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PORTUGUÊS DO BRASIL

Rocca di Papa, 23 de fevereiro de 1989

Pensamento Espiritual:

QUANTRO MODOS DE REZAR1

Caros amigos,
Revendo as etapas da Via Mariae com o objetivo de encontrar, em
algumas de suas particularidades, nova luz para nossa Santa Viagem,
consideramos de modo especial no último collegamento o encontro de Jesus no
templo.
Queremos agora examinar a etapa seguinte, ou seja, o longo período em
que Maria viveu ao lado de Jesus numa intimidade familiar profunda, numa
confidência extraordinária, que só pôde ser superada por aquele colóquio
contínuo que se desenrola desde sempre entre as Pessoas da Santíssima
Trindade.
Ao longo daqueles anos, sem dúvida Maria falava frequentemente com
Jesus e Jesus lhe respondia; Jesus falava com maria e maria lhe respondia.
O que terão eles conversado? Sem dúvida, sobre muitas coisas: a vida de
família, sobre p trabalho, o ambiente, os costumes, as Escrituras... e quem
ainda quantos outros assuntos desconhecidos por nós.
Evidentemente Marai era um mãe especial e Jesus, um filho
especialíssimo. Mas, de qualquer forma, o relacionamento entre Maria e Jesus
era sempre o de uma criatura, ainda que excelsa, e o seu Criador.
Isso nos leva a pensar em nosso relacionamento com Jesus, em nossa
união com ele, com todas as manifestações de amor, de confidência, de súplica
e de louvor que o caracterizam e que, num sentido mais amplo, nós definimos
como “oração”.332
Hoje, pensando nos trinta anos de vida de unidade entre Maria e Jesus,
falaremos um pouco sobre a oração, como já fizemos outras vezes.
Nestes últimos dias, de modo particular, tenho notado que os
fundadores, todos os fundadores, e as inúmeras corrente espirituais que
nascem a partir deles sob o impulso do Espírito Santo, nos ensinam modos
diferente de rezar, embora para todos a oração ocupe o primeiro lugar.

1 Chiara Lubich, Buscar as coisas do alto, São Paulo, 1993 Pág. 135-138.
A oração, na verdade, é expressão direta daquele mandamento que
procede todos os outros: << Amarás o senhor teu Deus>> (Dt, 6,5)
Aprofundando cada uma destas orações – todas elas de um beleza
própria, atraente -, como por exemplo, as orações ensinadas por teresa d’Avila,
Catarina e Sena, Francisco de Assis, Francisco de Sales etc., todas elas, orações
belas, fascinantes, procurei compará-las com a nossa, e observar como foi que o
espírito santo nos ensinou a rezar.
Percebi que, em se tratando de oração pessoal, nós temos
fundamentalmente quatro modos de rezar.
Em primeiro lugar, com a oração vocal. Rezamos todos os dias aquelas
orações que nos são aconselhadas pela própria Igreja e prescritas por nossos
regulamentos. E essas orações nós não queremos fazê-las de modo mecânico
mas, na medida do possível, com toda a alma, com toda a mente e com todo o
coração.
Depois, pelo fato de vivermos o amor ao próximo e de abraçarmos Jesus
Abandonado em todas as feições com que Ele se apresenta, experimentamos no
coração, com maior ou menos intensidade, a união com Deus. Ela nos leva a
falar espontaneamente com Jesus, com o Pai, com o Espírito Santo ou com
Nossa Senhora.
Confiamos a eles os nossos problemas, pedimos ajuda em todas as
necessidades, procuremos mantê-los a par do nosso trabalho, oferecemos a Eles
as nossas alegrias etc. Trata-se daquela oração que consiste, muitas vezes,
apenas num olhar, numa atitude de silêncio, na compreensão mútua, e que todos
definem como oração “mental”, embora esta palavra não exprima bem todo o
seu significado.
E depois, ainda, costumamos oferecer a Jesus tudo o que fazemos,
dizendo-lhe: <<Por ti>>, decididos então a realizar cada uma de nossas ações da
melhor forma possível. Isto porque estamos certos de que com elas podemos
continuar a ação criadora de Deus e a ação redentora de Jesus para a realização
dos planos de Deus sobre o mundo.
Transformamos assim toda a nossa ação humana em algo sagrado. E é
esta a oração mais valorizada atualmente, quando se constata a evolução do
mundo e do cosmo, lembrando ao homem o seu dever de dominar a terra. (cf.
Gn 1,28).
E, finalmente, o quarto modo de rezar para nós é oferecer a Jesus nossos
sofrimentos, pequenos ou grandes, colaborando com ele na redenção do mundo.
O que podemos, então, fazer nos próximos dias?
No collegamento anterior, falamos sobre uma “invasão de amor”. Hoje,
toda e qualquer ação em favor do Reino de Deus somente se sustenta quando
mantemos as mãos erguidas, como nos lembra Moisés (cf. Ex 17,11).
É a oração que poderá tornar realmente fecundo o nosso agir.
Então, mãos à obra: sustentemos o nosso “sonho” com a oração bem
feita, não nos tranquilizando enquanto ela não melhorar em todos os aspectos.
Que nosso lema seja: Rezar bem para invadir o mundo com o Amor.
Chiara Lubich

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