estufa e f o n t e s d e e m i s s ã o .
Gases de efeito Dióxido de carbono (C02), metano (CH4), óxido nitroso (N 2 0), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos
estufa (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6)
Fonte: Protocolo de Kyoto à Convenção sobre Mudança do Clima, Anexo A, 1997. Disponível em: <http://www.unes.org>.
Para administrar o M D L foi criada uma complexa estrutura constituída por diver-
sos órgãos intergovernamentais e nacionais. Um conselho executivo supervisiona sua
implementação sob orientação e autoridade das COPs da Convenção e do Protocolo
de Kyoto (MOP) 2 5 . O Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico
assessora as C O P s em matérias científicas e tecnológicas, realiza estudos sobre os temas
da Convenção e do Protocolo, e presta informações qualificadas para outras entidades
envolvidas. O Órgão Subsidiário de Implementação avalia e supervisiona a implemen-
tação do M D L . A validação dos projetos e a certificação das reduções das emissões de
gases de efeito estufa são realizadas por Entidades Operacionais Designadas credencia-
das pelo Conselho Consultivo. Os governos dos países signatários da Convenção de-
vem criar uma Autoridade Nacional Designada, para analisar os projetos de M D L
propostos e estabelecer critérios de elegibilidade em consonância com os interesses do
26
Mais sobre a Comissão Ministerial, ver <www.mct.gov.br>.
2? UNEP, 2 0 0 5 .
28
Bali Action Plan; decisão 1, letra b, inciso III.
Programa R E D D plus (REES+), que além dos incentivos para conter o desmatamento e
a degradação florestal nesses países, incentiva também a conservação e manejo susten-
tável das florestas com o objetivo de aumentar o estoque de carbono florestal 29 .
D E S T R U I Ç Ã O DA CAMADA DE OZÔNIO
O ozônio estratosférico, produzido naturalmente pela ação dos raios solares sobre
as moléculas de oxigênio ( 0 2 ) , forma uma camada, daí expressão camada de ozônio, que
envolve a Terra e a protege das radiações ultravioleta do Sol. O s raios ultravioleta
(UV), com comprimento de onda de 2 8 0 a 3 2 0 nanômetros, denominados de UV-B,
Anexo A: CFC-11 (CFCI3), CFC-12 (CF2CI2). CFC-113, CFC-114, CFC-115. CF 2 BrCI, CF3Br e
Protocolo de Montreal (1987)
VA.
Fonte: Documentos oficiais citados na primeira coluna. UNEP, Ozone Secretariat. Disponíveis em: <http://ozone.unep.org/
Treaties_and_Ratification/montreal_protocol>. Acesso em: 15 jul. 2006.
P R O T E Ç Ã O DA BIODIVERSIDADE
*•«? T a b e l a 2 . 3 Variedade de e s p é c i e s c o n h e c i d a s e e s t i m a d a s .
Fonte: UNEP; W C M C (2002). Status and trends of global diversity. Tabela 1.1. In: Global biodiverisity outlook. Disponível em:
<http://www.unep.org>. Acesso em: 13 mar. 2002.
Vermelha de Espécies Ameaçadas, elaborada pela I U N C em 2000, mostra que 816 espé-
cies foram extintas nos últimos 5 0 0 anos devido às atividades humanas, uma taxa milha-
res de vezes superior à taxa natural 34 . Em 2002 eram 11.167 espécies ameaçadas com
elevado risco de serem extintas em um futuro próximo 35 . Nas listas vermelhas de 2 0 0 4 e
2 0 0 6 esse número salta para 15.589 e 16.119, respectivamente 36 . Na lista vermelha de
2 0 0 8 esse número sobe para 17.29137. Mesmo que espécies ameaçadas possam ser prote-
gidas evitando sua extinção, ainda assim muita diversidade dentro da espécie ficará per-
dida para sempre, pois os novos indivíduos serão geneticamente mais homogêneos em
comparação aos que os antecederam.
Convenção da Biodiversidade
A Convenção da Biodiversidade foi aprovada na C N U M A D em 1992; em janeiro
de 2011, contava com a adesão de 193 países, dentre eles o Brasil 38 . Seu objetivo é a
conservação da diversidade biológica, o uso sustentável dos seus componentes e a justa
e equitativa distribuição dos benefícios obtidos da utilização dos recursos genéticos,
incluindo o acesso apropriado a esses recursos e a apropriada transferência de tecnolo-
gia. Ela adota como princípio básico o direito dos países de explorar de modo sobera-
no os seus próprios recursos conforme suas políticas de desenvolvimento, com a
responsabilidade de garantir que as atividades dentro de sua jurisdição ou controle
não causem danos aos demais 39 . Os estados signatários reconhecem que a conservação
da biodiversidade diz respeito a toda a Humanidade, que os estados são responsáveis
pela conservação de seus próprios recursos biológicos e que o desenvolvimento socio-
econômico e a erradicação da pobreza constituem a primeira e inadiável prioridade
dos países em desenvolvimento. E determina a conservação e o uso sustentável da di-
versidade biológica para o benefício das gerações presentes e futuras.
A diversidade biológica tem sido uma fonte permanente de conflitos entre os paí-
ses que possuem recursos biológicos e os que detêm conhecimentos para usá-los, ou
seja, os que dominam a biotecnologia moderna. Biotecnologia é qualquer tecnologia
que utilize componentes bióticos (genes, células, enzimas etc.) para produzir bens e
IUCN, 2000.
15 IUCN, 2002.
,6 IUCN, 2 0 0 6 .
37 IUCN, 2 0 0 8 .
18 U N I T E D NATIONS E N V I R O N M E N T PROGRAMME ( U N E P ) . List ofParties to the Convention on Biological Diversi-
ty. Disponível em: <www.cbd.int/convention>.
59 C O N V E N T I O N O N B I O L O G I C A L D I V E R S I T Y (Convenção da Biodiversidade), 1992, art. 3".
serviços. Ela envolve uma ampla gama de produtos e processos, alguns conhecidos há
milênios, como a fermentação usada para fazer pão, queijo, vinho e cerveja. A biotec-
nologia moderna é um conjunto de técnicas baseadas na biologia molecular e na ma-
nipulação de material genético de qualquer organismo, com o objetivo de criar
produtos e processos apropriados a fins específicos. Suas aplicações se estendem a
praticamente todos os setores da atividade humana: saúde, agricultura, geração de
energia, recuperação de minerais, descontaminação ambiental, bioeletrônica e muitos
outros. Por isso, ela tem sido considerada uma das áreas mais promissoras da nova
economia, daí o aumento acelerado dos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimen-
to Experimental (P&D), principalmente nos países mais ricos.
O Anexo II da Cites inclui as espécies que ainda não estão ameaçadas, mas pode-
rão ser n o futuro, caso seu comércio não seja regulado com rigor. T a m b é m se exige li-
cença prévia de importação e de exportação à semelhança das espécies do Anexo I. N o
Anexo III estão as espécies cujo comércio pode ser declarado regulamentado para fins
de proteção, a qualquer momento, por qualquer país que faça parte da Cites. Essa re-
gulamentação só tem validade n o território do país declarante, por isso, é necessária a
colaboração dos demais países da Cites para que o comércio dessa espécie possa ser
controlado. Q u a n d o uma espécie é incluída no Anexo III, sua exportação passa a re-
querer licença prévia instruída com parecer de uma autoridade atestando a legalidade
de sua obtenção, e, no caso de espécime vivo, que este será acondicionado e transpor-
tado de maneira a reduzir ao mínimo o risco de ferimentos, danos à saúde ou trata-
mento cruel. D o lado da importação, é necessária a apresentação prévia de um
certificado de origem e, caso o espécime provenha de um país que incluiu a sua espécie
n o Anexo III, é necessária a apresentação de uma licença de exportação.
Para incluir uma espécie no Anexo III, basta uma notificação unilateral do país
que quiser protegê-la em seu território. A inclusão de novas espécies n o Anexo I e II
exige aprovação de 2/3 das partes da Cites e requer a apreciação de critérios biológi-
cos, como tamanho da população, áreas de distribuição e potencial reprodutivo 48 . O
exemplo a seguir mostra o processo de inclusão de espécies nos anexos da Cites: o
mogno (Swietenía macrophylla) fornece uma madeira que alcança preços elevados no
mercado internacional. Por ter sido explorada intensamente, a população dessa espé-
cie foi reduzida de maneira drástica, tornando-se uma espécie ameaçada de extinção.
47
No Brasil, a Autoridade Cientifica e a Autoridade Administrativa são exercidas pelo IBAMA (Decreto 3.607 de
21 de setembro de 2 0 0 0 , arts. 3 a e 5C).
48
Resolução 9.24 da Cites, aprovada na 9 a C O P do Cites realizada em Fort Lauderdale, em 1994.
Em 1995 a Costa Rica incluiu suas populações de mogno n o Anexo III da Cites. Bra-
sil, Bolívia, México Peru e Colômbia também incluíram as suas posteriormente. Na
10 a Convenção das Partes da Cites ( C O P ) , realizada em 1997 em Harare, Zimbábue,
uma proposta para incluí-lo no Anexo II foi rejeitada, pois obteve 67 votos a favor e 4 5
contra, ou seja, não alcançou 2/3 de aprovação. Na 12 a C O P , realizada em Santiago,
n o Chile, em 2 0 0 2 , o mogno finalmente foi incluído no Anexo II.
E m janeiro de 2011 faziam parte do Cites 175 países e em seus anexos constavam
cerca de 5 mil espécies de animais e 2 8 mil plantas sujeitas às restrições comerciais 4 9 .
Além da Convenção da Biodiversidade e da Cites há outros instrumentos multilaterais
para proteger a biodiversidade, como a Convenção Ramsar sobre zonas úmidas de in-
teresse internacional, a Convenção para Proteção de Espécies Migratórias de Animais
Selvagens etc. A o longo dos anos foi sendo montada uma infraestrutura de abrangên-
cia global para gerir os acordos sobre a biodiversidade e torná-los efetivos, tais c o m o o
C e n t r o Mundial de Conservação e Monitoramento ( W C M C ) e o Sistema de Observa-
ção Global Terrestre ( G T O S ) .
Desertificação, transporte transfronteiriço de resíduos perigosos, poluição atmosféri-
ca de longo alcance, contaminação dos mares e oceanos e outros problemas globais
também estão sendo tratados por meio de acordos multilaterais. Apesar dos avanços ve-
rificados, ainda falta muito a fazer com respeito a todos esses problemas. U m dos mais
graves obstáculos na condução dos acordos multilaterais ambientais é a pouca interação
entre eles. Cada acordo multilateral possui secretariado e modus operandi próprio, o que
não poderia ser diferente diante da especificidade das questões ambientais, mas isso
acaba dificultando a interação dos acordos entre si. A fase atual da gestão ambiental
global avançou bastante na identificação de problemas e das soluções que devem ser
adotadas e na criação de uma infraestrutura de gestão de abrangência global, mas falta
ainda encontrar melhores meios para tornar efetivas as suas recomendações e decisões.
G E S T Ã O AMBIENTAL REGIONAL
Podem-se distinguir três tipos de gestão ambiental intergovernamental no nível re-
gional. U m deles decorre do tratamento regional dado aos problemas ambientais glo-
bais comuns, c o m o as gestões para disciplinar a pesca de atum n o oceano Índico de
1986 e a pesca em geral no nordeste do Atlântico de 1963, ambas conduzidas pela FAO
e dentro de acordos globais relativos aos mares e oceanos. Alguns acordos ambientais
da fase inicial, conforme comentado no início desse capítulo, embora manifestassem
uma intenção global, eram de fato de alcance regional, uma vez que suas motivações e
preocupações eram as regiões sob administração colonial.
U m segundo tipo de gestão regional são as iniciativas que procuram alcançar efei-
tos em dois ou mais países, geralmente limítrofes, para resolver problemas específicos,
como a gestão de uma bacia hidrográfica comum e o combate à chuva ácida. A Con-
venção para a Proteção da Flora, Fauna e Belezas Naturais dos Países Americanos, o
Tratado da Bacia do Rio da Prata, o Tratado Amazônico e os acordos para a conserva-
ção da fauna aquática nos cursos dos rios fronteiriços celebrados entre o Brasil e seus
vizinhos são exemplos desse tipo de acordo regional sobre questões ambientais 50 . De
modo geral, esses acordos procuram estabelecer ações comuns e facilitar a responsabi-
lização por danos ambientais em determinado país decorrentes de atividades realizadas
em outro.
Veja os acordos celebrados entre os governos do Brasil e do Paraguai (Decreto Legislativo 138/1995) e entre Brasil
e Uruguai (Decreto Legislativo 74/1995).
rigorosa. Os produtores que não incluem os custos ambientais n o custo total de pro-
dução para definir os preços dos seus produtos, devido a uma regulação frouxa ou
ausente, praticam dumping ambiental comparativamente às empresas que operam sob
legislações ambientais rigorosas. Daí a importância que a harmonização de normas
ambientais adquire nos blocos econômicos.
União Européia
A questão ambiental não estava contemplada inicialmente no Tratado de R o m a
de 1957, que instituiu a Comunidade Econômica Européia ( C E E ) . E isso é plenamen-
te justificável, basta ver a data, pois nessa época a principal preocupação era recons-
truir uma economia devastada pela Segunda Guerra Mundial. Foi sob a influência da
Conferência de Estocolmo de 1972 que o Conselho da C E E criou o primeiro Progra-
ma de Meio Ambiente para vigorar de 1973 a 1979. Só em 1987, n o início do quarto
programa, que a questão ambiental passou a ser incorporada definitivamente no Tra-
tado de R o m a por meio do Ato Ú n i c o Europeu 51 . Esse Ato introduziu disposições es-
pecíficas sobre meio ambiente e determinou que os processos de harmonização das
legislações nacionais sobre saúde, segurança, meio ambiente e defesa do consumidor
se baseiem num nível de proteção elevado. A partir de então, o Tratado de R o m a esta-
belece que a ação da C E E em matéria ambiental terá por objetivo preservar, proteger
e melhorar a qualidade do meio ambiente; contribuir para a proteção da saúde das
pessoas; e assegurar uma utilização prudente e racional dos recursos naturais. Para al-
cançar esses objetivos as ações devem se fundamentar no princípio da ação preventiva,
da reparação dos danos na fonte e do poluidor-pagador. As ações a serem empreendi-
das devem ser deliberadas por unanimidade no Conselho da Comunidade. As medi-
das adotadas em c o m u m não impedem que cada Estado adote outras mais rigorosas,
desde que compatíveis com as demais disposições do Tratado de Roma.
Nafta
O Nafta ÇNorth American Free Trade Agreement), uma zona de livre comércio entre
Estados Unidos, Canadá e México, contempla o tratamento das questões ambientais
desde sua criação, em 1992 5 6 . C o m o é típico dos blocos econômicos, a harmonização
das leis ambientais se torna uma das questões centrais, pelos motivos já expostos. As
entidades ambientalistas dos Estados Unidos e do Canadá manifestaram o temor de
que ocorresse uma fuga de empresas de seus países para o México para se beneficiarem
de uma regulamentação ambiental menos exigente; também tinham receio de que a
harmonização se fizesse rebaixando os padrões de exigências que haviam se elevado à
custa de muito esforço.
Dentre os instrumentos de gestão desse bloco regional merece destaque um plano
para a fronteira entre os Estados Unidos e o México (lntegrated Environmental Plan for the
Mexican-US Border Area), com o objetivo de aumentar as ações das agências ambientais
desses dois países nessa área, ampliar os investimentos em soluções ambientais por
parte dos agentes econômicos e desenvolver programas conjuntos de formação de pes-
soal e de educação ambiental em larga escala. A preocupação ambiental n o Nafta está
subordinada à necessidade de reduzir as diferenças nas legislações nacionais e, conse-
quentemente, os desníveis de competitividade entre as empresas dos países da zona de
M E R C O S U L / C O N S E L H O D O M E R C A D O C U M U M , 2001.
Ibid.; CMC/Decisão n. 14/2004.
NAFTA, 1992.
V Q u a d r o 2.3 A c o r d o - Q u a d r o s o b r e m e i o a m b i e n t e do M e r c o s u l : áreas t e m á t i c a s .
1. G e s t ã o s u s t e n t á v e l d o s r e c u r s o s n a t u r a i s 2. Q u a l i d a d e d e v i d a e p l a n e j a m e n t o
ambiental
Fauna e flora
i-* Florestas r * Saneamento básico e água potável
Áreas protegidas <-> Resíduos urbanos e industriais
1+ Diversidade biológica »•» Resíduos perigosos
Biossegurança ** Substâncias e produtos perigosos
- » Recursos hídricos Proteção da atmosfera e qualidade do ar
i"* Recursos ictícolas e aquícolas Planejamento do uso do solo
~ Conservação do solo Transporte urbano
i-» Fontes renováveis e/ou alternativas de energia
3. I n s t r u m e n t o s d e p o l í t i c a a m b i e n t a l 4. A t i v i d a d e s p r o d u t i v a s a m b i e n t a l m e n t e
sustentáveis
Legislação ambiental
f* Instrumentos econômicos <-* Ecoturismo
<-* Educação, informação e comunicação ambiental Agropecuária sustentável
Instrumentos de controle ambiental ~ Gestão ambiental empresarial
-» Avaliação de impacto ambiental Manejo florestal sustentável
Contabilidade ambiental ** Pesca sustentável
^ Gerenciamento ambiental de empresas
f* Tecnologias ambientais (pesquisa, processos e
produtos)
r* Sistemas de informação
f Emergências ambientais
i•* Valoração de produtos e serviços ambientais
G L O B A I S COMUNS
H A R D I N , G., 1968. (Obs.: a parábola da tragédia dos comuns foi apresentada pela primeira vez por Willian
Forster Lloyd, em 1833).
H A R D I N , G., 1968.
algo que não ocorre se eles forem de livre acesso. Por isso, esse autor conclui que a
tragédia dos comuns de Hardin é na verdade a tragédia do livre acesso 59 , pois se os
pastores podiam adicionar animais à vontade, então o pasto da parábola é um recurso
de livre acesso e não um recurso de propriedade comum.
O s globais comuns, como a atmosfera e os oceanos fora das águas territoriais, inicial-
mente constituem recursos de livre acesso em escala global, disponíveis para todos.
Porém, quando as nações estabelecem acordos para limitar seu uso e evitar abusos, elas
estão efetivamente transformando recursos globais de livre acesso em recursos globais
de propriedade c o m u m . É isso que procuram fazer os acordos intergovernamentais
sobre meio ambiente, c o m o os comentados anteriormente. C o m o os globais comuns
são bens de todas as nações, nenhuma se sentirá na obrigação cie cuidar deles sozinha,
uma vez que os custos de uma ação isolada serão somente seus, mas os resultados irão
beneficiar a todos. M e s m o assim, o realismo político não impede que signatários do
acordo se beneficiem do esforço coletivo sem dar sua contribuição, basta protelar a
implementação das ações acordadas nos níveis nacionais e locais, aprovar leis que não
serão cumpridas e outras semelhantes. No entanto, todos se beneficiam quando deter-
minado país resolve implementá-las de modo rigoroso, pois a proteção ambiental sem-
pre gera externai idades positivas. Tanto um país não signatário de um acordo
concernente aos globais comuns, bem como aquele que assina o acordo, mas não o
executa de modo adequado, serão favorecidos pelas melhorias alcançadas sem pagar
por elas, isto é, estarão pegando uma carona dos que estão se esforçando para cumprir
o acordo.
Pouco adianta as iniciativas de gestão nos níveis globais e regionais se não forem
acompanhadas de iniciativas nacionais e locais. É no interior dos Estados nacionais,
de suas subdivisões, localidades, comunidades e organizações que ocorrem efetivamen-
te as ações de gestão ambiental. As disposições dos acordos globais e regionais devem
ser incorporadas nas legislações nacionais e locais para gerar efeitos sobre os agentes
econômicos, produtores e consumidores. O realismo político de que fala Ribeiro 6 0 faz
com que cada país faça tal incorporação segundo seus interesses e limitações, daí a
grande assimetria que se observa entre eles em termos de implementação. Além disso,
59 PEARCE, D. 1998. p. 4 9 9 .
60 R I B E I R O , 2001.
cada país e suas divisões internas possuem condições específicas, c o m o as característi-
cas de seus ambientes físicos, biológicos e sociais, que exigem soluções específicas.
A gestão ambiental local não pode perder de vista os problemas globais, isto é, ela
deve ser formulada também com o objetivo de contribuir para a solução ou redução
desses problemas em seu nível de atuação espacial. Esse é o sentido da expressão pen-
sar globalmente e agir localmente, que se tornou uma espécie de lema do desenvolvimen-
to sustentável. U m requisito que se depreende desse conceito é a necessidade de
ampliar a participação da população nos processos decisórios. Isso significa conside-
rar a participação efetiva de uma multiplicidade de atores que compõem determinada
sociedade na elaboração das políticas públicas ambientais nacionais e locais, que
constituem as bases da gestão ambiental n o âmbito de um país e de suas subdivisões.
A gestão ambiental nos níveis nacionais e locais se efetiva por meio da implementa-
ção de diversos instrumentos de políticas ambientais públicas e privadas, c o m o será
mostrado a seguir.
1. Para muitos a expressão desenvolvimento sustentável é formada por duas palavras con-
traditórias, pois o desenvolvimento nunca será sustentável. Forme dois grupos para dis-
cutir essa questão, um defendendo os conceitos e objetivos do desenvolvimento
sustentável e outro, seus críticos. Ao final do debate, elabore uma lista de requisitos ne-
cessários para se alcançar padrões de desenvolvimento sustentável.
2. O uso de certo tipo de recurso não renovável pela geração atual implica em menos des-
tes recursos para as futuras gerações. Deveria, então, a atual geração deixar de usar esse
recurso sob pena de infringir o pacto geracional concernente ao conceito de desenvolvi-
mento sustentável? Discuta essa questão.
3. Excesso de consumo nos países do Norte ou de população nos do Sul? Discuta essa ques-
tão em termos do pacto geracional presente no conceito de desenvolvimento sustentável.
4. Cite pelo menos cinco problemas ambientais globais. Comente cada um, apresentando
suas causas prováveis, os possíveis efeitos e as iniciativas de gestão nesse nível de
abrangência espacial.
5. O que se entende por realismo político e como este se relaciona com as iniciativas de
gestão ambiental nos níveis de abrangência global e regional?
6. Faça uma pesquisa em fontes bibliográficas e selecione os argumentos prós e contra o aque-
cimento global e os instrumentos gerados pela Convenção do Clima e do Protocolo de Kyoto.
Antes de discutir em grupo os resultados da sua pesquisa, faça uma classificação desses
argumentos, por exemplo, argumentos econômicos, sociais, tecnológicos e políticos.
8. Já que você está em contato com o PNUMA, aproveite para conhecer a Agenda 21. Faça um
resumo das recomendações da Agenda 21 em relação à proteção da atmosfera (Capítulo 9)
e da conservação da diversidade biológica (Capítulo 15). Caso prefira, o texto da Agenda 21
pode ser obtido no web site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br).
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POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS
Poder de policia é a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse 011 li-
berdade, regula a prática de atos ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, á tranqüilidade pública ou ao respeito á propriedade
e aos direitos individuais e coletivos (BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tri-
butário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília:
D O U de 27/10/1966, art. 78).
O Q u a d r o 3.1 I n s t r u m e n t o s de política pública a m b i e n t a l - classificação e e x e m p l o s .
GÊNERO ESPÉCIES
- Padrão de qualidade
- Padrão de emissão
- Padrão de desempenho
- Padrões tecnológicos
COMANDOE
- Proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de produtos e processos
CONTROLE
- Licenciamento ambiental
- Zoneamento ambiental
- Estudo prévio de impacto ambiental
- Restrições ao uso do solo
relação a esse poluente se sua concentração, medida segundo uma metodologia especi-
ficada em normas legais, estiver igual ou abaixo desse nível. Porém, como se trata de
uma média, em certos períodos a qualidade do ar poderá ser considerada normal
mesmo quando o nível de concentração desse poluente estiver acima desse padrão.
Enquanto os padrões de qualidade ambiental referem-se a certo entorno ou seg-
mento do meio ambiente, os padrões de emissão referem-se aos lançamentos de po-
luentes individualizados por fonte de emissão, seja uma fonte fixa ou estacionária,
como fábricas, hospitais, armazéns e lojas, ou fontes móveis, como automóveis, ca-
minhões, embarcações e outros veículos. Os padrões de emissão estabelecem uma
quantidade máxima aceitável de cada tipo de poluente por fonte poluidora (exem-
plo: 0,5mg/l de chumbo) ou uma quantidade máxima por unidade de tempo (p. ex.:
tonelada de C O z por dia, mês ou ano). U m tipo especial de padrão de emissão é o
que estabelece exigências de desempenho de máquinas, equipamentos e operações
com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes específicos a um nível aceitável. Os
padrões de qualidade ambiental estão condicionados pelas quantidades e caracterís-
ticas das emissões das fontes individualizadas, porém a relação entre essas duas espé-
cies de padrão não é simples, muito menos linear, pois as características geográficas
do meio ambiente (relevo, clima, direção dos ventos, velocidade dos rios etc.) podem
favorecer ou dificultar a assimilação e a dispersão dos poluentes.
O controle da poluição pode ser estabelecido de acordo com padrões tecnológi-
cos a serem adotados pelas fontes de poluição. O termo tecnologia abrange tanto
máquinas, instalações, ferramentas, materiais e outros elementos físicos de um esta-
belecimento ou uma unidade produtiva, quanto as práticas administrativas e opera-
cionais, por exemplo, especificação e seleção de materiais, avaliação de fornecedores,
métodos de inspeção, roteiro de produção, planejamento da manutenção e treina-
mento. Há semelhança entre o padrão de emissão, já citado, e o padrão baseado em
tecnologia, pois ambos referem-se às fontes de poluição individualizadas. Mas há dife-
renças substanciais: o primeiro estabelece níveis máximos de poluição para as fontes
sem especificar c o m o eles devem ser alcançados, de m o d o que seus responsáveis po-
derão escolher as opções tecnológicas que estiverem ao seu alcance. Q u a n d o o padrão
é estabelecido com base em tecnologia, o Poder Público restringe as opções e direcio-
na a escolha de equipamentos, instalações e práticas operacionais e administrativas,
promovendo certa uniformização entre os agentes produtivos que atuam em um mes-
m o segmento.
INSTRUMENTOS FISCAIS
Veja, por exemplo, o Decreto 8.468/1976 que regulamenta a Lei 997/1976 do Estado de São Paulo: as fontes de
poluição, para as quais não foram estabelecidos padrões de emissão, adotarão sistemas de controle do ar baseados
na melhor tecnologia prática disponível para cada caso (Art. 41).
alivia o caixa da empresa n o ano de sua aquisição ao reduzir a base de lucro tributável.
Outras formas de subsídio são as compensações financeiras pela restrição do uso da
propriedade com o objetivo de proteger o meio ambiente.
O s tributos ambientais transferem recursos dos agentes privados para o setor pú-
blico em decorrência de alguma questão ambiental. Eles são denominados impostos e
encargos ambientais (environmental taxes and charges) pela Organização para a Coopera-
ção e o Desenvolvimento ( O C D E ) , organização que congrega os países mais ricos de
economia de mercado e uma das entidades que mais defendem esse tipo de instrumen-
to. N o âmbito da U n i ã o Européia esses tributos são denominados ecotaxas. Há diversas
espécies desses tributos, sendo as mais conhecidas as seguintes:
a) tributação sobre emissões (emission taxes and charges) que são encargos cobrados
sobre a descarga de poluentes geralmente calculados com base nas característi-
cas dos poluentes e nas quantidades emitidas por uma unidade produtiva.
Exemplos: taxas cobradas por tonelada de C 0 2 , S 0 2 , N z O , H S e outros po-
luentes lançados na atmosfera;
b) tributação sobre a utilização de serviços públicos de coleta e tratamento de
efluentes (wser taxes and charges);
c) tributação incidente sobre os preços de produtos que geram poluição ao serem
utilizados em processos produtivos ou pelo consumidor final, c o m o as taxas
cobradas sobre derivados de petróleo, carvão, energia elétrica, baterias, pneus,
produtos que contêm enxofre e C F C s (product taxes and charges);
d} tributação que incide sobre produtos supérfluos (excise taxes and charges); e
Vale aqui fazer as seguintes considerações: a palavra inglesa taxes refere-se a impos-
tos, taxas e outras contribuições compulsórias e não retribuíveis pagas pelas pessoas
físicas e jurídicas aos entes estatais, e a palavra charge, entre outros significados, indica
encargos, cobrança, obrigação e responsabilidade. De acordo com a O C D E , taxes são
pagamentos compulsórios e não retribuíveis pagos ao governo, sendo que, em geral,
os benefícios aos pagadores não são proporcionais aos seus pagamentos; charges são
As informações sobre tributos ambientais foram extraídas das publicações da O C D E . Veja as referências no final
deste capitulo.
pagamentos compulsórios e retribuiveis, ou seja, o serviço prestado pelo agente públi-
co é proporcional ao pagamento, por exemplo, a cobrança pela coleta de esgotos ur-
banos (sewerage charges)4.
Princípio do poluidor-pagador
Nas economias de mercado as decisões sobre o que, como, quanto e onde produzir
são tomadas considerando os preços dos bens que serão produzidos e seus custos inter-
nos de produção e distribuição, como força de trabalho, matérias-primas, energia e
depreciação dos equipamentos. Para o empresário, os custos incorridos pela empresa
devem ser o mínimo possível para que ele possa maximizar os lucros. Além desses
custos de produção e distribuição, as atividades produtivas também geram outros cus-
tos que se não forem pagos pela empresa recaem sobre a sociedade, por isso são deno-
minados custos externos ou sociais. U m desses custos refere-se à perda da qualidade do
meio ambiente, seja decorrente do uso de recursos naturais, seja da poluição resultan-
te de processos de produção, distribuição e utilização dos bens produzidos pela empre-
sa. A poluição de um rio causada por um processo produtivo representa custos reais
desse processo, porém, é a sociedade que paga por eles, constituindo-se, dessa forma,
em custos externos à empresa poluidora. O s custos totais da produção dos bens e
serviços são, portanto, constituídos pelos custos internos e custos externos: os custos
4 O C D E , 1997. p. 18.
internos são aqueles que a empresa paga para poder produzir e comercializar; os exter-
nos são pagos por todas as pessoas desta e das futuras gerações.
As idéias sobre tributos ambientais têm suas origens na obra do economista inglês
Arthur Cecil Pigou sobre externalidades do início do século XX 5 . A externalidade é um
fenômeno externo ao mercado e que não afeta seu funcionamento. Ela ocorre quando
as ações realizadas por agentes econômicos que transacionam no mercado provocam
impactos sobre o bem-estar de outras pessoas que não participaram das transações.
Uma externalidade negativa ocorre quando as ações desses agentes produzem perdas a
outras pessoas não envolvidas nas transações, e essas perdas não são compensadas pelo
sistema de preço. A poluição gerada por uma empresa é um exemplo disso; constitui
um efeito adverso que recai sobre pessoas que não participaram dos processos de pro-
dução e consumo, representando, portanto, um custo social. Uma ação de política pú-
blica coerente é forçar a internalização dos custos sociais decorrentes da poluição por
parte do poluidor, de modo que este seja estimulado a reduzir esses custos, o que signi-
fica melhorar o seu desempenho ambiental. A cobrança de um imposto ao poluidor é
um modo de internalizar os custos sociais no sistema de preço do poluidor, afetando
desse modo a demanda pelos seus produtos e a realização de lucros.
A Figura 3.1 ilustra de modo simplificado essa questão. Para a produção de certo
produto, os custos marginais internos ou privados e os custos externos ou sociais esta-
rão representados pelas curvas C M P e CMS, respectivamente. Trata-se de uma simpli-
ficação, pois admite-se que o dano ao meio ambiente é constante por unidade de
produto, o que nem sempre ocorre na realidade, por seus efeitos cumulativos. Além
disso, considera a tecnologia de produção imutável para diferentes níveis de produção
e de poluição. A curva dos custos totais (CMT) para diferentes níveis de produção é a
soma desses dois custos. O nível de produção eficiente ocorre quando os benefícios
marginais são iguais aos custos marginais. Dada a curva da demanda D, o nível de
produção eficiente será Q a um preço P se o produtor não incorporar os custos exter-
nos ou sociais. Nesse caso, o tamanho da degradação ambiental será igual a O B Q . In-
cluindo os custos externos, o nível ótimo de produção será então Q * ao preço P*. C o m
um nível menor de produção, a degradação ambiental agora será igual a OAQ*, ou
seja, A B Q Q * menor que a degradação anterior.
P I G O U , A. C , 1932.
F i g u r a 3.1 Custos internos e externos e produção eficiente.
A sustentação de mercado pelo Poder Público para os produtos com materiais re-
ciclados ou de baixo impacto ambiental, outra espécie de instrumento econômico,
pode ser implementada por meios diversos, como pela redução de impostos incidentes
sobre os produtos finais e sobre as matérias-primas recicladas. Essa política pode ser
impulsionada pela adoção, por parte dos governos, cia Responsabilidade Estendida do
Produtor ( E P R - Extended Producer ResponsibiliCy), uma abordagem de política pública
ambiental na qual a responsabilidade dos produtores pelos produtos que fabricam é
estendida aos estágios de pós-consumo do seu ciclo de vida. A função primária do E P R
é transferir a responsabilidade física e financeira da gestão dos resíduos das autorida-
des governamentais locais e dos pagadores de imposto para os fabricantes e comercian-
tes. Espera-se, dessa forma, que os produtores passem a considerar as questões
ambientais concernentes aos seus produtos desde o m o m e n t o em que estes são desen-
volvidos até a sua disposição final 6 .
6 O C D E , 2001. p. 16.
década de 2 0 0 0 , uma política pública comunitária com vistas a usar o poder de contra-
tação dos entes governamentais para alcançar objetivos ambientais 9 . T a m b é m n o Bra-
sil se observam experiências nesse sentido como a do Estado de São Paulo 10 .
Para os ultraliberais tudo o que vem do Estado é considerado um mal, daí a neces-
sidade de mantê-lo em um tamanho mínimo, sendo que as questões ambientais esta-
riam entre os assuntos que ele deve deixar para o mercado. Argumentos como esses têm
sido defendidos por entidades empresarias ambientais, como o World Business Council
for Sustainable Development ( W B C S D ) . Stephan Schmidheiny, que presidiu essa entida-
de, afirma que os instrumentos econômicos são mais apropriados aos mercados compe-
titivos e estes mais apropriados para promoverem o desenvolvimento sustentável, pois
nesses mercados os preços refletem os custos dos recursos ambientais. Esse autor afirma
que "[...] a competição, inerente aos mercados abertos, é a força propulsora para a cria-
ção de uma nova tecnologia, necessária para se usar os recursos com mais eficiência e,
consequentemente, reduzir a poluição". Ainda segundo Schmidheiny, os instrumentos
de comando e controle, na medida em que implicam adesão às exigências específicas do
9 P A R L A M E N T O E U R O P E U E C O N S E L H O DA C O M U N I D A D E E U R O P E I A . Diretiva 2 0 0 4 / 1 8 C F de
30/03/2004. Disponível em: <http://europa.eu.int/comm/environment/gpp>.
10 Programa de compras ambientais do Estado de São Paulo. Disponível em: <www.ambiente.sp.gov.br>.
Poder Público, tendem a perpetuar uma dada situação em vez de induzir a sua melhoria
constante 11 . Note a semelhança desses posicionamentos com os argumentos cornuco-
pianos comentados no Capítulo 1.
De acordo com um documento da Comissão Econômica para a América Latina
(Cepal), os incentivos econômicos seriam mais eficientes que os instrumentos de co-
mando e controle para se alcançar objetivos ambientais, pois geram custos menores do
que estes para as empresas. Mais ainda, os instrumentos econômicos proporcionam
estímulos permanentes para que as empresas deixem de gerar poluição, ao passo que
os de comando e controle, uma vez que tenham alcançado os níveis estipulados pelas
normas regulamentadoras, as empresas relaxariam seus esforços para reduzir a polui-
ção continuamente. Assim, os instrumentos econômicos contribuiriam também para
estimular as atividades de P & D , pois induziriam as empresas a persistir em seu empe-
nho de minimizar a geração de poluição por meio de novas tecnologias 12 . Outras van-
tagens associadas a esses instrumentos são a flexibilidade e a seletividade. Quanto aos
tributos ambientais, sua grande vantagem é a de trazer receita para os governos inves-
tirem no meio ambiente, evitando, com isso, que os gastos decorrentes da degradação
ambiental produzida por indivíduos e organizações sejam socializados.
Na prática essas vantagens nem sempre são observadas. Não é fácil estabelecer tri-
butos que se transformem em incentivos para mudar o comportamento de empresá-
rios e consumidores; se eles forem elevados, podem inviabilizar os negócios, se forem
baixos, não provocam as mudanças esperadas. Além disso, para que os tributos sejam
justos e eficazes, eles devem ser estabelecidos de acordo com as características específi-
cas de cada setor econômico. Desse modo, sua aplicação não seria tão simples e barata
como alegam seus defensores. No caso de tributos sobre produtos, nem sempre o adi-
cional de preço reduz sua demanda se esta for inelástica, como os derivados de petró-
leo em um país dependente de transporte rodoviário ou com sérias deficiências nos
sistemas de transportes coletivos. Outra crítica a esse instrumento vem do fato de que
eles acabam tendo uma função muito mais arrecadadora do que estimuladora de com-
portamentos ambientais desejáveis. Quanto aos subsídios, eles são criticados pelo fato
de serem inconsistentes com o princípio do poluidor-pagador, pois representam a con-
cessão de prêmios aos poluidores.
Porter colocou lenha na fogueira do debate sobre a eficácia dos instrumentos de gestão
ambiental ao defender a idéia de que uma regulamentação ambiental pública rigorosa
pode se tomar uma vantagem competitiva para a empresa e para o país. Foi uma espécie de
voz dissonante em um cenário político e empresarial marcado pelo triunfalismo que veio
com o fim do muro de Berlim e da União Soviética, quando tudo o que vinha do Estado
era visto como menos eficiente do que os instrumentos de mercado. Na opinião de Porter,
uma regulamentação pública ambiental rigorosa estimula as empresas a adotarem posturas
inovadoras ofensivas, fato que contribui para gerar um mercado internacional para as suas
tecnologias. E m outras palavras, a proteção ambiental, via instrumento de comando e con-
trole, pode ser um importante fator de competitividade das empresas e dos países14.
A explicação para esse fato já estava presente em outra obra de Porter sobre a compe-
titividade das nações. Entre os fatores que condicionam a competitividade de uma nação
Na realidade não há como prescindir desses dois tipos de instrumentos. Uma política
ambiental consistente deve se valer de todos os instrumentos possíveis e estar atenta aos
efeitos sobre a competitividade das empresas. Deve ser eficiente para prevenir danos am-
bientais sem, no entanto, prejudicar a competitividade das empresas, principalmente
quando elas atuam em mercados externos. E necessário impedir a degradação ambiental
emergente por meio de instrumentos de comando e controle, incluindo medidas adminis-
trativas e judiciais. Sem esses instrumentos a Terra provavelmente já estaria inabitável. Os
mecanismos econômicos, ao atuar sobre a estrutura de custo e benefício das empresas,
incentivam a adoção contínua de soluções que atentem para as causas dos problemas
ambientais. No longo prazo, a educação ambiental e o desenvolvimento científico e tecno-
lógico deverão dar as melhores contribuições para a melhoria das práticas empresariais.
K U H N , T. S , 1994. p. 60.
D O S I , G , 1982. p. 152.
D O S I , G , 1988. p. 224-225.
Ibid., p. 225.
pode não estar disponível para as demais empresas, caso ela forneça diferenciais com-
petitivos muito importantes para a empresa que a desenvolveu. Mas mesmo que esti-
vesse disponível, nem todas as empresas possuem os recursos necessários para adotar
essa nova solução. Vistos sob este ângulo, os subsídios podem cumprir um papel im-
portante para promover a difusão das melhores tecnologias.
A educação ambiental
U m a política pública ambiental deve contemplar a educação ambiental c o m o um
de seus instrumentos. A Conferência das Nações Unidas sobre o M e i o A m b i e n t e Hu-
m a n o realizada em Estocolmo, em 1972, comentada n o Capítulo 2, atribuiu atenção
especial a esse instrumento de política pública, com o objetivo de preparar o ser huma-
n o para viver em harmonia com o meio ambiente. A partir de então a educação am-
biental passou a ser considerada em praticamente todos os fóruns relacionados à
temática do desenvolvimento e meio ambiente. Em um desses fóruns foi aprovada a
Carta de Belgrado, que contém metas, objetivos e diretrizes para estruturar um progra-
ma de educação ambiental em diferentes níveis, nacional, regional ou local, em conso-
nância com uma proposta socioambiental. A meta da educação ambiental é desenvolver
uma população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente para atuar
individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas atuais e para a
prevenção de novos problemas. Seus objetivos são os seguintes:
21 O texto integral desse Tratado está disponível em diversas páginas da web, como em <http://www.preac.unicamp.br>.
22 U N E S C O / C O M I S S Ã O M U N D I A L DA C U L T U R A E D E S E N V O L V I M E N T O , 1997. p. 43-67.
A C O R D O S VOLUNTÁRIOS
23 O C D E , 1999. p. 15-16.
24 USEPA, 2 0 0 2 .
%.S Q u a d r o 3 . 2 A c o r d o s voluntários - t i p o s e e x e m p l o s .
—
3 o adesão
Públicos
Negociados
Acordos
voluntários"^
Comprometimentos
Iniciativas r
Privados -< bilaterais
individuais P r o m o v i d a s por g r u p o s d e
Iniciativas unilaterais -< e m p r e s a s ou e n t i d a d e s
empresariais
Iniciativas
coletivas
—
P r o m o v i d a s por e n t i d a d e s
independentes
que aderir a esse instrumento deve criar, gerir e auditar seu sistema de gestão ambien-
tal de acordo com os requisitos estabelecidos pela regulamentação comunitária.
Nos acordos voluntários negociados os comprometimentos são estabelecidos caso
a caso, conforme a empresa e sua situação em termos ambientais e econômicos. No
processo de negociação há barganhas de ambos os lados. A agência governamental
pode, por exemplo, suspender a cobrança de uma taxa ou aceitar um prazo maior para
a empresa que se ajustar a novos padrões. Acordos voluntários negociados têm sido
utilizados em diversos países para a redução de C 0 2 , S 0 2 , NO x , C F C s , POPs e outros
poluentes. Japão, Países Baixos, Alemanha, Estados Unidos, França, Itália e Dinamar-
ca estão entre os países onde a prática desses acordos está mais avançada, quer pelo
número de acordos realizados, quer pelo sucesso das iniciativas. O exemplo a seguir
mostra o funcionamento de um acordo desse tipo.
Os acordos públicos negociados são usados largamente nos Países Baixos como
meio para atingir objetivos estabelecidos em seu plano nacional de política ambiental.
Esse plano prevê a realização de acordos voluntários formais (covenants) entre o gover-
no e as empresas, com o objetivo de atingir metas de redução ou eliminação de cente-
nas de poluentes. Isso é feito em dois momentos. Primeiro, o governo firma um acordo
com uma entidade ou associação representativa de um setor, com o objetivo de estabe-
lecer um quadro de referência para enfrentar o problema de acordo com as caracterís-
ticas setoriais. Esse acordo não tem valor legal, é uma carta de princípios e de intenções
que resulta de um processo de consultas e debates públicos. N o segundo momento, o
governo e as empresas desse setor, individualmente consideradas, firmam um contrato
estabelecendo obrigações a serem cumpridas por ambas as partes e que tem valor legal
sob as leis civis do país. Esse contrato define com detalhes os objetivos de redução de
emissões que a empresa deve alcançar, conforme sua capacidade, os quais serão moni-
torados por um comitê público local 25 .
U m acordo voluntário público negociado é uma forma de implementar instru-
mentos econômicos e de comando e controle de modo flexível e que leve em conta as
características específicas de cada setor. A forma tradicional de estabelecer padrões de
emissões não faz distinção entre as empresas, todas são tratadas do mesmo modo inde-
pendentemente das diferenças entre elas. Os acordos voluntários negociados podem
estabelecer objetivos diferenciados em razão do tamanho da empresa, de sua situação
financeira, da idade dos equipamentos e do tipo de tecnologia adotado. Eles permitem
estabelecer o desempenho ambiental desejável por parte das empresas levando em
conta as limitações e oportunidades decorrentes dos paradigmas e trajetórias tecnoló-
gicas, conforme mostrado anteriormente.
25 O C D E , 1999, p. 55-56.
26 I b i d , p. 16.
As iniciativas unilaterais privadas coletivas podem ser de dois tipos. U m deles é
constituído pelos acordos criados por um grupo de empresas, uma associação de em-
presas ou uma entidade que as representem. A definição dos objetivos e dos meios
para alcançá-los são determinados por elas mesmas, daí o caráter unilateral do acordo.
As empresas podem eventualmente delegar o monitoramento e a resolução de confli-
tos a uma terceira parte com o objetivo de reforçar a credibilidade do programa e a
efetividade de seu compromisso 2 7 . U m exemplo de iniciativa coletiva é o Responsible
care, um programa criado pela Canadian Chemical Manufacturers Association, em 1988,
adotado por mais de 5 0 países. A Associação Brasileira da Indústria Q u í m i c a (Abi-
quim) é a responsável pela implementação desse programa n o Brasil, onde é denomi-
nado Atuação responsável28.
27
O C D E , 1999. p. 16.
28
A B I Q U I M , 2010.
29
UNEP, 2007.
O Q u a d r o 3.3 Iniciativas voluntárias unilaterais coletivas - exemplos.
intervenção estatal na ordem econômica e social. Outros entendem que essas iniciati-
vas constituem mais um lance de publicidade do que um compromisso efetivo com o
meio ambiente. Também tem havido queixas de empresários alegando que esses pro-
gramas foram desenhados apenas para grandes empresas. A adesão a programas de
autorregulamentação de empresas responsáveis por acidentes ambientais de grandes
O Q u a d r o 3.4 Princípios Ceres (ex-Princípios Valdez).
Os Princípios Ceres denominavam-se inicialmente Princípios Valdez devido ao acidente ambiental de grande proporção na Baía
de Valdez, no Alasca, produzido pela Exxon, em 1989. Sua formulação e administração devem-se à Coalition for Environmentally
Responsible Economies, hoje denominada Investors and Environmentalists for Sustainable Prosperity, uma organização sediada
em Boston e formada por bancos, fundos de pensão, sindicatos, como a central sindical AFL-CIO, grupos religiosos como a Igreja
Batista Americana e entidades ambientalistas como o Sierra Club. Qualquer empresa, independentemente de seu porte, pode
adotar os Princípios Ceres, um código de conduta para lidar com as questões ambientais a partir de uma dimensão planetária
envolvendo a proteção à biosfera e o uso sustentável dos recursos. Os Princípios Ceres são os seguintes:
1. Proteção da biosfera.
2. Uso sustentável dos recursos naturais.
3. Redução dos resíduos e, sempre que possível, eliminação direta na fonte e reciclagem. Adoção de métodos seguros para
o despejo de resíduos.
4. Conservação e uso prudente da energia.
5. Redução ao mínimo dos riscos à saúde e ao meio ambiente para nossos empregados e para a comunidade.
6. Produção e comercialização de produtos seguros.
7. Compensação por danos causados ao meio ambiente e esforços para recuperar o meio ambiente afetado.
8. Informação aos empregados e ao público sobre operações e produtos que afetem o meio ambiente ou constituam riscos.
9. Compromisso da administração.
10. Auditoria e relatórios. Realização de uma autoavaliação anual sobre a aplicação desses princípios. Realização de
auditorias ambientais.
Esses princípios estabelecem uma ética ambiental com critérios pelos quais investidores e outros possam avaliar o
desempenho ambiental das empresas. As empresas que endossam esses princípios se comprometem a ir além das exigências
legais voluntariamente. Esses princípios não têm por objetivo criar novas responsabilidades legais, ampliar os direitos ou
obrigações existentes, renunciar à defesa de direitos ou da situação legal de qualquer empresa signatária e tampouco devem
ser usados contra outra empresa signatária em qualquer procedimento legal, para qualquer propósito.
Os Princípios Ceres foram adotados por muitas empresas, dentre elas a American Airlines, Body Shop, Coca-Cola, Ford, GM e
Nike. A Ceres prove auxílio às empresas que se comprometem com os seus princípios e estas devem realizar auditorias e
elaborar relatórios de acordo com modelos padronizados.
A segunda fase da política pública ambiental tem início com a Conferência de Esto-
colmo de 1972, quando as preocupações ambientais se tornam mais intensas, embora
nessa ocasião o governo militar brasileiro não tenha reconhecido a gravidade dos proble-
mas ambientais e defendeu sua idéia de desenvolvimento econômico, na verdade um mal
desenvolvimento em razão da ausência de preocupações com o meio ambiente e a distribui-
ção de renda. Porém, os estragos ambientais mais do que evidentes e a colocação dos
BRASIL. Decreto 23.672, de 02 de janeiro de 1934. Aprova o Código de Caça e Pesca. Rio de Janeiro: D O U de
15/01/1934.
B R A S I L . Decreto 2 3 . 7 9 3 , de 23 de janeiro de 1934. Aprova o Código Florestal que com este baixa. Rio de Janei-
ro, D O U de 11/02/1934.
BRASIL. Decreto 24.642, de 10 de junho de 1934. Decreta o Código de Minas. Rio de Janeiro: D O U de
24/09/1934.
B R A S I L . Decreto 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código de Águas. Rio de Janeiro: D O U de
20/07/1934.
BRASIL. Decreto 1.713 de 14 de julho de 1937. Cria o Parque Nacional de Itatiaia. Rio de Janeiro: D O U de
18/07/1937.
BRASIL. Decreto-Lei 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
nacional. Rio de Janeiro: D O U de 06/12/1937.
problemas ambientais em dimensões planetárias exigiram do Poder Público uma nova
postura. E m 1973, o Executivo Federal cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente e
diversos estados criam suas agências ambientais especializadas, como a Cetesb, n o estado
de São Paulo, em 1973, e a Feema, em 1975, no Estado do Rio de Janeiro.
A legislação federal sobre matéria ambiental nessa segunda fase procurava atender
problemas específicos, dentro de uma abordagem segmentada do meio ambiente. O s
problemas ambientais eram percebidos e tratados de modo isolado e localizado, repar-
tindo o meio ambiente em solo, ar e água, e mantendo a divisão dos recursos naturais:
água, florestas, recursos minerais e outros. Só no início da década de 1 9 8 0 é que pas-
sariam a ser considerados problemas generalizados e interdependentes que deveriam
ser tratados mediante políticas integradas.
40 BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.
Brasília: D O U de 02/09/1981. art. 2a.
41 BRASIL. Lei 6.938, art. 14, § I o .
O Q u a d r o 3.5 S i s t e m a Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) - componentes.
ÓRGÃO SUPERIOR
r-> Conselho de Governo que auxilia o presidente da República na formulação de políticas públicas.
ÓRGÃOS EXECUTORES
r + Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade. Autarquias vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente que executam e fiscalizam a política ambiental
no âmbito federal.
ÓRGÃOS SECCIONAIS
** Órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos, e pelo controle e fiscalização de
atividades capazes de provocara degradação ambiental.
ÓRGÃOS LOCAIS
Órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, em suas respectivas
jurisdições.
i. preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
ii. preservar a diversidade e a integração do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa
e manipulação de material genético;
iii. definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
iv. exigir, na forma de lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
v. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
vi. promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente;
vii. proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
§ 2 a - A q u e l e que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3 a - A s condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4 a - A floresta amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal mato-grossense e a Zona Costeira são
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do
meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5 a - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção
dos ecossistemas naturais.
§ 6 a - A s usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão
ser instaladas.
43
BRASIL. Constituição Federal, 1988, art. 225, caput.
44
C M M A D , 1991.
45
B R A S I L . Constituição Federal, 1988, art. 5 o , LXXIII.
autonomia do Ministério Público na defesa de questões socioambientais 46 . Muitos tex-
tos legais anteriores à Constituição de 1988 foram recepcionados por ela, entre eles a
citada Lei 6.938/1981 e a Lei 7.347 de 24/07/1985, o que conferiu maior eficácia à
proteção do meio ambiente e a outros direitos difusos mediante ação civil pública de
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direi-
tos de valor artísticos, estéticos, históricos e paisagísticos. Outras inovações importan-
tes: estabeleceu uma distribuição melhor da competência para legislar sobre matéria
ambiental entre os entes da federação brasileira; estabeleceu o respeito ao meio ambien-
te e o aproveitamento racional dos recursos como um dos requisitos para caracterizar a
função social da propriedade rural; incluiu os sítios ecológicos como elementos do pa-
trimônio cultural; e estabeleceu disposições em defesa de grupos vulneráveis, como
povos indígenas, crianças, idosos e deficientes físicos.
9. Que argumentos são usados neste capítulo para sustentar a afirmação de que a atual
Constituição Federal adota uma postura socioambiental? Para ajudar na resposta desta
questão, consulte a própria Constituição.
10. A responsabilidade civil objetiva por danos ambientais e a responsabilidade penal das
pessoas jurídicas constam da atual legislação brasileira. Disserte sobre essas duas for-
mas de responsabilidade e indique que implicações elas geram para as empresas e
seus administradores.
Referências
jun. 2010.
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Janeiro, D O U de 15/01/1934.
B R A S I L . Decreto 23.793, de 23 de janeiro de 1934. Aprova o Código Florestal que com este baixa. Rio de Janeiro,
D O U de 11/02/1934.
24/09/1934.
20/07/1934.
B R A S I L . Decreto 1.713 de 14 de julho de 1937. Cria o Parque Nacional de Itatiaia. Rio de Janeiro, D O U de
18/07/1937.
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B R A S I L . Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
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<http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 6 dez. 2010.
A solução dos problemas ambientais, ou sua minimização, exige uma nova atitude
dos empresários e administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente
em suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que contribuam
para ampliar a capacidade de suporte do planeta. Em outras palavras, espera-se que as
empresas deixem de ser problemas e façam parte das soluções. A experiência mostra
que essa atitude dificilmente surge de maneira espontanea. C o m o mostra a Figura 4.1,
as preocupações ambientais dos empresários são influenciadas por três grandes con-
juntos de forças que interagem entre si: o governo, a sociedade e o mercado. Se não
houvesse pressões da sociedade e medidas governamentais não se observariam o cres-
cente envolvimento das empresas em matéria ambiental. As legislações ambientais re-
sultam da percepção de problemas ambientais por parte de segmentos da sociedade e
que pressionam os agentes estatais para vê-los solucionados.
Outro tipo de pressão vem dos investidores que procuram minimizar os riscos de
seus investimentos. A geração de passivos ambientais pelo não cumprimento da legis-
lação pode comprometer a rentabilidade futura de uma empresa, pois eles poderão ser
cobrados em alguma data futura, seja por acordos bilaterais voluntários, seja por meio
de ações judiciais. Essa possibilidade, por ser tão decisiva para os investimentos, levou
à criação de diversas iniciativas para informar aos investidores a situação da empresa
em relação a essas questões, como o Dow Jones Sustainability Indexes1. N o Brasil, a Bolsa
de Valores de São Paulo (Bovespa) lançou, em 2 0 0 5 , o índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE), com base em metodologia desenvolvida pela Fundação Getulio Var-
gas, que procura refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas
com os melhores desempenhos em termos econômicos, sociais e ambientais, bem
como em governança corporativa 2 . Essas e outras iniciativas semelhantes têm por ob-
jetivo criar referências para os produtos financeiros baseados n o conceito de empresa
sustentável e medir seu desempenho.
O setor de seguro tem exercido pressão para que as empresas melhorem seus desem-
penhos ambientais, uma vez que os sinistros ambientais podem atingir proporções
Controle da poluição
Esta abordagem se caracteriza pelo estabelecimento de práticas para impedir os
efeitos da poluição gerada por determinado processo produtivo. Esse controle pode ser
realizado por meio de ações localizadas e pouco articuladas entre si. As ações ambien-
tais resultam de uma postura reativa da empresa na qual ela centra suas atenções sobre
os efeitos negativos de seus produtos e processos produtivos mediante soluções pontu-
ais. Via de regra, o controle da poluição tem por objetivo atender às exigências estabe-
lecidas nos instrumentos de comando e controle, às quais a empresa está sujeita, e às
pressões da comunidade.
As soluções tecnológicas típicas dessa abordagem procuram controlar a poluição sem
alterar de modo significativo os processos e os produtos que as produziram, podendo ser
de dois tipos: tecnologia de remediação e tecnologia de controle no final do processo
ABORDAGENS
CARACTERÍSTICAS C O N T R O L E DA P R E V E N Ç Ã O DA
ESTRATÉGICA
POLUIÇÃO POLUIÇÃO
Preocupação básica Cumprimento da Uso eficiente dos insumos Competitividade
legislação e respostas às
pressões da comunidade
Resíduos são substâncias ou objetos que seus geradores pretendem, ou são obrigados, a descartar. São sobras de algum
processo ou atividade, podendo se apresentar nos estados sólido, líquido ou gasoso. As prefeituras municipais são
responsáveis pela coleta e destinação dos resíduos sólidos domiciliares (lixo doméstico) e de pequenos estabelecimentos
comerciais. A responsabilidade pelos resíduos sólidos industriais, hospitalares, portuários, aeroviários e do grande comércio
é dos estabelecimentos geradores. A norma NBR 10.004:2004 classifica os resíduos sólidos conforme os riscos potenciais ao
meio ambiente e à saúde pública em duas classes:
Resíduos Classe I - Perigosos: apresentam periculosidade ou uma das seguintes características: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenidade. Exemplos: óleos lubrificantes usados, resíduos de laboratórios,
borras de tintas e de solventes, lodo de estações de tratamento de águas residuárias, pós e fibras de amianto, aparas
de couro curtidos ao cromo e baterias elétricas usadas a base de chumbo:
** Resíduos Classe II - Não perigosos, apresentam duas subclasses:
Resíduos Classe ll-A - Não inertes: não se enquadram como resíduos classe I ou classe ll-B. Podem ter propriedades
como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; e
<-* Resíduos Classe ll-B - Inertes: quando submetidos a um contato dinâmico e estático com a água destilada ou
desionizada, à temperatura ambiente, não apresentam constituintes solubilizados a concentrações superiores aos
padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Exemplos: rochas, tijolos,
vidros, certos plásticos e borrachas6.
0 armazenamento de resíduos Classe I deve ser feito sem alterar sua quantidade e qualidade e após uma análise prévia de
suas propriedades físicas e químicas, pois disso depende sua caracterização. 0 local de armazenamento deve ser tal que o
perigo de contaminação ambiental seja mínimo, que seja aceito pela população e esteja de acordo com o zoneamento da
região. Deve manter distâncias de mananciais, redes viárias, núcleos habitacionais e logradouros públicas. 0 local deve
possuir sistema de isolamento para impedir o acesso de pessoas estranhas, além de conter sinalizações de segurança. Há
necessidade de um plano de emergência e de um funcionário designado para coordenar todas as medidas de controle
necessárias em caso de emergência. Inspeções semanais devem ser realizadas e registros devem ser mantidos durante toda
a vida útil da instalação de armazenamento 7 . As condições de armazenagem dos resíduos Classe II são menos severas, mas
exigem cuidados especiais para a escolha do local, o acondicionamento dos resíduos e as operações no local de
armazenagem 8 .
As normas e regulamentos sobre resíduos sólidos exigem atividades operacionais e administrativas específicas na unidade
geradora, dentre elas, captação, segregação, transporte em condições especiais, elaboração de inventários dos resíduos,
inspeções, registro das operações e emissão de relatórios periódicos. A produção de resíduos gera custos para os seus
geradores e movimenta uma indústria altamente especializada que provê bens e serviços, tais como análises laboratoriais,
laudos periciais, estudos de impacto ambiental, licenciamento ambiental, sistemas de controles, coleta, transporte,
destinação final em aterros industriais, incineração, projeto e construção de aterros, projeto e produção de equipamentos
para captar, tratar, transportar e dispor os resíduos, embalagens especiais, entre outros.
Prevenção da poluição
Esta é a abordagem pela qual a empresa procura atuar sobre os produtos e proces-
sos produtivos para evitar, reduzir ou modificar a geração de poluição, empreendendo
ações com vistas a uma produção mais eficiente e, portanto, poupadora de materiais e
energia em diferentes fases do processo de produção e comercialização. A prevenção da
poluição requer mudanças em processos e produtos a fim de reduzir ou eliminar os
rejeitos na fonte, isto é, antes que eles sejam produzidos e lançados ao meio ambiente.
O s rejeitos que ainda sobram, e sempre sobrarão, pois não existe n e n h u m processo
1 0 0 % eficiente, são captados, tratados e dispostos por meio de tecnologias de controle
da poluição do tipo end-of-pipe.
A prevenção da poluição aumenta a produtividade da empresa, pois a redução de
poluentes na fonte significa recursos poupados, o que permite produzir mais bens e
serviços com menos insumos. O s resultados esperados de um programa de prevenção
da poluição são os mesmos de qualquer programa de redução de custo ou melhoria da
produtividade, por exemplo, redução dos custos com materiais e energia, economia na
disposição final dos resíduos, redução dos passivos ambientais, melhora geral das con-
dições de trabalho e da imagem da empresa.
A prevenção da poluição combina duas preocupações ambientais básicas: o uso
sustentável dos recursos e controle da poluição. As práticas concernentes ao uso sus-
tentável dos recursos envolvem as seguintes atividades: redução da poluição na fonte,
reutilização, reciclagem e recuperação energética, com essa ordem de prioridade, como
ilustra a Figura 4.2. Reduzir na fonte é sempre a primeira opção, independentemente
das quantidades e características dos poluentes. Reduzir significa diminuir o peso ou
o volume dos resíduos gerados, bem como modificar suas características. Para isso,
pode ser necessário reprojetar os produtos para adequar suas dimensões e característi-
cas físico-químicas a fim de produzir o mínimo de resíduos, assim c o m o para substituir
matérias-primas para reduzir o grau de periculosidade dos resíduos. Substituir
Figura 4.2 Prevenção da poluição - prioridades.
1
\ /
\ Redução na fonte /
k Uso sustentável
\ Reúso e reciclagem / ' dos recursos
\ Recuperação energética /
\ Tratamento /
Abordagem estratégica
Nessa abordagem, os problemas ambientais são tratados c o m o uma das questões
estratégicas da empresa e, portanto, relacionadas à busca de uma situação vantajosa n o
seu negócio atual ou futuro. Além das práticas de controle e prevenção da poluição, a
empresa procura aproveitar oportunidades mercadológicas e neutralizar ameaças de-
correntes de questões ambientais existentes ou que possam ocorrer no futuro. O envol-
vimento das empresas com os problemas ambientais adquire importância estratégica à
medida que aumenta o interesse da opinião pública sobre as questões ambientais, bem
como dos grupos interessados, como trabalhadores, consumidores, investidores e gru-
pos ambientalistas. Muitos investidores já consideram as questões ambientais em suas
decisões, pois sabem que os passivos ambientais estão entre os principais fatores que
podem corroer a rentabilidade e a substância patrimonial das empresas. O crescimen-
to do contingente de consumidores que preferem comprar produtos e serviços que
respeitem a natureza é outro fator que impulsiona o tratamento estratégico das ques-
tões ambientais. O u seja, os estímulos para uma abordagem estratégica são muitos e
variados. A gestão ambiental pode proporcionar os seguintes benefícios estratégicos:
P O R T E R , M. E., 1999. p. 4 7 4 8 .
IbicL, p. 48.
estratégica significa tratar sistematicamente as questões ambientais para proporcionar
valores reconhecidos pelos componentes do ambiente de negócio da empresa que os
diferenciem dos seus concorrentes e contribuam para dotá-la de vantagens competiti-
vas sustentáveis.
A competitividade de uma empresa não é obra só dela, depende de outros agentes
com que se relaciona para produzir e entregar bens e serviços aos seus clientes. Esse fato
leva a expansão das ações estratégicas para a cadeia de suprimento, ou seja, para os está-
gios de produção, distribuição e utilização desses bens e serviços, realizados por fornece-
dores, empreiteiros, transportadores, varejistas, prestadores de serviços de assistência
técnica pós-venda, usuários ou consumidores, entre outros. A estratégia ambiental pro-
cura alcançar efeito sobre os participantes da cadeia de suprimento, como indicado no
Quadro 4.1, para minimizar os problemas ambientais gerados nos diferentes estágios de
produção, distribuição e uso. Do ponto de vista ambiental, esses estágios correspondem
ao ciclo de vida físico do produto, que é a seqüência de transformações de materiais e
energia que inclui a extração de matérias-primas, beneficiamento, fabricação, distribui-
ção, utilização, recuperação e reciclagem dos materiais constituintes do produto 13 .
Meio ambiente
Recursos naturais
energia materiais
energia materiais/objetos
Nem todas as empresas têm necessidade de implementar uma abordagem estraté-
gica ambiental, pois esta só faz sentido se houver ameaças ou oportunidades significa-
tivas. Se não houver, as abordagens de controle e de prevenção da poluição em
conjunto são suficientes para tratar adequadamente os problemas ambientais. A iden-
tificação das ameaças e oportunidades pode ser realizada mediante avaliações das de-
mandas da sociedade manifestadas ou latentes, previsões tecnológicas, projetos de leis
e de normas nacionais e internacionais, debates e propostas apresentadas nas Confe-
rências das Partes dos acordos ambientais multilaterais, bem c o m o da avaliação dos
produtos, processos, materiais e outros elementos internos.
De modo análogo à evolução da gestão da qualidade, a fase inicial cia gestão am-
biental empresarial também é de caráter corretivo. As exigências estabelecidas pela le-
gislação ambiental são vistas como problemas a serem resolvidos pelos órgãos técnicos
e operacionais da empresa sem autonomia decisória, e esse trabalho é visto como um
custo interno adicional. Do ponto de vista ambiental, as práticas de controle da polui-
ção apresentam-se como soluções pobres por estarem focadas nos efeitos e não nas
causas da poluição.
Na fase seguinte, as soluções para os problemas ambientais são vistas como meios
para aumentar a produtividade da empresa, sendo para isso necessário rever os produ-
tos e processos para reduzir a poluição na fonte, reutilizar e reciclar o máximo de resí-
duos. Essa abordagem permite reduzir a poluição e o consumo de recursos para a
mesma quantidade de bens e serviços produzida. Por fim, na etapa mais avançada da
gestão ambiental empresarial, as questões ambientais passam a ser consideradas estra-
tégicas, possibilitando vantagens competitivas sustentáveis para a empresa, seja mini-
mizando os problemas que podem comprometer a sua competitividade, seja capturando
oportunidades mercadológicas.
Programa criado pela Canadian Chemical Producers Association em resposta à perda de confiança do público em relação a
esta indústria e às ameaças de uma regulamentação mais rigorosa. Criado em 1985, o programa é adotado em mais de 50
países e coordenado pelo International Council of Chemical Associations. A Associação Brasileira da Indústria Química
(Abiquim) é a responsável pela implementação desse programa no Brasil, denominado Atuação Responsável. Esse programa
é um exemplo de acordo voluntário privado unilateral coletivo discutido no capítulo anterior.
A gestão ambiental baseada nesse programa utiliza os seguintes componentes: princípios diretivos, códigos e práticas
gerenciais, comissões de lideranças empresariais, conselhos comunitários consultivos, avaliação de progresso e difusão na
cadeia produtiva. Os princípios diretivos formam um código de conduta que orienta as ações da empresa nas áreas de saúde,
segurança e meio ambiente, recomendando uma abordagem de prevenção da poluição. São eles:
Fonte: ABIQUIM, 2010. Disponível em: <http://www.abiquim.org.br>. Acesso em: 24 jun. 2010.
iniciativa do Gemi é proporcionar um meio pelo qual uma empresa, que já pratica
uma administração baseada nos conceitos e práticas do T Q M , possa transitar facil-
mente para o T Q E M , pois ambos apresentam os mesmos elementos básicos, a saber:
foco no cliente, qualidade como dimensão estratégica, processos como unidade de
análise, participação de todos, trabalho em equipe, parcerias com os clientes e fornece-
dores, e melhoria continua 19 .
Custos incorridos para assegurar que os produtos Custos incorridos para assegurar que a empresa aten-
atendam os requisitos da qualidade. Exemplos: de às normas legais e a sua política ambiental. Exem-
de avaliação
custo para realizar inspeções, testes, auditorias, plos: custo para realizar inspeções, testes, auditorias e
certificações. certificações.
Custo Custo
CP + CA CFI + CFE
da década de 1970, esse conceito referia-se a qualquer tecnologia que pudesse reduzir
a poluição e economizar recursos.
Produção Mais Limpa (P+L) foi definida, em um seminário realizado pelo PNU-
MA, em 1990, como uma abordagem de proteção ambiental ampla que considera
24 O N U D I / U N I D O , 1991. p. 47-49.
25 U N E P / P N U M A , 1993. p. 1.
26 Ibid., 1993. p. 1.
27 Texto integral da declaração disponível em: <www.unep.org/ourplanet>.
Produção Mais Limpa significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica,
ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiên-
cia no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou
reciclagem de resíduos gerados28.
As emissões e os resíduos que continuam sendo gerados devem ser reutilizados in-
ternamente, que é o segundo nível de prioridade. O nível 3 ocorre quando a emissão
ou o resíduo produzido não tem como ser aproveitado pela própria unidade produtiva
que o gerou. Nesse caso, a alternativa é a reciclagem externa, isto é, vendendo ou doan-
do os resíduos para quem possa utilizá-los. Caso isso ainda não seja possível, eles devem
ser tratados para serem assimilados ao meio ambiente por meio de ciclos biogênicos,
c o m o é o caso da compostagem, ou para a sua disposição final em lugar seguro. Note
O Figura 4.7 Produção m a i s L i m p a - níveis d e i n t e r v e n ç ã o .
Ecoeficiência
Ecoeficiência é um modelo de gestão ambiental empresarial introduzido em
1 9 9 2 pelo Business Council for Sustainable Development, atualmente World Business
Council for Sustainable Development ( W B C S D ) . E m 1 9 9 6 os ministros do M e i o Am-
b i e n t e dos países que integram a O C D E identificaram a ecoeficiência c o m o uma
proposta promissora para as empresas, governos e famílias reduzirem a poluição e o
uso de recursos em suas atividades e passaram a recomendá-la 2 9 . A O C D E e a
W B C S D são os promotores mais atuantes dessa proposta de gestão ambiental. Para
essas entidades, a ecoeficiência se alcança pela entrega de produtos e serviços com
preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e melhorem a qualida-
de de vida, enquanto reduzem progressivamente os impactos ecológicos e a intensi-
dade dos recursos ao longo de seu ciclo de vida para, no mínimo, manter a capacidade
de carga estimada do planeta. Uma empresa se tornaria ecoeficiente por meio de
práticas focadas em:
na qual o valor do produto ou serviço pode ser expresso em (1) termos monetários,
c o m o receita líquida de vendas, margem líquida ou outro dessa natureza, ou (2)
quantidades físicas de produtos e serviços vendidos, c o m o unidades ou toneladas
vendidas.
As influências podem ser medidas em quantidade total de energia ou de mate-
riais usados para produzir e entregar os produtos ou serviços. Essa medida pode ser
desagregada para mensurar a eficiência em questões ambientais específicas, c o m o a
redução das emissões de gases de efeito estufa, de materiais descartados, de água de
processo, entre outras. A idéia é simples: quanto maior essa relação, maior é a efici-
ência d o sistema produtivo em transformar recursos produtivos em produtos e servi-
ços vendidos.
A eficiência ambiental pode ser expressa como um fator que mostra quanto o valor
do produto aumenta com a eficiência produtiva. Por exemplo: se uma empresa produziu
a mesma quantidade de produtos com metade dos insumos que usava antes, ela obteve
um fator 2 de eficiência. O fator de eficiência pode ser usado para medir o desempenho
ambiental da empresa, ou de unidades da empresa, em diferentes períodos e para estabe-
lecer metas a serem alcançadas em horizontes de planejamento definidos, como aumen-
tar a eficiência na redução das emissões ácidas em um fator 3 até o final do ano.
FIKSEL, 1997. p. 3.
Ibid., p. 54-
conforme os objetivos ambientais a serem alcançados, tais como: aumentar a quantida-
de de material reciclado no produto, reduzir o consumo de energia para o cliente, faci-
litar a manutenção, favorecer a separação de materiais pós-uso. Deriva daí o conceito de
Design for X (DfX), em que o X pode ser substituído por outras letras referentes ao que
se quer obter em termos ambientais, por exemplo:
Assegurar um elevado conteúdo de materiais recicláveis que gerem um nível mínimo de resídu-
Reciclagem
os ao final da vida útil do produto.
Assegurar que todos os materiais e componentes não recicláveis possam ser descartados de
Facilitar o descarte
modo seguro e eficiente.
Reutilizar componentes Assegurar que alguns componentes do produto possam ser recuperados, renovados e reutilizados.
Redução do consumo Projetar produtos que reduzam o consumo de energia em todas as etapas do processo de produ-
de energia ção, distribuição, utilização, reciclagem e disposição final.
Projetar processos mais limpos, evitar especificar substâncias perigosas para a saúde, substituir
Reduzir riscos crônicos substâncias nocivas à camada de ozônio, utilizar solventes à base de água, assegurar a biode-
gradação do produto e a sua disposição final em condições seguras.
Combinando modelos
Os modelos de gestão ambiental comentados incorporam a idéia de prevenção da
poluição e encaram os problemas ambientais a partir de uma visão mais ampla que
pode ser alinhada à estratégia da empresa. Excetuando o Programa Atuação Respon-
sável, que é exclusivo para as empresas químicas, os outros modelos podem ser adota-
dos por empresas de qualquer setor e de qualquer porte. Embora cada modelo possua
características diferenciadoras marcantes, conforme resumidas no Quadro 4.6, eles
podem ser combinados para adequar-se às peculiaridades da empresa, uma vez que
eles não são mutuamente exclusivos.
Características
Modelo Pontos Fortes Pontos Fracos
básicas
/ ^
\
r
INSTRUMENTOS DE GESTÃO
2. Quais são as diferenças entre reúso e reciclagem e entre reciclagem interna e externa?
Apresente exemplos.
4. Comente a seguinte afirmação constante neste capítulo: "se a redução dos custos de
produção gera um diferencial competitivo, as práticas de prevenção da poluição passam
a adquirir uma dimensão estratégica para a empresa"
5. Este capítulo apresenta uma distinção entre abordagem ambiental e modelo de gestão.
Discuta os significados que foram dados a cada um desses termos.
8. Identifique cada um dos elementos de custo abaixo, segundo a classificação dos custos
ambientais apresentadas neste capítulo, a saber: custo de prevenção (CP), custo de ava-
liação (Cl), custo de falha interna (CFI) e de falha externa (CFE).
Elementos de custo Classificação
Operação dos equipamentos de controle da poluição
9. Que argumentos você apresentaria para contestar quem afirmasse que os modelos de
gestão inspirados na natureza são utópicos para países como o nosso e que o exemplo
da Dinamarca não vale?
10. Além dos modelos apresentados neste capítulo, há muitos outros propostos por empre-
sas, entidades empresariais e ONGs. Greenpeace, Natural Step Foundation e Zero Emis-
sion Research and Initiative são exemplos de ONGs que criaram concepções de gestão
ambiental. O mesmo fizeram várias empresas, como a 3M com o Programa Pollution
Prevention Pays Plus. Faça uma pesquisa e obtenha informações sobre as propostas
dessas e de outras organizações e compare com as que foram apresentadas neste capí-
tulo. Depois, faça uma lista de elementos comuns a todas elas.
Referências
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O R G A N I Z A Ç Ã O DAS N A Ç Õ E S U N I D A S PARA O D E S E N V O L V I M E N T O I N D U S T R I A L / U N I T E D N A T I O N S
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O S I S T E M A C O M U N I T Á R I O D E E C O G E S T Ã O E A U D I T O R I A (EMAS)
7 C C E . Decisão n. 2 6 5 de 16/04/1997.
A primeira norma sobre S G A foi a B S 7750, criada pelo British Standards Institution
(BSI), em 1992. Essa norma define S G A como estrutura organizacional, responsabilida-
des, práticas, procedimentos, processos e recursos para implementar o gerenciamento
ambiental. Gerenciamento ambiental são os aspectos da função de gerenciamento glo-
bal, incluindo o planejamento, que determinam e implementam a política ambiental.
Política ambiental é uma declaração pública sobre as intenções e os princípios de ação
da organização a respeito de suas questões ambientais. A administração deve assegurar
que essa política: (a) seja relevante para suas atividades, seus produtos, serviços e impac-
tos ambientais; (b) seja conhecida, implementada e mantida em todos os níveis da orga-
nização; (c) torne-se disponível publicamente; (d) inclua um comprometimento com a
melhoria contínua do desempenho ambiental; (e) proporcione o estabelecimento e a
publicação de objetivos ambientais. O seu modelo de S G A , baseado n o ciclo P D C A ,
c o m o mostra a Figura 5.2, serviu de exemplo e inspiração para diversas normas voluntá-
rias sobre S G A criadas em outros países e para a International Organization for Standardi-
zation (ISO). Essa norma foi cancelada pela BSI em 1997, após a publicação das normas
sobre S G A pela I S O .
Aprovação Rascunho Final de Norma Internacional (Final Draft International Standard) FDIS
Fonte: ISO Central Secretariat. My ISO job: Quiáance fordelegates and experts. Genebra: ISO, 2005, p. 11.
O Quadro 5.2 apresenta os subcomitês do T C 207 com suas respectivas áreas temá-
ticas e algumas normas produzidas. No início eram cinco subcomitês concernentes às
seguintes áreas temáticas: sistemas de gestão ambiental, auditoria ambiental, avaliação
do desempenho ambiental, rotulagem ambiental e avaliação do ciclo de vida do produ-
to. As normas relativas às três primeiras áreas são aplicáveis às organizações, enquanto
as demais, aos produtos e processos. Diversos grupos de trabalhos vinculados à coorde-
nação do T C 207 ficaram encarregados de outros temas, como vocabulário e termos,
aspectos ambientais em projetos de produtos e gestão de gases de efeito estufa. Dada a
importância deste último tema, esse grupo de trabalho tornou-se um subcomitê. As
normas produzidas pelos subcomitês e grupos de trabalho do T C 207, embora tenham
sido concebidas de acordo com o ciclo P D C A (como mostra a Figura 5.3), são indepen-
dentes e podem, portanto, ser aplicadas em qualquer organização de forma isolada.
C O M I T Ê T É C N I C O 207
Coordenação e Secretaria: Canadian Standards Association (Canadá)
Área Temática NORMAS PUBLICADAS
Subcomitê (País do Órgão de Normalização que Exemplos
exerce a função de Secretaria)
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) ISO 14001:2004 - Sistemas de gestão ambiental - requisi-
(Reino Unido) tos com orientações para uso.
ISO 14004:2004 - Sistema de gestão ambiental - diretrizes
SC 1
gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.
** ISO 14063:2006 - Gestão ambiental - comunicação ambien-
tal - diretrizes e exemplos.
Gestão de gás de efeito estufa *-> ISO 14064-1:2006 - Gases de efeito estufa - parte 1: espe-
(Canadá) cificações com guia para quantificar e relatar as emissões e
remoções de gases de efeito estufa no nível da organização.
<•+ ISO 14064-2:2006 - Gases de efeito estufa - parte 2: espe-
cificações com guia para quantificar, monitorar e relatar as
SC 7
emissões e remoções de gases de efeito estufa no nível do
projeto.
"» ISO 14064-3:2006 - Gases de efeito estufa - parte 3: espe-
cificações com guia para validação e verificação de afirma-
ções sobre gases de efeito estufa.
Fonte: Elaborado com informações da TC/IS0 207. Disponível em: <http://www.iso.ch>. Acesso em: 15jul. 2010.
A S NORMAS ISO 14000 SOBRE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
As normas relativas aos sistemas de gestão ambiental genérico são: I S O 14001 e I S O
14004. Elas foram publicadas em 1996 e passaram por um processo de revisão iniciado
em 1999 e concluído em 2004. Foram traduzidas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e integram o conjunto de normas dessa instituição. São elas:
Essas duas normas podem ser aplicadas em qualquer organização, pública ou pri-
vada, independentemente de seu porte ou do setor de atuação. A N B R I S O 14001 é
uma norma que contém os requisitos que podem ser objetivamente auditados para
fins de certificação, registro ou autodeclaração e a N B R I S O 14004 fornece diretrizes,
recomendações e exemplos para a empresa criar e aperfeiçoar seu S G A .
A Figura 5.4 apresenta o modelo de S G A da família I S O 14000, que também se
baseia no ciclo PDCA, tendo como ponto de partida o comprometimento da alta
administração e a formulação de uma política ambiental. Conforme a I S O 14001, o
S G A é a parte de um sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver
e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais. E um
conjunto de elementos inter-relacionados utilizados para estabelecer a política am-
biental e os objetivos e para atingir esses objetivos. U m S G A inclui a estrutura organi-
zacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos,
processos e recursos 11 .
10 Para efeito de simplificação, as normas A B N T NBR ISO 14001:2004. Sistemas de gestão ambiental: requisitos
com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2004, e NBR ISO 14004:2005. Sistemas de gestão ambiental:
diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro: ABNT, 2 0 0 5 , serão citadas apenas
como I S O 14001 e ISO 14004, respectivamente. A data desta última refere-se à data da publicação pela ABNT.
O Figura 5.4 ISO 14001:2004: Sistema de Gestão A m b i e n t a l .
legais e outros por ela subscritos, (2) com a prevenção da poluição e (3) com a melho-
ria contínua. Por isso, organizações com atividades similares e desempenho ambiental
diferentes podem atender aos requisitos dessa norma. Espera-se que um S G A criado
e mantido conforme esta norma promova o aperfeiçoamento contínuo do desempe-
nho ambiental global da organização.
A norma I S O 14001 tem como premissa que a organização irá periodicamente
avaliar o seu S G A para identificar oportunidades de melhorias e que irá implemen-
tá-las, segundo a velocidade, extensão e tempo determinados por ela e conforme suas
circunstâncias econômicas 1 2 . Esse fato muitas vezes é mal interpretado e não faltam
pessoas que veem uma autorização para a organização continuar do mesmo jeito.
Não é essa a intenção, pois a norma exige a conformidade legal e preconiza a realiza-
ção de melhorias contínuas no desempenho ambiental global da organização, de
acordo com sua própria política. Melhoria contínua é definida pela norma como um
processo recorrente de se avançar com o S G A com o propósito de atingir o aprimo-
ramento do desempenho ambiental geral, coerente com a política ambiental da
organização 13 .
4.3. PLANEJAMENTO
4.3.1 Aspectos ambientais
4.3.2 Requisitos legais e outros
4.3.3 Objetivos, metas e programas
4.5. VERIFICAÇÃO
4.5.1 Monitoramento e medição
4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva
4.5.4 Controle de registros
4.5.5 Auditoria interna
Política ambiental
A política ambiental é uma declaração da organização expondo suas intenções e
princípios gerais em relação a seu desempenho ambiental, que provê uma estrutura
para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais 16 . A alta administração deve
definir a política ambiental da organização e assegurar que, dentro do escopo definido
de seu SGA, ela:
Aspectos ambientais
Aspecto ambiental é definido como elemento das atividades, produtos ou serviços
de uma organização que pode interagir com o meio ambiente 2 3 . O s aspectos ambien-
tais referem-se ao uso de água, matérias-primas, energia, espaço e outros recursos pro-
dutivos e do uso do meio ambiente como receptáculo de resíduos dos processos de
produção e consumo, assunto discutido no primeiro capítulo. O aspecto ambiental é
21
ABNT, N B R I S O 14001:2004, definição 3.18.
22
ABNT, N B R I S O 1 4 0 0 4 : 2 0 0 5 , seção 4.2.
23
a causa e o impacto ambiental, o efeito. Entende-se por impacto ambiental qualquer
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte,
dos aspectos ambientais da organização 24 . U m aspecto ambiental pode interagir com o
meio ambiente de diferentes modos, gerando diferentes tipos de impactos. Exemplo:
o uso de combustível fóssil para gerar energia é um aspecto ambiental de uma ativida-
de e seus impactos ambientais são, entre outros, a redução das reservas de um recurso
natural não renovável e a emissão de C O z , S 0 2 , N O x e outros gases poluentes, sendo
que alguns contribuem para o aquecimento global. O Quadro 5.4 apresenta outros
exemplos de aspectos e seus respectivos impactos. Note que esse quadro apresenta
exemplos de impactos positivos associados aos aspectos ambientais da organização.
Poluição do ar.
Impactos respiratórios sobre os residentes
Operação de Emissão de dióxido de enxofre (S0 2 ), dióxi-
Atividade: locais.
caldeira do de carbono (C0 2 ) e óxido nitroso (N 2 0)
Impacto de chuva ácida em água superficial.
Aquecimento global e mudança climática.
Cartucho de
tinta de
Uso de matérias-primas Conservação de recurso.
impressora
reutilizável
Produto:
Geração de resíduos sólidos Uso do solo.
Vida finai
Recuperação e reutilização de componentes Conservação de recursos naturais.
Freqüência
de ocorrência
como mostra a Figura 5.5; por exemplo: soma igual a 2 ou 3, impacto desprezível; 4 e
5, moderado; 6 e 7, elevado; 8, 9 e 10, crítico.
O uso de filtros ajuda a estabelecer o grau de significância, tais como: o aspecto ou
o impacto ser objeto de legislação ambiental específica; ser uma preocupação manifes-
tada pelos trabalhadores, vizinhos ou outras partes interessadas; ter saído do controle
da organização no passado e causado acidentes; estar relacionado a um dos graves
problemas globais, como a acumulação de gases de efeito estufa e a perda de biodiver-
sidade. Os aspectos ou impactos ambientais que se enquadram em situações como es-
sas são potencialmente significativos.
35
ABNT, N B R ISO 14004:2005, seção 4.3.3.1.
36
ABNT, N B R ISO 14001:2004, requisito 4.3.3.
Q u a d r o 5.6 Indicadores de d e s e m p e n h o a m b i e n t a l — e x e m p l o s .
Fonte: Elaborado a partir de NBR ISO 14001:2004. Obs.: Os números entre parênteses referem-se aos requisitos da seção 4
dessa norma, vide Quadro 5.3.
exemplo: um programa para reduzir os resíduos de produção pode atender, ao mesmo
tempo, objetivos ligados ao cumprimento da legislação ambiental, ao aumento da produ-
tividade, à redução de custo pela diminuição da quantidade de resíduos que requerem
tratamento especial, entre outros. Supondo que um dos objetivos gerais da organização
seja aumentar sua produtividade, o SGA pode contribuir com programas para reduzir os
custos dos resíduos, que podem se desdobrar em diversos projetos específicos, tais como:
melhorar o processo de produção do produto A, desenvolver aplicações para os rejeitos
com o objetivo de comercializá-los e revisar o projeto do produto B para substituir maté-
rias-primas geradoras de resíduos Classe I. O SGA deve contribuir para que a preocupa-
ção ambiental seja incorporada em todas as atividades da organização.
Promover conformidade com os requisitos do SGA Todos os que trabalham ou agem em nome da organização
As atividades que possam causar impactos ambientais significativos devem ser exe-
cutadas por pessoal competente para atender os requisitos do SGA. Recomenda-se que
o nível de experiência, competência e treinamento seja determinado de modo a asse-
gurar a capacitação dos funcionários, especialmente daqueles que desempenham ativi-
dades especializadas de gestão ambiental 41 . Cabe à administração decidir sobre o nível
de detalhamento dos programas de treinamento e conscientização. Quanto a essa
questão, a norma recomenda que esses programas tenham os seguintes elementos:
44 BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Diário Oficial
da União. Brasília, DF, 29 abr. 1999. art. 2'.
45 BRASIL. Lei n. 9.795, art I o , 1999.
46 BRASIL. Decreto n. 4.281, de 25 de junho de 2002. Regulamenta a Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, que
institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF,
26 jun. 2002, art. 6 o , IV.
Comunicação
Esse requisito estabelece que a organização, com relação aos seus aspectos ambien-
tais e ao seu SGA, deve implementar e manter procedimentos para: (a) comunicação
interna entre vários níveis e funções da organização e (b) recebimento, documentação
e resposta a comunicações pertinentes oriundas de partes interessadas externas. Deve
ainda decidir se realizará comunicação externa sobre seus aspectos ambientais signifi-
cativos e registrar sua decisão. Caso decida comunicar, deverá estabelecer e implemen-
tar métodos para efetuar essa comunicação 47 . A comunicação interna pode ser feita
por meio de reuniões regulares de grupos de trabalho, boletins, quadros de aviso e in-
tranet. Caso a organização decida efetuar a comunicação externa, recomenda-se levar
em conta os pontos de vista e considerações de todas as partes interessadas. A comu-
nicação externa pode-se dar mediante relatórios anuais, boletins informativos, páginas
na internet e reuniões na comunidade 48 . Outras questões pertinentes à elaboração de
relatórios ambientais externos são tratadas no Capítulo 8.
A comunicação interna deve ser vista como mais um instrumento para ampliar a
conscientização dos funcionários, complementando o requisito já comentado. O
quanto a organização irá comunicar é uma prerrogativa da administração, como se
depreende das normas em pauta. A ISO 14004 recomenda que a organização, ao esta-
belecer um programa de comunicação, leve em consideração sua natureza e porte, seus
aspectos ambientais significativos e a natureza e necessidades das partes interessadas 49 .
Os trabalhadores e seus sindicatos, a comunidade, os clientes, os investidores, os repre-
sentantes do poder público local, estadual e federal, as O N G s e outras partes interes-
sadas podem ter determinadas preocupações sobre as operações da organização e
desejar informações específicas e detalhadas. A atenção a essas preocupações contribui
para legitimar os esforços da organização para melhorar o seu desempenho ambiental
perante seus públicos interno e externo.
47
ABNT, N B R ISO 14001:2004, requisito 4.4.3.
ABNT, N B R I S O 14001:2004, 2 0 0 4 . Anexo A, item A.4.3.
c) selecionar informações relevantes ao interesse desses públicos;
d) escolher as informações a serem comunicadas;
e) determinar os métodos apropriados para a comunicação; e
f) avaliar e determinar periodicamente a eficácia do processo de comunicação 5 0 .
Documentação
A documentação é um requisito importante em qualquer sistema de gestão, e não
seria diferente com o de gestão ambiental. A documentação do S G A deve incluir os
seguintes elementos:
54
ABNT, N B R ISO 14001:2004, requisito 4.4.4. Anexo A, item A.4.4.
ABNT, N B R ISO 9 0 0 1 : 2 0 0 8 , requisito 4.2.1.
ABNT, I S O / T R 10013:2002. ABNT, 2002.
" O Figura 5.7 Hierarquia da d o c u m e n t a ç ã o de u m s i s t e m a de g e s t ã o da qualidade.
Conteúdo dos d o c u m e n t o s
D o c u m e n t o s de trabalho d e t a l h a d o s .
D o c u m e n t o s s o b r e resultados,
c o m u n i c a ç õ e s f e i t a s e recebidas e
atividades realizadas no â m b i t o d o SGA
Uma crítica que tem sido feita com certa freqüência a respeito da norma I S O
14001 refere-se ao fato de que o atendimento ao requisito de documentação levaria a
organização a praticar um excesso de formalismo que reduziria sua mobilidade e capa-
cidade de resposta às mudanças, esses sim, requisitos fundamentais para poder atuar
em ambientes de negócio competitivos. Essa crítica não procede, pois a norma exige
apenas a documentação de alguns elementos do S G A e não de todos. Além dos ele-
mentos cuja documentação é expressamente exigida na norma, os dirigentes da orga-
nização podem determinar quais outros também devem ser documentados. Vale
mencionar que a documentação é um elemento fundamental para reduzir as variabili-
dades desnecessárias, bem como para reter e transmitir o aprendizado.
Controle de documentos
A organização deve controlar todos os documentos requeridos pelo SGA. Os regis-
tros são um tipo especial de documento e devem ser controlados conforme os requisi-
tos estabelecidos na cláusula 4.5.4, que serão comentados oportunamente. A
organização deve estabelecer, implantar e manter procedimentos para:
Controle operacional
Este requisito estabelece que a organização deve identificar e planejar as operações
associadas aos aspectos ambientais significativos identificados de acordo com sua polí-
tica, objetivos e metas para assegurar que elas sejam realizadas sob condições especifi-
cadas por meio:
59
ABNT, N B R I S O 14001:2004, requisito 4-4.6.
60
ABNT, N B R I S O 14004:2005, seção 4.4.6.1.
í>l
prevenindo ou mitigando os impactos adversos produzidos62. A organização deve perio-
dicamente analisar e revisar, quando necessário, seus procedimentos de preparação e
atendimento à emergência, em particular após a ocorrência de acidentes ou situações de
emergência. Sempre que possível esses procedimentos devem ser testados, por exemplo,
por simulações de emergências e de acidentes, que podem ser inclusive consideradas
parte dos programas de treinamento.
C o m o dito anteriormente, essa norma adota uma abordagem de prevenção da
poluição, o que significa, quanto ao requisito em pauta, preparar-se para realizar ações
necessárias diante da ocorrência: (1) de acidentes ambientais (explosões, incêndios,
emissões e derrames acidentais, desastres durante o transporte de produtos perigosos
e outros); e (2) de situações de emergência que podem produzir tais acidentes, por
exemplo, panes e incidentes em equipamentos que se não forem consertados a tempo
e com procedimentos adequados podem provocar acidentes graves.
A norma recomenda que a organização estabeleça procedimentos de preparação e
resposta a emergências que atendam suas necessidades específicas e levem em conta,
entre outros, os seguintes elementos:
62
ABNT, N B R ISO 14001:2004, requisito 4.4.7.
63
para corrigir e reparar os danos provocados. É importante ressaltar que a extensão da
mitigação está relacionada com os requisitos legais e voluntários subscritos. A legislação
brasileira estabelece que o poluidor é obrigado, independentemente de existência de
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados
por suas atividades64. Se a organização subscreveu os Princípios Ceres, por exemplo, ela
deve não só compensar os atingidos pelos danos causados ao meio ambiente, mas se
esforçar para recuperar inteiramente o meio ambiente afetado (ver Quadro 3.4, no
Capítulo 3). Veja também o que diz a carta empresarial para o desenvolvimento susten-
tável da I C C no Anexo 4, item 12, com respeito aos planos de emergência.
Monitoramento e medição
Esse requisito faz parte do processo de controle, que corresponde ao C (de checar,
verificar) de um ciclo PDCA. Monitorar significa acompanhar uma atividade com base
em informações coletadas ou observações a respeito dessa atividade, a fim de verificar
o alcance de objetivos e metas. Por exemplo, acompanhar diariamente o consumo de
água para verificar se a meta de redução de consumo está sendo alcançada. Esta fase
encerra um ciclo de atividades do SGA, que se inicia com a identificação dos aspectos
ambientais significativos, como ilustra o Quadro 5.8, sendo a base para as atividades
de correção e ajustes de acordo com a idéia de melhoria contínua.
BRASIL. Lei 6 . 9 3 8 , de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências. Brasília: D O U de 02/09/1981, art. 14, § I
ABNT, N B R I S O 14001:2004, requisito 4.5.1.
O Q u a d r o 5.8 E n c a d e a m e n t o de requisitos de p l a n e j a m e n t o , i m p l e m e n t a ç ã o e c o n t r o l e - e x e m p l o s .
C o n s u m o de óleo de
Aspecto ambiental E m i s s ã o de óxidos de nitrogênio (NO x ).
aquecimento
Aumentar o impacto positivo sobre a qualidade do
Reduzir o consumo de um recurso não
Objetivos ar, por meio da melhoria da eficiência da manuten-
renovável.
ção de frota.
As ações devem ser adequadas à magnitude dos problemas e aos impactos ambientais.
Elas podem ser ações corretivas ou preventivas. A ação corretiva visa eliminar a causa de
uma não conformidade identificada ou uma situação indesejável. A ação preventiva visa
eliminar a causa de uma potencial não conformidade ou outra situação potencialmente
indesejável70, ou seja, uma situação que se não for resolvida fará com que um ou mais re-
quisitos deixem de ser atendidos. Enquanto a ação corretiva impede a repetição de uma
ocorrência indesejável, a ação preventiva impede o seu surgimento. Esses entendimentos
são os mesmos da ISO 9001:2008, o que mostra mais uma vez a grande interação entre o
T C 207 e o T C 176, responsáveis pela elaboração e revisão das normas de gestão ambien-
tal e de gestão da qualidade, respectivamente.
O atendimento a esse requisito pode ser efetuado rapidamente e com um mínimo
de planejamento formal ou exigir um conjunto de atividades complexas e de longo
prazo. Independentemente do tipo e da gravidade da não conformidade, a organização
deve atribuir responsabilidade e autoridade a alguém ou a algum departamento para
investigar e planejar a realização das ações pertinentes. A administração deve assegurar
a execução das ações corretivas e preventivas e que elas sejam acompanhadas para ava-
liar a sua eficácia.
Auditoria interna
A auditoria interna é a última etapa da fase de verificação ou controle. Por esse
requisito, a organização deve assegurar que as auditorias internas do S G A sejam con-
duzidas em intervalos planejados para:
71
ABNT, N B R ISO 14001:2004, definição 3.20.
72
ABNT, N B R ISO 14001:2004, requisito 4.5.4.
O programa de auditoria, inclusive o cronograma, deve basear-se na importância
ambiental da atividade envolvida e nos resultados das auditorias anteriores. Dada a
importância das auditorias ambientais como instrumentos de gestão ambiental de um
modo geral, e em particular as auditorias dos SGAs, esse instrumento de gestão am-
biental será tratado no próximo capítulo com mais detalhes.
A auditoria ambiental e a avaliação do desempenho ambiental são instrumentos
de gestão ambiental associados à fase de checar ou verificar do ciclo P D C A (ver Figu-
ra 5.3). A m b o s permitem à administração avaliar o status da atuação ambiental da
organização e identificar as áreas ou funções que necessitam de melhorias. A audito-
ria ambiental de que trata a norma I S O 14001 é uma avaliação periódica para verifi-
car o f u n c i o n a m e n t o do S G A . A avaliação do desempenho ambiental é um processo
permanente de coleta e análise de dados e informações para verificar a situação atual
das questões ambientais pertinentes à organização e prever as tendências futuras com
base em indicadores previamente estabelecidos.
Uma organização pode ter ou vir a ter outros sistemas de gestão estruturados além
do SGA. Por isso, os elementos constituintes desses sistemas devem ser concebidos e
revisados de modo que sejam compatíveis e possam ser geridos de forma integrada.
Para facilitar a integração entre o SGA e o sistema de gestão da qualidade, as normas
ISO 14001 e I S O 9001 apresentam uma tabela de correspondências técnicas entre si
com o objetivo de indicar que os dois sistemas podem ser utilizados conjuntamente
por uma organização. As correspondências diretas entre as subseções das duas normas
podem ser estabelecidas quando os requisitos de ambas forem amplamente coinciden-
tes em seus requisitos 75 . A integração dessas normas é objeto de norma específica pro-
duzida por um grupo de trabalho conjunto dos comitês técnicos 176 e 207 da ISO,
relativos à gestão da qualidade e do meio ambiente, respectivamente 76 .
A organização que já possui um sistema de gestão da qualidade terá mais facilidade
para implantar um SGA. As seguintes alternativas são possíveis: uma, manter um S G A
totalmente independente, de modo que os dois sistemas funcionem em separado. Nesse
caso, pode ocorrer duplicação de esforços e conflitos entre os dois sistemas; no outro
extremo está um único sistema envolvendo a qualidade e o meio ambiente, o meio-termo
é um S G A independente capaz de aproveitar os elementos do sistema de gestão da qua-
lidade que apresentem uma elevada correspondência com os elementos ambientais, que
é o que preconizam as normas ISO 9001 e 14001. A integração dos sistemas de gestão da
qualidade e do meio ambiente gera muitas vantagens, tais como planejamento e
Bureau Veritas Quality International, Det Norske Veritas, Lloyds Register Quality Assurance, British Standards
Institution, Asociación Espanola de Normalización y Certificación, entre outros.
Normas O H S A S . Disponível em: <http://www.ohsas.org>. Acesso em: 8 dez. 2010.
O s exemplos de sistemas de gestão baseados em normas voluntárias não param
por aí. U m elemento facilitador é que as normas voluntárias sobre sistemas de gestão
baseiam-se no ciclo P D C A e possuem estrutura de requisitos propositadamente seme-
lhantes para facilitar a integração entre elas. O esforço das entidades criadoras das
normas em proporcionar compatibilidades entre sistemas de gestão está amparado
por diversos documentos normativos elaborados pela I S O . U m dos mais importantes
é o Guia I S O 72, que apresenta princípios e diretrizes para justificar e desenvolver
normas de sistemas de gestão. Assim, as normas sobre sistema de gestão criadas com
base nesse guia, independentemente dos assuntos que tratam, apresentam elementos
estruturais c o m u n s que facilitam a integração, a saber: política, planejamento, im-
plantação e operação, avaliação do desempenho, melhoria e revisão pela direção.
Outra iniciativa veio do British Standards Institution (BSI), com a criação do PAS 9 9
(Publicly Available Specification - Especificação Disponível Publicamente), uma norma
que especifica os requisitos comuns aos sistemas de gestão para facilitar a sua integração,
tendo como base a estrutura do I S O Guia 72, comentada antes (Figura 5.8). A estrutura
do PAS 99, que também segue o ciclo P D C A , é composta pelas seguintes fases: política,
planejamento, implementação e operação, avaliação do desempenho, melhoria e revisão
pela administração 79 . O Quadro 5.9 resume a estrutura e os requisitos do PAS 99, inspi-
rada em grande parte na I S O 14001, como pode-se ver no Quadro 5.3. O Quadro 5.10
apresenta exemplos de requisitos das normas de sistemas de gestão citadas nesta seção.
As estruturas compatibilizadas facilitam a criação de sistemas de gestão integrados.
Fonte: PAS 99 sumary. Disponível em: <http://www.bsi-global.com>. Acesso em: 10 maio 2010.
4.4.5. Controle de 4.2.3. Controle de 4.4.5. Controle de 4.4.5. Controle de 3.5.3. Controle de
documentos documentos documentos documentos documentos
4.5.3. Auditoria 8.2.2. Auditoria 4.5.5. Auditoria 4.5.5. Auditoria 3.6.4. Auditoria
interna interna interna interna interna
Fonte: PAS 99 sumary, ABNT ISO 9000 e 14000, 0 H S A S 18001 e ABNT 16001.
O Projeto Sigma (Sustainability - Integrated Guidelines for Management) é uma proposta
de integração mais ampla com vistas ao alinhamento da organização com os objetivos do
desenvolvimento sustentável sintetizado na ampliação e manutenção dos cinco tipos de
capital: o natural que refere-se ao meio ambiente; o social, relativo às estruturas e relacio-
namentos sociais; o humano, que são as pessoas com suas habilidades, conhecimentos e
atitudes; o manufaturado, que é o capital constituído pelos ativos permanentes da orga-
nização; e o capital financeiro, envolvendo lucro, prejuízos, vendas, entre outros 80 .
O Projeto Sigma não trata apenas de integrar sistemas de gestão, mas de qualquer
instrumento de promoção da responsabilidade social cia organização c o m o as normas e
práticas para engajamento das partes interessadas, metas do milênio, global compact,
entre muitas outras. A integração é construída com base na visão, valores, princípios e
missão definidos em diálogos com as partes interessadas e na disseminação dos concei-
tos de desenvolvimento sustentável com vistas a gerar mudanças culturais na organiza-
ção. Essas definições e determinações válidas para a organização inteira orientam as
atividades de planejamento, entrega, monitoramento, análise crítica e relato das ativida-
des, esta última iniciando e fechando um ciclo P D C A , como mostra a Figura 5.9.
Fonte: Adaptado de The Sigma Guidelines. Disponível em: <www.projectsigma.co.uk>. Acesso em: 12 jun. 2010.
C E R T I F I C A Ç Ã O DO S I S T E M A DE G E S T Ã O AMBIENTAL
Q u a d r o 5.11 S i n m e t r o : objetivo e c o m p o n e n t e s .
Objetivo
Formular e executar a política nacional de metrologia, normalização industrial e certificação de qualidade de produtos industriais.
Componentes
Integram o Sinmetro todas as entidades públicas e privadas que exerçam atividades relacionadas com os objetivos acima.
i— Órgão Normativo: Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro).
** Órgão Executivo Central: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Autarquia
criada vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Coordena, no âmbito do
SINMETRO, a certificação compulsória e voluntária de produtos, de processos, de serviços e a certificação voluntária de
pessoal. É o órgão acreditador de organismos de certificação terceira parte.
<-» Comitês do Conmetro:
CBM - Comitê Brasileiro de Metrologia.
CMN - Comitê Brasileiro de Normalização.
CBAC - Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade.
CCAC - Comitê Codex Alimentarius do Brasil.
CCBT - Comitê Brasileiro de Barreiras Técnicas ao Comércio.
BENEFÍCIOS E OBJEÇÕES
RAB = Registrar Accreditation Board /National Accreditation Program; DAR = Deittscher AkkreditierungsRat; JAB » Ja-
pan Accreditation Board for Conformity Assessment. Outros órgãos credenciadores importantes: RvA = Raad Voor
Acreditatie (Países Baixos); Enac = Entidad Nacional de Acreditación (Espanha); UKAS = United Kingdom Accredita-
tion Service (Reino Unido); Confrac = Comitê Français dAccréditacion (França); Sincert = Sistema Nazionale per
UAccreditamento degli Organsimi di Certificazione (Itália).
circunstâncias. Porém, o que a organização irá estabelecer em termos de objetivos,
metas, programas, métodos de mensuração e outros elementos do S G A depende des-
sas circunstâncias. A mesma quantidade de um poluente lançado em diversos locais
gera impactos diferentes devido às características físicas, biológicas e sociais do meio
ambiente receptor. Depende também do modelo de gestão adotado, pois modelos
diferentes conferem olhares diferentes sobre as mesmas questões ou fatos. Por exem-
plo, se a empresa adota o modelo da Produção mais Limpa, comentado no capítulo
anterior, as prioridades de gestão são as atividades para reduzir ou eliminar poluentes
na fonte, centrando a atenção sobre os insumos, os processos produtivos e os produ-
tos; reúso e reciclagem terão baixa prioridade. Porém, estes terão alta prioridade em
um modelo de gestão inspirado na natureza. Em outras palavras, o S G A é um instru-
mento de gestão que incorpora as diretrizes e práticas do modelo de gestão adotado.
Um S G A requer a formulação de diretrizes e o envolvimento de todos os segmen-
tos da empresa para tratar das questões ambientais de modo integrado com as demais
atividades da empresa. Segundo a norma ISO 14001, uma organização que possua um
S G A poderá equilibrar e integrar interesses econômicos e ambientais e alcançar vanta-
gens competitivas significativas. Um dos objetivos explícitos das normas ISO é, em
geral, contribuir para eliminar as barreiras técnicas injustificadas de acordo com as
novas regras de comércio internacional pós Rodada Uruguai. Tem sido voz corrente
afirmar que a certificação do S G A constitui um pedágio que a empresa deve pagar para
poder participar desse mercado.
Não faltam críticas aos SGAs pelo fato de que eles podem ser certificados mesmo não
estando totalmente conforme a legislação ambiental. Notícias na imprensa sobre proble-
mas ambientais em organizações com SGAs certificados alimentam o ceticismo em rela-
ção a esse instrumento de gestão ambiental empresarial. Não faz sentido exigir que uma
organização esteja totalmente conforme a legislação para só então criar um SGA. Esse
sistema permite que se identifique onde e de que modo a organização não está atendendo
à legislação com vistas a encontrar meios para superar as não conformidades. Mesmo
quando a organização esteja cumprindo plenamente os requisitos legais em um momen-
to, dada a natureza evolutiva das legislações, no momento seguinte ela poderá deixar de
atendê-los, necessitando novos procedimentos para ajustar-se às novas exigências legais.
Outra crítica refere-se à dificuldade de implementar um SGA conforme os requisitos
da norma ISO 14001 em micro, pequenas ou médias empresas devido à complexidade do
S G A e o elevado custo que representa para elas, apesar de a norma afirmar que se aplica
a qualquer tipo de organização86. Essa crítica não procede. A complexidade de um SGA
reflete a complexidade da empresa, isto é, ela não ficará mais complexa pelo fato de im-
plantar um SGA, porém, se implantar, o tratamento das questões ambientais ficará mais
fácil e menos oneroso. Os custos para implantar e manter um S G A dependem da situação
da empresa em relação às questões ambientais pertinentes a ela, isto é, são proporcionais
às necessidades de adequação do seu sistema produtivo para enfrentar essas questões.
Não raro os maiores custos são devidos à obtenção de conformidade legal, exigin-
do renovação de licenças ambientais, novos métodos produtivos, aquisição de equipa-
mentos, reformas em prédios e instalações, treinamentos, entre outras providências.
Ou seja, são custos decorrentes do atendimento da legislação, condição que vale para
qualquer empresa com ou sem um SGA. A implantação do S G A revela as não confor-
midades legais de forma sistemática e exige ações corretivas e preventivas, por isso
pode parecer que gera maiores custos. Os custos do processo de certificação por um
organismo de terceira parte credenciado é uma fração pequena dos custos totais e
proporcional ao porte da empresa 87 . Os valores cobrados por esses organismos pelo
85
CAJAZEIRA; B A R B I E R I , 2 0 0 5 .
86
ABNT, N B R I S O 14001:2004, introdução.
87
trabalho de certificação são estabelecidos pelos órgãos de credenciamento do país em
questão, o Inmetro n o caso do Brasil.
U m S G A de acordo com os requisitos da I S O 14001 facilita o acompanhamento
da legislação e a busca de conformidade legal. Mas um S G A não gira apenas em torno
da legislação. A melhoria contínua é um requisito essencial do S G A , de modo que a
sua implementação deve produzir, ao longo do tempo, uma melhora geral n o desem-
penho ambiental da organização que ultrapasse as exigências legais. Se críticas como as
apontadas não condizem com os objetivos e alcances de um S G A criado e mantido
conforme mostrado neste capítulo, esse instrumento de gestão também não deve ser
visto como uma panaceia para todos os problemas ambientais gerados pela empresa.
O S G A deve ser entendido como um entre muitos instrumentos para abordar tais
problemas, que se for bem implantado e operado fará com que a empresa melhore
continuamente o seu desempenho ambiental.
Certificação Credenciado
Emas Sinmetro
1. Faça uma visita ao site da ISO (www.iso.ch) e obtenha mais informações sobre ela, seus
objetivos, seus comitês e, em especial, o ComitêTécnico 207. Veja como são criadas suas
normas. Aproveite para verificar a fase de desenvolvimento das normas a cargo desse
Comitê. Atualize o Quadro 5.2, pois sendo oTC 207 bastante ativo muitas normas publi-
cadas são revisadas, outras são canceladas e novos itens de trabalhos estão sempre
sendo propostos.
2. O Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (Emas), e a norma ISO 14000 apresen-
tam muitas correspondências. Mas há também diferenças marcantes. Apresente e co-
mente algumas dessas diferenças.
5. As expressões abaixo têm sido utilizadas para estabelecer a política ambiental de empre-
sas. Atribua um número de 1 a 5 a cada uma segundo o grau de disposição da empresa
em resolver o problema dos resíduos (1 para a expressão que indica a menor disposição
e 5, a maior). Justifique sua ordenação.
6. Analise a política transcrita abaixo confrontando com os requisitos da ISO 14001 concer-
nente à política ambiental. Caso ache insuficiente, reescreva a declaração acrescentando
as alterações que você julgar necessário para que ela atenda tais requisitos. Justifique as
mudanças com base no requisito da norma ISO 14001.
10. Apresente uma lista de vantagens que um SGA pode proporcionar a uma empresa e uma
lista de objeções. Antes, faça uma pesquisa e veja o que dizem as empresas com SGA
certificados. Verifique se entre elas estão empresas que apresentam problemas ambien-
tais noticiados pela imprensa.
Referências
A S S O C I A Ç Ã O BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14031. Gestão ambiental - avaliação
de desempenho ambiental - diretrizes. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
A S S O C I A Ç Ã O BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT /SO/ÍEC Guia 66:2001. Requisitos gerais
para organismos que atuam na avaliação, certificação e registro de sistemas de gestão ambiental. Rio de Janeiro:
ABNT, 2001.
BRASIL. Decreto n. 4.281, de 25 de junho de 2002. Regulamenta a Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui
a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 26 jun.
2002.
BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Diário Oficial da
União. Brasília, DF, 29 abr. 1999.
BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências. Brasília: D O U de 02/09/1981.
CAJAZEIRA, J. E. R; BARBIERI, J. C. A nova versão da norma ISO 14001: as influências presentes no primeiro
ciclo revisional e as mudanças efetuadas. In: Revista Eletrônica de Administração - REAti. Porto Alegre, U F R G S , 48 ed.,
vol. 11, n. 6, nov./dez. 2005. Disponível em: <http://www.read.ea.ufrgs.br>. Acesso em: 8 dez. 2010.
2010.
S O C I E T Y O F E N V I R O N M E N T A L T O X I C O L O G Y A N D C H E M I S T R Y (SETAC); U N I T E D N A T I O N S
E N V I R O N M E N T P R O G R A M (UNEP). Por quê adoptar un enfoque de ciclo de vida. Genebra: S E T A C e P N U D , 2007.
T I P O S DE AUDITORIAS AMBIENTAIS
E m sua origem, a auditoria de conformidade teve um caráter reativo, uma vez que
as primeiras normas legais quase sempre eram do tipo c o m a n d o e controle. C o m o
surgimento de instrumentos econômicos de política pública ambiental, as auditorias
de conformidade também podem apresentar um caráter proativo, na medida em que
revelem oportunidades relacionadas a tributos, subsídios, compras governamentais e
outras espécies desse gênero de instrumentos, tratados n o Capítulo 3. U m a extensão
desse tipo de auditoria é a de desempenho ambiental, que tem o propósito de identificar
o grau de atendimento a certos parâmetros de planejamento e controle, c o m o redução
das quantidades de emissões lançadas ao meio ambiente por tipo de poluente, previs-
tos ou não pela legislação.
i- Legislação ambiental.
f* Acordos voluntários subscritos.
Avaliar o desempenho de fornecedores atuais
Auditoria de ** Normas técnicas.
e selecionar novos. Selecionar fornecedores
fornecedor Normas da própria empresa.
para projetos conjuntos.
Demonstrativos contábeis dos fornecedores.
Licenças, certificações e premiações.
f) subprodutos e desperdícios;
h) sítios contaminados;
PNUMA; U N I D O , 1991.
Q u a d r o 6.2 Auditorias de S i s t e m a s d e Gestão A m b i e n t a l .
Algumas correções com respeito ao Quadro 6.3: a auditoria contábil também pode
ser exercida por pessoal interno, neste caso denominada auditoria interna. A auditoria
interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, me-
todologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, efici-
ência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos
integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração
da entidade no cumprimento de seus objetivos 8 . Outra correção: as auditorias contábeis
podem ter uma periodicidade diferente, por exemplo, semestral ou trimestral.
ICC, 1991. p. 3.
Ibid., 1991. p. 4.
BRASIL. C O N S E L H O F E D E R A L DE C O N A B I L I D A D E (CFC). Resolução n. 9 8 6 de 28/11/2003. Aprova a
Norma Brasileira de Contabilidade NBC-T-12 de auditoria independente. Brasília, 2 0 0 3 .
O Q u a d r o 6.3 Auditoria contábil e auditoria a m b i e n t a l - principais diferenças.
Função externa exercida por pessoal externo Função interna exercida por pessoal interno ou externo
Objetivos Benefícios
Identificar e documentar o status da conformidade am- Provê segurança aos administradores de que os riscos
biental. estão sendo geridos adequadamente.
f» Prover confiança ao administrador sênior. Melhora a reputação da empresa na comunidade e entre
Auxiliar os administradores a melhorar o desempenho as autoridades ambientais.
ambiental da empresa. Mostra aos empregados que a administração dedica
i-* Acelerar o desenvolvimento dos sistemas de gestão am- alta prioridade para a proteção ambiental.
biental. P* Assegura à administração da planta que os riscos serão
Aperfeiçoar o sistema de gestão de riscos ambientais. adequadamente controlados.
Grau de
sofisticação
e das políticas internas, e daí segue para a confirmação da ausência de problemas, à me-
dida que eles são resolvidos ou controlados de modo seguro. As linhas interrompidas
dessa figura indicam que sempre haverá a necessidade de identificar problemas e verifi-
car o status do cumprimento das normas e das políticas da empresa. C o m o uma ativida-
de típica do processo de controle, a auditoria compara resultados com políticas, objetivos
e metas, com vistas a detectar o grau de seu alcance e, com isso, realimentar o processo
de planejamento.
Processo de auditoria
As auditorias são realizadas por pessoal qualificado, mediante análise de documen-
tos, registros e informações obtidas por meio de entrevistas, observações in loco, reuniões
de trabalho, medições, ensaios e testes. A I C C recomenda que as auditorias sejam rea-
lizadas em três etapas básicas, previamente planejadas, a saber: (1) atividades de pré-
-auditoria, (2) atividades na unidade ou local específico e (3) atividades de pós-auditoria.
A Figura 6 . 2 apresenta esse processo baseado nessas três fases, sendo a primeira uma
preparação para a auditoria propriamente dita. Esse processo em três fases foi popula-
rizado pela I C C e hoje é amplamente usado em auditorias dos mais diversos tipos. O
esquema da Figura 6.2, que será resumido a seguir, é o indicado pela I C C para a
F i g u r a 6.2 Etapas básicas d e u m p r o c e s s o d e auditoria.
realização de uma auditoria do S G A . Este esquema também pode ser adaptado para
outros tipos de auditoria ambiental.
A pré-auditoria (Fase 1) envolve a seleção da unidade ou dos recursos que serão
auditados, o planejamento da auditoria, incluindo os objetivos, a abrangência, as prio-
ridades e a definição da equipe. A definição do escopo é uma das áreas-chave para
conduzir um programa de auditoria. E nessa fase que se definem os limites da atuação
dos auditores, os quais podem ser estabelecidos em termos:
a) geográficos - que delimitam a área (país, estado, município ou bairro) que será
coberta pelo programa de auditoria. E mais fácil começar a auditoria em terri-
tórios mais familiares e depois expandir para outros locais. Línguas e culturas
diferentes dificultam as auditorias e exigem mais tempo para planejá-las;
b) temáticos - que definem as questões que serão objeto da auditoria, por exem-
plo, saúde, segurança e meio ambiente. Em auditorias com objetivo restrito,
c o m o auditoria de fornecedor, o seu escopo temático pode se referir a um ou
mais aspectos ambientais do fornecedor atual ou potencial, c o m o controle da
poluição ou eficiência energética;
c) de unidades de negócio - que definem quais operações ou unidades da organiza-
ção serão auditadas;
d) de tempo - que delimitam o período que será considerado para efeito de coleta
de informações e análise. Não se confunde com o período da auditoria, ou
seja, o tempo para realizá-la. Exemplo: se uma organização realiza auditoria em
uma de suas unidades a cada dois anos, esse é o período a ser considerado,
tendo como início o final da auditoria anterior, e as atividades de auditorias
poderão levar duas semanas.
A U D I T O R I A AMBIENTAL CONFORME O E M A S
O auditor pode ser uma pessoa ou uma equipe, pertencente ou não aos qua-
dros da organização, que age em nome do órgão superior de administração da or-
ganização e que dispõe, individual ou coletivamente, das seguintes competências:
c o n h e c i m e n t o adequado dos setores e áreas a serem auditadas, incluindo conheci-
mentos e experiências sobre as questões referentes aos aspectos ambientais, técni-
cos, regulamentares e de gestão; formação e competência específicas para a
realização de auditorias, necessárias para atingir os objetivos fixados; e suficiente
independência em relação às atividades, objeto da auditoria, para a emissão de
pareceres objetivos e isentos 12 .
Processo de auditoria
A auditoria deve ser preparada e planejada de modo que cada pessoa envolvida no
processo, incluindo auditores, administradores e funcionários da organização auditada,
As normas substituídas pela NBR ISO 19011:2002. Diretrizes para a auditoria de sistemas de gestão da qualidade
e/ou ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, novembro de 2 0 0 2 , são as seguintes: NBR ISO 14010:1996. Diretrizes
para auditoria ambiental: princípios gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 1996b, NBR ISO 14011:1996. Diretrizes para
auditoria ambiental: procedimentos de auditoria de sistemas de gestão ambiental. Rio de Janeiro, 1996c e NBR
ISO 14012:1996. Diretrizes para auditoria: critérios de qualificação de auditores ambientais. Rio de Janeiro:
ABNT, 1996d. Veja referência ao final do capítulo.
ABNT, N B R ISO 19011:2002. Para efeito de simplificação, essa norma será citada como I S O 19011.
ABNT, N B R I S O 19011:2002, definição 3.1.
comparadas com os critérios de auditoria acordados. Escopo, como apresentado ante-
riormente, descreve a extensão da auditoria e demarca os seus limites como localiza-
ções físicas, unidades da organização, atividades e processos a serem auditados, bem
como o período a ser considerado 17 .
Princípios de auditoria
Os princípios de auditoria da norma ISO 19011 constituem um pré-requisito para
fornecer conclusões de auditoria relevantes e suficientes. Eles objetivam gerar confian-
ça ao trabalho dos auditores e permitem que, mesmo quando trabalham de modo in-
dependente, cheguem a conclusões semelhantes se as circunstâncias forem semelhantes.
Essa norma subdivide os princípios em dois conjuntos: um relacionado à auditoria e
outro, aos auditores. Este último contém os seguintes princípios:
Programas de auditoria
Programa de auditoria é um conjunto de auditorias planejado para um período de
tempo específico e direcionado a um propósito específico. Pode referir-se a uma ou mais
auditorias e inclui todas as atividades necessárias para o seu planejamento, organização e
Realizando análise crítica de * analisando criticamente documentos pertinentes ao sistema de gestão, incluindo
documentos (6.3) registros e determinando sua adequação com respeito ao critério de auditoria.
ABNT, NBR ISO 19011:2002, item 5.2 - objetivos e abrangência do programa de auditoria.
O F i g u r a 6.3 Ilustração d o f l u x o d e p r o c e s s o de g e s t ã o de u m p r o g r a m a d e auditoria.
A U D I T O R E S E CERTIFICAÇÃO DE AUDITORES
A norma I S O 19011 estabelece critérios de qualificação de auditor, definindo-o
c o m o uma pessoa com competência para realizar uma auditoria 22 . Ela não diferen-
cia o auditor interno do externo em termos de competência, c o m o fazia a norma
I S O 14012, cancelada. A competência se baseia em atributos pessoais que permitam
atuar conforme os princípios enunciados anteriormente. Segundo a norma, con-
vém que o auditor seja ético, tenha mente aberta ou disposição para considerar
idéias ou pontos de vista alternativos, seja diplomático, observador, perceptivo,
versátil, tenaz, decidido e autoconfiante. Sobre esses atributos se assentariam os
conhecimentos e habilidades genéricas e específicas. As primeiras referem-se às se-
guintes áreas: princípios, procedimentos e técnicas de auditorias; sistema de gestão
e os documentos de referência; situações organizacionais que permitam ao auditor
compreender o seu contexto, incluindo questões como tamanho da organização,
estrutura, funções, processos de negócios e terminologias; leis, regulamentos e ou-
tros requisitos aplicáveis.
Os conhecimentos e habilidades específicos se relacionam com os temas tratados
pelos sistemas de gestão ambiental; dentre eles estão:
Emissões gasosas
Matérias-primas Produtos
Catalisadores
Planta, processo Subprodutos,
ou unidade de inclusive resíduos
Á g u a e ar operação para recuperação
Energia Á g u a residuária
v. J
Este último caso refere-se às despesas que devem constar do passivo circulante, se
for uma obrigação para o período subsequente ao cia data do balanço patrimonial, ou
do exigível de longo prazo, se for após o término desse período. U m a obrigação pode-
-se dar também pelo não cumprimento de requisitos de acordos voluntários privados
subscritos, como mostrado no Capítulo 3. Embora sejam voluntários, uma vez que a
organização divulga a sua adesão ao acordo, ela deve responder pelo não cumprimen-
to, caso contrário ficaria caracterizado um embuste deliberado, uma maquiagem ver-
de, pois com certeza ela se beneficia deste acordo na medida em que a adesão amplia
sua legitimidade perante clientes, comunidades vizinhas, agentes governamentais e
outros públicos.
A identificação dos danos e dos valores relativos aos passivos ambientais requer
estudos técnicos complexos, para os quais são necessários especialistas em diferentes
áreas, como engenharia, arquitetura, geologia, geografia, biologia, medicina, econo-
mia, direito, administração, entre outras. Suponha um sítio contaminado pelas ativi-
dades de uma empresa ou os problemas de saúde dos trabalhadores e membros da
comunidade vizinha atribuídos à exposição prolongada de poluentes tóxicos lançados
pela empresa. Suponha que não há dúvidas em relação a quem é o poluidor. Os pro-
blemas para determinar os valores começam com a extensão da área afetada e do con-
tingente de pessoas com a saúde prejudicada. E continuam com a escolha dos diversos
métodos de levantamento de dados e investigação técnica, caso não haja indicações em
textos legais. As partes prejudicadas podem contestar o valor das indenizações e outras
providências propostas pela empresa poluidora, sendo que esta pode contestar os lau-
dos periciais.
29 E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O , art. 3».
10 E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O , art. 3" e 4".
" E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O , art. 5U.
pelo órgão estadual responsável pela implementação dessa lei 32 . Esse desastre colocou
munições nas armas de quem defende a obrigatoriedade da auditoria ambiental. Tal-
vez não tivesse havido o desastre ambiental de Vila Carioca se a Shell fosse obrigada a
realizar auditorias ambientais, conforme disposições semelhantes à da Lei 1898/1991
do Estado do Rio de Janeiro. O exemplo desse Estado foi seguido por outras unidades
da Federação, como Paraná (Lei 13.448/2002), Minas Gerais (Lei 10.627/1992) e Es-
pírito Santo (Lei 4.802/1993). Este último tornou a auditoria ambiental obrigatória
para indústrias de celulose, papel, mineração, resíduos hospitalares e todas aquelas
atividades relacionadas na lei fluminense.
O Estado do Paraná instituiu a Auditoria Ambiental Compulsória, com uma
periodicidade de quatro anos, para as atividades com elevado potencial poluidor ou
de degradação ambiental. Além de empreendimentos de setores como os já citados,
também tornou obrigatória a auditoria para os do setor madeireiro, de cimento,
processamento, recuperação e destinação de lixo urbano e hospitalar, e de atividades
agrícolas intensivas em uso de agrotóxicos. A auditoria compulsória objetiva verifi-
car a conformidade legal, os níveis efetivos de poluição e degradação ambiental, as
condições de operação e de manutenção de equipamentos e sistemas de controle da
poluição, a capacitação dos responsáveis por essas operações e manutenções, as me-
didas necessárias para assegurar a proteção do meio ambiente, e da saúde humana,
e para minimizar impactos negativos e os fatores de risco decorrentes dessas
atividades 33 .
Na esfera da União, a Lei 9 . 9 6 6 de 28 de abril de 2000, que dispõe sobre a preven-
ção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo ou outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, estabelece que as
entidades exploradoras de portos organizados e os proprietários ou operadores de pla-
taformas e suas instalações de apoio deverão realizar auditorias ambientais bianuais
independentes, com o objetivo de avaliar o sistema de gestão e controle ambiental em
suas unidades 34 . Essa lei faz parte das providências para implementar o Plano Nacional
de Gerenciamento Costeiro, instituído pela Lei 7.661/1988 3 5 , e três acordos ambien-
3i FEEMA, 1999.
" E S T A D O D O PARANÁ. Lei n. 13.448 de 11 de janeiro de 2002. Dispõe sobre a Auditoria Ambiental Compul-
sória e adota outras providencias. Curitiba, Palácio do Governo. Disponível em: <http://www.pr.gov.br>. Acesso
em: 22 dez. 2010.
H BRASIL. Lei 9 . 9 6 6 de 28 de abril de 2 0 0 0 . Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá
outras providências. Brasília: D O U de 29/04/2000, art. 9'-.
'5 BRASIL. Lei 7.661 de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras
providências. Brasília: D O U de 18/05/1988.
tais multilaterais, a saber: Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Cau-
sada por Navios (Marpol), Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por
Danos Causados por Poluição por Óleo e Convenção Internacional sobre Preparo,
Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo (ver Anexo 1). O não cumpri-
mento dessa obrigação acarreta infração punida com multa sem prejuízo de outras
sanções administrativas e penais previstas na Lei 9.605/1998 e em outras normas es-
pecíficas que tratem dessa matéria, nem da responsabilidade civil pelas perdas e danos
causados ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado 36 .
,6 BRASIL. Lei 9 . 6 0 5 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de con-
dutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Brasília, D O U de 13/02/1998. § 3D.
" B R A S I L / C O N A M A . Resolução n. 3 0 6 de 05/07/2002. Estabelece requisitos mínimos e o termo de referência
para a realização de auditorias ambientais. Brasília: D O U de 19/07/2002.
i8 B R A S I L / C O N A M A . Resolução n. 381 de 14/12/2006. Altera dispositivos da Resolução 3 0 6 de 0 5 / 0 7 / 2 0 0 2 e
o Anexo II, que dispõe sobre os requisitos mínimos para a realização de auditoria ambiental. Brasília: D O U de
O plano de ação deverá conter no mínimo os seguintes elementos: (1) ações corre-
tivas e preventivas associadas às não conformidades e deficiências identificadas na audi-
toria; (2) cronograma físico para implementar essas ações; (3) indicação da área da
organização responsável pelo cumprimento do cronograma; e (4) cronograma físico das
avaliações do cumprimento das ações do plano e seus respectivos relatórios 39 . Por tratar-
-se de auditoria independente, a organização responsável pelas instalações auditadas
não pode interferir nas atividades da equipe de auditoria contratada por ela. E a equipe
não pode ter entre seus membros funcionários da organização ou pessoas com algum
outro tipo de vínculo que não seja especificamente para efeito da auditoria.
D I V U L G A Ç Ã O DOS RESULTADOS
2. Cite pelo menos cinco diferenças entre a auditoria contábil e a auditoria ambiental, sele-
cione três que você entende ser as mais significativas e faça uma comparação mais
detalhada.
4. Defina com suas próprias palavras: escopo, critérios de auditoria, evidências de auditoria
e constatações de auditoria.
5. Para cada situação descrita abaixo, indique qual é a classe de auditoria ambiental, confor-
me a classificação feita no Quadro 6.2. Indique em cada caso quem é o cliente, o audita-
do e o auditor:
f* Empresa realizando auditoria ambiental de rotina com o seu próprio pessoal.
^ Empresa que contrata uma empresa de consultoria para realizar uma auditoria se-
gundo a norma ISO 14001 comentada no Capítulo 5.
~ Empresa que contrata uma organização para realizar auditoria ambiental no estabele-
cimento de um fornecedor.
10. Faça uma pesquisa no Legislativo da União, do seu Estado ou Distrito Federal e do Muni-
cípio em que vive e verifique se há projetos de leis introduzindo a obrigatoriedade da re-
alização de auditorias ambientais. Caso houver, faça uma análise desses projetos e
escreva sua opinião sobre eles.
11. Faça uma busca nos balanços patrimoniais de empresas, publicados na imprensa escrita
durante determinado mês, e verifique se eles apresentam obrigações provisionadas no
balanço patrimonial ou notas explicativas a respeito de passivos ambientais relacionados
com suas atividades. Não se esqueça de incluir nessa coleta os balanços das empresas
que atuam em setores potencialmente causadores de significativa degradação ambien-
tal, bem como as que freqüentam com certa assiduidade os noticiários por conta de
problemas ambientais.
12. Procure na imprensa e nos sites de busca notícias sobre o andamento de ações na Jus-
tiça a respeito de indenizações por conta de danos causados por empresas em pessoas
e áreas por motivos ambientais, como por contaminação de substâncias tóxicas. Analise
os argumentos das partes e veja se há alguma informação nos demonstrativos contábeis
das empresas, caso tenham sido publicados.
Referências
ambiental - diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro: ABNT, outubro de 2 0 0 5 .
ambiental: requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
auditoria de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, novembro de 2 0 0 2 .
para organismos que atuam na avaliação, certificação e registro de sistemas de gestão ambiental. Rio de Janeiro:
ABNT, 2001.
B O Y N T O N , W. C.; KELL, W. O. Modern audicing. Nova York: John Wiley & Sons, 1992.
BRASIL. Lei 9 . 9 6 6 de 28 de abril de 2 0 0 0 . Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada
por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras
BRASIL. Lei 6 . 9 3 8 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências. Brasília: D O U de 02/09/1981.
BRASIL. Lei 9 . 6 0 5 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Brasília, D O U de 13/02/1998.
BRASIL. Lei 7.661 de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras
providências. Brasília: D O U de 18/05/1988.
I N S T I T U T O N A C I O N A L DE M E T R O L O G I A , N O R M A L I Z A Ç Ã O E Q U A L I D A D E I N D U S T R I A L ( I N M E T R O ) .
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AVALIAÇÃO DO CICLO DEVIDA DO PRODUTO
C H O P R A ; M E I N D L , 200.3, p. 3.
C A D E I A DE SUPRIMENTO
A Figura 7.1 ilustra uma cadeia de suprimento genérica e simplificada, pois vale
para qualquer bem manufaturado e não inclui todas as partes envolvidas, como os
transportadores e certificadores, nem os retornos de materiais e produtos. O objetivo
da gestão de uma cadeia de suprimento é maximizar o seu valor geral, que é a diferença
entre o valor do produto final para o cliente final e o esforço realizado pela cadeia para
atendê-lo 2 . A representação da cadeia apenas com fluxos direcionados no sentido for-
necedores-clientes é típica das abordagens convencionais de gestão da cadeia de supri-
mento. Logística, atendimento do pedido, desenvolvimento de produtos, compras,
operações de manufatura, venda, expedição, assistência técnica são exemplos de ativi-
dades relacionadas com a cadeia de suprimento de uma empresa.
G E S T Ã O DO CICLO DEVIDA
1. Repensar os produtos e suas funções: por exemplo, para que possam ser usados
de modo mais eficiente do ponto de vista ambiental.
2. Reparar: projetar produtos para facilitar a sua manutenção e reparo.
3. Reusar: projetar produtos para facilitar o desmanche e a reutilização de suas
partes e peças.
4. Reduzir o consumo de energia, de materiais e de impactos socioeconômicos ao
longo do ciclo de vida.
5. Reciclar: selecionar materiais que podem ser reciclados.
6. Substituir (Replace) substâncias perigosas por alternativas seguras 4 .
Meio ambiente
Recurso natural
Extração de
••matéria-prima
Incineração Recuperação
e aterro
Disposição Projeto e
4 produção
Reúso
\ \ Empacotamento
Uso e reparo e distribuição
ORIGENS DAACV
governos de vários países. Sua origem suscita dúvidas, pois há vários instrumentos
parecidos e há disputa pela primazia por parte de autores e empresas. Há quem susten-
te que sua origem é a análise de energia líquida usada para identificar as necessidades
cumulativas de energia de alguns produtos da indústria química, cujo primeiro traba-
lho conhecido data de 1969. Outro instrumento precursor foi um método de análise
denominado material-processo-produto, criado no início da década de 1970, que
quantificava as entradas e saídas dos processos produtivos 5 .
6 NPPC, 1995. p. 1.
7 S E T A C . Disponível em: <www.setae.org>. Acesso em: 22 dez. 2010.
8 Life Cycle Initiative. Disponível em: <www.unep.org>, <www.uneptie.org> ou <www.setac.org>. Acesso em: 22
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' C E T E A . Disponível em: <www.cetea.ital.org.br>. Acesso em: 22 dez. 2010.
A S NORMAS ISO S O B R E ACV
Fases da A C V
U m estudo de A C V envolve quatros fases, como esquematizado na Figura 7.4. A
primeira fase refere-se à definição do objetivo e do escopo do estudo. O objetivo deve
apresentar as aplicações pretendidas com o estudo, as razões para a sua elaboração, o
público-alvo a quem seus resultados serão comunicados, e se os resultados serão usa-
dos em afirmações comparativas divulgadas publicamente. São exemplos de objetivos:
fornecer embasamento técnico para emitir uma autodeclaração ambiental do produto
objeto do estudo; comparar dois ou mais produtos que atendem à mesma finalidade
para efeito de marketing; comparar os impactos ambientais de embalagens alternativas
para substituir a embalagem atual. As razões e o público-alvo, a quem os resultados da
A C V serão apresentados, também precisam ser declarados.
O escopo da A C V refere-se à abrangência, profundidade e detalhamento da ACV,
devendo ser compatível com o objetivo declarado. A definição do escopo inclui, entre
outros, os seguintes elementos: sistema de produto estudado; funções do sistema (ou
dos sistemas no caso de estudos comparativos); unidade funcional; fronteira do siste-
ma; procedimentos de alocação; categorias de impactos selecionados e metodologia de
avaliação; requisitos de dados, pressupostos, limitações, tipo e formato do relatório.
A função do sistema de produto é uma característica de desempenho desse siste-
ma, isto é, a utilidade ou benefício que proporciona ao usuário ou cliente. A avaliação
do impacto se faz com base na função ou funções do sistema de produto, cuja seleção
depende do objetivo do estudo. A unidade funcional é uma medida da função do sis-
tema, que deve ser definida em função do objetivo do estudo e que fornece uma refe-
rência para os dados de entrada e saída do sistema. Em estudo comparativo do impacto
ambiental da produção de revestimentos cerâmicos com gás natural e com energia hi-
droelétrica, a unidade funcional poderia ser o m2 de piso, pois essa é uma medida típi-
ca da função que o revestimento desempenha para o usuário. Se fosse produção de
tijolos, o milheiro de tijolos seria uma unidade funcional adequada. Para comparar
sistemas de produtos diferentes que realizam a mesma função, a unidade funcional
deve valer para os dois, por exemplo, máquina de lavar roupa a seco e à água, a unida-
de funcional poderia ser 100 kg de roupas lavadas.
Estrutura da A C V
Aplicações diretas:
Desenvolvimento e
aperfeiçoamento de
produtos e serviços.
r» Planejamento estratégico.
r+ Formulação de políticas
públicas.
r* Marketing.
r* Outras.
aquisição de materiais;
entradas e saícias dos processos de produção, distribuição e transportes;
<-* produção e uso de energia (combustíveis, eletricidade e calor);
t* uso e manutenção dos produtos;
~ reúso, reciclagem e recuperação energética;
<-* iluminação e aquecimento;
^ tratamento e disposição final, entre outros.
A segunda fase é a análise de inventário na qual é feita a coleta cie dados e os cál-
culos para quantificar as entradas e saídas de um sistema de produto conforme o obje-
tivo e o escopo definidos. Para cada processo elementar dentro da fronteira cio sistema
coletam-se dados sobre as entradas de materiais e energia, produtos, coprodutos e resí-
duos, lançamento de poluentes no ar, água ou solo e outros, considerados nas defini-
ções anteriores. Novas definições podem ocorrer à medida que o estudo avança, pois
o processo é interativo, como indicam as setas de duplo sentido da Figura 7.4- C o m o
mostrado há pouco, um dos princípios da A C V é a interatividade, e não poderia ser
diferente, pois a equipe responsável pela sua realização passa a ter mais conhecimentos
sobre o ciclo de vida do produto conforme o estudo avança.
ou aspecto do meio ambiente natural, saúde humana ou recurso que identifica a ques-
tão ambiental que merece atenção.
A Figura 7.6 ilustra esse procedimento de análise de impacto. C 0 2 e C H 4 s ã o gases
de efeito estufa relacionados ao aquecimento global (categoria de impacto); os resulta-
dos do inventário são as emissões computadas desses gases; o modelo de caracterização
é o do Painel Internacional de Mudança Climática (IPCC), que define os potenciais
de aquecimento dos diferentes gases; o indicador de categoria é o aumento da radiação
infravermelha medida em W/m 2 (Watt por metro quadrado); os pontos finais são os
recifes de coral, florestas e plantações' 4 . Essas emissões devem ser colocadas em uma
mesma unidade de medida para serem computadas. As emissões de C H 4 por unidade
funcional são convertidas em quilogramas de C O z equivalentes (kg C 0 2 equivalente),
com base nas relações dadas pelo modelo do IPCC, no qual uma molécula de C H 4
eqüivale a 21 de C 0 2 em potencial de aquecimento 15 . Exemplo: 3 kg de C O , e 2 kg de
C H 4 emitidos por unidade funcional são transformados em 3 kg x 1 + 2 kg x 21 = 4 5
kg de C O , equivalentes.
Interpretação
A última fase é a interpretação das informações geradas nas fases anteriores que,
por sua vez, inclui (1) identificação das questões significativas; (2) avaliação do estudo
em termos de completeza, sensibilidade, consistência e outros elementos de avaliação;
Exemplos
Fronteira do
sistema C
Emissões, resíduos
Exemplos: GaBi, software desenvolvido pela empresa PE /nternational e Universidade de Stuttgart (www.pe-inter-
national.com); Umberto, desenvolvido pela empresa de informática alemã tfu Hamburg GmbH (www.ifu.com/
en/company); SimaPro, pela empresa holandesa a Pré Consultants (www.pre.ne); TEAM, da Ecobilan da Pricewa-
terhouseCoopers (www.ecobilan.com.uk); LCAiT da Chalmers Industriteknik Ekologik, empresa sueca.
RIZO, S. C.; NAVARRO, T. G„ 2004. p. 127-8.
Uma questão importante para a realização de A C V é a disponibilidade de bases
de dados apropriadas, principalmente bases públicas. Muitos softwares possuem ba-
ses de dados residentes, mas nem sempre é possível utilizá-los sem comprometer a
consistência, conforme comentado ainda há pouco, caso se refiram a regiões e am-
bientes diferentes de onde o produto ou seus insumos são gerados.
Sob muitos aspectos a A C V completa e detalhada como recomendam as normas
I S O deixa muito a desejar. C o m o disse Ashby, a complexidade torna a A C V imprati-
cável para muitos propósitos. A percepção desse fato tem estimulado duas linhas de
desenvolvimento: (1) as ferramentas baseadas em softwares para facilitar a realização
da ACV, como mencionado; e (2) os métodos simplificados que focalizam a atenção
sobre os aspectos ambientais mais importantes, deixando de lado os que são percebi-
dos como secundários 21 .
M É T O D O S SIMPLIFICADOS
A realização cie uma ACV, conforme as normas ISO, requer equipe de trabalho muti-
disciplinar, leva tempo, podendo chegar a mais de um ano conforme a complexidade do
ciclo de vida do produto, da disponibilidade de dados, e, consequentemente, tem custo
elevado, razão por que esse instrumento tem sido mais utilizado por grandes empresas.
Mesmo essas que dispõem de recursos, realizam ACVs simplificadas na maioria das vezes.
Pequenas e médias empresas dificilmente conseguiriam realizar uma A C V completa com
recursos próprios. Ademais, a A C V da forma concebida pelas normas ISO aplica-se a bens
e serviços existentes, quando na maioria das vezes o que se deseja é realizar uma A C V
simplificada para orientar os processos de inovação de produtos e processos.
Um estudo de A C V simplificado pode basear-se nas normas I S O citadas reduzin-
do e excluindo elementos. Exemplos: o ciclo do produto é reduzido ao estágio em que
a empresa participa diretamente, os critérios de impactos referem-se apenas aos que a
empresa irá focar nos seus processos de melhoria, as entradas e saídas cio processo se
restringem a algumas categorias selecionadas. Mesmo assim, as exclusões somente se-
rão permitidas se não causarem mudanças significativas nas conclusões gerais da ACV,
uma exigência que não poderá ser atendida sem realizar estudos que permitam justifi-
car tais exclusões.
Diversos métodos foram desenvolvidos especificamente para realizar estudos de
A C V simplificados. Em geral são métodos baseados em matrizes, como o desenvolvido
por Graedel e Allemby para produtos eletroeletrõnicos e como parte de um processo
de desenvolvimento de projeto para meio ambiente (DfE), comentado no Capítulo 4.
21 ASHBY, 2 0 0 9 , p. 48.
U m a A C V simplificada pode ser realizada por meio do método conhecido por Avalia-
ção de Produto Ambientalmente Responsável (ERPA, do inglês: Environmentally Res-
ponsible Product Assessment), que consiste em uma matriz 5x5, c o m o indicado na
Figura 7.8, na qual o eixo vertical apresenta os estágios do ciclo e o horizontal, as pre-
ocupações ambientais a serem consideradas em cada estágio.
As preocupações ambientais devem ser estabelecidas antecipadamente para cada
célula da matriz, como ilustra a Figura 7.9. Elas são estabelecidas para cada produto ou
projeto de inovação como base na política ambiental e nos objetivos e metas decorren-
tes. Se reduzir as emissões de gases de efeito estufa é um objetivo da empresa, cada cé-
lula da matriz será preenchida com preocupações pertinentes a esse objetivo. Se o
objetivo da revisão do projeto de um produto é aumentar o conteúdo de materiais re-
ciclados, as preocupações devem refletir esse objetivo. Enfim, as preocupações ambien-
tais sempre decorrem dos objetivos do estudo.
A avaliação de cada célula corresponde à fase de análise de inventário do ciclo de
vida. Na formulação original do método, as células da matriz são preenchidas com
valores inteiros entre 0 e 4, nos quais 0 representa um impacto ambiental significativo
e 4, impacto n e n h u m ou desprezível. Exemplo: atribui-se o valor 0 à célula 2,4 para
quantidades significativas de substâncias tóxicas na manufatura do produto; e 4 para
quantidades irrisórias. Os valores intermediários representam gradações que depen-
dem de avaliações feitas para cada célula. A gradação pode ser orientada pelo valor 2,
que representa uma responsabilidade média; assim, 1 e 3 indicam gradações superio-
res e inferiores à média, respectivamente. Sendo uma matriz 5x5, há 2 5 células, de
modo que o valor total da matriz ficará no intervalo de 0 a 100, e a responsabilidade
ambiental total do produto (R AP ) é dada pela expressão:
K AP
„ = Y- y. v c i,j.
na qual, V C é o valor atribuído à célula i,j da matriz.
A Figura 7.10 é um exemplo de uma matriz com os valores preenchidos com os
resultados da avaliação feita pela equipe do projeto. O produto objeto do estudo tem
uma responsabilidade ambiental total de 41, o que significa uma elevada carga de im-
pactos ao longo do ciclo de vida. Os totais parciais das linhas e colunas permitem
identificar e localizar os diferenciais de impactos. N o caso desse produto, a manufatu-
ra, com um subtotal igual a 6, é o estágio do ciclo com maior impacto adverso; a maior
preocupação ambiental concerne aos resíduos líquidos com um subtotal igual a 5. O s
valores de cada célula permitem estabelecer a ordem de prioridades para as ações a
serem desencadeadas, n o caso, a geração de resíduos líquidos n o estágio de manufatu-
ra seria a prioridade máxima (célula 2,4).
. • j F i g u r a 7.8 M a t r i z ERPA básica.
Preocupações ambientais
Estágio do Escolha dos Uso de energia Resíduos sólidos Resíduos líquidos Resíduos gasosos
Ciclo de Vida materiais (1) (2) (3) (4) (5)
F i g u r a 7.9 M a t r i z ERPA - e x e m p l o de p r e o c u p a ç õ e s a m b i e n t a i s .
Preocupações ambientais
Estágio do Escolha dos Uso de energia Resíduos sólidos Resíduos líquidos Resíduos gasosos
ciclo de vida materiais (1) (2) (3) (4) (5)
Extração de 1,1 Use materiais 1,2 Extração de 1,3 Produção de 1,4 Drenagem de 1,5 Emissão de
materiais (1) virgens somente minérios escória mina S 0 2 na fundição
1 Uso de 2,2 Motores 2,3 Retalhos e 2,4 Substâncias 2,5 Uso de CFC
Manufatura do
materiais virgens ineficientes sucatas tóxicas
produto (2)
somente
3,1 Uso de tinta 3,2 Energia 3,3 Embalagem 3,4 Uso de tinta 3,5 Emissões de
Embalagem e de impressão combustão
de impressão perdida na de poliestireno
expedição (3) tóxica
tóxica distribuição
4,1 Dissipação 4,2 Energia 4,3 Sólidos 4,4 Líquidos 4,5 Emissões de
Uso do produto (4) consumidos consumidos combustão
de metais perdida no uso
5,1 Uso de 5,2 Energia 5,3 Sólidos não 5,4 Líquidos não 5,5 Emissão de
Reciclagem e recicláveis HCI na
materiais perdida na recicláveis
disposição final (5) incineração
orgânicos tóxicos reciclagem
Preocupações ambientais
Total 10 10 9 5 7 41
O Método MECO
A matriz E R P A pode ser ampliada para incluir mais estágios (ou segmentá-los em
atividades dos estágios) e outras preocupações ambientais, por exemplo, preocupação
com a fauna e flora, os trabalhadores, a comunidade, o uso de recursos não renováveis,
a disponibilidade de água e o aquecimento global. Ela inspirou outros modelos como
o M E C O (acróstico de Material, Energy, Chemicals, Others), desenvolvido pelo Instituto
Dinamarquês de Desenvolvimento de Produtos. A matriz M E C O é formada por qua-
tro categorias de impacto e cinco estágios do ciclo de vida, como mostra a Figura 7.11.
No método ERPA, o transporte é considerado um componente de cada estágio, o que
gera a necessidade de definir critérios para alocar os impactos do transporte entre es-
tágios; esse problema não ocorre com o M E C O , pois o transporte é considerado um
estágio do ciclo.
A matriz M E C O trabalha com quatro categorias de impacto. A categoria Material in-
clui todos os materiais necessários para produzir, usar, manter e reparar o produto. Energia
Ciclo de vida do p r o d u t o
Extração de
Manufatura Uso Disposição Transporte
materiais
1. Materiais
a) quantidade
b) fonte
2. Energia
a) primária
b)fonte
3. Substâncias químicas
a) tipo 1
b) tipo 2
c) tipo 3
4. Outros
envolve toda a que é usada nos estágios do ciclo de vida, subdividida em energia primária
e uso das reservas de combustíveis fósseis. Substâncias químicas são todas as utilizadas como
insumos produtivos e geradas no ciclo de vida do produto como poluentes ou subprodu-
tos, classificadas conforme o grau de periculosidade em substâncias muito problemáticas
(tipo 1); problemáticas (tipo 2) e pouco problemáticas (tipo 3). A categoria Outros inclui
todos os impactos ambientais que não se enquadram em nenhuma dessas três.
26
Veja, por exemplo, a lista de produtos perigosos da Portaria n. 101 do Inmetro de 09/04/2009.
27
Veja essas substâncias no Capítulo 2 desse livro.
28
Sobre resíduos sólidos e essa norma, veja Capítulo 4.
<-» Substâncias tipo 2: substâncias menos problemáticas que as do tipo 1 e mais do
que as do tipo 3. Podem incluir as inflamáveis, corrosivas, alérgicas e as de
baixa toxicidade para os humanos e outros seres vivos. O s resíduos sólidos da
classe II B — não inertes, conforme a N B R 1 4 0 0 4 : 2 0 0 4 .
i-* Substâncias tipo 3: produtos, emissões e resíduos inertes ou não tóxicos para
qualquer ser vivo; substâncias que, embora tenham características de periculo-
sidade, são encontradas em quantidades tão pequenas que não causam proble-
mas. O s resíduos sólidos da classe II B — inertes, conforme a N B R 1 4 0 0 4 : 2 0 0 4 .
Essa matriz também comporta variações para atender objetivos específicos de uma
ACV. Pode-se acrescentar outras linhas na matriz para incluir outros tipos de impactos
ambientais, c o m o exemplifica a Figura 7-12. A possibilidade de introduzir variações
decididas caso a caso é uma das vantagens dos métodos baseados em matrizes. No en-
tanto, essa flexibilidade, somada à simplificação do ciclo de vida, faz com que este
método não seja indicado para realizar estudos com vistas a declarações ambientais
sobre produtos e serviços.
Recursos materiais
Uso de energia
Aquecimento global
Saúde humana
Biosfera
Total
29
G R A E D E L , T.E., 1998. p. 97.
Questões para revisão
3. Visite o site da iniciativa voluntária criada pelo PNUMA e SETAC para difundir a idéia de
gestão do ciclo de vida (http://initiative.unep), veja quem apoia essa iniciativa e como se
faz para participar dela.
4. Diversas entidades e pesquisadores criaram instrumentos de gestão ambiental que hoje são
considerados precursores da ACV. Comente sobre os que foram mencionados neste capítulo.
5. Acesse o site das organizações que promovem a ACV, como SETAC (www.setac.org),
PNUMA (www.unep.org) e CETEA (www.cetea.ital.org.br) e veja os documentos que
produziram e o que eles têm feito a respeito do tema recentemente.
6. Quais as razões que levaram a International Organization for Standardization (ISO) a criar
normas sobre ACV?
8. Quais são as fases da ACV de acordo com as normas ISO 14040 e 14044? Por que é tão
importante a definição do objetivo e do escopo de um estudo de ACV?
9. Além das aplicações diretas de um estudo de ACV mencionadas neste capítulo, o que
mais pode ser acrescentado?
10. Para a maioria das empresas, um estudo de ACV completo conforme os princípios, reco-
mendações e requisitos das normas ISO 14000 é praticamente impossível. Você concor-
da ou discorda desta afirmação? Justifique sua resposta.
Extração de 4 ^ ^ 4 ^ ^ 2 ^ ^ 3 ^ ^
materiais ^ ^ 3 ^ ^ 3 ^ ^ 2 ^ ^ 2
Manufatura do 2 ^ ^
produto ^ ^ 4
Embalagem e 3 ^ ^ 2 ^ ^
expedição ^ ^ 2 ^ ^ 3
Uso do produto
Reciclagem e 2 ^ ^
disposição final ^ ^ 2
12. Escolha um dos produtos da Questão 2 cujo ciclo de vida você identificou. Preencha uma
matriz com o inventário de preocupações ambientais relacionadas com redução das
emissões de gases de efeito estufa.
Referências
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001 -.2004. Sistemas de gestão
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CHOPRA, S.j MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimento. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.
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658, jul. 1980.
COMUNICAÇÃO E RELATÓRIOS AMBIENTAIS
BRASIL. Lei 9.966 de 28 de abril de 2000. Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscali-
zação da poluição causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou peri-
gosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. Brasília: DOU de
29/04/2000.
BRASIL, Constituição Federal de 1988, Art. 5a, inciso XXXIII.
BRASIL, art. 37, inciso XXI e § I a .
»*? Q u a d r o 8.1 Relatórios ambientais - Resumo.
obrigação legal
Origem da demanda J
ato voluntário
próprio
Modelos de relatórios <
padronizado
4 BRASIL, Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Am-
biente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências. Brasília:
D O U de 02/09/1981, art. 9Q, inciso IX.
5 BRASIL. Lei 10.650, de 16 de abril de 2003. Dispõe sobre o acesso público aos dados e in-
formações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama. Brasília: DOU de
17/4/2003, art 2".
Outros relatórios ambientais resultam de atos voluntários determinados por uma
postura proativa da empresa em relação ao meio ambiente, constituindo-se, desse modo,
em instrumentos de prestação de contas dos acordos voluntários privados, unilateral ou
bilateral, conforme tratado no Capítulo 3. Exemplos: a divulgação de informações cons-
ta do 16u Princípio da Carta da Câmara de Comércio Internacional (Anexo 4) e do IO2
Princípio Ceres (Quadro 3.4). No Capítulo 30 da Agenda 21, que trata do papel do
comércio e da indústria para a promoção do desenvolvimento sustentável, considera-se
que as empresas, inclusive as transnacionais, devem ser estimuladas a informar anual-
mente seus resultados ambientais, bem como o uso de energia e recursos naturais 6 . A
norma I S O 1 4 0 0 1 : 2 0 0 4 sobre sistema de gestão ambiental estabelece que a organização
deve decidir a respeito da comunicação externa sobre seus aspectos ambientais signifi-
cativos e documentar essa decisão como um dos documentos do S G A . O u seja, para
cumprir o requisito da comunicação externa de caráter voluntário, a norma apenas
exige que a organização considere essa possibilidade e documente a sua decisão. Porém,
a organização deve implementar e manter procedimentos para responder formalmente
as informações solicitadas de partes interessadas externas sobre assuntos relacionados a
seus aspectos ambientais e a condução da sua gestão ambiental 7 .
P A R A QUEM DIVULGAR?
Princípios
Arbítrio ou discricionariedade
Legitimidade Responsabilidade pública
administrativa
Enunciado A sociedade concede legitimida- As empresas são responsáveis Administradores são atores morais.
de e poder às empresas. Aquela pelos resultados relacionados Em qualquer domínio da responsa-
que não usar esse poder de um com as áreas primárias e secun- bilidade social empresarial, eles
modo considerado responsável dárias de envolvimento com a são obrigados a exercer com discer-
pela sociedade tende a perdê-lo. sociedade. nimento as atividades que forem
exeqüíveis para alcançar resulta-
dos socialmente responsáveis.
Nível de Nível institucional. Baseado em Nível organizacional. Baseado Nível individual. Os administra-
aplicação obrigações genéricas das em- nas circunstâncias específicas dores enquanto atores morais
presas enquanto organizações da empresa e em seu relaciona- dentro das organizações.
de negócio. mento com o ambiente.
Excetuando os casos no qual a empresa é obrigada por lei a divulgar o seu desem-
penho ambiental, como os citados anteriormente, há um amplo espectro de questões
cuja divulgação depende de decisão da alta administração. A comunicação externa
voluntária representa uma prestação de contas à sociedade com respeito às atividades
da empresa. A ampliação da divulgação para outros atores sociais, e não apenas os
acionistas ou proprietários, faz parte de uma nova concepção de responsabilidade so-
cial empresarial.
18 ABNT 2004, norma NBR ISO 14001:2004, definição 3.13; ou NBR ISO 14031:2004, de-
finição 2.13.
19 CLARKSON, M. B. E., 1995.
20 GEMI., 1994. p. 15.
declaração pública até uma análise em profundidade do desempenho ambiental da
empresa 21 . Qualquer relatório ambiental, independentemente de seu objetivo ou do
público a que se destina, deve apresentar quatro atributos: ser um documento relevan-
te, confiável, compreensivo e comparável. Para produzir um documento claro e efetivo
para comunicação externa, deve-se:
Para elaborar os relatórios pode-se valer de uma abordagem que se inicia com iden-
tificação dos stakeholders para elaborar uma lista de diferentes grupos usuários (target
group) de relatórios ambientais. Essa lista pode ser refinada, pois nem todos os stakehol-
ders são usuários de relatórios ambientais, como os consumidores, o público em geral
e os meios de comunicação. Embora sejam grupos de stakeholders identificados, eles
não fariam parte da lista por não ser prático atendê-los com relatórios ambientais ou
porque eles não expressaram necessidades específicas que justifiquem o recebimento
de informações regulares e consistentes sobre o desempenho ambiental da empresa.
O s consumidores, nesse caso, por estarem dispersos, tornam inviável a elaboração e
distribuição de um relatório específico 23 . O mesmo raciocínio não vale quando os
consumidores são empresas. Mesmo os consumidores finais, pessoas físicas, poderiam
receber algum tipo de informação gravada no produto, na embalagem ou nos docu-
mentos que o acompanha, como bulas, manuais e certificados de garantias.
A norma I S O 14031:2004, que traz diretrizes sobre avaliação de desempenho am-
biental, explica que diferentes partes interessadas apresentam diferenças consideráveis
em suas relações com a organização, suas contribuições potenciais para o planejamento
e como elas expressam ou comunicam seus interesses. C o m o exemplos de partes interes-
sadas em uma organização genericamente considerada, esta norma cita as seguintes:
~ representantes da administração;
empregados;
~ investidores atuais e potenciais;
O QUE DIVULGAR?
Decidir o que divulgar para cada grupo de stakeholders identificado como usuário
de relatórios ambientais é outra questão importante a ser considerada pelos dirigentes
da organização. Divulgar informações ambientais relacionadas com a empresa não é
Academia Monitorar tendências, esta- Demonstrar voluntariamente <-» Política ambiental atual e futura.
belecer e publicar as melho- uma disposição de ser trans- ** Normas da empresa.
res práticas. parente nas suas decisões ~ Detalhes do SGA.
relativas ao meio ambiente.
<-» Desempenho relativo aos objetivos
e metas específicos definidos pela
empresa.
Comunidade Saber a posição da empresa Demonstrar segurança quan- Í-» Demonstração do cumprimento da
financeira e quanto à legislação e conhe- to aos riscos que podem ele- legislação ambiental.
acionistas cer os padrões ambientais var os passivos da empresa e Custos relacionados com as ativi-
atuais e iminentes que afetam prejudicar a realização de lu- dades ambientais.
os resultados da empresa. cros futuros.
Considerações sobre as metodolo-
gias de avaliação.
Passivos ambientais, contingências
e litígios.
Investimentos futuros.
Há outras listas de questões ambientais que a empresa pode usar para selecionar
aqueles que pretende comunicar para um público indiferenciado. Entre elas estão as
listas de modelos de relatórios padronizados, comentados a seguir.
C O M O DIVULGAR?
Balanço social
O balanço social é um instrumento para tornar transparente a responsabilidade
social da empresa. Tornou-se mundialmente conhecido a partir da experiência
ABRANGÊNCIA
Area em
RELATÓRIO que se
(Entidade Promotora) Am- Econô- Saúde e Quali-
Sociali1 aplica
biental mica segurança dade
francesa, mais especificamente a partir da Lei 77.769, de 1977, que tornou obrigatório
o balanço social (bilan social) para as empresas e organizações c o m mais de 3 0 0 funcio-
nários, incorporando-o ao Código de Trabalho 2 9 . Segundo essa lei, o balanço social
resume em um documento único os principais dados que permitam avaliar a situação
da empresa n o domínio social, registrar as realizações efetuadas e as medidas imple-
mentadas n o ano em curso e nos dois anos anteriores. O balanço comporta informa-
ções sobre nível de emprego, remunerações, condições de higiene e segurança,
formação e treinamento, relações profissionais e outras condições de vida dos funcio-
nários e seus familiares. As questões ambientais não foram contempladas n o modelo
de balanço social da lei francesa, que também não prevê qualquer controle sobre as
informações contidas n o balanço social e a única pena prevista refere-se à não apresen-
tação do balanço ao comitê da empresa.
•— Tamanho da organização.
Número de estabelecimentos.
Perfil da organização ** Países onde opera.
<-* Principais linhas de atividades.
^ A natureza dos impactos ambientais decorrentes das operações da organização.
<"* Conservação de materiais, tais como as práticas de reúso, reciclagem, compra de produtos
contendo materiais reciclados, redução, minimização e reúso de embalagens etc.
Conservação de energia, redução do consumo, uso de energia renovável, programas para
Conservação de recursos aumentar a eficiência energética e redução das emissões relacionadas com o uso da energia.
~ Conservação de água, indicando os esforços para reduzir e/ou reciclar água utilizada.
Florestas, terra e conservação da natureza, descrevendo as ações da organização para con-
servar ou reduzir seus impactos sobre os recursos naturais.
Informações sobre programas e práticas para treinar e motivar os empregados para se enga-
Empregados
jarem em boas práticas ambientais.
Fonte: Elaborado a partir de informações constantes em PERI Guideline & Answers, 2001
Q u a d r o 8.6 Princípios da Global Reporting Initiative (GRI).
Materialidade: as informações em um relatório devem co- Equilíbrio: o relatório deverá refletir os aspectos positivos e
brir temas e indicadores que refletem os impactos econômi- negativos do desempenho da organização relatora para per-
cos, sociais e ambientais significativos da organização ou que mitir uma avaliação fundamentada do desempenho global.
possam influenciar substancialmente as avaliações e deci-
sões das partes interessadas.
I n c l u s ã o das partes interessadas: a organização relatora Comparabilidade: as questões e informações deverão ser
deve identificar suas partes interessadas e explicar no relató- selecionadas, compiladas e relatadas de forma consistente.
rio as medidas que foram tomadas em resposta aos seus in- As informações relatadas deverão ser apresentadas de modo
teresses e expectativas. que as partes interessadas possam analisar as mudanças no
desempenho da organização ao longo do tempo e subsidiar
análises sobre outras organizações.
Contexto da sustentabilidade: o relatório deve apresentar Exatidão: as informações relatadas deverão ser suficiente-
o desempenho da organização no contexto mais amplo da mente precisas e detalhadas para que as partes interessadas
sustentabilidade. avaliem o desempenho da organização relatada.
Fonte: GRI. Diretrizes para relatório de sustentabilidade. Disponível em: <www.globalreporting.org>. Acesso em: 10 dez. 2010.
Energia Consumo direto de energia por fonte de energia primária. Energia economizada devido às melhorias na
Consumo indireto de energia por fonte de energia conservação e eficiência.
primária. Iniciativas para prover eficiência energética ou
produtos e serviços baseados em energia reno-
vável e as reduções da necessidade de energia
resultantes dessas iniciativas.
Iniciativas para reduzir o consumo indireto de
energia e as reduções obtidas.
Água Total de água retirada por fonte. Fontes de água significativamente afetadas pela
retirada de água.
Porcentagem e volume total de água reciclada e
reutilizada.
Biodiversidade Localização e tamanho das terras próprias, arrendadas Hábitats protegidos ou restaurados.
ou gerenciadas com áreas protegidas, ou adjacentes a Estratégias, ações atuais e planos futuros para
elas, e áreas com elevado valor em biodiversidade fora gerir impactos sobre a diversidade.
das áreas protegidas. Número de espécies da lista vermelha da IUCN e
Descrição dos impactos significativos das atividades, de espécies de listas nacionais com hábitats em
produtos e serviços sobre a biodiversidade nas áreas áreas afetadas pelas operações por nível de ris-
protegidas e com elevado valor em biodiversidade fora co de extinção.
delas.
Emissões, Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito Iniciativas para reduzir os gases de efeito estufa
efluentes e estufa por peso. e as reduções obtidas.
resíduos Outras emissões indiretas relativas aos gases de efeito Peso dos resíduos perigosos transportados,
estufa por peso. importados ou exportados conforme os ter-
Emissões de substâncias nocivas à camada de ozônio mos da Convenção de Basiléia, anexos I, II, III
por peso. e IV, e porcentagem de resíduos transporta-
NO^, SO^ e outras emissões significativas por tipo e peso. dos internacionalmente.
Total de descargas de água por qualidade e destino. Identificação, tamanho, tipo de proteção legal e
Peso total dos resíduos por tipo e método de disposição. valor da biodiversidade dos corpos d'água e há-
Número total e volume de derramamentos significativos. bitats relacionados afetados significativamente
pela descarga e escoamento de água.
Fonte: GRI. Diretrizes para relatório de sustentabilidade. Disponível em: <www.globalreporting.org.>. Acesso em: 10 dez. 2010.
ajuda financeira dos governos, a proporção de gastos com fornecedores locais, os inves-
timentos em infraestrutura, entre outros. Os indicadores de desempenho social tratam
das relações de trabalho, segurança e saúde no trabalho, treinamento e educação, di-
versidade e igualdade de oportunidade.
O s relatórios ambientais devem resultar de atos voluntários, a não ser em casos es-
pecíficos estabelecidos em normas legais. Primeiro vem o fazer, depois o relato do que
foi feito e os resultados alcançados. A empresa compromissada proativamente com o
meio ambiente tem o que mostrar às partes interessadas ou ao público geral, de modo
que seu relatório ambiental passa a ser um elemento de diferenciação que será tanto
mais importante para ela quanto mais a sociedade se preocupa com o meio ambiente.
R Ó T U L O S E DECLARAÇÕES AMBIENTAIS
As normas I S O 14000 estabelecem três tipos de rótulos. Os do tipo I são criados por
entidades independentes ou de terceira parte aplicáveis aos produtos que apresentem
certos padrões ambientais preferíveis na sua categoria. O selo A n j o Azul se enquadraria
nesse tipo de rótulo. A norma I S O 14024 estabelece regras para a criação de programas
voluntários de terceira parte baseadas em múltiplos critérios, e que concedem licença para
o uso de rótulos em produtos que atendam a esses critérios dentro de sua categoria. Esses
rótulos devem basear-se na abordagem do ciclo de vida do produto para que os impactos
ambientais sejam considerados em todas as etapas do seu processo de produção, assunto
do capítulo anterior. Essa abordagem evita a visão míope que enxerga os produtos como
ambientalmente saudáveis olhando apenas um estágio da cadeia de suprimento.
0 rótulo ambiental mais antigo é o Anjo Azul (Umweltzei- Depois, o produto é avaliado pelo Instituto Alemão para Qua-
chen), criado em 1978 pelo órgão ambiental do governo fede- lidade Assegurada e Certificação, segundo os critérios defini-
ral da Alemanha em parceria com outras entidades dos pelo comitê de rotulagem. Por exemplo, para a fabricação
independentes. É um instrumento de política ambiental ende- de papel, é proibido o uso de agentes branqueadores clora-
reçado ao mercado para distinguir bens e serviços com carac- dos.
terísticas ambientais positivas. Com o tempo, outros selos ou Se o produto for aprovado, a empresa poderá usar o logotipo
rótulos foram criados em diversos países e hoje há centenas do Anjo Azul no produto por dois anos, desde que pague os
deles. direitos a seu titular, o Ministério do Meio Ambiente, Conser-
0 rótulo Anjo Azul é conferido aos produtos que geram menos vação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha. Em
impactos ambientais que seus similares, por exemplo, produ- 2010, cerca de 11.500 bens e serviços usavam esse logotipo
tos que não contêm metais pesados, que utilizam materiais (figura abaixo).
reciclados, fabricados com processos poupadores de água e
energia e outras considerações ambientais relacionadas aos
produtos e seus processos de fabricação. <^eUZe/c%
A verificação envolve diversas etapas. Inicialmente o produto
passa pela avaliação de um comitê de rotulagem independen-
te (Environmental Label Jurfi, composto por membros do se-
tor produtivo, sindicatos, instituições de ensino e pesquisa,
entidades de defesa do meio ambiente e do consumidor, im-
r o o "/•> ^
prensa, igrejas e estados federados. Esse comitê define os
critérios pelos quais o produto deve ser avaliado.
Fonte: The Blue Angel. Disponível em: <http://www.blauer-engel.de>. Acesso em: 9 ago. 2010.
Considera o ciclo de vida do produto. Não considera o ciclo de vida do produto. Considera o ciclo de vida do produto.
Exige certificação de terceira parte. Não exige certificação Exige certificação de terceira parte.
Apresenta-se como texto e como sím- Apresenta-se como texto e como sím- Apresenta-se como texto contendo dados
bolo do programa impresso em produ- bolo impresso em produtos e suas em- da empresa, do produto, dos impactos
tos e suas embalagens. balagens. ambientais quantificados, do organismo
Exemplo: símbolo do Anjo Azul. Exemplo: ciclo de Mõbius. de certificação etc.
Fonte: elaborado com informaçoes das normas ISO sobre rótulos e declarações ambientais.
Q u e s t õ e s para r e v i s ã o
3. Tome c o m o base o Quadro 8.3 e defina os usuários dos relatórios ambientais externos
da organização e m que você trabalha e, para cada um, relacione os objetivos do usuário
e da organização, bem c o m o o conteúdo desses relatórios.
9. Como os relatórios ambientais externos podem servir para maquiagem ou lavagem verde
e que recomendações você faria para evitar que isso ocorra?
10. Faça uma pesquisa sobre os rótulos ambientais, como Environmental Choice, EcoMark,
EU Ecolabing, Green Seal, Cerflor, Energy Star, Dolphin Free, Cradle to Cradle etc. Uma
lista de rótulos pode ser vista no site: <http://ecolabelling.org>. Veja t a m b é m o programa
brasileiro de rotulagem ambiental. Observe os critérios, as instituições participantes e
gestoras, as categorias de produtos e a quantidade de produtos que obtiveram a conces-
são dos rótulos. Após levantar esses dados, faça uma lista de critérios recorrentes.
11. Colete diversos produtos e embalagens com símbolos de reciclagem e observe as infor-
mações e números que os acompanham. Veja o que eles significam.
BRASIL. Lei 10.650, de 16 de abril de 2003. Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos
órgãos e entidades integrantes do Sisnama. Brasília: D O U de 17/4/2003.
BRASIL. Lei 9.966 de 28 de abril de 2 0 0 0 . Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada
por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras
providências. Brasília: D O U de 29/04/2000.
BRASIL. Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências. Brasília: D O U de 02/09/1981.
C L A R K S O N , M. B. E. A stakeholder framework for analyzing and evaluating corporate social performance. Academy
of Management Review, 20( 1), p. 92-117, 1995.
R E P U B L I Q U E F R A N Ç A I S E . Loi 77-769, du 12 juillet 1977, relative au bilan social de I 'entreprise. Paris, 1977.
W O O D , D. J. Corporate social performance revisited. Academy of Management Review. 16(4), p. 691-718, 1991.
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
EIA
A Figura 9.3 apresenta exemplos de como e quando o EIA pode contribuir para o
desenvolvimento de uma atividade ou empreendimento ao longo do ciclo do projeto.
A rigor ele deve ser um processo contínuo ao longo do ciclo do projeto. O E I A asso-
ciado a um projeto é um trabalho complexo, constituído de várias fases, cada qual com
diversas atividades envolvendo recursos específicos e a participação de grupos de pes-
soas com interesses diversos. O u seja, não é uma tarefa fácil. A gestão do E I A também
é complexa e requer uma gestão adequada. O Quadro 9.2 apresenta os princípios ela-
borados pelo P N U M A para planejar e conduzir as atividades de um EIA, para que ele
alcance seus objetivos de modo apropriado.
Avaliação detalhada de
impactos significativos,
identificação de medidas
preventivas e considerações
para análise custo-benefício
Seleção do local,
sondagem Pré-viabilidade Projeto detalhado
Viabilidade
das medidas de
controle
\
Monitoramento Implementação
Estratégia ambiental
e implementação
e avaliação das medidas de
controle
Monitoramento e
pós-auditoria para
projetos futuros
Princípio Comentários
Princípio 1 Não tentar cobrir demasiados tópicos com detalhes excessivos. Em qualquer fase do
Focalizar as questões principais. projeto, o escopo do EIA deve-se limitar aos mais prováveis e mais sérios impactos
ambientais.
Princípio 3 0 EIA deve ser organizado de tal modo que possa apoiar as diversas decisões tomadas
" Relacionar as informações do durante o projeto. Ele deve começar cedo para prover informações que permitam aper-
EIA com as decisões do projeto. feiçoar o projeto básico.
Princípio 4 Para auxiliar os tomadores de decisão, o EIA deve apresentar alternativas claras e
~ Apresentar opções claras para deixar evidentes os prováveis resultados de cada uma. Por exemplo, para possibilitar a
mitigar os impactos e para uma compatibilização ambiental do projeto, o EIA pode sugerir várias alternativas de locais,
adequada gestão ambiental. mudanças nos parâmetros do projeto, limitação do tamanho inicial ou do seu cresci-
mento, identificação de programas separados que possam contribuir de modo positivo
para incrementar os recursos ou a qualidade ambiental local.
Princípio 5 0 objetivo de um EIA é assegurar que os problemas ambientais foram previstos e comu-
Apresentar informações de nicados aos tomadores de decisão. Para alcançar esse objetivo, os tomadores de deci-
forma útil aos tomadores de são devem entender completamente as conclusões do EIA, que devem ser apresentadas
decisão. em termos e formatos compreensíveis.
antes da sua implementação. Para isso, o EIA deve levar em conta as características do
empreendimento, ou atividade, e da sua área de influência para:
c) desenvolver medidas para agir sobre as fontes dos impactos ambientais e sobre
os próprios impactos;
d) desenvolver medidas para monitorar as operações, caso o projeto seja implantado; e
e) desenvolver planos para compensar e mitigar os impactos ambientais adversos.
IMPACTO AMBIENTAL
Para efeito do EIA, entende-se por impacto ambiental qualquer mudança no am-
biente natural e social decorrente de uma atividade ou de um empreendimento pro-
posto. Mesmo considerando que mudanças podem ocorrer por causas naturais, as que
interessam aqui são as resultantes de ações humanas. A palavra impacto refere-se, por-
tanto, às alterações no meio ambiente físico, biótico e social decorrentes de atividades
humanas em andamento ou propostas. Ou seja, o impacto pode ser real ou potencial,
neste caso, se a atividade vier a ser implementada no futuro. Quando se fala em impac-
tos ambientais decorrentes de ações humanas, há uma tendência em associá-los apenas
aos efeitos negativos sobre os elementos do ambiente natural e social, pois a degrada-
ção ambiental que nos rodeia são basicamente resultados indesejáveis dessas ações.
Porém, não se deve esquecer os impactos positivos, que em última instância são os que
conferem sustentabilidade econômica, social e ambiental ao empreendimento ou
atividade.
Segundo essa definição, apenas os impactos negativos são considerados. Esse en-
tendimento a respeito do impacto ambiental corresponde ao de poluição. De fato,
conforme a Lei 6.938/1981, poluição é a degradação da qualidade ambiental resultan-
te de atividades que direta ou indiretamente:
Impacto ambiental está definido na norma ISO 14001 como qualquer modifica-
ção do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos
aspectos ambientais da organização. Já quanto ao meio ambiente, esta norma apre-
senta um conceito restrito: circunvizinhança em que uma organização opera, incluin-
do ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas interações 6 .
C o m o foi dito mais de uma vez aqui, os impactos ambientais não se restringem a um
local específico, à circunvizança, pois podem adquirir em certos casos uma dimensão
regional ou planetária. A definição da Lei 6.938/1981 sobre meio ambiente também
deixa a desejar: conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas 7 . A esse
conjunto de condições, leis e interações, devem ser incluídas também as de ordem
socioeconômica.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), criado após a
Conferência de Estocolmo (ver Capítulo 2), desempenhou um papel importante na
disseminação dessa prática, principalmente entre os países em desenvolvimento.
BRASIL. Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e meca-
nismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: D O U de 02/09/1981.
ABNT, N B R I S O 14001:2004, definições 3.5 e 3.7.
B I R D , B I D e outros bancos de desenvolvimento multilaterais e regionais passaram a
exigir o EIA para a concessão de empréstimos para a construção de portos, estradas,
hidroelétricas e outras grandes obras de infraestrutura. A importância desse instru-
mento de política ambiental foi reconhecida na Conferência das Nações Unidas para
o Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, e passou
a constar da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(ver Anexo 2, princípio n. 17). A obrigatoriedade do EIA também está expressa no
princípio n. 5 da Carta da I C C , como se pode ver no Anexo 4.
O EIA deve ser um processo formal, tanto para quem o faz, o empreendedor,
quanto para o Poder Público que o exige e toma decisões baseadas em seus resultados.
C o m o instrumento de gestão ambiental, o EIA é importante não só para o país, a re-
gião e o município, mas também para o próprio proponente do projeto, que pode ser
inclusive uma entidade do Poder Público. Seu objetivo é tomar ciência antecipada-
mente das possíveis agressões ao meio ambiente físico, biótico e social decorrentes da
implantação de empreendimentos e atividades com potencial elevado de causar degra-
dação ambiental.
Para o órgão governamental ambiental, o EIA orienta suas decisões quanto à apro-
vação ou não do projeto em questão; para o proponente, permite que o projeto seja
aperfeiçoado, o que aumenta sua segurança e possibilita a elaboração de medidas de
mitigação e de programas de monitoramento dos impactos negativos identificados nos
estudos de avaliação prévia. Dessa forma, ele deve ser entendido como uma etapa inte-
grante do próprio projeto de obra ou de atividade potencialmente causadora de degra-
dações significativas no meio ambiente. O uso do EIA varia de país para país. Em
alguns países, a aprovação do EIA pelo órgão governamental competente é condição
necessária para a continuidade do processo de licenciamento do empreendimento ou
atividade proposta. Esse é o caso do Brasil, como se verá a seguir.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
A Lei 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, estabe-
leceu, entre os instrumentos de política pública, o licenciamento e a revisão de atividades
efetiva ou potencialmente poluidoras 8 . Nesses termos, entende-se que o licenciamento
ambiental, enquanto urna autorização conferida pelo Poder Público às atividades de que
trata a lei supracitada, deve ter caráter temporário, ou seja, seu prazo de validade não
pode se estender indefinidamente.
Tipo de Prazos
licença Máximo Mínimo
Licença Prévia 5 aros
Prazo estabelecido pelo cronograma dos planos, programas e projetos relativos
à atividade ou ao empreendimento. Esse prazo poderá ser prorrogado desde que
Licença de
6 anos não ultrapasse o prazo máximo da respectiva licença.
Instalação
O EIA NA L E G I S L A Ç Ã O BRASILEIRA
Obrigatoriedade do EIA
O Conama estabeleceu critérios básicos e diretrizes para o uso e implementação de
EIA, como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, de acordo com a Lei
6.938/1981. Conforme a Resolução n. 1 de 1986 do Conama, dependerá de elabora-
ção de EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima), a serem submetidos
à aprovação do órgão estadual competente e do Ibama em caráter supletivo, o licencia-
mento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:
Além das atividades acima relacionadas, depende de ELA a ser submetido ao Iba-
ma, o licenciamento de atividades que, por lei, sejam de competência privativa da
25 B R A S I L . Resolução C o n a m a n. 1 de 18/03/1986, Art. 2". Com alterações feitas pelas Resoluçoes n. 11/1986 e
5/1987.
União, como instalações nucleares, portos marítimos e infraestrutura aeroportuária.
O ELA também é necessário para o licenciamento de outros empreendimentos e ativi-
dades, por exemplo:
O ELA deve ser utilizado apenas para projetos que, pelo seu vulto e pela incerteza
quanto aos seus possíveis impactos, exigem estudos especiais, mais detalhados e, conse-
quentemente, mais demorados. Para os empreendimentos menores, bem como para os
que possuem impactos amplamente conhecidos devido a sua freqüência, ele pode ser
substituído por outros tipos de estudos de impactos ambientais. Em outras palavras, o
EIA/Rima só deve ser usado para projetos de empreendimentos e atividades considera-
das efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental. Para os
Conteúdo do EIA
Cabe ao proponente do projeto realizar o ELA segundo as normas estabelecidas
pelo órgão ambiental competente. Para a finalidade de licenciamento ambiental, o
EIA deverá conter, entre outros, os seguintes itens:
2. análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas, por meio da iden-
tificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos, diretos e
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu
grau de reversibilidade, suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribui-
ção de ônus e benefícios sociais;
3. definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equi-
pamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a
eficiência de cada uma delas;
4. elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos
positivos e negativos, indicando fatores e parâmetros a serem considerados 32 .
Em geral, o EIA/Rima é dispendioso e leva tempo para ser feito, pois necessita de
equipes multidisciplinares especializadas para realizar levantamentos de informações deta-
lhadas e análises complexas sobre os múltiplos aspectos do meio ambiente e do empreen-
dimento ou atividade. Os custos para realizá-lo variam conforme a complexidade do
empreendimento ou atividade, situando-se em uma faixa de 0,5 a 2 % do custo total do
projeto 40 . Esses custos não incluem as revisões do projeto se tal for necessário em decorrên-
cia do processo de análise dos impactos ambientais. Lembrando o que foi dito anterior-
mente, os custos do projeto aumentam na medida em que suas fases avançam, de modo
que o custo de um EIA/Rima bem elaborado pode ser compensado ao evitar a necessidade
de proceder a ajustes no projeto em fases mais avançadas da sua implementação.
Publicidade do EIA/Rima
Uma característica fundamental do EIA e seu Rima é a sua publicidade, conforme
estabelece a Constituição Federal de 1988 (ver Quadro 3.6). A publicidade é a base
para a participação de diferentes públicos no processo de avaliação do projeto. C o m o
diz um dos princípios da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desen-
volvimento, assegurar a participação no nível apropriado de todos os cidadãos interes-
sados é a melhor maneira de tratar as questões ambientais (ver Anexo 2, princípio 10).
O princípio da publicidade plena admite restrição para os casos que contenham sigilo
industrial, cabendo ao proponente do projeto ou empreendedor demonstrar a neces-
sidade de resguardar tal sigilo. Trata-se de uma providência necessária para impedir
que o proponente sonegue informações importantes para o ELA/Rima sob a alegação
de sigilo industrial. A possibilidade de restringir o acesso público aos segredos indus-
triais também é uma tradição na legislação mundial. Fora essa limitação, os procedi-
mentos para tornar público o EIA e seu Rima envolvem:
Os comentários podem ser feitos por qualquer pessoa física ou jurídica interessa-
da, como órgãos de classe, sindicatos, instituições de ensino e pesquisa, órgãos gover-
namentais, empresas, pessoas individualmente consideradas ou em grupos. O próprio
empreendedor pode comentar o Rima, acrescentando aspectos não considerados nos
estudos. Os comentários devem ser sempre escritos e, dessa forma, anexados ao proces-
so. O órgão ambiental competente determinará o prazo para recebimento de comen-
tários. C o m o a legislação não define nenhum prazo, entende-se que cabe ao órgão
ambiental competente defini-lo, tomando o cuidado de que seja suficiente para o exa-
me do Rima por parte dos interessados. Um prazo mínimo de 3 0 dias seria razoável,
Há de se registrar que a fase de consulta pública pode servir também para fins polí-
ticos e econômicos ilegítimos. Por exemplo, um concorrente do empreendedor pode
solicitar mais informações e fazer comentários ao Rima com o objetivo de retardar o
início da implantação do projeto ou até mesmo inviabilizá-lo. Representantes de parti-
dos políticos podem utilizar procedimentos procrastinatórios para impedir ou retardar
a conclusão de uma obra que possa beneficiar seus adversários na próxima eleição. O
empreendedor pode manipular grupos para defender seu projeto sob argumento da
geração de empregos e negócios para a cidade ou região onde pretende implementar seu
projeto. Não obstante a possibilidade das audiências e consultas serem usadas indevida-
mente, deve-se ressaltar que a publicidade e a participação de outros agentes interessa-
dos são meios para aperfeiçoar o projeto sob ângulos diferentes.
BRASIL. Resolução Conama n. 237/1997. Dispõe sobre audiências públicas referidas na Resolução Conama n.
1/1986, art. 2 a .
BRASIL. Resolução Conama, n. 9/1987, art 5 a .
BRASIL. Resolução Conama, art. 2 o , § 2".
E S T U D O S AUXILIARES, SUBSTITUTOS E ASSEMELHADOS
BRASIL Decreto 97.632 de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do art. 2", inciso VIII da Lei 6.938
de 31/08/81 e dá outras providências. Brasília: DOU de 12/04/1989.
de referências preparados pelo órgão ambiental, o empreendedor pode seguir as
orientações da norma N B R 13030 de 1999, que fixa diretrizes e estabelece recomen-
dações e condicionantes para a elaboração e apresentação de projeto de reabilitação
de áreas degradadas pela mineração.
a) adensamento populacional;
b) equipamentos urbanos e comunitários;
c) uso e ocupação do solo;
d ) valorização imobiliária;
e) geração de tráfego e demanda por transportes públicos;
f) ventilação e iluminação;
g) paisagem urbana e patrimônio natural e cultural 50 .
50 BRASIL. Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece
diretrizes gerais de política urbana e dá outras providências. Brasília: D O U de 11/07/2001.
c) medidas mitigadoras e compensatórias, identificando os impactos que não
possam ser evitados.
Fatores ambientais
Ecossistema
(apenas descritivo)
Perda hídrica
Oxigênio dissolvido
Coliformes fecais
Carbono inorgânico
Fosfato inorgânico
Pesticidas
LIMITAÇÕES E POSSIBILIDADES
a AAE de b
Meio ambiente:
opção Biofísico
estratégica Social
Econômico
Nível de
concretização
EIA AAE
EIA de um
projeto individual
Desenvolvimento
>
tempo
Q u e s t õ e s para revisão
4. Quais são os entes da Federação que podem legislar sobre EIA e quais podem conceder
licença ambiental?
5. Discorra sobre as modalidades de licença ambiental, relacionando-as com as fases de im-
plantação de um empreendimento ou atividade e com os requisitos exigidos pela legislação.
7. Assim que recebe o Rima, o órgão ambiental competente fixará em edital e anunciará na
imprensa local a abertura do prazo para solicitar a audiência pública. Faça uma busca na
imprensa local nos últimos três meses e verifique pelos editais publicados os tipos de
empreendimentos ou atividades objeto dos estudos de impacto e os seus proponentes.
f ~ Comentários escritos
Denúncias
EIA/Rima
Licença de instalação
J Licença de operação
Instrumentos ( Licença prévia
Medidas de mitigação
Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
Programa de Acompanhamento e monitoramento de impacto
Relatório Ambiental Prévio
V _ Relatório de Controle Ambiental
Planejamento da atividade ou
empreendimento
Início da implantação da
atividade ou do
empreendimento
Início da atividade ou do
funcionamento do
empreendimento
9. Comente cada u m dos modelos de avaliação apresentados neste capítulo, expondo suas
vantagens e desvantagens.
11. Que providências foram tomadas pelo Poder Público para evitar a banalização do EIA/
Rima? Você concorda com elas? Por quê? Apresente sugestões para tomar o EIA/Rima
mais efetivo do ponto de vista das três dimensões da sustentabilidade: respeito ao meio
ambiente, eficiência econômica e equidade social.
1 2 . Qual as diferenças entre a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) e a EIA. Como a AAE
pode corrigir eventuais limitações do EIA. Que limitações são estas?
Referências
B R A S I L . Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece
diretrizes gerais de política urbana e dá outras providências. Brasília: D O U de 11/07/2001.
BRASIL. Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Brasília: D O U de 13/02/1998.
BRASIL. Decreto 99.274 de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei 6.902/81 e a Lei 6.938/81. Brasília: D O U de
07/06/1990.
BRASIL. Decreto 97.632 de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do art. 2", inciso VIII da Lei 6 . 9 3 8 de
31/08/81 e dá outras providências. Brasília: D O U de 12/04/1989.
BRASIL. Lei 7.661 de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras
providências. Brasília: D O U de 18/05/1988.
B R A S I L . Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: D O U de 02/09/1981.
BRASIL. Lei 6.803 de 02 de julho de 1980. Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas
críticas de poluição e dá outras providências. Brasília: D O U de 06/07/1980.
E S T A D O D E S Ã O PAULO/SECRETARIA D O M E I O A M B I E N T E / C O O R D E N A D O R I A D E L I C E N C I A M E N T O
A M B I E N T A L E D E P R O T E Ç Ã O DE R E C U R S O S NATURAIS; DEPARTAMENTO DE AVALIAÇÃO
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O N A T E , J; et al. Evaluación ambiental estratégica: la evaluación ambiental de políticas, planes y programas. Madri:
Ediciones Mundi-Prensa, 2 0 0 2 .
RAU, J. G.; W O O T E N , D. C. Environmental impact analysis handbook. Nova York: McGraw-Híll, 1980.
É preciso ter pressa para com os problemas ambientais antes que seja tarde demais.
No âmbito das empresas, isso significa implementar a gestão ambiental integrada à sua
gestão global e adotar instrumentos de gestão específicos que incorporem o princípio
da precaução, da prevenção e da responsabilidade socioambiental, a exemplo dos que
foram apresentados neste livro. Se hoje tais providências servirem para reverter a de-
gradação ambiental em curso, no futuro elas serão indispensáveis para manter a quali-
dade ambiental do planeta, impedindo o retorno do estado lamentável que se presencia
atualmente. Em outras palavras, a gestão ambiental empresarial veio para ficar: neste
momento, como um imperativo diante do agravamento dos problemas ambientais;
depois, na medida da resolução desses problemas, para sustentar as melhorias alcança-
das e evitar o surgimento de novos problemas ambientais.
ANEXO 1
Convenção de Londres para a Preservação da Flora e Fauna em Estado Natural Londres 1933
Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Washington 1940
Países da América
Convenção de Haia para a Proteção de Bens Culturais em Caso de Conflitos Bélicos Haia 1954
Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição do Mar por Óleo Londres 1954
Convenção sobre Pesca e Conservação dos Recursos Vivos do Mar Genebra 1958
Convenção sobre a Proteção dos Trabalhadores contra Radiações lonizantes Genebra 1960
Convenção de Viena sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares Viena 1963
ACORDO LOCAL DATA
Tratado de Proscrição de Testes Nucleares na Atmosfera, no Fundo do Mar e Cosmo Moscou 1963
Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Poluição por Óleo Bruxelas 1969
Tratado da Bacia do Prata Brasília 1969
Convenção sobre Medidas para Proibir a Importação, Exportação e Transferência de
Propriedade Ilícita de Bens Culturais
Paris 1970
Convenção Sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional (Ramsar) Ramsar (Irã) 1971
Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural Paris 1972
Convenção sobre a Conservação das Focas Antárticas Londres 1972
Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Armazenamento de
Armas Bacteriológicas Londres 1972
Convenção para a Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e Londres, México,
Outras Matérias 1972
Moscou
Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios (Marpol) Londres 1973
Convenção para a Proteção do Trabalhador contra Riscos Profissionais Decorrentes de
Contaminação do Ar, Ruído e Vibração no Locai de Trabalho Genebra 1977
Protocolo de Madri ao Tratado Antártico sobre Proteção ao Meio Ambiente Madri 1991
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Rio de Janeiro 1992
Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação em Países Afetados Nova York
1994
por Desertificação e/ou Seca
Acordo para Implementação das Disposições da Convenção das Nações Unidas sobre
o Direito do Mar sobre Estoques de Peixes Transzonais e de Peixes Altamente Nova York 1995
Migratórios
Protocolo de Kyoto à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas Kyoto 1997
Fontes
PNUMA/UNEP. Disponível em: <http://www.unep.org>. Acesso em: 22 dez. 2010. Ver página sobre convenções
ambientais.
SOARES, G. F. S. Direito internacional do meio ambiente: emergência, obrigações e responsabilidade. São Paulo: Atlas,
2001.
ANEXO 2
D E C L A R A Ç Ã O DO R I O DE J A N E I R O SOBRE
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
Fonte
Documento aprovado na Conferência das Nações Unidas para o Meio e Ambiente e Desenvolvimento, realizada no
Rio de Janeiro em 1992. (Tradução elaborada pelo Ministério das Relações Exteriores). Disponível em: <http://www.
interlegis.gov.br>. e <www.unep.org>. Acesso em: 22 dez. 2010.
ANEXO 3
2. Gerenciamento integrado
Integrar plenamente, em cada empresa, essas políticas, programas e procedimen-
tos, como elemento essencial de gestão, em todos os seus domínios.
3. Processo de aperfeiçoamento
Aperfeiçoar continuamente a política, os programas e o desempenho ambiental
das empresas, levando em conta os desenvolvimentos técnicos, o conhecimento cien-
tífico, os registros dos consumidores e as expectativas da comunidade, tendo como
ponto de partida a regulamentação em vigor, e aplicar os mesmos critérios ambientais
no plano internacional.
4. Formação do pessoal
Formar, treinar e motivar o pessoal para desempenhar suas atividades de maneira
responsável, face ao ambiente.
5. Avaliação prévia
Avaliar os impactos antes de iniciar nova atividade ou projeto e antes de desativar
uma instalação ou abandonar um local.
6. Produtos e serviços
Desenvolver e fornecer produtos e serviços que não produzam impacto indevido
sobre o ambiente e sejam seguros em sua utilização prevista, que apresentem o melhor
rendimento em termos de consumo de energia e de recursos naturais, que possam ser
reciclados, reutilizados ou cuja disposição final não seja perigosa.
7. Conselho de consumidores
Aconselhar é, em casos relevantes, propiciar a necessária informação aos consumi-
dores, aos distribuidores e ao público, quanto aos aspectos de segurança a considerar
na utilização, transporte, armazenagem e disposição dos produtos fornecidos; e aplicar
considerações análogas à prestação de serviços.
8. Instalações e atividades
Desenvolver, projetar e operar instalações levando em conta a eficiência no consu-
mo de materiais e energia, a utilização sustentável cios recursos renováveis, a minimiza-
ção de impactos ambientais adversos e da produção de i-esíduos e o tratamento ou
disposição final desses resíduos de forma segura e responsável.
9. Pesquisas
Realizar ou patrocinar pesquisas sobre os impactos ambientais das matérias-pri-
mas, dos produtos, dos processos, das emissões e dos resíduos associados às atividades
da empresa e sobre os meios de minimizar tais impactos adversos.
modo compatível com aqueles em vigor na empresa; e encorajar a mais ampla adoçao
destes princípios pelos fornecedores.
Fonte
( O N G ) , 51, 2 9 0 , 3 3 9 transferíveis, 74
poder de compra do Estado, S
6 7 , 76-7 S A 8 0 0 0 , 188
P
responsabilidade estendida d o S e l o verde: ver R ó t u l o ambiental,
PAS 9 9 , 189-90
produtor, 75, 129 106, 2 9 0 , 341
Passivo ambiental, 104, 110, 113,
sistema depósito-retorno, 7 5 Serviços ambientais, 9 , 4 4 , 8 0 , 9 7 ,
2 2 6 - 9 , 2 3 6 , 2 7 7 , 301, 3 3 4
Princípio: 106, 226
Partes interessadas,120, 126, 147,
da precaução, 34, 4 8 , 105, 3 3 5 , S i m b i o s e industrial, 136, 138, 140
150, 160-1, 164-6, 168-9, 174-5,
342, 3 4 8 S i n m e t r o , 193-4, 2 2 3
186, 191-2, 2 0 5 - 6 , 219-21, 2 6 9 ,
do poluidor-pagador, 71, 74, Sistema de G e s t ã o A m b i e n t a l
272-8, 2 8 4 - 9 0 , 3 2 2
78, 3 3 9 (SGA):
Planos de C o n t r o l e A m b i e n t a l
Produção e c o n s u m o sustentáveis, certificação, 192
(PAC), 313
2 3 , 126, 129 c o n c e i t o de sistema, 147
P l a n o de R e c u p e r a ç ã o de Áreas
Produção mais limpa, 76, 8 8 , c o n c e i t o de S G A , 84-5, 147,
Degradadas ( P R A D ) , 3 2 4 , 3 3 6
124-9, 132, 135, 160, 195, 2 4 2 156
Poluentes:
Produtos a m b i e n t a l m e n t e e l e m e n t o s de um S G A , 149
definição, 15-9
preferíveis, 67, 117, 131, 151, Sistema de G e s t ã o da Q u a l i d a d e :
poluentes orgânicos
2 0 7 , 291 auditoria do, 143, 2 0 8
persistentes, 18, 3 4 5
Projeto para o meio a m b i e n t e I S O 9 0 0 0 : 2 0 0 0 , 153-5, 190,
por fontes antropogênicas, 16
(Design for Environment), 130, 208
por fontes naturais, 16
133, 135, 142 Sistemas de gestão integrados,
primários e secundários, 17
Projeto Sigma, 191 188-9
Poluição:
Stakeholder: ver partes interessadas,
controle da, 9, 12, 68-9, 9 8 ,
Q 126, 273-5, 2 8 0 , 2 8 2 - 3
106-10
definições, 15-7 Qualidade, 117 T
prevenção da, 9, 68-9, 110-3
Tecnologia de remediação, 107,
Política a m b i e n t a l empresarial: R 304
definições, 103 Realismo político, 27, 5 9 Tecnologia limpa, 124, 126
princípios diretivos, 120, 160, Reciclagem, 6, 54, 75, 111-2, 126-9, Total Quality Management (TQM),
198 132-3, 137, 140 119-22
Política N a c i o n a l do M e i o Recuperação energética, 110-1, Total Quality Environment
Ambiente: 115, 132, 2 4 9 Management (TQEM), 88,
C o n a m a , 9 3 , 2 3 3 , 3 0 7 , 310-22 Recursos naturais, 4-8, 10-2, 14, 119-23, 135, 140, 2 7 3
Constituição Federal, 93-8, 267, 18-9 Tragédia dos c o m u n s , 58-9, 9 2
300, 314, 316, 320, 324, 3 3 9 Relatórios ambientais: Transparência, 120, 2 8 2 , 2 8 6 ,
i n s t r u m e n t o s da, 9 5 Relatório A m b i e n t a l 288
Lei 6 . 9 3 8 / 8 1 , 92-6, 2 6 7 , 3 0 0 , Preliminar (RAP), 3 2 3 ,
3 0 7 - 1 0 , 314, 3 5 0 , 3 5 2 335-6 U
Lei de C r i m e s A m b i e n t a i s , 9 7 , Relatório de Impacto U n i d a d e de conservação, 97
2 3 3 , 351 A m b i e n t a l ( R I M A ) , 314-6, U s o sustentável, 4 5 , 8 9 , 110-1, 129
318-27, 3 3 4
' ^ — 1
í LIVRO com
íi# 1 | MATERIAL
1 1
DE
APOIO
M
Q material de apoio
consiste em conteúdo extra,
que a Editora Saraiva
disponibiliza no site
www. sarai vau n i. co m. b r.
Longe também dos textos triunfalistas que trazem receitas prontas, são
discutidos os temas ambientais a partir dos seus fundamentos. Com ri-
gor conceituai, o livro mostra pontos polêmicos para que a divergência
de opiniões relevantes estimule a crítica e favoreça o desenvolvimento
de práticas de gestão ambiental apropriadas às particularidades de caca
caso concreto.
Por isso, a obra foi escrita com muita preocupação didática, que se expressa
pela sistematização dos assuntos e sua exposição. Os estreantes no tema
encontrarão conceitos e exemplos claros e precisos; os que já percorreram
um longo caminho em gestão ambiental encontrarão uma sistematização
articulada e atualizada de temas oriundos de diferentes disciplinas
compõem a gestão ambiental.
C o n h e ç a o s i t e do l i v r o e as d e m a s
Papel produzido a partir novidades do nosso catálogo no ende-ecc
de fontes responsáveis
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