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PROJETO DE UM LANÇADOR DE GRANADAS 40 MM

T IAGO L OPES BARBOZA C URY


A LD ÉLIO B UENO C ALDEIRA

I NSTITUTO M ILITAR DE E NGENHARIA


tiagocury23@gmail.com

aldelio@ime.eb.br

9 de outubro de 2017

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo projetar um lançador de granadas 40 mm nas suas
versões standalone e acessório para o fuzil Imbel IA2. Alguns lançadores de granadas 40 mm
disponı́veis no mercado foram estudados a fim de identificar possı́veis soluções para o projeto
em tela. Nesta etapa, foram identificados lançadores de granadas que foram inicialmente
desenvolvidos como acessórios para fuzis e a posteriori foram adaptados para sistemas
standalone . Este projeto acadêmico buscou atender algumas fases previstas na IG 20-12,
elaborando, a partir de entrevistas realizadas com oficiais combatentes do Exército Brasileiro,
os Requisitos Operacionais Básicos (ROB) e posteriormente os Requisitos Técnicos Básicos
(RTB). A partir do ROB e do RTB foi realizado o anteprojeto em CAD, sendo o mesmo,
em seguida, detalhado, verificando-se as compatibilidades cinemáticas e a resistência dos
componentes aos esforços crı́ticos.

1. I NTRODUÇ ÃO

Lançadores de granadas são armamentos especialmente projetados para disparar projéteis


normalmente com ogivas explosivas, fumı́genas ou de gás. Atualmente, esse termo é utilizado
apenas para munições encartuchadas pois já houve fuzis capazes de atirar granadas de bocal com
a utilização de um acessório especial no próprio cano do armamento.
A munição NATO 40x46 mm utiliza um sistema de pressões altas e baixas e foi
desenvolvida logo antes da guerra do Vietnã para a utilização pela infantaria. Esse sistema
funciona por meio da câmara de alta pressão contida no estojo onde a pressão aumenta até o

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rompimento de um disco de cobre fazendo os gases passarem por pequenos orifı́cios até a câmara
de baixa pressão que realiza a propulsão do projétil.
Desse modo, a pressão desenvolvida no tubo é pequena em relação a muitos outros
armamentos, permitindo assim, um peso bem reduzido e fazendo com que o recuo seja facilmente
suportável para o usuário.
Uma munição alto-explosiva M433 possui peso de 0,23 kg. Um projeto chamado SPIW
(Special Purpose Individual Weapon) tinha a intenção de produzir um armamento individual
bastante versátil para o combatente do exército americano. A única parte do projeto que realmente
chegou a ser produzida foi o lançador de granadas acoplável M203, com o propósito de substituir
o M79.

Figura 1: Munição M433 e o Lançador de Granadas M203

Sua versatilidade e compatibilidade com muitos fuzis possı́veis aumentaram o poder de


fogo da infantaria, sem impossibilitar o uso moderado da força por ser um componente a mais
para o combatente. Seu modelo mais utilizado tem um tubo de 12 pol de comprimento (30,48
cm) com um peso de 1,36 kg, pelo fato de ser utilizado alumı́nio e foi inicialmente desenvolvido
para o acoplamento com os fuzis das séries M16 e M4.
Seu mecanismo de disparo era de ação simples e seu aparelho de pontaria ficava
adaptado sobre o próprio fuzil.
O projeto de fim de curso que antecede este no desenvolvimento de um lançador
de granadas para o Exército Brasileiro baseou-se na análise de um M203 no que se refere a
metrologia completa para a construção de um provete para testes iniciais de balı́stica interna.

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2. O BJETIVOS

O presente trabalho trata do projeto de um lançador de granadas 40 mm como continuação


do projeto de fim de curso intitulado ”Estudo Experimental da Balı́stica Interna de um Lançador
de Granadas 40 mm”que finalizou o projeto de um provete de alma raiada da referida munição
baseado na metrologia do Colt M203.

Figura 2: Provete baseado na metrologia do m203

Desse modo, visando a continuidade do trabalho, realiza-se a concepção de todos


os sistemas necessários à ocorrência do tiro pelo usuário, bem como sua viabilidade técnico-
econômica e detalhamento das peças componentes do armamento.

3. M ETODOLOGIA

O projeto de qualquer equipamento ou produto é um processo cujo modelo é uma


sequência de estágios que abrange desde a necessidade do cliente até a entrega de um resultado,
que pode ser um protótipo ou um lote de fabricação.
Um modelo descritivo do processo de projeto é ilustrado na figura abaixo, no qual
mostra o estágio onde o cliente expõe o problema para impulsionar o desenvolvimento do projeto
propriamente dito, os três estágios ativos e a entrega do resultado alcançado.

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A primeira fase do modelo é o projeto conceitual no qual ocorre um desenvolvimento
abstrato relacionando todas as caracterı́sticas que o produto deve possuir bem como os meios
para alcançá-las. Alguns afirmam que o projeto conceitual deve produzir dois ou mais sistemas,
pois o comprometimento ou a fixação prematura em uma única escolha de projeto pode ser um
erro.
A segunda fase do modelo em questão é o projeto preliminar, no qual ocorre a
materialização inicial do projeto por meio de desenhos que se iniciam com suas partes mais
importantes ou sensı́veis. No caso de um armamento, o cano ou tubo é a peça núcleo sobre o
qual vários sistemas são concebidos adaptando-se a ele.
A última fase ativa desse modelo é o projeto detalhado, onde os esquemas da fase
anterior (projeto preliminar) são refinados e começa-se a detalhar especificidades do produto
como dimensões de peças, baseando-se em normas especı́ficas, bancos de dados, catálogos, etc.
No Exército Brasileiro, o documento que regulamenta como ocorre a identificação de
uma necessidade bélica bem como o seu suprimento por um material de emprego militar (MEM)
é a IG 20-12. Nessas instruções gerais (IG), existem dois documentos que tem interseção com o
modelo descritivo de projeto ilustrado anteriormente: ROB (requisitos operacionais básicos) e
RTB (requisitos técnicos básicos).
Os requisitos operacionais básicos podem ser traduzidos como a declaração detalhada
da necessidade do cliente, ou seja, o que o Exército necessita de determinado material de emprego
militar bem como suas funcionalidades básicas. Esse documento é consolidado pelo Estado
Maior do Exército e o envia ao CTEx (Centro Tecnológico do Exército) para transformá-lo em
RTB. Esse constitui da interpretação dos requisitos operacionais básicos em termos de suas

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caracterı́sticas técnicas.

3.1. P ROJETO C ONCEITUAL

Para o presente trabalho, foi confeccionado o ROB a partir de uma pesquisa realizada
com oficiais de Infantaria e Cavalaria do Exército Brasileiro que atuam como instrutores do
Corpo de Alunos do IME. A partir daquele documento, foi feito um RTB para que este servisse
como parte do projeto conceitual do lançador de granadas 40 mm.
A seguir, são listados alguns exemplos dos requisitos operacionais básicos coletados
durante a pesquisa bem como suas traduções em requisitos técnicos.
Requisitos Operacionais Básicos:
3.1.1.1) Ser operado e manutenido, no mı́nimo, sob quaisquer condições climáticas da área
operacional do continente (AOC). (Peso dez)
3.1.1.2) Possuir massa máxima de 900 g (novecentos gramas) sem o acoplamento para standalone.
(Peso dez)
3.1.1.3) Possuir alcance de utilização de 150 m (cento e cinquenta metros) e alcance máximo de
400 m (quatrocentos metros). (Peso dez)
3.1.1.4) Permitir a instalação de uma estrutura suporte para a utilização em modo Standalone.
(Peso dez)
3.1.1.5) Atirar todos os tipos de munições 40x46 mm NATO. (Peso dez)
Requisitos Técnicos Básicos:
3.2.1.1) Possuir, o sistema, peso máximo de 9 N (nove Newtons), excluindo a munição. (Peso
dez)
3.2.1.2) Ser capaz de operar sob temperatura ambiente compreendida entre -10o C (menos dez
graus Celsius) e +50o C (cinquenta graus Celsius). (Peso dez)
3.2.1.3) Obter velocidade de boca de ao menos 76 m/s (setenta e seis metros por segundo) com
munições NATO 40x46 mm. (Peso dez)
3.2.1.4) Possuir sistema de acoplamento do tipo trilho Picatinny. (Peso dez)
3.2.1.5) Possuir estrutura suporte para sua utilização no modo Standalone com coronha rebatı́vel
ou telescópica e trilhos Picatinny NATO para o acoplamento de possı́veis acessórios. (Peso dez)

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3.2. P ROJETO P RELIMINAR

Estabelecida a descrição dos ROB e RTB tem-se a definição do problema e o projeto


conceitual consolidado. A próxima etapa é o projeto preliminar, que no presente trabalho, trata-se
do desenho detalhado em CAD para verificar a compatibilidade cinemática das peças e escopo
geral do produto.
Para estabelecer a concepção do sistema mecânico que é responsável pelo disparo da
arma, buscou-se garantir caracterı́sticas de confiabilidade, simplicidade e segurança. Da mesma
forma, deve-se lembrar que aquele será embarcado exatamente abaixo de um outro armamento
(Fuzil IMBEL IA2).

Figura 3: Conjunto do mecanismo de disparo

O gatilho é a peça que recebe a ação do usuário e que age no martelo por meio de uma
alavanca que permanece sobressalente sempre empurrada por uma pequena mola. No momento
em que o gatilho perde contato com a alavanca, o martelo, que vinha comprimindo uma mola à
sua retaguarda, é impulsionado à frente com força por essa mola situado em uma guia.
No retorno do gatilho, este consegue voltar à sua posição original empurrando a alavanca
do martelo até que se encontre abaixo desta e pronto para realizar um novo disparo. A haste do
percussor, que é fixa ao gatilho por uma de suas extremidades, serve de segurança para que o
martelo só consiga acionar o percussor se o gatilho for acionado. Desse modo, não há como
ocorrer um disparo se esse não for apertado.
O retorno do gatilho à posição original ocorre pela ação de uma terceira mola que age
sobre o ele próximo ao seu pino de revolução.

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Além da segurança implı́cita ao atirador que há no mecanismo de disparo citado
anteriormente, um registro próximo ao punho impede o movimento do gatilho pelo travamento
de sua haste de retorno conforme mostrado abaixo.
A haste do gatilho é travada pelo pino do registro quando este se encontra na posição
”S”. Na posição ”T”, a haste atravessa o pino por um furo existente nesse de modo a permitir o
acionamento completo do mecanismo de disparo.
O mecanismo de disparo é fixado em uma placa por meio de pinos que não se movem
com as peças (pinos de revolução e pinos fixos) e envolvido por um suporte que conecta o punho
a estrutura como pode ser visto na figura abaixo. Esse conjunto se conecta à estrutura que recebe
o tubo e que contém sistemas responsáveis pela realização de algumas das outras operações
como a abertura, por exemplo.
O suporte é fixado a um punho e à estrutura por meio de parafusos e contém, ainda, uma
rosca à sua retaguarda para o encaixe da coronha que possibilita a utilização desse armamento
em modo independente (standalone). Além disso, uma guia deve ser projetada para que haja um
perfeito alinhamento da coronha com o restante do armamento.
O grande propósito dessa peça é servir de suporte para o tubo bem como possibilitar a
abertura da arma para o carregamento da munição. Além disso, é na estrutura que é fixado o
trilho Picatinny com o objetivo de possibilitar o acoplamento desse armamento ao fuzil bem
como de acessórios como, por exemplo, o aparelho de pontaria.
O percussor é preso à estrutura pelo seu alojamento que é rosqueado na parte da frente.
Dessa maneira, aquele fica sobressalente para ser impactado pelo martelo através da alavanca
do percussor. Se o gatilho não for acionado, o martelo encontra um ressalto na estrutura que o
impede de se chocar com o percussor.
Para que o lançador possa ser utilizado no modo standalone, basta conectar uma
coronha para dar a ergonomia necessária ao atirador e fixar o aparelho de pontaria. Dessa
maneira, projetou-se uma estrutura com mecanismo telescópico (variação do comprimento
longitudinal por deslizamento de peças) que consiste de um tubo com vários encaixes para fixar
o tamanho desejado, uma estrutura que realiza a junção de todas as peças, um retém para fazer a
seleção do comprimento, um passador de alça e uma peça de material apropriado para encaixar a
coronha no cavado do ombro.
Esse projeto trata de um armamento que pode ser acoplado em um fuzil. Desse modo,
o aparelho de pontaria de um lançador de granadas é diferente mas precisa-se de um sistema que

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seja possı́vel cambiar os dois tipos de linha de visada.
Um mecanismo composto de três peças principais consegue fazer a mudança necessária
para adequar o aparelho de pontaria à utilização tanto para o fuzil, quanto para o lançador de
granadas como pode-se observar na figura abaixo.

Figura 4: Alça de mira nos modos fuzil e lançador

Ao final do projeto preliminar, realiza-se a montagem, no software, de todas as peças


em conjunto, verificando todas as compatibilidades cinemáticas que existem no armamento.

3.3. P ROJETO D ETALHADO

O detalhamento começa a partir da especificação precisa de partes sensı́veis da estrutura,


com cálculos baseados em dados obtidos na bibliografia e de catálogos de peças mecânicas que
são necessários para a construção do projeto.
Desse modo, com base no projeto preliminar, de acordo com as especificações da
munição 40mm NATO e com as limitações impostas nos ROB e RTB, todo o detalhamento
necessário à construção de um protótipo é desenvolvido. Segue-se alguns exemplos dos mecanis-
mos projetados no presente trabalho.

3.3.1. M ECANISMO DE D ISPARO

Como já foi visto anteriormente, a função do mecanismo de disparo é promover a


deflagração da estopilha da munição a partir do aperto do gatilho por ação do atirador. A peça

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que atinge a estopilha contida no culote da munição é o percussor e, para que essa deflagração
ocorra, deve-se transmitir um valor mı́nimo de energia no choque entre essas peças.
A estopilha da munição 40mm NATO é usualmente a M42* e a energia necessária para
deflagrá-la é de 0,1836 J (26 inch-ounces). A partir desse valor, calcula-se a força de aperto
do gatilho utilizando a geometria do mecanismo de disparo mostrado no projeto preliminar e
selecionando molas adequadas a partir dos valores obtidos.
A energia que é transferida ao percussor é aquela armazenada na mola da haste do
martelo em função de seu aperto pela ação do gatilho. Em razão das eficiências existentes nas
molas consideraremos um coeficiente de desempenho de 0,9 e um fator de segurança de 1,5 para
outras eventuais perdas do sistemas (mola do percussor por exemplo).

F S ∗ 0, 1836
EM artelo = J (1)
η

EM artelo = 0, 306J (2)

Sabemos que a energia potencial armazenada em uma mola é dada por:

k ∗ (∆x)2
Emola = (3)
2

Onde k é a constante de mola a ser calculada e ∆x é deformação sofrida pela mola da


haste do martelo. Com as dimensões de peças do projeto preliminar, tem-se que o valor de ∆x é
de 15,81 mm.
k ∗ (15, 81)2
Emola = (4)
2
k ∗ (15, 81)2
0, 306J = (5)
2
k = 2, 45N/mm (6)

Com base nisso, cataloga-se a mola para calcular a força de aperto do gatilho. A figura
abaixo mostra o mecanismo de disparo no momento da perda de contato da cauda do gatilho
com a alavanca do martelo e as forças atuantes em cada peça.

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Figura 5: Momento da perda de contato entre a cauda do gatilho e a alavanca do martelo

Fazendo a análise dinâmica da figura acima, tem-se que:

FGatilho ∗ rGatilho = F1 ∗ r1 (7)

F2 = F1 ∗ cos(θ1 ) (8)

F 2 ∗ r2 = F 3 ∗ r3 (9)

F4 = F3 ∗ cos(θ2 ) (10)

F3 = FM artelo (11)

Os valores de r1 , r2 , r3 , θ, e rGatilho são:


r1 = 8, 92mm; r2 = 9, 14mm; r3 = 19, 90mm;
θ1 = 30, 33◦ ; θ2 = 10, 63◦ ; rGatilho = 20, 64;
Sabemos que a força da haste do martelo é:

FM artelo = k ∗ ∆x (12)

FM artelo = 2, 45N/mm ∗ 15, 81mm (13)

FM artelo = 38, 73N (14)

Resolvendo as equações com o intuito de encontrar o valor da força de aperto do gatilho,


tem-se:
FGatilho = 42, 96N (15)

Na literatura, encontrou-se valores de força de gatilho próximos ao calculado. Os fuzis


M4 Carbine apresentam um valor médio de 7,8 pounds, ou seja, 34,43 N .

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O gatilho é a peça responsável por fazer a revolução do martelo e, portanto, essa peça é
um dos pontos crı́ticos do mecanismo de disparo pelo fato de possuir uma pequena seção nessa
região. Essa área está sujeita ao maior esforço de cisalhamento em toda a peça e maior também
que o esforço cisalhante na alavanca do martelo, pois esta não sofre esforço cortante pleno em
nenhum momento do acionamento do mecanismo.
A seguir, são mostrados os cálculos referentes ao cisalhamento da cauda do gatilho:
h = 1, 36 mm;
b = 10 mm;
Para a tensão de cisalhamento, temos que:

VQ
τ= (16)
It

Onde:
V : Esforço cortante
Q = A0 ydA = ȳ 0 A0 : Porção da área de influência no ponto
R

I: Momento de inércia da área da seção transversal inteira


t: Largura da área da seção transversal do elemento

bh3
I= (17)
12

I = 2, 096 mm4 (18)

O esforço cortante é a própria força máxima que a cauda sofre

20, 64 mm
V = 35, 82 N ∗ (19)
8, 92 mm

V = 82, 88 N (20)

A largura da área em questão é a própria largura do gatilho.

t = 10 mm (21)

A máxima tensão de cisalhamento em uma seção retangular ocorre na sua linha neutra
que corresponde à metade da altura.
Q = ȳ 0 A0 (22)
h
ȳ 0 = (23)
4
ȳ 0 = 0, 34 mm (24)

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A área da seção de influência na linha neutra é metade da área.

bh
A0 = (25)
2

A0 = 6, 8 mm2 (26)

Q = 2, 31 mm3 (27)

Dessa maneira, a tensão máxima cisalhante na cauda do gatilho é de:

N
τ = 9, 14 = 9, 14M P a (28)
mm2

Pode-se ver que, a tensão é bem abaixo das resistências ao cisalhamento de materiais
metálicos normalmente utilizados.

3.3.2. G RADUAÇ ÕES DA PLACA DA ALÇA DE MIRA

Como mencionado no projeto preliminar, a alça de mira do lançador de granadas consta


de uma placa com graduações para diferentes alcances. Essas graduações servem para nada mais
que assegurar a inclinação correta para que o projétil atinja determinado ponto. Dessa maneira,
necessita-se simular a balı́stica interna de uma munição 40 mm.
Para tanto, utilizou-se de um algoritmo implementado em Scilab
c no qual considera-se

o projétil como uma esfera de 40 mm de diâmetro. Essa rotina calcula o alcance a partir de
alguns parâmetros de entrada como por exemplo velocidade de boca, calibre e massa e a partir
daı́, calcula-se a posição do projétil resolvendo a equação da trajetória pelo método numérico de
Runge-Kutta de 4◦ ordem.

1 Ca ρA(V~ .V~ )
~a = ~g − (29)
2 m
Na equação anterior, o primeiro termo se refere à influência da gravidade e o segundo à
força de arrasto. Nota-se que a equação é vetorial e resolvida nos três eixos iteração a iteração. A
tabela abaixo mostra os parâmetros utilizados pelo algoritmo bem como seus respectivos valores.

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Tabela 1: Parâmetros do algoritmo de balı́stica externa da munição 40 mm

Velocidade inicial (V0 ) 76 m/s


Massa do projétil (m) 170 g
Calibre (d) 40 mm
Velocidade do som (VS ) 340 m/s
Temperatura 298 K
Massa especı́fica do ar (ρ) 1.01 ∗ 105 /(0.287 ∗ T ) kg/m3
Aceleração da gravidade (g) −9, 81 m/s2
Coeficiente balı́stico da munição (Cd ) 0, 161

Desse modo, o algoritmo foi simulado algumas vezes e descobriu-se os valores dos
ângulos de inclinação que o armamento deve possuir durante o disparo para obter as graduações
de até trezentos metros com variação de cinquenta em cinquenta metros.

Tabela 2: Alcance X ângulos de tiro

Alcance Ângulo
50 m 2,45◦
100 m 5,1◦
150 m 7,9◦
200 m 11,0◦
250 m 14,4◦
300 m 18,2◦

Com a distância entre a alça e a maça de mira definida, calcula-se a altura relativa à
maça que as graduações devem possuir para gerar os respectivos ângulos de tiro.

dist = 119, 30 mm (30)

h = tan(θ) ∗ dist (31)

As alturas das graduações são:


h50 = 5, 10 mm; h100 = 10, 65 mm; h150 = 16, 55 mm; h200 = 23, 18 mm;

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h300 = 39, 22 mm;
Assim, constrói-se a placa da alça com as graduações nas devidas alturas.

4. R ESULTADOS

Ao final do trabalho, obtemos a montagem completa de todos os mecanismo bem como


sua compatibilidade cinemática já contendo as peças com as caracterı́sticas necessárias para o
funcionamento correto do armamento firmando uma maior segurança para a confecção de um
protótipo e consequente averiguação dos resultados teóricos.
A seguir é mostrada uma figura do armamento montado em software.

Figura 6: Vista do lançador renderizada

5. C ONCLUS ÃO

Este trabalho teve por finalidade, projetar um lançador de granadas 40 mm a partir da


concepção de todos os sistemas componentes desse armamento à exceção do tubo. Seguindo uma
metodologia de projeto mundialmente adotada e adequando-a às normas do Exército Brasileiro,
realizou-se um delineamento completo desde a concepção até o detalhamento.
A realização do projeto preliminar no software SolidWorks c foi satisfatória, uma

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vez que a confecção precisa das peças foi essencial para a análise cinemática e dinâmica do
funcionamento do mecanismo, verificando compatibilidades entre os sistemas e proporcionando
uma virtualização do projeto.
O projeto detalhado foi focado em partes e/ou peças crı́ticas do projeto analisando os
esforços sofridos pelo armamento que vão delimitar materiais utilizados, métodos de fabricação
ou, até mesmo, um retorno ao projeto preliminar, a fim de buscar melhores alternativas para
determinados sistemas.

6. R EFER ÊNCIAS B IBLIOGR ÁFICAS

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grenade/40mm ammo.html>. Acessado em: 2016-05-09.
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2009.
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OLIVEIRA, L. de A.; AMORIM, W. F. de. Histórico da evolução dos lançadores de granada de
assalto alimentados por tambor rotativo.
QUINTANILLA et al. Estudo experimental da balı́stica interna de um lançador de granadas 40
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SMITH, W. H. B.; SMITH, J. E. Small arms of the world: a basic manual of small arms. [S.l.]:
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TEETZEL, J. Grenade launcher sighting assembly. Google Patents, 2003. US Patent 6,568,118.
Disponı́vel em: < https://www.google.com/patents/US6568118>.

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