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INFLUÊNCIA CULTURAL

PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO PARA O

REINO UNIDO

Cláudia Cristina Favas Rodrigues Coutinho, nr. 7477

Professor Manuel Gouveia


UC: Economia e Negócios Internacionais,
Desafio 2 _ Avaliação Contínua | Gestão de Marketing, EaD
RESUMO: Este trabalho pretende dar resposta ao segundo desafio da unidade curricular de
Economia e Negócios Internacionais que se insere no tema do processo de internacionalização.
Será feita uma compreensão da cultura do Reino Unido, e sua comparação com Portugal,
analisando os principais, e possíveis, impactos no processo de internalização de uma empresa
portuguesa – com a fundamental apreensão, e conhecimento, das diferenças culturais e religiosas
existentes - e eficaz decisão.

ESCOLA SUPERIOR DE PORTO, OUTUBRO,2019


INTRODUÇÃO
O derrube das barreiras, da distância, e da comunicação, entre os povos
impulsionou uma globalização enquanto fenómeno cultural que se reflete nos movimentos
migratórios, nos fluxos de capital, na partilha de conhecimentos, e de saberes, e na
extensão do comercio internacional.
De acordo com Ferreira, Reis e Serra (2011) as empresas utilizam estas evoluções
da comunicação, e do transporte, para se abrirem ao exterior e assim atingir as
oportunidades que existem nos mercados globais (quer como clientes; quer como
fornecedores).
Desta forma, e de acordo com Ferreira (2011), vinculou-se a ideia de que todos os
negócios são hoje negócios internacionais.
Se é verdade que a globalização conseguiu derrubar as barreiras físicas e da
distância do mundo; também é verdade que não apagou as diferenças, entretanto evidentes,
entre os países - e as suas realidades culturais.
De acordo com Ferreira (2011) essas diferenças assinalam-se através dos
rendimentos diferentes dos povos, nos seus gostos e preferências, na disponibilidade dos
canais de distribuição, na religião dominante, nas leis e nos requisitos técnicos.
Estas diferenças nas escolhas, prioridades, comportamentos não são as mesmas em
todos os lugares e pedem um ajustamento, reflexão, ponderação, da estratégia da empresa,
à cultura nacional vigente.
Assim a eficácia exploração do apressado processo de globalização do mundo, e
consequente desenvolvimento dos negócios internacionais, está inteiramente relacionado
com a interação entre as pessoas de culturas diferentes.
Compreender bem o global é conseguir ampliar as competências de adaptação e de
compreensão de comportamentos.
Deste modo, aparece como primeiro passo de internacionalização o entendimento
das atitudes, valores e perceções das diferentes culturas do mundo - bem como a sua
variação afeta os comportamentos dos diferentes países.
Mais que a linguagem interessa a capacidade de entender, e conhecer, os outros
universos culturais de forma a conseguir adaptar-se e atingir o sucesso nas negociações.
De acordo com Grande (2007) a ampliação dos mercados obrigou as
organizações a se confrontarem com ambientes cultuais muito diferentes, remetendo-as
para uma adaptação dos seus conceitos e estratégias - como premissa de sucesso.
É impossível a existência de um marketing indiferente às influências culturais
(Grande, 2007).

Cláudia Rodrigues Coutinho


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PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE UMA EMPRESA PORTUGUESA NO REINO UNIDO

Quando uma empresa deseja ingressar no mercado internacional precisa de


pensar como a outra cultura de forma a entender, e adequar-se, a esse mercado que o vai
influenciar nas suas decisões- e minimizar as eventuais dissemelhanças entre culturas, que
embora diferentes se querem aproximar.
O conhecimento da influência da cultura nos negócios é um dos grandes desafios
do processo de internacionalização das empresas que seguem este grande comércio
internacional - livres de barreiras físicas; mas não culturais.
Negociar numa dimensão transnacional é negociar num âmbito muito além dos
negócios; na medida em que para um bom entendimento entre as partes é necessário
conhecer, entender, conhecer a cultura e o outro ponto de vista diferente do nosso – onde
está inerente um conjunto de costumes, hábitos, preferências, regras, religião, linguagens,
valores e cultura bem diferente da sua.
De acordo com Baynast, Lendrevie e Lévy (2018), a escolha dos países deverá
ser avaliada de acordo com a regulamentação existente, a estabilidade política e
institucional e a avaliação de alguns indicadores importantes do potencial mercado - entre
os quais os fatores culturais e sociais.
Quando uma empresa pretende internacionalizar-se, convém efetuar uma análise
detalhada de vantagens e desvantagens do local onde são feitos os investimentos e calcular
à priori os custos que essa decisão poderá ter pois a cultura de uma nação tem vindo a
mostrar ter grande impacto no modo como as negociações ocorrem.
Existem vários modelos que medem esta distância cultural, mas um dos mais
utilizados é o de Geert Hofstede. Foi considerado o mais antigo e também aquele que mais
contribuiu para o desenvolvimento do investimento estrangeiro devido à sua dimensão.
O autor subdivide a distância cultural em seis dimensões com base nas quais vou
procurar perceber a influência que cada uma exerce sobre o processo de
internacionalização de uma empresa de Portugal no mercado do Reino Unido.

HOSFSTEDE
Ao analisar os dados do comportamento dos colaboradores de 50 filiais da
empresa International Business Machines (IBM) em todo o mundo, Geert Hosfstede
descobriu que haviam diferenças significativas entre culturas, mesmo sendo trabalhadores
da mesma empresa, e acrescentou que não existe um método universal de gerir, mas sim
uma gestão adaptada à cultura local.
Daí, resultou um modelo de dimensões culturais que pretende estudar como os
valores no local de trabalho são influenciados pela cultura.
As seis dimensões são:
Distância ao Poder – nível de desigualdade de poder aceite pelas pessoas. As
sociedades com maior distância ao poder são constituídas por pessoas que aceitam bem o
“estatuto” e a falta de poder, enquanto que em sociedades onde isto não acontece, as
pessoas percebem a desigualdade e existe o sentimento de injustiça. A desigualdade existe
em todos os países, mas nuns mais que outros (Grande, 2007)
Individualismo vs Coletivismo – Expressa até que ponto as pessoas se integram
ou não umas com as outras.

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No lado individualista temos pessoas/comunidades que tendem a centrar-se em si
mesmas e na sua família direta, enquanto que os coletivistas estão habituados a interagir
em grupo e que em troca de lealdade os defendem.
Masculinidade/Feminilidade - Na masculinidade os papéis estão claramente
definidos, ter sucesso é sinal de poder, assertividade e recompensas materiais. Muitas
vezes é necessário discutir e ser duro nas palavras para resolver conflitos.
Já a feminilidade opta pela cooperação, modéstia, cuidado com os mais frágeis e qualidade
de vida. Aqui as relações sociais são tão ou mais importantes que o dinheiro ganho. Os
conflitos são resolvidos através do diálogo e do consenso.
Aversão à Incerteza - Grau em que os membros daquela comunidade se
incomodam com o grau de incerteza. Forma como se lida com o desconhecido.
Quanto maior a aversão à incerteza, mais intolerantes são a povos com
comportamentos diferentes do seu. Vivem ansiosas, não querem a mudança e por isso
precisam de regras, normas e leis para se sentirem seguras. As pessoas precisam de
processos organizados e estruturados e trabalha-se com empenho.
Orientação de Longo Prazo - Sociedades com orientação de curto prazo são
aquelas que focam o seu desenvolvimento no presente, ligadas a tradições, menos aptas à
mudança. vivem o dia a dia, querem resultados rápidos e têm pouco planeamento.
Já aquelas que são orientadas a longo prazo, recorrem a um estilo de educação moderna em
prol de um futuro próspero. Estão viradas para o planeamento, com valores de trabalho,
empenho e poupança.
Indulgência vs Restrição - A indulgência é representada por uma sociedade que
aceita ações relacionadas com o gozo da vida e o divertimento. Há um maior otimismo e
atitude positiva; as pessoas gozam a vida, sem grandes restrições e podem agir como
desejam. A restrição representa uma sociedade que suprime a satisfação das necessidades e
que a regula por meio de normas sociais rígidas que regem as atitudes; e onde o lazer não é
lei. Inibições sociais presentes.

Todas estas dimensões são medidas através de um índice de 0 a 100 e a pontuação


de 50 é considerada o ponto para medir. Se a pontuação atribuída estiver abaixo dos 50,
então considera-se que a cultura é baixa e acima dos 50, será cultura de nível alto.
Excecionalmente, no caso do Individualismo/Coletivismo, de 0 a 50 é considerado
coletivista e de 51 para cima como individualista. São comparados países e não indivíduos
sendo que, o modelo deve ser utilizado de modo comparativo e tendo em atenção que
somos seres humanos e únicos individualmente e que por isso, é relativo (Hofstede.,2011)

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COMPARAÇÃO DE CULTURAS PORTUGAL | REINO UNIDO | MODELO HOFSTEDE

Portugal UK Analise
DISTÂNCIA AO PODER 69 35 A Grã-Bretanha está no ranking mais baixo: é uma sociedade que acredita que as desigualdades entre as
pessoas devem ser minimizadas.
Permite identificar os valores de uma Esta classificação deve ser refletida devido ao sistema de classes britânicos que denota alguma influencia nos
sociedade, nomeadamente medir a títulos de família. Há aqui uma promoção da igualdade, mas com a presença, histórica, da cultura dos títulos
aceitação das pessoas a um poder dos ” membros da nobreza”.
desigualmente distribuído.
Em Portugal há uma distância hierárquica presente, que é naturalmente aceite, e praticada, através da
existência de posições com maior poder - e privilégios. As desigualdades sociais são aceites.

Impactos:
Em países onde a distância ao poder é mais elevada, as regras tendem a estar definidas e existe maior
organização na estrutura organizacional, no entanto pode ser prejudicial visto não haver liberdade para a
iniciativa e para a evolução dentro dos cargos, existindo assim pouca confiança em países onde a distância é
alta. Haver uma clara divisão de poder ajuda a que cada um saiba exatamente o que tem de fazer no âmbito
das suas funções, mas quem tem menor poder, por vezes pode recorrer a formas menos lícitas de progressão,
e os que detêm cargos superiores, utilizam o poder em excesso para seu próprio benefício. – como é o caso de
Portugal.
Sendo os britânicos uma cultura onde a distância ao poder é baixa, e menor que Portugal, existe mais
cooperação, a posição que cada individuo ocupa não é o mais valorizado, há uma maior partilha de
conhecimento entre as pessoas.

Assim, o facto da Grã-Bretanha ser uma cultura com reduzida distancia ao poder é tida como um fator
favorável a ter em conta no processo de internacionalização pois culturas com estas características
transmitem maior confiança e legitimidade para trabalhar. Portugal devera ter isso e conta e adaptar-se.
Portugal UK Analise
INDIVIDUALISMO 27 89 Com uma pontuação de 89, o Reino Unido é uma clara cultura individualista.
Os britânicos são altamente individualistas e particulares. As crianças aprendem desde cedo a pensar por si
A questão fundamental abordada por mesmas e a descobrir qual é o seu propósito único na vida - e como podem contribuir, de maneira única,
essa dimensão é o grau de para a sociedade. O caminho para a felicidade é através da realização pessoal.
interdependência que uma sociedade
mantém entre seus membros. Portugal, em comparação com o resto dos países europeus (com exceção de Espanha) é coletivista.
A lealdade é essencial e ultrapassa a maioria das outras regras e regulamentos sociais. A sociedade
promove relacionamentos de grupo, onde todos assumem a responsabilidade pelos outros membros do grupo.

Impactos:
Poderá ser um fator favorável a cultura da Grã-Bretanha ser altamente individualista visto que as pessoas
decidem de forma individual e forte e dão especial valor à inovação. Nestas sociedades o sucesso chega com
trabalho e afinco e por isso há total dedicação e eficiência.
Isso é benefício para a empresa Portuguesa que conta com uma maior abertura ao produto diferente e à
inovação.
Devido a ser uma cultura individualista, e curiosa, incentiva a uma grande criatividade e necessidade de
inovação. O que é diferente é um fator favorável. Isso surge em toda a sociedade, tanto no humor, grande
preferência por produtos novos e inovadores, quanto pelas indústrias altamente criativas em publicidade,
marketing. Etc. Fator a ter em conta na apresentação do produto – inovador.

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Portugal UK Analise
MASCULINIDADE 31 66 A Grã-Bretanha é uma sociedade masculina - altamente orientada para o sucesso. Em comparação com
culturas femininas, como os países escandinavos, as pessoas no Reino Unido vivem para trabalhar e têm uma
Uma pontuação alta indica que a clara ambição de desempenho.
sociedade será impulsionada pela
competição, realização e sucesso, Portugal é um país onde a palavra chave é consenso. Nos países femininos, o foco é “trabalhar para viver”,
Uma pontuação baixa (feminina) os os gestores ambicionam o consenso, as pessoas valorizam a igualdade, a solidariedade e a qualidade de vida
valores dominantes na sociedade é a profissional. Conflitos são resolvidos através da negociação. Incentivos como tempo livre e flexibilidade são
solidariedade e a qualidade de vida. favorecidos. O foco está no bem-estar, o status não é mostrado. A tomada de decisões é alcançada através do
envolvimento.

Impacto:
Na Grã-Bretanha a masculinidade é maior, pelo que o trabalho prevalece sobre a família. No âmbito laboral
haver disciplina e não ceder a sensibilidades perante os outros é fundamental (ao contrário de Portugal onde
existe entreajuda no trabalho).
Esta dimensão é muito relevante porque está diretamente relacionada com as pessoas que são a força das
empresas e da sociedade.
O facto de Portugal ser feminista e a Grã-Bretanha coletivista poderá ser um desafio interessante na
moderação de forças diferentes e igualmente importantes, como é a total preocupação com as pessoas versus
total preocupação com o sucesso e resultados.
Ter uma cultura ambiciosa que se foca no trabalho é um fator que transmite segurança a Portugal e devera ser
considerado nas negociações e forma de eficiência do produto.

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Portugal UK Analise
AVERSÃO À INCERTEZA 99 35 O Reino Unido tem uma pontuação baixa, o que significa que estão muito felizes em acordar sem saber o que
o dia traz e estão felizes em mudar os planos.Os britânicos estão confortáveis em situações ambíguas.
Esta dimensão tem a ver com a maneira Geralmente não há muitas regras na sociedade britânica, mas aquelas que existem são devidamente
como uma sociedade lida com o futuro: respeitadas.
devemos tentar controlar o futuro ou Em termos de trabalho, o planeamento não entra em detalhes e são flexíveis. Há uma maior abertura ao novo,
simplesmente deixar que isso aconteça? sendo considerado um desafio que proporciona oportunidades. As pessoas são mais tolerantes e há uma
maior confiança entre elas do quem em Portugal.

Se existe uma dimensão que defina Portugal é o de aversão às Incertezas. Os países que exibem alta
intolerância à incerteza mantêm códigos rígidos de crenças e comportamentos. São intolerantes a
comportamentos e ideias pouco ortodoxas.
Nestas culturas há uma necessidade emocional de regras (mesmo que as regras nunca funcionem); o tempo é
dinheiro, as pessoas têm um desejo interior de estar ocupados e trabalhar duro, a inovação pode ser resistida,
a segurança é um elemento importante na motivação individual.

Impactos:
O facto de a cultura do Reino Unido ser uma cultura com baixa aversão a incerteza significa que existe maior
flexibilidade e tolerância a imprevistos bem como a não haver medo de arriscar. Isso é bom para a empresa
portuguesa que tenta introduzir no mercado algo diferente e novo. Há, pois, nesta cultura uma maior
capacidade de adaptação a coisas novas, com pouco receio de arriscar e inovar.

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Portugal UK Analise Portugal
ORIENTAÇÃO A LONGO PRAZO 28 51 Com uma pontuação de 51, não se pode determinar o nível da sua orientação para longo prazo.
A cultura portuguesa está orientada para o curto prazo: prefere o pensamento normativo ao pragmático. As
Esta dimensão descreve como a pessoas têm uma forte preocupação em estabelecer verdades absolutas; são normativos no pensamento. Há
sociedade mantém alguns elos com seu um grande respeito pelas tradições, uma propensão relativamente pequena para economizar para o futuro e
próprio passado enquanto lida com os um foco na obtenção de resultados rápidos.
desafios do presente e do futuro. As pessoas com orientação para o longo prazo, focam o seu investimento para o futuro, valorizando os
resultados a longo prazo. Existe também maior tendência para a poupança preparando-se assim para
eventualidade

A Grã Bretanha esta no nível intermédio. Aqui o equilíbrio entre o planeamento futuro e o presente terão de
ser moderados. As negociações deverão pensadas no longo prazo e flexíveis e ao mesmo tempo seguindo
uma organização bem estruturada.

INDULGÊNCIA 33 69 Uma pontuação alta de 69 indica que a cultura britânica é classificada como indulgente: demonstra
disposição para realizar os seus impulsos e desejos de aproveitar a vida. Têm uma atitude positiva e tendem
Esta dimensão é definida como a ao otimismo. Dão um maior grau de importância ao tempo de lazer, agem como bem entendem e gastam
medida em que as pessoas tentam dinheiro como desejam.
controlar seus desejos e impulsos, com
base na maneira como foram criadas. O Uma pontuação baixa de 33 indica que Portugal tem uma cultura de Restrição. Sociedades com baixa
controlo fraco é chamado de pontuação nesta dimensão tendem ao pessimismo. Além disso, em contraste com as sociedades indulgentes,
"Indulgência" e o controle forte é as sociedades restritas não enfatizam muito o tempo de lazer e controlam a satisfação de seus desejos. Têm a
chamado de "Restrição". perceção de que suas ações são restringidas por normas sociais.

Impacto:
Penso que é um fator benéfico para Portugal pois na cultura Britânica há uma maior liberdade de expressão,
com os valores do bem-estar e felicidade bem presentes e naturais. Isso é positivo para a aceitação de
produtos novos que possam contribuir para o bem estar das pessoas.

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COMPORTAMENTOS E VALORES CULTURAIS HERDADOS

Torna-se fundamental que a organização esteja consciente das variáveis culturais que
podem influenciar o processo das suas negociações internacionais e tomadas de decisão.

De acordo com Grande (2007) há dificuldade em modelar comportamentos pela razão de


aplicar metodologias inadequadas ao respetivo ambiente cultural.

Na verdade, conceitos, preferências, escolhas, personalidades não têm a mesma


importância e significado em todos os lugares.

As pessoas não se comportam da mesma maneira em todos os lugares, as crenças são


diferentes, não se usam as mesmas palavras, não tem o mesmo significado, a noção de
tempo é diferente, os símbolos, os cumprimentos (Grande, 2007).

Os consumidores respondem a padrões culturais que as empresas devem saber entender e


apreender para garantir o desenvolvimento de uma estratégia capaz de angariar o interesse
e conseguir sucesso.

A Comunicação não deve ser realizada da mesma forma em diferentes ambientes culturais
(Grande, 2007)

Cumprimentos:
Os cumprimentos são feitos com aperto de mão leve e rápido. Os Ingleses não gostam de
muito contato físico.

Comunicação
Ser educado é muito valorizado pelos Ingleses. As palavras chave são "por favor"
;"obrigado" e "desculpe".
A sinceridade pode ser considerada falta de educação em muitas situações.

Contato Visual
O contacto visual direto é geralmente mantido durante as conversas.
Olhar para longe, quando uma pessoa idosa está a falar, é visto como falta de respeito.

Distancia:
O Inglês tende a manter -se a uma certa distância entre eles enquanto falam.
Entre família o contacto é bem visto; mas a nível profissional não. A distância e toque é
bem vista.

Tempo
O Tempo é dinheiro. Tudo dever ser feito com rapidez.

Gestos
Dois dedos com "sinal de paz" invertido ou "V é uma obscenidade.As pessoas tendem a
andar à esquerda e passar à direita.
Tocar no lado da testa no Reino Unido significa que é estúpido.

Reuniões
Nas negociações as perguntas diretas não são aconselhadas pois não haverão respostas
concretas.
Chegar a tempo para uma reunião é importante.
As reuniões de negócios não são muito formais, começando e terminando com um pouco
de conversa, mas estruturadas.

Negociações
As decisões tendem a ser feitas de cima para baixo e pode levar algum tempo.
O Humor é frequentemente usado nas negociações, às vezes como um mecanismo de
defesa.

Títulos:
Títulos são importantes e é melhor usar Sr., Sra., ou senhorita, seguido pelo sobrenome.
Deve sempre esperar para ser convidado a usar os primeiros nomes antes de fazer isso
sozinho.
Os cartões de visita são essenciais e, geralmente trocados.

Roupa
Os Ingleses valorizam estar bem vestidos e bem apresentáveis.
Roupa sóbria, escuras e clássicos.
Roupa informal numa reunião de negócios geralmente não é bem visto.

Presentes
Presentes não são normalmente trocados num primeiro encontro.
Se for convidado por uma família Inglesa, é adequado flores (evitar lírios brancos como
eles são reservados para funerais), bom vinho, licor ou chocolates.
Os presentes devem estar bem embrulhados.

Cláudia Rodrigues Coutinho


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CONCLUSÃO:
Esta análise ao tipo de cultura do Reino Unido, através do método de Hofsede,
em confronto com a cultura Portuguesa, permitiu entender quais são os indicadores da
cultura da Grã-Bretanha mais favoráveis ao seu processo de internacionalização - de forma
a conseguir entender o outro lado e assim adaptar-se e formular uma estratégia eficaz, que
seja entendida e aceite.
Uma empresa em processo de expansão terá de entender os diferentes impactos
da cultura da Grã-Bretanha no seu negócio pois a cultura torna-nos únicos e define-nos
enquanto pessoas de uma determinada sociedade ou entidade.
Demarca o nosso comportamento, e pensamento de tal forma, que nos difere das
restantes culturas existentes, sendo isso notório para quem observa.
Uma negociação pode parar porque os intervenientes ignoraram as diferenças
culturais e desconheciam da cultura local.
Assim, o não entendimento da cultura, e comportamentos dos Ingleses, pode
levar a empresa portuguesa a não conseguir comunicar, e oferecer o produto, de forma a
ser aceite e compreendido pelos Ingleses.
É, pois, vital que a empresa consiga analisar bem o mercado e a sua cultura para
conseguir comunicar e introduzir um produto que faça sentida para as pessoas. De acordo
com essas diferenças deve adaptar-se aos comportamentos, preferências, religião, crenças
dominantes que alteram a forma de usar e entender o produto.
Por exemplo: no caso de um produto inovador, diferente, que marque a diferença
será, em princípio, bem aceite devido ao caracter individualista da cultura Inglesa que
gosta de tudo o que é diferente e inovador.
Uma empresa portuguesa, neste caso, não pode ignorar as diferenças de comportamentos e
crenças do Reino Unido sob pena de não conseguir um bom grau de aceitação do produto.
Uma negociação bem-sucedida só acontece quando as duas partes acreditarem
que estão a ser atendidas as suas necessidades ou atingidos os seus objetivos. E para isso é
de extrema importância saber lidar e gerir as diferenças, nomeadamente como o outro
pensa e gosta de negociar, segundo a sua cultura e costumes. Só assim com este
conhecimento se poderá alcançar um bom acordo.
Um produto é uma soma de benefícios psicológicas fornecidas por um conjunto
de traços psicológicos que são muito importantes para fornecer ao consumidor satisfação.
Quando o produto requer aceitação de mudanças nos padrões de vida, hábitos e
gostos compreendendo novas ideias, aceitando dificuldade de confiança, ou gosto
adquirido e hábitos - é necessária uma força especial para superar a resistência natural da
mudança (Barbu,2011)
É, pois, evidente a forte influência que a cultura detém sobre as negociações
internacionais bem como na adaptação dos produtos ao mercado local e os extensos
desafios e paradigmas que as organizações enfrentam. A empresa portuguesa terá de ser
capaz de adaptar os seus produtos e estratégias de marketing à sociedade Inglesa, ao
mesmo tempo, sem perder a sua identidade como forma de conseguir implantar a sua
mensagem global e consistente.
Para evitar um choque cultural na mesa de negociações através de conflitos de
valores, bem como uma coerente análise de penetração no mercado, o empresário
português terá de dominar, e ser hábil nas suas negociações através do conhecimento da
personalidade da cultura dos Ingleses, mais individualista, fria e distante e focada no
sucesso, eficácia e rapidez.
Cláudia Rodrigues Coutinho
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BIBLIOGRAFIA:

BARBU,Catalin. (2011).Cultural Adaptation of Products, Management & Marketing 9 (1), 105-


110, from https://scholar.google.com.br/citations?user=2Ec2cKMAAAAJ&hl=pt-
PT&oi=sra

BAYNAST, A. & LENDREVIE, J & LÉVY, J (2018). Mercator 25 anos, D. Quixote, Lisboa.

Culture Crossing Crossing Guide.. Inglaterra. 15 de outubro de 2017.


https://guide.culturecrossing.net/basics_business_student_details.php?Id=11&CID=215

FERREIRA, M.P & REIS, N. & SERRA, F.R. (2011). Negócios Internacionais E Internacionalização
para as Economias Emergentes, Lidel, Lisboa.

GRANDE, Ildefonso (2007). Marketing Cross-Cultural. Thompson. Brasil.

HOFSTEDE, G. (2011). Dimensionalizing Cultures: The Hofstede Model in Context. Online


Readings in Psychology and Culture, 2(1). http://dx.doi.org/10.9707/2307-0919.1014

HOFSTEDE INSIGHTS. Comparação de países Portugal/ Reino Unido. 15 de Oubro de 2018.


https://www.hofstede-insights.com/country-comparison/iran,portugal,the-uk/

Cláudia Rodrigues Coutinho


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