Gestão internacional e globalização

Clientes, fornecedores e empresas atuam numa dimensão global do mundo, interagem e

comunicam ultrapassando as barreiras e fronteiras territoriais sob forte impulsão das TIC, dos
transportes mais rápidos e baratos e dos meios de comunicação com atuação global.

A globalização permite que a interdependência entre economias aumente, sendo cada vez
mais rápida a difusão dos fenómenos positivos e negativos.

Neste ambiente multicultural, o gestor deverá estra apto para trabalhar com pessoas
provenientes de diversas culturas, devendo estar atento ao desenvolvimento regional.

Razões subjacentes à internacionalização

 Lucros – têm elevado potencial em termos de lucro

 Clientes – abrem novos mercados para a venda de bens e serviços
 Fornecedores – Permitem aceder aos recursos necessários, sejam matérias-primas ou
produtos manufaturados
 Capital – Permitem o acesso a recursos financeiros
 Trabalho – Permitem aceder ao fator produtivo do trabalho a custos mais baixos e
competitivos.

Formas de internacionalização

Estratégias de entrada em novos mercados

 Compra de recursos (bens ou serviços) noutros países, mas para uso local
 Exportação e importação
 Licenciamento e franchising

Investimento direto estrangeiro

Joint Venture – entrada num mercado estrangeiro através do estabelecimento de um acordo

de cooperação ou aliança com uma empresa local

Abertura de empresa subsidiária, a qual se traduz na entrada num mercado estrangeiro

através da criação de uma empresa subsidiária da empresa mãe.

Os negócios internacionais podem ser influenciados por ambientes complexos e altamente

competitivos. Os gestores globais têm de estar preparados para gerirem à escala global. Mas
em simultâneo têm de ser capazes de compreender, e lidar com as diferenças relativamente a
normas económicas, legais e políticas, diferentes sistemas educacionais, diferentes
infraestruturas, entre os diversos países.

Empresas multinacionais

Empresa cujas operações se estendem por mais do que um país estrangeiro. Exemplo
Mcdonalds, Apple

Mais de 90% das empresas multinacionais localizam a sua empresa mãe no hemisfério norte.
Empresas Transnacional

empresa que opera em diversos países em simultâneo, mas não identificam um único país
como origem, esta empresa tenta uma integração global das suas operações entre países,
baseada na tomada de decisões a nível global sem se associarem a um país em particular.

Acusações às multinacionais

 Obtêm lucros excessivos

 Dominam economicamente o país de acolhimento
 Criam pressão
 Interferem nas decisões de governos locais
 Assimilam os melhores talentos
 Limitam a transferência de tecnologia
 Não respeitam os costumes e a cultura local

Acusações aos países e acolhimento

 Limitam a aquisição e partilha de benefícios mútuos

 Têm leis que limitam o desempenho e os lucros
 Têm restrições ao comercio internacional
 Falhas nos contratos inicialmente estabelecidos

Aspetos éticos subjacentes aos negócios internacionais

 Dumping social – empregar trabalhadores pagando-lhes salários muito baixos e por

vezes em más condições de trabalho.
 Trabalho infantil – Recorrer a crianças para realização de trabalhos que deveriam ser
feitos por adultos.

Desenvolvimento sustentável – estas empresas são também por vezes apontadas por
praticarem dumping ambiental (escolhem países para se instalarem que não fiscalizam as suas
práticas poluidoras).

Cultura e diversidade global

Pode-se entender cultura por uma partilha de um conjunto de valores e padrões de

conhecimento comuns a um determinado grupo de indivíduos. Estas diferenças culturais
devem ser compreendidas no âmbito da gestão, nomeadamente no processo de
internacionalização.

Dimensões das diferentes culturas

 Linguagem – A linguagem abrange para além da escrita e oral, a linguagem não verbal
como a corporal, ou gestual, que devem ser compreendidas pelos intervenientes num
determinado contexto de negócios.
 Espaço interpessoal – A utilização do espaço entre as pessoas é uma caraterística dos
diversos povos
 Tempo – A gestão de tempo e a pontualidade varia entre culturas, nas culturas
monocromáticas as pessoas tendem a fazer apenas uma tarefa num período de
tempo, ao passo que as culturas policromáticas usam o mesmo período de tempo para
acompanhar diversas tarefas em simultâneo.
  Religião – Tem muita influência sobre o modo de vida e hábitos nas pessoas de
diversas culturas.
 Contratos e acordos – As culturas determinam diferentes abordagens em termos de
contratos e acordos, exemplo na indonésia o contrato escrito pode ser considerado
desrespeitoso.

Valores e cultura nacional

Geert Hofstede considera não existir um método universal nem uma única teoria da gestão no
mundo, a própria palavra tem diferentes origens consoante as culturas dos diversos países do
mundo.

Dimensões culturais

1. Distância do poder – ou distância hierárquica, quando indivíduos menos poderosos de

um país aceitam a distribuição desigual de poder na sociedade.
2. Individualismos vs coletivismo
3. Masculinidade vs Feminilidade
4. Evitar a incerteza – o grau de ameaça percebido por membros de uma cultura em
situações incertas ou desconhecidas, reflete o sentimento de desconforto
relativamente a risco, caos e situações não estruturadas.
5. Orientação a longo prazo vs a curto prazo –
Longo prazo – valores orientados para o futuro (poupanças e persistência)
Curto prazo – valores orientados para o passado e presente (respeito pela
tradição e cumprimento de obrigações sociais)

Diversidade cultural

As diferenças culturais repercutem-se em diferentes atitudes no que concerne ao

relacionamento entre pessoas, gestão de tempo e com ambiente externo.

Dimensões do relacionamento com as pessoas

 Universalismo – valorizando a adesão às regras, estruturas formais e procedimentos

consistentes e uniformes
 Particularismo – existem normas, cada caso é analisado e acordo com as suas
especificidades.

Orientação dos comportamentos baseada em objetivos próprios ou coletivos

 Individualismo – processo de decisão mais rápido e programas de motivação

individualizados
 Coletivismo – Procura-se consenso antes de uma decisão

 Específico – o gestor só age como tal no ambiente de trabalho (procura-se clareza com
as regras, os resultados e com a recompensa em função do desempenho)

 Difuso – Existe uma tolerância e ambiguidade, e a gestão foca-se na melhoria contínua

dos processos invés do resultado.
Relacionando com a comunidade e demonstração de sentimentos

 Neutral – não demonstra sentimentos

 Emocional – evidência nas demonstrações de alegria, dor e outras emoções.

Refere-se às bases para atribuir status

 Achievement – O Status conquistado, baseado no que o individuo faz, o gestor é

respeitado pelo conhecimento que possui e não apenas pela posição hierárquica.
 Ascription – O status é baseado no que o individuo é, o respeito vem associado a
fatores como posição hierárquica, tempo de serviço e nível educacional

Dimensões de atitude relativamente ao tempo

 Sequencial – atividades organizadas sequencialmente, os relacionamentos têm um

valor instrumental e o futuro +e visto como uma sequência de episódios de sucesso e
fracasso.
 Sincrónico – Atividades podem ocorrer simultaneamente, valorização pelos grupos e
redes sociais.

Dimensões da atitude relativamente ao ambiente

 Interno – baseada em objetos claros e as metas estão ligadas às recompensas

 Externo – Caraterizada pela flexibilidade, concessões, procura de harmonia e pela
ênfase nos outros (clientes, parceiros)

Gestão entre culturas

O processo de gestão também é relevante na gestão de operações internacionais, as funções

devem ser adaptadas em termos de aplicação nos diversos países.

Os estudos de gestão comparativa analisam como é que as práticas de gestão diferem entre
país e culturas. Globalização e a competição à escala global fizeram aumentar o número de
gestores globais, habituados a lidar com diferenças culturais, explorar oportunidades em
diferentes mercados e enfrentar alterações sociais, tecnológicas e económicas.

No âmbito das funções de gestão, o planeamento e controlo são áreas desafiadoras em

ambiente internacionais, dinâmicos e complexos.

As empresas com operações globais devem prever no seu planeamento os riscos associados a
operações internacionais, como risco cambial, o risco político.

Numa primeira fase convém nomear um gestor sénior para a coordenação das operações
internacionais. É vulgar a nomeação de um gestor por área geográfica ou gestores
responsáveis por produtos.

Muitas multinacionais também recorrem ao trabalho dos expatriados (funcionários que vivem
e trabalham em países estrangeiros).